Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4,...

76
Negócios estruturados do Banco do Brasil Pág. 54 ISSN 1413-4969 Publicação Trimestral Ano XIII - Nº 4 Out./Nov./Dez. 2004 Revista de O Banco do Brasil em sinergia Pág. 74 Ponto de Vista O atendimento à agricultura familiar Pág. 26 O atendimento à agricultura empresarial Pág. 21

Transcript of Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4,...

Page 1: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Negócios estruturadosdo Banco do Brasil

Pág. 54

ISSN 1413-4969Publicação Trimestral

Ano XIII - Nº 4Out./Nov./Dez. 2004

Revista de

O Banco do Brasilem sinergia

Pág. 74

Ponto de VistaO atendimento àagricultura familiar

Pág. 26

O atendimento àagricultura empresarial

Pág. 21

Page 2: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

ObjetivoA Revista de Política Agrícola é uma publicação tri-mestral do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento e da Embrapa, dirigida a técnicos, empre-sários, pesquisadores que trabalham com o complexo agroindustrial e aqueles que buscam informações sobre política agrícola.

Submissão dos artigos Original: o texto deve ser digitado em Word, em espaço duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial do Word.

As figuras, na forma de gráficos, devem ser construídas em Excel.

As tabelas devem ser construídas em Excel ou Word. Os originais devem ser enviados para: [email protected] [email protected].

Os manuscritos podem ser encaminhados pelos cor-reios, para o seguinte endereço:

Regina VazSecretaria de Política Agrícola Esplanada dos Ministérios, Bloco D, 5º andarCEP 70043-900 Brasília, DFouMarlene de Araújo Secretaria de Gestão e EstratégiaEd. Sede da EmbrapaParque Estação Biológica - PqEBAv. W3 Norte (final)CEP 70770-901 - Brasília, DFCaixa Postal 04315

Apresentação do artigoO artigo deve ter no máximo 20 páginas.

A ordenação do artigo deve ser da seguinte forma: Título, Resumo, Introdução, Desenvolvimento desta-car de forma clara os títulos e subtítulos Conclu-são(es) e Referências.

Título: deve ter no máximo 7 palavras, grafadas em letras minúsculas, exceto a letra inicial, e em negrito.

Abaixo do título o nome completo dos autores, com chamada para nota de rodapé. Na nota de rodapé devem constar os seguintes dados: formação profissional, grau acadêmico, endereços institucional e eletrônico.

Resumo: deve conter, no máximo, 200 palavras, incluindo-se números, preposições, conjunções e artigos. Não deve conter citações bibliográficas.

Introdução: Deve apresentar de forma clara a importância, a justificativa e o objetivo do trabalho.

Desenvolvimento: As citações que constam no texto, devem constar nas referências, e devem ser normatizadas de acordo com NBR10520, da ABNT, Agosto de 2002.

Referências: devem ser normalizadas de acordo com a NBR 6023, Agosto 2002, da ABNT e devem ser apre-sentadas em ordem alfabética. Referenciar somente as fontes utilizadas na elaboração do artigo.

TabelasAs tabelas devem ser citadas no texto em ordem seqüencial numérica, com inicial maiúscula. Ex.: Tabela 1.

As citações de tabelas podem vir entre parênteses ou integrar o texto.

O título da tabela (em claro) deve ser precedido da palavra Tabela e o número (em negrito). Ex.: Tabela 1. Título...

Notas de rodapé das tabelas Em título, usar algarismo arábico, em forma de expoente (entre parênteses), à direita do título.

No cabeçalho, usar algarismo arábico, em forma de expoente (entre parênteses), à direita do termo explicativo.

No corpo da tabela, usar algarismo arábico, em forma de expoente (entre parêntese), à direita do dado a que faz referência. Usar asterisco somente para indicação de significância.

As notas devem figurar na base da tabela. Se a tabela contiver a fonte, esta deverá figurar abaixo das notas.

Fonte: esclarecer a origem dos dados que constam nas tabelas, indicando o autor, a instituição e a data. As fontes devem ser citadas com as demais referências.

FigurasAs figuras devem ser citadas no texto em ordem seqüencial numérica, com inicial maiúscula. Ex.: Fig. 1. As citações de figuras podem vir entre parênteses ou integrar o texto.

A legenda da figura (em claro) deve ser precedida da palavra Fig. e o número (em negrito). Ex.: Fig. 1. Legenda.

Fonte: esclarecer a origem das informações que constam nas figuras, indicando o autor, a instituição e a data. As fontes devem ser citadas com as demais referências.

Outras informaçõesO editor e a assessoria científica reservam-se o direito de solicitar modificações nos artigos e de decidir sobre sua publicação.São de exclusiva responsabilidade dos autores as opiniões e conceitos emitidos nos trabalhos.

Instruções aos Autores

Como publicar na Revista Política Agrícola

Page 3: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

ISSN 1413-4969

Publicação Trimestral

Ano XIII – Nº 4Out./Nov./Dez. 2004

Brasília, DF

Sumário

Carta da Agricultura

Banco do Brasil – Principal agentefinanceiro do governo .................................................... 3

O agronegócio brasileiro –Desempenho, mercados e potencialidades ..................... 4

Evolução histórica do crédito rural ............................... 10

O crédito rural – Alavanca do agronegócio .................. 18

O atendimento à agricultura empresarial ...................... 21

O atendimento à agricultura familiar ............................. 26

Banco do Brasil e cooperativas ..................................... 36

Soluções inovadoras para o agronegócio ..................... 41

Investimento agropecuário –Âncora do desenvolvimento......................................... 51

Negócios estruturados do Banco do Brasil .................... 54

Referencial técnico da atratividade agropecuária .......... 59

Oportunidades do agronegócio e novos mercados ....... 62

Rally da Safra ............................................................... 65

O desenvolvimento regionalsustentável no Banco do Brasil ..................................... 69

Ponto de Vista

O Banco do Brasil em sinergia ...................................... 74Ricardo Alves da Conceição

Conselho editorialEliseu Alves (Presidente)

Elísio ContiniHélio Tollini

Antônio Jorge de OliveiraRegis Alimandro

Biramar Nunes LimaPaulo Magno Rabelo

Secretaria-geralRegina Vaz

Coordenadoria editorialMarlene de Araújo

Cadastro e DistribuiçãoCristiana D. Silva

Supervisão editorialLillian Alvares

Lucilene Maria de Andrade

Revisão de textoFrancimary de M. e Silva

Revisão de referênciasCelina Tomaz de Carvalho

Projeto gráfico e capaCarlos Eduardo Felice Barbeiro

Foto da capaArquivo do Departamento deMarketing do Banco do Brasil

Impressão e acabamentoEmbrapa Informação Tecnológica

Page 4: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 2

A Revista de Política Agrícola é uma publicação trimestral doMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e daEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),dirigida a técnicos, empresários, pesquisadores que traba-lham com o complexo agroindustrial e aqueles que buscaminformações sobre política agrícola.

Interessados em receber a Revista de Política Agrícola,comunicar-se com:

Secretaria de Política AgrícolaEsplanada dos Ministérios, Bloco D, 5º andarCEP 70043-900 Brasília, DFFones: (61) 218-2505 / 225-2785 / 218-2209Fax: (61) [email protected]

Secretaria de Gestão e EstratégiaEdifício-Sede da EmbrapaParque Estação Biológica (PqEB) Av. W3 Norte (final)CEP 70770-901 Brasília, DFFones: (61) 448-4303Fax: (61) [email protected]

É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos e dadosdesta Revista, desde que seja citada a fonte. As matériasassinadas não refletem necessariamente a posição doMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, daEmbrapa, nem dos seus editores.

Tiragem2.500 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica

Revista de política agrícola. — Ano 1, n. 1 (fev. 1992) - . — Brasília: Secretaria Nacional de Política Agrícola, Companhia Nacionalde Abastecimento, 1992-

v. ; 27 cm.

Trimestral. Bimestral: 1992-1993.Editores: Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Gestão e Estratégia daEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2004- .

Disponível também em World Wide Web: <www.agricultura.gov.br>ISSN 1413-4969

1. Política agrícola. I. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento. Secretaria de Política Agrícola. II. Empresa Brasileirade Pesquisa Agropecuária. Secretaria de Gestão e Estratégia.

República Federativa do Brasil

Luiz Inácio Lula da SilvaPresidente

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Roberto RodriguesMinistro

Secretaria de Política Agrícola

Ivan WedekinSecretário

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Conselho de Administração

Luis Carlos Guedes PintoPresidente

Silvio Crestana Vice-Presidente

Alexandre Kalil PiresErnesto Paterniani

Hélio TolliniMarcelo Barbosa Saintive

Membros

Diretoria-Executiva

Silvio CrestanaDiretor-Presidente

José Geraldo Eugênio de FrançaKepler Euclides Filho

Tatiana Deane de Abreu SáDiretores-Executivos

Secretaria de Gestão e Estratégia

Antônio de Freitas Filho

Chefe (interino)

Embrapa Informação Tecnológica

Fernando do Amaral PereiraGerente-Geral

CDD 338.18 (21 ed.)

Page 5: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 20043

A missão institucional do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) éestimular o aumento da produção agropecuária eo desenvolvimento do agronegócio, com oobjetivo de atender ao consumo interno e formarexcedentes para exportação.

Para cumprir sua missão, o Mapa trabalhacom diversos parceiros, que contribuem, dentrode suas áreas de atuação, para a consecução daspolíticas para o desenvolvimento do agronegócio.

Nesse contexto, destaca-se o Banco doBrasil, historicamente apoiando o agronegócio econtribuindo para o sucesso dos planos agrícolase pecuários governamentais, com assistênciafinanceira ao segmento.

O Banco do Brasil está presente em todasas partes do País, desde os pontos tradicional-mente produtores até as fronteiras agrícolas. Éresponsável pela implementação de quase 60%dos planos governamentais, tendo atuado comresponsabilidade, desempenhando um papelsocial importantíssimo. Ademais, sua atuação épautada pela inovação.

Essas inovações são visíveis tanto com oaperfeiçoamento dos instrumentos tradicionais de

Banco do BrasilPrincipal agentefinanceiro do governo

Car

ta d

a A

gric

ult

ura

crédito como com a criação de novos mecanis-mos de financiamento e apoio à comercialização.Um bom exemplo dessa criatividade fez 10 anosem 2004 – a Cédula de Produto Rural. Com umdesempenho invejável, o Banco do Brasil temdisponibilizado essa forma alternativa ao créditooficial, provendo os produtores rurais de recursospara custeio e comercialização a taxas inferioresàs do mercado financeiro.

O Banco do Brasil está sempre visando oinvestimento sustentável, buscando a eficiênciae gerando a melhoria da competitividade doagronegócio.

As medidas governamentais, implementadascom o apoio de seus parceiros, tem proporcionadoao País safras com recordes de produção dealimentos, superávits nas contas externas,geração crescente de empregos, inclusão social,e melhoria da renda, com sua distribuição maisequânime no campo.

É com esse desempenho que o Banco doBrasil reforça a profícua colaboração já existentecom o Ministério da Agricultura, além de seconfirmar como principal agente financeiro dogoverno.

Roberto Rodrigues1

1 Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Page 6: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 4

Introdução

Este artigo tem o próposito de fazer umareflexão sobre as oportunidades e potencialidadesdo agronegócio brasileiro em função de algunsaspectos dos cenários nacionais e internacionais.

Desempenho

Responsável atual por 34% do PIB e 32%dos empregos gerados, o agronegócio, com oapoio do Banco do Brasil, vem mostrando a suaimportância para o País, proporcionando cada vezmais empregos, renda, divisas e desenvolvimento.Graças a ele, as cidades do interior do Paísestão despontando em qualidade de vida e apopulação voltou a prestigiar os campos e arespeitar o meio rural.

Graças ao saldo da balança comercial doagronegócio (US$ 25,8 bilhões em 2003), o saldototal brasileiro foi positivo em US$ 24,8 bilhões,podendo ampliar para US$ 28 bilhões em 2004.

Pode-se dizer também que o agronegóciovem se transformando na escola de negóciosinternacionais, abrindo novos mercados e novosrelacionamentos para todas as empresasbrasileiras, inclusive de outros segmentos, comode prestação de serviços e até de finanças.

A produção brasileira de grãos vem batendosucessivos recordes graças ao incremento dasprodutividades médias obtidas, sendo que as áreasplantadas evoluíram proporcionalmente menos.

Na safra 2004/2005, a produção pode ficar entre130 e 135 milhões de toneladas de grãos.

A Tabela 1 apresenta a evolução das safrasnos cultivos de soja, milho arroz, trigo, feijão,algodão e sorgo.

Investimentos em pesquisas e tecnologiastornaram a soja, carnes e outros produtos brasi-leiros os mais competitivos do mundo, compen-sando os subsídios concedidos nos paísesconcorrentes.

Graças às safras recordes, o Brasil atraiugrandes empresas internacionais que contribuíramna melhoria da qualidade produtiva daagroindústria, via competitividade, até aos padrõesinternacionais. Prevê-se que várias empresasainda estão por vir e prospectam fusões e acordoscom empresas nacionais. Ainda na esteira dassafras, o País pode ampliar a produção e aexportação de carnes, altamente agregadoras devalor, geradoras de empregos e renda e indutorasdo desenvolvimento regional, conformedetalhamento na Tabela 2.

Em 2003, o Brasil já era o maior exportadormundial de café, fumo, suco de laranja, açúcar,álcool, carne bovina, couro curtido e calçados.Também, além de ser o primeiro ou segundo maiorvendedor, detinha 38% do mercado de soja-grão;44% do de café solúvel e, em agosto/04,ultrapassou os Estados Unidos, como o maiorexportador mundial de carne de frango.

O agronegócio brasileiroDesempenho, mercadose potencialidades

Banco do BrasilDiretoria de Agronegócio

Page 7: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 20045

Tabela 1. Brasil - evolução da produção de grãos (em milhões de t).

(1) Previsão Conab (2004).(2) Var.% P = Variação Pontual %.Fonte: IBGE (1965-2003) e CONAB (2004). (IBGE, 1970, 1975, 1989, 1995).

Tabela 2. Brasil - carnes - evolução dos suprimentos.

Avicultura de corte

Produção de carne de frango (1.000 t)Exportação (1.000 t)Disponibilidade interna (1.000 t)Disponibilidade per capita (kg/hab./ano)

Bovinos

Produção de carne (1.000 t equiv. carcaça)Importação (1.000 t equiv. carcaça)Exportação (1.000 t equiv. carcaça)Disponibilidade interna (1.000 t equiv. carcaça)Disponibilidade per capita (kg/hab./ano)

Suínos

Produção de carne (1.000 t equiv. carcaça)Importação (1.000 t equiv. carcaça)Exportação (1.000 t equiv. carcaça)Disponibilidade interna (1.000 t equiv. carcaça)Disponibilidade per capita (kg/hab./ano)

Itens

(1) Previsões.(2) Estimativas.Fonte: Conab (2004).

5.980,6916,1

5.064,529,9

6.578,876,5

580,76.074,6

35,8

2.556,00,5

141,12.415,4

14,2

2000

6.567,31.265,95.301,4

30,8

6.823,642,2

821,96.043,9

35,1

2.730,00,3

283,32,447,0

14,2

2001

7.449,01.624,95.824,1

33,4

7.139,373,8

964,86.248,3

35,8

2.872,00,2

474,32.397,9

13,7

2002

7.574,11.900,05.674,1

32,1

7.230,570,4

1.202,16.098,8

34,5

2.710,00,3

550,02.160,3

12,2

2003(1)

7.660,02.000,05.660,0

31,6

7.323,070,4

1.442,05.951,4

33,2

2.833,00,3

550,02.283,3

12,7

2004(2)

38,6157,6

19,2--

14,212,6

157,7

-8,0

68,3-76,9453,3

44,030,9

Var. %

5.526,0776,4

4.749,629,0

6.413,362,5

559,55.916,3

36,1

1.683,61,3

99,41.585,5

9,7

1999

0,0012,117,580,582,29

1,980,000,00

25,10

1965

5,0114,117,172,032,23

1,040,250,00

32,58

1970

9,8916,30

7,781,792,28

1,330,200,13

38,08

1975

15,1620,40

9,772,701,97

1,440,180,10

49,97

1980

18,3022,01

9,024,322,55

2,670,270,32

56,19

1985

19,9021,34

7,423,092,23

1,300,240,36

56,49

1990

30,7632,3911,582,402,89

0,930,620,86

82,43

1999

32,3431,6411,421,663,09

1,180,780,92

83,03

2000

38,4342,2910,38

3,192,59

1,520,890,98

100,27

2001

41,9235,2810,63

2,912,98

1,240,791,01

96,76

2002

52,0147,4110,37

5,853,20

1,361,691,28

123,17

2003

893,6248,1

69,0946,6

32,3

3,0684,0

1015,4375,3

Var.% P(2)

41,735,310,7

5,12,5

1,71,61,2

100,0

Part.% 04

SojaMilhoArrozTrigoFeijãoAlgodãocaroçoSorgoOutrosTotal

Grãos

25,5836,2811,231,522,91

0,760,260,28

79,65

1995

49,7842,1612,81

6,073,03

2,041,961,45

119,30

2004(1)

Page 8: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 6

Em 2003, as vendas do complexo-carneschegaram a US$ 3,6 bilhões, com incremento de32% em relação a 2002, só superadas pelocomplexo-soja. As exportações brasileiras dealimentos chegaram a R$ 40,8 bilhões, o querepresentou 25% da produção total, emcomparação 14% da produção em 2000.

Para 2004, espera-se que as exportaçõesagrícolas atinjam o recorde de US$ 35 bilhões,US$ 4,8 bilhões mais que em 2003.

Só as vendas para a China podem chegar aUS$ 5,9 bilhões, três vezes mais que em 2001.Por questões de geopolítica, os chineses queremdiversificar as fontes de suprimentos de alimentos,muito concentradas nos Estados Unidos. O graude presença da China no comércio internacionalde alimentos, hoje, é um dos fatores que maisinfluem no comportamento desses mercados, queabrem grandes perspectivas de ampliação dasexportações de alguns produtos-chave doagronegócio brasileiro como bebidas (vinhos finos ecerveja), carnes, café, suco de laranja, frutas e grãos.Estima-se que, em 2004, o comércio com a China,que somou US$ 4 bilhões em 2002 (US$ 2,5 bilhõesde exportações), possa mais que dobrar.

O agronegócio também é fundamental nageração de emprego. Estudo da Universidade deSão Paulo (USP) revelava que, para cada R$ 1,00aplicado na agricultura, eram gerados R$ 3,86 naeconomia em menos de um ano. Segundo o censodo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) (IBGE, 1995)), investir nas fazendas éessencial para a ampliação da renda dos imóveis.Na média Brasil, o acréscimo de R$ 1,00 no volu-me de investimentos por hectare elevava a rendaagrícola em R$ 2,57. Além disso, é importante

ressaltar que cada meio bilhão de dólares deexportações criava 50 mil empregos.

Somente a recuperação de 2 milhões de ha/ano para a produção de grãos e a implantação de100 mil ha/ano de fruticultura asseguraria acriação de pelo menos 1 milhão de empregos porano, diretos e indiretos.

Mercados

Em termos de mercado interno, sabe-se queo potencial consumidor brasileiro de alimentos ebebidas é um dos maiores do mundo. Em 2000, onosso potencial de consumo teria chegado aUS$ 425,3 bilhões, em torno de R$ 1 bilhão, sendoque as vendas de alimentos ainda eram deUS$ 80 bilhões.

Em 2002, a capacidade de consumo deUS$ 1,3 trilhão tornava o País a sexta economiamundial, atrás dos Estados Unidos, China, Japão,Índia e Alemanha, conforme Tabela 3.

Estudos mostravam que se o PIB per capitado Norte e Nordeste ampliasse 10%, em US$, aprodução de grãos teria que dobrar para atendera maior demanda interna por carnes e lácteos.Também, o mesmo ocorreria se as exportaçõestivessem acréscimo de 30%, o que já vemocorrendo.

A população brasileira continua a crescer,com previsão de atingir, daqui a 18 anos, 200milhões de indivíduos. O crescimento econômico,ainda que por taxas modestas, incorporará maispessoas ao mercado e melhorará as perspectivaspara o aumento do consumo de alimentos.

Tabela 3. Mundo – 2002 – comparativo do PIB real e do PIB de paridade de poder de compra(1)

(em US$ trilhões).

PIB real (A)PIB poder de compra (B)Var.% (B)/(A)

Itens

(1) Considerada a forma mais precisa de medição de riquezes dos países.Fonte: FMI e World Bank e FGV-Brasil.

10,709,91-7,4

EstadosUnidos

1,165,51

375,0

China

4,253,44

-19,1

Japão

2,55--

Índia

1,872,1112,8

Alemanha

0,501,34

168,0

Brasil

1,41----

ReinoUnido

1,30----

França

Page 9: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 20047

Segundo estimativas do Grupo de Estudosda USP (Pensa), em 2000, o grande mercadoconsumidor no Brasil ficava em torno de 30milhões de pessoas, concentradas nos grandescentros urbanos e cidades de médio porte. O po-tencial de crescimento desse segmento girava emtorno de 20% a.a.

É preciso também lembrar que a demandamundial por alimentos praticamente dobrará nospróximos anos; que há certo desenvolvimentoeconômico nas principais nações, sobretudonaquelas em desenvolvimento (China), aumen-tando a demanda, e que boa parte da populaçãomundial ainda passa fome, devido a fatores comomá distribuição de renda.

Quanto à necessidade de expansão daprodução de alimentos no mundo, o Brasil é umdos poucos países com elevado potencial para asua produção. A colheita de grãos aumentou cercade 375% entre 1965 e 2004, com destaques paraas produções de soja, milho e arroz. A capacidadepotencial de produção de grãos é de 500 milhõesde t., segundo os atuais níveis de produtividade.

Para a Organização das Nações Unidaspara Agricultura e Alimentação (FAO), com a taxaatual de crescimento da população mundial,haverá a necessidade de dobrar a quantidade dealimentos a cada 50 anos. Já o Hudson Institute,de Indianápolis (EUA), estima que, até 2040, serápreciso duplicar a produção mundial de alimentos.A situação poderá ficar ainda mais grave se aChina continuar com desenvolvimento de 7% a9% a.a.

Hoje, para a FAO, existe 0,30 hectarecultivado por pessoa; há 25 anos, essa relaçãoera de 0,50 ha/pessoa. Daqui a 30 anos, cadahabitante do planeta corresponderá a 0,15 hacultivado. Ou seja, a população amplia, consomemais e cultiva menos.

Segundo o agrônomo Norman Borlaug(apud SOUZA, 2004a,2004b), Prêmio Nobel daPaz e pai da chamada “Revolução Verde”, mesmoque o consumo per capita de alimentospermaneça constante, o aumento da populaçãoirá requerer a produção de mais 2,6 bilhões de

toneladas brutas em 2025. Todavia, se oscardápios melhorarem para os pobres (cerca de1 bilhão de pessoas), a demanda mundial poralimentos aumentaria 100%, o que requereriacolheitas anuais de 9,0 bilhões de toneladas brutas,contra as 4,5 bilhões de t. de 2000.

O Brasil destaca-se como um dos poucospaíses do mundo em condições de suprir talaumento de demanda.

Potencialidades

O Brasil tem uma série de vantagenscomparativas no agronegócio e que não serãoeliminadas por crises conjunturais de preços. Entreas principais, destacam-se:

Pelo lado da oferta:

• Elevada oferta de áreas agricultáveis, comclima, solos e relevo favoráveis. Em nenhum lugardo planeta a soja pode crescer tanto.

• Bom potencial de avanço da produçãovertical, através de ganhos de produtividade.

• Avanço recente em pesquisas e nodesenvolvimento de variedades adaptadas aoscultivos regionais.

• Consolidação dos binômios de exploraçãolavoura-pecuária.

• Maior profundidade e permeamento dossolos, reduzindo os riscos ambientais.

Pelo lado da demanda:

• Tendência natural de aumento da rendainterna, com excelente potencial de consumo “percapita”, sobretudo de carnes. É evidente que oPaís não ficará em recessão para sempre ealgumas projeções apontam aumento daschances de que venha a ter crescimento da rendaa partir de 2004.

• Consolidação da produção de carnes,tanto mundial como internamente, sendo esseprocesso mais forte nas carnes brancas, o queproduz efeito quase que proporcional na demandapor farelo de soja e milho.

Page 10: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 8

• Com o crescimento vegetativo dapopulação mundial permanece em crescimentoo consumo potencial de proteínas. Na escalamundial, são cerca de 80 milhões de habitantes amais por ano.

• Com a intensificação do processo deindustrialização, o País observa um processo deurbanização, elevando também o consumo deproteínas.

• Nova política cambial a partir de janeiro/1999, restabelecendo a competitividade do setorexportador brasileiro. Esse processo favoreceutodo o complexo-carnes e, de modo especial, àsvendas do complexo-soja.

• Desoneração do ICMS na exportação,incentivando as vendas, para os analistas.

• Parque industrial moderno. É notório oprocesso de reformulação que o parque industrialbrasileiro vem sofrendo nos últimos anos,especialmente visando ao aumento da escala,tanto de processamentos como de suprimentos.Embora pequenas unidades estejam sendodesativadas, novos investimentos estão sendofeitos e vem aumentando a produtividade médiadas plantas industriais.

Quanto à integração comercial dosContinentes, a Área de Livre Comércio dasAméricas (Alca) será a maior área de livrecomércio do planeta, pois terá 770 milhões depessoas e um PIB de mais de US$ 10,0 trilhões.A União Européia tem 700 milhões de habitantese US$ 7,5 trilhões de PIB. A agroindústria brasileiraé o setor que mais teria a ganhar com a Alca,caso os Estados Unidos concordem em rever suapolítica de subsídios à produção local. Tambémhaveriam substanciais ganhos com o Acordo coma União Européia, aliás com melhores parceriasem agronegócios.

Em 08/2001, estudos da Câmara doComércio Exterior (Camex) apontavam que, apósa Alca, as exportações agrícolas brasileiraspoderiam ter incremento entre U$ 3,0 bilhões eUS$ 8,0 bilhões/ano. A nossa competitividadeseria ampliada em açúcar, álcool, suco de laranjae carne de frango, em que haviam restrições àentrada nos Estados Unidos. Também ampliariamnossas vendas de carne bovina, suína, fumo ecigarros.

