Mindfulness Nas Terapias Cognitivas e Comportamentais

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    Rev. bras.ter. cogn. v.2 n.1 Rio de Janeiro jun. 2006

    ARTIGOS

    Mindfulness nas terapias cognitivas e comportamentais

    Mindfulness in cognitive and behavioral therapies

    Luc Vandenberghe I; Ana Carolina Aquino de Sousa II

    I Doutorado em Psicologia pela Universidade Catlica de Gois, Psiclogo clnico.II Mestrado em Psicologia pela Universidade Catlica de Gois, Psicloga clnica.

    Endereo para correspondncia

    RESUMO

    O presente artigo aborda um conceito com origem nas prticas meditativasorientais, que passou a fazer parte da medicina comportamental a partir dosprogramas de reduo de estresse de Kabat-Zinn. Mindfulness definida como umaforma especfica de ateno plena concentrao no momento atual, intencional, esem julgamento. Significa estar plenamente em contato com a vivncia domomento, sem estar absorvido por ela. S durante a dcada passada ganhoudestaque nas literaturas comportamentais e cognitivas, enquanto anteriormenteestava implicitamente presente nas prticas clnicas destas tradies. O artigoapresenta mindfulness da forma em que praticada em diferentes terapiascontemporneas. Discute-se ainda, as possibilidades teraputicas que este conceitotraz a partir de diferentes perspectivas tericas.

    Palavras-chave: Meditao, Terapia cognitivo-comportamental, Aceitao.

    ABSTRACT

    This article approaches a concept that originated in Oriental meditative practices,and became part of behavioral medicine starting with the stress reduction program

    http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-56872006000100004&script=sci_arttext#endfimhttp://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-56872006000100004&script=sci_arttext#endfimhttp://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1808-56872006000100004&script=sci_arttext#endfim
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    of Kabat-Zinn. Mindfulness is defined as a specific mode of paying full attention concentrated on the present moment, intentionally and non-judgmentally. It meansbeing in contact with the present and not being involved in memories or in thoughtsabout the future. Although implicitly present in clinical practices of traditionalbehavioral and cognitive therapy, it only gained full visibility in the literature duringthe past decade. Mindfulness is presented in this article in the way it is practiced in

    different contemporary behavioral and cognitive therapies. The therapeuticpossibilities that this concept opens up from different theoretical perspectives arediscussed.

    Keywords: Meditation, Cognitive-behavior therapy, Acceptance.

    Introduo

    A prtica de mindfulness passou a fazer parte da medicina comportamental a partirdos programas de reduo de estresse de Kabat-Zinn (1982). O conceito, cujaorigem est nas prticas orientais de meditao (Hanh, 1976), despertou, logo noincio dos anos de 90, o interesse de clnicos fora da rea da medicinacomportamental. Tomou de assalto as terapias comportamentais contextualistas,que j tinham afirmado sua identidade durante a dcada anterior (Zettle & Hayes,1986; Kohlenberg & Tsai, 1987; Linehan, 1987) e se estabeleceu como umacaracterstica central destas (Hayes, 2004). O presente artigo pretendeapresentar mindfulness da forma em que praticada em diferentes terapias

    comportamentais e cognitivas contemporneas. Em seguida argumenta que anoo j estava implicitamente presente em prticas clnicas tradicionais, presenaesta, que talvez explique a rpida absoro de um conceito aparentemente exticopor comunidades to conscientes da sua herana conceitual como as dosterapeutas comportamentais e cognitivos.

    Kabat-Zinn (1990) define mindfulness como uma forma especfica de ateno plena concentrao no momento atual, intencional, e sem julgamento. Concentrar-seno momento atual significa estar em contato com o presente e no estar envolvidocom lembranas ou com pensamentos sobre o futuro. Considerando que as pessoasfuncionam muito num modo que o autor chama de piloto automtico, a inteno daprtica de mindfulness seria exatamente trazer a ateno plena para a ao no

    momento atual. Intencional significa que o praticante demindfulness faz a escolhade estar plenamente atento e se esfora para alcanar esta meta. Est emcontradio com a tendncia geral das pessoas de estarem desatentas, ou de seperderem em julgamentos e reflexes que as alienam do mundo que as cerca. Paraestar com ateno concentrada no momento atual, os contedos dos pensamentose dos sentimentos so vivenciados na maneira em que se apresentam. Eles no socategorizados como positivos ou negativos. Sem julgar significa que o praticanteaceita todos os sentimentos, pensamentos e sensaes como legtimos. A atitudede no julgar est em contraste com a tendncia automtica das pessoas deinvestirem na luta contra vivncias aversivas, deixando de viver o resto da suarealidade. O praticante no trata de forma diferenciada, determinados sentimentos(por exemplo, raiva contra uma pessoa admirada ou medo de algum aspecto de simesmo), pensamentos (como idias imorais) ou sensaes (por exemplo, dor naausncia de uma leso ou diagnstico que a justifiquem). So suspensas as

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    racionalizaes pelas quais as pessoas costumam truncar suas percepes deeventos inquietantes para encaix-los nas suas opinies preconcebidas.

