MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO...

120
1 MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CLULAS EPITELIAIS Tese apresentada Universidade Federal de Sªo Paulo-Escola Paulista de Medicina para obtenªo do ttulo de Doutor em CiŒncias Sªo Paulo 2006

Transcript of MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO...

Page 1: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

1

MICHELLE VANZELLA DULGUER

ESTUDO SOBRE A ADESÃO DA Escherichia coli ENTEROPATOGÊNICA ATÍPICA O26:H11 A CÉLULAS

EPITELIAIS

Tese apresentada à Universidade

Federal de São Paulo-Escola Paulista

de Medicina para obtenção do título de

Doutor em Ciências

São Paulo

2006

Page 2: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

2

MICHELLE VANZELLA DULGUER

ESTUDO SOBRE A ADESÃO DA Escherichia coli ENTEROPATOGÊNICA ATÍPICA O26:H11 A CÉLULAS

EPITELIAIS

Tese apresentada à Universidade

Federal de São Paulo-Escola Paulista

de Medicina para obtenção do título de

Doutor em Ciências pelo Programa de

Pós-Graduação em Microbiologia e

Imunologia.

Orientadora:

Profa. Dra. Isabel Cristina Affonso Scaletsky

Co-Orientador:

Prof. Dr. Renato A. Mortara

São Paulo

2006

Page 4: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA, IMUNOLOGIA E PARASITOLOGIA

Chefe do Departamento: Prof. Dr. Sérgio Schenkemam

Coordenador do Curso de Pós-Graduação: Prof. Dr. José Daniel Lopes

Page 5: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

4

Este trabalho foi realizado na Disciplina de Microbiologia do Departamento de

Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de São

Paulo � Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), com auxílio financeiro

concedido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

(FAPESP � 01/03525-1).

Page 6: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

5

Aos meus pais Ivan e Maria Cecília que me deram a vida, amor

incondicional sem nunca pedirem nada em troca; que me ensinaram a ser

uma pessoa de princípios e qualidades, mas acima de tudo com humildade

para reconhecer os meus erros; por estarem ao meu lado , de braços sempre

abertos nos momentos difíceis . . .

vocês serão sempre meu porto seguro . . .

Dedico,

Page 7: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

6

À minha irmã e companheira nesta longa jornada Patrícia, pelo seu amor,

amizade, dedicação e incentivo

Dedico,

Page 8: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

7

Não Sei. . . .

Não sei...se a vida é curta ou longa demais pra nós,

Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,

se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:

Colo que acolhe,

Braço que envolve,

Palavra que conforta,

Silêncio que respeita,

Alegria que contagia,

Lágrima que corre,

Olhar que acaricia,

Desejo que sacia,

Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,

é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela não seja nem curta,

nem longa demais, mas que seja intensa,

verdadeira, pura......Enquanto durar.

(Cora Coralina)

Page 9: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

8

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Isabel Cristina Affonso Scaletsky (Bel) pela

oportunidade de trabalhar em seu laboratório e fazer parte de sua equipe,

pelos conhecimentos transmitidos desde a iniciação científica, pela paciência,

por algumas broncas que hoje reconheço que foram muito importantes para o

meu amadurecimento profissional, pela compreensão e apoio que teve

comigo em momentos difíceis que passei e, acima de tudo, pela amizade.

Serei sempre GRATA......

Ao meu co-orientador Prof. Dr. Renato A. Mortara pela ajuda no

desenvolvimento deste trabalho, principalmente pela paciência, dedicação e

permanente disponibilidade.

Aos professores do Departamento de Microbiologia, Imunologia e

Parasitologia da Escola Paulista de Medicina.

A Sandra Hilde Fabbricotti (Sandrinha) pela amizade, pela sua alegria

constante, pelas nossas conversas e principalmente pelos seus conselhos

sempre valiosos

Ao Prof. Dr. Antônio José Piantino Ferreira do Departamento de

Ornitopatologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP,

por ceder gentilmente o soro policlonal anti-K88.

Page 10: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

9

Ao Dr. Ivan Hong Jung Koh do Departamento de Cirurgia Experimental

da UNIFESP, pela amizade, pelos conselhos e pela grande ajuda nos

experimentos de colonização em camundongos

As secretárias da Disciplina de Microbiologia Magda e Paola pela amizade,

dedicação e pela ajuda constante na realização deste trabalho.

Às amigas Andresa Zamboni, Bianca Bragato, Kátia Regina S. Aranda e

Lúcia M. Lopes pela torcida, pela convivência dentro e fora do laboratório,

pelas alegrias e por sempre me apoiarem em todos os momentos.

A Isabel C. Cintra minha grande amiga e irmã do coração nesta VIDA, pela

sua torcida constante, seu apoio e por estar sempre ao meu lado em todos

estes anos. Seremos sempre AMIGAS.....

Ao amigo Sergio Suzart pelo incentivo, ajuda, por participar da minha reta

final e por mostrar que por mais difícil que as coisas possam parecer aos

nossos olhos, devemos sempre acreditar em �Alguém� bem maior que tudo

isso e que rege as nossas vidas.

Ao André Luis L. Bachi pela amizade, torcida e principalmente pela grande

ajuda nos experimentos de imunização.

Aos amigos: Rodrigo, Lucília, Luciano, Ana Maria, Cecília Abe, Fábia, Vera,

Mônica e Joel pela torcida. Muito obrigada!

Aos funcionários Edvan, Sueli e Flávio sempre dispostos a ajudar.

À Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP) pela

concessão da bolsa de doutorado, fundamental pela realização deste

trabalho.

A todas as pessoas que de alguma forma, direta ou indiretamente,

Page 11: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

10

contribuíram para a realização deste trabalho.

MUITO OBRIGADA!

SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO 1 1.1. E. coli diarreiogênica 1 1.2. Adesinas de EPEC 3 1.3. Adesinas de EHEC/STEC 4 1.4. Adesinas de ETEC 5 1.5. Adesinas de EIEC 6 1.6. Adesinas de EAEC 7 1.7. Adesinas de DAEC 7 1.8. EPEC atípica 8 1.9. EPEC atípica O26:H11 9 2. OBJETIVOS 13 3. MATERIAIS E MÉTODOS 14 3.1. Amostras bacterianas e condições de cultivo 14 3.2. Extração de DNA 15 3.2.1. Extração de DNA plasmidial em larga escala ("maxi-prep") 15 3.2.2. Extração de DNA plasmidial em pequena escala ("mini-prep") 15 3.2.3. Extração de DNA cromossômico 16 3.2.4. Determinação da concentração de DNA 16 3.2.5. Eletroforese de DNA em gel de agarose 17 3.3. Teste de hibridização de DNA bacteriano com sonda genética 17 3.3.1. Transferência de DNA de células bacterianas para filtros de papel Whatman - "Colony blot" 17 3.3.2.Transferência de DNA de gel de agarose para membrana de nylon "Southern blot" 18 3.3.3. Preparo de fragmento sonda 18 3.3.4. Marcação radioativa de fragmento sonda 19

Page 12: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

11

3.3.5. Hibridização dos filtros e membranas 19 3.4. Reação de polimerização em cadeia (PCR) 20 3.5. Teste de adesão 21 3.5.1. Cultivo das células HEp-2 21 3.5.2. Realização do teste de adesão 21 3.6. Testes de inibição da adesão 22 3.6.1. Leitura do teste de inibição da adesão 22 3.7. Ensaios de imunofluorescência 23 3.8. Análise de proteínas 23 3.8.1. Extração de estruturas fimbriais parcialmente purificadas 23 3.8.2. Extração da fímbria K88 25 3.8.3. Eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) 3.8.4. "Imuno blot" 25 3.9. Sequenciamento da região amino-terminal 26 3.10. Preparo de soro policlonal 27 3.11. Microscopia eletrônica de transmissão 27 3.11.1. Coloração negativa 27 3.11.2. Imunomarcação com ouro coloidal 28 3.12. Experimentos de colonização 28 3.12.1. Animais utilizados 28 3.12.2. Preparo das amostras bacterianas 29 3.12.3. Inoculação intragástrica 29 3.12.4. Número de bactérias detectadas nas fezes e nos segmentos intestinais (íleo, cólon e ceco) 29 4. RESULTADOS 34 4.1. Ensaios preliminares para a caracterização da adesina LDA 34 4.2. Purificação da adesina LDA 35 4.3. Caracterização fenotípica da adesina LDA 36 4.3.1. Ensaios de inibição da adesão com o anti-soro LdaG 36 4.3.2. Ensaios de imunofluorescência 36 4.3.3. Ensaios de imunomarcação com ouro coloidal 37 4.3.4. Ensaios de inibição da adesão com carboidratos 37 4.4. Estudos sobre a presença da adesina LDA em amostras de EPEC atípica 38 4.4.1. Pesquisa do gene ldaH que codifica a subunidade estrutural LdaH da adesina LDA 38 4.4.2. Pesquisa da subunidade estrutural LdaG através de "Imuno blot" 39 4.4.3. Ensaios de inibição de adesão com soro anti-LdaG 39 4.4.4. Ensaios de imunofluorescência 39 4.4.5. Pesquisa do gene ldaG que codifica a subunidade estrutural LdaG da adesina LDA 40 4.5. Relação antigênica entre as adesinas LDA e K88 40 4.6. Ensaios de colonização "in vivo" 41 4.6.1. Análise das amostras fecais dos animais 42 4.6.2. Análise macroscópica do íleo, ceco e cólon dos animais 42

