MILENE TAVARES BATISTA Uma nova estratégia vacinal para o ...

download MILENE TAVARES BATISTA Uma nova estratégia vacinal para o ...

If you can't read please download the document

Transcript of MILENE TAVARES BATISTA Uma nova estratégia vacinal para o ...

  • MILENE TAVARES BATISTA

    Uma nova estratgia vacinal para o controle da crie baseada em

    linhagens recombinantes de Bacillus subtilis

    So Paulo 2012

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Microbiologia do Instituto de Cincias Biomdicas da Universidade de So Paulo, para obteno do Ttulo de Doutor em Cincias

  • MILENE TAVARES BATISTA

    Uma nova estratgia vacinal para o controle da crie baseada em

    linhagens recombinantes de Bacillus subtilis

    rea de Concentrao: Microbiologia

    Orientadora: Profa. Dra. Rita de Cssia Caf Ferreira Co-orientador: Prof. Dr. Lus Carlos de Souza Ferreira Verso original

    So Paulo 2012

    Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Microbiologia do Instituto de Cincias Biomdicas da Universidade de So Paulo, para obteno do Ttulo de Doutor em Cincias

  • Aos meus pais,

    Ana e Adilao

    Aos meus irmos,

    Michael e Marcel

    Ao meu marido e eterno amor,

    Leandro

    Muito obrigada pelo amor, dedicao, apoio e

    compreenso ao longo destes anos.

  • Agradeo Deus e Nossa Senhora por me permitir concluir mais uma etapa

    da minha vida.

    Aos meus pais, Ana e Adilao, que so a razo da minha vida. Obrigada por me

    darem uma famlia linda, por me ensinarem os valores da vida e por sempre estarem

    ao meu lado. Me, obrigada por ser meu exemplo de grandiosidade de corao, por

    sua alegria, companheirismo, f e amor incondicional. Pai, obrigada por ser meu

    exemplo de homem, de trabalhador, pai, por me ensinar o que boa msica, e por

    cuidar de mim como sua princesinha.

    Aos meus irmos, Michael e Marcel, por serem meus eternos comparsas, por

    me apoiarem sempre, me ajudarem quando ningum mais podia.

    Ao meu namorido, Leandro, por ser to doce, amvel, companheiro, por me

    entender e apoiar, por me ajudar a dar risada quando o que eu mais queria era

    chorar. E por ser meu eterno namorado, marido, amigo e amor.

    Aos meus avs pelo amor, carinho e cuidado.

    minha tia Edna por ser minha segunda me, cuidar de mim e me amar acima

    de tudo. E a minha priminha-irm, Jssica, pelas suas eternas estripulias e alegria.

    As minhas cunhadas, Vanessa e Vanessa, que so parte da famlia e trazem

    ainda mais amor e unio a nossa casa.

    Profa. Rita, minha orientadora, por ser minha eterna mestra e amiga, por me

    dar a oportunidade de conhecer a cincia, por me apoiar sempre, me ensinar e guiar

    pelo caminho profissional e pessoal (muitas vezes!). Obrigada pelo seu carinho e

    alegria!

    Ao Prof. Lus, meu co-orientador, por ser um exemplo de dedicao,

    pesquisador e pessoa, pelos ensinamentos e pacincia no trabalho, por seus bate-

    papos alegres e incentivadores.

    Ao Prof. Wolfgang pelo seu carinho e cuidado em um tempo de incertezas.

    Profa Jeannine, um exemplo de pessoa e profissional, por me receber com

    carinho e ateno, pela oportunidade de crescer profissional e pessoalmente, por sua

    amizade.

    sbib-marciaTexto digitado

    sbib-marciaTexto digitadoAGRADECIMENTOS

    sbib-marciaTexto digitado

    sbib-marciaTexto digitado

  • amiga e mestra Elisa, por ser um exemplo de fora e amizade. Por me ajudar

    nos primeiros passos na cincia e ser meu ombro amigo, pelos incontveis almoos e

    sorvetes, pela pacincia em ouvir minhas preocupaes e pelas risadas.

    Aos amigos Luana, Bruno (Tintim) e Sabrina, pelo companheirismo dentro e

    fora do laboratrio, pela descontrao e suporte.

    Ao amigo de outrora que me iniciou no laboratrio, muito obrigada!

    Aos amigos Bacileiros, Wilson, Rafael, Renata e Juliano (ex-bacileiro) pelo

    trabalho em equipe, pela amizade. um prazer trabalhar com pessoas como vocs.

    Renata pela sua ajuda profissional e pessoal, pelo carinho, por ter sempre

    aquele toque amigo, por ser minha comparsa de viagens nacionais e internacionais.

    amiga e companheira de noitadas no laboratrio Camila Santos pela sua

    incansvel energia, sua inteligncia nica, por sua maravilhosa fora e amizade ao

    longo destes anos. Obrigada por construir comigo uma amizade linda e sincera.

    Ao grupo do VTNC (Renata, Rafael e Cariri) que permitiram que eu me

    mantivesse s em momentos turbulentos, pelas risadas e amizade.

    Aos companheiros de laboratrio (Carol IC, Ewerton, Mnica, Nana, Sara,

    Dbora, Priscila, Raza, Rubens, Jaime, Marcinha, Mariana IC, Juliana, Deni, Luana

    (e Manuzinha), Mari, Cariri e Bruna). Vocs esto no meu corao, obrigada pela

    amizade e coleguismo, colaboraes e por momentos de alegria e baboseira.

    Ao Eduardo, Loren e Lilian pela inestimvel ajuda em tudo.

    Ao Eduardo por seu profissionalismo, competncia, amizade e por me aguentar

    pedindo coisas a toda hora.

    Aos estagirios (Paschoal, Joelma, Bruno Tintim, Marianna, Mariela, Marilys e

    Gabriela) que me ensinaram muitas lies profissionais e de vida, pela ajuda e

    companheirismo.

    Maria Elizabete Almeida-Sbrogio (Bete) pelos ensinamentos, carinho e

    mimos ao longo destes anos.

    Aos funcionrios do Departamento de Microbiologia pelo suporte em todos os

    momentos.

    Aos funcionrios e amigos do biotrio da Parasitologia (Sandra, Juliane e Dani)

    pela competncia, ajuda, ensinamentos e risadas.

  • As agncias de fomento FAPESP, CNPq e CAPES pelo suporte financeiro,

    sem o qual seria impossvel realizar este trabalho.

    A todos aqueles que no consegui agradecer, minha eterna gratido.

  • Talvez no tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito.

    No sou o que deveria ser, mas Graas a Deus, no sou o que era antes.

    Marthin Luther King

  • RESUMO

    TAVARES, M. B. Uma nova estratgia vacinal para o controle da crie baseada em linhagens recombinantes de Bacillus subtilis. 2012. 200 f. Tese (Doutorado em Microbiologia) Instituto de Cincias Biomdicas, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2012.

    O Streptococcus mutans (S. mutans) o agente etiolgico da crie dental humana, uma doena com ampla distribuio mundial. A adeso superfcie dental depende da interao entre a protena de superfcie P1 e a aglutinina salivar (SAG) adsorvida ao dente. A regio N-terminal da P1 um alvo vacinal importante que est diretamente associada s funes de adeso e agregao. Este trabalho teve o objetivo de avaliar estratgias vacinais contra o S. mutans baseadas na protena P1 usando linhagens recombinantes de B. subtilis. O B. subtilis uma bactria gram positiva, formadora de esporos, no patognica, empregada como sistema de expresso de protenas heterlogas e como veculo vacinal administrado por vias de mucosas. Empregamos, inicialmente, o B. subtilis para expressar e purificar a protena P139-512 derivada da protena P1 de S. mutans UA159. O antgeno P139-512 apresentou eptopos lineares e conformacionais semelhantes aos presentes na protena P1 nativa. O stio de ligao SAG est preservado nessa protena assim como suas propriedades imunognicas. A coadministrao parenteral do antgeno com adjuvantes vacinais promoveu resposta sistmica especfica com anticorpos eficazes no bloqueio da adeso de S. mutans. Por fim, usamos esporos de B. subtilis como veculo de entrega de mucosa para o antgeno alvo de S. mutans. Esporos de B. subtilis foram modificados para expressar na superfcie adesinas bacterianas (SlpA, InvA ou Inv600) com capacidade de ligao ao epitlio intestinal e, quando no estgio de clula vegetativa, expressar intracelularmente o antgeno P139-512. A imunizao oral com os esporos adesivos induziu altas concentraes de anticorpos sistmicos e de mucosa. A imunizao nasal ou sublingual com os esporos recombinantes induziu nveis de anticorpos sistmicos maiores do que aqueles obtidos aps a imunizao oral. Alm disso, esses anticorpos foram mais eficientes em bloquear a adeso de S. mutans SAG imobilizada, sem interferir com a agregao. Em concluso, os resultados obtidos abrem perspectivas interessantes para o desenvolvimento de vacinas anti-crie baseadas em linhagens de B. subtilis.

    Palavras-chave: Bacillus subtilis. Streptococcus mutans. Vacina. Crie dental. Protenas heterlogas. Veculo vacinal. Esporos.

  • ABSTRACT

    TAVARES, M. B. A new vaccine approach for the control of tooth decay based on recombinant Bacillus subtilis strains. 2012. 200 p. Ph. D. thesis (Microbiology) Instituto de Cincias Biomdicas, Universidade de So Paulo, So Paulo, 2012. S. mutans is the major etiologic agent of human dental caries, a disease with worldwide distribution. The adhesion to the tooth surface is dependent on the interaction of the P1 surface protein and salivary agglutinin (SAG) adsorbed to the tooth. The N-terminal region of P1 is an important vaccine target that is directly associated with adhesion and aggregation functions. This study aimed to evaluate vaccination strategies against S. mutans based on the P1 protein using recombinant B. subtilis strains. B. subtilis is a gram positive, spore-forming, non-pathogenic bacterium used as expression system for heterologous proteins and as a vaccine vehicle administered by mucosal routes. Inicially, we employed a recombinant B. subtilis strain to express and purify the P139-512 protein derived from the S. mutans UA159 P1 protein. The P139-512 antigen showed important conformational and linear epitopes similar to those present in the native P1 protein. The SAG-binding site is preserved in P139-512 as well as immunological properties. The parenteral co-administration of antigen with vaccine adjuvants stimulated systemic antibodies effective in blocking adhesion of S. mutans to SAG. Lastly, we used B. subtilis spores as a mucosal delivery vehicle for antigen targeting. B. subtilis endospores were modified to display bacterial adhesins (SlpA, InvA or Inv600), capable to bind to the intestinal epithelium, on the spore surface and to express intracellularly the P139-512 antigen during the vegetative cell stage. Oral immunization with adhesives spores induced high systemic and mucosal specific antibodies levels. The nasal or sublingual immunization with B. subtilis recombinant spores induced higher amounts of systemic antibodies than the oral immunization. Furthermore, the specific antibodies were highly effective in blocking the adherence of S. mutans to immobilized SAG, without interfering with aggregation. In conclusion, the results open interesting perspectives for the development of anti-caries vaccines based on B. subtilis strains.

