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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES
MARIA DA PENHA DA SILVA ARAÚJO
ANÁLISE DOS FRETES PRATICADOS PELOS TRANSPORTADORES
RODOVIÁRIOS DE CARGA
Rio de Janeiro
2013
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
MARIA DA PENHA DA SILVA ARAÚJO
ANÁLISE DOS FRETES PRATICADOS PELOS TRANSPORTADORES
RODOVIÁRIOS DE CARGA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes. Orientadora: Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa Campos D.Sc. Co-orientadora: Prof.ª Renata Albergaria de M. Bandeira – D.Sc.
Rio de Janeiro
2013
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c 2013
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha
Rio de Janeiro – RJ CEP: 22.290-270
Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá
incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar
qualquer forma de arquivamento.
É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre
bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que
esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações,
desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica
completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor (es)
e do(s) orientador(es).
629.04 Araújo, Maria da Penha da Silva
A663a Análise dos Fretes Praticados pelos Transportadores Rodoviários de Cargas/ Maria da Penha da Silva Araújo; orientada por Vânia Barcellos Gouvêa Campos, Renata Albergaria de M. Bandeira – Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2013.
209p.: il.
Dissertação (mestrado) – Instituto Militar de Engenharia – Rio de Janeiro,
2013.
1.Engenharia de Transportes 2. Transporte de Cargas. 3. Análise de fretes
rodoviários. 3. Transportadores autônomos. I. Campos, Vânia Barcellos Gouvêa
II. Bandeira, Renata Albergaria de M. III. Título. IV. Instituto Militar de Engenharia.
CDD 629.04
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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
MARIA DA PENHA DA SILVA ARAÚJO
ANÁLISE DOS FRETES PRATICADOS PELOS
TRANSPORTADORES RODOVIÁRIOS DE CARGA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes.
Orientadora: Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa Campos – D.Sc. Co-orientadora: Prof.ª Renata Albergaria de M. Bandeira – D.Sc. Aprovada em 20 de Dezembro de 2013 pela seguinte Banca Examinadora:
Prof.ª Vânia Barcellos Gouvêa Campos - D.Sc. do IME– Presidente
Prof.ª Renata Albergaria de M. Bandeira – D.Sc. do IME
Prof. Marcelino Aurélio Vieira da Silva - D.Sc. do IME
Prof. Glaydston Mattos Ribeiro – D.Sc. da COPPE/ UFRJ
Rio de Janeiro
2013
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Dedico este trabalho a Deus, aos meus Pais,
Inácio in memorian e Maria Araújo, e
especialmente ao meu filho Enzo e ao meu
esposo Aurélio, pelo companheirismo, paciência
e carinho, nos momentos que mais precisei.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus por tudo que fez por mim.
Ao meu filho Enzo, pelo inocente incentivo e amor.
Aos meus pais, Inácio (in memorian) e Maria, meu Irmão Inácio, pelo amor
carinho e cumplicidade e por estarem sempre presentes na minha vida.
Especialmente ao meu esposo e amigo Aurélio, por toda palavra de incentivo,
pela paciência que teve nos momentos difíceis estando sempre ao meu lado
acreditando no meu potencial, por todo amor e dedicação. Obrigada por tudo.
Quero agradecer à Professora Vânia Barcellos Gouvêa, a quem admiro muito e
agradeço pela sua orientação e pelo constante incentivo, por todas as ideias e
apoios, pelos conselhos, compreensão e paciência e por ter estendido a mão nos
momentos que mais precisei.
À minha orientadora Professora Renata Albergaria Bandeira, pelo seu exemplo
de dedicação ao trabalho e pelas sugestões ricas no conhecimento e pelos
comentários sempre pertinentes e fundamentais na orientação.
A coordenadora do curso Professora Maria Esther, pela compreensão e ajuda
nessa difícil reta final.
Agradeço também a todos os demais professores e funcionários do Instituto
Militar de Engenharia que contribuíram para a realização desta dissertação, em
especial ao Sgt. Oazem.
Ao Instituto Militar de engenharia, pela oportunidade da realização do curso de
Mestrado em Engenharia de Transportes.
A todos os meus colegas de Mestrado pela amizade e troca de conhecimentos.
6
À CAPES pelo apoio financeiro.
Aos membros da banca pela gentileza em aceitar o convite para examinar este
trabalho.
A todas as Transportadoras que me receberam para a entrevista, colaborando
com as respostas ao questionário da pesquisa survey.
Ao João Batista do portal Guia do Transportador, pelo apoio à iniciativa desta
pesquisa desde o início e pela atenção em responder a todas as minhas dúvidas.
A todos que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho.
7
“Ao criar, a pessoa encontra seu eu, seu mundo, seu Deus.”
Erich Fromm
8
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................................... 13
LISTA DE TABELAS ................................................................................................ 15
LISTA DE EQUAÇÕES ............................................................................................ 16
LISTA DE SIGLAS .................................................................................................... 17
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 21
1.1 Justificativa e Relevância ............................................................................. 23
1.2 Objetivos ...................................................................................................... 24
1.3 Estrutura da Dissertação ............................................................................. 25
2 CARACTERIZAÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS ..... 27
2.1 Transporte Rodoviário de Cargas ................................................................ 28
2.2 Características da Frota Rodoviária Nacional .............................................. 31
2.2.1 Tipos de Veículos ........................................................................................ 33
2.3 Classificação das Cargas ............................................................................ 38
2.4 Condições das Rodovias ............................................................................. 39
2.4.1 Sinalização .................................................................................................. 42
2.4.2 Acidentes nas Rodovias .............................................................................. 43
2.5 Considerações Parciais ............................................................................... 45
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DO MERCADO DE FRETES RODOVIÁRIOS ..... 47
3.1 Regulamentação do Transporte Rodoviário de Cargas ............................... 47
3.1.1 Breve Histórico da Regulação no Brasil ....................................................... 48
3.1.2 Registro Nacional do Transportador Rodoviário de Bens ............................ 49
3.1.3 Processo de Desregulamentação Ocorrido em 1990 .................................. 50
3.1.4 A Situação Atual da Regulação no Brasil .................................................... 50
3.1.5 A Regulamentação da Profissão de Caminhoneiro ..................................... 52
3.1.6 A Regulação do Transporte Rodoviário de Cargas no Mundo ..................... 53
3.1.6.1 Estados Unidos ............................................................................................ 53
3.1.6.2 União Europeia ............................................................................................ 56
3.1.6.3 Espanha ....................................................................................................... 57
9
3.1.6.4 Portugal ....................................................................................................... 58
3.2 Formação do Preço dos Fretes.................................................................... 59
3.3 O Transportador Autônomo de Cargas ........................................................ 62
3.4 As Cooperativas de Transportadores de Cargas ......................................... 63
3.5 Dinâmica da Negociação de Fretes entre Empresa e Autônomos .............. 64
3.6 Condicionantes para a Contratação do Autônomo ...................................... 67
3.6.1 Vantagens da Contratação de Autônomos .................................................. 68
3.6.2 Desvantagens da Contratação de Autônomos ............................................ 69
3.7 Considerações Parciais ............................................................................... 70
4 PRINCIPAIS CUSTOS DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS .. 72
4.1 Considerações sobre Custos, Despesas e Gastos. ..................................... 72
4.2 Métodos de Análise de Custos .................................................................... 74
4.3 Composição Básica da Tarifa Rodoviária de Cargas ................................... 76
4.3.1 Frete-Peso ................................................................................................... 78
4.3.1.1 Custo do Tempo de Espera ......................................................................... 80
4.3.1.2 Custo de Transferência ................................................................................ 81
4.3.1.3 Despesas Administrativas ............................................................................ 82
4.3.1.4 Lucro Operacional ........................................................................................ 83
4.3.2 Gerenciamento de Riscos ............................................................................ 83
4.3.3 Outras Taxas ............................................................................................... 84
4.3.4 Pedágios ...................................................................................................... 85
4.4 Detalhamento dos Custos do Frete-Peso .................................................... 86
4.4.1 Custos Diretos ............................................................................................. 87
4.4.2 Custos Indiretos ........................................................................................... 87
4.4.3 Custos Fixos ................................................................................................ 88
4.4.3.1 Remuneração Mensal do Capital (RC) ........................................................ 88
4.4.3.2 Salário do Motorista (SM) ............................................................................ 89
4.4.3.3 Salários de oficina (SO) ............................................................................... 89
4.4.3.4 Reposição do Veículo .................................................................................. 90
4.4.3.5 Reposição do equipamento (RE) ................................................................. 90
4.4.3.6 Licenciamento (LC) ...................................................................................... 91
4.4.3.7 Seguro do Veículo (SV) ............................................................................... 91
10
4.4.3.8 Seguro do Equipamento (SE) ...................................................................... 91
4.4.3.9 Seguro de Responsabilidade Civil Facultativo (RCF) .................................. 92
4.4.3.10 Custo Fixo Mensal Total - (CF) ................................................................... 92
4.4.4 Custos Variáveis .......................................................................................... 93
4.4.4.1 Peças, Acessórios e Material de Manutenção (PM) .................................... 93
4.4.4.2 Combustível (DC) ........................................................................................ 94
4.4.4.3 Lubrificantes (LB) ......................................................................................... 94
4.4.4.4 Lavagem e Graxas (LG) .............................................................................. 95
4.4.4.5 Pneus e Recauchutagem (PR) .................................................................... 96
4.4.4.6 Custo Variável Mensal Total – (CV) ............................................................. 96
4.4.5 Salários e Encargos Sociais ........................................................................ 97
4.4.6 Outras Despesas ......................................................................................... 97
4.5 Considerações Parciais ............................................................................... 98
5 METODOLOGIA DA PESQUISA .............................................................. 100
5.1 Tipo de Pesquisa ....................................................................................... 100
5.2 População e Amostra ................................................................................. 103
5.2.1 População .................................................................................................. 103
5.2.2 Amostra ..................................................................................................... 104
5.2.3 Definição dos Parâmetros Amostrais para as Transportadoras ................. 105
5.2.4 Definição dos Parâmetros Amostrais para os Autônomos ......................... 106
5.3 Instrumento de Pesquisa ........................................................................... 108
5.3.1 Pesquisa com as Transportadoras ............................................................ 109
5.3.2 Pesquisa com os Autônomos .................................................................... 110
5.4 Coleta de Dados ........................................................................................ 111
5.5 Tratamento dos Dados .............................................................................. 112
5.6 Comparação entre o Frete Praticado e o Calculado .................................. 112
5.7 Considerações Parciais ............................................................................. 113
6 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO ............................... 114
6.1 Análise dos Resultados dos Autônomos .................................................... 114
6.1.1 Perfil da Frota dos Autônomos .................................................................. 115
6.1.2 Renovação da Frota dos Autônomos ......................................................... 116
6.1.3 Idade Média da Frota dos Autônomos ....................................................... 117
11
6.1.4 Seguro do Veículo ..................................................................................... 118
6.1.5 Distribuição por Tipo de Carga .................................................................. 118
6.1.6 Valor do Frete no Eixo Rodoviário Pesquisado ......................................... 119
6.1.7 Análise do Teste “T” ................................................................................... 120
6.1.8 Composição do Preço do Frete ................................................................. 121
6.1.9 Circunstância para a Contratação de Autônomos...................................... 122
6.1.10 Manutenção dos Veículos .......................................................................... 123
6.2 Análise dos Resultados das Empresas Transportadoras .......................... 124
6.2.1 Perfil dos Entrevistados ............................................................................. 125
6.2.2 Perfil da Frota das Empresas .................................................................... 126
6.2.3 Idade Média da Frota das Empresas ......................................................... 128
6.2.4 Tamanho da Frota de Autônomos Cadastrados nas Empresas ................ 128
6.2.5 Perfil da Frota de Autônomos Cadastrados nas Empresas ....................... 130
6.2.6 Idade da Frota de Autônomos Cadastrados nas Empresas ...................... 130
6.2.7 Carga Transportada pelas Empresas ........................................................ 131
6.2.8 Participação das Empresas no Eixo SP - RJ ............................................. 132
6.2.9 Participação dos Autônomos no Transporte das Empresas ...................... 133
6.2.10 Distribuição por Tipo de Carga .................................................................. 134
6.2.11 Principais Variáveis de Custos no Preço do Frete ..................................... 135
6.2.12 Valor do Frete no Eixo Rodoviário Pesquisado ......................................... 136
6.2.13 Considerações Parciais ............................................................................. 137
7 ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DOS CUSTOS DE TRANSPORTE NO EIXO
SÃO-PAULO – RIO DE JANEIRO...........................................................................139
7.1 Cálculos dos Custos de Operacionais de Transporte ................................ 139
7.1.1 Estimativa de Demanda para o Eixo Estudado .......................................... 140
7.1.2 Dados do Fluxo de Transporte .................................................................. 140
7.1.3 Análise dos custos por categoria: Premissas Básicas Adotadas ............... 145
7.1.4 Detalhamento dos Custos Operacionais .................................................... 148
7.1.4.1 Despesas Diretas ....................................................................................... 148
7.1.4.2 Despesas Indiretas .................................................................................... 155
7.1.4.3 Lucro Operacional ...................................................................................... 159
7.1.4.4 Impostos e Taxas ....................................................................................... 159
12
7.1.5 Custos Operacionais Resultantes .............................................................. 160
7.2 Análise dos Resultados dos Custos de Transporte ................................... 162
7.2.1 Representatividade dos Tipos de Custos .................................................. 163
7.2.2 Representatividade dos Itens no Custo Operacional Total ........................ 166
7.2.3 Representatividade de cada Item no Preço Final do Frete ........................ 169
7.2.4 Análise Comparativa entre Empresa e Autônomos ................................... 171
7.2.4.1 Comparativo entre os Itens de Custos Fixos ............................................. 172
7.2.4.2 Comparativo entre os Itens de Custos Variáveis ....................................... 175
7.2.4.3 Comparativo entre os Itens das Outras Despesas .................................... 177
7.2.5 Impacto dos Principais Itens de Custo no Preço do Frete ......................... 179
7.3 Considerações Parciais ............................................................................. 185
8 CONCLUSÕES.......................................................................................... 187
9 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ............................................................ 193
10 ANEXOS .................................................................................................... 200
ANEXO I - QUESTIONÁRIO APLICADO NAS TRANSPORTADORAS NA VISITA
REALIZADA PESSOALMENTE. ........................................................................... 201
ANEXO II- QUESTIONÁRIO ENVIADO ELETRONICAMENTE PARA UM GRUPO
DE TRANSPORTADORAS – SOFTWARE ENCUESTAFACIL ............................ 204
ANEXO III- QUESTIONÁRIO APLICADO AO GRUPO DE AUTÔNOMOS .......... 206
ANEXO IV- CARTA DE APRESENTAÇÃO DO GUIA DO TRANSPORTADOR .. 208
ANEXO V- NÚMERO DE VIAGENS REALIZADAS POR CADA VEÍCULO ......... 209
13
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 2.1 Matriz do Transporte de Cargas.......................................................... 27
FIG. 2.2 Distribuição da Malha Rodoviária Pavimentada.................................. 28
FIG. 2.3 Cargas Transportadas......................................................................... 29
FIG. 2.4 Comparação entre Preço e Custo....................................................... 31
FIG. 2.5 Quantidade da Frota............................................................................ 32
FIG. 2.6 Veículo Urbano de Carga.................................................................... 33
FIG. 2.7 Toco ou Caminhão Semipesado.......................................................... 34
FIG. 2.8 Truck ou caminhão Pesado................................................................. 34
FIG. 2.9 Cavalo Mecânico ou Caminhão Extrapesado...................................... 35
FIG. 2.10 Cavalo Mecânico Trucado ou LS......................................................... 35
FIG. 2.11 Carreta 2 Eixos.................................................................................... 36
FIG. 2.12 Carreta 3 Eixos.................................................................................... 36
FIG. 2.13 Carreta Cavalo Trucado....................................................................... 36
FIG. 2.14 Bitrem................................................................................................... 37
FIG. 2.15 Treminhão........................................................................................... 37
FIG. 2.16 Rodotrem............................................................................................. 38
FIG. 2.17 Classificação Geral da Extensão da malha Rodoviária....................... 40
FIG. 2.20 Acidentes Rodoviários por Região....................................................... 44
FIG. 4.1 Composição da Tarifa Básica do Transporte Rodoviário.................... 78
FIG. 4.2 Formação do Frete – Peso.................................................................. 79
FIG. 5.1 Etapas da Pesquisa Survey da Dissertação...................................... 102
FIG. 5.2 Eixo Rodoviário Estudado – (São Paulo – Rio de Janeiro)................106
FIG. 6.1 Histograma da variável tempo no mercado....................................... 115
FIG. 6.2 Participação por tipo de veículo......................................................... 116
FIG. 6.3 Renovação da frota dos Autônomos.................................................. 117
FIG. 6.4 Idade Média da Frota dos Autônomos............................................... 117
FIG. 6.5 Seguro do Veículo............................................................................. 118
FIG. 6.6 Distribuição por tipo de Carga........................................................... 119
FIG. 6.7 Histograma do Valor do Frete por Tipo de Veículo............................ 120
FIG. 6.8 Nível de satisfação quanto ao frete pago pelas empresas................ 123
14
FIG. 6.9 Localização das Empresas Entrevistadas......................................... 124
FIG. 6.10 Perfil dos Entrevistados..................................................................... 126
FIG. 6.11 Tamanho da Frota da Empresa......................................................... 127
FIG. 6.12 Divisão da Frota da Empresa............................................................ 127
FIG. 6.13 Idade Média da Frota da Empresa.................................................... 128
FIG. 6.14 Frota de Autônomos Cadastrados na Empresa................................. 129
FIG. 6.15 Divisão da Frota de Autônomos Cadastrados................................... 130
FIG. 6.16 Idade Média dos Autônomos Cadastrados........................................ 131
FIG. 6.17 Volume de Carga Transportada......................................................... 132
FIG. 6.18 Participação da Carga das Empresas no Eixo...................................133
FIG. 6.19 Utilização dos Autônomos pelas Empresas....................................... 134
FIG. 6.20 Distribuição por tipo de Carga............................................................135
FIG. 6.21 Importância das Variáveis que formam o Preço do Frete.................. 136
FIG. 6.22 Valor do Frete.................................................................................... 137
FIG. 7.1 Diferenças de Preços entre os Cenários Calculados.........................161
FIG. 7.2 Representatividade das Despesas Diretas e Indiretas...................... 163
FIG. 7.3 Composição dos Itens dos Custos Fixos........................................... 164
FIG. 7.4 Composição dos Itens dos Custos Variáveis..................................... 165
FIG. 7.5 Composição dos Itens dos Salários e Encargos................................165
FIG. 7.6 Composição dos Itens das Outras Despesas.................................... 166
FIG. 7.7 Participação dos Itens do Custo Fixo no Custo Total........................ 167
FIG. 7.8 Participação dos Itens do Custo Variável no Custo Total.................. 168
FIG. 7.9 Participação dos Itens das Outras Despesas no Custo Total............ 169
FIG. 7.10 Comparativo entre os Itens do Custo Fixo......................................... 172
FIG. 7.11 Comparativo entre os Itens do Custo Variável...................................175
FIG. 7.12 Comparativo entre os Itens das Outras Despesas............................ 178
FIG. 7.13 Aumento do Preço do Diesel............................................................. 181
FIG. 7.14 Evolução do Preço do Frete com Aumento do Diesel....................... 182
FIG. 7.15 Aumento do Preço do Pedágio – Nova Dutra.................................... 183
FIG. 7.16 Evolução do Preço do Frete com Aumento do Pedágio.................... 184
FIG. 7.17 Evolução do Preço do Frete com Aumento de Ambos (Pedágio e
Diesel)................................................................................................................. 185
15
LISTA DE TABELAS
TAB. 2.1 Composição do Custo do Transporte Rodoviário .............................. 30
TAB. 2.2 Classificação dos Corredores Rodoviários ........................................ 41
TAB. 2.3 Relação da qualidade do pavimento com o número de acidentes .... 45
TAB. 3.1 Transportadores e Frota de Veículos ................................................ 51
TAB. 3.2 Quantidade de Transportadores por Região ..................................... 63
TAB. 3.3 Tabela de Frete para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro ...... 65
TAB. 3.4 Tabela de Frete para o Interior do Rio de Janeiro ............................. 65
TAB. 4.1 Análise das Planilhas de Cálculo de Frete ........................................ 75
TAB. 4.2 Valor de n de acordo com o veículo .................................................. 89
TAB. 4.3 Vida útil dos veículos ......................................................................... 90
TAB. 6.1 Resultado do Teste t ....................................................................... 121
TAB. 7.1 Dados do Veículo Considerado ....................................................... 141
TAB. 7.2 Dados da Carga Considerada ......................................................... 142
TAB. 7.3 Dados da Rota Considerada ........................................................... 142
TAB. 7.4 Fluxo Operacional na Rota Considerada......................................... 144
TAB. 7.5 Insumos Operacionais Básicos ....................................................... 146
TAB. 7.6 Dados do Veículo ............................................................................ 147
TAB. 7.7 Custos Fixos .................................................................................... 149
TAB. 7.8 Custos Variáveis ............................................................................. 153
TAB. 7.9 Salários e Encargos Sociais ............................................................ 156
TAB. 7.10 Outras Despesas ............................................................................. 157
TAB. 7.11 Impostos e Taxas ............................................................................ 159
TAB. 7.12 Detalhamento das Despesas Operacionais .................................... 160
TAB. 7.13 Detalhamento dos Custos Operacionais ......................................... 160
TAB. 7.14 Distribuição dos Custos no Preço Final ........................................... 170
TAB. 8.1 Impacto nos Custos do Frete com Lei 12.619/12 ............................ 190
TAB. 8.2 Estimativa de Custos do Frete com Lei 12.619/12 .......................... 191
16
LISTA DE EQUAÇÕES
EQ. 4. 1 Cálculo da Tarifa do Frete-Peso.......................................................... 80
EQ. 4. 2 Custo do Tempo de Espera................................................................. 80
EQ. 4. 3 Custo de Transferência....................................................................... 81
EQ. 4. 4 Custos Fixos........................................................................................ 81
EQ. 4. 5 Custos Variáveis.................................................................................. 82
EQ. 4. 6 Despesas Administrativas................................................................... 83
EQ. 4. 7 Pedágios............................................................................................. 86
EQ. 4. 8 Remuneração Mensal do Capital........................................................ 88
EQ. 4. 9 Salário do Motorista............................................................................. 89
EQ. 4. 10 Salários de Oficina.............................................................................. 89
EQ. 4. 11 Reposição do Veículo......................................................................... 90
EQ. 4. 12 Reposição do Equipamento............................................................... 91
EQ. 4. 13 Licenciamento.................................................................................... 91
EQ. 4. 14 Seguro do Veículo.............................................................................. 91
EQ. 4. 15 Seguro do Equipamento..................................................................... 92
EQ. 4. 16 Seguro de Responsabilidade Civil Facultativo....................................92
EQ. 4. 17 Custo Fixo Mensal Total..................................................................... 93
EQ. 4. 18 Peças, Acessórios e Material............................................................. 93
EQ. 4. 19 Combustível........................................................................................ 94
EQ. 4. 20 Lubrificantes do Motor........................................................................ 94
EQ. 4. 21 Lubrificantes da Transmissão............................................................. 95
EQ. 4. 22 Custo Total da Lubrificação................................................................ 95
EQ. 4. 23 Lavagem e Graxas............................................................................. 95
EQ. 4. 24 Pneus e Recauchutagem................................................................... 96
EQ. 4. 25 Custo Variável Mensal Total............................................................... 97
EQ. 4. 26 Salários e Encargos Sociais Administrativo....................................... 97
EQ. 4. 27 Outras Despesas................................................................................ 97
17
LISTA DE SIGLAS
ABTI Associação Brasileira de Transportadores Internacionais
AET Autorização Especial de Trânsito
ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
ANTRAM Associação Nacional dos Transportadores Públicos Rodoviários de
Mercadorias
ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres
CEE Comunidade Econômica Européia
CLT Consolidação das Leis Trabalhistas
CNT Confederação Nacional do Transporte
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
COOPERFAT
COPPEAD Instituto de Pós-graduação e Pesquisa em Administração
DAT Despesas Administrativas e de Terminais
DOT Department of Transportation
DETRAN Departamento de Trânsito
DNER Departamento Nacional de Estradas e Rodagem
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
DPVAT Seguro por danos pessoais causados por veículos automotores
EPI Equipamento de Proteção Individual
EU União Europeia
EUA Estados Unidos da América
FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador
FIPE Fundação Instituto de Pesquisa Econômica
GEIPOT Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes
GRIS Gerenciamento de Risco
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICC InterstateCommerceComission
ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
IMDG International Maritime Dangerous Goods Code
18
IMO Organização Marítima Internacional
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
IOF Imposto sobre Operações Financeiras
IPTU Imposto Predial Territorial Urbano
IPVA Imposto sobre a propriedade de veículos automotores
IRPJ Imposto de Renda de Pessoa Jurídica
LOTT Lei de Ordenação do Transporte Terrestre
LTL Lessthantruckload
NTC Associação Nacional do Transporte de Cargas
PBT Peso Bruto Total
PIB Produto Interno Bruto
RCTRC Registro e Cadastro do Transportador Rodoviário de Carga
RTB Transportador Rodoviário de Bens
SPSS StatisticalPackage for Social Sciences
SULCARJ Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do
Sul Fluminense
TCP Transportadores de Carga Própria
TRC Transporte Rodoviário de Cargas
TRIC Transporte Rodoviário Internacional de Cargas
UNICAM União Nacional dos Caminhoneiros
VUC Veículo Urbano de Carga
19
RESUMO
Há muito tempo o transporte rodoviário de cargas no Brasil tem sido utilizado como principal meio de deslocamento de cargas entre os polos de produção de bens e o mercado consumidor. Entretanto, este sistema que é responsável por mais de 60% das cargas transportadas e que opera com empresas e transportadores autônomos, em condições de baixa regulamentação por parte do poder público, facilita a entrada de novos operadores neste mercado, muitas vezes sem condições de atender às demandas características, inerentes a este trabalho. O mercado consumidor, por estar cada vez mais exigente, obriga o setor de transportes a oferecer serviços cada vez mais especializados, mas a custos acessíveis, de modo a não onerar o preço final dos produtos ao consumidor. Diversas são as empresas transportadoras que trabalham neste segmento, executando muitas vezes, parte do serviço com frota própria e outra parte com caminhoneiros autônomos contratados temporariamente. Estes últimos, por não conseguirem os fretes diretamente com o produtor de bens, acabam ficando sujeitos às contratações das transportadoras, que por sua vez, impõem regras e custos difíceis de serem praticados pelos autônomos. Isto gera uma série de problemas para estes trabalhadores, que precisam ofertar o serviço com a qualidade exigida pela empresa, mas sendo remunerados de acordo com os interesses da mesma, o que nem sempre é suficiente para cobrir todos os custos operacionais de forma correta. Deste modo, este estudo buscou averiguar estas distorções causadas pelos baixos preços dos fretes praticados pelos autônomos, tomando-se como estudo de caso o eixo São Paulo a Rio de Janeiro no transporte de carga geral. Para tanto, tornou-se necessária uma pesquisa bibliográfica com o intuito de identificar todos os custos envolvidos nesta operação, bem como todas as características e peculiaridades deste ofício, de modo que fosse possível a modelagem de um método de cálculo de todos os custos envolvidos na operação de transporte. Deste modo, tornou-se possível se chegar ao preço final que seria justo para remunerar todos os gastos percebidos pelo transportador autônomo em seu trabalho. Foi realizada, também, uma pesquisa de campo junto às transportadoras e aos autônomos com a finalidade de se coletar informações sobre o mercado de fretes neste eixo em estudo, utilizando-se para tal, questionários eletrônicos e entrevistas in loco. Também, foram feitas comparações entre os custos que o autônomo pratica de fato e os custos que ele deveria praticar, caso ele gerenciasse todos os custos operacionais do transporte. Por fim, chegou-se à conclusão de que não é possível para o transportador autônomo arcar com todos os custos inerentes à profissão recebendo os valores de frete praticados atualmente no mercado de transportes brasileiro.
20
ABSTRACT
Long time ago, the highway freight transportation in Brazil has been used as the main means of movement of cargo between the production centers and the consumer market. However, this system is responsible for more than 60% of cargo transported and operating with independent companies and carriers, in low regulation conditions by the government facilitates the entry of new operators in the market, often unable to comply with the demand characteristics inherent in this work. The consumer market to be increasingly demanding, requiring the transportation sector to offer more specialized services, but affordable, so as not to encumber the final price of consumer products. There are several transporter companies working in this segment, running often part of the service with its own fleet and another part with independent truck drivers hired temporarily. The latter, do not get freight directly with the producers, they shall be subject to the contracting carrier, which impose costs and rules difficult to be practiced by employed. This generates a lot of problems for these workers, who need to offer the service with the quality required by the company, but being paid according to the interests of its, which is not always sufficient to cover all operating costs correctly. Thus, this study sought to determine the distortions caused by low freight rates practiced by independent truck drivers, taking as a case study of the highway Sao Paulo to Rio de Janeiro in the transportation of general cargo. Then, it was necessary a literature research in order to identify all the costs involved in this operation, as well as all the characteristics and peculiarities of this job, so it was possible to model a method of calculation of all costs involved in carriage. Thus, it was possible to arrange the final price would be fair to pay all costs as perceived by the independent carrier in their work. It has performed also a search field with transporter companies and independent truck drivers in order to collect information about the freight market on this road studied, using for this, electronic questionnaires and interviews on the spot. Also, comparisons were made between the costs that the independent truck drivers practice of fact and costs that he should practice if it managed all operating costs of transport. Finally, it has reached the conclusion that it is not possible for the independent truck drivers as to bear all the costs involved in getting the profession values currently practiced in the freight transport market in Brazil.
21
1 INTRODUÇÃO
A importância do transporte transcende sua capacidade de movimentar pesos e
volumes. Hoje, o transporte é um fator preponderante para a integração entre as
regiões do mundo globalizado, bem como para o desenvolvimento das nações.
Ballou (2004) cita que o Congresso dos Estados Unidos considera que: “sob
qualquer ponto de vista - econômico, político e militar, o transporte é,
inquestionavelmente, a indústria mais importante do mundo”.
A carência de transporte, ou inadequação do mesmo, afeta diretamente a
economia mundial, prejudicando seu crescimento dificultando a integração nacional
e impactando negativamente a segurança nacional (OWEN, 1975). A atividade
industrial é seriamente prejudicada, pois as falhas nos transportes exigem a
manutenção de estoques excessivos para compensar a incerteza dos
fornecimentos, o que acaba refletindo nos custos e, por consequência, no preço final
dos produtos e, portanto, na competitividade das empresas e no desenvolvimento
deste meio.
Segundo POZO (2004), a evolução do transporte se deu em duas frentes: a
evolução da capacidade transportada e a evolução da tração utilizada. Essas duas
frentes, entretanto, desenvolveram-se de forma integrada, acompanhando o
desenvolvimento tecnológico.
Sob a ótica comercial, o transporte é, para a maioria das empresas, o elemento
mais importante nos custos logísticos. Assim, a definição do sistema de transporte a
ser utilizado torna-se um fator imprescindível para que se consiga economia nos
gastos com transporte e melhor eficiência no deslocamento da carga. Observa-se
também, que a escolha adequada do sistema de transporte contribui para a melhoria
de outros fatores envolvidos diretamente com os transportes, como: poluição sonora
e atmosférica, acidentes, dentre outros.
Atualmente, dispõe-se de cinco sistemas de transportes capazes de integrar as
diversas origens e destinos inerentes ao comércio de produtos e deslocamento de
passageiros. São eles: rodoviário, aeroviário, rodoviário, dutoviário e ferroviário.
22
No Brasil, o transporte rodoviário de cargas tem sido a preferência na
movimentação interna de cargas. Dados da Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT, 2011) mostram que a produção de transporte brasileira
(quantidade movimentada x distância percorrida) possui mais de 60% de
participação do transporte rodoviário de cargas. Ao se considerar apenas as cargas
conteinerizáveis, essa parcela chega a 90% de participação (ANTT, 2011).
Essa preferência pelo transporte rodoviário tem fundamentos logísticos, tais
como a pulverização da malha viária, ou mesmo a possibilidade de repartir a
distribuição em lotes pequenos, mais adequados à prática do just in time. Entretanto,
segundo apontado pela ANTT (2011), também existem fatores que favorecem
indevidamente o transporte rodoviário no Brasil, como: (i) prática de excesso de
carga, que acarreta na destruição da malha rodoviária nacional e em maiores custos
de manutenção; (ii) falta de regulamentação da jornada de trabalho do motorista,
permitindo que a viagem seja feita mais rapidamente e, consequentemente,
reduzindo custos, ao mesmo tempo em que sacrifica o motorista e contribui para o
aumento do número de acidentes de trânsito no Brasil (cerca de 30% dos acidentes
de trânsito no país tem caminhões envolvidos); (iii) sonegação de impostos devido à
ineficiência no controle da emissão de conhecimento de transporte ou mesmo da
nota fiscal dos produtos transportados por autônomos; (iv) prática de cobrança de
fretes abaixo do custo, o que impede a renovação da frota (que tem idade média de
cerca de 19 anos) e acarreta em consequências desastrosas para o consumo de
combustível, poluição e acidentes.
Sendo assim, planos logísticos de integração modal que poderiam ser
desenvolvidos como alternativas mais eficientes e vantajosas (para a sociedade,
principalmente) acabam sendo elaborados com base apenas no sistema rodoviário,
prejudicando o desenvolvimento dos demais modos de transportes e inviabilizando a
integração entre os mesmos.
23
1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
Devido aos baixos preços cobrados pelos transportadores rodoviários de cargas
autônomos no Brasil, observa-se uma maior dificuldade na utilização dos modos de
transportes e na integração entre os diversos modais, o que acaba gerando
externalidades negativas para a sociedade (CNT, 2002).
Os baixos fretes praticados no mercado brasileiro são consequência da
excessiva oferta de serviços de transporte autônomos. Uma das causas deste
problema é a facilidade de entrada no mercado de transportadores autônomos e nas
dificuldades de saída. Dentre as questões que motivam a entrada de novos
transportadores no mercado estão os índices de desemprego, a falta de
regulamentação do poder público, a facilidade para se tornar motorista autônomo
(basta possuir habilitação específica e o veículo) e o faturamento mensal médio
atraente (ANTT, 2010). Entretanto, apesar do faturamento mensal ser relativamente
alto, os custos associados também o são (manutenção, combustível, pneus, etc.), o
que torna a remuneração líquida baixa. Entretanto, estas considerações não
costumam ser feitas antes de se ingressar na profissão. Ademais, a saída de
autônomos do mercado saturado torna-se difícil pela baixa qualificação profissional
em outras áreas e baixo nível de escolaridade destes profissionais, o que acaba por
gerar uma oferta de transporte maior do que a demanda.
Em sua maioria, os transportadores autônomos são contratados por grandes
empresas transportadoras, que, em geral, são contratadas por fabricantes de
produtos para transportar matéria prima até os parques industriais ou sua produção
final até os mercados consumidores. Como forma de reduzir custos e otimizar rotas,
as empresas transportadoras acabam por terceirizar novamente este serviço para
transportadores autônomos, que praticam preços abaixo do que seria recomendável
sob a ótica econômico-financeira.
As baixas receitas oriundas destes fretes com preços distorcidos, praticados no
mercado brasileiro, acarretam em problemas de manutenção veicular, jornadas de
trabalho excessivas, sobrecarga nos veículos, incapacidade de renovação de frota,
aumento da idade média da frota, aumento do índice de acidentes, inadimplência
fiscal e, consequentemente, em diversos impactos para a sociedade, no que pode
24
ser chamado de Círculo Vicioso do Transporte Rodoviário de Cargas no Brasil
(ANTT, 2010). Dentre os impactos gerados, pode-se enumerar o aumento no índice
de acidentes e mortes, emissão excessiva de poluentes, engarrafamentos e
consumo excessivo de combustível (CNT, 2002).
Assim, a proposta deste trabalho se justifica pela oportunidade de se realizar um
estudo que identifique as prováveis distorções nos preços dos fretes cobrados pelo
transportador autônomo, quantificando os valores praticados por este mercado
atualmente, e os valores que deveriam ser praticados de forma correta e
economicamente viável.
1.2 OBJETIVOS
O objetivo geral desta dissertação consiste em avaliar a relação entre os custos
operacionais e os preços dos fretes praticados pelos transportadores rodoviários
autônomos de cargas, de modo a se averiguar se o valor recebido pelo frete
remunera todos os custos inerentes ao trabalho.
Como objetivos específicos tem-se:
A realização de um levantamento de todos os custos operacionais
inerentes ao transporte rodoviário, que participam efetivamente da
formação do preço do frete.
Pesquisas de campo, por meio de questionários eletrônicos e entrevistas
in loco, junto às empresas transportadoras e os transportadores
autônomos, com o intuito de coletar informações e dados sobre o mercado
de fretes rodoviários.
Um modelo de cálculo do valor do frete no eixo São Paulo a Rio de Janeiro
com intuito de fazer uma análise comparativa do frete entre empresas e
autônomos, de modo a se identificar possíveis distorções entre custos e
frete praticados.
25
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Este trabalho foi estruturado em oito Capítulos que correspondem ao
desenvolvimento da dissertação, conforme apresentados a seguir:
No Capítulo 1 faz-se uma apresentação do problema a ser estudado, do seu
objetivo, da relevância e justificativa do trabalho, bem como demonstra como está
estruturada a dissertação.
No Capítulo 2, é apresentado o panorama do transporte de cargas no Brasil,
fazendo-se uma análise do setor, sua importância econômica e logística para o
desenvolvimento do país. Neste Capítulo, também, são abordadas as questões
relativas à má divisão da matriz de transportes no Brasil e seus impactos para a
economia. Uma caracterização da frota rodoviária nacional, explicando os tipos de
veículos presentes nas estradas brasileiras, a classificação das cargas
transportadas e as condições das rodovias também fazem parte deste Capítulo.
No Capítulo 3, há uma abordagem sobre o mercado de fretes rodoviários no
Brasil, demonstrando o processo de regulamentação e desregulamentação do
transporte de cargas, a facilidade de se ingressar neste ofício e a situação atual da
regulação do transporte no país. Também são tratadas questões relacionadas aos
tipos de operadores de transporte carga, as vantagens e desvantagens de seu uso e
a dinâmica da negociação dos fretes entre eles.
No Capítulo 4, são enumerados os principais itens de custos que envolvem o
processo de composição da tarifa de frete rodoviário, demonstrando inclusive, como
se calcula cada item considerado. Neste Capítulo, também foi feita uma comparação
entre os diversos métodos e planilhas de cálculo de custos de fretes para que fosse
possível se chegar a um método próprio que pudesse ser utilizado por este estudo.
No Capítulo 5, foi discutida a metodologia da pesquisa que seria utilizada no
estudo, com a definição do tipo de pesquisa, parâmetros amostrais, instrumentos de
pesquisa, os métodos de coleta e tratamento de dados. Ficou definida também a
sistemática a ser utilizada para a comparação entre os fretes praticados e os
calculados pelo estudo.
No Capítulo 6, foi feita a análise dos dados coletados em campo, passando pelo
processo de validação dos dados. Neste processo, utilizou-se o software SPSS, que
26
permitiu que os dados coletados pudessem ter a confiabilidade necessária para a
análise. Durante a análise, foram extraídas várias informações estatísticas acerca
dos dados, as quais foram de grande importância para subsidiar uma análise
detalhada dos custos de transporte no eixo São Paulo – Rio de Janeiro, conforme
apresentado no Capítulo 7.
No Capítulo 7 foram analisados os custos de transporte no eixo São Paulo a Rio
de Janeiro para três possíveis cenários, com a elaboração de uma planilha de
cálculo que pudesse considerar todas as variáveis de custo envolvidas nesta
atividade. Todos os itens geradores de custos foram detalhados e, ao final, pode-se
chegar ao preço do frete rodoviário considerando-se os três cenários diferentes.
Tanto os itens de custos, quanto os cenários, bem como o preço final de cada um,
passaram por um detalhado processo de análise de resultados, com o intuito de se
saber a representatividade de cada um no preço final do frete. Também foi realizada
uma análise comparativa entre o preço do frete praticado pela empresa e pelos
autônomos, bem como foi feita uma análise do impacto de cada item de custos
individualmente no preço final do frete do autônomo.
No Capítulo 8, foi feita a conclusão do estudo com as principais análises do
contexto dos custos do transporte rodoviário de cargas no Brasil, sob a ótica do
transportador autônomo.
