MÍDIA, PSICOLOGIA E SUBJETIVIDADE · Aspectos sobre a colaboração do usuário na construção de...

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Aspectos sobre a colaboração do usuário na construção de conteúdos midiáticos MÍDIA, PSICOLOGIA E SUBJETIVIDADE BEATRIZ CAVENAGHI BRENO BIAGIOTTI CRISTIANE FONTINHA

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Aspectos sobre a colaboração

do usuário na construção de

conteúdos midiáticos

MÍDIA, PSICOLOGIA E SUBJETIVIDADE

BEATRIZ CAVENAGHI

BRENO BIAGIOTTI

CRISTIANE FONTINHA

Agenda

1. PRESSUPOSTOS

2. CONCEITOS

3. COLABORAÇÃO NO AMBIENTE DE MÍDIA ELETRÔNICA

4. COLABORAÇÃO NO AMBIENTE VIRTUAL

Telejornalismo

Fotojornalismo - Internet

Redes de aprendizagem / MOOCs

PRESSUPOSTOS

A Internet promove um embaralhamento dos meios de comunicação. A cultura da convergência (JENKINS, 2008), onde uma mídia é constantemente influenciada pelas demais, gera uma maneira cada vez mais complexa de produzir e consumir informação.

Toda produção midiática envolve aspectos subjetivos, tanto no âmbito da produção quanto da recepção.

O usuário – tanto em ambientes virtuais quanto em ambientes de comunicação analógica – não é passivo, mas interfere no processo comunicativo a partir de seu repertório de conhecimentos.

MÍDIA Instrumentos e objetos de comunicação

Mídia eletrônico-digital – “atuam também como agentes inteligentes e ativos no processo de mediação de informações e conhecimentos”.

“Mídias ativas, que desempenham funções de suporte, armazenamento e distribuição ou comunicação de informações, com autonomia parcial ou integral, ou seja, de algum modo independente da ação direta dos agentes humanos” (PERASSI, 2010)

SUBJETIVIDADE Capacidade do locutor de se posicionar como “sujeito” –

Benveniste, 1966.

Os fundamentos para essa capacidade residem na

linguagem, onde o homem se constitui como sujeito.

“A consciência de si é possível somente quando ela se

testa por contraste. Somente emprego eu quando me

dirijo a alguém, que será, na minha locução, um tu”

(Benveniste, 1966).

O tempo vai

mudar

Creio que o

tempo vai mudar

Colaboração do usuário na

produção televisiva

Transformações impulsionadas pelo desenvolvimento tecnológico e

pelo contexto de convergência entre as diferentes mídias;

Popularização do acesso à Internet, das tecnologias de produção,

edição e circulação de conteúdo audiovisual e das redes sociais;

O conteúdo que circula nos canais e aplicativos criados para o

AMBIENTE VIRTUAL converge com apresentados nas mídias

tradicionais/eletrônicas como é o caso da televisão.

Colaboração do usuário na produção televisiva

Open Source

Ligado aos processos de produção colaborativa de notícias por parte dos usuários através de softwares, como

plataformas wiki, por exemplo (BRAMBILLA, 2005).

Cidadão

Envolve atitudes cidadãs a partir do engajamento das pessoas que fazem parte de uma comunidade e que

decidem atuar, também, na produção de notícias em plataformas variadas: internet, rádio, impresso, TV, etc. (FOSCHINI & TADDEI, 2006).

Participativo

Populariza-se com o advento dos blogs e outros meios sociais de comunicação pela Internet. Está inserido no chamado

Jornalismo 3.0, movimento no qual há a sociabilização do conteúdo e dos próprios meios onde essas informações são veiculadas (VARELA, 2007).

Jornalismo

Colaboração do usuário na produção televisiva

Telejornalismo

telespectador-repórter

indivíduo-repórter

cidadão-repórter

Parceiro

Criado em janeiro de 2013

Objetivo: fazer com que os telespectadores

colocassem em prática o “lado repórter”.

Uma matéria especial explicou como funcionaria

o quadro e a colaboração dos telespectadores

no programa.

Colaboração do usuário na produção televisiva

Correspondente JA

*CROCOMO, CAVENAGHI, FRAZÃO, 2013

janeiro de 2013 - 11 ocorrências do quadro.

