MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO … · CAMILA CRISTINE LOPES O EFEITO DA ADIÇÃO DE LiF...
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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA DOS MATERIAIS
CAMILA CRISTINE LOPES
O EFEITO DA ADIÇÃO DE LiF E MgO NA
SINTERIZAÇÃO DA Al2O3
Rio de Janeiro
2017
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CAMILA CRISTINE LOPES
O EFEITO DA ADIÇÃO DE LiF E MgO NA SINTERIZAÇÃO DA Al2O3
Proposta de Dissertação de Mestrado apresentada ao
Curso de Mestrado em Ciência dos Materiais do Instituto
Militar de Engenharia, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Ciências em Ciência dos
Materiais.
Orientadores: Prof. Luis Henrique Leme Louro – Ph.D.
Prof. Alaelson Vieira Gomes – D.C.
Prof. Rubens L. S. Blazutti Marçal – D.C.
Rio de Janeiro
2017
2
C2017
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha
Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270
Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em
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feita a referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e dos orientadores.
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R672s
Lopes, Camila Cristine
O efeito da adição de LiF e MgO na sinterização da
Al2O3 / Camila Cristine Lopes orientado por Luis H. L. Louro,
Alaelson V. Gomes e Rubens L. S. Blazutti Marçal. - Rio de
Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2016.
123 p.: il.
Dissertação (mestrado) – Instituto Militar de Engenharia
– Rio de Janeiro, 2016.
1. Engenharia dos Materiais – teses, dissertações. 2.
Ciência dos Materiais – teses, dissertações. 3. Alumina –material
cerâmico. I. Título. II. Instituto Militar de Engenharia.
CDD 669
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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CAMILA CRISTINE LOPES
O EFEITO DA ADIÇÃO DE LiF E MgO NA SINTERIZAÇÃO DA Al2O3
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Ciencia dos Materiais do
Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em
Ciências em Ciência dos Materiais.
Orientadores: Prof. Luis Henrique Leme Louro – Ph.D.
Prof. Alaelson Vieira Gomes – D.C.
Prof. Rubens Lincoln Santana Blazutti Marçal – D.C.
Aprovada em 2 de fevereiro de 2017 pela seguinte Banca Examinadora:
___________________________________________________________________________
Prof. Luis Henrique Leme Louro – Ph.D. do IME – Presidente
___________________________________________________________________________
Prof. Alaelson Vieira Gomes– D.C. do IME
___________________________________________________________________________
Prof. Rubens Lincoln Santana Blazutti Marçal – D.C. do IME
___________________________________________________________________________
Prof. Paulo Roberto Rodrigues de Jesus – M.C. do IME
___________________________________________________________________________
Prof. Maria Aparecida Pinheiro dos Santos – D.C. do IPqM
Rio de Janeiro
2017
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Dedico este trabalho a minhas amigas,
Flaviana Maria de Souza e Ana Rosa Araújo.
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AGRADECIMENTOS
À Maria por me cobrir com teu manto sagrado e interceder junto à Deus, me amparando
nos momentos difíceis, dando força para superar as dificuldades, mostrar os caminhos nas horas
incertas e suprindo em todas as necessidades. Glória a Deus!
Ao meu pai espiritual, Padre Marcelo Rossi, por me ensinar o poder da oração e sentir a
presença do espírito santo.
À minha família, meu bem mais precioso, minha inspiração! Obrigada por sempre me
apoiarem nas minhas decisões e permanecerem sempre ao meu lado. Meus pais José Carlos
Lopes e Rosinéa do Carmo Lopes e meus irmãos Bruna do Carmo Lopes e Otávio Augusto do
Carmo Lopes. Amo vocês! Obrigada por tudo!
Minhas tias Gislene e Lucinéa por serem minha segunda mãe e me acolherem quando mais
precisei, intercedendo com suas orações. Meus tios (as) Valdir, Valteir, Antônio, Cristiane e
Douglas e meus primos Nayara, Rynara, Igor, Heuder, Karine, Aline, André, Jéssica e
Guilherme. Obrigada!
Aos meus avós Alcebíades e Efigênia e a toda família Carmo e Lopes pelo apoio, incentivo.
Ao Prof. Luis Henrique Leme Louro, toda minha admiração e respeito. Obrigada pelos
ensinamentos passados e toda discussão científica. Ao Prof. Rubens Marçal que esteve à frente
durante toda etapa deste trabalho, obrigada pelos ensinamentos e apoio na realização do
trabalho. Aos Prof. Alaelson Gomes obrigada pelos ensinamentos, discussões e ajuda.
À Daniel Navarro todo meu carinho e admiração. Obrigada por sua amizade, paciência,
pelas palavras de incentivo e, principalmente pela ajuda em relação a revisão deste trabalho.
Às minhas amigas nesta caminhada Géssica, Nahrima, Emília, Ana Caroline, Gláucia e
Ana Paula, pelos bons momentos vividos, obrigada pelo companheirismo, pelas risadas, pelo
carinho. Por nossos momentos de “Mureta” junto ao Daniel e ao Flávio, me proporcionando
momentos que nunca vou esquecer. Amo vocês!!
À minha amiga Ana Rosa Araújo que esteve comigo no início desta caminhada. Lutamos
juntas, sofremos juntas, e esta conquista eu dedico a você. Obrigada pela amizade, pelo carinho!
À minha amiga Cláudia Nazaré dos Santos toda minha admiração! Sempre foi minha
inspiração pela história de luta e perseverança, a grande “culpada” por estar aqui e me
apresentar o mundo cientifico.
À minha amiga Flaviana Maria de Souza (in memorian), um anjo que nunca vou esquecer.
Dedico esta conquista a você.
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Aos meus amigos do IME, Lúcio, Fábio, Fernanda, Fabiana, Austin, Artur, Ramon.
Obrigada por todo auxílio e convivência. Ao Joel (Laboratório de Microscopia Eletrônica de
Varredura) pelas micrografias, pela amizade e atenção
Aos meus amigos de Minas, Priscila, Tais, Aquiles, Vinicius, Thalita, Beatriz e Vinícius.
Desculpem-me pela ausência.
Aos amigos que adquiri na USIMINAS, que estiveram presentes na decisão para ingressar
no mestrado, em especial, Alexandre e Fábio.
Meus professores de graduação Fabrício, Tarcísio, Marco Antônio, Thiago, minhas
inspirações profissionais.
Aos meus amigos de longa data, Raphael Ávila e Cesar Augusto Nascimento, que sempre
terão meu carinho especial.
Ao IPqM pela utilização do Laboratório de Materiais, em especial a Dra. Maria Aparecida
e ao estagiário Lucas Marques pelas contribuições valiosas nas etapas de sinterização e ensaios
de Módulo de Elasticidade das amostras e principalmente pela amizade! Obrigada! Ao Jairo
pela ajuda com as análises do tamanho de partícula e ao Arnaldo com as análises térmicas. E a
todos que me receberam com muito carinho. Obrigada!
Ao IMA pela contribuição em realizar as análises Térmicas e ao Flávio pelo intermédio
destas análises.
Ao Prof. Brant da UERJ, por toda ajuda com as análises de DRX. Obrigada!
Agradeço ao Instituto Militar de Engenharia (IME) pela oportunidade e espaço cedido.
Agradeço ao CNPq pelo auxílio financeiro para a execução deste trabalho.
7
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÔES ...................................................................................................... 9
LISTA DE TABELA ............................................................................................................... 15
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ........................................................................ 16
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 19
1.1 Justificativa do trabalho ........................................................................................... 19
1.2 Objetivos do trabalho ............................................................................................... 20
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 22
2.1 Processamento cerâmico .......................................................................................... 22
2.2 Características do pó cerâmico ................................................................................ 24
2.2.1 Alumina ou óxido de alumínio ................................................................................ 25
2.2.2 Magnésia ou óxido de magnésio .............................................................................. 27
2.2.3 Fluoreto de lítio ........................................................................................................ 27
2.3 Aditivos de processamento ...................................................................................... 28
2.4 Conformação por prensagem ................................................................................... 30
2.5 Processo de sinterização .......................................................................................... 31
2.5.1 Sinterização no estado sólido................................................................................... 34
2.5.2 Sinterização na presença de fase líquida ................................................................. 35
2.6 Sinterização na presença de aditivos: MgO e LiF ................................................... 38
3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 43
3.1 Materiais utilizados .................................................................................................. 43
3.1.1 Identificação das amostras ....................................................................................... 44
3.1.2 Preparação das misturas ........................................................................................... 45
3.1.3 Preparação dos corpos cerâmicos ............................................................................ 46
3.2 Tamanho de partículas ............................................................................................. 50
3.3 Densidade e densificação dos corpos cerâmicos ..................................................... 50
3.4 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ......................................................... 52
3.5 Difração de raios X (DRX) ...................................................................................... 53
8
3.5.1 Módulo de elasticidade ............................................................................................ 54
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 55
4.1 Caracterização dos materiais conforme recebidos ................................................... 55
4.1.1 Tamanho das partículas ........................................................................................... 55
4.1.2 Difração de raios X (DRX) das partículas conforme recebidas .............................. 56
4.2 Caracterização dos pós após preparo das misturas .................................................. 58
4.2.1 Tamanho das partículas ........................................................................................... 58
4.3 Densidade e densificação dos corpos cerâmicos ..................................................... 63
4.3.1 Densidade e densificação dos corpos cerâmicos à verde ......................................... 63
4.3.2 Densificação dos corpos cerâmicos sinterizados ..................................................... 64
4.4 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) dos corpos cerâmicos ....................... 72
4.4.1 MEV dos corpos cerâmicos sinterizados à 1400 ºC ................................................ 72
4.4.2 MEV dos corpos cerâmicos sinterizados à 1600 ºC ................................................ 88
4.5 Difração de raios X (DRX) dos corpos cerâmicos ................................................ 104
4.5.1 DRX dos corpos cerâmicos sinterizados à 1400 ºC ............................................... 104
4.5.2 DRX corpos cerâmicos sinterizados à 1600 ºC ..................................................... 107
4.6 Módulo de elasticidade .......................................................................................... 111
5 CONCLUSÕES .................................................................................................... 115
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................. 117
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 118
9
LISTA DE ILUSTRAÇÔES
FIG. 2.1 Fluxograma do processamento de pós cerâmicos. Adaptada de REED (1995). ........ 23
FIG. 2.2 Fluxograma do processo Bayer para a produção de alumina a partir da bauxita.
Adaptada de CONSTANTINO et al., (2002). ........................................................ 25
FIG. 2.3 (a) Estrutura da alumina (α-Al2O3), (b) vista de cima e (c) sítio octaédrico. Adaptada
de SHIRAI et al., (2009). ....................................................................................... 26
FIG. 2.4 Defeitos em compactos prensados. Adaptada de REED (1995). ............................... 31
FIG. 2.5 (a) Sinterização em presença de fase líquida; (b) Sinterização em estado sólido.
Adaptada de BARSOUM (2003). .......................................................................... 32
FIG. 2.6 Modelo de sinterização de esferas entre duas partículas (a) em estado sólido, e(b) em
presença de fase líquida. Adaptada de BOSH e NIÉPCE (2001). ......................... 32
FIG. 2.7 Mecanismos básicos de transporte de matéria que conduzem ao (a) crescimento e
mudança na forma do poro e (b) densificação. (c) Remoção do material a partir da
área entre as partículas dentro dos poros resultando no encolhimento e densificação.
Adaptada de BARSOUM (2003). .......................................................................... 33
FIG. 2.8 Grau de molhabilidade de um líquido em uma superfície sólida. (a) molhamento (θ <
90o) e (b) não molhamento (θ > 90º). Adaptada de BARSOUM (2003). .............. 35
FIG. 2.9 Mecanismos atuantes na sinterização em presença de fase líquida. Adaptada de
GERMAN et al., (2009). ........................................................................................ 37
FIG. 2.10 Densidade relativa e o tamanho de grão das amostras sinterizadas entre 1300 e 1700
ºC. Adaptada de YOSHIMURA et al., (2005). ...................................................... 40
FIG. 2.11 Diagrama de fases de Li2O-Al2O3. Adaptada por KULKARNI e BESMAN (2008).
................................................................................................................................ 42
FIG. 3.1 Matriz circular com diâmetro interno de 20 mm. ...................................................... 47
FIG. 3.2 Defeitos apresentados após a etapa de sinterização dos corpos cerâmicos
confeccionados, com maior razão de aspecto. ....................................................... 47
FIG. 3.3 Aspecto visual das amostras sinterizadas com os parâmetros ajustados para menor
razão de aspecto. .................................................................................................... 47
FIG. 3.4 Matriz circular com diâmetro interno de 57 mm. ...................................................... 48
FIG. 3.5 Aspecto das amostras a verde para determinação de propriedades elásticas. ............ 48
FIG. 3.6 Rota de sinterização utilizada para a temperatura de 1400ºC. ................................... 49
10
FIG. 3.7 Rota de sinterização utilizada para a temperatura de 1600ºC. ................................... 49
FIG. 3.8 Equipamento Sonelastic® da ATCP Engenharia para medição de propriedades
elásticas. SANTOS (2016). .................................................................................... 54
FIG. 4.1 Distribuição do tamanho de partícula da Al2O3 como recebida. ............................... 55
FIG. 4.2 Distribuição do tamanho de partícula do MgO como recebido. ................................ 56
FIG. 4.3 Distribuição do tamanho de partícula do LiF como recebido. ................................... 56
FIG. 4.4 DRX da Al2O3 como recebida. ................................................................................... 57
FIG. 4.5 DRX do MgO como recebido. ................................................................................... 57
FIG. 4.6 DRX do LiF conforme recebido. ............................................................................... 58
FIG. 4.7 Distribuição do tamanho de partícula do grupo A (0,00 % MgO). (a) 0,00 % LiF (b)
0,30% LiF e (c) 0,60% LiF. ................................................................................... 59
FIG. 4.8 Distribuição do tamanho de partícula do grupo B (0,25 % MgO). (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% LiF e (c) 0,60% LiF. ................................................................................... 60
FIG. 4.9 Distribuição do tamanho de partícula do grupo C (0,50 % MgO). (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% LiF e (c) 0,60% LiF. .................................................................................. 61
FIG. 4.10 Diâmetro médio das partículas dos pós cominuídos das composições investigadas.
................................................................................................................................ 62
FIG. 4.11 Densificação das amostras para temperatura de sinterização de 1400 ºC ............... 66
FIG. 4.12 Densificação das amostras para temperatura de sinterização de 1600 ºC ............... 68
FIG. 4.13 Comparativo entre a densificação média dos corpos cerâmicos sinterizados. ........ 70
FIG. 4.14 Gráfico de superfície para a análise de densidade (g/cm3) na temperatura de
sinterização à 1400 ºC. ........................................................................................... 71
FIG. 4.15 Gráfico de superfície para a análise de densidade (g/cm3) na temperatura de
sinterização à 1600 ºC. ........................................................................................... 71
FIG. 4.16 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) sinterizados à 1400 ºC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d)
100.000X ................................................................................................................ 73
FIG. 4.17 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) sinterizados à 1400 ºC ....... 73
FIG. 4.18 Morfologia dos corpos cerâmicos grupo A (0,00% MgO), contendo 0,30% LiF,
sinterizados à 1400 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X;
(c) 50.000X, e (d) 100.000X .................................................................................. 74
FIG. 4.19 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) contendo adições de 0,30%
LiF sinterizados à 1400 oC ..................................................................................... 75
11
FIG. 4.20 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO), contendo 0,60% LiF,
sinterizados à 1400 oC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X;
(c) 50.000X, e (d) 100.000X .................................................................................. 75
FIG. 4.21 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) contendo adições de 0,60%
LiF sinterizados à 1400 oC. .................................................................................... 76
FIG. 4.22 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO) sinterizados à 1400 oC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d)
100.000X ................................................................................................................ 77
FIG. 4.23 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO) sinterizados a 1400 oC. Regiões
com presença dos elementos: Al e Mg (Rec 1, 2 e 4); Al; (Rec 3 e 5). ................. 78
FIG. 4.24 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) sinterizados à 1400 oC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d)
100.000X ................................................................................................................ 79
FIG. 4.25 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,50% MgO) sinterizados à 1400 oC. Regiões
com presença dos elementos: Mg e Al (Rec 1); Al (Rec 2). .................................. 80
FIG. 4.26 Morfologia das amostras do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,30% LiF, sinterizadas
à 1400 oC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X,
e (d) 100.000X ........................................................................................................ 81
FIG. 4.27 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,30% LiF e
sinterizados a 1400 oC. Regiões com presença dos elementos: Mg e Al (Rec 1); Al
(Rec 2). ................................................................................................................... 81
FIG. 4.28 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,60% LiF e
sinterizados à 1400 oC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X;
(c) 50.000X, e (d) 100.000X .................................................................................. 82
FIG. 4.29 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,60% LiF e
sinterizados a 1400 oC. Regiões com presença dos elementos: Al (REC 1 e 3); Mg
e Al (REC 2 e 4). .................................................................................................... 83
FIG. 4.30 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO), contendo 0,30% LiF,
sinterizados à 1400 em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000X. ....................................................................................... 84
FIG. 4.31 EDS dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO), contendo 0,30% LiF e
sinterizados a 1400 oC. Regiões com presença dos elementos: Al (Rec 1); Mg e Al
(Rec 2). ................................................................................................................... 85
12
FIG. 4.32 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO), contendo 0,60% LiF,
sinterizados à 1400 em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000X ........................................................................................ 86
FIG. 4.33 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,50% MgO), contendo 0,60% LiF e
sinterizados a 1400 oC. Regiões com presença dos elementos: Mg e Al (Rec 1 á 5).
................................................................................................................................ 87
FIG. 4.34 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) sinterizados à 1600 ºC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d)
100.000X ................................................................................................................ 89
FIG. 4.35 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) e sinterizados à 1600 oC. ... 89
FIG. 4.36 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO), contendo 0,30% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X;
(c) 50.000X, e (d) 100.000X .................................................................................. 90
FIG. 4.37 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) contendo adições de 0,3% LiF
sinterizados à 1600 oC ............................................................................................ 91
FIG. 4.38 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO), contendo 0,60% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X;
(c) 50.000X, e (d) 100.000X .................................................................................. 91
FIG. 4.39 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) contendo adições de 0,6% LiF
sinterizados à 1600 oC ............................................................................................ 92
FIG. 4.40 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO) sinterizados à 1600 ºC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d)
100.000X ................................................................................................................ 93
FIG. 4.41 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO) sinterizados à 1600 oC. Regiões
com presença dos elementos: Al (Rec 1); Mg e Al (Rec 2). .................................. 94
FIG. 4.42 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) sinterizados à 1600 ºC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d)
100.000X ................................................................................................................ 95
FIG. 4.43 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) sinterizados à 1600 ºC:
Região contendo a presença de uma segunda fase ao redor de uma partícula que foi
arrancada durante a fratura, em diferentes aumentos: (a) 25.000X; (b) 150.000X 95
FIG. 4.44 EDS dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) sinterizados à 1600 oC. Regiões
com presença dos elementos: Mg e Al (Rec 2); Al (Rec 3). .................................. 96
13
FIG. 4.45 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,30% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X;
(c) 50.000X, e (d) 100.000X .................................................................................. 97
FIG. 4.46 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO) contendo adições de 0,3% LiF
sinterizados à 1600 oC. Regiões com presença dos elementos: Mg e Al (Rec 1); Al
(Rec 2). ................................................................................................................... 98
FIG. 4.47 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,60% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X;
(c) 50.000X, e (d) 100.000X .................................................................................. 99
FIG. 4.48 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,25% MgO) contendo adições de 0,6% LiF
sinterizados à 1600 oC. Regiões com presença dos elementos Mg e Al (Rec 1 e 3).
