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MICROBIOLOGIA CENTRO TÉCNICO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONA CETEP

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Apostila de microbiologia - curso tecnico em enfermagem.

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MICROBIOLOGIA

CENTRO TÉCNICO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONA CETEP

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BACTERIOLOGIA

Introdução à Microbiologia.

Microbiologia: Do grego Mikros, que significa (pequeno), Bio (vida) e logos (ciência).

A Microbiologia é definida como a área da ciência que estuda de microrganismos, um imenso e diverso grupo de organismos unicelulares, que podem ser encontrados como células isoladas ou agrupados em diferentes arranjos, sendo que as células, mesmo estando associadas, exibem caráter fisiológico independente. Assim, com base neste conceito, a microbiologia envolve o estudo de vários organismos como: Procarióticos (bactérias, archaeas), eucarióticos (algas, protozoários, fungos) e também os vírus.

Esta área do conhecimento teve início com os relatos de Robert Hooke e Antony van Leeuwenhoek, que desenvolveram microscópios possibilitando as primeiras observações de bactérias e outros microrganismos de diversos espécimes biológicos. Embora van Leeuwenhoek seja considerado o "pai" da microbiologia, há relatos que Hooke, descreveu a estrutura de um bolor, sendo publicado anteriormente aos de Leeuwenhoek. Assim, embora Leeuwenhoek tenha fornecido importantes informações sobre a morfologia bacteriana, estes dois pesquisadores devem ser considerados como pioneiros nesta ciência. Recentemente foi publicado um artigo discutindo a importância de Robert Hooke para o desenvolvimento da Microbiologia.

Classificação dos Seres Vivos

De acordo com a definição tradicional da microbiologia, esta era uma ciência que até recentemente, era responsável pólo estudo de três reinos distintos: Monera, Protista e Fungi. No entanto, a partir dos estudos de Carl Woese, a microbiologia passou a ser relacionada a três domínios de seres vivos.

Sistema de Classificação dos Seres Vivos.

Linnaeus (século XVIII): reino Animal e Vegetal. Haeckel (1866): introdução do reino Protista.

Whittaker (1969): cinco reinos, divididos pelas características morfológicas e fisiológicas:

Monera: Procariotos.

Protista: Eucariotos unicelulares, protozoários (sem parede celular) e algas (com parede celular).

Fungi: Eucariotos aclorofilados.

Plantae: Vegetais.

Animalia: Animais.

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No entanto, a partir dos estudos de Carl Woese (1977) passamos a dispor de um sistema de classificação baseado principalmente em aspectos evolutivos (filogenética), da seqüência de rRNA de diferentes organismos.Com essa nova proposta de classificação, os organismos são agora subdivididos em três domínios (contendo os cinco reinos), empregando-se dados associados ao caráter evolutivo, que são: Archaea (Procariotos) – Bactéria (Procarioto) e Eukarya (Eucarioto).

A princípio, acredita-se que estes três domínios divergiam a partir de um ancestral comum. Provavelmente os microrganismos eucarióticos ancestrais dos organismos multicelulares, enquanto as bactérias e archaeas não evoluiram além do estágio microbiano.

Archaea: são organismos procariontes que, freüentemente são encontrados em ambientes inóspitos, cuja as condições são bastante extremas (semelhantes ao ambiente existente quando a vida surgiu na Terra), sendo considerados “ancestrais” das bactérias. Nos dias atuais consideram-se as archaeas um grupo intermediário entre procariotos e eucariotos.

Muitos destes organismos são anaeróbios, vivem em locais inabitáveis para os padrões humanos, tais como: fontes termais ( com temperaturas acima de 100°C), águas com elevadissímo teor de sal (até 5M de NaCl), em solos e águas extremamente ácidos ou acalinos (pH entre 0 e 10) e muitas são metano gênicas. A achaeas, definem os limites da tolerância biológica às condições ambientais.

Bactérias: Correspondem a um grupo de procariotos, anteriormente classificados como eubactérias, representadas pelos organismos que compõem a microbiota normal e invasora do homem e outros animais, e bactérias encontradas nas águas, solos, vegetais, ar e ambientes em geral. A maioria são heterótrofagos (não conseguem produzir seu próprio alimento), há também algumas bactérias autótrofas (produzem sem alimento, por exemplo: fotossíntese). Há bactérias aeróbias (precisam de oxigênio para viver), as anaeróbias obrigatórias (não conseguem viver em presença do oxigênio), e as anaeróbias facultativas (podem viver tanto em ambientes oxigenados ou não).

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Dentre estas, temos as bactérias fotossintetizantes (cianobactérias) e outras quimiossintetizantes (Escherichia

coli), e outras utilizam substratos inorgânicos para seu desenvolvimento.

Eukarya: Compreende as algas, protozoários e fungos (além das plantas e animais). As algas caracterizam-se por apresentarem clorofila e outros pigmentos, sendo encontradas nos solos e águas. Os protozoários correspondem às células eucarióticas, apigmentados, geralmente móveis e sem parede celular, nutrindo-se por ingestão e podendo ser saprófitas ou parasitas. Os fungos apresentam parede celular, realizam metabolismo heterotrófico, nutrem-se por absorção e são células sem clorofila.

Como mencionado anteriormente, os vírus são também assunto abordado em microbiologia, embora, formalmente, não exibam as características celulares, por não apresentarem metabolismo próprio.

A Microbiologia na Atualidade

A definição de microbiologia é bastante imprecisa, frente aos dados da literatura publicados nas últimas décadas. Como exemplo pode-se citar duas premissas que já não podem mais ser consideradas como verdade absoluta na conceituação desta área de conhecimento: as dimensões dos microrganismos e a natureza independente destes seres. Em 1985 foi descoberto um organismo, denominado Epulopiscium fischelsoni que, a partir de 1991, foi definido como sendo o maior procarioto já descrito, exibindo cerca de 500 pm (pico metro) de comprimento.

Esta bactéria foi isolada do intestino do peixe marinho (Surgeonfish, peixe barbeiro ou cirurgião), encontrado nas águas da Austrália e do Mar Vermelho. Além de apresentar dimensões nunca vistas, tal bactéria mostra-se diferente das demais no processo de divisão celular, que ao invés de ser por fissão binária (reação espontânea ou provocada, em que o núcleo atômico se divide em duas partes de massas comparáveis), envolve um provável tipo de reprodução vivíparo, levando à formação de pequenos glóbulos, que correspondem às células filhas.

Recentemente, em 1999, outro relato descreve o isolamento de uma bactéria ainda maior, isolada na costa da Namíbia (África), denominada Thiomargarita namibiensis, pode ser visualizada a olho nu, atingindo até 0,8 mm (milímetros) de comprimento e 0,1 a 0,3 de largura.

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Microrganismos atuando como seres multicelulares.

Outro aspecto que vem sendo demonstrado refere-se ao caráter “multicelular” das bactérias. Embora estas exibam a capacidade de sobreviver como uma célula única, realizando os processos metabólicos necessários à sua perpetuação, quando as bactérias encontram-se associadas, formando colônias, ou biofilmes (estruturas rígidas, adesivas, de natureza geralmente polissacarídica, que se encontram fortemente ancoradas às superfícies, criando um ambiente protegido que possibilitam o crescimento microbiano), estas passam a se comportar de forma social, exibindo divisão de tarefas e alterando seu perfil fisiológico de forma a apresentar uma cooperação que reflete em diferentes níveis metabólicos. Sabe-se que muitos genes de virulência são expressos somente quando a densidade populacional atinge um determinado ponto. Da mesma forma, a capacidade de captar DNA do meio externo, a bioluminescência, etc., envolve a percepção da densidade populacional por parte das bactérias.

Este tipo de mecanismo de comunicação é denominado quorum sensing (sensor de quorum) corresponde a um processo de comunicação intra e interespécies microbianas, permitindo aos microrganismos apresentar alterações fenotípicas marcantes quando em altas densidades populacionais.

A descoberta deste tipo de interação microbiana tornou evidente o conceito que, os microrganismos têm a capacidade de se comportar como organismos complexos, capazes de se comunicar e agir coordenadamente, respondendo a diferentes estímulos de modo unificado. Este interessante processo foi descoberto em bactérias luminescentes marinhas, habitantes de órgãos luminescentes de lulas e certos peixes, e vem sendo amplamente estudado nas mais diferentes áreas da Microbiologia, uma vez que foi descrito tanto para bactérias como para fungos.

Ubiqüidade dos Microrganismos.

Os microrganismos são os menores seres vivos existentes, encontrados em uma vasta diversidade de ambientes e desempenham importantes papéis na natureza. Caracterizam-se por serem completamente heterogêneos, tendo como única característica comum o tamanho pequeno dos organismos. Acredita-se que cerca da metade da biomassa do planeta seja constituída pelos microrganismos, sendo os 50% restantes distribuídos entre plantas (35%) e animais (15%).

Os microrganismos são encontrados em quase todos os ambientes, tanto na superfície, como no mar e subsolo. Desta forma, podemos isolar microrganismos de fontes termais, com temperaturas atingindo até 130°C, tais como (termofófilos e hipertermófilos, encontrados no solo, silagem, fontes termais, etc.); de regiões polares, com temperaturas inferiores a (-10°C), tais como (psicrófilos, encontrados em gelo ou geleiras, compreende as algas, bactérias, fungos e protozoários).

As de ambientes extremamente ácidos (pH =1) ou básicos (pH=13). Alguns sobrevivem em ambientes extremamente pobres em nutrientes, assemelhando-se a água destilada, existe ainda aqueles encontrados no interior de rochas na Antártica. Em termos metabólicos, temos também os mais variados tipos, desde aqueles com vias metabólicas semelhantes à de eucariotos superiores, até outros que são capazes de

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produzir ácido sulfúrico, ou aqueles capazes de degradar compostos pouco usuais como cânfora, herbicidas,

petróleo, etc.

Uma vez que os microrganismos precederam o homem em bilhões de anos, pode-se dizer que nós evoluímos em seu mundo e eles em nosso. Desta forma, não é de se estranhar que a associação homem-microrganismo mostra-se com grande complexidade, com os microrganismos habitando o nosso organismo, em locais tais como a pele, intestinos, cavidade oral, cavidade nasal, ouvidos e trato geniturinário. Embora a grande maioria destes microrganismos não cause qualquer dano, compondo a denominada “microbiota normal”, algumas vezes esses podem originar uma série de doenças, com maior ou menor gravidade, podendo ser patogênicos e não-patogênicos.

Principais Funções dos Microrganismos na Natureza.

Além de compor a microbiota residente de animais e plantas, em nosso dia a dia convivemos com os mais diversos produtos microbiológicos naturais, tais como: vinho, cerveja, queijo, picles, vinagre, antibióticos, pães, etc.. Também, não podemos deixar de lado a importância dos processos biotecnológicos, envolvendo engenharia genética, que permite a criação de novos microrganismos.

Os microrganismos desempenham também um importante papel nos processos geoquímicos, uma vez que comportam de forma distinta e estão classificados em: aeróbios, tais como o ciclo do carbono e do nitrogênio, tendo importância fundamental nos processos de decomposição de substratos e sua reciclagem. Dentre os compostos utilizados como substrato temos alguns de grande importância atualmente: Dicloro Difenil Tricloretano (DDT), outros pesticidas, cânfora, etc..

O carbono encontra-se na atmosfera primariamente como CO2, sendo utilizados pelos organismos fotossintetizantes, para sua nutrição. No entanto, a energia para o desenvolvimento para vida na terra é derivada, em última análise, a partir de luz solar, que é captada pelas plantas e microrganismos fotossintetizantes (algas e bactérias), convertendo o CO2 em compostos orgânicos, através da reação: CO2 + H2O → CH2O + O2.

O CO2 atmosférico torna-se disponível para utilização na fotossíntese, por intermédio de duas fontes biológicas principais: Processo de respiração de 5 a 10% e da degradação, ou seja, da decomposição microbiana de compostos orgânicos, alcançando um percentual de 90 a 95%. A celulose existente nas plantas, embora seja um substrato extremamente abundante na terra, não é utilizada pela maioria dos animais, por outro lado, vários microrganismos, incluindo fungos, bactérias e protozoários a utilizam, como fonte de carbono e energia. Destes microrganismos, muitos se encontram no trato intestinal de vários herbívoros e nos cupins.

Vários compostos tóxicos podem ser degradados por microrganismos, dentre eles policlorados, DDT, pesticidas. Outra abordagem importante refere-se à introdução de genes bacterianos em outros organismos, conhecidos como transgênicos, obtendo então um melhoramento genético e aumentando a resistência a pesticidas, insetos, pragas e até mesmo mudanças climáticas.

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Importância da Microbiologia.

É um ramo da biologia que têm grande importância como ciência básica ou aplicada.

Microbiologia como ciência básica: estudos das características morfológicas (forma e tamanho das células, composição química), características fisiológicas (necessidades nutricionais, condições físicas necessárias ao crescimento e reprodução), atividades bioquímicas (lise dos nutrientes para obter energia e como eles usam essa energia para síntese de compostos), características genéticas (a hereditariedade e variabilidade), potencial de causar doenças (presença ou ausência para o homem, animais e plantas), características ecológicas (ocorrência natural dos microrganismos no ambiente e sua relação com outros) e classificação (relação taxonômica entre os grupos no mundo microbiano).

Microbiologia como ciência aplicada: estar presente em vários seguimentos, tais como: medicina, alimentos, laticínios, agricultura, indústrias, etc..

Aplicação da microbiologia: produção de vacinas, tratamento de esgoto, síntese de substâncias, desde as mais simples, como ácido cítrico, a antibióticos complexos e enzimas, suplemento alimentar (proteína de célula única SCP), produção de gás metano utilizado como combustível (atual), biometalurgica (explora a atividade química de bactérias para extrair minerais de minério de baixa qualidade), inseticidas biológicos no lugar de produtos químicos (microrganismos capazes de degradar poluentes), produção de enzimas bacterianas que desenvolvem coágulo sanguíneo (vacinas humanas utilizando vírus de insetos e testes laboratoriais rápidos para diagnósticos de infecções virais).

Áreas de Estudo.

Biologia e Farmácia: aspectos básicos e biotecnológicos, produção de antibióticos, hormônios (insulina, GH), enzimas (lípases, celulases), insumos (ácidos, álcool), despoluição (herbicidas), doenças transmitidas por alimentos e controle de qualidade dos alimentos.

Odontologia: estudo de microrganismos associados à placa dental, cárie e doenças periodontais, estudos com abordagem preventiva.

Medicina e Enfermagem: doenças infecciosas e infecções hospitalares.

Biotecnologia: estudo e uso de microrganismos com finalidades industriais, como agentes de biodegradação, de limpeza ambiental, etc..

Morfologia e Estrutura Bacteriana.

As bactérias são extremamente variáveis quanto ao tamanho e formas que apresentam.

Estrutura da Bactéria: possuem um único cromossomo constituído por uma molécula de DNA, soldadas em blocos de proteínas formando uma estrutura fechada, denominada Nucleoide. Ligado a uma invaginaçãoda membrana plasmática (mesossomo) onde estão as enzimas respiratórias, possuem também parede celular e um invólucro que as protege de vírus, substâncias tóxicas, células fagocitárias e

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anticorpo. Muitas bactérias possuem um sistema de locomoção próprio, constituído por um ou mais flagelos e

para aderir a substratos sólidos e aos tecidos dos organismos parasitados, as bactérias possuem pilo ou fímbrias (filamentos de natureza protéica, mas curtos e muito mais finos que os flagelos).