    Uma idia central na literatura sobre mindfulness que viver sob o comando dopiloto automtico no permite pessoa lidar de maneira flexvel com os eventos domomento. Confiar no piloto automtico promove modos rgidos e altamente

    limitados de reagir ao ambiente. Na vida urbana moderna, agimos muitas vezessem estar emocionalmente envolvidos em nossas aes, ou fazemos vrias coisasao mesmo tempo, s vezes sem percebermos que as diferentes atividades tmdiferentes objetivos e atrapalham entre si. Assim, podemos agir rpido e nosprojetar como eficientes e produtivos. Em outros casos, permitimo-nos ficar toemaranhados em nossos pensamentos e sentimentos sobre passado ou futuro, ouem nossas racionalizaes sobre a nossa vivncia, que perdemos contato com oque est acontecendo no momento atual (Hayes, 2004; Linehan, 1993; Kabat-Zinn,1990).

    Muitas vezes vivemos desta forma porque o contato com certos aspectosimportantes do nosso cotidiano doloroso. Evitamos pensamentos, sentimentos e

    situaes que nos deixam tristes, inseguros ou envergonhados ou porque achamosque no agentaramos. Esta esquiva experiencial, ou esquiva da vivnciaemocional, foi descrita por Hayes (1999) como a tentativa de no ter determinadossentimentos, pensamentos, memrias, ou estados fsicos, por estes seremavaliados negativamente. Trata-se de uma estratgia adaptativa e socialmenteaprovada que ocorre quando eventos privados passam a ser alvos de controleverbal. Esta estratgia visa a promover um sentir-se bem com a nfase em bem,mas isto ocorre ao custo da capacidade de sentir-se bem com nfase no sentir-se. A pessoa acaba evitando em curto prazo sentir-se mal, mas perde o contatocom aspectos aversivos (porm importantes) da sua vivncia (Hayes, Pankey &Gregg, 2002). Uma falha importante desta estratgia adaptativa que a pessoaprocura excluir sensaes e sentimentos negativos, enquanto que estes no so

    danosos em si, mas sim sinais de condies de vida que deveriam ser enfrentados.Outra falha que muitas vezes a recusa de vivenciar essas sensaes esentimentos os torna mais insistentes. Quanto mais a pessoa tenta no t-los, maisos ter (Hayes, 1987; Hayes, Pankey & Gregg, 2002). Pesquisa emprica tambmmostrou que tentativas de supresso, ou esquivas de contedos aversivos facilitamruminao mental e levam ao aumento involuntrio da ateno seletiva para taiscontedos (Roemer & Borkovec, 1994), enquanto o treino demindfulness reduzestes processos (Teasdale, 1999b).

    Mindfulness no treino de reduo de estresse

    Tradicionalmente, o programa de reduo de estresse feito com grupos de 30pacientes, com 8 sesses semanais, e com durao de cerca de 2 horas cada. Otreino inclui muitas tarefas de casa. Cada participante solicitado a dedicar atuma hora diria prtica e a planejar um dia intensivo de mindfulness por semana.Ocorre atravs de exerccios formais e informais (Kabat-Zinn, 1990). Um dosprimeiros exerccios formais uma varredura mental do corpo com atenoconcentrada. Neste exerccio, parte por parte do corpo observada. O praticantevai notando todas as sensaes que percebe e concentra a atenointencionalmente nesta vivncia. Aprende-se a estar atento diante de diferentesposies corporais: sentado, em p ou deitado. Num outro exerccio tpico, oparticipante est sentado na cadeira ou com as pernas cruzadas em cima de um

    travesseiro e concentra sua ateno na experincia da respirao. Se a pessoa sedistrai ou se uma emoo ou sinal corporal percebido, este intencionalmente

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    reconhecido. Logo depois, volta-se a ateno para a respirao. O que oparticipante aprende a aceitar, sem julgar, cada distrao, sem se deixarcomandar por esta.