As vendas de carne de frango (peito) paraos Estados Unidos chegariam a US$ 1,0 bilhão/ano (500 mil t) e as de carne bovina entreUS$ 500,0 milhões e US$ 1,0 bilhão em 5 anos, adepender da assinatura concomitante de umacordo sanitário, facilitado após o Acordo.

Segundo estudos do Inter-AmericanDevelopment Bank (apud SOUZA, 2004a),divulgados pela Confederação Nacional daAgricultura (CNA), o Brasil aumentaria em 27%suas exportações agrícolas após o Acordo. Aindaa CNA prevê que o Brasil poderia ganharUS$ 8,0 bilhões/ano em exportações, após a Alca.

O Brasil tem área de cerca de 11,2 milhõesde km2, sendo 8.547.403 km2 em terra e cerca de2,66 milhões de km2 no mar de 200 milhas. Somosum país gigante. A nossa dimensão equivale a 23vezes a do Japão; 15 vezes a da França; a 1,6%da superfície do globo; a 6% das terras emersas;a 20,8% do continente americano; a 41,5% daAmérica Latina e a 47,7% da América do Sul.Somos também o terceiro País em extensão nocontinente americano, só superado pelo Canadáe Estados Unidos.

No Brasil, estima-se que existam 582milhões de hectares aptos para a agricultura, dosquais 190 milhões ainda não explorados e comelevado potencial para a produção de grãos e deoutros produtos agrícolas. Só a capacidadepotencial de produção de grãos no Brasil é daordem de 500 milhões de toneladas, para os atuaisníveis de produtividades, conforme a Tabela 4.

Também nossas características de solo,relevo e clima permitem cultivar o ano todoinúmeros produtos. O Brasil é um dos poucospaíses do mundo com essa condição. Em apenas30 anos, graças às pesquisas e ao apoio financeiro,a produção de grãos quase quadruplicou, anteincremento de apenas 43% na área.

A área total dos cerrados atinge mais de 204milhões de hectares – equivalentes a 24% doterritório brasileiro – dos quais 151 milhões dehectares ainda a serem explorados. Desse total,cerca de 127 milhões têm potencial agrícola eapenas 47 milhões eram ocupados em 2000 (35milhões com pastagens cultivadas, 10 milhõescom cultivos anuais e 2 milhões com culturasperenes e reflorestamentos). Dispúnhamos,portanto, de 80 milhões de hectares agricultáveissomente nos cerrados ainda por serem explorados.

Page 11: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 20049

Dessa área, cerca de 54 milhões situam-se nasproximidades dos “Corredores de Transporte”, emimplantação.

A competitividade do agronegócio brasilei-ro podia ser observada em 2001 pelos itens aseguir:

a) O custo de produção do açúcar brasilei-ro era da ordem de 7,50 cents/libra, metade docusto do segundo exportador mais eficiente.

b) Uma saca de café adensado, custavaentre US$ 50 e US$ 65 e só o Vietnã produziamais barato.

c) O suco de laranja brasileiro custavamenos da metade do produto da Flórida (EUA).

d) A soja nas regiões mais produtivas(Paraná e Mato Grosso) tinha produtividade maiorque a estadunidense.

e) O custo de produção de uma toneladade carne vermelha era de US$ 3.000 na UniãoEuropéia, US$ 2.600 nos Estados Unidos,US$ 1.600 na Austrália e entre apenas US$ 1.000e US$ 1.200 no Brasil. A carne branca européiacustava 80% mais que a brasileira, enquanto ados Estados Unidos era 10% mais cara.

f) A carne bovina brasileira, além daengorda natural em pastagens e de não conterhormônios, custava US$ 0,99/kg em 2000, anteUS$ 1,80/kg nos Estados Unidos, US$1,60 naAustrália e US$ 1,30 na Argentina, nossos maioresconcorrentes.

g) O custo de produção de celulose era dosmais baixos do mundo.

h) Na suinocultura, nosso custo médio deprodução de US$ 0,63/kg em 2001 era menos dametade do da França de US$ 1,27/kg e bemabaixo do dos Estados Unidos (US$ 0,99/kg).

Por tudo isso, somos, sem dúvida, um dospaíses de melhor futuro no agronegócio mundiale nada há de desviar-nos de nossa vocação naturalde celeiro da humanidade. Temos, ainda, à favor,o melhor do Brasil: o produtor brasileiro,acostumado a enfrentar e a vencer desafios.

ReferênciasABAG. Associação Brasileira de Agrobusiness. A Agricultura naVirada do Século XX. São Paulo,1997.

CONAB. Conjuntura econômica. Suplemento de carnes.Disponível em: www.conab.gov.br>. Acesso em: 20 out. 2004.

GASQUES, J. G.; CONCEIÇÃO, J. C. Transformações da agriculturae política públicas. Brasília: IPEA, 2001.

IBGE. Levantamento sistemático da produção agrícola: 1965-2003. Rio de Janeiro, 1965-2003. 120 p.

IBGE. Censo agropecuário. Rio de Janeiro, 1995. 299p. (IBGE.VIII Recenseamento Geral 1970. Serie Nacional, v.3).

SOUZA, Clímaco Cézar. Indicadores Globais do Agronegócio.Ribeirão Preto, SP: Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração(INEPAD), 2004a. (Agronegócios: diagnósticos e tendências).Livro-Vivo 1. Disponível em: <www. bmf.com.br> ou<www.agrovision.com.br>. Acesso em: 25 out. 2004.

SOUZA, Clímaco Cézar. Suprimento e Comércio de Alimentos.Ribeirão Preto, SP: Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração(INEPAD), 2004b. (Agronegócios: diagnósticos e tendências).Livro-Vivo 3. Disponível em: <www. bmf.com.br> ou<www.agrovision.com.br>.

SOUZA, Clímaco Cézar. Segmento Fornecedor Pecuário.Ribeirão Preto, SP: Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração(INEPAD), 2004c. (Agronegócios: diagnósticos e tendências).Livro-Vivo 4. Disponível em: <www. bmf.com.br> ou<www.agrovision.com.br>.

ZYLBERSTAJN, Décio; NEVES, Marcos Fava (Org.). Economia &Gestão nos negócios agroalimentares. São Paulo: Pensa: Editorada USP: Pioneira, 2000.

Tabela 4. Mundo – 1997 – agricultura – potencial do Brasil no cenário mundial.

Área totalÁrea total agricultávelÁrea plantadaÁrea agricultável disponível para plantio

Itens

Fonte: ABAG - Associação Brasileira de Agribusiness (1997).

Milhões de haMilhões de haMilhões de haMilhões de ha

Unidades

13.0002.9001.5001.400

Mundo

100,022,051,049,0

Part. %

846547

53494

Brasil

100,065,010,090,0

Part. %

Page 12: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 10

“O Sistema de equivalência-produto já éapontado como uma das principais formas definanciamento do plantio para médios egrandes produtores (renda anual bruta superiora R$18 mil) ...”1

O texto acima, de caráter apenasilustrativo, foi retirado de um artigo publicadona edição da Agrofolha de 13 de setembro de1994 e, certamente, outros assuntos relaciona-dos a “planos de safra” ocuparam lugar dedestaque nos meios de comunicação desde queo presidente Humberto Castello Brancosancionou a Lei nº 4.829, que institucionalizouo Crédito Rural, em 05 de novembro de 1965(BRASIL, 1965b).

De fato, desde o princípio da colonizaçãoé reconhecida a importância da agropecuáriapara a economia nacional, destacando-se nahistória do Brasil os ciclos da cana-de-açúcar,do algodão e do café, além de outros como oda mandioca, o do milho e, mais recentemente,o da soja. Dada essa relevância, os governos,ao longo do tempo, preparam a estratégia paraa produção agropecuária, materializando-a nos“planos de safra”, geralmente divulgados noinício do segundo semestre civil de cada ano.

Basicamente, os planos de safra contem-plam as medidas de incentivo à produção dedeterminados produtos e o volume de recursosdestinados à agropecuária, inclusive o montantede crédito a juros favorecidos a ser disponibi-

lizado no ano safra (período compreendido dejulho do ano corrente a junho do ano seguinte).Esse montante depende da disponibilidadeorçamentária do Tesouro Nacional para viabili-zar o subsídio financeiro que, direta ou indireta-mente, sempre esteve presente nas políticas parao setor.

Cabe salientar que o subsídio à produçãoagropecuária é prática adotada, com maior oumenor intensidade e de forma diversificada,pelos governos de todos os principais paísesprodutores, como política de incentivo, sob aargumentação de que a dependência climáticaé um risco adicional da atividade agropecuária,quando comparada à indústria ou ao comércio.

Objetivos e finalidadesdo Crédito Rural

Desde sua institucionalização, em 1965,o Crédito Rural cumpre os seguintes objetivos2:

• Estimular o incremento ordenado dosinvestimentos rurais, inclusive para armazena-mento, beneficiamento e industrialização dosprodutos agropecuários, quando efetuados porcooperativas ou pelo produtor na sua proprie-dade rural.

• Favorecer o custeio oportuno eadequado da produção e a comercialização dosprodutos agropecuários.

Evolução históricado crédito rural

Banco do BrasilDiretoria de Agronegócios

1 Agrofolha, 13 de setembro de 1994. Suplemento do Jornal Folha de São Paulo.2 Lei nº 4.829, que institucionalizou o Crédito Rural, em 5 de novembro de 1965 (BRASIL, 1965b).

Page 13: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200411

• Possibilitar o fortalecimento econômicodos produtores, notadamente considerados ouclassificados como pequenos e médios.

• Incentivar a introdução de métodosracionais de produção, visando o aumento daprodutividade e a melhoria do padrão de vidadas populações rurais e à adequada defesa dosolo.

Quanto à finalidade, o Crédito Rural podeser agrupado em:

Custeio: quando atende às despesas dociclo produtivo.

Investimento: quando é destinado ainversões em bens e serviços que gerem bene-fícios por mais de um ciclo de produção.

Comercialização: quando atende àsdespesas de pós-produção.

As principais linhas de crédito, por finalida-de, estão listadas neste artigo.

Avanços legais:

Os principais dispositivos legais, nos osquais está normatizado o Crédito Rural, são:

• Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de1964, que criou o Sistema Nacional de CréditoRural (BRASIL, 1965a).

• Lei nº 4.829, de 5 de novembro de 1965,que institucionalizou o Crédito Rural (BRASIL,1965b).

• Decreto nº 58.380, de 10 de maio de1966, que aprovou a regulamentação da Leinº 4829.

• Decreto-Lei nº 167, de 14 de fevereirode 1967, que dispõe sobre títulos de crédito rurale dá outras providências (BRASIL, 1967).

• Medidas Provisórias e Portarias Intermi-nisteriais específicas.

• Resoluções, Circulares, Cartas-Circula-res e Normas divulgadas pelo Banco Centraldo Brasil que compõem o Manual de CréditoRural (MCR)(BANCO CENTRAL DO BRASIL,1987-2004).

Sistema Nacional deCrédito Rural (SNCR)

O SNCR é constituído de órgãos básicos,vinculados e articulados. São órgãos básicos oBanco Central do Brasil (Bacen), Banco do Brasil(BB), Banco da Amazônia (Basa) e Banco doNordeste (BNB). Como órgãos vinculados temoso Banco Nacional do DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES), bancos privadose estaduais, caixas econômicas, cooperativasde crédito rural e sociedades de crédito. Porúltimo, existem os órgãos articulados que sãoos órgãos oficiais de valorização regional eentidades de prestação de assistência técnica(Fig. 1).

Fig. 1. Sistema Nacional de Crédito Rural.

Fonte: Manual de Crédito Rural do Banco Central do Brasil (adaptado).

Antes de 1965, o crédito rural eraexecutado somente pelo Banco do Brasil, pormeio de sua Carteira de Crédito Agrícola eIndustrial (Creai), criada em 1935.

A legislação básica, como se depreende,foi elaborada num contexto bastante diferentedo atual agronegócio brasileiro e, por issomesmo, vem sendo complementada com outrasleis, decretos e programas no decorrer dos anos,para que se mantenha adequada à realidadeda agropecuária nacional.

Algumas medidas foram verdadeirosmarcos na história e evolução do crédito rural:

• 1967: a resolução do ConselhoMonetário Nacional tornou obrigatório odirecionamento de 10% dos depósitos à vista

Page 14: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 12

no sistema bancário para a concessão decrédito ao setor agrícola.

• 1986: extinção da Conta Movimento oque limitou os recursos para o Crédito Rural àdisponibilidade da União.

• 1986: criação da Poupança Rural. Osbancos oficiais ficaram autorizados a operarcom essa fonte de recursos que se tornou, em1988, na maior fonte supridora para o CréditoRural.

• 1991: aumento da participação doBNDES no crédito rural por meio da FinameRural (Agência Especial de FinanciamentoIndustrial - Finame), do Programa de OperaçõesConjuntas (POC) e do Programa de OperaçõesDiretas do próprio Banco. Até então, tradicio-nalmente, o BNDES sempre esteve voltado parao financiamento de investimentos industriais.

• 1995: criação do Programa Nacionalde Fortalecimento da Agricultura Familiar(Pronaf).

• 1996: criação do Programa de Securiti-zação das dívidas dos agricultores, que permitiuo reescalonamento do vencimento das opera-ções a taxas de juros compatíveis com a ativi-dade agropecuária.

A Securitização das dívidas foi necessáriapois, nas tentativas de estabilização da economiaque se sucederam no Brasil, diversos desencontrosentre a correção das dívidas e dos preços mínimosforam muito desfavoráveis aos agropecuaristas.

Transição para consolidação

Até 1994, o financiamento do agronegóciobrasileiro caracterizou-se por uma fortedependência de recursos oficiais e o governoexercia grande interferência no mercado, pormeio da Política de Preços Mínimos (PGPM).Essa fase culminou com um grande des-compasso entre o custo do financiamento(indexado) e o preço dos produtos agrope-

cuários. Nesse contexto, o sistema financeiroreduziu sua atuação no crédito rural em razãodo elevado risco da atividade.

Aconteceram, então, fatos relevantespara a reversão desse quadro, entre os quaisdestacamos:

• Estabilização da economia (Plano Real).

• Definição de taxas prefixadas para ocrédito rural.

• Criação de programas especiais para oreescalonamento das dívidas rurais (Securiti-zação Rural (1996), Programa Especial deSaneamento de Ativos (Pesa) (1998), Programade Revitalização das Cooperativas Agropecuá-rias (Recoop) (1998) e Programa de Fortaleci-mento das Instituições Financeiras Oficiais(2001).

• Definição de novas linhas de crédito,com destaque para as linhas direcionadas ainvestimentos.

Nessa época (1994-1995) o mercado jáassimilava o conceito de “Cadeia Produtiva”,exaustivamente divulgado pela AssociaçãoBrasileira de Agribusiness (Abag), que trouxeuma nova visão do mercado do agronegóciono Brasil, inclusive para os agentes financeiros.A cadeia produtiva é composta pelos váriosagentes de um segmento econômico e comosão “elos” interdependentes, as políticas emedidas governamentais precisam prever eplanejar visando beneficiar todos os agentes dacadeia, conforme pode-se ver na Fig. 2.

O Banco do Brasil também tomoudecisões importantes, nesse período, que lhegarantiram a posição de liderança no mercadodo agronegócio, resgatando uma parceriahistórica com o setor. Algumas dessas açõesmerecem destaque:

• Aperfeiçoamento do modelo derelacionamento negocial com os agentes dasmais diversas cadeias produtivas.

• Implementação de novas modalidadesde financiamento.

Page 15: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200413

Fig. 2. Diagrama do sistema agroindustrial do café do Brasil.

Fonte: Saes e Nakazone, 2002.

• Desenvolvimento de novos mecanis-mos de apoio à comercialização.

• Estímulo à prática de proteção depreços pelos produtores.

• Reformulação do processo de conces-são de crédito e de definição de risco dosempreendimentos agropecuários.

• Implementação dos programas derenegociação das dívidas anteriores a 1995.

As garantias tradicionais (penhor,hipoteca e aval de terceiros) foram substituídas,em parte, por novos mecanismos mitigadoresde risco como o compartilhamento de riscoscom terceiros, os convênios de integração, osnegócios com mercados futuros e opções, osprêmios governamentais, os seguros rurais e osseguros garantia.

As medidas adotadas pelas áreasgovernamentais, pelo Banco do Brasil e oexcelente trabalho das instituições de pesquisa,notadamente da Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária (Embrapa), proporcionaram uma

verdadeira revolução no agronegócio brasileiro,tornando-o muito competitivo, mesmo quandocomparado às grandes potências mundiais,tradicionais nesse mercado, como os EstadosUnidos.

Profissionalização e modernização

O campo se profissionalizou. Os produ-tores atuam em toda a cadeia produtiva e comreduzidos índices de inadimplência.

O perfil do financiamento da produçãonacional também se modificou. Em númerosredondos, o Crédito Rural é responsável por30% da demanda de crédito anual. Outros 30%são atendidos pelas vendas antecipadas –inclusive Cédula de Produto Rural (CPR), trocasde produtos por insumos ou adiantamento defornecedores e os restantes 40% são prove-nientes de recursos próprios dos produtores.Segundo pesquisa da Associação Brasileira deMarketing Rural (ABMR)(2004), mais de 80%dos produtores rurais utilizam recursos próprios

Page 16: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 14

na atividade, mesmo que parcialmente, e 37%utilizam recursos do Crédito Rural.

As fontes de recursos para o crédito ruralpodem ser classificadas em três grupamentos,conforme sua origem:

1. Recursos controlados (taxas controladaspelo governo):

• Da exigibilidade dos depósitos à vista.

• Os obrigatórios da Poupança Rural,equalizáveis3.

• Do Fundo de Amparo ao Trabalhador(FAT), equalizáveis.

• Do Tesouro Nacional.

2. Recursos não-controlados (taxas livres):

• Os obrigatórios da Poupança Rural, nãoequalizáveis.

• Da poupança rural de aplicação livre.

• Recursos externos.

3. Fundos e Programas (principais):

• Do BNDES.

• Dos Fundos Constitucionais do Centro-Oeste (FCO); do Nordeste (FNE) e do Norte(FNO).

• Do Fundo de Defesa da EconomiaCafeeira (Funcafé).

Participação do Banco do Brasil noSistema Financeiro Nacional (SFN)

Historicamente, o Banco do Brasil é omaior aplicador de recursos do SistemaNacional de Crédito Rural (SNCR), sendoresponsável por cerca de 60% dos aportes derecursos junto ao Sistema Financeiro Nacional(Fig. 3).

3 Sistemática pela qual o Tesouro Nacional paga aos agentes financeiros a diferença entre o custo de captação e aplicação dos recursos, inclusive o operacional,e os juros cobrados do produtor. Esse mecanismo permite que alguns tipos de financiamentos sejam efetuados com encargos favorecidos aos produtores.

4 Informações detalhadas sobre a Agricultura Familiar poderão ser obtidas em artigo específico constante nesta revista.

Fig. 3. Participação do Banco do Brasil nos financia-mentos ao setor rural.

Fonte: Análise do período de 2003-2004. Banco Central do Brasil (1987-2004).

Linhas de crédito para aAgricultura Familiar

Apresenta-se, aqui, as principais linhas decrédito oferecidas pelo Banco do Brasil. Aslinhas de crédito específicas para a AgriculturaFamiliar são: Crédito para Custeio Agropecuárioe Crédito para Investimento Agropecuário, aseguir4:

Crédito para custeio agropecuário:

• Custeio agropecuário para produtoresdo Grupo A/C

Itens financiados: despesas normais dociclo de produção.

• Custeio agropecuário para produtoresdos Grupos C, D e E

Itens financiados: despesas normais dociclo de produção.

Crédito para investimento agropecuário

• Pronaf Agroindústria

Itens financiados: estruturas fixas ousemifixas para a verticalização da produção

Page 17: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200415

para empreendimentos conduzidos por pessoasjurídicas ou físicas em regime familiar, inclusivesuas associações e cooperativas.

• Pronaf Florestal

Itens financiados: despesas para implanta-ção de florestas para produtores enquadrados noPronaf.

• Pronaf Semi-Árido

Itens financiados: estruturas fixas ou semi-fixas para produtores enquadrados no Pronaf emempreendimentos conduzidos na Região do Semi-Árido.

• Pronaf Mulher

Itens financiados: estruturas fixas ousemifixas para esposas ou companheiras deprodutores enquadrados no Pronaf.

• Pronaf Planta Brasil

Itens financiados: estruturas fixas ousemifixas em empreendimentos conduzidos porprodutores assentados do Instituto Nacional daReforma Agrária (Incra) ou beneficiários do Bancoda Terra.

Linhas de crédito paraos demais produtores

Os produtores rurais que não se enqua-dram na classificação do programa de Agricul-tura Familiar possuem as seguintes linhas decrédito: Crédito para Custeio Agropecuário;Crédito para Investimento Agropecuário eCrédito para Comercialização, a seguir:

Crédito para custeio agropecuário

• Custeio Agrícola Tradicional (diversasfontes)

Itens financiados: despesas normais dociclo de produção.

• Custeio Pecuário Tradicional (diversasfontes)

Itens financiados: despesas normais dociclo de produção.

• BB Agricultura Orgânica.

Itens financiados: despesas normais dociclo de produção de produtos orgânicos,comprovados por certificadores credenciados.

• Proger Rural – Custeio

Itens financiados: despesas normais dociclo produtivo de empreendimentos agrope-cuários, para produtores enquadráveis noPrograma de Geração de Emprego e Renda.

• Funcafé – Custeio da Colheita

Itens financiados: todos os relacionadosàs despesas normais de colheita de café.

• Funcafé – Custeio dos Tratos Culturais

Itens financiados: todos os relacionadosaos tratos culturais de lavouras de café.

• Aquisição de bens para fornecimento acooperados

Itens financiados: todos os itens passíveisde financiamento nas linhas de custeio, paracooperativas de produtores rurais, suas centraisou federações.

Crédito para investimento agropecuário

• Investimento Agrícola Tradicional(diversas fontes)

Itens financiados: estrutura fixa ousemifixa para implantação ou melhoramento dacondução de atividades agrícolas.

• Investimento Pecuário Tradicional(diversas fontes)

Itens financiados: estrutura fixa ousemifixa para implantação ou melhoramento dacondução de atividades pecuárias.

• BNDES/Finame – Moderfrota

Itens financiados: máquinas e equipa-mentos novos, fabricados por empresascadastradas na Finame.

• BNDES/Finame – Finame Especial

Itens financiados: máquinas e equipamentosnovos, fabricados por empresas cadastradas naFiname e não financiáveis no Moderfrota.

Page 18: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 16

• BNDES/Finame – Finame Agrícola

Itens financiados: máquinas e equipamentosnovos, de fabricação nacional, incluindo as nãoespecíficas para a agricultura. Além disso, éaplicado a taxas pós-fixadas.

• BNDES/Finame – BNDES Prodeagro

Itens financiados: estruturas fixas e semifixaspara empreendimentos relacionados à apicultura,aqüicultura, avicultura, floricultura, ovinocaprino-cultura (inclusive matrizes e reprodutores), Serici-cultura, suinocultura, ranicultura e pecuárialeiteira, e defesa animal.

• BNDES/Finame – BNDES Moderagro

Itens financiados: os relacionados àrecuperação de pastagens e sistematização devárzeas para a produção de grãos.

• BNDES/Finame – BNDES Moderinfra

Itens financiados: estruturas fixas e semifixasrelacionadas à irrigação agropecuária sustentávele aqueles destinados a ampliar a capacidade dearmazenamento em propriedades rurais.

• BNDES/Finame – BNDES Propflora

Itens financiados: os relacionados àimplantação ou manutenção de florestas para usoindustrial ou reserva legal ou produção de madeirapara a geração de energia para secagem deprodutos agrícolas.

• BNDES/Finame – BNDES Prodefruta

Itens financiados: os relacionados àimplantação ou melhoramentos na fruticultura.

• BNDES/Finame – Finame Proleite

Itens financiados: máquinas e equipamentosrelacionados à pecuária leiteira.

• BNDES/Finame – Prodecoop

Itens financiados: estruturas fixas e semi-fixas, treinamentos e capital de giro associado àprojetos de investimento para cooperativas deprodução agropecuária. Também admite ofinanciamento a cooperados, para integralizaçãode cotas-partes vinculadas à projeto.

• Proger Rural – Investimento

Itens financiados: estruturas fixas e semifixaspara empreendimentos agropecuários conduzidospor produtores enquadrados no Proger.

• Aquisição de bens para fornecimento acooperados

Itens financiados: todos os itens passíveisde financiamento nas linhas de investimento, paracooperativas de produtores rurais, suas centraisou federações.

• FCO – Programa de DesenvolvimentoRural

Itens financiados:

a) Bens e serviços necessários à implan-tação, ampliação ou modernização de agroindús-trias conduzidas por produtores rurais, suasassociações ou cooperativas.

b) Bens e serviços necessários à produçãoartesanal de produtos desenvolvidos por mini oupequenos produtores rurais, suas associações oucooperativas.

• FCO – Programa de Desenvolvimento deSistema de Integração Rural – FCO-CONVIR

Itens financiados: bens e serviços neces-sários à implantação, ampliação ou modernizaçãode projetos conduzidos em regime de integração.

• FCO – Programa de Conservação daNatureza – Pronatureza

Itens financiados:

Bens e serviços necessários para:

a) Reabilitação de áreas degradadas.

b) Conservação e recuperação de microba-cias, nascentes e mananciais.

c) Implantação de sistemas para aproveita-mento de fontes alternativas de energia.

d) Tratamento de efluentes de origem agro-pecuária.

e) Produção de alimentos associados apráticas ecologicamente sustentáveis.

Page 19: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200417

f) Produção de insumos orgânicos para usopróprio.

g) Conversão da agricultura tradicional paraa agricultura orgânica.

• FCO – Programa de Retenção de MatrizesPantaneiras

Itens financiados: fêmeas bovinas com idadeentre 12 e 36 meses.

• FCO – Pronaf

Itens financiados: os admitidos nas linhasde crédito do Pronaf.

Crédito para a comercialização

• Comercialização e Industrialização deProdutos/Insumos Agropecuários

Itens financiados: produtos e insumosutilizados na produção agropecuária.

• Comercialização de Produtos de Produ-ção Própria

Itens financiados: produtos agropecuários deprodução própria.

• Linha Especial de Crédito à Comerciali-zação – (LEC)

Itens financiados: milho, sorgo, café e trigo.

• Desconto de NPR/DR

Itens financiados: NPR ou DR emitidas nacomercialização de produtos agropecuários.