Forma das Bactérias: apresentam grande variedade de acordo com o grupo a que pertencem. As formas mais comuns são: bastonetes (formas alongadas), cocos (formas esféricas), vibriões (forma de vírgula), e espirilos ou espiroquetas (formas espiraladas).

Em relação às formas, a maioria das bactérias estudadas segue um padrão menos variável, embora existam vários tipos morfológicos distintos. E podem ser agrupadas em três tipos: cocos (são células esféricas que agrupadas aos pares, é denominada “diplococos”, quando constitui uma cadeia de cocos são denominados “estreptococos”, e em grupos irregulares lembrando um cacho de uvas recebem a designação de “estafilococos”), bacilos (são células cilíndricas, em forma de bastonetes, se apresentam isoladamente, mas podem ser observados pares “diplobacilos” ou em cadeias “estreptobacilos”), e espirilos (são células espiraladas e se apresentam isoladamente).

Cocos.

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São bactérias grandes ou pequenas, de formas ovaladas ou arredondadas, achatadas ou alongadas em uma de suas

extremidades, vivem isoladas ou em colônias, que nada mais é do que o agrupamento de bactérias. Os cocos sofrem processo de divisão e após o mesmo, permanecem unidos formando pares (diplococos), às vezes formam cachos (estafilococos) ou cadeias (estreptococos). Há um grande número destas bactérias que estão associadas à patogênese (modo como os agentes etiopatogénicos agridem o nosso organismo), humana e animal. Existem espécies Gram positivas e Gram negativas.

Os diplococos é um conjunto de bactérias características de cocos associados aos pares, entre os diplococos patogênicos mais comuns podemos citar: Streptococcus pneumoniae, Neisseria gonorrhoeae, Nisseria meningitidis.

Bacilos ou Bastonetes.

Existe uma gama de bacilos associados à patogênese humana e animal, e eles podem ser longos, espessos, delgados, curtos, com extremidades finas, arredondadas ou retas em um de seus lados. Como mencionado anteriormente, os bacilos também sofrem um processo de divisão e permanecem juntos formando pares diplobacilos, ou cadeias estreptobacilos.

Podemos citar como exemplo: a bactéria causadora da tuberculose (bacilo de Cock) Mycobacterium tuberculosis e a bactéria Mycobacterium leprae responsável pela hanseníase, e o bacilo do gênero Conybacterium, causador da difteria.

Espirilos ou Espiraladas.

Sua nomenclatura é bastante controvertida ainda, a classificação divide os espiralados em dois grupos: espiroquetas (apresentam uma forma de espiral flexível, possuindo flagelos Peri-plasmáticos), o outro grupo são os espirilos, que exibem morfologia com espiral incompleta.

Os espiralados são microrganismos bastante afilados, de difícil observação por microscopia de campo claro, sendo muitas das vezes analisados por microscopia de campo escuro, ou técnica de coloração empregando sais de prata.

Bactérias de Importância Médica para o Homem.

- Meningite meningocócica: Causada por uma bactéria chamada de meningococo, Nisseria menigitidis.

- Coqueluche: Causada pela bactéria Bordetella pertussis.

- Escarlatina: treptococcus pyogenes.

- Tracoma: Chlamydia trachomatis.

- Hanseníase ou Lepra: Transmitida pelo bacilo de Hansen Mycobacterium leprae.

- Tuberculose: Causada pelo bacilo, Mycobacterium tuberculosis.

- Tétano: Causado pelo bacilo do tétano, Clostridium tetani.

- Brucelose: Brucella melitensis.

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- Pneumonia bacteriana: Streptococcus pneumoniae.

- Febre Tifóide: Causada pela, Salmonella thuphi.

- Difteria: Provocada pelo bacilo diftérico, Corynebacterium diphteriae.

- Cólera: Doença causada pela bactéria, Vibrio cholerae, o vibrião colérico.

- Gonorréia ou Blenorragia: Causada por uma bactéria, o gonococo, Neisseria gonorrheae.

- Peste Bubônica: Yersinia pestis.

- Sífilis: Provocada pela bactéria, Treponema pallidum.

- Disenterias: Provocada pela bactéria, Treponema pallidum.

- Lepstospirose: Leptospira interrogans.

Bactérias de interesse industrial.

- Pseudomonodaceae aeruginosa: tem um papel importante no ciclo do nitrogênio.

- Pseudomonodaceae putida e P. fluorescens: oxidam uma grande variedade de compostos orgânicos.

- Xanthomonas campestris: secretam polissacarídeos resistentes à ação enzimática.

- Azotobacter: fixa N2 não simbioticamente, cresce numa variedade de carboidratos, álcoois e ácidos orgânicos.

- Nocardia, Micobacterium, Corynebacterium: sintetizam gorduras.

- Propionibacterium freudenreichii: é utilizado na produção de vitamina B12, e ácido propiônico.

- Ralstonia eutropha: é utilizada na sintese de polihidroxialcanoatos.

- Bacillus thuringiensis israelensis: é utilizada na produção de bioinseticida. - Leuconoctoc mesenteroides, Lactobacillus brevis, Lactobacillus plantarum: responsáveis pela fermentação do chucrute, picles e azeitonas.

A estrutura bacteriana começou a ser estudada em maiores detalhes nas décadas de 50 e 60, a partir do melhoramento das técnicas de microscopia eletrônica, que incluem a lise celular e separação dos vários componentes subcelulares, melhorando o processo de análise bioquímica. Agora, vamos destrinchar as estruturas bacterianas e compreender seu funcionamento.

Parede Celular.

Pesente na maioria das bactérias conhecidas, exceto em micoplasmas e algumas Archaea, que não a possuem. É uma das estruturas mais importante nas células bacterianas, acima da membrana citoplasmática. A parede celular é muito rígida e pro esse motivo é responsável pela forma do microrganismo, como o ambiente intracelular

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é bastante concentrado em relação ao meio externo, (variando de 2 a 10 atm.), a parede atua como uma barreira

física rígida, que mantém a forma celular, impedindo que a célula estoure devido o grande turgor, e também como uma barreira de proteção contra determinados agentes físicos e químicos externos, tais como o choque osmótico.

A parede pode ainda desempenhar importante papel em microrganismos patogênicos, em decorrência da presença de componentes que favorecem sua patogenicidade, tais como antígenos ou moléculas envolvidas no reconhecimento celular. Em 1884, Christian Gram desenvolveu um a metodologia para corar as bactérias, que permitiu a separação das mesmas em dois grupos distintos, que são: bactérias Gram positivas (roxo) e Gram negativas (vermelho).

A partir do advento da microscopia eletrônica e do aperfeiçoamento das técnicas de análises bioquímica dos componentes celulares, ficou comprovado que esta diferença entre bactérias Gram positivas e Gram negativas, é devido às diferentes composições das paredes celulares nestas bactérias: Gram positivas - apresentam uma parede celular espessa (entre 20 a 80 nm), de aspecto homogêneo e liso. Peptídeoglicano é o componente mais abundante (40-90% em peso), e ácido teicóico - componentes típicos em Gram (+), com função de toxinas, transporte, etc.

Gram negativas: apresentam uma parede mais delgada (entre 9 a 20 nm), apresentando mais de uma camada, ou seja, maior complexidade superficial.

Peptidoglicano.

É uma mureína ou mucoproteína, encontrado exclusivamente em bactérias, sendo responsável pela rigidez da parede celular. Corresponde a um enorme complexo de polímeros que, em bactérias Gram positivas pode formar até 20 camadas, enquanto que em bactérias Gram negativas, forma apenas uma ou duas camadas.

Nas bactérias Gram positivas, cerca de 90% da parede celular é composta pelo Peptidoglicano, e o restante é composto pelo ácido teicóico. As Gram negativas têm apenas 10% de Peptidoglicano existindo como camada única ou dupla, o restante é ácido teicóico.

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Ácido Teicóico.

Compõem a parede celular das bactérias Gram positivas, juntamente com o Peptidoglicano. Estes compostos, em grandes quantidades, correspondem a polímeros glicerol ou ribitol ligados a açúcares ou aminoácidos, e são conectados por meio de um grupamento de fosfato. O ácido teicóico contribui com o caráter negativo da superfície celular devido sua carga negativa, no entanto, seu papel fisiológico ainda é desconhecido.

Membrana Externa.

É um componente da parede celular presente apenas nas bactérias Gram negativas, a membrana corresponde a uma segunda camada lipídica “semelhante à membrana plasmática”.

Esta localizada acima do peptidoglicano contém fosfolipídios, lipoproteínas, proteínas e também lipopolissacarideos.

A membrana externa apresenta um grupo especializado de proteínas, denominadas “porinas”, que atuam como canais para a passagem de pequenas moléculas hidrofílicas, participando também do processo de nutrição.

Cápsulas, Glicocálix e Camada Limosa.

A cápsula é definida como uma camada externa à parede celular apresenta-se como um material viscoso, associado fortemente à superfície celular, geralmente de natureza polissacarídica e raramente protéica. A presença da cápsula confere vantagens às bactérias, suas principais funções incluem: ligação as células do hospedeiro, fator de virulência por dificultar a fagocitose e também a proteção (aumentando a resistência ao dessecamento, armazenagem de água, fonte de nutrientes e contra bacteriófagos).

A camada limosa é definida como uma zona difusa contém material pouco organizado de fácil remoção.

Fímbrias e Pilis.

Muitas bactérias Gram negativas apresentam apêndices finos (3 a 10 nm), retos, finos e curtos denominados fímbrias. São de natureza protéica, compostas por subunidades repetitivas de uma proteína denominada de pilina, e ao longo de suas extremidades apresentam proteínas distintas, denominadas adesinas, que mediam a adesão específica da célula bacteriana a diferentes substratos.

Flagelos.

São estruturas longas, delgadas e rígidas, medem cerca de 20 nanômetros (nm) de espessura e de 15 a 20 pico metros (pm) de comprimento, responsável pela locomoção das bactérias. Só podem ser visualizadas por meio de uma coloração específica, microscopia de campo escuro, ou microscopia eletrônica.

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De acordo com a distribuição e o número dos flagelos, as bactérias são classificadas como: Atríquias (sem flagelos),

monotríquias (um único flagelo), anfitíquias (um flagelo em cada extremidade), lofotríquias (vários flagelos em uma, ou em ambas as extremidades) e peritríquias (possuem flagelos em todo o corpo da bactéria). O flagelo também pode ser dividido em subdivisões, que são: filamento, corpo basal e gancho, as duas últimas têm importância na movimentação e inserção do flagelo.

A movimentação dos flagelos ocorre através de um mecanismo de rotação do filamento, em uma velocidade que pode atingir de 270 a 110 RPM, o que permite uma locomoção de até 100 pm/segundos, o que corresponde a cem vezes o seu comprimento/minuto.

Peri plasma ou Gel Peri plasmático.

É o espaço situado entre a membrana externa e a membrana citoplasmática, têm grande importância, pois várias enzimas e proteínas estão localizadas neste espaço. Incluindo hidrolases, proteínas de ligação envolvidas no transporte de quimiorreceptores.

Membrana Citoplasmática.

Estrutura delgada, com cerca de 8 nm, composta por uma bicamada fosfolipidica (até sete tipos diferentes de fosfolipídios), entremeada de proteínas (200 tipos distintos), atua como importante barreira osmótica com alta seletividade.

Mesossomo.

São invaginações da membrana citoplasmática, em forma de vesículas, lamelas ou túbulos, encontrados em maior abundancia em Gram positivas.

Matriz Citoplasmática.

Composta por cerca de 70% de água, além dos demais compostos celulares, como: DNA e uma grande concentração de ribossomos e proteínas (atuando como um sistema de cito esqueleto).

Nucleoide e plasmídios.

Os procariotos são organismos haplóides, apresentam apenas um único cromossomo não envolto por carioteca. Algumas bactérias podem apresentar dois ou três cromossomos. O cromossomo bacteriano é circular e bastante enovelado, em uma região celular denominada nucleoide. Várias bactérias também apresentam moléculas de DNA extracromossomal, chamadas de plasmídios, as quais são circulares, contém algumas vezes genes que conferem características adaptativas vantajosas ao microrganismo.

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Corpúsculo de Inclusão.

São grânulos de armazenamento, utilizando esse material reserva ou fonte de energia.

Nutrição dos Microrganismos.

Há vários mecanismos de nutrição bacteriana, no entanto, em relação aos procariotos (bactéria e Archaea), a nutrição é predominantemente a absorção, devido à espessa parede celular.

Crescimento e Morte Bacteriana.

O crescimento refere-se ao aumento do número de células e não ao aumento das dimensões celulares. Da mesma forma que o crescimento, a morte microbiana ocorre de forma exponencial, após uma rápida redução do número de células, retarda as próximas mortes, devido à sobrevivência de células resistentes.

Flora Normal.

O termo flora normal é usado para descrever bactérias e fungos que são residentes permanentes de certos locais do corpo, como: pele em especial, a orofaringe, o cólon e a vagina.

Há dois grupos majoritários de microrganismos, os vírus e os parasitas, que podem habitar alguns indivíduos de forma assintomática, mas não pertence à flora normal. Algumas regiões do corpo humano como, sistema nervoso central, sangue, brônquios inferiores e os alvéolos, fígado, baço, rins, e a bexiga são totalmente livres de organismos, exceto aqueles transitórios ocasionais. Existe uma distinção entre a presença desses organismos e o estado do portador, logo, todos nós somos portadores (indivíduo que transporta um patógeno potencial, e pode ser uma fonte de infecção para outros indivíduos) de microorganismos.

Existe também uma distinção a ser feita entre membros da flora normal, que são residentes permanentes, e a colonização de um indivíduo como um novo organismo. O termo colonização refere-se à aquisição de um novo organismo, após o novo organismo colonizar, ou seja, fixar e crescer normalmente em uma membrana mucosa pode causar doenças infecciosas ou ser eliminado pelas defesas do hospedeiro. Além disso, a pessoa colonizada pode transmitir esse organismo para outras pessoas, atuando como um reservatório da infecção.

A flora normal tem uma função importante na manutenção da saúde, e não somente isto, podem também causar doenças, agindo de três formas distintas.

- Podem causar doenças, especialmente em indivíduos imunodeprimidos ou debilitados, estes organismos não são patogênicos quando localizados na região usual, podendo ser patogênicos em outras partes do corpo.

- Defesa do hospedeiro, bactérias não patogênicas residentes nas mucosas que pode interferir na colonização de bactérias patogênicas. Essa habilidade da flora normal de limitar o crescimento de bactérias patogênicas é denominada “resistência a colonização”, se a flora for suprimida os patógenos crescem causando doenças.

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- Função nutricional, as bactérias intestinais produzem vitaminas, entre elas a vitamina B e K.

Flora Normal da Pele.

Existe cerca de (104 a 106 org/cm2) de pele, a maioria deles está localizada no extrato córneo, mas algumas são encontradas nos folículos pilosos e atuam como reservatório para o restabelecimento da flora superficial após a lavagem. “O Staphylococcus epidermidis, é uma bactéria predominante (cerca de 90%) e não patogênica a pele, podendo causar doenças quando atingir certas regiões do organismo, como exemplo: válvula artificial no coração”.