    Os exerccios formais incluem, alm da varredura mental do corpo e a meditaoem posio sentada, com concentrao na respirao, tambm prticas de

    alongamento (explorando em detalhes sensaes corporais como tenso, dor,outros); e tcnicas meditativas adotadas do yoga. O alvo vivenciar a respirao,os pensamentos, e os outros contedos sem querer mud-los ou control-los, ouseja, permitir-se conscientemente observar o que est acontecendo no presente.

    Os exerccios informais consistem em vivenciar situaes do cotidiano de maneiraplenamente consciente, com a ateno focada no que est acontecendo, sem julgarou racionalizar. Pode tratar-se de subir a escada, trabalhar, fazer atividades emcasa, estar junto com amigos, ou qualquer outra atividade. Estes exercciosenfatizam vivenciar plenamente e sem preconceito experincias positivas enegativas. Ao estar intencionalmente atento no aqui e agora, permite-se lidar demaneira criativa com situaes cotidianas.

    H estudos indicando que este treino eficaz na diminuio de problemaspsicossomticos (Grossman, Niemann, Schmidt & Walach, 2003), dor crnica(Kabat-Zinn, Lipworth, Burney & Sellers, 1986), fibromialgia (Kaplan, Goldenberg &Galvin, 1993), transtornos de ansiedade (Kabat-Zinn et al., 1992; Roemer &Orsillo, 2002), psorase (Kabat-Zinn et al., 1998) e outros.

    Mindfulness na preveno de recada de depresso

    Teasdale (1999a; 1999b) prope um modelo psicolgico detalhado o modelo desubsistemas cognitivos interativos - para fundamentar o uso do treinode mindfulness na preveno de recada da depresso em pessoas que passaramcom sucesso pela terapia cognitiva. A inteno deste treino que a pessoa aprendaa detectar, reconhecer amistosamente e logo depois soltar (permitir que voembora) os pensamentos e os sentimentos depressognicos, antes que estesreiniciem o espiral rumo depresso. O programa padro de Segal, Williams eTeasdale (2002) inclui, como o de Kabat-Zinn (1990), oito sesses com intervalossemanais, mas os grupos so menores, normalmente atendendo dozeparticipantes, sendo que estes no podem estar deprimidos poca em queparticipam do treino. Primeiro, discute-se o fenmeno do piloto automtico. Depois,as habilidades demindfulness so treinadas. Finalmente, ensina-se como us-las

    para lidar com pensamentos automticos e como cortar o espiral depressivo no seuincio.

    No modelo do engenho central da cognio de Teasdale (1999a; 1999b), entradassensoriais ativam esquemas cognitivos que do sentido a essas informaes. Osesquemas contm informao abstrata e geral que a pessoa precisa para filtrar eentender suas percepes. Eles constituem o sistema implicacional. Este sistema,sendo ativado por um dado estmulo, gera interpretaes, inferncias e atribuiesem forma de pensamentos formulados como proposies lgicas. Estespensamentos automticos constituem o sistema proposicional que produz emoese reaes somticas, alm de direcionar a ao. Grandes nmeros destasproposies concretas, por sua vez, podem ser sintetizados em crenas abstratasque so armazenados no sistema implicacional. As sensaes somticas (porexemplo: fadiga, desnimo) e emoes (por exemplo: tristeza), que so resultados

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    de pensamentos automticos, tambm fornecem novas entradas no sistemaimplicacional, onde podem alimentar esquemas depressognicos.

    Quando ambos os sistemas funcionam sem tampo (buffer), os sentidos geradospelo sistema implicacional dominam o sistema proposicional diretamente e asemoes e sensaes somticas geradas pelo sistema proposicional entram

    diretamente no sistema implicacional. A pessoa reage de forma cega, sem viso docontexto, sob controle imediato da emoo isolada. O comportamento impulsivo eirracional.

    Quando o sistema proposicional funciona no modo de buffer, as informaesprovenientes do sistema implicacional sero compactadas junto com os elementoscontextuais s quais so relacionadas. Isto resulta na elaborao racional doscontedos em redes de proposies claras e ordenadas. A pessoa pensa e reflete,

    julga e avalia. O sistema implicacional, funcionando sem buffer, porm, reagediretamente s entradas do momento, o que quer dizer que o sentido de tudo istoser vivido em nvel bem superficial e sem integrao com a viso da existnciacompleta. Os significados mais amplos e mais sutis das vivncias no entram no

    jogo e as implicaes imediatas e concretas dominam.

