MOBILIDADE DE ÍONS EM SOLO ÁCIDO COM APLICAÇÃO … · de baixa massa molar e nutrientes...

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MILTON FERREIRA DE MORAES MOBILIDADE DE ÍONS EM SOLO ÁCIDO COM APLICAÇÃO DE CALCÁRIO E MATERIAL VEGETAL EM SUPERFÍCIE Campinas 2005

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MILTON FERREIRA DE MORAES

MOBILIDADE DE ÍONS EM SOLO ÁCIDO COM

APLICAÇÃO DE CALCÁRIO E MATERIAL VEGETAL

EM SUPERFÍCIE

Campinas

2005

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MILTON FERREIRA DE MORAES

MOBILIDADE DE ÍONS EM SOLO ÁCIDO COM

APLICAÇÃO DE CALCÁRIO E MATERIAL VEGETAL

EM SUPERFÍCIE

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do Instituto Agronômico - Área de Concentração em Gestão de Recursos

Agroambientais, como requisito parcial à obtenção do título de mestre.

Orientador: Dr. Heitor Cantarella.

Campinas

2005

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do Instituto Agronômico

M792m Moraes, Ferreira de Mobilidade de íons em solo ácido com aplicação de

calcário e material vegetal em superfície / Milton Ferreira de Moraes. – Campinas, SP : [s.n], 2005.

80fls. il.

Orientador: Dr. Heitor Cantarella. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e

Subtropical) - Instituto Agronômico. Bibliografia: f.

1. Solos. 2. Calagem. 3. Plantio direto. I. Cantarella,

Heitor. II. Instituto Agronômico.

CDD: 631.4

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MILTON FERREIRA DE MORAES

MOBILIDADE DE ÍONS EM SOLO ÁCIDO COM

APLICAÇÃO DE CALCÁRIO E MATERIAL VEGETAL

EM SUPERFÍCIE

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do Instituto Agronômico - Área de concentração em Gestão de Recursos

Agroambientais, como requisito parcial à obtenção do título de mestre.

COMISSÃO EXAMINADORA

Dr. Heitor Cantarella Instituto Agronômico

Dr. José Antônio Quaggio Instituto Agronômico

Dr. Carlos Alexandre Costa Crusciol Universidade Estadual Paulista

Campinas, 21 de março de 2005

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A organização dos cientistas, socialmente comprometidos requer um voluntário ético e responsável, voltado para o coletivo e destituído de ambições pessoais.

Glaci Zancan

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À Deus nosso criador e guardião.

Aos meus pais, Valdivino (in memoriam) e Maria Coracy pelo amor, confiança e lições de vida passadas ao longo desta caminhada.

Ao Jefferson meu irmão e Vilson meu padastro pela solidariedade e carinho que sempre me deram.

A minha namorada Fernanda pelo amor, compreensão e ajuda nos momentos difíceis.

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AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Heitor Cantarella pela inestimável contribuição a minha formação profissional,

constante apoio e amizade.

Aos mestres Huberto José Kliemann e David Vieira Lima pela amizade, incentivos e por me

iniciarem na carreira científica.

A Escola de Agronomia - UFG pela sólida formação profissional e oportunidade de iniciar a

carreira científica como bolsista do PIBIC/CNPq.

A FUNDAG pela concessão da bolsa de estudos e apoio financeiro ao projeto de pesquisa.

Ao Dr. José A. Quaggio pelas sugestões e incentivo ao estudo do assunto proposto.

Ao Prof. Dr. Luiz Roberto G. Guilherme e ao doutorando Giuliano Marchi, da Universidade

Federal de Lavras, pelas facilidades oferecidas para realização das análises cromatográficas.

Aos pesquisadores (as) Bernardo van Raij, Cleide F. Abreu, Ondino C. Bataglia, Ângela M.C.

Furlani, Ronaldo S. Berton, Sueli S. Freitas pela contribuição à minha formação profissional.

As Dras. Mônica F. Abreu e Aline R. Coscione pelas sugestões e solidária colaboração na

realização das análises químicas.

A Dra. Adriana P. D. da Silveira, Dr. Otávio A. Camargo e Dr. Pedro R. Furlani pelos

valiosos ensinamentos tanto em sala de aula como nas saudosas conversas de fim de tarde.

Aos funcionários do Centro de Solos e Recursos Agroambientais, especialmente a Marilda,

Tibana, Rubens, Edilberto, Gizelda, pela amizade e colaboração.

A Renata Presta e José Luiz pela amizade, ensinamentos e apoio na realização da pesquisa.

Aos colegas de Pós-Graduação Tiago, Bruno (Pereira), Fabrício, Flávio, Patrícia, Valdemar,

Seneda, Fernando pela amizade e convivência alegre durante o curso.

Aos amigos e camaradas Paulo Boaventura e Thais Prado pelo incentivo e companheirismos

nos momentos de dificuldade.

Aos amigos de toda a vida Rafael, Tércio e Eduardo por simplesmente serem AMIGOS.

A todos que direta e indiretamente contribuíram para o cumprimento de mais essa jornada de

minha vida, e que por ventura, não-intencionalmente tenham sido omitidos os devidos

agradecimentos.

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MORAES, Milton Ferreira de. Mobilidade de íons em solo ácido com aplicação de calcário e material vegetal em superfície. 2005. 80f. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) – Instituto Agronômico.

RESUMO

O cultivo das culturas de grãos em sistema plantio direto (SPD) está sendo largamente adotado no Brasil. Neste sistema a calagem é realizada na superfície do solo. A eficiência da correção da acidez da camada subsuperficial pela aplicação de calcário na presença de materiais vegetais de plantas de cobertura é controvertida e faltam informações sobre os mecanismos envolvidos no processo. O objetivo deste trabalho foi quantificar a contribuição dos materiais vegetais de plantas de cobertura, com ênfase nos seus teores de ácidos orgânicos de baixa massa molar e nutrientes solúveis, sobre a mobilização no perfil do solo, dos produtos da dissolução do calcário aplicado em superfície. Foram conduzidos 3 experimentos em laboratório usando cilindros de PVC com colunas de 20 cm de solo de amostras deformadas de um Latossolo Vermelho, textura muito argilosa. Os experimentos foram dispostos em delineamento inteiramente casualizado, com três repetições. Os tratamentos constituíram da aplicação isolada ou conjunta de calcário (equivalente a 6,1 t ha-1) e materiais vegetais (equivalente a 20 t ha-1) de nabo forrageiro e aveia preta, bem como das suas respectivas soluções equivalentes de ácidos orgânicos e sais neutros. Nos experimentos 1 e 2 foram feitas lixiviações com solução equivalente a um volume de poro ou 84,4 mm de chuva imediatamente e dez dias após aplicação dos tratamentos. No experimento 3, as lixiviações foram realizadas aos 10, 30 e 45 dias após a aplicação dos tratamentos, correspondendo à adição total de 253,2 mm de chuva. Análises químicas foram realizadas nas amostras de solos, lixiviado e material vegetal residual coletadas de cada experimento. Além das análises químicas de rotina, nas soluções lixiviadas realizou-se a quantificação dos ácidos orgânicos presentes e pela técnica da especiação iônica foram determinadas as formas de alumínio. A calagem isolada ou associada, promoveu a redução da acidez somente na camada superficial (0-8 cm). A presença de materiais vegetais teve influência relativamente pequena na mobilização de Ca e Mg para as camadas inferiores. Nas condições estudadas, devido à baixa taxa de recuperação dos ácidos orgânicos adicionados (≤7,2%), os dados obtidos sugerem que os ácidos orgânicos presentes na matéria seca do nabo forrageiro foram rapidamente degradados ou adsorvidos aos colóides do solo, tendo pouca influência na mobilização de cátions. No experimento 3, as duas lixiviações adicionais não contribuíram para aumentar a mobilização de bases provenientes do calcário. Parte substancial da mobilização de íons pela aplicação de material vegetal de nabo forrageiro, deveu-se ao conteúdo de bases do próprio material em vista da alta solubilidade em água do conteúdo de cátions (65 a 71%) e ânions (84%). Os materiais vegetais reduziram o alumínio trocável, sendo os efeitos mais pronunciados na camada superficial. As concentrações de Al nas soluções lixiviadas foram baixas (<0,1 a 2,4 mmolc L-1). Porém, a especiação iônica mostrou redução da porcentagem de Al livre (e o aumento correspondente de outras espécies químicas de Al) somente nas lixiviações realizadas imediatamente após a aplicação dos tratamentos, provavelmente devido à rápida degradação dos ácidos orgânicos liberados pelo material vegetal. Conclui-se que a presença de materiais vegetais teve pouca influência na mobilização no perfil do solo dos produtos da dissolução do calcário aplicado em superfície. Palavras-chave: Calagem; complexação de íons; adubos verdes; ácidos orgânicos.

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MORAES, Milton Ferreira de. Ion mobility in acid soils with surface application of lime and plant materials. 2005. 80f. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) – Instituto Agronômico.

ABSTRACT No till systems where lime is surface applied without incorporation are being increasingly adopted for grain crop production in Brazil. The efficiency of subsurface acidity alleviation with surface application of lime in the presence of crop residues is controversial and there is a lack of information about the processes involved. The objective of this work was to quantify the contribution of cover crop residues, with respect to their low molar mass organic acids and soluble nutrient contents, on the mobilization in the soil profile, of the components of the reaction of surface-applied lime. Three experiments were carried out under controlled conditions in the laboratory using 20-cm soil columns made of an acid and clayey Red Latosol placed in 30-cm-high PVC cylinders. The treatments consisted of the application of lime to reach 80% of soil base saturation (6.1 t ha-1) sole or combined with radish (Raphanus sativus) or black oat (Avena strigosa) crop residues (20 t ha-1), as well as the equivalent amounts of organic acids and inorganic salts present in the plant materials. In experiments 1 and 2 the soil columns were leached with water equivalent to one pore volume or 84.4 mm rainfall, applied immediately or 10 days after treatment application. In the third experiment leachings were carried out at the 10th, 30th and 45th days after treatment application, summing up the equivalent of 253 mm of rain. Soil, leached solutions, and plant material residues were analyzed at the end of each experiment. Lime application alone or associated with plant material reduced soil acidity only in the surface 0-8 cm layer. The presence of crop material had a relatively small effect on mobilization of Ca and Mg to the lower soil layers. The recovery of organic acids in the soil and leached solution was low (≤7.2 %) and the data suggest that they were rapidly metabolized or adsorbed to the soil colloidal fraction, showing little effect on cation mobilization. In the third experiment, two additional leachings did not contribute to move the alkaline effect of lime application bellow the 0-8 cm layer. A substantial part of the ion mobilization in the soil and leached solution after application of crop residues was due to plants own inorganic ions content because of their high water solubility: 65 to 71% for the cations and 84% for the anions. This agrees with the data showing greater displacement of soil Al to the leaching solution when the inorganic salt solutions were applied. Application of plant material caused a slight reduction in soil exchangeable aluminum but the effect was more pronounced in the surface 0-8 cm layer. The aluminum concentration in the leached solution was relatively small even in the treatments with plant material, salts, or organic acids (<0.1 to 2.4 mmolc L-1); however, ionic speciation data showed a reduction in the percentage of exchangeable Al (and a corresponding increase in other Al species) only in the leaching solutions obtained immediately after treatment application, probably due to the fast degradation of the organic acids released by the plant material. It was concluded that the presence of plant residues had little effect on the mobilization in the soil profile of the products of reaction of surface-applied lime. Key-words: Lime, green manure, ion complexing, no-till.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Curva de titulação potenciométrica do solo.............................................. 11

Figura 2 - Vista frontal de uma seção da coluna de solo (A), vista superior (B) e frontal (C) do anteparo acoplado internamente as seções para evitar fluxos preferenciais de água pelas bordas................................................

12

Figura 3 - Vista frontal do suporte e sistema de irrigação ........................................ 12

Figura 4 - Correlação entre teores de cátions (Al, K, Na, Ca, Mg, Mn e N-NH4+) e

ânions (N-NO3-, Cl- e S-SO4

2-) nas soluções lixiviadas após aplicação dos tratamentos em diferentes épocas. Experimentos 1, 2 e 3.................

63

Figura 5 - Teores de cátions e ânions nas soluções lixiviadas imediatamente (0), 10, 30 e 45 dias após aplicação dos tratamentos com solução equivalente a um volume de poros. Experimentos 1, 2 e 3......................

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição química e física do solo ...................................................... 10

Tabela 2 - Adubação mineral das plantas cultivadas em casa de vegetação ............ 13

Tabela 3 - Composição química e alcalinidade dos materiais vegetais avaliados por diversos métodos .............................................................................

27

Tabela 4 - Componentes de acidez do solo após lixiviação com solução equivalente a um volume de poros, imediatamente (T0) e após dez dias (T10) da aplicação dos tratamentos. Experimento 1 ......................

32

Tabela 5 - Cátions trocáveis no solo após lixiviação com solução equivalente a um volume de poros, imediatamente (T0) e após dez dias (T10) da aplicação dos tratamentos. Experimento 1 ............................................

33

Tabela 6 - Componentes de acidez do solo após lixiviação com solução equivalente a um volume de poros, imediatamente (T0) e após dez dias (T10) da aplicação dos tratamentos. Experimento 2 ......................

34

Tabela 7 - Cátions trocáveis no solo após lixiviação com solução equivalente a um volume de poros, imediatamente (T0) e após dez dias (T10) da aplicação dos tratamentos. Experimento 2 .............................................

35

Tabela 8 - Componentes de acidez do solo após três lixiviações com soluções equivalentes a um volume de poros, aos 10, 30 e 45 dias após aplicação dos tratamentos. Experimento 3 ............................................

36

Tabela 9 - Cátions trocáveis no solo após três lixiviações com soluções equivalentes a um volume de poros, aos 10, 30 e 45 dias após aplicação dos tratamentos. Experimento 3..............................................

37

Tabela 10 - Comparação entre os teores de carbono, cátions, ânions e alcalinidade (excesso de bases e titulação das cinzas) do material vegetal (MV) inicial e após o término do experimento 1 .............................................

45

Tabela 11 - Comparação entre os teores de carbono, cátions, ânions e alcalinidade (excesso de bases e titulação das cinzas) do material vegetal (MV) inicial e após o término do experimento 2 .............................................

46

Tabela 12 - Comparação entre os teores de carbono, cátions, ânions e alcalinidade (excesso de bases e titulação das cinzas) dos materiais vegetais (MV) iniciais e após o término do experimento 3 ...........................................

47

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Tabela 13 - Balanço de bases determinado pela curva de titulação potenciométrica do solo e calculado pela análise do material vegetal após a lixiviação. Experimento 1........................................................................................

50

Tabela 14 - Análise do solo após lixiviação com solução equivalente a um volume de poros, imediatamente após aplicação dos tratamentos, avaliados pelos extratores NH4AOc(1) 1 mol L-1, KCl 1 mol L-1 e CuCl2 0,5 mol L-1. Experimento 1 ......................................................

52

Tabela 15 - Análise química das soluções lixiviadas em diferentes períodos após aplicação dos tratamentos. Experimento 1 ...........................................

56

Tabela 16 - Análise química das soluções lixiviadas em diferentes períodos após aplicação dos tratamentos. Experimento 2 ...........................................

57

Tabela 17 - Análise química das soluções lixiviadas em diferentes períodos após aplicação dos tratamentos. Experimento 3 ...........................................

58

Tabela 18 – Especiação(1) das formas de alumínio, cálcio e magnésio das soluções lixiviadas em diferentes períodos após aplicação dos tratamentos. Experimento 1 ......................................................................................

69

Tabela 19 - Espécies predominantes de alumínio nas soluções lixiviadas em diferentes períodos após aplicação dos tratamentos. Experimentos 1 e 2 .......................................................................................................

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERARURA.................................................................................. 3

3 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................... 10

3.1 Caracterização dos Solos......................................................................................... 10

3.1.1 Curva de titulação potenciométrica do solo........................................................ 11

3.2 Montagem das Colunas e Suporte........................................................................... 11

3.3 Preparo das Colunas................................................................................................ 13

3.4 Materiais Vegetais................................................................................................... 13

3.4.1 Análises químicas................................................................................................. 14

3.5 Experimento 1......................................................................................................... 16

3.5.1 Tratamentos.......................................................................................................... 16

3.5.2 Lixiviação............................................................................................................. 18

3.5.3 Coleta e análises das soluções lixiviadas, resíduo vegetal e amostras de solos... 19

3.5.4 Fracionamento do alumínio no solo e solução lixiviada...................................... 20

3.6 Experimento 2......................................................................................................... 21

3.7 Experimento 3......................................................................................................... 22

3.8 Análise Estatística................................................................................................... 25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 26

4.1 Efeitos sobre Atributos do Solo.............................................................................. 30

4.1.1 Acidez trocável e potencial.................................................................................. 38

4.1.2 Cátions trocáveis.................................................................................................. 40

4.2 Resultados das Análises do Material Vegetal após as Lixiviações......................... 44

4.3 Balanço de Bases no Solo....................................................................................... 49

4.4 Fracionamento das Formas de Alumínio no Solo................................................... 51

4.5 Soluções Lixiviadas................................................................................................ 53

4.5.1 Teores de cátions.................................................................................................. 55

4.5.2 Teores de ânions inorgânicos............................................................................... 61

4.5.3 Teor de ácidos orgânicos...................................................................................... 65

4.5.4 Especiação das formas de alumínio..................................................................... 68

5 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 73

REFERÊNCIAS............................................................................................................ 74

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1 INTRODUÇÃO

A acidez do solo é um dos fatores que mais limita a produtividade das culturas em

várias partes do mundo. Na região tropical da América do Sul, os solos ácidos ocupam 85%

da área total e, aproximadamente, 850 milhões de hectares são subutilizados para a produção

agrícola (COCHRANE, 1991). O território brasileiro é composto por cerca de 70% de solos

ácidos e, em 40% destes a produtividade das culturas é reduzida à metade (QUAGGIO, 2000).

Esta acidez, indicada pelos baixos valores de pH, é representada principalmente

pelos altos teores de hidrogênio (H+) e alumínio (Al3+), aliada à carência de bases trocáveis

como o cálcio (Ca2+) e o magnésio (Mg2+). A aplicação de calcário além de reduzir os teores

de H+ + Al3+, pode adicionar ao solo Ca2+ e Mg2+ em quantidades suficientes à nutrição das

plantas.

No Brasil, o cultivo de grãos em sistema plantio direto (SPD) está sendo largamente

adotado, por ser um sistema com menor impacto sobre o solo, reduzindo a erosão e

possibilitando a obtenção de elevadas produtividades com viabilidade técnica e econômica.

Este sistema, caracterizado pelo não revolvimento do solo, cobertura permanente com

vegetação viva ou morta e rotação de culturas, foi introduzido inicialmente na região sul do

Brasil, no início da década de 70 (MUZILLI, 1981). Desde então tem se expandido

rapidamente, já alcançando 22 milhões de hectares no Brasil (FEBRAPDP, 2004).

Para correção da acidez do solo no SPD, o calcário é distribuído na superfície do

solo, sem incorporação. Se houver acidez, o calcário se dissolve produzindo Ca2+ e Mg2+

trocáveis que se movimentam no solo se houver ânions livres; caso contrário, o calcário

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permanece na superfície. Assim, a aplicação superficial do calcário tem sido o gargalo deste

sistema de produção em várias partes do mundo. Existem muitas pesquisas sobre o assunto,

entretanto, os resultados muitas vezes são contraditórios, ora a aplicação superficial de

calcário é eficiente na correção da acidez tanto de superfície como de subsuperfície, já em

outras ocasiões os efeitos são limitados aos primeiros 0-5 cm de profundidade. Observa-se

assim, que os mecanismos envolvidos no processo de correção da acidez com aplicação

superficial de calcário não estão completamente entendidos.