Outros microrganismos que habitam a pele.

- Staphylococcus aureus incidência de 5 a 25%.

- Propionibacterium acnes incidência de 45 a 100%.

- Corinebactérias aeróbicas incidência de 55%.

Flora Normal do Trato Respiratório.

Um amplo espectro de organismos coloniza o trato respiratório. Boca, orofaringe, laringe são colonizados pelos mais variados tipos de bactérias e fungos.

Na região anatômica da boca (salivas 108 bact./ml e dentes 1011 bact./cm2), onde podemos encontrar os seguintes microrganismos:

- Staphylococcus epidermidis 75-100%. - Staphylococcus aureus 75-100%. - Streptococcus mitis 100%. - Streptococcus salivarius 100%. - Lactobacilos 95%. - Actinomyces israeli 100%. - Haemophilus influenzae 25-100%. - Bacterioides fragilis 90%. - Bacterioides oralis 90% e Candida albicans 6-50%. Brônquios, traquéia, pulmões e sinus, normalmente são estéreis e podem ser colonizados.

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Microrganismos do trato respiratório: - Staphylococcus epidermidis,

- Staphylococcus aureus, - Staphylococcus pneumoniae, entre outros Staphylococcus e Streptococcus. - Haemophilus influenzae, - Neisseria meningitidis, Alguns Gram negativos e anaeróbios e Candida albicans.

Trato Intestinal. Indivíduos que se alimentam normalmente, o estômago contêm poucos organismos devido ao baixo pH e à presença de enzimas. No intestino delgado existe normalmente, um pequeno número de estreptococos, lactobacilos e leveduras, particularmente Candida albicans. Sendo o colón o principal ponto de localização de bactérias no corpo, cerca de 20% das fezes consiste em bactérias, as principais são: bacteróides fragilis, coliformes, Streptococcus faecalis, Clostridium perfringens.

A flora normal do trato gastrointestinal tem uma função importante nas doenças extra-intestinais, vejamos as principais atribuídas à flora intestinal.

- Antibacteriana: Competição por sítios de adesão; competição por nutrientes; produção de um ambiente fisiologicamente restrito; produção de substâncias antimicrobianas e estímulo para o sistema imune. - Imunomoduladora: Desenvolvimento de tolerância imunológica; salvamento energético; nutrição do colonócito; conversão do colesterol em coprastanol. - Nutricional/metabólica: Conversão de bilirrubina em urobilina; inativação da tripsina e síntese de vitamina K.

Flora Normal do Trato Geniturinário. Na mulher adulta a flora normal e constituída predominantemente de Lactobacilos sp., que são responsáveis pela produção do ácido que mantém o pH vaginal baixo. Durante a puberdade e depois da menopausa os níveis de hormônios são baixos, principalmente o estrógeno, por esse motivo, há uma pequena quantidade de lactobacilos (ajudam na prevenção do crescimento de patógenos potenciais), e o pH vaginal se torna muito alto. Quando a urina esta acumulada na bexiga é estéril, em pessoas normais, porém durante o percurso de passagem pelas porções finas da uretra, ocorre contaminação geralmente por Staphylococcus epidermidis, coliforme difteroides e estreptococos não hemolíticos.

Utilização dos Medicamentos. Entendemos por medicamento, o produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. Antibiótico significa: contra (anti) os organismos vivos (bióticos). O que quer dizer precisamente contra as bactérias e podem ser de origem natural ou sintética. A descoberta da penicilina em 1928, por Alexander Fleming, foi o pontapé inicial para a descoberta do antibiótico, sua extração foi feita do fungo Penicillium. Esta substância impedia o desenvolvimento de determinadas bactérias em culturas, e anos mais tarde possibilitou o desenvolvimento do antibiótico a penicilina (penicilina G). Ajudando a

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salvar milhões de vidas, e abrindo caminho para pesquisa de novos antibióticos contra tuberculose, pneumonia,

infecções de pele, etc.. A primeira definição diz que estes compostos são produzidos por actinomicetes, fungos ou bactérias e nos dias atuais substanciam sintéticas como os macrolídeos, que interferem em algum processo metabólico bacteriano sem promover efeitos danosos sobre o hospedeiro. Para compreender como se processa a resistência bacteriana é necessário entender como funciona e o que é os antibióticos. Os antibióticos interferem com o metabolismo bacteriano, agem em sítios de ações limitados. Esse mecanismo de ação possibilitou a criação de vários antibióticos específicos e hoje temos antibióticos que inibem quatro alvos principais: biosíntese da parede bacteriana, biosíntese de proteínas, biosíntese de ácidos nucléicos e metabolismo do ácido fólico. E um grupe em especial capaz de afetar a membrana celular, em contra partida tem um efeito colateral alta toxicidade o que limita seu uso. Vejamos agora as classes, nomes e sítio de ação dos antibióticos. - Penicilinas: (Penicilina, Amoxacilina, Piperaciclina e Ticarcilina), agem na biosíntese da parede bacteriana. - Cefalosporinas: (Cefalexina de 1ª geração, Cefaclor de 2ª geração, Cefotaxima de 3ª geração, e Cefepima de 4ª geração), agem na biosíntese da parede bacteriana. - Carbapenem: (Imipenem e Meropenem), biosíntese da parede bacteriana. - Glicopeptídeos: (Vancomicina e Teicoplamina), biosíntese da parede bacteriana. - Aminoglicosídeos: (Amicacina, Gentamicina, Kanamicina e Neomicina), agem na biosíntese de proteínas. - Cloranfenicol: Biosíntese de proteínas. - Lincosamidas: (Lincomicina) age na biosíntese de proteínas. - Macrolídeos: (Azitromicina, Claritromicina e Eritromicina) agem na biosíntese de proteínas. - Tetraciclinas: (Tetraciclina e Doxiciclina), age na biosíntese de proteínas. - Rifampicina: Age na biosíntese de ácidos nucléicos. - Quinolonas: (Norfloxacino, Ofloxacino e Ciprofloxacino), agem na biosíntese de ácidos nucléicos. - Sulfonamidas: (Cotrimoxazol e Sulfametoxazol), agem no metabolismo do ácido fólico. - Polipeptídios: (Polimixina B e Bacitracina), agem na membrana nuclear.

PARASITOLOGIA É toda planta ou animal que vive dentro de, sobre ou com outro ser vivente, do qual obtém alimento, proteção ou outra vantagem. Os seres vivos, vegetais e animais possuem um inter-relacionamento fundamental para a manutenção da vida. Podemos até afirmar que nenhum ser vivo é capaz de sobreviver e reproduzir-se independentemente de outro. Entretanto, esse relacionamento varia muito entre os diversos reinos, filo, ordens, gêneros e espécies. A ciência que estuda a interdependência funcional entre bactérias, protozoários, vegetais, animais e meio ambiente e a ecologia, responsável também por estudar as estruturas e funções da natureza.

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Origem do Parasitismo e Tipos de Adaptações. O parasitismo ocorreu através de associações, colaborações mútuas (simbiose), predatismo e canibalismo. Como conseqüência dessa associação e com o passar dos anos houve uma evolução para o melhor relacionamento com o hospedeiro, essa evolução, feita a custa de adaptações, tornou o invasor parasita mais dependente do outro ser vivo. As adaptações são principalmente morfológicas, fisiológicas e biológicas e, muitas vezes, com modificações de que impossibilitam o reconhecimento dos ancestrais dos parasitas atuais. As principais adaptações e modificações são as seguintes:

1. Degeneração: representada por perda ou atrofia de órgãos locomotores, aparelho digestivo etc.. Como exemplo – as pulgas, os percevejos, algumas moscas parasitas de carneiro (Mellophogus ovinus) que perderam as asas; os cestoda que não apresentam tubo digestivo.

2. Hipertrofia: encontradas principalmente nos órgãos de fixação, resistência ou proteção e reprodução. Alguns helmintos possuem órgãos de fixação muito fortes, como lábios, ventosas, acúleos, bolsa copuladora. Alta capacidade de reprodução, com aumento acentuado de ovários, de útero para armazenar ovos, de testículos; aumento de estruturas alimentares de alguns insetos hematófagos facilitando a penetração na pele e armazenamento do sangue ingerido.

3. Capacidade reprodutiva: para suplantar as dificuldades de atingir novo hospedeiro e escaparem da predação externa, os parasitos são capazes de produzirem grandes quantidades de ovos, cistos ou outras formas infectantes; assim, algumas formas conseguirão vencer as barreiras e poderão perpetuar a espécie.

4. Vários tipos de reprodução: hermafroditismo, partenogênese, poliembrionia (reprodução de formas jovens), esquizogonia etc.. Representam mecanismo de reprodução que permitem uma fecundação facilitada e segura para a espécie.

5. Resistência ao hospedeiro: presença de antiquinase, que é uma enzima que neutraliza a ação dos sucos digestivos sobre numerosos helmintos, capacidade de resistir à ação de anticorpos ou de macrófagos, capacidade de induzir uma imunossupressão etc..

6. Tropismo: os vários tipos de tropismo são capazes de facilitar a propagação, reprodução ou sobrevivência de determinada espécie de parasito. Os tropismos mais importantes são – geotropismo (abriga-se na terra tropismo positivo, abrigam-se acima da terra tropismo negativo), termotropismo, quimiotropismo, heliotropismo etc..

Tipos de Associações entre os Animais.

Os animais nascem, crescem, reproduzem-se, envelhecem e morrem, porém a espécie, normalmente se adapta, evolui e permanece como uma população ou grupo. São diversos os fatores que regulam esses fenômenos individuais e populacionais, que procuram, em última análise, permitir a cada individuo a melhor forma de obtenção de alimento e abrigo. Para tal fim muitas espécies passam a conviver num mesmo ambiente, gerando associações e interações que possam não interferir entre si; essas interações podem ser: harmônicas ou positivas (quando há beneficio mútuo ou ausência de prejuízo mútuo);

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desarmônica ou negativa (quando há prejuízo para algum dos participantes). Assim, é considerado como harmônicas

(comensalismo, mutualismo, simbiose), e desarmônicas (competição, canibalismo, predatismo e o parasitismo), em seguida será conceituado as associações mais frequentes. Associação desarmônica – exemplar da mesma espécie (competição intra-específica), ou de espécies diferentes (competição extra-especifica), lutam pelo mesmo abrigo ou alimento, e, em geral, as menos preparadas perdem. A competição é um importante fator de regulação de nível ou número populacional de certas espécies, como exemplo, moscas Calliphoridae e Sarcophagidae, cujas larvas se desenvolvem em cadáveres (o alimento é suficiente para um determinado numero de exemplares, o que permite o desenvolvimento das que chegarem primeiro ou das mais vorazes; as demais perecerão ou, se chegarem a moscas adultas, será menores e inférteis. Ocorre quando duas espécies ou populações interagem ou afetam uma a outra, pode-se dizer que o neutralismo é inexistente, uma vez que todas as espécies são interdependentes. Uma vez que, o ato de um animal se alimentar de outro da mesma espécie ou da mesma família, é considerado um relacionamento do tipo desarmônico e ocorre quase sempre devido à superpopulação e deficiência alimentar no criadouro, e as formas mais ativas ou mais fortes devoram as mais fracas e menores. Como exemplo: as moscas Culex se alimentam de larvas de outro culicini e anophelini; peixes adultos do gênero Lebistes se alimentam de filhotes, etc.. Quando uma espécie animal se alimenta de outra espécie, isto é, a sobrevivência de uma espécie dependendo da morte da outra espécie (cadeia alimentar), como exemplo: onças alimentando-se de pacas; gavião de pequenos roedores, répteis e aves; etc.. Associação entre seres vivos, na qual existe unilateralidade de benefícios, ou seja, o hospedeiro é espoliado pelo parasito, pois fornece alimento e abrigo para o mesmo; em geral, essa associação tende ao equilíbrio, pois a morte do hospedeiro é prejudicial para o parasito. Assim, as espécies em que essas associações vêm sendo mantida há anos raramente o parasito levam o hospedeiro a morte; mesmo havendo uma espoliação constante, mas insuficiente para lesar gravemente o hospedeiro, como exemplo: o tatu que é o hospedeiro natural do Trypanosoma cruzi, raramente morre devido esse parasito, já o homem, o cão e o gato morrem freqüentemente quando adquirem a doença de Chagas. Em zona endêmica de malária, o numero de mortes (letalidade) na população autóctone é muito baixa; entretanto, quando pessoas de fora entram nessa zona, adquirem a doença na sua forma mais patogênica. Essas situações nos permitem entender por que apesar de no parasitismo, de modo geral, há um equilíbrio entre parasito e hospedeiro, freqüentemente tem havido casos graves ou epidemias de parasitoses. Pela alteração do meio ambiente, concentração populacional e baixas condições higiênicas e alimentares, passam a existir condições propícias para a multiplicação do vetor ou parasito devido à suscetibilidade da população, um caso típico é quando o homem modifica o meio ambiente, constrói valas para irrigações de hortas, canaviais ou loteamentos sem infra-estruturar e saneamento básico, todos esses fatores contribuem para a disseminação da esquistossomose (Schistosoma monsoni). É a associação harmônica entre duas espécies, na qual uma obtém vantagens (hóspede) sem prejuízo para o outro (hospedeiro), como a Entamoeba coli vivendo no intestino grosso do homem. Tem como vantagem proteção, habitação, transporte (locomoção), nutrição aproveitando os restos alimentares.

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O comensalismo pode ser dividido em: forésia, inquilinismo, sinfilismo ou protocooperação.

Forésia – quando na associação uma espécie fornece suporte, transporte ou abrigo a outra espécie. É uma associação obrigatória, o que muitos autores consideram simbiose.

Inquilinismo – quando uma espécie vive no interior de outra, sem se nutrir à custa desta, todavia, utiliza parte do alimento que o outro capturou e também como abrigo. Há uma troca de favores e vantagens, na qual os seres são incapazes de viver isoladamente, eles realizam funções complementares, indispensáveis a vida de cada um.

Sinfilismo ou protocooperação – acontece quando duas espécies se associam em beneficio mútuo, sem obrigatoriedade, não sendo necessária a associação para a sobrevivência de ambas as espécies (as formigas (gênero Camponotus) que sugam as secreções de pulgões (afídeos) ou cigarrinhas (membracídeos), protegendo os contra inimigos naturais.

De modo geral, são conhecidos como simbiontes, os indivíduos que vivem em simbiose. Por exemplo: algumas bactérias que vivem no interior de protozoários de vida livre, os protozoários fornecem abrigo e alimento para as bactérias que, por sua vez, sintetizam substâncias como (complexo B), necessárias aos protozoários.

Ação dos Parasitos sobre o Hospedeiro. Nem sempre a presença de um parasito indica que há ação patogênica do mesmo no hospedeiro, esta ausência de patogenicidade depende da fase evolutiva do parasito, e tem curta duração. A parasitose é uma doença decorrente do desequilíbrio entre parasito e hospedeiro, depende de vários fatores: inerentes ao parasito (forma e número de infectantes, virulência da cepa, metabolismo, tamanho, etc.), inerentes ao hospedeiro (idade e estado nutricional, órgãos atingidos, associação do parasito com outra espécie e resposta imune e intecorrência de outras doenças). Portanto, a morte do hospedeiro não é vantagem para o parasito, por que representaria também a sua morte. A patogenicidade dos parasitos é muito variável, depende da ação:

1. Ação Espoliativa – Quando os parasitos absorvem nutrientes ou até mesmo sangue do hospedeiro, é o caso do Ancylostomidae, que ingerem sangue da mucosa intestinal para obtenção de ferro e oxigênio e não como nutrição direta, deixando pontos hemorrágicos na mucosa, após abandonarem o local da sucção e também o hematofagismo dos triatomíneos (mosquitos).