Page 13: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

12

4.6.3. Adesão e colonização no íleo, cólon e ceco 43 4.6.4. Parâmetros clínicos analisados 43 5. DISCUSSÃO 66 6. CONCLUSÃO 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75 8. ANEXO 90

Page 14: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

13

RESUMO

O sorogrupo O26 de Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) atípica

é um dos sorogrupos mais freqüentes implicados na diarréia infantil, sendo

um sorogrupo muito comum também em amostras de E. coli

enterohemorrágica (EHEC). O sorotipo mais freqüente dentro do sorogrupo

O26 tanto em amostras de EPEC quanto em amostras de EHEC é a

O26:H11.

Num recente estudo, amostras de EPEC atipica O26:H11 isoladas de

crianças com diarréia apresentaram um padrão de adesão localizado (AL),

porém eram desprovidas da fímbria BFP responsável pelo fenótipo AL das

EPEC típicas. Uma dessas amostras, E. coli 22, foi escolhida para

caracterização de seus determinantes genéticos.

Foi construída uma biblioteca genômica da amostra 22 na E. coli

DH5α e identificado um clone cosmídeo denominado pV-B-6, aderente a

células HeLa. O clone pV-B-6 exibiu um padrão de adesão difusa (AD) sobre

as células epiteliais, diferente da formação de microcolônias presentes na

adesão AL apresentada pela amostra 22. O cosmídio pV-B-6 foi submetido a

mutagênese utilizando o transposon mini-Tn10::kan e identificado um

mutante não aderente (pV-B-6-Tn). Um fragmento de 2,3 kb EcoRI-HindIII

contendo 1 kb do mini-Tn10 foi clonado, sendo identificado um gene, ldaH,

que possuía 73% de identidade com a subunidade fimbrial faeH da de fímbria

K88 ETEC. Essa região foi denominada de �locus for diffuse adherence� (lda).

O presente trabalho teve como objetivo caracterizar a adesina

codificada pelo lócus lda, a qual é responsável por conferir o padrão AD a

células HEp-2 na amostra pV-B-6.

A análise em SDS-PAGE de extratos parcialmente purificados das

Page 15: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

14

amostras 22 e pV-B-6 mostrou uma banda protéica de

aproximadamnete 25 kDa, que estava ausente nos extratos do mutante pV-B-

6-Tn. A proteína de 25 kDa foi cortada do gel, sendo determinado o

sequenciamento da região amino-terminal. A seqüência de aminoácidos

correspondeu à forma madura de LdaG, a principal subunidade estrutural da

adesina. A expressão de Lda foi induzida em meio ágar MacConkey a 37oC.

Para demonstrar que a adesina LDA era a responsável pelo padrão AD

a células HEp-2, foi produzido um anti-soro LdaG em coelho. A especificidade

do soro anti-LdaG foi determinada pela reação de �Imuno blot�. Apenas a

proteína de 25 kDa foi reconhecida pelo soro imune, apresentando uma

reação fortemente positiva com a amostra selvagem E. coli 22 e com o clone

pV-B-6. Nenhuma reação do soro anti-LdaG foi observada no mutante,

demonstrando, assim, a especificidade desse soro. Ensaios de inibição de

adesão revelaram que o anti-soro LdaG reconheceu os epítopos da adesina

responsáveis pela fenótipo AD, visto que foi capaz de inibir totalmente a

adesão do clone pV-B-6.

A imunomarcação com o anti-soro LdaG identificou na amostra 22 uma

matriz de superfície amorfa sem nenhuma aparência de estrutura fimbrial.

Quando observado em aumento maior, verificou-se a presença de estruturas

fibrilares muito finas formando estruturas semelhantes a uma malha. Em

contrapartida, nenhuma marcação foi observada no mutante LDA1.

Foi determinada a incidência do gene ldaH em 65 amostras de EPEC

atípica, isoladas em diferentes cidades brasileiras de crianças com diarréia

aguda e de controles e pertencentes a 34 diferentes sorogrupos. Nenhuma

dessas 65 amostras produtoras do padrão ALL em ensaios de 6 horas

apresentou a seqüência ldaH.

Também foram estudadas 13 amostras de EPEC atípica que

pertenciam aos sorogrupos O26, O55 e O111. O gene ldaH foi encontrado

em quatro amostras, todas do sorogrupo O26 e que apresentavam o padrão

AL em ensaios de três horas. No entanto, tanto os experimentos de PCR para

amplificação do gene estrutural ldaG, como os experimentos de �Imuno blot�

utilizando o anti-soro LdaG não revelaram a proteína de 25 KDa.

Page 16: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

15

Ensaios de inibição de adesão e imunofluorescência com soro anti-

K88 foram realizados com o intuito de investigar a relação antigênica entre as

adesinas LDA e K88. Os resultados mostraram que ambas as adesinas são

antigenicamente distintas, uma vez, que o soro anti-K88 não inibiu a AD e

nem reconheceu qualquer estrutura presente na superfície da amostra pV-B-

6.

Neste estudo foi avaliado o papel da adesina LDA na virulência

bacteriana, utilizando o modelo do camundongo tratado com estreptomicina e

comparando a amostra selvagem 22 com a isogênica apresentando deleção

do gene ldaG. Os resultados obtidos mostraram que aparentemente, a

adesina LDA está envolvida no processo de colonização, uma vez que a

amostra selvagem 22 aderiu e colonizou mais eficientemente o ceco de

camundongos C57BL/6J do que a amostra 22 ∆ldaG

Concluindo, nossos resultados levaram a identificação e caracterização da

adesina LDA responsável pela aderência difusa a células HEp-2. LDA é uma

adesina afimbrial que contém uma subunidade principal, LdaG, cuja

expressão é induzida em ágar MacConkey a 37oC. Estudos futuros são

necessários para caracterizar melhor o papel da adesina LDA na virulência

bacteriana.

Page 17: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

16

ABSTRACT

The O26 serogroup of enteropathogenic Escherichia coli (EPEC) is one

of the most frequently implicated in infant diarrhea and is also common among

enterohemorrhagic E. coli (EHEC) strains. The most common O26 strains

belong to EPEC/EHEC serotype O26:H11.

In a previous report, atypical EPEC strains O26:H11 isolated from

children with diarrhea exhibited a localized adherence (LA) pattern within 3

hours, but do not harbor the BFP fimbriae correlated with the LA phenotype of

typical EPEC. One isolate, E. coli 22 was used to characterize its genetic

determinants.

A genomic cosmid library of E. coli 22 was generated in E. coli K12 and

the resulting clones were screened for LA adherence to HEp-2 cells. One

cosmid clone, pV-B-6, exhibited adherence in a diffuse pattern over the entire

epithelial cell rather than the LA microcolony formation seen with E. coli 22.

Transposon mutagenesis was utilized to identify the region of cosmid pV-B-6

responsible for the adhesive phenotype. One isolate tested negative for

adherence (pV-B-6-Tn) was chosen for further analysis. DNA sequencing of a

subclone of pV-B-6 revealed an open reading frame, ldaH, whose predicted

protein product shares 73% amino acid identity with that of the E. coli K88

fimbrial gene faeH. This region was named the locus for diffuse adherence

(lda).

The aim of this study was to characterize the adhesin encoded by the

lda locus that is responsible for mediating diffuse adherence to HEp-2 cells.