.............................................................................................................................. 100
FIG. 4.49 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO), contendo 0,30% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X;
(c) 50.000X, e (d) 100.000X. ............................................................................... 101
FIG. 4.50 EDS dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) contendo adições de 0,3% LiF
e sinterizados à 1600 oC. Regiões com presença dos elementos Mg e Al (Rec 1 e 2).
.............................................................................................................................. 102
FIG. 4.51 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO), contendo 0,60% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X;
(c) 50.000X, e (d) 100.000. .................................................................................. 103
FIG. 4.52 EDS dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) contendo adições de 0,6% LiF
sinterizados à 1600 oC. Regiões com presença dos elementos Mg e Al (Rec 1 e 2).
.............................................................................................................................. 104
FIG. 4.53 Difratograma do grupo A (0,00% MgO) sinterizadas à 1400°C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF. ........................................................................................ 105
FIG. 4.54 Difratograma do grupo B (0,25% MgO) sinterizadas à 1400°C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF. ........................................................................................ 106
FIG. 4.55 Difratograma do grupo C (0,50% MgO) sinterizadas à 1400°C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF. ........................................................................................ 106
FIG. 4.56 Difratograma do grupo A (0,00% MgO) sinterizadas à 1600 °C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF. ........................................................................................ 108
14
FIG. 4.57 Difratograma do grupo B (0,25% MgO) sinterizadas à 1600 °C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF. ........................................................................................ 109
FIG. 4.58 Difratograma do grupo C (0,50% MgO) sinterizadas à 1600 °C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF. ........................................................................................ 110
FIG. 4.59 Módulo de elasticidade dos corpos cerâmicos investigados. ................................. 113
15
LISTA DE TABELA
TAB. 2.1 Propriedades do LiF. Adaptada de MONTEREALI (2002). ................................... 28
TAB. 3.1 Análise química da Al2O3. ....................................................................................... 43
TAB. 3.2 Análise química do MgO. ........................................................................................ 44
TAB. 3.3 Análise química do LiF. ........................................................................................... 44
TAB. 3.4 Propriedades do PEG. .............................................................................................. 44
TAB. 3.5 Identificação das amostras utilizadas nas medidas de densidade e densificação. .... 45
TAB. 3.6 Densidade teórica dos compostos. ........................................................................... 51
TAB. 3.7 Densidade teórica das composições investigadas. ................................................... 51
TAB. 4.1 Área específica e diâmetro médio das partículas como recebidas ........................... 55
TAB. 4.2 Área especifica e diâmetro médio das partículas após cominuição ......................... 59
TAB. 4.3 Valores de densidade e densificação dos corpos cerâmicos a verde ........................ 64
TAB. 4.4 Densidade aparente e densificação dos corpos cerâmicos sinterizados à 1400ºC/3h
................................................................................................................................ 65
TAB. 4.5 Densidade aparente e densificação dos corpos cerâmicos sinterizados à 1600ºC/1h
................................................................................................................................ 67
TAB. 4.6 Fases identificas nas amostras sinterizadas à 1400 ºC ........................................... 107
TAB. 4.7 Fases identificas nas amostras sinterizadas à 1600 ºC ........................................... 110
TAB. 4.8 Módulo de elasticidade dos corpos cerâmicos sinterizados à 1400 ºC/3h. ............ 111
TAB. 4.9 Módulo de elasticidade dos corpos cerâmicos sinterizados à 1600 ºC/1h. ............ 112
16
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ABREVIATURAS
DRX - Difração de Raios X
EDS - Espectroscopia de Dispersão de Energia
IME - Instituto Militar de Engenharia
IPqM - Instituto de Pesquisas da Marinha
IMA – Instituto de Macromoléculas Eloísa Manno
CBPF - Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
JCPDS - Joint Committee of Powder Diffraction Standards
MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
PEG - Polietileno glicol
SIMBOLOS
γsl - energia da superfície sólido-líquido
γsv - energia da superfície sólido-vapor
γls - energia da superfície líquido-sólido
γlv - energia da superfície líquido-vapor
γgb - energia do contorno de grão
Ψ - ângulo diedral
θ - ângulo de incidência
ρverde - densidade a verde
ρ - densidade teórica
m - massa
v - volume
17
RESUMO
Neste trabalho investigou-se a influência de aditivos de sinterização na densificação da
alumina sinterizada. Foram eles: fluoreto de lítio (LiF) com o objetivo de promover sinterização
em presença de fase líquida devido ao seu baixo ponto de fusão; e óxido de magnésio (MgO),
cujo ponto de fusão é elevado, com o intuito de promover sinterização no estado sólido. As
composições cerâmicas investigadas envolveram os seguintes sistemas: Al2O3; Al2O3-LiF;
Al2O3-MgO e Al2O3-MgO-LiF, onde utilizou-se as concentrações em peso de 0,30 e 0,60%
para o LiF e 0,25 e 0,50% para o MgO. Os tratamentos térmicos de sinterização foram
realizados a 1400 ºC/3h e 1600 ºC/1h. As composições investigadas foram caracterizadas
quanto aos seus tamanhos de partículas, e verificou-se que a adição simultânea dos aditivos LiF
e MgO contribuiu para reduzir o tamanho médio de partícula após a moagem dos pós. Os
resultados de densificação obtidos revelaram que o aditivo LiF foi aquele que resultou em
melhores densificações nas condições investigadas. Por outro lado, os sistemas Al2O3-MgO e
Al2O3-MgO-LiF apresentaram os menores resultados de densificação. Particularmente, o
aumento simultâneo das adições de LiF e MgO resultou nos valores mais baixos de densificação
da alumina sinterizada. As amostras sinterizadas foram caracterizadas por microscopia
eletrônica de varredura (MEV) que revelou a formação de segunda fase nos contornos de grão.
Resultados de difração de raios X identificaram a presença das fases LiAl5O8 e MgAl2O4.
Verificou-se que a presença da fase LiAl5O8 prejudicou tanto a densificação quanto as
propriedades elásticas da alumina sinterizada.
18
ABSTRACT
This work investigated the influence of sintering additives on the densification of the
sintered alumina. The additives were: lithium fluoride (LiF) with the purpose to promote liquid
phase sintering due to its low melting point; and magnesium oxide (MgO) with melting point
higher than that of alumina, with the objective to promote solid state sintering. The investigated
ceramic compositions involved the following systems: Al2O3; Al2O3-LiF; Al2O3-MgO e Al2O3-
MgO-LiF, where one used the weight concentrations of 0.30 and 0.60% for LiF and 0.25 and
0.50% for MgO. The sintering heat treatments were carried out at 1400 ºC/3h and 1600 ºC/1h,
respectively. The investigated compositions were characterized by measuring their particle
sizes, and it was verified that the simultaneous addition of LiF and MgO additives contributed
to reduce the system average particle size after milling. The densification obtained results
revealed that the LiF additive was that which resulted better values in the investigated
conditions. On the other hand, the systems Al2O3-MgO and Al2O3-MgO-LiF were those that
showed lower densification results. Particularly, the simultaneous increase of LiF and MgO
additions caused the worse alumina densification results. The sintered alumina samples were
characterized by scanning electron microscopy (SEM) that revealed the formation of a second
phase along the alumina grain boundaries. X ray diffraction results showed the presence of
LiAl5O8 and MgAl2O4 phases. It was verified that the presence of LiAl5O8 phase was
deleterious both for densification and for elastic properties of the sintering alumina.
19
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO
A alumina (Al2O3) tem sido intensamente estudada por ser um material cerâmico muito
versátil, sendo facilmente adaptado em diversos trabalhos. Dentre as suas propriedades, a sua
alta dureza permite utilizá-la por exemplo, como elemento resistente ao desgaste na indústria
de abrasivos. Além de possuir boas propriedades dielétricas, mecânicas e refratárias, a alumina
tem a capacidade de adaptar-se a aplicações onde a temperatura representa um fator crítico
(DAVIS, 2010). A alumina também pode ser produzida para emprego na área médica.
Normalmente, é utilizada em regiões em que exijam alta solicitação mecânica como, por
exemplo, na reconstituição de quadril e joelho (RODRIGUES, 2013). Entretanto, existem
limitações na sua aplicação, devido a sua baixa resistência mecânica à flexão e baixa tenacidade
à fratura (AUERKARI, 1996). Por isso, torna-se necessário otimizar suas propriedades
mecânicas e/ou desenvolver novos materiais compósitos. A função de cada produto cerâmico
depende da sua composição química e estrutura atômica, o que determina suas propriedades e
desempenho para cada tipo de material de engenharia.
O ciclo térmico usualmente utilizado em uma das etapas do processamento cerâmico,
denominado sinterização, tem por objetivo unir as partículas e obter um corpo sólido com as
propriedades mecânicas desejadas. As propriedades da alumina sinterizada dependem das
características do pó cerâmico como: tamanho, distribuição de tamanho e forma das partículas,
bem como da sua pureza. Com isso, controla-se a cinética de densificação, dependente dos
parâmetros da sinterização, que influenciam a qualidade do produto final do corpo cerâmico da
alumina. Por exemplo, uma mistura homogênea permite uma compactação mais uniforme que
reduz as variações na taxa de sinterização. No tratamento térmico, partículas menores
sinterizam mais facilmente em temperaturas mais baixas, melhorando a densificação do produto
final. Isto ocorre devido a uma relação direta entre uma maior área superficial específica das
partículas que aumenta a força motriz para a densificação (BARSOUM, 2003).
A utilização de aditivos no processamento altera as propriedades físicas e químicas do
corpo cerâmico, podendo contribuir para reduzir a temperatura de sinterização e aumentar a
20
taxa de densificação. A literatura indica que a utilização do óxido de magnésio (MgO) como
aditivo na alumina é capaz de melhorar a sinterização pela redução da mobilidade do contorno
de grão pelo efeito de arraste de soluto (COBLE, 1961b; MOLLÁ et al 1996; TONELLO, 2009;
WANG et al 2013). Assim, o poro tende a permanecer ligado aos contornos de grão e assim
prevenir o crescimento exagerado dos grãos. Enquanto que o processo de sinterização da
alumina aditivada com MgO ocorre em estado sólido, o aditivo fluoreto de lítio (LiF) pode
desempenhar um papel importante na sinterização em presença de fase líquida. O baixo ponto
de fusão do LiF torna-o potencialmente eficaz, devido a sua capacidade de reduzir a temperatura
de sinterização, mesmo quando ocorre a formação de outras fases (JESUS, 2016; SANTOS,
2016).
A motivação deste estudo foi investigar o comportamento de sinterização da Al2O3 em
presença de fase líquida, ao ser adicionar o LiF, devido ao sucesso obtido no trabalho promissor
desenvolvido por JESUS (2016). O autor obteve os melhores resultados de densificação da
composição cerâmica Al2O3 – 4% Nb2O5 quando adicionou 1,00% em peso de LiF.
Posteriormente, SANTOS (2016) otimizou este estudo, estabelecendo que a adição em 0,50%
em peso de LiF foi aquela que resultou em valores ainda maiores de densificação para a
composição cerâmica Al2O3 – 4% Nb2O5. Neste trabalho, investigou-se o comportamento da
sinterização da Al2O3 acrescentando as composições, em porcentagem peso, de LiF: 0,30 e
0,60%. Além da adição do LiF, o comportamento de sinterização da Al2O3, no estado sólido,
foi também avaliado com adições de MgO: 0,25 e 0,50%.
O comportamento da sinterização das composições cerâmicas: Al2O3; Al2O3-LiF; Al2O3-
MgO e Al2O3-LiF-MgO foi avaliado utilizando diferentes condições de tratamento térmico:
1400 ºC, mantendo um patamar de 3 horas, e 1600 ºC, mantendo um patamar de 1 hora. A
influência dos aditivos de sinterização na Al2O3, submetidos a estes dois tratamentos térmicos,
foi caracterizada considerando o tamanho de partícula das misturas, avaliando-se a densificação
e propriedades elásticas; os corpos cerâmicos sinterizados foram caracterizados também por
difração de raios X e microscopia eletrônica de varredura (MEV).
1.2 OBJETIVOS DO TRABALHO
Os objetivos deste trabalho foram:
21
Avaliar a influência da utilização de MgO e LiF como aditivos no comportamento de
sinterização da Al2O3 em diferentes temperaturas.
Investigar a influência do tamanho e distribuição de tamanho das partículas e a eficiência
do processo de moagem, na sinterização da Al2O3.
Estudar o efeito dos aditivos utilizados no módulo de elasticidade da Al2O3 sinterizada.
Identificar as fases presentes após a sinterização da Al2O3 através da técnica de difração de
raios X.
22
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 PROCESSAMENTO CERÂMICO
O termo cerâmico deriva da palavra grega keramikos, que significa “matéria prima
queimada”, indicando que as propriedades desejadas dos cerâmicos são adquiridas após um
processo de tratamento térmico em altas temperaturas que promove modificações físico-
químicas permanentes. Historicamente, os materiais cerâmicos costumam ser classificados em
dois grupos principais: tradicionais e avançados. (CALLISTER e RETHWISCH, 2013;
RAHAMAN, 2003). As cerâmicas tradicionais são produzidas a partir de matéria prima natural
e são produtos de processos de transformação que apresentam pouco controle de seus
parâmetros operacionais. Já as cerâmicas avançadas são baseadas em matérias primas sintéticas
e resultam de processos de produção altamente desenvolvidos e controlados. Atualmente, as
cerâmicas avançadas constituem um dos principais grupos de materiais utilizados na
engenharia, englobando aplicações na indústria de componentes eletrônicos, aeroespacial,
comunicação, dentre outras (SRINIVASULU et al 2016).
De modo geral, os materiais cerâmicos possuem estrutura cristalina mais complexa do que
os metálicos e, normalmente, são constituídos por dois ou mais elementos que ocupam uma
determinada posição no reticulado cristalino. As ligações químicas formadas são
predominantemente iônicas ou covalentes, constituídas por cátions, carregados positivamente,
e por ânions, carregados negativamente havendo, portanto, uma necessidade de equilíbrio
químico que envolva um balanceamento elétrico das cargas (CALLISTER e RETHWISCH,
2013). Tais características químicas, baseadas em ligações fortes, tornam as cerâmicas
adequadas para aplicações que requerem maior dureza e resistência mecânica, propriedades que
são uma consequência direta da natureza das ligações e dos arranjos atômicos presentes nos
materiais cerâmicos (BOSH e NIÉPCE, 2001). Porém, tais características costumam tornar o
material frágil, devido ao aparecimento de defeitos, trincas e microtrincas, que concentram
tensões e podem levar à falha abrupta do material. Para prevenir tais problemas, técnicas de
processamento tem sido empregadas para melhorar o controle microestrutural das cerâmicas,
contribuindo para melhorar suas propriedades intrínsecas e, como consequência, diminuir a
23
quantidade e o tamanho dos defeitos. A busca pelo aperfeiçoamento do processamento
cerâmico é alvo permanente de pesquisa cerâmica que visa proporcionar reduções no custo de
fabricação e minimizar a ocorrência de defeitos microestruturais (PALMEIRA, 2012).
O processamento cerâmico compreende uma sequência de operações capazes de alterar o
aspecto físico e a estrutura química do material cerâmico, bem como identificar as variáveis
importantes de um dado sistema cerâmico. O entendimento e o controle dos efeitos dessas
variáveis possibilitam eliminar e/ou reduzir os efeitos deletérios sobre as propriedades finais do
produto cerâmico produzido (REED, 1995). As principais etapas do processamento cerâmico,
em geral, envolvem: a obtenção de pós cerâmicos, mistura com aditivos, cominuição e
homogeneização, secagem, peneiramento, prensagem, sinterização e acabamento do produto
cerâmico final (BOSH e NIÉPCE, 2001; REED, 1995). No passado, uma maior ênfase foi dada
sobre os mecanismos que envolvem a etapa de sinterização. Entretanto, durante a fabricação do
corpo cerâmico, cada etapa tem o potencial para a produção de falhas microestruturais
indesejáveis que influenciam a sinterização. Com isso, para se obter as propriedades específicas
desejadas no corpo cerâmico final, é necessário ter o controle sobre todas as etapas do
processamento cerâmico (RAHAMAN, 2003). A FIG. 2.1 apresenta um fluxograma tradicional
do processamento de pós cerâmicos, e evidenciando suas etapas principais.
FIG. 2.1 Fluxograma do processamento de pós cerâmicos. Adaptada de REED (1995).
Pó cerâmico
Cominuição e Homogeneização
Prensagem
Sinterização
Produto final
Secagem
Peneiramento
Aditivos
Acabamento
Corpo Verde
Corpo sinterizado
24
2.2 CARACTERÍSTICAS DO PÓ CERÂMICO
As características do pó cerâmico envolvem a sua composição química, tamanho e
distribuição de tamanho das partículas, forma e grau de aglomeração (RAHAMAN, 2003). Tais
parâmetros exercem alta influência durante o processamento cerâmico e, consequentemente,
afetam as propriedades finais do produto (SCHULLER et al., 2008).
A composição química do material cerâmico refere-se ao grau de pureza e à natureza da
superfície das partículas. A pureza dos materiais depende da fonte de matéria prima e dos
processos de transformação, que assim, dão origem às impurezas. Esta relação determina a
reatividade de sinterização do sistema cerâmico, podendo ocorrer a formação de uma segunda
fase, que pode prejudicar as propriedades finais do produto cerâmico. A superfície das
partículas comanda os mecanismos de adsorção e dissolução, que controlam as propriedades de
dispersão, homogeneidade e fluidez do pó cerâmico (BOSH e NIÉPCE, 2001).