27
2 CARACTERIZAÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
A atividade de transportes no Brasil vem aumentando sua participação no
Produto Interno Bruto (PIB) do país, crescendo de 3,7% para 4,3% entre 1985 e
1999 (FLEURY, 2003). Entre 1970 e 2000, o setor de transportes cresceu cerca de
400%, enquanto o aumento do PIB foi de 250%. Este crescimento foi fortemente
influenciado pela desconcentração geográfica da economia brasileira nas últimas
décadas, na direção das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
De todos os problemas que afetam o transporte de cargas no Brasil, o mais
preocupante é a distorção da matriz de transportes brasileira. Enquanto países de
grandes dimensões territoriais, como EUA, Canadá, China e Rússia utilizam
predominantemente os modais ferroviário e aquaviário, em detrimento ao rodoviário,
observa-se exatamente o contrário, no Brasil, ou seja, o predomínio absoluto do
rodoviário, conforme ilustrado na FIG. 2.1.
Fonte: Plano CNT, 2011, adaptado pelo autor
FIG. 2.1 Matriz do Transporte de Cargas
Rodoviário; 61,1%
Ferroviário; 20,7%
Aquaviário; 13,6%
Dutoviário; 4,2%
Aéreo; 0,4%
28
2.1 TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
A atual malha rodoviária Brasileira tem uma extensão de 1.580.890 Km, dos
quais 13,4%, ou seja, apenas 212.618 km são de pista pavimentada, sendo 61.961
km de rodovias federais, 123.830 km de rodovias estaduais e 26.827 km de rodovias
municipais, como mostra a FIG.2.2.
Fonte: Plano CNT, 2011, adaptado pelo autor
FIG. 2.2 Distribuição da Malha Rodoviária Pavimentada
Uma pesquisa realizada pela CNT (2011) em 89.552 km das rodovias
pavimentadas do país concluiu que 69% apresentam problemas como: deficiência
na pavimentação, na sinalização ou na geometria da via, comprometendo a
segurança no fluxo de carga e pessoas, deixando restrita a integração com os
demais modais e gerando elevados custos operacionais (PLANO CNT, 2011).
Observa-se que há um elevado grau de deterioração das poucas estradas
pavimentadas do país, comprometendo todo o sistema logístico, além de aumentar o
“Custo Brasil” 1.
Em 2010, o transporte rodoviário de cargas no Brasil representou
aproximadamente 61,1%, fechando o ano com 1,2 bilhões de toneladas
1Trata-se de uma série de problemas estruturais da economia e questões burocráticas do País,
que torna os produtos e serviços brasileiros mais caros e menos eficientes, dificultando investimentos
e o crescimento interno.
Rodovias Federais; 3,9%
Rodovias Estaduais; 7,8%
Rodovias Municipais;
1,7%
29
movimentadas, apresentando um crescimento de 5,1% comparado a 2009,como
mostra FIG. 2.3.
Fonte: Plano CNT, 2011, adaptado pelo autor
FIG. 2.3 Cargas Transportadas
Devido à segurança das vias ou às restrições de tamanho e peso de cargas a
serem transportadas, o modal rodoviário pode ser considerado menos capacitado
para o transporte de cargas do que o ferroviário. Entretanto, o modal rodoviário
oferece vantagens no mercado de carregamentos pequenos e uma entrega
razoavelmente rápida e confiável para embarques LTL2 (less than truckl oad)
(BALLOU, 2004). Além disto, um carreteiro precisa completar apenas uma carreta
antes de movimentar a carga, enquanto o ferroviário precisa completar uma
composição inteira (BALLOU, 2004).
O excesso de oferta, combinado com a falta de regulação adequada, faz com que
o preço do transporte rodoviário no país esteja bastante baixo, inferior ao padrão
americano. O transporte rodoviário no Brasil possui hoje uma tarifa média que é 46%
da americana (ANTT, 2010).
O modal rodoviário deveria se concentrar no transporte de produtos
industrializados, de alto a médio valor agregado, com pequenos volumes e em rotas
de pequena distância. Porém, devido ao baixo valor do frete, acaba sendo um
2Cargas fracionadas que unitariamente possuem baixo peso (menor que 68 Kg). Ou seja, são
carregamentos típicos de distribuição urbana ponto a ponto muito utilizada pelo setor varejista.
80
85
90
95
100
105
110
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Milh
õe
s d
e T
on
ela
das
Transporte Rodoviário de Cargas-Total
2008
2009
2010
30
importante player no transporte de commodities como soja, derivados de petróleo e
cimento. As características do setor, no Brasil, afetam também a estrutura de custos
das empresas transportadoras.
O excesso de oferta, combinado com a falta de regulação adequada, faz com que
o preço do transporte rodoviário no país esteja inferior ao padrão americano. O
transporte rodoviário no Brasil possui hoje uma tarifa média que é 46% da
americana (ANTT, 2010). A TAB.2.1 apresenta a comparação da composição do
custo do transporte rodoviário brasileiro em relação ao norte americano.
TAB. 2.1 Composição do Custo do Transporte Rodoviário
Fonte: Fleury, 2003, adaptado pelo autor.
A TAB.2.1 mostra algumas distorções na composição dos custos no país.
Segundo FLEURY (2003), o baixo custo de motorista é o resultado da falta de
legislação sobre condições de trabalho, que leva motoristas autônomos a cumprirem
jornadas de trabalho extremamente longas. Os altos custos de pneus e manutenção
são consequência do mau estado de conservação de nossas rodovias, enquanto o
maior custo de combustível é reflexo do grande aumento no preço do petróleo nos
últimos anos.
HIJJAR (2008) realizou um estudo comparativo entre as tarifas praticadas no
mercado e aquela necessária para cobrir todos os custos e garantir uma margem de
ganho para o transportador, a qual denomina de tarifa referencial, observando
distorções apresentadas na FIG. 2.4. Nesta FIG., verifica-se que, no transporte de
carga seca por truck e carreta, o preço médio pago pelo frete é mais baixo do que as
tarifas referenciais. Esta distorção é influenciada pela grande atuação de
transportadores autônomos. Em relação às carretas Baú, observa-se uma tarifa
praticada mais alta, pois, nesta categoria de transporte, é pequena a participação
dos transportadores autônomos.
ITENS DE CUSTO EUA BRASIL
Motorista 30% 16%
Veículo 20% 19%
Combustível 19% 26%
Pneus 3% 11%
Manutenção 8% 14%
Overhead 20% 14%
31
Fonte: Hijjar, 2006, adaptado pelo autor
FIG. 2.4 Comparação entre Preço e Custo
Apesar do movimento recente de modernização das empresas de transporte
rodoviário no país, empurradas pelo movimento da logística e dos operadores
logísticos, o segmento esbarra com uma série de problemas estruturais, tais como:
má conservação das estradas, corrupção policial, roubo de cargas, excesso de
idade da frota, tempo excessivamente longos de espera para carregamento e
descarregamento (FLEURY,2003).
2.2 CARACTERÍSTICAS DA FROTA RODOVIÁRIA NACIONAL
O transporte rodoviário de cargas é responsável por seis de cada dez quilos de
carga distribuída no Brasil. Trata-se de um sistema que envolve a participação de 71
mil empresas de transporte de cargas, 417 mil autônomos e 203 cooperativas,
gerando mais de 3,5 milhões de empregos no Brasil (ANTT, 2011).
Segundo ANTT (2011), atualmente a frota do transporte rodoviário de carga é
composta por 1.329.390 veículos, dos quais 46% são operados por autônomos, 53%
por empresas e 1% por cooperativas de transportadores, como apresentado na FIG.
2.5. Ainda, 60% da frota é formada por caminhões simples.
R$ / (
mil t
on
* k
m)
R$ 105,00
R$ 121,00
R$ 112,00
R$ 97,00
R$ 111,00
R$ 135,00
Tarifas Referenciais baseadas nos custos Tarifa Reais Praticadas no Brasil (média)
Carreta Carreta
-
- -
- 8%
+21%
- -
Truck TruckBaú
Baú
- -
- 8%
32
Fonte: ANTT, 2011, adaptado pelo autor
FIG. 2.5 Quantidade da Frota
Observa-se que a frota das empresas é mais diversificada e consideravelmente
mais jovem. 0s veículos dos transportadores autônomos têm idade média de 18,9
anos, enquanto os veículos das empresas de transporte de cargas têm, em média,
8,5 anos, e os das cooperativas, 14,4 anos (ANTT,2011).
O tipo de veículo preponderante das empresas transportadoras continua sendo o
caminhão simples (42%), mas os semirreboques (29%) e os caminhões-tratores
(21%) também são frequentes. O tipo de carroceria se distribui entre aberta (37%),
fechada (24%), tanque (9%) e outros. Quase metade das empresas (47%) opera
com um veículo e outras 37% têm de dois a cinco caminhões (ANTT, 2011).
A frota dos autônomos é composta, majoritariamente, por caminhões simples
(68%) com carroceria aberta (63%). O transportador autônomo dispõe em geral, de
um caminhão. Embora operem com menos de metade dos veículos, as empresas
detêm a frota mais moderna e com maior capacidade de carga, em tipo e volume.
Estima-se que, atualmente, transportem maior quantidade de carga do que os
autônomos (ANTT, 2011).
A situação das cooperativas é mais próxima a das empresas que dos autônomos.
Estas levam vantagem sobre o caminhoneiro individual para financiar a aquisição de
veículos. Além do menor risco de crédito, pulverizado entre os associados, há linhas
específicas para esse tipo de sociedade, como o COOPERFAT, com recursos do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Também é mais fácil para as cooperativas
preencher os requisitos legais para o financiamento.
46%
53%
1%
AUTONOMOS
EMPRESAS
COOPERATIVAS
33
Como resultado, as cooperativas dispõem de uma frota mais nova e mais
diversificada que a dos caminhoneiros autônomos. As cooperativas têm pouco mais
de oito mil caminhões. Os caminhões simples são maioria, tal como entre os
caminhoneiros, mas a participação de caminhões-tratores e semirreboques também
é elevada. De fato, a frota das cooperativas se distribui entre esses três tipos de
veículos de forma muito mais homogênea, o que lhes possibilita oferecer um
transporte de carga mais diversificado (ANTT, 2011).
2.1.1 TIPOS DE VEÍCULOS
A variabilidade de mercadorias e a necessidade de transportá-las fez com que o
transporte rodoviário de cargas também variasse nos tipos de veículos e em suas
capacidades para que pudessem deslocar diferentes tipos de mercadorias,
adaptando-as a cada veículo e a quantidade a ser transportada.
De acordo com RODRIGUES (2003), os veículos utilizados no transporte
rodoviário são classificados por sua capacidade de carga, quantidade e distância
entre eixos como mostram as FIG.2.6, 2.7, 2.8, 2.9, 2.10.
Veículo Urbano de Carga (VUC): o VUC é o caminhão de menor porte, mais
apropriado para áreas urbanas. Esta característica de veículo deve respeitar
as seguintes características: largura máxima de 2,2 metros; comprimento
máximo de 6,3 metros e limite de emissão de poluentes. A capacidade do
VUC é de 3 toneladas.
Fonte: SULCARJ, 2012, adaptado pelo autor
FIG. 2.6 Veículo Urbano de Carga
34
Toco ou Caminhão Semipesado: caminhão que tem eixo simples na
carroceria, ou seja, um eixo frontal e outro traseiro de rodagem simples. Sua
capacidade é de até 6 toneladas, tem peso bruto máximo de 16 toneladas e
comprimento máximo de 14 metros.
Fonte: SULCARJ, 2012, adaptado pelo autor
FIG. 2.7 Toco ou Caminhão Semipesado
Truck ou Caminhão Pesado: caminhão que tem o eixo duplo na carroceria,
ou seja, dois eixos juntos. O objetivo é poder carregar carga maior e
proporcionar melhor desempenho ao veículo. Um dos eixos traseiros deve
necessariamente receber a força do motor. Sua capacidade é de 10 a 14
toneladas, possui peso bruto máximo de 23 toneladas e seu comprimento é
também de 14 metros, como no caminhão toco.
Fonte: SULCARJ, 2012, adaptado pelo autor
FIG. 2.8 Truck ou caminhão Pesado
Carretas: é uma categoria em que uma parte possui a força motriz (motor),
rodas de tração e a cabine do motorista e a outra parte recebe a carga. A
parte motriz recebe o nome de cavalo mecânico, e este pode ser acoplado a
diferentes tipos de módulos de carga, chamados de semirreboque. A seguir
são mostrados alguns modelos:
35
Cavalo Mecânico ou Caminhão Extrapesado: é o conjunto formado
pela cabine, motor e rodas de tração do caminhão com eixo simples
(apenas 2 rodas de tração). Pode-se engatado em vários tipos de
carretas e semirreboques, para o transporte.
Fonte: SULCARJ, 2012, adaptado pelo autor
FIG. 2.9 Cavalo Mecânico ou Caminhão Extrapesado
Cavalo Mecânico: trucado ou LS: Tem o mesmo conceito do cavalo
mecânico, mas com o diferencial de ter eixo duplo em seu conjunto,
para poder carregar mais peso. Assim, o peso da carga do
semirreboque distribui-se por mais rodas, e a pressão exercida por
cada uma no chão é menor.
Fonte: SULCARJ, 2012, adaptado pelo autor
FIG. 2.10 Cavalo Mecânico Trucado ou LS
Carreta 2 eixos: utiliza um cavalo mecânico e um semirreboque com 2
eixos cada. Possui peso bruto máximo de 33 toneladas e comprimento
máximo de 18,15 metros.
36
Fonte: SULCARJ, 2012, adaptado pelo autor
FIG. 2.11 Carreta 2 Eixos
Carreta 3 eixos: utiliza um cavalo mecânico simples (2 eixos) e um
semirreboque com 3 eixos. Possui peso bruto máximo de 41,5
toneladas e comprimento máximo de 18,15 metros.
Fonte: SULCARJ, 2012, adaptado pelo autor.
FIG. 2.12 Carreta 3 Eixos
Carreta cavalo trucado: utiliza um cavalo mecânico trucado e um
semirreboque também com 3 eixos. Possui peso bruto máximo de 45
toneladas e comprimento máximo também de 18,15 metros.
Fonte: SULCARJ, 2012, adaptado pelo autor
FIG. 2.13 Carreta Cavalo Trucado
Bitrem: é uma combinação de veículos de carga composta por um
total de sete eixos, que permite o transporte de um peso bruto total de
37
57 toneladas. Os semirreboques dessa combinação podem ser
tracionados por um cavalo-mecânico trucado e possuem duas
articulações (quinta-roda do caminhão e a quinta-roda do
semirreboque dianteiro). A capacidade útil do conjunto pode chegar de
38 a 40 toneladas, dependendo do peso do veículo.
Fonte: SULCARJ, 2012, adaptado pelo autor
FIG. 2.14 Bitrem
Treminhão: é uma combinação de um caminhão tracionando dois ou
mais reboques engatados. Sua capacidade bruta pode chegar a 63
toneladas
Fonte: SULCARJ, 2012, adaptado pelo autor
FIG. 2.15 Treminhão
Rodotrem: é uma combinação de veículos de carga (dois
semirreboques) composta por um total de 9 eixos que permite o
transporte de um peso bruto total de 74 toneladas. Os dois
semirreboques dessa combinação são interligados por um veículo
intermediário denominado Dolly. Essa combinação só pode ser
tracionada por um cavalo-mecânico trucado e necessita de um trajeto
definido para obter a Autorização Especial de Trânsito (AET).
38
Fonte: SULCARJ, 2012, adaptado pelo autor
FIG. 2.16 Rodotrem
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS CARGAS
À medida que os sistemas de transportes evoluíram, os grupos de produtos a
serem transportados também foram se diversificando e demandando cada vez mais
especialização desses sistemas a fim de que as cargas fossem transportadas com
rapidez e segurança.
Assim, os veículos foram sendo adaptados às necessidades impostas pela
diversidade de produtos. Do mesmo modo, as cargas sofreram modificações em
suas embalagens e sistemas de acondicionamento, com o intuito de preservar sua
integridade por períodos maiores e permitir maior eficiência na movimentação das
mesmas.
Segundo POZO (2004), convencionou-se, em português, chamar os bens
transportados de carga e não de mercadoria. Em outros idiomas, ambas as
denominações são usadas no transporte. Carga é, a princípio, a mercadoria
acondicionada em embalagem adequada ao transporte (POZO, 2004). Entretanto,
existe também, o transporte de cargas não embaladas como, por exemplo, as
cargas a granel.
Ainda segundo POZO (2004), as cargas, segundo sua natureza, classificam-se
como:
Carga Geral: é a carga embalada e acondicionada para o embarque,
o transporte e a descarga, podendo ser carga unitizada (em pallets, em
contêiner, etc.) ou carga solta (sacas, caixas, tambores, etc.), devidamente
identificada e contada.
39
Carga Granel: é a carga homogênea, em grande quantidade,
transportada desembalada, sem identificação e contagem das unidades.
Pode ser sólida (trigo, farelos, minério, carvão etc.) ou líquida (petróleo,
gasolina, óleo de soja, gás liquefeito de petróleo etc.).
Carga Frigorificada: é a carga cujas características somente são
mantidas durante o transporte caso esteja acondicionada em ambiente
refrigerado (carnes, peixes, frutas frescas, lagostas etc.).
Carga Viva: é a carga que precisa de acondicionamento, segurança,
temperatura e alimentação constante durante o transporte (cavalos, carneiros,
frangos etc.).
Neogranel: é o conglomerado de carga geral homogênea, não
acondicionada, em grande quantidade ou volume (veículos, por exemplo).
Carga Perigosa: definida pelo International Maritime Dangerous
Goods Code (IMDG), como capaz de provocar acidentes, danificar outras
cargas ou meios de transporte e gerar riscos às pessoas ou a ao meio
ambiente devido à sua natureza (IMO, 2012).
Segundo a Pesquisa Anual de Serviços do IBGE (2007), de todos os tipos de
cargas transportadas, a carga geral solta não unitizada (ensacados, envasados,
embalados, manufaturados, inclusive siderúrgicos, etc.) e carga geral unitizada
(palete, bigbag, bigbox, etc.) foram responsáveis por 47,2% da receita nesse setor.
2.3 CONDIÇÕES DAS RODOVIAS
No Brasil, a histórica falta de investimentos na manutenção e ampliação das
malhas de outros modos, é o principal motivo para a grande concentração do
transporte rodoviário de cargas na matriz de transporte.
As condições de infraestrutura das rodovias interferem diretamente nos custos
operacionais do transporte, aumentando o consumo de combustível e o aumento de
gastos em manutenção, além de aumentar os índices de acidentes, podendo
comprometera carga com avarias (CNT, 2010).
40
O resultado da avaliação do estado geral dos trechos rodoviários, realizada pela
Confederação Nacional de Transporte (CNT, 2010) e levando em consideração a
avaliação do pavimento, da sinalização e da geometria da via, é apresentada na
FIG. 2.11. Em uma extensão de 90.945 km avaliada, 58,8%dos pavimentos foram
classificados como péssimo, regular ou ruim, e o demais 41,2% como bom ou ótimo.
Fonte: CNT- Relatório Gerencial, 2010, adaptado pelo autor
FIG. 2.17 Classificação Geral da Extensão da malha Rodoviária
Pode-se constatar a importância dos corredores rodoviários pela observação do
transporte rodoviário de cargas, pois ele é formado por dois ou mais polos de
atração e geração de viagens, exclusivamente por meio da infraestrutura da rodovia.
Assim, pode-se observar a integração de diversos centros econômicos no País por
meio destes corredores. A TAB.2.2 apresenta os principais corredores de transporte
rodoviário de cargas no Brasil, bem como uma avaliação das condições dos
mesmos.
15%
27%
33%
17%
8%
Ótimo
Bom
Regular
Ruim
Péssimo
41
TAB. 2.2 Classificação dos Corredores Rodoviários
Fonte: Fonte: CNT- Relatório Gerencial, 2010, adaptado pelo autor.
Geometria Estado
da Via Geral
Belém (PA)- BR-010; BR-080; BR-153;
Brasilia (DF) BR-226; DF-001/BR-251
Belém (PA)- BR-010; BR-135;
São Luis (MA) BR-222; BR-136
Belo Horizonte (MG)-
Salvador (BA)
Belo Horizonte (MG)-
Vitória (ES)
Brasilia(DF) - BR-070; BR-153; BR-414;
Cuiabá (MT) GO-154; GO-225; GO-427;
GO-431; GO-070/ BR-070
Brasilia (DF) - BR-010; BR-450; DF-345/
Palmas (TO) BR-010; GO-118; GO-118
BR-010; TO-050
Brasilia (DF) -
Rio de Janeiro (RJ)
Brasilia (DF) - BA-160; BAT-349/BR-349;
Salvador (BA) BR-010; BR-020; BR-116;
BR-242; BR-324; BR-450
Brasilia (DF) - BR-040; BR-050
São Paulo (SP) BR-450; SP-330;
SP-330/ BR-050
Cuiabá (MT)- BR-060; BR-070;
Campo Grande (MS)- BR-163; BR-277; BR-376;
Curitiba (PR) BR-467; PR-467/ BR-467
Cuiabá (MT)-
Porto Velho (RO)
Curitiba (PR)-
Porto Alegre (RS)
Pela BR-101
Curitiba (PR)
Porto Alegre (RS) BR-116
pela BR-116
Fortaleza (CE)- BR-104; BR-116;
Natal (RN) BR-226; BR-304
Fortaleza (CE)-
Salvador (BA)
Fortaleza (CE)- BR-020; BR-222;
Teresina (PI) BR-226; BR-343
Manaus (MA)-
Boa Vista (RR)
Porto Velho (RO)-
Rio Branco (AC)
Rio de Janeiro (RJ)-
Salvador (BA)
Salvador (BA)-Natal (RN)
São Luís (MA)
Teresina (PI)
São Paulo (SP)-
Belo Horizonte (MG)
BR-070; BR-158; BR-163;
BR-364; GO-184; GO-184/
São Paulo (SP)- BR-060; GO-302
Cuiabá (MT) MS-443; SP-310/BR-364;
SP-310/BR-456;
SP-320; SP-348
São Paulo (SP)-
Curitiba (PR)
São Paulo (SP)- BR-153; BR-364; SP-310/
Goiânia (GO) BR-364; SP-326/
BR-364; SP-348
São Paulo (SP)-
Rio de Janeiro (RJ)
Vitória (ES)- BR-040; BR-050;
Cuiabá (MT) BR-060; BR-070; BR-101
BR-163;BR-262;
BR-364;BR-365;BR-381
Classificação
2.158 Bom Regular Regular Regular
BR-040; BR-101;BR-116
896 Bom Ótimo Regular Bom
26
27
415 Bom Ótimo Bom Bom
Regular Regular
BR-116; BR-376 416 Bom Ótimo Bom Bom
1.605 Bom Regular
Bom
BR-262; BR-381 566 Ótimo Ótimo Bom Ótimo
BR-135; BR-316 414 Bom Regular Regular
BR-101; BR-324 1.167 Ótimo Regular Regular Bom
BR-101; BR-324 1.698 Bom Regular Regular Regular
BR-364 515 Regular Regular Regular Regular
AMT-174/ BR-174; BR-174 778 Ruim Péssimo Ruim Ruim
Regular
598 Bom Regular Regular Regular
Bom Regular Bom
BR-116; BR-324 1.196 Bom Regular Regular
BR-070; BR-174; BR-364
BR-101; BR-290; BR-376
13 680 Bom
Bom Bom Bom Bom720
7
8
9
1.478 Bom Regular Regular Regular
BR-040; BR-450
Bom Regular Regular Regular
1.879
1.451
5 1.102 Regular Regular Ruim
Regular Péssimo Regular6
Ruim Regular
BR-116; BR-324; BR-381
BR-101; BR-262; BR-381
Regular
853 Regular
Regular Regular
Bom Regular Regular
Bom Regular
535 Ótimo Regular Regular Bom
944 Ótimo Bom Bom Bom
1.167 Bom Regular Regular Bom
511 Bom Regular
24
10
12
23
25
19
20
21
22
14
15
16
17
18
11
1
2
3
4
Nº Nome Rodovias Extensão (km) Pavimentos Sinalização
Bom
1.415 Bom Regular Regular Bom
1.951 Bom Regular Regular Regular
768
42
A FIG. 2.18 apresenta a classificação das rodovias que compõem os principais
corredores de escoamentos da produção no Brasil.
Fonte: CNT- Relatório Gerencial, 2010
FIG. 2.18 Principais corredores rodoviários
2.3.1 SINALIZAÇÃO
A sinalização viária é composta por um sistema de dispositivos fixos de controle
de tráfego como placas, painéis, marcas no pavimento e elementos auxiliares que
possam ajudar o usuário a se locomover. Para que uma sinalização viária seja
eficiente, ela deve ser precisa, confiável, visível e legível. Trata-se, portanto, de um
elemento fundamental para orientação dos usuários da via, definindo permissões,
43
proibições e restrições, aumentando a segurança sob condições de neblina e no
período noturno.
A FIG. 2.19 mostra a avaliação da sinalização na extensão das rodovias
brasileiras. Observa-se que 41,8% das rodovias apresentam sinalização adequada
para os usuários. Em 30,2% das rodovias, a sinalização é precária, dificultando o
uso adequado da via pelos usuários e em 28% são consideradas regulares (CNT,
2010). Neste caso, é necessária uma maior atenção do condutor, uma vez que a via
não se encontra em condições adequadas de uso.
Fonte: Adaptado de CNT- Relatório Gerencial (2010)
FIG. 2.19 Classificação da sinalização na extensão total
Outro fator determinante para a ineficiência da sinalização é o roubo de cargas,
pois, muitas vezes, o motorista é obrigado a reduzir a velocidade, ficando mais
vulnerável a possíveis assaltos.
Segundo Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC &
LOGÍSTICA, 2010), em 2009 houve prejuízo estimado em 900 milhões com o roubo
de mercadorias nas estradas, o que significou um incremento de 12% a mais do que
o registrado em 2008.
2.3.2 ACIDENTES NAS RODOVIAS
19,9%
21,9%
28,0%
13,2%
17,0%
Ótimo
Bom
Regular
Ruim
Péssimo
44
Segundo CNT (2010), registram-se anualmente altos índices de acidentes nas
rodovias brasileiras. O impacto de um acidente gera grandes perdas, como atrasos
nas entregas, cancelamentos, insatisfação do cliente, custos operacionais das
empresas com gastos no sistema de saúde, bem como a perda de uma vida.
Ainda de acordo com a CNT (2010), o número de acidentes em rodovias federais
vem aumentando. Em 2009, foram registrados 159,4 mil acidentes, um número 13%
superior ao ocorrido em 2008. Analisando por região, a concentração dos acidentes
encontra-se na região Sul e Sudeste (65,4%). Contudo, o tamanho da frota dessas
regiões representa mais de 60% da frota nacional de veículos (CNT, 2010). Logo,
este pode ser um dos motivos da grande concentração de acidentes nesta região. A
FIG. 2.20 ilustra a participação de acidentes rodoviários por região.
Fonte: CNT- Relatório Gerencial, 2010, adaptado pelo autor
FIG. 2.20 Acidentes Rodoviários por Região
Outro fator que contribui para o aumento do número de acidentes é a qualidade
das rodovias, que é inadequada para trafegar com segurança, conforme
apresentado na TAB. 2.3, a seguir.
5,4%
9,3%
20,0%
36,9%
28,5%Norte
Centro-Oeste
Nordeste
Sudeste
Sul
45
TAB. 2.3 Relação da qualidade do pavimento com o número de acidentes
Fonte: CNT- Relatório Gerencial, 2010, adaptado pelo autor.
Observa-se que, quanto maior a deficiência da rodovia, maior o número de
acidentes. A alta taxa de acidentes nas rodovias gera um prejuízo muito grande para
o País, pois entre os anos de 2005 a 2009, o custo dos acidentes foi de 8,9 bilhões
ao ano. Portanto, melhorias nas vias podem reduzir os custos indiretos oriundo dos
acidentes nas rodovias.
2.4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
Conforme pode ser visto no Capítulo, o sistema de transporte rodoviário possui
um papel muito importante no desenvolvimento da economia de qualquer país. Por
meio dele é que as mercadorias chegam até os grandes centros consumidores e a
produção industrial é distribuída a todos os mercados. Sem o sistema de transporte
seria praticamente impossível realizar o deslocamentos das matérias primas até os
grandes parques industriais para os processos de transformação e posteriormente
deslocar os produtos acabados até os mercados consumidores em tempo e
qualidade requeridos pelos clientes.
No Brasil, este sistema possui uma série de dificuldades estruturais, uma vez que
a maior parte das cargas transportadas está concentrada no sistema rodoviário. Este
por sua vez, trafega em rodovias em mal estado de conservação, o que compromete
a segurança da operação e a torna mais onerosa. Como resultado, a tendência é
que hajam mais acidentes nas rodovias, com perdas materiais e vidas, gerando
prejuízos para todos o sistema, e ainda, uma tendência de aumento nos custos de
transportes pela ineficiência do sistema.
Região Qualidade Péssima a regular
% Rodovias de Crescimento Acidentes %
(2004-2009)
Sul
67,9%
53,5%
46,9%
42,1%
72,5%Norte
Centro-Oeste
Nordeste
Sudeste
31,4%
65,0%
43,4%
33,9%
51,1%
46
A seguir no Capítulo 3 serão abordadas questões relativas aos mercados de
fretes no Brasil, bem como os tipos de transportadores existentes no mercado.
47
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DO MERCADO DE FRETES RODOVIÁRIOS
Observa-se que historicamente o Brasil teve sua malha viária fortemente voltada
para o modo rodoviário de transportes. Porém, um cenário de poucas exigências
para a operação e baixa fiscalização levou a redução da qualidade dos serviços
prestados e reduziu os preços do frete (HIJJAR, 2008). O mercado de frete do
transporte rodoviário de cargas no Brasil não passa por nenhum mecanismo de
controle governamental, permitindo-se assim que os preços sejam formados a partir
da negociação direta entre a oferta e a procura pelo serviço (SOARES & CAIXETA
FILHO, 1997).
Segundo SOUZA & ROCHA (2010), o preço do frete pode ser determinado de
três maneiras diferentes: a partir de métodos voltados para custos, métodos voltados
para a concorrência e métodos voltados para demanda. O método voltado para
custos é o mais utilizado e estabelece uma margem sobre os custos esperados,
obtidos por meio da apropriação ou por metodologias clássicas de contabilidade de
custos. Por meio dos métodos voltados para concorrência, as empresas
estabelecem seus preços a partir de um levantamento dos preços de mercado
(concorrentes), estabelecendo o seu preço mediante o que está acontecendo no
mercado. O método voltado para demanda leva em consideração o quanto o
consumidor está disposto a pagar pelo serviço. Porém, a disponibilidade de dados e
informações sobre a elasticidade da demanda é muito escassa o que dificulta sua
utilização no setor de transportes (TEIXEIRA FILHO, 2001).
3.1 REGULAMENTAÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
A responsabilidade pela provisão do transporte rodoviário de cargas (TRC), em
diversos países, é dividida entre o Estado e a iniciativa privada, sendo que por
diversas vezes os mesmos não compartilham da mesma visão dos objetivos
econômicos e sociais dessa atividade. Por um lado o Estado vislumbra a
48
preservação do mercado por meio da defesa da concorrência; por outro lado os
prestadores de serviço visam à maximização de seus resultados econômicos em
curto prazo.
A definição de políticas públicas que buscam o equilíbrio nos interesses dos
atores envolvidos faz parte do escopo das atividades inerentes ao processo de
regulação dos serviços do TRC, que por sua vez é obrigação do Estado (VALIM et
al., 2007). Com base nessas políticas, desenvolve-se um conjunto de
relacionamentos guiados por um arcabouço legal com maior ou menor envolvimento
do Estado de acordo com o ambiente regulatório de cada país.
A seguir serão abordados os principais pontos relativos à implementação do
processo de regulação do transporte rodoviário de cargas no Brasil.
3.1.1 BREVE HISTÓRICO DA REGULAÇÃO NO BRASIL
A primeira iniciativa de regulação para o cadastramento de operadores e veículos
envolvidos no Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) no Brasil ocorreu na década
de 1960 (VALIM et al., 2007). Em fevereiro de 1963, o então Departamento Nacional
de Estradas e Rodagem (DNER) criou o Registro das Empresas de Transporte
Rodoviário de Carga e dos Veículos Autônomos de Carga, entretanto não se obteve
sucesso em sua operacionalização. Posteriormente, outros certificados legais
reforçaram a necessidade de registro de um marco regulatório, o que veio a ocorrer
em 1978, instituindo-se o Registro e Cadastro do Transportador Rodoviário de Carga
(RCTRC). Na época, o estado exigia que, para se registrar, as empresas de
transportes tivessem veículos cuja soma da capacidade de carga atingisse pelo
menos 60 toneladas (VALIM et al., 2007).Com cerda de 521 mil veículos
cadastrados até 1982, o RCTRC representava pouco mais da metade da frota
existente na época, de cerca de 1 milhão de caminhões (GEIPOT, 1984).
A primeira demonstração de interesse pela criação de regulação específica para
o setor, por parte das empresas, se deu ao final da década de 70 quando houve a
aquisição da transportadora PAMPA-OTT pela australiana TNT (VALIM et al., 2007).
Este fato desencadeou a reação dos transportadores contra a presença do capital
49
estrangeiro nos transportes. Este movimento, capitaneado pela Associação Nacional
do TRC (NTC) resultou na Lei n° 6.813, de 1980, que determinava que o TRC só
pudesse ser explorado por empresas que tivessem sede no Brasil e pelo menos 4/5
de capital nacional, além de direção e administração confiadas exclusivamente a
brasileiros (VALIM et al., 2007). A aprovação da Lei 6.183/80 estimulou as empresas
de transportes a continuar lutando por uma regulamentação do setor.
3.1.2 REGISTRO NACIONAL DO TRANSPORTADOR RODOVIÁRIO DE BENS
Criado em 1983, o Registro Nacional do Transportador Rodoviário de Bens (RTB)
foi baseado no preceito constitucional de que cabia à União legislar sobre trânsito e
tráfego nas vias terrestres e, na ausência de textos legais sobre o TRC. O RTB teria
como objetivo não só permitir o levantamento de dados estatísticos sobre o setor,
como também fixar condições para o exercício da atividade. Inclusive a Lei de
criação do RTB representou o principal marco regulatório para o TRC no Brasil
(PRADO, 2010).
Dentre as regras para se inscrever no RTB, o transportador deveria comprovar
que possuía 80% de capital nacional, ter idoneidade para exercer a atividade, dispor
de meios para desenvolvê-la e deter a capacidade de transporte exigida para a área
de operação e a especialização pretendida. Na época, o Ministério dos Transportes
autorizava o estabelecimento de quotas anuais ou limites periódicos de novas
transportadoras, bem como fixava direitos e deveres das operadoras e, ainda,
estabelecia as penalidades aplicáveis às infrações administrativas. Para se obter o
licenciamento e trânsito dos veículos de carga, a inscrição no RTB passou a ser
condição necessária e com efeito de autorização (GEIPOT, 1984).
Entretanto, em 1988, cinco anos após a sua aprovação, o RTB continuava
praticamente no papel (PRADO, 2010). Dentre as razões para o seu insucesso
estavam principalmente à falta de pessoal, verbas e tecnologia adequada de
controle, o que dificultava a ação do DNER, órgão encarregado de implantar o
regulamento.
50
3.1.3 PROCESSO DE DESREGULAMENTAÇÃO OCORRIDO EM 1990
Diversas atividades foram desregulamentadas no País durante a década de 90
(VALIM et al., 2007). Para o setor de transporte de carga, em especial, o principal
marco foi a extinção ou nulidade do RTB em caráter de autorização, o que fez com
que o mesmo deixasse de ter natureza de permissão ou autorização e passasse a
se constituir apenas de uma mera habilitação. Em novembro de 1996, o Ministério
dos Transportes determinou que o DNER deveria abster-se de efetuar o controle, a
autorização e o RTB, pois a lei que criou o RTB não havia recebido amparo legal na
constituição de 1988 (PRADO, 2010).
Diversas tentativas de criação de registros e cadastros foram efetuadas, o que
deixou a atividade sujeita à autorização federal entre 1983 a 1990, voltando a ser
totalmente livre a partir 1998, quando a legislação regulamentadora acabou
formalmente revogada (DOS REIS, 2001).
3.1.4 A SITUAÇÃO ATUAL DA REGULAÇÃO NO BRASIL
Criada em 2001, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tem no
escopo de suas atribuições a regulação e fiscalização do TRC, inclusive em âmbito
internacional (PRADO, 2010). Compete, também, à ANTT habilitar os
transportadores e promover estudos e levantamentos relativos à frota de caminhões,
empresas constituídas e operadores autônomos, bem como organizar o Registro
Nacional de Transportadores Rodoviários de Carga (RNTRC). Deste modo, ficou
estabelecido que o exercício da atividade, por conta de terceiros e mediante
remuneração, depende de prévio registro do transportador no RNTRC, excluindo-se
dessa obrigação, o transporte de carga própria. Para a fiscalização do RNTRC,
ANTT conta com os meios próprios e com um convênio firmado com a Polícia
Rodoviária Federal (VALIM et al., 2007).
Com base nos dados constantes do RNTRC, os primeiros panoramas
apresentados pela ANTT, demonstram um cenário com alta concentração de
51
transportadores autônomos. Outro ponto verificado foi um grande número de
empresas, provavelmente com atividade principal diferente do transporte rodoviário
de cargas e, ainda, veículos com idade média bastante elevada (LIMA, 2006). A
TAB.3.1 apresenta os números atuais do RNTRC.
TAB. 3.1 Transportadores e Frota de Veículos
Fonte: ANTT, 2012.
Um passo importante para o disciplinamento do TRC foi a promulgação da Lei nº.
11.442, de janeiro de 2007, revogando a Lei nº 6.813/1980 e regulamentando o
transporte rodoviário de cargas por conta de terceiros e mediante remuneração. Esta
lei passou a exigir dos órgãos públicos, em especial da ANTT, maior atenção para
com o TRC, obrigando inclusive, diversos órgãos e instâncias do poder estatal a
atualizarem a sua jurisprudência (ANTT, 2012).
Novas regras definem barreiras técnicas à entrada de transportadores no TRC,
como por exemplo, as baseadas na instituição da figura do responsável técnico para
empresas transportadoras e a necessidade de especialização por meio de cursos de
aperfeiçoamento para os transportadores autônomos. A lei, por sua vez, busca
amenizar o impacto negativo de algumas distorções operacionais provocadas por
outros agentes da cadeia produtiva, tal como os longos tempos de espera para
carga e descarga em terminais, que, à luz da legislação, passa a ser alvo de
reparação financeira obrigatória ao transportador, por parte da entidade que
provocar o atraso na operação (ANTT, 2012).
Segundo ANTT (2012), outras entidades governamentais atuam deforma a gerar
condições de operação ao TRC paralelamente à atividade regulatória propriamente
dita. Dentre elas citam-se:
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT): o controle
de volume e peso das cargas, tráfego e execução de programas de
Tipo do
Transportador
Registros
Emitidos Veículos
Veículos /
Transportador Idade
Autônomo 546.706 755.574 1,4 19,2
Empresa 102.681 862.688 8,4 8,6
Cooperativa 281 11.609 41,3 13,8
Total 649.668 1.629.871 2,5 13,6
52
segurança no trânsito nas rodovias federais brasileiras. Este órgão dispõe de
normas técnicas específicas para fiscalizar e regular essas atividades;
Os órgãos ambientais brasileiros como o IBAMA e as secretarias estaduais
de meio ambiente estaduais fiscalizam e regulam os efeitos ambientais
provocados pelo segmento rodoviário de carga.
A fiscalização das atividades dos profissionais transportadores de carga
rodoviária (motoristas) está a cargo do Ministério do Trabalho e dos
departamentos de trânsito estaduais (DETRAN), com a atribuição de
fiscalizar e conceder as habilitações.
3.1.5 A REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE CAMINHONEIRO
Criada em 2012, a Lei 12.619/12 tornou-se uma importante conquista dos
motoristas do transporte de carga no Brasil, uma vez que regulamenta esta
profissão, com direitos e deveres inerentes a sua atividade, e que, quando foi posta
em vigência teve como um dos objetivos contribuir para reduzir o número de
acidentes na malha rodoviária nacional. Porém, alguns problemas de ordem
estrutural não permitem seu cumprimento na íntegra em algumas regiões. A lei, que
entrou em vigor em 31 de julho de 2012, estabeleceu a jornada de serviço,
remuneração para trabalho diurno e noturno, tempo para refeições e descanso de no
mínimo 30 minutos a cada quatro horas de trabalho (CNT, 2012).
Ainda de acordo com a CNT (2012), sob o ponto de vista da Legislação
Trabalhista, essas normas são razoáveis, entretanto, sua aplicação se esbarra em
alguns entraves, tais como:
A ineficiência dos instrumentos de fiscalização do descanso a cada 4
horas;
A falta de infraestrutura nas estradas para este descanso de 30 minutos;
O cumprimento da jornada diária máxima de serviço permitida por lei;
A insuficiência de pessoal para a fiscalização do cumprimento da lei;
53
O cumprimento da lei, em sua íntegra, é fiscalizado pelo Ministério Público do
Trabalho (MPT) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e as infrações são penalizadas
com multas e até mesmo cancelamento da carteira nacional de habilitação, o que
impede que o profissional exerça o ofício.