2. Ação Tóxica – Algumas espécies produzem enzimas ou metabolitos que lesam o tecido do hospedeiro, exemplo: as reações alérgicas provocadas pelos metabolitos do Ascaris lumbricoides, as reações teciduais no intestino, fígado e pulmões, produzidas pelas secreções no miracídio dentro do ovo de Schistosoma mansoni.

3. Ação Mecânica – Há espécies capazes de impedir o fluxo dos alimentos, bile ou absorção alimentar (Ascaris lumbricóide, obstruindo uma alça intestinal, e a Giardia lamblia no duodeno).

4. Ação Traumática – Provocada por formas larvárias de helmintos, na maioria dos casos, embora vermes adultos e protozoários sejam capazes de fazê-lo (úlceras intestinais provocadas pelos Ancylostomidae e Trichuris trichura; o rompimento das hemácias pelos plasmodium.

5. Ação Enzimática – Ocorre na penetração da pele por cercárias de Schistosoma mansoni; a ação de Entamoeba histolytica ou dos Ancylostomidae lesando o

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epitélio intestinal para obter alimento. Qualquer parasito que consuma o O2, da hemoglobina é

capaz de causar uma anemia.

Trato Alimentar

Localização das Parasitoses mais Frequentes.

Boca: Entamoeba gingivalis, Trichomonas tenax. Faringe: Via de penetração dos cistos de protozoários e dos ovos de helmintos. Esôfago: Trypanosama cruzi, (megaesôfago). Fígado: Leishmania donovani, Entamoeba histolytica (abcesso hepatico), Schistosoma mansoni. Intestino grosso: Entamoeba histolytica, E. hatamanni, E. coli, Endolimax nana, Iodamoeba butschlii, Balantidium coli, Enterobius vermicularis, Trichuris trichiura. Intestino delgado: Giardia lamblia, Taenia solium, T. saginata, Hyminolepis nana, Ancylostoma duodenale, Necator americanus, Ascaris lumbricoides, Strongyloides stercoralis, Isospora hominis, Isospora belli. Reto: Entamoeba histolytica, S. mansoni, e via de eliminação dos cistos de protozoários e dos ovos de helmintos.

Parasitos Segundo os Mecanismos de Transmissão.

Transmitidos pela água, alimentos, mãos sujas ou poeira: Entamoeba histolytica,

Giardia lamblia, Toxoplasma gondii, Hymenolepis nana, cisticercose (ovos de Taenia solium), Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Emterobius vermiculares.

Transmitidos por solos contaminados por larvas (geo-helmintoses): Necator americanus, Strongyloides stercoralis.

Transmitidos por vetores ou hospedeiros intermediários: Leishmania sp., Trypanosoma cruzi, Plasmodium sp., Schistosoma mansoni, Taenia solium, Taenia saginata, Wuchereria bancrofti.

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Protozoários. O sub-reino protozoa é constituído por cerca de 60.000 espécies conhecidas, das quais 50% são fósseis e o restante vive até hoje; destes, umas 10.000 espécies são parasitos dos mais variados animais e apenas algumas espécies infectam o homem. O protozoa é dividido em sete filos: Sarcoimastigophora, Apicomplexa, Ciliophora, Microspora, Labyrinthomorpha, Ascetospora e Myxospera; destes apenas os quatro primeiros tem interesse em parasitologia humana. Os protozoários englobam todos os organismos protistas, eucariotas, constituídos por uma única célula, apresentam as mais variadas formas, processos de alimentação, reprodução, locomoção e excreção, todas as funções mantenedoras da vida. Para cada função existe uma organela própria, como: núcleo bem definido com envelope nuclear; alguns protozoários têm apenas um núcleo, outros possuem dois ou mais semelhantes. Os ciliados possuem dois núcleos, um macronúcleo “vegetativo relacionado com a síntese de DNA e RNA” e micronúcleos “reprodução sexuada e assexuada”. A morfologia dos protozoários varia de acordo com a fase evolutiva e o meio à que se adaptou; podendo ser ovais, alongados e esféricos; alguns são revestidos de cílios, outros possuem flagelos, e aquele que não possuem nenhuma organela especializada. Dependendo da atividade fisiológica, algumas espécies possuem fases bem definidas, como:

Trofozoítos – forma ativa do protozoário, na qual se alimenta e se reproduz por diferentes processos.

Cistos e Oocistos – formas de resistência, o protozoário secreta uma parede resistente “parede cística” quando este estiver em meio impróprio ou em fase de latência (podem ser encontrados em tecidos ou fezes do hospedeiro), já, os oocistos são encontrados nas fezes do hospedeiro, provenientes da reprodução assexuada.

Gameta – forma sexuada, o gameta masculino é o microgameta, e o feminino é o macrogameta, aparecem nas espécies do filo Apicomplexa.

Helmintos.

Os helmintos é um grupo numeroso de animais, é inclui espécies de vida parasitária e de vida livre, apresenta três filos: Platyhelmintes, Nematoda e Acanthocephala.

Filo Platyhelmintes – do grego platy, que significa chato, é os representantes dos helmintos mais inferiores e são caracterizados por ter simetria bilateral, uma extremidade anterior com órgãos sensitivos e de fixação e uma extremidade posterior, sem endo-esqueleto, com ou sem tubo digestivo, sem ânus, sem aparelho respiratório,

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sistema excretor tipo protonefrídico, com tecido conjuntivo enchendo os espaços entre os órgãos.

Podem ser ecto, endoparasitos ou de vida livre, e segundo estudos recentes, estão distribuídos em três (Turbelaria, Monogenea, Cestoda) ou quatro classes (Turbelaria, Monogenea, Cestoda e Trematoda), mas, ainda não é consenso entre os pesquisadores. Assim, falaremos das classes mais difundidas.

Classe Trematoda.

São endoparasitos ou ectoparasitos, que quando adultos não possuem epiderme e cílios externos; corpo recoberto por uma cutícula e não segmentados, possuindo uma ou mais ventosas; com tubo digestivo, ânus geralmente ausente; hermafroditas ou não; evolução simples ou com hospedeiro intermediário. Tem como característica habitual o achatamento dorsal, às vezes recurvado, com face ventral côncava, de contorna alongado ou oval; e algumas vezes parecem volumosas, com extremidade posterior alongada e a anterior truncada e afilada.

A classe trematoda compreende três grupos de parasitos: Monogenea, Aspidogasrea e Digenea; a última tem maior interesse, por conter representantes que afetam o homem.

Os trematódeos digenéticos possuem órgãos de fixação representados pelas ventosas orais e acetúbulo (ventosa central). O corpo é revestido pó uma cutícula, de natureza acelular, possivelmente resultante de células mesenquimais, podem apresentar de forma lisa ou espinhada, escamas ou cerdas, recobrindo o corpo ao todo em partes; abaixo da cutícula encontramos uma fina camada muscular, e abaixo desta encontramos preenchendo todo o espaço interno tem o mesêquina ou parênquima, onde fica localizado o sistema reprodutivo, digestivo, excretor e nervoso.

O sistema nervoso central é representado por dois gânglios cerebrais interligados por comissuras, acima ou atrás da faringe. Três pares de nervos-troncos partem do cérebro para frente e três dirigidos posteriormente, são pobres em órgãos de sentidos, terminações bulbosas com emissão de cerdas, sobretudo nas ventosas.

O sistema digestivo é simples, possui abertura bucal situada anteriormente ou na face ventral, alguns seguidos de pré-faringe, faringe e esôfago que se bifurca e origina os cecos intestinais.

O sistema excretor é representado por dois tubos protonerfridais, em ambos os lados, dirigidos posteriormente, unidas na porção terminal, dando origem a uma vesícula excretora que se abre para o meio externo por ação de poros excretores.

Os trematódeos não possuem propriamente um sistema circulatório, mas, em alguns (Paramphistomidae, Cyclocoelidae), observa-se ductos mesenquimais. Nos Digenea, podem ocorrer espécies hermafroditas (monóicas) e espécies com sexos separados (dióicas), apresentam dois testículos (podendo ser numerosos), com canais eferentes, que se liga para formar o canal deferente, em continuação, se diferencia em canal ejaculador, envolvido pelas glândulas prostáticas, e finalmente, formando cirros ou pênis, se abrindo para o meio exterior pelo poro genital masculino, no átrio genital.

O aparelho genital feminino é constituído por ovário, de onde parte o oviduto que se comunica com o oótipo, no percurso recebendo o viteloduto e o canal de Laurer, que se comunica com o exterior pelo gonoporo; o oótipo é envolvido pelas glândulas de Mehlis

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ou glândulas de casca, tem sua continuação no útero, geralmente com alças, na parte final, que se abre no átrio

genital pelo poro genital feminino. A autofertilização ocorre nos trematódeos, sobretudo a fertilização cruzada tem sido um processo habitual; poucos trematódeos são vivíparos, prevalecendo às espécies ovíparas, os ovos depositados variam com a espécie.

Nos digenea, o ovo é geralmente oval de cor clara ou marrom escuro, possuindo opérculo em uma das extremidades; e em algumas espécies, o ovo, já contem uma larva (miracídio) desenvolvida como em Schistosoma mansoni, nas outras, o ovo é eliminado não embrionado (Fasciola eurytrema) e o miracídio é formado após eliminação do ovo para o meio exterior, que necessita alcançar um molusco para dar continuidade ao ciclo e poder fazê-lo de duas formas: o miracídio é liberado na água (S. mansoni, F. eurytrema) ele penetra ativamente em um molusco aquático (Biomphalaria) ou quando o miracídio permanece dentro do ovo (Eurytrema, Platynosomum), há necessidade de o ovo ser ingerido por um molusco de habito terrestre (Bradybaena, Subulina) para dar continuidade ao ciclo. Os moluscos são os primeiros hospedeiros intermediários e sua evolução pode passar pelas fases de esporocistos, rédia, cercária, mesocercária e metacercária.

A formação de metacercária às vezes exige um segundo hospedeiro intermediário, quando a forma infectante é a cercaria, a infecção do hospedeiro definitivo se dá pela penetração da pele ou em mucosa (Schistosoma); quando a forma infectante é a metacercária, a infecção do hospedeiro definitivo se dá pela ingestão (Fasciola). As cercárias ou metacercárias, resultantes de um único ovo, é bem numerosa, aumentando a possibilidade de infecção do hospedeiro definitivo, completando o desenvolvimento e formando novos ovos.

Schistosoma mansoni

Classe Cestoda.

São endoparasitos desprovidos de epiderme, de cavidade geral e de sistema digestivo; os órgãos de fixação localizam-se na extremidade anterior; o corpo se apresenta alongado e constituído por segmentos, lembrando os trematódeos. Um cestódeo típico apresenta três regiões distintas: escólice, onde localiza os órgãos de fixação; colo ou pescoço suporta o escólice e faz a ligação com a terceira região, que é o estróbio, segmentado nas formas polizóicas. Esta classe compreende duas subclasses: Cestodaria e Eucestoda, sendo esta última com varias ordens, das quais apenas a Pseudophyllidea e Cyclophyllidea interessam por parasitarem o homem.

Os cestódeos são recobertos de uma cutícula, que repousa diretamente sobre o mesenquima, que nos taeniidae é rico em corpúsculos calcários (carbonato de cálcio). O sistema nervoso é, constituído basicamente por gânglios na base do escólice e nervos laterais, interligados por comissuras, não existe órgãos sensoriais especiais.

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O sistema excretor possui células flama, canal excretor percorre lateralmente o corpo do cestódeo e se interligam

na parte posterior da progote, no último segmento, formando a vesícula e poro excretor, geralmente são hermafroditas.

No Cyclophyllidae ocorre protandria, isto é, os órgãos genitais masculinos se desenvolvem antes dos órgãos genitais femininos. Nos Pseudophyllidae, os órgãos genitais masculinos e femininos desenvolvem se concomitantemente.

Na maioria dos cestódeos, há um conjunto de órgãos genitais masculinos e femininos por segmento (Taenia, Hymenolepis), ocorrendo em muitos outros dois órgãos genitais femininos e masculinos segmentados. O aparelho genital masculino apresenta dois ou mais testículos, ou algumas dezenas às vezes, com canais eferentes que unidos formam o canal deferente, e este pode dilatar e formar uma vesícula seminal antes de alcançar a bolsa do cirro ou dentro dela; diferenciando em canal ejaculador, com glândulas prostáticas e o cirro ou pênis como segmento final podendo possuir espinhos. Em alguns cestódeos, o aparelho genital masculino abre-se para o exterior através do poro genital masculino em uma das bordas laterais (Cyclophyllidea); na face ventral (Pseudophyllidea).

Os órgãos femininos constituem-se de: ovários, com dois lóbulos interligados medianamente; o oviduto originado no ovário atinge o oótipo; em torno deste estão às glândulas de Mehlis (glândulas de casca); o útero tem origem no oótipo podendo exteriorizar num poro uterino (Pseudophyllidea) ou terminar em fundo de saco (Cyclophyllidea). As glândulas vitelo gênicas podem localizar-se abaixo do ovário, como nos Himenolepididae e Taeniidae ou externamente aos testículos ou em mistura com os Pseudophyllidea, a vagina liga o poro genital feminino ao oviduto, antes formando o receptáculo seminal.

Nos cestódeos dotados de gonoporos, os ovos são produzidos, completam seu desenvolvimento e são eliminados para o meio exterior, já os desprovidos de gonoporos, os ovos serão eliminados para o exterior com ruptura do proglote. Podendo ocorrer autofertilização da proglote, com espermatozóides e óvulos produzidos pelos órgãos genitais do segmento; pode ocorrer também fertilização de espermatozóides produzidos em outros segmentos do mesmo cestódeo ou fertilização entre cestódeos diferentes.

A forma do ovo é variável; nos Pseudosphyllidea é ovóide ou elíptico, com ou sem opérculo; em algumas espécies, o embrião é guarnecido pó um embrióforo ciliado conhecido como “caracídeo”, liberado na água é ingerido pelo hospedeiro intermediário, um crustáceo copépode, a larvar se liberta no interior do embrióforo, migrando para a cavidade geral do crustáceo, onde se desenvolve tornando larva procercóide. O segundo hospedeiro intermediário pode ser um peixe, que ingere o crustáceo; a larva procercóide é liberada no intestino do peixe e migra para os músculos, aqui se desenvolve para larva “pleurocercóide ou sparganum”. O hospedeiro definitivo é infectado pela ingestão de formas infectante contidas em tecidos musculares de peixes, crus, mal cozidos ou mal passados.

Nos Cyclophyllidea, estão incluídas as espécies mais importantes para a parasitologia humana, os ovos contem uma oncosfera armada com três pares de ganchos e o ciclo só tem continuidade quando o ovo é ingerido pelo hospedeiro intermediário, podendo ser um invertebrado ou vertebrado. As espécies que tem como hospedeiro intermediário um invertebrado, a oncosfera após de libertar do ovo atravessa a parede intestinal caindo na cavidade geral, e se desenvolve para larva “cisticercóide”.