Dependendo da aplicação do cerâmico, pode-se ter uma ampla variedade de tamanho de
partículas a ser utilizada no processamento cerâmico. Tamanho de partículas maiores que 44
μm são classificadas como granulares, e menores que 1 μm, como coloidais. O tamanho de
partículas pode acarretar em algumas inconveniências para a etapa de conformação de peças
durante a etapa de prensagem, como, por exemplo, a baixa fluidez, aglomeração e um baixo
escoamento, quando na utilização de partículas coloidais. Quanto menor for o tamanho de
partícula, maior será a reatividade do pó a ser sinterizado. Entretanto, por apresentarem alta
área superficial específica e, portanto, alta energia superficial, as partículas coloidais tendem a
se aglomerar para reduzir a alta energia livre de sua superfície (REED, 1995; BOSH e NIÉPCE,
2001). A presença de aglomerados em solução não e desejável em determinados tipos de
produção industrial, como por exemplo, nas áreas cosmética e de alimentos.
Do ponto de vista da distribuição do tamanho de partículas, a não existência de
aglomerados é desejável, pois eles prejudicam a fluidez e o empacotamento das partículas do
pó cerâmico (REED, 1995). As características que determinam a formação de aglomerados
incidem no tipo de ligação envolvida no sistema de pós, podendo ou não resultar em
aglomerados mais resistentes. Os aglomerados fortes são assim denominados por possuírem
ligações de caráter forte, sendo gerados por reações químicas ou na sinterização, enquanto que
os aglomerados fracos possuem ligações fracas, do tipo van der Waals, eletrostática, magnética
ou por capilaridade (TROMBINI et al., 2011).
25
2.2.1 ALUMINA OU ÓXIDO DE ALUMÍNIO
A alumina é um dos óxidos mais utilizados no mundo, além de ser o material de partida
para obtenção do metal alumínio. A bauxita é a principal matéria prima para a obtenção da
alumina, podendo ser encontrada na forma dos minerais gibbsita (γ-Al(OH3), boehmita (γ-
AlO(OH)) e diásporo (α-AlO(OH)) (DAVIS, 2010). Segundo IBRAM (2012), o Brasil é o
terceiro produtor mundial de bauxita, com 14,1%, perdendo apenas para a Austrália com
30,45% e China com 21%. Os estados produtores de bauxita no Brasil são os estados do Pará,
com cerca de 85%, 14% de concentração em Minas Gerais e outros com 1%.
O principal método para a produção de alumina, conhecido como Processo Bayer, foi
desenvolvido na Áustria por Karl Josef Bayer, em 1888 (ESPINOSA e TENÓRIO, 2011). A
FIG. 2.2 representa o fluxograma básico do refinamento da bauxita para a produção de alumina.
FIG. 2.2 Fluxograma do processo Bayer para a produção de alumina a partir da bauxita.
Adaptada de CONSTANTINO et al., (2002).
No processo Bayer, a bauxita é triturada por um processo de moagem e então dissolvida
em uma solução de soda cáustica (NaOH), sob pressão e temperatura controlada, que promove
Bauxita
Digestão
ClarificaçãoEvaporação
Precipitação
Lavagem
da lama
Al(OH)3
Lavagem
Calcinação
Al2O3
Resfriamento
H2O
H2O
Lama
Vermelha
H2O
Aquecimento
AquecimentoResfriamento
NaOH
CaO
26
a dissolução do mineral, formando íons Al(OH)4-. O óxido de cálcio (CaO) é adicionado para
favorecer a diminuição de íons de carbonato e fosfato dissolvidos no meio. Esta etapa é
conhecida por digestão. O resíduo sólido rico em óxido de ferro (lama vermelha), que também
contém aluminato de sódio (Na[Al(OH)4]), é separado da solução pelo do processo de
clarificação seguido por filtragem. A solução contendo Al(OH)4- é precipitada por meio da
adição de uma solução ácida, formando hidróxido de alumínio Al(OH)3, e separado por
filtração. A etapa final do processo é a calcinação, onde ocorre a evaporação da água do hidrato,
produzindo o óxido de alumínio (CONSTANTINO et al., 2002; FORTUNA et al., 2012).
A alumina pode apresentar diferentes sistemas cristalinos, sendo designadas por letras
gregas (α, θ, δ, κ, γ, η, χ). A fase mais estável termodinamicamente é a α-Al2O3, que possui uma
estrutura hexagonal compacta ligeiramente, comumente conhecida como corundum. Sua
estrutura é constituída por sítios intersticiais: hexagonais e octaédricos (FIG. 2.3). Enquanto os
cátions de alumínio estão em 2/3 dos sítios octaédricos, os ânions de oxigênio estão em 1/3 dos
sítios octaédricos e estão compartilhados entre quatro octaedros. A presença de oxigênio em
locais octaédricos permite a ligação forte e, por consequência, dá origem às propriedades
características da alumina (DAVIS, 2010; SHIRAI et al., 2009).
FIG. 2.3 (a) Estrutura da alumina (α-Al2O3), (b) vista de cima e (c) sítio octaédrico. Adaptada
de SHIRAI et al., (2009).
27
2.2.2 MAGNÉSIA OU ÓXIDO DE MAGNÉSIO
O óxido de magnésio (MgO) pertence à família dos óxidos de metais alcalinos terrosos e é
constituído por uma estrutura simples, denominada sal-gema, de simetria cúbica de face
centrada (CFC), composta por sítios catiônicos (Mg2+) e aniônicos (O2-). É um material com
elevada estabilidade química, que necessita de altas temperaturas para que ocorra sua reação
química (ARAÚJO, 2011).
Pode-se sintetizar a magnésia a partir da calcinação da magnesita (MgCO3), em diferentes
condições térmicas de tratamento. O Brasil é o 4º produtor mundial de magnesita, perdendo
apenas para a China, Coréia do Norte e Rússia. Suas reservas estão situadas no nordeste do país,
mais especificamente nos estados da Bahia e Ceará (GARCIA et al., 2005).
A magnésia cáustica é aquela obtida em temperaturas mais baixas (800 a 1000 ºC) e,
normalmente, é um material utilizado na agricultura para a alimentação de gado, controle
ambiental, produção de cimentos especiais, entre outros. Para a obtenção da magnésia
sintetizada usa-se altas temperaturas (1800 a 2000ºC) para obter um produto de elevada pureza,
em geral acima de 90%. Este material é amplamente utilizado na fabricação de produtos
refratários. Ao ser produzido em fornos elétricos a arco voltaico, em temperaturas entre 2800 a
3000 ºC, a magnésia eletrofundida é obtida com grau de pureza acima de 95% (GARCIA et al.,
2005).
2.2.3 FLUORETO DE LÍTIO
O fluoreto de lítio (LiF) pertence à família dos alcalinos halogênios e possui estrutura
iônica, sendo um cristal relativamente duro e resistente a umidade. Com estrutura cristalina
também do tipo sal-gema, de simetria cúbica de face centrada (CFC), o LiF é constituído num
arranjo composto de lítio circundado por átomos de flúor. Seu ponto de fusão é inferior aos
valores esperados para a série de fluoretos alcalinos, o que o torna um aditivo de sinterização
muito eficiente para muitos materiais (MONTEREALI, 2002).
28
A obtenção do LiF ocorre através da neutralização do hidróxido de lítio (LiOH) ou do
carbonato de lítio (Li2CO3) pelo ácido fluorídrico (HF) em uma solução aquosa. As reações
envolvidas para sua obtenção são mostradas abaixo:
LiOH + HF → LiF + H2O EQ.2.1
Li2CO3 + 2 HF → 2 LiF + CO2 + H2O EQ.2.1
O LiF é um material comumente utilizado na transmissão de radiação ultravioleta. Devido
a sua grande transparência espectral, são transparentes a luz, combinada com a facilidade de
integração (MONTEREALI, 2002). Na TAB. 2.1 alguns parâmetros fundamentais de LiF são
apresentados.
TAB. 2.1 Propriedades do LiF. Adaptada de MONTEREALI (2002).
Distância mais próxima do vizinho (Å) 2,013
Ponto de Fusão ºC 848,2
Ponto de Ebulição ºC 1673
Densidade ρ (g/cm3) 2,635
Peso molecular 25,939
Índice de refração a 640 nm e RT 13,912
Solubilidade (g/100 g de água a 25 ºC) 0,134
Expansão térmica (10-6 / °C) 37
Condutividade térmica 10-4 (cal/s)(cm2 C/cm) a 41 ºC 270
Faixa de transmissão (μm) 0,12-7
2.3 ADITIVOS DE PROCESSAMENTO
Os aditivos de processamento podem ser classificados como: líquido/solvente, surfactante,
defloculante, coagulante, ligante/floculante, plastificante, agente espumante, antiespumante,
lubrificante e bactericida/ fungicida. Em sua maioria, os aditivos são adicionados em pequenas
quantidades e eliminados ao longo das etapas do processamento cerâmico. Segundo REED
(1995), diversos aditivos são introduzidos na mistura para produzir a dispersão das partículas,
29
antes de seguir para a etapa de conformação. Dentre eles, e utilizados neste trabalho, estão os
líquidos e os ligantes.
Os líquidos são utilizados para promover uma viscosidade média capaz de molhar e
dissolver partículas dispersas. Um dos principais líquidos empregados no processamento
cerâmico é a água, sendo capaz de dissolver aditivos de processos moleculares e iônicos, a fim
de torná-los homogeneamente distribuídos (REED, 1995).
Os ligantes orgânicos são polímeros capazes de promover pontes orgânicas e proporcionar
maior coesão entre as partículas cerâmicas. Através da adsorção na superfície das mesmas,
aproximam as partículas do pó e proporciona resistência mecânica suficiente para conformação
e manuseio do corpo verde. Sua remoção deve ocorrer de maneira lenta e antes da sinterização
para evitar o aprisionamento de gases no interior dos grãos, que provocam a formação de poros
na peça sinterizada (ROCHA, 2011).
Após a seleção do pó cerâmico e os aditivos, é necessário a homogeneização da mistura
que pode ser obtida, principalmente, através do processo de cominuição e moagem.
A cominuição é um processo de redução do tamanho de partículas através de forças
mecânicas envolvendo operações de trituração e moagem. De acordo com REED (1995), este
processo, além de promover a redução do tamanho médio das partículas, libera as impurezas,
reduz a porosidade das partículas, modifica a distribuição de tamanho das partículas, dispersa
os aglomerados e agregados, aumenta o conteúdo de colóides e modifica a forma das partículas.
Como consequência, a moagem também promove uma homogeneização mais eficaz do sistema
cerâmico. A moagem utiliza moinhos de rolos de alta energia ou moinho de bolas, podendo ser
conduzida à seco ou em meio úmido. Normalmente, as partículas são reduzidas através da
combinação de tensões mecânicas, devido à compressão, impacto ou cisalhamento com o meio
de moagem ou com outras partículas. Este processo leva a deformações elásticas e plásticas das
partículas e, caso ultrapasse a resistência máxima da mesma, ocorre a fratura da partícula e
redução do seu tamanho (RAHAMAN, 2003; TROMBINI et al., 2011).
A realização da moagem em meio úmido resulta em uma suspensão aquosa, sendo
necessária a remoção do líquido utilizado no processo. O método mais simples para que se
garanta a eliminação do líquido presente é através da utilização de estufas com temperatura
controlada. Após a secagem, o material resultante é encaminhado para a etapa de peneiramento,
que consiste em classificar o tamanho das partículas através de sua capacidade de passar por
peneiras com aberturas de tamanho controlado, definindo assim uma granulometria padrão para
as partículas do pó utilizado.
30
2.4 CONFORMAÇÃO POR PRENSAGEM
A conformação por prensagem pode ser obtida pela compactação do pó cerâmico através
da aplicação de pressão, após o preenchimento de uma matriz rígida ou de um molde flexível.
Produz-se peças de variados tamanhos e formas com resistência mecânica suficiente para o
manuseio. Duas modalidades de prensagem podem ser utilizadas: a uniaxial e a isostática
(VON, 2011).
A prensagem uniaxial é a mobilidade mais utilizada. Possui como vantagens, sua adequada
habilidade de conformar rapidamente com boa tolerância dimensional, rápida produção e baixo
custo. A aplicação da carga se dá em apenas um eixo, através de uma matriz e punções, e,
comumente, é utilizada para obter peças pequenas com geometrias simples. A prensagem
uniaxial compreende três estágios. O primeiro estágio consiste no preenchimento do molde com
distribuição uniforme do pó e o rearranjo dos grânulos. Tem-se uma pequena variação da
densidade, e o término deste estágio ocorre quando há o início da fratura ou deformação plástica
dos grânulos. No segundo estágio tem-se rearranjo de grânulos produzindo um aumento da
densidade, além da redução do volume e da porosidade intergranular. O estágio final
caracteriza-se pela redução quase total da porosidade intragranular, com um pequeno aumento
da densidade decorrente da extração da peça da matriz devido ao efeito mola (spring back)
(ALBARO, 2000).
Segundo REED (1995), o corpo verde precisa resistir a esforços mecânicos durante a ejeção
e permitir sua manipulação sem apresentar falhas. Os defeitos mais comuns decorrem de
tensões produzidas, que podem surgir devido à existência de gradientes de pressão interna que
são gerados pelo atrito do pó com as paredes da matriz e também quando o efeito mola do corpo
for maior que o da matriz. Tais defeitos podem gerar laminações e tampas na extremidade das
peças conformadas, conforme ilustrados na FIG. 2.4.
Para que se obtenha uma compactação satisfatória, deve-se minimizar os gradientes de
densidade. Para tal, deve-se controlar as características de cada processo bem como o estudo de
aglomeração dos pós. Recomenda-se controlar o nível da pressão de compactação para que não
sejam produzidos defeitos internos no corpo cerâmico, evitando falhas no empacotamento das
partículas e a não-homogeneidade das tensões (SCHULLER et al., 2008).
31
FIG. 2.4 Defeitos em compactos prensados. Adaptada de REED (1995).
2.5 PROCESSO DE SINTERIZAÇÃO
A sinterização é o processo final de fabricação do processamento cerâmico onde o material
adquire sua microestrutura final. A densificação obtida na sinterização é decorrente de um
processo termicamente ativado de difusão, através do qual um conjunto de partículas discretas
é transformado em uma massa sólida compacta e resistente. A temperatura de sinterização situa-
se aproximadamente na faixa de 80% do ponto de fusão do material. Os mecanismos envolvidos
na sinterização são fundamentais para o controle dos parâmetros microestruturais, e são
influenciadas pelas características do pó como: tamanho de grão, volume de poros e
características do formato e distribuição dos poros e dos grãos (PEELEN, 1977).
A força motriz da sinterização é a redução do excesso de energia superficial presente nos
poros e nas interfaces (contornos). Em outras palavras, a redução da área superficial do sistema
implica em uma redução da área do compacto, através da diminuição da área interfacial do
material pela eliminação dos espaços vazios, o que resulta na retração do compacto (GOUVÊA,
2004).
A sinterização pode ocorrer de acordo com dois tipos básicos: em presença de fase líquida
ou em estado sólido, conforme mostrado na FIG. 2.5.
Laminações Deslocamento
de tampa
Deslocamento
de aresta
32
FIG. 2.5 (a) Sinterização em presença de fase líquida; (b) Sinterização em estado sólido.
Adaptada de BARSOUM (2003).
As interações entre duas partículas esféricas que ocorrem durante a sinterização estão
representadas pelo modelo simples na (FIG. 2.6). A FIG. 2.6 (a) demonstra a ligação entre
partículas no estado sólido, formando uma região curva conhecida como pescoço. Esta região
constitui um destino de matéria, onde átomos da superfície migram e, como resultado, ocorre o
engrossamento do pescoço contribuindo para aproximar o centro das partículas e a consolidação
do material. Em presença de fase líquida, como ilustrado na FIG. 2.6 (b), a pressão capilar
auxilia na penetração do líquido nos interstícios e os efeitos de solução-reprecipitação
contribuem para o transporte da matéria nesta região (BOSH e NIÉPCE, 2001).
FIG. 2.6 Modelo de sinterização de esferas entre duas partículas (a) em estado sólido, e(b) em
presença de fase líquida. Adaptada de BOSH e NIÉPCE (2001).
Segundo BARSOUM (2003), os mecanismos atômicos de transporte de massa que
determinam o fluxo de matéria durante a sinterização estão representados abaixo e ilustrados
na FIG. 2.7:
(a)
(b)
Líquido
Difusão na superfície
Raio do
pescoço
(a) (b)
33
• Evaporação – condensação (caminho 1);
• Difusão pela superfície (caminho 2);
• Difusão pelo volume: representada por dois caminhos, onde a massa pode ser
transferida da superfície para o pescoço (caminho 3) ou dos contornos de grão para
a área do pescoço (caminho 5);
• Difusão pelos contornos de grão: área do contorno para a área do pescoço (caminho
4);
• Fluxo ou escoamento viscoso: mecanismos que implicam em qualquer deformação
plástica ou fluxo viscoso de partículas para áreas de alta tensão para baixa tensão
e pode levar a densificação.
A transferência de massa através do volume do material, permite que os centros de
partículas se aproximem, gerando mudanças na forma e retração da peça, ou seja, a
densificação. Neste caso, os mecanismos envolvidos são: a difusão pelos contornos de grão,
difusão pelo volume e escoamento viscoso. Os demais mecanismos levam ao crescimento das
partículas, gerando mudanças na forma dos poros e grãos (SHAW, 1989).
FIG. 2.7 Mecanismos básicos de transporte de matéria que conduzem ao (a) crescimento e
mudança na forma do poro e (b) densificação. (c) Remoção do material a partir da área entre
as partículas dentro dos poros resultando no encolhimento e densificação. Adaptada de
BARSOUM (2003).
sRetração
(c)
(a) (b)
2
1
3
4
5
n
ns s
s
g
34
2.5.1 SINTERIZAÇÃO NO ESTADO SÓLIDO
A sinterização no estado sólido é um processo onde o material é transportado sem que haja
qualquer tipo de líquido na estrutura. Obtem-se corpos cerâmicos compactos através de
fenômenos de transporte de matéria, em escala atômica. Na sinterização no estado sólido,
observa-se a predominância dos processos difusionais (GERMAN, 1996).
Para que a densificação aconteça é necessário um menor valor de energia do contorno de
grão (γgb
), tendo assim o dobro do valor da energia sólido-vapor (γsv
), e o ângulo diedral (∅)
do equilíbrio precisa ser menor que 180º (BARSOUM, 2003). Portanto, deve-se obedecer a
condição prevista pela EQ.2.3.
γgb= 2γ
svcos
∅
2 EQ.2.3
A sinterização em estado sólido pode ser dividida em três estágios: inicial, intermediário e
final. Segundo COBLE (1961a), um estágio de sinterização pode ser descrito como um
intervalo de alteração geométrica em que a mudança do formato do poro é totalmente definida.