Estas questões têm gerado um grande descontentamento entre os profissionais
do transporte, que deflagram paralisações e bloqueios de estradas em vários
estados reivindicando mudanças e melhoria na infraestrutura de serviços nas
estradas.
Segundo a CNT (2012), os caminhoneiros querem se adequar à nova lei,
entretanto solicitam ao governo a criação de infraestrutura de estacionamento
seguro para que possam fazer o descanso a cada quatro horas.
Como esta lei ainda é recém criada, ainda serão necessárias várias discussões e
talvez adequações a fim de que a mesma possa ser aplicada com o objetivo para a
qual foi criada.
3.1.6 A REGULAÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS NO MUNDO
Se comparada com outros países, a regulamentação do setor de transporte
rodoviário brasileiro encontra-se em ritmo atrasado em relação a alguns modelos
internacionais, como os Estados Unidos (EUA) e a União Europeia (UE). Mesmo em
países que possuem o setor pouco regulamentado economicamente, como é o caso
dos Estados Unidos, apresentam um maior disciplinamento desta atividade se
comparado ao Brasil (VALIM et al., 2007).
A seguir serão demonstrados alguns pontos importantes observados nos Estados
Unidos e União Europeia, assim como alguns aspectos existentes na Espanha e
Portugal.
3.1.6.1 ESTADOS UNIDOS
54
O processo de criação do marco regulatório nos Estados Unidos foi conduzido de
forma bastante diferente do Brasil, sendo o setor de transportes o primeiro a ser
regulado nos EUA. Criada em 1887, pelo Congresso Americano como a primeira
agência regulatória moderna, a Interstate Commerce Comission (ICC), foi
estabelecida como consequência da crescente indignação do público em relação às
práticas de abuso nas ferrovias. A partir de 1940, sua responsabilidade não se
restringia apenas às ferrovias, mas também às hidrovias e rodovias, com o objetivo
principal de facilitar o comércio entre os Estados (BREYER, 1982).
Criado em 1966, o Department of Transportation assumiu as funções da ICC em
relação à segurança, o que permitiu que a mesma mantivesse as suas atribuições
de regulação. Somente em 1980, os poderes da ICC sobre as tarifas e rotas foram
restringidos, devido ao movimento em favor da desregulamentação. A gradativa
perda de poder desta comissão levou-a à extinção em 1995, sendo algumas de suas
atribuições transferidas para o novo National Surface Transportation Board (VALIM
et al, 2007).
Até 1980, o TRC dos EUA possuía dois grupos de operadores claramente
definidos, sendo o primeiro o dos transportadores a frete (for hire carrier) e o
segundo, o dos transportadores de carga própria (independent, onweroperators ou
privatecarriers). Já o transporte a frete, por sua vez, subdivide-se em interestadual
(regulado pelo órgão regulador), intraestadual, local e exceções (exemptcarriers).
Quando se destina ao público, o interestadual de carga geral é executado pelas
transportadoras comuns (common carriers); e quando se destina a outras empresas,
pelas transportadoras contratadas (contractcarries). Tanto as transportadoras
comuns quanto as que estiverem sob contrato podem operar as chamadas rotas
irregulares, destinadas ao transporte de produtos especiais (special commodities),
isentos de autorização do órgão regulador (DOT, 2012).
O órgão regulador é quem rege o transporte interestadual realizado pelas
transportadoras comuns e contratado, e estabelece como as empresas devem
vender seus serviços, os tipos de produtos que podem transportar e as linhas e
territórios em que podem operar.
Dentre as atribuições do órgão regulador americano estão ainda: autorizar a
entrada de novos transportadores no mercado, os fretes que cada transportador
55
pode cobrar, as exigências de segurança e até os procedimentos para reclamações
que os embarcadores devem adotar.
Além dos transportes locais, estaduais e das exceções, estão fora do controle do
órgão regulador os transportadores individuais independentes (owner operators) e
as cooperativas agrícolas. Os transportadores autônomos também fazem parte do
sistema, entretanto, em geral não possuem autorização do órgão regulador e se
especializam em transportar produtos não sujeitos a controle (ou exceções) ou
subcontratar serviços com frotistas autorizados (DOT, 2012).
Aprovado em 1980, o Motor Carrier Act (DOT, 2012), promoveu uma série de
modificações dentre as quais se destacam: a simplificação das exigências para a
entrada de novos operadores, a autorização das empresas de carga própria a
cobrarem frete, o aumento da lista dos produtos não sujeitos a regulamento e
amenizou as exigências para as transportadoras comuns operarem em rotas
regulares.
Em dezembro de 2011, a Federal Motor Carrier Safety Agency publicou novo
regulamento para horas de serviço nos Estados Unidos. Estes regulamentos fazem
distinção entre o on-duty time (tempo em serviço dentro da atividade) e o off-duty
time (tempo de serviço fora da atividade). O on-duty time refere-se a todo o tempo
que um motorista está trabalhando, incluindo as atividades de condução, bem como
outros trabalhos, tais como carga e descarga. O off-duty time refere-se a qualquer
tempo contabilizado quando o motorista não está realizando qualquer trabalho
(GOEL e VIDAL, 2012).
Os regulamentos visam limitar a quantidade máxima de horas de condução
acumuladas entre os dois últimos períodos de até 11 horas. Depois de acumular 11
horas de condução, o condutor deve descansar por 10 horas consecutivas antes de
dirigir novamente. Os regulamentos proíbem um motorista de dirigir depois de 14
horas desde o fim do último período de repouso. No entanto, o condutor pode
conduzir outro trabalho depois de 14 horas se passaram desde o fim do último
período de repouso. Além disso, um condutor não deve dirigir após acumular 60
horas de tempo de serviço no prazo de 7 dias (GOEL e VIDAL, 2012).
Também, o condutor não deve dirigir após acumular 70 horas de tempo de
serviço dentro de um período de 8 dias.
56
Ainda segundo GOEL e VIDAL (2012), estas regras acima são os mesmos que
nos regulamentos anteriores dos Estados Unidos. As novas regulamentações
incluem novas regras que se tornaram efetivas em julho de 2013. De acordo com
estas novas regras o motorista de caminhão não pode dirigir 8 horas ou mais
seguidas sem que haja um descanso de 30 minutos.
3.1.6.2 UNIÃO EUROPEIA
As Diretrizes 74/561/CEE e74/562/CEE, de 12/11/1974, da antiga Comunidade
Econômica Europeia (CEE), hoje União Europeia (UE), passaram a regular a
profissão de transportador. O candidato a transportador deve satisfazer três
requisitos básicos: idoneidade, capacidade profissional e capacidade financeira.
(DOS REIS, 2001)
Dentre as exigências para satisfazer capacitação profissional, a transportadora
deve ser gerida por pelo menos uma pessoa que possua o diploma de capacidade
profissional, com conhecimentos específicos sobre questões trabalhistas, de
comércio, fiscais, de transportes, legais, de cálculo de custos, gestão financeira,
entre outros (VALIM et al, 2007).
O procedimento de fiscalização é estendido a qualquer veículo da União
Europeia, fazendo que o mesmo esteja sujeito a inspeções periódicas.
Dispositivos capazes de controlar e registrar automaticamente os deslocamentos
dos caminhões e os tempos de trabalho e de descanso dos motoristas devem fazer
parte dos equipamentos obrigatórios de todos os veículos de transporte de carga.
O Regulamento (CEE) nº 3820/85, de 20 de Dezembro de 1985, fixa as
condições em que devem trabalhar os condutores. O regulamento (CEE) nº 3821/85,
também da mesma data, determina que tipos de aparelhos de controle podem ser
usados (PRADO, 2010).
Os motoristas só podem dirigir de maneira ininterrupta por no máximo 4,5 horas
nos quinze países da União Europeia (até 2004). Depois disso, deve descansar
obrigatoriamente por 45 minutos, podendo optar também por três interrupções de
15minutos. A jornada máxima é de 9 horas por dia, podendo atingir 10 horas durante
57
dois dias da semana. No entanto, se atingir este máximo de 56 horas por semana,
na semana seguinte só poderá dirigir durante 34 horas, pois a jornada não pode
ultrapassar 90 horas em duas semanas. No máximo, o motorista pode realizar seis
períodos consecutivos de direção antes de gozar de um descanso semanal de 45
horas. Um acordo europeu obriga cada país a fiscalizar pelos menos 1%das
jornadas de trabalho dos motoristas (VALIM et al, 2007).
3.1.6.3 ESPANHA
A Espanha aprovou em 1987, a LOTT - Lei de Ordenação do Transporte
Terrestre logo após ingressar na União Europeia, para adaptar-se às exigências
(VALIM et al, 2007). Como forma de buscar evitar a competição desleal, esta lei
estabelecia como requisitos de acesso à profissão:
• Capacidade econômica: devem apresentar capacidade econômica para o
exercício da atividade tanto da pessoa física (caminhoneiro) quanto da pessoa
jurídica (transportadora);
• Honorabilidade e idoneidade: esta exigência deve ser estendida a todos os
sócios gerentes da empresa, bem como dos caminhoneiros;
• Capacitação profissional: a capacidade profissional deve ser suprida por pelo
menos um dos sócios gerentes por meio de exames. No entanto, durante a
implantação do regulamento, esta capacidade podia ser comprovada por
antiguidade nas funções de titular ou diretor de empresa de transporte.
A autorização de transporte, também conhecida como tarjeta, na Espanha, é
obtida para cada veículo de tração e não está sujeita a itinerários nem a horários. O
âmbito da autorização pode ser nacional, local ou comarcal3 (anterior a 1987, só é
válida para província-sede e as províncias vizinhas). Já para o caso do transporte
3Termo jurídico que designa uma divisão territorial específica, que indica os limites territoriais da
competência da autoridade de transportes espanhola. Assim, podem haver comarcas que coincidam
com os limites de um município, ou que os ultrapasse, englobando vários pequenos municípios.
Nesse segundo caso, fica estabelecido que um deles seja a sede da comarca, enquanto que os
outros serão distritos deste, somente para fins de organização judiciária.
58
internacional, exige-se a chamada licença comunitária, que mesmo tendo caráter
definitivo e só podendo ser cancelada por infrações muito graves, precisa ser
renovada a cada dois anos. Inclusive a circulação fora do âmbito da autorização
significa infração muito grave, sujeitando o infrator a pesadas multas (PRADO,
2010).
Segundo VALIM et al., (2007), é de competência do governo central legislar
sobre transportes e fiscalizar o transporte internacional, entretanto, a gestão e a
fiscalização da atividade em âmbito regional e nacional pode ser delegada para as
comunidades autônomas (equivalente a estados da Federação através de suas
agências reguladoras regionais). A fiscalização se concentra nos tempos de direção,
excessos de peso e cumprimento das obrigações sociais e fiscais, sendo que a cada
dois anos a empresa sofre auditoria para renovação da permissão
(recadastramento).
3.1.6.4 PORTUGAL
O transporte profissional de cargas está sujeito ao Decreto-Lei 366/90, que
regulamenta o acesso à atividade ao mercado, em Portugal. Sendo que a
capacidade profissional é um atributo conferido à pessoa que demonstrar ter
conhecimentos mínimos essenciais ao bom desempenho da atividade de transporte
(VALIM etal., 2007). Estes conhecimentos devem ser comprovados de duas
maneiras:
a) durante a implantação do regulamento bastava demonstrar o exercício anterior
da gerência de empresa de transporte;
b) atualmente, exige-se aprovação em exames oficiais sobre legislação, custos,
gestão financeira, características de veículos etc. (DOS REIS,2001).
Uma vez cumpridos estes requisitos, torna-se possível requisitar a licença de
acesso à profissão. O intuito desta lei foi de permitir ao transportador ganhar
experiência em âmbito local antes de se lançar no mercado nacional e no
internacional. Deste modo, inicialmente o transportador está autorizado a operar na
59
região onde mora ou onde se localiza a sua empresa, podendo inclusive se licenciar
na operação de todos os veículos que desejar (PRADO, 2010).
O cumprimento desta exigência dura três anos, quando então o transportador
poderá solicitar permissão para cobrir todo o território nacional. Após mais três anos,
a empresa ou o caminhoneiro poderá requisitar o ingresso no transporte
internacional. Entretanto, além dos requisitos anteriores, esta atividade exige um
capital mínimo e a complementação da capacidade profissional, ou seja, cursos
complementares sobre legislação e regras internacionais de tráfego. Na prática, as
companhias estrangeiras geralmente adquirem parte do capital de uma
transportadora já existente no país, para acelerar o processo de entrada no mercado
(VALIM et al., 2007).
Em Portugal o valor dos fretes praticados é livre, apesar da Associação Nacional
dos Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) possuir uma
tabela de referência.
3.2 FORMAÇÃO DO PREÇO DOS FRETES
Segundo CAIXETA-FILHO & MARTINS (2011), a distância entre a origem e o
destino é fundamental para a determinação do preço do frete. Para MARTINS
(2008), a formação do preço do transporte é bastante complexa, pois, além dos
custos da atividade, incorpora também fatores locais e conjunturais. O valor do frete
é diretamente proporcional às variações nos fatores determinantes para a demanda
pelo serviço de transporte, tais como o desempenho da economia, algumas
estratégias empresariais, dentre outras, e indiretamente reflete alterações que
incidem sobre fatores que afetam os custos da prestação dos serviços, como, por
exemplo, regulação/desregulamentação; variações nos preços dos combustíveis
dentre outras.
ORTÚZAR & WILLUNSEN (1994) e CAIXETA FILHO et al., (1998) apud
CAIXETA FILHO etal., (2011) listam uma série de variáveis que influenciam no
estabelecimento do preço do frete, a saber:
60
Distância Percorrida: trata-se de um fator determinante na composição do
valor do frete.
Custos Operacionais: podem influenciar o preço do frete praticado em
diferentes rotas de maneira distinta. Porém ocorrem diferenças regionais
de interação entre a oferta e demanda, podendo impedir que o impacto da
elevação do preço do frete seja direto e homogêneo em todas as regiões.
Carga e Descarga: em regiões mais desenvolvidas os fretes podem ser
menores devido à possibilidade da carga de retorno para as zonas de
origem. Os fluxos em que não há demanda para o transporte de cargas de
retorno, costumam apresentar valores mais elevados.
Sazonalidade da demanda por transporte: a sazonalidade pela demanda
por transporte está relacionada à incapacidade de armazenagem da
produção. Tal sazonalidade ocorre no período da safra e entressafra (soja,
açúcar, etc.).
Especificidade da carga transportada e do veículo utilizado: essa prática
ocorre quando é preciso transportar algum tipo de carga de alto valor
agregado, necessitando de comboio devido à alta possibilidade de roubo.
Algum tipo de carga que necessite de uma embalagem específica também
pode influenciar no valor do frete.
Perdas e Avarias: os altos índices de acidentes rodoviários no país e os
danos ocasionados em virtude da exposição à chuva também podem ser
influenciar o valor do frete. Outro problema é a falta de cuidado no
manuseio dos produtos, ocasionando perdas para empresa.
Vias Utilizadas: a má conservação das vias pode elevar os custos de
manutenção, reduzir a velocidade média de tráfego, aumentar o número
de acidentes, aumentar o índice roubos de cargas em trechos perigosos,
além do aumento do consumo de combustível.
Pedágios e Fiscalização: as regras rígidas, implementadas pelo novo
Código de Transito Brasileiro e pela Lei nº 9.503 em 1997, e a elevação do
número das praças de pedágios e os postos de fiscalização são fatores
que influenciam no preço do frete, sendo motivos de reclamação por parte
dos caminhoneiros.
61
Prazo de Entrega: o transporte eficiente é capaz de respeitar os prazos
estipulados para entrega do produto. Porém, a entrega de produtos antes
ou após a data pode implicar na elevação dos custos, pois haverá
necessidade de armazenagem e de redefinir a programação com a
produção das empresas.
Aspectos Geográficos: as características dos trechos percorridos podem
influenciar os valores dos fretes, de forma que trechos muito
movimentados podem apresentar valores inferiores àqueles poucos
utilizados.
Segundo CAIXETA-FILHO (2011), há no Brasil, uma insatisfação dos
transportadores rodoviários quanto aos preços dos fretes recebidos. Essa
insatisfação é explicada pela falta de regularidade da evolução dos custos
operacionais em relação ao preço do frete praticado, ocasionando impacto direto na
margem de lucro na atividade. Um processo semelhante ocorreu nos Estados
Unidos em meados de 1995. Nesta ocasião, a baixa demanda por frete, o baixo
aproveitamento dos equipamentos e a elevação de custos foram responsáveis pela
baixa lucratividade do frete rodoviário. Dentre os itens de custo, o óleo diesel foi um
dos principais responsáveis por este acontecimento.
De acordo com DOT (2009),a formação do preço do frete é complexa, pois não
são somente os custos da atividade são levados em consideração, mas fatores
locais e conjunturais também são incorporados no valor. O preço do frete pode se
diferenciar de acordo com a rota. Uma região onde há maior demanda pelo
transporte possui os preços de fretes mais caros. No entanto, se aproveitar o retorno
do caminhão às cidades de origem, consegue-se reduzir o valor do frete (HIJJAR,
2008).
Segundo LIMA (2006) as rotas com origem em São Paulo costumam ser mais
caras do que as rotas que têm este ponto como destino. Por exemplo, a rota com
origem Rio de Janeiro e destino São Paulo possuem em média um valor de frete
44% mais baixo do que o inverso da rota. Acredita-se que este fenômeno se deve,
em parte, ao fato de São Paulo ser o maior polo industrial do país e, portanto
necessita escoar sua produção para as demais regiões.
62
Ainda, segundo COPPEAD (2007), a frota utilizada para o transporte da carga é
peça fundamental para a formação do preço do frete. O preço do frete para as
empresas que utilizam o truck é 15% mais caro comparado com uma carreta, pois a
quantidade transportada no truck é inferior à de uma carreta, logo se tem uma menor
consolidação da carga. Mesmo que os custos de aquisição e manutenção de uma
carreta sejam elevados, eles são compensados pelo maior volume transportado em
uma mesma viagem (COPPEAD, 2007).
3.3 O TRANSPORTADOR AUTÔNOMO DE CARGAS
No Brasil, os transportadores autônomos são responsáveis por grande parte dos
caminhões em circulação e pelo transporte de mais de 60% das cargas, sendo que a
maior parte desses profissionais trabalha sem contrato e muitos sequer têm conta
bancária (ANTT, 2011).
Verifica-se que este setor tem um papel fundamental na economia do país,
principalmente no movimento de cargas em longas distâncias. Em geral os
transportadores autônomos trabalham em parceria com transportadoras, onde são
contratados no pico de demanda e no transporte de longas distâncias. Neste caso,
os custos são de responsabilidade do autônomo (VALENTE et.al.;1997). Entretanto,
a propriedade do caminhão não sendo mais de responsabilidade da empresa, e
passando a ser instrumento de trabalho dos caminhoneiros, representa a utilização
de uma forma de capitalização mais flexível, cujo investimento e manutenção que
era de responsabilidade da empresa, é repassada para o caminhoneiro (CHAHAD &
CACCIAMALI, 2005).
Segundo WANKE (2010), em muitos países, os motoristas têm passado da
posição de empregados para posição de terceirizados, trabalhando por conta
própria, onde devem dispor de seu próprio caminhão ou alugá-lo para exercer os
serviços que prestarem anteriormente.
Para NICKERSON & SILVERMAN (2003) apud WANKE (2010), o emprego nas
empresas transportadoras engloba uma zona de tolerância, pois os motoristas com
vínculo empregatício são mais fáceis de administrar do que os autônomos, onde o
63
seu serviço é subcontratado sem nenhum dever em aceitar as regras impostas pela
empresa.
A partir de 2004, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) passou a
exigir dos transportadores rodoviários de carga a inscrição no Registro Nacional de
Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC). Conforme a Resolução ANTT nº
1737/06, o RNTRC é um registro obrigatório para os transportadores que exercem
atividade de transporte rodoviário de cargas por conta de terceiros e mediante
remuneração. A inscrição no RNTRC é vedada, por exemplo, para os
transportadores estrangeiros (que realizam o Transporte Rodoviário Internacional de
Cargas - TRIC) e também para aqueles que se enquadram na categoria de
Transportadores de Carga Própria (TCP).
Segundo o CIBULSKA et.al. (2010), há uma grande concentração de
transportadores autônomos na região sudeste (51%), como mostra a TAB. 3.2.
Ainda ao analisar o cadastro por tipo de carrocerias, verifica-se que 61% do tipo
carga seca está nas mãos dos transportadores autônomos (RNTRC,2011). Para
eles, esse tipo de carroceria é fundamental para que possam diversificar suas
opções de serviços. As carrocerias específicas como “Cegonha” e “Tanque” são
mais viáveis para empresas, já para os autônomos é muito difícil o contato direto
com o proprietário da carga (CIBULSKA et.al. 2010).
TAB. 3.2 Quantidade de Transportadores por Região
Fonte: Cibulska etal., 2010,adaptado pelo ator.
3.4 AS COOPERATIVAS DE TRANSPORTADORES DE CARGAS
52.439 89.557 18.974 342.582 168.229 671.781
7,8% 13,3% 2,8% 51,0% 25,0%
7.193 13.448 5.088 60.196 41.670 127.595
5,6% 10,5% 4,0% 47,2% 32,7%
28 76 32 221 266 623
4,5% 12,2% 5,1% 35,5% 42,7% 100,0%
Total
TAC
ETC
CTC
CO NE N SE S
Quantidade de
Transportadores
64
Alguns caminhoneiros se organizam em cooperativas para a prestação do
serviço de frete. Em uma cooperativa típica, um grupo de caminhoneiros,
proprietários de seus veículos, oferece o serviço de forma coletiva. Os
caminhoneiros se alternam no transporte e a renda auferida é dividida entre os
cooperados. É a cooperativa que assina o contrato de prestação de serviço e
cumpre as formalidades legais. Segundo RNTRC (2011), no país existem 203
cooperativas de transporte de carga com uma frota de 11 mil veículos com idade
média de 14,4 anos.
Para o profissional autônomo, pertencer a uma cooperativa tem a vantagem de
reduzir os riscos e os custos da atividade e aumentar o valor agregado do serviço. A
cooperativa, constituída como pessoa jurídica, tem condições melhores do que o
caminhoneiro individual para negociar a contratação do serviço de frete, adquirir
seguro para seus associados, realizar convênios com oficinas mecânicas, realizar
treinamentos, etc.
3.5 DINÂMICA DA NEGOCIAÇÃO DE FRETES ENTRE EMPRESA E AUTÔNOMOS
O processo de negociação dos valores dos fretes cobrados pelos autônomos
para o exercício da profissão nem sempre é uma tarefa fácil. Na maioria das vezes a
empresa é quem impõem as regras a serem seguidas nesta negociação, ficando o
caminhoneiro obrigado a segui-las.
Este fato ocorre pela grande disponibilidade de veículos autônomos no mercado,
o que faz com que a concorrência entre eles seja predatória. Ou seja, sempre
haverá um autônomo oferecendo preços mais barato, não importando se o valor
está ou não sendo lucrativo para ele.
As empresas, cientes desta concorrência, acabam se beneficiando deste
excesso de oferta e impõem aos autônomos os valores que elas acham justos.
Estes valores fazem parte de uma tabela de preços predeterminada, conhecida
como “tabela fechada”, que é utilizada pelas empresas para a contratação do serviço
dos transportadores autônomos. A estes só resta aceitar o valor ofertado ou ceder o
65
lugar a outro que certamente aceitará, não havendo, portanto, margem para
negociação.
As TAB. 3.3 e 3.4 foram elaboradas com base em entrevistas junto às
transportadoras do estado do Rio de Janeiro e servem como exemplo das “tabelas
fechadas” praticadas pelas transportadoras em algumas rotas estudadas.
TAB. 3.3 Tabela de Frete para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Fonte: Elaborado a partir de pesquisas junto às Transportadoras (2011).
TAB. 3.4 Tabela de Frete para o Interior do Rio de Janeiro
Fonte: Elaborado a partir de pesquisas junto às Transportadoras (2011).
LEVE SECO TOCO SECO TRUCK SECO
LEVE REFRIGERADO TOCO REFRIGERANDO TRUCK REFRIGERADO
CIRCULAÇÃO NA
REGIÃO 01
REGIÃO
METROPOLITANA DA
CAPITAL DO RIO DE
JANEIRO
VALOR FRETE INCLUSO CUSTO DESCARGA
R$ 250,00 R$ 380,00
R$ 310,00 R$ 430,00 R$ 520,00
R$ 450,00
LEVE TOCO TRUCK
LEVE TOCO TRUCK
ALÉM PARAÍBA
ITALVA
CATAGUAZES
UBÁ
SAPUCAIA
LEOPOLDINA
CANTAGALO
CAMPOS
ITAPERUNA
PORCIUNCULA
CARMO
MIRACEMA
MURIAÉ
NATIVIDADE
SÃO FIDELIS
ITAOCARA
ST°ANTÔNIO DE PÁDUA
GUAPIMIRIM
AREAL
C.MACACU
PATY DOS ALFERES
REGIÃO 03
BOM JESUS
JUIZ DE FORA
APÓS
CORDEIRO
ENG° PAULO FRONTIN
TRÊS RIOS
TERESÓPOLIS
BARRA DO PIRAÍ
VALOR FRETE INCLUSO CUSTO DESCARGA
R$ 800,00 R$ 890,00 R$ 1.150,00
VOLTA REDONDA
ARRAIAL DO CABO
MENDES
PARACAMBI
IGUABA GRANDE
PETRÓPOLIS
R$ 520,00 R$ 630,00 R$ 980,00
S.J.RIO PRETO
ITATIAIA
QUATIS
RIO BONITO
CASIMIRO DE ABREU
ANGRA DOS REIS
NOVA FRIBURGO
MACAÉ
ARARUAMA PORTO REAL
FRETES PARTINDO DA REGIÃO 1 PARA A REGIÃO 2
REGIÃO 02
FRETES PARTINDO DA REGIÃO 1 PARA A REGIÃO 3
VALOR FRETE INCLUSO CUSTO DESCARGA
VALENÇA
MARICÁ
SAQUAREMA
RIO CLARO
VASSOURAS
CABO FRIO
BOM JARDIM
PARATY
RIO DAS OSTRAS
BARRA MANSA
RESENDE
66
Como pode ser visto em ambas as tabelas anteriores, os valores para a
contratação do caminhoneiro autônomo já estão previamente definidos pelas
transportadoras, o que faz com que o processo de negociação dos valores dos
fretes não seja possível para o autônomo.
Outro fator que contribui para restringir, ainda mais, o baixo poder de negociação
do autônomo é a prática ilegal da carta-frete por algumas empresas contratantes de
serviços.
O pagamento dos fretes relativos a estas operações é feito dentro de uma sistemática conhecida como “Carta-Frete” e se inicia com a emissão de uma “ordem de pagamento” – a Carta-Frete – pelo contratante do transporte. Esta é entregue ao transportador autônomo como forma de pagamento pelos serviços prestados. O autônomo, por sua vez, desconta a ordem de pagamento, via de regra, em postos de combustível, que acabam tornando-se verdadeiros bancos abeira da estrada. O pagamento da Carta-Frete ao caminhoneiro é feito trocando parte do valor por combustível e parte por dinheiro, sempre com desconto sobre oseu valor de face. Feito isso, o posto de combustível cobra o valor de face da Carta-Frete de seu emissor, no prazo acordado entre eles. (ANTT, 2009)
Conforme visto, apesar da intenção da carta-frete ser boa, na prática acontecem
algumas distorções no seu uso que acabam prejudicando o transportador autônomo
quando este tenta receber o pagamento pelo serviço prestado.
Segundo a UNICAM (2012), o problema incide principalmente nos locais onde a
troca do documento pode ser efetuada, o que geralmente ocorre em postos de
combustíveis credenciados pelas transportadoras, obrigando assim que os
transportadores autônomos gastarem de 30% a 50% do valor do frete em
combustível ou lubrificantes para que possa ser realizada a troca do documento.
Nestes locais, é comum a cobrança de ágio nos preços dos produtos, sendo que o
restante do valor do transporte é entregue ao caminhoneiro em dinheiro ou cheque.
Os postos chegam a cobrar de R$ 0,15 a R$ 0,20 a mais por litro de diesel.
A prática da carta-frete não prejudica somente os autônomos, mas também
dificulta a fiscalização e facilita a sonegação de impostos. Segundo a ANTT (2011),
84%do transporte rodoviário de cargas é feito por autônomos, apenas 15,8% são
realizados por transportadoras e 0,1% por cooperativas, isso significa que os fretes
estão nas mãos de 1,2 milhões de autônomos. Segundo dados do IBGE (2012), o
governo brasileiro registra R$16bilhões por ano com a movimentação de frete
realizada por transportadores autônomos, sendo que uma pesquisa realizada pela
67
Deloitte (ANO) aponta que na verdade o setor movimentaria R$60 bilhões, o que
significa que R$ 44 bilhões estariam na informalidade.
A carta-frete começou a ser utilizada por caminhoneiros e embarcadores há mais
de cinco décadas. Entretanto, a realidade enfrentada pelos caminhoneiros naquela
época era bem diferente, uma vez, que não havia muitas agências bancárias e o
número de transportadoras era bem menor do que hoje. Passados 50 anos, o
sistema, que antes funcionava, hoje causa prejuízo para os caminhoneiros
autônomos, segundo constatação da UNICAM (2012).
Extinta pela Lei nº 11.442/2007, a carta-frete não pode ser usada para
pagamento por serviços de transporte prestados por caminhoneiros autônomos no
Brasil, devendo o contratante remunerá-lo via depósito bancário. Entretanto, por falta
de fiscalização, algumas empresas insistem em utilizar esta modalidade de
pagamento, sujeitando os autônomos aos problemas descritos (ABIT, 2012).
Segundo a UNICAM (2012), esta prática ilegal está sendo utilizada por algumas
empresas pelo fato de que, em alguns casos, elas também são proprietárias de
redes de postos de combustíveis, onde as cartas-frete serão descontadas. Deste
modo, a empresa garante que o valor pago pelo serviço do autônomo seja retornado
aos cofres da própria empresa, mas desta vez, seguindo as regras impostas por elas
no momento de descontar esta ordem de pagamento, como por exemplo, o ágio nos
preços dos produtos.
3.6 CONDICIONANTES PARA A CONTRATAÇÃO DO AUTÔNOMO
Apesar de diversas empresas possuírem frota própria, na prática, pressupõe-se
que as mesmas costumam lançar mão de transportadores autônomos ou carreteiros,
como costumam chamar estes profissionais. Algumas adotam esta prática de
terceirização apenas em épocas de pico, mas outras empresas a praticam de
maneira sistemática, para baixar suas despesas (DOS REIS, 2001).
Devido à grande oferta de serviço e pela falta de conhecimento ou controle dos
custos fixos, o autônomo costuma receber pelos seus serviços a parcela variável
acrescida de uma pequena margem, que varia em torno de 30%. Em geral, nos
68
percursos médios e longos o custo fixo aproxima-se do variável, fazendo com que o
frete do autônomo represente cerca de 65% do custo técnico do veículo (DOS REIS,
2001).
De acordo com DOS REIS (2001), uma das maneiras de se analisar a vantagem
ou não da utilização do autônomo é atribuir à frota própria uma receita
correspondente ao custo do autônomo. Se as despesas com a frota superarem esta
receita, ficará evidente que o transportador autônomo sai mais barato.
Entretanto, ainda segundo DOS REIS (2001), após uma série de paralisações
realizada pelos autônomos, a partir de 1999, algumas empresas estão substituindo a
busca do autônomo no mercado spot4pelo carreteiro agregado, ou seja, aquele que
possui contrato com a empresa. Em alguns casos, este agregado entra apenas com
o cavalo mecânico, para tracionar carretas da transportadora. Há situações em que
a empresa chega a remunerar também o retorno, quando vazio.
A seguir têm-se as vantagens e desvantagens para a utilização dos serviços dos
autônomos por parte das empresas, bem como estratégias para a redução das
desvantagens.
3.6.1 VANTAGENS DA CONTRATAÇÃO DE AUTÔNOMOS
Existem várias vantagens para a utilização do serviço dos autônomos pelas
empresas. A seguir serão enumeradas as principais:
Reduzir investimentos e evitar ociosidade da frota: a empresa poderá
reduzir os seus investimentos em aquisição de veículos e equipamentos, e
ainda, não terá problemas com veículos parados nos pátios sem
utilização;
Redução de custos: devido à grande concorrência existente entre os
autônomos. Estes conseguem reduzir seus custos pelo fato de serem eles
os próprios motoristas, realizarem longas jornadas de trabalho e não
4 Mercado de commodities em que os negócios são realizados à vista e as entregas são
imediatas. No caso dos autônomos, são aqueles contratados esporadicamente pelas empresas para
a execução de trabalhos imediatos e recebendo pagamentos à vista.
69
levarem em consideração nos seus cálculos os custos fixos, como os
custos de capital;
Evitar retorno vazio: geralmente as empresas levam seus produtos em
uma direção e acabam retornando com os veículos vazios especialmente
nas rotas longas ou nas quais existe desequilíbrio de fluxo. Os autônomos
sempre aguardam carga de retorno, pois para eles é imprescindível
trafegar sempre carregado e sendo remunerado;
Movimentar com maior facilidade cargas diretas (lotações) para locais
onde a empresa não tem filial: neste caso os autônomos entregam as
cargas diretamente em novos mercados ou mercados ainda incipientes
para a empresa. Nestes locais pelo fato da empresa não possuir filiais ou
centros de distribuição dificulta bastante o trabalho de entrega dos
produtos;
Manter a fidelidade de agregados: para os profissionais autônomos que já
trabalham há muito tempo para a empresa, torna-se interessante esta
parceria uma vez que a mesma pode garantir maior qualidade do serviço
prestado.
Redução do trabalho de gerenciamento e manutenção de frotas: os custos
de manutenção de frota e gerenciamento são bastante expressivos para a
empresa. Pelo fato dela usar o serviço do autônomo não haverá a
necessidade de arcar com estes custos.
3.6.2 DESVANTAGENS DA CONTRATAÇÃO DE AUTÔNOMOS
Apesar de existirem várias vantagens para a utilização dos autônomos no serviço
de transporte, algumas desvantagens também devem ser consideradas, tais como:
Necessidade de maior gerenciamento de tráfego: pois o autônomo não
agregado não tem relação de subordinação com a empresa e é refratário
às normas. Isso aumentando riscos de atrasos, acidentes, e de roubos;
Idade dos veículos: geralmente mais antigo e mal conservado, os veículos
dos autônomos são mais lentos;
70
Jornada de trabalho excessiva: geralmente os motoristas realizam
jornadas de trabalho mais longas e fatigantes, estando mais sujeito a
acidentes e quebras dos veículos;
Processo de seleção: requer sistemática rigorosa de recrutamento,
seleção e admissão, para evitar infiltração de elementos das quadrilhas
nas transportadoras, o que resultaria em roubos e demais problemas;
Responsabilidades: o autônomo não tem responsabilidade sobre avarias,
faltas ou roubos das mercadorias;
Vínculo empregatício: a utilização contínua e exclusiva de um mesmo
autônomo pode criar vínculo trabalhista, com posteriores indenizações
com base no valor bruto do frete;
Preços dos fretes: podem variar bastante, pois em épocas de safra, os
fretes dos autônomos sobem, e as transportadoras podem encontrar
dificuldades em contratá-los.
Entretanto, algumas estratégias podem ser adotadas para redução dos
problemas que levam às desvantagens na utilização dos autônomos no mercado de
transportes, tais como:
Clareza nos contratos: incluir no contrato cláusulas que obriguem o
autônomo a cumprir os prazos de entrega;
Conferência de carga: exigir do destinatário que confira as quantidades no
desembarque das mercadorias e verifique se a carga chegou em perfeitas
condições, sem avarias ou faltas;
Rastreamento de veículo: equipar o caminhão do autônomo com kits
removíveis de rastreamento via satélite. Deve-se tomar bastante cuidado
com esta medida, pois ela também pode ser usada pelo autônomo contra
a empresa como prova de controle de horário e jornada de trabalho em
caso de alegação de vínculo empregatício;
3.7 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
71
Como pode ser visto neste Capítulo o mercado de fretes rodoviários passou, e
ainda passa, por diversas transformações ao longo dos anos.
Para o transportador autônomo, o fato dos preços praticados no mercado de
fretes brasileiro não passar por nenhum controle governamental tem como vantagem
a abertura para a livre negociação e concorrência, entretanto na prática, o que se
pode observar é a imposição de valores preestabelecidos pelos contratantes deste
serviço. Tais valores, que são obtidos por pesquisa das próprias empresas junto às
concorrentes, nem sempre remuneram adequadamente os custos inerentes à
operação efetuada pelo caminhoneiro.
Outro fato importante que deve ser ressaltado trata do baixo controle exercido
pelo governo para a entrada de novos trabalhadores autônomos no mercado de
transportes, o que agrava ainda mais a concorrência predatória praticada entre eles.
Se comparado com outros países como Estados Unidos e alguns da União
Europeia, que impõem uma série de regras rígidas para a inserção de novos
autônomos no mercado de transportes, pode se constatar que o Brasil ainda está
bastante atrasado no que concerne à regulamentação desta atividade.
No Capítulo 4, é abordada a sistemática de cálculos dos custos inerentes ao
transporte rodoviário de cargas, bem como a estrutura de custeio desta atividade.
72
4 PRINCIPAIS CUSTOS DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Diversos são os custos envolvidos na atividade de transporte de cargas, uma vez
que a operação dos veículos envolve uma série de variáveis que a torna bastante
complexa. Um dos grandes desafios inerentes a esta atividade para qualquer
transportador é conseguir gerenciar de forma correta todos os custos que incorrem
sobre o transporte, uma vez que muitos deles são extremamente onerosos ou de
difícil previsão.
Assim, neste Capítulo foram abordados os principais custos pertinentes às
atividades de transporte de carga, bem como suas divisões e métodos de cálculo.
Também, foram analisados e comparados os principais métodos de cálculo
utilizados para o cálculo dos custos de fretes de transporte rodoviário, de modo que
fosse possível um maior detalhamento das principais variáveis envolvidas no cálculo
e, por fim, a escolha do método mais adequado ao estudo. A partir do método
escolhido, tornou-se possível adquirir um maior embasamento acerca dos custos do
frete rodoviário, o que possibilitou a formulação dos instrumentos da pesquisa de
campo.
4.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE CUSTOS, DESPESAS E GASTOS.
Para CAIXETA-FILHO & MARTINS (2011), o custo está relacionado à execução
de um determinado serviço ou a fabricação de um produto. SÁ (1995) apud
WERNKE & BORNIA (2000) define custos como tudo o que se investe para
conseguir um produto ou serviço. MARTINS (2008) refere-se aos custos como os
gastos relativos a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e
serviços.
O conhecimento dos custos no transporte rodoviário de cargas é fundamental
para uma boa definição na política de preço e no nível de serviço a ser prestado e
indispensável para tomada de decisão na empresa (SILVA, 2006). Contudo, para
73
uma gestão estratégica de custos, é preciso compreender a estrutura dos gastos da
empresa e obter informações necessárias para o custeio, planejamento, controle e
tomada de decisões (HANSEN & MOWEN, 2003). A gestão estratégica de custos
engloba a relação entre a gestão de custos e a gestão estratégica da empresa,
sendo essa relação importante para se obter condições competitivas adequadas
junto ao mercado (BERTI, 2002).Com uma redução de custos de transportes
rodoviários, a partir de uma metodologia adequada para cálculo do custeio do frete,
pode-se contribuir para formação de preços justos, tanto para empresa quanto para
o transportador (LIMA, 2003).
Para WANKE (2010), reunir diferentes itens de custos é primordial para apoiar
decisões estratégicas para determinar o valor de um determinado objeto de custo.
Pode-se dizer que objeto de custo é qualquer atividade, recurso ou entidade que se
deseja medir o custo. Ao se considerar operações de transportes, os clientes, os
produtos e as rotas constituem-se o objeto de custo (WANKE, 2003apud WANKE,
2010).
O controle dos custos é de grande importância para as empresas. No entanto,
pesquisas realizadas no passado relatavam que muitas transportadoras existentes
no país não estavam preocupadas com este assunto, por considerá-lo perda de
tempo, dinheiro ou ainda um luxo desnecessário (VALENTE et.al., 2011). Para elas,
as decisões são tomadas pelo bom senso e com base na experiência de mercado.
Porém, nos últimos anos, o interesse pelo cálculo e controle dos custos vem
aumentando, por ser indispensável para o sucesso de determinadas atividades das
empresas transportadoras, tais como: decidir entre frota própria ou terceirizada, o
momento certo de se fazer investimentos em transporte, avaliar a situação financeira
da empresa, elaborar planos estratégicos para a atuação no mercado e estudar
medidas eficazes para reduzir a força da concorrência. Caso todos estes pontos
sejam gerenciados de maneira correta, haverá uma tendência de redução dos
custos operacionais da empresa, permitindo que esta possa oferecer descontos e
prazos maiores aos clientes (VALENTE et.al., 2011).