    Quando o sistema implicacional funciona no modo de buffer, as informaesrelativas s implicaes dos contedos so compactadas e contextualizadas juntocom as novas entradas provenientes de emoes, sensaes e pensamentos. Estasinformaes permitem uma perspectiva mais ampla em relao aos contedos queso processados. Os eventos externos (entrada sensorial), os pensamentos(proposies) e as percepes de efeitos somticos e emocionais da atividade dosistema proposicional sero processados como parte de um todo muito amplo. Aomesmo tempo, o sistema implicacional reage diretamente s entradas do momento,sembuffer, o que significa que a razo est inteiramente dedicada ao momento,livre de preconceitos, categorias e regras provenientes de fontes alheias vivncia

    que est sendo processada. Esta terceira forma de interao entre os subsistemas,Teasdale (1999a) a chama de mindfulness .

    O ponto principal do raciocnio de Teasdale, Segal e Williams (1995) que no soos pensamentos disfuncionais que causam a recada na depresso, mas a forma emque a pessoa os processa. mindfulness um modo de funcionamento cognitivoincompatvel com a configurao cognitiva que leva recada. Os exerccioscopiados do programa de Kabat-Zinn (1990) permitem ao cliente aprender aperceber os primeiros sinais de perturbao emocional, e, ao mesmo tempo,manter uma perspectiva adequada sobre os pensamentos depressognicos queemergem.

    Teasdale et al. (2000) e Ma e Teasdale (2002) mostraram que as pessoas que tmmais ganho com este treino demindfulness so aquelas com episdios depressivosrecorrentes. Isto pode ser compreendido, j que se ensina aos participantes que ocrculo vicioso depressivo iniciado no pelo sentimento ou pensamento negativo,mas pelas tentativas emocionais ou racionais de esquiva que levam a um aumentodos contedos que eles tentam suprimir. Os participantes aprendem a no iniciar aruminao depressognica (Ramel, Goldin, Carmona, & McQuaid, 2004), mas, pelocontrrio, aceitar plenamente o momento atual, incluindo seus aspectos negativos,e dedicar seus esforos para atividades relevantes.

    As pesquisas de Segal e Ingram (1994), Segal, Williams, Teasdale e Gemar (1996),Williams, Teasdale, Segal e Soulsby (2000) e Teasdale et al. (2002) mostram que,

    entre os clientes que passaram com sucesso pela terapia cognitiva para depresso,os que tm maior probabilidade de recada so aqueles que reagem re-ocorrncia

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    de sintomas depressivos com tentativas de supresso do pensamento ou algumtipo de rejeio de sentimentos, produzindo assim, involuntariamente, cascatas depensamentos negativos. O risco desse grupo de pessoas desenvolver episdios dedepresso maior ou de transtorno de ansiedade generalizada alto. O alvo dotreino demindfulness reduzir nesses ex-pacientes, a reatividade cognitiva amudanas de humor. A terapia cognitiva baseada em mindfulness promove a

    recuperao de um maior leque de modos de reagir, como alternativos ruminaodepressiva. A aceitao de variaes de humor e, especialmente, de sentimentos esensaes negativas fundamental neste processo. Com as tcnicasde mindfulness , o cliente aprende a detectar o momento em que o humor estabaixando e a impedir a passagem que o piloto automtico faz do humor negativopara o pensar negativo. Ele desenvolve a capacidade de aceitar o humor tristecomo parte do cenrio e no como o aspecto central de sua existncia. Aprende,atravs dos exerccios de mindfulness , a estar no momento presente, sem precisaracessar idias a respeito do passado ou do futuro que esto de acordo com omodelo, contidos em esquemas depressognicos.

    O uso de mindfulness na terapia comportamental dialtica

    A Terapia Comportamental Dialtica um programa desenvolvido por Linehan(1987), especificamente para o transtorno de personalidade borderline. Linehan(1993) introduz o treino de mindfulness no princpio do treino de habilidadessociais, uma das partes essenciais do programa.

    Os componentes desta habilidade (mindfulness) so: (1) Observar: estar atento aeventos, a emoes e a diversos aspectos do prprio comportamento. Estahabilidade pretende que o participante aprenda a detectar e reconhecer esteseventos e a no usar estratgias de esquiva ou controle das emoes. Ele observaos contedos como sendo distintos de si mesmo. Com isto, sentimentos epensamentos aversivos deixam de ser ameaadores. (2) Descrever: refere-se aorelato verbal dos eventos e das prprias reaes a eles. Aqui a escolha de umalinguagem que seja realmente descritiva, e no avaliativa ou explicativa, importante. (3) Participar plenamente sem promover atividades paralelas comoracionalizar ou justificar. As qualidades que definem estas habilidades na prticaso: (1) No julgar, isto : no avaliar, categorizar, descartar ou desqualificar. (2)Estar atento, de forma integral, a somente uma coisa de cada vez. (3) Agir deforma efetiva, em total acordo com seus valores e alvos de vida.

