Missão: Professor de História! Didática · PDF filedos em diferentes...
Transcript of Missão: Professor de História! Didática · PDF filedos em diferentes...
1
Did
átic
a
Missão: História 9
MH
9DP
© P
orto
Edi
tora
Missão: Professor de História!
Anos de experiência de ensino demonstraram-me claramente […] que o maior desafio é saber como mover os princípios da cabeça para o coração e torná-los num hábito.
James C. Hunter, O Monge o e o Executivo, 2013
O desenvolvimento de atitudes positivas face à aprendizagem em História pode depender da ma-
neira como encaramos essa mesma aprendizagem. Se
trabalharmos a História como mera reprodução da in-
formação, ela poderá, eventualmente, dar aos alunos a
possibilidade de construírem valores de tolerância e de
participação. Mas podemos fazer mais!
Todos nós que trabalhamos com História sabemos que
há mais na História do que o conhecimento de factos
passados, mas nem sempre há concordância sobre o
que esse “mais” poderá ser.
A investigação em Educação Histórica tem produzido,
nas últimas décadas, em diversas partes do Mundo, tra-
balhos que têm revelado resultados interessantes sobre
o modo como os jovens compreendem e o que apren-
dem em História. Em Portugal, os resultados dessa in-
vestigação têm chegado à sala de aula, produzindo
uma mudança, sustentada, das práticas em aula e, con-
sequentemente, da avaliação dos alunos na disciplina
de História. O cerne das preocupações desloca-se da
anterior abordagem, frequentemente prescritiva, de
‘como ensinar História?’, para outra, centrada no modo
como os alunos compreendem a História, ou seja, no
processo de construção do conhecimento histórico.
Trabalhar a História na perspetiva da Educação Histó-
rica pressupõe o desenvolvimento de capacidades e
atitudes que são fundamentais para a construção de in-
divíduos esclarecidos e críticos. Hoje em dia, qualquer
pessoa, numa sociedade aberta e plural como aquela
em que vivemos, precisa de saber fazer escolhas, de ser
capaz de selecionar e organizar informação, deve pos-
suir capacidades de análise, de crítica, de argumenta-
ção. Estas são capacidades que, no currículo nacional
do Ensino Básico, estão claramente expressas no Pro-grama de História do Ensino Básico, documento que
permanece em vigor, complementado pelas orienta-
ções relativas aos conteúdos presentes na Metas Curri-
culares recentemente lançadas.
E é aqui que esta perspetiva de Educação Histórica as-
sume um papel fundamental: a capacidade de traba-
lhar as fontes, de compreender as diferenças e as seme-
lhanças entre essas fontes, de interpretar e justificar
diferentes pontos de vista contribui para o desenvolvi-
mento cultural e científico, mas também social, moral e
emocional. A tarefa da História é a de nos fornecer “um
sentido da nossa própria identidade”, mas de uma
forma que estimule e facilite nossa cooperação com ou-
tras pessoas, outras nações e outras culturas
A reflexão sobre a Educação Histórica assume-se, neste
início do século XXI, como complexa e polémica mas ur-
gente. Para se afirmar no currículo, a História deve apre-
sentar-se como uma ferramenta poderosa que propõe
atividades de desafio cognitivo que permitam às crian-
ças e jovens lidar com a informação que lhes chega por
diversos meios. A História pode desempenhar aquele
que é um dos grandes desafios da educação atual – en-
sinar a pensar.
À disciplina de História cabe parte da responsabili-dade na formação de jovens cada vez mais capazes de assumirem o seu papel de construtores do futuro, responsáveis e informados, construindo uma socie-dade que compreenda que a História é importante!
2
Didática
Missão: História 9
MH
9DP ©
Porto Editora
A História na Escola que temos e na Escola que podemos ajudar a construir
Receio que, daqui a 100 anos, alguém vá olhar para trás e ver a estupidez das gentes que, no século XXI, acreditaram que tudo se resume à economia.
Rob Riemen, O Eterno Retorno do Fascismo, 2012
Pensar a escola pressupõe pensar sobre os seus objeti-
vos, tentar avançar hipóteses de resposta para a ques-
tão: Para que serve a Escola? Para criar uma sociedade
que seja culturalmente coordenada, que partilhe inte-
resses e valores; para desenvolver a ciência e o conheci-
mento; para avançar civilizacionalmente, fornecendo
aos indivíduos as ferramentas para tomarem decisões
de modo informado e responsável; para treinar os jo-
vens para que se tornem trabalhadores produtivos…
A escola que temos pode servir para tudo isto, mas o
que queremos nós da escola? Na atual sociedade glo-
balizada, é pedido à Escola que prepare os jovens para
o mundo do trabalho e para o exercício consciente e
responsável da cidadania. A escola deve constituir um
centro de formação intelectual, moral e cívico, um
agente de integração social, mas também de criação.
Cada um de nós, enquanto professor, tem um papel fundamental, uma tarefa social da maior importân-cia: formar as gerações seguintes, esboçar o futuro. Preparar o mundo em que vamos viver e o mundo que
vamos deixar às gerações futuras.
A atual sociedade em que vivemos necessita de indiví-
duos que, perante a multiplicidade de informações e de
opiniões com que diariamente se confrontam, sejam
capazes de fazer escolhas conscientes e de emitir opiniões fundamentadas, que sejam possuidores de
competências que lhes permitam a adaptação à mu-
dança e a capacidade de resposta aos múltiplos e cons-
tantes desafios que a vida lhes coloca, mas respeitando
um quadro de valores morais.
A Escola que queremos é certamente a que for capaz de
formar estes indivíduos, não apenas a Escola que gera
técnicos, mas a escola que potencia indivíduos capa-zes de pensarem por si, com espírito crítico.
Ora, no quadro atual da educação em Portugal, o en-
sino voltado para as Metas Curriculares, ao apresentar
objetivos operacionais de conteúdo orientados para a
avaliação de desempenhos específicos dos alunos no
domínio cognitivo, parece colocar para segundo plano
estas preocupações, partilhadas pelas recomendações
da UNESCO, da União Europeia e, arriscamos afirmar, da
maior parte dos professores que exercem a sua vocação
diariamente nas salas de aula. Será que a escola que
temos não considera os conteúdos socioafetivos? É um
facto que os micro-objetivos ou descritores de desem-
penho previstos nas Metas Curriculares, pela sua quanti-
dade e pormenor, parecem deixar pouco espaço ao
pensar, à reflexão, ao confronto de ideias. Contudo, o
mesmo documento, na sua “introdução”, reforça a im-
portância de, em História, ser trabalhada, como área
transversal, a utilização e crítica de fontes históricas diversificadas.