    Keywords: Bacillus subtilis. Streptococcus mutans. Vaccine. Dental caries. Heterologous proteins. Vaccine vehicle. Spores.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1- Representao esquemtica da protena P1 de S. mutans. ........................... 26

    Figura 2- Construo do vetor de expresso e purificao da protena P139-512 em B.

    subtilis (pLDV701). ......................................................................................................... 71

    Figura 3- Deteco e purificao da protena P139-512 produzida em linhagem

    recombinante de B. subtilis. ........................................................................................... 72

    Figura 4- Representao esquemtica das protenas recombinantes derivadas da

    protena P1 de S. mutans e distribuio dos anticorpos monoclonais (mAbs) anti-P1 na

    estrutura conformacional da protena. ............................................................................ 74

    Figura 5- Avaliao da reatividade dos mAbs anti-P1 com a protena nativa expressa no

    S. mutans NG8 e com os fragmentos de protena derivados da protena P1. ............... 75

    Figura 6- Caracterizao dos eptopos da protena recombinante P139-512 usando

    anticorpos monoclonais anti-P1. .................................................................................... 76

    Figura 7- Interao da protena P139-512 recombinante com a SAG usando BIAcore

    (surface plasmon resonance). ........................................................................................ 78

    Figura 8- Especificidade antignica dos anticorpos produzidos em camundongos

    imunizados com a protena P139-512. ............................................................................... 81

    Figura 9- Reatividade dos soros gerados em camundongos com a protena P139-512

    purificada em linhagem recombinante de B. subtilis LDV701. ....................................... 83

    Figura 10- Determinao da funcionalidade in vitro dos anticorpos gerados em

    camundongos com as protenas P139-512 ou P139-512d. ................................................... 86

    Figura 11- Avaliao da resposta imunolgica sistmica em camundongos imunizados

    pela via subcutnea com a protena P139-512 associada aos diferentes adjuvantes. ...... 89

  • Figura 12- Determinao da avidez dos anticorpos em relao ao antgeno vacinal P139-

    512. .................................................................................................................................. 91

    Figura 13- Reatividade dos soros com a protena P1 nativa de S. mutans NG8 e os

    fragmentos truncados da P1. ......................................................................................... 93

    Figura 14- Deposio do complemento na superfcie de S. mutans na presena de

    anticorpos anti-P139-512. .................................................................................................. 95

    Figura 15- Funcionalidade dos soros gerados aps imunizao da protena P139-512 co-

    administrada com diferentes adjuvantes. ....................................................................... 97

    Figura 16- Representao esquemtica do direcionamento dos esporos de B. subtilis

    para clulas imunes de mucosa no GALT (gastrointestinal-associated lymphoid tissue) e

    consequncia para a resposta imunolgica ao antgeno alvo. ..................................... 107

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Linhagens empregadas e construdas neste trabalho. ................................. 42

    Quadro 2 - Vetores empregados e construdos neste trabalho. ..................................... 43

    Quadro 3 - Iniciadores desenhados para a amplificao dos genes de interesse.......... 47

    Quadro 4- Reatividade dos anticorpos policlonais com as protenas recombinantes P1,

    P1 39-512 ou P1 39-512d. ..................................................................................................... 82

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................................ 21

    1.1 A crie dental humana ........................................................................................... 21

    1.2 Streptococcus mutans ........................................................................................... 22

    1.3 A famlia do Antgeno I/II e a Protena P1 de S. mutans ...................................... 23

    1.4 Regio A ou Regio de ligao saliva ............................................................... 27

    1.5 Estratgias vacinais contra a crie dental ........................................................... 28

    1.6 Bacillus subtilis e o desenvolvimento de vacinas .............................................. 32

    1.7 Vacinas de mucosa baseadas em B. subtilis ....................................................... 37

    2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 39

    2.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 39

    2.2 Objetivos especficos............................................................................................. 39

    3 MATERIAIS E MTODOS .......................................................................................... 40

    3.1 Linhagens e vetores bacterianos, condies de cultivo .................................... 40

    3.2 Competncia e transformao em E. coli ............................................................ 40

    3.3 Competncia e transformao em B. subtilis ...................................................... 41

    3.4 Lise de clulas vegetativas de B. subtilis ............................................................ 44

    3.5 Extrao de protenas totais de S. mutans .......................................................... 44

    3.6 Induo e purificao da protena CG14 a partir de E. coli ................................ 44

    3.7 Produo de anticorpos anti-P1 de S. mutans .................................................... 44

    3.8 Construo do vetor de clonagem pGP1N ........................................................... 45

    3.8.1 Isolamento de DNA genmico de S. mutans .................................................... 45

    3.8.2 Amplificao do gene spaP1N por reao em cadeia da polimerase (PCR) e

    clonagem no vetor pGEM-T-easy ................................................................................ 45

    3.9 Construo do vetor de expresso pLDV701 ...................................................... 48

  • 3.10 Expresso da protena recombinante P139-512 em linhagem de B. subtilis

    LDV701 .......................................................................................................................... 48

    3.11 Fracionamento da amostra induzida de LDV701 ............................................... 49

    3.12 Purificao da protena recombinante P139-512 a partir de linhagem

    recombinante de B. subtilis ......................................................................................... 50

    3.13 SDS-PAGE e Western blot da protena P139-512 .................................................. 50

    3.14 Expresso e purificao dos fragmentos da protena P1 ................................. 50

    3.15 Preparao dos anticorpos monoclonais (mAbs) anti-P1 ................................ 50

    3.16 Reatividade dos anticorpos monoclonais anti-P1 com a protena P139-512 por

    meio de Western blot ................................................................................................... 51

    3.17 Determinao da reatividade dos mAbs anti-P1 com os fragmentos da

    protena P1 e a protena P139-512 por meio de ELISA ................................................. 51

    3.18 Preparo da aglutinina salivar (SAG) ................................................................... 52

    3.19 Ensaio de ligao da P139-512 SAG imobilizada em microchip via sistema

    BIAcore.......................................................................................................................... 52

    3.20 Regime vacinal e processamento das amostras ............................................... 53

    3.21 Produo de anticorpos contra toda bactria S. mutans ................................. 53

    3.22 Adsoro dos anticorpos IgG anti-P1 com as protenas P139-512 e P139-512d ... 54

    3.23 ELISA para deteco de anticorpos especficos contra as protenas P1,

    P139-512 e P139-512d ......................................................................................................... 54

    3.24 Imunofluorescncia do S. mutans ...................................................................... 55

    3.25 Ensaio de inibio da agregao do S. mutans mediada por saliva livre por

    meio de anticorpos anti-P139-512 .................................................................................. 55

    3.26 Bloqueio da adeso de S. mutans SAG imobilizada por anticorpos

    anti-P139-512 em placa de microtitulao ..................................................................... 56

    3.27 Imunogenicidade da protena P139-512 em associao com diferentes

    adjuvantes - Protocolo vacinal .................................................................................... 57

  • 3.28 Coleta de amostras .............................................................................................. 57

    3.29 ELISA para deteco de anticorpos especficos contra a protena P139-512 .... 58

    3.30 ELISA de avidez .................................................................................................... 58

    3.31 Reatividade dos soros policlonais anti-P139-512 com os fragmentos da

    protena P1 por meio de ELISA ................................................................................... 59

    3.32 Inibio da adeso de S. mutans ao SAG imobilizado por anticorpos anti-

    P139-512 especficos utilizando o sistema de BIAcore ................................................ 59

    3.33 Inibio da agregao de S. mutans ao SAG livre por meio de

    espectrofotometria ....................................................................................................... 60

    3.34 Ensaio de deposio da protena C3 do complemento .................................... 60

    3.35 Construo das linhagens de B. subtilis capazes de expressar adesinas

    bacterianas na superfcie dos esporos ...................................................................... 61

    3.36 Construo do vetor vacinal pLDV702 de B. subtilis ........................................ 62

    3.37 Preparo dos esporos de B. subtilis .................................................................... 63

    3.38 Extrao e deteco das protenas recombinantes da capa dos esporos ...... 63

    3.39 Deteco e quantificao da expresso in vitro da P139-512 nas linhagens

    vacinais de B. subtilis .................................................................................................. 64

    3.40 Imunofluorescncia dos esporos ....................................................................... 64

    3.41 Adeso dos esporos recombinantes de B. subtilis a clulas Caco-2 in vitro . 65

    3.42 Disseminao dos esporos no intestino de camundongos ............................. 66

    3.43 Adeso dos esporos de B. subtilis s placas de Peyer de camundongos ..... 66

    3.44 Regime vacinal com esporos recombinantes de B. subtilis e processamento

    das amostras ................................................................................................................ 67

    3.45 Deteco das respostas antgeno-especficas de anticorpos sricos e de

    mucosa .......................................................................................................................... 67

    3.46 Inibio da agregao de S. mutans mediada pela SAG livre em placas de

    microtitulao ............................................................................................................... 68

  • 3.47 Inibio da adeso de S. mutans mediada pelo SAG ligado em placa de

    microtitulao ............................................................................................................... 68

    3.48 Anlises estatsticas ............................................................................................ 69

    4 RESULTADOS ............................................................................................................ 70

    4.1 Captulo I. Produo e caracterizao funcional e imunolgica da protena

    P139-512 produzida a partir de uma linhagem recombinante de B. subtilis ............... 70

    4.1.1 Construo da linhagem recombinante de B. subtilis LDV701, expresso e

    purificao da protena recombinante P139-512 ........................................................... 70

    4.1.2 Reatividade dos monoclonais (mAbs) anti-P1 com as protenas P1, P139-512 e

    os domnios funcionais da P1 ..................................................................................... 73

    4.1.3 Ligao da protena recombinante P139-512 produzida em B. subtilis LDV701

    SAG ............................................................................................................................... 77

    4.1.4 Avaliao das propriedades imunognicas e antignicas da P139-512 expressa

    em B. subtilis usando soros policlonais .................................................................... 79

    4.1.5 Inibio do processo de agregao e adeso dependente de saliva com

    anticorpos anti-P139-512 e anti-P139-512d ....................................................................... 84

    4.2 Captulo II. Caracterizao imunolgica de formulaes vacinais usando a

    protena P139-512 co-administrada com diferentes adjuvantes .................................. 87

    4.2.1 Avaliao da imunogenicidade da protena recombinante P139-512 produzida

    em B. subtilis administrada com diferentes adjuvantes ........................................... 87

    4.2.2 Caracterizao dos soros gerados com a protena P139-512 associada a

    adjuvantes quanto a sua avidez pelo antgeno ......................................................... 90

    4.2.3 Avaliao da antigenicidade dos fragmentos de P1 usando os soros gerados

    com a protena P1 39-512 associada aos adjuvantes ................................................... 92

    4.2.4 Ativao da via clssica do complemento pelos soros policlonais gerados

    com a protena P139-512 associada aos diferentes adjuvantes .................................. 94

    4.2.5 Funcionalidade in vitro dos soros gerados com a protena P139-512 associada

    a adjuvantes em bloquear a adeso do S. mutans NG8 SAG ................................ 96

  • 4.2.6 Inibio da agregao de S. mutans NG8 in vitro usando os soros

    policlonais gerados com os diferentes adjuvantes .................................................. 96

    4.2.7 Discusso do Captulo I e II ................................................................................ 98

    4.3 Captulo III. Desenvolvimento e caracterizao dos esporos adesivos de B.

    subtilis como veculo vacinal de entrega de mucosa ............................................. 104

    5 DISCUSSO FINAL ................................................................................................. 147

    6 CONCLUSO E PERSPECTIVAS ........................................................................... 151

    REFERNCIAS ............................................................................................................ 152

    APNDICE A - Induction of neutralizing antibodies in mice immunized with an

    amino-terminal polypeptide of Streptococcus mutans P1 protein produced by a

    recombinant Bacillus subtilis strain ......................................................................... 173

    APNDICE B - Avaliao da influncia das condies de cultivo e mtodo de

    purificao na recuperao de esporos de B. subtilis com alto grau de pureza e

    rendimento .................................................................................................................. 180

    APNDICE C - Smula curricular .............................................................................. 196

  • 21

    1 INTRODUO

    1.1 A crie dental humana

    A sade bucal um componente substancial da sade do ser humano.