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Na família Taeniidae as larvas evoluem em vertebrados e formação de vesícula com bastante liquido, podendo

assumir quatro formas distintas:

- Cisticerco: possui vesícula com liquido no interior da qual se encontra um único escólice invaginado (Taenia solium, Taenia saginata).

- Estrobilocerco: é um escólice seguido de um falso estróbilo com uma pequena vesícula na extremidade (Taenia taeniformis).

- Cenuro: é uma vesícula grande de parede finas e liquido abundante (liquido hidático) com pequenos e numerosos escólices invaginados presos (internamente) a membrana germinativa da larva “multiceps”.

- Cisto hidático ou hidátide: é uma vesícula grande de paredes firmes e liquido abundante (liquido hidático) com pequenos e numerosos escólices presos a membrana interna (membrana germinativa), com vesículas filhas, que também contem escólices invaginados e liquido presos às membranas germinativas (Echinococcus granulosus).

Em todos estes casos a infecção do hospedeiro definitivo, é um vertebrado, por ingestão de tecidos crus ou mal passados infectados de formas larvares.

Taenia solium Taenia saginata Himenolepis diminuta Himenolepis nana

Filo Nematoda.

Neste grupo são encontrados representantes com os mais variados tipos de vida e habitat, desde espécies saprófitas de vida livres aquática ou terrestre até parasitos de vegetais, invertebrados e vertebrados. Recentemente com os avanços da biotecnologia já nos permite agrupar os nematóides em duas classes:

- Adenophorea: com as ordens Chromadorida, Dorylaimida, Enoplida, Mermethida, Mononchida, Monhysterida, Trichocefalida e Triplonchida.

- Secernentea: inclui as ordens Aphelenchida, Ascaridida, Diplogasterida, Oxyurida, Rhabditida, Rhigonematida, Spirurida, Strongylida e Tylenchida.

São vermes com simetria bilateral, três folhetos germinativos, sem segmentação verdadeira ou probóscide, cilíndricos, alongados, sem células em flama, cavidade geral sem revestimento epitelial, tamanho variável em milímetros a dezenas de centímetros, tudo digestivo completo, com abertura anal ou cloacal terminal ou próxima da extremidade anterior; sexos separados (dióicos), o macho é menor que a fêmea, corpo revestido por cutículas acelular, lisa ou com estriações.

Em alguns nematódeos, na face ventral anterior do corpo abrem-se os poros ou células glandulares, constituindo a “faixa bacilar”, o pseudoceloma é cheio de liquido celomático, responsável pelo equilíbrio hidrostático e movimentos, envolve os órgãos contidos no tubo digestivo e órgãos genitais. Não há sistema circulatório, ou sistema vascular, a oxihemoglobina contida no pseudoceloma, contém substâncias nutritivas e resíduos metabólicos, seu movimento depende da contratura do corpo.

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O sistema nervoso consta de um cérebro formado por gânglios nervosos interligados por fibras nervosas,

formando um anel em torno do esôfago, de onde partem nervos dirigindo se para frente e para trás; a excreção é feita pelo aparelho excretor, peculiar nos nematódeos, e desprovidos de células em flama. As gonodas são tubulares, continuas com ductos reprodutores, impar ou dupla nos machos, par ou impar nas fêmeas; o sistema genital masculino é diferenciado em testículos, canal deferente, vesícula seminal e canal ejaculador, abrem se na cloaca, além dos ductos genitais podem apresentar estruturas acessórias: espículos e bolsa couladora.

O aparelho genital feminino é constituído de ovário, oviduto, útero, vagina e vulva, podendo variar em forma, disposição e numero; o útero e a vagina destacam uma estrutura chamada de ovojector (dotado de esfíncter para regular a passagem dos ovos). A reprodução e o processo de atingir o hospedeiro são bastante variados nos nematóides; são diócos sexos separados (Ascaris lumbricoides, Ancylostoma, etc.); existem também hermafroditas, como em rabditideos, nos quais a mesma gônada produz primeiro espermatozóides e depois óvulos (singemia), a partogênese também é vista em heterodera (nematóides terrestres) e Strongyloides parasito humano.

Os espermatozóides fecundam os ovócitos em sua passagem pelo útero, onde se completa a formação do ovo, envolvidos por três membranas. Alguns nematóides, como Ancylostoma e Ascaris, o embrião desenvolve dentro do ovo no meio externo; em Strongyloides, o embrião desenvolve dentro do ovo ainda no útero da fêmea que o elimina larvado.

Ascaris lumbricoides Enterobius vermiculares Strongyloides stercoralis

Ancilostomídeo Trichuris trichiura Necatotr americanus

Aspecto Clínico.

Amebas – infecções causadas por um protozoário que se apresenta em duas formas: cisto e trofozoítos. Esse primeiro pode atuar como comensal ou provocar invasão de tecidos, originando assim, as formas intestinais e extra-intestinais da doença; o quadro clínico pode ser uma forma branda, caracterizada por desconforto abdominal leve ou moderado, com sangue e/ou muco nas dejeções, uma diarréia aguda e fulminante, de caráter sanguinolento ou mucóide, acompanhada de febre e calafrios. Podendo ou não ocorrer períodos de remissão.

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Em casos graves, as formas trofozoíticas se disseminam através da corrente sangüínea, provocando abcesso no

fígado (mais freqüente), nos pulmões ou no cérebro e se não diagnosticadas a tempo podem levar o paciente a óbito.

Agente etiológico: Entamoeba histolytica.

Reservatório: homem.

Transmissão: As principais fontes de infecção são a ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo cistos amebianos maduros; ocorre raramente por transmissão sexual devido o contato anal-oral; falta de higiene familiar facilita a disseminação de cistos dentro do lar. Os portadores assintomáticos, que manipulam alimentos são importantes disseminadores desta protozoose.

Período de incubação: De 2 a 4 semanas, e pode variar por dias, meses ou anos.

Período de transmissibilidade: se não tratada pode durar anos, e em conseqüência, formar granulomas amebianos (amebomas) na parede do intestino grosso, abcesso hepático, pulmonar ou cerebral, empeima, pericardite, colite fulminante com perfuração.

Diagnóstico: cistos ou trofozoítos presentes nas fezes do hospedeiro; e também em outros fluidos, como: aspirados ou raspados através de endoscopia ou proctoscopia; aspirados de abcesso ou corte de tecido. Podem ser utilizados outros métodos como, dosagem de anticorpos séricos que é um importante complemento para o diagnóstico de abcesso hepático, ultra-sonografia e tomografia também são uteis para abscessos amebianos.

Características epidemiológicas: Aproximadamente mais de 10% da população mundial esta infectada por

(E. dispar e E. histolytica), que são espécies morfologicamente idênticas, mas só a ultima é patogênica, sendo a ocorrência estimada em 50 milhões de casos invasivos/ano; e a prevalência de infecção é muito alta em países em desenvolvimento, onde 90% dos infectados podem eliminar o parasito durante 12 meses. As infecções são transmitidas por cistos através da via fecal/oral; os cistos, no interior do hospedeiro humano, liberam os trofozoítos, essa trans missão é mantida pela eliminação de cistos no ambiente, que podem contaminar a água e os alimentos. Os cistos continuam viáveis no meio ambiente, se ao abrigo da luz sola e sob condições de umidade favoráveis por um período de 20 dias; sua ocorrência esta associada à falta de saneamento básico, falta de higiene pessoal e ambiental.

Leishmaniose - Doença parasitária das mucosas e pele, causada pelo protozoário do gênero Leishimania, a doença cutânea é sobre a forma de pápulas, evoluindo para úlceras com fundo granuloso e bordas infiltradas em molduras, podendo ser únicas ou

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múltiplas e são indolores. Pode-se manifestar também com placas verrucosas, papulosas, nodulares, localizadas ou

difusas, já a forma mucosa, secundaria ou não à cutânea, tem características de infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe.

Sinonímia: ulcera de Bauru, nariz de tapir, botão do oriente.

Agente etiológico: Existem muitas espécies de Leishimanias que são envolvidas na transmissão, porem, no Brasil as mais importantes são: Leishimania Viannia braziliensis, Lieshimania Leishimania amazonensis e Leishimania Viannia guayanensis.

Reservatório (masurpiais): roedores, cão, tamanduá, mulas e eqüinos.

Transmissão: picada de insetos do gênero Lutzomya e Phlebotomum.

Período de incubação: 2 a 3 meses em média, podendo ser mais curto (duas semanas) e mais longos (até 2 anos).

Período de transmissibilidade: desconhecido, há transmissão homem a homem.

Diagnóstico: suspeita clínica e epidemiológica, juntamente com a reação de Montenegro (reação intradérmica). IDRM positiva e ou demonstração do parasito através de exame parasitológico direto em esfregaço de raspado da borda da lesão, ou biopsia hematológica, ou isolamento em cultura. A imunofluorescência isolada não deve ser utilizada como diagnostico para leishimaniose, mas é considerado um complemento adicional no diagnostico diferencial com outras doenças, sem demonstração de agente etiológico. Forma cutânea: úlceras vasculares, traumáticas, tropical, paracoccidioidomicose, esporotricose, cromomicose, neoplasias cutâneas, sífilis e tuberculose cutânea. Forma mucosa: paracoccidioidomicose, sífilis terciaria, neoplasias e Hanseníase virchowiana. Na forma mucosa grave pode apresentar disfagia, disfonia, insuficiência respiratória por edema na glote, pneumonia por aspiração e morte.

No Brasil a LTA (Leishimaniose Tegumentar Americana) tem caráter endêmico e está distribuída em todos os estados; a LTA é uma zoonose de animais silvestres que atinge o homem se este entrar em contato com o foco zoonotíco, extrativismo ou áreas de desmatamento. Ocorreu uma mudança na transmissão e perfil dos pacientes afetados, eram inicialmente só em adultos jovens do sexo masculino; hoje a doença atinge crianças e mulheres, devido à existência de relatos e casos de infecção na periferia de áreas urbanas e em ambientes domiciliares.

Giardíase – é causada por protozoário, a maioria das infecções é assintomática com registros de ocorrência tanto em adultos como em crianças; infecções sintomáticas podem causar diarréia, dor abdominal. Podendo chegar à cronicidade devido às

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características dos sinais e sintomas clínicos e também do material analisado, como: aspecto gorduroso, fadiga,

anorexia, flatulência e distensão abdominal.

Sinonímia: Enterite por giárdia.

Agente etiológico: Giardia lamblia, protozoário flagelado existente sob a forma de cisto (infectante) e trofozoíto.

Reservatório: o homem e alguns animais domésticos, tais como: gatos e cães.

Transmissão: fecal/oral, direta pela contaminação das mãos e a consequente ingestão de cistos existentes em objetos de pessoas infectadas, ou indireta, ingestão de água ou alimentos contaminados.

Período de incubação: de 1 a 4 semanas e média de 7 a 10 dias.

Período de transmissibilidade: em quanto persistir a infecção.

Diagnóstico: presença de cistos ou trofozoítos no exame direto de fezes ou trofozoítos no liquido duodenal, obtido por aspiração. ELISA, para detecção de antígenos; é rara a realização de biópsia duodenal.

Diagnóstico diferencial: enterites causadas por protozoários, bactérias ou outros agentes infecciosos.

Tem uma distribuição mundial, podendo ocorrer, mas especificamente em instituições particulares que atendam crianças, sendo o grupo etário mais acometido entre oito meses a dez anos. É reconhecida como o agente etiológico da diarréia dos viajantes em zona endêmicas.

Os cistos podem resistir ate dois meses no ambiente externo, resistem ao processo de cloração da água proveniente da rede pública, com falha no sistema de tratamento ou águas superficiais não tratadas.

Ancilostomíase - Infecção intestinal causada por nematódeos se apresenta de forma assintomática, em infecções leves; em crianças com parasitismo intenso, pode ocorrer hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento físico e mental. Dependendo da intensidade da infecção pode causa anemia ferropriva.

Sinonímia: amarelão, opilação, doença do jeca tatu.

Agente etiológico: nematóides da família Acncylostomidae: A. duodenale e N. americamus.

Reservatório: o homem.

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Transmissão: os ovos contidos nas fezes são depositados no solo onde serão embrionados; em condições favoráveis

de umidade e temperatura, e as larvas se desenvolverão até chegar ao terceiro estágio, o que as torna infectantes em um período de 7 a 10 dias. A infecção nos homens ocorre quando essa larva penetra na pele geralmente pelos pés, causando uma dermatite característica; as larvas de ancilostomídeo após essa penetração passam pelos vasos linfáticos, ganham a corrente sangüínea e penetram os alvéolos pulmonares, migram também para a traqueia e faringe é deglutida e chegam ao intestino delgado, onde se fixam para atingir a maturidade nas 6 ou 7 semana, passando a produzir milhares de ovos por dia.

Período de incubação: meses ou semanas após a infecção inicial.

Período de transmissibilidade: os indivíduos infectados contaminam o solo durante anos, quando não tratados adequadamente, não é transmitida de pessoa a pessoa; em condições favoráveis, as larvas permanecem infectantes no solo por semanas.

Diagnóstico: prurido característico, com diagnóstico laboratorial pela realização do exame parasitológico de fezes, utilizando a metodologia de Lutz, Willis ou Faust, também a contagem de ovos pelo método de Kato-Kartz.

Diagnóstico diferencial: outras parasitoses e anemia por outras causas.

Ocorre preferencialmente em crianças com mais de seis anos, adolescentes e em indivíduos mais velhos, independente da idade. No Brasil, predomina nas áreas sem saneamento básico e em populações que tem como habito andar descalças, facilitando assim, a contaminação e uma vez contaminado essa infecção pode causar complicações, tais como: anemia, hiperproteinemia, insuficiência cardíaca, nos pulmões podem causar hemorragia e pneumonite.

Ascaridíase – é causada por um helminto, parasitário do homem, não causa sintomatologia podendo manifestar se por dor abdominal, diarréia, náuseas e anorexia. Quando o número de parasitos é muito grande, pode ocorrer obstrução intestinal, e em virtude do ciclo pulmonar da larva, alguns pacientes apresentam manifestações pulmonares com bronco espasmo, hemoptise e pneumonia, caracterizando a síndrome de Löeffler, e uma eosinofilia importante.

Sinonímia: infecção por Ascaris.

Agente etiológico: Ascaris lumbricoides.

Reservatório: o homem.

Transmissão: água ou alimentos contaminados com fezes humanas, e a ingestão dos ovos infectantes do parasito.

Período de incubação: o ovo fértil até seu desenvolvimento para larvas infectante é de aproximadamente 20 dias, isso, no meio exterior e em condições favoráveis. O período

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pré-patente da (infecção como ovos embrionados até a presença até a presença de ovos nas fezes do hospedeiro) é

de 60 a 75 dias.

Período de transmissibilidade: no decorrer do período que o hospedeiro infectado pelo parasito, elimina os ovos pelas fezes, e quando não se institui o tratamento adequado. As fêmeas fecundadas no aparelho digestivo podem produzir cerca de 200.000 ovos por dia, tem uma vida media de 12 meses, e os ovos férteis podem permanecer viáveis durante anos em meio favorável.