É neste ponto que a Escola que temos, e que tem con-
tado com o trabalho dos professores de História na for-
mação dos jovens, se direciona para a Escola que que-remos e podemos ajudar a construir!
3
Did
átic
a
Missão: História 9
MH
9DP
© P
orto
Edi
tora
Como professores de História, conhecemos as poten-
cialidades da disciplina e sabemos que, numa socie-
dade que exige cada vez mais uma aprendizagem ao
longo da vida, os conhecimentos e as capacidades de-
senvolvidos com o seu estudo são fundamentais, por-
que ajudam a lidar com a informação de um modo crí-
tico, a pesquisar e a avançar hipóteses de explicação,
novas pistas que permitam interpretar a complexidade
do presente. “Aprender significativamente a História é
dar sentido ou sentidos ao passado, nessa necessidade,
intrínseca a todo o ser humano, de se orientar na com-
plexidade temporal e de afirmar as suas (inter)identida-
des num mundo controverso, globalizado e incerto”
(Paula Dias, 2013).
A História: o seu papel no currículo
Ensinar História atualmente apresenta desafios que vão
além da transmissão de conceitos, factos, ideias e acon-
tecimentos. Requer o desenvolvimento, nos jovens, das
capacidades de pensar criticamente e de modo criativo,
de analisar situações e apresentar hipóteses de resolu-
ção de problemas, de justificar escolhas, de reconhecer
os contributos dos vários grupos e povos ao longo da
História…
Para compreenderem o mundo atual em que vivem, os
jovens têm de ser capazes de analisar os contributos re-
centes para determinadas situações, mas também con-
tributos mais longínquos, aos quais acedem através das
rotas da História. Continuidade e mudança são dois
conceitos estruturantes do pensamento histórico e
devem ser analisados nas várias esferas: política, econó-
mica, social, cultural, religiosa e intelectual.
A investigação tem contribuído para revelar que os nos-
sos jovens pensam historicamente e que, quando o
fazem, mobilizam um conjunto de competências que
passam pela compreensão, interpretação, análise crí-
tica, contextualização e comunicação. A investigação
na linha da Educação Histórica tem contribuído para
tornar visíveis essas potencialidades da História.
A História potencia o desenvolvimento de competências que são considera-das importantes no mundo atual, tais como a capacidade de refletir sobre o conhecimento, analisando a informação e respeitando as evidências, a capa-cidade de reconhecer e valorizar argumentos bem fundamentados, o des-prezo pela mera polémica e a procura de contextualização, tentando com-preender a intenção de cada discurso ou ato.
J. Howson, 2009
História
4
Didática
Missão: História 9
MH
9DP ©
Porto Editora
A escola que queremos construir compõe-se de alunos
cuja formação se preocupa com aspetos como:
❯ a orientação no tempo, a capacidade de projeção
de factos e situações no tempo;
❯ a capacidade de contextualização dos factos, ten-
tando discernir intencionalidades e/ou constrangi-
mentos;
❯ a compreensão do que muda e do que permanece,
de situações de crise e de progresso, evitando atitu-
des de desistência face à adversidades;
❯ a aptidão para interpretar, selecionar e organizar informação;
❯ a capacidade de reconhecer e valorizar argumen-tos bem fundamentados, distinguindo assim versões
mais e menos válidas;
❯ a capacidade de desenvolver abordagens reflexivas
face ao conhecimento, evitando a aceitação de expli-
cações únicas;
❯ o desenvolvimento de atitudes críticas face ao co-
nhecimento, admitindo a sua revisibilidade e provi-
soriedade.
As narrativas que os historiadores apresentam não são isentas de valores, neutrais e objetivas, ou verdadeiras. Elas são verdades construídas e situadas com base em fontes históricas.
Keith Crawford, Stuart Foster, War, Nation, Memory, 2007
De entre os muitos temas que compõem os programas de
História, alguns revestem-se de um maior teor polémico,
sobretudo por mobilizarem valores. O juízo moral e os va-
lores encontram-se presentes e interferem na interpreta-
ção, na compreensão, no julgamento e avaliação dos fac-
tos históricos, das narrativas e, consequentemente, na
compreensão da História. O juízo de valor é inerente à ex-
plicação em História, ele não deve ser visto como limitação,
mas antes como indicador de uma perspetiva, como espe-
lho de uma visão da realidade, também ela objeto de es-
tudo em História. Dray (citado em Barca, 2000) valoriza o
juízo de valor na abordagem do próprio objeto da História:
A História: terreno para a discussão de valores
“A explicação histórica é intrinsecamente avaliativa – o objeto da própria História é carregado de juízos de valor. A es-colha de perguntas e respostas, as perguntas acerca da importância causal e os próprios factos implicam uma avalia-ção moral. A explicação histórica refere-se sempre a um juízo de valor, mas, mesmo assim, é objetiva porque é uma reconstrução de um passado real. Pode dizer-se que a explicação histórica é parcial no sentido em que explica parte da realidade; ela explica a partir de um determinado ponto de vista e isto é um aspeto genuíno da História, não uma fraqueza metodológica – trata-se de uma ligação não causal mas lógica à própria noção de compreensão histórica.”
O trabalho destes temas em História deve fazer-se com
recurso a fontes de diferentes perspetivas. Lee (2002)
afirma que existem diferentes tipos de passado basea-
dos em diferentes modos de leitura do presente. Nesta
linha de pensamento, assume-se que os estudantes, tal
como os historiadores, podem trabalhar com diferentes
explicações, analisando a sua validade através do cruza-
mento de informações fornecidas pelas fontes. Esta
ideia parece fundamental para evitar situações de rela-
tivismo exagerado e não fundamentado que levam os
alunos a aceitarem todas as opiniões e pontos de vista
como igualmente válidos.