Segundo CAIXETA-FILHO& MARTINS, (2011), VALENTE et.al., (2011),WANKE,
(2010) e NTC, (2001),os custos de transportes se dividem em diretos e indiretos,
fixos e variáveis. Estes são apresentados de forma mais detalhada a seguir, a partir
da análise dos métodos de cálculo utilizados pelas empresas e instituições.
74
4.2 MÉTODOS DE ANÁLISE DE CUSTOS
Para operacionalizar o método de cálculo do frete rodoviário de carga são
utilizadas planilhas com composição de custos. Foram analisados métodos de
instituições, tais como: GEIPOT, empresas transportadoras, cooperativas,
instituições de pesquisas, dentre outros.
Salienta-se que os diversos métodos possuem diferenças entre si e, portanto
cabe aqui uma análise individualizada, conforme pode ser constatado na TAB. 4.1. A
Tabela 4.1 apresenta uma comparação entre as variáveis de custos consideradas
por cada uma das metodologias analisadas.
Método de Cálculo da COPPEAD: observa-se pela análise deste método
disponibilizado por esta instituição que foram considerados, em seus
estudos, apenas as despesas diretas que são formadas basicamente
pelos custos fixos e variáveis. Não foram considerados, portanto, os
custos indiretos que são inerentes à operação do transporte;
Método de Cálculo do GEIPOT: este método de cálculo foi desenvolvido
em 1999 por este órgão do Governo Federal. As variáveis consideradas
também ficaram restritas às despesas diretas, considerando como
despesas indiretas apenas os salários e ordenados da diretoria e outros
custos.
Manual da NTC: a Associação Nacional de Transporte de Carga (NTC) e a
Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (FIPE), em 1990,
desenvolveram um método de cálculos que é composta por todos os
índices das operações de transporte, acrescidos dos índices da variação
do custo de coleta e entrega de mercadorias. Salienta-se que este
instrumento serve como referência para grande parte das empresas e
cooperativas de transporte cargas no Brasil.
Método de Cálculo da Cooperativa: este método foi desenvolvido por uma
cooperativa de transporte de carga e, também, se restringe às despesas
diretas, sendo que alguns custos diretos não são considerados nos
cálculos, tornando-a bastante simplificada.
75
Guia do Transportador: trata-se de um portal eletrônico que permite
acesso a um aplicativo computacional para cálculos do frete, apenas para
assinantes do site. O aplicativo se restringe às despesas diretas, o que
torna o método de cálculo bastante simplificado.
TAB. 4.1 Análise das Planilhas de Cálculo de Frete
Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.
1 - DESPESAS DIRETAS
1.1 - Custos Variáveis
Peças, acessorios e material de manutenção x x x
Pedágios - Trecho x
Óleo Diesel x x x x x
Óleo de Cárter x x x x x
Óleo de Câmbio/Diferencial x x x x x
Pneumáticos (pneus) x x x x
Manutenção (reparos no veículo) x x x x x
Lavagem e Engraxamento x x x
1.2 - Custos Fixos
Remuneração de Capital x x x x
Reposição do Veículo x x x x x
Reposição do Equipamento x x
Custo da Apólice x x x x x
Seguro do Veículo ( Incêndio/colisão/roubo) x x x
Responsabilidade Civil Facultativa - DM / DP x x x x x
Seguro do Equipamento x
IPVA x x x x x
DPVAT x x x x x
Licenciamento Anual x x x x x
Salários e Encargos( Motoristas) x x x x x
Sálarios e Encargos (Mão-de-obra Oficina ) x x
Padronização (Pinturas, Adesivos e Logomarcas)
2 - DESPESAS INDIRETAS
Salários, Ordenados e honorários de Diretoria x x
Salários Profissionais de Escritório e Operação CD
Aluguéis x
Tarifa de Serviços Públicos
Água x
Energia Elétrica x
Correios e Courriers x
Telefone (fixo, celular e rádios) x
Internet x
Custo de Serviços Públicos x
Serviços Profissionais Terceirizados
Serviços de manutenção, conservação e Limpeza x
Serviços profissionais de terceiros x
Serviços de processamento de dados x
Serviços de atendimento ao Cliente (SAC) x
Serviço de Rastreamento por Satélite
Serviço de Escolta Armada e Gerenciamento de Risco
Serviço de Oficina Mecânica (mão de obra)
Agenciador de Frete
Custo de Serviços Terceirizados
Impostos e Taxas
PIS - Programa de Integração Social x
COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social x
CSLL - Contribuição Social Sobre o Lucro x
ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços x
IR - Imposto de Renda x
IPTU - Imposto Predial Territorial Urbano x
Depreciações
Depreciação de máquinas e equipamentos x
Depreciação de móveis e utensílios x
Outros Custos x x
Material de escritório e Limpeza x
Viagens, estadias e condução x
Despesas legais e judiciais x
Contribuições e doações x
Uniformes x
Despesas com promoções, brindes e propaganda x
Despesas com conservação de bens e instalações x
Despesas Diversas x
Refeições e Lanches x
Cópias Xerox x
Paletização de cargas x
Planilha
Coppead
Planilha
GEIPOTManual NTC
Planilha
Cooperativa
Guia do
Transportador Itens de Custos Considerados
76
Depois de efetuada a análise, o método de cálculo que se mostrou mais
consistente foi o método da NTC, uma vez que apresenta um detalhamento das
variáveis para avaliação dos custos dos fretes praticados pelos transportadores
rodoviários de cargas. Esta foi a única metodologia analisada que considera todas
as despesas indiretas envolvidas no processo de transporte de cargas. Outro ponto
de destaque é que este método é específico para o transporte rodoviário de cargas,
além do que, o mesmo serve como referência para a maioria das empresas deste
ramo de atuação nos seus planejamentos operacionais e nos processos de tomada
de decisão, bem como para o desenvolvimento de estudos acadêmicos sobre o
assunto, tais como: (SILVA, 2006; BATTI, 2009; TEIXEIRA, 2007; CALDAS &
CALDAS, 2004; ABTI, 2012).
Desta forma, optou-se por adotar o método da NTC como a principal base para
estruturar o conjunto organizado de variáveis que serviram como base para
realização da pesquisa survey junto às empresas e autônomos. Contudo, cabe
salientar que, para a elaboração da metodologia de cálculo dos custos do frete para
a empresa e para o autônomo não será adotado apenas o método da NTC, mas sim
será criada uma metodologia própria para este estudo utilizando-se para tal, as
melhores ideias provenientes de cada método analisado. Ou seja, o método criado
para este estudo será o resultado de um apanhado geral de todos os itens de
custos, estudos, métodos, técnicas, entrevistas e outros, avaliados durante as
pesquisas para a elaboração deste trabalho de dissertação. Assim, como pode ser
verificado na TAB 4.1, a metodologia a ser elaborada para este estudo reuniu todos
os itens de custo presentes nos demais métodos considerados e, ainda, considerou
outros itens pesquisados durante as entrevistas de campo.
4.3 COMPOSIÇÃO BÁSICA DA TARIFA RODOVIÁRIA DE CARGAS
A tarifa básica do transporte rodoviário é composta basicamente de cinco partes,
que, em princípio, buscam ressarcir de forma equilibrada o transportador em relação
às despesas realizadas durante a atividade de transporte. São elas: o frete-peso, o
frete-valor, o gerenciamento de riscos (GRIS), outras taxas e pedágios.
77
Frete-peso: é uma parcela da tarifa que tem como finalidade remunerar o
transporte do bem entre a origem e o destino. Inclui tanto custos diretos
quanto custos indiretos, como custos operacionais do veículo, despesas
administrativas e de terminais, custos de capital e taxa de lucro operacional.
A soma destes constitui o custo operacional, que é específico para cada
transportadora e para cada tipo de serviço realizado.
Frete-valor: também comumente chamado de ad-valorem, é determinado a
partir de percentuais aplicados sobre a nota fiscal das mercadorias de alto
valor agregado a serem transportadas. Crescentes a distância da viagem,
tais percentuais proporcionam um aumento de frete proporcional ao tempo
que o bem fica sob a responsabilidade do transportador. Ressalta-se que
neste estudo não será considerado o adicional do frete-valor, uma vez que
a carga considerada (carga geral) não requer a aplicação do mesmo.
Gerenciamento de Risco (GRIS): trata- se de uma alíquota sobre o valor
da mercadoria, necessárias para cobrir todas as despesas relacionadas
com o gerenciamento de riscos ligados ao roubo de cargas, inclusive
seguro facultativo de desvio de carga.
Outras Taxas: destinam-se a remunerar os serviços adicionais necessários
à prestação dos serviços. São cobradas apenas quando os serviços
correspondentes são efetivamente prestados. Em alguns casos, variam de
acordo com o peso transportado.
Pedágios: são despesas realizadas de acordo com o trecho realizado. A lei
10.209, tornou-se obrigatório o fornecimento do vale-pedágio para os
carreteiros e o pagamento dessa despesa deverá ser efetuada pelo
embarcador.
Na FIG. 4.1, estão detalhadas estas cinco partes que compõem a tarifa, de
acordo com o manual da NTC.
78
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.
FIG. 4.1 Composição da Tarifa Básica do Transporte Rodoviário
4.3.1 FRETE-PESO
O frete-peso é uma parcela da tarifa que tem como finalidade remunerar o
transporte do bem entre a origem e o destino. Inclui tanto custos diretos quanto
custos indiretos, como custos operacionais do veículo, despesas administrativas e
de terminais, custos de capital e taxa de lucro operacional.
O método de cálculo de custo (NTC, 2001) considera as despesas do frete-peso
realizadas na prestação do serviço, que são apresentadas na FIG. 4.2:
TARIFA BÁSICA
TRANSPORTE
RODOVIÁRIO
FRETE -PESO
FRETE VALOR
GRISOUTRAS TAXAS
PEDÁGIO
79
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.
FIG. 4.2 Formação do Frete – Peso
Os custos operacionais são determinados por meio de estudos técnicos e variam
de uma empresa para outra. Deste modo, observa-se a importância de se levantar
tais despesas de maneira precisa, pois somente assim será possível realizar a
análise realista do desempenho da empresa por tipo de serviço realizado. Os custos
operacionais são compostos por duas parcelas:
Custos de Transferência ou Despesas Diretas: ligados diretamente na
operação do veículo, obtida através dos cálculos dos custos fixos e
variáveis.
Despesas Administrativas e de Terminais ou Despesas Indiretas: ligadas à
estrutura da empresa, essas despesas não estão relacionadas
diretamente à operação do veículo.
Por sua vez, a taxa de lucro é introduzida por um fator maior do que 1, pelo qual
se multiplicam os custos operacionais para se chegar ao frete-peso, cabendo
portanto, a cada empresa, determinar a taxa que deve aplicar em cada caso,
baseada na competição de mercado (NTC, 2001).
Frete - Peso
Custos Operacionais
Custo de Transferência
Custos Fixos
Custos Variáveis
Despesas (DI)conhecidas
como (DAT)
Não estão diretamente rel.com a operação do veículo
Taxa de Lucro
É introduzido um fator maior que 1.
80
A EQ. 4.1 demonstra o método de cálculo do frete peso considerando suas
variáveis.
EQ. 4. 1: Cálculo da Tarifa do Frete-Peso
1001*))*((
LDIXBAF (EQ.4.1)
Em que:
F = Frete-peso (R$/tonelada)
X = Distância da viagem (percurso), em km.
A = Custo do tempo de espera durante a carga e descarga (R$/ton)
B = Custo de transferência (R$/t.km)
DI = Despesas indiretas (R$ /tonelada)
L = Lucro operacional (%)
4.3.1.1 CUSTO DO TEMPO DE ESPERA
Entre as operações de carga e descarga, ou mesmo quando o veículo chega ao
destino para ser descarregado, normalmente há um período em que ele permanece
parado, aguardando o momento de iniciar a operação de carregamento ou
descarregamento. Este tempo deve ser contabilizado nos cálculos, uma vez que o
veículo já está à disposição do embarcador. Seu cálculo pode ser visto na EQ. 4.2.
EQ. 4. 2: Custo do Tempo de Espera
HCAP
TCFA CD
*
* (EQ. 4.2)
Em que:
A = Custo do tempo de espera durante a carga e descarga (R$/ton)
CF = Custo fixo (R$/mês)
Tcd= Tempo de carga e descarga (horas)
H = Número de horas trabalhadas por mês (horas)
CAP = Capacidade utilizada do veículo (toneladas)
81
Deve-se, portanto, dividir o custo fixo mensal (CF) pelo número de horas
trabalhadas (H), que se situa na faixa de 200 a 240 horas por mês, para um turno de
trabalho, podendo ser ampliado por meio de horas extras, para se achar o custo fixo
por hora trabalhada. O próximo passo é multiplicar este resultado pelo tempo de
carga e descarga (Tcd) e dividir tudo pela capacidade utilizada do veículo. Deste
modo, obtém-se o custo do tempo de espera durante a carga e descarga (A).
4.3.1.2 CUSTO DE TRANSFERÊNCIA
Trata-se dos custos relativos à operação de transferência da carga de um ponto
de origem para outro ponto de destino, ou seja, do transporte da carga propriamente
dito. Seu método de cálculo pode ser observado na EQ. 4.3.
EQ. 4. 3: Custo de Transferência
CAP
CVVH
CFB
1*
*
(EQ.4.3)
Em que:
B = Custo de transferência (R$/ton/km)
CF= Custo fixo (R$/mês)
CV = Custo variável (R$/mês)
V= Velocidade (km/h).
H = Número de horas trabalhadas por mês (horas)
CAP = Capacidade média efetiva do veículo (ton)
Custos Fixos: são os custos que não variam conforme a operação do
veículo e são compostos basicamente pelos seguintes itens, conforme EQ.
4.4.
EQ. 4. 4: Custos Fixos
82
SESVRCFLCRERVSOSMRCCF (EQ.4.4)
Em que:
CF = Custo fixo (R$/mês)
RC = Remuneração de capital (R$/mês)
SM = Salário do motorista (R$/mês)
SO =Salário do pessoal de oficina (R$/mês)
RV = Reposição do veículo (R$/mês),
RE = Reposição do equipamento (R$/mês)
LC = Licenciamento (R$/mês)
RCF = Seguro de responsabilidade civil facultativa (R$/mês)
SV = Seguro do veículo (R$/mês)
SE = Seguro do equipamento (R$/mês)
Custos Variáveis: estes custos variam em função da operação do veículo
e são compostos basicamente pelos itens a seguir, conforme EQ. 4.5.
EQ. 4. 5: Custos Variáveis
PRLGLBDCPMCV (EQ.4.5)
Em que:
CV = Custos variáveis (R$/km)
PM = Peças, acessórios e material de manutenção (R$/km)
DC = Combustível (R$/km)
LB = Lubrificantes (R$/km)
LG = Lavagens e graxas (R$/km)
PR = Pneus e recauchutagens (R$/km)
4.3.1.3 DESPESAS ADMINISTRATIVAS
Essas despesas não estão diretamente relacionadas à operação, mas possuem
significativa importância, uma vez que trata de toda a operação indireta do veículo,
83
como os custos de terminais e centros de distribuição (SILVA,2006). A seguir, a EQ.
4.6, mostra o método de cálculo das despesas administrativas.
EQ. 4. 6: Despesas Administrativas
CTEXP
DATDI * (EQ.4.6)
Em que:
DI = Despesas administrativas (R$/mês)
DAT = Despesas administrativas e de terminais por mês (R$/mês)
TEXP =Tonelagem expedida por mês (ton/mês)
C = Coeficiente de uso dos terminais
4.3.1.4 LUCRO OPERACIONAL
Na fórmula simplificada (EQ. 4.1 usada para o cálculo da tarifa do frete-peso, foi
adicionado o percentual do lucro operacional, onde cada empresa possui o seu
próprio índice. Entretanto, segundo a NTC (2001),é pertinente se trabalhar com uma
margem em torno de 10% ou 11%, uma vez que esta é a margem percentual
usualmente utilizada pelas empresas no mercado de transportes rodoviários de
cargas.
4.3.2 GERENCIAMENTO DE RISCOS
O Gerenciamento de Risco (GRIS) é uma alíquota sobre o valor da mercadoria,
necessária para cobrir todas as despesas relacionadas com o gerenciamento de
riscos ligados ao roubo de cargas, inclusive seguro facultativo de desvio de carga
(NTC, 2001).
Atualmente, o aumento da atividade de quadrilhas organizadas no roubo de
cargas, tem obrigado os transportadores a adotarem medidas excepcionais de
gerenciamento do risco, tais como:
84
Segurança patrimonial de suas instalações, escolta dos veículos, com
equipes fortemente armadas e, em casos extremos, até helicópteros;
Instalação de equipamentos sofisticados de vigilância eletrônica nos
terminais e de rastreamento dos veículos via satélite;
Redução da carga transportada em cada veículo, no caso de mercadorias
de maior valor agregado, assumindo-se os ônus de uma ociosidade
forçada, em nome da segurança;
Contratação de seguros facultativos, de transporte e de mercadorias em
depósito, para complementar a insuficiente cobertura do seguro obrigatório
(RCTR-C);
Seleção ainda mais rigorosa de seus motoristas e demais colaboradores,
mediante consulta a cadastros especializados.
Apesar desses cuidados, multiplicou-se por todo o país os casos de roubos
praticados mediante violência ou grave ameaça, por quadrilhas numerosas e com
poder de fogo superior ao dos dispositivos de segurança, públicos ou privados (NTC,
2001).
Segundo NTC (2001), o fato de alguns embarcadores contratarem seguro próprio
não exime o prestador de serviços de manter aquele aparato de segurança, muitas
vezes acrescido de medidas adicionais e específicas impostas pelas seguradoras
dos embarcadores. Essas medidas são particularmente gravosas para as empresas
de transporte de cargas fracionadas, que prestam serviços simultaneamente a
muitos clientes. Por isso, elas se veem diante da difícil tarefa de conciliar a sua
própria política de gerenciamento de risco com as exigências de cada cliente ou
seguradora, em muitos casos conflitantes.
4.3.3 OUTRAS TAXAS
Outras Taxas destinam-se a remunerar os serviços adicionais necessários à
prestação dos serviços. Estas são cobradas apenas quando os serviços
85
correspondentes são efetivamente prestados e, em alguns casos, variam de acordo
com o peso transportado.
Assim, sabe-se que na composição final do frete de uma mercadoria podem
figurar também algumas taxas e tributos, conhecidos também como Generalidades,
desde que não incluídas nas despesas administrativas e de terminais. Muitas delas
são bastante antigas e continuam fazendo parte dos “usos e costumes” do setor,
mesmo após o aperfeiçoamento dos critérios técnicos de cálculo de custos (NTC,
2001).
A finalidade das taxas sempre é a de cobrir riscos anormais, serviços de
documentação ou tributos específicos, necessários à realização do transporte e que
não estão relacionados com o volume ou o peso do bem transportado.
Como tal característica dificulta a inclusão dessas despesas no frete-peso, a
solução encontrada foi a instituição de taxas capazes de ressarcir a empresa desse
tipo de custo.
4.3.4 PEDÁGIOS
Devido à grande elevação do número de rodovias pedagiadas e o preço do
pedágio, a partir da década de 90, foram motivos de muita reclamação dos
motoristas e caminhoneiros, pois termina influenciando no valor do frete (CAIXETA &
MARTINS, 2011).
Instituído pela Lei nº 10.209, de 23 de março de 2001, o Vale-Pedágio obrigatório
foi criado com o principal objetivo de atender a uma das principais reivindicações
dos caminhoneiros autônomos, qual seja: a isenção do pagamento do pedágio.
Deste modo, o contratante do frete passou a ser responsável pelo pagamento
antecipado do pedágio e fornecimento do respectivo comprovante ao contratado.
Com isso, elimina-se a possibilidade de embutir o custo do pedágio no valor do frete
contratado
.Contudo, segundo ANTT (2012), apenas 30% dos caminhoneiros do país
recebem o vale-pedágio para o custeio dessa despesa. Em geral, o transportador
informa o valor do frete e diz que o valor do pedágio está incluído, sendo que na
86
verdade parte do valor do frete do autônomo é para custear o pedágio, o que na
verdade deveria ser pago pelo transportador.
O método de cálculo do pedágio leva em consideração o montante gasto com os
pedágios dividido pela quantidade de tonelada expedida, conforme pode ser
observado na EQ. 4.7, a seguir:
EQ. 4. 7: Pedágios
TEXP
PDP (EQ.4.7)
Em que:
P = Pedágios
PD = Montante mensal pago em pedágios
TEXP = Tonelagem expedida por mês (ton /mês)
4.4 DETALHAMENTO DOS CUSTOS DO FRETE-PESO
Conforme visto na seção 4.3.1, o frete-peso é composto por diversos custos que
permitem que o seu preço seja calculado com base nas equações apresentadas.
Entretanto, torna-se necessário um maior detalhamento destes custos, bem como
maiores esclarecimentos acerca da sua importância no cálculo do frete-peso. Isto se
faz necessário pelo fato de que todos os itens que compõem as despesas tiveram
seus métodos de cálculo detalhados, o que torna possível o cálculo e a inserção dos
valores encontrados, para estes itens, diretamente nas equações da seção 4.3.1,
chegando-se assim, no valor do frete-peso.
Os itens que compõem o custo do frete rodoviário, segundo NTC (2001), podem
ser classificados em custos diretos (fixos e variáveis) e indiretos (Salários e
Encargos e Outras Despesas).
Existem vários fatores que afetam os custos diretos e indiretos do transporte de
cargas. Os principais são: distância, volume, peso e o tempo no trânsito (WANKE &
FLEURY, 2006). Segundo (GORMAN, 2007), este último é responsável pelos altos
gastos referentes aos custos sociais (congestionamento), com tempo perdido nas
87
estradas nos EUA, que tem como consequência, ao aumento do consumo de
combustível.
4.4.1 CUSTOS DIRETOS
Os custos diretos correspondem às despesas ligadas à operação do veículo, e
por isso são chamados custos de transferência (NTC, 2001). Segundo VALENTE
et.al. (2011), esse custo interfere diretamente no aproveitamento e na rentabilidade
operacional de um veículo ou equipamento. Para MARTINS & CAIXETA–FILHO
(2011), tais custos podem ser facilmente identificados por estarem diretamente
relacionado com os serviços oferecidos.
Ainda segundo MARTINS & CAIXETA–FILHO (2011), os custos diretos se
dividem em custos fixos e variáveis, sendo que para fazer uma distinção dos custos
que compõem os custos fixos dos custos variáveis foi fixada a variável distância
percorrida, uma vez que esta está diretamente ligada aos custos variáveis.
Conforme explicado na seção 4.2 a, Associação Nacional de Transporte de
Carga (NTC) e a Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (FIPE) desenvolveram,
em 1990 (revisto e atualizado em 2001), uma planilha que compreende o cálculo dos
custos para operações de transporte rodoviário de cargas, acrescidos dos índices da
variação do custo.
4.4.2 CUSTOS INDIRETOS
Conforme já comentado, os custos indiretos são despesas relacionadas à
estrutura da empresa e à operação dos terminais, e por este motivo são também
conhecidos com Despesas Administrativas e de Terminais - DAT (NTC, 2001).
Assim, os custos indiretos são aqueles que, embora não se identifiquem
diretamente com a atividade de transporte, são necessários ao funcionamento da
empresa. O custo indireto não pode ser relacionado diretamente ao produto, sendo
88
calculado através de critérios de rateio pelos diferentes serviços prestados
(MARTINS & CAIXETA – FILHO 2011).
Como os custos diretos e indiretos já foram explicados anteriormente, a seguir
serão detalhadas as suas subdivisões (fixos, variáveis, salários e encargos e outras
despesas), bem como os itens que compõem esses custos no transporte rodoviário
de cargas e as equações necessárias para efetuar o cálculo.
4.4.3 CUSTOS FIXOS
Para (NTC, 2001), os custos fixos correspondem às despesas operacionais dos
veículos e não variam conforme a distância percorrida, ou seja, mesmo com o
veículo parado ela continua existindo. LIMA (2003) classifica os custos fixos como
independentes do nível de atividade.
Geralmente, os custos fixos devem ser pagos mensalmente e independem da
atividade de transporte, e incluem basicamente: Remuneração Mensal do Capital;
Salário do Motorista; Salários de oficina; Reposição do Veículo; Reposição do
Equipamento; Licenciamento; Seguro do veículo; Seguro do Equipamento; Seguro
de Responsabilidade Civil e Facultativa conforme detalhando a seguir:
4.4.3.1 REMUNERAÇÃO MENSAL DO CAPITAL (RC)
Corresponde ao ganho no mercado financeiro caso o capital não tivesse sido
usado para adquirir o veículo. O coeficiente 0,13 apresentado na equação
corresponde à taxa anual de juros de 12%5 mais 1% ao ano para remunerar o capital
empatado (imobilizado) em peças de reposição (GUIA DO TRANSPORTADOR,
2012). A EQ. 4.8 demonstra a forma de calcular a remuneração de capital:
EQ. 4. 8: Remuneração Mensal do Capital
5A taxa de 12% ao ano foi utilizada para cálculos de financiamentos pelo sistema bancário
brasileiro no início do ano de 2012 (Guia do Transportador, 2012).
89
12
13,0*__ COMPLETOVEÍCULOVALORRC (EQ.4.8)
4.4.3.2 SALÁRIO DO MOTORISTA (SM)
Corresponde às despesas mensais com salário de motorista e horas extras,
acrescidas dos encargos sociais, correspondentes a 96,14% (GUIA DO
TRANSPORTADOR, 2012). A EQ. 4.9, a seguir, demonstra o método de cálculo do
salário do motorista:
EQ. 4. 9: Salário do Motorista
9614,1*_ MOTORISTASALÁRIOSM (EQ.4.9)
4.4.3.3 SALÁRIOS DE OFICINA (SO)
Despesas relacionadas ao pessoal de manutenção e seus encargos sociais,
sendo o coeficiente ‘N’ a relação entre o tipo de veículo e o número de caminhões
atendidos por funcionários do setor. O valor de ‘N’ encontra-se na TAB. 4.1, pois
varia com a classe do veículo. A EQ. 4.10, a seguir, demonstra a forma de calcular o
salário da oficina:
EQ. 4. 10: Salários de Oficina
N
OFICINASALÁRIOSO
9614,1*_ (EQ. 4.10)
TAB. 4.2 Valor de n de acordo com o veículo
Fonte: NTC, 2001
Caminhões pesados 3
Caminhões semipesados e médios 4
Caminhões leves/utilitários 5
Caminhões /mecânico (n)Veículo
90
4.4.3.4 REPOSIÇÃO DO VEÍCULO
Quantia destinada mensalmente a um fundo para adquirir outro veículo novo no
quando o atual completar seu ciclo de vida útil econômica do veículo. Considera-se
que no fim desse período (VV – Vida útil do veículo em meses), o valor de revenda
do veículo seja de 20% do valor do veículo novo (RECEITA FEDERAL, 2012). A
TAB. 4.2 mostra a vida útil em função do tipo de veículo. A seguir, na EQ. 4.11,
pode-se observar o método de cálculo da reposição do veículo:
EQ. 4. 11: Reposição do Veículo
VV
PNEUSSEMZEROVEÍCULOVALORRV
80,0*____ (EQ. 4.11)
TAB. 4.3 Vida útil dos veículos
Fonte: NTC, 2001
Como se pode observar que na EQ. 4.11não se considera o valor dos pneus, que
constituem material de consumo, pois essa despesa é computada em um item
específico do custo variável.
4.4.3.5 REPOSIÇÃO DO EQUIPAMENTO (RE)
É considerado da mesma forma do item anterior, no entanto, refere-se à
reposição do equipamento rodoviário (carroçaria ou carreta). No final da vida útil
econômica do equipamento (VE – Vida útil do equipamento em meses), seu valor de
revenda é de apenas 5% do valor do equipamento novo, considerando a vida útil de
60 meses (RECEITA FEDERAL, 2012). A seguir, a EQ. 4.12, demonstra a forma de
calcular a reposição do equipamento:
Caminhões pesados 84
Caminhões semipesados e médios 72
Caminhões leves/utilitários 60
Veículo Vida útil (meses)
91
EQ. 4. 12: Reposição do Equipamento
VE
PNEUSSEMZEROOEQUIPAMENTVALORRE
95,0*____ (EQ.4.12)
4.4.3.6 LICENCIAMENTO (LC)
Esse item reúne os tributos fiscais que a empresa deve recolher antes de colocar
o veículo em circulação nas vias públicas, tais como:
Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA);
Seguro por danos pessoais causados por veículos automotores (DPVAT);
Taxa de Licenciamento (TL) pago ao DETRAN.
AEQ. 4.13, a seguir, demonstra a forma de cálculo do licenciamento anual de
veículos:
EQ. 4. 13: Licenciamento
12
TLIPVADPVATLC
(EQ. 4.13)
4.4.3.7 SEGURO DO VEÍCULO (SV)
Representa a parcela mensal destinada ao pagamento do seguro ou para
eventuais sinistros (colisão, incêndio, roubo, etc.) ocorridos com o veículo. É
adotado o coeficiente igual 1,07 para adição do IOF - Imposto sobre Operações
Financeiras (GUIA DO TRANSPORTADOR, 2012). A seguir, na EQ. 4.14, pode-se
observar a maneira de se calcular o seguro do veículo:
EQ. 4. 14: Seguro do Veículo
12
07,1*_1 APÓLICECUSTOVSV (EQ.4.14)
Em que: V1 = Prêmio referente ao veículo
4.4.3.8 SEGURO DO EQUIPAMENTO (SE)
92
Representa a parcela mensal destinada ao pagamento do seguro ou para
eventuais sinistros (colisão, incêndio, roubo etc.) ocorridos com o equipamento. É
adotado o coeficiente igual 1,07 para adição do Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF). A seguir, na EQ. 4.15, pode-se observar a maneira de se calcular
o seguro do equipamento:
EQ. 4. 15: Seguro do Equipamento
12
07,1*_2 APÓLICECUSTOVSV
(EQ. 4.15)
Em que:
V2 = Prêmio referente ao equipamento
4.4.3.9 SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL FACULTATIVO (RCF)
É destinado a cobrir danos materiais e a complementar os danos pessoais
causados a terceiros (o valor da cobertura do seguro DPVAT é bastante limitado). A
seguir, na EQ. 4.16, pode-se observar o método de cálculo do seguro de
responsabilidade civil facultativo:
EQ. 4. 16: Seguro de Responsabilidade Civil Facultativo
12
07,1*_ APÓLICECUSTOPRDMPRDPRCF
(EQ. 4.16)
Em que:
PRDP = Prêmio relativo a danos pessoais
PRDM = Prêmio relativo a danos materiais
4.4.3.10 CUSTO FIXO MENSAL TOTAL - (CF)
93
Corresponde ao somatório de todos os custos descritos anteriormente, conforme
demonstra a EQ. 4.17 a seguir:
EQ. 4. 17: Custo Fixo Mensal Total
RCFSESVLCRERVSOSMRCCF (EQ. 4.17)
4.4.4 CUSTOS VARIÁVEIS
Segundo NTC (2001), os custos variáveis correspondem a despesas que variam
com a distância percorrida pelo veículo, visto que, caso o veículo fique parado elas
deixam de existir. Para NOVAES (2001), o custo variável altera-se de acordo com a
quantidade de serviço ofertada, variando em função de fatores básicos do processo.
A seguir pode-se observar o detalhamento dos itens que compõem os custos
variáveis, que são: Peças, Acessórios e Material de Manutenção; Combustível;
Lubrificantes; Lavagem e Graxas; Pneus e Recauchutagem.
4.4.4.1 PEÇAS, ACESSÓRIOS E MATERIAL DE MANUTENÇÃO (PM)
Corresponde aos gastos mensais com peças, acessórios e materiais de
manutenção do veículo. Como estimativa, corresponde a 1% do valor do veículo
novo completo e sem pneus. Uma vez apuradas, essas despesas devem ser
divididas pela quilometragem mensal percorrida, para se obter um valor por
quilômetro. A EQ. 4.18 demonstra a forma de calcular as despesas com peças,
acessórios e material de manutenção:
EQ. 4. 18: Peças, Acessórios e Material
DM
PNEUSSEMCOMPLETOVEÍCULOVALORPM
01,0*____ (EQ. 4.18)
Em que:
DM = Distância mensal percorrida pelo veículo (km).
94
4.4.4.2 COMBUSTÍVEL (DC)
São despesas com combustível para cada quilômetro rodado pelo veículo,
conforme pode ser calculado pela EQ. 4.19.
EQ. 4. 19: Combustível
RM
PCDC (EQ. 4.19)
Em que:
PC = Preço do combustível (R$/litro)
RM = Rendimento do combustível (km/litro)
4.4.4.3 LUBRIFICANTES (LB)
Os gastos com lubrificantes compreendem as despesas necessárias à
manutenção da lubrificação de partes do veículo, como: motor, transmissão e
diferencial, indispensáveis ao bom funcionamento do veículo.
Lubrificantes do Motor (LM)
Refere- se despesas com a lubrificação interna do motor. Além da reposição
total do óleo, deve-se considerar uma taxa de reposição a cada 1.000 km, na EQ.
4.20:
EQ. 4. 20: Lubrificantes do Motor
1000*
VR
QM
VCPLMLM (EQ. 4.20)
Em que:
PLM = Preço unitário do lubrificante do motor (R$/litro)
VC = Volume do cárter (litros)
QM = Quilometragem de troca de óleo do motor (Km)
VR = Taxa de reposição (litros/1000 km)
95
Lubrificantes da Transmissão (LT)
Despesas realizadas com lubrificação da transmissão do veículo (diferencial e
câmbio). A seguir, a EQ. 4.21 demonstra a forma de cálculo dos gastos com
lubrificantes da transmissão:
EQ. 4. 21: Lubrificantes da Transmissão
QT
PLTVCCVDLT
* (EQ. 4.21)
Em que:
VD = Capacidade da caixa e diferencial (litros)
VCC = Capacidade do Câmbio (litros)
PLT = Preço unitário do lubrificante da transmissão (R$/litro)
QT = Quilometragem de troca da transmissão (Km)
Custo total da Lubrificação
O custo total da lubrificação corresponde ao somatório das despesas com a
lubrificação do motor e lubrificação da transmissão, conforme pode ser observado na
EQ. 4.22:
EQ. 4. 22: Custo Total da Lubrificação
LTLMLB (EQ. 4.22)
4.4.4.4 LAVAGEM E GRAXAS (LG)
Despesas com lavagem e lubrificação externa do veículo. Seu cálculo pode ser
efetuado conforme descrito na EQ. 4.23:
EQ. 4. 23: Lavagem e Graxas
QL
PLLG
(EQ. 4.23)
Em que:
96
PL =Preço da lavagem completa do veículo (R$)
QL= Quilometragem recomendada pelo fabricante para lavagem periódica (Km)
4.4.4.5 PNEUS E RECAUCHUTAGEM (PR)
São despesas resultantes do consumo dos pneus utilizados no veículo e na
(carroçaria ou carreta) admite-se uma perda prematura de 20% das carcaças, ou
seja, de cada cinco pneus, apenas quatro permitem recuperação. Além disso, cada
pneu pode ser recapado apenas uma vez, ao longo da sua vida útil. A EQ. 4.24
demonstra a forma de se calcular os gastos com pneus e recauchutagem:
EQ. 4. 24: Pneus e Recauchutagem
VP
NPRNPPPCPPR
**2,1* (EQ. 4.24)
Em que:
P = Preço do pneu novo (R$);
C = Preço da câmara nova (R$);
PP = Preço do protetor novo (R$);
NP = Número total dos pneus do veículo e do equipamento (n);
R = Preço da recauchutagem ou recapagem (R$);
VP = Vida útil total do pneu, incluindo-se uma recauchutagem;
1,2 = Coeficiente para computar 20%6 de perdas de carcaças antes da
recauchutagem.
4.4.4.6 CUSTO VARIÁVEL MENSAL TOTAL – (CV)
6 Este é um valor médio usado pelos transportadores rodoviários de cargas para estipular as
perdas de carcaças de pneus durante seu uso, que impedem que o pneu seja aproveitado para a
recauchutagem. Ou seja, somente 80% dos pneus utilizados podem ser reaproveitados para a
recauchutagem
97
Corresponde ao somatório de todos os custos descritos anteriormente, conforme
demonstra a EQ. 4.25 a seguir:
EQ. 4. 25: Custo Variável Mensal Total
PRLGLBDCPMCV (EQ. 4.25)
Em que:
CV = Custo variável (R$/km)
4.4.5 SALÁRIOS E ENCARGOS SOCIAIS
Este item se refere aos salários e encargos sociais das pessoas não envolvidas
diretamente com a operação dos veículos (funcionários do administrativo, de
vendas, da diretoria, etc.). Estes salários, como nos demais casos, devem ser pagos
mensalmente a estes funcionários, entretanto, seu somatório deverá ser dividido
pela quantidade total de toneladas expedidas pelo centro de distribuição. A EQ. 4.26
demonstra a forma correta de cálculo dos salários e encargos sociais do pessoal
envolvido na administração:
EQ. 4. 26: Salários e Encargos Sociais Administrativo
EXPEDIDAMENSALTONELAGEM
SALÁRIOSADMSALÁRIOS
__)(
(EQ. 4.26)
4.4.6 OUTRAS DESPESAS
Este item relaciona as outras despesas necessárias ao funcionamento da
empresa, como: aluguel, impostos (IPTU, IRPJ, ICMS, IOF, COFINS, Contribuição
Social e outros), material de escritório, comunicações, depreciação de móveis e
utensílios. A despesa por tonelada é calculada da seguinte forma, conforme
EQ.4.27:
EQ. 4. 27: Outras Despesas
EXPEDIDAMENSALTONELAGEM
MENSALDATDAT
__
_ (EQ. 4.27)
98
4.5 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
Existem várias maneiras de se calcular os custos referentes ao transporte de
carga, entretanto, deve-se observar alguns quesitos importantes de modo que o
método escolhido seja adequado ao cálculo proposto.
De maneira geral, o método que divide os custos em grupos, conforme
apresentado neste Capítulo, não esgota o assunto, mas de certa forma consegue
enumerar a maior parte dos itens e detalhes inerentes ao cálculo dos custos do
transporte rodoviário de cargas no Brasil.
Cabe ressaltar que as empresas transportadoras possuem seus próprios
métodos, geralmente baseados em planilhas eletrônicas ou softwares específicos,
que levam em consideração requisitos próprios que elas julgam necessários de
serem considerados, como por exemplo:
Peso da carga: em ocasiões em que o peso realmente seja um fator
diferencial, por ser muito alto ou muito baixo;
Valor da carga: nos quais os seguros serão diferenciados em função deste
quesito, devido à maior probabilidade de roubo, dano ou perda;
Condições da rodovia: quando esta apresenta problemas de
trafegabilidade, que pode onerar os custos durante o deslocamento;
Número de praças de pedágio: uma vez que, apesar das rodovias
pedagiadas apresentarem melhores condições de uso, os custos pagos
pelas tarifas de pedágios impactam diretamente nos custos do frete;
Outras Taxas: que podem surgir especificamente para determinados tipos
de cargas, clientes ou rotas, onde a necessidade de serviços adicionais
implica na cobrança de valores extras para sua execução.
Assim, o método de cálculo dos custos do frete irá depender das condições do
ambiente onde será realizado o transporte, da natureza operacional do mercado em
questão, da atitude governamental, além de fatores técnicos inerentes à própria
característica operacional do transportador de carga. Portanto, na maior parte das
vezes, os métodos de cálculo de custos de frete existentes servem como referência
para a criação ou modelagem de métodos específicos próprios para os
99
transportadores rodoviários de carga, que devem levar em consideração as
peculiaridades da sua atividade.
A seguir no Capítulo 5, é apresentada a metodologia da pesquisa a ser utilizada
durante os trabalhos do estudo em questão.
100
5 METODOLOGIA DA PESQUISA
Este Capítulo apresenta o método de pesquisa utilizado para atender ao objetivo
proposto nesta dissertação, bem como a definição da população e amostra onde foi
aplicada a pesquisa survey para a obtenção das informações necessárias ao estudo.
Apresenta-se, também, o instrumento de pesquisa utilizado na coleta dos dados
de campo, de forma detalhada, e ainda, os procedimentos para o tratamento e
análise dos dados.
5.1 TIPO DE PESQUISA
GIL (2007) define pesquisa como um processo formal e sistemático de
desenvolvimento do método científico, tendo como principal objetivo descobrir
respostas para os problemas, mediante o emprego de procedimentos científicos.
O método de pesquisa escolhido para o levantamento dos dados é a pesquisa
survey, considerado o mais comum para coleta de dados primários em uma
pesquisa. Trata-se, portanto, de uma forma estruturada e padronizada, que utiliza
um questionário para a obtenção das informações necessárias para o estudo. Os
dados podem ser obtidos pelo preenchimento de questionários, aplicados durante
entrevistas pessoais ou questionários de autopreenchimento (FREITAS et al., 2000).