• Empréstimo do Governo Federal (EGF)

Itens financiados: produtos abrangidos pelaPolítica de Garantia de Preços Mínimos (PGPM).

• Adiantamento a Cooperados por conta deProdutos Entregues

Itens financiados: os admitidos nas linhasde crédito para comercialização.

• BB Agricultura Orgânica

Itens financiados: os admitidos nas linhasde comercialização, de origem orgânica.

ReferênciasASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MARKETING RURAL – ABMR.Disponível em: <http://www.abmr.com.br/>. Acesso em: 13ago. 2004.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Manual de Crédito Rural.Brasília, 1987-2004. 3 volumes.

BRASIL. Decreto-Lei nº167, de 14 de fevereiro de 1967. DiárioOficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo,Brasília, DF, 15 fev. 1967. p. 1841.

BRASIL. Decreto nº 58.380, de 10 de maio de 1966. Aprova oregulamento da Lei n º 4829, que Institucionaliza o CréditoRural. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D58380.htm>. Acesso em: 20 out. 2004. Ouentão a data, seção e página da publicação no Diário Oficial.

BRASIL. Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. DiárioOficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo,Brasília, DF, 03 fev. 1965a.

BRASIL. Lei nº 4.829, de 05 de novembro de 1965. DiárioOficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo,Brasília, DF, 5 nov. 1965b.

SAES, M.S.M; NAKAZONE, D. Estudo da Competitividade deCadeias Integradas no Brasil: Impactos das Zonas de LivreComércio: Cadeia Café. Campinas (SP): Unicamp, 2002. 142 p.

Page 20: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 18

O crédito ruralAlavanca do agronegócio

O valor do agronegócio brasileiro

O Agronegócio é um dos principaissetores da economia brasileira, tendo funda-mental importância para o crescimento do País.

O faturamento bruto da agropecuáriacresceu 6,8% em 2004, se comparado a 2003.Assim, o Valor Bruto da Produção (VBP) do setorrural em 2004 é de R$ 172 bilhões, contra osR$ 161 bilhões, obtidos em 2003. Essa perfor-mance extremamente positiva só foi possívelgraças ao aumento da produção e a recuperaçãode preços para a maioria dos produtos, tanto nomercado externo quanto no interno.

É um setor com elevado grau de profissiona-lização. Com uma área média plantada de 41 mi-lhões de hectares nos últimos 12 anos, a produçãosaltou de 58 milhões de toneladas (1990/1991) para118,9 milhões de toneladas (2003/2004) (Fig. 1).

Os expressivos resultados do agronegóciotêm impulsionado o crescimento brasileiro,sendo o responsável pelos superávits dabalança comercial brasileira nos últimos anos,conforme mostra a Fig. 2.

Banco do BrasilDiretoria de Agronegócios

Fig. 1. Evolução da produção nacional.

Fonte: IBGE (2004) e CONAB (2004).

Fig. 2. A balança comercial brasileira e o agronegócio.

Fonte: MAPA (BRASIL, 2004a) e MDIC/ALICE/SECEX/ (BRASIL, 2004b).

O valor do agronegóciopara o Banco do Brasil

Como ativo participante do desenvolvimen-to contínuo da tecnologia, administração, comer-cialização e financiamento do setor, o Banco doBrasil é responsável por quase 54% do saldo doSistema Financeiro de Crédito Rural (Fig. 3).

Fig. 3. Participação do Banco do Brasil no SistemaFinanceiro Nacional (SFN).

Fonte: Banco Central do Brasil (2004). (Não consideradas as operações cedidasao TN - Res. CMN/BACEN 2196).

Page 21: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200419

O Plano de Safra do governo federal para2004/2005 prevê a aplicação de R$ 46,5 bilhõesem todo o Sistema Nacional de Crédito Rural(crescimento de 43% em relação à safra anterior,quando foram aplicados R$ 32,5 bilhões).O volume de recursos a serem aplicados peloBanco do Brasil na safra 2004/2005 alcançaráR$ 25,5 bilhões, com incremento da ordem de23,8% em relação à safra 2003/2004, assimdistribuídos, em R$ milhões (Tabela 1).

Por meio do Fundo Constitucional doCentro-Oeste (FCO) e dos programas do BancoNacional do Desenvolvimento Econômico eSocial (BNDES/Finame), o Banco do Brasil con-tribui também para o desenvolvimento econô-mico e social do campo. No ano de 2003, osrecursos disponibilizados pelo FCO foramintegralmente utilizados, num valor total deR$ 573 milhões. As mais de 13 mil operaçõescontratadas com recursos do BNDES e doFiname totalizaram 796 milhões.

O Banco do Brasil baseia sua ação deexecução de políticas governamentais medianterecebimento de adequada remuneração pelosencargos assumidos. O governo federal prevê noseu orçamento a equalização da taxa de aplicaçãopara os empréstimos cujos spreads não sãocompatíveis com a rentabilidade projetada paraos negócios do banco.

A expansão observada na carteira decrédito rural ao longo dos últimos anos ocorreude forma bastante sustentável. Além dosmecanismos de administração de riscosaplicáveis a todas as carteiras de crédito daempresa, o banco aplica, na gestão da carteira

de agronegócios, métodos específicos paraidentificar riscos e minimizar perdas.

Para definição do nível máximo deexposição com cada cliente, o banco desen-volveu sistema de limite de crédito específicopara o produtor rural – ANC produtor rural(sistema de análise de crédito) – levando emconta dados comportamentais e o risco técnicodas atividades.

Na mensuração do risco técnico dasatividades de cada cliente, o Banco do Brasildispõe do Referencial Técnico de AtratividadeAgropecuária (RTA), composto de base de dadosmicrorregionais, contemplando séries históricasde preços dos produtos, produtividadesobservadas nas lavouras e custos modais deprodução. São 106 mil planilhas de produçãoque representam os diversos tipos de sistemasprodutivos existentes no País. A partir dessesdados, o Banco do Brasil mensura, de formaautomatizada, o grau de viabilidade econômicade cada proposta de financiamento.

Além de melhorar a qualidade dos ativos,essa base de dados viabiliza a automação doprocesso de crédito. Tal sistema, associado àobservância dos parâmetros do zoneamentoagrícola do governo federal, também crioucondições para a implementação de uma novasistemática de seguro rural, o Seguro OuroAgrícola. Esse instrumento, lançado emsetembro de 2000, protege o agricultor contraprejuízos de riscos climáticos.

Por meio das parcerias negociais,envolvendo a cadeia do agronegócio, em 2003foram contratados mais de R$ 3,8 bilhões. Tais

Tabela 1. Distribuição do crédito do Banco do Brasil.

Agricultura FamiliarAgricultura Empresarial

Custeio/ComercilaizaçãoInvestimento

Total geral

Finalidade

Fonte: Banco do Brasil (2004).

3.42217.16814.788

2.38020.590

Safra 2003/04

4.10021.40018.000

3.40025.500

Safra 2004/05

19,8%24,7%21,7%42,9%23,8%

Variação

Page 22: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 20

parcerias permitem ao banco atuar desde aoriginação do produto, com financiamentos decusteio e investimento junto ao produtor rural,até o beneficiamento e comercialização daprodução.

O balcão de agronegócios, serviço decomércio eletrônico pela Internet no siteAgronegócios-e (www.agronegocios-e.com.br),movimentou, desde o seu lançamento, R$ 4,17bilhões em mais de 156 mil operações.

O banco avalizou, também, a partir dolançamento das Cédulas de Produto Rural (CPR),em 1994, mais de R$ 7 bilhões, posição emsetembro/2004. Desse total, foram R$ 1,533milhão apenas em 2003, representando umincremento de 44,5% em relação ao anoanterior (que foi de R$ 1,061 milhão.).

As operações de proteção de preços nosmercados futuros e de opções apresentaram, em2003, um incremento de 144% em relação ao anode 2002. Foram realizadas 8.105 operações, ante3.315 no mesmo período do ano anterior.

Com relação aos contratos futurosreferenciados na BM&F, em 2003, verificou-seum incremento dos negócios da ordem de 226%

comparativamente a 2002. Foram realizadas7.071 operações, sendo 3.190 contratos de café,2.364 de milho e 1.388 de boi gordo.

No tocante aos contratos de Opções,foram negociados 1.034 contratos de Opçõesreferenciados nas bolsas de Chicago e NovaIorque, com destaque para a soja, com 98% dasoperações realizadas.

ReferênciasBANCO DO BRASIL. Seção Balcão de agronegócios. Disponívelem: <http://www.Agronegócios-e.com.br>. Acesso em: 20 out.2004.

BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Sistema FinanceiroNacional. Disponível em: <http://www.bacen.gov.br>. Acessoem: 19 out. 2004.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento(MAPA).Plano agrícola e Pecuário: safras 2003/2004 e 2004/2005Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em: 18out. 2004a.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior Produtos e Serviços. Aliceweb. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 20 out 2004b.

CONAB. Disponível em: <http://www.conab.gov.br>. Acesso em:20 out. 2004.

IBGE. Censo agropecuário. Disponível em: <www.ibge.gov.br>.Acesso em: out. 2004.

Page 23: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200421

O atendimentoà agriculturaempresarial

Qualquer que seja o objetivo – definiçãode estratégias empresariais ou de políticaspúblicas – o agronegócio será melhor com-preendido mediante análise dos modelospatronal e familiar de produção.

Diferenciação entre agriculturapatronal, empresarial e familiar

Enquanto no modelo familiar o trabalho ea gestão estão intimamente relacionados ecentrados no possuidor dos meios de produção,no modelo patronal ocorre uma total separaçãoentre gestão e trabalho, conforme Tabela 1,comparativa a seguir:

De maneira geral, os produtores familiaresdesenvolvem atividades diversificadas e estãomais voltados à produção para o mercado internoe, até por isso, necessitam de maior apoio gover-namental. A agricultura patronal, entretanto, é maisconcentrada em culturas voltadas à exportaçãodentro de uma visão mais empresarial do negócio.

Mudança comportamental

As informações tratadas a seguir foramresumidas do suplemento do Relatório deAdministração do Banco do Brasil (2002).

A diminuição acentuada dos recursossubsidiados destinados à agricultura empresarial

Banco do BrasilDiretoria de Agronegócios

Completa separação entre gestão e trabalho

Organização centralizada

Ênfase na especialização

Ênfase em práticas agrícolas padronizáveis

Trabalho assalariado predominante

Tecnologias dirigidas à eliminação dasdecisões de momento (pouca flexibilidade)

Área média (ha) = 600

Área ocupada (milhões ha)= 240

Número de estabelecimentos (milhões) = 0,5

Participação na área total = 68%

Modelo patronal

Trabalho e gestão intimamente relacionados

Direção do processo produtivo asseguradadiretamente pelos proprietários

Ênfase na diversificação

Ênfase na durabilidade dos recursose na qualidade de vida

Trabalho assalariado complementar

Decisões imediatas, adequadas ao alto grau deimprevisibilidade do processo produtivo

Área média (ha) = 50

Área ocupada (milhões ha)= 108

Número de estabelecimentos (milhões) = 4,1

Participação na área total = 30%

Modelo familiar

Tabela 1. Comparativa: modelos patronal e familiar de agricultura.

Fonte: FAO (1994) e MDA/Pronaf (BRASIL, 1994).

Page 24: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 22

– tanto para custear a atividade agrícola quantopara comercializar os produtos oriundos desta –acarretou acentuada mudança comportamentalnos produtores rurais que passaram a se preocuparcom o uso racional dos fatores de produção, situaçãoe perspectivas dos mercados agrícolas, custos deprodução, profissionalização, utilização intensiva detecnologia e conservação/preservação ambiental.

O reflexo dessa mudança comportamentalpode ser percebido pelos ganhos de competiti-vidade que o setor rural vem obtendo nos últimosanos, resultado construído de forma conjunta comos diversos agentes públicos e privados.

Na década de 90, esses ganhos foramfavorecidos por alguns fatores: abertura comercialdo País; estabilização econômica; mudança napolítica agrícola com a redução da participaçãodo Estado e o equacionamento do então elevadoendividamento financeiro dos produtores ecooperativas.

A revolução gerencial

As restrições nas disponibilidades derecursos determinaram, não só aos produtores, masa todos os agentes da cadeia produtiva, a procurapor informação, compartilhamento e transmissãode conhecimentos e habilidades, essenciais paraeliminar as causas que originavam as ineficiências,dentro e fora da propriedade. Profissionalizaçãose tornou condição essencial.

Hoje inúmeras propriedades agrícolas sãoadministradas como verdadeiras empresas, comadequado planejamento e gerenciamento de todasas etapas de produção e comercialização. Osprodutores buscam permanentemente novastecnologias, valorizam o serviço de profissionaistécnicos como agrônomos, veterinários e zootec-nistas, sempre com a visão da maior rentabilidadee perenidade de seus empreendimentos.

Os resultados dessa revolução gerencialpodem ser constatados com os ganhos deprodutividade obtidos ao longo dos últimos anos.Com uma área média plantada de 38 milhões dehectares nos últimos 10 anos, a produção de grãossaltou de 76 milhões de toneladas para 123 milhões

de toneladas no período de 2002/2003, represen-tando um crescimento na produtividade de 44%.

Colhendo os resultados

Hoje o agronegócio é uma das principaiscompetências nacionais, sendo a sua importânciapara a economia do País estimada sob diversosaspectos, entre os quais destacam-se:

a) Participação no PIB: os fluxos financeirosentre os diversos agentes integrantes do agrone-gócio representavam cerca de 29% do PIB brasi-leiro, ou R$424 bilhões, conforme dados do Centrode Estudos Avançados em Economia Aplicada(Cepea/USP), (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO,2003) distribuídos conforme Fig. 1.

Fig. 1. Cadeia do agronegócio – participação relativados segmentos (% ano 2003).

Fonte: Universidade...(2003)

b) Desempenho da balança comercial: oagronegócio é o setor que mais tem contribuídopara melhorar a balança comercial brasileira,sendo responsável por 42% das exportaçõesbrasileiras. Em 2003, produziu um superávit deUS$ 25,8 bilhões, conforme Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2004), em 2004,a previsão é de atingir um superávit de US$ 30 bilhões,conforme mostra a Fig. 2.

Fig. 2. Contribuição do agronegócio no desempenhoda balança comercial.Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2004).

Page 25: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200423

c) Participação dos produtos agrícolas nomercado mundial: o Brasil é líder mundial nosseguintes produtos:

• Laranja: detém 81,9% do mercado mun-dial do suco de laranja.

• Soja: detém 38,4% do mercado mundial.

• Café: vende 28,5% do café em grãosconsumido no planeta e 43,6% do café solúvel.

• Açúcar: vende 29% do volume consu-mido no mundo.

• Carnes: assumiu em 2003 a liderança naprodução de carne bovina com 19% de partici-pação no mercado.

Primeiro em vendas com a carne de frango,com exportações de US$ 1,9 bilhões.

• Fumo: vende 23,1% do tabaco consumidono mundo.

d) Internacionalização do agronegócio: asvantagens competitivas do agronegócio brasileirovêm atraindo investimentos internacionais, sejapela aquisição de empresas do setor, seja pelaimplantação de novas unidades produtivas no País.Pode-se afirmar que hoje todas as grandesempresas que operam com agronegócios nomundo estão presentes no Brasil. Além de capital,elas trazem tecnologias modernas que favorecemainda mais o desenvolvimento do setor.

Banco do Brasil contribuindo parao crescimento do agronegócio

O agronegócio constitui uma dasprincipais competências do Banco do Brasil.Pioneiro no apoio ao crédito para o setor rural,o Banco do Brasil é o principal agente financeirodo agronegócio brasileiro, respondendo por55% da assistência oferecida a esse setor peloSistema Nacional de Crédito Rural (SNCR).Internamente, a carteira de agronegócios doBanco do Brasil representava, em junho/2004,cerca de 36% da carteira de crédito total,conforme mostra a Fig. 3.

Participando na construção das alternativasque conferem e mantém, de forma sustentável, aeficiência e a competitividade ao agronegóciobrasileiro, o Banco do Brasil desenvolveu umamplo portfólio de serviços específicos para asdemandas dos vários agentes, localizados “dentroe depois da porteira”1.

Como principal agente financeiro efomentador da produção agrícola, o Banco doBrasil possui a maior carteira de clientes doagronegócio nacional. O resultado da impor-tância da atuação desse banco no setor ruralpode ser observado quando se verifica aestimativa de participação na geração deprodutos (Tabela 2).

A forma de ação nesse mercado, adotadapelo banco, pode ser assim sintetizada: foco nasnecessidades dos clientes a partir da visãosistêmica de todo o agronegócio.

Os segmentos, produção, agroindústria,exportação e governo são atendidos com osseguintes serviços:

Produção

• Crédito rural.

• CPR.

• Mercados futuros e de opções.

• Agronegócios-e.com.br.

• Seguro ouro agrícola.

Fig. 3. Participação do Banco do Brasil nos planosde safras – R$ milhões.

Fonte: Banco do Brasil (diversos planos de safra) (BANCO DO BRASIL, 1995-2005).

1 Expressão utilizada para generalizar os parcipantes da cadeia produtiva:produtores rurais, produtores de insumos agrícolas, comerciantes deprodutos agrícolas, entre outos.

Page 26: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 24

Agroindústria

• Crédito agroindustrial.

• Crédito geral.

Exportação

• Crédito agroindustrial.

• Adiantamento sobre Contrato de Câmbio/Adiantamento sobre Cambiais Entregues.

Governo

• Leilão eletrônico.

• Estoques reguladores.

• Proagro.

• CPR alimento.

A partir desse conceito de agronegócio,o Banco do Brasil passou a desenvolver solu-ções que permitissem o atendimento das neces-sidades individuais e coletivas dos agentesintegrantes das cadeias produtivas.

Foram expandidas as linhas de crédito ecriadas formas alternativas de financiamento,desenvolveram-se mecanismos de redução deriscos, soluções de comercialização e logística,bem como novos modelos de negócios.

Entre os novos instrumentos, destacam-se,a seguir, os resultados já alcançados:

Tabela 2. Estimativa de participação do Banco do Brasil na geração de produtos. Culturas selecionadas -safra 2003/2004.

Soja

Milho

Algodão em caroço

Total

Culturas

Fonte: Banco do Brasil (2004) - Diretoria de Agronegócios.

3.991.238

2.579.887

618.361

7.189.486

Valores financiados (R$ mil)

Custeiotradicional

541.551

114.028

19.926

675.505

BB - CPR

4.532.789

2.693.915

638.287

7.864.990

Total

6.490

2.895

247

9.632

Áreafinanciada

(mil ha)

18.381

16.732

778

Produçãofinanciada

(mil t)

37

40

39

Participaçãona produção

Brasil (%)

• Balcão de agronegócios: serviço decomércio eletrônico pela Internet no sitewww.agronegocios-e.com.br, que atingiu, entrejulho/03 e junho/04, o montante de R$ 2,2 bilhõesem negócios realizados. Esse resultado representaum incremento de 64% sobre o volume denegócios no mesmo período da safra anterior.

• Os negócios com as CPRs (Cédula deProduto Rural), também apresentaram evoluçãode destaque. No período, safra 03/04, os negóciosforam da ordem de R$ 2,4 bilhões, contra R$ 1,1bilhão do idêntico período da safra anterior,representando um incremento de 122%.

• Proteção de preços agropecuários: entreas principais dificuldades apontadas peloagronegócio brasileiro - tanto dos produtores ruraiscomo das agroindústrias e de outras empresas -está a garantia de comercialização por preçosjustos, obviamente acima dos custos de produção,de forma a possibilitar a manutenção ou oincremento das atividades. Nesse sentido, osnegócios, envolvendo mercados futuros e deopções, têm sido incrementados. Em 2003, foramfechados 8.126 contratos, sendo 4.160 no períodode janeiro a junho. No primeiro semestre de 2004,já foram fechados 5.200 contratos, significandoum incremento de 25% em relação ao mesmoperíodo do ano anterior.

Conclusão

Como pode ser observado nas páginasanteriores, o agronegócio nacional vem se

Page 27: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200425

afirmando como um dos mais competitivos domundo, possuindo, ainda, enorme capacidade deexpansão, por vantagens comparativas do País.

O Banco do Brasil, por sua vez, possuiexperiência e capacidade de atuar que ohabilitam para continuar sendo o banco doagronegócio brasileiro.

ReferênciasBANCO DO BRASIL. Banco do Brasil e o Agronegócio. Brasilia,2002. 40 p. Suplemento do Relatório de Administração de 2002.

BANCO DO BRASIL. Relatórios Gerenciais e Prestação deContas de Safras: 2004. Brasilia, 2004.

BANCO DO BRASIL. Relatórios Gerenciais e Prestação deContas de Safras: 1995-2005. Brasília, 1995-2005. BRASIL .Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. BalançaComercial . Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>.Acesso em: 18 ago. 2004.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Pronaf –Programa Nacional de Agricultura Familiar. Disponível em:<http://mda.gov.br>.Acesso em: 20 out. 2004.

FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação eAgricultura). INCRA (Instituto de Colonização e ReformaAgrária). Projeto UTF/BRA/036/BRA. Diretrizes de PolíticaAgrária e Desenvolvimento Sustentável (1994). Disponível em:<http://www.incra.gov.br/_htm/serveinf/_htm/pubs/pubs.htm>.Acesso em: 20 jan. 1994.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Centro de EstudosAvançados em Economia Aplicada (Cepea). ESALQ. PIB doAgronegócio. Disponível em: < http://cepea.esalq.usp.br/>.Acesso em: 20 ago. 2004).

Page 28: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 26

Evolução da política para agricultura

Nas décadas de 60 e 70, a agriculturabrasileira sofreu diversas transformações comdirecionamento concentrado para alguns gruposde produtores. As concessões de crédito privi-legiaram as transações de maior volume e demenor custo administrativo. Essas e outrassituações contribuíram ainda mais para asdistorções regionais, ampliando as diferençasna distribuição de renda entre as regiões e ospróprios agricultores.

O Banco do Brasil que sempre foi oprincipal agente do governo federal para odesenvolvimento da agricultura, em meados de1986, com o fim da Conta Movimento reduziudrasticamente o volume de recursos disponibi-lizados para as operações de crédito rural, umavez que os créditos tinham praticamente comofonte esses recursos, conforme informações doManual de Crédito Rural (MCR 6-2)1.

Com a redução da oferta de crédito rural efrente a uma demanda crescente, principalmentecom a abertura de novas fronteiras agrícolas nosestados de Rondônia, Mato Grosso, Tocantins,entre outros, surgiram os Fundos Constitucionaisde Financiamento para as regiões Centro-Oeste,Norte e Nordeste. Mesmo com o surgimento dosfundos, até 1993, o agricultor familiar, considerado“mini-produtor” disputava com os demaisprodutores, sem nenhuma diferenciação, osescassos recursos destinados ao crédito rural.

Dentro desse contexto e diante douniverso de 4,1 milhões de propriedades ruraisfamiliares existentes no Brasil, comprovadaspelo censo agropecuário do Instituto Brasileirode Geografia e Estatística (IBGE), em 1996, ogoverno federal procurou repensar a sua formade atuação junto a esse extrato de produtores(Tabela 1).

1Capítulo do Manual de Crédito Rural conceitua como recursos obrigatórios a exigibilidade de aplicações em crédito rural.

O atendimentoà agriculturafamiliar

Banco do BrasilDiretoria de Agronegócios

Para isso, o governo necessitava estabe-lecer uma política voltada para o fortalecimentoda agricultura familiar, de forma a agregarmecanismos com o objetivo de promover odesenvolvimento sustentável do segmento, apartir de ações que possibilitassem o aumentoda capacidade produtiva e a elevação da renda,visando à melhoria da qualidade de vida dosprodutores familiares.

Assim, com esse escopo, o ConselhoMonetário Nacional (CMN), por meio daResolução Bacen nº 2.101, de 24.08.1994,

Fonte: IBGE – Censo Agropecuário 1996.

Tabela 1. Número de estabelecimentos por estratosde área total.

Até 5 haDe 5 a 20 haDe 20 a 200 haDe 201 a 1.000 haAcima de 1.000 haTotal de produtores

Estratos

36,627,230,1

4,61,5

%

1.780.0541.323.7371.461.384

223.65071.040

4.859.865

Nº deestabelecimentos

Page 29: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200427

aprovou o Programa de Valorização da PequenaProdução Rural (Provape), com condiçõesespeciais para o financiamento das despesasde custeio da safra de verão 1994/1995.(BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2004c).

Com base no Provape, foi instituído em1995, por meio da Resolução CMN/Bacen nº2.191, o Programa Nacional de Fortalecimentoda Agricultura Familiar (Pronaf), linha de créditoespecial destinada ao custeio e investimento dasatividades desenvolvidas pelos agricultoresfamiliares (BANCO CENTRAL DO BRASIL,2004d).

A agricultura familiar passou, assim, acontar com uma política de crédito específica,com medidas que, além da disponibilização derecursos, simplificaram e agilizaram todo oprocesso de concessão dos empréstimos.

A agricultura familiar nos dias de hoje

Atualmente vivemos um processo deexclusão social, de um lado o desperdício dealimentos e, de outro, sua falta, essencial àsustentação dessa população. Como forma dereparar essa deficiência e garantir alimentaçãoregular e saudável, o governo federal lançou oPrograma Fome Zero.

A vontade política de eliminar a fome noBrasil não basta e, para que tenha uma perspec-tiva de sustentação do programa, necessita-sede maior oferta de alimentos a baixo custo.

Nesse cenário, o fortalecimento daagricultura familiar surge como forte elo daestratégia tanto para a segurança alimentarcomo para a política de inclusão social, demaneira a não se tornar apenas uma assistênciatransitória.

A agricultura familiar, constituída por minie pequenos agricultores, representa 77% dosprodutores rurais no Brasil e emprega mais de12 milhões de pessoas. Detém apenas 20% dasterras e responde por 30% da produção do País,de acordo com dados do IBGE (2004).

Alguns produtos básicos produzidos pelaagricultura familiar representam importanteparcela no consumo da dieta do brasileiro econtribuem para o incremento das exportações,como pode ser observado na Fig. 1.

Fig. 1. Produtos típicos da agricultura familiar noconsumo da dieta do brasileiro (%).Fonte: MDA (BRASIL, 2004) (adapatdo)

O crescimento da renda desse segmento,por meio da conquista de mercado, traz impactofavorável, principalmente às regiões interioranasdo País, onde exerce papel fundamental para odesenvolvimento social, evitando o êxodo rural etornando-se instrumento de inclusão social,geração de trabalho e renda.