Através do estudo do passado e do seu legado, os jo-
vens analisam instituições, valores e crenças das pes-
soas do passado e adquirem competências de análise e
interpretação. Trabalhar o conceito de mudança e con-
tinuidade contribui para formar os jovens para lidarem
com mudanças nas suas vidas e no mundo em geral, a
análise da mudança através do tempo dá segurança ao
demonstrar que as mudanças são feitas com muitas
permanências, nunca muda tudo! Isto dá também uma
perspetiva otimista, de esperança face ao futuro. Ao de-
senvolverem nas aulas de História um conceito de iden-
tidade, os jovens sentem-se como parte ativa de uma
comunidade na qual podem participar – a História con-
tribui para o desenvolvimento de uma cidadania ativa e
responsável pois tomam consciência que herdam algo
que deverão acrescentar e partilhar com as gerações se-
guintes. Os jovens desenvolvem uma noção do seu papel na sociedade e do seu lugar na História.
5
Did
átic
a
Missão: História 9
MH
9DP
© P
orto
Edi
tora
O ensino-aprendizagem de temáticas ligadas ao conflito e à guerraSão muitos os desafios que se colocam atualmente no
contexto do ensino da História. A necessidade de com-
preender a realidade leva-nos à abordagem de dois
conceitos que são frequentemente abordados no Pro-
grama de História: guerra e paz. Presentes ao longo de
todo o currículo de História, são-lhes, contudo, atribuí-
das diferentes importâncias. As temáticas que abordam
situações de guerra têm uma considerável presença,
sobretudo na abordagem da História do século XX, tra-
balhada no 9.° ano, aquele que é, para a maior parte dos
alunos portugueses, o último ano que frequentam a
disciplina de História.
A abordagem de temáticas ligadas ao conflito e à guerra
revela-se de grande responsabilidade para nós, profes-
sores. Responsabilidade pela gravidade do assunto em
si, pelo respeito às vítimas, mas também pelo impacto
que imagens, descrições e testemunhos poderão ter
nos jovens. Nem sempre a exibição da violência traz o efeito que desejamos de repulsa por essa mesma
violência. Veja-se a crescente preocupação com as con-
sequências atribuídas à vulgarização da violência nos
jogos e nos meios de comunicação social, tantas vezes
usada como explicação para a crescente violência nas
relações interpessoais. As nossas escolas estão repletas
de situações de conflito, tal como a sociedade em que
se movem. Há conflitos que não culminam em guerra,
há conflitos que servem para evitar guerras. E estas pers-
petivas devem também ser abordadas e valorizadas.
Não se trata de “branquear a guerra” nem de a omitir. A
guerra é um tema que deve ser trabalhado em História,
mas acompanhado pela discussão de valores.
Será importante relembrar que, em cada local e em
cada época, há mais situações de paz, de diálogo ou de pequenas tensões do que de guerra.
Ao longo de toda a História da Humanidade, quer com as movimentações terrestres dos povos (incluindo por exemplo as rotas da seda e do ouro e a colonização pelos exércitos romanos) quer com as viagens marítimas e comerciais e de expansão (por exemplo da Grécia e Roma antigas, dos Árabes, Chineses e Europeus), verificamos a existência de intercâmbios pacíficos e conflituosos com inúmeras interações entre os povos nessas várias situações. Portanto, ao longo das diferentes épocas históricas, o respeito pelo outro não terá sido a tónica dominante comprometendo, em muitos casos, a convivência entre as pessoas. A existência de culturas dominantes e dominadas perpetuou a ideia de ausência de diálogo.
Dias, J. Xavier, Revista AICA, n.º 4, Funchal, 2012
A História não é, nem pode de modo algum ser, um sim-
ples “regorgitar” de ideias. Estudar História é, acima de tudo, pensar. Numa História positivista era aceitável
haver uma História única, no século XXI não pode ser! A
vida do ser humano é uma fonte de contradições e tudo
isso tem de ser o caldo onde o pensamento histórico se
vai construindo. Saber História é compreender o pas-
sado humano a partir do cruzamento de fontes diver-
sas, para dar sentido à vida. As situações polémicas, problemáticas, devem ser trazidas para a aula de História, devem ser ponto de partida para o estudo das
temáticas.
A Paz, cartoon de Pawel Kuczynski, Polónia, 2006
6
Didática
Missão: História 9
Da investigação em Educação Histórica tem resultado
que: as crianças e jovens compreendem a História de
forma genuína, com algum grau de elaboração, se as
tarefas, os contextos e as situações que lhes forem apre-
sentados tiverem algum significado para elas; os con-
ceitos históricos são compreendidos gradualmente, a
partir da relação com os conceitos de senso comum
que cada sujeito experiencia (Barca, 2004). Segundo
Rüsen (2010), a aprendizagem da História tornar-se-á
tanto mais significativa para o sujeito quanto mais for
problematizada e trabalhada a partir de ações relevan-
tes no presente.
Assim, as propostas de trabalho devem, sempre que
possível, considerar atividades que envolvam:
❯ o confronto de perspetivas;
❯ a problematização de situações;
❯ a tomada de decisões.
Este tema é dos mais marcantes no programa de
9.° ano! Pelo facto de os alunos reterem frequente-
mente as imagens de violência, alguns estudos recen-
tes, como os desenvolvidos no Reino Unido pelo Insti-
tute of Education, no âmbito do projeto Beacon Schools
in Holocaust Education, têm alertado para o perigo desta “vulgarização da violência” e para o perigo de
tratar temas ligados ao conflito e ao genocídio como
factos “encerrados” no passado. É possível – embora, é
claro, desaconselhado – trabalhar o Holocausto e ou-
tros temas ligados à violência e ao genocídio como
mais um acontecimento e reduzi-lo a uma narrativa
simplista em que um homem chamado Hitler, que vivia
na Alemanha há muito tempo, mandou construir cam-
pos de concentração onde judeus foram presos e
gaseados, perdeu a Segunda Guerra Mundial e se
suicidou.
Obviamente que, enquanto professores de História,
não conseguimos dar este tratamento ao tema, con-
tudo a definição de objetivos quantificáveis e a pressão
do tempo poderá aproximar-nos destas narrativas.
Elisabeth Kellaway, Thomas Spillane e Terry Haydn
(2013), ao discutirem o modo como pode ser traba-
lhado o Holocausto e as questões ligadas ao genocídio
na aula de História, atentam para o facto de a maior
parte dos professores sentirem uma grande responsa-
bilidade ao trabalharem o tema. Se não conseguirmos
convencer os alunos de que algumas das questões tra-
balhadas nos temas de genocídio são ainda “desafios
dos nossos tempos”, então teremos deixado de fazer
justiça ao Holocausto e às suas vítimas, ao genocídio do
Ruanda ou aos conflitos na Chechénia. Estamos ainda longe de um consenso sobre o que ensinar a res-peito destes temas, e ainda bem, pois a melhor forma de os tratar é problematizando-os, colocando os alunos perante dilemas, perante opções, por
exemplo, como se propõe na atividade que explora as
questões:
❯ o que podiam fazer os que não concordavam com o
genocídio?