Recentemente, tem sido bastante apregoado que um dos principais mecanismos

responsáveis pela eficiência da correção da acidez do solo com a aplicação superficial de

calcário em SPD é a liberação de compostos orgânicos hidrossolúveis de baixa massa molar

(geralmente sais de ácidos orgânicos), pelos materiais vegetais presentes na superfície do

solo, antes do início da decomposição microbiana (MIYAZAWA et al., 1996; ZIGLIO et al.,

1999; FRANCHINI et al., 1999a,b). A presença de certos materiais vegetais é capaz de

potencializar o efeito da calagem mobilizando a chamada frente alcalina. Estes compostos

orgânicos apresentam capacidade de complexar e mobilizar cálcio e magnésio, elevar o pH e

neutralizar o alumínio em profundidade. Porém, algumas tentativas de reprodução destes

trabalhos não tiveram sucesso (AMARAL, 2002; ARAÚJO, 2003).

Neste trabalho são examinados alguns dos possíveis fatores envolvidos na

movimentação de íons quando a calagem é aplicada na superfície em SPD: conteúdo de bases

nos materiais vegetais e ácidos orgânicos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A eficiência da correção da acidez em SPD pela aplicação superficial de calcário é

controvertida, faltando informações a respeito das reações e critérios de recomendação com

base em análise química de solo (CAIRES et al., 2000). Resultados de pesquisas realizadas na

região sul do Brasil revelam pouca movimentação do calcário no perfil do solo. Pöttker e Ben

(1998) trabalhando com Latossolos, de teor de argila de 380 e 580 g kg-1 de solo, após três

anos da aplicação do calcário observaram efeito significativo somente na camada de 0-5 cm.

Respostas semelhantes foram obtidas por Amaral e Anghinoni (2001), num Argissolo

Vermelho textura franco-argilosa: após um ano da aplicação a correção da acidez não

ultrapassou cinco centímetros de profundidade. Entretanto, outros trabalhos indicam

expressivo efeito da movimentação do calcário e conseqüentemente correção da acidez do

solo em profundidade. Caires et al. (1998, 2000) e Tissi et al. (2004) observaram correção da

acidez até 60 cm de profundidade em Latossolos de textura média e muito argilosa. Outro

exemplo da eficiência da aplicação superficial de calcário é relatado por Oliveira e Pavan

(1996), que não obtiveram diferenças significativas na produção de grãos de soja entre a

aplicação em superfície e a incorporada, num Latossolo Vermelho-Escuro, em Ponta Grossa,

PR, com 620 g kg-1 de argila e dose aplicada de 5,5 Mg ha-1.

Segundo Rheinheimer et al. (2000), a movimentação dos produtos da dissolução do

calcário depende dos fatores tempo e doses de calcário, e enquanto existirem cátions ácidos

(H, Al3+, Fe2+ e Mn2+), a reação de neutralização da acidez ficará limitada à camada

superficial, retardando o efeito em subsuperfície. Os íons OH- e HCO3- provenientes da

dissociação do calcário, são rapidamente consumidos pelos cátions ácidos e somente migram

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para porções inferiores em pH > 5,0. Em sistema de cultivo convencional com a incorporação

do calcário aplicado Quaggio et al. (1985) observaram movimentação significativa de Ca e

Mg além da camada incorporada num Cambissolo álico, após 24 meses da calagem. O efeito

foi diretamente proporcional à dose aplicada e mais intenso para dose de 12 t ha-1.

A adubação nitrogenada, devido à produção de prótons durante a nitrificação do

amônio, e a decomposição de materiais vegetais na superfície do solo aceleram a acidificação

na camada superficial, formando um gradiente de pH a partir da superfície, processo chamado

frente de acidificação (BLEVINS at al., 1983; HELYAR, 1991; PAUL et al., 2001). Para que

a neutralização da acidez ocorra na subsuperfície, os produtos da dissociação do calcário

devem ser arrastados para as camadas inferiores. Assim, devido à maior acidificação formada

na camada superficial e à baixa mobilidade do calcário, a neutralização da acidez de

subsuperfície demanda bastante tempo e depende dose aplicada.

Meda et al. (2002) afirmaram que para estender os efeitos da calagem em

profundidade ou provocar a movimentação de cátions, basicamente, três práticas podem ser

utilizadas: a incorporação motomecanizada, a mobilização químico-inorgânica (uso do gesso

agrícola) e a mobilização químico-orgânica. O uso de materiais vegetais associados à calagem

é capaz de potencializar o feito da calagem mobilizando a chamada frente alcalina. Autores de

experimentos feitos em colunas de solos montadas em laboratório atribuem a percolação de

Ca2+ e Mg2+ para a subsuperfície, à liberação de compostos orgânicos hidrossolúveis de baixa

massa molar, pelos materiais vegetais presentes na superfície do solo, antes do início da

decomposição microbiana (MIYAZAWA et al., 1996; ZIGLIO et al., 1999; FRANCHINI et

al., 1999a,b). Estes compostos orgânicos apresentam capacidade de complexar e mobilizar

cálcio e magnésio, elevar o pH e neutralizar o alumínio em profundidade.

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Os resultados desses experimentos feitos em laboratório têm sido freqüentemente

citados nas literaturas como um dos principais mecanismos, talvez o principal responsável

pelo aprofundamento do efeito da calagem aplicada em superfície (LOPES et al., 2004;

BERNARDI et al., 2003; CAIRES, 2000; OLIVEIRA e PAVAN, 1996; OLIVEIRA et al.,

2002; PAVAN, 1994; PAVAN e OLIVEIRA, 2000). Franchini et al. (1999a,b, 2001a,b)

avaliaram alterações na química de solos ácidos e mobilização dos produtos da dissolução do

calcário no solo mediante a aplicação de materiais vegetais e soluções puras de ácidos

orgânicos. Em curto período houve mobilização Ca2+ e Mg2+, elevação do pH e neutralização

do alumínio, atingindo 20 cm de profundidade em poucos dias. Entretanto, vale destacar que

naqueles experimentos foram utilizadas amostras do horizonte Bw de Latossolos, geralmente

com baixo teor de argila e matéria orgânica, e doses de até 80 t ha-1 de matéria seca.

O efeito da aplicação superficial de calcário na correção da acidez no perfil do solo,

contatado por Oliveira e Pavan (1996), em sistema plantio direto, foi atribuída à

movimentação do calcário por ligantes orgânicos proveniente dos materiais vegetais

acumulados na superfície do solo. Da mesma forma, Pavan (1994) avaliando a movimentação

de calcário no solo por meio de técnicas de manejo e cobertura vegetal em pomares de

macieira, obteve redução de Al3+ e aumentos de pH e Ca2+ até 40 cm de profundidade. Tal

efeito foi atribuída à complexação dos metais com ânions orgânicos e à movimentação física

do calcário através de canais formados por raízes mortas.

Segundo Miyazawa et al. (2000) a capacidade de neutralização da acidez do solo por

materiais vegetais está associada aos seus teores de cátions e carbono orgânico solúvel, que

normalmente são maiores em materiais vegetais de cobertura, tais como aveia preta, nabo

forrageiro, tremoços, leucena, mucunas, crotalárias e outros. A menor capacidade de

neutralização da acidez do solo pelos materiais vegetais de culturas comerciais como soja,

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trigo e milho está relacionada à redução dos teores de cátions e carbono solúvel com o avanço

da idade fisiológica da planta.

A razão para o aumento do pH e correção da acidez do solo após aplicação de

materiais vegetais, tem sido bastante discutida nos últimos anos. Alguns autores atribuem tal

efeito à adsorção de H+ e Al3+ na superfície do material (HOYT e TURNER, 1975), à troca de

ânions entre o OH- terminal de óxidos de Fe e Al e os ânions orgânicos (HUE e AMIEN,

1989; Hue, 1992) e a complexação de Al3+ e outros metais por ácidos orgânicos (HUE et al.,

1986; MIYAZAWA et al., 1993; FRANCHINI et al., 1999a). Vale destacar que o trabalho

pioneiro de Hue et al. (1986) demonstrando que os ácidos orgânicos são capazes de reduzir a

toxidez de Al3+ na solução. Outros autores atribuem o efeito ao conteúdo de cátions (Ca2+,

Mg2+, K+ e Na+) adicionados pelos materiais vegetais (BESSHO e BELL, 1992). Esses

últimos autores estudando um Argissolo da Austrália (260 g kg-1 de argila e saturação por

alumínio de 63,5%), tomando como base o crescimento de 90% do sistema radicular de

plantas de feijão em relação aplicação de calcário, estimaram a necessidade da aplicação de

doses de 14 e 42 t ha-1 de matéria seca, de folha de uma planta leguminosa e palha de cevada,

respectivamente.

Na década de 90, os trabalhos de Barekzai e Mengel (1993), Yan et al. (1996) e

Pocknee e Sumner (1997) demonstraram que o aumento do pH após adição de materiais

vegetais no solo é devido à descarboxilação ou protonação de ânions orgânicos, que requer

um próton por grupo carboxílico descarboxilado, qualquer que seja o processo. Segundo

Barekzai e Mengel (1993) a decomposição microbiana dos ânions orgânicos que resulta em

consumo de prótons pode ser descrita pela equação abaixo:

R-CO-COO- + H+ → R-CHO + CO2

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Yan et al. (1996) calcularam que durante a decomposição microbiana, em média,

para cada um mmol de CO2 produzido há o consumo de um mmol de prótons. Neste mesmo

trabalho os autores verificaram efeito significativo da nitrificação na redução do pH, seja pela

aplicação de fertilizante (NH4)2SO4 ou mesmo por meio da nitrificação de uma fonte orgânica

durante a decomposição microbiana. Estes resultados corroboram os de Helyar (1976).

Algumas tentativas de reprodução dos resultados obtidos, principalmente por

Franchini et al. (1999a,b, 2001b) não foram bem sucedidas. Araújo (2003), estudando a

aplicação de extratos de milho e braquiária em colunas deformadas do horizonte Bw de um

Latossolo Vermelho Distroférrico típico textura muito argilosa (770 g kg-1 de argila) do Brasil

Central, não encontrou efeito relevante sobre a movimentação de calcário aplicado em

superfície. O autor relata que a ação dos materiais vegetais sobre a química de solos parece

estar mais diretamente ligado ao conteúdo de cátions (Ca2+, Mg2+ e K+) das espécies vegetais,

do que aos ácidos orgânicos provavelmente por elas liberados. Comparando-se os aumentos

de pH e teores de Ca2+ e K+ do solo, após a aplicação de materiais vegetais, no estudo de

Meda et al. (2002), observa-se que estes são proporcionais ao conteúdo de nutrientes

adicionados ao solo pelos tratamentos.

Amaral (2002) trabalhando com um Cambissolo Húmico Alumínico Léptico (430 g

kg-1 de argila), do município de Lages, SC, em colunas de solo coletadas sem deformação de

área há cinco anos com manejo em SPD, não observou efeito relevante dos materiais vegetais

na ação do corretivo em profundidade. Este restringiu-se à camada superficial (0-2,5 cm) do

solo em 60 dias. A dose de materiais vegetais (nabo forrageiro e aveia preta) correspondeu a

10 t ha-1 de matéria seca. Neste mesmo estudo, a aplicação do tratamento calcário + ácido

cítrico (citrato de potássio) promoveu aumento da ordem de dez vezes nos teores de Al3+ e K+

na solução percolada, porém, após 60 dias, os efeitos nos atributos químicos da fase sólida

(pH, Ca2+, Mg2+) foram semelhantes aos demais (calcário ou calcário + materiais vegetais),

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mesmo com a alta dose de ácido cítrico e potássio aplicada. Tal resultado pode ser melhor

explicado pela ação de descarboxilação do ácido cítrico, com correspondente consumo do H+,

e devido à grande quantidade de potássio (560 kg ha-1), que deslocou o Al3+ dos sítios de troca

por ação de massas.

As reações dos ácidos orgânicos de baixa massa molar, provenientes dos materiais

vegetais, é bastante complexa, pois envolve vários fatores que interagem simultaneamente e

em curto espaço de tempo. Conforme Jones (1998), ácidos orgânicos de baixa massa

molecular como citrato e malato, quando adicionados ao solo em concentrações de rizosfera

(10 – 100 µmol kg-1 de solo), são rapidamente degradados e apresentam meia vida de duas a

três horas. O estudo de Ström et al. (2001) também evidenciou a rápida degradação dos ácidos

orgânicos no solo. A adição de doses de malato variando entre 0 a 1 mmol kg-1 de solo,

resultou em meia vida de aproximadamente três horas. Os autores relataram que a taxa de

degradação dos ácidos orgânicos é semelhante em solos alcalinos ou ácidos.

Outro fator limitante é a determinação desses ácidos orgânicos de baixo peso

molecular na solução do solo, especialmente em solos argilosos e com alto teor de matéria

orgânica. Amaral (2002), não encontrou ácidos orgânicos tanto nas soluções lixiviadas,

coletadas entre 15 e 60 dias após aplicação dos tratamentos, como na solução do solo coletada

ao final do experimento (60 dias de duração), ainda que aplicados 940 kg ha-1 de ácido cítrico

na forma de citrato de potássio.

Por ser uma técnica laboriosa e nem sempre se consegue a quantificação dos

referidos ácidos orgânicos em solução do solo. Em alguns trabalhos tem sido feita a

estimativa das espécies orgânicas associadas a cátions utilizando-se para tal o teor de carbono

orgânico dissolvido (SALET et al., 1999; ZAMBROSI, 2004). Em estudos envolvendo ácidos

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orgânicos este procedimento pode não ser conveniente, pois estes constituem apenas

aproximadamente 2% do carbono orgânico dissolvido total (JONES, 1998).

Portanto, faltam informações sobre a liberação e dinâmica dos ácidos orgânicos no

solo, associada à correção de acidez abaixo da camada de aplicação do calcário, pois a rápida

degradação microbiana desses ácidos pode tornar o processo pouco relevante. Os objetivos

deste trabalho foram:

• Quantificar a contribuição dos materiais vegetais de plantas de cobertura, com ênfase

nos seus teores de ácidos orgânicos de baixa massa molar e nutrientes solúveis, sobre a

mobilização no perfil do solo, dos produtos da dissolução do calcário aplicado na

superfície;

• Usando a técnica da especiação iônica, avaliar os efeitos da aplicação de calcário e

materiais vegetais em superfície sobre as espécies químicas de alumínio nas soluções

lixiviadas em diferentes épocas após a aplicação dos tratamentos.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

Foram conduzidos três experimentos no ano de 2004 em laboratório sob condições

controladas, em colunas de PVC com amostras deformadas.

Foram usadas amostras da camada de 0-20 cm de profundidade de um Latossolo

Vermelho, textura muito argilosa (unidade Laranja Azeda), de uma área há 30 anos com

vegetação de eucalipto do Centro de Citricultura (Cordeirópolis, SP).

Após a remoção dos materiais orgânicos da superfície, as amostras de solo foram

secas ao ar e passadas em peneira (malha de 2 mm).

3.1 Caracterização dos Solos

Foram analisados: pH (CaCl2); matéria orgânica por oxidação com dicromato de

sódio, H++Al3+, por solução tampão SMP; Al3+, por extração com KCl 1 mol L-1 e titulação

com NaOH 0,025 mol L-1, conforme Raij et al. (2001). Os teores trocáveis de Ca, Mg e K

foram extraídos com solução de acetato de amônio 1 mol L-1 a pH 7; o Ca e Mg foram

determinados por espectrofotometria de absorção atômica e o K por fotometria de chama

(CAMARGO et al., 1986). Os resultados das análises estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Composição química e física do solo.

MO pH(1) K+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al Argila Silte Areia g kg-1 - ________________ mmolc dm-3 _______________ _________ g kg-1 _______

38 4,1 0,7 5 3 15 80 640 190 170 (1) pH (CaCl2) - 1:2,5 (solo:solução)

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3.1.1 Curva de titulação potenciométrica do solo

Amostras com 2,00 gramas de solo foram colocadas em 12 tubos de polietileno em

duplicata. A seguir foram adicionadas alíquotas de 0; 0,5; 1,0; 2,0; 4,0; 10,0 e 20,0 mL de

solução de NaOH 0,01 mol L-1 e 1 mL de KCl 1 mol L-1 e completado o volume para 25 mL

com água deionizada. Os tubos foram agitados por 16 horas e após 30 minutos procedeu-se à

determinação do pH no sobrenadante. A curva tampão do solo foi obtida plotando-se no eixo

X a quantidade de bases e no eixo Y o pH do solo. Esta metodologia foi adaptada de Pierre

(1927), James e Riha (1986) e Conyers et al. (2000). O gráfico da curva de titulação

potenciométrica do solo é apresentado na Figura 1.

3.2 Montagem das Colunas e Suporte

Tubos de PVC com diâmetro de 10 cm foram divididos em seções de 10 cm de

comprimento, no interior das quais aplicou-se parafina derretida para aumentar a rugosidade e

evitar o fluxo preferencial de água pelas bordas. Além disso, na parte inferior de cada seção

foi colocado internamente um anteparo de PVC de 1,0 cm de altura por 0,5 cm de largura em

forma de anel, também visando reduzir possíveis fluxos preferências de água (Figura 2). Três

seções foram unidas com fita isolante especial à prova de água, para formar uma coluna com

NaOH (mmolc kg-1)

0 20 40 60 80 100

pH d

o so

lo

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

pH = 4,20 + 0,0305.NaOH R2 = 0,99

Figura 1 - Curva de titulação potenciométrica do solo.

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30 cm. Na parte inferior da última seção foi acoplada uma capa de PVC com um furo no

centro e mangueira para escoamento da água lixiviada.

Os suportes para as colunas foram feitos com alumínio e continham hastes para

acoplamento dos sistemas de irrigação sobre as colunas (Figura 3).

Figura 2 - Vista frontal de uma seção da coluna de solo (A), vista superior (B) e frontal (C) do anteparo acoplado internamente as seções para evitar fluxos preferenciais de água pelas bordas.

9,9 cm

0,5 cm

( B )

( C ) 10 cm

( A ) 10 cm

1 cm

9,9 cm

Figura 3 - Vista frontal do suporte e sistema de irrigação.

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3.3 Preparo das Colunas

Antes do preenchimento das colunas na parte inferior foi colocada uma manta

acrílica para evitar perdas de solo. O solo foi umedecido com água deionizada à taxa de 200

mL kg-1, correspondente a 66% da capacidade de retenção de água. Porções equivalentes a 3

cm3 da coluna, foram sucessivamente colocadas e levemente compactadas para uma

densidade de 0,96 g cm-3. As colunas foram preenchidas com solo até 2 cm da borda superior,

ou seja, uma camada de solo igual a 28 cm. Após o enchimento, colocou-se um papel filtro

cobrindo a superfície do solo da coluna e sacos plásticos vestindo-a para evitar a evaporação

excessiva. Por um período mínimo de 10 dias, as colunas ficaram encubadas para o

restabelecimento da comunidade microbiana do solo.

3.4 Materiais Vegetais

Plantas de aveia preta (Avena strigosa), calopogônio (Calopogonium mucunoides),

crotalária (Crotalária juncea e C. breviflora), leucena (Leucaena leucocephala), nabo

forrageiro (Raphanus sativus) e milheto (Pennisetum glaucum) foram produzidas em vaso em

casa de vegetação.

As plantas foram cultivadas em vasos com 7 kg de solo, que receberam calagem para

elevar a saturação por bases a 70% e adubação mineral, conforme tabela abaixo:

Tabela 2 - Adubação mineral das plantas cultivadas em casa de vegetação.

Época Nutriente Forma Dose do nutriente (mg kg-1) Observação semeadura P Superfosfato triplo 250 sólida

K(1) Sulfato de potássio 250 S Sulfato de potássio 101,8(2)

semeadura B Na2B2O7.10H2O 0,4 solução Cu CuSO4.5H2O 1,0 Mn MnSO4.H2O 3,0 Zn ZnSO4.7H2O 3,0

cobertura N(3) NH4NO3 300 solução (1)Dividido em duas aplicações, metade na adubação básica e metade em cobertura; (2)Somados o S das outras fontes adicionadas; (3)Dividido em quatro aplicações conforme desenvolvimento das plantas.