SDS-PAGE of whole-cell cell lysates from E. coli 22 and pV-B-6

showed a broad band with an apparent molecular mass of 25 kDa, which was

absent in the pV-B-6-Tn extracts. The 25-KDa band was excised from the gel,

and its N-terminal amino acid sequence determined. The sequence

corresponds to the mature form of LdaG, the major structural subunit. The

expression of LdaG is induced on MacConkey agar at 37oC.

To provide further evidence that the LDA adhesin was responsible for

the diffuse adherence seen on HEp-2 cells, we raised polyclonal rabbit

antiserum against the major structural subunit LdaG. Imuno blot analysis

Page 18: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

17

showed that the antiserum recognized the 25-kDa band present in wild-

type E. coli 22 and pV-B-6, but not the pV-B-6-Tn mutant. Treatment of pV-B-

6 with the antiserum completed inhibited diffuse adherence of pV-B-6 to the

HEp-2 cells.

Immunogold labeling with LdaG antiserum identified an amorphous

surface matrix with no obvious fimbrial structure. At higher magnification, very

fine wiry fibrils forming mesh-like structures could be visualized.

To determine whether the lda locus was specific to our O26:H11 strain

or if it is present in other E. coli strains, we performed colony blots and HEp-2

adherence on a collection of 65 atypical EPEC strains representing 34 O

serogroups. Most (61.5%) of strains were positive for HEp-2 localized-like

adherence assay and all strains were ldaH probe negative. We also tested 13

atypical EPEC strains, which belonged to Dr. Luiz R. Trabulsi and ldaH was

found in four O26 LA positive strains. These strains were tested with an ldaG

gene probe, but were negative.

By using a K88 antiserum, it was possible to demonstrate different

antigenic determinants, between LDA and K88 adhesins.

A streptomycin-treated mouse model was used to compare the

intestinal colonization capacity of E. coli 22 strain with that of its ∆ldaG

derivative (LDA1). The results showed that E. coli 22 adheres and colonizes

the cecum of C57BL/6J mice more efficiently than the LDA1.

In conclusion, we were able to characterize the LDA adhesin

responsible for diffuse adherence to HEp-2 cells. LDA is an afimbrial adhesin

that contains a major subunit, LdaG, whose expression is induced on

MacConkey agar at 37oC. Additional work is needed to characterize the role in

virulence of the LDA adhesin.

Page 19: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

18

1. INTRODUÇÃO

1.1. E. coli diarreiogênica

Uma etapa importante na colonização do trato gastrointestinal humano

por bactérias é a adesão do microrganismo à superfície do hospedeiro.

Embora a adesão seja essencial na manutenção dos membros da microbiota

do intestino, também é a fase inicial e crítica em todas as infecções intestinais

causadas por amostras de Escherichia coli patogênicas, conhecidas como as

E. coli diarreiogênicas (Torres et al., 2005).

Pelo menos seis categorias de E. coli diarreiogênica são reconhecidas:

E. coli enteropatogênica (EPEC), E. coli enterohemorrágica (EHEC) ou E. coli

produtora da toxina de Shiga (STEC), E. coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli

enteroinvasora (EIEC), E. coli aderente difusamente (DAEC) e E. coli

enterogregativa (EAEC) (Nataro & Kaper, 1998). EHEC está associada a

casos de colite hemorrágica e a síndrome hemolítica-urêmica (Tarr, 1995;

Moake et al., 1994). Além de causar a lesão do tipo �attachment and

effacement� (A/E), produz as toxinas denominadas toxina de Shiga (Stx) I e II.

ETEC está associada à diarréia aguda e envolvida nos casos de diarréia do

viajante em adultos. A adesão à mucosa intestinal e produção de pelo menos

uma das enterotoxinas termoestáveis (ST) e termolabéis (LT), são os fatores

de virulência apresentados por essa categoria (Nataro & Kaper, 1998). EIEC

apresenta a capacidade de invadir, de multiplicar-se em células epiteliais e de

causar ceratoconjuntivite em cobaia. Tal como Shigella causam colite

inflamatória e disenteria (Mounier et al., 1992; Sansonetti et al., 2000). EAEC

e DAEC são definidas como categorias de E. coli diarreiogênicas que aderem

a células epiteliais cultivadas nos padrões denominados de adesão difusa e

adesão agregativa, respectivamente, e que não reagem com as sondas

genéticas empregadas no diagnóstico de EPEC, EIEC, ETEC e EHEC.

O aumento dos conhecimentos e a sofisticação dos recursos nos últimos

anos alteraram a definição de EPEC. No 2o Simpósio Internacional de EPEC

em 1995, ficou estabelecida uma definição consensual sobre as EPEC. São

Page 20: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

19

chamadas de EPEC típicas as amostras de E. coli que apresentam o

plasmídio EAF (�E. coli adherence factor�), as quais provocam lesões A/E e

não são produtoras de toxina Shiga, enquanto que as EPEC atípicas são

aquelas que não possuem o plasmídio EAF (Kaper et al., 1996).

Nos últimos anos, obteve-se grande avanço na identificação de fatores

de aderência nas diferentes categorias de E. coli diarreiogênica. Essas

estruturas protéicas estão associadas à superfície bacteriana e podem ser

divididas em adesinas fimbriais e afimbriais (Tabela 1). As adesinas fimbriais

são apêndices filamentosos não flagelares, enquanto que as adesinas

afimbriais são agregados amorfos, sem um formato definido (Duguid et al.,

1955; Krogfelt, 1991). A arquitetura das adesinas afimbriais não é muito bem

conhecida, mas presume-se que a maioria delas estejam ligadas à superfície

celular como monômeros ou oligômeros simples (Hultgreen et al., 1993).

TABELA 1. Principais adesinas das E. coli diarreiogênicas

Grupo de E. coli Adesina fimbrial Adesina afimbrial

EPEC BFP Intimina, flagelo, LifA/Efa1, Afa

EHEC/STEC Lpf, Sfp Intimina, Iha, Saa, Efa1,ToxB

ETEC CFs, Longus -

EIEC - HAF

EAEC AFFS -

DAEC F1845 AIDA-I

Torres et. al., (2005)

1.2. Adesinas de EPEC

Amostras de EPEC colonizam o intestino delgado e produzem uma

lesão histopatológica denominada de �attaching and effacing�, conhecida

como lesão A/E, que é comumente encontrada em amostras de EHEC

(Stanley et al., 1969). Esta lesão pode ser observada em células de cultura

de tecido, em mucosa intestinal de animais e de seres humanos (Rothbaum

Page 21: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

20

et al., 1982; Moon et al., 1983; Knutton et al., 1989; Pedroso et al., 1993).

A lesão A/E é resultante da adesão íntima da bactéria ao enterócito,

causando a destruição das microvilosidades, a polimerização da actina e o

rearranjo de outros componentes do citoesqueleto, resultando na formação

de projeções da membrana, cujo formato lembra um pedestal (Rothbaum et

al., 1982; Knutton et al., 1987; Silva et al., 1989; Finlay et al., 1992).

Os genes que codificam a lesão A/E estão localizados no cromossomo

em uma ilha de patogenicidade de aproximadamente 35 Kb, denominada de

�locus of enterocyte effacement� (região LEE) (McDaniel et al., 1995). A

região LEE, descrita na amostra protótipo de EPEC E2348/69 (O127:H6),

contém 41 ORFs que estão organizadas em três regiões funcionais: a região

central que codifica proteínas responsáveis pela aderência íntima, uma

segunda região codificadora de proteínas secretadas e uma terceira região,

que codifica os componentes do sistema de secreção tipo III, que são

responsáveis pela translocação das proteínas secretadas para a célula

hospedeira (Elliot et al., 1998).

Estudos realizados com células cultivadas in vitro mostraram que, na

adesão íntima, essas bactérias aderem de forma localizada (AL) à superfície

das células epiteliais. Este padrão está associado à expressão da fímbria

BFP, a qual promove a aderência bactéria-bactéria (Giron et al., 1991).

A fímbria BFP (�bundle forming pilus�) é do tipo IV codificada por um

cluster de 14 genes localizados no plasmídio EAF (Baldini et al., 1983; Giron

et al., 1991; Sohel et al., 1996; Stone et al., 1996). O primeiro gene, bfpA,

codifica a subunidade da adesina, que é expressa como uma pré-proteína,

clivada na forma ativa por uma peptidase codificada pelo gene bfpP (Zhang et

al., 1994). Além do �cluster� bfp, a expressão deste operon é regulada pelo

regulon global per e pelo locus cromossômico dsbA, que codificam uma

enzima periplasmática, que por sua vez, está envolvida na estabilização de

pontes dissulfeto (Zhang & Donnenberg, 1996). Além de promover a adesão

bactéria-bactéria, resultando na formação de microcolônias localizadas nas

células epiteliais (Girón et al., 1991), a fímbria BFP também está envolvida na

dispersão dos agregados bacterianos em meios de cultivo celular, promovida

Page 22: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

21

pelo gene bfpF, associada à alterações na estrutura do feixe fibrilar (Bieber et

al., 1998; Knutton et al.,1999).