❯ que diferença pode a ação de uma pessoa ter no
curso da vida de centenas ou, contabilizando as des-
cendências, milhares de pessoas?
Levar os nossos alunos a pensarem de um modo crí-tico sobre outras soluções e, sobretudo, levá-los a considerarem a questão de “Nunca mais?”, poderá ser um bom caminho na construção de uma cons-ciência crítica.
Da teoria à sala de aula: trabalhar temáticas ligadas ao conflito
Em vez de recriar batalhas, que tal recriar a Trégua do Natal de 1914?Adam Hochschild, autor de A Primeira Guerra Mundial, em entrevista ao Jornal Público, 27/08/2014
MH
9DP ©
Porto Editora
Slide retirado do jogo HSI disponível no projeto Missão: História 9 (p. 117 do e-Manual)
7
Did
átic
a
Missão: História 9
MH
9DP
© P
orto
Edi
tora
Metas Curriculares de História (MCH) – 9.° ano
Mudanças? Permanências?Como profissionais habituados a lidar com estes con-
ceitos sabemos que a par das mudanças há permanên-
cias. Tal como não devemos fazer tábua rasa dos conhe-
cimentos dos nossos alunos, também não podemos
fazer tábua rasa das nossas práticas, conhecimentos e,
sobretudo, experiência. As Metas Curriculares vêm subs-
tituir as Metas de Aprendizagem, as quais tinham origem
nas Competências Essenciais.
A alteração destes documentos de referência no en-
sino/aprendizagem requer uma reflexão em torno do
paradigma orientador do novo documento bem como
das alterações que possa implicar na nossa prática
docente.
Muitas têm sido as críticas à implementação das Metas
Curriculares, sobretudo pelo facto de apontarem um ca-
minho que parece aproximar-se do ensino por objeti-
vos. O quadro legal em que se inserem as Metas Curricu-
lares aponta para o Programa de História do Ensino
Básico, de 1991. Ora, este mesmo Programa define
como Finalidades da História, entre outras:
❯ proporcionar o conhecimento e utilização adequada
de processos de recolha e tratamento da informação,
tendo em vista a abordagem da realidade social
numa perspetiva crítica;
❯ promover a formação da consciência cívica numa
perspetiva que corresponda ao desenvolvimento de
É muito mais importante saber usar uma lista telefónica do que decorar milhares de números […]. A nossa Escola preconiza muito mais o ato de decorar números e listas do que o facto de aprender a usá-las com a extrapolação que se segue, imediatamente, que é a de saber usar qualquer tipo de lista telefónica.
Hamilton Werneck, Ensinamos de Mais, Aprendemos de Menos, 2001
As Metas Curriculares de História procuram, a partir do Programa de História para o 3.° Ciclo do Ensino Básico (1991) em vigor, definir conteúdos fundamentais, atualizados cientificamente, que devem ser ensi-nados aos alunos, constituindo-se um objeto primordial na estruturação do ensino da disciplina e um refe-rente para os membros da comunidade educativa.
Metas Curriculares, Introdução MEC, 2012
8
Didática
Missão: História 9
MH
9DP ©
Porto Editora
atitudes de tolerância e de respeito pelos valores de-
mocráticos e se traduza numa intervenção responsá-
vel na vida coletiva.
Os objetivos gerais perseguidos pelo Programa distri-
buem-se por três domínios:
❯ domínio das atitudes e valores;
❯ domínio das aptidões e capacidades;
❯ domínio dos conhecimentos em História.
Quando analisamos as MCH constatamos que estas se
organizam em Domínios, Subdomínios, Metas ou Objeti-
vos Gerais e Descritores de Desempenho, Objetivos Es-
pecíficos que remetem para desempenhos concretos e
que, no caso da História, implicam, na maior parte das
vezes, operações relacionadas com conhecer (adquirir
conhecimento) e/ou compreender (integrar informação).
Resulta desta opção um documento do qual constam
mais de 400 descritores de desempenho distribuídos
pelos três anos do 3.º Ciclo do Ensino Básico. Se nos limi-
tássemos a aplicar estes descritores, a nossa atividade
enquanto professores ficaria reduzida ao que Luís Grosso
(2012) designou como uma pálida expressão das nossas
competências educativas, técnicas e profissionais.
Os professores de História farão uso das suas compe-tências e, mais do que nunca, estão a perceber a ne-cessidade de insistir na formação do espírito crítico dos seus alunos. Os descritores são a matéria com a qual
faremos o nosso trabalho maior, o da Educação Histórica,
abordando as temáticas com recurso a fontes com dife-
rentes perspetivas e valorizando, na avaliação, a par do
conhecimento a capacidade de retirar informação das
fontes, a capacidade de expor ideias e pontos de vista. A
revisão curricular de 2011 definia Metas de Aprendizagem
em função das Competências Essenciais que os alunos de-
veriam desenvolver ao longo do ciclo, seguindo as orien-
tações da investigação em educação desenvolvida nos
últimos 30 anos. A União Europeia apresentou, em 2006,
um quadro de recomendações aos países membros que
visava a incorporação, nos seus currículos, de competên-
cias-chave necessárias na sociedade do conhecimento,
afirmando que a educação terá de contribuir para “a pre-
servação e a renovação da base cultural comum da socie-
dade, bem como para a aprendizagem dos valores so-
ciais e cívicos essenciais, como a cidadania, a igualdade, a
tolerância e o respeito”. Em 2012 insistiu nestes aspetos,
destacando a necessidade de a avaliação ter em conta
estas competências, bem como a gestão de valores.
9
Did
átic
a
Missão: História 9
MH
9DP
© P
orto
Edi
tora
Metas Curriculares de História – 3.° Ciclo do Ensino Básico: 9.° Ano*
Domínio 9. A Europa e o Mundo no limiar do século XXSubdomínios:9.1. Apogeu e declínio da influência europeia
Meta 1. Conhecer e compreender o imperialismo do século XIX
1. Identificar as principais potências coloniais do século XIX, salientando a supremacia europeia.
2. Relacionar o imperialismo do século XIX com os processos de industrialização.
3. Explicar a importância da Conferência de Berlim (1885) no processo de partilha do continente africano.
4. Caracterizar as formas de domínio sobre os territórios não autónomos no século XIX.
5. Relacionar os princípios de ocupação definidos na Conferência de Berlim com o projeto português do Mapa
Cor-de-Rosa e o Ultimato Inglês.