A pesquisa survey, também, é vista como a forma de se obter dados ou
informações sobre aspectos, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas,
indicado pela população alvo, por meio de questionário (PINSONNEAULT&
KRAEMER, 1993). Entretanto, caso as informações sejam necessárias, mas de
difícil obtenção, deverão ser utilizados outros métodos (BABBIE, 1999).
Ainda, segundo PINSONNEAULT & KRAEMER (1993), a pesquisa survey pode
ser classificada quanto ao propósito a ser estudado, quais sejam: explanatória,
exploratória e descritiva. A pesquisa survey explanatória tem como principal objetivo
testar uma teoria e as relações causais, estabelecendo a existência entre estas
101
relações e questionando, inclusive, a existência de tais relações. A exploratória, por
sua vez, objetiva identificar conceitos iniciais de um modelo onde não existem
referências, dando ênfase à determinação de quais conceitos devem ser medidos e
como medi-los. Já a pesquisa descritiva busca identificar quais situações, eventos,
atitudes ou opiniões estão manifestos em uma população. Este último tipo de
pesquisa survey tem como propósito verificar se a percepção dos fatos estudados se
encontra de acordo com a realidade ou não.
Devido à natureza da população, bem como o tipo de informações que se deseja
obter, optou-se por utilizar a pesquisa survey descritiva, uma vez que se pretende
identificar nas amostras coletadas, a relação entre os custos operacionais e o valor
do frete praticado pelos transportadores rodoviários autônomos, desejando-se,
ainda, confirmar se os fatos analisados durante o estudo encontram-se em acordo
com a realidade praticada pelo mercado de fretes.
Outra classificação que permite uma melhor divisão da pesquisa survey refere-se
ao número de momentos no tempo em que os dados serão coletados, ou seja,
quantas tomadas (ou pontos) de dados serão realizadas ao longo do tempo da
pesquisa. Esta classificação pode ocorrer de duas formas, sendo a primeira
longitudinal. Neste caso, a coleta dos dados é realizada ao longo do tempo em
períodos ou pontos especificados, permitindo-se assim, estudar a evolução ou as
mudanças de determinadas variáveis e as relações entre elas. A segunda
classificação conhecida é efetuada por meio de corte transversal (cross-sectional),
onde os dados são coletados em um só momento, o que torna possível descrever e
analisar o estado de uma ou várias variáveis em um dado momento (SAMPIERI et
al.,1991 apud FREITAS et al., 2000).
Segundo BABBIE (1999), deve-se utilizar o corte transversal não somente para
descrever, mas também para determinar a relação entre as variáveis na época em
que ocorreu a pesquisa, o que permitirá fazer descrições e explicações da pesquisa
ao longo do tempo.
Neste estudo, foi utilizada a coleta de dados das amostras através do corte
transversal, uma vez que se deseja obter os dados para o desenvolvimento da
pesquisa num único momento. Isto se deve ao fato de que a aplicação dos
questionários depende da disponibilidade de tempo dos entrevistados para
responder aos questionamentos, e também, pelo fato das respostas não variarem
102
rapidamente ao longo do tempo, o que demonstra não ser necessária a aplicação
sucessiva do questionário para o mesmo público ao longo do tempo.
A FIG. 5.1 apresenta as etapas da pesquisa survey para o desenvolvimento do
trabalho e atendimento ao objetivo proposto no estudo. Neste estudo a pesquisa
para a coleta de informações contou com uma entrevista estruturada desenvolvida a
partir de uma lista de perguntas, denominada questionário, a ser aplicada a todos os
entrevistados (GIL, 2007).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.
FIG. 5.1 Etapas da Pesquisa Survey da Dissertação
A pesquisa survey utilizada nessa dissertação é composta 5 etapas para que se
possa chegar ao objetivo proposto. A primeira etapa trata da elaboração do
questionário, que é o instrumento de pesquisa utilizado para a coleta dos dados em
campo. Na segunda etapa, é definida a amostra a ser utilizada para a aplicação do
questionário. Na terceira etapa, ocorre o teste e a validação deste instrumento de
pesquisa a ser utilizado. Isto permite que o mesmo seja submetido a testes que
garantam a eficiência e consistência do mesmo para os objetivos propostos. A
quarta etapa compreende a aplicação do questionário para os entrevistados de
modo a se obter os dados desejados. Por fim, na quinta etapa, é realizada a análise
103
e interpretação dos dados sobre a relação entre os custos operacionais e o frete
praticado. Maiores detalhes acerca das etapas são abordados ainda neste Capítulo.
5.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
Devido o mercado estudado ter como característica a pouca estruturação de
informações e dados, tornou-se necessária a coleta destes de modo primário, ou
seja, o levantamento das informações necessárias ao estudo foi em sua grande
maioria coletada e produzida em campo (dados brutos). Apesar de haverem
algumas informações em bibliografias sobre o tema e instituições ligadas a este
mercado, observou-se, durante a pesquisa, que estas informações possuíam vários
problemas, como desatualização, inconsistência, inexistência, quebra de séries
históricas, dentre outros. Para que fosse possível o avanço do estudo de forma
estruturada, optou-se por fazer um levantamento de campo na população de
autônomos e empresas, utilizando-se os critérios de amostragem definidos pela
estatística descritiva, o que permitirá que cálculos e demais avaliações sejam
realizados e replicados para a população como um todo.
5.2.1 POPULAÇÃO
A população refere-se a todos os indivíduos ou objetos do grupo que se está
interessado em estudar (DOWNING & CLARK, 2006). Para BRUNI (2011), a
população representa o agrupamento total de dados que descreve um determinado
fenômeno de interesse individual. Após a definição da população que se deseja
estudar, deve-se definir como as amostras serão coletadas na população, ou seja,
definir qual o tipo de amostragem que se deve utilizar.
104
5.2.2 AMOSTRA
Amostragem é o método de como se deseja retirar as amostras da população, de
forma que seja possível fazer estimativas a respeito da referida população. Há dois
tipos de amostragem, a probabilística e a não probabilística (BUSSAB, 1996).
A amostragem probabilística caracteriza-se pelo fato de todos os elementos da
população possuir a mesma chance de ser escolhidos para o estudo. Neste método
de amostragem, devem ser observados critérios para garantir que a amostra seja
representativa à população estudada e que os critérios de escolha dos indivíduos
sejam realizados de forma randômica ou aleatória, ou seja, não há subjetividade, os
indivíduos escolhidos serão sorteados aleatoriamente sendo que sua probabilidade
de participação já será previamente conhecida (DOWNING & CLARK, 2006).
Segundo BRUNI (2011), a amostragem não probabilística apresenta gastos
menores e pode ser executada em menos tempo, não sendo necessário utilizar uma
lista com toda a população. Itens e indivíduos são escolhidos sem conhecer suas
respectivas probabilidades de seleção (LEVINE et al.,2008). Para (FINK, 1995 apud
FREITAS et al.,(2000) ela é obtida a partir de algum tipo de critério, e nem todos os
elementos da população têm a mesma chance de ser selecionados.
Na amostragem não probabilística, os principais tipos de amostras são por
julgamento, por quotas, por blocos e por conveniência. Os itens são selecionados
com base no fato de serem fáceis não dispendiosos ou convenientes em termos de
amostragem. Para este tipo de amostra, em muitos casos, os participantes são auto
selecionados, mas, por sua vez, as respostas a essas pesquisas podem
proporcionar grande quantidade de dados de maneira rápida e não dispendiosa
(LEVINE et al., 2008).
Conforme já mencionado, o mercado estudado possui pouca estruturação quanto
às informações e há uma dificuldade de se obter informações devido à dinâmica das
operações das empresas e dos autônomos. Este fato prejudica a obtenção das
informações, uma vez que dificilmente estes atores poderão se abdicar do seu
período de trabalho para responder aos questionários deste estudo. Deste modo, as
amostras desta população devem ser processadas de forma não probabilística por
conveniência, já que a aplicação do questionário para coleta de informações
105
depende da disponibilidade de tempo dos entrevistados e também, pelo fato dos
gastos com este tipo de amostragem serem menos dispendiosos. Posteriormente
será apresentado detalhadamente o método para definição das amostras das
transportadoras e dos autônomos.
5.2.3 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS AMOSTRAIS PARA AS TRANSPORTADORAS
Inicialmente averiguou-se a possibilidade de se trabalhar com uma população de
empresas transportadoras rodoviárias de carga composta pelas 125 principais
empresas do Brasil, que são de médio e grande porte e que atuam em diversos
setores, tais como carga geral, líquida, produtos siderúrgicos, frigorificada, gêneros
alimentícios, veículos e carga seca a granel. Para definição desta amostra, foi
utilizada a publicação constante no Anuário do Transporte de Cargas (REVISTA
TRANSPORTE MODERNO, 2011), onde estão listadas as principais empresas
deste setor no Brasil, bem como várias informações acerca das mesmas.
Salienta-se que se optou por trabalhar com a população do eixo São Paulo – Rio
de Janeiro, de modo que se possa obter um maior número de dados e tornar a
pesquisa mais rica em termos de informações que possam ser trabalhadas e
estudadas, refletindo-se assim, a realidade deste mercado com maior precisão e
confiabilidade.
Outra justificativa para a escolha, do eixo em questão, foi a expressiva
movimentação de cargas no sentido São Paulo para Rio de Janeiro. Isto pode ser
explicado pela alta concentração de indústrias no Estado de São Paulo que
necessita escoar sua produção para o segundo maior mercado consumidor do país,
o Rio de Janeiro. Por sua vez, o Estado do Rio de Janeiro, que apresenta um
reduzido parque industrial, precisa adquirir bens de consumo de outros mercados
produtores, sendo o maior deles o Estado de São Paulo. Por se tratarem de bens de
médio e alto valor agregado, onde o transporte rodoviário é priorizado no Brasil, a
principal via rodoviária (Rodovia Presidente Dutra ou Via Dutra) de ligação entre
106
estes dois mercados, acaba tendo uma grande movimentação de mercadorias no
sentido Rio de Janeiro.
A seguir na FIG. 5.2 pode-se observar o principal eixo de ligação entre os
mercados SP – RJ, a Via Dutra.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.
FIG. 5.2 Eixo Rodoviário Estudado – (São Paulo – Rio de Janeiro)
Como o estudo em questão foi realizado no eixo rodoviário São Paulo – Rio de
Janeiro, 120 empresas dessa população trabalham neste eixo e juntas representam
30% da carga movimentada na região sudeste, o que torna esta amostra bastante
expressiva e eleva o nível de confiabilidade dos dados coletados. Ressalta-se
inclusive que a região sudeste, foi responsável por 56,4% do PIB nacional, com
destaque para o parque industrial diversificado e o setor de comércio e serviços
(NTC, 2011).
Deste modo, constatou-se que para uma maior facilidade de obtenção de dados
e informações, bem como uma redução expressiva nos custos das pesquisas, seria
melhor reduzir o tamanho da amostra de 125 para as 120 maiores transportadoras
que atuam na região sudeste e consequentemente no eixo rodoviário em estudo.
5.2.4 DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS AMOSTRAIS PARA OS AUTÔNOMOS
SP RJ
107
O tamanho da amostra depende dos seguintes fatores: amplitude do universo,
nível de confiança estabelecido, erro de estimação permitido e a proporção da
característica no universo a ser pesquisado (RICHARDSON, 1999).
Devido as característica desse mercado, já explicadas anteriormente, a forma
mais adequada para se determinar o tamanho da amostra de autônomos para a
aplicação do questionário foi calculada com base na estimativa da proporção
populacional.
Deste modo, a seguir pode se observar a EQ. 5.1 será utilizada para o cálculo do
tamanho da amostra:
EQ. 5. 1: Cálculo da Amostra
n
pp
z
e
ppn
1*
1*2 (EQ.5.1)
Fonte: Ortuzar (2000)
Em que:
n:número de indivíduos (no caso, os autônomos) a serem entrevistados;
p: proporção de autônomos na região sudeste;
e: nível aceitável de erro (proporção): 10%
z: valor do erro padrão da curva normal para o nível de significância: 1,96
N: tamanho da população de autônomos.
Considerando-se o grau de confiança de 95%, então o Valor Crítico Zα/2 será
1,96. Considerando-se p (0,50) para pior hipótese, proporção de autônomos na
região sudeste; o erro máximo aceitável (e) de10% e para N = 417 mil (ANTT, 2011),
população total de autônomos no Brasil, logo tem-se:
sentrevistan _96
000.417
50,01*50,0
96,1
10,0
50,01*50,02
(EQ. 5.2)
Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.
108
Deste modo, o número de autônomos a serem entrevistados, para que se tenha
um nível de significância e confiabilidade adequado, deverá ser superior a 96
indivíduos.
5.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA
Os instrumentos possíveis de serem utilizados para realização da pesquisa
survey são os questionários estruturados, que têm como métodos de aplicação as
entrevistas pessoais, o envio pelo correio, por e-mail ou ainda, outros métodos de
abordagem para a coleta de informações (FREITAS et al., 2000). Para
RICHARDSON (1999), o questionário possui duas funções distintas, sendo uma
delas, descrever as características e a outra medir as variáveis de um determinado
grupo.
Conforme recomendado por SCHNEIDERMAN (1998) e MARCONI & LAKATOS
(1996), neste estudo, optou-se pela utilização de dois métodos de aplicação de
questionário: um método online, que evita custos relacionados à impressão,
distribuição e coleta de formulário de papel, bem como deslocamentos e o método
de entrevista face a face, onde um conjunto de questões são aplicadas e anotadas
pelo entrevistador durante uma entrevista pessoal.
Para o método online foi utilizado o questionário eletrônico como ferramenta de
aplicação, uma vez que este tem como principais vantagens, em relação às
modalidades de entrevista pessoal e entrevista por telefone, a agilidade na
aplicação, agilidade na tabulação dos resultados, possibilidade de se trabalhar com
grandes amostras, baixo custo, flexibilidade e diversidade na elaboração das
questões, conforme destaca (EVANS & MATHUR, 2005) e (HIPÓLITO et al.,1996).
Os questionários podem ser classificados em três categorias, sendo elas
perguntas abertas, perguntas fechadas e os que combinem ambos os tipos
(RICHARDSON, 1999). Ressalta-se que neste estudo foi utilizado o questionário
com perguntas abertas e fechadas (anexo I).
Para HOPPEN et.al. (1996), a elaboração do instrumento e o seu refinamento
são duas fases de extrema importância e que devem ser consideradas para
109
validação do conteúdo. Deste modo, durante a fase de elaboração do questionário
foram realizados testes para a validação do mesmo, utilizando-se para tal, reuniões
e discussões com profissionais do setor de transportes de cargas, professores de
universidades nas áreas de logística, transportes e estatística, alunos de pós-
graduação em logística, dentre outros, de modo que fosse possível a realização de
uma avaliação do conteúdo do questionário quanto à clareza das perguntas,
objetividade, facilidade de compreensão e precisão quanto aos objetivos deste
instrumento. Portanto, o teste e a validação do instrumento de pesquisa propiciou o
apontamento de possíveis falhas no conteúdo de modo que as mesmas pudessem
ser corrigidas ou melhoradas, tornar algumas perguntas mais claras para melhor
compreensão do entrevistado, alterar a ordem das perguntas e melhorar a
sequencia das mesmas.
5.3.1 PESQUISA COM AS TRANSPORTADORAS
Para a pesquisa com as transportadoras foram desenvolvidos dois tipos de
instrumentos para o levantamento dos dados: o questionário eletrônico para envio
online e o questionário aplicado por entrevistas pessoais (face a face).
Vale salientar que para FELSON (2001), apesar da rapidez e baixo custo da
utilização da Internet, a pesquisa com técnicas apenas online pode gerar resultados
não representativos da população.
Para o levantamento de informações nas empresas de transporte de carga,
optou-se por dividi-las em dois grupos, a saber: um grupo para aplicação do
questionário eletrônico online formado por 100 empresas e outro grupo para
entrevista pessoalmente, formado por 20 empresas. As empresas que pertencem a
este último grupo respondem por 60% da carga transportada pela amostra, ou seja,
estas 20 empresas transportam 60% da carga das 120 empresas consideradas pelo
estudo, e deste modo, merecem a aplicação do questionário pessoalmente para a
obtenção de informações mais detalhadas acerca do estudo, bem como outras
informações ainda não identificadas, mas que poderiam servir de apoio à melhor
compreensão do mercado de fretes na região estudada.
110
Com o grupo das 20 empresas, o questionário foi elaborado utilizando como
plataforma o software Microsoft Excel2010, composto por 23 perguntas abertas e
fechadas, abordando diversos fatores de modo a caracterizar as empresas
pesquisadas (anexo I).
O outro grupo formado pelas 100 transportadoras restantes da amostra
considerada recebeu o questionário online (anexo II) desenvolvido e enviado
eletronicamente por meio do software específico para pesquisas online denominado
encuestafacil (disponível em: www.encuestafacil.com).Este questionário contendo 30
perguntas abertas e fechadas foi enviado via e-mail para os 100 gestores de
transportes destas transportadoras. Um link no corpo do texto do e-mail permite a
abertura do questionário eletrônico no software específico e o preenchimento de
maneira fácil e rápida por parte do entrevistado. Uma vez respondido e enviado o
questionário, o programa recebe estas respostas automaticamente e alimenta sua
base de dados, o que consequentemente permite geração de análises estatísticas.
Outro ponto importante quanto à escolha deste software, refere-se ao fato de que
a empresa que recebe o link responde apenas uma vez, pois o programa reconhece
quando determinado endereço de e-mail já respondeu ao questionário e não permite
o reenvio de novas respostas sem autorização do entrevistador, evitando-se assim,
a duplicidade de respostas ou alterações nas respostas por parte do respondente,
sem o controle ou permissão do pesquisador.
5.3.2 PESQUISA COM OS AUTÔNOMOS
Para os transportadores rodoviários autônomos o questionário, também, foi
elaborado utilizando como plataforma o software Microsoft Excel 2010, composto por
14 perguntas abertas e fechadas (anexo III). Entretanto, a aplicação do questionário
foi realizada somente sob a forma de entrevistas face a face, uma vez que essa
classe de trabalhadores não possui, na maioria das vezes, facilidade ao acesso de
recursos de informática e internet.
111
5.4 COLETA DE DADOS
A pesquisa se iniciou em maio de 2011 com os primeiros contatos telefônicos
com as 120 empresas com o intuito de explicar o objetivo da pesquisa e identificar
possíveis profissionais da área de transportes ou logística que pudessem auxiliar
nas respostas do questionário, fornecendo informações acerca do tema. Este
contato tornou-se importante, também, para se averiguar o interesse e
disponibilidade das empresas em participar do estudo, o que permitiu um
planejamento mais detalhado das atividades de pesquisa a serem realizadas.
Salienta-se que algumas dificuldades foram encontradas para a aplicação do
questionário pessoalmente, uma vez que foram necessários diversos contatos
telefônicos na tentativa de se agendar visitas às matrizes das empresas instaladas
em São Paulo e Belo Horizonte, onde os entrevistados escolhidos geralmente
trabalham. Devido ao ritmo intenso de trabalho destes profissionais, bem como as
demandas pelos serviços das transportadoras, geralmente se conseguir um horário
na agenda dos mesmos torna-se um tarefa extremamente difícil e onerosa, devido
ao grande número de ligações telefônicas.
No questionário online os responsáveis receberam eletronicamente o link da
pesquisa juntamente com uma carta de apresentação, fornecida pelo Portal Guia do
Transportador7 (anexo IV), que apoiou a iniciativa desta pesquisa desde o início.
Após 15 dias do envio, foram encaminhados novos e-mails solicitando resposta ao
questionário e novamente destacando a importância da pesquisa aos profissionais
das empresas que ainda não haviam respondido. Durante o período da pesquisa
online foi necessário insistir junto aos entrevistados por diversas vezes, sempre via
e-mail, de modo a se conseguir alcançar o número de respondentes necessários à
pesquisa.
Quanto aos autônomos, foram realizados contatos telefônicos com as empresas
que participaram das entrevistas, para que pudessem informar em que período do
dia seria mais fácil encontrá-los, visto que o foco das entrevistas seriam os
7 Portal especializado na geração de informação, conteúdo técnico e prestação de serviços,
inclusive de consultoria para as pessoas e empresas que atuam na indústria de transportes e
logística.
112
autônomos que prestam serviços às empresas que compõem a amostra de
transportadoras.
Para que a realização do levantamento dos dados fosse possível, tornou-se
necessário o deslocamento até as empresas nos horários de melhor acesso aos
profissionais autônomos, sendo estes no final do dia ou no início do dia.
5.5 TRATAMENTO DOS DADOS
Para iniciar o tratamento dos dados foi realizada uma avaliação precisa no banco
de dados das respostas antes de começar as análises, de modo que fossem
identificados e corrigidos alguns problemas típicos de entrevistas online, como: erros
de digitação, perguntas deixadas em branco, respostas incoerentes, dentre outros.
Este procedimento foi importante para a identificação dos chamados outliers.
O tratamento dos dados foi realizado com o auxílio do software SPSS (Statistical
Package for Social Sciences), para uma maior agilidade e precisão do estudo. Na
análise dos dados foram utilizados procedimentos de estatística descritiva.
Segundo FÁVERO (2009), são considerados outliers observações muito
destoantes dos demais membros de uma população. A presença de outliers pode
ser detectada por meio de análise dos escores “Z” das variáveis, sendo eliminados
valores acima de ±3, para detecção de univariada. Para a detecção de multivariada
é utilizada a medida D² de Mahalanobis (1936), onde são excluídos elementos que
apresentam casos com significância menor que 0,001.
5.6 COMPARAÇÃO ENTRE O FRETE PRATICADO E O CALCULADO
Com base nas entrevistas e pesquisas efetuadas junto às transportadoras e aos
autônomos, foi possível a elaboração da planilha de cálculo dos custos operacionais
da atividade de transporte. Esta planilha está baseada no método de cálculo
desenvolvido pela (NTC, 2001), apresentado no Capítulo 4.
113
Deste modo, a intenção é se chegar ao valor real da operação de transporte se
considerados todos os custos envolvidos na atividade, para posterior comparação
com os valores de remuneração recebidos pelos profissionais autônomos. Esta
comparação permite averiguar se estes valores recebidos encontram-se em
parâmetro proporcional aos custos inerentes à atividade. E, caso a remuneração
esteja abaixo do que seria o correto, quais as varáveis de custos são ignoradas por
estes profissionais em seus cálculos. Ou seja, são feitas a análise de diferentes
cenários, com base nas respostas dos autônomos, a fim de que se identifiquem
quais itens não estão sendo devidamente pagos pela receita operacional.
5.7 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
Apesar dos métodos de pesquisa e coleta de dados em campo já serem bastante
conhecidos e consagrados pela literatura acerca do assunto, cabe destacar que
coletar informações junto ao mercado de transporte torna-se uma tarefa complexa à
medida que este mercado é bastante competitivo e evita repassar as informações
para desconhecidos.
Deste modo, foi necessária a elaboração de um questionário a ser aplicado de
forma sistemática, tanto nas empresas, quanto para os autônomos a fim de que se
conhecesse e se descobrisse os detalhes inerentes aos custos praticados no eixo de
transporte São Paulo a Rio de Janeiro. Este questionário também foi enviado
eletronicamente para algumas empresas a fim de que estas pudessem contribuir
com suas informações acerca do tema.
Uma vez recebidas estas informações, as mesmas deverão ser tabuladas,
validadas e tratadas estatisticamente, de modo a se obter as informações
necessárias ao estudo.
No Capítulo 6, são apresentados os resultados da pesquisa realizada em campo,
bem como as análises efetuadas para as mesmas.
114
6 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO
Os resultados apresentados neste Capítulo são referentes à pesquisa de campo
realizada entre os meses de maio e setembro de 2011 junto às transportadoras e
transportadores autônomos de carga rodoviária na região sudeste, e teve como
propósito coletar informações sobre o mercado de frete no eixo São Paulo a Rio de
Janeiro.
Das 20 empresas de maior peso da região estudada, que juntas representavam
60% da carga transportada na região, apenas 15 aceitaram responder pessoalmente
ao questionário contendo as 24 perguntas abertas e fechadas (anexo I), sendo que
as demais não quiseram participar do estudo.
Para um outro grupo de empresas transportadoras foi enviado o questionário
online, dos 100 gestores de transportes dessas transportadoras que receberam o
questionário, contendo 31 perguntas abertas e fechadas (anexo II) juntamente com a
carta de recomendação do Guia do transportador (anexo IV), apenas 9 responderam
ao questionário. Mesmo após várias tentativas esse número não se alterou, fazendo
com que o número total de empresas pesquisadas fosse de 24 amostras.
Para a pesquisa com os transportadores autônomos, foram realizadas visitas às
transportadoras que participaram do estudo, em horários que fossem mais fáceis de
encontrá-los, visando responder ao questionário contendo as 14 perguntas abertas e
fechadas (anexo III). Um total de 100 autônomos aceitou participar da pesquisa,
valor superior ao definido na seção 5.2.4.
A partir das informações coletadas foram feitas análises estatísticas com o auxílio
do software SPSS (Statistical Package for Social Sciences), com o intuito de se
verificar a presença de outliers e a realização do teste “t”.
A seguir serão apresentadas as análises realizadas para os autônomos e para as
transportadoras e, ao final, será apresentada uma análise comparativa entre ambos.
6.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS AUTÔNOMOS
115
Conforme mencionado, foram realizadas análises para verificar a presença de
outliers na base de dados utilizando o método de detecção univariada e multivariada
(seção 5.5). Foi identificado apenas 1 caso de outlier, entretanto, analisando-se a
base de dados com e sem outlier, observou-se que não houve nenhuma alteração
na média dessa variável, optando-se assim, por deixá-lo na base.
Entre os autônomos entrevistados, a pesquisa apresentou uma média de 24 anos
de atuação profissional no mercado, com desvio padrão de 6 anos, e ainda,
apresentando o valor mínimo de 5 anos e o máximo de 33 anos. Como se pode
observar na FIG. 6.1, percebe-se que há uma forte concentração, com cerca de
44%, dos entrevistados no intervalo entre 26 e 30 anos.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
FIG. 6.1 Histograma da variável tempo no mercado
6.1.1 PERFIL DA FROTA DOS AUTÔNOMOS
Observa-se na FIG. 6.2 que, em relação ao tipo de veículo, 58% dos
entrevistados apresentam como principal veículo de uso os caminhões do tipo
carreta, o caminhão truck vem em segundo lugar com 38%, e o caminhão do tipo
toco com 4%. Assim, pode-se constatar que a carreta é a mais utilizada pelos
autônomos no eixo estudado, uma vez que os semirreboques observados na seção
2.2.1 possuem facilidade de adequação para o transporte de diversas cargas, ao
116
mesmo tempo em que permite uma ampliação do leque de opções e permite o
deslocamento de maior quantidade de carga. Os demais veículos são utilizados em
menor proporção ou em ocasiões específicas.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
FIG. 6.2 Participação por tipo de veículo
6.1.2 RENOVAÇÃO DA FROTA DOS AUTÔNOMOS
Quanto à periodicidade de renovação da frota dos autônomos, a média
apresentada é de cerca de 16 anos, com desvio padrão de 4, ou seja, os autônomos
permanecem cerca de 16 anos com seus veículos até a próxima troca. Observa-se
na FIG. 6.3, que 3/4 dos entrevistados estão concentrados na faixa entre 11 a 20
anos de permanência com o veículo, o que demonstra que a frota dos autônomos é
obsoleta. Este fato traz algumas consequências no momento da contratação de
serviços por parte das empresas, uma vez que estas são relutantes em contratar
veículos muito antigos para a movimentação de certos tipos de cargas.
Em alguns casos, existem autônomos que entraram no mercado e nunca
trocaram o seu veículo, permanecendo com o mesmo caminhão de quando entrou
no mercado autônomo de transportes de carga.
117
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
FIG. 6.3 Renovação da Frota dos Autônomos
6.1.3 IDADE MÉDIA DA FROTA DOS AUTÔNOMOS
Segundo RNTRC (2012), a idade média da frota nacional é de 19 anos, o que de
certa forma se confirma na pesquisa realizada nesse estudo, onde a média de idade
dos veículos dos entrevistados é de 18,3 anos. Na FIG.6.4, observa-se que 37% das
respostas encontram-se na faixa de idade entre 11 e 15 anos. Este fato pode ser
explicado por se tratarem de autônomos que trabalham para empresas, que por sua
vez exigem que os veículos contratados não tenham idade tão elevada. Estas
exigências se devem a questões de segurança da operação, redução de acidentes
(caso haja acidentes com vítimas ou perdas materiais a empresa pode ser
corresponsabilizada), bem como a confiabilidade na execução do serviço contratado.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
FIG. 6.4 Idade Média da Frota dos Autônomos
118
6.1.4 SEGURO DO VEÍCULO
Quanto ao seguro veicular, pode-se constatar na FIG.6.5 que 70% dos
entrevistados não possuem qualquer tipo de seguro, sendo que os demais possuem
seguro veicular na modalidade de cooperativa de segurados, onde um grupo de
caminhoneiros contrata o seguro conjuntamente, proporcionando maior economia no
valor pago por cada segurado.
Ainda, pode-se observar na pesquisa realizada que os autônomos não
conseguem segurar o seu veículo, em grande parte, devido a idade avançada da
frota, o que leva as seguradoras a não aceitarem os contratos de seguro.
Eventualmente quando estas aceitam, os valores do seguro se tornam proibitivos
para os profissionais autônomos, que na maioria das vezes não conseguem honrar o
pagamento das prestações dentro dos seus orçamentos.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
FIG. 6.5 Seguro do Veículo
6.1.5 DISTRIBUIÇÃO POR TIPO DE CARGA
Segundo estudos do IBGE (2007) a carga geral foi responsável por 47,2% da
receita do setor. Como mostra a FIG. 6.6, analisando a variável tipo de carga,
observa-se que carga geral foi a que obteve uma maior participação com cerca de
119
85% dos entrevistados e a carga frigorífica com apenas 15%. Cabe ressaltar, no
entanto, que a grande parcela de autônomos que transportam cargas frigorificadas
em sua maioria é contratada apenas para alugar o cavalo mecânico (cavalinho) ou o
chassis do caminhão truck para este tipo de transporte, uma vez que o baú
refrigerado pertence à empresa. Isto pode ser explicado pelos altos custos de
aquisição e manutenção deste tipo de equipamento (carreta baú refrigerado ou baú
refrigerado), o que seria um fator impeditivo para o autônomo.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
FIG. 6.6 Distribuição por tipo de Carga
6.1.6 VALOR DO FRETE NO EIXO RODOVIÁRIO PESQUISADO
Verifica-se na FIG.6.7 que o valor médio do frete no eixo estudado (SP – RJ),
levando-se em consideração o tipo de carga e veículo, é de R$ 74,00/ton para a
Carreta, para o truck é de R$ 110,00/ton e para o Toco de R$ 117,00/ton.
Observa-se também que o valor do frete da carga frigorífica é em média12%
superior a carga geral, pelas razões comentadas anteriormente como necessidade
de acondicionamento especial, veículo apropriado, o que torna o preço do frete mais
caro.
120
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
FIG. 6.7 Histograma do Valor do Frete por Tipo de Veículo
Os autônomos também foram indagados sobre os valores que as transportadoras
contratam seus serviços e, como já era esperado, 100% dos entrevistados
consideram que os preços pagos pelas transportadoras são injustos, o que os leva a
sacrificar os veículos e a segurança da operação de transporte. Em média, os
entrevistados consideram que um frete justo a ser pago pelas empresas
transportadoras por seus serviços situar-se-ia em torno de R$ 122/ton, ou seja,
comparando-se com a média atualmente praticada deveria haver um incremento
médio de cerca de 40%.
6.1.7 ANÁLISE DO TESTE “T”
Este método é aplicado quando se quer avaliar a hipótese de que duas médias
são iguais ou não. A TAB.6.1 apresenta o resultado do teste “t” no SPSS.
Segundo o teste de Levene, que testa a hipótese de igualdade das variâncias, há
evidências que existe diferença significativa entre as variâncias do preço médio do
frete e o preço que se acha justo. Logo, deve-se analisar o teste t que considera as
variâncias diferentes. Assim, pode-se concluir que existem diferenças significativas
entre os preços dos fretes.
702
1755
125,3571
R$ 74,00
R$ 110,00
R$ 117,00
R$ 83,00
R$ 124,00
R$ -
R$ 20,00
R$ 40,00
R$ 60,00
R$ 80,00
R$ 100,00
R$ 120,00
R$ 140,00
Carreta Truck Toco
R$
/ m
il To
ne
lad
as
Ca
rga
Ge
ral
Ca
rga
Ge
ral
Ca
rga
Ge
ral
Ca
rga
F
rig
orí
fic
a
Ca
rga
F
rig
orí
fic
a
121
TAB. 6.1 Resultado do Teste t
Fonte: SPSS (Statistical Package for Social Sciences)
6.1.8 COMPOSIÇÃO DO PREÇO DO FRETE
Para 100% dos autônomos entrevistados, os custos inerentes à operação de
transporte: combustível, pneus, manutenção, pedágio e salário, são as principais
variáveis consideradas para cálculo dos valores do frete. Deste modo, pode-se
observar que eles estão cientes de que estas variáveis são de suma importância
para o cálculo do seu frete, entretanto, na maior parte dos contratos firmados entre
os autônomos e as transportadoras, estes primeiros nem podem utilizar estas
variáveis para cálculo do seu frete, uma vez que a transportadora já possui sua
própria tabela de fretes (tabela fechada).
Mesmo assim, nos raros casos em que as transportadoras aceitam negociar o
valor do frete, os autônomos se guiam pelos preços praticados pelo mercado sem se
dar conta de que podem estar novamente cobrando preços de frete abaixo do que
seria justo. Isto se deve em parte pelo fato da maior parte dos transportadores
autônomos terem baixo nível de escolaridade e não possuírem conhecimento
técnico mínimo para realizar os cálculos necessários à composição do valor justo
para o seu frete.
Na pesquisa, 100% dos entrevistados responderam que combustível, pedágio e
alimentação são as variáveis mais importantes nos custos do frete, uma vez que
elas representam quase 50% do valor. Ressalta-se que 46% dos entrevistados
122
adicionaram o item estadia aos três itens anteriores como fator importante para a
composição do frete.
Quanto à variável relacionada à negociação do preço do frete pelo serviço
prestado, 78% dos entrevistados responderam que não há margem para
negociação, pois, como mencionado anteriormente, o preço do frete já está
previamente determinado para o tipo de carga, tipo de caminhão e a rota. Deste
modo, muitos não conseguem elevar o preço para o patamar que desejam, já que as
empresas que os contratam afirmam que estão praticando os preços do mercado.
Logo, apenas 22% dos demais entrevistados disseram que existe algum tipo de
negociação entre as partes, o que os permite conseguir um incremento a mais do
que lhes foi oferecido de início, mas não o que seria justo.
6.1.9 CIRCUNSTÂNCIA PARA A CONTRATAÇÃO DE AUTÔNOMOS
Analisando-se a circunstância para a utilização do serviço dos autônomos foi
observado que 74% dos entrevistados consideram que a maior parte das
contratações ocorre quando há um aumento sazonal da demanda, ou seja, quando a
frota própria da empresa não consegue atender à sobredemanda de alguns períodos
de safra, produção industrial ou outros. Neste caso, as empresas recorrem aos
serviços proporcionados pelos transportadores autônomos a fim de complementar
sua capacidade de ofertar este serviço para o setor produtivo.
Outros 22% consideram que a maior parte das contratações ocorre em trechos
de longa distância, pois muitas vezes as empresas prioriza manter os seus veículos
disponíveis, de modo a não ocupá-los por longos períodos de tempo em uma única
viagem deixando sua frota livre para viagens curtas, sucessivas e ao mesmo tempo
lucrativas. O restante, composto por 4%, considera que as contratações ocorrem em
serviços de entregas em áreas urbanas, sendo que neste serviço este percentual
menor se deve à característica deste trabalho, que necessita de caminhões de
menor porte como os caminhões do tipo Toco, apresentado na seção 2.2.1.
123
Constata-se que a maioria dos autônomos entrevistados (71%) acha injusto o
valor do frete pago pelas transportadoras. Em sua opinião, as empresas são as
grandes culpadas por não chegarem a um consenso com as demais
transportadoras, uma vez que são elas que ditam as regras do mercado de frete.
Apenas 26% acham bom e 3% acham muito bom como mostrado na FIG. 6.8.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
FIG. 6.8 Nível de satisfação quanto ao frete pago pelas empresas
6.1.10 MANUTENÇÃO DOS VEÍCULOS
Em relação à manutenção veicular, observa-se que apenas 27% realiza estes
reparos periodicamente, sendo esta manutenção muitas vezes realizada por eles
mesmos, encaminhando seus veículos para uma oficina especializada apenas para
serviços que eles não conseguem resolver.
Entretanto, conforme pode ser constatado pela pesquisa, o fato da idade dos
veículos ser, na maior parte das vezes, muito elevada, os mesmos precisam passar
por manutenções sucessivas para que não parem de trabalhar. Este fato causa um
grande impasse na atividade destes profissionais de transporte, pois, se por um lado
o veículo mais antigo necessita ficar longos períodos de tempo parado com
manutenções, estes mesmos veículos precisam estar disponíveis a maior parte do
tempo para as oportunidades de trabalho que surgirem, uma vez que na maior parte
124
das vezes esta é a única atividade remunerada deste profissional e o veículo sua
ferramenta de trabalho essencial.
Os demais entrevistados 73% só realizam reparos nos veículos quando este
apresenta algum defeito que o impossibilite de executar sua atividade de transporte
deixando-o sem remuneração, e neste caso, o desembolso para a manutenção
geralmente é bem maior do que se esta fosse realizada periodicamente.
6.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS EMPRESAS TRANSPORTADORAS
Para se fazer a análise das empresas transportadoras rodoviárias de carga,
foram entrevistadas, in loco, 15 transportadoras na região sudeste, sendo 3
localizadas no Rio de Janeiro, 8 em São Paulo, 3 em Belo Horizonte e 1 em Vitória,
como mostra a FIG 6.9. Também foi enviado um questionário On line para 100
empresas, das quais apenas 9 responderam a pesquisa, o que totalizou 24
respostas na amostra .
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.
FIG. 6.9 Localização das Empresas Entrevistadas
Por meio das entrevistas e questionários, procurou-se identificar as principais
variáveis que influenciam os custos dos fretes praticados no Eixo São Paulo – Rio
de Janeiro, a partir de um conjunto a presentado: idade média da frota, periodicidade
de renovação, carga transportada no eixo estudado, utilização do seguro veicular,
125
necessidade de terceirização do serviço de transporte, tipo de veículo utilizado,
utilização do serviço do autônomo, valores dos fretes pagos, dentre outras.
Inicialmente, foram realizadas análises para verificar a presença de outliers na
base de dados. Realizou-se a detecção univariada e multivariada, como
apresentado na seção 5.5, sendo que apenas dois casos foram considerados
outliers, mas que não ocasionou alteração significativa nos resultados. Ou seja,
comparando-se a base de dados com e sem o outlier, observou-se que não houve
nenhuma alteração na média dessas variáveis, de modo que não houve a
necessidade de exclusão destes dados da base.
6.2.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS
Conforme apresentado na FIG 6.10, 8% das entrevistas foram respondidas pelos
Supervisores, 71% pelos Gerentes de Transportes/Projetos, uma vez que estes são
os principais responsáveis pelas operações, incluindo gerenciamento de custos; e
por fim, 21% dos entrevistados foram diretores das empresas. Logo, pode-se
perceber que 92% dos entrevistados são Gerentes e Diretores que possuem
funções estratégicas na empresa e, portanto, estão capacitados a responder ao
questionário aplicado com a devida consistência necessária.
126
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.10 Perfil dos Entrevistados
6.2.2 PERFIL DA FROTA DAS EMPRESAS
Quase metade das empresas pesquisadas possui uma frota composta por menos
de 250 veículos, enquanto que apenas 16% destas possuem grandes frotas,
formadas por mais 900 veículos. Cerca de 17% das empresas possuem entre 250 e
600 veículos e 21% das empresas pesquisas têm suas frotas compostas por 600 a
900 veículos de transporte de carga, conforme apresentado na Figura 6.11.