Além da BFP, Girón et. al. (1993) caracterizaram outras três estruturas

fimbriais na amostra B171 de EPEC O111:H-. A análise da seqüência N-

terminal destas proteínas revelou homologia com as fímbrias F9 e F7 de E.

coli uropatogênica e com a fímbria F1845 de DAEC respectivamente, o papel

que essas fímbrias desempenham na patogênese das EPEC ainda não foi

elucidado.

Recentemente, Keller et al. (2002) demonstraram a presença de uma

adesina da família Dr mediando o padrão difuso de adesão em amostras de

EPEC do sorogrupo O55. A adesina Afa apresenta estruturas fibrilares na

superfície da bactéria.

1.3. Adesinas de EHEC/STEC

Vários estudos demonstraram que a intimina, codificada pelo gene eae

é o fator mediador principal da adesão em EHEC, visto que as amostras de

O157:H7 mutadas no gene eae foram incapazes de aderirem e promoverem

a lesão A/E (Donnenberg et al., 1993; Mckee et al., 1995; Tzipori et al., 1995).

Além da intimina, outras proteínas não codificadas na região LEE

foram propostas como possíveis fatores de aderência. Entre elas, ToxB, (uma

proteína identificada no plasmídio pO157 e envolvida na adesão da amostra

Sakai O157:H7 a células HEp-2) (Tatsuno et al., 2001), Saa, (uma adesina

autoaglutinante identificada em amostras eae-negativas) (Paton et al., 2001),

Sfp (uma fimbria encontrada em amostras de EHEC O157:H7 fermentadoras

de sorbitol) (Brunder et al., 2001), Iha, (uma proteína semelhante a IrgA de

Vibrio cholerae mediando a adesão) (Schmidt et al., 2001; Tarr et al., 2001),

Efa1(fator de aderência de EHEC) identificada em uma amostra de EHEC

O111 (Nicholls et al., 2000) e LPF (�long polar fimbriae�), relacionada

estritamente com a LPF de Salmonella typhimurium (Torres et al., 2002). As

adesinas ToxB, Sfp e Saa são codificadas no plasmídio pEHEC, enquanto

que as adesinas Iha, Efa1 e LPF são codificadas por genes cromossômicos.

Page 23: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

22

1.4. Adesinas de ETEC

As amostras de ETEC isoladas de casos de diarréia possuem um

repertório de componentes de superfície antigenicamente distintos

denominados antígenos de fatores de colonização (CFAs) e antígenos de

superfície de E. coli (CS). Esses componentes de superfície facilitam a

colonização dessas amostras no intestino (Gaastra & Graaf, 1982; Levine,

1987), favorecendo o contato das toxinas termo-lábil (LT) e termo-estável

(ST) (Smith &Hall, 1967; Sack et al., 1971). As fímbrias de ETEC são

espécie-específicas, por exemplo: as amostras produtoras de K99 são

patogênicas para porcos, bezerros e carneiros (Cassels & Wolf, 1995),

enquanto as amostras que expressam K88 são capazes de promover diarréia

somente em porcos (Cassels & Wolf, 1995).

A adesina K88 foi descrita pela primeira vez por ∅ rskov et al. (1961)

como uma adesina termo-lábil, cuja expressão é inibida a 18oC. Stirm et al.

(1966, 1967) demonstraram a extração da fímbria K88, quando a cultura

bacteriana era aquecida a 60oC por 20 minutos. Os genes que codificam para

a fímbria K88 estão localizados em plasmídios geralmente não conjugativos

(Shipley et al., 1978). Análise da organização genética demonstrou a

presença de pelo menos seis genes estruturais (faeC-faeH) envolvidos na

biogênese da fímbria K88 (Mooi et al., 1981; Mooi et al., 1982): faeG codifica

a porção aderente da fímbria (Gaastra et al.,1981), faeC codifica a menor

estrutura protéica (Mooi et al., 1984; Oudega et al., 1989), faeD codifica uma

proteína de membrana externa responsável pela translocação das

subunidades fimbriais para a superfície da célula (Mooi et al., 1986) e o gene

faeE codifica uma chaperonina periplasmática (Bakker et al., 1991).

Entre os CFAs e CS, CFA/I (Evans et al., 1975) e CFA/III (Honda et al.,

1984) são fímbrias cilíndricas e uniformes, ao passo que CFA/II e CFA/IV

consiste de distintos CS (Cravioto et al., 1982; Thomas et al., 1985). Assim,

as amostras produtoras de CFA/II expressam CS3 e também podem

expressar CS1 ou CS2 (Cravioto et al., 1982). Da mesma forma, as amostras

produtoras de CFA/IV expressam a fibrila CS6 sozinha ou em combinação

Page 24: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

23

com CS4 ou CS5 (Thomas et al., 1985).

A adesina CS31A (�coli-surface-associated antigen�) foi descrita na amostra

de ETEC 31A e geralmente está associada com infecções em bezerros. Esta

adesina apresenta-se como uma estrutura fimbrial bem delgada, com dois nm

de diâmetro e com massa molecular de aproximadamente 30 kDa. A análise

através de �Imuno blot� e do seqüenciamento da porção N-terminal

demonstrou uma relação imunológica e estrutural entre a CS31A e a fímbria

K88. A fímbria CS31A é codificada por genes plasmidiais (Gaastra & de

Graaf, 1982).

Uma outra fímbria, distinta das demais, denominada �Longus� foi

descrita em várias amostras de ETEC humana (Girón et al., 1994). Além

dessa, muitas outras adesinas também foram isoladas em ETEC, porém

estão presentes em menor freqüência (de Graaf & Gaastra, 1994).

1.5. Adesinas de EIEC

Recentemente, um fator hemaglutinante manose-resistente associado

à célula, fator HAF, foi identificado em uma amostra de EIEC do sorotipo

O124:H- (Simi et al., 2002). O fator HAF é provavelmente um potencial fator

de aderência que medeia a aderência in vitro da referida amostra a células

epiteliais, entretanto nenhuma função ou papel na adesão de outras amostras

de EIEC ainda foi relatado.

1.6. Adesinas de EAEC

Os fatores de aderência melhor estudados em EAEC são as adesinas

fimbriais AAFs (�aggregative adherence fimbria�), codificadas em plasmídios

de alto peso molecular conhecidos como plasmídios pAA. Até o momento,

foram descritas três diferentes AAFs: AAF/I, AAF/II e AAF/III. Estas adesinas

são capazes de mediar o fenótipo AA nas amostras protótipos 17-2, 042 e

55989, respectivamente (Nataro et al., 1992; Czeczulin et al., 1997; Bernier et

al., 2002).

Page 25: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

24

As adesinas AAFs são morfologicamente e estruturalmente diferentes

entre si, e estão presentes em pequeno número de amostras de EAEC.

1.7. Adesinas de DAEC

Na categoria das DAEC somente duas adesinas associadas ao

fenótipo AD foram descritas até o momento: a adesina fimbrial F1845 a

adesina afimbrial AIDA-I (Bilge et al., 1989; Benz & Schmidt et al., 1989).

A fímbria F1845 foi identificada por Bilge et al. (1989). Os autores

caracterizaram uma região no DNA cromossômico, que codificava uma

adesina fimbrial responsável pelo padrão difuso de adesão (AD) da amostra

C1845 (O75:H-) isolada de uma criança com diarréia. Uma sonda

correspondente a um segmento de 380 pb do gene daaC, que codifica uma

proteína com funções de �usher�, envolvida na biogênese da fimbria F1845

reage com cerca de 65% das amostras de DAEC.

A adesina AIDA-I é uma proteína de membrana externa de 100 kDa e

está associada ao fenótipo AD em uma amostra do sorotipo O126:H27. Os

estudos epidemiológicos realizados por Benz & Schmidt (1989) utilizando

uma sonda específica para AIDA-I sugeriram que este fator é expresso em

uma minoria dos isolados de DAEC.