Durante o estágio inicial da sinterização ocorre o aumento da área de contato entre as partículas,
acompanhado pelo crescimento do pescoço, formação de contornos de grãos e arredondamento
de poros abertos. Este estágio ocorre até que haja interferência entre a região do pescoço. No
estágio intermediário ocorre expressiva redução da porosidade pela diminuição do tamanho dos
canais de poros, ocasionando a retração da peça, devido à aproximação das partículas e a
formação dos contornos de grão. O estágio final corresponde a existência de poros isolados e
fechados, normalmente localizados nos pontos tríplices dos grãos. À medida que os poros
atrelados aos contornos de grãos vão sendo eliminados, ocorre um aumento considerável na
taxa de crescimento do grão e menor taxa de densificação do corpo cerâmico através da difusão
de vacâncias para o contorno de grão.
Alterações no volume de uma partícula resultam no movimento da superfície e dos
contornos de grãos durante o processo. Partículas maiores crescem à custa das partículas
menores, ocasionando o aumento do tamanho médio dos grãos e densificação do material. Uma
dificuldade encontrada na sinterização no estado sólido que pode reduzir a densificação é o
crescimento dos grãos, notadamente no estágio final da sinterização (WAKAI et al., 2005).
35
2.5.2 SINTERIZAÇÃO NA PRESENÇA DE FASE LÍQUIDA
A sinterização na presença de fase líquida ocorre quando há a formação de um líquido na
estrutura decorrente da fusão de um dos componentes do sistema. A vantagem da sinterização
em presença de fase líquida, em relação à sinterização em estado sólido, está na ocorrência de
maiores taxas de difusão promovidas pela presença da fase líquida. Assim, esta fase
proporciona uma sinterização mais rápida, e, em alguns casos, em temperaturas menores.
Forças de capilaridade ocorrem no sistema devido ao molhamento do líquido que promove uma
rápida densificação do compacto. Quando a molhabilidade do sólido pelo líquido é favorável,
estas forças reduzem o atrito entre as partículas, e auxiliam no rearranjo das partículas sólidas
(BARSOUM, 2003; GERMAN, 2013).
Entretanto, existem desvantagens envolvidas neste processo. O problema mais comum é
quando se tem uma grande quantidade excessiva de líquido durante a sinterização. Pode-se
então alterar a microestrutura e, por consequência, as propriedades finais do corpo cerâmico
sinterizado (BOSH e NIÉPCE, 2001). GERMAN, (2013) afirma que é muito difícil determinar
estas alterações microestruturais, pois existem várias interfaces e energias associadas à estrutura
cerâmica. Assim, a solubilidade, a viscosidade e os efeitos de difusividade associados a
formação das fases no sistema são variáveis críticas envolvidas no tratamento térmico.
Inicialmente, o corpo cerâmico coexiste com pelo menos 3 fases: sólido, líquido e vapor.
O grau de molhabilidade, no caso de um sistema ser molhado ou não, pode ser quantificado
pela magnitude do ângulo de contato do equilíbrio que se forma entre o líquido e o sólido. Na
FIG. 2.8, BARSOUM (2003) ilustra-se a interação entre o líquido e a superfície sólida.
FIG. 2.8 Grau de molhabilidade de um líquido em uma superfície sólida. (a) molhamento (θ <
90o) e (b) não molhamento (θ > 90º). Adaptada de BARSOUM (2003).
θθ
Líquido
γ
γ
γ
γ γ
γ
lv
lv
sv sv
sl sl(a) (b)
Líquido
Sólido Sólido
Vapor
Vapor
36
Caso a energia da superfície sólido-líquido (γsl) seja muito menor que a energia da
superfície sólido-vapor (γsv), haverá o molhamento das partículas e o espalhamento do líquido
sobre a superfície do sólido (θ < 90o). Entretanto, quando a energia da superfície sólido-líquido
é muito alta, a gota reduz a sua interface com o sólido e, como consequência, um elevado valor
de ângulo de molhamento é formado, não havendo molhamento (θ > 90o). De acordo com a
EQ. 2.4, um balanço entre as forças indica se o sistema estará em equilíbrio, quando:
γsv= γ
sl+ γ
lv𝑐𝑜𝑠𝜃 EQ.2.4
A EQ. 2.4 indica que altos valores de γsv e baixos valores de γsl ou γlv promovem a
molhabilidade. Uma condição necessária para que ocorra a sinterização em presença de fase
líquida, e para que o sistema seja molhado, é que o valor do ângulo de molhamento θ esteja
entre 0 e 𝜋
2. Outra condição importante está relacionada com a penetração total do líquido nos
contornos de grãos através de um filme líquido espesso, onde a energia do contorno de grão
(γgb) > 2γsl, implica em um equilíbrio do ângulo diedral ψ. Baixos valores de γsl
e altos valores
de γgb
são desejáveis, de acordo com a EQ. 2.5.
γgb= 2γ
slcos
ψ
2 EQ. 2.5
Os mecanismos e processos básicos que operam na sinterização em presença de fase líquida
são representados na FIG. 2.9, sendo eles: rearranjo de partícula, solução-reprecipitação e
densificação final (BARSOUM, 2003; GERMAN et al., 2009).
37
FIG. 2.9 Mecanismos atuantes na sinterização em presença de fase líquida. Adaptada de
GERMAN et al., (2009).
Durante o tratamento térmico, os grãos sólidos são submetidos a sinterização, e,
dependendo da solubilidade entre o sólido e o líquido, diferentes percursos são possíveis. A
situação mais comum é quando o líquido molha as partículas sólidas e as forças de capilaridade
que atuam no sistema promovem uma redistribuição do líquido. Os gradientes de pressão
capilar farão com que o líquido migre de regiões com poros grandes para regiões com poros
menores, e é ocasionada pelo rearranjo das partículas sólidas. As partículas são capazes de girar
e acomodar-se em uma configuração mais densa, e este rearranjo contribui para o
desenvolvimento microestrutural na fase final da sinterização (GERMAN et al., 2009).
Na solução-reprecipitação, as forças de capilaridade aumentam o potencial químico dos
átomos devido ao contato entre as partículas. Estas forças induzem uma dissolução de partículas
pequenas e precipitação nas maiores, podendo ainda haver um rearranjo adicional, o que leva a
uma maior densificação (GERMAN et al., 2009). A etapa final corresponde a uma
microestrutura de grãos conectados preenchidos com líquido. A fase líquida é então
gradualmente eliminada, havendo a formação de solução sólida, eliminação de porosidade,
PorosAditivo
Densificação final
Solução -reprecipitação
Rearranjo
Estado sólido
Estado inicial
Mistura de pós
38
retração da peça e densificação. Esta etapa se aproxima do caso de sinterização no estado sólido
(RAHAMAN, 2003).
2.6 SINTERIZAÇÃO NA PRESENÇA DE ADITIVOS: MgO E LiF
A busca pela obtenção da Al2O3 com elevada densidade e microestrutura uniforme vem
sendo estudada e uma alternativa para a obtenção destes resultados é através da utilização de
aditivos de sinterização (PEELEN, 1977; CHINELATTO et al., 2012). Ao introduzir aditivos
de sinterização na Al2O3, diversas mudanças nas propriedades físico-químicas dos materiais
são esperadas, como, por exemplo, a redução na temperatura de sinterização, na presença de
uma fase líquida, decorrente da fusão de um dos componentes do sistema (MOLLÁ et al., 1996;
JESUS, 2016). Os aditivos de sinterização podem ainda promover melhoria nas propriedades
da Al2O3 através da sinterização no estado sólido, como por exemplo, utilizando o aditivo MgO
(HEUER, 1979; HARMER e BROOK, 1980; DA ROCHA, 1981; RADONJIC e SRDIC, 1997;
TONELLO, 2009; IKEGAMI, 2010).
COBLE (1961b) foi o primeiro a reportar que pequenas quantidades de MgO (0,25% em
peso), quando adicionado na Al2O3, possibilitou uma sinterização com densidade bem próximas
a teórica (3,98 g/cm3). O autor produziu uma alumina completamente densa e livre de poros
através da sinterização à 1900 ºC. O autor reporta que o MgO ficou segregado nos contornos
de grão, reduzindo assim a mobilidade do contorno e fazendo com que os poros se
movimentassem junto à superfície dos grãos durante o crescimento. Este mecanismo evitou um
crescimento exagerado dos grãos e favoreceu a ocorrência de poros intragranulares.
Posteriormente, JOHNSON e COBLE (1978) sugeriram três teorias sobre o efeito do MgO na
cinética de sinterização da Al2O3: teoria da segregação de impurezas, dos precipitados e da
solução sólida. Segundo os autores, impurezas segregadas próximas às regiões de contornos de
grão da Al2O3 reduzem a mobilidade dos mesmos nos estágios intermediário e final, permitindo
assim obter uma alta densidade da Al2O3. A teoria dos precipitados ocorre pela formação de
uma segunda fase sólida de aluminato de magnésio (MgAl2O4 de estrutura tipo espinel) nos
contornos de grão da Al2O3, trazendo um resultado benéfico nos estágios finais de sinterização
por impedir o crescimento descontínuo de grãos. E a teoria da solução sólida, onde a presença
39
de pequenos teores de MgO na alumina aumenta a concentração de defeitos pontuais,
aumentando assim a taxa de sinterização.
DA ROCHA (1981) avaliou a microestrutura da Al2O3 com as adições de MgO (600, 1500
e 3000 ppm) e otimizou os parâmetros de sinterização (tempo e temperatura). As temperaturas
investigadas por DA ROCHA (1981) foram de 1450 até 1700 ºC, em diferentes patamares de
sinterização: 1, 4 e 19 horas. Este autor observou que as variáveis: tempo e temperatura
influenciaram a microestrutura do material. Para o tempo fixo e temperatura de sinterização
crescente, o tamanho de grão aumentou significativamente, bem como para temperatura fixa e
tempo variável. No entanto, o tamanho de grão não foi alterado significativamente variando-se
as concentrações de MgO.
LOURO et al., (2001) estudaram o efeito da adição de diferentes aditivos na sinterização
da Al2O3 à 1400 ºC para blindagem balística. Os aditivos investigados, de acordo com sua
composição, em porcentagem peso, foram: nióbia (4%), sílica (0,8%) e MgO (1,15%). Corpos
cerâmicos de Al2O3, sem adições de aditivos, foram sinterizados à 1400 e 1600 °C para fins de
comparação. Os resultados demonstraram que a Al2O3 com adições de nióbia, sílica e MgO
apresentaram melhor densificação para a temperatura de 1400 ºC, em comparação com a Al2O3
pura para a temperatura mais elevada (1600 ºC). No entanto, não foram observados bons
resultados na avaliação de absorção de energia e, entre eles, os corpos cerâmicos contendo
adições de MgO obtiveram o pior desempenho balístico. Os autores atribuiram esta piora ao
menor crescimento de grão e melhor densificação nas amostras contendo MgO e,
provavelmente, porque os contornos de grão atuaram como sítios preferenciais de nucleação de
microtrincas durante a fragmentação dinâmica. Por isso, o menor tamanho de grão não foi
favorável para proteção balística.
O estudo de YOSHIMURA et al., (2005) avaliou o efeito da porosidade nas propriedades
mecânicas da Al2O3, de elevada pureza, dopada com 500 ppm de MgO. Os corpos cerâmicos à
verde foram preparados por prensagem uniaxial, utilizando uma pressão de compactação de
200 MPa, e tratados termicamente por 1h nas temperaturas entre 1300 e 1700 ºC. Foram
avaliados a densidade do corpo cerâmico à verde, determinada pelo método geométrico, e a
densidade do corpo sinterizado, pelo método de Arquimedes. Na FIG. 2.10 são ilustrados a
densidade relativa e o tamanho de grão, em função da temperatura de sinterização.
YOSHIMURA et al., (2005) observaram que a densidade aumentou rapidamente entre 1300 e
1500 ºC, alcançando um valor máximo (99,2% da densidade teórica) à 1600 °C e diminuiu à
1700 °C. O tamanho de grão médio, que foi de 0,32 µm a 1300 °C, apresentou início de
40
crescimento a 1400 °C, mas o aumento significativo foi observado a partir de 1500 °C,
alcançando 3,9 µm à 1700 °C. A porosidade das amostras variou entre 0,8% e 35% e as
propriedades diminuíram com o aumento da porosidade.
FIG. 2.10 Densidade relativa e o tamanho de grão das amostras sinterizadas entre 1300 e 1700
ºC. Adaptada de YOSHIMURA et al., (2005).
A busca pela melhoria do comportamento na densificação da Al2O3, facilitada pela
sinterização na presença de fase líquida, tem sido um dos principais focos dos estudos em
cerâmicas avançadas. Neste contexto, o LiF surge com um grande potencial de promover uma
redução na temperatura de sinterização, promovendo a presença de fase líquida devido a seu
baixo ponto de fusão.
Recentemente, trabalhos demonstram o efeito benéfico do LiF durante a sinterização da
Al2O3 aditivada com nióbia. JESUS (2016) demonstrou que, através das adições de 1%, 2% e
3% em peso de LiF no composto cerâmico Al2O3–4% Nb2O5, foi possível reduzir a temperatura
de sinterização. Foi observado que a adição de 1% permitiu uma boa densificação à 1350 °C,
da ordem de 90% da densidade teórica. No entanto, o autor afirma que adições maiores de LiF
(2 e 3% em peso) excederam a solubilidade dos grãos sólidos da Al2O3 na fase líquida,
desfavorecendo a densificação dos corpos cerâmicos. Posteriormente, SANTOS (2016)
otimizou este estudo, investigando o comportamento do LiF nas frações em porcentagem peso
de: 0,25, 0,5, 0,75, 1,0, 1,25 e 1,5. O autor verificou que a adição de 0,5% de LiF, ao sistema
cerâmico Al2O3 – 4% Nb2O5, foi aquela em que resultou nos maiores valores de densificação
nas temperaturas de sinterização de 1300°C, 1350°C e 1400°C. Foi sugerido que a presença da
41
fase Nb3O7F contribuiu para o comportamento de densificação na sinterização da composição
contendo LiF, enquanto que a presença da fase LiAl5O8 foi prejudicial.
ROZENBURG et al., (2007) examinaram os mecanismos de sinterização de MgAl2O4, em
presença de fase líquida, através da adição de LiF. Como produtos da reação, MgF2 e LiAl2O4
foram formados durante a sinterização até 1500 ºC. Em temperaturas intermediárias (1050 oC),
a formação de MgF2 e LiF foram identificadas, mas foram consumidas em temperaturas mais
elevadas (1500 oC). Os autores verificaram que, um pouco antes do seu ponto de fusão, o LiF
começa a reagir com o espinélio, formando o composto LiAlO2 (ou LiAl4FO6) junto com o
MgF2. Próximo ao ponto de fusão do LiF, o MgF2 combina com o LiF e é formado um líquido
eutético do fluoreto. Nesta temperatura, LiAlO2 se transforma em Li2Al4O7, que possui
vacâncias intrínsecas de oxigênio e é esperado melhorar a difusão. Os autores ainda verificaram
que caso o LiF seja processado em uma mistura de pós não compactado, todo o LiF inicial do
sistema vaporiza-se em temperaturas superiores a 1300 ºC. VILLALOBOS et al., (2005)
investigaram o efeito do LiF na degradação do MgAl2O4 transparente após prensagem a quente.
Os autores verificaram que o LiF reagia com o Al na estrutura do espinélio, deixando regiões
ricas em Mg que não sinterizaram bem. Os autores sugerem que uma maior afinidade tenha
ocorrido entre Al2O3-LiF e Al2O3-MgO, pois o trabalho não revelou evidências da interação
entre o MgO e LiF.
Para o sistema Al2O3-LiF não foi encontrado diagrama de fases que revelam graficamente
as múltiplas fases constituintes: sólida, líquida e gasosa. Propriedades termodinâmicas podem
ser representadas graficamente através da utilização de diagramas de fases alternativos,
apresentando as condições de equilíbrio das fases dos componentes envolvidos no sistema. O
diagrama das fases do sistema Li2O-Al2O3 (FIG. 2.11), apresentado por KULKARNI e
BESMANN, (2008), tenta suprir esta ausência e fornece informações sobre o equilíbrio entre a
Al2O3 e o Li2O. Para um sistema binário de composição e temperatura em equilíbrio, pelo
menos três tipos de informação estão disponíveis: as fases que estão presentes, as composições
destas fases, e as percentagens ou frações das fases. Para o caso do sistema Li2O-Al2O3, pelo
menos 3 fases são identificados: Li5AlO4, LiAlO2 e LiAl5O8.
42
FIG. 2.11 Diagrama de fases de Li2O-Al2O3. Adaptada por KULKARNI e BESMAN (2008).
Espera-se que, em um sistema contendo Al2O3-MgO-LiF, possa-se formar fases como:
LiAlO2, LiAl2O4, MgF2 e MgAl2O4, que foram observadas em outros estudos, e que podem
influenciar no processo de sinterização. As fases provenientes da adição de LiF podem
ocasionar presença de fase líquida e reduzir a temperatura de sinterização, enquanto que a
adição de MgO pode levar a presença do MgAl2O4 nos contornos de grão para evitar o
crescimento exagerado dos grãos.
43
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Nesta sessão, apresenta-se os materiais utilizados no desenvolvimento desta pesquisa bem
como o procedimento experimental utilizado para a confecção e a sinterização dos corpos
cerâmicos. São também brevemente abordadas as técnicas empregadas neste trabalho.
3.1 MATERIAIS UTILIZADOS
A alumina (Al2O3) utilizada neste trabalho foi adquirida da empresa nacional Treibacher
Scheifmitte. Os aditivos de sinterização utilizados foram a magnésia (MgO), fornecida pelo
fabricante Riedel-de Haën, e o fluoreto de lítio (LiF), da Vetec. Para conferir resistência
mecânica ao corpo verde durante as etapas de conformação e sinterização, foi utilizado como
ligante orgânico, o polietileno glicol (PEG) 400 da marca Vetec.
As análises químicas dos materiais utilizados neste trabalho encontram-se descritas nas
TAB. 3.1 a TAB. 3.4, segundo dados dos fornecedores. Devido à presença da impureza MgO
(0,03% em peso) na alumina, este valor foi considerado durante a etapa de preparação da
composição das amostras.
TAB. 3.1 Análise química da Al2O3.
Elemento Análise Especificação
Al2O3 (%) 99,4 Min. 99,1
SiO2 (%) 0,04 Máx. 0,06
Fe2O3 (%) 0,04 Máx. 0,06
Na2O (%) 0,11 Máx. 0,15
MgO (%) 0,03 ----
Umidade a 300º C (%) 0,2 Máx. 0,5
Outros (%) 0,18
44
TAB. 3.2 Análise química do MgO.
Elemento Análise Química (%)
MgO 98,0
Ca 0,5
SO4 0,5
Cl 0,05
Fe 0,05
Pb 0,005
As 0,002
Zn 0,001
TAB. 3.3 Análise química do LiF.