Diagnóstico: o exame clínico não e suficiente para o diagnostico, sendo necessária a confirmação pelo exame de fezes.

Diagnóstico diferencial: estrongiloidíase, amebíase, apendicite, pneumonias bacterianas entre outras.

Tem complicações como: obstrução intestinal, perfuração intestinal, colecistite, colelitíase, pancreatite aguda e abcesso hepático.

Estrongiloidíase – é uma doença parasitaria intestinal, na maioria dos casos assintomática, e as formas sintomáticas apresentam inicialmente alterações cutâneas, secundarias a penetração das larvas na pele tais como: lesões urticariformes ou maculopapulares, ou lesão serpiginosa ou linear pruriginosa migratória (larva currens). A migração da larva pode causar manifestações pulmonares como tosse, dispnéia, broncoespasmo e edema pulmonar (síndrome de Löeffler), manifestações intestinais podem ser brandas ou intensas, com diarréia, dor abdominal, flatulência, acompanhadas ou não de anorexia, náuseas, vômitos e dor epigástrica.

A forma grave é caracterizada por febre, dor abdominal, anorexia, náuseas, vômitos, diarréias profundas, manifestações pulmonares (tosse, dispnéia, broncoespasmo, hemoptise e angustia respiratória). Nos raios-X, observa-se cavitações, e podem ocorrer infecções secundarias como: meningite, endocardite, sepse e peritonite, mais frequentes por enterobactérias e fungos e quando não tratados atingem 85% de letalidade.

Agente etiológico: Strongyloides stercoralis.

Reservatório: o homem, cães, gatos, e alguns primatas.

Transmissão: as larvas infectantes (filarióides), presentes no meio externo, penetram a pelo do homem, migram ate os pulmões, traqueia, epiglote, ate atingir o trato digestivo, via descendente onde desenvolve o verme adulto. As fêmeas são ovovivíparas e liberam ovos larvados que eclodem ainda no intestino, liberando larvas rabditóides (não infectantes), que eliminadas pelas fezes atingem o meio externo e evoluem para a forma infectante ou para adultos de vida livre, que ao se acasalarem geram nova forma infectante. Ocorre também, auto endoinfecção, quando as larvas passam a ser filarióides no interior do hospedeiro, sem passar por fase evolutiva no meio externo; autoexoinfecção ocorre quando as larvas filarióides se localizam na região anal ou perianal, de onde novamente penetram o organismo do hospedeiro.

Período de incubação: de 2 a 4 semanas entre a penetração na pele e o aparecimento dos de larvas rabditóides nas fezes.

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Período de transmissibilidade: enquanto o hospedeiro estiver infectado por larvas será um transmissor.

Diagnóstico: EPF (exame parasitológico de fezes) escarro ou lavado gástrico, podem ser utilizados testes imunológicos como ELISA, hemaglutinação indireta, imunofluorescência indireta, e estudos radiológicos do intestino delgado.

Diagnóstico diferencial: ascaridíase, giardíase, ancilostomíase, pneumonia, urticária, colecistite, pancreatite, eosinofilia pulmonar tropical.

Algumas complicações como: hiperinfecção, síndrome de Löeffler, edema pulmonar, no paciente imunocomprometido, em uso de corticóides ou desnutridos, pode haver superinfecção ou infecção oportunista, podendo ocorrer sepse com evolução letal.

Teníase e Cisticercose - constitui duas entidades mórbidas distintas, causadas pela mesma espécie de cestódeo, em fases diferentes do seu ciclo de vida. A teníase é provocada pela forma adulta da Taenia solium ou Taenia saginata, no intestino delgado do homem; pode causar dor abdominal, náuseas, debilidade, perda de peso, flatulência, diarréia ou constipação. Quando o parasito permanece na luz do intestino o parasitismo pode ser benigno e só requer intervenção cirúrgica por penetração em apêndice, ducto pancreático, devido ao crescimento exagerado do parasito; a infecção pode ser percebida pela eliminação espontânea de proglotes dos vermes nas fezes, que em alguns casos pode causar retardo no crescimento e desenvolvimento em crianças e nos adultos baixa produtividade.

A cisticercose é causada pela larva da Taenia solium nos tecidos, ou seja, é uma enfermidade somática; suas manifestações clínicas dependem da localização, tipo morfológico, número de larvas que infectam o indivíduo, da fase de desenvolvimento do cisticerco e da resposta imune do hospedeiro. As formas graves estão localizadas no sistema nervoso central e apresentam sintomas neuropsiquiátricos (convulsões, distúrbios de comportamento, hipertensão intracraniana) e oftálmicos.

Sinonímia: solitária, lombriga na cabeça.

Agente etiológico: Taenia solium é a tênia da carne do porco, e Taenia saginata é da carne bovina. Esses dois cestódeos causam doença intestinal (teníase) e os ovos da T. solium desenvolvem infecções somáticas cisticercose.

Reservatório: o homem e o hospedeiro definitivo da forma adulta, o porco (suíno) doméstico ou o javali é o hospedeiro intermediário da Taenia solium e o bovino da Taenia saginata.

Transmissão: é adquirida através da ingestão de carne bovina ou suína mal cozida, que contem as larvas, quando ingere a Taenia solium, adquire a cisticercose.

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Período de incubação: a cisticercose humana varia de 15 dias a anos após a infecção; para a teníase, após três meses

de ingestão da larva, o parasito adulto já é encontrado no intestino delgado.

Período de transmissibilidade: os ovos das tênias permanecem por meses viáveis no meio ambiente contaminado pelas fezes de humanos portadores de teníase.

Diagnóstico: clínico, epidemiológico e laboratorial; como a maioria dos casos de teníase e oligossitomático, o diagnóstico é feito pela observação do paciente ou, quando criança, pelos familiares. Isso porque os proglotes são eliminados espontaneamente e nem sempre são detectados nos exames parasitológicos de fezes, estudos sorológicos específicos como: fixação de complemento, imunofluorescência e hemaglutinação no soro e líquido cefalorraquidiano confirmam o diagnóstico da neuricisticercose cuja suspeite é feita através do exame de imagem (raio-X, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética (identifica cisticercos em varias fases de desenvolvimento). A biopsia de tecidos possibilita a identificação microscópica da larva.

Diagnóstico diferencial: na neurocisticercose tem se que fazes um diagnostico com os distúrbios psiquiátricos e neurológicos, principalmente epilepsia por outras causas.

A América latina tem sido apontada por vários autores como área de prevalência elevada de neurocisticercose, sendo esta relatada em 18 países latino-americanos, onde estima se 350.000 pacientes acometidos. O abate clandestino de suínos sem inspeção e controle sanitário, é muito elevado na maioria dos países da América latina e caribe, sendo a causa fundamental da falta de notificação. No Brasil a cisticercose tem sido cada vez mais diagnosticada, principalmente nas sul e sudeste, em serviço de neurologia e neurocirurgia e anatomopatológico.

Medidas de Controle Parasitário.

1. Impedir a contaminação fecal dos alimentos e da água através de medidas de saneamento básico, educação em saúde, destino adequado das fezes e controle dos indivíduos que manipulam alimentos.

2. Diagnostico precoce e tratamento adequado dos casos de humanos e redução do contato homem-vetor.

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3. Em creches ou orfanatos deverão ser construídas instalações sanitárias adequadas e enfatizar a

necessidade de medidas de higiene pessoal, educação sanitária, hábitos de higiene, lavar as mãos após o uso do banheiro.

4. Quimioterapia em massa nas comunidades com alta endemicidade, tratar animais domésticos infectados.

5. Orientação quanto às medidas de proteção individual: como uso de roupas apropriadas, repelentes, mosquiteiros, telas finas em portas e janelas. Em áreas de risco para assentamento de populações humanas, segure-se uma faixa de segurança de 200 a 300 metros entre as residências e a floresta, com cuidado para evitar o desequilíbrio ambiental.

Tratamento.

Medicamentos antiparasitários específicos após a identificação do agente causador.

Seconidazol – adultos 2g em dose única, crianças 30mg/kg/dia via oral. Metronidazol – adultos 500mg três vezes ao dia, durante 5 dias, crianças

35mg/kg/dia três vezes, durante 5 dias.

Leishimaniose – forma cutânea e mucosa: antimoniato de N-metiglucamina e anfotericina B.

Albendazol (ovacida, larvicida e vermicida) – adultos 400mg/dia em dose única, crianças 10mg/kg, dose única por três dias consecutivos.

Levamizol – adultos 150mg, via oral para adultos e crianças menor de 8 anos 40mg e 80mg para crianças acima de 8 anos, em dose única.

Neurocisticercose – Prazinquantel - 50mg/kg/dia, durante 21 dias associado à dexametasona para induzir a resposta inflamatória.

Glossário.

Agente etiológico – é o agente causador ou responsável pela origem da doença, pode ser: fungos, bactérias, vírus, protozoários e helmintos.

Agente infeccioso – parasito, microparasitos (fungos, bactérias protozoários, vírus, etc.), capazes de produzir doenças imfecciosas.

Anfixenose – doença que circula indiferentemente entre humanos e animais.

Antroponose – doença exclusivamente humana, gripe.

Antropozoonose – doença primaria de animais que podem ser transmitidas aos humanos.

Cepa – grupo ou linhagem de agente infeccioso, de ascendência conhecida, compreendida dentro de uma espécie e que se caracteriza por alguma propriedade biológica e/ou fisiológica.

Contaminação – é a presença de um agente infeccioso na superfície do corpo, roupas, água, etc..

Doença metaxênica – quando parte do ciclo vital de um parasito se realiza no vetro, isto é, quando vetor não só transporta o agente, mas é um elemento obrigatório para maturação e/ou multiplicação do agente, (malária).

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Enzoonose - doença exclusivamente de animais, (peste suína).

Endemia – é a prevalência usual de determinada doença em relação à área.

Epidemia ou surto epidêmico – é a ocorrência numa comunidade ou região, de casos que ultrapassaram a incidência normal esperada de uma doença e derivada de uma fonte comum de infecção ou propagação.

Epidemiologia – é o estudo da distribuição e dos fatores determinantes da freqüência de uma doença.

Espécies alopátricas – são espécies ou subespécies do mesmo gênero, que vivem em ambientes diferentes, devido à existência de barreiras que as separam.

Espécies simpátricas - são espécies ou subespécies do mesmo gênero, que vivem num mesmo ambiente.

Espécies euritopa – é a que possui ampla distribuição geográfica, com ampla Valencia ecológica, e ate habitats variados.

Espécies etinótopas – é a que apresenta distribuição geográfica restrita com habitats restritos.

Estádio – é a fase intermediaria ou intervalo entre duas mudas de larva.

Estágio – é a forma de transmissão (imaturo) de um atrópode ou helminto para completar o ciclo biológico.

Fase aguda – período após a infecção em que os sintomas clínicos são mais marcantes (febre alta).

Fase crônica – é a que se segue a fase aguda, caracterizada pela diminuição da sintomatologia clínica e passa a existir um equilíbrio relativo entre o hospedeiro e o agente infeccioso.

Fômite – é representado por utensílios que podem veicular o parasito entre hospedeiros (roupas).

Fonte de infecção – é a pessoa, coisa ou substancia na qual um agente infeccioso passa direto a um hospedeiro e pode estar em qualquer parte da cadeia infecciosa.

Hospedeiro – é um organismo que abriga o parasito.

Hospedeiro definitivo – é o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual.

Hospedeiro intermediário – é aquele que apresenta o parasito em fase larvária ou assexuada.

Hospedeiro paratênico ou de transporte – é o hospedeiro intermediário no qual o parasito não sofre desenvolvimento, mas permanece encistado até ser ingerido pelo hospedeiro definitivo.

Incidência – é a freqüência com que uma doença ou fato ocorre num determinado período de tempo definido com relação à população.

Infecção – penetração e desenvolvimento, multiplicação, de um agente infeccioso dentro do organismo de humanos ou animais.

Infecção inaparente – presença de infecção num hospedeiro, sem manifestação ou aparecimento de sinais ou sintomas clínicos.

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Infestação – é o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou vestes.

Letalidade – expressa o numero de óbitos em relação a uma determinada doença ou fato e com relação à população.

Mortalidade – determina o numero geral de óbitos em determinado período de tempo em relação à população.

Parasitemia – reflete a carga parasitaria no sangue do hospedeiro.

Parasitismo – é a associação entre seres vivos, em que existe unilateralidade de benefícios, sendo um dos associados prejudicado pela associação.

Parasito acidental – é o que parasito outro hospedeiro que não é seu normal.

Parasito errático – é o que vive fora de seu habitat normal.

Parasito estenoxênixo – é o que parasita espécies de vertebrados muito próximos.

Parasito facultativo – é o que pode viver parasitando, ou não, um hospedeiro.

Parasito heteroxênico – é o que possui hospedeiro definitivo e intermediário (T. cruzi, S. mansoni).

Parasito monoxênico – é o que possui apenas o hospedeiro definitivo.

Parasito monogenético – é o que não apresenta alternância de gerações.

Parasito obrigatório – é aquele incapaz de viver fora do hospedeiro.

Parasito periódico – é aquele que parasito o hospedeiro intercaladamente.

Partenogênese – desenvolvimento de um ovo sem a interferência do espermatozóide.

Patogenia ou patogênese – é o mecanismo com que um agente infeccioso provoca lesão no hospedeiro.

Patogenicidade – é a habilidade de um agente infeccioso provocar lesões.

Patognomônico – sinal ou sintoma característico de uma doença.

Pedogênese – é a reprodução ou multiplicação de uma forma larvária.

Período de incubação – é o período decorrente entre o tempo de infecção e o aparecimento dos primeiro sintomas clínicos.

Período pré-patente – é o período que decorre entre a infecção e o aparecimento das primeiras formas detectáveis do agente infeccioso.

Poluição – é a presença de substâncias nocivas (produtos químicos), mas não infectante no meio ambiente.

Portador – hospedeiro que alberga o agente infeccioso, sem manifestar os sintomas, mas é capaz de transmiti-lo a outrem.

Profilaxia – é um conjunto de medidas que visa à prevenção, erradicação ou controle de doenças ou fatos prejudiciais aos seres vivos.

Reservatório – o homem, os animais, as plantas, o solo e qualquer matéria orgânica inanimada onde vive e se multiplica um agente infeccioso, sendo vital para este a presença de tais reservatórios e sendo possível a transmissão para outros hospedeiros (OMS).

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Vetor – é um artrópode, molusco ou outro veiculo que transmite o parasito entre dois hospedeiros.

Vetor biológico – é quando o parasito se multiplica ou se desenvolve no vetor.

Vetor mecânico – é quando o parasito não de multiplica ou desenvolve no vetor.

Virulência – é a severidade e rapidez com que um agente infeccioso provoca lesão no hospedeiro.

Zooantroponose – doença primaria dos humanos, que pode ser transmitida para os animais.

Zoonose – doenças e infecções que são naturalmente transmitidas entre animais vertebrados e os humanos.

MICOLOGIA

Os fungos são organismos eucarióticos, desprovidos de clorofila e de celulose, unicelulares ou pluricelulares sem capacidade de formar tecido, imóveis na sua maioria; cada célula pode gerar, por si só, um novo organismo da mesma espécie. São considerados os principais biodegradadores de matéria orgânica de nosso planeta; as células fúngicas apresentam morfologia variada, mostrando grande diferença entre tamanho, estrutura e atividade metabólica, formando diferentes tipos de colônias quando cultivados em meio apropriados, estruturas frutificação complexa e/ou elaboradores mecânicos de propagação e dispersão.