1.8. EPEC atípica

As EPEC atípicas apresentam como principal característica a presença

da região LEE e ausência do plasmídio EAF. Amostras de EPEC atípicas

podem pertencer ou não aos sorogrupos clássicos de EPEC O26, O55,

O111, O114, O119, O126, O127, O128 e O142.

Os sorotipos não pertencentes aos sorogrupos O de EPEC são menos

conhecidos. Vieira et al. (2001) identificaram 35 sorotipos entre 59 amostras

estudadas, porém um número relativamente grande de antígenos O e H não

puderam ser determinados.

Page 26: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

25

Amostras de alguns sorotipos de EPEC atípicas apresentam fatores de

virulência adicionais como a expressão da toxina �enteroaggregative E. coli

heat-stable toxin� (EAST-1) nos sorotipos O128:H2 e O119:H2 (Dias 1998),

enterohemolisinas no sorotipo O111:H9 (Campos et al., 1994) e o padrão de

adesão agregativa a células epiteliais no sorotipo O125:H6 (Valle et al.,

1997).

As EPEC atípicas enquadram-se entre outras amostras de E. coli que

emergiram aparentemente nos últimos anos e já se encontram entre os

principais agentes de diarréia em nosso meio e em outros países (Smith et

al., 1996; Rosa et al., 1998; Scaletsky et al., 1999; Franzolin et al. 2005).

Amostras de EPEC atípicas foram isoladas tanto de crianças com

diarréia como de algumas crianças sem alterações gastrointestinais

(Scaletsky et al., 2002). Com o intuito de caracterizar o potencial de virulência

destas amostras, Dulguer et al. (2003) realizaram uma extensiva análise

genotípica e fenotípica. Essa análise revelou a presença dos genes de

virulência associados a enterohemolisina (E-hly), citotoxina letal distensora

(CDT) e adesina afimbrial (Afa) em pequeno número de amostras. Um sub-

grupo de amostras portadoras da seqüência astA (relacionada à produção da

toxina EAST-1) foi o único que mostrou associação epidemiológica com

diarréia.

Algumas amostras de EPEC atípica apresentam o padrão de adesão

AL, embora não possuam a fímbria BFP. Estudos realizados por vários

pesquisadores relataram a existência de amostras de EPEC EAF-BFP-,

apresentando o padrão AL, porém a caracterização do fator responsável pelo

fenótipo AL dessas amostras não foi investigada (Girón et al., 1993; Knutton

et al., 1991; Scotland et al., 1990).

1.9. EPEC atípica O26:H11

O sorogrupo O26 de EPEC é um dos sorogrupos mais freqüentes

envolvidos na diarréia infantil, sendo um sorogrupo muito comum também em

amostras de EHEC. O sorotipo mais freqüente dentro do sorogrupo O26 tanto

Page 27: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

26

em amostras de EPEC quanto em amostras de EHEC é a O26:H11. Os

mecanismos de virulência das amostras pertencentes ao sorotipo O26:H11

variam de acordo com a sua distribuição geográfica. Muitas amostras

O26:H11 isoladas na América do Norte, Europa e Japão são produtoras de

Stx e, portanto classificadas como EHEC (Levine et al., 1987).

No Brasil, com exceção de um caso isolado descrito por Guth et al.,

(2002), amostras de E. coli O26:H11 e O26:H- isoladas de crianças com

diarréia são Stx negativas e não estão associadas com a síndrome urêmica

hemolítica (Silva et al., 1983; Peixoto et al., 2001). Portanto, amostras de E.

coli O26 que apresentam como características: região LEE+, stx- e EAF- são

classificadas como EPEC atípica.

Fisher et al. (1994) identificaram uma amostra de EPEC O26:NM EAF-

BFP- isolada de um bezerro com diarréia que apresentava o padrão AL em

ensaios de 3 horas, mas o fator de aderência também não foi identificado.

Em um estudo realizado por Pelayo et al. (1999), amostras de EPEC

atípica dos sorogrupos O26, O55 e O111 aderiam a células HEp-2 exibindo

variações do padrão AL. Algumas amostras apresentavam o fenótipo AL,

porém, com agrupamentos pequenos e mais frouxos após 6 horas de contato

com as células HEp-2. Para diferenciá-lo do padrão AL expresso após 3

horas e geneticamente diferente, foi dado o nome de padrão de �adesão

localizada-like� (ALL) (Scaletsky et al.,1996). Entretanto, um grupo de

amostras do sorotipo O26:H11 apresentou a formação de microcolônias

compactas compatíveis com o padrão AL em 3 horas de contato com células

HEp-2, porém desprovido do gene bfpA, que codifica a subunidade estrutural

da fímbria BFP (Donnenberg et al., 1992; Sohel et al., 1993).

Com o objetivo de identificar o(s) gene(s) responsáveis pelo padrão AL

de uma dessas amostras, foi construída uma biblioteca genômica da amostra

22 na E. coli DH5α, tendo sido identificado um clone cosmídeo denominado

pV-B-6, aderente a células HEp-2. O clone pV-B-6 exibiu um padrão de

adesão difusa (AD) às células epiteliais, diferente da formação de

microcolônias presentes na adesão AL apresentada pela amostra 22 (Figura

1A e 1B).

Page 28: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

27

O cosmídio pV-B-6 foi submetido à mutagênese utilizando um

transposon

mini-Tn10::kan e identificado um mutante não aderente (pV-B-6-Tn) (Figura

1C).

Um fragmento de 2,3 kb EcoRI-HindIII contendo 1 kb do mini-Tn10 foi

clonado e seqüenciado no Center for Vaccine Development, University of

Maryland, EUA. A análise da seqüência identificou um gene, ldaH, que

possuía 73% de identidade com a subunidade fimbrial faeH da de fímbria K88

ETEC (Bakker et al., 1992) (Figura 2).

FIGURA 2. Comparação das seqüências de aminoácidos deduzidas

de LdaH e FaeH. Os aminoácidos idênticos estão representados por (*).

A B

C FIGURA 1. Adesão das

amostras (A) 22; (B) pV-B-6

e (C) pV-B-6-Tn a células

HEp-2 em ensaios de 3

horas de incubação.

Page 29: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

28

A análise do seqüenciamento do cosmídio p-V-B-6 identificou uma

região de 15-kb com 15 ORFs e conteúdo G+C igual a 46,8%, apresentando

semelhança com os operons fimbriais fae e clp das ETEC K88 e CS31A,

respectivamente (Mooi et al., 1981; Girardeau et al., 1988). Essa região foi

denominada de �locus for diffuse adherence� (lda).

A região lda é parte de uma ilha genômica de 26 kb inserida no gene

proP no cromossomo de E. coli. O locus lda é constituído por genes

regulatórios (ldaA e ldaB), uma chaperonina periplasmática (ldaE), um usher

(ldaD), um gene estrutural (ldaG) e pelos genes ldaC, ldaF, ldaH e ldaI. A

organização genético do locus lda está apresentada na Figura 3.

FIGURA 3. Organização genética dos loci lda e fae (K88). A

localização e direção dos genes estão indicados pelas setas, e o local de

inserção do mini-Tn10 no mutante pV-B-6-Tn está representado pelo

triângulo invertido.

Page 30: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

29

2. OBJETIVOS

Uma vez identificado o gene ldaH envolvido na aderência bacteriana,

que apresenta similaridade genética com o gene faeH da fímbria K88

envolvida na colonização de ETEC, foram estabelecidos os seguintes

objetivos:

- Caracterizar fenotipicamente a adesina responsável pelo padrão difuso da

amostra p-V-B-6, através de ensaios de SDS-PAGE e �Imuno blot�, inibição

de adesão, imunofluorescência e imunomarcação com ouro coloidal.

- Verificar a prevalência do gene ldaH em amostras de EPEC atípica isoladas

de fezes de crianças com diarréia e de controles em diferentes cidades

brasileiras.

- Verificar o papel da fímbria K88 na adesão da EPEC atípica 22, mediante

ensaios de inibição de adesão, imunofluorescência e �Imuno blot�.

- Verificar o papel da adesina LDA na adesão e colonização intestinal de

camundongos C57Bl/6J

Page 31: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

30

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Amostras bacterianas e condições de cultivo.

A amostra de EPEC atípica 22, sorotipo O26:H11, foi isolada de um

caso de diarréia infantil, na cidade de São Paulo no ano de 1981 (Pelayo et

al., 1999). Esta amostra apresenta o padrão de adesão AL em ensaios de 3

horas, mas não expressa a fímbria BFP. As características fenotípicas e

genotípicas das demais amostras de E. coli utilizadas neste estudo

encontram-se na Tabela 2.