    Entretanto, nos dias atuais diversas doenas orais crnicas, como a crie dental,

    esto disseminadas em pases industrializados e em desenvolvimento. A Organizao

    Mundial da Sade (OMS) qualifica a crie dental como um dos maiores problemas de

    sade pblica, devido alta prevalncia no mundo. Atualmente, a doena acomete

    cerca de 90% das crianas em idade escolar e cerca de 100% da populao mundial

    adulta (LEHNER, 1992; SHIVAKUMAR; VIDYA; GHANDU, 2009; WORLD HEALTH

    ORGANIZATION, 2012).

    A crie dental uma doena transmissvel, crnica, no letal, caracterizada

    pela desmineralizao do esmalte dental em consequncia da produo de cidos por

    bactrias fermentadoras presentes no biofilme dental (COTE et al., 2004;

    HAJISHENGALLIS; RUSSELL; MICHALEK, 1998; SMITH, 2012; TAKAHASHI;

    NYVAD, 2011; TAUBMAN; NASH, 2006). A doena crie apresenta etiologia

    multifatorial com envolvimento da dieta e susceptibilidade do hospedeiro, microbiota e

    o tempo (FEJERSKOV, 2004; SHIVAKUMAR; VIDYA; GHANDU, 2009).

    Mais de 700 espcies bacterianas esto presentes no biofilme dental e dentre

    estas duas espcies pertencentes ao gnero Streptococcus tem sido relacionadas

    como agentes etiolgicos primrios da crie dental de superfcie lisa, o S. mutans e o

    S. sobrinus, sendo o primeiro mais frequentemente isolado da cavidade oral de

    humanos e responsvel por mais de 90% das leses cariosas (DEWHIRST et al.,

    2010; HAMADA; SLADE, 1980; LOESCHE, 1986). Alm disso, essa bactria tem sido

    associada a doenas infecciosas no orais como a endocardite bacteriana (AJDIC et

    al., 2002; HAMADA; SLADE, 1980; LOESCHE, 1986).

    Medidas como a administrao tpica e sistmica de flor tiveram forte impacto

    sobre a incidncia de crie na populao mundial, contudo a eficcia desses mtodos

    no foi suficiente para erradicar a doena (HAJISHENGALLIS; MICHALEK 1999;

    KOGA et al., 2002; SHIVAKUMAR; VIDYA; GHANDU, 2009). Desta forma, o

  • 22

    desenvolvimento de medidas efetivas de sade pblica que controlem o patgeno

    mostra-se interessante pelo potencial impacto sobre a sade bucal e geral do

    individuo.

    1.2 Streptococcus mutans

    O S. mutans um coco, firmicute, imvel, catalase negativo, facultativo, capaz

    de fermentar diversos acares provenientes da dieta do hospedeiro produzindo

    cidos que reduzem o pH da placa dental e promovem a desmineralizao do esmalte

    (HAMADA; SLADE, 1980; TAUBMAN; NASH, 2006 ). A infeco por S. mutans pode

    ocorrer em dois momentos ao longo da vida do indivduo saudvel, na erupo dos

    dentes decduos e na troca para os dentes permanentes, estes perodos so

    denominados de janelas de infectividade (CAUFIELD; CUTTER; DASANAYAKE,

    1993; SMITH, 2002).

    A capacidade de aderir superfcie dental, a habilidade de metabolizar

    carboidratos e produzir cidos (acidogenicidade), e a capacidade de suportar

    ambientes cidos (aciduricidade) so os principais fatores de virulncias do S. mutans

    relacionados com a doena crie (HAMADA; KOGA; OOSHIMA, 1984; MICHALEK et

    al., 1981). A adeso fundamental para a patognese da crie dental, pois na

    ausncia desta no haver formao do biofilme e desenvolvimento da doena. A

    aderncia do S. mutans superfcie dental envolve dois estgios, o primeiro deles,

    denominado sacarose-independente e o segundo, sacarose-dependente (HAMADA;

    SLADE, 1980; STAAT; LANGLEY; DOYLE, 1980; TAUBMAN; NASH, 2006).

    O primeiro estgio de adeso do S. mutans ao dente reversvel e

    caracterizado pela interao entre uma protena de superfcie da bactria, o antgeno

    I/II ou P1, expresso por todas as linhagens cariognicas de S. mutans e glicoprotenas

    presente na pelcula adquirida adsorvida ao dente (BOWEN et al., 1991; CROWLEY

    et al., 1999; SMITH, 2002; STAAT; LANGLEY; DOYLE, 1980). O segundo estgio de

    adeso irreversvel e associado produo de polissacardeos extracelulares

    insolveis (glucanos) e posterior interao desses com as protenas ligadoras de

    glucanos (Gbp) e glicosiltransferases (GtfB) presentes na superfcie bacteriana. Este

  • 23

    estgio permite o acmulo do S. mutans e o desenvolvimento do biofilme na

    superfcie dental (BOWEN; KOO, 2011; HAMADA; KOGA, 1984; SHIROZA et al.,

    2003).

    O S. mutans apresenta diferentes antgenos em sua superfcie incluindo

    polissacardeos antignicos, as Gtfs, Gbp, antgeno D, antgeno III, antgeno A,

    antgeno C e antgeno B (P1). Entretanto, at momento apenas a protena P1 e a

    GbpB tem mostrado potencial como alvos vacinais com resultados favorveis para o

    controle da doena (BRADY et al., 2010; KOGA et al., 1995; KURAMITSU, 1993)

    1.3 A famlia do Antgeno I/II e a Protena P1 de S. mutans

    Na cavidade oral a interao inicial entre bactria e hospedeiro dependente

    da associao entre adesinas de superfcie bacteriana e receptores presentes na

    pelcula adquirida adsorvida sobre o dente (HAMADA; SLADE, 1980).

    Nos estreptococos orais do grupo Viridans, as protenas da famlia I/II

    participam na aderncia, colonizao e desenvolvimento da comunidade microbiana.

    As protenas da famlia I/II so adesinas ancoradas parede celular bacteriana com

    estrutura e antigenicidade relacionadas e apresentam entre 1310 e 1653 resduos de

    aminocidos (BRADY et al., 2010). Essas protenas possuem propriedades

    multifuncionais como ligao a matriz extracelular, a receptores do hospedeiro, co-

    agregao com outras bactrias, interao com glicoprotenas salivares e ativao de

    clulas monocticas (JENKINSON; DEMUTH, 1997; JENKINSON; LAMONT, 1997;

    MADDOCKS et al., 2011). As protenas da famlia I/II tm sido extensivamente

    caracterizadas em numerosas linhagens de S. mutans e S. gordonii e apresentam

    uma organizao estrutural global altamente conservada com identidade entre 65 a

    70% (DEMUTH et al., 1988, 1990; JENKINSON et al., 1993; KELLY et al., 1990; LEE;

    PROGULSKE-FOX; BLEIWEIS, 1988; OGIER et al., 1990; OKAHASHI et al., 1989;

    TOKUDA et al., 1991). A importncia dessa famlia de protenas pode ser

    demonstrada pela presena de ortlogos em virtualmente todos os estreptococos

    orais e a identificao destas tambm em S. pyogenes e S. agalactiae (MA et al.,

    1991; ZHANG et al., 2006).

  • 24

    A protena P1 de S. mutans, tambm referida como Antgeno I/II, Antgeno B

    ou PAc, o maior antgeno de superfcie deste microrganismo e pertence a grande

    famlia I/II (JENKINSON; LAMONT, 1997; RUSSELL; LEHNER, 1978; KOGA et al.,

    1995). A protena P1 em S. mutans est envolvida no complexo processo multifatorial

    de aderncia as glicoprotenas salivares adsorvidas ao esmalte dentrio (BOWEN et

    al., 1991). Na linhagem UA159 de S. mutans do sorotipo c, a protena P1 com peso

    molecular aproximado de 171 kDa codificada pelo gene spaP com 4689 pb (AJDIC

    et al., 2002).

    A sequncia primria da P1 de S. mutans apresenta seis regies distintas: um

    peptdeo sinal predito composto pelos resduos de aminocido 1 at 38, adjacente a

    este est a poro N-terminal altamente carregada composta principalmente por uma

    regio rica em alanina (regio A, resduos de aminocidos 186-464). A regio C-

    terminal inclui um segmento rico em prolina (regio P, resduos de aminocidos 840-

    963) que confere uma alta hidrofobicidade a protena, um domnio transmembrnico e

    o motivo LPXTG que permite a ancoragem proteica na parede celular bacteriana. Na

    regio central, entre as regies A e P, localiza-se um segmento denominado de

    varivel (regio V) onde reside a maior variabilidade de sequncia da protena P1

    entre as cepas de S. mutans (BRADY et al., 1991, 1998; FISCHETTI; PANCHOLI;

    SCHNEEWIND, 1990; KELLY et al., 1989, 1995; MURAKAMI et al., 1997; THON-

    THAT; MARRAFFINI; SCHNEEWIND, 2004) (figura 1A).

    Anterior cristalografia da protena P1 de S. mutans um conjunto de 11

    anticorpos monoclonais (mAbs) anti-P1 de S. mutans foram usados como ferramentas

    para caracterizar os domnios funcionais da P1 assim como a antigenicidade desta ou

    de fragmentos truncados derivados da P1, permitindo a elucidao de algumas das

    propriedades mais importantes deste antgeno (BRADY et al., 1991, 1992; CROWLEY

    et al., 1993). Em 2002, Troffer-Charlier obtiveram a cristalografia da regio V da

    protena P1, permitindo a primeira observao sobre a estrutura 3D desta protena de

    S. mutans. Em 2010 e 2011, o restante da estrutura cristalogrfica da protena P1 de

    S. mutans foi resolvida e mostrou ser singular. A protena P1 de S. mutans apresenta

    uma estrutura fibrilar alongada de aproximadamente 50 nm, onde a regio A forma

  • 25

    uma -hlice que entrelaa intimamente a regio P em hlice, enquanto a regio V se

    dobra formando uma estrutura globular (LARSON et al., 2010, 2011) (figura 1B).

    A deleo da protena P1 em linhagens de S. mutans resulta em reduo

    drstica da adeso superfcie dental na presena de saliva e de sua hidrofobicidade,

    indicando o papel desta protena na colonizao da cavidade oral pelo patgeno

    (BRADY et al., 1992; KOGA et al., 1990; LEE et al., 1989). A protena P1 de S.

    mutans interage especificamente com o receptor de varredura da imunidade inata, a

    glicoprotena 340 (gp340), presente na aglutinina salivar (SAG) (LEITO et al., 2008).

