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Reportagem sobre moda e patrimônio cultural.

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Matéria de capa

Patrimônio fashion

Moda brasileira, que movimenta cerca de U$50 bi ao ano,ganha status de bem cultural e novos desafios

PRISCILA BRITO

O que são as rendas do Nordeste, os biquínis quedesfilam em nossas praias e as coleções pioneiras deZuzu Angel? Produtos do mercado da moda, diriam uns.

Utilitários que cumprem nada mais que a função básicade vestir, diriam outros. Mas são também parte da nossacultura, pois carregam um pouco do que somos, dos

nossos hábitos e peculiaridades.

A uma semana do início de mais uma edição da São PauloFashion Week, principal evento de moda do país, queeste ano chega à idade de debutante, o assunto vira a

tendência desta e das próximas estações, visto que,agora, a moda nacional é oficialmente reconhecida peloMinistério da Cultura como uma manifestação culturalbrasileira.

É fato que a discussão tem ares de moda retrô. GilbertoFreyre, um dos principais intelectuais que se prestou arefletir sobre a formação e a identidade da sociedadebrasileira, já havia apontado para essa faceta nem sempre óbvia da moda. No livro "Modos de

Homem e Modas de Mulher", lançado logo após sua morte, em 1987, o pensador mostrou comoa aparentemente banal indumentária de brasileiros e brasileiras sempre revelou muito dosvalores e padrões de comportamento do país ao longo dos anos - desde a rejeição da

tropicalidade refletida nos trajes copiados da Europa, então único modelo possível de civilizaçãopara o país, até a aceitação da morenidade nas últimas décadas canalizada na moda lançadanas praias.

Mas, agora que o tema é também uma questão de Estado (como já é desde o século XVII na

França, quando a terra de Coco Chanel criou um ministério para cuidar da moda, e desde oséculo passado na Itália, onde ateliês e croquis são protegidos pelo governo assim como

prédios históricos e livros raros), com direito a políticas públicas voltadas para formação,pesquisa, memória e divulgação, inclusive com o uso de leis de incentivo, chegou a hora de osetor começar a identificar os pontos de contato da moda feita aqui com nossa cultura epatrimônio.

A passarela a ser percorrida é longa. "O setor não se vê como vetor cultural. Então, antes dequalquer coisa, o próprio setor tem que conseguir superar isso", alerta o estilista mineiroRonaldo Fraga, representante do Colegiado de Moda no Conselho Nacional de Políticas Culturaisdo Ministério da Cultura (Minc). Para ele, não é difícil enxergar essas relações. A partir do

momento que a moda estabelece diálogo com o seu tempo, se apropriando de aspectosculturais de diferentes áreas, da arquitetura ao cinema, ela é cultura. "Mesmo quando aindústria produz só roupa, como o fast fashion, mesmo assim você consegue entender a moda

como fenômeno cultural", completa.

Porém, as fronteiras entre moda e cultura vão muito além das peças das semanas de moda edas vitrines. "Quando se fala de moda como patrimônio, a gente está falando também da modade rua, de produções anteriores, das primeiras escolas de moda, dos primeiros processos de

ensinar e criar modelagens", enumera a doutora em história da arte Patrícia Sant’Anna, queatuou como consultora do Minc no diagnóstico que inclui a moda nas políticas do órgão. Nessecaldeirão, podem caber as inúmeras técnicas de confecção de rendas e bordados, a criatividadeno uso de tecidos como a chita, as coleções carregadas de mineiridade de Ronaldo, mas,

também, a moda com cara de metrópole de Alexandre Herchcovitch. "O segredo é criar umamoda que tenha uma leitura mundial, mas sem perder seu traço único e cultural. Esse é odiferencial, por exemplo, da Isabela Capeto, que é um sucesso no mercado externo. Ela não

perdeu o conceito de identidade", comenta o professor do curso de design de moda da UFMGTarcísio D´Almeida.

Há muito trabalho a se fazer também fora do setor, para o público em geral. Para Angélica

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Há muito trabalho a se fazer também fora do setor, para o público em geral. Para Angélica

Advense, professora do curso de moda da universidade Fumec, será necessário todo umtrabalho de educação "estética e pedagógica" para que a população compreenda esse novostatus da moda. "Se é patrimônio, se é cultura, tem que ter acesso. Não adianta a moda ser

patrimônio e os desfiles serem restritos a compradores, a gente não ter um museu que narraessa história. Parte dos eventos de moda que recebem ajuda do governo poderiam serdestinados à população, complementados com exposições, palestras. As pessoas têm que tercondições de compreender essa linguagem", defende.

Para ler

"História da Moda no Brasil - Das Influências às Autorreferências" (Pyxis Editorial, 640 pág.),João Braga e Luís André do Prado"Modos de Homens & Modas de Mulher" (Global, 333 pág.), Gilberto Freyre

Resgate da memória

O resgate e a preservação da memória de moda no país é outra tarefa do setor. “Não dá prafalar de nada que é brasileiro, sueco ou alemão se você não sabe quem você é, se você não

sabe seu passado. É uma situação mínima para desenvolver a moda brasileira”, afirma PatríciaSant´Anna, reforçando a carência de museus que abriguem acervo relativo à produção demoda. Enquanto a França soma cerca de 20 museus dedicados ao seu acervo de moda, o Brasiltem apenas uma instituição desse tipo, o Museu do Traje e do Têxtil, em Salvador na Bahia.

Ao menos no papel há iniciativas que podem mudar esse quadro. No Rio, a secretaria de culturamantém em gestação a criação de um museu de moda na Casa da Marquesa de Santos, no

bairro de São Cristóvão. Em BH, o projeto Museu Capital da Moda, encabeçado porpesquisadores, busca fomento para criar um espaço cultural que abrigue o acervo já levantadopelo grupo, que inclui vestuário que ajuda a contar a história da moda feita na cidade. Há também o projeto Museu Virtual Permanente, uma espécie de enciclopédia da moda

brasileira em formato de site, coordenado pela Pyxis Editorial e que aguarda patrocínio deempresas para entrar no ar. (PB)

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