Programa Nacionalde Fortalecimento daAgricultura Familiar

Criado pelo governo federal com opropósito de apoiar os agricultores familiares,atualmente sob gestão do Ministério doDesenvolvimento Agrário, o Pronaf vemobtendo pleno êxito, principalmente nas regiõesonde os mini e pequenos produtores possuemmaior capacidade de organização, seja pormeio de federações, sindicatos ou outrasentidades de classe.

Page 30: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 28

O objetivo principal do programa é ofortalecimento e a valorização do agricultorfamiliar, visando integrá-lo à cadeia deagronegócios e proporcionar-lhe o aumento derenda e a agregação de valor ao produto e àpropriedade, mediante sua profissionalização emodernização do sistema produtivo.

O crédito do Pronaf vem sendo distribuídopara todas as regiões do País. Conforme dadosda Tabela 2, verifica-se uma concentração deaplicação de recursos na Região Sul, emdecorrência, principalmente, do elevado grau deorganização social. A tendência, a partir da safra2003/2004, é que haja elevação no percentualde crédito aplicado nas demais regiões, comênfase no Norte e Nordeste do País.

O programa, desde a sua instituição, vempassando por alterações no intuito de proporcionarmelhorias a esse segmento. Além do crédito,medidas a favor da educação, da formaçãoprofissional dos agricultores familiares e dacomercialização da produção são essenciais parao desenvolvimento sustentável da agriculturafamiliar no Brasil.

A seguir, por meio de uma retrospectivahistórica, poderemos visualizar ações de maiorrelevância à ampliação do nível de acesso aocrédito dos agricultores familiares.

Nacional) – (Banco Central do Brasil) Bacen n.º2.191, de 24/08/95, com as seguintes caracterís-ticas: créditos para custeio e investimento paraprodutores rurais que apresentam a Declaraçãode Aptidão ao Programa, com taxas de juros de16% ao ano.

1996 – Criação do Programa Nacional deFortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)pelo Decreto n.º 1.946, de 28/06/96. Redução dataxa de juros para 12% ao ano e ampliação dolimite de crédito individual e coletivo.

1997 – Inclusão de novos beneficiárioscomo os pescadores artesanais, aqüicultores eseringueiros extrativistas; redução da taxa de jurospara 6,5% ao ano e criação de novas linhas definanciamento, inclusive modalidade destinada amelhorar a infra-estrutura e os serviços comunitá-rios rurais. Simplificação das normas do Proagro.

1998 – Redução da taxa de juros para5,75% ao ano e criação da linha Pronaf Agregar.

1999 – Classificação dos beneficiários doPronaf em grupos “A”, “B”, “C” e “D”, para finsde acesso aos créditos; extinção do ProgramaEspecial de Crédito para a Reforma Agrária(Procera), passando as famílias assentadas peloPrograma Nacional de Reforma Agrária a serembeneficiadas pelo Pronaf “A”; criação de créditocoletivo para pessoas jurídicas: destinado aassociações, cooperativas e outras formas deagrupamento; possibilidade de financiamento deatividade não-agrícolas, como o turismo rural e oartesanato.

2000 – Redução da taxa de juros para 4%ao ano; criação de custeio especial paraassentados da reforma agrária e beneficiários doPrograma de Crédito Fundiário.

2001 – Elevação do limite de financia-mento; aumento para até cinco anos do períodode carência para projetos de investimento; apossibilidade de substituição do projeto técnicode investimento por proposta simples.

2002 – Suspensão, pelo Programa, dofinanciamento à cultura do fumo; eleva o limitede crédito em projetos iniciais para beneficiá-rios do grupo “A” do Pronaf, dos quais 7,7% sãodestinados ao pagamento da assistência técnica.

Fonte: Banco Central do Brasil (Bacen) (2004d); Ministério doDesenvolvimento Agrário (MDA) (BRASIL, 2004); Companhia Nacionalde Abastecimento do Brasil (CONAB, 2004).

Tabela 2. Distribuição regional dos recursos doPronaf, liberados de 1997 a 2003.

Centro-OesteNordesteNorteSudesteSulTotal

Região

548

91721

100

Estabelecimentos(%)

7.520

61651

100

Crédito1997-2003 (%)

Retrospectiva histórica do Pronaf

1995 – Instituição do Programa Nacionalde Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)pela Resolução CMN (Conselho Monetário

Page 31: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200429

2003 – Implementação de medidas desimplificação e racionalização dos contratos,permitindo renovações por até cinco anos.Criação do Pronaf Semi-Árido, Pronaf Florestale do Cartão Pronaf.

2004 – Inclusão de novas linhas de finan-ciamento, como o Pronaf Mulher, Pronaf Jovem,Pronaf grupo “E”; reestruturação do Pronaf Agre-gar, passando a denominar-se Pronaf Agroindústria;e Criação do Proagro Mais.

Beneficiários do Pronaf

Podem pleitear créditos do ProgramaNacional de Fortalecimento da AgriculturaFamiliar os produtores rurais que, medianteapresentação de Declaração de Aptidão aoPrograma, atendam cumulativamente ascondições abaixo:

a) Explorem a terra na condição deproprietário, posseiro, arrendatário, parceiroou concessionário do Programa Nacional deReforma Agrária.

b) Residam na propriedade ou em localpróximo.

c) Possuam, no máximo, quatro módulosfiscais (ou seis módulos, no caso de atividadepecuária).

d) Tenham o trabalho familiar como baseda exploração do estabelecimento.

e) Tenham renda bruta anual compatívelcom a exigida para cada grupo do Pronaf,conforme estipulado na Tabela 3.

Os créditos podem ser destinados aocusteio das atividades agropecuárias e nãoagropecuárias de beneficiários enquadradosnos grupos “A/C”, “C”, “D” e “E”, de acordocom projetos específicos ou propostas definanciamento e a empréstimos de investimentopara produtores dos grupos “A”, “B”, “C”, “D”e “E” para implantação ou modernização dainfra-estrutura de produção e serviços agrope-cuários e não agropecuários no estabeleci-mento rural ou em áreas comunitárias ruraispróximas, de acordo com projetos específicos.

Continua...

Tabela 3. Modalidades de Financiamento.

A

A/C

B

Grupos

Assentados daReforma Agrária oubeneficiários doPrograma de CréditoFundiário doGoverno Federal

Assentados daReforma Agrária quejá contrataramfinanciamentos dogrupo "A"

Agricultores comrenda bruta anualaté R$2.000,00(excluídos osbenefícios sociais eaposentadoriadecorrentes daatividade rural)

beneficiários

Investimento

Custeio

Investimento

Finalidade

AtéR$ 15.000,00

De R$ 500,00atéR$ 3.000,00

AtéR$ 1.000,00

Valor

1,15

2

1

Juros(% ao ano)

Até 46%sobre ocapital

R$ 200,00,porbeneficiário.

25% emcadaparcela dadívida(capital ejuros).

Rebate(bônus deadimplência)

Até 10anos

Até 2anos

Até 2anos

Prazos

Até 5anos

Nãotem

Até 1ano

Carência

Page 32: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 30

Fonte: Banco Central do Brasil (2004a).

Continuação da Tabela 3.

Grupos Beneficiários Finalidade ValorJuros

(% ao ano)

Rebate(bônus deadimplência)

Prazos Carência

C

D

E

Agricultores comrenda bruta anualacima deR$ 2.000,00 eaté R$ 14.000,00(excluídos osbenefícios sociaise aposentadoriadecorrentes daatividade rural)

Agricultores comrenda bruta anualacima deR$ 14.000,00 eaté R$ 40.000,00(excluídos osbenefícios sociais eaposentadoriadecorrentes daatividade rural)

Agricultores comrenda bruta anualacima deR$ 40.000,00 eaté R$ 60.000,00(excluídos osbenefícios sociaise aposentadoriadecorrentes daatividade rural)

Investimento

Custeio

Investimento

Custeio

Investimento

Custeio

DeR$ 1.500,00atéR$ 6.000,00

De R$ 500,00atéR$ 3.000,00

AtéR$ 18.000,00

AtéR$ 6.000,00

AtéR$ 36.000,00

AtéR$ 28.000,00

4

4

4

4

7,25

7,25

R$ 700,00+ 25% porbeneficiáriosobre juros

DeR$ 200,00,por ano.

25% sobreos juros,poroperação.

Não tem

Não tem

Não tem

Até 8anos

Até 2anos

Até 8anos

Até 2anos

Até 8anos

Até 2anos

Até 5anos

Nãotem

Até 5anos

Nãotem

Até 5anos

Nãotem

O Pronaf também prevê atendimento asegmentos específicos, como:

Pronaf Mulher – Crédito especial deinvestimento para projetos de interesse dasesposas ou companheiras dos agricultoresfamiliares, que contemplem atividadesagregadoras de renda e/ou novas atividadesexploradas pela unidade familiar. Devem serobservadas as condições previstas para osgrupos “C”, “D” e “E”, limitado a um crédito,independentemente dos tetos de investimentosjá concedidos à unidade familiar.

Pronaf Jovem – Para projetos específicosde interesse de jovens, de 16 a 25 anos, quetenham concluído ou estejam cursando o últimoano em centros familiares de formação poralternância ou em escolas técnicas agrícolasde nível médio ou que tenham participado decursos de formação profissional.

Pronaf Semi-Árido – Crédito especialcom juros de 1% ao ano e prazo de pagamentode 10 anos, com até três anos de carência, paraos agricultores da Região do Semi-Árido,enquadrados nos grupos “C” e “D”. Destinado

Page 33: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200431

à construção de pequenas obras hídricas, comocisternas, barragens para irrigação e dessalini-zação da água.

Pronaf Florestal – Destinado ao financia-mento de projetos de silvicultura e sistemasagroflorestais e exploração extrativista sustentá-vel, para produtores enquadrados nos grupos“C” e “D”. Os juros são de 4% ao ano, combônus de adimplência de 25% na taxa de jurose prazo de até 12 anos, com até oito anos decarência.

Pronaf Agroindústria – Destinado aprodutores enquadrados nos grupos “C”, “D” e“E”, cooperativas, associações ou outras pessoasjurídicas, formadas no mínimo de 90% dosparticipantes ativos de agricultores familiares eque comprovem, em projeto técnico, que maisde 70% da matéria prima a ser beneficiada ouindustrializada seja de produção própria ou deassociados participantes. A taxa de juros é de 4%ao ano, com bônus de adimplência de 25% nataxa de juros.

Como ter acesso ao crédito

Para obter o financiamento, o agricultorfamiliar deve, primeiramente, procurar uma dasentidades credenciadas pelo Ministério doDesenvolvimento Agrário (MDA), comoempresas de Assistência Técnica, Sindicatos,Associações de Produtores Rurais, entre outros,que fornecerão gratuitamente a Declaração deAptidão ao Programa (DAP).

Além da DAP, os documentos abaixodevem ser apresentados obrigatoriamente peloprodutor:

Documentos Pessoais:

• Carteira de Identidade.

• CPF.

• Certidão de casamento, se for o caso.

Documentos do Imóvel:

• Se proprietário: na DAP deve constar ainformação de propriedade do imóvel.

• Se arrendatário, comodatário, parceiro,meeiro ou similar: contrato de arrendamento,comodato, meação ou parceria e/ou carta deanuência.

• Se posseiro: na DAP deve constar ainformação de que o(a) produtor(a) tem possemansa e pacífica do imóvel há mais de doisanos, assinada por duas testemunhas.

Cartão Pronaf do Banco do BrasilNa busca por agilidade, inovação

tecnológica e com o objetivo de oferecer umproduto amplamente aceito pelo mercado, oBanco do Brasil lançou, em 2003, o CartãoPronaf (Fig. 2).

O Cartão Pronaf é isento de qualquer tipode tarifas, é disponibilizado para o produtor queainda não possui conta corrente no Banco doBrasil. Esse cartão permite efetuar pagamentosdos bens adquiridos e pode ser utilizado nos ter-minais de auto-atendimento, sem necessidade decomparecimento do cliente à agência bancária.

Renovação Automática BB: o produtor,pagando em dia e mantendo a mesma atividadede área financiada dos grupos “C” e “D”, ofinanciamento de custeio pode ser renovado poraté cinco anos. Mais de 500 mil produtores jáestão sendo atendidos por meio dessa modalidadede financiamento, o que concede ao produtor agarantia de ter crédito para as safras subseqüentes.

Fig. 2. Cartão Pronaf do Banco do Brasil.

Agricultura Familiar – Resultadodo Plano de Safra 2003/2004

O trabalho realizado na safra 2003/2004permitiu que os recursos chegassem de forma

Page 34: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 32

ágil e tempestivamente às mãos dos produtores,em função da simplificação de processos, daatuação integrada com o Ministério doDesenvolvimento Agrário (MDA) e também deparcerias realizadas com entidades de classe,cooperativas, sindicatos, assistências técnicas,governos estaduais, prefeituras e demaisentidades de apoio ao agricultor familiar.

Assim, foram aplicados 4,5 bilhões dereais, com mais de 1,4 milhão de contratosformalizados, conforme Tabela 4 e Fig. 3 e 4.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário (BRASIL, 2004).

Tabela 4. Valores aplicados por região.

NorteNordesteCentro-OesteSudesteSulTotal

Região

556916357786

1.9424.557

Safra 2003/2004(valores em R$

milhões)

12,2020,10

7,8317,2542,62

100,00

%

Fig. 3. Valores aplicados pelo Banco do Brasil versus

demais agentes – safra 2003/2004.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário (BRASIL, 2004).

Fig. 4. Quantidade de contratos formalizados peloBanco do Brasil versus demais agentes – safra 2003/2004.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário (BRASIL, 2004).

Agricultura Familiar –Plano de Safra 2004/2005

Para o Plano de Safra 2004/2005 estásendo disponibilizado R$ 7 bilhões para aagricultura familiar, que irão beneficiar cercade 1,8 milhão de famílias.

O Plano pretende consolidar linhas espe-ciais de financiamento, como o Pronaf Jovem eo Pronaf Mulher.

Destacamos a seguir as principais novi-dades para a safra 2004/2005:

• Elevação dos tetos de financiamentos –Pronaf Custeio A/C e C de R$ 2.500,00 paraR$ 3.000,00; Pronaf Investimento C deR$ 5.000,00 para R$ 6.000,00.

• Criação das seguintes linhas:

• Pronaf Mulher: investimento para esposase companheiras pertencentes a unidades deprodução enquadradas nos grupos “C, D e E”.

• Pronaf Jovem: investimento para jovensenquadrados nos grupos “C, D e E”, com idadeentre 16 e 25 anos, que tenham concluído ouque estejam cursando centros familiares deformação por alternância ou escolas técnicas

Page 35: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200433

agrícolas de nível médio, com teto deR$ 6.000,00, a taxa de juros de 1% a.a. e prazode até 10 anos para pagamento.

• Pronaf Custeio de Agroindústrias Familia-res: custeio do beneficiamento e industrializaçãode agroindústrias familiares, destinado aosegmento formal e informal enquadrados noprograma.

• Pronaf Cotas Partes: investimento paracotas partes de agricultores familiares coope-rativados, destinado à cooperativas de crédito comno mínimo 90 de seus sócios ativos pertencentesaos grupos “B, C, D e E”. A finalidade da linhacontempla capital de giro, custeio, investimentoou saneamento financeiro.

Do valor total de R$ 7 bilhões, R$ 4,1 bi-lhões estão sendo previstos para seremalocados no Banco do Brasil (59 % do total),conforme a Fig. 5.

A agricultura familiar no Bancodo Brasil, na safra 2003/2004

Pela capilaridade, o Banco do Brasil atuouem todas as Unidades da Federação, avan-çando suas aplicações em regiões menosassistidas, como foi o caso do Norte e Nordeste,conforme Tabela 5 e Fig. 6 .

Fig. 5. Valores previstos por agente financeiro – Safra2004/2005.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário (BRASIL, 2004)

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário (BRASIL, 2004).

Tabela 5. Valores aplicados pelo Banco do Brasil porRegião.

NorteNordesteCentro-OesteSudesteSulTotal

Região

246408354720

1.6943.422

Safra 2003/2004(valores em R$

milhões)

7,1911,9210,3421,0449,50

100,00

%

O crescimento das aplicações feitas peloBanco do Brasil, nas safras 2003/2004 em relaçãoao ano anterior foram consideravelmente maisaltas, sendo que a Região Nordeste foi a que teveo maior volume de aplicações no mesmo período.

No início do programa, na safra 2000/2001, foram formalizados cerca de 605 milcontratos, a partir desse período, a evolução foiconstante, chegando a mais de um milhão nasafra 2003/2004, conforme Fig. 7. O Banco doBrasil tem contribuído de forma decisiva para osucesso do programa.

Fig. 6. Aplicações do Banco do Brasil – Percentualde crescimento por região – Safra 2003/2004 versus

safra 2002/2003.

Fontes: Siagro – Sistema de Informações do Agronegócio/Banco do Brasil(2004).

Page 36: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 34

inclusive auxiliando na superação de obstáculosque travam o desenvolvimento e a inserçãosustentável dos agricultores familiares nosmercados.

Os últimos planos de safra foramsegmentados por tipo de produção (familiar eempresarial) e não mais por porte de produtor.Mas, considerando que a agricultura familiarengloba nini e pequenos produtores, podemosverificar uma mudança no perfil dos tomadoresde crédito. Houve um significativo aumento doestrato de pequenos, com respectivadiminuição de mini produtores atendidos. Essedado sugere que produtores considerados miniestão evoluindo e se transformando empequenos, o que consolida o sucesso doPrograma como fomentador de renda para aagricultura familiar.

Para o Plano Safra 2004/2005, dos R$ 7 bi-lhões para a agricultura familiar, para o Banco doBrasil estão previstos R$ 4,1 bilhões (58,71%), comincremento da ordem de 19,8% em relação à safra2003/2004, distribuídos de acordo com as fina-lidades constantes da Tabela 6.

Fig. 7. Comparativo das aplicações do Banco doBrasil, por safra.

Fontes: Siagro – Sistema de Informações do Agronegócio – Banco do Brasil (2004).

O crescimento no volume de recursosaplicados foi de 63% em relação à safra de2002/2003 (R$ 2.096) em comparação à de2003/2004 (R$ 3.422), conforme dados doMinistério do Desenvolvimento Agrário (2004).A Fig. 8 apresenta o detalhamento do períodode 2002 a 2003.

Fig. 8. Comparativo das aplicações do Banco doBrasil, por safra.

Fontes: Siagro – Sistema de Informações do Agronegócio – Banco do Brasil (2004).

A safra 2004/2005 eatuação do Banco do Brasil

A estratégia do Banco do Brasil para oatendimento do agricultor familiar está alinhadaaos planos do governo federal para esse segmento,agregando ao crédito um conjunto de serviçosessenciais para a construção de capital social2,

Agricultura familiar –Proagro Mais é destaque

A agricultura sempre foi uma atividade derisco, sensível às variações climáticas comoseca, granizo, veranicos, chuvas em excessoou fora de época.

(1) Previsão.Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário (BRASIL, 2004).

Tabela 6. Agricultura familiar - Aplicação por finalidade.

Custeio/InvestimentoComercializaçãoTotal

Finalidade

19,7

19,919,8

Variação(%)

2.246

1.1763.422

2003/2004

2.692

1.4084.100

2004/2005(1)

2 Capital social é a soma dos conhecimentos e experiências dos grupos que participam de um determinado programa ou projeto.

Page 37: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200435

O Banco do Brasil, em parceria com oMinistério do Desenvolvimento Agrário e oMinistério da Fazenda, está implantando umprograma de garantia da atividade agropecuáriapara a agricultura familiar – Proagro Mais. Osprogramas tradicionais e existentes só garantemao produtor uma indenização dos valores previs-tos para a lavoura financiada. Já o Proagro Maisgarantirá, adicionalmente, 65% da receita líquidaesperada pelo empreendimento financiado.

O Proagro Mais terá as seguintesabrangências:

• Lavouras indicadas pelo Ministério daAgricultura Pecuária e Abastecimento, nozoneamento agrícola.

• Lavouras de mandioca, mamona, caju,uva e banana.

• Lavouras consorciadas, quando alavoura principal for zoneada ou uma dasprevistas no item anterior.

Novas perspectivas

Para que a agricultura familiar modifiquesua caracterização de produção, em pequenaescala, tornar-se necessária a integração dosatores da cadeia produtiva e a busca contínua devantagem competitiva, quer seja pela liderançade custos ou pela diferenciação de produtos.

Os agricultores familiares também precisambuscar especialização, para que sua produçãoencontre novos mercados ou novos nichos.

Os órgãos responsáveis pelo controle emonitoramento da agricultura familiar, no País,podem estimular e propor para esses trabalhadoresdo campo ações empreendedoras, as quaisproporcionarão a geração de desenvolvimento.

Também é bom salientar que boa partedas comunidades de agricultores familiares, que

mantêm princípios comunitários solidários,utilizam-se de redes de cooperação para melhorestruturar sua produção e promover novasparcerias econômicas.

A agricultura familiar brasileira precisaidentificar as tendências mundiais que valo-rizam a demanda por produtos oriundos dopequeno produtor. Os consumidores cada vezmais se importam com a responsabilidadesocial das empresas e com um comércio mun-dial mais justo. Produtos agrícolas fabricadose/ou produzidos por agricultores familiares,social e ecologicamente corretos, poderão tersuas demandas e preços mais valorizados doque no mercado convencional. Cabe apenastornar esse diferencial visível para que oconsumidor perceba nesses produtos seu valoragregado.

ReferênciasBANCO DO BRASIL. Siagro. Relatórios Internos. Disponível em:<http://www.bb.agronegocios-e.br>. Acesso em: 20 out. 2004.

BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Manual do CréditoRural – MCR. Brasília, DF, 2004a. 21 p.

BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Anuário Estatístico2003. Disponível em: <www.bacen.gov.br>. Acesso em: 20 out.2004b.

BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Resolução BACEN nº2.101, de 24 de agosto de 1994. Crédito Rural. Programa deValorização da Pequena Produção Rural (PROVAPE). Safra deverão 94-95. Disponível em: <www.bacen.gov.br>. Acesso em:13 out. 2004c.

BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN).. Resolução CMN/BACEN nº 2.191 de 24 de agosto de 1995. Crédito Rural – ProgramaNacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).Disponível em: <www.bacen.gov.br>. Acesso em: 13 out. 2004d.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Pronaf.Disponível em: <www.mda.gov.br>. Acesso em: 20 out. 2004.

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Pronaf.Disponível em: <www.conab.gov.br>. Acesso em: 20 out. 2004.

IBGE. Censo agropecuário: 1995/1996. Rio de Janeiro. Disponivelem: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuária/censoagro/default.shtm>. Acesso em: 20 out. 2004.

Page 38: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 36

Banco do Brasile cooperativas

O cooperativismo é reconhecidamente umadas formas mais apropriadas de organização dasociedade, e tem dado mostras de que é uminstrumento hábil para melhorar a vida daspessoas, a partir de relações econômicas e detrabalho.

No Brasil, o cooperativismo está enraizadona estrutura socioeconômica, amplamentedisseminado em todo território nacional. Noâmbito rural, sem dúvida foi um dos pilares dodesenvolvimento do agronegócio, principalmentenos períodos iniciais – anos 60 e 70 – com seupioneirismo na organização das cadeias produti-vas, difusão de tecnologia e viabilização de infra-estrutura. Recentemente, com a expansão dosdemais setores econômicos, o cooperativismoencontrou um campo fértil para se inserir no meiourbano, apresentando-se como uma importanteforma de estruturação dos mais diversos ramosde atividade.

O cooperativismo consolida cada vez maissua participação na economia brasileira, pelamodernização do sistema, pela incorporação detecnologia às suas atividades e pela profissionali-zação da gestão. Atuante, estruturado e derelevância significativa para a economia do País,o sistema buscou o fortalecimento da sua imagemsistêmica junto à sociedade, com o objetivo detornar-se conhecido e compreendido como umsegmento integrado, unido e forte.

Especialmente o ramo agropecuário, quevive um momento ímpar na sua história, éapontado como uma das soluções para gerarrenda, manter e criar postos de trabalho, permitira inclusão social e promover o desenvolvimentodo País.

O Banco do Brasil (BB), como maior institui-ção financeira do País, dispõe de estruturas especí-ficas e modernas para atender, de maneira diferen-ciada, todos os segmentos do mercado. Emrelação às cooperativas, mantém gerências espe-cializadas que proporcionam estreito relacio-namento e procuram, por intermédio de soluçõesadequadas em produtos, serviços e parcerias paraatender às demandas desse segmento.

No Plano Agrícola e Pecuário 2004/2005,o cooperativismo, mais uma vez, terá papeldecisivo na consolidação do ciclo virtuoso doagronegócio brasileiro, e o Banco do Brasil, agentefinanceiro de maior participação no mercado, estápronto, neste processo, para dar sua parcela decontribuição, orgulhando-se dos laços fraternosque mantém com as cooperativas, pois entendeque assim presta importante serviço ao segmentoe ao País.

Cooperativismo Brasileiro

O cooperativismo brasileiro está estrutu-rado em treze ramos pela Organização dasCooperativas Brasileiras (OCB), a saber: agro-pecuário, consumo, crédito, educacional, espe-cial, habitacional, mineral, produção, infra-es-trutura, trabalho, saúde, turismo e lazer etransporte. (Tabela 1).

A partir da metade da década de 90, ocooperativismo vem apresentando acentuadocrescimento no número de organizações,contando hoje com 7.355 cooperativas, 5,762milhões de cooperados, sendo responsável por6% do PIB, gerando 182 mil empregos diretos eUS$1,09 bilhão de exportações diretas(ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASI-LEIRAS, 2003).

Banco do BrasilDiretoria de Agronegócios

Page 39: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200437

Fonte: Núcleo de Banco de Dados da OCB – Dezembro/2003.

Tabela 1. Quantidade de cooperativas por ramo,cooperados e empregados.

AgropecuárioConsumoCréditoEducacionalEspecialHabitacionalIfra-estruturaMineralProduçãoSaúdeTrabalhoTurismo e lazerTransporteTotal

Ramo

110.9107.219

23.2912.874

62.4725.500

35315

23.2674.036

22.099

182.026

Empregados

1.519158

1.115303

7314172

34113878

2.02412

7067.355

Cooperativas

940.4821.920.3111.439.644

98.9702.083

104.908575.256

48.8309.559

261.871311.856

39648.552

5.762.718

Cooperados

Cooperativas agropecuárias

As cooperativas, além de proporcionar ainclusão social e o resgate da cidadania aosbrasileiros, são responsáveis, em virtude do seupioneirismo, pela organização das cadeiasprodutivas, difusão tecnológica e viabilizaçãode infra-estrutura.