    O SAG uma protena oligomrica complexa de massa molecular aproximada de 400

    kDa composta pela gp340, imunoglobulina A secretada e uma protena de 80 kDa

    (OHO et al., 1998; PRAKOBPHOL et al., 2000). A protena P1 pode interagir com

    duas formas da gp340, livre ou ligada superfcie dental, e isso determinar o destino

    da bactria na cavidade oral. Quando livre na saliva, a glicoprotena interage com a

    protena P1 de superfcie do S. mutans resultando em agregao e provavelmente

    eliminao da cavidade oral por meio da deglutio. Esse processo importante na

    proteo inata contra a crie dental e tem sido considerado um mecanismo no imune

    de eliminao do patgeno. Quando imobilizada, a glicoprotena servir como um

    receptor para aderncia do S. mutans ao dente com consequente estabelecimento do

    biofilme dental (LOIMARANTA et al., 2005; STENUDD et al., 2001). Entretanto,

    apesar de ambos os processos envolverem os mesmos constituintes (protena P1 e

    gp340) dados sugerem que esses processos devem envolver domnios distintos das

    protenas (BRADY et al., 1992).

    Evidncias prvias de que vrios fragmentos derivados da protena P1 eram

    capazes de interagir com a gp340 indicavam que essa protena poderia apresentar

    mltiplos stios de ligao gp340 adsorvida (BRADY et al., 1992; KELLY et al., 1995;

    NAKAI et al., 1993). De fato, a protena P1 de S. mutans apresenta pelo menos dois

    stios de ligao SAG, um stio est localizado na regio C-terminal, mais

    precisamente entre a regio C1 e C2, e outro stio est localizado dentro do fragmento

    A3VP1, que corresponde a ltima regio de repetio A, toda a regio V e a primeira

    regio de repetio P. Adicionalmente, foi demonstrado que esses fragmentos no

  • 26

    competem entre si pelo SAG indicando stios distintos de ligao (LARSON et al.,

    2011) (figura 1B).

    Figura 1- Representao esquemtica da protena P1 de S. mutans.

    (A) Representao da sequncia primria da P1 com seus domnios relevantes. (B) Modelo da estrutura terciria da protena P1 e os stios de ligao aglutinina salivar humana (SAG). PS, peptdeo sinal. Fonte: Modificado de Larson et al. (2010, 2011).

  • 27

    1.4 Regio A ou Regio de ligao saliva

    Na poro amino-terminal da protena P1 do S. mutans est localizada uma

    regio rica no aminocido alanina, composta por trs repeties de alanina completas

    e uma incompleta formando uma estrutura em -hlice denominada de regio A

    (KELLY et al., 1989; LARSON et al., 2010). Por avidez aos componentes salivares, a

    regio A tem sido referida como regio de ligao saliva ou SBR (Saliva-Binding

    Region) (CROWLEY et al., 1993; HAJISHENGALLIS; KOGA; RUSSELL, 1994;

    HAJISHENGALLIS; RUSSELL; MICHALEK, 1998; NAKAI et al., 1993).

    A regio SBR codifica para uma protena de peso molecular aproximado de 42

    kDa, a qual permite a interao de S. mutans com componentes salivares,

    particularmente a protena gp340, demonstrando sua importncia para aderncia

    inicial do patgeno saliva adsorvida ao dente e subsequente desenvolvimento da

    crie (CROWLEY et al., 1993; HAJISHENGALLIS; RUSSELL; MICHALEK, 1998;

    KOGA; RUSSELL, 1994; MOISSET et al., 1994; PRAKOBPHOL et al., 2000). Esse

    segmento da P1 inibe competitivamente tanto aderncia do S. mutans ao SAG

    imobilizado quanto agregao na presena de SAG livre (CROWLEY et al. 1993).

    Alm disso, a SBR tem papel fundamental na estrutura tridimensional, na expresso,

    estabilidade e na antigenicidade da protena P1 de S. mutans (SEIFERT; BLEIWEIS;

    BRADY, 2004).

    Ademais, essa regio antignica e abrange tanto eptopos para clulas B

    como para T, e anticorpos direcionados para a SBR de S. mutans tem reatividade

    cruzada com a protena P1 (Pag) de S. sobrinus (KELLY et al., 1995; LEHNER et al.,

    1990; SENPUKU et al., 1996; TAKAHASHI et al., 1991). As sequncias

    TELARVQKANADAKAAY (repetida trs vezes, com vrios aminocidos conservados)

    e TYEAALKQYEADL (repetida quatro vezes, com vrios aminocidos conservados)

    localizadas dentro da regio A foram descritas como potenciais stios de adeso aos

    componentes salivares (adesitopos) (BRADY et al., 1992; KELLY et al., 1995;

    MOISSET et al., 1994; NAKAI et al., 1993; OKAHASHI et al., 1993; SENPUKU et al.,

    1995).

  • 28

    Anticorpos sricos e da saliva de indivduos naturalmente infectados pelo S.

    mutans, porm sem relatos de crie, so capazes de reconhecer fortemente vinte

    sete decapeptdeos derivados da regio A da protena P1, indicando o papel protetor

    de anticorpos direcionados contra essa regio (MATSUSHITA et al.,1994). Ainda,

    estratgias vacinais empregando peptdeos derivados desse segmento da P1 so

    capazes de bloquear a agregao e a adeso de S. mutans e reduzir o

    desenvolvimento de crie dental em animais (HUANG; HAJISHENGALLIS;

    MICHALEK, 2001; MICHALEK; KATZ; CHILDERS, 2001; MUNRO et al., 1993;

    TAKAHASHI et al., 1991; TSUHA et al., 2004). Demonstrando que, entre os domnios

    funcionais da protena P1, essa regio o maior alvo vacinal para o controle da crie

    dental humana.

    1.5 Estratgias vacinais contra a crie dental

    O conceito de vacinao contra a crie dental foi estabelecido pouco depois da

    determinao do papel do S. mutans no desenvolvimento da doena (LEHNER;

    CHALLACOMBE; CALDWELL, 1980; LOESCHE, 1986; TAUBMAN; NASH, 2006). As

    primeiras estratgias de controle da crie empregaram a imunizao do S. mutans

    completo pela via subcutnea e demonstraram resultados encorajadores com reduo

    significativa da colonizao oral pelo S. mutans. Entretanto, a observao que esse

    tipo de imunizao poderia gerar anticorpos com reatividade cruzada com fibras

    cardacas humanas e de coelho, reduziu gradativamente o interesse por essa

    abordagem. Consequentemente houve um crescente em estratgias de subunidade

    com protenas e peptdeos derivados dos antgenos de superfcie de S. mutans,

    principalmente contra a P1 (BOWEN, 1969; KOGA et al., 2002; LEHNER, 1992;

    LEHNER; CHALLACOMBE; CALDWELL, 1980; RUSSELL, 1987; WU; RUSSELL,

    1990).

    Anticorpos contra a protena P1 bloqueiam a adeso rompendo com a

    colonizao da cavidade oral pelo S. mutans (MA et al., 1998; MA; LEHNER, 1990).

    De fato, a protena P1 tem mostrado ser um alvo promissor na imunidade protetora

    natural em humanos e tem sido estudada como um candidato em estudos de

  • 29

    imunizao ativa de primatas no-humanos e murinos (LEHNER et al., 1981;

    MICHALEK; KATZ; CHILDERS, 2001; SHIVAKUMAR; VIDYA; CHANDU, 2009;

    SMITH; MATTOS-GRANER, 2008). Dados atuais tem demonstrado que alm da

    protena P1 inteira, fragmentos derivados dela so ponteciais alvos em vacinas

    acelulares para o controle da crie (BRADY et al., 2010; SHIVAKUMAR; VIDYA;

    CHANDU, 2009).

    A SBR apresenta um enorme potencial protetor em estratgias contra a crie

    dental visto que tanto anticorpos monoclonais como policlonais contra a regio so

    fortes inibidores do primeiro estgio de adeso do S. mutans a superfcie dental

    (BRADY et al., 1992; HAJISHENGALLIS et al., 1995; HUANG; HAJISHENGALLIS;

    MICHALEK, 2001; LEHNER et al., 1981; SCULLY; LEHNER, 1979). A administrao

    parenteral da protena SBR capaz de induzir altos ttulos de IgG e inibir a

    colonizao da cavidade oral de camundongos pelo S. mutans (TAKAHASHI et al.,

    1991; YU et al., 1997). Quando administrada por via de mucosas, como a via oral ou

    nasal, a SBR induz respostas sistmicas e de mucosa potentes em modelos murinos

    desde que esteja fusionada a um adjuvante como a CT, LT-I, LT-II ou seus variantes

    (HAJISHENGALLIS et al., 1995, 1996, 2001). Contudo, em alguns casos uma dose

    reforo foi importante para induo de uma resposta imunolgica pronunciada

    (RUSSELL; WU, 1991).

    As estratgias usando a regio SBR da protena P1 como alvo vacinal foram

    principalmente baseadas na protena recombinante expressa em E. coli, normalmente

    fusionada protenas de altos pesos moleculares como transportadora, ou mesmo

    secretada no periplasma bacteriano, a fim de reduzir a degradao proteoltica ou

    melhorar o processo de purificao e a imunogenicidade do antgeno (CROWLEY et

    al., 1993; HAJISHENGALLIS et al., 1995; MATSUMOTO-NAKANO et al., 2008;

    MUNRO et al., 1993; OKAHASHI et al. 1993; TOIDA et al., 1997). Baixo custo e alto

    rendimento so as duas maiores razes para a grande disseminao do uso de cepas

    de E. coli para a expresso de protenas heterlogas. Contudo, muitos problemas

    esto associados expresso de protenas recombinantes em E. coli, como baixo

    rendimento, gerao de protenas insolveis, contaminao por endotoxinas e a perda

  • 30

    de importantes determinantes imunolgicos nativos (HARWOOD, 1992; SCHUMANN,

    2007).

    Tanto a resposta humoral sistmica, com o extravasamento de IgG pelo fludo

    crevicular, como a resposta de mucosa, na forma de IgA salivar, contra a protena P1

    de S. mutans tm sido associadas proteo contra a crie dental (BRADY, 2005;

    BRADY et al., 2010; MICHALEK; KATZ; CHILDERS, 2001; TENOVUO; LEHTONEN;

    AALTONEN, 1990). Contudo, estratgias que promovam a induo de IgA secretor

    especfico mostram-se mais promissoras visto que essa imunoglobulina encontra-se

    em maior concentrao na saliva e na cavidade oral (LEHNER, 1992; MARCOTTE;

    LAVOIE, 1998).

    O uso de protenas solveis ou peptdeos, principalmente pela via parental, no

    so mtodos eficientes para induzir IgA nas mucosas ou altos ttulos de IgG. Para

    isso, novas vias de imunizao enteral como oral, nasal, tonsilar, nas glndulas

    salivares e outras foram exploradas, assim como a associao com potentes

    adjuvantes de mucosa, como a flagelina e as toxinas termo-lbeis (KOGA, 2002;

    SHIVAKUMAR;VIDYA; CHANDU, 2009).