8%
42%
33%
17%
0% 10% 20% 30% 40% 50%
Até 5 anos
6 a 11 anos
12 a 17 anos
18 ou mais
% Perfil dos Entrevistados
Te
mp
o d
e E
mp
res
a
21%
71%
8%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
Diretor
Gerente de Transportes / Projetos
Supervisor
% do Perfil de Entrevistados
Fu
nç
ão
do
En
tre
vis
tad
o n
a
Em
pre
sa
127
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.11 Tamanho da Frota da Empresa
Outra variável utilizada para o estabelecimento do perfil da frota das empresas
que operam no Eixo SP – RJ foi o tipo de veículo utilizado pelas empresas para os
seus serviços de transporte. De acordo com a classificação dos veículos rodoviários
de carga apresentada na seção 2.2, pode-se constatar que a frota das
transportadoras é composta maciçamente por carretas (62%), enquanto que 22%
são caminhões truck, 12% são caminhões toco e 4% são outros veículos (FIG 6.12).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.12 Divisão da Frota da Empresa
Entretanto, nas operações de transporte no Eixo SP – RJ as empresas utilizam
apenas as suas carretas para o deslocamento de cargas, ficando os demais tipos de
veículos para ocasiões específicas, como rotas curtas, distribuição em centros
46%
17%21%
8% 8%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
0-250 251-600 601-900 901-1.300 >=1.301
% d
e E
mp
resa
s
Frota da Empresa ( unidades)
62%
22%
12%4%
Carreta
Truck
Toco
Outros
128
urbanos e encomendas especiais. Na prática, as empresas recebem as
encomendas e cargas dos diversos clientes e as consolidam num só carregamento
que seja suficiente para completar a carga de uma carreta. De acordo com os
entrevistados, a utilização deste tipo de veículo é mais econômica, uma vez que ele
desloca uma expressiva quantidade de carga de uma única vez.
6.2.3 IDADE MÉDIA DA FROTA DAS EMPRESAS
Em geral a idade média da frota das empresas é de 5 anos, sendo que muitas
vezes quando conseguem boas negociações em feiras de veículos de transportes
ou promoções atraentes, elas trocam antes de 5 anos, o que as permite manter sua
frota sempre renovada e confiável para prestação dos serviços.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.13 Idade Média da Frota da Empresa
Observa-se, por meio da FIG 6.13, que a maior parte (83%) das empresas
pesquisadas possuem frotas com idade entre 3 e 5 anos e apenas 17% apresentam
idade inferior a 3 anos.
6.2.4 TAMANHO DA FROTA DE AUTÔNOMOS CADASTRADOS NAS EMPRESAS
17%
83%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
0--3 3--5
% E
mp
resa
En
trev
ista
das
Idade da Frota (anos)
129
As empresas utilizam em, grande parte dos seus serviços de transporte,
profissionais autônomos. O principal motivo que leva empresas transportadoras a
terceirizarem parte de seus serviços para autônomos é a sazonalidade da demanda,
tais como épocas festivas ou de fechamento de grandes contratos de distribuição.
Este fator foi apontado por 63% dos respondentes como o principal motivador para a
contratação de autônomos. Outro fator, apontado por 12% dos entrevistados como
principal motivador para a terceirização, são as longas distâncias de transporte, uma
vez que a empresa prioriza manter os seus veículos disponíveis para transportes
mais lucrativos e repassa para os autônomos esta tarefa geralmente mais demorada
e custosa. Em 7% dos casos os autônomos são contratados para realizarem
serviços de distribuição urbana e, em cerca de 18% das ocorrências as
transportadoras repassam serviços para autônomos devido ao baixo valor do frete,
pois consideram que a lucratividade não será tão atraente para a realização do
serviço com a frota própria.
Deste modo, as empresas criam cadastros de transportadores autônomos de
cargas, de modo que haja um efetivo controle das contratações e da qualidade dos
serviços prestados por estes profissionais e para que seja mais fácil contatá-los
quando houver a necessidade de contratação deste serviço.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.14 Frota de Autônomos Cadastrados na Empresa
Pela análise da FIG 6.14, a frota de transportadores autônomos cadastrados nas
empresas é composta basicamente por cerca de 1.500 profissionais em 83% das
83%
8%4% 4%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
0 -1500 1501- 4000 4001-6000 >=6001
% d
as E
mp
resa
s En
trev
ista
das
Frota dos Autônomos (unidades)
130
empresas pesquisadas, de 1.501 a 4.000 em 8% das empresas, de 4.001 a 6.000
em 4% das empresas e, em apenas 4% das empresas os cadastros possuem mais
de 6.001 autônomos.
6.2.5 PERFIL DA FROTA DE AUTÔNOMOS CADASTRADOS NAS EMPRESAS
Quanto ao perfil da frota dos autônomos cadastrados juntos às empresas
transportadoras, pode-se observar na FIG 6.15 que as carretas predominam em
70% dos casos, seguida dos caminhões truck (25%), por veículos toco (1%) e 5%
para os outros tipos de veículos.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.15 Divisão da Frota de Autônomos Cadastrados
Esta concentração das carretas no perfil da frota de autônomos cadastrados se
deve ao fato da preferência que as empresas têm por este tipo de veículo. Além da
sua flexibilidade no transporte de cargas variadas, as carretas também são
economicamente viáveis em trechos de transporte médios e longos.
6.2.6 IDADE DA FROTA DE AUTÔNOMOS CADASTRADOS NAS EMPRESAS
70%
25%
1%5%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Carreta Truck Toco Outros
% T
ipo
de
Ve
ícu
lo d
a Fr
ota
do
s A
utô
no
mo
s
Tipos de Veículos
131
Apesar da baixa idade da frota própria das empresas, o que se traduz em
veículos mais novos e modernos, a frota dos autônomos cadastrados junto às
empresas é bastante antiga, como pode ser visto na FIG 6.16. A maior parte dos
veículos dos autônomos que trabalham para as empresas transportadoras (71%)
possuem veículos com idade média entre 13 e 16 anos, sendo que 17% são
superiores a 17 anos e apenas 12% dos autônomos possuem veículos com idade
inferior a 12 anos. Este envelhecimento se deve, provavelmente, à baixa
remuneração do autônomo durante a contratação dos seus serviços e, também, pelo
fato de que estes dificilmente têm acesso aos benefícios experimentados pelas
empresas durante feiras de veículos e promoções que tendem a reduzir os preços
dos veículos.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.16 Idade Média dos Autônomos Cadastrados
6.2.7 CARGA TRANSPORTADA PELAS EMPRESAS
Quanto à quantidade de carga transportada, pode-se observar na FIG 6.17 que
mais de 60% das empresas pesquisadas transportam um volume expressivo de
carga que chega a 100 mil toneladas por mês. Já 21% das empresas movimentam
entre 100 e 150 mil toneladas mensais e as 17% restantes transportam mais de 150
mil toneladas por mês.
12%
71%
17%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
0-12 13-16 >=17
% E
mp
resa
s
Idade Média da Frota dos Autônomos Cadastrados (anos)
132
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.17 Volume de Carga Transportada
Observa-se, portanto, uma expressiva movimentação de carga nesta região de
estudo, o que permite a ambos os transportadores (autônomos e empresas) terem
altas taxas de ocupação dos seus veículos. Este fato deveria ser traduzido em
aumento de ganhos proporcionais para ambos os transportadores, uma vez que os
veículos teriam, conforme observado na pesquisa, baixas taxas de ociosidade.
Entretanto, na prática, isto não acontece, já que as empresas continuam a praticar
preços médios de contratação dos autônomos muito baixos,
6.2.8 PARTICIPAÇÃO DAS EMPRESAS NO EIXO SP - RJ
Pelo fato do Eixo SP – RJ ser um dos corredores de transporte mais importantes
do país, observa-se pela FIG 6.18 que cerca de 80% das empresas pesquisadas
transportam de 20% a 100% das suas cargas neste eixo, enquanto que apenas 21%
das empresas transportam menos que 20% de suas cargas no Eixo SP – RJ. Desta
forma, pode-se constatar que a maioria das empresas pesquisadas consideram este
eixo de transporte extremamente importante para suas operações e, portanto, o têm
como principal rota de geração das suas receitas.
17%
45%
21%17%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
0-50 51-100 101-150 >=151
% d
as E
mp
resa
s
Carga Transportada (mil toneladas/mês)
133
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.18 Participação da Carga das Empresas no Eixo
6.2.9 PARTICIPAÇÃO DOS AUTÔNOMOS NO TRANSPORTE DAS EMPRESAS
Pode-se constatar, a partir da FIG 6.19, que as empresas utilizam bastante os
serviços oferecidos pelos autônomos para o transporte de suas cargas. Metade das
empresas analisadas repassa até 20% das suas cargas para os autônomos, já 21%
das empresas pesquisadas repassam de 21% a 40% das cargas. Outros 21%
repassa entre 41% e 60% das cargas, sendo que apenas 8% repassam mais de
61%. Isto demonstra que as empresas que operam nesta região utilizam de forma
incisiva e em grande escala os serviços ofertados pelos autônomos. Entretanto, se
por um lado esta maciça contratação do autônomo leva a crer que estes
profissionais são demandados e, portanto, conseguem aumentar suas receitas pelos
grandes volumes de trabalho, por outro lado observa-se que se não houver uma
melhor remuneração no valor dos fretes pagos pelas empresas, isto irá acarretar em
aumento de jornada de trabalho com incremento na depreciação do veículo, mas
sem o esperado aumento significativo no lucro pelo serviço prestado.
12,5%8,3%
54,2%
25,0%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
0% - 10% 11% - 20% 21% - 30% >=31%
% d
as E
mp
resa
s
% de Participação Eixo SP-RJ (toneladas/mês)
134
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.19 Utilização dos Autônomos pelas Empresas
6.2.10 DISTRIBUIÇÃO POR TIPO DE CARGA
Conforme comentado anteriormente, o tipo de carga predominante nesta região e
neste Eixo de transporte é a carga geral. Quando se analisa os dados das empresas
pesquisadas pode-se observar a confirmação deste fato, uma vez que 92% das
respostas dos entrevistados apontaram para a movimentação predominante de
carga geral por parte das empresas. Esse tipo de carga pode ser transportada de
forma unitizada (em pallets, em contêiner) ou solta (sacas, caixas, etc). Apenas 8%
transportam a carga frigorífica.
50%
21% 21%
8%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
0% - 20% 21% - 40% 41% - 60% >=61%
% d
as E
mp
resa
s
% Participação dos Autônomos (toneladas/mês)
135
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.20 Distribuição por tipo de Carga
6.2.11 PRINCIPAIS VARIÁVEIS DE CUSTOS NO PREÇO DO FRETE
Das variáveis consideradas para a formação do preço final do frete, foram
enumeradas como principais: combustível, manutenção, pedágio, pneus, salários e
seguros. De fato, estas variáveis possuem importância significativa para os
profissionais que trabalham nas empresas, uma vez que elas são as mais sensíveis
no processo de precificação dos serviços de transporte ofertados pelas empresas.
Assim, toda e qualquer alteração (para mais ou para menos) nos valores destas
variáveis poderá influenciar sobremaneira o preço final do frete praticado pela
empresa transportadora.
De modo a se extrair informações acerca da ordem de importância de cada uma
destas variáveis consideradas, os respondentes foram questionados sobre o grau de
importância que cada variável possuía para a formação do preço final do frete. Com
base na tabulação e análise das respostas obtidas, tem-se a sequência de
importância, conforme apresentado na FIG 6.21.
92%
8%
Carga Geral
Frigorífica
136
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.21 Importância das Variáveis que formam o Preço do Frete
Pode-se observar que todos os respondentes confirmaram que combustível é o
item de maior importância na formação do preço do frete, seguido de manutenções
veiculares com 50% das ocorrências de respostas, pedágios aparecem em terceiro
lugar com 46% das respostas. Os gastos com pneumáticos aparecem quarto lugar
na escala de importância com 38% de confirmações, seguindo por salários com 33%
e seguros com 13% das respostas.
6.2.12 VALOR DO FRETE NO EIXO RODOVIÁRIO PESQUISADO
Pode-se constatar, (ver FIG 6.22), que a média dos fretes praticados pelas
empresas no Eixo transportando carga geral é de R$ 114,00/tonelada, sendo a
principal carga movimentada por carretas pelas transportadoras entrevistadas. Já o
valor do frete para a carga frigorífica, por precisar de acondicionamento especial,
fica em média a R$ 125,00/tonelada para a carreta, ou seja, 9,6% mais cara que a
carga geral.
0%
20%
40%
60%
80%
100%100%
50% 46%38% 33%
13%
% P
arti
cip
ação
das
Var
iáve
is
Variáveis
137
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012
FIG. 6.22 Valor do Frete
Se forem utilizados os caminhões truck para esta mesma finalidade pode-se
perceber um aumento nos custos de transporte da carga geral de 54% em relação
aos custos da carreta e de 62,5% para a carga frigorificada.
Analisando-se, ainda, a utilização do caminhão truck para o transporte de ambas
as cargas pode-se constatar um aumento de custos da ordem de 16% da carga
frigorífica em relação à carga geral.
6.2.13 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
Pela análise dos dados da pesquisa de campo, pode-se ter um retrato da
situação do transporte por empresas e por autônomos no Eixo SP – RJ.
A idade média dos veículos dos autônomos é bastante alta, fato este que não
acontece com a empresa, que possui veículos novos. A baixa taxa de renovação de
frota do autônomo acaba ocasionando um envelhecimento da frota destes
trabalhadores, o que não acontece com as empresas, pois estas renovam a frota
periodicamente.
A inexistência do seguro veicular é outro fator importante, mas que é muito
oneroso para o autônomo, o que acaba inviabilizando a contratação deste tipo de
serviço. Na empresa, este fator é tratado como ação estratégica, uma vez que toda
R$ 125R$ 114
R$ 203
R$ 175
0
50
100
150
200
250
Frigorifica Carga Geral
R$
/to
n
Tipos de Carga
Carreta
Truck
138
a frota é segurada. Quando entrevistados sobre o seguro do veículo, 100% dos
profissionais das empresas respondem que toda a frota possui seguro, pois essa
variável já é considerada dentro dos custos de transportes. Com isso, as empresas
conseguem grandes descontos junto às seguradoras devido ao grande número de
veículos cobertos pelas apólices.
Outro ponto já conhecido é a concentração da carga geral nesta região de estudo
tanto para as empresas quanto para os autônomos, o que promove grande
facilidade no transporte deste tipo de carga, uma vez que as mesmas não requerem
veículos especiais que geralmente são mais caros.
A ordem de importância dos principais itens de custos para a formação do preço
final do frete é diferente para a empresa em relação ao autônomo, mantendo-se
apenas o combustível como sendo o item mais importante na composição do preço
do frete.
Por fim, tem-se o cronograma de manutenções, que é levado a sério pelas
empresas, mas que não é seguido pelos autônomos. Pelas pesquisas de campo,
verifica-se que, nas empresas transportadoras, toda a frota realiza a manutenção
preventiva, com frequência e escala previamente definidas. Este fato garante
confiabilidade do veículo de transporte e segurança para a operação, além de evitar
quebras inesperadas dos veículos durante a operação de transporte.
139
7 ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DOS CUSTOS DE TRANSPORTE NO EIXO
SÃO PAULO – RIO DE JANEIRO
Neste Capítulo, apresenta-se, para efeito de análise e comparação o cálculo dos
custos que compõem o frete rodoviário de carga geral no eixo São Paulo a Rio de
Janeiro. Os dados e informações utilizados como insumos para os cálculos foram
obtidos por meio de uma pesquisa realizada no mercado de fornecedores do
transporte rodoviário de cargas em 2012. Foram desenvolvidos três cenários para
análise dos custos do transporte, conforme apresentado neste Capítulo. Os cenários
considerados compreendem os custos sob o ponto de vista da empresa, do
autônomo ideal, ou seja, o transportador autônomo que trabalha de forma ideal e
assim, pratica todos os custos inerentes à profissão e ainda, do autônomo prático,
que é aquele que pratica apenas alguns dos custos inerentes ao trabalho.
Com base nos valores obtidos pelos cálculos efetuados, foi possível realizar
comparações com os valores obtidos, junto às empresas transportadoras e
transportadores autônomos, durante as pesquisas de campo, de modo que fosse
possível identificar quais itens de custos mais contribuem para a variação no preço
final do frete.
7.1 CÁLCULOS DOS CUSTOS DE OPERACIONAIS DE TRANSPORTE
Esta seção apresenta o detalhamento dos cálculos dos custos de transporte da
carga geral no eixo São Paulo a Rio de janeiro. Os custos dos insumos operacionais
adotados como base de cálculo foram obtidos no mercado de venda de produtos
para o ramo do transporte de cargas, de modo que todos os valores encontrados
neste estudo são de fato praticados no mercado.
140
7.1.1 ESTIMATIVA DE DEMANDA PARA O EIXO ESTUDADO
Para análise dos custos foi necessário fazer uma estimativa da movimentação
mensal de carga no corredor, sentido São Paulo – Rio de Janeiro. Segundo dados
do IBGE (2011), a carga geral (também conhecida como carga seca) é o tipo de
carga mais transportado no eixo São Paulo – Rio de Janeiro, representando 47% de
toda a carga movimentada na região. Tomando-se como base as estimativas de
movimentação de carga das transportadoras consideradas para nesta região
(4.632.000 toneladas anuais), considera-se para o trabalho uma demanda no trecho
estudado de 2.186.304,00 toneladas anuais de carga geral.
7.1.2 DADOS DO FLUXO DE TRANSPORTE
De modo a se calcular todos os valores relativos à movimentação de carga geral,
foram pesquisados os custos, especificações e dados operacionais relativos à
atividade de transporte no eixo considerado pelo estudo. Para uma melhor
compreensão e facilidade de trabalho com as informações disponíveis, os dados
pesquisados foram divididos em 4 grupos principais relativos ao veículo, à carga, à
rota e à operação, conforme explicado a seguir:
Dados do Veículo:
O veículo considerado no estudo foi a carreta 3 eixos, semelhante à apresentada
na seção 2.2.1. Tanto as empresas quanto os autônomos utilizam intensivamente
este tipo de veículo no eixo considerado, devido à sua flexibilidade operacional e
razoáveis custos de aquisição. A TAB.7.1 sintetiza os dados relativos ao veículo
considerado no estudo:
141
TAB. 7.1 Dados do Veículo Considerado
Fonte: Scania (2013), adaptado pelo autor
Observa-se que o veículo considerado possui um peso bruto total (PBT) de 39
toneladas, considerando-se o cavalo trator, o semirreboque, os equipamentos e a
carga total. Com carga total, este veículo consegue desempenhar um rendimento de
2,2 quilômetros com um litro de óleo diesel comum e, em média, permanece
disponível 93% do tempo, se considerada a necessidade de parada do veículo por 2
dias a cada 30 dias de trabalho para efetuar pequenas manutenções, lubrificações,
ajustes mecânicos, lavagens e demais averiguações necessárias ao bom
funcionamento do mesmo.
Segundo SCANIA (2012), o valor médio de aquisição deste veículo novo equivale
a R$ 350.000,00 o conjunto completo, sendo R$ 280.000,00 o cavalo mecânico e R$
70.000,00 o semirreboque do tipo carroceria de madeira aberta, apropriada para
carga seca. Sua taxa de valor residual é de 20% do valor inicial e sua vida
econômica é de 5 anos, quando deve-se substituí-lo por outro veículo novo.
Dados da Carga:
A carga considerada pelo estudo foi a carga geral ou seca, devido à sua grande
movimentação no eixo e pelo fato de ser transportada tanto por empresas quanto
por autônomos. A TAB. 7.2 apresenta os dados relativos à carga considerada no
estudo:
ESPECIFICAÇÃO Unidade Valor
I. DADOS DO VEÍCULO:
1 - Cavalo Trator Scania - R124GA - 4x2 - 360CV
Peso Bruto Total (PBT) t 39,00
Peso do Chassi t 5,40
Rendimento Km/l 2,20
Disponibilidade % 93%
Custo de aquisição R$ 280.000,00
Vida útil econômica anos 5,00
Taxa de valor residual % 20%
2 - Semi-reboque Graneleiro
Peso Semi-reboque t 7,25
Peso Equipamentos t 0,35
Disponibilidade % 93%
Custo de aquisição R$ 70.000,00
Vida útil econômica anos 5,00
Taxa de valor residual % 20%
142
TAB. 7.2 Dados da Carga Considerada
Fonte: IBGE 2012, adaptado pelo autor
Observa-se que, este tipo de carga em geral possui peso específico de 750 Kg
por metro cúbico. Esta informação é importante para se saber o carregamento ao
qual o veículo será submetido, uma vez que para efeitos de fiscalização não se pode
ultrapassar o carregamento máximo permitido para cada tipo de veículo. Ainda,
verifica-se com base nos dados do IBGE (2012), que são transportadas pouco mais
de 182 mil toneladas de carga seca de São Paulo para o Rio de Janeiro.
Dados da Rota:
Segundo dados coletados junto às transportadoras e aos autônomos
pesquisados, foi possível levantar as informações necessárias para o planejamento
da operação de transporte no eixo considerado pelo estudo. Tais informações são
apresentadas na TAB. 7.3:
TAB. 7.3 Dados da Rota Considerada
Fonte: Elaborado pelo autor com base em pesquisa com empresas transportadoras (2013)
De acordo com informações colhidas nas entrevistas, o tempo médio de carga e
descarga na ida de São Paulo para o Rio de Janeiro é de cerca de 5 horas, sendo
II. DADOS DA CARGA - CARGA GERAL (CARGA SECA):
Peso Específico Aproximado t/m3 0,75
Grau Precisão previsão % 100%
Previsão Anual (Empresas Pesquisadas) t/ano 2.186.304,00
Previsão Mensal (Empresas Pesquisadas) t/mês 182.192,00
III. DADOS OPERACIONAIS - SÃO PAULO (SP) A RIO DE JANEIRO (RJ):
Tempo de Carga e Descarga (Ida) h 5,00
Tempo de Carga e Descarga (Volta) h -
Tempo Espera (Rio de Janeiro) h 3,00
Distância SP - RJ (ida) Km 440,00
Distância SP - RJ (volta) Km 440,00
Velocidade Operacional (ida) Km/h 55,00
Velocidade Operacional (volta) Km/h 65,00
Jornada Trabalho h 8,00
Turnos de Trabalho núm. 2,00
Rendimento Viagem (8h) Km 650,00
Dias Gastos com Retorno núm. 6,00
Dias de Manutenção/mês núm. 2,00
Dias de Trabalho/mês núm. 22,00
143
que não foi considerada a carga de retorno. Isto ocorre porque muitas vezes não há
carga de retorno, uma vez que a carga movimentada na rota inversa é muito inferior
à rota normal, o que acaba desestimulando tanto a empresa quanto o autônomo a
aguardar pela carga de retorno, pois a mesma pode demorar muito. Portanto, neste
estudo, foi considerado o pior cenário que trata do transporte de carga no sentido
São Paulo a Rio de Janeiro, retornado vazio.
Foi considerado, também, um tempo de espera para o início da operação de
carga e descarga de 3 horas, pois muitas vezes o veículo chega ao destino e precisa
aguardar na fila do centro de distribuição para ser descarregado ou carregado.
A distância de ida e volta de São Paulo para o Rio de Janeiro são iguais e,
segundo DNIT (2012), é de cerca de 440 quilômetros. No trajeto de ida (sentido Rio
de Janeiro) a velocidade operacional real, considerando-se paradas, quebra-molas,
sinais de trânsito, praças de pedágio, congestionamentos em cidades e demais itens
que influenciam no andamento do veículo é de aproximadamente 55 Km/h e na
volta, 65 Km/h, pois o mesmo encontra-se vazio e consegue desenvolver maior
velocidade.
A jornada de trabalho foi considerada com base na consolidação das leis
trabalhistas (CLT), sendo esta de 8 horas diárias em dois turnos de trabalho. Assim,
o rendimento diário possível para este veículo é, em média, de 650 Km por dia de
trabalho (CNT, 2011). Salienta-se que, apesar ter sido sancionada a nova lei que
regulamenta a profissão de caminhoneiro (Lei 12.619/12), conforme visto na seção
3.1.5, os itens de regulamentação constantes nesta lei não foram considerados
neste estudo de caso pelo fato de que, quando foi realizada a pesquisa de campo
para a coleta dos dados e informações, esta lei ainda não havia sido sancionada,
sendo praticada, portanto, a jornada de trabalho convencional (anterior à lei). Ainda,
as implicações da Lei 12.619/12 ainda não estão sendo aplicadas em sua totalidade,
principalmente por questões relacionadas à falta de infraestrutura nas estradas e
deficiências nos procedimentos de fiscalização.
Dados da Operação:
Com base nos dados coletados e demonstrados anteriormente tornou-se
possível o cálculo da operação de transporte no eixo São Paulo a Rio de Janeiro, ou
144
seja, todos os itens relacionados à movimentação da carga que necessitam ser
considerados no planejamento da atividade de transporte, tais como: peso do
veículo, carga a ser transportada, número de viagens, tempos, capacidade de
transporte, distâncias consideradas, dentre outros. Todos estes detalhes são
apresentados na TAB.7.4.
TAB. 7.4 Fluxo Operacional na Rota Considerada
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
Observa-se que descontados do peso bruto total do veículo, o peso próprio do
cavalo mecânico e do semirreboque e ainda os equipamentos, a capacidade de
carga é de 26 toneladas. Assim, considerando-se a demanda mensal de carga no
eixo, apresentada na TAB. 7.2, serão necessárias pouco mais de 7 mil viagens para
atender à demanda mensal de 182.192 toneladas de carga geral.
O tempo total de cada viagem será de 16 horas, se somados os tempos de ida e
ainda os tempos de carga, descarga e espera, conforme apresentado na TAB. 7.2.
Assim, há a possibilidade de que cada veículo faça 22 viagens por mês nesta rota, o
que demanda cerca de 319 veículos para transportar a carga geral considerada.
Estes cálculos são apresentados de forma detalhada no (anexo V). O tempo de
retorno é de aproximadamente 154 horas, ou seja, cerca de 6 dias por mês são
gastos com o retorno do veículo a São Paulo para novo carregamento.
ESPECIFICAÇÃO Unidade Valor
FLUXOS DE TRANSPORTE
Peso Total Veículo (tara) t 13,00
Carga Útil (lotação) t 26,00
Nº Viagens Mensais núm. 7.007,38
Tempo de Viagem (ida) h 8,00
Tempo de Viagem (volta) h 6,77
Tempo Total da Viagem h 16,00
Tempo Diário Operação h 16,00
Nº Viagens/veic./dia núm. 1,00
Nº Viagens/veic./mês núm. 22,00
Nº Veículos Frota (calculado) núm. 318,52
Nº Veículos Frota (considerado) núm. 319,00
Capacidade Mensal/veic. t 572,00
Capacidade Mensal/Frota t 182.468,00
Saldo (Capac. Frota x Demanda Carga) t 276,00
Distância Média Diária/veic. Km 440,00
Distância Média Mensal/veic. Km 9.680,00
Distância Média Anual/veic. Km 116.160,00
145
A capacidade de transporte destes veículos somados é 0,15% maior do que a
demanda de carga neste eixo, ou seja, a frota terá uma capacidade excedente
disponível de pouco mais de 276 toneladas de carga. Logo, cada veículo tem
disponibilidade de desempenhar cerca de 440 quilômetros por dia de operação, o
que significará mais de 116 mil quilômetros anuais.
7.1.3 ANÁLISE DOS CUSTOS POR CATEGORIA: PREMISSAS BÁSICAS ADOTADAS
Uma vez elaborado o fluxo de transporte das cargas a serem transportadas no
eixo em questão, tornam-se necessários os cálculos de todos os custos
operacionais envolvidos nesta atividade, uma vez que se pretende realizar a
comparação dos custos envolvidos na atividade de transporte executada pela
empresa e pelo transportador autônomo.
Ressalta-se que foram considerados, nos cálculos, três diferentes cenários: a
empresa, o autônomo ideal, ou seja, o transportador autônomo que pratica todos os
custos inerentes à profissão e ainda, o autônomo prático, que é aquele que pratica
apenas alguns dos custos inerentes ao trabalho.
Insumos Operacionais Básicos:
Seguindo-se estas premissas iniciais, foram pesquisados os custos de insumos
operacionais básicos dos veículos de transporte rodoviários para os três cenários
considerados, conforme apresentado na TAB. 7.5.
146
TAB. 7.5 Insumos Operacionais Básicos
Fonte: Elaborado pelo autor com base em pesquisas de mercado, 2013
Pode-se observar, por meio da TAB. 7.5, que os preços dos insumos são
maiores para ambos os cenários dos autônomos, sendo ainda pior para o autônomo
prático. O preço do diesel é cerca de 12% menor para a empresa em relação aos
autônomos, enquanto que o óleo do cárter custa 16% menos. Os pneus comprados
pelas empresas ficam em média 30% mais baratos, assim como a recapagem,
câmara, protetor e lavagem Já o óleo do câmbio e diferencial é 16% mais barato
para a empresa.
A maior parte destes descontos nos custos de aquisição de insumos para as
empresas se deve ao fato das mesmas adquirirem produtos em grande quantidade e
fecharem grandes contratos com fornecedores de peças e equipamentos, o que lhes
garantem boas argumentações nas negociações de redução de custos. Já os
autônomos, por adquirirem produtos individualizados ou em pequenas quantidades,
não conseguem os mesmos descontos ficando sujeitos a preços maiores.
Outro item importante é a taxa de manutenção que, se para o autônomo ideal
permanece igual à empresa, para o autônomo prático é considerada 1% maior
devido à idade avançada do veículo, o que requer maiores gastos com manutenções
sucessivas.
Informações sobre o Veículo:
Para que fosse possível a realização dos cálculos operacionais da atividade de
transporte foi considerado o veículo carreta 3 eixos, conforme explicado na seção
ESPECIFICAÇÃO Unidade Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
Insumos Operacionais
Preço Diesel R$/l 1,85 2,10 2,10
Preço do Óleo de Cárter (preço p/litro) R$/l 10,50 12,50 12,50
Custo Óleo Câmbio/Difer. (p/litro) R$/l 8,00 9,50 9,50
Preço do pneu R$/unidade 1.102,85 1.575,50 1.575,50
Câmara R$/unidade 49,00 70,00 70,00
Protetor R$/unidade 42,00 60,00 60,00
Custo Recapagem a frio R$/unidade 315,00 450,00 413,00
Manutenção (taxa sobre valor do veículo) % 1,5% 1,5% 2,5%
Custo da Lavagem e Engraxamento R$/unidade 91,00 130,00 130,00
Preço do Pedágio SP - RJ / RJ - SP R$/viagem 376,00 376,00 376,00
147
6.3.2.Deste modo, as especificações e maiores detalhes para os três cenários
considerados podem ser conferidos na TAB.7.6:
TAB. 7.6 Dados do Veículo
Fonte: Scania 2013, adaptado pelo autor
Observa-se que o autônomo ideal acaba pagando o preço total do veículo,
enquanto a empresa consegue um desconto de 15%. Para o autônomo prático, foi
considerada a aquisição de um veículo usado, mas em bom estado de conservação,
que em média custa cerca de 50% ou menos do valor de um novo (Scania, 2012).
Também foi considerada a aquisição de pneus para completar o conjunto rodante
do veículo, uma vez que este não vem completo de fábrica. Quando se adquire uma
carreta 3 eixos nova, esta vem com apenas 8 pneus dos 20 necessários, sendo
portanto preciso adquirir os outros 12 pneus restantes. Estes custos são diferentes
entre os cenários e proporcionais aos preços apresentados na TAB.7.5.
Outro item de custo é o sistema rodoar, pois, atualmente os veículos utilizam este
sistema de auxílio à calibragem dos pneus que, além de mantê-los com a
calibragem correta, contribuem para uma direção mais segura e para o aumento da
vida útil dos pneus. Este sistema possui diferenças nos preços de aquisição entre os
cenários, ficando cerca de 15% mais barato para a empresa.
Ressalta-se que apesar do autônomo prático adquirir o veículo usado, e este já
vir com os pneus e o sistema rodoar, sempre há a necessidade de trocas ou
recapagens de pneus e manutenções no sistema. Deste modo, segundo pesquisas
realizadas junto ao mercado de frete de autônomos foi previsto um valor de cerca de
50% dos gastos do veículo novo, a fim que possam ser efetuados estes acertos
necessários ao início da operação do veículo.
ESPECIFICAÇÃO Unidade Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
Custos do Veículo
Cavalo Trator Scania - R124GA - 4x2 - 360CV R$ 238.000,00 280.000,00 140.000,00
Semi-reboque 3 eixos - furgão/alumínio R$ 59.500,00 70.000,00 35.000,00
Pneumáticos (12) R$ 13.234,20 18.906,00 9.453,00
Sistema Rodoar R$ 1.275,00 1.500,00 750,00
Custo total da unidade R$ 310.734,20 368.906,00 184.453,00
148
7.1.4 DETALHAMENTO DOS CUSTOS OPERACIONAIS
Para uma maior organização das informações, os cálculos foram divididos em
três grandes grupos: despesas operacionais (compostas basicamente pelas
despesas diretas e despesas indiretas), lucro operacional e os impostos e taxas. As
despesas diretas, por sua vez, se dividem em custos fixos e custos variáveis, já as
despesas indiretas se dividem em salários e encargos sociais e outras despesas, as
quais serão devidamente explicadas a seguir.
7.1.4.1 DESPESAS DIRETAS
Para uma maior compreensão, cabe ressaltar que, conforme apresentado no
Capítulo 4, são consideradas despesas diretas aquelas relacionadas à operação dos
veículos de transporte, as quais estão divididas em custos fixos e variáveis:
Custos Fixos:
No estudo em questão, são considerados custos fixos todos aqueles que incidem
independente do veículo estar ou não operando, ou seja, rodando ou não estes
custos deverão ser pagos mensalmente.
Ressalta-se que para todos os cálculos foi considerada a frota necessária para o
transporte de toda a demanda de carga geral identificada no eixo São Paulo – Rio
de Janeiro, conforme apresentado na seção 7.1.1. A TAB. 7.7 resume todos os
cálculos efetuados para os custos fixos, descritos a seguir.
149
TAB. 7.7 Custos Fixos
Fonte: Elaborado pelo autor com base em pesquisas de mercado, 2013
a) Remuneração do Capital (RC)
De acordo com pesquisas realizadas com as empresas transportadoras, para a
remuneração mínima do capital imobilizado na compra do veículo em questão, foi
ESPECIFICAÇÃO Unidade Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
1 - DESPESAS DIRETAS
1.1 - Custos Fixos
1.1.1 - Remuneração do Capital (RC)
Capital Empatado em Peças de Reposição % 1,5% 1,5% 0,0%
TMA (taxa mínima de atratividade) % 12,0% 12,0% 0,0%
Coeficiente % 13,5% 13,5% 0,0%
Remuneração de Capital/veículo R$/mês 3.495,76 4.150,19 0,00
Remuneração de Capital/frota R$/mês 1.115.147,36 1.323.911,41 0,00
1.1.2 - Salário do Motorista (SM)
Salário Mínimo Brasil (2012) R$/mês 622,73 622,73 622,73
Salário Médio Motorista R$/mês 1.556,83 1.556,83 1.556,83
Encargos Sociais e Benefícios % 104,45% 11,00% 11,00%
Salário e Encargos (p/ motorista) R$/mês 3.182,87 1.728,08 1.728,08
Motoristas/Veículo Núm. 2,00 2,00 1,00
Salários Motoristas c/ Encargos (p/ veículo) R$/mês 6.365,74 3.456,15 1.728,08
Salários Motoristas c/ Encargos (frota) R$/mês 2.030.670,59 1.102.512,33 551.256,16
1.1.3 - Sálario Oficina Mecânica (SO)
Salário Médio Mecânico R$/mês 934,10 0,00 0,00
Encargos Sociais e Benefícios % 104,4% 11,0% 11,0%
Salário e Encargos (p/ mecânico) R$/mês 1.909,72 0,00 0,00
Mecânico/Veículo (Pesados = 3, Semipesados = 4 e Leves = 5) Núm. 106 106 106
Salário Oficina c/ Encargos (p/ frota) R$/mês 203.067,06 0,00 0,00
1.1.4 - Reposição do Veículo (RV)
Valor Residual (Residual = 20% e Depreciação = 80%) % 20,0% 20,0% 5,0%
Vida Útil (Pesados = 84, Semipesados = 724 e Leves = 60) Meses 60,00 60,00 180,00
Custo de Reposição (p/ veículo sem pneus) R$/mês 3.173,33 3.733,33 738,89
Custo de Reposição Total (frota) R$/mês 1.012.293,33 1.190.933,33 235.705,56
1.1.5 - Reposição do Equipamento (RE)
Valor Residual (Residual = 5% e e Depreciação = 95%) % 5,0% 5,0% 5,0%
Vida Útil (Pesados = 84, Semipesados = 72 e Leves = 60) Meses 60,00 60,00 180,00
Custo de Reposição (p/ equipamento-veículo sem pneus) R$/mês 942,08 1.108,33 184,72
Custo de Reposição Total (frota) R$/mês 300.524,58 353.558,33 58.926,39
1.1.6 - Licenciamento Anual (LC): DPVAT, IPVA e LICENÇA
DPVAT (Categoria 10) R$ 105,68 105,68 105,68
IPVA (percentual do cavalo trator) % 1,5% 1,5% 1,5%
Licença (taxa de licenciamento anual) R$ 62,70 62,70 62,70
Despachante R$ 51,00 60,00 60,00
Custo Total do Licenciamento (p/ veículo) R$/mês 315,78 369,03 194,03
Custo Total do Licenciamento (frota) R$/mês 100.734,35 117.721,10 61.896,10
1.1.7 - Seguro do Veículo (SV): Valores Médios de Seguradoras
Custo Total do Seguro (p/ veículo) R$/mês 1.475,55 1.639,50 0,00
Custo Total do Seguro (frota) R$/mês 470.700,69 523.000,77 0,00
1.1.8 - Seguro do Equipamento (SE): Valores Médios de Seguradoras
Custo Total do Seguro (p/ veículo) R$/mês 318,75 375,00 0,00
Custo Total do Seguro (frota) R$/mês 101.681,25 119.625,00 0,00
1.1.9 - Responsabilidade Civil Facultativa (RCF): Valores Médios de Seguradoras
Custo Total da Responsabilidade Civil (p/ veículo) R$/mês 161,74 190,29 0,00
Custo Total da Responsabilidade Civil (frota) R$/mês 51.595,78 60.700,92 0,00
1.1.10 - Padronização (Pinturas, Adesivos e Logomarca)
Valor da Padronização R$ 3.563,13 0,00 0,00
Vida útil Mês 36,00 36,00 36,00
Custo da Padronização (p/ veículo) R$/mês 98,98 0,00 0,00
Custo da Padronização (frota) R$/mês 31.573,29 0,00 0,00
Subtotal Custos Fixos (frota) R$/mês 5.417.988,29 4.791.963,19 907.784,21
150
considerado um percentual anual de 13,5%, sendo o somatório de 1,5% relativo à
imobilização em peças de reposição e 12% a taxa mínima de atratividade.
Ressalta-se que para o autônomo prático não se consideram este cálculos, pois
isto não faz parte do cotidiano desta classe de trabalhadores. Já para o autônomo
ideal, ou seja, aquele que deveria praticar a maioria dos custos corretos de serem
praticados, estes cálculos serão levados em consideração.
A diferença observada entre o autônomo ideal e a empresa se deve aos valores
diferentes na aquisição do veículo.
b) Salário do Motorista (SM)
Foi considerado o salário médio de mercado da região sudeste do Brasil, neste
estudo, acrescidos os encargos sociais e benefícios, como: INSS, FGTS, SEST,
SENAT, INCRA, SEBRAE, Salário educação, Seguro acidente do trabalho, Férias,
1/3 Férias, Aviso Prévio, Auxílio Doença, Férias Proporcionais (Sobre Aviso), 13º
Salário, Vale transporte, Cesta básica e uniforme/EPI.
Cabe ressaltar que apesar de grande parte dos autônomos, na prática, não se
preocupar em pagar o INSS para futuramente receber o benefício da aposentadoria,
alguns o fazem corretamente. Assim, considerou-se neste estudo que mesmo o
autônomo prático pagará encargos referentes a 11% sobre o seu salário, como
forma de garantir sua aposentadoria.