O sistema cooperativista brasileiro teveuma grande expansão nos anos 60 e 70,principalmente nas regiões Sul e Sudeste,especificamente no ramo agropecuário.

As cooperativas agropecuárias têmparticipação entre 35% a 40% no PIB agrícola.Segundo dados estatísticos da OCB, existematualmente 1.519 cooperativas agropecuáriasem atividade, com um total de 940.482agricultores associados, gerando 110.910empregos diretos, com 6.308.352 pessoasvinculadas direta e indiretamente (cooperados,familiares e agregados). O setor deverácontinuar crescendo em faturamento na ordemde 20% ao ano devido ao desenvolvimentoagrícola, ao desempenho dos produtores ruraise a ocupação de novos espaços no mercado(Tabela 2).

Participação das cooperativasna produção agropecuária

Na Safra 2003/04, de 119 milhões detoneladas de grãos, o cooperativismo participoucom 25% dessa produção e com 35% daprodução agropecuária, conforme demonstradona Fig. 1.

Tabela 2. Quantidade de cooperativas agropecuárias,cooperados, empregos diretos e pessoas vinculadas.

Fonte: Núcleo de Banco de Dados da OCB (ORGANIZAÇÃO DAS COOPE-RATIVAS BRASILEIRAS, 2003).

Número de cooperativasem atividade

Total de agricultores associados

Número de empregos diretos

Total de pessoas diretamentevinculadas

Total de pessoas indiretamentevinculadas

Total de Cooperados, familiarese agregados

1.519

940.482

110.910

1.051.392

5.256.960

6.308.352

Fig. 1. Participação percentual das cooperativas naprodução agropecuária brasileira.

Fonte: Núcleo de Banco de Dados da OCB (ORGANIZAÇÃO DASCOOPERATIVAS BRASILEIRAS, 2003).

Page 40: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 38

As cooperativas agropecuárias sãoresponsáveis por 96% do total de produtosexportados por cooperativas, sendo que osprodutos mais exportados são: soja, café, carnee açúcar.

Na Safra 2003/04, o Banco do Brasilcontratou diretamente com as cooperativasagropecuárias mais de R$ 1,1 bilhão em operaçõesde crédito rural, nas finalidades de custeio,investimento e comercialização (Fig. 2). Alémdisso, o Banco do Brasil vem financiando oscooperados de forma individual.

das cooperativas agropecuárias, visando aodesenvolvimento auto-sustentado, em condi-ções de competitividade, com resultado namanutenção, geração e melhoria do empregoe renda.

O Banco do Brasil teve uma participaçãorelevante nesse programa, contratando umvolume de R$ 1,235 bilhão, para 172 coopera-tivas, sendo R$ 776 milhões em alongamentode dívidas e R$ 459 milhões em novos créditos.

As cooperativas que obtiveram recursosno Recoop exibiram um crescimento médio nofaturamento de 20% entre 2001 e 2003(FREITAS, 2004). Parte desse crescimento foidevido às exportações, resultando emsignificativa contribuição ao País, em divisas eocupação de mão-de-obra.

Cooperativas de crédito rural

Conforme (PINHEIRO, 2004), as coopera-tivas de crédito são instituições financeiras,constituídas como sociedades de pessoas, comforma e natureza jurídica próprias, de naturezacivil, sem fins lucrativos e não sujeitas a falência,com o objetivo de propiciar crédito e prestarserviços aos seus associados. Regem-se pelodisposto nas Leis nºs. 10.406, de 10.1.2002, 5.764,de 16.12.1971, e 4.595, de 31.12.1964, nos atosnormativos baixados pelo Conselho MonetárioNacional e pelo Banco Central do Brasil e pelorespectivo estatuto social.

Classificam-se em:

Singulares: as constituídas pelo númeromínimo de pessoas físicas necessário paracompor a administração da sociedade.Conforme Resolução nº 11, de 27.2.2003, daOrganização das Cooperativas Brasileiras(OCB), permanecem exigíveis o concursomínimo de 20 associados para a observânciada estrita legalidade dos atos constitutivos eposteriores alterações, para fins de registro naOCB e funcionamento das sociedades coope-rativas.

Fig. 2. Banco do Brasil – Crédito Rural – Safra 2003/04.

Participação por finalidade das operações realizadascom cooperativas agropecuárias.

Fonte: Banco do Brasil (2004).

Durante a década de 90, as cooperativasagropecuárias passaram por grandes dificulda-des financeiras e estruturais. Para mitigar osefeitos do processo de endividamento contínuoe crescente, o governo federal criou mecanis-mos para renegociação de dívidas, como aSecuritização, o Programa Especial de Sa-neamento de Ativos (Pesa) e o Programa deRevitalização das Cooperativas AgropecuáriasBrasileiras (Recoop).

A finalidade do Recoop foi financiar areestruturação, capitalização e revitalização

Page 41: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200439

Cooperativas centrais ou federações decooperativas: as constituídas de, no mínimo, trêssingulares de crédito.

Confederações de cooperativas: asconstituídas, pelo menos, de três federações decooperativas de crédito ou cooperativascentrais de crédito.

As cooperativas de crédito rural são umadas seis formas de atuação previstas pelo Bacen.São formadas por pessoas que desenvolvem, naárea de atuação da cooperativa, de formaefetiva e predominante, atividades agrícolas,pecuárias ou extrativas, ou se dedicam aoperações de captura e transformação dopescado.

O Banco do Brasil possui experiência epessoal qualificado para atuar nesse mercado.Vem conduzindo ações que visam incrementaro relacionamento negocial por meio da criaçãode produtos, serviços, parcerias/aliançasestratégicas e processos negociais, visando oaprimoramento de modelos de relacionamento.

De acordo com os registros do Bacen,(PINHEIRO, 2004), existiam no Brasil 454cooperativas de crédito rural. Desse total, 437possuem cadastro no Banco do Brasil, o querepresenta um percentual de 96% (Fig. 3).

Embora o percentual de cadastrados no BBseja significativo, o número de cooperativas quedesenvolvem todo o seu potencial de negócios é,comparativamente, de menor expressão.

Assim, de acordo com o escopo estratégicodefinido pelo Banco do Brasil para o segmentocooperativo de crédito rural, o estabelecimentode parcerias e alianças estratégicas com diversossistemas, por meio de suas centrais ou diretamentecom as cooperativas singulares, tem alavancadoum crescente volume de negócios cooperativos,organizados e com crescimento real e sustentável.

De acordo com essas premissas, o atendi-mento aos sistemas cooperativos obedece àseguinte estratificação:

• Atendimento direcionado aos sistemascooperativos compostos por médios e grandesprodutores, voltados à economia produtiva emescala comercial.

• Ao segmento da agricultura familiar eeconomia solidária, com ênfase ao atendimentoaos beneficiários do Programa Nacional deFortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf),devido ao alto grau de inclusão social e geraçãode emprego e renda no campo, propiciada peloprograma.

Essa estratificação demonstra o alinhamentodo BB às políticas governamentais de atendimentoe apoio aos sistemas produtivos rurais, safra 2003/2004 (Tabela 3).

Fig. 3. Cooperativas de crédito rural, clientes doBanco do Brasil.

Fonte: Banco do Brasil (2004).

Tabela 3. Banco do Brasil – Contratação de operaçõescusteio e investimento – Safra 2003/04.

Fonte: Banco do Brasil (2004).

Cooperativas atendidas

Municípios atendidos

Famílias beneficiadas

Valor financiado - custeio

Valor financiado - investimento

121

1.381

55 mil

R$ 304 milhões

R$ 60 milhões

Para o atendimento a essas cooperativas,o banco oferece seus produtos e serviços.Entreos principais produtos, destacam-se:

Page 42: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 40

Convênio Compe: que possibilita a integra-ção da cooperativa de crédito ao Serviço de Com-pensação de Cheques e Outros Papéis (SCCOP),envolvendo, entre outros serviços, o fornecimentode cheques cooperativos para uso dos cooperadose a liquidação de documentos compensáveis dacooperativa e de seus associados, centralizandotoda a movimentação financeira da cooperativa.

Convênios de Cooperação TécnicaOperacional e Financeira: que viabiliza o acessoao crédito rural de custeio e de investimento aum maior número de produtores rurais, com ainterveniência das cooperativas.

ReferênciasBANCO DO BRASIL (BB). Cooperativa: Financiamentos,Programas Específicos e Convênios. 2004. Disponível em<www.agronegócios-e.com.br>. Acesso em: 2 set. 2004.

FREITAS, MÁRCIO LOPES DE. A Força das cooperativas nocampo. Campo Aberto, n. 72, jun. 2003. Seção Cenário.Disponível em: <http://www.massey.com.br/portugues/campo/campo_aberto.asp>. Acesso em: 13 set. 2004.

ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS (OCB).Dados-Dezembro/2003. Disponível em: <www.ocb.org.br>.Acesso em 09 set. 2004.

PINHEIRO, MARCOS ANTONIO HENRIQUES. História daevolução normativa no Brasil. – Banco Central do Brasil(BACEN). 2004. Disponível em: <www.bcb.org.br>. Acessoem: 22 set. 2004.

Page 43: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200441

Introdução

O Brasil produz 122 milhões de toneladasde grãos por ano, é o primeiro produtor mundialde café, açúcar e suco de laranja, e o segundoprodutor mundial de milho, soja, frango e carnebovina, mas precisa aperfeiçoar suas formas decomercialização. O Banco do Brasil (BB), comouma instituição financeira que tradicionalmenteinveste no agronegócio, foi pioneiro na disponibi-lização de novos canais para atender toda acadeia do agronegócio que, até então, só contavacom as formas tradicionais de comercialização.A seguir, destacam-se três desses novos mecanis-mos: site Agronegócios-e, Cédula de Produto Rural(CPR) e Mercados Futuros e de Opções.

Site Agronegócios-e

O site Agronegócios-e foi criado a partirde decisão estratégica do Conselho Diretor doBanco do Brasil em 1999, com o objetivo detrazer o setor de agronegócio para o mundomoderno das transações on-line. Comprar.Vender. Negociar. Leiloar. Contratar. Pagar.Financiar. Transportar. E ainda manter-seinformado. Tudo em um único endereço:www.agronegocios-e.com.br, que tambémpode ser acessado por meio de link específico(agronegócios) no menu “Sala de Negócios” doPortal do Banco do Brasil (www.bb.com.br).

As possibilidades oferecidas por esse sitepermitiram que o comércio eletrônico se

consolidasse como uma importante ferramentade comercialização para os agroempresáriosbrasileiros. Para um país com as dimensõesterritoriais do Brasil, tão indispensável quantoplantar, tão fundamental quanto colher éencontrar a melhor forma de comercializar aprodução.

Nesse cenário, o site Agronegócios-econfirma que a comodidade e a eficiência,associadas ao comércio eletrônico, contribuempara facilitar a alavancagem de negócios nessesetor produtivo, que é responsável por 42% daexportação brasileira e, em 2003, representou33% do PIB nacional, conforme o Ministérioda Agricultura (BRASIL, 2003). Um setor comtamanha expressão não podia deixar de usar aInternet como facilitador para ampliação efortalecimento dos mercados.

Em um campo que vem sendo cultivadocom profissionalismo, criatividade e eficiência,e que tem tido colheitas fartas, é de se esperara realização de muitos negócios no site.O Balcão de Agronegócios, principal ferramentade comércio eletrônico do site, movimentoudesde o seu lançamento R$ 5,72 bilhões emmais de 201 mil operações em 2004,acumulando R$ 2,24 bilhões em negócios, com73,3 mil operações realizadas, conforme dadosinternos (BANCO DO BRASIL, 2004). O Balcãode Agronegócios conta hoje com pouco maisde 200 mil usuários habilitados, e o número declientes do Banco do Brasil com perfil deagronegócio ultrapassa um milhão, o que

Soluções inovadoraspara o agronegócio

Banco do BrasilDiretoria de Agronegócios

Page 44: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 42

demonstra o grande potencial de expansão dosnegócios em curto prazo.

O perfil dos usuários do site é bastantevariado. Essa característica exige do bancoestratégia permanente para atração e conquistade todos os nichos desse mercado, como odesenvolvimento de novas ferramentas eadequação da navegabilidade do site. Dessamaneira, o Agronegócios-e atende tanto aosgrandes produtores rurais e agroindústrias,acostumados com as novidades tecnológicas,como também aos pequenos produtores, queantes não dispunham desse tipo de ferramenta.

Como o acesso à internet no Brasil aindaé deficitário em muitas regiões, o Banco doBrasil disponibiliza sua estrutura física ecapacita seus funcionários para que os clientestenham condições de realizar negócios no site.Nesse sentido, o banco beneficia-se dacapilaridade da sua rede de agências, quecobre todo o território nacional e conta commais de quatro mil pontos de atendimento, econtribui com o projeto de inclusão digitaldesenvolvido pelo governo federal.

Além de disponibilizar conteúdo direcio-nado aos produtores rurais, o site Agronegócios-etambém oferece conteúdo segmentado paraagroindústrias e cooperativas. A arquitetura deinformações do site dinamiza a navegação naspáginas sobre produtos e serviços do Banco doBrasil voltados para cada perfil de cliente.

O conteúdo do site, comum a todos ossegmentos, conta com notícias, cotações demercado físico e mercado futuro, divulgação defeiras e exposições do agronegócio, previsãometeorológica e simuladores de financiamentos.Os clientes habilitados têm acesso à “Sala deAgronegócios”, ambiente no qual encontram-seinformações técnicas e de mercado fornecidas porespecialistas contratados pelo banco.

Comércio Eletrônico

O comércio eletrônico no Brasil vem sedesenvolvendo a passos largos. Estimativas de

especialistas apontam crescimento de 53% noprimeiro semestre de 2004, em relação aomesmo período em 2003. As vendas em 2004estão estimadas em 1,8 bilhão, não incluindoas vendas de passagens aéreas, automóveis esites de leilão, e o número de usuários em 2,75milhões.

O banco, assim como outras instituiçõesfinanceiras, vem investindo muito no canalinternet, e no agronegócio não podia serdiferente. Os aplicativos de negócios do sitepermitem ao agroempresário realizar diversasatividades sem sair de sua fazenda ou escritório,tudo com a comodidade e agilidade que ainternet oferece.

Todos os serviços de comércio eletrônicocontam com fechamento on-line dos negóciose liquidação financeira realizada pelo Bancodo Brasil. Para um melhor entendimento, aseguir, detalharemos como funciona cada umdos aplicativos de negócio:

Balcão de Agronegócios

É um sistema que permite aos clientes,via internet, registrarem suas ofertas de comprae venda de bens e serviços com fechamentode negócios on-line e com visibilidade a todosos clientes previamente habilitados. O acessoao sistema é feito pela página principal do site(seus negócios – balcão de agronegócios).

Podem participar os clientes previamentehabilitados. A habilitação é feita na agência derelacionamento do cliente mediante a assinaturade termo de adesão.

As ofertas (compra ou venda) são classifica-das por categorias, para facilitar a inclusão e buscade negócios em ambiente totalmente seguro.

A realização de negócio, via balcão, teráquatro etapas:

• Pré-negociação: o participante habilitadocadastra a oferta no sistema e a libera ao mercado.

• Negociação: visualização das ofertaspelos clientes habilitados, manifestação deinteresses e fechamento dos negócios. Aqui

Page 45: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200443

acontecerá o lance, as contra-ofertas e ospedidos de reserva.

• Fechamento: o sistema processa oslances, contra-ofertas e pedidos de reservaaceitos e apura o vencedor.

• Pós-negociação: o sistema informa ascondições de fechamento do negócio, controlaa entrega da mercadoria e realiza a liquidaçãofinanceira do negócio.

O que pode ser ofertado e negociado:

• Produtos agropecuários: máquinas(colheitadeiras, tratores de pneus e de esteira),produtos agrícolas (frutas, hortaliças, flores,algodão, arroz, café, feijão, mandioca, milho,soja, trigo e triticale).

• Insumos: sementes (algodão, arroz,café, milho, soja e triticale), fertilizantes,corretivos de solo, defensivos e nutrição animal(ração).

• Equipamentos: plantadeiras/semeadeiras,pulverizadores, arados e grades.

• Benfeitorias rurais.

O pagamento das mercadorias/serviçosserá somente à vista, com a possibilidade dedébito em conta corrente, débito na conta definanciamentos que o cliente tenha previamenteformalizado com o banco e débito na conta deCPRs que o cliente tenha previamente emitido.

Os benefícios para o vendedor e para ocomprador são, respectivamente:

Vendedor:

a) Preços justos.

b) Ampliação do mercado.

c) Comodidade, praticidade, segurança econfiabilidade do Banco do Brasil.

d) Liquidação financeira das operaçõesadministradas pelo Banco do Brasil.

e) Maior agilidade e sem a figura doatravessador.

Comprador:

a) Redução de custos (gasto com estruturafísica, com corretor).

b) Ampliação do mercado.

c) Comodidade, praticidade, segurança econfiabilidade do Banco do Brasil.

d) Liquidação financeira das operaçõesadministradas pelo Banco do Brasil.

e) Maior agilidade.

Sala de CPR:

Este ambiente foi preparado especialmentepara quem emite e compra BB CPR, a moeda fortedo campo, totalmente garantida com o aval doBanco do Brasil. Em tópico específico, apresen-taremos mais detalhes sobre a CPR.

Além de comprar BB CPR no Balcão deAgronegócios, é possível também consultar e fazerdownload da carteira do cliente, emitir certificadode custódia, consultar emissões e o tetooperacional, fazer simulações, entre outrasfacilidades.

O acesso às facilidades dessa sala é liberadoa clientes previamente habilitados.

Sistema de Comercialização de Grãos:

Os interessados em comprar ou vendergrãos deverão ser habilitados ao Sistema por suasagências de relacionamento. Para os clientes(pessoas físicas) que não tenham prática denavegação na internet, as agências do bancopoderão auxiliá-los como seus representantes.O acesso ao ambiente de comercialização degrãos é feito na página principal do site (seusnegócios – grãos).

Ao clicar no link “Grãos”, será aberta umapágina específica “Sala de Grãos” na qual estãodisponibilizados a Agenda (por produtos, com asrespectivas datas e horários das negociações), omenu de funcionalidades, o Regulamento, aTabela de Tarifas e o Texto de Ajuda, além dascotações do mercado físico e futuro.

No ambiente de Comercialização deGrãos, os habilitados podem incluir/excluir

Page 46: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 44

ofertas, acompanhar negócios, dar lances econtra-ofertas, utilizar defesa de preço em casode oscilações do mercado e aceitar contra-ofertas, além de acompanhar as cotações dosmercados físico e futuro e dos negócios rea-lizados no âmbito do Sistema Grãos. A inclusãodos produtos para oferta no “Grãos” é feitadiretamente pela Internet, em modelo de formu-lário específico para cada produto.

As negociações são realizadas em“Salas” por produto, ambiente de negócioespecífico que somente estão disponíveis noshorários estabelecidos na agenda, e poderãoocorrer separadamente ou simultaneamente,dependendo do horário que melhor atenda osmercados de cada produto.

Sistema de comercialização de fretes:

O sistema de comercialização de fretesviabiliza a realização de negócios de compra evenda de serviços de logística. Seu objetivo édisponibilizar alternativas de logística eficientese facilitar o escoamento de mercadorias dosegmento do agronegócio. O acesso ao ambientede comercialização de grãos é feito na páginaprincipal do site (seus negócios – fretes).

Os serviços são executados por empresasde logística habilitadas pelo Banco do Brasil, eincluem a contratação de frete em todas asmodalidades de transporte, despachante,registros, estufagem, agente do armador e outrosque se fizerem necessários ao transporte, àmovimentação e ao despacho aduaneiro demercadorias.

A participação no sistema é permitidasomente para clientes do Banco do Brasil. Ocliente interessado em participar do sistema,para comprar ou vender serviços de logística,deve procurar sua agência de relacionamentopara fazer a habilitação.

O processo de habilitação compreende:

• Análise cadastral por parte do banco.

• Indicação de representante para operaro sistema em seu nome, obrigatória para pessoajurídica.

• Formalização de Termo de Adesão aoRegulamento do Sistema de Comercialização deFretes e, se for o caso, de Procuração nomeandoo representante.

Depois de habilitados, os participantes dosistema são identificados como: Cliente Solicitante– cliente interessado em contratar serviços delogística (produtores rurais, criadores de animais,cooperativas, associações, agroindústrias,supermercados, processadoras, beneficiadoras,etc.) ou operador de transporte – empresa delogística que oferece seus serviços aos clientes.

A negociação no sistema é simples e segura.Veja como funciona:

• Cliente solicitante cadastra e envia opedido de cotação a um ou mais operadores detransporte de sua escolha.

• Cada operador de transporte, com baseno pedido de cotação, elabora e envia a cotaçãoao cliente solicitante.

• Cliente solicitante recebe a cotação e, seaceitá-la, emite a ordem de serviço.

• Sistema debita na conta corrente docliente solicitante, pelo valor da ordem de serviço,acrescido da tarifa, para liberação ao operadorde transporte após a conclusão do serviço.

• Operador de transporte recebe a ordemde serviço, executa o serviço contratado e enviao comunicado de conclusão de ordem de serviço.

• Cliente solicitante certifica-se daconclusão do serviço e efetua a liberação dopagamento ao operador de transporte.

As partes podem ter certeza da conclusãodo negócio. O operador de transporte recebe aautorização para executar o serviço apósconfirmado o pagamento pelo cliente solicitante.E o cliente solicitante autoriza a liberação dopagamento ao operador de transporte depois deconfirmada a execução do serviço nas condiçõesnegociadas.

As regras do negócio estão no documento“Sistema de Comercialização de Fretes –Regulamento”, disponível no link “Fretes” no site.

Page 47: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200445

Cadastramento e acompanhamentode propostas de financiamentos

É um sistema desenvolvido pelo Banco doBrasil para possibilitar o acolhimento e oacompanhamento de propostas de financiamentode produtos da cadeia do agronegócio pelaInternet. O acesso é feito na página principal dosite (seus negócios – Propostas de Financiamento).O acesso se dá pela página principal.

Podem participar todos os clientes dobanco, pessoas físicas ou jurídicas, previamentehabilitados pelo banco como participantes que,dependendo das ações executadas no sistema,assumirão as seguintes qualificações:

Comprador: o interessado em incluirpropostas de financiamento.

Revendedor: o interessado em vender seuproduto ao comprador.

Fabricante: o interessado que o seurevendedor venda o produto ao comprador.

Os participantes poderão incluir propos-tas de financiamento no Sistema, bem comoacompanhar a situação daquelas propostas dasquais façam parte como comprador, revendedorou fabricante. O participante comprador con-corda que os participantes revendedor e fabri-cante possam registrar no Sistema propostas definanciamento para lhe vender um ou maisprodutos.

A proposta registrada pelos participantesrevendedor e fabricante não implica nenhumaobrigação ao participante comprador e seráanalisada somente após a sua concordância.Os participantes concordam de forma irrestritacom a disponibilização das informações de suaproposta, para visualização e acompanhamentona internet, pelos demais participantes(comprador, revendedor e fabricante) dareferida proposta, bem como da utilizaçãodessas informações.

É disponibilizado ao participante somenteas informações das propostas das quais estejaqualificado como comprador, revendedor oufabricante e que tenha sido informado o seu

CPF/CNPJ, quando do registro da proposta. Aapresentação da proposta de financiamento nãoimplica aprovação do crédito. A aprovação estácondicionada à análise, deferimento pelo bancoe disponibilidade de recursos financeiros.

Em breve, será lançado o ambienteMercado Futuro e de Opções, que permitirá aocliente a simulação de contratos de opções decompra e de venda a partir de dados por eleinformados (produto, quantidade, preço, etc.).

Com os aplicativos anteriormente descritos,o site de Agronegócios do Banco do Brasil é oúnico site brasileiro de comercialização de bense serviços do agronegócio com fechamento on-line. O Agronegócios-e elimina a figura doatravessador e permite que as duas partes,vendedor e comprador, acompanhem em temporeal todo o processo, da oferta até o fechamento.Toda a transação é completada no mesmoambiente. O cliente não sai nenhuma vez de ondeestá, seja para comprar ou vender. E o site podeser acessado a qualquer momento do dia, semlimitação de horários para negociações.

Apesar da especialização das ferramentasde comércio eletrônico, o maior diferencial dosite Agronegócios-e é a liquidação financeiracompleta dos negócios, com a possibilidade dedébito em conta corrente, débito na conta definanciamentos que o cliente tenha previamenteformalizado com o BB e débito na conta deCPRs que o cliente tenha previamente emitido.Os valores envolvidos nas transações sãoliberados para o cliente vendedor somente apósa entrega do produto ou serviço nascaracterísticas acertadas e com a anuência docliente comprador.

A segurança é um fator de extremaimportância no mundo virtual, e especialmentepara o Banco do Brasil. Todos os ambientes derealização de negócios são criptografados eexigem alto grau de codificação do browser.O acesso depende da informação de dadosbásicos da conta e da senha de uso pessoal.

Page 48: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 46

O próximo desafio para o Agronegócios-e é buscar integração com o Balcão deNegócios Internacionais, serviço de comércioeletrônico do Banco do Brasil voltado para aexportação. Com isso, os médios e grandesprodutores brasileiros poderão oferecer seusprodutos para o mercado internacional viaInternet.

Cédula de Produto Rural (CPR)

Até a década de 80, o produtor dispunhade poucos mecanismos para viabilizar aformação de suas lavouras. As necessidades decrédito eram supridas basicamente porfinanciamentos de custeio, oferecidos pelosistema bancário, com participação expressivado Banco do Brasil e muito embasados emrecursos oficiais. Mudanças na conjunturaeconômica, como aumento das taxas interna-cionais de juros e problemas internos de ordemfiscal, obrigaram o governo a limitar a conces-são de empréstimos às disponibilidades orça-mentárias, induzindo o mercado a criar meca-nismos próprios para financiamento do agrone-gócio, estimulando, com isso, a comerciali-zação antecipada e a troca de insumos porprodutos.