    A flagelina um agonista do Toll-like 5 (TLR5) que um receptor de padres

    moleculares associados ao patgeno (HAYASHI et al., 2001). Apresenta um potente

    efeito adjuvante capaz de ativar tanto a resposta humoral quanto sistmica aps

    administrao enteral ou parenteral (BRAGA et al., 2009, 2010; HONKO et al., 2006;

    SHI et al., 2012). Shi et al. (2012) demonstraram que a presena da protena FliC de

    Salmonella, como adjuvante, em uma vacina de DNA codificando a poro N-terminal

    da protena P1 administrada por via nasal aumentou respostas imunolgicas

    sistmicas e de mucosa. Como resultado foi observado uma reduo da colonizao

    pelo S. mutans e dos ndices de crie em ratos, sugerindo o potencial desta protena

    como adjuvante para formulaes vacinais contra a crie dental.

    A toxina termolbil de E. coli ETEC (LT) um dos mais efetivos adjuvantes de

    mucosa conhecidos, contudo a toxicidade inerente da LT tem impedido seu uso em

    humanos. Diferentes metodologias j foram descritas para subverter este problema,

    como o uso de protenas mutantes detoxificadas at o uso das subunidades no

    txicas desta protena (FREYTAG; CLEMENTS, 2005; HOLMGREN et al., 2005).

  • 31

    Abordagens vacinais empregando a SBR como antgeno alvo associado a diferentes

    variantes de LT como adjuvante de mucosa foram capazes de induzir tanto respostas

    sistmicas quanto de mucosa e, em alguns casos, respostas persistentes (CONNELL,

    2007; HAJISHENGALLIS et al., 2005; MARTIN et al., 2000; ZHAO; ZHAO; RUSSELL,

    2011).

    Uma alternativa eficaz para o controle de doenas infecciosas o uso de

    vetores bacterianos vivos de entrega. Esse tipo de abordagem apresenta diversas

    vantagens como o baixo custo, no ser invasivo, de fcil aplicao e potencial de uso

    em regies geogrficas afastadas (BOLTON et al., 2012; MESTECKY, 1987; RYAN;

    DALY; MILLS, 2001). Os vetores vivos bacterianos so baseados em patgenos

    atenuados, tais como Salmonella e Listeria (DARJI et al., 2000; LOEFFLER et al.,

    2006). As poucas estratgias vacinas anti-crie usando veculos vacinais vivos

    carregando antgenos derivados da protena P1 foram desenvolvidos com linhagens

    de S. enterica Typhimurium (HAJISHENGALLIS; MICHALEK, 1999;

    HAJISHENGALLIS; MICHALEK; RUSSELL, 1996; HUANG; HAJISHENGALLIS;

    MICHALEK, 2001; SALAM et al., 2006). Linhagens recombinantes de S. enterica

    foram construdas para expressar in vivo a SBR ou a SBR fusionada CTB. A

    administrao nasal e oral de ambas as linhagens foram capazes de induzir IgA

    especfico na saliva e IgG no soro dos animais imunizados, entretanto para aumentar

    os nveis de anticorpos foi necessrio uma dose reforo ou a co-administrao de um

    adjuvante (CT). Apesar dos resultados promissores, o potencial risco de reverso

    para o fentipo virulento deste tipo de abordagem tem reduzido o interesse por seu

    uso no desenvolvimento de formulaes de vacina, em especial para seres humanos

    (DARJI et al., 2000; LOEFFLER et al., 2006).

    At o momento poucos ensaios clnicos em pequena escala em humanos

    foram realizados para testar a eficcia de formulaes vacinais anti-crie. Muitos

    dados conflitantes principalmente correlacionando negativamente a presena de IgA

    na saliva e a prevalncia de crie dental, assim como a observao de que muitas

    dessas estratgias induzem respostas imunolgicas inadequadas em humanos,

    inviabilizaram a continuao dos ensaios e a disponibilizao de um produto no

    mercado (RUSSELL et al., 2004; SHIVAKUMAR; VIDYA; CHANDU, 2009).

  • 32

    Atualmente, est disponvel no mercado internacional um produto para imunizao

    passiva baseada em um anticorpo monoclonal produzido em plantas transgnicas do

    Tabaco denominada de CaroRx (Planet Biotechnology, Hyaward, California, USA)

    que est em fase de aprovao pelo FDA (Food Drug Administration) nos EUA e j

    est licenciado na Europa. No entanto, a efetividade do tratamento dependente de

    inmeras aplicaes profissionais do produto e o efeito apresenta um tempo limitado,

    cerca de um ano (MA et al., 1990, 1994; MA; LEHNER, 1990; MA; SMITH; LEHNER,

    1987). Desta forma, o desenvolvimento de estratgias de imunizao ativa que

    permitam o controle efetivo da crie dental em humanos se faz necessria.

    1.6 Bacillus subtilis e o desenvolvimento de vacinas

    O B. subtilis uma bacilo gram positivo, ubiquitrio, produtor de endosporos,

    que tem sido explorado como sistema alternativo para expresso de protenas

    heterlogas com aplicaes biotecnolgicas e mais recentemente como veculo

    vacinal vivo tanto na forma de esporos como na forma de clulas vegetativas

    (HARWOOD, 1992; FERREIRA; FERREIRA; SCHUMANN, 2005; PACCEZ et al.,

    2006, 2007; PAULITZ; BELANGER, 2001). Alm disso, os esporos de B. subtilis tm

    sido usados como probiticos para uso em humanos e animais (DARIENZO et al.,

    2006; FOLIGNE et al., 2012; GUO et al. 2006; GREEN et al., 1999;

    PERMPOONPATTANA et al., 2012; SHIVARAMAIAH et al., 2011).

    O enorme potencial aplicado do B. subtilis devido a muitas caractersticas

    peculiares, como: i) a formao de esporos, a forma de vida mais resiliente do

    planeta, que facilita sua estocagem e transporte; ii) ausncia de membrana externa e,

    portanto, de contaminao com lipopolissacardeos (LPS); iii) um grande

    conhecimento de sua gentica e fisiologia, comparvel ao conhecimento de E. coli,

    sendo considerado o modelo de estudo gram positivo; iv) diferentes sistemas de

    expresso e purificao disponveis, v) sua segurana para uso em humanos, com o

    status GRAS (Generally regard as safe) conferido pelo FDA americano (MEIMA; VAN

    DIJL; BRON, 2004; WESTERS; WESTERS; QUAX, 2004).

  • 33

    Como sistema de expresso e purificao de protenas heterlogas, o B.

    subtilis uma alternativa em potencial aos modelos procariotos convencionais

    baseados em E. coli, isto porque capaz de produzir molculas com atividade

    biolgica preservada e em grandes quantidades, sem a contaminao por

    endotoxinas (FERREIRA; FERREIRA; SCHUMANN, 2005; HARWOOD, 1992;

    MEIMA; PAULITZ; BELANGER, 2001; VAN DIJL; BRON, 2004; WESTERS;

    WESTERS; QUAX, 2004). Inmeros vetores de expresso em B. subtilis esto

    disponveis, estes empregam os mais diferentes promotores e direcionamento das

    protenas heterlogas para compartimentos diferentes, intracelular ou extracelular

    (KAKESHITA et al., 2011; NGUYEN et al., 2005, 2006; NGUYEN; SCHUMANN,

    2006;PACCEZ et al., 2007; PHAN; TROESCHEL et al., 2012; YANO et al., 2011).

    Ao longo das ltimas dcadas a enorme capacidade de expresso e

    purificao de protenas recombinantes usando linhagens de B. subtilis tem sido bem

    explorada. Excelentes resultados foram observados principalmente quando protenas

    de bactrias gram positivas foram expressas, como o caso da estreptoquinase de S.

    equisimis que apresentou uma grande estabilidade quando expressa em B. subtilis

    (HARWOOD, 1992; SCHUMANN, 2007; TERPE, 2006; WONG; YE; NATHOO, 1994).

    Excelentes resultados tambm foram observados com protenas de interesse mdico,

    como a interleucina humana 3 que foi purificada com sucesso a partir de B. subtilis e

    com um timo rendimento, por volta de 100 mg/L, e o hormnio de crescimento

    humano, por volta de 70 mg/L (OZDAMAR et al., 2009; WESTERS et al., 2005).

    Alm da expresso de protenas de interesse mdico os sistemas de

    expresso de B. subtilis foram utilizados para a produo de antgenos vacinais.

    Dentre os antgenos vacinais produzidos em B. subtilis destaca-se o antgeno PA de

    B. anthracis, a subunidade S4 de Bordetella pertussis, a protena P1 de Neisseria

    meningitidis, as protenas Omp2 e Hsp60 de Chlamydia pneumoniae, a protena

    HpaG de Xanthomonas oryzae, e mais recentemente a protena L1 do capsdeo do

    vrus do papiloma humano. Essas protenas recombinantes foram produzidas em

    grandes quantidades, com estabilidade e promoveram a ativao de potentes

    respostas imunolgicas humorais e celulares (AIRAKSINEN et al., 2003; BAEK et al.,

  • 34

    2012; HIMANEN et al., 1990; IDNPN-HEIKKIL et al., 1996; IVINS; WELKOS,

    1986; IVINS et al., 1990; LIN et al., 2001; MUTTILAINEN et al., 1995).

    Como veculo vacinal, o B. subtilis uma alternativa segura, barata, no

    invasiva (sem uso de agulha) e com aplicao sobre doenas infecciosas,

    especialmente as causadas por patgenos que colonizam ou invadem o epitlio da

    mucosa. O uso do B. subtilis como veculo vacinal de mucosa relativamente recente

    e pode ser divido em duas abordagens de sucesso: i) expresso do antgeno na

    superfcie dos esporos fusionado as protenas de capa ou ii) dentro da clula

    vegetativa (ISTICATO et al., 2001; PACCEZ et al., 2006, 2007).

    Na primeira abordagem, a protena heterloga expressa no esporo em fuso

    com uma protena exposta em sua superfcie, como a CotB, CotC ou CotG,

    frequentemente denominada de estratgia OUT (fora) (DUC et al., 2003; ISTICATO et

    al., 2001; LEE et al., 2010a, b; MAURIELLO et al., 2004; NING et al., 2011;

    PERMPOONPATTANA et al., 2011; POTOT et al., 2010). At o momento, foi

    fusionada a capa dos esporos apenas antgenos com interesse vacinal, para os quais

    eram esperadas respostas imunolgicas protetoras. Essa estratgia permite uma

    melhor apresentao do antgeno carreado nos stios aferentes do tecido linfide

    associado mucosa (MALT), induzindo respostas imunes adaptativas, tais como

    respostas de anticorpos especficos de mucosa (IgA) e sistmicos (IgG) (CERAGIOLI

    et al., 2009; HOANG et al., 2008).

    Na segunda abordagem utilizada com sucesso, a lgica distinta e emprega

    plasmdeos, no qual o gene recombinante expresso sob o controle de promotores

    ativos apenas na fase de clula vegetativa, imediatamente aps a germinao dos

    esporos, denominada de estratgia IN (dentro) (PACCEZ et al., 2006, 2007). Esta

    abordagem de entrega de antgeno baseia-se no fato de que os esporos de B. subtilis

    germinam durante o trnsito atravs do trato gastrointestinal e depois da captura

    pelas clulas apresentadoras de antgeno (DUC et al., 2004; DUC; HOANG;

    CUTTING, 2003; HOA et al., 2001). Tais esporos recombinantes demonstraram

    induzir anticorpos especficos na mucosa (IgA fecal) e no soro (IgG) aps

    administrao pelas vias de mucosa (nasal ou oral) (FERREIRA; FERREIRA;

    SCHUMANN, 2005; LUIZ et al., 2008; PACCEZ et al., 2006, 2007 ).