    Os exerccios no grupo so muito variados e incluem estar intencionalmente atentos sensaes corporais, como por exemplo, as sensaes de sentar numa cadeira,de colocar a mo numa superfcie, e exerccios focando a observao dos prpriospensamentos e sentimentos, aprendendo que devem ser reconhecidos comosimplesmente pensamentos e sentimentos e nada mais.

    Linehan (1993) faz distino entre trs modos de funcionar: mente emocional;mente racional; e mente sbia. A mente emocional refere-se ao modo de aoimpulsiva, dirigida pelo que sentimos. genuna e intuitiva, mas instvel eimprevisvel. A mente racional seria o modo de funcionar sob controle dopensamento lgico. Garante a racionalidade, mas tem a desvantagem de ser frio,calculista e alienado. A mente sbia refere-se sabedoria profunda que a pessoatem, o que sente estar certo. altamente intuitiva, mas direcionada pelos valoresprofundos da pessoa e a viso ampla que constri de sua existncia.

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    A diferena entre a mente racional e as outras duas mentes que estas estorelacionadas ao sentir, e no ao pensar. O que parece ser verdadeiro ou certoenquanto o calor da emoo est no seu auge se refere mente emocional. Se apessoa espera e deixa esse calor passar, e ainda sente que aquilo verdadeiro,pode se tratar da mente sbia. A mente emocional pode ser reconhecida pelaintensidade da emoo, enquanto que a mente sbia marcada pela continuidade.

    A pessoa encontra-se neste modo de funcionar quando suas emoes e sua razoesto em sintonia, facilitando ao sbia, mesmo quando sua vida ou ascircunstncias esto realmente difceis. Neste modo, a pessoa pode abraar cadamomento como e no como gostaria (ou temeria) que fosse. Isto no s permiteque a pessoa participe mais plenamente de momentos felizes da vida e entendacom mais clareza os seus problemas, mas tambm que no criedesnecessariamente mais sofrimento para si mesma e atue com mais agilidadequando for necessrio.

    Enquanto o transtorno de personalidade borderline marcado por variaes dehumor bruscas, por mudanas radicais entre idealizao e desvalorizao de outrosnos relacionamentos ntimos e significativos e por padres de relacionamento

    interpessoal catico, como tambm por instabilidade e fragmentao da percepode si, na filosofia dialtica de Linehan (1993) conceitos como bom, mau, ou

    inadequado so comparveis a fotografias instantneas que representammomentos arbitrariamente escolhidos de um processo dinmico que no se deixacategorizar em termos to unipolares. Para a pessoa com estetranstorno, mindfulness uma habilidade til para o enfrentamento de emoes edesejos extremos e contraditrios. Representa a construo do meio termo, semprecisar abrir mo de sentimentos contraditrios, mas genunos, sem abrir mo dasposies fortes, e sem tentar controlar ou reprimir sentimentos intensos. O objetivo praticar e vivenciar a mente sbia.

    Tendo acesso mente sbia, a pessoa capaz de acolher contedos aversivos ao

    invs de fugir ou esquivar-se deles. Com a diminuio da esquiva vivencial,sentimentos e pensamentos aversivos se tornam mais tolerveis. Assim, cria-seuma relao mais amistosa com contedos negativos e aumenta-se a capacidadede entrar em contato plenamente com os sentimentos. Com esta habilidade, pode-se aprender a entender quando, como e em que circunstncias ter emoes epensamentos negativos. Uma vez que detecta os determinantes das suas prpriasreaes, possvel agir sobre as causas. E com esta habilidade refinada, a pessoapode se conhecer melhor, bem como suas tendncias e vieses. Conhecendo-semelhor, ser capaz de lidar melhor consigo mesma e se respeitar mais. Trata-se daforma de viver que a terapia comportamental dialtica promove (Linehan, 1993).

    Terapia de aceitao e compromisso (ACT)

    A ACT (da expresso original em inglsAcceptance and Commitment Therapy) foidesenvolvida a partir da releitura contextualizadas do processo psicoteraputico(Hayes, 1987). Um dos alvos principais da ACT a reduo da esquiva experiencial,que vista pela teoria como uma das maiores fontes do sofrimento humano. A ACTpromove uma atitude de aceitar pensamentos e emoes como realmente so, eno como parecem ser. Uma vez livre da luta contra as prprias avaliaes,pensamentos e sentimentos, as pessoas podem agir de modo produtivo sobre seuambiente.