Para os experimentos de detecção do gene ldaH, que codifica a

subunidade estrutural ldaH da adesina LDA, foram selecionadas 65 amostras

de EPEC atípica, pertencentes a 34 sorotipos diferentes, previamente

isoladas e identificadas em um estudo etiológico da diarréia aguda em

crianças menores de dois anos em diferentes cidades brasileiras. Essas

amostras foram isoladas de 438 crianças com diarréia aguda e 422 controles

pareados por idade (Scaletsky et al., 2002a e 2002b). Todas as 65 amostras

reagiram com a sonda genética eaeA e eram desprovidas das seqüências

genéticas das sondas EAF e bfpA, sendo então caracterizadas como EPEC

atípicas (Tabela 3).

Também foram analisadas outras 13 amostras de EPEC atípica,

gentilmente cedidas pelo Prof. Dr. Luiz R. Trabulsi. A Tabela 4 apresenta o

sorotipo, origem e genótipo dessas amostras.

As amostras bacterianas foram cultivadas rotineiramente em caldo LB

(item 8.1.1) a 37oC com aeração e estocadas a �70oC em caldo LB contendo

15% de glicerol. Para os testes de adesão as bactérias foram crescidas em

caldo LB sem aeração. Quando necessário, foi adicionado ao meio de cultura

os antibióticos nas seguintes concentrações: canamicina (Km) 30 µg/mL,

ampicilina (Ap) 100 µg/mL e estreptomicina (Sm) 100 µg/mL. As amostras

com resistência à estreptomicina foram obtidas através de mutação por

seleção natural.

Page 32: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

31

3.2. Extração de DNA

3.2.1. Extração do DNA plasmidial em larga escala (�maxi-prep�)

O kit �Qiagen � Plasmid Midi Kit� (Qiagen Inc., Califórnia, EUA) foi

empregado para extração de DNA em larga escala, segundo recomendações

do fabricante. A amostra pLDAH foi cultivada em 500 mL de caldo LB (item

8.1.1) contendo os antibióticos apropriados. Em seguida, a cultura foi

centrifugada a 3.000 X g por 15 minutos em centrífuga Sorvall RC2B sob

refrigeração a 4oC. A cultura assim obtida foi utilizada no experimento de

extração de DNA plasmidial, utilizando a coluna �Qiagen-tip 500�. O DNA

plasmidial obtido foi ressuspenso em 400 µL de tampão TE (item 8.2.8).

3.2.2. Extração de DNA plasmidial em pequena escala (�mini-

prep�)

A extração de DNA plasmidial em pequena escala foi realizada pelo

método de Birnboim & Doly (1979).

As amostras bacterianas foram cultivadas em 3 mL de caldo LB (item

8.1.1) sob agitação constante por 16 a 18 horas. Em seguida, 1 mL da cultura

foi transferido para tubos de polipropileno e centrifugado por 2 minutos em

microcentrífuga a 11.600 X g. Após centrifugação, os sobrenadantes foram

desprezados e as células foram ressuspensas em 100 µL de solução I (item

8.2.3). Em seguida, foram adicionados 200 µL de solução II (item 8.2.4) e a

suspensão foi homogeneizada invertendo-a lentamente e incubada em banho

de gelo por 5 minutos. A seguir, foram adicionados 150 µL de solução III

(item 8.2.5) e a mistura foi novamente incubada em banho de gelo por 1 hora.

Após a incubação, os tubos foram centrifugados a 11.600 X g por 10 minutos,

o sobrenadante foi coletado e o DNA precipitado em 1 mL de etanol e

incubado a 20oC por 1 hora. A mistura foi centrifugada por 10 minutos e o

Page 33: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

32

DNA foi ressuspenso em 100 µL da solução IV (item 8.2.6) e precipitado em 2

volumes de etanol gelado. Os tubos foram homogeneizados lentamente e

mantidos a �20oC por 1 hora. Após a centrifugação, os tubos foram secos à

temperatura ambiente e o DNA ressuspenso em 20 µL de tampão TE (item

8.2.8) contendo RNAase (Sigma) em concentração final de 20 µg/mL e

incubadas a 37oC por 30 minutos.

3.2.3. Extração de DNA cromossômico

Para a extração de DNA cromossômico foi utilizado o kit �Easy DNA�

(Invitrogen), segundo as recomendações do fabricante.

As amostras foram cultivadas em 2 mL de caldo LB (item 8.1.1) sob

agitação por 16 a 18 horas. Em seguida, os cultivos foram transferidos para

tubos de polipropileno e centrifugados em microcentrífuga por 2 minutos a

11.600 X g. Os sedimentos obtidos foram empregados para extração de DNA

cromossômico através do kit.

Os sedimentos de DNA cromossômico foram ressuspensos em

tampão TE (item 8.2.8) contendo 20 µg/mL de RNAse e incubadas a 37oC

por 30 minutos.

3.2.4. Determinação da concentração de DNA

Após a extração, o DNA em solução teve sua concentração e pureza

estimada, segundo técnica descrita por Sambrook et al. (1989). As soluções

foram diluídas a 1:60 em água e as densidades ópticas foram determinadas

em espectrofotômetro �Spectronic 20� (Bausch & Lomb, Nova Iorque, EUA)

nos comprimentos de onda de 260 e 280 nm. As leituras em 260 nm foram

empregadas no cálculo da concentração de DNA em ng/µL ou µg/µL.

A relação entre as leituras de 260 nm e 280 nm indicou a pureza da

extração, quando os valores se encontravam entre 1,8 e 2.

Page 34: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

33

3.2.5. Eletroforese de DNA em gel de agarose

Os géis de agarose foram preparados dissolvendo-se a agarose

(Invitrogen, Life Tecnologies Inc, Gaithenesburg MD, EUA) por aquecimento

em tampão TEB 0,5X (item 8.3.1) nas concentrações finais de 0,7 e 1,5%.

A corrida eletroforética foi realizada sob voltagem máxima e constante

de 100 Volts em tampão TEB 0,5X (item 8.3.1). Após a corrida, o gel foi

corado em solução de brometo de etídio (5 mg/mL) por 10 a 15 minutos e

observado em um transiluminador de luz ultravioleta (Fotodyne), para análise

visual.

3.3. Teste de hibridização de DNA bacteriano com sonda genética

3.3.1. Transferência de DNA de células bacterianas para filtros de papel Whatman � �Colony blot�.

Os testes de hibridização com sondas genéticas foram feitos conforme

descrito por Grunstein & Hogness (1975).

As amostras bacterianas a serem testadas foram semeadas

inicialmente em meio LB (item 8.1.1) e incubadas a 37oC durante 16 a 18

horas. Posteriormente, as amostras bacterianas foram semeadas em placas

de ágar MacConkey e incubadas a 37oC durante 16 a 18 horas. As colônias

foram então carimbadas em papel de filtro Whattman 541 e incubadas

durante 1 hora a 37oC, posteriormente o papel de filtro foi retirado e mantido

em temperatura ambiente por no mínimo 30 minutos para secar. Os filtros

assim obtidos foram tratados com uma solução desnaturante (item 8.4.1),

expostos a vapores de água fervente durante 3 minutos e novamente

tratados com solução desnaturante (item 8.4.1), por 1 minuto, à temperatura

ambiente. Após esse período, os filtros foram imersos em solução

neutralizante (item 8.4.2) durante 4 minutos, colocados para secar a 65oC,

guardados a temperatura ambiente até o momento do uso. Foram utilizados

Page 35: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

34

como controles E. coli 22 (controle positivo) e E. coli DH5α (controle

negativo).

3.3.2. Transferência de DNA de gel de agarose para membrana de

nylon � �Southern blot�

Após a realização da eletroforese, o DNA contido no gel de agarose foi

desnaturado em solução desnaturante (item 8.4.1) durante 15 minutos sob

agitação lenta e, em seguida, tratado com solução neutralizante (item 8.4.2)

por 15 minutos sob agitação. Realizou-se, então, a transferência do DNA por

capilaridade, utilizando SSC 6X (item 8.4.3) para membrana de Nylon

Hybond-N (Amersham Life Science) por no mínimo 16 horas à temperatura

ambiente. Após este período, o sistema foi desmontado e a membrana foi

colocada em uma solução de SSC 2X durante 20 minutos sob agitação e

mantida àtemperatura ambiente para secar.