  • 35

    Infelizmente, estratgias empregando os esporos ou clulas vegetativas de B.

    subtilis como carreadores vacinais demonstraram uma baixa imunogenicidade aos

    antgenos carregados (FERREIRA; FERREIRA; SCHUMANN, 2005). De fato, trs

    fatores podem contribuir para a reduo da imunogenicidade do B. subtilis,

    especialmente aps a entrega por via oral. O primeiro fator pode ser atribudo

    entrega de uma pequena quantidade de antgeno vacinal ao sistema imunolgico e

    consequente falha na ativao deste. Um segundo fator, a exposio natural e

    frequente aos esporos presentes nos alimentos ingeridos e gua podendo levar a

    tolerncia imunolgica e, em consequncia o desenvolvimento de mecanismos

    imunossupressores que reduzem ou bloqueiam a induo de respostas imunolgicas

    mais fortes s protenas de esporos e aos antgenos associados (CERAGIOLI et al.,

    2009; DUC et al., 2004). Por fim, outro fator que certamente afeta a imunogenicidade

    de esporos de B. subtilis, e nunca antes avaliado, o rpido trnsito atravs do trato

    gastrointestinal aps administrao oral. Apesar da evidncia de que os esporos de B.

    subtilis germinam durante o trnsito atravs do intestino de mamferos, B. subtilis

    administrados oralmente, sejam na forma clulas vegetativas ou de esporos, so

    totalmente eliminados do intestino dos camundongos em menos de 72 horas, o que

    reduz a possibilidade de interao produtiva com o tecido linfide associado ao trato

    gastrointestinal (GALT) e com as clulas M presentes nas placas de Peyer (DUC;

    HOANG; CUTTING, 2003; DUC et al., 2004). Desta forma, abordagens que permitam

    o aumento do contato e o direcionamento dos esporos para o GALT podem resultar

    em potencializao da resposta imunolgica contra o antgeno de interesse.

    A expresso de protenas heterlogas na superfcie dos microrganismos

    uma estratgia com aplicaes em vrias reas do conhecimento como:

    microbiologia, biotecnologia e vacinologia. Os veculos vivos de entrega apresentam

    vantagens para a induo de respostas de anticorpos antgeno-especfica quando

    expressam protenas heterlogas em sua superfcie, principalmente no caso de

    bactrias no patognicas, como o caso do B. subtilis (KLEMM; SCHEMBRI, 2000;

    SAMUELSON et al., 2002). Bactrias comensais no invasivas, em geral so

    ineficientes em gerar fortes respostas de anticorpos, contudo tem sido demonstrado

    que esses veculos vacinais podem ser melhorados pela co-expresso de adesinas

  • 36

    que iro auxiliar no direcionamento para o epitlio da mucosa (CANO et al., 1999;

    LILJEQVIST et al., 1999).

    Adesinas presentes na superfcie das bactrias permitem um ntimo contato

    com as clulas eucariticas e so importantes na colonizao do hospedeiro por

    microrganismos (NAVARRE; SCHNEEWIND, 1999). A especificidade da adesina

    bacteriana por um determinado receptor permitir um direcionamento deste para

    stios especficos, refletindo em tropismo por um tecido (KLEMM; SCHEMBRI, 2000).

    A protena SlpA de Lactobacillus brevis ATCC8287, assim como a invasina

    (InvA) de Yersinia pseudotuberculosis, so protenas de superfcie com papel de

    adesina que permite a colonizao de superfcies do hospedeiro (CLARK; HIRST;

    HYNONE et al., 2004; JEPSON, 1998). A SlpA de L. brevis o constituinte da

    camada S deste microrganismo, e uma protena altamente bsica com massa

    molecular variando entre 38 55 kDa capaz de interagir com as protenas da matriz

    extracelular como fibronectina, laminina e colgeno (VIDGRN et al., 1992; YASUI;

    YOD; KAMIYA, 1995).

    A protena invasina de Y. pseudotuberculosis permite a adeso e a

    subsequente internalizao da bactria por meio da ligao ao receptor 1- integrina

    localizado na superfcie das clulas M das placas de Peyer (CLARK; HIRST;

    JEPSON, 1998; LePORE, 2008). A interao da invasina com o receptor 1-

    integrina induz uma reorganizao do citoesqueleto da clula que forma pseudpodes

    que englobam e internalizam a bactria (YOUNG; FALKOW; SCHOOLNIK, 1992). A

    poro C-terminal desta protena, mais precisamente os ltimos 197 resduos de

    aminocidos, so suficientes para a ligao da bactria as clulas epiteliais, mas no

    para sua internalizao (LEONG; FOURNIER; ISBERG, 1990).

    A baixa imunogenicidade do antgeno carregado aps o uso de bactrias

    lcticas como veculos vacinais vivos, incapazes de colonizar o trato gastrointestinal

    de mamferos, induziu pesquisadores a empregar uma estratgia inovadora. Nessa

    abordagem a bactria foi geneticamente modificada para expressar adesinas

    bacterianas com capacidade de reconhecer receptores de clulas do hospedeiro,

    permitindo o direcionamento e aumentando o contato com clulas intestinais.

    Linhagens de Lactococcus lactis recombinantes expressando a protena A de ligao

  • 37

    a fibronectina de Staphylococcus aureus ou a internalina A de Listeria monocytogenes

    mostraram uma capacidade aumentada para se ligar e invadir clulas de mamferos e

    foram mais eficientes como veculo de entrega para vacinas de DNA (GUIMARES et

    al., 2005, 2006; INNOCENTIN et al., 2009). Adicionalmente, a expresso da poro

    N-terminal da SlpA de L. brevis em L. lactis permitiu que esta bactria, antes no

    adesiva, aderisse a fibronectina e as clulas intestinais humanas in vitro (AVLL-

    JSKELINEN; LINDHOLM; PALVA, 2003).

    Uma estratgia similar foi empregada com sucesso usando uma E. coli no

    patognica expressando a invasina de Y. pseudotuberculosis. A linhagem

    recombinante de E. coli foi capaz de invadir clulas de mamferos e entregar

    plasmdeos e protenas produzindo efeitos teraputicos em tumores (CRITCHLEY et

    al., 2004; CRITCHLEY-THORNER; STAGG; VASSAUX, 2006; GRILLOT-COURVALIN

    et al., 1998). Apesar do potencial deste tipo de abordagem, ela nunca foi aplicada a

    outras bactrias gram positivas no invasivas, tais como o B. subtilis.

    1.7 Vacinas de mucosa baseadas em B. subtilis

    A via de imunizao tem efeito significativo sobre a natureza da resposta

    imunolgica. Nas ltimas dcadas tem havido um crescente interesse em vacinas de

    administrao mucosa, visto que estas so alternativas seguras, no precisam de

    agulhas o que resulta em maior aceitabilidade pela populao e no necessitam de

    profissionais treinados para aplicao. Alm disso, vacinas de mucosa so capazes

    de estimular tanto respostas imunolgicas de mucosa (IgA) como sistmicas (IgG),

    sendo efetivas contra um grande nmero de patgenos (BELYAKOV; AHLERS,

    2009; NEUTRA; KOZLOWSKI, 2006). Entretanto, h a necessidade do uso de

    veculos vacinais com estabilidade trmica e resistncia aos estresses induzidos

    quando da passagem pelas vias de mucosa, esse o caso dos esporos de B. subtilis.

    Dentre as vias de mucosa utilizadas com o B. subtilis como veculo vacinal,

    podemos destacar as vias oral, nasal e, mais recentemente, a sublingual (AMUGUNI;

    TZIPORI, 2012; LUIZ et al., 2008; PACCEZ et al., 2007). As primeiras estratgias

    usando B. subtilis como veculo vacinal foram baseadas na administrao oral das

  • 38

    linhagens vacinais contra uma variedade de patgenos humanos e de animais.

    Contudo, apesar dos resultados iniciais promissores desta via de administrao, o

    pouco conhecimento do processamento do antgeno, a necessidade de usar uma

    grande quantidade de antgeno e altos nmeros de doses, associados a muitos

    insucessos induziram a busca de outras vias de administrao (CUTTING et al., 2009;

    FU et al., 2008; HU et al., 2011; LUIZ et al., 2008; NING et al., 2011; PACCEZ et al.,

    2007; PERMPOONPATTANA et al., 2011).

    A via nasal tem demonstrado potencial aplicao visto que capaz de induzir

    respostas sistmicas e de mucosa superiores a administrao oral, com nmero de

    doses menores e concentrao menor do antgeno. Abordagens vacinais baseadas

    em B. subtilis, principalmente aquelas empregando esporos recombinantes

    expressando o antgeno na superfcie, usando essa via produziram resultados

    similares e, em muitos casos, superiores aos obtidos com a imunizao oral, com

    produo de altos ttulos de IgA nas mucosas e de IgG srico, permitindo a reduo

    da quantidade de esporos usados e melhora do protocolo vacinal (DUC et al., 2007;

    LEE et al., 2010; LEE et al., 2010b). Contudo, a segurana desta via tem sido

    criticada desde que alguns estudos demonstraram que antgenos inalados ou

    adjuvantes co-administrados podem percorrer um caminho retrgrado pelo bulbo

    olfativo e causar efeitos colaterais (ARMSTRONG et al., 2005).

    Mais recentemente grupos tem explorado a via sublingual como alternativa a

    via oral e, possivelmente, para via nasal. Na via sublingual os antgenos no sofrem

    com a degradao por enzimas, alm disso, o antgeno rapidamente absorvido. De

    fato, trabalhos usando esporos de B. subtilis tem demonstrado a capacidade desta via

    de induzir anticorpos sistmicos e de mucosa protetores contra a toxina tetnica em

    camundongos e leites (AMUGUNI et al., 2011, 2012). Contudo, estudos mais

    aprofundados so necessrios para caracterizar melhor a captura, processamento e

    gerao de respostas contra os antgenos carreados pelo B. subtilis usando essa via

    de administrao.

  • 39

    2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivo geral

    Este projeto teve como objetivo desenvolver e caracterizar diferentes

    estratgias vacinais contra a crie dental humana causada pelo S. mutans usando

    linhagens geneticamente modificadas de B. subtilis. As linhagens de B. subtilis foram

    modificadas para expressar como antgeno vacinal um fragmento (P139-512) da

    protena P1, a maior protena de superfcie de S. mutans, claramente envolvida na

    adeso do patgeno a superfcie dental.

    2.2 Objetivos especficos

    O trabalho de tese envolveu trs objetivos especficos, cada um deles

    representando uma etapa das pesquisas realizadas. (i) Caracterizao das

    propriedades antignicas e imunognicas de um novo fragmento derivado da protena

    P1 de S. mutans, a protena P139-512, expresso em linhagem recombinante de B.

    subtilis; (ii) Uso da protena P139-512 como alvo em vacinas de subunidade em

    associao com diferentes adjuvantes; (iii) Construo e caracterizao de um novo

    sistema de entrega baseado em esporos de B. subtilis com capacidade interagir com

    clulas intestinais e avaliao do potencial vacinal contra o S. mutans.