São considerados dois motoristas por veículo para a empresa e para o autônomo
ideal, entretanto, para o autônomo prático é considerado apenas um motorista, pois
sabe-se que ele mesmo é quem arca com toda a exaustiva jornada de trabalho.
c) Salário da Oficina Mecânica (SO)
Para os salários da oficina mecânica, foram considerados valores médios
praticados na região sudeste, sendo que apenas a empresa terá custos com oficina,
uma vez que ambos os autônomos utilizam serviços terceirizados. Os encargos e
benefícios são aplicados de forma semelhantes aos verificados para os motoristas e
a quantidade de trabalhadores deverá ser calculada seguindo-se a proporção de 3
151
mecânicos por veículo pesados, 4 por veículo semipesado e 5 por veículo leve,
conforme praticado pela empresas transportadoras.
d) Reposição do Veículo (RV)
Considerou-se no estudo uma depreciação, ao longo de 60 meses, de 80% do
valor inicial do veículo para a empresa e para o autônomo ideal, restando, portanto
20% de valor residual, que geralmente é utilizado para o pagamento da parcela
inicial do veículo novo. Para o autônomo prático, foi considerada uma depreciação
de 95% do valor inicial de aquisição do veículo e um valor residual de 5% em 180
meses. Isto se deve ao fato de que este último utiliza o veículo até o seu desgaste
quase total, o que reduz bastante o valor final de venda do mesmo.
e) Reposição do Equipamento (RE)
Para o equipamento, que compreende basicamente o semirreboque, as lonas, as
cordas de amarração e a estrutura de armação da lona, foram considerados 95% de
depreciação em 60 meses para a empresa e para o autônomo ideal, e a mesma
depreciação para o autônomo prático. Entretanto, este permanece com o
equipamento por 180 meses, pelos mesmos motivos anteriormente explicados no
item reposição do veículo.
f) Licenciamento Anual (LC)
No licenciamento anual, foram considerados praticamente os mesmos custos
unitários e índices de cálculos para todos os cenários. As principais diferenças
ficaram por conta do valor pago ao despachante, onde a empresa consegue
descontos, e no valor final do licenciamento, pois o IPVA incide sobre o valor do
veículo.
g) Seguro do Veículo (SV)
152
Este item foi cotado junto a quatro corretoras de seguros (Sul América, Porto
Seguro, Azul Seguros e Itaú Seguros), uma vez que seu cálculo requer várias
informações indisponíveis no estudo. Tais informações compreendem: idade do
condutor, endereço residencial, envolvimento em acidentes anteriores, quantidade
de pontos na carteira de habilitação, tipo de utilização dada ao veículo, local de
pernoite do veículo, itens de segurança (trava, alarme, sistema antifurto, etc.),
quantos condutores utilizam o veículo e suas idades, dentre outras (PORTO
SEGURO, 2012).
De acordo com PORTO SEGURO (2012), todos estes dados são inseridos em um
software específico que calcula a probabilidade de haver sinistro, ou seja, danos ou
perdas ao veículo e com base nesta probabilidade estabelece o valor da apólice a
ser paga. Deste modo, pela indisponibilidade de acesso a este software ou
mecanismo de cálculo similar, optou-se por estabelecer um condutor padrão médio,
semelhante aos entrevistados durante as pesquisas de campo, e solicitar às
corretoras que fizessem as cotações do seguro para o veículo nos três cenários
diferentes. Assim, foi realizada a cotação junto às quatro seguradoras que trabalham
em São Paulo e no Rio de Janeiro com seguros de veículos de carga, e tomou-se
como referência a média dos valores apresentados por elas.
h) Seguro do Equipamento (SE)
Para este item, foram adotados os mesmos critérios do cálculo do seguro
veicular, sendo o valor cotado junto às corretoras de seguros. Adotou-se a média
dos valores apresentados.
i) Responsabilidade Civil Facultativa (RCF)
Este item também foi cotado junto à corretora de seguros, sendo estabelecido
que seriam ressarcidos danos pessoais no valor de até R$ 1.578.87 e danos
materiais R$ 704,55.
j) Padronização
153
Este item se refere aos custos inerentes às pinturas, adesivos e logomarcas que
precisam ser colocados no veículo de forma divulgar o nome do transportador, seja
ele empresa ou autônomo. Entretanto, no estudo foi considerado apenas a
padronização do veículo da empresa, e seu custo foi cotado junto à empresa
especializada neste tipo de atividade.
Custos Variáveis
São considerados custos variáveis todos aqueles que incidem apenas quando o
veículo se encontra em operação, ou seja, somente quando o veículo está rodando,
e o seu cálculo é feito por quilômetro. Na TAB. 7.8, podem ser conferidos os cálculos
dos custos variáveis.
TAB. 7.8 Custos Variáveis
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
a) Peças, Acessórios e Material de Manutenção (PM)
ESPECIFICAÇÃO Unidade Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
1.2 - Custos Variáveis
1.2.1 - Peças, Acessorios e Material de Manutenção (PM)
Coeficiente % 1,5% 1,5% 2,5%
Custo Manutenção (p/ veículo) R$/km 0,46 0,54 0,45
Custo Manutenção (frota) R$/km 147,06 173,01 144,18
1.2.2 - Combustível (DC)
Rendimento Km/l 2,20 2,20 2,00
Custo do Diesel (p/ veículo) R$/km 0,84 0,95 1,05
Custo do Diesel (frota) R$/km 267,89 304,50 334,95
1.2.3 - Lubrificantes do Motor (LM)
Quilometragem de Troca (média brasileira) Km 15.000,00 15.000,00 15.000,00
Volume do Cárter l 25,00 25,00 25,00
Quilometragem de Reposição Km 1.000,00 1.000,00 500,00
Taxa de Reposição l 3,00 3,00 4,00
Custo do Óleo Cárter (p/ veículo) R$/km 0,05 0,06 0,12
Custo do Óleo Cárter (frota) R$/km 15,63 18,61 38,55
1.2.4 - Lubrificantes da Transmissão (LT)
Quilometragem de Troca (média brasileira) Km 25.000,00 25.000,00 25.000,00
Volume do Câmbio e Diferencial l 30,00 30,00 30,00
Custo do Óleo Câmbio e Diferencial (p/ veículo) R$/km 0,01 0,01 0,01
Custo do O. Câmbio/Difer.(Frota) R$/km 3,06 3,64 3,64
1.2.5 - Lavagem e Engraxamento (LG)
Quilometragem Recomendada Km 5.000,00 5.000,00 5.000,00
Custo L e E (p/ veículo) R$/km 0,02 0,03 0,03
Custo L e E (frota) R$/km 5,81 8,29 8,29
1.2.6 - Pneus e Recauchutagem (PR)
Coeficiente de Perdas de Carcaças % 20,0% 20,0% 20,0%
Vida Util do Pneu (c/ 1 recapagem) Km 160.000,00 160.000,00 160.000,00
Custo de Pneus (p/ veículo) R$/km 0,22 0,31 0,31
Custo de Pneus (Frota) R$/km 69,69 99,55 98,08
1.2.7 - Pedágios (PD)
Custo do Pedágio (p/ veículo) R$/km 0,43 0,85 0,85
Custo do Pedágio (frota) R$/km 136,30 272,60 272,60
Subtotal Custos Variáveis (frota) R$/Km 645,43 880,20 900,28
154
Este item se refere a gastos com aquisição de peças e acessórios necessários à
manutenção do veículo. O cálculo é feito por meio de um percentual do valor do
veículo, sendo que, para o autônomo prático, este índice é maior, devido à maior
idade do veículo, o que se traduz em maiores gastos com a manutenção.
b) Combustíveis (DC)
Os custos de aquisição do combustível pelos autônomos são maiores do que
pela empresa, devido aos grandes volumes adquiridos por esta última. Entretanto,
para o autônomo prático, também deve ser considerado um maior consumo de
combustível, pois veículos mais antigos ou muito usados aumentam gradativamente
seu consumo devido ao maior desgaste, fazendo com que os gastos com este
insumo sejam bastante onerosos para esta atividade.
c) Lubrificantes do Motor (LM)
Este item apresenta uma grande diferença entre os custos de aquisição pela
empresa e pelos autônomos. Além disto, os veículos dos autônomos práticos, por
serem mais antigos ou muitos utilizados, muitas vezes acabam necessitando de
trocas de óleo mais frequentes, o que acarreta maiores custos finais deste item.
Outro detalhe importante é que entre as trocas de óleo previstas há a necessidade
de se verificar o nível do óleo lubrificante e, se houver a necessidade completá-lo.
Esta taxa de reposição é maior nos autônomos práticos devido aos motores dos
veículos serem mais desgastados e baixarem o nível do óleo com maior frequência.
d) Lubrificantes da Transmissão (LT)
Neste item, os custos de aquisição possuem diferença significativa, conforme já
visto anteriormente. Entretanto, para o autônomo prático novamente o problema
incide na idade do veículo, que o obriga a realizar trocas de óleo sucessivas e com
maior frequência, o que acaba onerando este item.
e) Lavagem e Engraxamento (LG)
155
Neste item, a grande diferença está no fato de que a empresa possui em sua
oficina de manutenção e nos centros de distribuição, toda uma estrutura de lavagem
e lubrificação para ser utilizada em sua frota. Já os autônomos precisam pagar por
este serviço em postos de combustíveis ou empresas especializadas, que acabam
cobrando mais caro pelo serviço.
f) Pneus e Recauchutagem (PR)
Considerou-se, para este item, custos de aquisição cerca de 43% maiores para
os autônomos em relação à empresa, entretanto, um ponto que merece destaque é
a grande perda de carcaças de pneus por parte do autônomo prático, segundo
entrevistas realizadas com estes profissionais. Este fato se deve pelo uso
demasiado dos pneus, fazendo com que estes muitas vezes não sejam passíveis de
reaproveitamento para recauchutagem. Adiciona-se a isto a falta de alinhamento e
balanceamento dos pneus que aumentam os índices de perdas ou ainda, os
pequenos incidentes que ocasionam perdas de pneus como quedas em buracos,
pedras, depressões no asfalto, objetos cortantes e demais problemas que fazem
parte do cotidiano da operação de transporte.
g) Pedágios (PD)
Neste item foram considerados os pedágios que devem ser pagos na Rodovia
Presidente Dutra no trecho São Paulo a Rio de Janeiro, que totalizam 6 praças de
pedágio. Estes pedágios precisam ser pagos tato na ida quanto na volta e possuem
os seguintes valores: R$9,6; R$4,2; R$2,3; R$2,3; R$9,6 e R$9,6, segundo ANTT
(2012).
7.1.4.2 DESPESAS INDIRETAS
156
As despesas diretas são aquelas relacionadas à operação da estrutura
administrativa e centros de distribuição da empresa de transporte e, portanto, neste
estudo serão consideradas da forma apresentada a seguir.
Salários e Encargos Sociais:
Estão descritos neste item todos os salários e encargos pagos aos profissionais
envolvidos na operação indireta de transporte, tais como diretoria, secretarias,
profissionais de logística e outros. Tais itens são apresentados na TAB. 7.9..
TAB. 7.9 Salários e Encargos Sociais
Fonte: Elaborado pelo autor com base em pesquisas de mercado, 2013
a) Salários, Ordenados e Honorários de Diretoria
Segundo pesquisas realizadas junto aos transportadores, este item foi
considerado apenas para os custos da diretoria da empresa, uma vez que esta
necessita de uma estrutura administrativa para gerenciar sua frota de veículos.
b) Salários dos Profissionais do Escritório e Operação do CD
ESPECIFICAÇÃO Unidade Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
2 - DESPESA INDIRETAS
2.1 - Salário e Encargos Sociais
2.1.1 - Salários, Ordenados e Honorários de Diretoria
Salário Médio Diretores R$/mês 15.568,25 15.568,25 15.568,25
Encargos Sociais e Benefícios % 104,4% 11,0% 11,0%
Salário e Encargos (p/ diretor) R$/mês 31.828,69 17.280,76 17.280,76
Nº de Diretores Núm. 4,00 0,00 0,00
Salário dos Diretores R$/mês 127.314,77 0,00 0,00
2.1.2 - Salários Profissionais de Escritório e Operação CD
Salário Médio Secretária, Supervisores, Conferentes, técnicose outros R$/mês 2.490,92 2.490,92 2.490,92
Encargos Sociais e Benefícios % 104,4% 11,0% 11,0%
Salário e Encargos (p/ profissional) R$/mês 5.092,59 2.764,92 2.764,92
Nº de Profissionais Núm. 25,00 0,00 0,00
Salário dos Profissionais R$/mês 127.314,77 0,00 0,00
Salário Médio Profissional de Logística, Coordenador e Analista R$/mês 8.095,49 8.095,49 8.095,49
Encargos Sociais e Benefícios % 104,4% 11,0% 11,0%
Salário e Encargos (p/ profissional) R$/mês 16.550,92 8.985,99 8.985,99
Nº de Profissionais de Logística Núm. 12,00 0,00 0,00
Salário dos Profissionais de Logística R$/mês 198.611,04 0,00 0,00Salário dos Profissionais do Escritório e CD R$/mês 325.925,81 0,00 0,00
Subtotal Salários e Encargos R$/mês 453.240,58 0,00 0,00
157
Também neste caso são considerados apenas os custos referentes aos
profissionais que operaram o centro de distribuição da empresa de transporte de
cargas. Os autônomos, neste estudo, são contratados pelas empresas de transporte
e utilizam a estrutura dos centros de distribuição das empresas para o embarque e
desembarque das cargas.
Outras Despesas:
Estão descritas neste item todas as demais despesas necessárias à operação de
transporte, conforme exposto na TAB.7.10.
TAB. 7.10 Outras Despesas
Fonte: Elaborado pelo autor com base em pesquisas de mercado, 2013
a) Aluguéis
ESPECIFICAÇÃO Unidade Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
2.1 - Outras Despesas
2.1.1 - Aluguéis
Aluguéis de Áreas e Imóveis R$/mês 30.000,00 0,00 0,00
Aluguéis de Equipamentos R$/mês 24.000,00 0,00 0,00
Custo de Aluguéis R$/t 0,30 0,00 0,00
2.1.2 - Tarifa de Serviços Públicos
Água R$/mês 4.000,00 0,00 0,00
Energia Elétrica R$/mês 7.000,00 0,00 0,00
Correios e Courriers R$/mês 4.000,00 0,00 0,00
Telefone (fixo, celular e rádios) R$/mês 102.080,00 127.600,00 63.800,00
Internet R$/mês 3.000,00 0,00 0,00
Custo de Serviços Públicos R$/t 0,66 0,70 0,35
2.1.3 - Serviços Profissionais Terceirizados
Serviços de Manutenção, Conservação e Limpeza R$/mês 15.701,76 0,00 0,00
Serviços de Vigilância R$/mês 19.872,54 9.936,27 15.950,00
Serviços de Processamento de Dados R$/mês 11.928,60 0,00 0,00
Serviços de Atendimento ao Cliente (SAC) R$/mês 11.776,32 0,00 0,00
Serviço de Rastreamento por Satélite R$/mês 25.201,00 25.201,00 0,00
Serviço de Escolta Armada e Gerenciamento de Risco R$/mês 3.628.306,00 1.088.491,80 0,00
Serviço de Oficina Mecânica (mão de obra) R$/mês 0,00 1.765.215,21 1.471.012,68
Agenciador de Frete R$/mês 0,00 891.075,45 668.306,59
Custo de Serviços Terceirizados R$/t 20,38 20,75 11,83
2.1.4 - Depreciações
Depreciação de Máquinas e Equipamentos R$/mês 9.109,60 0,00 0,00
Depreciação de Móveis e Utensílios R$/mês 9.109,60 0,00 0,00
Custo de Depreciações R$/t 0,10 0,00 0,00
2.1.5 - Outros Custos Diversos
Material de Escritório e Limpeza R$/mês 9.109,60 0,00 0,00
Viagens, Estadias e Condução R$/mês 7.287,68 0,00 0,00
Despesas Legais e Judiciais R$/mês 14.575,36 0,00 0,00
Contribuições e Doações R$/mês 15.000,00 0,00 0,00
Uniformes R$/mês 23.560,00 0,00 0,00
Despesas (promoções, brindes e propaganda) R$/mês 5.465,76 0,00 0,00
Despesas (conservação de bens e instalações) R$/mês 3.000,00 0,00 0,00
Despesas Diversas R$/mês 18.219,20 18.219,20 18.219,20
Refeições e Lanches R$/mês 140.360,00 280.720,00 357.280,00
Cópias Xerox R$/mês 3.643,84 0,00 0,00
Paletização/conteinerização de Cargas R$/mês 91.096,00 0,00 0,00
IPTU - Imposto Predial Territorial Urbano R$/mês 750,00 0,00 0,00
Custo dos Diversos R$/t 1,82 1,64 2,06
Subtotal Outras Despesas R$/t 23,26 23,09 14,24
Subtotal Outras Despesas R$/mês 4.237.152,86 4.206.458,93 2.594.568,46
158
Este item é considerado apenas para a empresa, pois se trata do aluguel de dois
galpões utilizados como centro de armazenagem e distribuição das cargas, sendo
um deles em São Paulo e o outro no Rio de Janeiro. Este valor corresponde ao
preço médio de dois galpões de cerca de 4.000 m2 na região da periferia da cidade
de São Paulo e Rio de Janeiro, onde o acesso às rodovias é mais facilitado.
Adiciona-se ao valor deste aluguel de imóvel, o aluguel de equipamentos, a saber: 4
empilhadeiras, 1 gerador de energia e 1 veículo de apoio, segundo pesquisas feitas
em campo junto às empresas transportadoras.
b) Tarifa de Serviços Públicos
Neste item, estão considerados os custos com serviços básicos necessários à
operação. Salienta-se que, de acordo com pesquisas junto ao mercado de fretes,
apenas os gastos com telefone será comum aos três cenários considerados no
estudo, sendo os demais pertinentes apenas à empresa.
c) Serviços de Profissionais Terceirizados
De acordo com pesquisas realizadas junto ao mercado de fretes, alguns serviços
essenciais ao bom funcionamento das atividades que viabilizam as operações de
transporte precisam ser contratados externamente por meio da terceirização de
serviços. Deste modo, este item trata destes serviços que tanto para a empresa,
quanto para os autônomos, são imprescindíveis. Salienta-se, no entanto, que nem
todos os serviços são comuns aos três cenários considerados, como pode ser visto
na TAB. 7.10.
d) Depreciações
São considerados todos os custos relativos às depreciações de maquinários,
equipamentos, móveis e utensílios utilizados no centro de distribuição da empresa,
visto que os autônomos não possuem estes custos.
159
e) OUTROS CUSTOS DIVERSOS
Neste item são descritas todas as despesas diversas e que não foram
contabilizadas nos outros itens anteriores, mas que são importantes para o
funcionamento indireto da operação de transporte de carga.
7.1.4.3 LUCRO OPERACIONAL
O lucro operacional foi estabelecido com base no que foi observado como prática
geral no mercado de fretes rodoviários de cargas. Tendo como referência as
empresas de transporte pesquisadas, pode-se constatar que as mesmas arbitram
um percentual de 10% a ser aplicado sobre os custos operacionais, depois da
incidência dos impostos. Deste modo, considerou-se que este mesmo modelo
deverá ser utilizado neste estudo para os cálculos dos custos do frete rodoviário e,
portanto, foi aplicado para os três cenários do estudo.
7.1.4.4 IMPOSTOS E TAXAS
Trata-se aqui de toda a carga tributária a ser aplicada à operação de transporte e
que deverá ser aplicada sobre os custos operacionais, conforme a legislação
contábil em vigor. A TAB. 7.11 apresenta os impostos pagos pela operação de
transporte.
TAB. 7.11 Impostos e Taxas
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
Impostos e Taxas
PIS - Programa de Integração Social R$/mês 107.010,68 0,00 0,00
COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade SocialR$/mês 505.860,94 0,00 0,00
CSLL - Contribuição Social Sobre o Lucro R$/mês 471.165,40 0,00 0,00
ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de ServiçosR$/mês 1.784.309,49 0,00 0,00
IR - Imposto de Renda R$/mês 824.680,86 0,00 0,00
Total de Impostos e Taxas R$/mês 3.693.027,36 0,00 0,00
160
7.1.5 CUSTOS OPERACIONAIS RESULTANTES
Ressalta-se que o método de cálculo de custos de frete utilizados neste estudo é
oriundo de uma série de outros métodos utilizados academicamente e
empresarialmente. Como apresentado no Capítulo 4, este trabalho buscou reunir os
melhores itens de cada método pesquisado, bem como inserir seus próprios itens
advindos dos aprendizados adquiridos no decorrer das pesquisas, de modo que se
obtivesse um método de trabalho próprio, eficiente e confiável.
Assim, depois de realizados todos os cálculos relativos à atividade de transporte
de carga geral no eixo São Paulo – Rio de Janeiro, pode-se chegar às despesas
operacionais resultantes desta operação, conforme apresentado na TAB.7.12.
TAB. 7.12 Detalhamento das Despesas Operacionais
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
A partir das despesas operacionais, pode-se chegar ao preço final da operação
de transporte, bem como o detalhamento dos custos operacionais do veículo,
conforme pode ser visto na TAB. 7.13.
TAB. 7.13 Detalhamento dos Custos Operacionais
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
RESUMO DOS CUSTOS Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
Despesas Diretas R$/mês 11.665.776,89 13.312.320,69 9.622.486,09
Custos Fixos R$/mês 5.417.988,29 4.791.963,19 907.784,21
Custos Variáveis R$/mês 6.247.788,60 8.520.357,51 8.714.701,88
Despesas Indiretas R$/mês 4.690.393,44 4.206.458,93 2.594.568,46
Salários e Encargos Sociais R$/mês 453.240,58 0,00 0,00
Outras Despesas R$/mês 4.237.152,86 4.206.458,93 2.594.568,46
Impostos e Taxas R$/mês 3.693.027,36 0,00 0,00
Lucro Operacional R$/mês 2.227.688,63 1.946.531,07 1.357.450,51
Custo Operacional Total R$/mês 22.276.886,33 19.465.310,70 13.574.505,06
DETALHAMENTO DOS CUSTOS OPERACIONAIS Empresa Autônomo (ideal)Autônomo (prático)
Custo Operacional Total R$/mês 22.276.886,33 19.465.310,70 13.574.505,06
Custo Operacional Total R$/ano 267.322.635,93 233.583.728,36 162.894.060,72
Custo p/ Veículo R$/mês 69.833,50 61.019,78 42.553,31
Custo p/ Veículo R$/ano 838.001,99 732.237,39 510.639,69
Custo p/ Tonelada R$/t 122,27 106,84 74,51
Custo p/ Quilômetro R$/Km 7,21 6,30 4,40
Custo p/ Tonelada/Quilômetro R$/t*Km 0,28 0,24 0,17
Custo do Frete SP - RJ R$ 3.174,25 2.773,63 1.934,24
161
Observa-se que o preço do frete calculado para o autônomo prático (R$1.934,24)
é bastante semelhante ao preço pesquisado junto aos autônomos durante as
pesquisas de campo (R$1.924,00), o que demonstra a confiabilidade do método
utilizado. Observa-se também, que o preço do frete calculado para a empresa
(R$3.174,25) está cerca de 7% superior ao que foi pesquisado junto às empresas
em campo (R$2.964,00), o que gera indícios de que os valores praticados pelas
empresas no mercado de fretes estão ligeiramente distorcidos, conforme relatado
pelos entrevistados.
A FIG. 7.1a seguir permite uma melhor visualização e análise dos números que
foram apresentados na Tabela 7.13.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.1 Diferenças de Preços entre os Cenários Calculados
Pode-se observar que o preço do frete do autônomo ideal é, em média, 12,62%
menor do o preço do frete para a empresa, enquanto que o preço do autônomo
prático é 39,06% menor do que o da empresa. Cabe ressaltar que, durante as
pesquisas de campo, conforme apresentado no Capítulo 6, a diferença entre o preço
do frete para a empresa e o preço do frete para o autônomo foi de 35,09%, bastante
semelhante ao encontrado para os valores calculados neste Capítulo.
Comparando-se ambos os autônomos pode-se constatar que o preço do frete
praticado pelo autônomo prático é 30,26% inferior ao preço do autônomo ideal, ou
R$ -
R$ 500,00
R$ 1.000,00
R$ 1.500,00
R$ 2.000,00
R$ 2.500,00
R$ 3.000,00
R$ 3.500,00
1ª Comparação 2ª Comparção 3ª Comparação
Pre
ço
Fin
al d
o F
rete
Comparação entre Cenários
12,62%
39,06%
30,26%
Em
pre
sa
Em
pre
sa
Au
tôn
om
oId
eal
Au
tôn
om
oId
eal
Au
tôn
om
oP
ráti
co
Au
tôn
om
oP
ráti
co
162
seja, há uma diferença de 30,26% entre o que o autônomo cobra pelo frete, na
prática, e o que ele deveria realmente cobrar, se todos os custos fossem
gerenciados de maneira correta.
Considerando-se esta análise, pode-se observar claramente que na verdade o
mercado de fretes rodoviários está operando com valores baixos para todos os seus
atores. As transportadoras estão recebendo valores de fretes abaixo do que seria o
ideal (conforme calculado), o que acaba obrigando as mesmas a repassarem
valores mais baixos ainda para os autônomos.
Salienta-se que o ideal seria que a empresa repassasse os valores de fretes com
apenas 12,62% de redução, o que caracterizaria a comparação entre empresa e
autônomo ideal, sendo este último, a condição ideal de operação. Entretanto, como
foi visto, o que a empresa faz é repassar o frete com uma redução de 39,06%, o que
caracteriza a diferença empresa/autônomo prático, que é a operação não ideal.
Assim, verifica-se que como todo o sistema está sendo assolado pelas práticas
de valores baixos de fretes, os autônomos práticos, que estão na ponta da cadeia,
acabam sendo “esmagados” em termos financeiros, uma vez que não conseguem
receita operacional mínima para manter os veículos em condições adequadas de
operação.
7.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS CUSTOS DE TRANSPORTE
O objetivo principal desta análise dos resultados dos custos de transporte
encontrados é o de identificar as principais diferenças, e os motivos delas existirem,
para os três cenários propostos no estudo. Esta análise se faz necessária à medida
que em alguns casos as diferenças são muito grandes, o que requer uma maior
atenção e aprofundamento, de modo que seja possível a identificação das causas
ou efeitos destas diferenças nos custos finais dos fretes praticados pelo mercado de
transportes de cargas no eixo rodoviário em estudo.
A análise dos custos para os três cenários do estudo foi dividida em 5 partes, de
modo que fosse possível um aprofundamento adequado em cada item passível de
análise, como pode ser visto adiante.
163
7.2.1 REPRESENTATIVIDADE DOS TIPOS DE CUSTOS
Ao analisar a representatividade de cada item no seu próprio tipo de custos, este
tópico teve como objetivo identificar o peso percentual que cada item teria no seu
próprio grupo de custos.
A FIG. 7.2 apresenta os percentuais dos custos relativos às despesas diretas e
indiretas. Observa-se que, para o autônomo prático, os custos fixos são
relativamente baixos e para os demais estes representam uma parcela significativa
das despesas. Em contrapartida os custos variáveis para o autônomo prático
ultrapassam 70%, enquanto que para os outros situam abaixo dos 50%.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.2 Representatividade das Despesas Diretas e Indiretas
A FIG.7.3 detalha os custos fixos por cada item que os compõe. Constata-se que,
caso o autônomo prático resolva fazer o provisionamento do seu salário mensal,
conforme proposto pelo estudo, este será o seu maior item de custo fixo chegando a
pouco mais de 60%, seguido do item reposição do veículo com cerca de 25,96%. Já
para o autônomo ideal, o item de maior custo fixo é a remuneração do capital, que
fica em torno de 27,63%, seguido pela reposição do veículo, com 24,85% e pelo
salário do motorista, com 23,01%. Para a empresa, o item de maior significância é o
salário do motorista, que gira em torno dos 37,48% dos custos fixos, seguido pela
remuneração do capital, 20,58% e pela reposição do veículo, com 18,68%.
25,91% 24,01% 21,24%
38,20% 48,64%
71,33%
33,13%27,35%
7,43%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
Rep
resen
tati
vid
ad
e n
o S
om
ató
rio
d
as D
esp
esas
Custos Fixos
Custos Variáveis
Salários e Encargos Sociais
Outras Despesas
164
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.3 Composição dos Itens dos Custos Fixos
A FIG.7.4 detalha os itens que compõe os custos variáveis. Apesar dos custos
variáveis terem uma representatividade muito grande para o autônomo prático,
conforme visto na FIG.7.2, pode-se observar na FIG.7.4 que se comparado com os
outros dois cenários há um aparente equilíbrio entre eles.
20,58%27,63%
37,48% 23,01%
60,73%
18,68%
24,85%
25,96%
5,55%
7,38%
6,49%8,69% 10,91%
1,88% 2,50%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
Rep
resen
tati
vid
ad
e n
os C
usto
s F
ixo
s
Padronização
Responsabilidade Civil
Seguro do Equipamento
Seguro do Veículo
Licenciamento Anual
Reposição do Equipamento
Reposição do Veículo
Salário Oficina Mecânica
Salário do Motorista
Remuneração do Capital
165
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.4 Composição dos Itens dos Custos Variáveis
A FIG.7.5 apresenta os itens que participam da formação dos custos dos salários
e encargos. Como não existe uma estrutura administrativa e operacional para os
autônomos, estes custos ficarão a cargo somente da empresa. Pode-se observar
que cerca de 28,09% dos custos com salários e encargos serão pagos aos diretores
da empresa e o restante destes custos serão provisionados ao pagamento dos
demais profissionais que trabalham no escritório e na operação do centro de
distribuição.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.5 Composição dos Itens dos Salários e Encargos
22,78%19,66%
16,01%
41,51%
34,59%37,21%
2,42%
2,11% 4,28%
10,80%
11,31% 10,89%
21,12%
30,97% 30,28%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
Rep
resen
tati
vid
ad
e n
os C
usto
s V
ari
áveis
Pedágios
Pneus e Recauchutagem
Lavagem e Engraxamento
Lubrificantes da Transmissão
Lubrificantes do Motor
Combustíveis
Peças, Acessórios e Materiais deManutenção
Salários, Honorários e
Ordenados da Diretoria; 28,09%
Salários Profissionais de
Escritório e Operação CD;
71,91%
166
A FIG.7.6 detalha os itens que participam da formação dos custos relacionados
às outras despesas. Observa-se que o item de maior representatividade é o
pagamento a profissionais terceirizados, com cerca de 87% para a empresa, quase
90% para o autônomo ideal e mais de 83% para o autônomo prático. Os outros
custos diversos, que são despesas não previstas, representam cerca de 13% para a
empresa, 10% para o autônomo ideal e pouco menos de 17% para o autônomo
prático.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.6 Composição dos Itens das Outras Despesas
7.2.2 REPRESENTATIVIDADE DOS ITENS NO CUSTO OPERACIONAL TOTAL
De forma diferente do tópico anterior, onde cada item de custo foi analisado
dentro do seu próprio grupo de custos, neste tópico cada item foi analisado no custo
operacional total. Ou seja, cada item gerador de custo tem sua representatividade
analisada no âmbito do custo total da operação de transporte de carga no eixo São
Paulo Rio de Janeiro.
A FIG.7.7 demonstra a participação de cada item do custo fixo no custo total
operacional.
2,83% 3,03% 2,46%
87,62% 89,86%83,07%
7,84% 7,11%14,47%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
Rep
resen
tati
vid
ad
e n
as O
utr
as D
esp
esas
Outros Custos Diversos
Depreciações
Serviços ProfissionaisTerceirizados
Tarifa de Serviços Públicos
Aluguéis
167
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.7 Participação dos Itens do Custo Fixo no Custo Total
Pode-se constatar que o salário do motorista continua sendo o item de maior
despesa para a empresa (9,12%) e para o autônomo prático (4,06%), caso este
último faça a retirada de forma correta como proposto por este estudo. Já para o
autônomo ideal o item de maior despesa é a remuneração do capital (6,80%).
Em segundo lugar, para a empresa, a remuneração do capital foi o que mais
pesou na conta (5,01%), já para o autônomo ideal foi a reposição do veículo
(6,12%), assim como para o autônomo prático (1,74%).
Para a empresa, o terceiro item de custos mais oneroso foi areposição do veículo
(4,54%), para o autônomo ideal foi o salário do motorista (5,66%) e para o autônomo
prático foram os custos do licenciamento anual (0,46%) que são muito semelhantes
aos da reposição do equipamento (0,43%).
Os demais itens de custos só aparecem para a empresa e para o autônomo ideal
e ficam abaixo de 5% cada, na representatividade dos custos operacionais totais.
Na FIG.7.8, podem ser visto os itens que participam dos custos variáveis.
5,0
1%
9,1
2%
0,9
1%
4,5
4%
1,3
5%
0,4
5% 2,1
1%
0,4
6%
0,2
3%
0,1
4%
6,8
0%
5,6
6%
6,1
2%
1,8
2%
0,6
0%
2,6
9%
0,6
1%
0,3
1%
4,0
6%
1,7
4%
0,4
3%
0,4
6%
0,00%
1,00%
2,00%
3,00%
4,00%
5,00%
6,00%
7,00%
8,00%
9,00%
10,00%
Rep
resen
tati
vid
ad
e n
os C
usto
s O
pera
cio
nais
T
ota
is
Itens de Custos Fixos
Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
168
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.8 Participação dos Itens do Custo Variável no Custo Total
Conforme comentado anteriormente, os custos variáveis possuem uma
significativa contribuição no conjunto de custos dos autônomos práticos. Basta
observar que no eixo São Paulo a Rio de Janeiro, os autônomos práticos gastam
mais de 43% dos custos com combustíveis e pedágios (23,89% e 19,44%), seguidos
de itens relacionados à manutenção (10,28%) e desgaste dos pneus (6,99%).
Salienta-se que a pesquisa de campo realizada junto aos autônomos e que foi
descrita no Capítulo 6 confirma estas informações anteriores.
Para o autônomo ideal, os combustíveis representam a maior parcela dos gastos
neste trecho (15,14%), assim como para a empresa (11,64%), seguido dos pedágios
(13,56%). Já para a empresa, os pedágios ficaram em terceiro lugar com 5,92% de
representatividade, uma vez que as peças e manutenções ficaram em segundo com
6,39%. Em ambos os cenários, os gastos com pneus ficaram em quarto lugar com
menos de 5%. Este ordenamento dos gastos verificado pelos cálculos, também foi
confirmado pelas pesquisas de campo junto às empresas e autônomos, conforme
descrito no Capítulo 6.
Na FIG.7.9, pode-se observar a participação dos itens que compõe as outras
despesas. Pode-se constatar que o item de maior custo para os três cenários do
estudo são os serviços pagos aos profissionais terceirizados, com quase 17% para a
empresa, pouco mais de 19% para o autônomo ideal e quase 16% para o autônomo
prático, seguidos dos outros custos diversos e das tarifas de serviços públicos.
6,3
9% 11,6
4%
0,6
8%
0,1
3%
0,2
5%
3,0
3%
5,9
2%
8,6
0% 15,1
4%
0,9
3%
0,1
8%
0,4
1%
4,9
5%
13,5
6%
10,2
8%
23,8
9%
2,7
5%
0,2
6%
0,5
9% 6,9
9%
19,4
4%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
Rep
resen
tati
vid
ad
e n
os C
usto
s
Op
era
cio
nais
To
tais
Itens de Custos Variáveis
Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
169
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.9 Participação dos Itens das Outras Despesas no Custo Total
7.2.3 REPRESENTATIVIDADE DE CADA ITEM NO PREÇO FINAL DO FRETE
Uma vez calculados os custos e percentuais que compõem o preço final do frete
rodoviário de carga geral no eixo São Paulo Rio de Janeiro, faz-se necessária a
distribuição dos valores monetários de cada item de custo que compõe o preço
deste frete. Ou seja, a distribuição dos custos de cada item no preço final do frete
encontrado, conforme pode ser observado na TAB.7.14.
Em síntese, pode-se observar que os autônomos não praticam todos os custos
inerentes à empresa por não possuírem uma estrutura administrativa, conforme já
explicado. Entretanto, a empresa se beneficia da redução de alguns custos de
aquisição de insumos operacionais, pelo fato de comprar em grandes lotes, o que
lhe confere poder de negociação junto aos fornecedores.
0,2
4%
0,5
4%
16,6
7%
0,0
8%
1,4
9%
0,6
6%
19,4
2%
1,5
4%
0,4
7%
15,8
8%
2,7
7%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
Aluguéis Tarifa de ServiçosPúblicos
Serviços ProfissionaisTerceirizados
Depreciações Outros Custos Diversos
Rep
resen
tati
vid
ad
e n
os C
usto
s
Op
era
cio
nais
To
tais
Itens de Outras Despesas
Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
170
TAB. 7.14 Distribuição dos Custos no Preço Final
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
Analisando-se o subtotal dos custos fixos, pode-se constatar que estes são
bastante expressivos para o autônomo ideal (24,62%) e para a empresa (24,32%),
mas de baixo peso na conta do autônomo prático (6,69%). Já os custos variáveis
possuem grande expressividade no preço final do frete do autônomo prático
(64,20%), média expressividade para o autônomo ideal (43,77%) e baixa para a
empresa (28,05%).
Conforme já comentado, os salários e encargos do pessoal do administrativo e
operacional ficarão a cargo somente da empresa. Entretanto o item outras
despesas, comum a todos os cenários, revela que a empresa e o autônomo prático
terão custos proporcionalmente iguais ao valor final do frete, com cerca de 19%,
enquanto que o autônomo ideal terá custos proporcionais a 21,61% para este
mesmo item.
No item lucro operacional, a margem será proporcional à receita auferida pela
operação e, portanto estará compatível com cada cenário, já o item impostos e taxas
Grupo iItem Empresa Autônomo (ideal) Autônomo (prático)
Remuneração do Capital 158,90R$ 188,65R$ -R$
Salário do Motorista 289,35R$ 157,10R$ 78,55R$
Salário Oficina Mecânica 28,94R$ -R$ -R$
Reposição do Veículo 144,24R$ 169,70R$ 33,59R$
Reposição do Equipamento 42,82R$ 50,38R$ 8,40R$
Licenciamento Anual 14,35R$ 16,77R$ 8,82R$
Seguro do Veículo 67,07R$ 74,52R$ -R$
Seguro do Equipamento 14,49R$ 17,05R$ -R$
Responsabilidade Civil 7,35R$ 8,65R$ -R$
Padronização 4,50R$ -R$ -R$
Subtotal 772,01R$ 682,81R$ 129,35R$
Peças, Acessórios e Materiais de Manutenção 202,84R$ 238,64R$ 198,86R$
Combustíveis 369,50R$ 420,00R$ 462,00R$
Lubrificantes do Motor 21,56R$ 25,67R$ 53,17R$
Lubrificantes da Transmissão 4,22R$ 5,02R$ 5,02R$
Lavagem e Engraxamento 8,01R$ 11,44R$ 11,44R$
Pneus e Recauchutagem 96,12R$ 137,31R$ 135,28R$
Pedágios 188,00R$ 376,00R$ 376,00R$
Subtotal 890,25R$ 1.214,07R$ 1.241,76R$
Salários, Honorários e Ordenados da Diretoria 18,14R$ - -
Salários Profissionais de Escritório e Operação CD 46,44R$ - -Subtotal 64,58R$ -R$ -R$
Aluguéis 7,69R$ -R$ -R$
Tarifa de Serviços Públicos 17,11R$ 18,18R$ 9,09R$
Serviços Profissionais Terceirizados 529,04R$ 538,60R$ 307,11R$
Depreciações 2,60R$ -R$ -R$
Outros Custos Diversos 47,32R$ 42,60R$ 53,51R$
Subtotal 603,76R$ 599,38R$ 369,70R$
Lucro Operacional 317,42R$ 277,36R$ 193,42R$
Impostos e Taxas 526,22R$ -R$ -R$
Subtotal 843,65R$ 277,36R$ 193,42R$
3.174,25R$ 2.773,63R$ 1.934,24R$
Lucro e
Impostos
Valor Final do Frete
Custos
variáveis
Salários e
Encargos
Outras
Despesas
Custos Fixos
171
serão pagos apenas pela empresa, uma vez que esta arca com todos os tributos e
contribuições inerentes à operação de transporte de cargas. Os autônomos, por
serem contratados, não pagarão estes impostos devido à característica de sua
atividade profissional, que não prevê este tipo de pagamento segundo a legislação
em vigor.
7.2.4 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE EMPRESA E AUTÔNOMOS
De modo a se estabelecer uma relação comparativa entre os cenários propostos
pelo estudo, foram efetuadas comparações em cada item de custo dos grupos de
custos fixos, custos variáveis e outras despesas com a finalidade de se encontrar as
diferenças entre cada cenário em relação ao outro. Não é possível efetuar
comparações entre os salários e encargos pagos ao pessoal do administrativo e
centro de distribuição entre os cenários, uma vez que somente a empresa possui
esta estrutura.
Cada cenário proposto foi comparado os dois outros cenários, tendo-se como
referência a seguinte organização:
1ª Comparação: Empresa x Autônomo Ideal
2ª Comparação: Empresa x Autônomo Prático
3ª Comparação: Autônomo Ideal x Autônomo Prático
Deste modo, torna-se importante ressaltar que a referência sempre é o primeiro
nome. Ou seja, todos os cálculos são realizados para o segundo nome em relação
ao primeiro. E ainda, dependendo do sinal que acompanha o percentual calculado,
tem-se a seguinte instrução de leitura:
Sinal (+): o segundo é x% maior do que o primeiro;
Sinal (-): o segundo é x% menor do que o primeiro;
172
7.2.4.1 COMPARATIVO ENTRE OS ITENS DE CUSTOS FIXOS
Aqui foram comparados percentualmente os gastos referentes aos itens que
compõem os custos fixos para os três cenários estudados.
Na FIG.7.10 a seguir poderão ser vistas as comparações efetuadas entre os três
cenários para os custos fixos, bem como as diferenças percentuais entre eles:
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.10 Comparativo entre os Itens do Custo Fixo
a) Remuneração do Capital (RC)
Pode-se observar que na 1ª comparação, o autônomo ideal gasta 18,72% a mais
do que a empresa com a remuneração do seu capital. Isto acontece porque este
valor é calculado sobre o preço do veículo, que neste caso, é mais barato para a
empresa. Como o autônomo prático não remunera o seu capital, não haverá a 2ª e
3ª comparações.