Elemento Análise Química (%)
LiF 98
Fe 0,005
Cl 0,02
SO4 0,02
Acidez (como HF) 0,02
Cu 0,005
Ni 0,005
Pb 0,005
TAB. 3.4 Propriedades do PEG.
Elemento Especificação
Metais pesados Máx. 5 ppm
Resíduo após ignição Máx. 0,1%
Cor (Apha) Máx. 25
Viscosidade a 99°C (CST) 6,8 – 8,0
Água Máx. 0,2%
Óxido de Etileno Máx. 10 ppm
Massa Molecular, calculado como OH 380 – 420
Limites de meq/deg Máx. 0,25%
Índice de Hidroxila 267,1 – 295,3 mg KOH/g
1,4 – Dioxano Máx. 10 ppm
pH 4,5 – 7,5
3.1.1 IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS
Neste trabalho, investigou-se o comportamento da sinterização da Al2O3 contendo
composições, em porcentagem peso, do aditivo LiF: 0,30 e 0,60%. Avaliou-se também o
comportamento de sinterização da Al2O3 no estado sólido com adições, em porcentagem peso,
45
de MgO: 0,22 e 0,47%. Considerando a presença como impureza (0,03% em peso) deste
composto na Al2O3 como recebida, a proporção da adição de MgO passou a representar 0,25 e
0,50%, em peso. As frações de MgO foram determinadas com base na literatura encontrada
(COBLE, 1961b; DA ROCHA, 1981), onde os autores verificaram que pequenas adições de
MgO possibilitaram uma boa sinterização no estado sólido, com densidades bem próximas a
teórica, devido ao aumento nas taxas de sinterização e inibição do crescimento exagerado dos
grãos.
Para conferir resistência mecânica ao manuseio do corpo cerâmico à verde, foi acrescido
PEG à mistura, com a composição de 1,5% em peso da massa de pós cerâmicos. Tal
porcentagem foi escolhida por ter apresentado os melhores resultados em trabalhos anteriores
(GOMES, 2004; TRINDADE, 2012; CHAGAS, 2014; JESUS, 2016; SANTOS, 2016).
Para investigar o comportamento de densificação da alumina em diferentes condições de
tratamento térmico, variou-se também a temperatura de sinterização, sendo elas: 1400 ºC,
mantendo um patamar de 3 horas, e 1600 ºC, mantendo um patamar de 1 hora.
As composições investigadas são apresentadas na TAB. 3.5, classificadas tanto de acordo
com adições de MgO, quanto em função das adições de LiF, ambos em porcentagem peso.
TAB. 3.5 Identificação das amostras utilizadas nas medidas de densidade e densificação.
Adição de MgO Adição de LiF
(0,00%) (0,30%) (0,60%)
Grupo A (0,00%) A1 – A4 A5 – A8 A9 – A12
Grupo B (0,25%) B1 – B4 B5 – B8 B9 – B12
Grupo C (0,50%) C1 – C4 C5 – C8 C9 – C12
3.1.2 PREPARAÇÃO DAS MISTURAS
A preparação dos corpos cerâmicos seguiu as etapas constantes do processamento cerâmico
convencional. Iniciou-se pela mistura dos pós de alumina, dos aditivos de sinterização e do
ligante orgânico. Na etapa conhecida por cominuição e homogeneização, a mistura foi
introduzida em um moinho de bolas MARCONI modelo MA, com jarro, esferas e haste de
alumina. Com a finalidade de permitir uma boa homogeneização dos pós e do ligante, foi
46
utilizado água ultrapura como meio líquido, na moagem à úmido por um período de 8 horas.
Após a moagem, a mistura foi submetida para a etapa de secagem, por um período mínimo de
72 horas em estufa à 70 ºC, para garantir que todo líquido evaporasse.
Os pós secos da mistura foram desaglomerados e peneirados para a separação das
partículas, classificação, e obtenção de uma granulometria padrão. Nesta etapa utilizou-se um
agitador de peneiras marca +GF+ tipo PSA, um almofariz, um pistilo, e uma peneira de abertura
de 0,355mm (42 mesh).
3.1.3 PREPARAÇÃO DOS CORPOS CERÂMICOS
A conformação mecânica do pó para produção do corpo verde foi conduzida pelo método
de prensagem uniaxial a frio, utilizando uma prensa hidráulica com capacidade de 30 toneladas
da marca SKAY. A pressão aplicada neste trabalho foi de 50 MPa, por ter apresentado bons
resultados em trabalhos anteriores, que evitou a introdução de defeitos de compactação
(GOMES, 2004; JESUS, 2016; SANTOS, 2016)
Para a fabricação das amostras, foram utilizadas duas matrizes circulares com diferentes
dimensões, constituídas por dois punções móveis e uma camisa flutuante. A matriz menor com
diâmetro interno de 20 mm (FIG. 3.1) foi utilizada para o estudo do comportamento de
sinterização das diferentes composições investigadas, através das medidas de densidade e do
percentual de densificação. Durante a confecção das amostras e obtenção de resultados
preliminares, ajustes foram necessários devido ao surgimento de defeitos proveniente da etapa
de compactação. Inicialmente, cada amostra fabricada continha 5 gramas de pó cerâmico.
Entretanto, após o tratamento térmico, as amostras apresentaram defeitos de laminação e/ou
defeito taça/cone, conforme demonstrado na FIG. 3.2. Sendo assim, os corpos cerâmicos
confeccionados passaram a conter 2 gramas de pó cerâmico para cada amostra, conforme a FIG.
3.3. Com isso reduziu-se a razão de aspecto das amostras, com espessuras reduzidas.
47
FIG. 3.1 Matriz circular com diâmetro interno de 20 mm.
FIG. 3.2 Defeitos apresentados após a etapa de sinterização dos corpos cerâmicos
confeccionados, com maior razão de aspecto.
FIG. 3.3 Aspecto visual das amostras sinterizadas com os parâmetros ajustados para menor
razão de aspecto.
Uma segunda matriz metálica com diâmetro interno maior de 57 mm (FIG. 3.4) foi
utilizada para obter amostras que foram utilizadas na determinação de propriedades elásticas,
através de ensaios não destrutivos. Cada amostra produzida usou 30 gramas de pó cerâmico
(FIG. 3.5).
48
FIG. 3.4 Matriz circular com diâmetro interno de 57 mm.
FIG. 3.5 Aspecto das amostras a verde para determinação de propriedades elásticas.
Os corpos verdes foram então encaminhados para tratamento térmico, onde ocorreu a
densificação do material. As sinterizações das amostras foram realizadas nos fornos INTI e
Thermolyne, obedecendo a rota e os patamares dos respectivos fornos. As três primeiras etapas
do ciclo térmico do processo de sinterização foram responsáveis pela eliminação do ligante
orgânico. De acordo com o trabalho publicado por TRINDADE et al., (2013), esta eliminação
ocorreu na faixa de temperatura inferior a 375 ºC. Esta rota indicou ser a mais eficiente,
favorecendo a densificação e proporcionando um menor diâmetro médio de poros. Para
promover a sinterização em presença de fase líquida, foi necessário atingir o ponto de fusão do
LiF, na temperatura de 845ºC. De acordo com JESUS (2016) o patamar de aquecimento de
1000ºC/1h do ciclo térmico foi programado para permitir o molhamento efetivo das partículas
pela fase líquida e então contribuir para uma densificação mais eficiente. Portanto, as rotas e os
patamares de sinterização utilizados neste trabalho (1400ºC/3h e 1600ºC/1h) estão
representados nas FIG. 3.6 e FIG. 3.7, respectivamente. O resfriamento controlado ocorreu até
a temperatura de 700ºC, ponto de desarme e desligamento do forno, e a partir daí as amostras
resfriaram até a temperatura ambiente seguindo a inércia do forno.
49
FIG. 3.6 Rota de sinterização utilizada para a temperatura de 1400ºC.
FIG. 3.7 Rota de sinterização utilizada para a temperatura de 1600ºC.
50
3.2 TAMANHO DE PARTÍCULAS
A análise de tamanho e distribuição de tamanho de partículas utilizou a técnica de
espalhamento de luz. Esta metodologia se baseia em relacionar a capacidade das partículas em
receber feixes de luz e espalhar-se em ângulos e intensidades relacionados com o seu tamanho.
O maior ângulo de espalhamento e a menor intensidade da luz referem-se às partículas pequenas
(REED, 1995).
As análises foram realizadas no Instituto de Pesquisas da Marinha – IPqM, em um
analisador de partículas da marca Master Sizer, modelo Hydro 2000MU, com velocidade da
bomba de 1800 rpm, sem dispersantes e sem ultrassom. O meio utilizado para dispersar os pós
cerâmicos foi a água ultrapura. As análises granulométricas foram realizadas nos pós como
recebidos e nos pós para sinterização das composições investigadas. Os resultados fornecidos
pelo referido analisador foram a área superficial específica (m2/g) e o tamanho médio das
partículas (µm).
3.3 DENSIDADE E DENSIFICAÇÃO DOS CORPOS CERÂMICOS
A determinação da densidade à verde foi obtida pelo método geométrico, ou seja, pela
razão entre massa e volume (EQ. 3.1) dos corpos cerâmicos, bem como, em termos percentuais,
a densificação (EQ. 3.2),
ρverde
= m
V EQ. 3.1
Densificação = (ρ
verde
ρ) ×100% EQ. 3.2
onde:
ρ: densidade teórica (g/cm3);
ρverde: densidade à verde (g/cm3);
m: massa da amostra (g);
V: volume da amostra (cm3).
51
A densidade teórica do corpo cerâmico à verde foi determinada utilizando a regra das
misturas, a partir dos valores conhecidos das densidades teóricas da alumina, do óxido de
magnésio e do fluoreto de lítio. As TAB. 3.6 e TAB. 3.7 apresentam, respectivamente, a
densidade teórica dos compostos e a densidade teórica das composições investigadas. As
massas das amostras foram medidas pela balança digital AG 200 da Gehaka, enquanto que suas
dimensões (diâmetro e espessura) foram determinadas por paquímetro da marca Mitutoyo, com
precisão de 0,05 mm.
TAB. 3.6 Densidade teórica dos compostos.
Compostos Densidade teórica (g/cm3)
Al2O3 3,980
MgO 3,580
LiF 2,635
TAB. 3.7 Densidade teórica das composições investigadas.
Grupo Al2O3% MgO% LiF % Densidade teórica (g/cm3)
A
100,00 0,00 0,00 3,980
99,70 0,00 0,30 3,976
99,40 0,00 0,60 3,972
B
99,75 0,25 0,00 3,979
99,45 0,25 0,30 3,975
99,15 0,25 0,60 3,971
C
99,50 0,50 0,00 3,978
99,20 0,50 0,30 3,974
98,90 0,50 0,60 3,970
A densidade e a porosidade das amostras sinterizadas foram calculadas pelo método de
Arquimedes, de acordo com a norma ABNT NBR 6220:2011. O método consiste na fervura
das amostras em água ultrapura, por uma hora, com o intuito de retirar o ar e as impurezas dos
poros. As amostras foram então resfriadas a temperatura ambiente e encaminhadas para
pesagem, executando-se medidas de massa úmida, massa imersa e massa seca. Para medir a
massa seca as amostras foram mantidas em uma estufa com temperatura de, aproximadamente,
100 ºC, por um período de duas horas.
52
Após a coleta dos dados, foi possível calcular o volume aparente, porosidade aparente,
densidade aparente e densificação, através das respectivas equações EQ. 3.3 a EQ. 3.6. Adotou-
se o valor de 1,0 g/cm³ para a densidade da água (ρlíq) utilizada no ensaio.
Volume aparente (cm3)= (massa úmida – massa imersa)
(ρliq) EQ.3.3
Porosidade aparente (%)=(massa úmida-massa seca)
(ρliq*volume aparente)x 100 EQ.3.4
Densidade aparente (g/cm3) =massa seca
volume aparente EQ. 3.5
Densificação(%)= Densidade Aparente
Densidade teóricax 100 EQ 3.6
3.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)
O microscópio eletrônico de varredura tem o intuito de fornecer informações rápidas com
a identificação de elementos químicos, a morfologia de materiais sólidos, além da análise de
suas características microestruturais. Devido a sua elevada capacidade de alta resolução, este
equipamento permite o registro de imagens da superfície de fratura das amostras, bem como
estimar o tamanho médio dos grãos (DEDAVID et al., 2007).
A análise microestrutural das amostras sinterizadas foi realizada no IME em um
microscópio eletrônico de varredura da marca FEI e modelo QUANTA FEG 250. Foi possível
observar a morfologia superficial de fratura das amostras, bem como a formação de novas fases
após a sinterização. Realizou-se também análise de espectroscopia de raios X por dispersão de
energia (EDS) identificando qualitativa e semi-quantitativamente a composição química das
amostras.
53
3.5 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX)
A técnica de difração de raios X (DRX) foi empregada para a identificar das fases das
estruturas cristalinas presentes. Nesta técnica, quando um feixe de raios X incide sobre um
material, ocorre um espalhamento sofrido pela interação deste com os átomos presentes.
Explora-se a Lei de Bragg que estabelece uma relação entre o ângulo de difração e a distância
entre os planos cristalográficos
As análises por DRX dos pós de alumina, da magnésia e fluoreto de lítio como recebidos,
bem como de cada composição cerâmica investigada após sinterização foram realizadas no
Instituto Militar de Engenharia – IME, com o equipamento X’Pert Pro da Panalytical. A
varredura ocorreu na faixa de 20° a 90°, com passe de 0,02° e tempo de 2 segundos, com fonte
de cobre e potência de 40 kV e 40 mA.
Para análise dos difratogramas, utilizou-se o programa X’Pert HighScore Plus da
PANalytical, no intuito de identificar e determinar os picos das fases constituintes. Movido pela
necessidade de extrair maiores informações do perfil difratométrico, um refinamento foi
realizado na tentativa de quantificar as fases formadas, através do método de Rietveld. Este
método baseia-se na comparação do padrão de difração de raios X observado com o padrão
calculado, tendo por base dados de estruturas das fases (parâmetros cristalográficos).
Normalmente, o refinamento da estrutura é realizado para um melhor acompanhamento dos
resultados e verificação da influência de cada parâmetro refinado.
Para verificar se o método de refinamento (Rietveld) processou-se de modo satisfatório,
alguns indicadores estatísticos são utilizados durante e após o processo iterativo (cálculos), a
fim de conferir qualidade ao refinamento. Os indicadores comumente utilizados nos
refinamentos através do método de Rietveld são: R-fator Estrutura (RF), R-Bragg (RB), R-perfil
(Rp), R-perfil ponderado (Rwp), Goodness of Fit (GOF ou S) e R-esperado (Re). Os indicadores
que melhor refletem o processo de refinamento, do ponto de vista matemático, são: Rwp e o
GOF. Na prática, valores de GOF abaixo de 5 correspondem a um refinamento otimizado e,
para um refinamento perfeito, deve situar-se próximo a 1,0 (YOUNG, 1993).
A análise quantitativa das fases foi realizada utilizando o programa TOPAS versão
Acadêmica 4.1 (Bruker, Alemanha), obtendo as porcentagens de fases cristalinas das amostras
tratadas termicamente. Entretanto, para este trabalho, os resultados das análises apresentaram
54
altos valores do indicador GOF, aproximadamente igual a 3, representando uma análise semi-
quantitativa dos dados.
3.5.1 MÓDULO DE ELASTICIDADE
O módulo de elasticidade, ou módulo de Young, é a razão entre a tensão e a deformação no
regime elástico. Nos materiais cerâmicos a porosidade tem influência negativa, tanto sobre as
propriedades elásticas quanto sobre a resistência mecânica. Sendo assim, a influência da fração
volumétrica dos poros afeta diretamente a magnitude do módulo de elasticidade (CALLISTER
e RETHWISCH, 2013).
Os ensaios realizados para determinar o módulo de elasticidade foram realizados no IPqM,
utilizando o equipamento Sonelastic® da ATCP Engenharia (FIG. 3.8), através da técnica de
excitação por impulso. Esta técnica baseia-se na vibração por frequências naturais. O corpo
cerâmico sofre um leve impacto mecânico, emitindo assim um som característico que depende
de suas dimensões, massa e propriedades elásticas. Tal frequência possibilita determinar tanto
o módulo de elasticidade quanto o coeficiente de Poisson das amostras.
FIG. 3.8 Equipamento Sonelastic® da ATCP Engenharia para medição de propriedades
elásticas. SANTOS (2016).
55
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS CONFORME RECEBIDOS
4.1.1 TAMANHO DAS PARTÍCULAS
A área específica e a o diâmetro médio das partículas como recebidas estão ilustrados na
TAB. 4.1 e nas FIG. 4.1 a FIG. 4.3.
TAB. 4.1 Área específica e diâmetro médio das partículas como recebidas
Matéria-prima Área superficial
específica (m2/g)
Diâmetro médio
das partículas (µm)
Al2O3 1,400 4,289
MgO 0,244 6,867
LiF 0,573 10,464
FIG. 4.1 Distribuição do tamanho de partícula da Al2O3 como recebida.
56
FIG. 4.2 Distribuição do tamanho de partícula do MgO como recebido.
FIG. 4.3 Distribuição do tamanho de partícula do LiF como recebido.
Os resultados obtidos revelaram que a área superficial específica da Al2O3 foi maior do que
do LiF e MgO como recebidos. Uma série de fatores pode alterar o empacotamento de um
determinado grupo de partículas, dentre eles, o tamanho e morfologia das partículas. Sabe-se
que partículas muito pequenas apresentam uma elevada área superficial e, este princípio, pode
ser confirmado pelos diâmetros médios das partículas encontrados através das análises de
tamanho das partículas (REED, 1995; DE CASTRO e PANDOLFELLI, 2009). Uma elevada
área superficial das partículas aumenta a força motriz, ou seja, a “vontade” do material para a
sinterizar durante o tratamento térmico.
4.1.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX) DAS PARTÍCULAS CONFORME RECEBIDAS
Os pós cerâmicos como recebidos e utilizados neste trabalho (Al2O3, MgO e LiF) foram
analisados por difração de raios X com o objetivo de determinar as fases cristalinas presentes e
57
a possível existência de alguma impureza nos pós. A FIG. 4.4 apresenta o DRX da alumina,
que evidenciou a presença da α-Al2O3 de estrutura romboédrica, identificada pela ficha
cristalográfica JCPDS 00-046-1212.
FIG. 4.4 DRX da Al2O3 como recebida.
A FIG. 4.5 apresenta o DRX do MgO recebido, indicando a presença de uma única fase,
de estrutura cúbica, através da utilização da ficha cristalográfica JCPDS 00-045-0946. Na
sequência, o DRX do LiF está mostrado na FIG. 4.6, também com uma única fase detectada,
de estrutura cúbica, indicada pela ficha cristalográfica JCPDS 00-004-0857.
