Missões, sertões, cidades e terras: perspectivas sobre a pequena ... · nobreza na Amazônia...

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Painel: Sertões, cidades e terras: perspectivas sobre a pequena nobreza na Amazônia colonial, séculos XVII-XVIII Coordenação: Márcia de Mello e Souza (Universidade Federal do Amazonas) No âmbito dos estudos sobre o Império ultramarino português, vem surgindo e se impondo uma nova perspectiva historiográfica, presente nos seminários acadêmicos e amplamente discutida. Afastando-se do dualismo entre metrópole e colônia e utilizando-se de novas perspectivas teóricas e de novos parâmetros conceituais, propõe-se a rediscutir algumas teses acerca das relações econômicas e das práticas culturais e políticas. Nessa perspectiva as colônias são analisadas como parte essencial do Império português, compreendendo que a formação da sociedade colonial na América portuguesa foi marcada por regras que definiam o Antigo Regime, tanto econômica quanto simbolicamente. Estudos recentes têm avançado na especificidade e diversidade da experiência colonial das possessões portuguesas no norte da América. Instituído no início do século XVII como espaço administrativo independente, o Estado do Maranhão e Grão-Pará e suas capitanias, devem ser observados em suas especificidades e das relações que essa região estabeleceu não só com o Brasil e Lisboa, mas igualmente com o conjunto de vivências coloniais presentes no Império português. Este painel busca promover o debate sobre a experiência colonial da Amazônia portuguesa pensando-a a partir “de dentro”, mas também a partir das relações que a região estabeleceu com o resto do Império e da Amazônia. Com base nessa perspectiva de compreensão dos espaços coloniais, este painel quer aprofundar uma reflexão sobre diversos grupos que compuseram a sociedade colonial e, em grande medida, foram responsáveis pela sua especificidade no contexto do Império. Nesse sentido, as comunicações do painel articulam alguns dos temas propostos pelo congresso, ao analisar quatro espaços de poder, fundamentais para compreender as particularidades do mundo português na Amazônia colonial: 1) a Junta das Missões, organismo de poder local responsável pela resolução de questões relacionadas ao trabalho indígena, e composta por autoridades civis e eclesiásticas; 2) o sertão e a consolidação do domínio dos chamados cunhamenas, brancos ou mestiços que estabeleciam relações com grupos indígenas do sertão, adquirindo com isso significativo poder no interior, principalmente, da capitania do Pará; 3) as Câmaras das cidades de São Luís e Belém, onde se plasmavam poderes legitimados pela conquista da região, e onde se discutiam os destinos e a forma da própria colonização do vasto Estado do Maranhão e Pará, o que muitas vezes se

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Painel: Sertões, cidades e terras: perspectivas sobre a pequena

nobreza na Amazônia colonial, séculos XVII-XVIII

Coordenação: Márcia de Mello e Souza (Universidade Federal do Amazonas)

No âmbito dos estudos sobre o Império ultramarino português, vem surgindo e se impondo

uma nova perspectiva historiográfica, presente nos seminários acadêmicos e amplamente

discutida. Afastando-se do dualismo entre metrópole e colônia e utilizando-se de novas

perspectivas teóricas e de novos parâmetros conceituais, propõe-se a rediscutir algumas teses

acerca das relações econômicas e das práticas culturais e políticas. Nessa perspectiva as

colônias são analisadas como parte essencial do Império português, compreendendo que a

formação da sociedade colonial na América portuguesa foi marcada por regras que definiam o

Antigo Regime, tanto econômica quanto simbolicamente. Estudos recentes têm avançado na

especificidade e diversidade da experiência colonial das possessões portuguesas no norte da

América. Instituído no início do século XVII como espaço administrativo independente, o

Estado do Maranhão e Grão-Pará e suas capitanias, devem ser observados em suas

especificidades e das relações que essa região estabeleceu não só com o Brasil e Lisboa, mas

igualmente com o conjunto de vivências coloniais presentes no Império português. Este painel

busca promover o debate sobre a experiência colonial da Amazônia portuguesa pensando-a a

partir “de dentro”, mas também a partir das relações que a região estabeleceu com o resto do

Império e da Amazônia. Com base nessa perspectiva de compreensão dos espaços coloniais,

este painel quer aprofundar uma reflexão sobre diversos grupos que compuseram a sociedade

colonial e, em grande medida, foram responsáveis pela sua especificidade no contexto do

Império. Nesse sentido, as comunicações do painel articulam alguns dos temas propostos pelo

congresso, ao analisar quatro espaços de poder, fundamentais para compreender as

particularidades do mundo português na Amazônia colonial: 1) a Junta das Missões,

organismo de poder local responsável pela resolução de questões relacionadas ao trabalho

indígena, e composta por autoridades civis e eclesiásticas; 2) o sertão e a consolidação do

domínio dos chamados cunhamenas, brancos ou mestiços que estabeleciam relações com

grupos indígenas do sertão, adquirindo com isso significativo poder no interior,

principalmente, da capitania do Pará; 3) as Câmaras das cidades de São Luís e Belém, onde se

plasmavam poderes legitimados pela conquista da região, e onde se discutiam os destinos e a

forma da própria colonização do vasto Estado do Maranhão e Pará, o que muitas vezes se

contrapunha aos poderes régios delegados; e 4) as sesmarias e sua distribuição como

mecanismo de consolidação de uma elite fundiária, notadamente a partir da primeira metade

do século XVIII, quando se multiplicam as concessões de terras para os moradores.

Alírio Cardozo (Universidade Federal do Maranhão)

Barbara Sommer (Gettysburg College)

Márcia Eliane Alves de Souza Mello (Universidade Federal do Amazonas)

Rafael Chambouleyron (Universidade Federal do Pará)

NOTA: Resumos das comunicações acessíveis a partir dos nomes dos autores.