Nesse contexto, surgiu em 1994 a Cédulade Produto Rural (CPR), com a qual osprodutores passaram a contar com um novoinstrumento para alavancar recursos para ofinanciamento de seu empreendimento, comvenda antecipada de sua produção. As tradings1

e as empresas de insumos passaram a tercondições de realizar seus negócios com osprodutores rurais de forma mais adequada ecom menos riscos. As tradings passaram acomprar antecipadamente os produtosnecessários ao cumprimento de seuscompromissos e as empresas de insumos amelhor viabilizar a venda de seus produtos(sementes, fertilizantes e herbicidas) sem adependência do crédito rural oficial, cada vezmais escasso.

Esse novo mecanismo possibilitou aoprodutor rural dotar sua lavoura da tecnologia

indispensável à obtenção de alta produtividade,bem como decidir pelo momento adequado decomprar seus insumos, adequando os juroscobrados pelos seus fornecedores à rentabilidadede suas lavouras.

O Banco do Brasil, desde o início, vemparticipando desse processo, fomentando autilização da CPR por intermédio da concessãode aval, o que dá credibilidade ao título perante omercado.

Diante da escassez de recursos oficiais parasuprir as necessidades de recursos para ofinanciamento da atividade agropecuária, a CPRmostrou-se um instrumento de comercializaçãosem par no mercado, principalmente depois dainstituição da modalidade Financeira em 2000.Com a nova modalidade, em vez da obriga-toriedade de entrega física da mercadoria pararesgatar a cédula, o emitente também pode optarpela liquidação em espécie, o que significa dizerque a sua obrigação se configura a umfinanciamento rural, com todos os seusdesdobramentos. Em outras palavras, a CPRFinanceira propicia ao produtor levantar recursospara o plantio, mas não garante a comer-cialização, como é o caso da CPR com entregafísica de produto. Essa modalidade, portanto, exigedos produtores rurais um melhor planejamento daatividade, inclusive do período de comercia-lização, vez que a grande maioria depende davenda da safra para liquidá-la.

Apesar do pouco tempo de seu lançamento,o mercado já sentiu que o negócio é bom. A CPRFinanceira atraiu o interesse de bancos e fundosde investimentos, causando “barulho” nomercado financeiro. Para os investidoresinstitucionais que não desejam ou não seinteressam em receber produto, essa nova formade liquidação da CPR foi um “achado”. O grandeatrativo do papel está na credibilidade oferecidapelas instituições financeiras, que conferemautoliquidez ao título, mediante concessão deaval ao emitente.

O Banco do Brasil, principal intermediadordessas operações, já avalizou, desde o início dotítulo, em 1994, mais de R$ 7 bilhões, posição emsetembro/2004, conforme demonstra a Fig. 1.

1 Tradings são empresas que comercializam grãos e outros produtos agrícolas.

Page 49: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200447

Fig. 1. Cédula de Produto Rural (CPR) – Evolução dosnegócios.

Fonte: Banco do Brasil, Diretoria de Agronegócios (2004).

Fonte: Banco do Brasil - Diretoria Agronegócio (2004).

Tabela 1. Cédula de Produto Rural (CPR) - Negóciosrealizados em 2004 por produto.

SojaBovinosCaféMilhoAlgodãoArrozTrigo/TriticaleSuínosCana-de-acúcarFrutasHortaliçasSementesFeijãoOutrosTotal

Produto

19.02717.018

9.3194.8681.0673.0641.014

631345445199

92163

1.10458.356

Nº CPR

1.564.103.095909.865.178473.759.081415.329.469360.304.251231.546.190

37.290.48727.469.59124.407.85325.395.61420.873.01814.753.08914.140.69360.890.029

4.180.127.638

Valor (R$)

Sem dúvida, as duas modalidades de CPRoferecem mais tranqüilidade ao emitente. Noentanto, quem for emitir uma cédula deverá estarmuniciado de informações sobre os mercados àvista e futuro para se decidir quanto à melhorforma de resgate a ser utilizada. Por exemplo, aemissão de uma CPR Financeira, próxima àcolheita, vai propiciar a alavancagem de recursospara cumprir compromissos anteriores ao plantio,permitindo ao produtor adiar a comercializaçãoda safra para época mais oportuna – fora dopico –, o que poderá redundar em maior lucra-tividade.

No ano de 2004, as operações com CPRultrapassaram os R$ 4 bilhões, com o atendimentodos mais variados setores do agronegócio e umagrande diversificação de produtos agropecuários,conforme Tabela 1.

Outra peculiaridade da CPR é a suacapacidade de adequação aos mecanismos deproteção de preços dos mercados futuros e deopções, em função da padronização dos produtos(qualidade, quantidade e prazo de vencimento),similar aos contratos futuros das commoditiesnegociadas em bolsas. Assim, tanto vendedoresquanto compradores podem minimizar seus riscos,de mercado e de preços, conjugando a emissão/

aquisição da Cédula com um hedge2, mecanismobastante disseminado no setor do agronegócio.

A CPR oferece, hoje, um leque depossibilidades de negócios para toda a cadeiado agronegócio, abrindo novos mercados,principalmente depois do lançamento da CPRExportação. Todos esses atributos conferem àCPR enorme potencial, assinalando-a comoinstrumento de venda antecipada altamentepromissor para a atividade agropecuária.

Entre as várias modalidades negociaisdisponibilizadas, pode-se citar a CPR comvínculo de Nota Promissória Rural (NPR), nassituações em que o produtor vende suaprodução e recebe o pagamento em NPR.Nesses casos, o produtor pode emitir uma CPRFinanceira para se capitalizar imediatamente,deixando as NPRs em cobrança no banco.Quando do pagamento das NPRs pelocomprador, o produtor liquida a CPR Financeira.

Outra forma desenvolvida pelo Banco doBrasil foi a CPR Estrada. Vários produtores deMato Grosso se uniram, em parceria com ogoverno daquele estado (uma das primeirasexperiências das parcerias público-privada),

2 Método de garantia para comprar e vender em mercados futuros. O método de garantia visa minimizar riscos não favoráveis em virtude das oscilações oumudanças de preço.

Page 50: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 48

para que fossem construídas estradas vicinais,viabilizando uma melhoria no escoamento daprodução e diminuição com os gastos com ostransportes. Nesse modelo, os produtores emitema CPR Financeira e, juntamente com o governo,conseguem levantar recursos necessários àconstrução das estradas.

Com a CPR Insumo, o Banco do Brasil tempropiciado aos produtores rurais recursos paraa aquisição antecipada de insumos. O produtorconsegue ganhar dos dois lados. Obtém umamenor taxa de juros com o Banco do Brasil econsegue melhorar sua negociação com osfornecedores de insumos, aproveitando épocasde preços mais favoráveis.

Com as estruturas de aquisição de CPRcom recompra e risco conveniado, o bancoatende tanto o produtor rural como as empresasinteressadas em garantir seu abastecimento dematérias-primas. O banco adquire as CPRspreviamente ajustadas entre produtor rural eempresa conveniada, mantém o título em suacarteira e, no seu vencimento, repassa àempresa que receberá o produto. A alternativade risco conveniado, com impacto no limite decrédito da empresa, também pode ser utilizadaem CPRs Financeiras.

Mais recentemente, foi disponibilizada aomercado a CPR Remate, com foco nos leilões deanimais. Os produtores que venderam seusanimais nos leilões e receberam pagamento emNota Promissória (NP), Nota Promissória Rural(NPR) ou mesmo cheques, puderam, com o novoproduto, levantar recursos imediatamente, com aemissão de CPR Financeira, dando em garantiaos recebíveis. O lançamento ocorreu no mês desetembro de 2004, na Expointer – RS.

Por tudo isso, é fácil entender porque aCPR é a moeda forte do campo. A CPR, comomoeda de compra, pode ser utilizada no canalde venda do Banco do Brasil, como no Balcãode Agronegócios, o qual permite que o produtorpossa estar realizando mix da CPR com outraslinhas de financiamento. Isso significa que oprodutor pode, por exemplo, ao mesmo temporeceber recursos controlados e complementarcom a emissão da CPR os recursos necessários

à implantação de seu empreendimentoagropecuário.

Mercados Futuros e de Opções

Mercados Futuros

Entre as principais dificuldades apontadaspelo agronegócio brasileiro – tanto dos produtoresrurais como das agroindústrias e de outrasempresas – está a garantia de comercializaçãopor preços justos, obviamente acima dos custosde produção, de forma a possibilitar a manutençãoou o incremento das atividades.

Com os problemas climáticos cada vezmais freqüentes, os altos subsídios concedidos eos preços muitas vezes artificialmente formados,os produtores rurais começam a analisar ascotações dos preços futuros antes de tomar adecisão pela venda a termo, dificultando, emalguns casos, a comercialização antecipada comas tradings.

Dessa forma, a proteção de preços futurosem Bolsas de Mercadoria e de Futuros não só éessencial para os segmentos participantes comopara a redução de riscos de uma série de agentesenvolvidos com o agronegócio.

Com isso, além de maior parceiro doagronegócio, no tocante a concessões crescentesde recursos, via Créditos e CPR, o Banco tambémvem se esforçando para disseminar a cultura dohedge no Brasil, de forma que os produtores e asagroindústrias/tradings possam ter as mesmascondições de agentes dos EUA e da UniãoEuropéia (UE), por exemplo.

Admite-se que é necessário desmistificar ohedge agropecuário, de forma a diferenciá-lo dasoperações em Bolsas de Valores. Ambos sãoessenciais para o desenvolvimento do País, maso hedge em Bolsa de Mercadorias e Futuros(Bolsas de Chicago, Nova Iorque e BM&F), alémde proteger a renda dos agentes do agronegócio,tem risco próximo ao “zero”, pois eventuais ajustespagos nas operações são compensadosposteriormente pelos acréscimos/decréscimos nospreços dos produtos agrícolas ou matérias-primas.Assim, possíveis perdas restringem-se aos custos

Page 51: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200449

operacionais, aliás muito baixos (cerca de 0,7%do valor das operações quando na BM&F).

Evoluído a partir do mercado a termo, oMercado Futuro foi desenvolvido para minimizaros riscos causados pelas variações de preços epadronizar a comercialização dos principaisprodutos agropecuários. No Mercado Futuro deprodutos agropecuários, alguns também chama-dos commodities são negociados contratos.Álcool, açúcar, bezerro, boi, café, soja, algodãoe milho são as commodities agropecuárias maiscomumente negociadas nas Bolsas de Futuros. NoBrasil, os negócios são mais realizados na Bolsade Mercadorias e Futuros (BM&F) de São Paulo,mas pode-se operar também na Bolsa de Chicago(complexo-soja), Bolsa de Nova Iorque (açúcar,algodão, café, cacau e suco de laranja) e outras.

Nesse mercado, compradores evendedores, representados por seus corretores,encontram-se para negociar posições futuras –compras ou vendas –, gerando ou sinalizandoexpectativas de preços. As cotações futuras sãoindicativos, sinalizados a partir de componentesde previsões de safras, estoques, escassez eabundância, determinados pela ocorrência deeventos climáticos e pela lei de oferta e procura.

Assim, servem para fixar antecipadamente– e à vista dos custos de produção conhecidos – opreço máximo de compra ou preço mínimo devenda do produto (ativo-objeto) em uma data futura(operação de hedge) nos meses autorizados pelasBolsas.

Note-se que as proteções são de naturezafinanceira – como se a fazenda ou agroindústriase situasse dentro das Bolsas – e que os produtoresrurais continuarão vendendo seus produtos físicos,e as empresas comprando, para os seus habituaiscompradores/fornecedores em suas cidades.

Os mercados futuros se destinam a:

• Produtores rurais, associações deprodutores e cooperativas agropecuárias queainda não garantiram o preço futuro do produto –fazem a venda de contratos futuros, ou a comprade Opções.

• Agroindústrias e empresas que utilizamprodutos como matéria-prima ou para consumoou, ainda, para comercialização – fazem acompra ou a venda de contratos futuros ou aindaa compra de Opções:

a) Compra de contratos futuros: quandoessas empresas não tiverem garantido o preçomáximo de compra do produto.

b) Venda de contratos futuros: quando essasempresas já tiverem garantido o preço máximode compra, mas com riscos de quedas.

Mercado de Opções

Integrante do conceito de proteção depreços futuros (hedge), o Mercado de Opções éuma evolução do Mercado Futuro e vemdesenvolvendo-se mais que aquele.

Enquanto em Mercados Futuros fixa-se umpreço-alvo – à vista dos custos de produção - quepossibilite antecipadamente uma boa margem, noMercado de Opções se garante, tambémantecipadamente, tal preço cotado no MercadoFuturo. Ou seja, em Futuros, os preços podemoscilar diariamente com os agentes recebendo oupagando ajustes em suas contas-correntes segundoos valores “hedgeados”; já em Opções não háajustes nas contas-correntes, pois o preço futurojá foi garantido pelo pagamento de um prêmio.

Obviamente, sempre a Opção dependeráda oscilação da cotação no Mercado Futuro aque está vinculado. Mas, ao comprar a Opção, oagente pagará um prêmio que lhe garante o direitode negociação, garantindo o recebimento do valornegociado, se favorável. As Opções assemelham-se a um “Seguro de Carros” em que se paga umprêmio no valor de até 10% do valor do veículopara protegê-lo antecipadamente contra roubos,colisões etc., só que são muito mais baratas.

Conclusões

Como o Banco atua?

Intermediando as negociações, por meiode corretoras credenciadas, que representamos agentes do mercado no pregão das Bolsas.

Page 52: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 50

Todas as agências estão preparadas para orientaro cliente sobre e como efetivar as operações dehedge, operações essas dirigidas exclusivamentepara produtores rurais e agroindústrias/trading.

Existem algumas perguntas que são comunsentre os produtores e que ouvimos com freqüência:

• Eu vendo meu produto pela CPR Físicaou troco por insumos com as Trading/Agroindústrias? E se, na época da colheita, o preçosubir? Eu não ganho a diferença de preço? Comoparticipar de possíveis altas?

• Na CPR Financeira, se o preço do meuproduto cair, o prejuízo é meu?, Como me garantircontra as quedas?

• Como posso me proteger das oscilaçõesde preços se já vendi meu produto?

• Se achar que o preço vai subir, devodeixar o meu produto estocado e aguardar?

• Existe algum contrato que me garanta umpreço-mínimo no futuro?

• Vendi/comprei um imóvel rural emequivalente soja ou boi. Como me proteger dequeda/alta dos preços na época do pagamento?

• O que devo plantar na próxima safra, àvista de meus custos de produção? Como garantirpreliminarmente uma margem mínima?

Essas perguntas refletem a preocupação dosagropecuaristas que não estão acostumados comas operações nos Mercados Futuros e de Opções.Eles temem pela oscilação do preço de seusprodutos no mercado físico, que possivelmentelevaria à queda da renda e até à provávelexpulsão da atividade em longo prazo.

O Banco tem inúmeros casos de sucessoque comprovam a eficiência dos MercadosFuturos e de Opções na manutenção/ampliaçãoda Renda Agrícola. Também já desenvolveuuma série de CPRs vinculadas a esses MercadosFuturos e de Opções – chamadas de CPRsFinanceiras Seguro de Preços – em que épossível garantir a renda preliminarmente eantecipar até 30% mais de recursos imediatos– ante as sem hedge – para a compra deinsumos agrícolas e animais de reposição até 8meses antes de suas necessidades, ou seja, porpreços muito mais baratos.

Os produtores rurais e agroindústrias/trading que já efetivaram as suas proteçõesanteriormente no Banco do Brasil mostram-sesatisfeitos com os resultados e têm colaboradopara disseminar as necessidades de trabalharsempre protegidos, informando, também, aosoutros sobre o elevado risco de não se proteger.

Combinando as operações, de hedge, emMercados Futuros, de Opções com emissões deCPR, a compra de insumos e fretes e a vendade produtos pelo Balcão Eletrônico e outrosnegócios, o Banco do Brasil está apto acontribuir para aumentar a rentabilidade doagronegócio brasileiro.

ReferênciasBANCO DO BRASIL. Diretoria de Agronegócios. Sistema deGerenciamento da CPR. Relatórios Gerenciais 2004. Brasília,DF, 2004.

BRASIL. Ministério da Agricultura e Pecuária. Estatísticas:Agronegócio Brasileiro. Agronegócio brasileiro: umaoportunidade de investimentos. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em: 20 out. 2004.

Page 53: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200451

Com a consolidação da estabilidade daeconomia brasileira, a atividade produtivarecebeu forte impulso de expansão, que pode serobservado especialmente nos últimos dois anos.

O agronegócio, particularmente, vemapresentando crescentes números, tanto emprodução como em produtividade e saldoscomerciais. Projeções indicam, para 2004, umvolume total de R$ 522,39 bilhões em produção,ante os R$ 508,27 bilhões observados no ano de2003, conforme informações da ConfederaçãoNacional de Agricultura (2004a, 2004b).

As perspectivas, em relação à participaçãonas exportações, também indicam fortecrescimento: no período de janeiro a agosto de2004, o saldo da balança comercial do agrone-gócio já atingiu a cifra de US$ 31,6 bilhões, con-forme informações CONAB (2004), 34,5% supe-rior aos US$ 23,5 bilhões observados no mesmoperíodo de 2003. Esses números indicam que, dosUS$ 24 bilhões de saldo em 2003, a balança doagronegócio deverá fechar em aproximadamenteUS$ 32,5 bilhões ao final de 2004.

O forte ritmo de crescimento do agrone-gócio brasileiro vem demandando expressivovolume de recursos para financiamento de novosempreendimentos ou para melhoria da produti-vidade e das tecnologias utilizadas.

Por conseqüência do crescimento, surgemnovas necessidades de apoio à produção, bemcomo à infra-estrutura de escoamento da safra.

Essa crescente necessidade de investimen-tos levou o governo federal a priorizar recursos

para aplicação em créditos de investimento,utilizando diversas fontes orçamentárias dispo-níveis para o crédito rural.

Para a safra 2004/2005, foi definido ummontante de R$ 10,7 bilhões. Desse total, R$ 8,6bilhões são provenientes dos programas doMinistério da Agricultura Pecuária e Abasteci-mento (BRASIL, 2004), com recursos oriundos doBanco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES/Finame) (Fig. 1).

Os Fundos Constitucionais do Centro-Oeste (FCO), Norte (FNO) e Nordeste (FNE)participarão com R$ 2 bilhões, e os R$ 100 mi-lhões restantes serão obtidos junto ao Fundo deAmparo ao Trabalhador (FAT).

InvestimentoagropecuárioÂncora do desenvolvimento

Banco do BrasilDiretoria de Agronegócios

Fig. 1. Investimento agropecuário 2004/2005 (embilhões).Fonte: Banco do Brasil (2004b).

Page 54: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 52

As linhas de crédito do BNDES/Finamereceberam incremento de 117% no volume derecursos previsto para aplicação – os créditosconcedidos na safra 2003/2004 somaram R$ 3,97bilhões.

Os créditos de investimento agropecuáriodestinam-se ao financiamento de bens e serviços,cujo desfrute se estenda por vários períodos daatividade rural. Por conseqüência, tais linhas têmprazos maiores e períodos de carência compa-tíveis com o retorno previsto para o empreendi-mento financiado. Não menos importante, as taxasde juros são mais acessíveis, o que permite ocomprometimento do empréstimo pelo produtorrural.

São financiáveis diversos itens1, como:construção de infra-estruturas de produçãoagroindustrial, aquisição de animais, compra demaquinaria e equipamentos utilizados naatividade agropecuária (tratores, colheitadeiras,implementos agrícolas, etc.); construção deunidades são financiáveis diversos itens2, como:construção de infra-estruturas de produçãoagroindustrial, aquisição de animais, compra demaquinaria e equipamentos utilizados naatividade agropecuária (tratores, colheitadeiras,implementos agrícolas, etc.), e construção deunidades de armazenamento e conservação demercadorias.

O setor de máquinas e equipamentos é oque mais demanda suporte financeiro, especial-mente para aquisição de novas unidades demáquinas agrícolas, em função de depreciaçãodas existentes ou de atualização tecnológica doparque de maquinaria.

Além dos recursos já definidos pelo governofederal, ações conjuntas promovidas pelo Bancodo Brasil, Ministério da Integração Nacional eMinistério da Fazenda junto ao Ministério doTrabalho e Emprego, resultaram na instituição, peloConselho Deliberativo do Fundo de Amparo aoTrabalhador (Codefat), de linha de crédito especialdenominada FAT Integrar, cujos recursos

(R$1 bilhão) serão destinados ao financiamentode projetos de investimento na Região Centro-Oeste do País, de forma a conceder créditos definanciamento para demandas excedentes daregião, geradas pelos setores agropecuário,agroindustrial e de comércio e serviços.

Participação do Banco do Brasil

O Banco do Brasil, seguindo a orientaçãogovernamental, vem buscando ampliar o volumede créditos para investimento, notadamenteaqueles destinados à infra-estrutura e à logística,uma vez que esses representam, atualmente, osprincipais entraves à expansão do agronegócio.Para a safra 2004/2005, do montante definido pelogoverno, o BB será responsável pela contrataçãode aproximadamente 45%, com R$ 4,87 bilhões,superando em 48% seu próprio volume de créditosde investimento concedidos na safra 2003/2004(Fig. 2).

Para isso, estão sendo adotadas diversasações como:

• Automatização e simplificação de proces-sos de análise e deferimento de operações deinvestimento.

1Veja descrição das linhas de investimento agropecuários na matéria “Evolução Histórica do Crédito Rural”, nesta edição.2Veja descrição das linhas de investimento agropecuários na matéria “Evolução Histórica do Crédito Rural”, nesta edição.

Fig. 2. Contrações de créditos de investimento noBanco do Brasil.(1) PrevisãoFonte: Banco do Brasil (2004b).

Page 55: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200453

• Lançamento do programa BB Armaze-nagem, voltado para o segmento de estocagemda produção. Com forte participação da linhaModerinfra no financiamento à construção,reforma e modernização tecnológica de unidadesarmazenadoras. No âmbito desse programa, jáforam aplicados cerca de R$ 72 milhões,proporcionando incremento da capacidade dearmazenagem da ordem de 820 mil toneladas. Ademanda estimada pelo banco alcançará R$ 365milhões, o que possibilita ampliar a capacidadede armazenagem em cerca 3,2 milhões detoneladas.

• Com novas condições do Moderinfra –ampliação de limites por beneficiário e do volumede recursos disponibilizado – e utilizando recursosdo FCO e BNDES, o banco dará continuidade aoBB Armazenagem, programa que tem comoobjetivo incrementar e melhorar a capacidadeestática de armazenagem na ordem de 8 milhõesde toneladas em um período de três anos (2004-2006), mediante financiamentos no valor deR$ 574 milhões.

• Criação de Cédula de Produto Rural(CPR), para apoio à infra-estrutura de logística: aBB CPR Estrada. O BB deverá destinar R$ 114milhões, em 2004, para a compra de CPR emitidaspor produtores rurais do Mato Grosso paraviabilizar a construção ou recuperação, ao longode três anos, de 3 mil km de estradas vicinais,essenciais ao escoamento da safra.

• Criação, no portal www.agronegocios-e.com.br, do Sistema de Comercialização deFretes, um serviço de comércio eletrônicoespecífico para negociação e contratação deserviços de logística, no qual o produtor podesolicitar cotações de operadores conveniados como BB, qualificados para prestar serviços deconsultoria em fretes rodoviários, ferroviários,marítimos, fluviais ou multimodais, bem comoserviços de desembaraço aduaneiro, classificaçãode produtos e outros serviços portuários.

• Alavancagem de CPR para exportação,com o objetivo de facilitar a negociação diretaantecipada da safra entre produtores ruraisbrasileiros e importadores não-residentes no País,

mediante aval, garantindo a entrega do produto.Além disso, o banco viabiliza assessoria paradocumentação de exportação, contratação decâmbio/internalização dos recursos provenientesdo negócio e financiamento para importadores.

• A questão da alavancagem de investi-mentos, para a safra 2004/2005, tem aderênciacom as ações estabelecidas pelo governo federal,de incentivo ao aumento da eficiência,competitividade e capacidade produtiva nosdiversos setores econômicos nacionais, com focona geração de empregos e divisas.

Outros instrumentos de apoio ao setor estãosendo desenvolvidos e disponibilizados, emespecial aqueles capazes de ajudar a suprir asnecessidades de capital para investimentos dosegmento, buscando acompanhar o ritmo impostopelos crescentes recordes da produçãoagropecuária brasileira.

Porém, certamente a pressão da demandado setor por esses instrumentos continuará alémdo ano-safra 2004/2005, necessitando depermanente acompanhamento e planejamento,com o propósito de se ajustar rapidamente àsações necessárias por parte dos órgãos federaisenvolvidos, bem como dos agentes financeirosdo Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR).

ReferênciasBANCO DO BRASIL. Plano de Safra 2004/2005: AgriculturaComercial: Participação do Banco do Brasil.– Disponível em:<htpp:// www.agronegocios-e .com.br>. Acessado em: 12 set.2004a.

BANCO DO BRASIL. Sistemas corporativos. Brasília, 2004b.Relatórios internos.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.Plano Agrícola e Pecuário 2004/2005. Brasília, DF: MAPA-SPA, 2004. 12 páginas.

CONAB. Balança Comercial do Agronegócio. – Disponívelem: <http://www.conab.gov.br>. Acessado em: 20 nov. 2004.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE AGRICULTURA. Indicadoresrurais. . Informativo Indicadores Rurais, Brasília, DF, n. 50,jan., 2004a.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE AGRICULTURA. Indicadoresrurais. Informativo Indicadores Rurais, Brasília, DF, n. 55,ago., 2004b.

Page 56: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 54

Até meados da década de 80, o créditoagrícola era baseado, essencialmente, nosrecursos da Conta Movimento que o BancoCentral (Bacen) mantinha no Banco do Brasil(BB) para contabilizar as operações de interessedo governo federal. Por esse dispositivo, erapossível a liberação de financiamentos sem acorrespondente previsão no orçamento dogoverno, o que permitia que grandes volumesde recursos fossem direcionados ao créditoagropecuário praticamente de forma ilimitada.

O congelamento da Conta Movimento, nobojo do Plano Cruzado em 1986, estabeleceuum marco fundamental no financiamento daatividade rural do País. A partir desse momento,as novas operações de crédito passaram adepender de prévia alocação orçamentária dosrecursos (BANCO DO BRASIL, 2004).

Desde o início, o Tesouro Nacionalmostrou-se impossibilitado de fornecer recursosem montantes suficientes para manter asdisponibilidades para financiamento daagropecuária, nos níveis observados à época daConta Movimento. (Economianet. 2004).