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As plantas foram cultivas até pleno florescimento, à exceção das plantas de Leucena

que foram colhidas após quatro meses de cultivo. Todo material vegetal da parte aérea foi

seco em estufa a 65 ºC durante 48 horas e armazenado em ambiente seco e protegido.

3.4.1 Análises químicas

Amostras dos materiais vegetais da parte aérea das plantas, após secos, foram moídos

e analisados para caracterização da composição química, cujos resultados são apresentados na

Tabela 3. O carbono orgânico foi determinado por oxidação com dicromato, conforme Nelson

e Sommers (1996); N, P, K, Ca, Mg, Na e S, segundo Bataglia et al. (1983) e Cl conforme

Abreu et al. (2001).

A alcalinidade das espécies vegetais foi avaliada por diversos métodos:

a) Excesso de bases (PIERRE et al., 1970)

O somatório de cátions inorgânicos menos o somatório de ânions inorgânicos

expressando a capacidade de alcalinização do material vegetal. Excesso de bases (EB) = Σ

(Ca++ + Mg++ + K+ + Na+) - Σ (Cl- + SO4-- + H2PO4

-).

b) Calcinação (SLATTERY et al., 1991)

A alcalinidade vegetal foi mensurada indiretamente pela titulação do excesso de

acidez, adicionada após calcinação do material por titulação com uma base.

Amostras de 0,5 g de material vegetal moído foram colocadas em cadinho de

porcelana de 50 mL ou becker pyrex, em triplicata. Foram levados a mufla e aquecidos

lentamente até 200 ºC por 1 hora, e a 500 ºC por 4 horas. As cinzas do material incinerado

foram dissolvidas em 20 mL de solução de HCl 0,1 mol L-1 e aquecidas por 20-30 minutos em

chapa elétrica. O excesso de ácido foi titulado com solução de NaOH 0,1 mol L-1. Para cada

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conjunto de amostras, foi titula uma prova em branco contendo 20 mL de HCl 0,1 mol L-1, em

triplicata.

Alcalinidade vegetal (mmolc kg-1) = MS

VOHi 1000 x C x )V ( OHOHf−

No qual:

VOHi = volume de NaOH, em mL, gasto para neutralizar 20 mL da solução de HCl 0,1 mol L-1;

VOHf = volume de NaOH, em mL, gasto para neutralizar o excesso de 20 mL de HCl 0,1 mol

L-1 dissolvido nas cinzas das amostras;

COH = concentração da solução padronizada de NaOH 0,1 mol L-1;

MS = massa de matéria seca (g).

c) Calcinação alcalina (FREAR, 1930 e JUNGK, 1968)

O procedimento analítico é o mesmo da metodologia anterior, porém, antes da

calcinação foi adicionada ao material vegetal uma alíquota de solução de NaOH 0,1 mol L-1

(JUNGK, 1968) ou Mg(NO3)2 0,1 mol L-1 (FREAR, 1930), visando evitar perdas de S e Cl

que são voláteis em altas temperaturas. As amostras foram aquecidas em chapa elétrica

regulada de modo que a mistura fervesse com a mais baixa temperatura possível; após a

evaporação do líquido o material foi levado a mufla para calcinação. Os cálculos foram

semelhantes aos descritos para o método anterior.

d) Extrato aquoso (MIYAZAWA et al., 1993)

Amostras de 1,0 g de material vegetal moído foram colocadas em tubos de centrífuga

de 50 mL, em triplicata. A seguir foram adicionadas alíquotas de 10 mL das seguintes

soluções de NaOH e HCl (0,001; 0,005; 0,010; 0,020; 0,040; 0,060; 0,080; 0,100 e 0,120 mol

L-1). Os tubos foram agitados a 1200 rpm três vezes ao dia durante 15 minutos por dois dias.

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Em seguida foi determinado o pH da suspensão com eletrodo de vidro. A alcalinidade do

material vegetal foi obtida no gráfico de pH vs [H+] e [OH-], sendo a alcalinidade a

quantidade necessária de H+ para reduzir o pH da solução a 3,5, onde a maioria dos grupos

funcionais (carboxílicos, fenólicos, aminas etc.) dos compostos orgânicos são protonados.

3.5 Experimento 1

Colunas compostas por 3 seções de 10 cm de comprimento com e 10 cm de diâmetro

foram preenchidas com solo até 2 cm da borda superior, conforme descrito no item 3.3. Cada

coluna continha uma massa equivalente 2110 g de solo.

O solo permaneceu incubado por 67 dias antes da aplicação dos tratamentos.

3.5.1 Tratamentos

O delineamento experimental usado foi o inteiramente casualizado, com três

repetições.

O experimento 1 foi composto por cinco tratamentos e dois tempos de lixiviação

(zero e 10 dias após aplicação dos tratamentos), totalizando 30 colunas.

T1 - Testemunha;

T2 - Calcário (incorporado na camada de 0-3 cm)

T3 - Nabo forrageiro (20 t ha-1 de matéria seca);

T4 - Solução de ácidos orgânicos parcialmente neutralizados com Ca e K, aproximadamente

equivalentes à composição de ácidos orgânicos presentes no tratamento T3;

T5 - Solução de sais neutros em quantidades aproximadamente equivalentes aos presentes no

tratamento T3.

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A dose de calcário (6,1 t ha-1) visou à saturação por bases de 80% e foi calculada

baseada na área da coluna considerando a profundidade de 0-20 cm. Foi usada uma mistura de

CaCO3 + MgCO3 na proporção de 3:1.

A dose de material vegetal de nabo forrageiro foi calculada baseada na área da

coluna (15,7 g por coluna). O material vegetal foi moído a 1 mm e agitado com um bastão de

vidro em 150 mL de água destilada.

A solução de ácidos orgânicos foi calculada baseada na dose de material vegetal e

nos teores de ácidos orgânicos presentes na parte aérea da planta de nabo forrageiro, segundo

Amaral (2002). Foram aplicados por coluna, 550 mg de ácido cítrico e 550 mg de ácido

málico, equivalentes à quantidade de ácidos orgânicos fornecidos pelo tratamento com nabo

forrageiro. Estes ácidos foram parcialmente neutralizados com hidróxido de cálcio (40%) e de

potássio (60%) para o pH de 5,5 que representava o pH da suspensão de material vegetal sem

adição de ácido ou base. Os cátions escolhidos para a neutralização dos ácidos orgânicos (Ca

e K) são os prevalentes na parte aérea do nabo forrageiro.

O tratamento contendo os sais neutros aproximadamente equivalentes às quantidades

de Ca, Mg e K presentes no nabo forrageiro (Tabela 3) foram preparados com sais de sulfato e

cloreto, os ânions inorgânicos predominantes no material vegetal.

Embora as quantidades de sulfato e cloreto adicionadas tenham sido um pouco

superiores às contidas no nabo forrageiro, foi respeitada a proporção entre esses ânions.

A solução foi composta pelos seguintes sais: 8,7060 g L-1 de cloreto de cálcio;

3,8887 g L-1 de cloreto de potássio; 5,8147 g L-1 de sulfato de magnésio e 1,9480 g L-1 de

sulfato de potássio. A solução final tinha pH 5,39.

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Os tratamentos T3, T4 e T5 foram aplicados por meio de 150 mL de eluente,

quantidade suficiente para o solo atingir a capacidade máxima de retenção de água (307 mL

kg-1), sem provocar lixiviação. Os tratamentos testemunha e calcário receberam apenas 150

mL de água destilada como eluente. Os tratamentos com calcário foram aplicados quatro dias

antes do início da primeira lixiviação, misturados ao solo dos três cm superficiais de cada

coluna.

3.5.2 Lixiviação

Metade das colunas foi lixiviada imediatamente após a aplicação dos tratamentos

(T0) e a outra metade ficou encubada com os tratamentos por dez dias (T10) a fim de permitir

um maior tempo de reação dos tratamentos com o solo antes da lixiviação. Os tempos de

lixiviações foram estabelecidos levando em conta o provável tempo de permanência de ácidos

orgânicos no solo. Amaral (2002), não detectou ácidos orgânicos nas soluções lixiviadas

coletadas 15 dias após aplicação dos tratamentos.

As colunas receberam 648 mL de água deionizada, equivalente a um volume de

poros (307 mL kg-1 de solo) que correspondeu a uma precipitação de 84,4 mm. Cada coluna

tinha três gotejadores distribuídos eqüidistantes. Durante o gotejamento estes foram

alternados em duas posições sobre a coluna a fim de evitar a formação de bulbo de

molhamento e fluxo preferencial no centro da coluna, além de obter uma frente de

molhamento uniforme. Antes da lixiviação, foram colocados papéis filtro sobre a superfície

do solo a fim evitar o impacto direto das gotas de água e melhorar a distribuição de água

sobre a coluna.

A velocidade de gotejamento foi de aproximadamente 0,75 mL min-1 por gotejador

(2,25 mL min-1 por coluna) e o tempo para a lixiviação foi de cerca de 4,8 horas.

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3.5.3 Coleta e análises das soluções lixiviadas, resíduo vegetal e amostras de solos

O lixiviado foi coletado em frascos de vidro colocados sob as colunas e

imediatamente após a coleta, as soluções lixiviadas foram filtradas e medidos o pH e a

condutividade elétrica. Alíquotas de 200 mL de cada repetição foram armazenadas em frascos

plásticos e mantidas congeladas para realização posterior de análises químicas.

Depois de cessada a lixiviação, nas colunas com material vegetal sobre a superfície,

foi feita uma coleta do resíduo vegetal restante, tomando cuidado para não coletar terra

misturada ao mesmo. As amostras foram secas em estufa a 65 ºC durante 48 horas, novamente

moídas a 1 mm e analisadas para a determinação da alcalinidade e dos teores totais de

nutrientes remanescentes.

As colunas foram desmontas e seccionadas em camadas de 0-8, 8-18, 18-28 cm.

Amostras de 300 g de solo foram secas em estufa sob ventilação forçada a 45 ºC.

Nas soluções lixiviadas foram realizadas análises de pH e condutividade elétrica

(CE), NH4+ e NO3

- por destilação a vapor após adição de MgO e liga de Devarda

(CANTARELLA e TRIVELIN, 2001), Ca, Mg, P, S, Al, B, Cu, Fe, Mn e Zn por

espectrometria de emissão atômica em plasma, K e Na por fotometria de chama, e Cl por

eletrodo seletivo, conforme Abreu et al. (2001).

As análises de ácidos orgânicos no lixiviado foram realizadas no Departamento de

Ciência do Solo da Universidade Federal de Lavras, seguindo os procedimentos descritos por

Marchi (2001). As amostras foram analisadas por cromatografia líquida de alta eficiência

(CLAE), com detector de arranjo de diodos e coluna C18, fase reversa (Zorbax / SB). Durante

a análise, as soluções utilizadas na fase móvel foram: H2PO4Na 0,5 mol L-1 (pH = 3,2) e

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H2PO4 0,25% v/v (pH = 2,0). Para evitar a interferência na quantificação dos ácidos

orgânicos, o nitrato foi previamente removido usando resina de troca aniônica Dowex 1.

No resíduo vegetal foram determinados carbono orgânico, por oxidação com

dicromato, conforme Nelson e Sommers (1996), N, P, K, Ca, Mg, Na e S, segundo Bataglia et

al. (1983), Cl conforme Abreu et al. (2001), alcalinidade por calcinação e excesso de bases,

conforme descrito anteriormente.

Na fase sólida do solo foram analisados pH (CaCl2), H++Al3+ por solução de tampão

SMP e Al3+ por titulação do extrato de KCl 1 mol L-1 com titulação NaOH 0,025 mol L-1,

conforme Raij et al. (2001) e Ca2+, Mg2+ e K+, por extração com solução de acetato de amônio

1 mol L-1 a pH 7. O Ca e Mg foram determinados em espectrofotometria de absorção atômica

e o K por fotometria de chama (CAMARGO et al., 1986).

3.5.4 Fracionamento do alumínio no solo e solução lixiviada

As formas de alumínio da solução lixiviada foram fracionadas pela metodologia

adaptada por Franchini et al. (1999b). Dois centímetros cúbicos de resina pré-condicionada

(CHELEX 100, convertida à forma de H, com HNO3 e ajustada a pH 4,5 com NaOH) foram

transferidos para seringa de cinco centímetros cúbicos. Alíquotas de 10 mL da solução do

lixiviado, e a seguir, 10 mL de água deionizada foram passados pela resina. Após a eluição

foram novamente determinados no lixiviado os teores de Al, Ca e Mg, por espectrometria de

emissão atômica em plasma (ICP-AES). Considerou-se que o Al, Ca e Mg que passaram pela

resina estavam na forma orgânica, e o retido, obtido por diferença entre as determinações

antes e após a eluição pela resina, como espécies monoméricas livres.

Com o auxílio do software GEOCHEM, foram feitas as especiações iônicas das

formas de alumínio das soluções lixiviadas. Considerando um sistema aberto, todos os valores

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21

de concentração foram convertidos a – log da concentração, conforme Parker et al. (1995). A

força iônica e a atividade do Al foram estimadas teoricamente pelo próprio software.

Para fracionamento das formas de alumínio da fase sólida do solo foram feitas

extrações com solução de CuCl2 0,5 mol L-1, conforme metodologia proposta por Juo e

Kamprath (1979), com adaptações de Drabek et al. (2003). Amostras com 2,5 cm3 de terra

foram transferidas para frascos plásticos cilíndricos de 100 mL, os quais foram acrescentados

25 mL de solução de CuCl2 0,5 mol L-1 (pH 3,2), seguido de agitação a 220 rpm por 2 horas

em agitador com movimento circular horizontal. O extrato foi obtido por centrifugação a 6000

rpm durante 5 minutos e filtragem com papel filtro qualitativo de filtragem lenta. As

concentrações de Al, Ca e Mg foram determinadas por espectrometria de emissão atômica em

plasma (ICP-AES).

3.6 Experimento 2

Foram usadas colunas de solo semelhantes às do experimento 1.

O experimento foi composto por cinco tratamentos e dois tempos de lixiviação (zero

e 10 dias após aplicação dos tratamentos), com três repetições, totalizando 30 colunas.

T1 - Testemunha;

T2 - Calcário (incorporado na camada de 0-3 cm)

T3 - Calcário + Nabo forrageiro (20 t ha-1);

T4 - Calcário + solução de ácidos orgânicos parcialmente neutralizados com Ca e K,

aproximadamente equivalentes à composição de ácidos orgânicos presentes no

tratamento T3;

T5 - Calcário + solução de sais neutros em quantidades aproximadamente equivalentes aos

presentes no tratamento T3.

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22

O solo permaneceu incubado por 10 dias antes da aplicação dos tratamentos.

O preparo da suspensão contendo nabo forrageiro e das soluções de ácidos orgânicos

e sais seguiu os mesmos procedimentos do experimento 1. O calcário (tratamentos T2 a T5),

para elevar a saturação por bases a 80%, foi misturado ao solo da camada de 3 cm superficial

quatro dias antes da aplicação das soluções ou suspensões (150 mL por coluna) referentes aos

tratamentos T3 a T5. Para os tratamentos T1 e T2 foram aplicados 150 mL de água deionizada

por coluna.

Os procedimentos para lixiviação e análises químicas foram semelhantes aos

descritos para o experimento 1.

3.7 Experimento 3

Foram usadas colunas de solo semelhantes às do experimento 1.

O delineamento experimental usado foi o inteiramente casualizado, com três

repetições.

O experimento foi composto por oito tratamentos, totalizando 24 colunas.

T1 - Testemunha;

T2 - Calcário (incorporado na camada de 0-3 cm)

T3 - Calcário + aveia preta (20 t ha-1);

T4 - Calcário + solução de ácidos orgânicos parcialmente neutralizados com Ca e K,

aproximadamente equivalentes à composição de ácidos orgânicos presentes no

tratamento T3;

T5 - Calcário + solução de sais neutros em quantidades aproximadamente equivalentes aos

presentes no tratamento T3;

Page 36: MOBILIDADE DE ÍONS EM SOLO ÁCIDO COM APLICAÇÃO … · de baixa massa molar e nutrientes solúveis, sobre a mobilização no perfil do solo, dos produtos da dissolução do calcário

23

T6 - Calcário + Nabo forrageiro (20 t ha-1);

T7 - Calcário + solução de ácidos orgânicos parcialmente neutralizados com Ca e K,

aproximadamente equivalentes à composição de ácidos orgânicos presentes no

tratamento T6;

T8 - Calcário + solução de sais neutros em quantidades aproximadamente equivalentes ao

presente no tratamento T6.

O solo permaneceu incubado por 23 dias antes da aplicação dos tratamentos.

Os tratamentos foram aplicados com 150 mL de eluente em todas as colunas. As

lixiviações, realizadas nas mesmas colunas, foram feitas aos 10, 30 e 45 dias após aplicação

dos tratamentos.

Para os tratamentos testemunha e com calcário, adotou-se as mesmas doses e

procedimentos dos ensaios 1 e 2.

A dose dos materiais vegetais de nabo forrageiro e aveia preta (15,7 g por coluna) foi

calculada baseada na área da coluna. O material vegetal foi moído a 1 mm e misturado em

150 mL de água destilada.

A solução de ácidos orgânicos para a aveia preta foi calculada de maneira semelhante

à descrita para o nabo forrageiro. Segundo Amaral (2002), predominam na aveia preta os

ácidos cítricos (25% do total de ácidos presentes) e aconítico (67% do total de ácidos

presentes). Devido à dificuldade de aquisição do ácido aconítico, todo seu conteúdo foi

fornecido como ácido cítrico, por ser o ácido orgânico de composição mais semelhante ao

mesmo. Assim foram aplicados 227 mg de ácido cítrico, equivalente à quantidade de ácidos

orgânicos fornecidos pelo tratamento com aveia preta. Estes ácidos foram parcialmente

neutralizados com hidróxido de cálcio (40%) e de potássio (60%) para o pH de 5,65 que

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24

representava o pH da suspensão de material vegetal sem adição de ácido ou base. Os cátions

escolhidos para a neutralização dos ácidos orgânicos (Ca e K) são os prevalentes na parte

aérea da aveia preta.

O tratamento equivalente de sais neutros foi calculado com base nas doses de aveia

preta e nabo forrageiro e suas composições químicas (Tabela 3), fornecendo as mesmas

quantidades de Ca, Mg e K, usando para esse fim apenas sais com os ânions inorgânicos de

sulfato e cloreto. Todo o conteúdo de sódio do material vegetal foi fornecido como K, por

serem elementos com dinâmica semelhante no solo. A solução do tratamento T5 foi composta

pelos seguintes sais: 2,5433 g L-1 de cloreto de cálcio; 5,9000 g L-1 de cloreto de potássio;

3,3807 g L-1 de sulfato de magnésio e 1,2167 g L-1 de sulfato de potássio.

A solução de sais neutros referentes ao nabo forrageiro foi alterada porque utilizou-

se material vegetal produzido em um segundo cultivo no qual a concentração de K foi 37,4 g

kg-1.

Da mesma forma que para a solução de sais neutros da aveia preta, todo o conteúdo

de sódio do material vegetal foi fornecido como K. A solução do tratamento T8 foi composta

pelos seguintes sais: 8,7060 g L-1 de cloreto de cálcio; 5,8147 g L-1 de sulfato de magnésio e

9,2407 g L-1 de sulfato de potássio.

De forma semelhante aos experimentos anteriores, todas as colunas receberam 150

mL de eluente. Nos tratamentos com material vegetal de aveia preta, nabo forrageiro, ácidos

orgânicos e sais neutros, estes foram aplicados diluídos ou misturados a 150 mL de eluente.