1 fotografias – 10 vídeos

Colaboração do usuário na produção televisiva

Correspondente JA

*CROCOMO, CAVENAGHI, FRAZÃO, 2013

• caminhões despejando lixo em um terreno particular;

• carros circulando sobre as dunas em Florianópolis;

• estacionamento irregular sobre ciclovias;

• piloto de jet-ski coloca em risco a vida de banhistas;

• situação intransitável de uma ponte sem manutenção;

• atendimento precário no Instituto de Cardiologia local.

Colaboração do usuário na produção televisiva

Correspondente JA

*CROCOMO, CAVENAGHI, FRAZÃO, 2013

A denúncia foi exibida no dia 7 de janeiro e ganhou

destaque em toda a edição do telejornal:

EDITORIAL:

“mais respeito com todas as pessoas, principalmente

aqueles que já passaram dos 70 anos”

ESCALADA:

Traz detalhes sobre o caso e mostra parte do vídeo-

denúncia, sem dizer, ainda que se trata de uma

colaboração feita por um telespectador.

Colaboração do usuário na produção televisiva

Correspondente JA

*CROCOMO, CAVENAGHI, FRAZÃO, 2013

CABEÇA:

“Nós começamos hoje agradecendo a você, que nos ajuda

todos os dias a fazer um Jornal do Almoço que tenha cada vez

mais a sua cara. Que ajude a resolver os seus problemas.

É só assim, com essa parceria, que faremos um programa cada

vez melhor. Nós aqui, e você aí de casa, que ajuda

denunciando situações que a nossa câmera não consegue

registrar. A denúncia de hoje vem do Instituto de Cardiologia

que funciona na Grande Florianópolis e só foi possível graças a

mais um Correspondente JA”.

O vídeo rendeu 13 minutos e 46 segundos de

produção para o telejornal

Colaboração do usuário na produção televisiva

Correspondente JA

*CROCOMO, CAVENAGHI, FRAZÃO, 2013

Diante do contexto de transformações na produção, na circulação e no consumo de

conteúdo audiovisual, o telejornal se vê pressionado a produzir alternativas que

promovam o telespectador a um novo patamar: ele deixa de ser apenas

consumidor para se tornar também um coautor da informação, produtor de

conteúdo, seja no envio de pauta, seja na produção de vídeo ou foto,

posteriormente transformado em notícia.

Há um apelo exagerado à participação, tanto no quadro quanto na produção do

programa em geral, sugerindo que a produção do telejornal – e, como

consequência, a atividade jornalística praticada nele - é baseada e dependente

da colaboração dos telespectadores.

Colaboração do usuário na produção televisiva

Correspondente JA

*CROCOMO, CAVENAGHI, FRAZÃO, 2013

O telejornal enaltece a colaboração do telespectador na produção do telejornal, dando a ele,

discursivamente, um papel de protagonismo.

Porém...

São os produtores do programa que selecionam o material enviado pelos telespectadores e julgam, de

acordo com a linha editorial do programa ou da emissora, quais merecem espaço no discurso do

telejornal.

São os produtores quem decidem como usar o material escolhido, através da edição do vídeo feito

pelo telespectador.

ESTRATÉGIA: simulação de interatividade e colaboração

características da comunicação via Internet

A estratégia de empoderamento do telespectador só reforça o poder

do próprio programa e de sua emissora.

Colaboração do usuário na produção televisiva

Correspondente JA

*CROCOMO, CAVENAGHI, FRAZÃO, 2013

1. nem todos conseguirão realizar obras televisivas, uma vez que é necessário uma

capacitação técnica para tanto (para operar uma câmera, editar o material

produzido, etc.). Além de vontade, é preciso ter talento para a atividade;

2. nem todos os telespectadores querem participar do processo de produção de

conteúdo; sempre existirão os que ainda preferem consumir o que está disposto na

programação.

Cannito (2010)

“Na cultura da convergência, todos são participantes – embora os participantes

possam ter diferentes graus de status e influência” (JENKINS, 2008, p. 182).

Convergência e subjetividade: a

construção de uma nova narrativa visual

no jornalismo online.

As tecnologias digitais transformaram o fazer jornalístico e a forma como ele é consumido.

Em busca da informação de maior qualidade, o consumidor acessa os meios tradicionais e também a notícia online, em suas várias “texturas”.