A capacidade limitada do governo emsuprir as necessidades de recursos para ocrédito rural, associada à crescente expansãodo agronegócio brasileiro a cada safra, fez ademanda reprimida por financiamentos crescerexponencialmente, instaurando a necessidadepremente de criação de novas formas deoriginação de recursos para o apoio à atividadeagropecuária. Atualmente, a participação docrédito rural oficial no financiamento doagronegócio brasileiro está estimada em 30%.Conforme Fig. 1.

Nesse contexto de escassez de recursosoficiais e de crescimento constante das necessi-dades creditícias da agropecuária, o Banco do

Brasil concentrou esforços no sentido dedisponibilizar ao mercado uma base de estruturasnegociais, denominada Projeto Agribusiness. Esseprojeto visa à criação de soluções alternativas aocrédito rural tradicional, ao atendimento de todosos agentes da cadeia de valor do agronegócio(fornecedores, produtores, processadores,tradings, exportadores e importadores) e aintensificar as operações de comércio exterior.

Na concepção do Projeto Agribusiness, oBB procurou integrar seu reconhecido know howno agronegócio e no apoio ao comércio exteriorcom o conhecimento das necessidades financeirasdos clientes, apurado mediante criteriosopesquisa de mercado.

O Projeto Agribusiness está estruturadoem cinco blocos negociais, definidos segundoos tipos de operações (Tabela 1).

Negócios estruturadosdo Banco do Brasil Banco do Brasil

Diretoria de Agronegócios

Fig. 1. Financiamento do agronegócio.

Fonte: Adaptado de Souza (2004).

Page 57: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200455

Fonte: Banco do Brasil. Diretoria de Agronegócios (2004).

Tabela 1. Projeto Agobusiness – Tipos de operações.

A

B

C

D

E

Grupos

Insumos agropecuários

Comércio exterior

Aquisição de CPR

Convênios de integração -BB Convir

Financiamento de cadeiasprodutivas para exportação

Tipos de operações

Aquisição e troca de insumos baseadaem CPR (Cédulas de Produto Rural)emitidas por produtores rurais oucooperativas

Importação ou exportação direta deinsumos e de produtos agropecuáriospor produtores rurais ou cooperativas

Compra de CPR pelo Banco do Brasildiretamente do emitente

Parcerias entre BB e empresas deagroindústria, para financiamento dosprojetos de integração (custeio ouinvestimento)

Financiamento dos agentes dascadeias produtivas, voltadas àexportação

Definição

A aplicação das estruturas negociais ébastante dinâmica, na qual se admite, dentro dosgrupos, variadas possibilidades de engenhariasfinanceiras, de modo a atender situaçõesnegociais específicas e as necessidades dosclientes.

Como exemplo, no modelo negocial (Fig. 2)estão presentes fundamentos de engenharia finan-ceira – geração de funding alternativo, operaçãode comércio exterior e integração de todos os elos

da cadeia de valor, desde o produtor e coopera-tiva, até o fornecedor de insumos e a tradingexportadora.

As fases do processo do modelo negocial, são:

1. O produtor rural ou cooperativa vendeCédulas de Produto Rural (CPR) física paratrading.

2. A trading indica o armazém, no qualdeve ser feita a entrega.

3. O fornecedor de insumos avaliza aCPR(ou afiança o Adiantamento sobre Contratode Câmbio (CCA)/Adiantamento sobre CambiaisEntregues (CCE)/Pré pagamento (PP) que deverágerar o funding).

4. O produtor rural ou a cooperativa secompromete em comprar insumos no valor totaldo negócio.

5. O BB financia a trading mediante ACC/ACE/Pré pagamento, tendo como garantia a CPR(trading endossa CPR ao BB) avalizada pelafornecedora de insumos ou fiança no ACC/ACE/PP.

6. A trading, por meio do BB, paga aoprodutor rural ou à cooperativa e, ao mesmotempo, mediante prévia autorização destes.Fig. 2. Modelo negocial.

Page 58: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 56

7. O BB transfere os recursos para o forne-cedor de insumos, liquidando a compra defertilizantes por ele realizada.

8. A fornecedora de insumos entrega oproduto ao produtor rural ou à cooperativa.

9. No vencimento das CPR, o produtor ruralou a cooperativa entrega o produto à trading.

10. A trading efetua a exportação.

11. A trading, com os recursos da perfor-mance, liquida o empréstimo no BB.

12. Caso o produtor rural ou a cooperativanão entregue o produto, o fornecedor deinsumos honra o pagamento da operação deACC/ACE/Pré pagamento no BB.

Esse tipo de estrutura traz como princi-pais vantagens para o produtor ou cooperativaa possibilidade de obtenção de recursos, deacordo com suas reais necessidades, além deproporcionar a aquisição dos insumos referen-ciados em preço à vista. No caso do fornecedor,este tem suas vendas alavancadas e a tradingexportadora acessa recursos externos a custosmais competitivos.

Outro exemplo de estruturação que vem sedifundindo no mercado, agora no grupo deoperações de comércio exterior, é a importaçãodireta de insumos por produtor rural oucooperativa, financiada com recursos externos.Assim, a título de exemplo desse tipo de operação,cooperativas, principalmente da Região Centro-Oeste, que importam significativas quantidadesde fertilizante para fornecimento a seuscooperados, financiam essas compras no Bancodo Brasil, mediante financiamento à importação(Finimp). Os produtores rurais associados dessascooperativas, após receberem o fertilizanteimportado, vêm ao Banco do Brasil e assumemparcela proporcional do empréstimo Finimp,inicialmente contratado pela cooperativa.

Como resultante, os produtores têm acessoa volume de recursos dimensionados de acordocom as necessidades de suas atividades, ao custode recursos captados no mercado internacional.Já a cooperativa cumpre sua função enquantosociedade voltada aos interesses coletivos de seusassociados (Fig. 3).

Fig. 3. Operação de financiamento à exportação com assunção pelo produtor rural.Fonte: Banco do Brasil. Diretoria de Agronegócios (2004).

Page 59: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200457

As fases do processo da Operação de Finan-ciamento à Exportação são:

1. O produtor rural cooperado apresentaproposta de aquisição de insumos à cooperativa.

2. A cooperativa informa ao BB quais sãoos produtores pretensos a participar da operaçãoe o volume de recursos necessários aofinanciamento da importação.

3. A cooperativa contrata a importação noexterior.

4. O BB financia a importação da coope-rativa por meio do Finimp.

5. Ao receber os recursos da cooperativa(viabilizados com o Finimp), o fornecedor noexterior embarca a mercadoria.

6. A cooperativa entrega os insumos aosprodutores cooperados.

7. O produtor assume, perante o BB, partedo financiamento Finimp, inicialmente contratadoem nome da cooperativa, na proporção do valordos insumos por ele recebido.

Por último, novo direcionamento adotadopelo Banco do Brasil, a partir da safra 2004/2005,a aquisição de CPR diretamente de seus emitentesdeu origem a uma série de novas alternativas deestruturação financeira, com lastro nesseimportante título do agronegócio.

Com essa nova forma de atuação, houveuma significativa redução do custo final dastransações com CPR para o emitente, em virtudeda ausência da taxa de aval, aliada à prática, peloBB, de deságios financeiros mais atrativos aoprodutor rural. Outro benefício é a maior agilidadena disponibilização dos recursos ao emitente, queocorre no mesmo da aquisição da CPR pelo Banco.

O modelo, apresentado na Fig. 4, é umexemplo de aplicação do novo direcionamentodas operações com CPR, e que teve início comalgumas agroindústrias do setor de carnes.

As fases do processo de aquisição de CPRpelo Banco do Brasil são:

1. O Banco do Brasil e a Trading/Agroindús-tria formalizam contrato para compra de CPRfísica.

2. A Trading/Agroindústria selecionaProdutores potenciais emitentes de CPR; negociaas condições do produto objeto (quantidade epreço do produto, local e data da entrega, etc).

3. A Trading/Agroindústria indica produtoresao Banco do Brasil (via carta de apresentação).

4. Os produtores indicados apresentamcarta e proposta de venda de CPR ao Banco doBrasil.

5. O Banco do Brasil analisa a proposta e, seaprovada, adquire a CPR emitida pelo proponente.

6. A Trading/Agroindústria, em cinco diasantes do vencimento da CPR, "Recompra" CPRdo banco.

7. No vencimento da CPR, o produtoremitente entrega o produto à Trading/Agroindústria,nas condições previamente acordadas.

Obs.: Caso o emitente da CPR não entregueo produto, o BB honra o compromisso junto àTrading/Agroindústria.

As estruturas aqui referidas são umapequena demonstração do vasto universo depossibilidades de engenharias financeiras nomercado do agronegócio. Nessa linha, o Bancodo Brasil vem se especializando em formasalternativas de atendimento ao cliente doagronegócio, em sintonia com a evoluçãotecnológica e com as novas necessidades dessesegmento capital para a economia do País.

O aprimorando e o desenvolvendo desoluções em produtos e serviços financeiros sobmedida para o cliente, a exemplo das

Fig. 4. Aquisição de CPR pelo Banco do Brasil.

Fonte: Banco do Brasil. Diretoria de Agronegócios . (2004).

Page 60: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 58

operações estruturadas, é a forma adotada pelobanco para alcançar esses objetivos.

Além disso, não se pode deixar demencionar a estrutura organizacional do BBvoltada ao atendimento do agronegócio, compessoas e canais de negócios diferenciados. Sãomais de 3.100 agências operadoras de créditorural e agroindustrial distribuídas pelo País, 37dependências no exterior e uma equipe deprofissionais altamente qualificada.

A combinação dessas variáveis faz doBanco do Brasil a instituição financeira que maisinterage com o agronegócio brasileiro.

ReferênciasBANCO DO BRASIL. O Plano Cruzado: fim da contamovimento. (Retrato da Empresa. História do BB). Disponívelem: <http://www.bb.com.br/appbb/portal/ri/ret/bbHistoriaPlano.jsp>. Acesso em 13 out. 2004.

BANCO DO BRASIL. Diretoria de Agronegócios. RelatórioGerencial Interno. Brasília, 2004. 25 p.

ECONOMIANET. Economia. Conceitos. As finanças públicasbrasileiras antes de 1980. Disponível em: <http://www.economiabr.net/economia/7_financas-antes80.html>.Acesso em: 13 out. 2004.

SOUZA, Climaco Cézar de. Segmento Fornecedor Agrícola.Ribeirão Preto, SP: Instituto de Ensino e Pesquisa emAdministração (INEPAD), 2004. (Agronegócios: diagnósticos etendências). Disponível em: <http://www.agrovision.com.br>ou <http://www.bmf.com.br/pages/Educacional1/publicacoes/LivroAgro/LivroAgro.htm>. Acesso em: 20 set. 2004.

Page 61: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200459

Em meados da década de 90, a agrope-cuária brasileira sofria os reflexos da caóticasituação econômico-financeira vivencia-da peloPaís no período que antecedeu o Plano Real.O endividamento do setor crescera assusta-doramente, em virtude da hiperinflação e dosmalsucedidos planos econômicos lançados pelogoverno. Em contraposição, os preços dos produtosagrícolas continuavam a apresentar uma trajetóriadescendente, tanto no âmbito do mercadointernacional quanto interno.

A descapitalização dos agricultores eracrescente em função do aumento dos custos deprodução e do aviltamento dos preços agrícolas.A inadimplência do segmento no sistemafinanceiro atingia níveis insustentáveis, algo emtorno de 40%, fato que comprometia o retorno doscapitais emprestados e, por conseqüência,dificultava novas aplicações.

Por sua vez, a abertura da economia brasi-leira ao mercado internacional desnudava osagentes do processo produtivo rural, mostrando anecessidade de melhoria da competitividade dosetor.

Foi nesse cenário que, em 1995, nasceudentro do Banco do Brasil (BB) o SistemaReferencial Técnico de Atratividade Agropecuária(RTA), com a missão de identificar diferenças deatratividade nos empreendimentos agropecuárioslocalizados nas diversas regiões produtoras doPaís, oferecendo informações para a tomadade decisão em relação ao direcionamento docrédito rural.

O benefício proporcionado pelo RTA, emassociação com outras medidas importantestomadas pelo banco, para melhorar sua carteirade crédito rural, pode ser avaliado pela curva dataxa de inadimplência das operações rurais pós1995, que revela uma tendência decrescente e aconsolidação daquele índice em níveis inferioresa 0,5%.(Fig. 1).

Referencial técnicoda atratividadeagropecuária

Banco do BrasilDiretoria de Agronegócios

Fig. 1. Carteira de Agronegócios – Taxa de inadim-plência de capital por safra.

Fonte: Banco do Brasil (2004) – Análise do desempenho e demonstraçõescontábeis – 1o. trimestre 2004.

Verifica-se, pela Fig. 1, que, no BB, ainadimplência de capital aplicado no segmentoagronegócios caiu de 3,3% na safra 1995/96 para0,3% na safra 2002/03, evidenciando significativamelhoria da qualidade da carteira de crédito ruralno período. Como já dito anteriormente, o Bancodo Brasil adotou uma série de medidas paraproporcionar maior qualidade à carteira de créditorural, porém dentre elas a implantação do RTA foide fundamental importância.

Page 62: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 60

O RTA é operacionalizado pelo Assessora-mento Técnico em Nível de Carteira (ATNC),segmento constituído por 293 profissionais comformação em agronomia, zootecnia ou medicinaveterinária, distribuídos por todo o Brasil eatendendo a todos os municípios brasileiros.

Os técnicos do BB são responsáveis pelaelaboração dos orçamentos, diferenciados porsistemas de produção, das diversas lavourascultivadas em sua área de atuação. Os orçamen-tos levam em consideração apenas os efetivosdesembolsos nas fases de preparo do solo paraplantio, tratos culturais, colheita e pós-colheita.

O sistema contempla variados níveistecnológicos praticados nas diversas micror-regiões brasileiras, o que se traduz em diferentesorçamentos, que atendem a quase totalidade dassituações, com elevado grau de adequabilidadeà realidade do produtor. Atualmente estãodisponibizadas mais de 122 mil planilhas, apenaspara as atividades agrícolas.

As planilhas de custos são confeccionadassegundo critério metodológico padronizado, deacordo com os fundamentos técnicos reconhe-cidos pela área de ciências agrárias. Oscoeficientes técnicos das operações mecaniza-das, por exemplo, são resultantes da aplicaçãode fórmulas específicas com a utilização dediversas variáveis (faixa de trabalho doimplemento, velocidade do trator, eficiência decampo etc.). Os orçamentos produzidos sãodiscutidos com empresas de assistência técnica,técnicos de cooperativas e outras lideranças dosetor agropecuário local antes de sua utilizaçãopelo banco.

Associado ao orçamento para cada sistemade produção, o RTA mantém o histórico de suasrespectivas produtividades no município, preçosrecebidos e receitas obtidas pelos produtoresrurais.

O processamento desses dados, mediantemetodologia inédita desenvolvida pelo BB, resultaem informações que traduzem o grau deatratividade das atividades ou empreendimentosdesenvolvidos em determinada região.

Nas análises de atratividade são avaliadosos resultados esperados dos empreendimentos,considerando-se o comportamento histórico daprodutividade, dos preços e da receita obtidospelos produtores rurais em cada localidade e paracada sistema de produção específico.

Dessa maneira, o Banco do Brasil vemanalisando as propostas de custeio agrícolaapresentadas pelos mutuários, direcionando ocrédito somente para empreendimentos viáveis enão atendendo, com razoável margem desegurança e mínimo grau de subjetividade,aqueles com alta probabilidade de insucesso.

O RTA, por causa de sua base de dadosagropecuária e do dinamismo na atualização dasinformações, também constitui valioso instru-mento no processo operacional de financiamentoda agricultura familiar, pois fornece grande partedos parâmetros técnicos necessários ao rápidoprocessamento das propostas de crédito, semnecessidade de busca de informações adicionais,que, de outra maneira, poderia alongar o temponecessário à segura contratação daquelasoperações.

Além do uso operacional no estudo depedidos de financiamento de custeio, o RTAtambém constitui importante instrumento degerenciamento de informações do setoragropecuário, podendo ser útil no estabelecimentode diagnósticos e estudos, como apoio naformulação de propostas da política agrícola.

Nessa linha, o RTA poderá identificar asatividades e localidades com vantagenscomparativas em relação às demais e, também,diagnosticar problemas ligados à falta deatratividade, tais como alta oscilação daprodutividade por problemas climáticos,aviltamento de preços de produtos agropecuários,que podem ser reflexos da falta de infra-estruturade transporte ou armazenamento ou da grandedistância dos centros consumidores, entre outros.Pode, ainda, oferecer subsídios para odesenvolvimento de metodologia voltada aoestabelecimento de prêmios diferenciados deseguro agrícola para atividades de maior ou menorrisco de produção.

Page 63: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200461

O próximo desafio é concluir o projeto paraimplantar o módulo pecuário do sistema, que tevea etapa de programação concluída em novembrode 2004. A estimativa é que a partir de julho de2005 todas as operações de custeio pecuário sejamcontratadas utilizando o novo módulo pecuáriodo sistema RTA, o que proporcionará maioragilidade no atendimento ao cliente e confiabi-

lidade e segurança ao banco na concessão decrédito rural.

ReferênciasBANCO DO BRASIL. Análise do Desempenho e DemonstraçõesContábeis do Banco do Brasil S/A: 1o trimestre 2004. Brasília, DF,2004. 173 p.

Page 64: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 62

Oportunidades

O Brasil vem se destacando no agronegóciointernacional e as oportunidades negociais sãoimensas, favoráveis e progressivas. Isso podeampliar muito os negócios bancários, mas exigiráconstantes readequações de foco e, principal-mente, um novo tipo de profissional: especiali-zado, preparado e treinado. O novo cliente serácada vez mais parceiro fiel e exigente dasempresas e bancos, etc. que lhe prestaremconsultorias e orientações seguras para os novosnegócios e desafios após a globalização dodinheiro e a velocidade de mudanças da Internet.

Em termos de oportunidades, vejamosalgumas referências de institutos, órgãos epesquisadores internacionais (SOUZA, 2004d):

• Para a Conferência das Nações Unidassobre o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad),o Brasil liderará a produção mundial de alimentosem poucos anos.

• Já Bourlag Norman, agrônomo, PrêmioNobel da Paz e criador da “Revolução Verde” ,entende que superaremos os Estados Unidos,proximamente, como supridor mundial dealimentos.

• Para Schmidt Helmut, ex-chanceleralemão, o Brasil destaca-se pelas riquezasminerais, elevado potencial agrícola e pelavitalidade da população.

• Para o poderoso Conselho de RelaçõesExteriores dos Estados Unidos, o Brasil é o líder

dos países emergentes, e não só da AméricaLatina. Os investimentos americanos no Brasileram cinco vezes maiores que na China e, paramuitas empresas dos Estados Unidos, o Brasilrepresentava o único mercado externo.

• Para Barros Mendonça, após a desvalo-rização do Real, nossa agricultura tornou-se amais competitiva do mundo. Além disso, estãoamadurecendo investimentos de muitas compa-nhias que vêm se modernizando e conseguindoelevados padrões de qualidade.

• Para outros analistas, o mercado internobrasileiro é forte e tem potencial para crescer.A capacidade de consumo de US$1 trilhão/anotorna o País a quinta economia do mundo, atrásapenas dos Estados Unidos, China, Japão eAlemanha.

Estudos mostram que se o PIB per capita doNordeste e Norte ampliasse 10%, em dólar, aprodução de grãos teria que dobrar e apenas paraatender a maior demanda interna por grãos,carnes e lácteos. O mesmo ocorreria se asexportações ampliassem 30%, o que já vemocorrendo.

Segundo análises feitas e resumidas,podemos vislumbrar as seguintes mudanças:

• Abertura intensiva de mercados eparcerias internacionais, sobretudo com a China,Índia, Rússia, países da África e da América Latina(COELHO, 2001).

Oportunidadesdo agronegócioe novos mercados

Banco do BrasilDiretoria de Agronegócios

Page 65: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200463

• Incremento das vendas diretas dealimentos, bebidas e têxteis brasileiros aossupermercados e intermediários nos principaispaíses consumidores (SOUZA, 2004c).

• Ampliação das compras de insumos efatores econômicos diretamente dos fornecedoresinternacionais.

• Melhoria progressiva da logística internae externa, com aumento dos fretamentos grupaisde vagões, trucks (caminhões) e até de navios(SOUZA, 2004b).

• Surgimento de megacidades às margensdas ferrovias e hidrovias, com deslocamentosgeográficos progressivos dos consumidores,produções, mão-de-obra, insumos e fatores (filiais)(SOUZA, 2004a).

• Possível ampliação da renda per capitado Nordeste e do Norte, com ampliação conjuntada infra-estrutura, levando à necessidade de forteaumento da produção de alimentos, roupas,calçados, etc.

• Forte ampliação dos negócios em parce-ria público-privada, sobretudo em investimentosdiretos em agronegócios locais e na melhoria dainfra-estrutura regional (SOUZA, 2004a).

• Ampliação de parcerias negociaisgrupais/familiares em armazenagens, máquinase outros utensílios, visando a ampliar escalas e areduzir custos.

• Aumento do conceito de utilização full-time do solo e água com cultivos seqüenciais ecomplementares.

• Ampliação do uso da integração lavoura-pecuária, visando melhorar as condições de solo/água e a redução de custos (SOUZA, 2004d).

• Aumento da agregação regional de valor,com a construção de marcas regionais própriascom certificados de qualidade e garantias derastreamentos (SOUZA, 2004e).

• Forte ampliação da destinação de áreasde safrinha para a produção de girassol e de sorgocom sementes apropriadas.

Entre as principais oportunidades negociais,que se delineiam em curto e médio prazos,podemos citar:

• Recuperação de áreas agrícolas anterior-mente abandonadas, mas com alto potencial paracultivos, desde que com acompanhamentoambiental constante e de forma a promover odesenvolvimento regional sustentável.

• Investimentos em tecnologias de ponta,sobretudo no tocante à biogenética de plantas ede animais e a fertilização de solos e plantas(biofertilizantes), para ampliar as produtividades,sobretudo de milho, sorgo, suínos, trigo, etc., aindabem abaixo do padrão dos competidores.

• Inversões em fábricas de equipamentos ede outros destinados às reduções de perdas decultivos e de custos de produção (com forteampliação em alguns segmentos).

• Ampliação de negócios envolvendosensoriamento remoto de solo, plantas, água,animais, recursos naturais, etc.

• Revigoramento e ampliação dos negóciose das parcerias internacionais entre cooperativasde produção e de prestações de serviços doagronegócio.

• Investimentos em tecnologias, softwarese outros, destinados a controlar melhor os cultivos,sobretudo no tocante a pragas de solo, doenças,perdas etc.

• Investimentos em máquinas e utensíliosque promovam a redução das elevadasociosidades de fábricas, de máquinas e até deáreas férteis, mas subutilizadas, mesmo com climaadequado para cultivos seqüenciais.

Novos mercados

Em termos de novos mercados e deampliação de nichos, pode-se preverintensificação dos negócios com:

• Integração lavoura–pecuária (boi+soja,aves+suínos+soja, suínos+café orgânico,aves+café orgânico, leite+suínos, etc.).

• Biodiesel, a partir, sobretudo, da mamonae mesmo com girassol e soja.

• Álcool para exportação e geração deenergia, via recursos de seqüestro de carbono(Protocolo de Kyoto).

Page 66: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 64

• Maciços florestais moveleiros.

• Geração de energia em PCH (pequenascentrais hidroelétricas grupais) e biodigestores.

• Aqüicultura, sobretudo de camarãomarinho, outros crustáceos e ainda de tilápia parafiletagem1 e couro.

• Fruticultura tropical, com destaque paraprodutos exclusivos do Brasil, com alta qualidadee diferencial de mercado e em contra-estação.

• Produtos orgânicos, sobretudo daintegração lavoura-pecuária, para a redução decustos (COELHO, 2001).

• Fito-hormônios e fitoterápicos parahumanos, vegetais e animais (NEVES, et al., 2000).

• Produções em alta escala de embriõespara cria/recria/engorda e de fetos para biotecno-logia humana.

• Produção de vitelos, a partir de bezerrosda pecuária de leite em creep-feding2, novilhossuperprecoces e precoces.

• Produtos da agricultura familiar (perfumes,cosméticos, extrativismos, artesanatos, etc.) paravendas no comércio justo (fair trade).

• Turismo rural e ecológico internacional eintra-regional.

Conclusões

Inúmeras são as oportunidades negociais eos novos mercados para o agronegócio no Brasil.

Vislumbram-se grandes negócios comampliações das rendas, empregos, divisas, etc. eque levariam ao forte desenvolvimento regionalsustentável, fundamental para o crescimento daeconomia brasileira.

Há oportunidades tanto para novosinvestimentos individualizados e de empresascomo para ampliações de negócios já existentes.

Em todos, contudo, será fundamental oprofissionalismo, o conhecimento e a vontade devencer, que fazem parte do perfil do novoagroempresário.

O Banco do Brasil, que sempre colaboroue participou do avanço do agronegócio brasileiro,já está preparado para esse novo desafio dedesenvolvimento e de rentabilização dos novose futuros agronegócios.

Muito mais que de gerentes, o novoagronegócio dependerá de consultores denegócios bancários especializados e treinadospara atendimentos customizados e fidelizados.Esse será o perfil do novo profissional do BBAgronegócios e que está se preparando para tal.

ReferênciasCOELHO, Carlos Nayro - A expansão e o potencial do mercadomundial de produtos orgânicos. Revista de Política Agrícola,Brasília, DF, n. 2, p. 9, jul. 2001.

NEVES, M. F; CHADAD, R.; LAZZARINI, S. Alimentos: novostempos e conceitos na gestão de negócios. São Paulo: Pioneira,2000. 215 p.

SOUZA, Climaco Cézar de. Cadeia da Avicultura de Corte e dePostura. Ribeirão Preto, SP: Instituto de Ensino e Pesquisa emAdministração (INEPAD), 2004. (Livro-Vivo, 7). Disponível em:<www.inepad.org.br/>. Acesso em: 8 dez. 2004e.

SOUZA, Climaco Cézar de. Cadeia da Carne bovina e sub-produtos, mais Segmento Coureiro Calçadista. Ribeirão Preto,SP: Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (INEPAD),2004. (Livro-Vivo, 6). Disponível em <www.inepad.com.br/>.Acesso em: Acesso em: 10 maio 2004d. Em edição paralançamento.