Os tratamentos testemunha e de calcário receberam apenas 150 mL de água destilada como

eluente. O calcário foi aplicado quatro dias antes do início da primeira lixiviação, misturado

ao solo dos três centímetros superficiais de cada coluna.

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25

As lixiações, coleta de lixiviados, materiais vegetais e amostras de solos, bem como

as análises e determinações, foram procedidas conforme descrito no experimento 1.

3.8 Análise Estatística

Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA), e as

diferenças estatísticas determinadas por meio do teste de Tukey ao nível de significância de

5% (PIMENTEL-GOMES e GARCIA, 2002).

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26

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As espécies vegetais variaram muito quanto à composição química e alcalinidade

(Tabela 3). Entre os cátions, o potássio foi o elemento que teve a maior concentração, com

destaque para aveia preta, milheto e nabo forrageiro, com teores (g kg-1) de 32,8, 28,1 e 27,8,

respectivamente. O material vegetal de nabo forrageiro usado no experimento 3, apresentou

37,4 g kg-1 de K; nota-se que esta concentração foi duas até três vezes maior do que a das

plantas de crotalária e leucena. O cálcio também teve ampla variação. As espécies que

apresentaram maiores teores foram: nabo forrageiro, leucena e calopogônio, com 22,7, 22,2 e

19,5 g kg-1, respectivamente. Para o magnésio os teores foram menores em relação ao K e Ca,

entretanto, as plantas de milheto e nabo forrageiro apresentaram teores (g kg-1) bastante

superiores às demais (5,5 e 5,9, respectivamente). Os ânions também variaram conforme a

espécie vegetal: o fósforo e o enxofre atingiram concentrações superiores na planta de nabo

forrageiro, em média, duas a quatro vezes maiores que nas outras espécies. Os teores de

cloreto nas plantas de nabo forrageiro e aveia preta foram, em média, duas a quatro vezes

superiores aos das demais (Tabela 3).

As concentrações de cátions e ânions são compatíveis com as comumente

encontradas por diversos autores no Brasil (AMARAL, 2002; DIAS et al., 2003;

FRANCHINI et al., 1999a, b, 2001a, 2003; MIYAZAWA et al., 2002). Nestes estudos as

faixas de teores (g kg-1), para as plantas de nabo forrageiro e aveia preta foram: N = 23,5 –

41,0 e 18,4 – 29,6; P = 3,2 – 7,0 e 2,1 – 4,6; K = 29,9 – 43,0 e 22,0 – 42,2; Ca = 19,2 – 22,8 e

2,0 – 7,8; Mg = 2,8 – 4,7 e 1,4 - 2,0, respectivamente. Os teores de Cl, Na e S não foram

reportados naqueles trabalhos.

moraesmf
Nota
Accepted definida por moraesmf
moraesmf
Nota
None definida por moraesmf
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27
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28

Considerando o somatório dos cátions expresso em mmolc por quilograma de massa

de matéria seca, observa-se que a planta de nabo forrageiro apresentou valores superiores aos

das outras espécies (Tabela 3). Os teores de ânions seguiram a mesma tendência dos cátions.

O excesso de bases (EB) indica o conteúdo de ânions orgânicos acumulados pelas

plantas para manutenção da eletroneutralidade, em resposta ao desbalanço iônico interno

provocado pela maior absorção de cátions (K, Ca, Mg, NH4 e Na) sobre os ânions inorgânicos

(Cl, P, S e NO3). Em geral, plantas leguminosas apresentam maior EB que gramíneas.

Durante o ciclo de vida das plantas, o EB aumenta até o estádio de pleno florescimento e,

depois decresce, por isso resíduos vegetais de pós-colheita têm baixo EB. Maiores detalhes

sobre balanço de cátions e ânions podem ser encontrados nos trabalhos pioneiros de Kirkby e

Mengel (1967) e Kirkby (1968). Os valores de EB variam na faixa de 250 a 2550 mmolc kg-1

de massa de matéria seca da parte aérea (TANG e RENGEL, 2003) e podem ser influenciados

pela idade da planta, parte da planta (raiz, caule, folha) e condições edáficas e climáticas

(PIERRE e BANWART, 1973; BRASCHKAT e RANDALL, 2004).

Existem vários métodos para determinação do EB. Pierre et al. (1970) sugerem a

determinação direta pelos teores totais dos elementos após destruição da matéria seca.

Segundo Slattery et al. (1991), o EB também pode ser determinado indiretamente por

calcinação do material vegetal e titulação das cinzas com NaOH após adição de HCl em

excesso. O último método, na realidade, foi simplificado das metodologias propostas por

Frear (1930) e Jungk (1968), onde o material vegetal, antes da calcinação, recebe uma base

(MgNO3 ou NaOH), e é aquecido até a secagem. A calcinação alcalina tem o objetivo de

evitar perdas de Cl e S, que são elementos voláteis a altas temperaturas. Recentemente

Miyazawa et al. (1993) apresentaram um método alternativo indireto usando pHmetro para a

estimativa do EB em extrato aquoso, o qual é determinado como a quantidade de H+

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29

consumida para o pH do meio atingir 3,5, onde a maioria dos grupos funcionais (carboxílicos,

fenólicos, aminas etc) dos compostos orgânicos está protonada.

O EB determinado indiretamente pelo extrato aquoso e pela calcinação alcalina na

presença de Mg(NO3)2, apresentou os menores e maiores valores de alcalinidade para todas as

espécies vegetais testadas (Tabela 3). O EB determinado indiretamente pela calcinação

simples, calcinação alcalina na presença de NaOH e diretamente pelos teores totais resultou

em valores semelhantes (Tabela 3). Em geral, para estas três metodologias os valores de

alcalinidade variaram entre 693 a 1662 mmolc kg-1, considerando todas as espécies. Os

maiores valores de EB ocorreram nas plantas de calopogônio, leucena e nabo forrageiro.

Embora a planta de nabo forrageiro tenha tido o maior somatório de cátions, seu EB foi menor

do que o das plantas de calopogônio e leucena, devido à baixa absorção de ânions pelas

mesmas.

Os valores de EB para aveia preta pelos teores totais e calcinação simples foram de

825 e 941 mmolc kg-1, respectivamente, e são semelhantes aos citados por Slattery et al.

(1991) e Banwart e Pierre (1975a,b), que variam entre 478 e 890 mmolc kg-1, determinados

por calcinação. Não foi encontrado na literatura, valor de alcalinidade para plantas de nabo

forrageiro para as metodologias do EB pelo teor total ou calcinação.

Os valores de EB determinado pelo método do extrato aquoso, para as plantas de

nabo forrageiro e aveia preta foram 748 e 518 mmolc kg-1, respectivamente. Estes valores são

semelhantes aos encontrados por Franchini et al. (1999a, 2001a) para o nabo forrageiro (696 e

842 mmolc kg-1, respectivamente) e aveia preta (488 mmolc kg-1).

O maior coeficiente de correlação entre os vários métodos foi obtido entre EB pelos

teores totais e calcinação simples (y = 1,11x + 34,44; r = 0,89; n = 21). Os resultados, aqui

obtidos, corroboram os levantados por Noble et al. (1996) e Noble e Randall (1999), que

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30

trabalhando com material vegetal de liteiras de diversas espécies de eucaliptos e outras

espécies florestais, encontraram altas correlações entre EB pelos teores totais e calcinação,

com coeficientes angulares de 1,07 e 0,73, respectivamente. A baixa equivalência do último

caso, é justificada, segundo aqueles autores, pelas altas concentrações de Cl e S encontradas

nas amostras. Desta forma, por serem as determinações de alcalinidade que mais se

correlacionam, no presente estudo estas duas metodologias foram as utilizadas nas avaliações

de alcalinidade dos materiais vegetais após as lixiviações.

4.1 Efeitos sobre Atributos do Solo

A primeira camada da coluna de solo tinha 8 cm de espessura porque em SPD é esta

camada que concentra a maioria das raízes das plantas.

Os resultados dos atributos químicos do solo ao final dos experimentos estão

apresentados nas Tabelas 4 e 5 (experimento 1), 6 e 7 (experimento 2) e, 8 e 9 (experimento

3). Os períodos de lixiviação, imediatamente (T0) ou após dez dias (T10) da aplicação dos

tratamentos não influenciaram significativamente os atributos da fase sólida do solo.

A aplicação de calcário elevou o pH do solo da primeira camada a 7; entretanto, nas

camadas inferiores não houve efeito do corretivo e o pH permaneceu igual ao da testemunha

(Tabela 4). É provável que o efeito do calcário sobre os atributos do solo não tenha atingido a

base da camada de solo de 0-8 cm. Os dados das Tabelas 4, 6 e 8 se referem a amostras

homogeneizadas daquela camada. O material vegetal de nabo forrageiro e solução de ácidos

orgânicos aplicados na superfície promoveram pequenos, porém, significativos acréscimos no

pH do solo nas camadas de 0-8 e 8-18 cm. Nas camadas subsuperficiais os aumentos de pH

não foram superiores a 0,2 unidades. A solução de sais neutros, equivalente aos nutrientes

contidos na planta de nabo forrageiro, como já esperado, não promoveu nenhum efeito sobre

o pH do solo, independente da profundidade. Observou-se uma pequena redução do pH do

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31

solo do tratamento testemunha após a lixiviação realizada dez dias depois da aplicação dos

tratamentos (Tabela 4). Este efeito, deve-se provavelmente a acidificação causada pela

nitrificação da matéria orgânica do solo, devido o longo período de incubação do solo antes

da aplicação dos tratamentos (67 dias) e ao excesso de sais, que provoca interferências nas

leituras de pH.

A aplicação de calcário na presença de material vegetal de nabo forrageiro, solução

de ácidos orgânicos e solução de sais neutros não promoveu aumentos de pH

significativamente diferentes da aplicação de isolada de calcário, para a camada de 0-8 cm

(experimento 2, Tabela 6). Nas camadas inferiores, apesar de existirem diferenças

significativas entre os tratamentos e a testemunha, em nenhum caso esta foi superior a 0,2

unidades de pH.

No experimento 3, ao contrário dos dois primeiros, as lixiviações (3) foram

realizadas sucessivamente nas mesmas colunas, as quais foram desmontas aos 45 dias após

aplicação dos tratamentos. Assim como no segundo experimento, a aplicação de calcário na

presença de material vegetal de nabo forrageiro e aveia preta, tanto como nas suas respectivas

soluções equivalentes de ácidos orgânicos e sais neutros, não promoveram aumentos

significativos de pH quando comparados à aplicação isolada de calcário, independentemente

da profundidade (experimento 3, Tabela 8).

Estes resultados estão de acordo com os encontrados por Amaral (2002), que

trabalhando com um Cambissolo Húmico Léptico argiloso (430 g kg-1) em colunas

indeformadas, observou efeito relevante da aplicação isolada ou conjunta de calcário e

materiais vegetais de nabo forrageiro, ervilhaca e aveia preta (10 t ha-1) sobre o pH do solo

somente na camada de 0-2,5 cm de profundidade. Entretanto, discordam dos apresentados por

Franchini et al. (1999b) que demonstraram efeitos da aplicação superficial de resíduos de

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nabo forrageiro e aveia preta (20 t ha-1) no pH do solo (acréscimos de até 1,7 unidades de pH),

até 40 cm. Entretanto, os solos usados por Franchini et al. (1999a) foram amostras do

horizonte Bw de um Latossolo Vermelho-Escuro (210 g kg-1 de argila e 1,2% MO), ao passo

que no presente estudo foi usada uma amostra da camada de 0-20 cm de profundidade de um

Latossolo Vermelho, textura muito argilosa (640 g kg- 1 de argila e 3,8% MO). O solo usado

no estudo citado acima, apresenta menor teor de matéria orgânica e capacidade de troca de

cátions, o que pode favorecer o maior aumento de pH do solo em profundidade, devido à

menor capacidade tampão, conforme destacado por Quaggio (2000).

Tabela 4 - Componentes de acidez do solo após lixiviação com solução equivalente a um volume de poros, imediatamente (T0) e após dez dias (T10) da aplicação dos tratamentos. Experimento 1.

pH(CaCl2) Al3+ H+ + Al3+ V Tratamentos(1) Profun-didade T0(2) T10 T0 T10 T0 T10 T0 T10

cm _________ mmolc dm-3 _________ % Testemunha 0-8 4,03c 3,87c 17a 17a 82a 93a 7d 7c Calcário 7,00a 6,87a 0d 0d 12c 13c 91a 90a Nabo forrageiro 4,43b 4,43b 6c 3c 60b 63b 29b 32b Ácidos orgânicos 4,27b 4,23b 10b 6c 67b 65b 23bc 27b Sais neutros 4,07c 3,93c 14a 13b 79a 85a 19c 23b

Testemunha 8-18 4,00c 3,83b 17a 17a 82a 95a 9c 7c Calcário 4,10bc 3,97ab 15ab 16a 74ab 92ab 12bc 9bcNabo forrageiro 4,23a 4,07a 11c 11c 69c 79b 19a 17a Ácidos orgânicos 4,17a 4,00a 13bc 14b 74ab 82ab 15b 11b Sais neutros 4,07bc 3,93ab 15ab 14b 85a 92ab 15b 15a

Testemunha 18-28 4,07b 3,93a 17a 16a 79ab 93a 10b 8c Calcário 4,10ab 3,93a 16a 17a 85ab 95a 10b 9c Nabo forrageiro 4,23a 4,03a 11c 12b 72b 82a 19a 15a Ácidos orgânicos 4,13ab 3,93a 13bc 15a 80ab 85a 13b 9bcSais neutros 4,13ab 3,97a 15ab 15a 88a 95a 17a 12b

CV, % 1 2 9 7 6 7 8 13 (1) Calcário: aplicado na superfície do solo, calculado para V=80% na camada 0-20 cm; Nabo forrageiro: moído (1 mm), equivalente a 20 t ha-1 de matéria seca com base na área superficial; Ácidos orgânicos: mistura de soluções de ácido cítrico e ácido málico equivalentes ao conteúdo do nabo forrageiro; Sais neutros: mistura de CaCl2, KCl, MgSO4 e K2SO4 equivalente ao conteúdo do nabo forrageiro; (2) Médias, nas colunas, para a mesma profundidade, seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (P≤ 0,05).

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Tabela 5 - Cátions trocáveis no solo após lixiviação com solução equivalente a um volume de poros, imediatamente (T0) e após dez dias (T10) da aplicação dos tratamentos. Experimento 1.

K+ Ca2+ Mg2+ Tratamentos (1) Profun-didade T0(2) T10 T0 T10 T0 T10

cm _____________________ mmolc dm-3 _____________________

Testemunha 0-8 0,5b 0,6b 4b 4c 2b 2c Calcário 0,5b 0,7b 84a 94a 29a 28a Nabo forrageiro 10,6a 10,6a 10b 13b 4b 6b Ácidos orgânicos 8,6a 8,9a 9b 12b 2b 3c Sais neutros 7,4a 7,2a 8b 13b 3b 6b Testemunha 8-18 0,5d 0,5c 5c 4c 2b 2d Calcário 0,4d 0,7c 6bc 5bc 4ª 3bc Nabo forrageiro 6,2ª 6,3ª 7ab 7b 3ab 4ab Ácidos orgânicos 3,1c 3,3b 7ab 5bc 3ab 2cd Sais neutros 4,0b 3,9b 8ª 9ª 3ab 4ª Testemunha 18-28 0,6d 0,6d 5d 5bc 3c 3bc Calcário 0,5d 0,8cd 6cd 5bc 3bc 3ab Nabo forrageiro 4,3a 4,5a 8b 7ab 4ab 4a Ácidos orgânicos 1,4c 1,9bc 7bc 5bc 3c 2c Sais neutros 2,8b 2,5b 11a 8a 5a 3ab

CV, % 28 25 11 12 14 12 (1) Calcário: aplicado na superfície do solo, calculado para V=80% na camada 0-20 cm; Nabo forrageiro: moído (1 mm), equivalente a 20 t ha-1 de matéria seca com base na área superficial; Ácidos orgânicos: mistura de soluções de ácido cítrico e ácido málico equivalentes ao conteúdo do nabo forrageiro; Sais neutros: mistura de CaCl2, KCl, MgSO4 e K2SO4 equivalente ao conteúdo do nabo forrageiro; (2) Médias, nas colunas, para a mesma profundidade, seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (P≤ 0,05).

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Tabela 6 - Componentes de acidez do solo após lixiviação com solução equivalente a um volume de poros, imediatamente (T0) e após dez dias (T10) da aplicação dos tratamentos. Experimento 2.

pH (CaCl2) Al3+ H+ + Al3+ V Tratamentos (1) Profun-didade T0(2) T10 T0 T10 T0 T10 T0 T10

cm _________ mmolc dm-3 _________ % Testemunha 0-8 4,27b 4,27b 12a 12a 77a 77a 11b 11b Calcário 6,93a 6,93a 0b 0b 14b 14b 90a 90a Nabo forrageiro + calcário 6,97a 6,97a 0b 0b 14b 14b 92a 92a Ácidos orgânicos + calcário 6,90a 6,90a 0b 0b 14b 14b 91a 91a Sais neutros + calcário 6,77a 6,77a 0b 0b 15b 15b 90a 89a

Testemunha 8-18 4,23b 4,23b 12a 12a 77a 77a 10c 10c Calcário 4,30ab 4,30ab 11a 11a 72a 72a 12c 12c Nabo forrageiro + calcário 4,40a 4,40a 7b 7b 62b 62b 23a 23a Ácidos orgânicos + calcário 4,23b 4,23b 10a 10a 75a 75a 13c 12c Sais neutros + calcário 4,23b 4,23b 11a 11a 72a 72a 18b 18b

Testemunha 18-28 4,27ab 4,27ab 12a 12a 80a 80a 10b 11b Calcário 4,27ab 4,27ab 12a 12a 75ab 75ab 11b 12b Nabo forrageiro + calcário 4,30a 4,30a 9b 9b 72b 72b 15a 15a Ácidos orgânicos + calcário 4,17b 4,17b 12a 12a 80a 80a 11b 11b Sais neutros + calcário 4,20ab 4,20ab 11a 11a 75ab 75ab 17a 17a

CV, % 2 2 6 6 5 5 4 4 (1) Calcário: aplicado na superfície do solo, calculado para V=80% na camada 0-20 cm; Nabo forrageiro: moído (1 mm), equivalente a 20 t ha-1 de matéria seca com base na área superficial; Ácidos orgânicos: mistura de soluções de ácido cítrico e ácido málico equivalentes ao conteúdo do nabo forrageiro; Sais neutros: mistura de CaCl2, KCl, MgSO4 e K2SO4 equivalente ao conteúdo do nabo forrageiro; (2) Médias, nas colunas, para a mesma profundidade, seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (P≤ 0,05).

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Tabela 7 - Cátions trocáveis no solo após lixiviação com solução equivalente a um volume de poros, imediatamente (T0) e após dez dias (T10) da aplicação dos tratamentos. Experimento 2.