Na internet, o leitor percorre diferentes caminhos em busca de uma subjetividade expressa em uma narrativa mais visual, graças a convergência de linguagens e mídias no webjornalismo.

Com o desenvolvimento das tecnologias digitais, o leitor assimila o conteúdo noticioso de diversas formas, com uma grande capacidade de adaptação as diferentes linguagens e mídias a ele disponibilizadas.

Convergência e subjetividade

Para o pesquisador Alex Primo, as nossas relações com as Midas mudaram, contrapondo-se ao enfoque transmissionista. Com a internet, as interações acontecem entre os agentes, entre o emissor e o receptor:

A tão conhecida fórmula ‘emissor → mensagem → meio →

receptor’ acaba sendo atualizada no seguinte modelo: ‘webdesigner → site → Internet → usuário’. Os termos são

outros, foram ‘modernizados’, mas trata-se da mesma e caduca epistemologia. A diferença é que se destaca que não apenas se recebe o que o pólo emissor transmite, mas também se pode buscar a informação que se quer. O novo modelo, então, seria: ‘webdesigner → site → Internet ← usuário’. Essa seria a fórmula

da chamada ‘interatividade’ (PRIMO, 2008, p. 11).

A hibridação de tecnologias e linguagens vem sendo chamada de convergência das mídias. A hipermídia mescla vários recursos em um todo complexo, convergentes em um só aparelho. Outro traço da hipermídia é a capacidade de armazenar informação pela interação do receptor.

Hipertexto: quebra o fluxo linear e cria unidades ou módulos de informação, unidades básicas de informação em um hipertexto. Da mesma forma que um texto, o hipertexto apresenta conexões, que tornam a informação coesa.

Hipermídia -------------Concentração de informação-----------nós (nexos)

(SANTAELLA, Lucia, 2004)

Convergência e subjetividade

Convergência e subjetividade

Enquanto no impresso a reportagem visual se limitaria a uma edição com poucas fotos – o impresso se vê restrito pelo espaço físico do papel, a internet permite que a fotografia seja apresentada em grande formato e o tema interpretado por vários fotógrafos ao redor do mundo, que retratam a realidade de várias culturas.

Hoje o momento decisivo é o ápice da narrativa. A subjetividade no fotojornalismo se expressa na construção narrativa.

A objetividade e a subjetividade no fotojornalismo

Convergência e subjetividade

Uma referência importante, que marca esta transição, é o blog The Big Picture que pertence ao jornal The Boston Globe. Criado em 2008 pelo programador Alan Taylor.

Criado em 2008 pelo programador Alan Taylor, o blog foi sucesso imediato.

Em apenas 20 dias chegou a alcançar 1,5 milhão de pageviews e obteve cerca de 1.500 comentários.

Assim como o nome revela, o blog traz extensas coberturas em grande formato, sob o ponto de vista de diferentes fotojornalistas.

No início de 2011, o criador do blog, que tem oito milhões de pageviews ao mês, levou o projeto – rebatizado de In Focus – para a revista The Atlantic, sediada em Washington DC.

Convergência e subjetividade

Convergência e imersão seria o caminho para o fotojornalismo? http://www.honkytonk.fr/index.php/webdoc/

Conectivismo - Construção colaborativa

de conhecimento em redes

Behaviorismo, cognitivismo e construtivismo são as três grandes teorias da aprendizagem mais freqüentemente usadas na criação de ambientes instrucionais. Essas teorias, contudo, foram desenvolvidas em um tempo em que a aprendizagem não sofria o impacto da tecnologia.

A duração do conhecimento era medida em décadas. Hoje, esses princípios de origem foram alterados. O conhecimento está crescendo exponencialmente. Em muitas áreas a duração do conhecimento é agora medida em meses e anos.

Muitos aprendizes vão se mover por uma variedade de áreas

diferentes, possivelmente sem relação uma com as outras, durante o curso de suas vidas.

(Siemens, 2006)

Conectivismo -conhecimento em redes

A aprendizagem informal é um aspecto significativo de nossa experiência de aprendizagem. A educação formal não mais cobre a maioria de nossa aprendizagem. A aprendizagem agora, ocorre de várias maneiras – através de comunidades de prática, redes pessoais e através da conclusão de tarefas relacionadas ao trabalho

Saber como e saber o que está sendo suplementado pelo saber onde (o conhecimento de onde encontrar o conhecimento que se necessita).