FIG. 4.5 DRX do MgO como recebido.
58
FIG. 4.6 DRX do LiF conforme recebido.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS PÓS APÓS PREPARO DAS MISTURAS
4.2.1 TAMANHO DAS PARTÍCULAS
Nesta etapa avaliou-se as misturas quanto ao tamanho de partículas, sua distribuição e a
eficiência do processo de moagem. As características de cada um desses fatores podem
influenciar diretamente no processamento cerâmico. A área superficial específica e o diâmetro
médio das partículas obtidas para a mistura dos pós, após a etapa de cominuição, estão ilustradas
na TAB. 4.2 e nas FIG. 4.7 a FIG. 4.9.
59
TAB. 4.2 Área especifica e diâmetro médio das partículas após cominuição
Grupo LiF (%) Área superficial
específica (m2/g)
Diâmetro médio
das partículas (µm)
A
(0,00% MgO)
0,00 1,29 4,641
0,30 1,42 4,221
0,60 1,68 3,573
B
(0,25% MgO)
0,00 1,58 3,809
0,30 1,75 3,419
0,60 2,01 2,992
C
(0,50% MgO)
0,00 1,58 3,797
0,30 2,33 2,572
0,60 2,34 2,569
FIG. 4.7 Distribuição do tamanho de partícula do grupo A (0,00 % MgO). (a) 0,00 % LiF (b)
0,30% LiF e (c) 0,60% LiF.
60
FIG. 4.8 Distribuição do tamanho de partícula do grupo B (0,25 % MgO). (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% LiF e (c) 0,60% LiF.
61
FIG. 4.9 Distribuição do tamanho de partícula do grupo C (0,50 % MgO). (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% LiF e (c) 0,60% LiF.
A FIG. 4.10 apresenta um gráfico referente a evolução da área superficial específica e o
diâmetro médio das partículas dos pós cominuídos nas composições investigadas.
62
FIG. 4.10 Diâmetro médio das partículas dos pós cominuídos das composições investigadas.
Os resultados obtidos demonstraram que o diâmetro médio das partículas do pó cominuído
diminuiu com o aumento da concentração dos aditivos LiF e MgO. Os menores diâmetros
médios das partículas foram verificados quando os dois aditivos foram adicionados ao sistema
simultaneamente. Por esta análise, foi possível confirmar o aumento da área superficial
específica de acordo com o aumento da adição dos aditivos ao sistema.
RIBEIRO e ABRANTES (2001) afirmaram que a granulometria de partida da matéria
prima pode condicionar o início do processo de moagem, assim como a dureza de cada matéria
prima pode ser um fator importante e responsável pela evolução da moagem. A diferença
observada entre os pós cominuídos com as menores adições de LiF e MgO indicaram a um
maior rendimento da moagem contendo o aditivo MgO. Foi verificado uma diminuição do
diâmetro de partícula de 4,641 m (grupo A) para 3,809 m ao ser adicionado 0,25% MgO
(grupo B), enquanto que o diâmetro médio de partícula para a adição de 0,30% LiF (grupo A)
foi de 4,221 m. Dentre todas as misturas, para o grupo C (0,50% MgO) contendo LiF foi
aquele que apresentou melhor rendimento de moagem. Entretanto, o aumento das adições de
LiF, de 0,30% para 0,60%, neste sistema, não apresentou uma diminuição significativa do
tamanho médio de partícula (2,572 m para 2,569 m).
Espera-se que materiais mais duros sejam mais difíceis de moer e, por isso, a evolução da
moagem pode ser atribuída aos graus de dureza dos materiais utilizados. As partículas de MgO
e LiF representam, respectivamente, dureza 5 e 4 na escala de dureza Mohs, sendo ambas menos
duras quando comparadas com a alumina, de dureza 9 (CALLISTER e RETHWISCH, 2013).
1,291,42
1,68 1,581,75
2,01
1,58
2,33 2,34
4,641
4,221
3,5733,809
3,419
2,992
3,797
2,572 2,569
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
0,00%
LiF
0,30%
LiF
0,60%
LiF
0,00%
LiF
0,30%
LiF
0,60%
LiF
0,00%
LiF
0,30%
LiF
0,60%
LiF
A (0,00% MgO) B (0,25% MgO) C (0,50% MgO)
Área específica (m2/g) Diâmetro médio das partículas (µm)
63
Este fato justifica que a diferença de dureza da alumina para os aditivos foi um fator que
contribuiu pela evolução mais efetiva da moagem. Entretanto, comparando-se as menores
adições dos aditivos, o maior rendimento de moagem observado para a adição de 0,25% MgO
(grupo B) pode estar relacionado ao menor diâmetro médio de partícula inicial do MgO como
recebido (6,867m) quando comparado à adição de 0,30% LiF (grupo A) já que o diâmetro
médio de partícula inicial do LiF como recebido foi de 10,464 m. Quando matérias primas
possuem graus de dureza relativamente próximos, é possível que a granulometria inicial seja
um fator determinante para a evolução da moagem, assim como observado no estudo conduzido
por RIBEIRO e ABRANTES (2001).
Neste trabalho, a não existência de partículas menores que 0,1 µm demonstrou ser uma
vantagem ao sistema, já que a presença de partículas muito finas contribui para a formação de
aglomerados. Aglomerados podem ocasionar uma diminuição da densidade à verde,
prejudicando a fluidez e o empacotamento do corpo cerâmico (REED, 1995; TRINDADE,
2012). Através da análise de tamanho de partículas verificou-se existir uma ampla faixa de
distribuição do tamanho de partículas, compreendida entre 0,2 e 100 m. Exceto para o grupo
C (sistema Al2O3-0,50 MgO-LiF), observou-se uma distribuição mais larga resultante das
partículas nas composições investigadas, sendo caracterizadas por curvas de distribuição
polimodal. Autores afirmam que uma mistura de pós contendo diversos diâmetros contribui
para a ocupação dos interstícios vazios entre as partículas. Isto aumenta o empacotamento e
diminui a porosidade do sistema (REED, 1995; DE CASTRO e PANDOLFELLI, 2009).
4.3 DENSIDADE E DENSIFICAÇÃO DOS CORPOS CERÂMICOS
4.3.1 DENSIDADE E DENSIFICAÇÃO DOS CORPOS CERÂMICOS À VERDE
A TAB. 4.3 apresenta a densidade média e a densificação média à verde dos corpos
cerâmicos investigados neste trabalho. A densidade à verde foi calculada pelo método
geométrico, através da razão entre a massa e volume do corpo cerâmico.
Os valores de densidade a verde para todos os grupos investigados foram semelhantes aos
resultados encontrados na literatura (ACCHAR, 1985). GOMES (2004) e JESUS (2016)
64
verificaram, por comparação estatística, que as densidades dos corpos cerâmicos à verde
praticamente não foram alteradas, independentemente da composição de niobia (0%, 4% e 6%)
e LiF (1%, 2% e 3%) adicionadas na Al2O3. De acordo com ACCHAR (1985), para uma
sinterização satisfatória, é necessário obter uma densificação à verde de, no mínimo, 55% da
densidade teórica. Os valores de densificação à verde obtidos para todos os grupos, contendo
LiF e MgO, praticamente não modificaram a densidade à verde da Al2O3.
TAB. 4.3 Valores de densidade e densificação dos corpos cerâmicos a verde
Grupo Bloco Número de
amostras
Média Densidade
verde (g/cm3)
Média Densificação
verde (%)
A
(0,00%MgO)
0,00% LiF 1 4 2,284 57,39
2 4 2,173 55,61
0,30% LiF 1 4 2,190 55,09
2 4 2,257 56,76
0,60% LiF 1 4 2,190 55,50
2 4 2,179 56,85
B
(0,25%MgO)
0,00% LiF 1 4 2,303 57,88
2 4 2,215 55,68
0,30% LiF 1 4 2,175 57,74
2 4 2,231 56,13
0,60% LiF 1 4 2,291 57,70
2 4 2,229 56,13
C
(0,50%MgO)
0,00% LiF 1 4 2,201 55,32
2 4 2,253 56,65
0,30% LiF 1 4 2,308 58,08
2 4 2,237 56,28
0,60% LiF 1 4 2,145 55,32
2 4 2,209 55,62
4.3.2 DENSIFICAÇÃO DOS CORPOS CERÂMICOS SINTERIZADOS
A TAB. 4.4 apresenta os resultados de densidade aparente e densificação dos corpos
cerâmicos sinterizados à 1400 ºC, com as suas respectivas médias.
65
TAB. 4.4 Densidade aparente e densificação dos corpos cerâmicos sinterizados à 1400ºC/3h
Grupo Amostras
Densidade
Aparente
(g/cm3)
Densidade
média
(g/cm3)
Densificação
(%)
Densificação
média (%)
A
(0,00%MgO)
0,00%
LiF
A1 2,575
2,567
64,7
64,51±0,74 A2 2,598 65,28
A3 2,569 64,55
A4 2,527 63,5
0,30%
LiF
A5 2,577
2,606
64,81
65,53±1,19 A6 2,598 65,33
A7 2,574 64,73
A8 2,675 67,27
0,60%
LiF
A9 2,568
2,554
64,65
64,29±0,29 A10 2,554 64,29
A11 2,554 64,29
A12 2,54 63,94
B
(0,25%MgO)
0,00%
LiF
B1 2,495
2,495
62,7
62,70±0,22 B2 2,495 62,7
B3 2,485 62,44
B4 2,506 62,98
0,30%
LiF
B5 2,479
2,482
62,38
62,45±0,72 B6 2,523 63,47
B7 2,471 62,17
B8 2,456 61,8
0,60%
LiF
B9 2,427
2,417
61,12
60,88±1,04 B10 2,412 60,74
B11 2,466 62,09
B12 2,366 59,57
C
(0,50%MgO)
0,00%
LiF
C1 2,445
2,442
61,47
61,38±0,11 C2 2,443 61,4
C3 2,444 61,43
C4 2,436 61,23
0,30%
LiF
C5 2,384
2,389
59,99
60,11±1,43 C6 2,348 59,08
C7 2,471 62,17
C8 2,353 59,22
0,60%
LiF
C9 2,384
2,376
60,05
59,85±0,23 C10 2,378 59,89
C11 2,363 59,53
C12 2,379 59,94
O comportamento de densificação à 1400 ºC, em função da adição de MgO e LiF, é
demonstrado pelo gráfico na FIG. 4.11. O grupo que apresentou o melhor comportamento de
densificação foi o grupo A (0,00% MgO), sendo que a adição de 0,30% em peso de LiF foi
aquela que apresentou a maior média de densificação (65,53%). Neste grupo, para 0,00 e 0,60%
66
em peso de LiF, os valores de densificação média corresponderam à 64,51 e 64,29%,
respectivamente.
O grupo B (0,25% MgO) apresentou uma queda nos valores de densificação em função das
adições de LiF, 62,70%, 62,28% e 60,93% para 0,00%, 0,30% e 0,60%, respectivamente. Para
o grupo C (0,50% MgO), o maior valor de densificação ocorreu quando não houve a adição de
LiF (61,42%). Para as demais adições de LiF, os valores de densificação obtidos foram
próximos de 59,60 e 59,92%, para 0,30% e 0,60% respectivamente.
Através dos resultados de densificação à 1400 oC, foi possível observar que o sistema
Al2O3-MgO-LiF contribuiu para diminuir a densificação da Al2O3. Por outro lado, para o
sistema Al2O3-LiF (grupo A) houve um pequeno aumento da densidade para a adição de 0,30%
LiF.
FIG. 4.11 Densificação das amostras para temperatura de sinterização de 1400 ºC
Na temperatura de sinterização de 1600 ºC, a densidade média aparente e a densificação
média dos corpos cerâmicos são apresentados na TAB. 4.5.
64,51
65,5364,29
62,70 62,45
60,8861,3860,11
59,85
58,00
60,50
63,00
65,50
68,00
0,0% LiF 0,3% LiF 0,6% LiF
De
nsi
fica
ção
(%)
Grupo A - 0,00% MgO Grupo B - 0,25% MgO Grupo C - 0,50% MgO
67
TAB. 4.5 Densidade aparente e densificação dos corpos cerâmicos sinterizados à 1600ºC/1h
Grupo Amostras
Densidade.
aparente
(g/cm3)
Densidade.
Média
(g/cm3)
Densificação
(%).
Densificação
média (%)
A
(0,00%MgO)
0,00%
LiF
A1 3,242
3,250
81,47
81,65±0,46 A2 3,270 82,16
A3 3,228 81,11
A4 3,258 81,86
0,30%
LiF
A5 3,241
3,245
81,52
81,60±0,18 A6 3,242 81,54
A7 3,240 81,49
A8 3,255 81,87
0,60%
LiF
A9 3,357
3,288
84,51
82,78±1,18 A10 3,261 82,11
A11 3,278 82,54
A12 3,255 81,95
B
(0,25%MgO)
0,00%
LiF
B1 3,156
3,124
79,32
78,51±0,66 B2 3,091 77,70
B3 3,125 78,54
B4 3,123 78,48
0,30%
LiF
B5 3,078
3,060
77,45
76,99±0,68 B6 3,023 76,06
B7 3,083 77,56
B8 3,057 76,91
0,60%
LiF
B9 2,994
2,954
75,39
74,39±0,88 B10 2,933 73,85
B11 2,918 73,47
B12 2,972 74,85
C
(0,50%MgO)
0,00%
LiF
C1 3,049
3,008
76,65
75,60±0,94 C2 - -
C3 2,997 75,34
C4 2,977 74,83
0,30%
LiF
C5 2,790
2,792
70,21
70,27±0,46 C6 2,768 69,66
C7 2,802 70,51
C8 2,810 70,71
0,60%
LiF
C9 2,824
2,811
71,14
70,81±0,37 C10 2,795 70,41
C11 - -
C12 2,814 70,88
Para estas condições de tratamento térmico, alguns corpos cerâmicos foram descartados
por terem apresentado defeitos após a sinterização. ALBARO (2001) afirmou que gradientes
de compactação das peças causam distorções e deformações após o tratamento térmico e, estas
alterações, podem ter sido originadas pela falta de uniformidade no interior da peça ou entre a
68
peça e as paredes do molde. De fato, um fator que pode ter contribuído para este tipo de defeito
foi um preenchimento não uniforme da cavidade do molde. Com isso, a região que contém mais
massa no final da etapa de preenchimento é também a de maior compactação. A literatura indica
que estes tipos de defeito são provenientes do gradiente de compactação do pó durante a etapa
de prensagem uniaxial, influenciadas pela alta razão de aspecto (REED, 1995; ALBARO,
2001).
O comportamento de densificação à 1600 ºC, em função da adição de MgO e LiF, é
demostrado pelo gráfico na FIG. 4.12. O grupo que apresentou o melhor comportamento de
densificação foi o grupo A (0,00% MgO), similarmente ao comportamento observado nos
corpos cerâmicos sinterizados à 1400 ºC. No entanto, a adição de 0,60% LiF foi aquele que
apresentou o maior valor de densificação médio, 82,78%. Para as demais adições, 0,00% e
0,30% LiF, os valores corresponderam à 81,65% e 81,60%, respectivamente.
O grupo B (0,25% MgO) apresentou uma queda nos valores de densificação em função das
adições de LiF, 78,51%, 77,18% e 74,35% para 0,00%, 0,30% e 0,60%, respectivamente. O
grupo C (0,50% MgO) apresentou as menores densificações médias após a adição do LiF. Os
valores foram de 75,34%. 70,36 e 70,88% para 0,00%, 0,30% e 0,60% LiF, respectivamente.
Com os resultados de densificação à 1600 oC, foi possível constatar que o sistema Al2O3-
MgO-LiF demonstrou menores valores de densificação quando comparados com a Al2O3. Por
outro lado, para o sistema Al2O3-LiF, do grupo A, observou-se um maior aumento de
densificação para a adição de 0,60% LiF.
FIG. 4.12 Densificação das amostras para temperatura de sinterização de 1600 ºC
81,6581,60
82,78
78,51
76,9974,3975,60
70,27
70,81
68,00
70,50
73,00
75,50
78,00
80,50
83,00
0,0% LiF 0,3% LiF 0,6% LiF
Den
sifi
caçã
o(%
)
Grupo A - 0,00% MgO Grupo B - 0,25% MgO Grupo C - 0,50% MgO
69
A FIG. 4.13 ilustra os resultados de densificação obtidos para as adições de MgO em
função de LiF. Para a sinterização de 1400 ºC, pode-se afirmar que não houve uma densificação
satisfatória devido à insuficiente ativação térmica para a difusão. Os melhores resultados de
densificação foram para a temperatura de sinterização 1600 ºC, indicando que o aumento da
temperatura de sinterização foi acompanhado pelo aumento da densificação dos corpos
cerâmicos. Os valores de densificação média para o grupo A (0,00% MgO) estão coerentes com
os resultados encontrados na literatura (LOURO et al., 2001), que apresentaram os valores de
64,50% e 84,20% para as sinterizações à 1400 ºC e 1600ºC, respectivamente.
O sistema Al2O3-LiF apresentou melhor resultado de densificação para a sinterização a
1600 ºC, demonstrando ter havido um efeito benéfico deste aditivo, provavelmente devido a
presença de fase líquida, que beneficiou os processos difusionais. Tal efeito aparentemente deve
manifestar-se com mais eficiência nas temperaturas inferiores à 1600 ºC, já que para maiores
temperaturas a volatilização deste aditivo pode ter ocorrido cuja temperatura de ebulição situa-
se em 1673 ºC. Quanto mais perto desta temperatura mais alta será a pressão de vapor tendendo
a eliminar este aditivo.
O sistema Al2O3-MgO-LiF demonstrou um efeito negativo na densificação em todas as
condições e, este efeito, foi evidenciado na a sinterização de 1600 ºC. Estudos apontam que
uma possível evaporação do LiF acontece em temperaturas muito elevadas (ROZENBURG,
2009; VILLALOBOS et al., 2005). ROZENBURG, (2009) identificou que os produtos, MgF2
e LiF, formados da reação entre MgAl2O4 e LiF são consumidos na temperatura de 1500 ºC e
podem ficar aprisionados dentro do compacto. O aprisionamento destes gases no interior do
corpo cerâmico pode ter contribuído para a diminuição na densificação, o que possivelmente
explica o efeito mais negativo observado para a sinterização à 1600 ºC. Além disso, o estudo
de SANTOS (2016) revelou que o efeito benéfico do LiF só foi possível mediante sua interação
com o Nb2O5, e não com a Al2O3. O autor verificou que a presença da fase Nb3O7F contribuiu
para melhorar o comportamento de densificação da composição contendo LiF, enquanto que a
presença da fase LiAl5O8 foi prejudicial. É sugerido que o efeito benéfico do sistema Al2O3-
Nb2O5-LiF está relacionado ao estágio final de sinterização ser alcançado. BARSOUM (2003)
afirma que o estágio final de sinterização só é atingido acima de 90% da densidade teórica do
material, valor bem acima do obtido neste trabalho.