  • 40

    3 MATERIAIS E MTODOS

    3.1 Linhagens e vetores bacterianos, condies de cultivo

    As linhagens e os vetores bacterianos utilizados nesta tese esto descritos nas

    Quadros 1 e 2. As condies de cultivo foram especficas para cada linhagem, sendo

    que as cepas de S. mutans foram cultivadas em meio THY ou BHY a 37 C com 5%

    de CO2. A linhagem de S. mutans PC3370 foi cultivada em meio contendo tetraciclina

    (15 g/ml) e a linhagem PC3370C em meio com tetraciclina (15 g/ml) e canamicina

    (500 g/ml). As linhagens de B. subtilis e de E. coli foram mantidas em meio Luria

    Bertani (LB) com antibiticos especficos a 37 C em aerobiose.

    3.2 Competncia e transformao em E. coli

    A competncia qumica e transformao trmica de E. coli foi realizada de

    acordo com protocolos descritos por Sambrook et al. (2001). Para o preparado de

    competncia uma unidade formadora de colnia (ufc) de E. coli DH5, previamente

    isolada em meio LB contendo MgCl2 (25 mM), foi inoculada em 5 ml de LB e incubada

    a 37 oC, 200 rpm por 16 horas. Depois, 500 l da cultura foi inoculada em 50 ml de LB

    e incubada a 37 oC at atingir a D.O600nm de 0.5 0.6. Em seguida, a cultura foi

    mantida em gelo por 15 minutos e depois centrifugada (5.000 rpm, 10 minutos, 4oC).

    As clulas foram ressuspendidas em 16 ml de RF1 (100 mM RbCl, 50 mM

    MnCl2.4H2O, 30 mM KOAc, 10 mM CaCl2.2H2O, 15% (peso/vol), pH ajustado para 5.8

    usando 0.2 M de cido actico) e mantidas em gelo por 60 minutos, em seguida foram

    centrifugadas (5.000 rpm, 10 minutos, 4 oC). Logo aps, a amostra foi ressuspendida

    em 4 ml de RF2 (10 mM MOPS, 10 mM RbCl, 75 mM CaCl2.2H2O, 15% (peso/vol), pH

    ajustado para 6.8 usando 1 M de NaOH) e mantida em gelo por 15 minutos. Amostras

    de 200 l foram imediatamente congeladas usando nitrognio lquido e depois

    estocadas a 80 oC.

  • 41

    Para a transformao foi usada uma amostra de clulas quimiocompetentes

    (200 l) para cada vetor a ser transformado. As clulas foram incubadas em gelo por

    10 minutos e a mistura de ligao foi adicionada. O conjunto foi incubado em gelo por

    35 minutos e colocado em banho-maria a 42 C por 2 minutos. Imediatamente, a

    mistura foi incubada em gelo por 10 minutos e foi adicionado 800 l de SOC (2%

    triptona (peso/vol), 0.5% extrato de levedura (peso/vol), 10 mM NaCl, 2.5 mM KCl, 10

    mM MgCl2, 20 mM glicose), para cada tubo de transformao. Novamente, a amostra

    foi incubada por 90 minutos a 37 C com agitao leve (100 rpm). A suspenso foi

    semeada em placas de LB contendo os antibiticos de escolha e mantida a 37 C por

    uma noite, para obteno das colnias transformantes.

    3.3 Competncia e transformao em B. subtilis

    As linhagens de B. subtilis preparadas para transformao seguiu protocolo

    descrito por Anagnostopoulos e Spizizen (1961). O B. subtilis torna-se competente

    aps cultivo em meio HS (20% de glicose, 0.1% de L-triptofano, 10% de extrato de

    levedura, 2% de casaminocidos, 8% de arginina e 0.4% de histidina) at o incio da

    fase estacionria (D.O600nm igual ou superior 3). Nessa D.O foi adicionado 1 ml de

    glicerol 80% para cada 10 ml de cultura competente e esta foi separada em amostras

    (1 ml) armazenadas a 80 C at sua utilizao.

    Para a transformao de B. subtilis uma amostra de clula competente foi

    inoculada em 10 ml de meio LS (S-Base Mg2+ 1X; 20% glicose; 0.1% L-triptofano; 2%

    casaminocidos; 2% extrato de levedura; 500 mM MgCl2). A cultura foi incubada por 2

    horas a 30 C, sob agitao constante, aps este perodo foi adicionado 100 l de

    EGTA (etilenoglicol tetractico). Novamente, a cultura foi incubada a 30 C por 5

    minutos, uma amostra de 1 ml foi retirada e o vetor de interesse foi adicionado.

    Seguiu-se nova incubao a 37 C por 2 horas. Ao final, a cultura foi centrifugada, o

    precipitado ressuspendido em 200 l de meio LS, semeado em placas LB contendo o

    antibitico de escolha e incubado por uma noite 37 C.

  • 42

    Quadro 1 - Linhagens empregadas e construdas neste trabalho.

    Linhagens Caractersticas Referncia

    S. mutans

    UA159 Linhagem selvagem do sorotipo c; genoma sequenciado AJDIC et al.(2002)

    NG8 Linhagem selvagem do sorotipo c, ErmS, Spec

    S, Kan

    S LI et al.(2001)

    PC3370 S. mutans NG8 spaP::tetR

    CROWLEY et al. (1999)

    PC3370C PC3370 contendo o vetor pMAD (P1 completa); Tet

    R;

    KanR

    BRADY et al. (1998)

    E. coli

    DH5 F

    -80dlacZM15 (lacZYA-argF)U169 deoR, recA1

    endA1 hsdR17(rk- mk

    + phoA supE44

    - thi-1 gyrA96 relA1

    Invitrogen

    CG14 M15(pREP4) albergando o vetor pCG14 BRADY et al. (1998)

    B. subtilis

    1012 leuA8 metB5 trpC2 hsrdRM1amyE::neo. WEHRL; NIEDERWEIS; SCHUMANN, (2000)

    DV701 1012 transformada com o vetor pLDV701 (P139512 sobre o controle do promotor Pgrac).

    Este trabalho

    LDV700 1012 transformado com pHCMC03. Este trabalho

    LDV702 1012 transformada com vetor pLDV702. Este trabalho

    BsSlpA 1012 expressando o gene slpA de L. brevis (thrC::slpA-

    SpecR)

    Este trabalho

    LDV703 BsSlpA transformada com o vetor pLDV702. Este trabalho

    BsInvA 1012 expressando a protena InvA (invA) de Y. pseudotuberculosis (thrC::invA-Spec

    R).

    Este trabalho

    LDV704 BsInvA transformado com pLDV702. Este trabalho

    BsInv600 1012 expressando a regio ligadora da protena InvA (inv600) de Y. pseudotuberculosis (thrC::inv600-Spec

    R).

    Este trabalho

    LDV705 BsInv600 transformado com pLDV702. Este trabalho

  • 43

    Quadro 2 - Vetores empregados e construdos neste trabalho.

    Plasmidios Caractersticas Referncia

    pGEM-T-Easy

    Ampr; operon lac;T- end

    Promega

    pCG14 Derivado do pQE-30 clonado com o gene spaP que codifica

    para os aminocidos 39 a 1561 da protena P1 BRADY et al. (1992)

    pGP1N

    pGEM-T- Easy clonado com a sequncia que codifica para a regio N-terminal da protena P1 de S. mutans UA159 (P139-512)

    Este trabalho

    pDG1731 Vetor para integrao ectpica no gene thrC; AmpR, Spec

    R

    GUEROUT-FLEURY; FRANDSEN; STRAGIER, (1996)

    pDGcotB pDG1731 contendo o fragmento que codifica para a regio N-terminal do gene cotB e seu promotor proveniente da linhagem 1012 de B. subtilis

    Este trabalho

    pSlpA pDGcotB clonado com o gene slpA de L. brevis Este trabalho

    pInvA pDGcotB clonado com o gene invA de Y. pseudotuberculosis

    Este trabalho

    pInv600 pDGcotB clonado com a regio ligadora do gene invA Este trabalho

    pHT08 AmpR; Cm

    R; Promotor induzvel por IPTG (Pgrac); His-tag NGUYEN; PHAN;

    SCHUMANN, (2007)

    pLDV701 Vetor pHT08 clonado com o gene spaP1N (codifica para a

    protena P139-512) Este trabalho

    pHCMC03 PgsiB (Promotor induzvel por estresse), ApR; Cm

    R PHAN; NGUYEN;

    SCHUMANN (2006)

    pLDV702 Vetor pHCMC03 clonado com o gene spaP1N (codifica

    para a protena P139-512) Este trabalho

  • 44

    3.4 Lise de clulas vegetativas de B. subtilis

    Amostras de clulas de B. subtilis foram vigorosamente ressuspendidos em

    tampo lise (30% sacarose, 50 mM Tris-HCl 7.2, 800 g/ml de lisozima) e incubadas

    a 37 C por 15 minutos. Foi adicionado 10 l de SDS (dodecil sulfato de sdio)

    seguido por homogeneizao vigorosa. As amostras lisadas foram armazenadas a

    80 C at o momento do uso.

    3.5 Extrao de protenas totais de S. mutans

    Culturas de S. mutans crescidas por 16 horas em meio BHY ou THY foram

    centrifugadas (7.000 rpm, 5 minutos). As clulas foram lavadas duas vezes

    vigorosamente com gua destilada estril. Em seguida, o material foi ressuspendido

    em 1/3 do volume inicial em gua destilada e submetido a trs ciclos trmicos (30

    minutos -80 C, seguido por 30 minutos 37 C). A mistura foi homogeneizada

    vigorosamente com 800 g/ml de lisozima e incubado por 1 hora a 37 C. Por fim, foi

    adicionado 1/10 volume de SDS a 10% e a mistura foi ressuspendida vigorosamente.

    As amostras lisadas foram armazenadas a 80 C at o momento do uso.

    3.6 Induo e purificao da protena CG14 a partir de E. coli

    A induo e purificao da protena P1 completa (CG14) de S. mutans NG8 em

    sistema pQE-30 de E. coli seguiu protocolo descrito por Brady et al., 1998.

    3.7 Produo de anticorpos anti-P1 de S. mutans

    A protena purificada P1 (CG14) foi inoculada por via subcutnea em

    camundongos Balb/c. O protocolo de imunizao foi o de cinco doses com intervalo

    de 15 dias e a coleta de soro foi feita 15 dias aps a ltima dose. Foi administrado por

  • 45

    dose 10 g de protena/animal. A primeira dose foi administrada com adjuvante

    completo de Freund e as demais com adjuvante incompleto de Freund. As amostras

    de soro foram preparadas para uso e estocadas a 20 C at uso.

    3.8 Construo do vetor de clonagem pGP1N

    3.8.1 Isolamento de DNA genmico de S. mutans

    Uma amostra de S.mutans UA159 crescido (2 ml) por uma noite a 37 C foi

    centrifugada (7.000 rpm, 5 minutos). Ao precipitado foi adicionado 400 l de tampo

    de lise (50 mM EDTA, 0.5% -mercaptaetanol, 3% SDS, 50 mM Tris HCl pH 7.2). O

    precipitado foi ressuspendido vigorosamente e depois incubado por uma hora a 65 oC

    com agitao a cada 15 minutos. Aps a incubao, as amostras lisadas foram

    tratadas com igual volume de fenol:clorofrmio (1:1) e submetidas centrifugao. A

    fase aquosa (superior) foi retirada e transferida para outro tubo, ao qual foi adicionado

    igual volume de clorofrmio:alcol isoamlico (24:1). Novamente a amostra foi

    centrifugada e a fase superior removida e transferida para outro tubo. Em seguida, foi

    adicionado 200 l de isopropanol absoluto e 40 l de acetato de sdio 3 M (NAOAc),

    as amostras foram centrifugadas e o sobrenadante foi descartado. O precipitado foi

    lavado com 500 l de etanol 70% e centrifugado (5 minutos, 10.000 rpm), o

    sobrenadante foi descartado e o precipitado seco foi ressuspendido em 30 l de gua

    milliQ estril contendo 50 g/ml de RNAse. As amostras foram analisadas em gel de

    agarose 0,8% e estocadas a -20 C.