K+ Ca2+ Mg2+ Tratamentos (1) Profun-didade T0(2) T10 T0 T10 T0 T10

cm _____________________ mmolc dm-3 _____________________

Testemunha 0-8 0,5c 0,5c 6b 6b 3d 3d Calcário 0,5c 0,5c 108a 108a 27a 27a Nabo forrageiro + calcário 15,1a 15,1a 125a 125a 24b 24b Ácidos orgânicos + calcário 11,2b 11,2b 105a 105a 27a 27a Sais neutros + calcário 8,9b 8,9b 102a 102a 18c 18c

Testemunha 8-18 0,5d 0,5d 6a 6a 3b 3b Calcário 0,5d 0,5d 6a 6a 3b 3b Nabo forrageiro + calcário 4,4a 4,4a 7a 7a 8a 8a Ácidos orgânicos + calcário 1,2c 1,2c 6a 6a 3b 3b Sais neutros + calcário 2,2b 2,2b 7a 7a 6a 6a

Testemunha 18-28 0,6c 0,6c 6a 6a 3c 3c Calcário 0,6c 0,6c 6a 6a 3c 3c Nabo forrageiro + calcário 1,7ab 1,7ab 6a 6a 5b 5b Ácidos orgânicos + calcário 1,0bc 1,0bc 6a 6a 3c 3c Sais neutros + calcário 2,1a 2,1a 7a 7a 7a 7a

CV, % 16 16 25 25 7 7 (1) Calcário: aplicado na superfície do solo, calculado para V=80% na camada 0-20 cm; Nabo forrageiro: moído (1 mm), equivalente a 20 t ha-1 de matéria seca com base na área superficial; Ácidos orgânicos: mistura de soluções de ácido cítrico e ácido málico equivalentes ao conteúdo do nabo forrageiro; Sais neutros: mistura de CaCl2, KCl, MgSO4 e K2SO4 equivalente ao conteúdo do nabo forrageiro; (2) Médias, nas colunas, para a mesma profundidade, seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (P≤ 0,05).

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Tabela 8 - Componentes de acidez do solo após três lixiviações com soluções equivalentes a um volume de poros, aos 10, 30 e 45 dias após aplicação dos tratamentos. Experimento 3.

Tratamentos (1) Profun-didade pH (CaCl2) Al H + Al V

cm (2) _____mmolc dm-3 _____ % 0-8 Testemunha 4,03b 15a 85a 9b Calcário 6,80a 0b 17b 87a Aveia preta + calcário 6,83a 0b 15b 90a Ácidos org. - aveia + calcário 6,77a 0b 16b 88a Sais neutros - aveia + calcário 6,60a 0b 19b 86a Nabo forrageiro + calcário 6,83a 0b 16b 91a Ácidos org. - nabo + calcário 6,73a 0b 16b 90a Sais neutros - nabo + calcário 6,53a 0b 20b 86a

Testemunha 8-18 4,00c 17a 88a 7e Calcário 4,10b 15ab 88a 8de Aveia preta + calcário 4,10b 12c 82ab 13bc Ácidos org. - aveia + calcário 4,10b 15ab 88a 10cd Sais neutros - aveia + calcário 4,10b 14bc 82ab 13bc Nabo forrageiro + calcário 4,20a 13c 79b 17a Ácidos org. - nabo + calcário 4,13ab 14bc 79b 13bc Sais neutros - nabo + calcário 4,13ab 14bc 85ab 15ab Testemunha 18-28 4,00c 17a 95 7e Calcário 4,00c 16ab 92 7de Aveia preta + calcário 4,10ab 13d 85 11bc Ácidos org. - aveia + calcário 4,03bc 16ab 88 9cd Sais neutros - aveia + calcário 4,10ab 15b 92 12b Nabo forrageiro + calcário 4,13a 13d 85 15a Ácidos org. - nabo + calcário 4,00c 14bc 85 11b Sais neutros - nabo + calcário 4,07bc 14bc 88 14a

CV, % 1 7 5 4 (1) Calcário: aplicado na superfície do solo, calculado para V=80% na camada 0-20 cm; Nabo forrageiro e aveia preta: moídos (1 mm), equivalente a 20 t ha-1 de matéria seca com base na área superficial; Ácidos orgânicos: mistura de soluções de ácido cítrico e ácido málico equivalentes aos conteúdos do nabo forrageiro e aveia preta; Sais neutros: mistura de CaCl2, KCl, MgSO4 e K2SO4 equivalentes aos conteúdos do nabo forrageiro e aveia preta; (2) Médias, nas colunas, para a mesma profundidade, seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (P≤ 0,05).

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Tabela 9 - Cátions trocáveis no solo após três lixiviações com soluções equivalentes a um volume de poros, aos 10, 30 e 45 dias após aplicação dos tratamentos. Experimento 3.

Tratamentos (1) Profun-didade K+ Ca2+ Mg2+

cm ____________________ mmolc dm-3 _____________________

Testemunha 0-8 0,6d 5b 3c Calcário 0,4d 92a 27ab Aveia preta + calcário 8,0b 96a 28a Ácidos org. - aveia + calcário 1,3d 96a 28a Sais neutros - aveia + calcário 5,6c 90a 25ab Nabo forrageiro + calcário 9,9a 114a 31a Ácidos org. - nabo + calcário 5,8c 110a 30a Sais neutros - nabo + calcário 5,3c 94a 21b

Testemunha 8-18 0,5c 4d 2d Calcário 0,4c 5cd 3c Aveia preta + calcário 3,6a 5cd 3c Ácidos org. - aveia + calcário 0,7c 6bc 3cd Sais neutros - aveia + calcário 2,5b 6bc 3c Nabo forrageiro + calcário 4,6a 8a 4a Ácidos org. - nabo + calcário 2,4b 7ab 3cd Sais neutros - nabo + calcário 3,8a 8a 4ab Testemunha 18-28 0,4d 4e 2c Calcário 0,4d 4e 2bc Aveia preta + calcário 2,4b 5de 3b Ácidos org. - aveia + calcário 0,6d 6cd 2bc Sais neutros - aveia + calcário 2,8ab 6c 3ab Nabo forrageiro + calcário 3,2a 8a 4a Ácidos org. - nabo + calcário 1,7c 7bc 3b Sais neutros - nabo + calcário 3,1a 7ab 4a

CV, % 10 22 14 (1) Calcário: aplicado na superfície do solo, calculado para V=80% na camada 0-20 cm; Nabo forrageiro e aveia preta: moídos (1 mm), equivalente a 20 t ha-1 de matéria seca com base na área superficial; Ácidos orgânicos: mistura de soluções de ácido c e ácido málico equivalentes aos conteúdos do nabo forrageiro e aveia preta; Sais neutros: mistura de CaCl2, KCl, MgSO4 e K2SO4 equivalentes aos conteúdos do nabo forrageiro e aveia preta; (2)

Médias, nas colunas, para a mesma profundidade, seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (P≤ 0,05).

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4.1.1 Acidez trocável e potencial

O calcário, adicionado na superfície, neutralizou todo o alumínio trocável e reduziu

acentuadamente os teores de alumínio + hidrogênio da camada superficial (0-8 cm);

entretanto, o efeito não atingiu as outras camadas, nas quais os valores foram iguais aos da

testemunha (experimento 1, Tabela 4). Os tratamentos com nabo forrageiro e ácidos orgânicos

reduziram significativamente os teores de Al trocável e H+Al da camada superficial em

comparação com o tratamento testemunha. Nesta camada, nota-se uma maior capacidade de

redução do Al pela aplicação do material vegetal de nabo forrageiro do que da solução de

ácidos orgânicos ou de sais neutros. Nas camadas inferiores, apenas o material de nabo

forrageiro teve ação relevante, ainda que pequena, na redução do Al e H+Al. A solução de

sais neutros teve pouco efeito sobre a acidez trocável e potencial, independente da camada de

solo; pequenas reduções nos valores Al em relação à testemunha foram observadas até 18 cm

(Tabela 4).

No experimento 2, os teores de Al da camada superficial foram totalmente

neutralizados, tanto pela aplicação isolada de calcário como na presença de material vegetal

de nabo forrageiro e soluções equivalentes de ácidos orgânicos e sais neutros (Tabela 6). Estes

mesmos tratamentos também reduziram substancialmente os teores de H+Al. Entretanto, a

exceção do tratamento de nabo forrageiro, que apresentou efeito significativo, porém de

pequena magnitude na redução do Al e H+Al nas camadas inferiores, todos os demais não

diferiram da testemunha.

Os resultados do experimento 3 foram semelhantes aos do experimento 2: todo o Al

trocável da camada superficial foi neutralizado pela aplicação isolada ou conjunta de calcário

e os teores de H+Al foram reduzidos drasticamente (Tabela 8). Nas camadas inferiores,

apenas os tratamentos com aveia preta e nabo forrageiro foram capazes de provocar pequenas

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reduções nos teores de Al, não tendo a mesma constância e magnitude para os teores de

H+Al.

As pequenas, porém significativas reduções nos teores de Al trocável observadas em

relação à testemunha na camada superficial no experimento 1 e nas camadas abaixo de oito

centímetros em todos os experimentos (Tabelas 4, 6 e 8), provavelmente ocorreram em função

do efeito alcalinizante desses materiais, uma vez que houve um pequeno aumento de pH no

solo. O efeito dos ácidos orgânicos na remoção do Al, se houve (Tabela 4, profundidade 18-

28 cm) foi muito pequeno comparado aos observados por Franchini et al. (1999b, 2001a,

2003).

Em geral, o efeito do calcário ficou restrito à camada 0-8 cm de profundidade, com

pouca atuação nas camadas inferiores. Para que a neutralização da acidez ocorra em

profundidade, os produtos da dissociação do calcário devem ser arrastados para as camadas

inferiores. Porém, segundo Rheinheimer et al. (2000), enquanto existirem cátions ácidos (H+,

Al3+, Fe2+ e Mn2+), a reação de neutralização da acidez ficará limitada à camada superficial,

retardando o efeito na subsuperfície. Os íons OH- e HCO3- provenientes da dissociação do

calcário, são rapidamente consumidos pelos cátions ácidos e somente migram para porções

inferiores em pH > 5,0. Conforme observado nas Tabelas 4, 6 e 8, nas camadas inferiores (8-

28 cm) os valores de pH não chegaram 5, assim, não era de se esperar efeito na redução da

acidez nestas camadas.

Assim como no presente estudo, Amaral (2002) e Araújo (2003) não observaram

efeitos significativos de redução de acidez em profundidade pela aplicação de calcário isolado

ou em conjunto com materiais vegetais. E igualmente discordam dos efeitos encontrados por

Franchini et al. (2001a,b; 2003) e Meda et al. (2002) que observaram redução da acidez em

profundidade pela aplicação de materiais vegetais isolados ou associados à calagem.

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40

4.1.2 Cátions trocáveis

Os aumentos dos teores de K, Ca e Mg trocáveis no solo foram proporcionais às

doses adicionadas pelos tratamentos e interações com a reação do solo. Em geral,

independente do tratamento os maiores aumentos aconteceram na camada superficial (Tabelas

5, 7 e 9). Nos experimentos 1 e 2, para os tratamentos com material vegetal de nabo forrageiro

e sais neutros, foram adicionados por coluna 437, 356 e 86 mg de K, Ca e Mg,

respectivamente; os tratamentos com ácidos orgânicos continham, por coluna, 382 e 129 mg

de K e Ca. No experimento 3 para os tratamentos com aveia preta e suas soluções

equivalentes de sais neutros foram adicionados por coluna 546, 104 e 50 mg de K, Ca e Mg,

respectivamente. Os valores correspondentes para o nabo forrageiro foram 622, 356 e 86 mg

de K, Ca e Mg, respectivamente. Os tratamentos com as soluções de ácidos orgânicos

equivalentes aos materiais vegetais de aveia preta e nabo forrageiro foram adicionados por

coluna 74 e 382, 26 e 129 mg de K e Ca, respectivamente. Convém ressaltar que nos

tratamentos com ácidos orgânicos os teores de K e Ca são menores quando comparados aos

respectivos tratamentos com materiais vegetais ou soluções de sais neutros, porque nestes

tratamentos foram igualados os conteúdos de ácidos orgânicos. Porém, nem todos os cátions

presentes no material vegetal estavam associados a estes ácidos

Proporcionalmente, em todos os experimentos, o K foi o elemento cuja concentração

mais aumentou no solo, sendo o efeito proporcional à dose adicionada. Entre os materiais

vegetais, o nabo forrageiro, por ter maior conteúdo de K, promoveu maior aumento deste

elemento no solo da camada superficial quando comparado à aveia preta (Tabela 9).

No experimento 1 (Tabela 5), apenas a aplicação de calcário aumentou os teores de

Ca e Mg no solo de forma relevante, porém, o feito deu-se somente na camada superficial.

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Ainda nesta camada, houve um pequeno aumento dos teores de Ca e Mg nos tratamentos com

material vegetal de nabo forrageiro e solução de sais neutros, quando realizada a lixiviação

após dez dias da aplicação dos tratamentos.

As mudanças na saturação por bases (V) foram proporcionais ao somatório dos

aumentos dos teores de K, Ca e Mg trocáveis. Em todos os experimentos a saturação por

bases foi alta na camada superficial quando da aplicação isolada ou conjunta de calcário,

independentemente do tratamento, evidenciando a reação localizada do calcário. No

experimento 1 (Tabela 4), em relação ao tratamento testemunha, ocorreram pequenos

aumentos na saturação por bases após a adição de material vegetal de nabo forrageiro,

soluções de ácidos orgânicos e sais neutros, refletindo o conteúdo de bases acrescentadas com

esses tratamentos. Abaixo de oito centímetros a saturação por bases foi maior no tratamento

com nabo forrageiro quando comparada à aplicação isolada de calcário. Apesar de existirem

diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos para os valores de V em

superfície, estas foram pequenas se comparadas aos valores desejáveis para o crescimento

radicular da maioria das culturas (51-70%), conforme Raij et al. (1997). Nos experimentos 2 e

3 (Tabelas 6 e 8), os valores de saturação foram altos somente na presença de calcário e o

efeito foi limitado à camada superficial. Nas demais profundidades os efeitos foram

semelhantes aos observados no experimento 1.

Os aumentos nos valores de V observados em subsuperfície quando o calcário foi

associado ao material de nabo forrageiro em comparação com a aplicação isolada de calcário

(Tabelas 6 e 8), provavelmente tiveram contribuição pequena ou nula da capacidade de

aumentar a movimentação de bases pelos ácidos orgânicos presentes neste material vegetal,

pois acréscimos semelhantes nos valores de V foram obtidos quando o nabo forrageiro foi

aplicado isoladamente (Tabela 4). Além disso, a aplicação de calcário com a solução de

ácidos orgânicos não resultou em aumentos de V em subsuperfície (Tabela 6), ao contrário do

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que aconteceu com os tratamentos com sais neutros (Tabelas 6 e 8), indicando que os efeitos

sobre a saturação por bases se devem aos cátions presentes no material vegetal.

A movimentação de bases no solo é influenciada por vários fatores tais como dose de

corretivo, tempo de reação, precipitação, condições físicas do solo, capacidade tampão do

solo (função do teor de argila e matéria orgânica) e presença de ânions, orgânicos ou

inorgânicos.

Moreira (2001) e Alleoni et al. (2003) observaram pouca movimentação de Ca e Mg

com a aplicação superficial de calcário. Os autores desenvolveram estudos na mesma região, e

portanto, em condições semelhantes aos de Caires et al. (2000) e Oliveira e Pavan (1996), que

encontraram alta movimentação de Ca e Mg pela aplicação superficial de calcário. Entretanto,

os primeiros autores aplicaram pequenas doses de calcário, < 3,4 t ha-1 e as avaliações foram

realizadas em curto intervalo de tempo após aplicação dos tratamentos (≤ 9 meses). Já Caires

et al. (2002) e Oliveira e Pavan (1996) usaram doses elevadas de calcário (até 6,0 t ha-1) e as

avaliações foram realizadas com 15 meses ou mais após aplicação dos tratamentos. O trabalho

de Rheinheimer et al., (2000) em solo de textura média e alta capacidade tampão, demonstrou

que os fatores tempo e doses de calcário foram determinantes, sendo que os efeitos na camada

5-10 cm foram significativos somente após 48 meses da aplicação da dose de 17 t ha-1 de

calcário.

Nas condições experimentais estudadas, a aplicação de calcário isolada em um solo

ácido com CTC elevada, mesmo com lixiviação equivalente a 253 mm de chuva (três

aplicações de 84,4 mm) no experimento 3 não houve movimentação de Ca e Mg no perfil do

solo (Tabela 9).

As discrepâncias dos resultados do presente estudo para os obtidos por Ziglio et al.

(1999) e Meda et al. (2002) pela aplicação superficial de calcário na presença de materiais

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vegetais ou simplesmente da aplicação isolada de materiais vegetais (FRANCHINI et al.,

1999b; 2001a; 2003), provavelmente devem-se a alguns fatores: a) em geral os solos usados

por aqueles autores tinham baixa capacidade tampão; b) em muitos casos, por serem amostras

de horizontes subsuperficiais com baixo teor de argila e matéria orgânica, não houve tempo

hábil para o promover o restabelecimento da comunidade microbiana do solo pois as

lixiviações foram feitas logo após a montagem das colunas; c) as doses de materiais vegetais

às vezes são muito altas (>40 t ha-1); d) controle de fluxo preferencial de água pelas bordas

das colunas. Na ausência da atividade microbiana que causa degradação dos ânions orgânicos

liberados pelos materiais vegetais e da pouca adsorção de cátions pelas cargas negativas

dependentes de pH, é mais provável a ocorrência de lixiviação de cátions complexados a

ânions orgânicos.

No presente estudo e também naqueles citados acima foram usados materiais

vegetais trazidos de outros lugares (aporte de bases). Em SPD, quando o material de cobertura

é produzido no mesmo local os efeitos serão diferentes. Desta forma, o aporte de bases pela

aplicação de material vegetal deixaria outras áreas com solo mais ácido e pobre em nutrientes.

Krestzschmar et al. (1991) demonstraram que o retorno de palhada de milheto diminuiu

sensivelmente a acidificação de um solo ácido da Nigéria; por outro lado, a remoção contínua

da palhada reduziu, após cinco anos, em 6%, 77% e 75% os valores de pH, Ca e Mg,

respectivamente. Helyar e Porter (1989) enfatizam que a exportação de bases pelos produtos

da colheita (grãos, forragens ou animais) é um dos fatores que contribuem para a acidificação

do solo.

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44

4.2 Resultados das Análises do Material Vegetal após as Lixiviações

Os materiais vegetais de nabo forrageiro e aveia preta coletados após as lixiviações

das colunas, tiveram sua composição química fortemente alterada em relação à composição

inicial (Tabelas 10 a 12). Nos experimentos 1 e 2, as modificações foram semelhantes em

razão do curto período desde a aplicação dos tratamentos até o termino das lixiviações, cerca

de dez dias. Verificou-se que houve pouca alteração da massa de material de nabo forrageiro

devido ao curto período de tempo para interação com a microbiota do solo.

Em geral, o material vegetal coletado após T0 perdeu maior quantidade de cátions e

ânions, sendo o efeito mais pronunciado para os cátions (Tabelas 10 e 11): aproximadamente

71 e 65% dos cátions foram liberados em T0 e T10, respectivamente. Entretanto,

aproximadamente 84% dos ânions foram liberados, independente do período de lixiviação.

O teor de nitrogênio (N) total foi pouco afetado pelas lixiviações, porém, notou-se

uma maior redução em T10 (Tabela 10).

Nos experimentos 1 e 2, independentemente do período de lixiviação,

proporcionalmente, a liberação de cátions apresentou a seguinte seqüência: Na (100%) > K

(76 – 98%) > Mg (45 – 78) > Ca (37 – 50%). Nota-se que o Ca foi o elemento que ficou mais

retido no material vegetal, provavelmente devido ao seu papel estrutural nas plantas. A

liberação de ânions inorgânicos obedeceu a seguinte ordem: Cl (99 – 100%) > S (68 – 81%) >

P (17 – 72%). É importante destacar a alta solubilidade do S (± 76%) e do P (± 52%), embora

deva se levar em consideração que o material usado foi moído para passar em peneira de 1

mm e foi misturado a água (relação 1:10).

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45

Tabela 10 - Comparação entre os teores de carbono, cátions, ânions e alcalinidade (excesso de bases e titulação das cinzas) do material vegetal (MV) inicial e após o término do experimento 1.