Para o sistema Al2O3-MgO o efeito benéfico do aditivo MgO não foi observado, para as
condições de sinterização realizadas neste trabalho (1400 oC e 1600 oC). Autores indicam que
os benefícios do MgO na Al2O3 aparecerão somente no estágio final da sinterização e que este
70
estágio é adquirido a uma temperatura de 1950 ºC (BERRY e HARMER, 1986; JOHNSON e
COBLE, 1978). Embora pela literatura a temperatura de sinterização de 1600 ºC seja suficiente
em termos de ativação térmica, esta variável também está associada ao tempo de patamar de 1
hora que pode ter sido insuficiente. Processos difusionais que levam à densificação são
processos termicamente ativados que dependem de temperatura e tempo, conforme previsto
pela equação de Johnson-Mehl-Avrami (AVRAMI, 1941).
Estudos recentes demonstram que o processo de conformação tem influência significativa
para a densidade da Al2O3 que contém adições de MgO. Para sinterização à 1600 ºC,
YOSHIMURA et al., (2005) e KIM et al., (2003) demonstraram valores próximos à densidade
teórica da Al2O3 através de uma prensagem uniaxial, utilizando uma pressão de compactação
de 200 MPa, e da prensagem isostática, com uma pressão de compactação de 100 MPa,
respectivamente. Por apresentar bons resultados em trabalhos anteriores (GOMES, 2004;
JESUS, 2016; SANTOS, 2016), a pressão aplicada neste trabalho foi de 50MPa, bem abaixo
dos 200 MPa obtidos pelo estudo de YOSHIMURA et al., (2005). Com isso, os menores valores
de densificação encontrados neste trabalho podem indicar que a aplicação de uma menor
pressão de compactação tenha proporcionado distâncias maiores de difusão, que não
favoreceram a sinterização.
FIG. 4.13 Comparativo entre a densificação média dos corpos cerâmicos sinterizados.
64,51
65,5364,29
62,7062,45
60,8861,3860,11
59,85
81,65
81,60
82,78
78,51
76,9974,3975,60
70,27
70,81
58,00
60,50
63,00
65,50
68,00
70,50
73,00
75,50
78,00
80,50
83,00
0,0% LiF 0,3% LiF 0,6% LiF
Densi
fica
ção
(%)
Grupo A - 0,00% MgO Grupo B - 0,25% MgO Grupo C - 0,50% MgO
Grupo A - 0,00% MgO Grupo B - 0,25% MgO Grupo C - 0,50% MgO 1600 C
1400 C
71
Para ratificar os resultados de densificação, gráficos de superfície foram gerados através
de análise estatística experimental. As FIG. 4.14 e FIG. 4.15 apresentam, respectivamente, a
análise da densidade média dos corpos cerâmicos para as temperaturas de sinterização de 1400
ºC e 1600 ºC em função das adições de LiF e MgO na Al2O3. Através da análise estatística é
possível observar que, para a temperatura de 1400 ºC, os melhores resultados estão
compreendidos entre 2,590 e 2,536 g/cm3 e, para a temperatura de 1600 ºC, entre 3,320 e 3,198
g/cm3. Estes valores confirmam, estatisticamente, os resultados experimentais obtidos no qual
o aumento simultâneo na adição de MgO e LiF resultou na diminuição da densidade média.
FIG. 4.14 Gráfico de superfície para a análise de densidade (g/cm3) na temperatura de
sinterização à 1400 ºC.
FIG. 4.15 Gráfico de superfície para a análise de densidade (g/cm3) na temperatura de
sinterização à 1600 ºC.
72
4.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) DOS CORPOS
CERÂMICOS
4.4.1 MEV DOS CORPOS CERÂMICOS SINTERIZADOS À 1400 ºC
A FIG. 4.16 apresenta a análise microestrutural por MEV da superfície de fratura das
amostras do grupo A (0,00% MgO) em diferentes aumentos. Devido à baixa densificação
observada neste trabalho para todos os grupos sinterizados à 1400 oC, a fratura dos corpos
cerâmicos apresentou um modo intergranular, sugerindo maior fragilidade do contorno de grão.
A análise morfológica revelou uma microestrutura homogênea com regiões de grãos pequenos,
de formato irregular, coexistindo com grãos maiores. A formação observada de
empescoçamentos entre os grãos confirma a atuação dos processos difusionais iniciais de
sinterização, caracterizado pela aproximação das partículas (COBLE, 1961a; BARSOUM,
2003, REED, 1995). No entanto, a formação do empescoçamento e a presença de poros
intergranulares são características típicas do estágio inicial de sinterização, e que sugere uma
baixa densidade relativa do material à 1400 oC. Ficou evidenciado que o processo de
sinterização foi incipiente e não progrediu eficientemente para os estágios intermediários e
final. Os resultados por EDS (FIG. 4.17), revelaram a presença apenas do elemento Al em todo
o corpo cerâmico.
73
FIG. 4.16 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) sinterizados à 1400 ºC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d) 100.000X
FIG. 4.17 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) sinterizados à 1400 ºC
(a) (b)
(c) (d)
74
As adições de LiF (0,30 e 0,60 %) aos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO), FIG.
4.18 e FIG. 4.20, apresentaram a microestrutura de uma segunda fase existindo nos contornos
de grão. Entretanto, os resultados por EDS, apresentados na FIG. 4.19 e FIG. 4.21, detectaram
apenas a presença do elemento Al nestas regiões. Uma das limitações da técnica por EDS é não
detectar elementos muito leves como, por exemplo, o lítio. Apesar de não ter sido possível
identificar o Li por EDS, é provável que a presença de segunda fase esteja relacionada ao lítio,
já que esta morfologia só foi observada nos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO)
contendo do LiF.
FIG. 4.18 Morfologia dos corpos cerâmicos grupo A (0,00% MgO), contendo 0,30% LiF,
sinterizados à 1400 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000X
(b)
(c) (d)
(a)
75
FIG. 4.19 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) contendo adições de 0,30%
LiF sinterizados à 1400 oC
..
.
FIG. 4.20 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO), contendo 0,60% LiF,
sinterizados à 1400 oC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000X
(a) (b)
(c) (d)
76
FIG. 4.21 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) contendo adições de 0,60%
LiF sinterizados à 1400 oC.
As FIG. 4.22 e FIG. 4.24 apresentam a eletromicrografia de fratura dos grupos B e C (0,25
e 0,50% MgO, respectivamente). Assim como observado neste trabalho, estudos sobre o efeito
do MgO na sinterização da Al2O3 demonstram a formação de uma segunda fase nos contornos
de grão (MOLLÁ et al., 1996; WANG et al., 2013). Pela análise por EDS (FIG. 4.23 e FIG.
4.25), estas regiões demonstraram a presença dos elementos Mg e Al, enquanto que as regiões
sem a presença de uma segunda fase somente o elemento Al.
Rec 1
77
FIG. 4.22 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO) sinterizados à 1400 oC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d) 100.000X
(a) (b)
(c) (d)
78
FIG. 4.23 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO) sinterizados a 1400 oC.
Regiões com presença dos elementos: Al e Mg (Rec 1, 2 e 4); Al; (Rec 3 e 5).
Rec 1 Rec 2
Rec 3 Rec 4
Rec 5
79
FIG. 4.24 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) sinterizados à 1400 oC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d) 100.000X
(a) (b)
(c) (d)
80
FIG. 4.25 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,50% MgO) sinterizados à 1400 oC.
Regiões com presença dos elementos: Mg e Al (Rec 1); Al (Rec 2).
Para os corpos cerâmicos dos grupos B e C (0,25 e 0,50% MgO, respectivamente) contendo
adições de LiF (0,30 e 0,60%), a eletromicrografia da fratura é mostrada nas FIG. 4.26 e FIG.
4.28. VILLALOBOS et al., (2005) indicaram uma maior afinidade entre Al2O3-LiF e Al2O3-
MgO durante a sinterização do sistema Al2O3-LiF-MgO, não apresentando evidências de uma
reação entre MgO e LiF. Portanto, é coerente a formação de duas fases distintas, uma rica em
Mg e outra rica em Li, durante a sinterização dos corpos cerâmicos dos grupos B e C. As
análises por EDS, FIG. 4.27, FIG. 4.29, FIG. 4.31 e FIG. 4.33, identificaram a presença dos
elementos Mg e Al em algumas das regiões de segunda fase. Em outras regiões de segunda
fase, não foi observada a presença do elemento Mg, indicando que provavelmente esta região
possua Li. Como mencionado anteriormente, o elemento Li, por ser leve, não pode ser detectado
pela técnica por EDS.
Rec 1 Rec 2
81
FIG. 4.26 Morfologia das amostras do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,30% LiF,
sinterizadas à 1400 oC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000X
FIG. 4.27 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,30% LiF e
sinterizados a 1400 oC. Regiões com presença dos elementos: Mg e Al (Rec 1); Al (Rec 2).
(a) (b)
(c) (d)
Rec 1
Rec 2
82
FIG. 4.28 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,60% LiF e
sinterizados à 1400 oC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000X
(a) (b)
(c) (d)
83
FIG. 4.29 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,60% LiF e
sinterizados a 1400 oC. Regiões com presença dos elementos: Al (REC 1 e 3); Mg e Al (REC
2 e 4).
Rec 1 Rec 2
Rec 3 Rec 4
84
FIG. 4.30 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO), contendo 0,30% LiF,
sinterizados à 1400 em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X,
e (d) 100.000X.
(a) (b)
(c) (d)
85
FIG. 4.31 EDS dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO), contendo 0,30% LiF e
sinterizados a 1400 oC. Regiões com presença dos elementos: Al (Rec 1); Mg e Al (Rec 2).
Rec 1 Rec 2
86
FIG. 4.32 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO), contendo 0,60% LiF,
sinterizados à 1400 em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X,
e (d) 100.000X
(a) (b)
(c) (d)
87
FIG. 4.33 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,50% MgO), contendo 0,60% LiF e
sinterizados a 1400 oC. Regiões com presença dos elementos: Mg e Al (Rec 1 á 5).
Rec 1 Rec 2
Rec 3 Rec 4
Rec 5
88
4.4.2 MEV DOS CORPOS CERÂMICOS SINTERIZADOS À 1600 ºC
A micrografia da superfície de fratura dos corpos cerâmicos sinterizados à 1600 ºC, obtidas
por MEV, apresentou um modo de fratura predominantemente intergranular, similar à 1400 oC,
sugerindo maior fragilidade na região do contorno de grão. A análise por MEV dos corpos
cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) revelou regiões de grãos pequenos coexistindo com
partículas maiores. Em comparação com as eletromicrografias dos corpos cerâmicos
sinterizados à 1400 ºC, foi observado um aumento na área de contato entre as partículas após a
formação dos empescoçamentos o que resultou em maior densificação à 1600 oC (FIG. 4.34).
A literatura demonstra que, durante o processo de sinterização, as alterações no volume de uma
partícula resultam no movimento da superfície e dos contornos de grãos e partículas maiores
crescem às custas das partículas menores (WAKAI et al., 2005). Contudo, apesar das alterações
no volume das partículas, uma alta porosidade foi observada à 1600 oC, o que corrobora com a
baixa densificação do material obtida. A análise por EDS confirma a presença do elemento Al
em todo o corpo cerâmico.
89
FIG. 4.34 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) sinterizados à 1600 ºC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d) 100.000X
FIG. 4.35 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) e sinterizados à 1600 oC.
(a) (b)
(c) (d)
90
Para as amostras do grupo A (0,00% MgO), contendo adições de LiF (0,30 e 0,60%), o
aparecimento de uma segunda fase nos contornos de grão foi também encontrada, assim como
nos corpos cerâmicos sinterizados à 1400 ºC (FIG. 4.36 e FIG. 4.38). Semelhante à 1400 oC, a
análise por EDS não detectou o elemento Li, sendo observado somente o elemento Al (FIG.
4.37 e FIG. 4.39).
FIG. 4.36 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO), contendo 0,30% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000X
(a) (b)
(c) (d)
91
FIG. 4.37 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) contendo adições de 0,3%
LiF sinterizados à 1600 oC
FIG. 4.38 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO), contendo 0,60% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000X
(a) (b)
(c) (d)
92
FIG. 4.39 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,00% MgO) contendo adições de 0,6%
LiF sinterizados à 1600 oC
Para os grupos B e C (0,25 e 0,50% MgO, respectivamente) verificou-se a presença de uma
segunda fase nos contornos de grão (FIG. 4.40 e FIG. 4.42). Estudos anteriores indicam que a
formação da segunda fase, formada pelo sistema Al2O3-MgO, influência de maneira
significativa a microestrutura da Al2O3. Esta fase permanecia segregada nos contornos de grão,
mantendo os poros atrelados aos contornos de grãos durante o seu crescimento. Mudanças na
geometria dos poros foram observadas, através da diminuição do ângulo diedral, modificando
os valores de energia dos contornos de grão e da superfície. Estes mecanismos só eram
significativos nos estágios finais de sinterização (COBLE, 1961b; RAHAMAN, 2003;
TONELLO, 2009). Neste trabalho, as eletromicrografias investigadas indicaram que os
mecanismos que explicam o efeito benéfico do MgO na sinterização da Al2O3 não foram
operantes, mesmo para a temperatura de sinterização de 1600 ºC. As hipóteses declaradas para
a função deste aditivo de sinterização podem ser explicadas pela FIG. 4.43, que ilustra uma
Rec 1 Rec 2
93
região de segunda fase ao redor de uma partícula arrancada durante a fratura do corpo cerâmico.
Portanto, o estágio final de sinterização provavelmente não foi alcançado nas condições
investigadas, sendo necessário utilizar temperaturas mais elevadas ou tempos maiores para a
sinterização. Pela análise por EDS (FIG. 4.41e FIG. 4.44), estas regiões revelaram a presença
dos elementos Mg e Al, enquanto que nas regiões sem a presença desta segunda fase houve
somente a presença do elemento Al.
FIG. 4.40 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO) sinterizados à 1600 ºC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d) 100.000X
(a) (b)
(c) (d)
94
FIG. 4.41 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO) sinterizados à 1600 oC.
Regiões com presença dos elementos: Al (Rec 1); Mg e Al (Rec 2).
Rec 1 Rec 2
95
FIG. 4.42 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) sinterizados à 1600 ºC
em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c) 50.000X, e (d) 100.000X
FIG. 4.43 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) sinterizados à 1600 ºC:
Região contendo a presença de uma segunda fase ao redor de uma partícula que foi arrancada
durante a fratura, em diferentes aumentos: (a) 25.000X; (b) 150.000X
(a) (b)
(c) (d)
96
FIG. 4.44 EDS dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) sinterizados à 1600 oC.
Regiões com presença dos elementos: Mg e Al (Rec 2); Al (Rec 3).
As micrografias dos corpos cerâmicos dos grupos B e C (0,25 e 0,50% MgO,
respectivamente), contendo adições de LiF (0,30 e 0,60%), são apresentados nas FIG. 4.45,
FIG. 4.47, FIG. 4.49 e FIG. 4.51, que revelaram a presença de uma segunda fase nos contornos
de grão. Os resultados por EDS (FIG. 4.46, FIG. 4.48, FIG. 4.50 e FIG. 4.52) identificaram a
presença dos elementos Mg e Al nestas regiões de segunda fase. Conforme mencionado
anteriormente, o elemento Li não pode ser detectado pela técnica por EDS, sendo possível
nestas regiões de segunda fase haver a presença do lítio.
Rec 2 Rec 3
97
FIG. 4.45 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,30% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000X
(a) (b)
(c) (d)
98
FIG. 4.46 EDS dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO) contendo adições de 0,3% LiF
sinterizados à 1600 oC. Regiões com presença dos elementos: Mg e Al (Rec 1); Al (Rec 2).
Rec 1 Rec 2
99
FIG. 4.47 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo B (0,25% MgO), contendo 0,60% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000X
(a) (b)
(c) (d)
100
FIG. 4.48 EDS dos corpos cerâmicos do grupo A (0,25% MgO) contendo adições de 0,6%
LiF sinterizados à 1600 oC. Regiões com presença dos elementos Mg e Al (Rec 1 e 3).
Rec 1
Rec 2
101
FIG. 4.49 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO), contendo 0,30% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000X.
(a) (b)
(c) (d)
102
FIG. 4.50 EDS dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) contendo adições de 0,3%
LiF e sinterizados à 1600 oC. Regiões com presença dos elementos Mg e Al (Rec 1 e 2).
Rec 1 Rec 2
103
FIG. 4.51 Morfologia dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO), contendo 0,60% LiF,
sinterizados à 1600 ºC em diferentes aumentos no MEV: (a) 10.000X; (b) 25.000X; (c)
50.000X, e (d) 100.000.
(a) (b)
(c) (d)
104
FIG. 4.52 EDS dos corpos cerâmicos do grupo C (0,50% MgO) contendo adições de 0,6%
LiF sinterizados à 1600 oC. Regiões com presença dos elementos Mg e Al (Rec 1 e 2).
4.5 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX) DOS CORPOS CERÂMICOS
4.5.1 DRX DOS CORPOS CERÂMICOS SINTERIZADOS À 1400 ºC
Na análise por DRX, os difratogramas obtidos para o grupo A (0,00% MgO) indicaram a
presença de -Al2O3 como fase majoritária, referente a ficha cristalográfica JCPDS 00-046-
1212, e do composto LiAl5O8 (ficha cristalográfica JCPDS 00-038-1425) como fase
minoritária, após as adições de 0,3 e 0,6% de LiF (FIG. 4.53). Pela técnica sol-gel, AOYAMA
et al., (2013) sintetizaram pós de γ-LiAlO2 e LiAl5O8 e também verificaram o aparecimento da
Rec 1 Rec 2
105
fase LiAl5O8 em temperaturas acima de 1200 oC, para razão molar Li/Al 1:1; enquanto que a
estabilidade da fase LiAl5O8 foi demonstrada a partir de 800 oC para a razão molar Li/Al 1:5.
O aumento da diferença molar no trabalho destes autores indicou uma maior estabilidade da
fase LiAl5O8 em altas temperaturas, até 1600 oC, o que pode explicar o aparecimento desta fase
na temperatura de 1400 oC nos corpos cerâmicos do grupo A.
FIG. 4.53 Difratograma do grupo A (0,00% MgO) sinterizadas à 1400°C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF.