3.3.3. Preparo de fragmento sonda

Cerca de 1 µg do DNA plasmidial da amostra pLDAH foi digerido com

as enzimas de restrição EcoRI e HindIII de acordo com as recomendações do

fabricante. Após a digestão enzimática, a preparação de DNA foi submetida à

eletroforese em gel de agarose e a banda correspondente ao fragmento de

2,3 kb foi eluída do gel empregando o kit �GeneClean II Kit� (Bio 101,

Califórnia,EUA), segundo recomendações do fabricante.

3.3.4. Marcação radioativa de fragmento sonda

O fragmento sonda foi marcado utilizando o kit �Ready To Go � DNA

Labelling Beads (dCTP)� (Amersham Pharmacia Biotech Inc, EUA), segundo

Page 36: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

35

as recomendações do fabricante, utilizando 5 µL de [α-32P]dCTP (Amersham,

EUA), com atividade específica de 3.000 Ci/mmol.

3.3.5. Hibridização dos filtros e membranas

Os filtros e as membranas foram inicialmente imersos em solução de

SSC 2X (item 8.4.3) e posteriormente pré-hibridizados durante 1 hora a 65oC,

em solução de hibridização (item 8.4.6) acrescida de 100 µg/mL de DNA

desnaturado de esperma de salmão sob agitação lenta. Em seguida, os filtros

foram transferidos para sacos plásticos contendo nova solução de

hibridização acrescida, de aproximadamente 105 cpm/mL da sonda

radioativa, previamente desnaturada a 100oC por 5 minutos. Os sacos de

hibridização foram selados e incubados por 18 horas a 65oC sob agitação

lenta. Posteriormente, a solução de hibridização contendo a sonda radioativa

foi retirada, e os filtros e as membranas transferidos para recipientes

adequados onde foram lavados por 2 vezes durante 15 minutos a 65oC, sob

agitação lenta, em solução de lavagem 0,1% (item 8.4.7) e uma vez em

solução de lavagem 0,05% (item 8.4.8). Após esse período, os filtros foram

secos à temperatura ambiente e expostos a filmes de raios-X Kodak �X-

Omar-R� (Eastman Kodak), contendo tela intensificadora, por no mínimo 24

horas a -70oC. Em seguida, o filme foi revelado em revelador automático de

filmes raios-X em câmera escura.

3.4. Reação de polimerização em cadeia (PCR)

As reações de PCR foram realizadas segundo Sambrook et al. (1989)

utilizando a enzima Taq DNA polimerase, tampão de reação e a solução de

cloreto de magnésio, todos da marca Invitrogen conforme instruções do

fabricante.

As reações de PCR foram realizadas em banho de gelo, utilizando

Page 37: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

36

tubos de polipropileno de 0,2 mL (Eppendoff, Hamburgo, Alemanha), onde

foram colocados o DNA molde, obtido através de fervura de duas a três

colônias bacterianas em 50 µL de água destilada esterilizada durante 5

minutos e os reagentes nas seguintes concentrações: 1X tampão de reação,

50 pmoles de cada �primer�, 200 mM de cada desoxinucleotídeo trifosfasto

(dATP, dCTP, dGTP, dTTP), 1U da enzima Taq DNA polimerase, 1,5 mM de

MgCl2 (50 mM) e 5 µL do DNA bacteriano, sendo o volume completado com

25 µL de água destilada estéril.

Os �primers� foram empregados na reação de PCR foram sintetizados

a partir da seqüência de DNA que codifica para o gene ldaG, subunidade

estrutural principal da adesina, descrita por Scaletsky et al. 2005. As

seqüências desses �primers� estão apresentadas abaixo:

K3094 � 5� AAAGATCTGTGATGAGGTTCAGGTGA 3�

K3095 � 5� AAATCTAGATGCAGACGCAACTACAG 3�

Os tubos Eppendof contendo as preparações foram colocados em

um termociclador (modelo 2400, Perkin-Elmer Cetus, Norwalk, CT), sendo

que a reação de PCR foi submetida a 30 ciclos, 60 segundos a 94°C de

desnaturação, 90 segundos a 62°C de anelamento e 60 segundos a 72°C de

extensão. Após amplificação, os produtos foram analisados através de

eletroforese em gel de agarose 1,5%, comparando-se ao padrão de peso

molecular �1 Kb DNA ladder� (Invitrogen). Foram utilizados como controle

positivo as amostras 22 e pV-B-6 e como controle negativo a E. coli DH5α.

3.5. Teste de adesão

O teste de adesão a células HEp-2 foi realizado segundo a técnica

descrita por Scaletsky et al. (1984), utilizando-se monocamadas de células

HEp-2, originadas de adeno carcinoma de laringe.

Page 38: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

37

3.5.1. Cultivo das células HEp-2

O cultivo das células HEp-2 foi realizado em garrafas apropriadas,

contendo 7 mL de meio DMEM (item 8.5.2) suplementado com 10% de soro

fetal (Cultilab, Brasil) (DMEM-SFB 10%) e , mantidas em estufa a 37oC, sob

atmosfera de 5% de CO2 por 3 a 4 dias. Após este período, o meio de cultivo

foi removido e a monocamada celular lavada em 4,5 mL de solução ATV

(item 8.5.3). A solução foi desprezada e, em seguida, foram adicionados 0,5

mL de ATV de modo que ficasse em contato com as células durante 1 a 2

minutos à temperatura ambiente, para provocar o descolamento celular. Em

seguida, foram adicionados 5 mL de DMEM-SFB 10% e volume de 1 mL foi

transferido para cada orifício de placas de 24 orifícios (Costar, Cambridge,

MA, EUA), contendo lamínulas de vidro. A placa foi incubada a 37oC sob

atmosfera de 5% de CO2 por 48 horas.

3.5.2. Realização do teste de adesão

Inicialmente, o meio de cultivo foi retirado dos orifícios da placa e as

células foram lavadas por 5 vezes com PBS (item 8.5.1) estéril. Em seguida,

adicionou-se 1 mL de DMEM-SFB 2% contendo 1% de D-manose (item

8.5.5), para inibir a adesão bacteriana devido à fímbria do tipo I (OLD, 1972).

Uma alíquota de 40 µL do crescimento bacteriano cultivado em TSB a 37oC

durante 16 horas foi inoculada sobre a monocamada celular e incubada em

estufa a 37oC por 3 horas. Após este período, o meio de cultivo foi removido

e as células foram lavadas 6 vezes com PBS (item 8.5.1) fixadas com

metanol P.A. por 30 minutos e coradas por 10 minutos com solução de May-

Grünwald (item 8.5.7) diluído 1:2 (v/v) em tampão de S∅ rensen (item 8.5.6),

num volume suficiente para cobrir toda a camada celular. Em seguida, a

solução de May-Grünwald foi retirada e substituída pelo corante Giemsa (item

8.5.8) diluído 1:3 (v/v) em tampão de S∅ rensen durante 20 minutos. Após

este período, as lamínulas foram lavadas em água corrente, retiradas dos

Page 39: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

38

orifícios e montadas sobre lâminas de vidro.

3.6. Testes de inibição da adesão

O teste de inibição da adesão à célula HEp-2 com soro foi realizado

segundo a metodologia descrita por Barros et al. (1992). Cerca de 200 µL dos

soros a serem testados (nas diluições 1:5, 1:10, 1:20, 1:50 e 1:100) e 50 µL

da suspensão bacteriana foram incubados em banho-maria a 37oC durante 2

horas e testados quanto à adesão as célula HEp-2 conforme descrito no item

3.5.2.

Para o teste de inibição da adesão utilizamos os carboidratos D-

galactose, N-acetilgalactosamina, L-fucose, N-acetilglucosamina, D-glucose,

lactose, rafinose e ramnose. Os açúcares foram adicionados individualmente

na concentração de 0,1 M ao meio de DMEM, imediatamente antes do início

do teste de adesão.