Nutriente / determinação Nabo forrageiro MV após T0(1) MV após T10(1) C (g kg-1) 392 431 417 N (g kg-1) 32,9 31,4 26,7 K (g kg-1) 27,8 0,5 (2%)(2) 0,8 (3%) Ca (g kg-1) 22,7 11,5 (51) 14,2 (63%) Mg (g kg-1) 5,5 1,2 (22%) 1,4 (25%) Na (g kg-1) 2,2 0,0 0,0 P (g kg-1) 4,7 1,3 (28%) 2,5 (53%) S (g kg-1) 10,3 2,4 (23%) 2,0 (19%) Cl (g kg-1) 16,2 0,2 (1%) 0,1 (1%) ∑ Cátions (mmolc kg-1) 2,40 0,69 0,85 ∑ Ânions (mmolc kg-1) 1,25 0,20 0,21 EB(3) (mmolc kg-1) 1145 490 640 % redução 57 44 EB - Titulação(3)

(mmolc kg-1) 1540 663 805 % redução 57 48 (1) Material vegetal obtido após lixiviação do solo com água equivalente a um volume de poros, imediatamente (T0) e após de dez dias (T10) da aplicação dos tratamentos; (2) Os valores entre parênteses representam a porcentagem do elemento remanescente no material vegetal após as lixiviações; (3) Teores totais de elementos após destruição da matéria orgânica (PIERRE et al., 1970), excesso de bases (EB) = Σ (Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+) - Σ (SO4

2- + H2PO4- + Cl-); (3) Titulação das cinzas com NaOH após adição de HCl em excesso (SLATTERY et

al., 1991).

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46

Tabela 11 - Comparação entre os teores de carbono, cátions, ânions e alcalinidade (excesso de bases e titulação das cinzas) do material vegetal (MV) inicial e após o término do experimento 2.

Nutriente / determinação Nabo forrageiro MV após T0(1) MV após T10(1) C (g kg-1) 392 456 446 N (g kg-1) 32,9 30,1 27,3 K (g kg-1) 27,8 3,5 (13%)(2) 6,7 (24%) Ca (g kg-1) 22,7 12,3 (54%) 14,4 (63%) Mg (g kg-1) 5,5 1,4 (25%) 3,0 (55%) Na (g kg-1) 2,2 0,0 0,0 P (g kg-1) 4,7 1,3 (28%) 3,9 (83%) S (g kg-1) 10,3 2,4 (23%) 3,3 (32%) Cl (g kg-1) 16,2 0,0 0,0 ∑ Cátions (mmolc kg-1) 2,40 0,82 1,13 ∑ Ânions (mmolc kg-1) 1,25 0,19 0,33 EB(2) (mmolc kg-1) 1145 629 803 % redução 45 30 EB - Titulação(3) (mmolc kg-1) 1540 652 932 % redução 58 39 (1) Material vegetal obtido após lixiviação do solo com água equivalente a um volume de poros, imediatamente (T0) e após de dez dias (T10) da aplicação dos tratamentos; (2) Os valores entre parênteses representam a porcentagem do elemento remanescente no material vegetal após as lixiviações; (3) Teores totais de elementos após destruição da matéria orgânica (PIERRE et al., 1970), excesso de bases (EB) = Σ (Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+) - Σ (SO4

2- + H2PO4- + Cl-); (3) Titulação das cinzas com NaOH após adição de HCl em excesso (SLATTERY et

al., 1991).

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Tabela 12 - Comparação entre os teores de carbono, cátions, ânions e alcalinidade (excesso de bases e titulação das cinzas) dos materiais vegetais (MV) iniciais e após o término do experimento 3.

Nutriente / determinação Aveia preta

MV(1) aveia preta

Nabo forrageiro

MV(1) nabo forrageiro

C (g kg-1) 422 456 392 408 N (g kg-1) 20,8 29,4 32,9 31,1 K (g kg-1) 32,8 2,2 37,4 1,7 Ca (g kg-1) 6,6 6,0 22,7 29,8 Mg (g kg-1) 3,2 2,3 5,5 3,7 Na (g kg-1) 2,0 0,2 2,2 0,3 P (g kg-1) 3,0 2,2 4,7 2,7 S (g kg-1) 2,6 1,1 10,3 1,8 Cl (g kg-1) 15,4 0,0 16,2 0,0 ∑ Cátions (mmolc kg-1) 1,52 0,56 2,64 1,85 ∑ Ânions (mmolc kg-1) 0,69 0,14 1,25 0,20 EB(2) (mmolc kg-1) 825 418 1392 1651 EB - Titulação(3) (mmolc kg-1) 941 503 - 1867 (1) Resíduos vegetais obtidos após lixiviação do solo com água equivalente a três volumes de poros, aos 10, 30 e 45 dias após da aplicação dos tratamentos; (2) Teores totais de elementos após destruição da matéria orgânica (PIERRE et al., 1970), excesso de bases (EB) = Σ (Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+) - Σ (SO4

2- + H2PO4- + Cl-); (3)

Titulação das cinzas com NaOH após adição de HCl em excesso (SLATTERY et al., 1991).

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48

Em termos de alcalinidade, avaliado pelo excesso de bases do teor total (PIERRE et

al., 1970) e por calcinação (SLATTERY et al., 1991), o material vegetal transferiu

imediatamente para o solo, em média, entre 45 e 50% de sua alcalinidade total.

O material vegetal após o término do experimento 3 (Tabela 12), apresentou a

mesma tendência de liberação de nutrientes dos experimentos 1 e 2, à exceção do teor de

cálcio, que foi maior no material de nabo forrageiro e manteve a concentração no material de

aveia preta. Entretanto, devido o maior período em que os materiais vegetais ficaram em

contato como o solo (45 dias), a massa seca vegetal foi reduzida drasticamente. Ao final do

experimento, dos 15,7 g de massa de matéria seca aplicados restavam aproximadamente 4,81

e 3,12 g de material vegetal de aveia preta e nabo forrageiro, respectivamente. Desta forma, a

alta concentração de Ca no tecido vegetal representa, em termos quantitativos, apenas 27 e

26% do total de Ca adicionado pela aveia preta e nabo forrageiro, respectivamente.

A alcalinidade foi grandemente reduzida no material vegetal de aveia preta e

levemente aumentada no material vegetal de nabo forrageiro, apresentando o mesmo

comportamento do Ca, que governa a alcalinidade dos resíduos vegetais. Em geral, somente

16 e 24% da alcalinidade total adicionada restaram no material vegetal de aveia preta e nabo

forrageiro, respectivamente (Tabela 12).

Os resultados do presente estudo corroboram com os de Tian et al. (1992), que

estudando a liberação de nutrientes por material vegetal resultante de podas de árvores e

palhas de milho e arroz, sob bolsas de nylon (litterbags) em clima tropical úmido, observaram

alta e rápida liberação de nutrientes. Aproximadamente 90% ou mais do K adicionado foi

liberado em aproximadamente 41 dias. A liberação de N, P, Ca e Mg seguiu o mesmo padrão

da redução da biomassa vegetal: aos 41 dias, de 40 a 80% do conteúdo foi liberado,

dependendo da espécie vegetal. Franchini et al. (1999a) avaliando a solubilidade em água de

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K, Ca e Mg contidos no material vegetal de nabo forrageiro também observaram valores

semelhantes de solubilidade para os elementos K e Ca, e um pouco superiores para o Mg.

Sakala et al. (2004), avaliando várias espécies de gramíneas e leguminosas

observaram que, após agitação em água, a solubilização de alguns elementos foi (%): Ca=37,

Mg=70, K=82, Na=79, Cl=100, P=74 e S=16. Os resultados são similares aos encontrados no

presente estudo, à exceção do S, muito inferior ao da planta de nabo forrageiro (76%).

Aproximadamente 40% do EB foi solúvel (SAKALA et al., 2004), portanto sendo transferida

imediatamente ao solo. Este valor é semelhante aos 45 a 50% encontrados para a planta de

nabo forrageiro. Os autores alertam que a alcalinidade das cinzas não é um bom indicativo de

prováveis mudanças na acidez do solo, pois a produção de acidez e alcalinidade associada à

mineralização dos componentes orgânicos do material vegetal e as subseqüentes

transformações e perdas por lixiviação não são computadas quando o EB é avaliado por meio

da calcinação.

4.3 Balanço de Bases no Solo

A Tabela 13 contém os dados referentes ao balanço de bases no solo, estimados

usando o conceito de alcalinidade, expresso em mmolc, devido os tratamentos com material

vegetal de nabo forrageiro, ácidos orgânicos e calcário (Tabela 3 e 10), e medindo-se por

meio da curva de titulação potenciométrica do solo (Figura 1) ou pela quantidade de

alcalinidade transferida após as lixiviações (Tabela 10).

Nota-se que as quantidades de alcalinidade adicionadas pelos tratamentos de material

vegetal de nabo forrageiro e solução de ácidos orgânicos foram semelhantes, porém, quando

comparadas com o tratamento de calcário, estas são expressivamente menores (Tabela 13).

Estes resultados concordam com as expressivas diferenças de pH do solo entre os tratamentos

com calcário, dos com material vegetal e solução de ácidos orgânicos.

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50

Tabela 13 - Balanço de bases determinado pela curva de titulação potenciométrica do

solo e calculado pela análise do material vegetal após a lixiviação. Experimento 1.

Balanço de íons Material vegetal Ácidos orgânicos Calcário __________________ mmolc coluna-1_________________ Adição de íons 24(1) 16(2) 107(3) Consumo / método de cálculo Curva de titulação (T0)(4) 13 6 57 Curva de titulação (T10) 7 3 55 EB - Calcinação (T0)(5) 14 EB - Calcinação (T10) 12

(1).Calculado pelo excesso de bases por calcinação, segundo a dose de material vegetal aplicada e quantidade de mol carga obtida pela análise de caracterização; (2).Obtido com base na massa molar dos ácidos orgânicos, números de pKs e doses adicionadas; (3).Calculado segundo as massas molares de CaCO3 e MgCO3 adicionadas, considerando uma produção de 2 molc por mol de calcário, conforme reações de solubilização no solo; (4).Obtido pela curva de titulação potenciométrica do solo, segundo mudança no pH devido os tratamentos; (5).Calculado pela diferença entre quantidade de molc adicionado pelo material vegetal inicial e a alcalinidade restante no material vegetal sobre o solo após a lixiviação imediata (T0) e depois de dez dias da aplicação dos tratamentos (T10).

A curva de titulação potenciométrica do solo indica que foram transferidos para o

solo aproximadamente 50%, 36% e 54% da alcalinidade total adicionada pelo material vegetal

de nabo forrageiro, solução de ácidos orgânicos e calcário, respectivamente, quando a

lixiviação foi realizada em T0. Para a lixiviação em T10 os valores foram menores,

provavelmente devido às reações de nitrificação no solo.

Considerando a transferência de alcalinidade estimada pela diferença entre a

alcalinidade adicionada e a restante no material vegetal após a lixiviação, observou-se uma

pequena redução entre a lixiviação realizada em T0 e T10 (Tabela 13). Esta redução,

provavelmente se deve ao ataque por microrganismos do solo, aos compostos orgânicos lábeis

tais como ácidos orgânicos de cadeia curta.

A curva de titulação potenciométrica do solo indica que aproximadamente metade da

alcalinidade contida no material vegetal de nabo forrageiro foi efetivamente transferida ao

solo. Este valor é igual ao observado na estimativa pela redução na composição química do

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material vegetal após lixiações, assemelhando aos valores de 40% de solubilidade do EB

reportados por Sakala et al. (2004). Com base nestes valores, pode-se estimar que seriam

necessárias doses ≥ 50 t ha-1 de massa seca de vegetal para provocar aumentos de pH do solo

na ordem de uma ou mais unidades de pH. Isto pode em parte explicar as altas elevações de

pH no estudo de Franchini et al. (1999a, 2001a, 2003), com aplicações de doses de até 100 t

ha-1 de material vegetal.

4.4 Fracionamento das Formas de Alumínio no Solo

Os resultados do fracionamento do Al por extração com soluções de KCl 1 mol L-1

(Al trocável) e CuCl2 0,5 mol L-1 (Al ligado à matéria orgânica + trocável) são apresentados

na Tabela 14. Nota-se que os teores de Al-CuCl2 foram em média quatro vezes superiores ao

Al-KCl. Até mesmo na camada superficial (0-8 cm) do tratamento com calcário, no qual o pH

do solo era 7 o Al-CuCl2 foi alto (29 mmolc dm-3). O alto teor de Al-CuCl2 nesta condição,

provavelmente é devido à re-hidrolise das formas de alumínio precipitadas, em função do

baixo pH (3,2) da solução extratora de CuCl2 0,5 mol L-1, e à solubilização e retirada de Al

das entrecamadas dos óxidos de Al que constituem a fração coloidal do solo.

O trabalho de Hargrove e Thomas (1981) comprova que a solução de CuCl2 é capaz

de solubilizar e retirar grandes quantidades de Al das entrecamadas dos óxidos de Al que

constituem a fração coloidal do solo. Estes autores encontraram correlação 1:1 entre a

quantidade de Al extraída por solução de CuCl2 1 mol L-1 e de HCl 2 mol L-1.

Fica evidente a limitação do uso da solução de CuCl2 0,5 mol L-1 para a

determinação de Al ligado à fração orgânica, em solos tropicais de mineralogia oxídica de Al

e Fe, como o usado no presente estudo, embora este método seja usado para tal (Oliveira et

al., 1997, Zambrosi, 2004). Assim, os dados de Al-CuCl2 não puderam ser interpretados, no

presente estudo como sendo ligados à matéria orgânica.

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52

A solução de CuCl2 0,5 mol L-1 foi eficiente na extração Ca e Mg trocáveis,

determinando valores semelhantes aos extraídos com NH4AOc 1 mol L-1 (Tabela 14), com

exceção do tratamento que recebeu calcário, no qual o efeito solubilizante da solução de

CuCl2 é notório.

Tabela 14 - Análise do solo após lixiviação com solução equivalente a um volume de poros, imediatamente após aplicação dos tratamentos, avaliados pelos extratores NH4AOc(1) 1 mol L-1, KCl 1 mol L-1 e CuCl2 0,5 mol L-1. Experimento 1.

Al Ca Mg Tratamentos(2) Profun-didade CuCl2 KCl CuCl2 NH4OAc CuCl2 NH4OAc

cm ___________________________ mmolc dm-3__________________________

Solo original(3) 0-8 60 15 5 6 3 3 Testemunha 62 17 5 4 2 2 Calcário 29 0 118 84 32 29 Nabo forrageiro 53 6 12 10 5 4 Ácidos orgânicos 55 10 12 9 3 2 Sais neutros 63 14 11 8 4 3

Testemunha 8-18 59 17 6 5 3 2 Calcário 65 15 10 6 5 4 Nabo forrageiro 58 11 8 7 4 3 Ácidos orgânicos 65 13 9 7 3 3 Sais neutros 65 15 11 8 4 3

Testemunha 18-28 58 17 6 5 3 3 Calcário 70 16 9 6 5 3 Nabo forrageiro 60 11 9 8 4 4 Ácidos orgânicos 60 13 9 7 3 3 Sais neutros 65 15 13 11 5 5 (1) NH4AOc: Acetato de amônio; (2) Calcário: aplicado na superfície do solo, calculado para V=80% na camada 0-20 cm; Nabo forrageiro: moído (1 mm), equivalente a 20 t ha-1 de matéria seca com base na área superficial; Ácidos orgânicos: mistura de soluções de ácido cítrico e ácido málico equivalentes ao conteúdo do nabo forrageiro; Sais neutros: mistura de CaCl2, KCl, MgSO4 e K2SO4 equivalente ao conteúdo do nabo forrageiro; (3) Solo sem aplicação de tratamentos.

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53

4.5 Soluções Lixiviadas

Os resultados da composição química das soluções lixiviadas dos três experimentos

estão contidos nas Tabelas 15 a 17. Os períodos de lixiviações (T0 e T10), pouco afetaram a

composição das soluções lixiviadas, a exceção de alguns componentes que serão discutidos

adiante. A realização de sucessivas lixiviações sobre as colunas de solo (experimento 3)

reduziu gradativamente os teores de cátions e ânions do lixiviado. O efeito foi mais

pronunciado sobre os ânions (Tabela 17).

Foram recuperadas como lixiviado cerca de 65 a 83% da água aplicada.

Os maiores valores de concentração de Al, Ca e N-NO3- no lixiviado do primeiro

experimento podem estar relacionados ao maior tempo de incubação (67 dias) para

restabelecimento da comunidade microbiana antes da aplicação dos tratamentos, em

comparação com o período de 23 dias (3o experimento) e 10 dias (2o experimento).

Foram observados valores de pH maiores nas lixiviações realizadas em T0 ou na

primeira lixiviação do experimento 3. Em T10 ou nas lixiviações subseqüentes do

experimento 3, os valores de pH acompanharam aqueles da fase sólida do solo das camadas

abaixo de 8 cm (Tabelas 15 a 17).

Em todos os experimentos, nos tratamentos com aplicação de calcário, o pH dos

solos da camada superficial (0-8 cm) atingiram valores próximos a 7; entretanto, nas soluções

lixiviadas em poucos casos os valores ultrapassaram 5,0. Os tratamentos com materiais

vegetais de nabo forrageiro e aveia preta e soluções equivalentes de ácidos orgânicos

causaram os maiores aumentos de pH nas soluções lixiviadas, especialmente quando

combinados com a aplicação de calcário (Tabelas 15 a 17). O efeito foi maior no T0 quando a

solução lixiviada (1 volume de poros) deslocou a solução contendo os tratamentos aplicados

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cerca de 12 horas antes, exceto no experimento 3 que não teve lixiviação em T0. Nestes

tratamentos, o pH do lixiviado está associado ao pH das suspensões de nabo forrageiro e aveia

preta que foram de 5,50 e 5,65; para as soluções de ácidos orgânicos os valores de pH foram

ajustados para os mesmos valores da suspensão de plantas. Em T10 o efeito menor,

especialmente para os tratamentos com ácidos orgânicos quando estiveram em contato com o

solo por 10 dias antes da lixiviação (Tabelas 15 a 17).

Os trabalhos de Ernani et al. (2001) e Araújo (2003) demonstraram que lixiviações

com alto volume de poros e procedidas em curto espaço de tempo, resultam em pH de

lixiviado maior que o do solo, em função dos tratamentos com efeito alcalinizante

previamente adicionados. No presente trabalho, este efeito aconteceu com pouca intensidade e

somente em T0 ou na primeira lixiviação do experimento 3, devido ao curto intervalo entre a

aplicação dos tratamentos e a lixiviação. Nas lixiviações posteriores, o pH das soluções

acompanhou o pH das camadas abaixo de 8 cm dos solos, demonstrando equilíbrio com a fase

sólida. Isto foi possível devido à baixa velocidade de aplicação da água e porque a quantidade

utilizada (um volume de poro) foi suficiente apenas para deslocar a água em equilíbrio com a

fase sólida. Estes resultados corroboram os obtidos por Amaral (2002).

A CE dá idéia da concentração salina das soluções lixiviadas. Os maiores valores de

CE foram observados nos tratamentos com soluções de sais neutros, seguidos dos tratamentos

com material vegetal de nabo forrageiro e aveia preta (Tabelas 15 a 17). Os teores foram

proporcionais aos conteúdos de cátions e ânions adicionados. As soluções de ácidos orgânicos

associadas ou não a aplicação de calcário, produziram pequenos aumentos de CE, sendo estes

mais evidentes nas primeiras lixiviações. A aplicação de calcário associada ao material

vegetal, pouco aumentou a CE das soluções lixiviadas. Em geral, os valores de CE foram

maiores nas lixiviações realizadas em T0 ou na primeira lixiviação do experimento 3. Os altos

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valores de condutividade observados no experimento 1 são devidos ao maior tempo de

incubação do solo antes da aplicação dos tratamentos.

Em estudo de lixiviação, Amaral (2002) também observou maiores valores de CE na

primeira lixiviação. Os nutrientes liberados pelos materiais vegetais parecem ter contribuído

mais para o aumento da CE em relação aos tratamentos com calcário isolado e à testemunha.