A análise por DRX do grupo B e C (0,25 e 0,50% MgO, respectivamente) indicaram, além
da fase majoritária Al2O3, também a fase MgAl2O4 (ficha cristalográfica JCPDS 01-087-0342)
em todas as composições (FIG. 4.54 e FIG. 4.55). A presença da fase MgAl2O4 está relacionada
com o baixo limite de solubilidade do MgO na Al2O3 (<500ppm), sendo esperado um aumento
desta fase com o aumento da concentração de MgO (WANG et al., 2013). Com as adições de
0,30 e 0,60% de LiF, o composto LiAl5O8 também foi identificado. Entretanto, não observou-
se o aparecimento de fases procedentes da reação entre MgO e LiF, do mesmo modo que em
outros trabalhos de sinterização com misturas de MgO, LiF, MgAl2O4 e Al2O3 (MOLLÁ et al.,
1996; VILLALOBOS, et al., 2005).
106
FIG. 4.54 Difratograma do grupo B (0,25% MgO) sinterizadas à 1400°C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF.
FIG. 4.55 Difratograma do grupo C (0,50% MgO) sinterizadas à 1400°C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF.
107
A TAB. 4.6 resume as fases identificadas para cada composição investigada na temperatura
de sinterização à 1400 ºC.
TAB. 4.6 Fases identificas nas amostras sinterizadas à 1400 ºC
Amostras Fases
A (0,00%MgO)
0,00% LiF Al2O3
0,30% LiF Al2O3, LiAl5O8
0,60% LiF Al2O3, LiAl5O8
B (0,25%MgO)
0,00% LiF Al2O3, MgAl2O4
0,25% LiF Al2O3, LiAl5O8, MgAl2O4
0,50% LiF Al2O3, LiAl5O8, MgAl2O4
C (0,50%MgO)
0,00% LiF Al2O3, MgAl2O4
0,25% LiF Al2O3, LiAl5O8, MgAl2O4
0,50% LiF Al2O3, LiAl5O8, MgAl2O4
4.5.2 DRX CORPOS CERÂMICOS SINTERIZADOS À 1600 ºC
Para a temperatura de sinterização à 1600 oC, os difratogramas das composições
investigadas no grupo A (0,00% MgO) apresentaram uma única fase, Al2O3, mesmo após as
adições de 0,3% e 0,6% LiF (FIG. 4.56). Observou-se pequena presença de segunda fase nos
contornos de grão por MEV, a análise por DRX não identificou a fase LiAl5O8, o que
provavelmente pode ser explicado pelo valor inadequado do índice GOF impedindo a
quantificação das fases presentes pelo método de Rietveld.
Apesar do diagrama de fases do sistema Li2O-Al2O3 apresentar o ponto de ebulição da fase
LiAl5O8, aproximadamente, de 1905 oC para porcentagens acima de 80% mol de Al2O3, estudos
anteriores revelam uma possível degradação e/ou evaporação da fase LiAL5O8 em temperaturas
acima de 1200 oC (KUTTY et al., 1998; VILLALOBOS et al., 2005; AOYAMA et al., 2013).
No trabalho de AOYAMA et al., (2013), quando utilizada a razão molar Li/Al 1:5, observou-
se a formação de uma fase minoritária, -Al2O3, acima de 1400 oC, provavelmente associada a
evaporação do lítio.
108
FIG. 4.56 Difratograma do grupo A (0,00% MgO) sinterizadas à 1600 °C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF.
Assim como na sinterização à 1400 oC, a análise por DRX do grupo B e C (0,25 e 0,50%
MgO, respectivamente) para a temperatura de 1600 oC indicou, além da fase majoritária Al2O3,
a fase MgAl2O4 (ficha cristalográfica JCPDS 01-087-0342) em todas as composições (FIG.
4.57 e FIG. 4.58).
Para a temperatura de 1600 oC, com as adições de 0,30 e 0,60% LiF, o composto LiAl5O8
foi identificado. O trabalho de VILLALOBOS et al., (2005) demonstrou que durante a
sinterização do sistema Al2O3-MgO-LiF, o MgO não mostrou afinidade para reagir com o LiF,
ocasionando, portanto, reação de diversos compostos contendo alumínio, lítio e oxigênio. Os
resultados obtidos por DRX corroboraram as análises por MEV, indicando existir uma segunda
fase rica em íons Mg2+, localizados nas regiões de contornos de grãos, referentes à fase
MgAl2O4. Apesar das limitações das técnicas de DRX e EDS, sugere-se que a segunda fase
encontrada nos corpos cerâmicos contendo lítio que não seja rica em íons Mg2+ sejam a fase
LiAl5O8.
109
O estudo de SANTOS (2016), sugere que, durante a sinterização do sistema cerâmico
Al2O3-4% Nb2O5-LiF, a presença da fase Nb3O7F contribuiu para melhoria na densificação
deste composto e o aparecimento da fase LiAl5O8 foi prejudicial. O autor afirma que devido à
grande afinidade eletrônica entre o nióbio e o flúor, dado pela grande diferença de
eletronegatividade, a fase Nb3O7F tenha atuado como catalisador durante a sinterização. Além
disso, BARSOUM (2003) afirma que a configuração eletrônica do cátion influencia o caráter
covalente da ligação. Um maior caráter covalente tende a reduzir a entalpia de fusão através da
redução do número de ligações a serem quebradas durante a fusão, resultando em pontos de
fusão mais baixos. No trabalho conduzido por SANTOS (2016) a presença do nióbio contribuiu
para a formar mais ligações covalente, já que este elemento possui elétrons de valência no
subnível d. Os elétrons com este tipo de configuração não são tão efetivos para proteger a carga
do núcleo quando comparados com os elétrons do tipo s e p, como existentes no alumínio. Este
estudo está de acordo com os resultados encontrados para o presente trabalho, indicando que a
fase LiAl5O8 contribui para piorar os resultados de densificação da Al2O3.
FIG. 4.57 Difratograma do grupo B (0,25% MgO) sinterizadas à 1600 °C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF.
110
FIG. 4.58 Difratograma do grupo C (0,50% MgO) sinterizadas à 1600 °C. (a) 0,00 % LiF; (b)
0,30% e (c) 0,60% LiF.
A TAB. 4.7 resume as fases identificadas para cada composição investigada na temperatura
de sinterização à 1600 ºC.
TAB. 4.7 Fases identificas nas amostras sinterizadas à 1600 ºC
Amostras Fases
A (0,00%MgO)
0,00% LiF Al2O3
0,30% LiF Al2O3
0,60% LiF Al2O3
B (0,25%MgO)
0,00% LiF Al2O3, MgAl2O4
0,25% LiF Al2O3, LiAl5O8, MgAl2O4
0,50% LiF Al2O3, LiAl5O8, MgAl2O4
C (0,50%MgO)
0,00% LiF Al2O3, MgAl2O4
0,25% LiF Al2O3, LiAl5O8, MgAl2O4
0,50% LiF Al2O3, LiAl5O8, MgAl2O4
111
4.6 MÓDULO DE ELASTICIDADE
As TAB. 4.8 e TAB. 4.9 apresentam o módulo de elasticidade e a média deste valor
calculada para os corpos cerâmicos sinterizados à 1400 ºC e 1600 ºC, respectivamente.
TAB. 4.8 Módulo de elasticidade dos corpos cerâmicos sinterizados à 1400 ºC/3h.
Amostras E (GPa) Média (GPa)
A (0,00%MgO)
0,00% LiF
146,08 ± 0,68
139,32 136,27 ± 0,81
135,52 ± 0,78
0,30% LiF
136,26 ± 0,62
142,69 144,07 ± 0,66
147,74 ± 0,68
0,60% LiF
123,98 ± 0,57
109,92 104,63 ± 0,48
101,16 ± 0,45
B (0,25%MgO)
0,00% LiF
130,29 ± 0,61
118,90 114,57 ± 0,51
111,85 ± 0,52
0,30% LiF
110,92 ± 0,51
107,49 105,97 ± 0,49
105,58 ± 0,48
0,60% LiF
105,20 ± 0,48
97,17 93,20 ± 0,42
93,10 ± 0,42
C (0,50%MgO)
0,00% LiF
124,48 ± 0,58
116,56 108,78 ± 0,51
116,41 ± 0,54
0,30% LiF
82,51 ± 0,39
83,66 85,44 ± 0,39
83,03 ± 0,38
0,60% LiF
99,32 ± 0,45
98,40 97,33 ± 0,45
98,55 ± 0,45
112
TAB. 4.9 Módulo de elasticidade dos corpos cerâmicos sinterizados à 1600 ºC/1h.
Amostras E (GPa) Média (GPa)
A (0,00%MgO)
0,00% LiF
160,39 ± 0,78
161,03 159,43 ± 0,79
163,27 ± 0,81
0,30% LiF
171,04 ± 0,84
174,14 170,80 ± 0,84
180,59 ± 0,89
0,60% LiF
138,11 ± 0,66
133,78 132,16 ± 0,62
131,08 ± 0,64
B (0,25%MgO)
0,00% LiF
139,94 ± 0,66
136,77 139,70 ± 0,66
130,66 ± 0,55
0,30% LiF
129,30 ± 0,61
135,93 138,17 ± 0,65
140,31 ± 0,67
0,60% LiF
108,52 ± 0,49
114,09 117,08 ± 0,55
116,68 ± 0,55
C (0,50%MgO)
0,00% LiF
130,71 ± 0,61
133,65 140,62 ± 0,68
129,62 ± 0,61
0,30% LiF
105,6 ± 0,49
97,72 96,32 ± 0,44
91,24 ± 0,40
0,60% LiF
95,77 ± 0,43
107,73 105,42 ± 0,49
122,00 0,59
Para os corpos cerâmicos sinterizados à 1400 ºC, o grupo A (0,00% MgO) contendo
adições de 0,30% LiF (142,69 GPa) apresentou valores superiores de módulo de elasticidade.
Os demais resultados da média do módulo de elasticidade para este grupo foram 139,32 e
109,92 GPa para 0,00% e 0,60% LiF, respectivamente. O grupo B (0,25% MgO) apresentou
uma queda contínua nos valores de módulo de elasticidade em função das adições de LiF,
118,90, 107,49 e 97,17 GPa para 0,00, 0,30 e 0,60%, respectivamente. Para o grupo C (0,50%
MgO), os resultados do módulo de elasticidade foram 116,56, 83,66 e 98,40 GPa para as 0,00,
0,30 e 0,60%, respectivamente.
Para os corpos cerâmicos sinterizados à 1600 ºC, o grupo A (0,00% MgO) com a adição
de 0,30% LiF (174,14 GPa) apresentou valores superiores de módulo de elasticidade. Neste
113
grupo, para 0,00 e 0,60% LiF, os valores da média do módulo de elasticidade corresponderam
à 161,03 e 133,78 GPa, respectivamente. O grupo B (0,25% MgO) apresentou uma queda
contínua nos valores de módulo de elasticidade em função das adições de LiF, 136,77, 135,93
e 114,09 GPa para 0,00, 0,30 e 0,60%, respectivamente. Como também observado nos corpos
cerâmicos sinterizados à 1400 ºC, o valor mais elevado de módulo de elasticidade ocorreu
quando não houve adição de LiF (133,65 GPa) para o grupo C (0,50% MgO). Para as adições
de LiF, os valores médios de módulo de elasticidade foram de 97,72 GPa e 107,73 GPa para a
adição de 0,30% e 0,60% LiF, respectivamente.
A FIG. 4.59 ilustra os resultados do módulo de elasticidade dos corpos cerâmicos
investigados para as diferentes condições de tratamento térmico.
FIG. 4.59 Módulo de elasticidade dos corpos cerâmicos investigados.
Nas condições de sinterização investigadas, os resultados encontrados para o grupo A
(0,00% MgO), sem adições de LiF, apresentaram um valor bem inferior ao encontrado na
literatura (380 GPa à temperatura ambiente). Os fatores que influenciaram estes resultados
provavelmente são atribuídos a falhas e defeitos internos, principalmente em função da elevada
fração volumétrica de poros.
Os valores mais elevados do módulo de elasticidade foram para a temperatura de
sinterização à 1600 ºC, indicando que o aumento da temperatura de sinterização foi
acompanhado pelo aumento da densificação dos corpos cerâmicos, e, por consequência, pelo
aumento da magnitude do módulo de elasticidade. Os valores médios de módulo de elasticidade
encontrados estão coerentes com a literatura, onde a magnitude do módulo de elasticidade
mostrou diminuir em função da fração volumétrica de poros (CALLISTER e RETHWISCH,
139,32 142,69
109,92118,90
107,49
97,17
116,56
83,66
98,40
161,03
174,14
133,78
136,77 135,93
114,09
133,65
97,72
107,73
75,00
95,00
115,00
135,00
155,00
175,00
195,00
0,00% LiF 0,30% LiF 0,60% LiF 0,00% LiF 0,30% LiF 0,60% LiF 0,00% LiF 0,30% LiF 0,60% LiF
A (0,00% MgO) B (0,25% MgO) C (0,50% MgO)Mó
dulo
Ela
stic
idad
e (G
Pa)
1400 °C 1600 °C
114
2011). A EQ. 4.1 é capaz de estimar o módulo de elasticidade (E) em função da porosidade (P)
dos materiais cerâmicos. Onde P é fração porosa do material, E é o módulo de elasticidade, E0
é o módulo de elasticidade com porosidade nula e f1 e f2 são constantes que dependem da forma
dos poros.
E=E0 (1 – f1P + f2P2) EQ. 4.1
Analisando pela EQ. 4.1, TRINDADE (2012) verificou que o módulo de elasticidade
diminuiu com o aumento da porosidade. Assim, a existência de poros residuais exerce uma
função negativa nas propriedades elásticas dos materiais cerâmicos. O trabalho de
YOSHIMURA et al., (2005) demonstrou que, durante a sinterização de uma Al2O3 de alta
pureza com adições de MgO, as propriedades mecânicas diminuíram com o aumento da
porosidade, tendo sido observado que o módulo de elasticidade apresentou um crescimento com
o aumento da temperatura. Este comportamento também foi encontrado por PINHEIRO e
HOLANDA (2010), onde o comportamento do módulo de elasticidade foi fortemente
dependente da temperatura.
O sistema Al2O3-MgO-LiF apresentou os menores resultados de módulo de elasticidade
em todas as condições de sinterização investigadas, coerente com a literatura. Conforme
mencionado anteriormente, menores valores de módulo de elasticidade foram encontrados nas
amostras com maior porosidade.
Neste estudo, era esperado que o sistema Al2O3-0,6 LiF, na temperatura de 1600 ºC
apresentasse os melhores resultados para módulo de elasticidade, já que esta composição
apresentou melhores resultados de densificação (82,78%). No entanto, os resultados obtidos
demonstraram menor valor de módulo de elasticidade para esta composição (0,60 % LiF). O
estudo de ZANOTTO e MIGLIORE (1991) sugere que a composição química e a estrutura das
fases formadas podem influenciar nas propriedades elásticas do material. Esta influência pode
ser devida ao número e tipos de fase, sua forma e orientação, e ainda a quantidade relativa de
fases presentes. Entretanto, não foi possível verificar a influência das fases presentes sobre
comportamento do módulo de elasticidade, já que o índice GOF revelou um valor inadequado
para a quantificação das fases. Portanto, um estudo mais aprofundado da influência de fases
sobre o comportamento elástico dos corpos cerâmicos do sistema Al2O3-LiF pode esclarecer
esta divergência entre densificação e módulo de elasticidade verificada neste trabalho.
115
5 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste estudo, permitiu chegar às seguintes conclusões:
A adição de LiF e MgO contribuíram para diminuir o tamanho médio de partículas das
composições cerâmicas investigadas neste trabalho, com maior rendimento de moagem
observado para o aditivo MgO.
A adição de LiF não influenciou a densificação a verde dos sistemas cerâmicos Al2O3-LiF
e Al2O3-MgO-LiF.
Não houve uma densificação satisfatória para a sinterização à 1400 ºC com patamar de 3
horas, mesmo nas aluminas aditivadas, provavelmente devido a uma ativação térmica
insuficiente para uma difusão satisfatória.
A adição de LiF resultou em melhores valores de densificação para o sistema Al2O3-LiF,
nas duas condições de tratamento térmico investigadas, demonstrando que este aditivo
promoveu uma sinterização em presença de fase líquida, ainda que incipiente. Na para a
temperatura de sinterização à 1600 ºC, a adição de 0,60% LiF ao sistema Al2O3-LiF, foi aquela
em que apresentou os maiores valores de densificação, corroborando a conclusão anterior.
Ainda para o sistema Al2O3-LiF, a temperatura de 1400 ºC pode ter sido insuficiente para a
ativação térmica e, a 1600 ºC houve uma maior tendência de vaporização do LiF. Por isso,
maiores concentrações desse aditivo são necessárias.
A adição simultânea de LiF e MgO apresentou os piores resultados densificação para as
duas condições de sinterização investigadas, e o aumento destas adições resultou na diminuição
da densificação.
Para o sistema Al2O3-MgO, sinterizados à 1600 ºC, este patamar satisfaz em termos de
ativação térmica. Os baixos resultados de sinterização obtidos podem estar associados ao tempo
insuficiente (1 hora), bem como não ter sido otimizada uma concentração de MgO, entre 0,03%
e 0,25%, já que a concentração superior à 0,25% indicou tendência de queda na densificação.
As fases obtidas após a sinterização para as adições de LiF e MgO e identificadas por DRX
foram: LiAl5O8 e MgAl2O4. Acredita-se que a presença da fase LiAl5O8 tenha sido prejudicial
para a densificação da Al2O3, conforme também verificado em outros trabalhos relacionados à
sinterização da Al2O3.
116
Acredita-se que a fase MgAl2O4 não foi adequada para se obter uma densificação
satisfatória. Isto pode ter ocorrido em função da quantidade não otimizada desta fase.
O módulo de elasticidade mostrou ser maior para as amostras sinterizadas a 1600 ºC em
virtude da menor porosidade presente nesta temperatura pela maior ativação térmica.
117
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Com base nos resultados e nas observações realizadas neste trabalho, sugere-se para
pesquisas futuras:
Otimizar a concentração de MgO, entre 0,03% e 0,25%, e investigar o efeito deste aditivo
na sinterização da alumina para os sistemas Al2O3-MgO e Al2O3-MgO-LiF.
Elevar a concentração de LiF (> 0,60%) e investigar o efeito deste aditivo nos sistemas
Al2O3-LiF e Al2O3-MgO-Li, para a condição de sinterização 1600ºC/1h.
Experimentar rotas de sinterização para uma temperatura inferior a volatilização do LiF
com tempos maiores.
Utilização de prensagem isostática para elevar a densificação das composições
investigadas neste trabalho.
Estudar as relações entre módulo de elasticidade, densificação e taxa de aquecimento para
as composições investigadas, relacionando com as fases formadas ao longo do aquecimento.
118
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