    O modelo postula que os transtornos de ansiedade so decorrentes da socializaoda pessoa de acordo com quatro contextos scio-verbais patognicos, que

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    resumem uma variedade de armadilhas embutidas na forma em que se faz uso dalinguagem no ato de pensar (Hayes, Pankey & Gregg, 2002). O contexto deliteralidade refere-se tendncia de idias e pensamentos a se tornarem fonte deregulao de emoes e comportamentos mais importantes. Assim, no h espaosuficiente para o efeito regulador saudvel da experincia direta. Os conceitospodem determinar nossas reaes como se fossem literalmente fatos, e

    esquecemos que no so nada mais do que produtos verbais. Se o controle verbalse torna excessivo, as pessoas comeam a viver em funo dos conceitos, crenase vieses. O contexto de avaliao refere-se tendncia automtica de categorizareventos em termos de bons ou ruins. Se estas avaliaes no so baseadas nasvivncias diretas e contextualizadas em ampla viso das mesmas, podeminfluenciar nossas reaes de maneiras injustas e rgidas. Isto aconteceprincipalmente quando so baseadas em regras sociais ou construes verbais.

    O contexto de controle refere-se tendncia de tentar-se eliminar os sentimentos,pensamentos e sensaes avaliados como negativos. Trata-se de tentar rejeitaraspectos de sua prpria vivncia, ao invs de enfrentar as condies no contexto davida que os geram. O contexto de dar razes refere-se a tentativas de criar

    explicaes literais para os problemas, tornando estes ltimos socialmenteaceitveis ou ao menos compreensveis. Enquanto a cultura em geral oferece amploapoio a esta estratgia, mostrando mais compaixo, tolerncia e outras vantagenss pessoas que conseguem explicar bem suas ansiedades e seus comportamentosauto-destrutivos, esta produo de razes lgicas e aceitveis pode afastar aspessoas cada vez mais do contato com as condies que realmente poderiammudar para resolver seus problemas.

    Mindfulness pode ajudar a enfraquecer os diferentes contextos scio-verbaispatognicos: (1) O contexto de avaliao, porque os exercciosde mindfulness levam a habilidades de vivenciar seus contedos como realmenteso, sem categoriz-los ou atribuir conceitos e significados derivados de outras

    fontes. (2) O contexto de controle, porque a pessoa aprende a respeitarpensamentos e sentimentos positivos e negativos. (3) O contexto de dar razes,porque nos exerccios de mindfulness a pessoa aprende a vivenciar o momento semracionalizar. (4) O contexto de literalidade, porque o cliente aprende a reagir apensamentos pelo que so nada mais do que pensamentos - mesmo quando sodesagradveis.

    Hayes e Gregg (2000) distinguem trs nveis da vivncia de si. O Eu Conceitual oque pensamos sobre ns mesmos. So conceitos que explicam o que a pessoapercebe a respeito de si mesma. Identificar-se demasiadamente com seu EuConceitual gera atitudes defensivas, rgidas e desonestas. A pessoa que cai nestaarmadilha ter dificuldade de aceitar ou at mesmo entender aspectos da sua

    vivncia que no cabem na camisa de fora do seu auto-conceito e se dedicar adisfarar ou negar estes aspectos. Muito importante no processo de distanciar-sedeste Eu que a pessoa retira o carter literal de seus pensamentos e regras,aprende que estes no so o que parecem significar. Neste processo, o clienteaprende que ele no o que pensa sobre si mesmo. Pode descobrir que seuspensamentos so nada mais do que seus prprios comportamentos verbais e,portanto, no podem impor nenhuma realidade ao que ele deveria se adequar.

    O Eu Vivencial a vivncia dos sentimentos, sensaes e pensamentos. Nestenvel, a pessoa se reconhece no fluxo perptuo de mudanas. Ter contato com o EuVivencial leva a caractersticas saudveis como atitudes flexveis, genunas,abertura para a experincia e capacidade de crescimento. Porm, realmente

    identificar-se com estes contedos mutveis e imprevisveis caracteriza-se por ummodo de ser altamente instvel e impulsivo.