4.5.1 Teores de cátions

As concentrações de Al nas soluções lixiviadas foram influenciadas pelo tempo de

incubação do solo antes da aplicação dos tratamentos (Tabelas 15 a 17). O teor de Al dos

tratamentos testemunha do experimento 1 foi superior aos teores dos experimentos 2 e 3.

Analisando cada experimento de forma isolada, em geral, o teor de Al no lixiviado obedeceu a

seguinte ordem: sais neutros > material vegetal ≥ solução de ácidos orgânicos > calcário ≥

testemunha.

Franchini et al. (2001a) observaram grandes quantidades de Al nas soluções

lixiviadas e atribuíram o efeito à complexação e mobilização do Al por compostos orgânicos

liberados pelas plantas. Esses autores verificaram que os teores de Al nas soluções lixiviadas

diminuíram drasticamente quando as lixiviações foram realizadas 15 dias após a aplicação dos

tratamentos.

Nos presentes experimentos a remoção de Al do solo, evidenciada pela sua presença

nas soluções lixiviadas, foi pequena (<0,1 a 2,4 mmolc L-1) quando comparados aos valores de

até 37 mmolc L-1 obtidos por Franchini et al. (1999b, 2001a, 2003). Porém, são compatíveis

com os valores encontrados por Amaral (2002) e Araújo (2003).

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CE

Al

K

Na

Ca

Mg

Mn

N-N

H4+

N-N

O3-

S C

l C

átio

ns

Âni

ons

di

as

(3)

mS.

cm-1

__

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

___ m

mol

c L-1

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

__

Te

stem

unha

0(2

) 3,

8c

1,7c

0,

6bc

0,3b

0,4b

3,

9b

2,5c

0,

6c

0,3d

5,

1a

0,1b

0,

1c

8,8c

5,

3c

Cal

cário

4,0b

1,

8c

0,5c

0,

4b0,

4b

4,1b

3,

0c

0,8c

1,

1bc

4,2a

0,

2b

0,1c

10

,2c

4,5c

N

abo

forr

agei

ro

4,

0b

5,1b

1,

9ab

7,1a

2,8a

8,

0b

6,7b

1,7a

1,

7a

2,2b

3,

9a

4,9b

29

,8b

11,0

b Á

cid.

org

ânic

os

4,

4a

2,0c

1,

7abc

1,7b

0,6b

4,

4b

2,8c

0,

7c

0,5c

d 4,

6a

0,5b

0,

1c

12,4

c 5,

2c

Sais

neu

tros

3,

8c

6,5a

2,

4a

6,1a

0,5b

17

,7a

10,4

a 1,

2b

1,4a

b 5,

0a

2,5a

18

,5a

39,7

a 26

,0a

Test

emun

ha

10

3,8b

1,

3b

0,8b

0,

3b0,

3b

4,6c

2,

9b

0,7b

0,

1c

4,2a

b 0,

1c

0,2c

9,

8b

4,5b

C

alcá

rio

3,

9ab

1,2b

0,

9b

0,3b

0,3b

4,

4c

2,9b

0,

7b

0,4c

3,

8ab

0,2b

c0,

2c

9,9b

4,

2b

Nab

o fo

rrag

eiro

4,1a

2,

8a

1,3a

b3,

8a1,

8a

7,5b

5,

7a

1,5a

1,

9a

1,6b

1,

5a

6,5b

23

,4a

9,6b

Á

cid.

org

ânic

os

4,

0ab

1,1b

0,

8b

0,8b

0,4b

4,

3c

2,6b

0,

6b

0,2c

5,

6a

0,1c

0,

2c

9,7b

5,

9b

Sais

neu

tros

3,

9b

3,0a

1,

5a

3,1a

0,3b

10

,2a

5,9a

0,

9b

1,1b

5,

1a

0,8a

b18

,0a

23,1

a 24

,0a

C

V, %

2

10

29

32

14

18

19

13

25

2

1

49

30

16

20

(1

). Cal

cário

: apl

icad

o na

sup

erfíc

ie d

o so

lo, c

alcu

lado

par

a V

=80%

na

cam

ada

0-20

cm

; Nab

o fo

rrag

eiro

: moí

do (1

mm

), eq

uiva

lent

e a

20 t

ha-1

de

mat

éria

sec

a co

m b

ase

na

área

sup

erfic

ial;

Áci

dos

orgâ

nico

s: m

istu

ra d

e so

luçõ

es d

e ác

ido

cítri

co e

áci

do m

álic

o eq

uiva

lent

es a

o co

nteú

do d

o na

bo f

orra

geiro

; Sai

s ne

utro

s: m

istu

ra d

e C

aCl 2,

KC

l, M

gSO

4 e K

2SO

4 equ

ival

ente

ao

cont

eúdo

do

nabo

forr

agei

ro; (2

). Perío

do d

ecor

rido

entre

a a

plic

ação

dos

trat

amen

tos

e da

apl

icaç

ão d

a so

luçã

o de

lixi

viaç

ão p

ara

cole

ta d

as

solu

ções

lixi

viad

as; (3

) .Méd

ias,

nas c

olun

as, p

ara

a m

esm

o te

mpo

, seg

uida

s pel

a m

esm

a le

tra n

ão d

ifere

m p

elo

test

e de

Tuk

ey (P

≤ 0,

05).

moraesmf
Caixa de texto
56
Page 70: MOBILIDADE DE ÍONS EM SOLO ÁCIDO COM APLICAÇÃO … · de baixa massa molar e nutrientes solúveis, sobre a mobilização no perfil do solo, dos produtos da dissolução do calcário

Ta

bela

16

- Aná

lise

quím

ica

das s

oluç

ões l

ixiv

iada

s em

dife

rent

es p

erío

dos a

pós a

plic

ação

dos

trat

amen

tos.

Expe

rimen

to 2

.

Trat

amen

tos (1

) Te

mpo

pH

C

E A

l K

N

a C

a M

g M

n N

-NH

4+ N

-NO

3- S

Cl

Cát

ions

Â

nion

s

di

as

(3)

mS.

cm-1

__

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

mm

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____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

_

Test

emun

ha

0(2)

4,3b

0,

5c

0,0b

0,

2b

0,3c

0,

9b

0,5b

0,4b

1,

8b

3,0a

b0,

3b

0,2c

4,

1c

3,5c

Cal

cário

4,5a

b 0,

5c

0,0b

0,

2b

0,3c

0,

8b

0,5b

0,4b

2,

0b

2,8a

b0,

6b

0,2c

4,

2c

3,6c

Nab

o fo

rrag

eiro

+

calc

ário

4,7a

b 1,

6b

0,4a

b 2,

6a

1,5a

2,

6b

4,7b

1,4a

b4,

1a

2,9a

b3,

9a

3,6b

17

,2b

10,4

b

Áci

d.

orgâ

nico

s +

calc

ário

5,0a

0,

8c

0,6a

0,

4b

0,4b

0,

9b

0,7b

0,6b

2,

4b

4,0a

0,

7b

0,3b

c 6,

1bc

4,9c

Sais

neu

tros

+ ca

lcár

io

4,

2b

2,6a

0,

6a

4,4a

0,

4b

6,8a

13

,3a

2,0a

4,

6a

2,3b

5,

1a

14,6

a 32

,2a

22,1

a

Test

emun

ha

10

4,3a

b 0,

7c

0,1b

0,

2c

0,3b

1,

3b

0,8b

0,2b

1,

9b

3,9a

0,

2b

0,1c

4,

7c

4,3c

Cal

cário

4,3a

0,

7c

0,1b

0,

2c

0,2b

1,

2b

0,8b

0,3b

2,

0b

3,6a

0,

4bc

0,1c

4,

9c

4,1c

Nab

o fo

rrag

eiro

+

calc

ário

4,3a

2,

0b

0,3b

1,

3b

1,2a

3,

1b

4,1b

0,9a

4,

4a

2,7a

2,

8ab

3,9b

15

,2b

9,3b

Áci

d.

orgâ

nico

s +

calc

ário

4,4a

0,

8c

0,1b

0,

2c

0,3b

1,

4b

0,9b

0,3b

2,

1b

4,3a

0,

4bc

0,1c

5,

4c

4,8b

c

Sais

neu

tros

+ ca

lcár

io

4,

1b

4,1a

0,

6a

3,7a

0,

4b

6,6a

11

,6a

1,0a

4,

7a

2,6a

3,

4a

23,7

a 28

,6a

29,7

a

C

V, %

4

9 4

5 40

11

33

52

46

10

18

47

22

28

19

(1) C

alcá

rio: a

plic

ado

na s

uper

fície

do

solo

, cal

cula

do p

ara

V=8

0% n

a ca

mad

a 0-

20 c

m; N

abo

forr

agei

ro: m

oído

(1 m

m),

equi

vale

nte

a 20

t ha

-1 d

e m

atér

ia s

eca

com

bas

e na

ár

ea s

uper

ficia

l; Á

cido

s or

gâni

cos:

mis

tura

de

solu

ções

de

ácid

o cí

trico

e á

cido

mál

ico

equi

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ntes

ao

cont

eúdo

do

nabo

for

rage

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neut

ros:

mis

tura

de

CaC

l 2, K

Cl,

MgS

O4 e

K2S

O4 e

quiv

alen

te a

o co

nteú

do d

o na

bo fo

rrag

eiro

; (2) Pe

ríodo

dec

orrid

o en

tre a

apl

icaç

ão d

os tr

atam

ento

s e

da

aplic

ação

da

solu

ção

de li

xivi

ação

par

a co

leta

das

so

luçõ

es li

xivi

adas

; (3) M

édia

s, na

s col

unas

, par

a o

mes

mo

tem

po, s

egui

das p

ela

mes

ma

letra

não

dife

rem

pel

o te

ste

de T

ukey

(P≤

0,05

).

moraesmf
Caixa de texto
57
Page 71: MOBILIDADE DE ÍONS EM SOLO ÁCIDO COM APLICAÇÃO … · de baixa massa molar e nutrientes solúveis, sobre a mobilização no perfil do solo, dos produtos da dissolução do calcário

Ta

bela

17

- Aná

lise

quím

ica

das s

oluç

ões l

ixiv

iada

s em

dife

rent

es p

erío

dos a

pós a

plic

ação

dos

trat

amen

tos.

Expe

rimen

to 3

.

Trat

amen

tos (1

) Te

mpo

pH

C

E A

l K

N

a C

a M

g M

n N

-NH

4+ N

-NO

3- S

Cl

Cát

ions

Â

nion

s

di

as

(3)

mS.

cm-1

__

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

___ m

mol

c L-1

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

____

_

Test

emun

ha

10(2

) 4,

2c

0,6d

0,

1b

0,2c

0,

2b

0,8c

0,

6c

0,3b

c 1,

4c

3,3a

0,

1c

0,0c

3,

6d

3,5e

C

alcá

rio

4,2c

0,

7d

0,2b

0,

2c

0,2b

1,

2c

1,3c

0,

3bc

1,8c

3,

7a

1,1c

0,

0c

5,2d

4,

8e

Ave

ia p

reta

+ c

alc.

4,

7bc

1,7c

0,

2b

1,7b

c 1,

2a

1,7c

2,

4c

0,7b

4,

3a

2,7a

2,

5bc

5,7b

12

,2c

10,9

c A

O a

veia

+ c

alc.

4,

3c

0,8d

0,

1b

0,6c

0,

2b

1,3c

1,

1c

0,3b

c 1,

6c

4,3a

0,

7c

0,0c

5,

3d

5,0d

e SN

ave

ia +

cal

c.

4,1c

3,

2b

0,7a

5,

8a

0,3b

5,

7b

9,7b

0,

9a

3,3b

3,

4a

4,3b

c 12

,1a

26,4

b 19

,8b

Nab

o fo

rrag

. + c

alc.

5,

7a

1,8c

0,

1b

3,2b

1,

2a

1,8c

3,

0c

0,4b

c 4,

2a

1,0b

6,

0b

5,2b

13

,9c

12,2

c A

O n

abo

+ ca

lc.

5,4a

b 0,

8d

0,1b

2,

0bc

0,3b

1,

2c

0,7c

0,

1c

1,1c

3,

9a

1,2c

0,

0c

5,5d

5,

1de

SN n

abo

+ ca

lc.

4,2c

4,

3a

0,8a

7,

5a

0,3b

10

,1a

18,2

a 0,

9a

3,7a

b 4,

1a

16,4

a 13

,9a

41,6

a 34

,4a

Te

stem

unha

30

4,

1b

0,7e

0,

2bc

0,2c

0,

2d

1,3e

1,

0e

0,3d

1,

4c

2,2a

0,

1c

0,0d

4,

5e

2,3d

A

veia

pre

ta +

cal

c.

4,1b

1,

0d

0,3a

b 0,

3c

0,3c

1,

9d

1,7d

0,

4c

2,1b

c 1,

0bc

0,2c

0,

0d

6,9d

1,

2e

AO

ave

ia +

cal

c.

4,3a

1,

5bc

0,2a

b 1,

4b

0,8a

2,

0d

1,9c

d 0,

8a

3,4a

0,

9c

0,4b

c 2,

4c

10,4

c 3,

8cd

SN a

veia

+ c

alc.

4,

1b

0,8d

e 0,

2ab

0,5c

0,

2d

1,7d

e 1,

4e

0,4c

1,

4c

2,0a

b 0,

2c

0,0d

5,

8de

2,2d

N

abo

forr

ag. +

cal

c.

4,2a

b 1,

7b

0,3a

3,

1a

0,2d

3,

0bc

3,3b

0,

7ab

2,4b

1,

1bc

1,2b

c 4,

6b

12,9

b 6,

9b

AO

nab

o +

calc

. 4,

3a

1,5b

c 0,

1c

1,9b

0,

8a

2,4c

d 2,

4c

0,4c

2,

6b

0,9c

1,

5b

3,3b

c 10

,5c

5,7b

c SN

nab

o +

calc

. 4,

3a

1,4c

0,

1c

1,7b

0,

4b

3,4b

1,

8cd

0,2d

1,

5c

0,7c

0,

2c

0,0d

9,

1c

0,9e

A

veia

pre

ta +

cal

c.

4,2a

b 2,

3a

0,3a

3,

6a

0,3c

5,

8a

5,1a

0,

6bc

2,4b

1,

1bc

4,9a

6,

7a

18,1

a 12

,7a

Te

stem

unha

45

3,

9c

0,7c

0,

3b

0,2d

0,

1c

1,6b

1,

1c

0,3c

1,

0b

2,7a

0,

1 0,

0e

4,7c

2,

8b

Ave

ia p

reta

+ c

alc.

3,

9c

1,0b

c 0,

5ab

0,3d

0,

2bc

2,6b

2,

1c

0,5b

1,

5ab

1,6a

b 0,

1 0,

0e

7,7b

c 1,

7b

AO

ave

ia +

cal

c.

4,0a

b 1,

5ab

0,4a

b 1,

3c

0,7a

2,

9b

2,8b

c 1,

0a

2,7a

0,

5b

0,3

1,8c

11

,6ab

2,

6b

SN a

veia

+ c

alc.

3,

9c

1,0b

c 0,

6a

0,5d

0,

2bc

3,2b

2,

5bc

0,5b

1,

1b

2,6a

0,

1 0,

0e

8,6b

c 2,

8b

Nab

o fo

rrag

. + c

alc.

4,

0ab

1,4a

b 0,

4ab

2,3a

b 0,

2bc

2,7b

2,

8bc

0,6a

b 1,

5ab

1,0a

b 0,

8 1,

0d

10,4

ab

2,8b

A

O n

abo

+ ca

lc.

4,0a

b 1,

8a

0,4a

b 1,

9b

0,8a

5,

7a

4,8a

1,

0a

1,2b

0,

5b

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2,2b

15

,8a

3,5b

SN

nab

o +

calc

. 4,

0ab

1,4a

b 0,

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58
Page 72: MOBILIDADE DE ÍONS EM SOLO ÁCIDO COM APLICAÇÃO … · de baixa massa molar e nutrientes solúveis, sobre a mobilização no perfil do solo, dos produtos da dissolução do calcário

59

Nota-se nas Tabelas 15 a 17, que as soluções de sais neutros isoladas ou na presença

de calcário tenderam a ser mais eficientes na extração de Al para as soluções lixiviadas

quando comparadas aos tratamentos com materiais vegetais ou solução de ácidos orgânicos,

especialmente quando a lixiviação foi realizada 10 dias após a aplicação dos tratamentos,

condições em que houve mais tempo para a degradação de ácidos orgânicos no solo.

Entretanto, as soluções de sais neutros causaram apenas pequenas reduções do Al trocável do

solo (Tabelas 4, 6 e 8). Nos tratamentos com ácidos orgânicos, as lixiviações em T10

produziram valores de Al semelhantes aos tratamentos testemunha. Possivelmente, a maior

parte dos ácidos orgânicos adicionados já tinha sido degradada pelos microrganismos do solo

ou adsorvida à fase sólida.

Os teores mais elevados de Al encontrados nos tratamentos com solução de sais

neutros (Tabelas 15 a 17), que simulam os nutrientes do material vegetal, evidenciam a

capacidade de deslocamento deste cátion adsorvido na fase sólida para a solução do solo,

pelos cátions adicionados com os sais. O mesmo pode ter ocorrido no tratamento testemunha

do experimento 1 em função da liberação de íons pela mineralização da matéria orgânica do

solo devido ao longo tempo de incubação. No presente experimento, e em vários outros da

literatura (FRANCHINI et al., 1999b; AMARAL, 2002, ARAÚJO, 2003) o material vegetal

foi finamente moído e aplicado em suspensão, o que favorece grandemente a rápida liberação

dos íons solúveis. Esses processos são muito mais lentos na natureza, quando resíduos

vegetais são deixados sobre a superfície do solo. Então, nas condições experimentais aqui

apresentadas, observada a alta solubilidade dos cátions (65-71%) e ânions (84%) do material

vegetal de nabo forrageiro, é provável que substancial parte do Al das soluções lixiviadas

nestes tratamentos seja decorrente de deslocamento por troca iônica. A contribuição do Al

presente no material vegetal foi pequena, pois esses continham apenas de 1 a 3 mg kg-1 de Al

solúvel (Dados não apresentados).

Page 73: MOBILIDADE DE ÍONS EM SOLO ÁCIDO COM APLICAÇÃO … · de baixa massa molar e nutrientes solúveis, sobre a mobilização no perfil do solo, dos produtos da dissolução do calcário

60

O teor de K no lixiviado foi determinado pela dose adicionada via tratamentos e

mudanças no pH do solo. No experimento 1, a aplicação isolada de material vegetal de nabo

forrageiro, ácidos orgânicos e sais neutros resultou em grandes quantidades de K nas soluções

lixiviadas (Tabela 15), entretanto, a aplicação dos mesmos tratamentos na presença de

calcário (experimento 2) reduziu severamente a lixiviação de K (Tabela 16), as quais foram

acompanhadas por aumentos dos teores de K no solo (Tabela 7). Em geral, o teor de K no

lixiviado obedeceu a seguinte ordem: sais neutros > material vegetal > solução de ácidos

orgânicos > calcário ≥ testemunha.

Os teores de sódio nas soluções lixiviadas foram significativos somente nos

tratamentos com aplicação de material vegetal de nabo forrageiro ou aveia preta (Tabelas 15 -

17), devido ao conteúdo de Na nas plantas, uma vez que os tratamentos com sais neutros e

ácidos orgânicos praticamente não continham esse elemento.

As lixiviações de Mg foram proporcionalmente maiores que as de Ca. Apesar das

adições de Mg pelos tratamentos terem sido sempre menores, as concentrações de Mg nos

lixiviados foram próximas as de Ca. Isto pode ser explicado pela maior afinidade do Ca com

os sítios de troca iônica (RAIJ, 1991).