    3.8.2 Amplificao do gene spaP1N por reao em cadeia da polimerase (PCR) e

    clonagem no vetor pGEM-T-easy

    A regio do gene spaP que codifica para sua poro N-terminal sem o peptdeo

    sinal e uma pequena poro da regio V da protena P1, foi denominada nesta tese

    de spaP1N e foi amplificada usando iniciadores especficos desenhados (Quadro 3).

    Para as reaes de amplificao foram empregadas 100 ng de DNA genmico da

  • 46

    linhagem UA159 de S. mutans, 1.5 pmoles de cada iniciador, 1.6 mM de dNTP, 4 mM

    de MgCl2, 1X tampo da enzima e 1 unidade de Taq DNA polimerase Platinum

    (Promega, Madison, Wisconsin, USA) para um volume final de 50 l. O ciclo de PCR

    empregado foi: 2 minutos a 92 oC, 2 minutos a 94 oC, 3 minutos a 56 oC, 2 minutos

    72 oC, repetio por 29 vezes, 20 minutos a 72o C. O produto gerado foi analisado

    com eletroforese em gel de agarose 0,8%.

    O produto de PCR originado foi purificado usando o kit GFX (Amersham,

    USA) segundo mtodo descrito pelo fabricante e posteriormente, submetido a reao

    de adio de cauda poli-A. Para a reao foram empregados 100 ng de fragmento de

    PCR purificado, 0.5 mM de dATP, tampo enzimtico 1X e 1 unidade de enzima CIAP

    (calf intestinal alkaline phosphatase, Fermentas, Pittsburgh, Pensilvnia, USA) para

    um volume final de 50 l. A reao foi incubada por 15 minutos a 37 oC, seguida por

    inativao a 70 oC por 5 minutos. Novamente, os produtos foram purificados com kit

    GFX.

    O fragmento preparado foi utilizado para a clonagem no vetor pGEM-T-Easy

    (Promega), sendo utilizado 150 ng de inserto, 50 ng de vetor, 1 unidade de T4 DNA

    ligase, 1X tampo enzimtico, 1X polietilenoglicol (PEG 4000) e H2O milli-Q q.s.p 10

    l. A reao foi incubada por 1 hora a 22o C e depois por uma noite a 4o C. A mistura

    de ligao foi transformada em linhagem quimiocompetente de E. coli K12 por mtodo

    de choque trmico (SAMBROOK et al., 2001). As colnias de E. coli resistentes

    ampicilina e deficientes na converso do X-gal (colnias brancas) foram submetidas

    ao isolamento do DNA plasmidial e clivagem com enzimas de restrio para

    confirmao da clonagem dos fragmentos amplificados (SAMBROOK et al., 2001). O

    vetor originado foi denominado de pGP1N (Quadro 2) e foi confirmado por

    sequenciamento.

  • 47

    Quadro 3 - Iniciadores desenhados para a amplificao dos genes de interesse.

    GENE NOME STIO DE

    RESTRIO1

    SEQUNCIA

    spaP1N

    FWspaP BamHI aaaggatccatggatgaaacgaccactac

    RVsbr AatII cgcgacgtcatttggctcaagatcatagac

    cotB

    CotB5 BamHI ggccatggatccacggattaggccgtttgtcc

    CotB3 HindIII ggccataagcttggatgattgatcatctgaagatt

    slpA

    SlpAFw HindIII caacgactgctaagcttatgaagtcatacgct

    SlpARv EcoRI ggccatgaattccgttatcgttggtggc

    invA

    InvAFw HindIII atatccctaaagcttgtacctacgctgaccggt

    InvA3 EcoRI ggccatgaattctattgacagcgcacagagcg

    Inv600 InvA5 HindIII ggccataagcttcttttccagccaatcagtga

    1 Sequncia de restrio sublinhada

  • 48

    3.9 Construo do vetor de expresso pLDV701

    A subclonagem do gene spaP1N no vetor de expresso pHT08 de B. subtilis

    envolveu a obteno do fragmento por meio de dupla digesto com as enzimas

    BamHI e AatII a partir do vetor pGP1N, assim como digesto do vetor pHT08 com as

    mesmas enzimas. Para tal reao foram empregados 200 ng de vetor, 1X tampo

    enzimtico, 1 unidade de BamHI, 1 unidade de AatII e H2O q.s.p 50 l, a digesto foi

    mantida por 2 horas a 37o C. Aps este perodo, as amostras foram submetidas a

    eletroforese em gel de agarose 0,8% e a banda correspondente ao fragmento de

    interesse, aproximadamente 1.4 kb, foi excisada, e purificado com kit GFX segundo

    instrues do fabricante. O produto purificado e quantificado foi ligado empregando a

    reao de ligao: 150 ng de inserto, 50 ng de vetor, 1 unidade de T4 DNA ligase, 1X

    tampo enzimtico, 1X PEG 4000 e H2O milli-Q q.s.p 10 l. A reao foi incubada por

    1 hora a 22 C e depois por uma noite a 4 C. A mistura de ligao foi transformada

    em linhagem competente de E. coli K12 DH5. As colnias que cresceram em meio

    seletivo foram isoladas e submetidas a extrao de DNA plasmidial, seguida de

    anlise de restrio com as correspondentes enzimas e visualizao em gel de

    agarose. O vetor construdo foi denominado de pLDV701 (Quadro 2).

    3.10 Expresso da protena recombinante P139-512 em linhagem de B. subtilis

    LDV701

    O vetor pLDV701 construdo e o vetor pHT08 (controle) foram introduzidos por

    transformao natural em clulas competentes da linhagem 1012 de B. subtilis,

    originando as linhagens LDV701 e LDV700, respectivamente (Quadro 1). Um clone

    recombinante transformado com o vetor pLDV701 e outro com pLDV700 foram

    selecionados e submetidos a induo da expresso proteica. As linhagens de B.

    subtilis LDV701 e LDV700 (controle) foram crescidas em meio LB, com 30 g/ml de

    cloranfenicol a 37 oC sob agitao constante (200 rpm) por 16 horas. Aps esse

    perodo, 1 ml do pr-inculo foi diludo em 50 ml de meio LB com cloranfenicol (20

    g/ml) e incubado a 37 oC sob agitao at atingir a D.O600nm de 0,6-0,8. Nesta D.O

  • 49

    foi retirado 1 ml da cultura, centrifugado (5 minutos, 7.000 rpm). O precipitado,

    denominado de T0 (tempo 0), foi congelado a 20 oC. A induo da expresso da

    protena P139-512 foi realizada com a adio de IPTG (Isopropil -D-tiogalacyosdeo)

    na concentrao final de 1 mM ao restante da amostra. Aps a adio do agente

    indutor a linhagem foi cultivada a 37 oC sob agitao por mais 4 horas. Ao final a

    amostra induzida foi centrifugada (7.000 rpm, 10 minutos), e o precipitado (T4) foi

    congelado a -20 oC. As amostras correspondentes ao T0 e T4 de B. subtilis foram

    lisadas conforme protocolo de lise proteica e preparados com tampo de amostra de

    SDS-PAGE. As suspenses foram aquecidas a 100 oC por 10 minutos e depois

    analisadas em gel de poliacrilamida SDS-PAGE (SAMBROOK et al., 2001).

    3.11 Fracionamento da amostra induzida de LDV701

    Inicialmente, os precipitados induzidos de B. subtilis LDV701 e LDV700 foram

    submetidos a ressuspenso vigorosa com 1/10 do volume de tampo F (0.1 M Tris

    HCl pH 7.0, 0.5 M NaCl) e lisozima (800 g/ml), seguido por uma incubao em gelo

    por 30 minutos. Posteriormente,foi adicionado 0.01% SDS e 0.01 mM PMSF

    (fenilmetanosulfonilfluorido), e as suspenses foram sonicadas por 2.5 minutos, com

    pulso ativo de 30 segundos e pausa de 1 minuto, com amplitude minma de 40% por 3

    vezes. Aps o fracionamento, as amostras foram centrifugadas (1 hora, 13.000 rpm,

    4 C), o precipitado foi separado do sobrenadante e estes foram denominados de

    extrato insolvel (I) e solvel (S), respectivamente. Amostras dos extratos solveis e

    insolveis foram preparadas com tampo de amostra, fervidas por 5 minutos, e

    analisadas em gel desnaturante de poliacrilamida. A concentrao de protenas foi

    determinada usando kit de quantificao proteica BCA (Pierce, Rockford, Ilinois,

    USA), com soro albumina bovina como padro.

  • 50

    3.12 Purificao da protena recombinante P139-512 a partir de linhagem

    recombinante de B. subtilis

    O extrato solvel da linhagem LDV701 foi aplicado no aparelho FPLC (fast

    performance liquid chromatograph) AKTA usando colunas niqueladas segundo

    instrues do fabricante (Amersham Bioscience). As amostras foram eludas com

    tampo B (0.1 M Tris HCl, 0.5M NaCl, pH 7.5) com concetraes crescentes de

    imidazol (0.05 M at 1 M) e as eluies foram verificadas em gel de policrilamida.

    3.13 SDS-PAGE e Western blot da protena P139-512

    A eletroforese em gel desnaturante de policarilamida (SDS-PAGE) foi feita

    segundo protocolo descrito por Laemmli (1970), e usando o aparelho Mini Protean II

    vertical electrophoresis unit (Miniprotean, BioRad). Para os ensaios com a protena

    P1 completa foram usados gis de poliacrilamida com concentrao de 7.5%, para os

    demais ensaios foram empregados gis de 12.5%. Os Western blots foram realizados

    usando incubao das membranas de nitrocelulose com anticorpo anti-P1 especfico

    (1:3,000) ou anti-P139-512 (1:2,000). As bandas reativas foram detectadas com kit de

    quimio luminescncia (Super Signal, Pierce), como descrito pelo fabricante.

    3.14 Expresso e purificao dos fragmentos da protena P1

    Os fragmentos da P1 (CK2, LT1, MA41, NR5) foram produzidos e purificados

    seguindo os protocolos descritos por McArthur et al. (2007); Rhodin et al. (2004);

    Robinette et al. (2009, 2011).

    3.15 Preparao dos anticorpos monoclonais (mAbs) anti-P1

    Os mAbs anti-P1 (mAb 3-8D, 1-6F, 4-9D e 4-10A) foram obtidos de hibridomas

    previamente estabelecidos no laboratrio da Dra L. Jeannine Brady (AYAKAWA et al.,

  • 51

    1987). Todos os mAbs empregados neste trabalho foram purificados seguindo o

    protocolo descrito por Robinette et al. (2009).

    3.16 Reatividade dos anticorpos monoclonais anti-P1 com a protena P139-512 por

    meio de Western blot

    A protena P139-512 recombinante purificada de B. subtilis foi submetida