Meta 2. Conhecer e compreender as causas e o desenrolar da 1.a Grande Guerra
1. Relacionar a rivalidade económica e colonial entre as grandes potências industriais com a agudização das
tensões nacionalistas.
2. Explicar o eclodir da 1.a Grande Guerra.
3. Caracterizar sucintamente as frentes e as fases da 1.a Grande Guerra.
4. Referir os custos humanos e materiais da 1.a Grande Guerra.
5. Descrever sucintamente a participação de Portugal na 1.a Grande Guerra.
9.2. As transformações políticas, económicas, sociais e culturais do após-guerra
Meta 3. Conhecer as transformações geopolíticas decorrentes da 1.a Grande Guerra
1. Enunciar as principais decisões dos tratados de paz (com destaque para o Tratado de Versalhes).
2. Identificar as principais alterações no mapa político europeu do após-guerra.
3. Referir os grandes objetivos da criação da Sociedade das Nações (SDN).
Meta 4. Conhecer e compreender as transformações económicas do após-guerra
1. Caracterizar a situação económica e social europeia no após-guerra.
2. Explicar o fim da hegemonia europeia e o reforço da afirmação dos EUA como principal potência económica
mundial.
3. Caracterizar a economia dos anos 20, destacando o seu carácter modernizador, instável e especulativo.
4. Referir outros fatores de tensão económica na década de 20, nomeadamente a rivalidade entre novos e
velhos países industriais, o pagamento de dívidas e indemnizações de guerra e a adoção de políticas
protecionistas.
Meta 5. Conhecer e compreender a Revolução Soviética
1. Caracterizar sucintamente a Rússia czarista ao nível político, económico e social.
2. Relacionar a entrada da Rússia na 1.a Grande Guerra com o agravar das tensões sociais e políticas.
3. Caracterizar a “Revolução de Fevereiro”, salientando o carácter demoliberal das medidas tomadas pelo go-
verno provisório.
4. Relacionar a decisão de permanência da Rússia na 1.a Grande Guerra com o eclodir da “Revolução de Outubro”.
5. Caracterizar a “Revolução de Outubro”, salientando as principais medidas tomadas (fim do envolvimento na
guerra, participação dos operários na gestão das fábricas e divisão das grandes propriedades rurais pelas
famílias camponesas).
6. Descrever as principais etapas de implantação do regime comunista entre 1917 e 1924 (Guerra civil e Comu-
nismo de Guerra, NEP, formação da URSS).
7. Avaliar o impacto da Revolução Bolchevique na Europa Ocidental e no Mundo em geral.
*Os sublinhados referem-se a conteúdos que apresentam mudanças / acrescentos / reorganização face ao Programa de História de 1991, ainda em vigor. A numeração contínua de 1 a 29 foi colocada pelos autores de modo a facilitar a planificação e o desenvolvimento do trabalho.
10
Didática
Missão: História 9
MH
9DP ©
Porto Editora
Meta 6. Conhecer e compreender as transformações socioculturais das primeiras décadas do século XX
1. Caracterizar a sociedade europeia nas duas primeiras décadas do século XX, salientando o peso crescente
das classes médias e a melhoria das condições de vida do operariado, apesar da manutenção de grandes
desequilíbrios sociais.
2. Relacionar os efeitos da guerra com a alteração de mentalidades e costumes nos “loucos anos 20”.
3. Avaliar os efeitos da guerra ao nível da emancipação feminina, problematizando temáticas atuais relativas à
igualdade de género.
4. Caracterizar sucintamente a cultura de massas, salientando a sua relação com a melhoria das condições de
vida nas décadas de 20 e 30 do século XX.
5. Distinguir as principais correntes estéticas que marcaram a evolução nas artes.
6. Indicar alguns dos principais vultos e obras de referência do modernismo português.
9.3. Portugal: da 1.a República à Ditadura MilitarMeta 7. Conhecer e compreender a crise e queda da Monarquia Constitucional
1. Relacionar a situação económica e financeira de Portugal nos finais do século XIX com o crescente descon-
tentamento social e político.
2. Relacionar o Ultimato Inglês de 1890 com o aumento do descrédito da instituição monárquica e com o cres-
cimento do Partido Republicano.
3. Identificar outros fatores que contribuíram para a queda da Monarquia Constitucional, destacando a dita-
dura de João Franco e o regicídio de 1908.
4. Descrever sucintamente os acontecimentos do 5 de Outubro, identificando a base social de apoio da República.
Meta 8. Conhecer e compreender as realizações e dificuldades da 1.a República (1910-1914)
1. Comparar a Constituição de 1911 com a Constituição da Monarquia Constitucional (Carta Constitucional de
1826), salientando as ruturas operadas e as continuidades.
2. Avaliar o alcance das principais realizações da 1.a República ao nível da legislação social, da laicização do
Estado, das medidas educativas e financeiras.
3. Explicar o descontentamento criado por medidas da 1.a República em largos setores da população portuguesa.
4. Justificar a instabilidade política vivida durante a 1.a República.
Meta 9. Conhecer e compreender o derrube da 1.ª República e a sua substituição por um regime ditatorial
(1914-1926)
1. Explicar os efeitos da 1.a Grande Guerra na situação política, económico-financeira e social.
2. Referir tentativas de derrube do regime republicano, salientando o sidonismo (1917) e as tentativas de res-
tauração monárquica.
3. Relacionar o crescimento dos adeptos de soluções autoritárias na década de 20 em Portugal com a situação
interna do país e com o contexto internacional.
4. Reconhecer no Golpe Militar de 28 de Maio de 1926 o fim da República parlamentar e o início da Ditadura
Militar.
Domínio 10. Da Grande Depressão à 2.a Guerra MundialSubdomínios:10.1. Crise, ditaduras e democracia na década de 30
Meta 10. Conhecer e compreender a Grande Depressão dos anos 30 e o seu impacto social
1. Identificar os fatores que estiveram na génese da “Crise de 1929” nos EUA.
2. Reconhecer na “Crise de 1929” características das crises cíclicas do capitalismo liberal.
3. Descrever as consequências do crash da Bolsa de Nova Iorque em 24 de outubro de 1929.
4. Explicar o processo de mundialização da crise, salientando a exceção da URSS.
5. Analisar as consequências sociais da Grande Depressão, salientando a generalização dos seus efeitos a
todas as camadas da sociedade.