18,7
2%
-45,7
1%
17
,65
%
17
,65
%
16
,86
%
11
,11
%
17
,65
%
17
,65
%
-72,8
5%
-76,7
2%
-80,3
9%
-38,5
6%
-50,0
0%
-80,2
1%
-83,3
3%
-47,4
2%
-100,00%
-80,00%
-60,00%
-40,00%
-20,00%
0,00%
20,00%
40,00%
Dif
ere
nças P
erc
en
tuais
Custos Fixos por Cenário
Empresa X Aut. (Ideal) Empresa X Aut. (Prático) Aut. (Ideal) X Aut. (Prático)
173
b) Salário do Motorista (SM)
Observa-se que o autônomo ideal gasta cerca de 45,71% menos com os salários
do motorista do que a empresa. Isto se dá pela alta carga tributária e benefícios os
quais a empresa fica precisa arcar quando paga estes salários.
O autônomo prático por sua vez gasta 72,85% menos com salários do que a
empresa, pelos motivos anteriormente explicados para o autônomo ideal, e pelo fato
de haver apenas um motorista, que é o próprio dono do veículo.
Já na 3ª comparação, o autônomo prático gasta a metade do que gasta o
autônomo ideal com salários, simplesmente pelo fato do primeiro utilizar apenas um
motorista, visto que os impostos são os mesmos para ambos os autônomos.
c) Salário da Oficina Mecânica (SO)
Neste item não é possível a comparação entre os cenários, uma vez que
somente a empresa prevê a remuneração para os funcionários da oficina mecânica.
d) Reposição do Veículo (RV)
Pode-se observar que o autônomo ideal terá custos de reposição do veículo
17,65% superiores aos da empresa, devido ao preço de aquisição do veículo ser
maior para o autônomo.
Entretanto, o autônomo prático terá custos de reposição 76,72% menores em
relação à empresa, uma vez que ele adquire um veículo mais barato por ser usado.
Este mesmo motivo pode ser atribuído ao menor custo de reposição entre o
autônomo prático e o ideal (80,21%).
e) Reposição do Equipamento (RE)
Similarmente ao que acontece com a reposição do veículo, na reposição do
equipamento pode-se observar custos maiores para o autônomo ideal em relação à
empresa (17,65%), custos menores para o autônomo prático em relação à empresa
174
(80,39%) e, também, custos menores para o autônomo prático em relação ao
autônomo ideal (83,33%).
f) Licenciamento Anual (LC)
Para o licenciamento anual o autônomo ideal terá gastos 16,86% maiores do que
a empresa, uma vez que novamente uma parte destes custos de licenciamento é
calculada sobre o valor de aquisição do veículo, que para o autônomo ideal é mais
caro.
Já o autônomo prático terá gastos 38,56% menores do que a empresa e 47,42%
menores do que o autônomo ideal, pelo fato do seu veículo ser mais barato.
g) Seguro do Veículo (SV)
Como apenas a empresa e o autônomo ideal farão seguro, a comparação será
realizada somente entre estes. Deste modo, observa-se que a pelo fato da empresa
conseguir descontos nos preços do seguro, por negociarem seguros para vários
veículos de uma só vez, o autônomo ideal pagará um seguro veicular 11,11% mais
caro do que a empresa.
h) Seguro do Equipamento (SE)
Este item tem explicação semelhante ao anterior, entretanto o autônomo terá
custo do seguro 17,65% mais caros do que a empresa.
i) Responsabilidade Civil Facultativa (RCF)
Este item, também, tem explicação semelhante ao anterior, entretanto o
autônomo terá custo da responsabilidade civil 17,65% mais cara do que a empresa.
j) Padronização
175
Neste item não é possível à comparação entre os cenários, uma vez que
somente a empresa prevê a padronização de seus veículos.
7.2.4.2 COMPARATIVO ENTRE OS ITENS DE CUSTOS VARIÁVEIS
Foram feitas comparações percentuais dos gastos referentes aos itens que
compõem os custos variáveis para os três cenários considerados no estudo.
Na FIG. 7.11 a seguir poderão ser vistas as comparações efetuadas entre os três
cenários para os custos variáveis, bem como as diferenças percentuais entre eles:
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.11 Comparativo entre os Itens do Custo Variável
a) Peças, Acessórios e Material de Manutenção (PM)
17,6
5%
13,6
7%
19,0
5%
18,7
5% 42,8
6%
42,8
6%
-1,9
6% 2
5,0
3%
14
6,6
0%
18,7
5% 42,8
6%
40,7
4%
-16,6
7%
10
,00
%
107,1
4%
0,0
0%
-1,4
8%
-40,00%
-20,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
140,00%
160,00%
Dif
ere
nças P
erc
en
tuais
Custos Variáveis por Cenário
Empresa X Aut. (Ideal) Empresa X Aut. (Prático) Aut. (Ideal) X Aut. (Prático)
176
Na 1ª comparação pode-se observar que os gastos com itens relativos à
manutenções do autônomo ideal será 17,65% maior do que para a empresa, uma
vez que este item se baseia num percentual do valor do veículo.
Já o autônomo prático terá custos 1,96% menores em relação à empresa e
16,67% em relação ao autônomo ideal. Salienta-se que mesmo utilizando-se um
índice de manutenções superior (2,5%), para o autônomo prático, uma vez que o
seu veículo mais usado está sujeito a maiores gastos com manutenções,
comparativamente com os outros dois cenários estes custos serão menores, devido
ao baixo preço do seu veículo usado.
b) Combustíveis (DC)
Neste item os autônomos ideais terão gastos 13,67% maiores do que as
empresas. Já os autônomos práticos gastarão 25,03% mais com combustíveis do
que a empresa e 10% mais do que os autônomos ideais, uma vez que seu veículo
geralmente mais antigo consome mais combustíveis, além da aquisição deste
insumo ser realizada direto no postos de combustíveis onde os preços são mais
caros.
c) Lubrificantes do Motor (LM)
Observa-se que os autônomos ideais gastam 19,05% mais do que a empresa
com lubrificantes do motor, enquanto que o autônomo prático gasta quase 147%
mais do que a empresa e 107,14% mais do que o autônomo ideal. Isto se deve ao
fato da empresa adquirir óleo lubrificante em grande escala, o que lhe permite
conseguir bons descontos no preço, além da taxa de reposição do autônomo prático
que necessita de mais óleo para completar o volume do cárter, o que encarece o
custo final deste item.
d) Lubrificantes da Transmissão (LT)
177
Neste item pode-se observar um gasto maior de ambos os autônomos em
relação à empresa em torno de 18,75%, sendo que entre os autônomos não há
diferença nos gastos deste item.
e) Lavagem e Engraxamento (LG)
Neste item, também, pode-se observar um gasto maior de ambos os autônomos
em relação à empresa em torno de 42,86%, sendo que entre os autônomos não há
diferença nos gastos deste item.
f) Pneus e Recauchutagem (PR)
Pode-se observar que haverá um gasto maior do autônomo ideal em relação à
empresa em torno de 42,86%, uma vez que a empresa consegue descontos na
aquisição de pneus e serviços relacionados.
Já o autônomo prático irá gastar 40,72% mais do que a empresa e 1,48% menos
do que o autônomo ideal, uma vez que ele reaproveita as câmaras e protetores, e
ainda adquire estes itens usados e a baixo custo.
g) Pedágios (PD)
Neste item apesar de haver gastos para os três cenários propostos pelo estudo,
os valore serão iguais, uma vez que os pedágios devem ser pagos integralmente por
todos os usuários da rodovia concedida. Deste modo, não haverá gastos maiores ou
menores entre os cenários.
7.2.4.3 COMPARATIVO ENTRE OS ITENS DAS OUTRAS DESPESAS
Aqui foram comparados percentualmente os gastos referentes aos itens que
compõem as outras despesas para os três cenários do estudo.
178
Na FIG.7.12 a seguir poderão ser vistas as comparações efetuadas entre os três
cenários para as outras despesas, bem como as diferenças percentuais entre elas:
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.12 Comparativo entre os Itens das Outras Despesas
a) Aluguéis
Neste item não é possível a comparação entre os cenários, uma vez que
somente a empresa prevê a padronização de seus veículos.
b) Tarifa de Serviços Públicos
Observa-se que o autônomo ideal terá um gasto de 6,26% superior ao gasto da
empresa com os serviços públicos. Já o autônomo prático terá um gasto 46,87%
inferior ao verificado para a empresa, uma vez que este não possui uma estrutura
administrativa e operacional. E ainda, o autônomo prático terá um gasto 50% inferior
ao autônomo ideal neste item.
c) Serviços de Profissionais Terceirizados
0,0
0% 6,2
6%
1,8
1%
0,0
0%
-9,9
8%
0,0
0%
-46,8
7%
-41,9
5%
0,0
0%
13
,08
%
0,0
0%
-50,0
0%
-42
,98
%
0,0
0%
25,6
1%
-60,00%
-50,00%
-40,00%
-30,00%
-20,00%
-10,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
Aluguéis Tarifa de ServiçosPúblicos
Serviços ProfissionaisTerceirizados
Depreciações Outros Custos Diversos
Dif
ere
nç
as
Pe
rce
ntu
ais
Outras Despesas por Cenário
Empresa X Aut. (Ideal) Empresa X Aut. (Prático) Aut. (Ideal) X Aut. (Prático)
179
Neste item pode-se observar que o autônomo ideal terá um custo 1,81% maior
do que a empresa, o que demonstra bastante semelhança entre estes custos.
Já o autônomo prático terá um custo 41,95% inferior ao da empresa e 42,98%
inferior ao do autônomo ideal, uma vez que este não possui estrutura administrativa
e contrata muito pouco serviço terceirizado, resumindo-se basicamente a vigilância,
oficina mecânica e agenciador de frete.
d) Depreciações
Neste item não é possível a comparação entre os cenários, uma vez que
somente a empresa prevê a padronização de seus veículos.
e) Outros Custos Diversos
Nos outros custos diversos o autônomo ideal terá custos 9,98% inferiores aos da
empresa, devido à estrutura administrativa que a empresa necessita.
Já o autônomo prático prevê custos 13,08% superiores aos da empresa,
basicamente relacionados a despesas com alimentação. E ainda, o autônomo
prático terá gastos 25,61% superiores aos do autônomo ideal, basicamente
referentes a outras despesas não previstas e alimentação.
7.2.5 IMPACTO DOS PRINCIPAIS ITENS DE CUSTO NO PREÇO DO FRETE
Pelas análises apresentadas até o momento, observa-se que alguns itens
contribuem com maior parcela de custos para a formação do preço final do frete.
Estes itens necessitam atenção especial, pois nem sempre podem ser gerenciados
internamente pela empresa ou pelos autônomos, como por exemplo: combustíveis,
pedágios e outros itens que têm seus preços regulados pelo mercado ou pelo
governo.
Entretanto, cabe aqui identificar quais itens possuem maior parcela de
contribuição para a formação do preço do frete e analisar seu comportamento no
180
mercado nos últimos anos, de modo que se possam prever futuras alterações nos
preços destes itens que por ventura possam ocasionar aumentos ou distorções
inesperadas nos preços do frete.
Esta análise será realizada unicamente em função do autônomo prático, que,
como foi visto, é o que mais sofre com as alterações dos preços dos produtos no
mercado. Deste modo, pretende-se identificar quais os impactos das alterações no
preço de alguns destes insumos operacionais adquiridos pelo autônomo no preço
final do frete a ser cobrado por ele em sua atividade de transporte.
Conforme pode ser visto anteriormente, os itens que mais contribuem para a
formação do preço do frete do autônomo prático são, em ordem crescente de
importância: combustíveis, pedágios, serviços de profissionais terceirizados, peças e
itens de manutenção e pneus. Se somados, estes itens representam cerca de 76%
do preço do frete no eixo São Paulo a Rio de Janeiro.
Assim, para que fosse possível realizar a previsão de aumento do frete
ocasionado por uma possível alta no preço dos insumos operacionais, optou-se por
analisar os itens combustíveis e pedágios, uma vez que além de se constatar que
estes itens possuem cerca de 43% de participação no preço final do frete, conforme
visto na seção 7.2.2, este fato foi amplamente confirmado nas pesquisas de campo
junto aos autônomos, conforme visto no Capítulo 6.
Combustíveis
De modo a se realizar uma previsão do impacto do aumento do combustível no
preço final do frete, foi necessária a realização de uma pesquisa dos preços finais
deste produto ao consumidor em São Paulo e Rio de Janeiro.
Segundo ANP (2012), o aumento médio do preço do óleo diesel na bomba em
São Paulo e Rio de Janeiro entre 2001 e 2012 é de cerca de 9,25% ao ano. Em
alguns anos pode-se observar inclusive retração de preços, como de 2006 para
2007 e 2009 para 2010, entretanto, nos demais anos os aumentos tem sido
substanciais.
Com base nos dados coletados junto à ANP (2012), foi possível, por meio de
regressão linear (R2=0,85 e y=0,1081x–215,16; sendo x o período em anos e y o
resultado projetado a ser obtido para o preço do diesel), se fazer uma projeção do
181
aumento do preço do diesel de 2013 a 2020, e então, verificar qual seria o
comportamento do preço final do frete do autônomo.
A FIG. 7.13 a seguir demonstra a escalada de aumento do preço do diesel a
partir de 2001:
Fonte: ANP 2012, adaptado pelo autor
FIG. 7.13 Aumento do Preço do Diesel
Observa-se que as barras vermelhas a partir de 2013 correspondem à projeção
realizada por este estudo e, portanto, são estimativas de preços futuros com base
em dados históricos do preço do diesel.
Assim, caso esta projeção de alta no preço do diesel se confirmasse, o preço
final do frete ficaria alterado conforme FIG.7.14.
R$ 0,00
R$ 0,50
R$ 1,00
R$ 1,50
R$ 2,00
R$ 2,50
R$ 3,00
R$ 3,50
Pre
ço d
o D
iese
l
Anos
182
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.14 Evolução do Preço do Frete com Aumento do Diesel
Observa-se que, caso a previsão sobre o aumento do diesel se confirme, o
aumento do preço do frete entre 2012 e 2020 seria de 14%, o que tende a dificultar
ainda mais a contratação do autônomo pelas grandes empresas. Outro ponto
importante a ser considerado é que com o aumento do diesel, vários produtos
também sofrem aumentos pelo fato de serem transportados por caminhões. Este
fator impacta ainda mais estes custos do frete uma vez que itens como: peças,
acessórios, equipamentos, pneus, transporte de mão de obra, lubrificantes,
transporte de veículos novos, dentre outros, precisam ser transportados pelo
sistema de transporte rodoviário, que utiliza maciçamente o óleo diesel como insumo
energético principal. Assim, tendo estes motivos adicionados aos cálculos da
evolução do preço do diesel, o preço final do frete deve ficar ainda maior.
Pedágios
Outro item importante no estudo deste eixo de transporte são os pedágios
cobrados pela concessionária Nova Dutra, que administra a rodovia utilizada como
referência neste trabalho.
Observou-se que os pedágios entre São Paulo e Rio de Janeiro sofreram
reajustes sucessivos ao longo dos anos, o que aumentos expressivamente os
gastos com este importante item de custos final do preço do frete do autônomo.
Também neste caso utilizou-se a regressão linear (R2=0,98 e y=1,8524x-3687,8;
1.934,24
2.019,80 2.044,24
2.071,13 2.098,02
2.124,91 2.151,80
2.176,24
2.203,13
1.750,00
1.800,00
1.850,00
1.900,00
1.950,00
2.000,00
2.050,00
2.100,00
2.150,00
2.200,00
2.250,00
Preç
o do
Fre
te (R
$)
Anos
183
sendo x o período em anos e y o resultado projetado a ser obtido para o preço do
pedágio) para a estimativa de aumento da tarifa de pedágio e consequentemente o
aumento nos preços futuros do frete rodoviários no eixo de estudo.
Segundo ANTT (2012), os valores cobrados nas seis praças de pedágio entre
São Paulo e Rio de Janeiro receberam autorização de reajustes em suas tarifas
anualmente desde 1996, conforme pode ser visto na FIG.7.15:
Fonte: ANTT 2012, adaptado pelo autor
FIG. 7.15 Aumento do Preço do Pedágio – Nova Dutra
Assim, pode-se observar que o aumento médio da tarifa do pedágio entre os
anos de 1996 e 2012 foi de 8,09% ao ano, o que certamente impactará o preço final
do frete neste trecho. Ressalta-se que as barras vermelhas na figura correspondem
à projeção do valor do pedágio, com base nos dados históricos.
Deste modo, caso esta projeção de alta no preço do pedágio se confirmasse, o
preço final do frete ficaria alterado conforme FIG.7.16.
R$ 0,00
R$ 10,00
R$ 20,00
R$ 30,00
R$ 40,00
R$ 50,00
R$ 60,00
Pre
ço d
o P
edág
io
Anos
184
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.16 Evolução do Preço do Frete com Aumento do Pedágio
Observa-se, neste caso, que o aumento no preço do frete ocasionado pelo
aumento na tarifa do pedágio entre os anos de 2012 e 2020 será de 9,45%, o que
também representa um problema para o autônomo que sempre é pressionada o
reduzir o preço do seu frete.
Cabe salientar que, em se verificando a confirmação do aumento do preço do
combustível e da tarifa do pedágio, elas certamente ocorrerão de forma simultânea,
o que causará uma combinação de impactos no preço do frete do autônomo.
Deste modo, a FIG. 7.17 mostra este aumento do preço do frete com a
combinação de aumentos do combustível e pedágio simultaneamente:
1.934,24
1.972,92
1.993,51
2.014,09
2.034,66
2.055,25
2.075,83
2.096,42 2.117,00
1.800,00
1.850,00
1.900,00
1.950,00
2.000,00
2.050,00
2.100,00
2.150,00
Pre
ço d
o F
rete
(R
$)
Anos
185
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
FIG. 7.17 Evolução do Preço do Frete com Aumento de Ambos (Pedágio e Diesel)
Pela análise dos dados da FIG.7.17, pode-se constatar um aumento esperado de
23% no preço médio do frete do autônomo entre os anos de 2012 e 2020, caso se
confirmasse o aumento simultâneo do pedágio e diesel, o que certamente impactaria
na sua frequência de contratações por parte das empresas transportadoras.
Outros fatores, que não foram considerados nesta análise, também impactariam
o preço final do frete, tais como: o aumento do consumo de combustíveis, que
acontece gradativamente à medida que os veículos envelhecem e o maior gasto
com manutenções, visto que estas tendem a se intensificar à medida que os veículo
ficam mais velhos.
7.3 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
Pela análise dos custos de transporte no eixo São Paulo a Rio de Janeiro
apresentada neste Capítulo, pode-se observar que os custos se comportam de
forma bastante particular para cada um dos três cenários propostos. Cada cenário
teve que arcar com determinados custos inerentes à sua realidade ou seu tipo de
atuação no mercado de transporte rodoviário.
1.934,24 2.058,47
2.103,51 2.150,97 2.198,44 2.245,92 2.293,39 2.338,42
2.385,89
0,00
500,00
1.000,00
1.500,00
2.000,00
2.500,00
3.000,00
Pre
ço d
o F
rete
(R
$)
Anos
186
Ao final pode-se observar que, se forem comparados os valores de frete
pesquisados junto às empresas e os valores calculados para este cenário, há uma
ligeira distorção, o que demonstra que o preço do frete cobrado pelas empresas
também pode estar defasado.
Para o cenário do autônomo ideal, que é aquele autônomo que tentaria arcar
com todos os custos e o gerenciamento do veículo de maneira correta, torna-se
totalmente inviável o preço encontrado para o mesmo. Este cenário tornou-se
bastante importante neste trabalho, uma vez que foi possível esta comparação entre
o que o autônomo deveria pagar de custos operacionais de transporte e o que ele
realmente paga. A partir desta comparação pode-se concluir que, com os valores de
fretes atualmente praticados no mercado de transporte seria impossível para o
transportador autônomo arcar com todos os custos operacionais e de
gerenciamento, o que faz com que ele tenha que se submeter às distorções
relacionadas ao serviço prestado, tais como: grande jornada de trabalho, dificuldade
em trocar o veículo, negligência quanto a manutenção do veículo, dentre outras.
Cabe salientar, no entanto, que tanto a empresa quanto o autônomo que
possuem os preços do frete distorcidos precisam operar no mercado tentando se
adequar a esta distorção, caso contrário poderão perder contratos de fretes. Ou
seja, mesmo sabendo que estão com os preços abaixo do que seria correto, ambos
precisam ajustar seus custos de tal modo que ainda permaneçam competitivos no
mercado de fretes.
187
8 CONCLUSÕES
O sistema de transporte rodoviário possui uma atuação muito importante no
desenvolvimento econômico de qualquer país. Por meio dele, as mercadorias
chegam até os grandes centros consumidores e exportadores. Quando o sistema de
transporte é precário, torna-se praticamente impossível realizar o deslocamento das
matérias primas até os grandes parques industriais e posterior deslocamento dos
produtos acabados até os mercados consumidores em tempo e qualidade
requeridos pelos clientes.
O sistema de transportes, no Brasil, sofre com sérias dificuldades estruturais,
pois a maior parte das cargas transportadas está concentrada no sistema rodoviário.
Este, por trafegar em rodovias em mal estado de conservação, acaba tendo a
segurança da operação comprometida, além de mais onerosa.
Estes problemas estruturais acabam criando vários impactos negativos para a
sociedade, como o aumento do número de acidentes nas rodovias, com perdas
materiais e vidas, gerando prejuízos para todo o sistema, e ainda, uma tendência de
aumento nos custos de transportes pela ineficiência do sistema.
A questão relacionada aos custos do transporte também se torna bastante
complexa para ao sistema de transportes no Brasil, uma vez que, os preços
praticados no mercado de fretes brasileiros não passam por nenhum controle
governamental. Este fator tem como vantagem a abertura para a livre negociação e
concorrência, entretanto na prática, o que se pode observar é a imposição de
valores preestabelecidos pelos contratantes deste serviço. Tais valores, que são
obtidos por pesquisa das próprias empresas junto às concorrentes, nem sempre
remuneram adequadamente os custos inerentes à operação efetuada pelos
caminhoneiros. Isto pode ser observado na análise desenvolvida neste trabalho. E
esta distorção entre o frete praticado e o frete calculado com base nos custos, tem
maior peso sobre os transportadores autônomos, que cobram preços de fretes
abaixo do que poderiam, para não ficarem sem trabalhar.
Um fato importante que deve ser ressaltado trata do baixo controle exercido pelo
governo para a entrada de novos trabalhadores autônomos no mercado de
188
transportes, o que agrava ainda mais a concorrência predatória praticada entre eles.
Se comparado com outros países como Estados Unidos e alguns da União
Europeia, que impõem uma série de regras rígidas para a inserção de novos
autônomos no mercado de transportes, pode se constatar que o Brasil ainda está
bastante atrasado no que concerne à regulamentação desta atividade.
Como uma das propostas do estudo foi a de se pesquisar junto ao mercado de
transportadores de cargas, quais seriam os fretes praticados por estes e
posteriormente compará-los com os cálculos baseados nos custos, tornou-se
necessária uma busca por métodos de cálculos eficientes que pudessem ser
utilizados para se chegar aos valores dos fretes calculados.
Sabe-se que existem várias maneiras de se calcular os custos referentes ao
transporte de carga, entretanto, devem-se observar alguns quesitos importantes de
modo que o método escolhido seja adequado ao cálculo proposto.
De maneira geral, o método de divisão dos custos, é bastante utilizado, pois de
certa forma enumera a maior parte dos custos e detalhes inerentes ao cálculo dos
custos do transporte rodoviário. Apesar das empresas transportadoras possuírem
seus próprios métodos, geralmente baseados em planilhas eletrônicas ou softwares
específicos, que levam em consideração requisitos próprios que elas julgam
necessários de serem considerados, estas empresas também detalham estes custos
de forma semelhante ao que foi apresentado no Capítulo 4.
O fato é que, o método de cálculo dos custos do frete irá depender, dentre
outros, das condições do ambiente onde será realizado o transporte, da natureza
operacional do mercado em questão, da atitude governamental, além de fatores
técnicos inerentes à própria característica operacional do transportador de carga.
Assim, na maior parte das vezes, os métodos de cálculo de custos de frete
existentes servem como referência para a criação ou modelagem de métodos
específicos para os transportadores.
Quanto à pesquisa em si, apesar dos métodos de coleta de dados em campo já
serem bastante conhecidos e consagrados pela literatura acerca do assunto, cabe
destacar que coletar informações junto ao mercado de transporte torna-se uma
tarefa complexa à medida que este mercado é bastante competitivo e evita repassar
as informações para desconhecidos.
189
Deste modo, tornou-se necessária a elaboração de um questionário aplicado,
tanto nas empresas, quanto para os autônomos a fim de que se conhecesse e se
descobrisse os detalhes inerentes aos custos praticados no eixo de transporte São
Paulo a Rio de Janeiro. Este questionário também foi enviado eletronicamente para
algumas empresas a fim de que estas pudessem contribuir com suas informações
acerca do tema.
Uma vez recebidos os dados, os mesmos foram tabulados, validados e tratados
estatisticamente, de modo a se obter as informações necessárias ao estudo.
Pela análise dos custos de transporte no eixo São Paulo a Rio de Janeiro
apresentada, pode-se observar que os custos se comportam de forma bastante
particular para cada um dos três cenários propostos. Cada cenário teve que arcar
com determinados custos inerentes à sua realidade ou seu tipo de atuação no
mercado de transporte rodoviário.
Ao final pode-se observar que, se forem comparados os valores de frete
pesquisados junto às empresas e os valores calculados para este cenário, há uma
ligeira distorção, o que demonstra que o preço do frete cobrado pelas empresas
também pode estar defasado.
Deste modo, este trabalho conseguiu comprovar que para o cenário do autônomo
ideal, que é aquele autônomo que tentaria arcar com todos os custos e
gerenciamento de maneira correta, torna-se totalmente inviável o preço encontrado
para o mesmo. Este cenário tornou-se bastante importante neste trabalho, uma vez
que foi possível esta comparação entre o que o autônomo deveria pagar de custos
operacionais de transporte e o que ele realmente paga. A partir desta comparação
pode-se concluir que, com os valores de fretes atualmente praticados no mercado
de transporte seria impossível para o transportador autônomo arcar com todos os
custos operacionais e de gerenciamento, o que faz com que ele deixe de fazer uma
manutenção adequada do veículo ou trabalhe em tempo excessivo, comprometendo
inclusive a sua segurança e a segurança das vias.
Cabe salientar, no entanto, que tanto a empresa quanto o autônomo que
possuem os preços do frete inadequados precisam operar no mercado tentando se
ajustar a situação, caso contrário poderão perder contratos de fretes. Ou seja,
mesmo sabendo que estão com os preços abaixo do que seria correto, ambos
190
precisam ajustar seus custos de tal modo que ainda permaneçam competitivos no
mercado de fretes.
Por fim, conforme explicado no Capítulo 4, não foi considerada neste estudo a
regulamentação imposta pela Lei 12.619/12, uma vez que a mesma ainda não está
sendo aplicada integralmente e as pesquisas de campo ocorreram antes da sanção
desta lei. Entretanto, com base nas discussões que tem ocorrido no meio acadêmico
e empresarial acerca dos impactos desta lei nos custos finais dos fretes praticados
no país e, consequentemente, nos custos finais dos produtos ao consumidor, torna-
se possível a realização de algumas considerações preliminares e análises de como
ficariam estes custos dos fretes se fossem consideradas as premissas constantes na
lei.
Segundo ILOS (2013), se os parâmetros e demais itens pertinentes à nova
legislação forem cumpridos integralmente os custos dos serviços de transporte
tendem a aumentar, de acordo com as estimativas apresentadas na TAB. 8.1, a
seguir:
TAB. 8.1 Impacto nos Custos do Frete com Lei 12.619/12
Fonte: ILOS, 2013
Pela análise da TAB. 8.1 pode-se constatar que para uma distância operacional
de 800 km os tempos de viagens não se alteram, mas há um incremento de
aproximadamente 6% nos custos de transporte. Já para viagens 1.500 km observa-
se um aumento de 1 dia no tempo de viagem e incremento de quase 23% nos
custos e, para trechos de 3.000 km o tempo de viagem passa de 5 para 8 dias com
incremento de 32% nos custos do frete.
%
Reajuste de
CustosTempo de Viagem
Antes da
Regulamentação
Depois da
Regulamentação
Distância
3.000 KM 5 dias 8 dias 32,0%
800 KM 2 dias 2 dias 5,9%
1.500 KM 3 dias 4 dias 22,6%
191
Com base nas informações apresentadas na TAB. 8.1 foi possível fazer uma
estimativa, por regressão linear, de qual seria o percentual de reajuste nos custos
operacionais de transporte no Eixo SP – RJ e, consequentemente, quais seriam os
valores finais dos fretes praticados neste Eixo, para os três cenários estudados.
Assim, depois de elaborada a regressão linear, considerando-se as 3 distâncias e os
3 percentuais de reajuste de custos apresentados na TAB. 8.1., obteve-se a reta
resultante (y = 0,0001x + 0,0077; sendo x a distância em quilômetros e y o resultado
projetado para o percentual de reajuste do custo do frete), que apresentou R2 = 0,87,
ou seja, confiável. Deste modo, foi possível calcular para a distância no Eixo
estudado (440 km), o percentual de reajuste nos custos de 5,2%.
Deste modo, tendo como base a análise apresentada no parágrafo anterior, fez-
se um reajuste dos valores de custo do frete para o Eixo SP – RJ apresentados na
TAB. 8.2.
TAB. 8.2 Estimativa de Custos do Frete com Lei 12.619/12
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013
Naturalmente as estimativas de valores dos novos custos de fretes apresentadas
na TAB. 8.2 são bastante simplificadas e levaram em consideração apenas os dados
da TAB. 8.1. Certamente que para estimativas mais precisas do comportamento dos
custos com a aplicação da nova regulamentação, seriam necessárias informações
mais precisas e cálculos mais aprofundados.
Autônomo
(prático) R$ 1.934,24 R$ 2.034,24
Empresa R$ 3.174,25 R$ 3.338,36
Autônomo
(ideal) R$ 2.773,63 R$ 2.917,03
Transportador
Custos do Frete (SP - RJ)
Antes da
Regulamentação
Depois da
Regulamentação
192
Por oportuno, recomenda-se que o trabalho desenvolvido nesta dissertação seja
continuado, levando-se em consideração a Lei 12.619/12 e todas as suas
regulamentações, bem como sejam estudados, também, outros Eixos de transporte
importantes para o país, uma vez que o tema “custos de fretes” possui grande
potencial de estudo e grandes perspectivas de discussões, aprimoramentos e
melhorias.
193
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200
10 ANEXOS
201
ANEXO I - Questionário Aplicado nas Transportadoras na visita realizada pessoalmente.
Transportadora: Quantas Filiais:
Nome do responsável: Data:
Função:
Tempo de Empresa:
1) Qual o tamanho da frota da empresa ?
Resposta:
2) Como está dividida a frota da empresa?(%)
Carreta ( )
Truck ( )
Toco ( )
Outros ( ) ___________________________
3) Qual a idade média da frota da empresa?
Resposta:
4) Qual a periodicidade de renovação da frota da empresa? ( Frequência de troca da frota)
Resposta:
5) Qual o tamanho da frota dos autônomos ?
Resposta:
6) Como está dividida a frota dos autônomos?(%)
Carreta ( )
Truck ( )
Toco ( )
Outros ( ) ___________________________
7) Qual a idade média da frota dos autônomos?
Resposta:
8) Quantas toneladas são transportadas pela empresa mensalmente?
Resposta:
9) Qual a participação do eixo São Paulo - Rio de Janeiro (%) nas toneladas transportadas pela empresa mensalmente?
Resposta:
10) Da carga transportada mensalmente pela empresa no eixo São Paulo - Rio de Janeiro qual a participação dos
autônomos?
Resposta:
IME - Instituto Militar de Engenharia
Seção de Ensino de Engenharia de Fortificação e Construção (SE/2)
Mestrado em Engenharia de Transportes
Pesquisa Formação do preço do Frete
202
11) Qual o tipo de carga predominante transportada pela empresa?a
Carga Geral ( )
Líquida ( )
Seca e Granel ( )
Frigorífica ( )
Outra (s) __________________________________
12) Qual o tipo de carga predominante transportada pelos autônomos?
Carga Geral ( )
Líquida ( )
Seca e Granel ( )
Frigorífica ( )
Outra (s)
13) Qual o tipo de carga predominante transportada pela empresa no eixo São Paulo- Rio de Janeiro?
Carga Geral ( )
Líquida ( )
Seca e Granel ( )
Frigorífica ( )
Outra (s)
14) Qual o tipo de carga predominante transportada pelos autônomos no eixo São Paulo- Rio de Janeiro?
Carga Geral ( )
Líquida ( )
Seca e Granel ( )
Frigorífica ( )
Outra (s)
15) Atribua peso de 1 a 5 em função da importância desses fatores na definição de preço do frete cobrado pelas transpor-
tadoras. Sendo 1 para fatores de menor importância e 5 para fatores de maior importância.
1 2 3 4 5
Custos ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Possibilidade da carga de retorno ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Vias utilizadas ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Carga e Descarga ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Sazonalidade da demanda por transporte ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
16) Qual a variável que tem a participação maior no frete?
17) Qual o preço do frete no eixo São Paulo-Rio de Janeiro, levando em consideração as seguintes observações: Tipos de
veículos: Carreta e Truck e para a carga o tipo de carga a que mais predomina na empresa R$/t/km?
Resposta:
18) Se levássemos em consideração as observações acima, qual seria o preço do frete pago para os autônomos nesse
trecho?
Resposta:
19) Existe uma tabela para os autônomos? Quais variáveis foram levadas em consideração para essa planilha? Caso afirmativo
Marcar na planilha anexa na coluna Autonomo
20) Quando há maior necessidade de utilizar os serviços dos autônomos?
Longas Distâncias ( )
Sazonalidade ( )
Áreas Urbanas ( )
Frete do autônomo menor comparado com a empresa ( )
Outro (s)_________________________________________
Marcar na planilha anexa
203
21) Qual a satisfação da empresa quanto ao serviço prestado pelos autônomos (%)?
0-30 ( )
30-50 ( )
50-70 ( )
70-100 ( )
22) Qual o % de carga roubada pela empresa e pelos autônomos?
Resposta:
23) Qual o % de acidentes nas estradas pela empresa e pelos autônomos?
Resposta:
204
ANEXO II- Questionário enviado eletronicamente para um grupo de Transportadoras –
software encuestafacil
205
206
ANEXO III- Questionário Aplicado ao Grupo de Autônomos
Nome do Autônomo: Data:
Tempo no Mercado:
1) Qual é o tipo do seu veículo?
Carreta ( )
Truck ( )
Toco ( )
Outros ( ) ___________________________
2)Qual a idade do seu veículo?
Resposta:_______________________________________
3) Você tem seguro do veículo?
Sim ( )
Não ( )
4) Qual a periodicidade de renovação do seu veículo?
Resposta:_________________________________________
5) Qual o tipo de carga que você mais Transporta?
Carga Geral ( )
Líquida ( )
Seca e Granel ( )
Frigorífica ( )
Outras ( ) ___________________________________________
6) Você faz o eixo São Paulo - Rio de Janeiro?
Sim ( )
Não ( )
7) Qual o valor médio de um frete entre São Paulo- Rio de Janeiro?
Resposta:___________________________________________________________________
8) Você acha justo o preço do frete pago pelas transportadoras, quando contratam o seu serviço no eixo São Paulo-Rio de Janeiro?
Sim ( )
Não ( ) Qual deveria ser este valor?_____________________
9) Qual o tipo de carga mais transportada por você nesse eixo?
Carga Geral ( )
Líquida ( )
Seca e Granel ( )
Frigorífica ( )
Outras ( ) ___________________________________________
10) O que você leva em consideração para calcular o valor do frete?
Custos ( )
Possibilidade da carga de retorno ( )
Vias utilizadas ( )
Carga e Descarga ( )
Sazonalidade da demanda por transporte ( )
IME - Instituto Militar de Engenharia
Seção de Ensino de Engenharia de Fortificação e Construção (SE/2)
Mestrado em Engenharia de Transportes
Pesquisa Formação do preço do Frete (Autônomo)
207
11) Você leva em consideração alguma das variáveis abaixo para calcular o valor do frete?
Combustível ( )
Licenciamento ( )
Seguro ( )
Óleo Cárter e Câmbio ( )
Pneus ( )
Depreciação ( )
Manutenção ( )
Alimentação ( )
Estadia ( )
Todas ( )
Outras ( )
12) Quando você é contratado por uma transportadora, como é feita a negociação do preço do frete pelo serviço prestado?
Você passa o preço do frete para o determinado serviço ( )
A transportadora passa o preço sendo obrigado a aceitar ( )
Há negociação entre as partes ( )
13)Em que circunstâncias as empresas utilizam mais o seu serviço?
Longas Distâncias ( )
Sazonalidade ( )
Áreas Urbanas ( )
Frete do autônomo menor comparado com a empresa ( )
Outro (s)_________________________________________ ( )
14)Qual o seu nível de satisfação quanto ao valor do frete pago pelas transportadoras?
Ruim ( )
Bom ( )
Muito Bom ( )
15) Quando você faz reparos no veículo?
Periodicamente ( ) __anos
So quando apresenta defeito ( )
208
ANEXO IV- Carta de apresentação do Guia do Transportador
São Paulo, 05 de setembro de 2011
Prezados Senhores Transportadores,
O Portal Guia do Transportador apóia a Pesquisa para Dissertação de Mestrado da Estudante do Instituto Militar de Engenharia - IME, Maria da
Penha Araujo. Confira no link abaixo: http://www.encuestafacil.com/RespWeb/Qn.aspx?EID=1016817
No Brasil costuma-se ter muita dificuldade para empreender e definir investimentos por falta de informação, que nos demais países é normalmente gerada nas universidades a partir de teses de mestrado e
doutourado e depois viram livro e conhecimento à disposição da sociedade.
A pesquisa de dissertação de mestrado da pós-graduanda Maria da Penha
Araujo conta com o selo do IME, é absolutamente séria e confiável e manterá todos os dados confidenciais, com a vantagem para as empresas que participarem, de acesso exclusivo às análises e resultados do
trabalho.
Sua empresa foi escolhida porque faz parte do rol das mais importantes empresas do TRC no Brasil e seguramente têm as credenciais para ajudar nesse importante estudo.
Por essas razões, nós do Portal Guia do Transportador, apoiamos a
pesquisa e pedimos um pouco de tempo e esforço dessa importante empresa para ajudar o Brasil, através de pesquisas como essa, a melhorar a nossa base de dados e conhecimentos sobre o TRC.
No mais, permanecemos à disposição.
Atenciosamente, JOÃO BATISTA DOMINICI Portal do Transportador de Cargas - Sua Busca Acaba Aqui... Consultoria e Treinamento em Trânsito e Transporte
Tel: (11) 30512407 CEL 11-99905265
209
ANEXO V- Número de viagens realizadas por cada veículo
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
s 1 z z z z z z z z zz
t 2 zz zz zz zz z z z z z
q 3 z z z zz zz zz zz zz z z z z z zz zz zz
q 4 zz zz zz zz zz z z z z
s 5 z z z z zz zz zz zz zz zz z z z
s 6 z z z z z zz zz zz zz zz zz z z z
d 7 z z z z z z z z zz
s 8 zz zz zz zz z z z z z
t 9 z z z zz zz zz zz zz z z z z z zz zz zz
q 10 zz zz zz zz zz z z z z
q 11 z z z z zz zz zz zz zz zz z z z
s 12 z z z z z zz zz zz zz zz zz z z z
s 13
d 14 z z z z z z z z zz
s 15 zz zz zz zz z z z z z
t 16 z z z zz zz zz zz zz z z z z z zz zz zz
q 17 zz zz zz zz zz z z z z
q 18 z z z z zz zz zz zz zz zz z z z
s 19 z z z z z zz zz zz zz zz zz z z z
s 20 z z z z z z z z zz
d 21 zz zz zz zz z z z z z
s 22 z z z zz zz zz zz zz z z z z z zz zz zz
t 23 zz zz zz zz zz z z z z
q 24 z z z z zz zz zz zz zz zz z z z
q 25 z z z z z zz zz zz zz zz zz z z z
s 26 z z z z z z z z zz
s 27 zz zz zz zz z z z z z
d 28
s 29
t 30
Viajando Carregado (SP-RJ) 8
z z Aguardando e Descansando/Dormindo 3
z z Descarregando e Descansando/Dormindo 2
zz zz Dormindo
Retornando Vazio (RJ-SP) 6,7
z z Carregando e Descansando/Dormindo 3
Em manutenção 2 dias
Descanso Semanal
HORAS DIÁRIAS DE TRABALHO
DIA
S M
EN
SA
IS D
E T
RA
BA
LH
O