Miolo-A face oculta · nhã para fazer uma caminhada a passos rápidos no calçadão de Copacabana....
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1a edição
Maria Tereza Maldonadoilustrações de Manuela Eichner
A facE ocuLta
uma hiStoria DE buLLying
E cybErbuLLying
Conforme a nova ortografia
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Copyright © Maria Tereza Maldonado, 2009
Gerente editorial: ROGÉRIO CARLOS GASTALDO DE OLIVEIRA
Editora-assistente: KANDY SGARBI SARAIVA
Preparação de texto:
MARCIA CECÍLIA VANUCCHI
Auxiliar de serviços editoriais: RUTE DE BRITO
Estagiária: MARI KUMAGAI
Suplemento de atividades: MARIA REGINA BELLUCCI
Revisão: PEDRO CUNHA JR. (Coord.) / LILIAN SEMENICHIN / JANAÍNA DA SILVA
Produtor gráfico: ROGÉRIO STRELCIUC
Gerência de arte: NAIR DE MEDEIROS BARBOSA
Projeto gráfico e produção: AEROESTÚDIO
Capa: AEROESTÚDIO
Impressão e acabamento:
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Maldonado, Maria TerezaA face oculta : uma história de bullying e cyberbullying /
Maria Tereza Maldonado ; ilustrações de Manuela Eichner. — 1. ed. — São Paulo : Saraiva, 2009. — (Coleção Jabuti)
ISBN 978-85-02-08384-4
1. Bullying – Ficção 2. Preconceito – Ficção 3. Violência nas escolas – Ficção 4. Ficção brasileira I. Eichner, Manuela. II. Título. III. Série.
09-09067 CDD-869.93
Índice para catálogo sistemático:1. Ficção: Literatura brasileira 869.93
Avenida das Nações Unidas, 7221 — PinheirosCEP 05425-902 — São Paulo — SP Tel.: (0xx11) 4003-3061 [email protected]
Todos os direitos reservados à SARAIVA Educação S.A.
CL: 810063CAE: 571356
14a tiragem, 2017
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Agradeço às pessoas com quem conversei sobre o tema e que iluminaram minhas ideias.
Em especial, a meu filho Cristiano, pela contribuição à pesquisa e pela assessoria competente no universo da informática.
A Maria Cecília Cury, pelas boas ideias na construção dos capítulos.
A Rachel Niskier Sanchez, pediatra muito atuante na área de políticas
públicas de proteção a adolescentes, com quem conversei sobre as redes
virtuais e a ação das famílias.
A Júlia Monteiro, orientadora do Colégio Notre Dame, do Rio
de Janeiro, com quem conversei sobre a campanha antibullying da escola.
A Clara Werner, diretora do Colégio Eduardo Guimarães, e às orientadoras
que fazem um belo trabalho com vítimas, autores e testemunhas do
bullying e do cyberbullying.
Ao meu editor, Rogério Gastaldo, que se entusiasmou pelo tema.
À minha agente literária, Lucia Riff, que sempre acolhe com carinho
e competência minhas ideias para novos livros.
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SumArio
A inimiga do sol 7O real mundo virtual 13Perseguição implacável 22Ataques torturantes 28Comemorando a vitória 36Os ataques continuam... 43...E as famílias são chamadas 52Redimensionando o problema 58Ameaças e novas ideias 65Vítimas e algozes 73Confronto e consequências 81Epílogo 90
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A inimiga Do SoL
O domingo de Carnaval começou radiante: calor, mar com poucas ondas, água transparente, céu azul. Alzira e Leandro acordaram às seis da ma-nhã para fazer uma caminhada a passos rápidos no calçadão de Copacabana. Para eles, esse era o melhor modo de começar o dia, mesmo em fins de semana e feriados. Mas não para a filha deles, Luciana, de 13 anos, que toda noite ficava até tarde entretida com jogos on-line, conversando com os amigos pelo computador, e de-testava acordar cedo.
Quando voltaram da caminhada, a mãe de Alzira, que viera de Belo Horizonte passar a semana de Carnaval com eles, já estava acordada, preparando suco de laranja para o café da manhã. Sabia que a filha e o genro chegariam para tomar uma chuveirada, ves-tiriam as fantasias de odalisca e de pirata e pegariam o metrô até o centro da cidade, onde, às 9 da manhã, aconteceria a concentração de um bloco que tocava marchinhas tradicionais.