11
Did
átic
a
Missão: História 9
MH
9DP
© P
orto
Edi
tora
Meta 11. Conhecer e compreender a emergência e consolidação do(s) fascismo(s) nas décadas de 20 e 30
1. Comparar o mapa político após a 1.a Grande Guerra com o mapa político da década de 30, localizando os
principais regimes ditatoriais à escala mundial.
2. Relacionar as dificuldades económicas do após-guerra e os efeitos da Revolução Soviética com o avanço da
extrema-direita e dos partidos comunistas, identificando a base social de apoio de cada um.
3. Relacionar as consequências da Grande Depressão com o crescente descrédito dos regimes demoliberais,
salientando os momentos de crise económica e social como conjunturas favoráveis ao crescimento dos
adeptos de propostas extremistas.
4. Descrever sucintamente a subida ao poder do Partido Nacional Fascista, em Itália, e do Partido Nacional-
-Socialista dos Trabalhadores Alemães.
5. Caracterizar os princípios ideológicos comuns ao(s) fascismo(s).
6. Descrever as organizações e formas de enquadramento de massas e de repressão desenvolvidos pelos regi-
mes fascistas.
7. Relacionar a consolidação dos regimes fascistas com os resultados obtidos pelas respetivas políticas econó-
micas e sociais.
8. Caracterizar as especificidades do nazismo, destacando o seu carácter racista e genocidário.
9. Analisar as causas e consequências do racismo alemão, destacando a crença na superioridade da “raça
ariana”, a criação do “espaço vital” e as vagas de perseguição antissemita que culminaram no Holocausto.
Meta 12. Conhecer e compreender a emergência e consolidação do Estado Novo em Portugal
1. Referir a manutenção da instabilidade política e dos problemas financeiros nos primeiros anos da Ditadura
Militar (1926-1928).
2. Descrever o processo de ascensão de António de Oliveira Salazar no seio da Ditadura Militar (1928-1933).
3. Comparar as características do Estado Novo com as características dos regimes ditatoriais italiano e alemão,
destacando as suas semelhanças e diferenças.
4. Caracterizar as organizações repressivas e os mecanismos de controlo da população criados pelo Estado Novo.
Meta 13. Conhecer e compreender o regime totalitário estalinista implantado na União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS)
1. Caracterizar o “regime de terror” instituído por Estaline na URSS entre 1927 e 1953, salientando a adoção de
fortes medidas repressivas.
2. Caracterizar a política económica seguida por Estaline, salientando a coletivização dos meios de produção
e a planificação da economia.
3. Avaliar a política estalinista em termos de eficácia económica e de custos sociais.
4. Distinguir estalinismo de fascismo, salientando a existência de formas semelhantes de atuação em regimes
ideologicamente antagónicos.
Meta 14. Conhecer e compreender as respostas dos regimes demoliberais à “Crise de 1929” e à Grande
Depressão da década de 30
1. Relacionar as fragilidades do capitalismo liberal e o fracasso das primeiras medidas de combate à crise com
a adoção de estratégias de intervenção do Estado na economia.
2. Referir as principais medidas de intervenção do Estado na regulação das atividades económicas e nas rela-
ções sociolaborais tomadas durante o New Deal.
3. Relacionar os efeitos da “Grande Depressão” e do crescimento do fascismo com as tentativas de formação
de governos de unidade nacional (Grã-Bretanha e Suécia) e de Frentes Populares (França e Espanha).
4. Referir medidas tomadas pelos governos de Frente Popular em França e Espanha.
5. Referir os resultados limitados de medidas de intervenção do Estado na economia e nas relações sociolabo-
rais adotadas em alguns países na década de 30.
6. Integrar a guerra civil espanhola (1936-1939) no contexto dos confrontos ideológicos da década de 30 do
século XX.
12
Didática
Missão: História 9
MH
9DP ©
Porto Editora
10.2. A 2.a Guerra Mundial: violência e reconstruçãoMeta 15. Conhecer e compreender a origem, o decorrer e o desfecho do conflito
1. Relacionar a política expansionista dos regimes fascistas com o eclodir da 2.a Guerra Mundial.
2. Explicitar o rápido avanço das forças do Eixo entre 1939 e 1941, salientando os países ocupados, a resistên-
cia britânica e os países neutrais.
3. Caracterizar a Europa sob o domínio do Terceiro Reich, salientando os diversos níveis de violência exercidos
nos países ocupados e as ações de resistência.
4. Explicar as razões e importância da entrada da URSS e dos EUA na 2.a Guerra Mundial.
5. Referir sucintamente os principais acontecimentos que estiveram na origem da capitulação italiana, alemã
e japonesa.
Meta 16. Conhecer e compreender as consequências demográficas, económicas e geopolíticas da 2.a
Guerra Mundial
1. Referir as perdas humanas e materiais provocadas pela 2.a Guerra Mundial.
2. Analisar efeitos das atrocidades cometidas sobre populações civis, nomeadamente as consequências do
racismo nazi, da violência exercida pelas tropas japonesas e da destruição sistemática de cidades (bombas
convencionais e bombas atómicas).
3. Identificar as principais alterações provocadas no mapa político mundial.
4. Explicitar as condições impostas aos vencidos, destacando os casos alemão e japonês.
5. Referir a importância das conferências de Bretton Woods e de São Francisco para a consolidação de um
novo modelo de gestão das relações económicas do mundo capitalista e para a fundação das Organização
da Nações Unidas (ONU).
6. Enunciar os grandes objetivos da ONU.
7. Avaliar o papel da ONU na consecução dos seus objetivos até à atualidade, exemplificando aspetos positi-
vos e limitações da organização.
Domínio 11. Do segundo após-guerra aos anos 80Subdomínios:11.1. A Guerra Fria
Meta 17. Conhecer e compreender a nova “ordem mundial” do após-guerra
1. Explicar o acentuar da perda de influência europeia e a emergência dos EUA e da URSS como as superpo-
tências do após-guerra.
2. Distinguir os modelos políticos e económicos dos EUA e da URSS.
3. Relacionar o antagonismo entre as duas superpotências com a formação de dois blocos político-ideológi-
cos, militares e económicos.