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    O Eu Observador corresponde perspectiva transcendente, em que a pessoa temconscincia que no nem os conceitos que ela tem sobre si, nem os contedosque vivencia, que todos estes so eventos com os quais lida, mas que so distintosdela mesma. O contato com este nvel de ser permite que a pessoa se reconheacomo expectadora dos seus problemas e conflitos e, assim, consegue entend-losmelhor porque no se confunde com eles. Esta tomada de distncia em relao aos

    pensamentos e sentimentos aumenta a tolerncia aos mesmos, bem como permitever suas implicaes mais amplas com mais clareza.

    Mindfulness , na ACT, praticar o Eu como perspectiva e no como contedo. Ainteno aumentar a conscincia que a pessoa pode ter de sua vivncia interior(emoes, pensamentos, sensaes) por habilidades que envolvem observao eaceitao. A aceitao de sentimentos e sensaes (que no so sempre o quedesejamos) facilita a disposio para agirmos num mundo que no est sob nossocontrole, mas em que podemos ter efeitos importantes, com a condio de nosenvolvermos ativamente nele, ao invs de viv-lo em nossa cabea. Destaperspectiva, a pessoa no seu fluxo de conscincia, j que todos os contedospassam, enquanto ela permanece. Aprende a tomar a posio de observador que

    permite um contato ntimo com os contedos e o fluxo dos momentos da vida, semse confundir com estes, podendo enxergar o sentido mais amplo dos mesmos.Assim, a pessoa torna-se capaz de agir de acordo com seus valores e no sob ocontrole dos contextos scio-verbais descritos acima.

    Mindfulness nas terapias comportamentais de primeira esegunda gerao

    O movimento da terapia comportamental conheceu trs ondas. Na primeira, o

    modelo clssico pautado na teoria pavloviana, tcnicas de exposio dominam otratamento. Representantes atuais da terapia comportamental clssica, como osprogramas de tratamento para transtornos de ansiedade usando exposio ao vivo,tm apoio emprico importante (Eysenck, 1994). A segunda onda se caracterizoupelo modelo cognitivo racionalista, com base em processos psicolgicos mediadospor sistemas de crenas subjacentes. So as terapias cognitivo-comportamentaisargumentativas, cuja rea de aplicao mais tradicional a dos transtornos dehumor (Beck, 1995).

    A terceira onda prima pela procura de epistemologias alheias, como oconstrutivismo cognitivo, releituras contextualistas do behaviorismo radical, ouvrios novos modelos cognitivos mais interativos e menos lineares. pautada

    numa viso contextual de eventos privados e relaes interpessoais (Kohlenberg,Tsai & Dougher, 1993; Linehan, 1993; Hayes, 2004), diferente das tentativasdiretas de modificar pensamentos ou sentimentos, como foi a prtica das duasondas anteriores. Um princpio central nas terapias da terceira onda quepensamentos no devem controlar diretamente a ao. A pessoa deveria agir deacordo com seus valores, algo muito mais intuitivo. A racionalidade implacvel objeto de desconfiana (Hayes, Pankey & Gregg, 2002). A noo de mindfulness claramente coerente com estas preocupaes e foi bem recebida pelas vertentes daterceira onda, tanto na ala cognitiva quanto na comportamental.

    Para poder perguntar-nos se mindfulness uma inovao inusitada ou um novonome para um princpio que j fez parte das prticas comportamentais e cognitivastradicionais, sem ter sido identificada explicitamente na teoria, precisamosresumir mindfulness numa definio operacional. A diversidade de compreensesda prtica nas diferentes terapias chamou para tentativas de criar uma descrio

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    dos processos psicolgicos envolvidos. Bishop et al. (2004) propuseram um modelode mindfulness consistindo de dois componentes. O primeiro a regulaointencional da ateno, focada na vivncia imediata. Isto permite a deteco deeventos privados no momento em que ocorrem. O segundo componente envolve aorientao para a experincia, caracterizada por curiosidade, abertura e aceitao.

    O primeiro componente implica capacidades de sustentar a ateno e trocar o focoda ateno intencionalmente e de maneira flexvel quando houve uma distrao. Oresultado desta prtica que a pessoa no fica presa na elaborao automtica edesnecessria da experincia e das suas associaes, que podem levar a processosde ruminao. Assim, a prtica de mindfulness libera recursos cognitivos presosnessa elaborao secundria da vivncia, o que leva capacidade de processardiretamente maior variedade de eventos. Isto possibilita uma perspectiva maisampla das vivncias.