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Foi o que aconteceu. Lá, os dois, animadíssimos, encontra-ram alguns amigos e se divertiram observando fantasias criativas: a mulher-bomba enrolada em panos negros com o cartaz “Vou ex-plodir de alegria!”, a jovem com uma bunda de plástico por cima da bermuda, o senhor careca e barrigudo com uma tiara na cabeça e roupa de bailarina, a senhora com um chapéu enorme imitando uma caneca de cerveja, a mulher com uma saia feita de tubos de pa-pel higiênico. Muitas crianças no colo dos pais, algumas assustadas com o som de bumbos, trombones e tubas e com a multidão que rapidamente lotou a rua estreita, antes de o bloco começar a circu-lar pelo centro da cidade. Gente de todas as idades, com perucas coloridas, óculos enormes, colares, pulseiras e muita animação.
— Oi, tia, cadê a Luciana?Alzira surpreendeu-se quando Bruna a pegou pelo braço.
Não a tinha visto no bloco, com a avó que adorava sambar.— Você não conhece sua amiga, Bruninha? Ela detesta Car-
naval!— Falei com ela ontem. Já faz um tempão que a gente não se
vê, já cansei de convidar para um monte de programas, ela sempre inventa uma desculpa para não sair de casa! Na verdade, o único convite que ela aceita de vez em quando é se encontrar comigo na padaria do papai para comer aquele pão doce irresistível...
— É, a gente também insiste para que pelo menos ela vá à praia nos finais de semana, mas nem isso, em pleno verão está branca como a neve, parece inimiga do sol!
Por volta de uma da tarde, caminharam até a estação de me-trô mais próxima. Estava lotado, com gente fantasiada indo para os blocos da Zona Sul e muitas pessoas com roupa de praia, os termômetros marcando 35 graus. Ao descer, ainda andaram mais três quadras, as ruas de Copacabana cheias, a praia colorida com uma barraca ao lado da outra, os ambulantes fazendo a festa com as vendas de bebidas, bonés, cangas e enfeites carnavalescos. En-traram em casa felizes, suados e cansados. Leandro foi direto para
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o chuveiro, para depois entrar na cozinha com a mulher e preparar um peixe assado com legumes para o almoço.
— E aí, mãe, Luciana já acordou?Dona Vera olhou para Alzira sobre os óculos, parando de pi-
car maçãs e peras para a salada de frutas:— Claro que não, ainda é cedo para ela! Não conhece sua
própria filha?Alzira deu um longo suspiro:— Não sei mais o que dizer nem o que fazer para convencer
essa menina de que está perdendo os melhores anos da vida dor-mindo até tarde e enfiada nesse maldito computador! Precisava ver a animação da garotada no bloco: havia até criancinhas de 2 anos dançando no colo dos pais!
— Cada um aproveita a vida do seu jeito, minha filha! Lu-ciana acha a maior graça no computador, é lá que ela se diverte, paquera, faz amigos. Mas nem você nem o Leandro conseguem entender isso...
— Gosta de computador e de comida... Reparou como en-gordou desde o Natal? Vive comendo bobagens: pipoca, biscoitos, balas, bolos, tudo o que não presta. Faz várias coisas ao mesmo tempo: tecla, come, ouve música, fala pelo celular e, ainda por cima, jura que consegue se concentrar para fazer o dever de casa no meio dessa confusão toda!
— Calma, minha filha, você, desde pequena, tem mania de fazer drama! Luciana não está gorda, está cheinha. Você também, nessa idade, não gostava de fazer os deveres e tirava notas baixas! Não precisa se preocupar tanto! Chegou do bloco tão alegre, agora está com essa cara...
— Eu não faço drama, mamãe, você é que acha que nada é grave, que tudo se resolve com o tempo! O Leandro também se preocupa. A Luciana é impermeável aos nossos argumentos, diz com a maior convicção que o mundo virtual é muito mais interes-sante do que essa nossa vidinha real, vê se pode?
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