4. Justificar a hegemonia económica, financeira e militar dos EUA no bloco ocidental, salientando a criação da
Organização Europeia de Cooperação Económica (OECE)/do “Plano Marshall” e a formação da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
5. Descrever a expansão do comunismo na Europa de Leste e na Ásia.
6. Caracterizar a Guerra Fria, salientando a existência de momentos de maior tensão e de momentos de rela-
tivo apaziguamento.
7. Referir sucintamente alguns dos principais conflitos da Guerra Fria (Bloqueio de Berlim, Crise dos Mísseis em
Cuba, Guerra da Coreia, Guerra do Vietname, Guerra de Angola e Guerra do Afeganistão).
Meta 18. Conhecer e compreender os efeitos da nova “ordem mundial” do após-guerra em Portugal
1. Relacionar a derrota dos fascismos na 2.a Guerra Mundial com a aparente abertura do Estado Novo no ime-
diato após guerra, destacando as eleições legislativas de 1945.
2. Relacionar a perpetuação dos regimes fascistas peninsulares com a consolidação da Guerra Fria.
3. Reconhecer na entrada de Portugal na OTAN (como membro fundador) e na ONU reflexos da aceitação
ocidental do regime salazarista.
13
Did
átic
a
Missão: História 9
MH
9DP
© P
orto
Edi
tora
4. Descrever as principais correntes de oposição perante a permanência da ditadura portuguesa, salientando
as eleições presidenciais de 1949 e 1958.
5. Caracterizar o novo modelo de crescimento económico adotado progressivamente pelo Estado Novo a
partir da década de 50.
Meta 19. Conhecer e compreender os movimentos de independência das colónias do após-guerra aos
anos 70
1. Identificar os fatores de crescimento do anticolonialismo no após-guerra.
2. Relacionar o apoio dos EUA e da URSS à descolonização com as tentativas de alargamento das respetivas
áreas de influência.
3. Reconhecer as vagas de descolonização da Ásia/Pacífico, do Médio Oriente, do Norte de África e da África
Negra como resultado de um processo que se prolongou até à década de 70 do século XX.
4. Explicar o surgimento do Movimento dos Países Não Alinhados, salientando a reivindicação de uma nova
ordem económica internacional.
5. Relacionar os problemas dos países do Terceiro Mundo com a dominação neocolonial e com os seus pró-
prios bloqueios.
Meta 20. Conhecer e compreender as consequências da política do Estado Novo perante o processo de
descolonização do após-guerra
1. Identificar as alterações introduzidas na política colonial do Estado Novo face ao processo de descoloniza-
ção do após-guerra e ao aumento da pressão internacional.
2. Relacionar a recusa da descolonização dos territórios não autónomos com o surgimento de movimentos de
libertação, com a invasão do “Estado Português da Índia” e com o eclodir das três frentes da Guerra Colonial.
3. Explicar o relativo isolamento internacional de Portugal nas décadas de 60 e 70.
4. Avaliar os efeitos humanos e económicos da Guerra Colonial na metrópole e nas colónias.
Meta 21. Conhecer e compreender o dinamismo económico-social dos países capitalistas desenvolvidos e
de desenvolvimento intermédio (modelo de “Estado-Providência”) do após-guerra aos anos 70
1. Explicar as características fundamentais do “Estado-Providência”.
2. Enunciar fatores da hegemonia económica, tecnológica e cultural americana.
3. Justificar o “milagre japonês” a partir da década de 50 do século XX.
4. Descrever sucintamente as principais etapas do nascimento e expansão dos processos de integração da
Europa ocidental.
Meta 22. Conhecer as características das sociedades ocidentais desenvolvidas
1. Referir a intensificação do processo de terciarização, urbanização e crescimento das classes médias, apesar
da manutenção de desigualdades sociais.
2. Reconhecer o aumento da importância dos jovens na sociedade, nomeadamente através dos hábitos de
consumo e das estruturas associativas estudantis
3. Referir a crescente importância de expressões artísticas de vanguarda, de hábitos de consumo cultural de
massas e de movimentos de contestação cultural e político-ideológica.
Meta 23. Conhecer e compreender a desagregação do Estado Novo
1. Relacionar o atraso do mundo rural português com o intenso movimento migratório para as grandes áreas
urbanas nas décadas de 50 e 60.
2. Identificar os motivos da intensa emigração verificada nas décadas de 60 e inícios de 70.
3. Indicar os efeitos dos movimentos migratórios na realidade portuguesa.
4. Caracterizar o marcelismo enquanto projeto político que recusou a democratização e a descolonização mas
que, ao mesmo tempo, concretizou políticas de modernização económico-social e educativa.
Meta 24. Conhecer e compreender a revolução democrática portuguesa
1. Explicar as motivações do golpe militar do 25 de Abril de 1974.
2. Mencionar os principais acontecimentos do 25 de Abril de 1974.
14
Didática
Missão: História 9
MH
9DP ©
Porto Editora
3. Descrever sucintamente o processo revolucionário, salientando as divergências dos projetos políticos em
confronto.
4. Identificar as consequências do processo de descolonização dos antigos territórios não autónomos.
5. Caracterizar a organização da sociedade democrática a partir da Constituição de 1976.
6. Identificar as principais transformações e problemas económicos e sociais até 1986.
Meta 25. Conhecer e compreender a evolução ocorrida desde as “crises petrolíferas” até ao colapso do
bloco soviético
1. Referir as consequências das “crises petrolíferas” nos países capitalistas (desenvolvidos e subdesenvolvidos)
e nos países comunistas.
2. Referir a substituição do modelo keynesiano pelo modelo monetarista e a introdução das primeiras medidas
neoliberais em países capitalistas desenvolvidos (EUA e Reino Unido).
3. Confrontar os princípios básicos do “Estado-Providência” com os do “Estado Neoliberal”.
Meta 26. Conhecer e compreender a unidade e diversidade do mundo comunista, os seus bloqueios e ruturas
1. Identificar no mundo comunista a existência de um modelo dominante (o soviético) e de modelos alterna-
tivos, exemplificando com o modelo maoísta chinês.
2. Indicar situações de intervenção da União Soviética em países da sua “zona de influência” com o objetivo de
manter os regimes vigentes.
3. Sintetizar os principais problemas políticos, económicos e sociais do “bloco soviético”.
4. Relacionar as profundas alterações introduzidas pelas “perestroika” e “glasnost” de Mikhail Gorbatchev com
o colapso do bloco socialista e a desintegração da URSS.