Os fungos organismos distintos das bactérias em tamanho, estrutura celular e composição química, são eucariontes, isto é, possui núcleos envolvidos por membrana própria, heterotróficos, com nutrição de absorção, parede formada por polissacarídeo incluindo glucana, mananas, quitina bem como glicoproteínas sem celulose. A composição desses compostos é variável e depende da posição sistemática dos fungos, ergosterol é o principal componente da membrana fúngica, e se desenvolvem em meios de cultivos espeviais, formam colônias que são classificadas em dois tipos principais: leveduriformes e filamentosas, que se diferenciam pela macromorfologia e microformologia.

As colônias de leveduras são de consistência cremosa de cor branca a creme, brilhante ou opaca podendo apresentar às vezes coloração escura ou alaranjada; as leveduras produzem células simples, ovais ou alongadas que se reproduzem quase sempre por brotamento, geralmente na posição polar chamada de blastoconídio. Algumas leveduras podem produzir brotos simultaneamente em vários pontos, e esses brotos ou células filhas são liberados da célula mãe, formando células independentes ou continuar unidos formando células alongadas chamadas de pseudohifas, que se diferencia das hifas verdadeiras por apresentarem contrição nos septos, além dos blastoconídios, pseudohifas e clamidoconídios típicos.

As colônias de fungos filamentosos podem ser granulares, aveludadas, pulverulentas, membranosas, o seu talo consiste de hifas que podem ser continuas ou interrompidas em intervalos irregulares por septos (septadas) que dividem as hifas em células. Um conjunto de hifas forma o micélio que pode ser vegetativo ou reprodutivo; o micélio vegetativo penetra no meio de cultivo, para absorver substâncias nutritivas para o fungo, e também, produz as estruturas de reprodução típicas para cada grupo de fungos.

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Os fungos sexuados se reproduzem por esporos que podem ser formados internamente (ascoporas) ou

externamente (basidiosporas), eles também se reproduzem de forma assexuada. Na reprodução sexuada, as estruturas de reprodução tomam nomes variados de acordo com o grupo a que pertence o fungo. Canídios são estruturas assexuadas de reprodução encontradas entre os fungos filamentosos, podendo apresentar tamanhos, formas, cores e septos diferentes (macroconídios, microconídios, ameroconídios, didinoconídios, fragmoconídios, dictioconídios, etc.).

As hifas que sustentam os conídios são denominadas de conidiófaros e as células que dão origem aos conídios conidiogênicas; os conídios podem ser claros ou hialinos (hialoconídios) ou pigmentados e escuros (feoconídios). Entre os fungos as hifas não septadas, as hifas aéreas produzem esporos assexuados (esporangiosperma) dentro de estruturas chamadas esporângios que são conhecidas como esporangióforos.

Micoses.

As micoses estão divididas em:

Micoses Superficiais – os agentes de micoses superficiais formam um grupo heterogêneo de fungos que não sensibilizam o individuo, não provocam reações alérgicas a distancia como os agentes de micoses cutâneas, alguns exemplares (Malassezia furfur, Hortaea werneckii, Tricosporon sp., Piedraia hortae) são os fungos envolvidos neste tipo de micose.

- Malassezia furfur: Agente da pitiríase versicolor, afecção cutânea assintomática que se caracteriza por placas descamativas de diferentes cores (castanho avernmelhadas, marrom ou branco).

- Hortaea wernekii: agente tinha negra, lesão que se caracteriza pela formação de manchas pouco descamativas de coloração castanha ou preta, principalmente nas palmas das mãos, essas lesões aumentam de tamanho durante meses ou anos.

- Trichosporon sp.: causa piedra branca, que consiste em nódulos castanhos claros e macios em torno de pelos da região genital, axilar e do couro cabeludo, os nódulos são menos aderentes que os da piedra negra. Nos pacientes com imunodeficiência, pode ocorrer invasão do sangue, dos rins, dos pulmões e da pele.

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- Piedraia hortae: produz piedra negra, que consiste em nódulos duros, pretos e firmes em torno dos cabelos.

Micoses Cutâneas – Agrupam as dermatofitoses e as candidíase cutâneas. Os agentes das micoses cutâneas atacam a epiderme e as camadas mais profundas da córnea, chegando a produzir granulomas, se localizadas na pele, pêlos, unhas e mucosas.

Os dermatófitos são fungos relacionados entre si que invadem a queratina morta, pertence aos gêneros Microsporum, Epidermophyton e Trchophyton. A espécies geofilicas vivem principalmente no solo; as zoofílicas, em animais; as antropofílicas, nos seres humanos; esses fungos infectam locais específicos do corpo, que servem de base para o diagnóstico clínico.

- Microsporum canis: causam dermatofitose do corpo e do couro cabeludo, geralmente encontrados em crianças adquiridos de animais infectados como gatos e cães.

- Microsporum gypseum: causa dermatofitose inflamatpria do corpo ou couro cabeludo, contraído por dermatofitose inguinal.

- Epidermophyton floccosum: dermatofitose epidêmica (pé de atleta) em locais de veraneio, bem como dermatofitose inguinal.

- Trichophyton rubrum: dermatofitose do corpo, dos pés, da virilha e das unhas; em pacientes imunodeprimidos, pode causar nódulos ou abscessos subcutâneos.

- Trichophyton mentagrophytes: dermatofitose inflamatória nos pés, no corpo, nas unhas, na barba e no couro cabeludo; é causa comum de pé de atleta, apresenta as variedades granular e cotonosa.

- Trichophyton verrucosum: dermatofitose de couro cabeludo, da barba ou do corpo, geralmente adquirida por contato com o gado infectado.

- Trichophyton shoenleinii: dermatofitose do couro cabeludo chamado FAVO (tinha favosa) com alopecia definitiva, raramente, dermatifitose de corpo ou das unhas.

Candidíase.

São causadas primordialmente por C. albicans, embora outra s espécies de cândida esteja se tornando cada vez mais importantes como agentes etiológicos. A C. albicans existe normalmente no trato gastrointestinal, na área vulvovaginal, na pele e fezes. Em casos de comprometimento imunológico e conseqüente queda da resistência causada Pela AIDS, neoplasias, lúpus eritematoso, tuberculose ou terapias com esteróides ou

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agentes citotóxicos, as leveduras podem proliferar e causar auto-infecção. As candidíases atingem principalmente a

mucosa oral, broncopulmonar, vulvovaginal; candidíases mucocutânea crônica, ungeal, etc..

Micoses Subcutâneas – Os agentes de micoses subcutâneas têm habitat no solo; podem ocorrer micoses subcutâneas quando há traumatismo por espinhos ou outro tipo de vegetação ou material contaminado por fungo. Os organismos alojam-se na pele e passam a produzir infecção localizada na pele e no tecido subcutâneo e às vezes nos linfonodos da região; raramente a infecção se dissemina; se caracterizam pela cronicidade de áreas duras, nodulosas, crostosas e ulceradas, que não cicatrizam e periodicamente produzem exsudação. Os membros inferiores, sobretudo os pés, são muitas vezes comprometidos, visto que seu contato com espinhos e outros vegetais é mais freqüente.

- Esporotricose: esta infecção decorre de ferimentos cutâneos provocados por materiais contaminados, como espinhos de flores, gravetos, madeira, etc.. Produz lesões ulcerativas subcutâneas, nos membros, podendo avançar ao longo dos vasos linfáticos; a esporotricose pulmonar esta sendo observada com mais freqüência, deve ser distinguida da tuberculose, coccidioidomicose, histoplasmose e sarcoidose. O agente infeccioso é o Sporothrix schenckii, fungo dimorfico.

- Cromoblastomicose: As lesões produzidas evoluem com grande lentidão, formando muitas protuberâncias sobrepostas, o que cria a aparência de couve-flor. Geralmente, a erupção é seca, mas pode ulcera-se. Os agentes envolvidos são: Fonsecaea pedrosoi, F. compacta, Rhinocadiella aquaspersa.

- Micetomas: o micetoma geralmente restringe se aos pés, mas pode ser visto em outras regiões como mãos e nádegas, são nódulos que periodicamente exsudam um liquido oleoso que contem grânulos que podem ser vermelhos, brancos, amarelos ou pretos e que aos poucos a lesão compromete toda a perna. A infecção causada pelos fungos superiores (micetoma eumicótico, principais agentes: Scedosporium apiospermum, Acremonium falciforme, Acremonium recifei, Exophiala jeanselmei, Madurella mycetomatis e Madurela grisea) produz lesões fistulosas, com pouca dor e destruição óssea, enquanto a causada por bactérias fungiformes (mecetoma actinomicótico, principais agentes: Nocardia asteróide, N. brasiliensis, N. otitidiscavarium, Actinomadura madurae, A. pelletierii, Streptomyces somaliensis, Actinomyces israelli e A. bovis), apresentam lesões tumorosas crônicas semelhantes a erupções de acnes, com grande exsudação e comprometimento ósseo com dor.

- Doença de Jorge Lobo: dermatose que provoca lesões tipo quelóides com ausência de comprometimento visceral, ausência de adenopatia satélite, longa evolução do processo; nem sempre as lesões cutâneas assumem aspectos puramente queloidiano ao lado de lesões papulosas, nodulares, verrucosas e tuberosas, o agente etiológico é Lacazia loboi (Loboa loboi) ainda não cultivado.

Micoses Sistêmicas – Estes fungos vivem em forma saprofíta no solo, sendo alguns animais de vida silvestre reservatório importante; a inalação de propágulos pode desenvolver a doenças em indivíduos. Todos os agentes de micoses profundas apresentam dismorfismo térmico, na natureza e nos cultivos a 25°C, formam colônias filamentosas com reprodução assexuada, nos tecidos a 37°C eles apresentam sua forma leveduriforme. Estes fungos são taxonomicamente heterogêneos: Histoplasma capsulatum, Paracococcidioides brasiliensis, Blastomyces dermatitidis, Coccidioides immitis.

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- Histoplasma capsulatum: é agente de infecções relacionadas a indivíduos que visitam grutas ou lugares

com morcegos; 9- a 95% dos casos são assintomáticos ou subclínicos e os sintomas respiratórios gripais se resolvem espontaneamente. Esporadicamente algum paciente pode apresentar uma forma pulmonar aguda da doença, como suores noturnos, tosse, febre e emagrecimento; é fulminante em pacientes com imunodeficiência.

- Paracococcidioides brasiliensis: a infecção se caracteriza por lesões pulmonares semelhantes às da tuberculose e de outras micoses; lesões nas mucosas nasais, oral, pele e outros órgãos.

- Blastomyces dermatitidis: o microrganismo ao ser inalado produz infecção respiratória crônica e branda, que piora gradualmente, ao longo de semanas ou meses; o escarro torna-se purulento, sanguinolento. A fase respiratória da doença tem semelhança tuberculose coccidioidomicose, paracococcidioidomicose e histoplasmose; podendo provocar lesões subcutâneas e ósseas.

- Coccidioides immitis: Infecção por inalação dos conídios após 14 dias, 60% dos pacientes apresenta infecção respiratória assintomática. Os 40% restante apresentam sintomas da doença leves ou raramente graves.

Micoses Oportunistas – A maioria dos fungos que produzem micoses oportunistas são saprófitos do meio ambiente, de crescimento rápido, normalmente inalado; esses organismos geralmente não são patogênicos, mais atuam como patógenos oportunistas. Individuos que apresentam algum tipo de deficiência imunitária em decorrência de doença ou em especial do uso de medicamentos imunossupressores, antibióticos, por longo tempo, pode ser alvo de infecções oportunistas.

- Zigomicose: infecções fúngica aguda causada por fungos da divisão Zigomycota, os esporos destes fungos podem os seios paranasais e a área Peri - orbital; a infecção rapidamente se dissemina para os vasos sangüíneos vizinhos causando necrose e trombose vascular. A partir daí, difundem-se para o encéfalo e para as mininges, produzindo meningoencefalite, rapidamente fatal, podendo disseminar para os pulmões e tubo digestivo, principais agentes envolvidos: Asidia sp., Apophysomyces sp., Mucor sp., Rhizopus sp., Saksenaea sp., Cunninghamella sp..

- Feohifomicoses: infecções causadas por fungos demáceos que apresentam hifas escuras nos tecidos.

- Criptococose: produz infecção pulmonar branda muitas vezes sub clínicas, em pacientes sintomáticos manifesta-se como tosse, febre, e as radiografias demonstram nódulos isolados ou múltiplos nos campos pulmonares médio e inferior que podem calcificar.

- Geotrichum candidum: produz infecções orais com placas brancas semelhantes às de candidíse, ao passo que a forma intestinal da doença forma colite e fezes sanguinolentas.

- Pneumocystis carinii: se adere às células epiteliais e penetram no citoplasma, aumentando à permeabilidade capilar do alvéolo, produzindo danos a membrana basal do alvéolo formando um exsudado alveolar eosinofilico.

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VIROLOGIA.

Vírus são organismos biológicos com capacidade de automultiplicação, através de sua estrutura celular. É uma palavra que vem do Latim tendo como significado toxina ou veneno. Os vírus são capazes de provocar doenças em animais é vegetal, porém as doenças virais não são novas, como também não houve nenhum estudo sobre os vírus antes do século XX.

As primeiras descobertas sobre vírus foram relatadas pelo pesquisador Dmitri Ivanowsky (em 1892), quando estudava a doença chamada “mosaico do tabaco”, percebeu que a transmissão da doença era a partir do extrato de vegetais doentes para vegetais sadios, através de filtros que retém as bactérias, esta moléstia afetava as folhas do fumo, manchando com áreas necrosadas levando-as a morte.

Em 1935 cristais de vírus foram isolados e pela primeira vez observada ao microscópio, sua composição parecia ser de proteínas, comprovando mais tarde a existência de ácidos nucléicos.

No sistema tradicional de classificação dos seres vivos, os vírus não estão incluídos, uma vez que estes não apresentam características e morfológicas e celulares e são tão pequenos que podem penetrar nas células das menores bactérias que se conhecem. Os vírus são extremamente simples e por não possuir organização celular, metabolismo próprio e não se reproduzir fora de uma célula hospedeira difere dos demais seres vivos; são parasitas intracelulares obrigatórios e também responsáveis por varias doenças infecciosas.

Agem na célula infectada inibindo o funcionamento do material genético e passa a comandar a síntese de proteínas, os vírus atacam células procarióticas (bactérias) e células eucarióticas (de animais, fungos e vegetais), e muitos retrovírus (vírus com RNA), possuem genes denominados oncogenes, ou seja, este vírus induz as células infectadas à divisão celular descontrolada, ocasionando a formação de tumores cancerosos.

ESTRUTURA

Os vírus são extremamente simples, mas alguns possuem uma estrutura mais complexa, são formados basicamente por um envoltório ou cápsula protéica onde fica armazenado o material hereditário, que pode ser tanto ácido desoxirribonucléico (DNA) ou o ácido ribonucléico (RNA), e esses dois ácidos nunca estão presentes em um mesmo vírus; com em todos os seres vivos o DNA e o RNA, trabalham dentro da mesma célula, um é portador das informações genéticas e o outro traduz as informações.