    O segundo componente a abertura vivencial para a realidade do momento atual.Depende de uma deciso consciente de abandonar suas tentativas de no viver omomento como , e de permitir que pensamentos, sentimentos e sensaes se

    apresentem espontaneamente. uma atitude receptiva frente prpriaexperincia. Ao invs de perceber a vida atravs de um filtro de crenas,suposies, expectativas e defesas, uma viso muito mais ingnua da vivncia possvel. Esta prtica deve diminuir as estratgias de esquiva, e estilos de copingrepressivos. Mudando o contexto subjetivo em que sentimentos e sensaesnegativos so vivenciados, torna estes ltimos menos ameaadores.

    A terapia comportamental clssica foi desde os primrdios direcionada para aeliminao de respostas problemticas. Eysenck (1959; 1963) declarou que umtranstorno psicolgico tratado quando as reaes emocionais condicionadas soeliminadas. Em oposio total filosofia de mindfulness , o alvo dos procedimentos eliminar contedos inadequados. A diferena salta imediatamente aos olhos. J

    que mindfulness no promove a mudana dos contedos, ela parece destoante daterapia comportamental clssica (que procura a mudana das respostasemocionais) e da cognitiva (que promove a reestruturao dos pensamentos e dascrenas).

    Tambm deve ser observado que o eliminacionismo das abordagens de cunhopavloviano exigem o envolvimento intencional e intenso da parte do cliente(Eysenck, 1963; Rachman, 1998). O tratamento indicado para transtornos deansiedade consiste de trabalhos de exposio ao vivo, atravs de exerccios em queo cliente entra em contato com os pensamentos e sentimentos que mais provocamansiedade, sem tentar esquivar ou fugir e aceitando a ansiedade sem avali-lanegativamente ou tentar suprimi-la. Nos exerccios de casa, que consistem em

    levar o cliente a expor-se no dia a dia s situaes ansiognicas, h a inteno deajud-lo aprender a tolerar as mesmas de forma consciente, como tambm ospensamentos e as emoes que elas provocam, sem elabor-los em sentidoscatastrficos. Durante todo o trabalho de exposio, a pessoa intencionalmenteencara o que antes considerou insuportvel, e tolera os sentimentos negativosdecorrentes desta atitude. Neste ponto, a prtica tradicional da exposio ao vivomostra um componente importante de mindfulness .

    A primeira vista, as terapias pertencentes segunda onda so as menoscompatveis com mindfulness . Na terapia cognitivo-comportamental tradicional, asade mental fortemente identificada com o que racional. Enquanto as prticasde mindfulness promovem uma mudana geral na maneira de lidar com eventos

    privados, Beck (1995) e Ellis (1974) ensinam a modificao de crenas irracionais edistores cognitivas especficas. O cliente aprende a observar e identificar os

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    pensamentos depressognicos, distores cognitivas e crenas irracionais e acorrigi-los. Porm, como apontam Segal, Teasdale e Williams (2004), h umaspecto de mindfulnessque j estava implicitamente presente nestas terapias desdeo advento da segunda onda. Participando do trabalho de reestruturao cognitiva, ocliente logo aprende que o que pensa sobre si mesmo no a representaocorreta da realidade. Aprende no processo que mudanas em suas atitudes

    influenciam suas reaes emocionais. Tambm descobre que pode pensardiferentemente e que os contedos dos seus pensamentos, longe de sereminformaes objetivas e confiveis, so produes subjetivas dele prprio.

    Desta forma, a terapia cognitivo-comportamental tradicional implicitamentepromove mudanas amplas na relao que a pessoa mantm com seuspensamentos. Como resultado de repetidamente identificar pensamentos, crenas edistores e tomar uma atitude crtica em relao a estes, o cliente pode realizaruma mudana geral em sua perspectiva para com os eventos cognitivos. Ao invsde v-los como atributos de si mesmo ou representaes de fatos, acaba vendo-oscomo eventos internos que no possuem necessariamente valor literal. possvelque esta similaridade no nvel prtico (apesar da inovao terica) tenha facilitado

    a rpida absoro de mindfulness na tradio cognitivo-comportamental.

    A maior diferena continua sendo que, de acordo com a prtica de mindfulness ,no considerado proveitoso entrar no mrito dos contedos, ou tentar controlarpensamentos negativos, mas observ-los, no tom-los pessoalmente e aceitar asua natureza defeituosa. As tcnicas de mindfulness no tocam no contedo dospensamentos e no so especificas para o tipo de distoro cognitiva que o clienteapresenta. A prtica explcita de mindfulness , neste sentido, constitui umainovao na prtica clnica e representa um acrscimo no arsenal de tcnicasteraputicas disponveis.

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