Conectivismo é a integração de princípios explorados pelo caos, rede, e teorias da complexidade e auto-organização. A aprendizagem é um processo que ocorre dentro de ambientes nebulosos onde os elementos centrais estão em mudança – não inteiramente sob o controle das pessoas.

• O tubo é mais importante do que o conteúdo dentro do tubo.

(Aebischer, 2006)

Conectivismo -conhecimento em redes

O conectivismo apresenta um modelo de aprendizagem que reconhece as mudanças tectônicas na sociedade, onde a aprendizagem não é mais uma atividade interna, individualista. O modo como a pessoa trabalha e funciona são alterados quando se utilizam novas ferramentas.

Mídia de massa e educação vem sendo desenhado em um modelo de fluxo único:

O jornal publica

O professor instrui

A TV informa

Nós consumimos

Nós aprendemos

Nós escutamos

Conectivismo -conhecimento em redes

O fluxo é um ciclo de conhecimento

Princípios do conectivismo

Aprendizagem e conhecimento apoiam-se na diversidade de opiniões.

Aprendizagem é um processo de conectar nós especializados ou fontes de informação.

Aprendizagem pode residir em dispositivos não humanos.

É necessário cultivar e manter conexões para facilitar a aprendizagem contínua.

A habilidade de enxergar conexões entre áreas, idéias e conceitos é uma habilidade fundamental.

Atualização (“currency” – conhecimento acurado e em dia) é a intenção de todas as atividades de aprendizagem conectivistas.

A tomada de decisão é, por si só, um processo de aprendizagem. Escolher o que aprender e o significado das informações que chegam é enxergar através das lentes de uma realidade em mudança. Apesar de haver uma resposta certa agora, ela pode ser errada amanhã devido a mudanças nas condições que cercam a informação e que afetam a decisão.

Conectivismo -conhecimento em redes

Conectivismo -conhecimento em redes

Feedback do conhecimento

• É o elemento chave em qualquer

sistema saudável. A ausência de

feedback é um desperdício de

potencial. Esse retorno permite o

instrutor mensurar o progresso do

aluno, a organização entender a

opinião do consumidor, o gerente

saber das necessidades de seus

funcionários. Quando é aplicado ao

conhecimento, o feedback gera um

espiral progressivo de

desenvolvimento de criação e co-

criação.

Referências:

AEBISCHER, P., Keynote Session 1: 20 MOOCs later: What have we learned? EMOOCS 2014 MOOC

European Stakeholders Summit. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=xxp1p-pqpls>.Acesso

em 9 de julho de 2014.

BRAMBILLA, Ana Maria. A reconfiguração do jornalismo através do

modelo open source. Porto Alegre: Intercom, 2005.

BENVENISTE, É. a(1966). A forma e o sentido na linguagem. In: ______. CHARAUDEAU, Patrick;

MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2012.

CROCOMO, Fernando A.; CAVENAGHI, Beatriz,; FRAZÃO, Samira M. Estratégias de interatividade na

produção telejornalística: o caso do Correspondente JA. Brasília: SBPJor. 2013.

FOSCHINI , Ana Carmen; TADDEI’, Roberto Romano. Conquiste a Rede – Blog.

Livro Virtual. Disponível em: < http:// www.overmundo.com.br/banco/conquiste-a-rede-blog>.

Acesso em10 de agosto de 2014.

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2006.

PERASSI. R. L. S. Conhecimento, mídia e semiótica na área de mídia do conhecimento.

EGC/UFSC. Florianópolis, SC: EGC/UFSC. 2010.

PRIMO, Alex. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição. Porto Alegre:

Sulina, 2008.

SANTAELLA, LUCIA. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007.

SANTAELLA, Lucia (2004). Navegar no ciberespaço: O perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus.

SIEMENS, G. Connectivism: A learning theory for the digital age, International Journal of Instructional

Technology and Distance Learning. 2005.

VARELA, Juan. Jornalismo participativo: o jornalismo 3.0. In: ORDUÑA, Rojas (et. al). Blogs: revolucionando

os meios de comunicação. São Paulo: Thomson Learning, 2007.