Os vírus são formados por uma cápsula chamada de (capsídeo) composto de substâncias protéicas, ácidos nucléicos (DNA e RNA); o capsídeo protege o material

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viral e é capaz de combinar quimicamente as substancias presentes na superfície das células, permitindo que o vírus

reconheça e ataque a célula para hospeda - lá.

Os vírus apresentam uma grande variedade de forma e tamanho, onde os principais vírus têm de 15 – 300 nm, o vírus da varíola mede (300 x 250 x 100 nm) é o menor vírus humano é o da poliomielite com 20 nm de diâmetro. Num mesmo grupo as medidas citadas por alguns autores podem variar, isso se deve, as diferenças nas técnicas empregadas. Os vírus de diferentes famílias apresentam morfologias diferentes, o que facilita o diagnóstico de doenças virais e no reconhecimento de novos vírus responsáveis por infecções.

Um vírion pose se apresentar sob vários formatos, como: esféricos (influenzavírus), bastão (vírus do mosaico do tabaco), projétil (vírus da raiva) e de ladrilho (poxvírus), e assim, as diferenças protéicas agem de forma especifica com as proteínas expostas nas membranas celulares identificando as células susceptíveis a certos vírus. O vírus da poliomielite é especifico de células nervosas, intestinal e mucosa da garganta; rubéola e varíola têm afinidade por células dos tecidos humanos.

Há vírus que infectam apenas bactérias (bacteriófagos ou fagos), os que infectam apenas os fungos (micófagos), temos também os que infectam as plantas (vírus de plantas) e finalmente os vírus que infectam os animais (vírus de animais).

Os vírus são compostos pelas seguintes estruturas:

1. Ácido nucléico – molécula que carrega o genoma viral. 2. Capsídio – envoltório protéico que protege o material genético do vírus. 3. Nucleocapsídeo – é formado pelo capsídeo e o ácido nucléico. 4. Capsômeros – subunidades protéicas “monômeros” que constituem o capsídeo. 5. Envelope – membrana rica em lipídios que envolvem a partícula viral externamente. 6. Peplômeros ou espículas – estruturas proeminentes, constituídas por glicoproteínas e

lipídios, que estão ancoradas ao envelope, expostas na superfície.

REPLICAÇÃO VIRAL.

Os vírus para se replicarem necessitam de uma célula hospedeira e seguem um mecanismo que pode variar de acordo com a virose, toda via, há certos princípios similares; o primeiro passo do ciclo de infecção é quando o vírus mãe (vírion) se liga a superfície da célula a ser invaginada; em um segundo momento o vírion penetra no citoplasma ou em alguns casos injeta o material genético do vírus no interior da célula, e o capsídeo permanece fora da célula; o terceiro passo e quando ocorre a penetração total do vírus e o desenvelopamento (liberação do material genético do capsídeo).

Passos da replicação viral.

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1. Reconhecimento da célula alvo. 2. Ligação do vírus à célula por adsorção.

3. Penetração. 4. Perda do capsídeo ou "despir" do vírus. 5. Síntese de macromoléculas: A) RNA m e síntese protéica: genes não-

estruturais para enzimas e proteínas que atuam conjuntamente com os ácidos nucléicos. B) Replicação do genoma. C) RNA m tardio e Síntese protéica: proteínas estruturais.

6. Modificação das proteínas pós-tradução. 7. Montagem do vírus. A) Ligação do envelope viral. 8. Libertação do vírus. 9. O vírus está em condições de infectar novas células.

Há quatro mecanismos que podemos dizer que faz parte do ciclo de vida de todos os vírus, que são:

1. Penetração do vírus na célula: ocorre a absorção e fixação do vírus na superfície celular e logo em seguida a penetração através da membrana celular.

2. Eclipse: o vírus fica adormecido sem mostrar sinais de sua presença ou atividade.

3. Multiplicação: ocorre quando há replicação de ácido nucléico e as sínteses das proteínas do capsídeo; os ácidos nucléicos e as proteínas sintetizadas desenvolvem com rapidez e produzem nova partícula viral.

4. Liberação: as novas partículas virais são liberadas para infectar células sadias.

CLASSIFICAÇÃO DOS VÍRUS.

Quanto ao formato:

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- Quanto ao tipo de material genético:

Os vírus possuem material genético que pode ser DNA ou RNA, os que possuem DNA são conhecidos como “desoxivírus” e são mais estáveis; e possuem duas configurações nucléicas fita simples e fita dupla.

1. DNA fita simples:

2. DNA fita dupla:

Os vírus que tem a composição por RNA (ribovírus) são instáveis e também possuem duas configurações nucléicas.

1. RNA fita simples:

2. RNA fita dupla:

- Quanto ao envoltório:

O envelope é uma estrutura membranosa similar à da membrana das células vivas formadas por lipídios, proteínas e glicoproteínas; a maioria dos envelopes é polimórfica ou redonda. O envelope pode ser destruído por detergentes ou solventes químicos (éter ou clorofórmio) tornando o vírus inativo.

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TRANSMISSÃO DOS VÍRUS.

Os vírus podem ser transmitidos de varias formas:

Por contato direto; pela respiração; pelas secreções gastrointestinais ou das mucosas; por picadas de insetos ou material perfuro cortante e por transplante de tecidos e órgão, e transfusão de sangue.

Modo de transmissão de alguns vírus:

Via respiratória - Rhinovírus, Adenovírus, Paramyxovírus, Orthomyxovírus, Coronavírus.

Fecal/oral - Picornavírus, Adenovírus, Reovírus. Contato sexual, transplantes de tecidos e órgãos, materiais perfuro cortante

(seringa) - Herpesvírus, Retrovírus, Hepadnavírus. Artrópodes ou mordida de animais – Togavírus (rubéola), Flavivírus (Febre

amarela), Bunyavírus, Arenavírus (Febre Lassar e Febre Hemorrágica), Rabdovírus (Raiva), Reovírus.

INFLUÊNZA A (H1N1).

É uma doença respiratória aguda “gripe”, provocada pelo vírus influenza ou H1N1, é transmitido de pessoa a pessoa através da tosse ou espirro e também pelo contato com secreções respiratórias da pessoa infectada.

Exitem 16 tipos de hemoglutinina e 9 de neuraminidase, porem, apenas as hemoglutininas 1,2 e 3 acometem os seres humanos; daí a denominação do H1, H2 e H3 do vírus, da mesma forma as neuraminidases N1 e N2. Os sintomas são muito parecidos e se confundem co os da gripe comum: febre repentina, dor de cabeça, tosse, coriza, dores nas articulações e musculares.

HEPATITES VIRAIS.

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As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes agentes etiolgicos, com tropismo éspecifico pelo

tecido hepático, com características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais similares.

Do ponot de vista clínico e epidemiológico os agente etiológicos mais relevantes para as hepatites virais são os vírus da hepatite A, B, C, D e E. Com destaque especial para o vírus da hepatite B que pertence a família Hepadnaviridae, sendo o único a pussuir um genoma DNA; os demais estão em diferentes famílias e possuem genoma RNA.

- HAV (Vírus da Hepatite A) família Picornaviridae.

- HCV (Virus da Hepatite C) familia Flaviviridae.

- HDV (Virus da Hepatite D) família Deltaviridae.

- HEV (Virus da Hepatite E) familia Calciviridae.

O único reservatoris de importância epidemiológica é o homem, uma vez que, as hepatites têm uma distribuição universal e sua magnitude vai depender do tipo podendo variar de região para região. No Brasil, há grande variação regional na prevalência de cada hepatite, tendo grande importância pelo grande numero de indivíduos atingidos e principalmente as complicações das formas agudas ou da cronificação. Hepatite A (HAV) – principal meio de contagio e a fecal – oral, contato interpessoal, água ou alimentos contaminados; outro fator importante para a transmissão é a estabilidade do vírus no meio ambiente e a quantidade de vírus presentes nas fezes dos indivíduos infectados. Pode acontecer também uma transmissão parenteral, mas é rara. A dessiminação dessa hepatite esta diretamente relacionada com a infra – estrutura do saneamento básico e higiene, ou seja, em regiões menos desenvolvidas as pessoas são expostas ao HAV em idades mais precoces; apresentando formas subclínicas ou antictericas, ocorrendo com mais freqüência em crianças em idade pré-escolar. A doença é autolimitada e de caráter benigno com insuficiência hepática aguda grave em menos de 1% dos casos, os idosos apresentam a doença sintomática, pessoas que já tiveram hepatite A apresentam imunidade para tal, mas são susceptíveis as demais hepatites virais. Hepatite B (HBV) – via parenteral, e sobretudo pela via sexual, é considerada uma doença sexualmente transmissível, sendo assim, a hepatite B pode ser transmitida por soluções de continuidade como (pele e mucosas), relações sexuais desprotegidas e por via parenteral (compartilahamento de agulhas e seringas, tatuagens, piercings, procedimentos odontológicos ou cirrurgias, etc); outros liquidos orgânicos, tais como: sêmen, secreção vaginal, leite materno, também podem conter o vírus. A transmissão vertical (mãe para filho) é uma causa freqüente de dessiminação do HBV em regiões de alta edemicidade, de maneira similar as outras hepatites, é uma infecção anticterica, e apenas 30% apresenta ictericia reconhecida clclinicamente, a persistência do virus por mais de seis mese cronifica a doença em aproximadamente 5 a 10% dos indivíduos adultos. Essa infecção viral possui uma particularidade, que se crônica pode evoluir para câncer hepatico independente de ocorrer cirrose, fato considerado pré requisito para o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular nas demais infecções virais crônicas, como a hepatite C. Hepatite C (HCV) – o vírus foi identificado por Choo e colaboradores em 1989 nos Estados Unidos, é o principal agente etiológico da hepatite crônica, que anteriormente era chamada de (NÃO – A – NÃO –B); transmissão por via parenteral, não sendo

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possível identificar em um percentual significativo dos casos. São consideradas populações de risco indivíduos

que receberam transfusão de hemoderivados e/ou sangue antes de 1993, usuário de drogas injetáveis (cocaína, anabolizantes e complexos vitamínicos0, inaláveis (cocaína e crack), compartilham equipamentos de uso comum, pessoas com tatuagem, piercings e outras formas de exposição percutâneas (consultórios odontológicos, pedólogos, manicures, etc., que não obedecem as normas de biosseguranca). A transmissão vertical é rara quando comparada a hepatite B, também é importante destacar que a infecção pelo HCV já é a maior responsável por cirrose e transplante hepático no Mundo Ocidental. Hepatite D (HDV) – causada pelo vírus delta, podendo apresentar-se assintomática, sintomática ou formas graves, é um vírus satélite defectivo do HBV que precisa do HBsAg para realizar sua replicação. A HDV crônica é a principal causa de cirrose hepática em crianças e adultos jovens em ares endêmicas na região amazônica, Itália e Inglaterra. A dependência funcional do HDV em relação ao HBV, faz com que o vírus delta tenha sua transmissão idêntica aos da HBV. Hepatite E (HEV) – sua transmissão é fecal – oral, favorecendo a disseminação da infecção nos países desenvolvidos, onde a contaminação da água mantém a cadeia de transmissão. Essa forma de hepatite viral e mais comum em países na Ásia, África e principalmente na índia. A vigilância epidemiológica das hepatites virais no Brasil segue o sistema universal na notificação e investigação epidemiológica dos casos suspeitos e confirmados e dos surtos de hepatites virais, por meio do Sinan (Sistema Nacional de Notificação de Agravos). O período de incubação das hepatites virais vai depender do agente etiológica, como veremos no quadro a seguir: Agentes Etiológicos

Genomas Modos de Transmissão

Período de Incubação

Período de Transmissibilidade

HAV RNA Fecal – Oral. 15–45 dias (média 30 dias).

Desde 2 semanas antes do início dos sintomas até o final da 2ª semana da doença.

HBV DNA Sexual, parenteral, percutânea, vertical.

30-180 dias, (média de 60 a 90 dias).

De 2 a 3 semanas antes dos primeiros sintomas, se mantendo durante a evolução clínica da doença. O portador crônico pode transmitir o HBV durante vários anos.

HCV RNA Parenteral, percutânea, vertical, sexual.

15 - 150 dias (Média de 50 dias).

Uma semana antes do início dos sintomas e mantém-se enquanto o paciente apresentar HCV-RNA detectável.

HDV RNA Sexual, parenteral, percutânea, vertical.

30 - 180 dias. Esse período é menor na superinfecção.

Uma semana antes do início dos sintomas na co-infecção (HBV e HDV)

HEV RNA Fecal-oral

14 – 60 dias (média de 42 dias).

Duas semanas antes do inicio dos sintomas até o final da 2ª semana da doença.

IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (AIDS ou HIV).

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HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), pertencente à família Retroviridae (retrovírus), classificados na subfamília dos Lentiviridae (lentivírus), e também compartilha propriedades comuns, como: período de incubação antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e também supressão do sistema imune. Provocando uma infecção de moléstia complexa denominada síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

O HIV age no interior das células de defesa do sistema imunológico, e as células de defesa mais atingidas pelo vírus são os linfócitos CD4+, justamente as que comandam a defesa do corpo contra vírus e bactérias. Ligam-se aos componentes da membrana dos linfócitos CD4, e após a penetração, ocorre à replicação viral por intermédio do DNA da célula permitindo assim cópias idênticas de se mesmo, depois ocorre o processo de lise celular e os novos vírus caem na corrente sangüínea, indo busca de células sadias para continuar sua multiplicação.

O vírus pode levar anos, desde o momento da infecção até os primeiros sintomas, ou seja, é uma fase assintomática, o indivíduo não apresenta nenhum sintoma da doença, esse intervalo vai depender do estado de saúde da pessoa infectada. Então, quando se diz que uma pessoa tem HIV (muitas pessoas soropositivas vivem anos sem desenvolver a doença, mas, transmitem o HIV a outros pelas relações sexuais desprotegidas, compartilhar seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez), estamos referindo à fase assintomática da doença; e quando dizemos o paciente esta com AIDS, significa dizer que ele já apresentou os primeiros sintomas característicos da doença, o que geralmente, nesta fase inicia o tratamento com medicamentos antirretrivirais.

A AIDS não se manifesta da mesma forma, mais, os sintomas iniciais são similares: calafrios, dor de cabeça, manchas na pele, dores musculares, febre persistente, ínguas ou gânglios embaixo do braço, na virilha ou no pescoço demorando a desaparecer. A progressão da doença e a baixa imunidade tornam-se um facilitador para infecções oportunistas, tais como: pneumonia, candidíase, tuberculose e infecções do sistema nervoso (meningite e toxoplasmose, entre outras).

Com a distribuição gratuita dos medicamentos (coquitel) para o tratamento da AIDS, desde 1996, aumentando a sobrevida e melhorando a qualidade de vida dos pacientes portadores do HIV.

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Referencias Bibliográfica.

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Lacaz C.Z.; Porto E.; Martins J.C Micologia Médica: Fungos, actinimicetos e algas de interesse médico. São Paulo: Sarvier, 1984. Disponível em:http://www.pgodoy.com/ ; acessado em 07 de Abril de 2010.

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Opluistil, P.C.; Zoccoli, C.M.; Tobouti, N.R.; Sinto, S.I. Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica. Editora Sarvier, 2000. São Paulo – SP.

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