Esperava-se que na presença de calcário, os tratamentos com material vegetal de

nabo forrageiro e aveia preta e soluções de ácidos orgânicos iriam aumentar a lixiviação de Ca

e Mg, quando comparados com a aplicação isolada de calcário. Entretanto isto não ocorreu.

As concentrações de Ca e Mg nos tratamentos com materiais vegetais foram determinadas

pelas doses adicionadas. Para as soluções de ácidos orgânicos, os teores de Ca e Mg lixiviados

foram sempre baixos, comparáveis aos dos tratamentos com calcário e com a testemunha.

Estes resultados sugerem que os ácidos orgânicos devem ter tido pouca influência na

mobilização de Ca para as soluções lixiviadas.

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61

As concentrações de manganês foram significativas somente nos tratamentos com

material vegetal e seus respectivos sais neutros. As soluções de sais neutros e material vegetal

retiraram quantidades semelhantes de N-NH4+, provavelmente devido ao deslocamento do

elemento dos sítios de troca do solo para solução do solo (Tabelas 15 a 17), sugerindo a

importância dos elementos inorgânicos liberados do material vegetal sobre a lixiviação de

alguns íons.

Ânions orgânicos podem não ter sido fator preponderante na lixiviação de Ca e Mg

no presente estudo. Conforme pode se observar nas Tabelas 15 a 17, a adição das soluções de

ácidos orgânicos, associadas ou não à aplicação de calcário, causou a lixiviação de

quantidades de Ca e Mg sempre iguais a dos tratamentos testemunha e calcário isolado,

independentemente do período de lixiviação.

Franchini et al. (1999b) e Ziglio et al. (1999), trabalhando com amostras de

latossolos coletadas do horizonte B e camada superficial com baixa CTC, observaram grandes

quantidades de Ca e Mg nas soluções lixiviadas. Os autores atribuíram o efeito à complexação

e mobilização dos cátions por compostos orgânicos liberados pelas plantas. Assim como

constatado nos estudos de Amaral (2002) e Araújo (2003), as hipóteses acima levantadas não

foram comprovadas no presente estudo. É possível que o efeito das condições experimentais

bem como da textura e do poder tampão do solo sejam determinantes para a ocorrência da

movimentação dos íons.

4.5.2 Teores de ânions inorgânicos

Os teores de S e Cl nas soluções lixiviadas foram afetados pelas doses adicionadas

pelos tratamentos e intervalo entre a aplicação dos tratamentos e a lixiviação. Os maiores

valores ocorreram nas lixiviações realizadas imediatamente após aplicação dos tratamentos.

Nas lixiviações realizadas após dez ou mais dias, os teores foram bastante reduzidos (Tabelas

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62

15 a 17). No experimento 3, as concentrações de S e Cl diminuíram gradativamente com as

sucessivas lixiviações.

Foram obtidas altas correlações entre o somatório de cátions e ânions inorgânicos nas

soluções lixiviadas em todos os experimentos (Figura 4). Os maiores valores de cátions e

ânions foram observados nas lixiviações realizadas em T0 (experimentos 1 e 2). No

experimento 3, os valores decresceram de forma gradativa com as sucessivas lixiviações

realizadas.

Considerando os tratamentos testemunha de todos os experimentos, obteve-se alta

correlação entre N-NO3- e os teores de Ca+Mg (r = 0,81) ou Al (r = 0,90). A extração da

solução do solo de amostras de solos ácidos incubados durante 9 a 52 semanas, revelaram que

na ausência de calagem e adubação, os prótons liberados pela nitrificação deslocam cátions

(Al, Ca, Mg etc) da fase sólida em quantidades proporcionais aos ânions gerados (CURTIN e

SMILLIE, 1983; WENZL et al., 2003).

Com a adição dos tratamentos que continham outros ânions (S e Cl), as

movimentações de cátions foram proporcionais (Figuras 4 e 5). Isto indica que, nas condições

estudadas, a lixiviação de cátions está ocorrendo proporcionalmente à quantidade de ânions,

conforme destacado por Raij (1991). O provável mecanismo de retirada de cátions da fase

trocável é o deslocamento pelos cátions adicionados. O deslocamento de cátions da fase

trocável por ação de massas já foi comprovado por Ernani e Barber (1993) e Smith et al.

(1995), usando soluções de sais de sulfato e cloreto de Ca, e também usando de esterco de

aves (MOKOLOBATE e HAYNES, 2002). Entretanto, este fato não é novo. Quaggio et al.

(1982) observaram intensa movimentação de Ca e Mg e em curto espaço de tempo, quando a

calagem foi acompanhada da aplicação 2 t ha-1 de gesso agrícola. Porém, o efeito da aplicação

Page 76: MOBILIDADE DE ÍONS EM SOLO ÁCIDO COM APLICAÇÃO … · de baixa massa molar e nutrientes solúveis, sobre a mobilização no perfil do solo, dos produtos da dissolução do calcário

63

de fontes de Ca associada a sais neutros não é duradouro no solo, pois não ocorre liberação de

cargas dependentes de pH.

Cátions (mmolc L-1)

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Figura 4 - Correlação entre teores de cátions (Al, K, Na, Ca, Mg, Mn e N-NH4

+) e ânions (N-NO3

-, Cl- e S-SO42-) nas soluções lixiviadas após aplicação dos tratamentos em

diferentes épocas. Experimentos 1, 2 e 3.

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64

Figura 5 – Teores de cátions e ânions nas soluções lixiviadas imediatamente (0), 10, 30 e 45

dias após aplicação dos tratamentos com solução equivalente a um volume de poros. Experimentos 1, 2 e 3.

Experimento 1

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Tratamentos

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Testemunha Calcário Nabo forrag. +calcário

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Experimento 3

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Testemunha Calcário Aveia preta Acidosorganicos -

aveia

Sais neutros- aveia

Naboforrageiro

Acidosorganicos -

nabo

Sais neutros- nabo

mm

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L-1

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65

A movimentação de Ca para o subsolo, proveniente do calcário aplicado em

superfície é favorecida pela presença do N-NO3-, conforme observado por Pearson et al.

(1962). Entretanto, outros fatores ligados a CTC e estrutura física do solo, precipitação e dose

do corretivo utilizado são importantes. No entanto, a alteração do pH no subsolo pode

depender da chamada absorção alcalina, onde o N-NO3- lixiviado para a subsuperfície

associado ao Ca, é absorvido pelas raízes das plantas liberando OH- ou HCO3- que por sua vez

disponibiliza carga dependente de pH, preenchida pelo cálcio (HELYAR, 1991; RAIJ et al.,

1988; QUAGGIO, 2000). Este mecanismo de correção de acidez, pode estar ocorrendo

simultaneamente com outros mecanismos.

4.5.3 Teor de ácidos orgânicos

As análises cromatográficas das soluções lixiviadas revelaram a existência de ácidos

orgânicos somente nos tratamentos onde foram aplicadas as soluções de ácidos orgânicos e

nas amostras de lixiviado coletadas imediatamente após aplicação dos tratamentos. Os teores

encontrados nos experimentos 1 e 2 foram: 0,10 e 0,16 mmol L-1 de ácido cítrico e 0,68 e 0,09

mmol L-1 de ácido málico, respectivamente. Considerando as quantias de ácido cítrico e

málico adicionadas, isto representou uma recuperação máxima de 2,9 e 7,2%,

respectivamente. Não está clara a razão para o fato dos ácidos orgânicos não terem sido

detectados nas soluções lixiviadas em T0 no tratamento com material vegetal de nabo

forrageiro. É possível que a liberação dos ácidos orgânicos das plantas não seja tão rápida em

comparação com o tratamento com a solução de ácidos sintéticos. Outra possibilidade é que o

material de nabo forrageiro usado no presente estudo contivesse menos ácidos orgânicos que

no estudo de Amaral (2002), o qual foi tomado como base para o cálculo dos tratamentos com

soluções de ácidos orgânicos. O teor de ácidos orgânicos, que representa excesso de bases nas

plantas, é bastante variável conforme discutido anteriormente. Franchini et al. (2003)

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66

estudando plantas de nabo forrageiro, colhidas em idade semelhantes às de Amaral (2002),

encontram teores de ácido málico e cítrico 4 e 6,5 vezes, respectivamente, menores do que os

de Amaral (2002).

É importante destacar que todas as calibrações para determinação dos ácidos

orgânicos foram realizadas somente para leituras de ácidos cítricos e málicos, por serem estes

encontrados em maior proporção na planta de nabo forrageiro (AMARAL, 2002).

Os dados obtidos sugerem que os ácidos orgânicos adicionados ou presentes na

matéria seca do nabo forrageiro foram rapidamente degradados no solo e indicam que nas

condições estudadas, os ácidos orgânicos tiveram influência relativamente pequena na

mobilização de Ca e Mg para as camadas inferiores.

Esta hipótese corrobora os estudos de van Hees et al. (2005), que observaram altas

taxas de degradação de ácidos orgânicos no solo e que o fluxo entre horizontes representava

apenas 0,1 a 3% do total de ácidos orgânicos perdidos. Naquele estudo, a biodegradação de

ácido cítrico e o ácido oxálico corresponderam a aproximadamente 19 e 7% da respiração

basal do solo, respectivamente. Além da degradação microbiana, Jones (1998) relata até >

60% dos ácidos orgânicos podem ser rapidamente adsorvidos a fase sólida do solo,

principalmente em solos com altos teores de óxi-hidróxidos de Fe e Al.

Amaral (2002) não encontrou ácidos orgânicos na solução lixiviada coletada 15 dias

após a aplicação de citrato de K, provavelmente devido à sua degradação em curto espaço de

tempo.

As soluções lixiviadas revelaram remoção bastante baixa de Al pelos tratamentos

com soluções de ácidos orgânicos, materiais vegetais e sais neutros (Tabelas 15 a 17).

Provavelmente a maior parte dos ácidos orgânicos adicionados pelas soluções ou suspensão

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67

de plantas foram rapidamente degradados pelos microrganismos ou adsorvidos aos colóides

do solo. Algumas observações confirmam as hipóteses levantadas: (1) a presença de ácidos

orgânicos em baixa concentração e somente nas soluções lixiviadas em T0; (2) Foi encontrado

ferro no lixiviado dos tratamentos com material vegetal de nabo forrageiro e solução de

ácidos orgânicos em T0, com teor variando entre 0,3 a 1,0 mg L-1, enquanto nos demais

tratamentos em T0 e em todos os tratamentos nas lixiviações realizadas com 10 dias ou mais

da aplicação dos tratamentos, os valores de ferro foram <0,05 mg L-1 (dados não

apresentados).

Nos tratamentos com material vegetal de nabo forrageiro e ácidos orgânicos houve

pequena lixiviação de cátions, aumentos de pH e saturação por bases e redução dos teores de

Al do solo, em comparação com os tratamentos testemunha. Estes efeitos devem-se a

degradação no solo de sais de ácidos orgânicos com cátions básicos e a alcalinidade do

material vegetal adicionado, que deixam no solo um resíduo alcalino, ou seja, ocorre

transferência de alcalinidade da planta para o solo; caracterizando um processo reciclagem de

bases, pois anteriormente esta alcalinidade foi retirada do próprio solo. O pequeno efeito

observado foi resultado da baixa taxa de alcalinidade adicionada e os resultados são

compatíveis com o consumo de carga medido pela curva tampão do solo. Estes resultados

concordam com os estudos de Slattery et al. (1991) e Helyar e Porter (1989) que

demonstraram baixos valores de equivalentes de alcalinidade em materiais vegetais.

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68

4.5.4 Especiação das formas de alumínio

De modo geral, observaram-se comportamentos semelhantes na distribuição das

espécies de Al nas soluções lixiviadas (Tabelas 18 e 19) obtidas pela especiação fracionada

das formas de Al por resina catiônica CHELEX 100 (FRANCHINI et al., 1999b) ou pelo uso

do software GEOCHEM (PARKER et al., 1995). Os tratamentos com material vegetal de

nabo forrageiro e solução de ácidos orgânicos causaram fortes alterações nas soluções

lixiviações em T0 e pequenos efeitos se estenderam até as lixiviações realizadas em T10.

Como as composições químicas das soluções lixiviadas nos experimentos 2 e 3 e as técnicas

de especiação demonstraram resultados semelhantes, a especiação usando resina de troca

catiônica restringiu-se ao experimento 1. Para avaliar as diferenças na composição química

dos experimentos 1 e 2 usou-se somente a especiação pelo software GEOCHEM.

Nas lixiviações realizadas em T0 (Tabela 18), para os tratamentos com material de

nabo forrageiro e solução de ácidos orgânicos, a especiação com a resina de troca catiônica

revelou que 22% e 54% do Al total estavam na forma orgânica, com conseqüente redução do

Al livre. Quando procedida a lixiviação em T10, os valores de Al na forma orgânica foram

relativamente baixos e semelhantes à testemunha (4% do Al total). Deve-se levar em conta

que a lixiviação de Al no presente estudo foi muito menor do que as encontradas por

Franchini et al. (1999b, 2001a, 2003)

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Tabela 19 - Espécies predominantes de alumínio(1) nas soluções lixiviadas em diferentes períodos após aplicação dos tratamentos. Experimentos 1 e 2.

Tratamentos(2) Tempo pH Al total Al3+ Al-OH Al-SO4 Al-citrato Outras(4

dias mmolc L-1 ___________________ % do total ____________________ Experimento 1 Testemunha 0(3) 3,8 0,60 88,2 3,1 3,1 - 5,6 Calcário 4,0 0,49 83,4 5,0 4,1 - 7,6 Nabo forrageiro 4,0 1,85 20,4 0,9 77,0 - 1,7 Ácidos orgânicos 4,4 1,74 5,5 75,0 0,8 17,4 1,4 Sais neutros 3,8 2,36 59,2 1,6 37,5 - 1,8 Testemunha 10 3,9 0,83 88,4 3,7 3,0 - 4,9 Calcário 3,9 0,87 86,3 4,3 3,9 - 5,5 Nabo forrageiro 4,1 1,33 48,9 3,2 44,1 - 3,8 Ácidos orgânicos 4,0 0,85 86,2 4,8 3,4 - 5,6 Sais neutros 3,9 1,48 84,6 2,9 9,3 - 3,2

Experimento 2 Testemunha 0 4,4 0,02 56,9 8,2 11,4 - 23,5 Calcário 4,5 0,03 43,3 12,2 14,6 - 29,8 Nabo + calcário 4,7 0,36 3,0 91,6 3,1 - 2,3 Ac. org. + calcário 5,0 0,60 0,1 18,8 0,0 80,9 0,3 Sais neut. + calcário 4,2 0,65 26,0 2,0 68,7 - 3,3 Testemunha 10 4,3 0,06 63,5 8,6 6,8 - 21,2 Calcário 4,3 0,07 56,1 9,1 11,5 - 23,4 Nabo + calcário 4,3 0,30 36,2 4,6 47,8 - 11,4 Ac. org. + calcário 4,4 0,09 54,0 10,5 10,9 - 24,7 Sais neut. + calcário 4,1 0,62 51,8 3,0 40,5 - 4,7 (1).As espécies iônicas de alumínio foram estimadas pelo software de modelagem geoquímica GEOCHEM (PARKER et al. 1995); (2).Calcário: aplicado na superfície do solo, calculado para V=80% na camada 0-20 cm; Nabo forrageiro: moído (1 mm), equivalente a 20 t ha-1 de matéria seca com base na área superficial; Ácidos orgânicos: mistura de soluções de ácido cítrico e ácido málico equivalentes aos conteúdos do nabo forrageiro; Sais neutros: mistura de CaCl2, KCl, MgSO4 e K2SO4 equivalente ao conteúdo do nabo forrageiro; (3).Período decorrido entre a aplicação dos tratamentos e da aplicação da solução de lixiviação para coleta das soluções lixiviadas; (4).Alumínio ligado a fósforo e boro.

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Foram encontradas altas proporções de Ca e Mg nas formas orgânicas pela resina de

troca catiônica, nos tratamentos com material vegetal de nabo forrageiro e solução de sais

neutros. No tratamento com aplicação de sais neutros não era esperada a existência de formas

orgânicas de Ca e Mg. Possivelmente, devido ao alto teor de cátions nos lixiviados destes

tratamentos pode ter ocorrido a saturação dos sítios de troca da resina e assim os teores

considerados orgânicos foram superestimados. Entretanto, nas lixiviações realizadas em T10,

foram encontrados apenas 4 % de Al e Mg, e praticamente nenhum Ca na forma orgânica.

As especiações usando o software GEOCHEM revelaram que as espécies de Al3+

foram reduzidas drasticamente nos tratamentos com material vegetal de nabo forrageiro e

solução de ácidos orgânicos nos experimentos 1 e 2 (Tabela 19), comparados aos valores

médios de 88% e 60% de Al livre nos tratamentos testemunha dos experimentos 1 e 2,

respectivamente. Os efeitos foram mais pronunciados em T0. Entretanto, os ácidos orgânicos

restringiram a presença da espécie Al3+ apenas em T0, aumentando a concentração de Al

ligado a OH ou ao citrato. Para os tratamentos com nabo forrageiro, os efeitos da redução da

espécie Al3+ foram mais duradouros, atingindo as lixiviações realizadas em T10, porém, a

adição deste material vegetal aumentou a presença de Al ligado ao sulfato, evidenciando

mecanismos diferentes para redução do Al3+ livre entre os tratamentos com material vegetal e

solução de ácidos orgânicos.

No experimento 2, a maior parte do Al encontrado nas soluções lixiviadas dos

tratamentos com solução de ácidos orgânicos estava ligada a citrato (80,9%). Porém, para o

mesmo tratamento no experimento 1, este número reduziu-se a 17,4%. Em ambos os casos,

mais de 99% do teor total de citrato estava complexada com Al (Tabela 19).

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As porcentagens das espécies de Ca e Mg associadas aos ácidos orgânicos (citrato e

malato) foram sempre muito baixas (≤ 2,0%). Estes resultados reforçam as observações

anteriores, de que nas condições estudas, a mobilização de Ca e Mg para as soluções

lixiviadas pelo mecanismo de complexação com ácidos orgânicos foi pequena.

As ações dos ácidos orgânicos sobre o Al aconteceram com maior intensidade

somente no primeiro tempo de lixiviação. Possivelmente, quando as lixiviações foram

realizadas em T10, a maioria dos ácidos orgânicos adicionada havia sido degradada ou

adsorvida ao solo, confirmando os estudos de van Hees et al. (2005), Jones (1998) e Ström et

al. (2001).

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5 CONCLUSÕES

Nas condições estudas pode-se concluir:

As aplicações superficiais de materiais vegetais ou ácidos orgânicos não

contribuíram significativamente para transferir o efeito da calagem para as camadas

subsuperficiais;

Os ácidos orgânicos provenientes dos materiais vegetais tiveram influência

relativamente pequena na mobilização de Ca e Mg para as camadas inferiores, provavelmente

devido à rápida degradação e adsorção aos colóides do solo, evidenciada em parte pela

pequena taxa de recuperação dos ácidos orgânicos nas soluções lixiviadas;

No presente estudo, em solo argiloso, o efeito dos ácidos orgânicos em neutralizar ou

remover o Al do solo foi pequeno e a contribuição para tal dos aportes de materiais vegetais

aplicados na superfície ocorreu em função da presença de sais e do potencial alcalinizante

desses materiais;

Devido à alta solubilidade dos cátions e ânions do material vegetal de nabo

forrageiro, parte substancial dos cátions das soluções lixiviadas foi decorrente do próprio

material vegetal e do deslocamento por troca iônica;

A solução de CuCl2 0,5 mol L-1 não foi eficiente para a determinação do alumínio

orgânico porque superestima os valores devido à possível extração de alumínio das

entrecamadas dos óxidos de Al que constituem a fração coloidal do solo e também pela re-

hidrolise das formas de alumínio precipitadas, devido ao baixo pH dessa solução.

O método de calcinação simples, sem a adição de bases, é de fácil execução e

mostrou-se adequado para a determinação da alcalinidade vegetal.

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