Domínio 12. O após-Guerra Fria e a globalizaçãoSubdomínios:12.1. Estabilidade e instabilidade num mundo unipolar
Meta 27. Conhecer e compreender a emergência e os limites do unilateralismo americano
1. Relacionar a derrocada do mundo comunista com a afirmação dos EUA como única superpotência político-militar.
2. Identificar a intervenção dos EUA em vários conflitos regionais, a desvalorização da função reguladora da
ONU e as dificuldades de afirmação da União Europeia no sistema de relações internacionais.
3. Reconhecer a vaga de processos de transição de regimes ditatoriais para sistemas políticos de cariz demo-
crático na América Latina, África e Sudoeste Asiático.
4. Apontar as características específicas do “terrorismo global” associado ao integrismo islâmico.
5. Referir as consequências humanas, financeiras e diplomáticas para os EUA do arrastar dos conflitos no Iraque
e no Afeganistão.
Meta 28. Conhecer e compreender o atual processo de globalização
1. Relacionar o desaparecimento do mundo comunista com o reforço da desregulação económica e social nos
países desenvolvidos e de desenvolvimento intermédio.
2. Explicar a maior integração das economias subdesenvolvidas na economia mundial fruto da deslocalização
da atividade produtiva.
3. Referir a importância das novas tecnologias – de informação, da comunicação e dos transportes – e da libera-
lização das trocas no reforço dos níveis de globalização da economia e na uniformização dos hábitos culturais.
4. Identificar as principais potências emergentes, destacando o caso chinês.
Meta 29. Conhecer os efeitos da integração portuguesa nas Comunidades Europeias/União Europeia
1. Descrever sucintamente o processo de adesão de Portugal às Comunidades Europeias.
2. Reconhecer a importância dos fundos comunitários na modernização das infraestruturas do país.
3. Identificar as principais transformações ocorridas na economia portuguesa com a adesão às Comunidades
Europeias/União Europeia, nomeadamente o impacto nos setores económicos mais tradicionais.
4. Identificar dificuldades estruturais e potencialidades da economia e da sociedade portuguesas.
15
Did
átic
a
Missão: História 9
MH
9DP
© P
orto
Edi
tora
Metas Curriculares em História: o que é mesmo importante?As Metas Curriculares colocam o foco nos conteúdos, nos conhecimentos a adquirir pelos alunos. Mas,
ao limitarmos a nossa análise das Metas Curriculares ao elencar dos objetivos gerais e descritores de
desempenho corremos o risco de transformar o ensino da História numa transmissão dirigista de co-
nhecimentos, num programa fechado. Ora, a História não pode ser trabalhada deste modo, sob risco
de perder a sua utilidade no currículo.
A História é uma ciência que tem, na sua matriz de conhecimentos, conceitos como a mudança. Assim,
a disciplina de História prepara os jovens para lidarem com novas realidades analisando a pluralidade
de informação disponível, com sentido de análise crítica e de interpretação multiperspetivada.
Quando estudamos História, relacionamos os temas com o nosso quotidiano, procuramos ele-mentos úteis e significativos para o presente.
Uma sala de aula do ano 2000 imaginada pelos ilustradores franceses Jean-Marc Cotê e Villemard, num postal para a Exposição Universal de 1900. Crianças sentadas em fila olham em frente mas não para o professor. Esse está ao lado, não interagindo com eles, a manipular a máquina à qual os alunos estão ligados por capacetes metálicos. Atira para lá os manuais cujos conteúdos serão inseridos nas cabeças dos alunos, fazendo uso da grande inovação da época: a energia elétrica.
Quem melhor do que nós, professores de História, para implementarmos estas ideias?
Vale sempre a pena ser professor de História!
16
Didática
Missão: História 9
MH
9DP ©
Porto Editora
BibliografiaBARCA, Isabel (2000). O Pensamento Histórico dos Jovens. CIEd, UM.
BARCA, Isabel (2004). Para uma Educação Histórica de Qualidade, Atas das IV Jornadas Internacionais de Educação
Histórica, Braga, Universidade do Minho.
BARTON, K. C. (2011). Wars and rumors of war: Making sense of history education in the United States. In T. Taylor, R.
Guyver (eds.), History wars in the classroom: Global perspectives. Charlotte, NC: Information Age Publishing.
BOGGINO, Norberto (2009). A avaliação como estratégia de ensino. Avaliar processos e resultados. Sísifo. Revista de
Ciências da Educação, 09.
DIAS, J. Xavier (2012). Do Local ao intercultural: um estudo com alunos do 6.° ano do Funchal, Revista AICA, n.° 4,
dezembro 2012.
DIAS, Paula (2013). Desenvolver a aprendizagem histórica para dar sentido ao passado: um trabalho com alunos
adolescentes portugueses. Prats, Barca e Fácal, Historia e Identidades Culturales, CIEd, UM.
FERNANDES, Domingos (2009). Avaliação das aprendizagens em Portugal: investigação e teoria da actividade. Sísifo.
Revista de Ciências da Educação, 09.
FOSTER, S. (2013). Transforming Teaching and Learning about the Holocaust through Research-Informed CPD [IOE Re-
search Briefing N°77], disponível em http://www.ioe.ac.uk/research/100944.html
GROSSO, Luís (2013). A História no ensino básico em Portugal no último quartel: perspetiva curricular Atas do V Sim-
posio Internacional de la Didáctica de las Ciencias Sociales en el âmbito iberoamericano e XIII Congresso Interna-
cional – Jornadas de Educação Histórica, CIEd, UM.
HOWSON, J. (2009). ‘Potential and pitfalls in teaching “big pictures” of the past’ in Teaching History, n.° 136. The Histo-
rical Association.
KELLAWAY, E., SPILLANE, T., HAYDN, T. (2013) ‘Never again’?, Teaching History, n.° 153, dezembro 2013.
STEPHEN, A. (2013). Patterns of genocide: can we educate Year 9 in genocide prevention?, Teaching History, n.° 152,
dezembro 2013, The Historical Association, disponível em http://www.holocausteducation.org.uk/teacher-
-resources/pedagogical-guidance/teaching-history-special-editions/#sthash.mRK9s4RW.dpuf
WERNECK, Hamilton (2001). Ensinamos de Mais, Aprendemos de Menos, Editora Vozes: Petrópolis.
87110.10