SOUZA, Climaco Cézar de. Cadeia da Soja e outras oleaginosas.Ribeirão Preto, SP: Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração(INEPAD), 2004. (Livro-Vivo, 5). Disponível em:<www.inepad.com.br/>. Acesso em: Acesso em: 10 maio 2004c.

SOUZA, Climaco Cézar de. Indicadores Globais do Agronegócio.(Livro-Vivo, 1). Ribeirão Preto, SP: Instituto de Ensino e Pesquisaem Administração (INEPAD), 2004. Disponível em:<www.inepad.com.br/>. Acesso em: 10 maio 2004a.

SOUZA, Climaco Cézar de. Suprimento e Comércio de Alimentos.Ribeirão Preto, SP: Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração(INEPAD), 2004. (Livro-Vivo, 3). Disponível em:<www.inepad.com.br/>. Acesso em: Acesso em: 10 maio 2004b.

1 Processo de fabricação de filés.2 Sistema de desmame e alimentação de bezerros.

Page 67: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200465

“Viagem ao Brasil que produz” – o slogando “Rally da Safra” resume o espírito daexpedição que percorreu 25 mil quilômetros deestradas, passando pelas principais regiõesprodutoras de grãos do País. Divididos em quatrogrupos, agrônomos, jornalistas, funcionários doBanco do Brasil (BB) e das demais empresaspatrocinadoras visitaram 33 pólos de produção em15 estados brasileiros. Foram 40 dias de viagem,iniciada no início de fevereiro/04, conforme mostraa Fig. 1.

O objetivo das visitas aos pólos de produçãofoi avaliar as condições de desenvolvimento daslavouras, principalmente as de soja e milho, bemcomo o nível da tecnologia empregada nacondução das plantações. A viagem permitiutraçar um retrato do setor agrícola nas diversasregiões visitadas.

O “Rally” foi uma iniciativa da empresa deconsultoria Agroconsult, e contou com o patrocíniodo Banco do Brasil, Bunge Fertilizantes, KeplerWeber e John Deere, o apoio da Ford e da Fun-dação Agrisus, e a cobertura jornalística e divulga-ção da Agência Estado e Rádio Eldorado. Matérias,imagens e áudios relacionados ao Projeto foramdivulgados diariamente nos sites www.aeagro.com.br e www.agronegócios-e. com.br, e consti-tuiu-se na maior iniciativa privada, para análiseda produção de grãos, já realizada no País. Alémdisso, foi produzido um DVD especial com a edi-ção das principais visitas e entrevistas efetuadas,bem como das matérias divulgadas na mídia.

Merece destaque o envolvimento dosfuncionários do BB com o projeto, os quaisacompanharam as visitas técnicas e participaramde forma decisiva para a qualidade verificada noseventos realizados. Todos os produtores visitadoseram clientes do banco, e foram unânimes emressaltar o esforço das agências do BB que buscamatender com cordialidade e qualidade acomunidade rural (Fig. 2).

Rally da Safra Banco do BrasilDiretoria de Agronegócios

Fig. 1. Percurso do “Rally da Safra”.Fonte: Agroconsult (2004).

Fig. 2. Equipe do “Rally” visitando a agência doBanco do Brasil em Redenção, PA.

Page 68: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 66

1ª Fase

A primeira fase da viagem começou no dia1º de fevereiro, quando duas equipes deixaram acidade de Florianópolis, SC e visitaram 22cidades, conforme roteiro descrito na Tabela 1.

As equipes visitaram cerca de trêspropriedades agrícolas, por dia, e realizaramencontros com os produtores nos principais pólosvisitados. Nesses encontros foram apresentadasas principais notícias da viagem e, também, comoestavam as condições de desenvolvimento daslavouras nos pólos já visitados pela expedição.

As visitas viabilizaram a elaboração deum quadro bastante abrangente do nível detecnologia utilizada pelos produtores ruraisvisitados que, de certa forma, sintetizam aqueleverificado no País. Entre os principais aspectosobservados, destacam-se:

a) Área cultivada: não obstante os proble-mas de logística, é unânime entre os produtores aperspectiva de expansão da área cultivada.

b) Competição de atividades: visando maiorrentabilidade, advinda de ganhos de escala e dosbons preços atuais, verificou-se forte avanço dasoja sobre áreas de pecuária em São Paulo, MinasGerais, Goiás, Pará e Tocantins, e de algodão nasáreas de soja em São Paulo, Goiás, Mato Grossodo Sul e Mato Grosso. A medida que o produtorvai ampliando a renda e a capacidade deautofinanciar-se, migra para cultivos maisrentáveis e seguros.

c) Parque de máquinas: os financiamentosdo Programa de Modernização de Máquinas eEquipamentos (Moderfrota) foram fundamentaispara a modernização das máquinas e equipa-mentos nos últimos anos. A maioria dispõe demaquinário suficiente ao demandado peloempreendimento. Os produtores planejam adquirirnovos tratores/implementos, visando a substitui-ção de máquinas antigas e fazer face à expansãoda área cultivada. Entretanto, em vista dos preçosdesses bens, postergarão essas aquisições omáximo possível.

d) Seguro agrícola: poucos possuem seguroagrícola, sob a alegação de que os prêmios sãoelevados e cobrem apenas os custos de produção,e não a renda da atividade.

e) Comercialização antecipada: no Centro-Oeste, de 40% a 60% da safra é comercializadaantecipadamente, enquanto no Rio Grande do

Tabela 1. Roteiro das equipes Oeste e Leste.

Florianópolis, SC

Campos Novos, SC

Cascavel, PR

Dourados, MS

São Gabriel d´Oeste, MS

Lucas do Rio Verde, MT

Sinop, MT

Campos Novos doParecis, MT

Sapezal, MT

Vilhena, RO

Cuiabá, MT

Equipe Oeste

Florianópolis, SC

Ponta Grossa, PR

Maringá, PR

Assis, SP

Barretos, (SP)

Uberlândia, MG

Luziânia, GO

Rio Verde, GO

Chapadão do Sul, MS

Rondonópolis, MT

Cuiabá, MT

Equipe Leste

Tabela 2. Roteiro das equipes Nordeste e Sul/Norte

Brasília, DF

Luis Eduardo Magalhães,BA

Bom Jesus do Piauí, PI

Balsas, MA

Pedro Afonso, TO

Gurupi, TO

Redenção, PA

Santana do Araguaia, PA

Palmas, TO

Equipe Nordeste

Florianópolis, SC

Passo Fundo, RS

Santo Ângelo, RS

Uruguaiana, RS

São Gabriel, RS

Cuiabá, MT

Primavera do Leste, MT

Canarana, MT

Santana do Araguaia, PA

Palmas, TO

Equipe Sul/Norte

2ª Fase

A segunda etapa começou em 14 de março,com a largada da equipe Nordeste, realizada dasede do Banco do Brasil, em Brasília, DF, e daequipe Sul/Norte da cidade de Florianópolis, SC,conforme Tabela 2.

Page 69: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200467

Sul esse percentual está em aproximadamente30%. Os principais compradores são as tradings.Os produtores raramente utilizam mecanismos detrava de preços e mercado de opções, por nãoconhecerem, em detalhes, o funcionamentodesses mercados.

f) Profissionalização dos produtores: éevidente a profissionalização dos produtores, osquais estão utilizando tecnologia de ponta e todosos mecanismos disponíveis recomendados paraalcançarem maior produtividade. A maiorpreocupação é o custo por saca produzida, e nãoo custo por área plantada.

g) Sistema de plantio: o sistema de plantiodireto é o mais utilizado.Segundo os produtores,desde que seja feito o manejo adequado peloesquema de rotação entre culturas/atividades,esse sistema:

• Aumenta a produtividade de suas lavou-ras, pois a palhada deixada pelas culturasanteriores preserva os nutrientes e a umidade.

• Melhora a qualidade dos solos.

• Evita erosão.

• Reduz a necessidade de máquinas e oscustos com mão-de-obra.

h) Armazenagem: na maioria das proprie-dades visitadas, os sistemas de armazenagem nãosão suficientes para abrigar a produção colhida.Os produtores estão priorizando investimentos naexpansão de suas propriedades e no aumento daárea cultivada. A conseqüência dessas medidasé uma dependência cada vez maior dos pro-dutores perante as grandes empresas parasecagem, armazenagem e comercialização desuas produções. Não obstante, estão cada vezmais conscientes de que a ausência de armazénssignifica perda de renda e alguns projetos paraconstrução de novas unidades começam a serdesenvolvidos.

i) Preço das terras: acompanhando aelevação dos preços da soja, as terras em que secultiva essa leguminosa experimentaram grandevalorização.

j) Transporte: no Rio Grande do Sul (excetoem alguns trechos da BR 472 e da BR 290) e noParaná, as rodovias estão em boa situação deconservação. Nos demais estados visitados, a

situação é inversa: exceto alguns trechosrazoáveis, o quadro é de estradas muito ruins ealgumas até intransitáveis. Em decorrência, osfretes se elevam significativamente e o produtorrecebe menos pelo seu produto. O Estado daBahia, inclusive, está negociando a criação deuma ferrovia no trecho Barreiras/Brumado quefacilitará o escoamento das futuras safras para osportos de Salvador e Ilhéus.

k) Soja transgênica: segundo os produtores,ela revitalizou a agricultura no Rio Grande do Sul,elevando a produtividade, reduzindo custos (deR$ 100,00 a R$ 150,00/ha) e controlando as ervasdaninhas. De maneira geral, existe uma grandeexpectativa dos produtores no estabelecimento deregras claras e flexíveis para que possam seriniciadas e intensificadas experimentações coma variedade nos demais Estados.

l) Ferrugem asiática: ocorreu em menorintensidade na Região Sul, provavelmente emdecorrência da seca, e nos estados do Piauí,Maranhão, Pará e Tocantins, com a maioria dosprodutores conseguindo fechar a maturação comapenas uma aplicação de fungicida. Já na RegiãoSudeste, Mato Grosso, Triângulo Mineiro, nordestede SP, sudeste de Goiás e sudoeste da Bahia, oproblema é mais sério, com a maioria dosprodutores necessitando de duas a três aplicaçõesde fungicida para controlar o ataque da doença.

No geral, houve boa receptividade do“Projeto Rally da Safra” em todas as localidadesvisitadas. Os produtores mostraram-se solícitos eprontos a responder a todas as indagações.

Em função disso, no período de 26 desetembro a 16 de outubro de 2004, realizou o“Rally da Pecuária”, evento que pretendeu avaliaro desenvolvimento tecnológico da pecuárianacional.

Baseado no “Rally da Safra”, o “Rally daPecuária” teve por objetivo complementar asinformações obtidas pelo primeiro. Os parti-cipantes do “Rally” percorreram cerca de 15mil quilômetros pelas principais regiões pecuá-rias do País, verificando os sistemas de produçãoe o nível tecnológico das propriedades ruraisvisitadas.

Ao todo foram 15 cidades-pólo, com visitasin loco a pecuaristas em vários estados durante o

Page 70: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 68

Tabela 3. Mapa de tecnologias e manejos.

Maringá/Paranavaí, PR

Presidente Prudente, SP

Dourados, MS

Campo Grande, MS

Coxim, MS

Cuiabá, MT

Alta Floresta, MT

Redenção, PA

Palmas, TO

Gurupi, TO

Goiânia, GO

Rio Verde, GO

Uberaba, MG

Barretos, SP

Araçatuba, SP

Cidade Pólo

Integração lavoura pecuáriaPastejo rotacionado adubadoPasto de inverno

Pastejo rotacionado adubadoInseminação artificialConfinamentoCreep-feeding(1)

Integração lavoura pecuáriaSemiconfinamentoPastejo rotacionado intensivo

Consorciação com leguminosaDesmama precoceTransplante de embrião

Vitelo do pantanalCruzamento industrial

Produção orgânicaIrrigação de pastagens

Cruzamento industrialInseminação artificial

Novilho precoceRotação de pastagens

Sal com uréiaCruzamento industrial

Sal proteinadoNovilho precoce

Irrigação de pastagensConfinamento

SemiconfinamentoSal proteinado

Transplante de embriãoSincronização do cio

SemiconfinamentoNovilho superprecoce

ConfinamentoDesmama precoce

Tecnologias e manejos

(1) Creep-feeding – Sistema de alimentação para acelerar o desmame de bezerros.

período do “Rally”, conforme Tabela 3, queexplicita também as tecnologias e os manejos queforam analisados em cada uma das visitas.

Por fim, encontra-se em fase de plane-jamento o “Rally da Safra 2004/2005”, que deveráter início em fevereiro/05 objetivando dar

continuidade e aprofundar as avaliações efetuadaspor ocasião do “Rally da Safra 2003/2004”.

ReferênciasAGROCONSULT. Rally da safra: 2004. Disponível em:<www.rallydasafra.com.br>. Acesso em: 20 out. 2004.

Page 71: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200469

A busca por novos paradigmas para odesenvolvimento socioeconômico tem sido objetode debates cada vez mais freqüentes. Desenvol-vimento, associado ao conceito de sustentabi-lidade, é um tema em evidência. Discute-se,entre outros aspectos, a criação de mecanismoseficazes para se associar crescimento econômicoà inclusão social e ao respeito ao meio ambiente.O que se percebe, entretanto, é que não hásoluções fáceis ou prontas. Pelo contrário, há muitoa ser elaborado e aperfeiçoado.

As discussões sobre o assunto começaramhá cerca de 40 anos, em plena década de 60,período em que tem início a preocupação quantoaos riscos da degradação do meio ambiente. Nadécada seguinte, entretanto, com a ameaça deuma crise de energia provocada pela organizaçãodos países produtores e a percepção das limitaçõesnaturais da exploração do petróleo, o mundoconstata, com surpresa, que os recursos naturaisdo planeta – água, solo, petróleo, minérios – sãofinitos.

No ano da realização da Conferência dasNações Unidas sobre o Ambiente Humano, emEstocolmo (1972), foi discutido que o limite daexploração dos recursos no planeta seria atingido,no máximo, em cem anos, provocando umarepentina diminuição da população mundial e dacapacidade industrial. Daí nasceu a necessidadede pensar na limitação do crescimento econô-mico mundial (ONU, 2004).

Segundo a Declaração das Nações Unidas,de 1974, a causa da explosão demográfica era apobreza, também geradora da destruiçãodescontrolada dos recursos naturais. Os paísesindustrializados agravavam a situação com altosíndices de consumo. A Organização das NaçõesUnidas (ONU), pela primeira vez, admitia queexiste, não apenas um limite mínimo de recursospara proporcionar bem-estar ao indivíduo, mas umlimite máximo (ONU, 2004).

Somente na década seguinte, com oRelatório Brundtland, seria apresentado, pelaprimeira vez, o conceito hoje mais difundido dedesenvolvimento sustentável: “É aquele queatende às necessidades do presente semcomprometer a possibilidade de as geraçõesfuturas atenderem a suas próprias necessidades”(COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIOAMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991).

Desenvolver com sustentabilidade é umdesafio que demanda a elaboração de açõesvoltadas para o atendimento às necessidadesessenciais da humanidade, respeitando-se aslimitações do ambiente e as gerações vindouras.E que considerem igualmente os aspectossocioculturais, econômicos e políticos.

Embora no passado recente, o Brasil tenhamarcado presença em eventos, onde novosmodelos de desenvolvimento foram debatidos,esses ainda não são prática corrente no País. É norastro dessas reflexões que surgem iniciativasgovernamentais voltadas para um desenvolvi-

O desenvolvimentoregional sustentávelno Banco do Brasil

Banco do BrasilDiretoria de Agronegócios

Page 72: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 70

mento econômico sustentável, que seja capaz degerar riquezas e melhoria da qualidade de vidaenquanto promove o equilíbrio social e impede adegradação ambiental.

Na qualidade de instituição oficialconhecedora das características de cada uma denossas regiões e detentora de uma rede deatendimento de enorme capilaridade e comcapacidade de mobilização, o Banco do Brasil(BB) tem papel de grande relevância e atua comoagente articulador e impulsionador desseprocesso.

Em face disso, o BB, de história repleta deiniciativas voltadas para a redução das desigual-dades sociais, vem sendo demandado paraintensificar sua atuação para o desenvolvimentoeconômico e social, seja na realização de opera-ções de giro e investimento com micro e peque-nos empreendedores, rurais e urbanos, seja naorganização da produção e a inclusão daspopulações alijadas dos benefícios gerados pelosciclos de crescimento econômico.

Como empresa parceira do governo, o BBtem enfatizado o apoio à implantação de políticassob a bandeira do Fome Zero. Elaborou umaestratégia negocial de atuação, com foco emDesenvolvimento Regional Sustentável, comoforma de catalisar as ações dos diferentes agentesexistentes nas comunidades, no sentido de superaras dificuldades e carências e promover odesenvolvimento não apenas de uma, mas detodas as etapas de uma atividade produtiva.

Essa medida visa implementar uma novamaneira de atuar junto a comunidades localizadasem regiões carentes, buscando mobilizar osagentes econômicos, políticos e sociais paraimpulsionar o desenvolvimento sustentável. Comisso, pretende também promover a geração detrabalho e renda de forma sustentável, inclusivae participativa, considerando as característicaslocais, de natureza econômica, social, ambiental,institucional, política e cultural.

Na base dessa estratégia, o tripé consistede: viabilidade econômica, justiça social eadequação ambiental. A força motriz da ação do

BB é a “concertação”, processo em que sãointegrados os esforços de agentes das esferasfederal, estadual e municipal, da sociedade civile dos meios político, empresarial e religioso, entreoutros, em prol de ações que permitam um saltode qualidade nas condições de vida e nosindicadores de desenvolvimento locais.

A metodologia da estratégia de Desen-volvimento Regional Sustentável (DRS) envolveoito etapas, começando pela sensibilização dosfuncionários responsáveis. Até o momento, maisde 1.200 pessoas já foram treinadas e sensibili-zadas, prevendo-se chegar, ainda em 2004, a umtotal de 1.500 funcionários. As outras etapas sãoas seguintes:

• Escolha da atividade a ser apoiada, emconjunto com a comunidade.

• Formação da equipe de trabalho.

• Diagnóstico.

• Elaboração de plano de negócios.

• Análise.

• Implementação.

• Monitoramento e avaliação.

O trabalho começou nas regiões Norte eNordeste, nos Vales do Jequitinhonha (MinasGerais), Mucuri (Minas Gerais, Bahia e EspíritoSanto) e Ribeira (São Paulo) e na Bacia do RioItabapoana (Espírito Santo, Minas Gerais e Rio deJaneiro), áreas priorizadas em função dos baixosÍndices de Desenvolvimento Humano (IDH).

Até o final de 2004, espera-se alcançar 920municípios das áreas definidas e beneficiar cerca de184.400 famílias. Já para 2005, há uma expectativade se atingir 1.800 municípios e atender 376.000famílias, conforme mostra a Fig. 1.

A estratégia de Desenvolvimento RegionalSustentável busca, respeitando aspectos sociais,culturais e ambientais, catalisar potencialidadesregionais. É natural, então, que num país como oBrasil, o agronegócio seja componente marcanteno modelo de atuação negocial desenvolvidopelo Banco do Brasil.

Page 73: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200471

Fig. 1. Regiões priorizadas.

Fonte: Banco do Brasil – Diretoria de Agronegócios (2004).

Isso é facilmente detectável quando seconstata que, das cercas de 30 atividades produ-tivas já cadastradas pelo Banco do Brasil (Fig. 2),as que se destacam são as relativas ao meio agro-pecuário (ovinocaprinocultura, 15% dos planos denegócios; fruticultura, 15%; mandiocultura, 15%;horticultura, 10%; bovinocultura, 7%; apicultura,8%).

Hoje, mais de 450 projetos já foraminiciados e encontram-se em diferentes estágiosdo processo metodológico. Dos planos denegócios já aprovados e que estão na fase deimplementação das ações elaboradas, apresenta-mos alguns casos (Tabela 1).

Nos casos apresentados, o Banco do Brasilenvolveu, pelo processo de “concertação”,parceiros como prefeituras, sindicatos, associa-ções, órgãos de assistência técnica, Sebrae,produtores e Fundação Banco do Brasil.

Avaliando o conjunto de ações já realizadasao longo de sua história, o Banco do Brasil épresença obrigatória nos momentos de mudançada realidade socioeconômica brasileira. A estra-tégia de Desenvolvimento Regional Sustentávelé mais uma contribuição nessa sua longa trajetória.Um aliado em constante mudança. Que ao inovarevolui nas relações com o País, ciente de suasdificuldades, mas, sobretudo, de suas potenciali-dades.

Fig. 2. Atividades cadastradas.

Fonte: Banco do Brasil-Diretoria de Agronegócios (2004).

Page 74: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 72

Tabela 1. Projetos em desenvolvimento.

Aquiry, AC

José deFreitas, PI

Icoaraci -Belém, PA

Cidade

• Reparo de 23 tanques e açudes

• Construção de 20 novos tanques

• Ampliação de 5 tanques

• Aquisição de alevinos

• Capacitação dos piscicultores

• Crédito para custeio da ração

• Alfabetização pelo Programa BBEducar

Desenvolvimento de raçãoalternativa para redução de custos

• Alfabetização pelo Programa BBEducar

• Capacitação técnica dosprodutores

Formação dos produtores emapoio à gestão de propriedade

• Capacitação dos artesãosem associativismo,empreendedorismo,cooperativismo, marketing evendas

• Titularização dos terrenos dasolarias

Instalação de central deprocessamento da argila

Ações previstas

• Seater

• SEAP/PR

• Sebrae

• Instituto do Meio Ambientedo Acre

• Governo do Estado

• Prefeitura Municipal deBujari, AC

• Associação de Produtoresdo Pólo Agroflorestal DomMoacir

• Associação dosProdutores de Panorama

• Associação dosProdutores do PóloAgroflorestal D. Moacir

• Ibama

• Secretaria Municipal deAgricultura deDesenvolvimento Social

• Secretaria Municipal deAgricultura de Ação Social

• Emater

• Sindicato dosTrabalhadores Rurais

• Sebrae-PI

• Universidade Federal doPiauí

• Embrapa Meio-Norte

• Conselho Superior deArtesanato do Pará(Cosapa)

• Cooperativa de Artesãosde Icoaraci (Coarti)

• Sociedade dos Amigos deIcoaraci

• Sebrae – PA

• Liceu de Artes e Ofícios

• Prefeitura Municipal deBelém

Parceiros

Piscicultura

Avicultura

Artesanato(cerâmicamarajoara)

Atividadeprodutiva

48

216

600

Quantidadede famíliasbeneficiadas

Page 75: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 200473

O BB olha o Brasil como um enormetabuleiro de oportunidades, fonte inesgotável depossibilidades de empreendedorismo. Ambientepropício ao estabelecimento de relações e àconstrução de parcerias que propiciem o retornodos investimentos, levem à efetiva mudança naqualidade de vida dos brasileiros e contribuampara o crescimento sustentado do País.

ReferênciasBANCO DO BRASIL. Diretoria de Agronegócios. SubsistemaDRS-Desenvolvimento Regional Sustentado. Relatórios Internos2004. Brasília, DF, 2004.

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE EDESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. 2.ed. Rio de Janeiro:FGV, 1991.

ONU. Organização das Nações Unidas. Limites do crescimento.Disponível em: <http://www.um.org>. Acesso em: 20 out. 2004.

Page 76: Miolo pol Agr 4 - agricultura.gov.br · duplo, fonte Times New Roman, corpo 12, folha for-mato A4, com páginas numeradas, obedecendo a con-figuração de página e o padrão oficial

Ano XIII - Nº 4 - Out./Nov./Dez. 2004 74

O PIB do agronegócio brasileiro alcançou,em 2004, R$ 538 bilhões, quase 33% do PIBbrasileiro. O agronegócio é responsável por 40%das exportações e 37% dos empregos no País.O Brasil é o maior exportador mundial de suco delaranja, açúcar, café, carne bovina, soja, fumo ecarne de frango. As exportações do agronegóciosuperaram R$ 39 bilhões em 2004, gerando umsuperávit de R$ 34,1 bilhões com a comerciali-zação de produtos agrícolas.

Esses bons números decorrem especial-mente da eficiência empresarial do segmentoprodutor, da tecnologia empregada, das vantagenscompetitivas naturais do Brasil, do comportamentodo mercado mundial, da disponibilizaçãotempestiva e adequada de crédito e da corretaformulação e operacionalização dos planos desafra pelo governo.

O Banco do Brasil sempre dedicou especialempenho no apoio a todos os agentes das cadeiasprodutivas do agronegócio, oferecendo soluçõesadequadas às necessidades específicas de cadasegmento, sejam empresas fornecedoras deinsumos, cooperativas, agroindústrias ou produto-res rurais.

Esse apoio creditício ao agronegócio se fazapoiado em inovadores sistemas de automação emitigação de riscos, onde são analisados ohistórico operacional, a capacidade gerencial eo desempenho individual de cada cliente.

O atendimento de forma ágil e desburocra-tizada aos produtores rurais é uma das prioridadesdo BB. Com a automação e simplificação do pro-cesso de recebimento de propostas e formalizaçãodos empréstimos houve, por exemplo, umamudança no patamar de contratação de opera-ções com agricultores familiares, que, a partir dasafra 2003/2004, passou a ser de 1 milhão decontratos, quando nas safras anteriores esse nú-mero foi inferior a 700 mil.

Tudo isso faz com que o desempenho dacarteira de agronegócios do banco, acompanhan-do a dinâmica positiva do setor, coloque o BB naliderança do mercado financeiro do agronegóciobrasileiro, apresentando baixa inadimplência eexcelente índice de qualidade de carteira, comsaldo de R$ 31 bilhões em dezembro de 2004.

É importante registrar que esses avançosestão sustentados principalmente na sinergia queo Ministério da Agricultura Pecuária e Abasteci-mento (Mapa) tem patrocinado, por intermédio daelaboração de uma política agrícola abrangente,que permeia os complexos agroindustriais não sócom o crédito, mas também com o apoio aodesenvolvimento de novas tecnologias, à criaçãode infra-estrutura de armazenamento eescoamento, na abertura de novos mercados paraexportação e na consolidação de sistemasprodutivos auto-sustentáveis.

1 Vice Presidente de Agronegócios e Governo do Banco do Brasil

O Banco do Brasilem sinergia Ricardo Alves da Conceição1

Ponto

de

Vis

ta