3.6.1. Leitura do teste de inibição da adesão

As lamínulas foram observadas ao microscópio óptico (Carl Zeiss-

Alemanha) com aumento de 400 X e 1.000 X. A leitura foi realizada contando-

se um total de 300 células que apresentavam bactérias aderidas ou não. A

determinação da porcentagem de inibição da adesão foi efetuada, utilizando-

se a seguinte fórmula:

Inibição (%) = nû de células não aderidas X 100

nû total de células

Page 40: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

39

3.7. Ensaios de imunofluorescência

Após o teste de adesão, as células foram fixadas com formaldeido a

3,5% durante 1 hora, e as lamínulas lavadas 3 vezes com PBS (item 8.5.1) e

incubadas por 15 minutos com cloreto de amônia 50 mM diluído em PBS para

retirar o excesso do formaldeído. Em seguida, as lamínulas foram tratadas

com PBS contendo 0,2% de soro albumina bovina (BSA) (Sigma) para evitar

ligações não específicas durante as subseqüentes incubações e incubadas

com o anticorpo a ser testado diluído em PBS, durante 1 hora à temperatura

ambiente e posteriormente lavadas por 3 vezes em PBS. A seguir, as

lamínulas foram então incubadas com anti-IgG de coelho produzido em cabra

e conjugado com fluoresceína (Sigma-Aldrich Chemical, Missouri, EUA)

diluído em PBS conforme títulos previamente estabelecidos, durante 1 hora, à

temperatura ambiente. Após esse período, as lamínulas foram lavadas por

mais 3 vezes em PBS e montadas em lâminas de vidro com PBS-glicerol

(Sigma). As amostras foram, então, examinadas em microscópio de

fluorescência (Olympus BX60).

3.8. Análise de proteínas

3.8.1. Extração de estruturas fimbriais parcialmente purificadas

As amostras foram semeadas em placas contendo ágar MacConkey e

incubadas a 37oC durante 18 horas. A seguir, o cultivo bacteriano foi retirado

das placas adicionando-se 1 mL de PBS (item 8.3.1) e transferido para tubos

Eppendorf®. As amostras bacterianas foram aliquotadas em porções de 4,0

X 108 UFC/mL, para a extração de proteínas totais e 4,0 X 109 UFC/mL para

a extração de estruturas fimbriais parcialmente purificadas proteínas

aquecidas. No preparo dos extratos brutos, as células bacterianas foram

centrifugadas a 12.000 x g por 5 minutos à temperatura ambiente, o

sedimento foi lavado com 1 mL de PBS, centrifugado novamente nas

mesmas condições, ressuspenso em 200 µL do tampão de amostra (item

Page 41: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

40

8.6.2), sendo as células bacterianas lisadas a 100oC por 5 minutos. Os restos

celulares foram removidos por centrifugação, sendo o sobrenadante removido

para novo tubo Eppendorf® e armazenado a �20oC. Para extração de

estruturas fimbriais parcialmente purificadas, as células bacterianas foram

centrifugadas a 3.000 X g por 10 minutos, e o sedimento foi ressuspenso em

160 µL de PBS e incubado em banho-maria a 65oC por 30 minutos. Após

nova centrifugação, o sobrenadante foi transferido para novo tubo

Eppendorf® e foram adicionados 40 µL de tampão de amostra. As proteínas

foram aquecidas a 100oC por 5 minutos e posteriormente analisadas através

de eletroforese em gel de poliacrilamida em condições redutoras (SDS-

PAGE).

Após eletroforese em gel de SDS-PAGE, a proteína de interesse foi

eletroeluída em Mini Whole Gel Eluter (Bio-Rad). O material foi dializado em

água bidestilada por 48 horas a 4oC e a proteína quantificada. A dosagem de

proteínas na preparação foi realizada segundo o método de Bradford

(Micrométodo � colorimétrico) (Sambrook et al., 1989).

3.8.2. Extração da fímbria K88

A extração da fímbria K88 foi realizada segundo a técnica descrita por

Jacobs & de Graaf (1985). Para tanto, as amostras foram cultivadas em 400

mL de meio TSB até atingir a fase exponencial de crescimento (absorbância

de 0,5-1,0) em espectrofotômetro �Spectronic 20� (Bausch & Lomb, Nova

Iorque, EUA) no comprimento de onda de 620 nm. As amostras foram

centrifugadas a 3.000 X g por 15 minutos em centrífuga Sorvall RC2B sob

refrigeração a 4oC, e os sedimentos ressuspensos em 20 mL de PBS (item

8.5.1). As amostras foram aquecidas a 65oC por 30 minutos e submetidas à

agitação máxima em �vortex�, durante 15 minutos e centrifugadas a 3.000 X g

durante 15 minutos para remover os restos celulares. O sobrenadante foi

coletado, sendo então adicionados os inibidores de protease PMSF 1mg/mL

(Sigma), aprotinina 0,05 mg/mL (Sigma) e EDTA 0,5M. A seguir, o material foi

Page 42: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

41

precipitado com sulfato de amônia (60% de saturação) durante 18 horas a

4oC. Após precipitação, o material foi centrifugado a 230.000 X g por 4 horas

em ultracentrífuga (Beckman, rotor 60Ti). O sedimento foi ressuspenso em 2

mL de PBS e dializado contra água destilada durante 48 horas a 4oC.

3.8.3. Eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE)

A eletroforese de proteínas foi realizada conforme descrita por

Laemmli et al. (1970) em um gel composto de géis de resolução 12% (item

8.6.4) e de empacotamento 5% (item 8.6.3). A eletroforese foi conduzida em

tampão de eletroforese (item 8.6.5) sob uma corrente de 25 mAmp durante

aproximadamente 4 horas. Após eletroforese, os polipeptídios foram

visualizados pela coloração do gel em solução de Coomassie Blue (item

8.6.6) durante 1 hora, seguida da descoloração com uma solução descorante

(item 8.6.7).

3.8.4. �Imuno Blot�

Os experimentos de �Imuno blot� foram realizados segundo Sambrook

et al. (1989). Após eletroforese, foi colocado sobre o gel uma membrana de

nitrocelulose (Millipore) e montado um sistema de transferência durante 18

horas sob uma corrente de 14 mAmp. Para certificar-se da eficácia da

transferência, a membrana foi colocada em um recipiente com o corante

reversível Ponceau S (item 8.7.3). A membrana foi extensivamente lavada

com água destilada sob agitação. Após a retirada do corante, adicionou-se

solução bloqueadora (item 8.7.2) por 2 horas à temperatura ambiente sob

agitação lenta. A seguir, adicionou-se o anticorpo primário a ser testado

diluído em tampão Tris (item 8.7.1), e incubou-se por 1 hora a temperatura

ambiente sob agitação lenta. A membrana foi lavada em tampão Tris por 6

vezes de 10 minutos cada e colocada em presença do anticorpo secundário

Page 43: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

42

(anti-IgG de coelho conjugado com peroxidase) (Sigma) na diluição de

1:10.000 durante 1 hora a temperatura ambiente sob agitação lenta. A

membrana foi lavada por mais 6 vezes de 10 minutos cada com tampão Tris

e revelada com quimiluminescência, utilizando o kit ECL (Amersham).

3.9. Seqüenciamento da região amino-terminal

Após eletroforese em SDS-PAGE, a proteína de interesse foi

transferida para membrana de �polyvinylidene difluoride� (PVDF- Millipore) e

visualizada mediante a coloração com 0,1% de �napthalen black�em 50% de

ácido acético, segundo recomendações do fabricante. A seguir, a banda

correspondente a 25 kDa foi cortada da membrana, e a proteína

correspondente foi enviada para o seqüenciamento no Instituto Nacional de

Farmacologia (INFAR) - UNIFESP . A seqüência amino-terminal da proteína

foi alinhada com seqüências previamente conhecidas, presentes no

GenBank, utilizando o programa BLAST.

3.10. Preparo de soro policlonal

A produção de anti-soro foi realizado conforme metodologia descrita

por Girón et al. (1991) utilizando um coelho da raça New Zealand pesando

aproximadamente 2.0 Kg. Para obtenção do soro contra a adesina LdaG

expressa pelo clone pV-B-6 (anti-soro LdaG), obtida no item 3.8.1. e

eletroeluída em Mini Whole Gel Eluter (Bio-Rad), inoculou-se através de

injeções subcutâneas 100 µg de proteína (obtida no item 3.8.1) com

adjuvante completo de Freund (Sigma). Após 3 semanas foi aplicado à

mesma quantidade de proteína com adjuvante incompleto de Freund (Sigma).

No fim de 10 dias o sangue foi coletado e o soro obtido foi filtrado e

armazenado a �20oC.

Page 44: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

43

3.11. Microscopia eletrônica de transmissão

Os ensaios para microscopia eletrônica foram realizados segundo

Knutton (1995). As preparações foram examinadas no microscópio de

transmissão eletrônica JEOL JEM 1200 EX II do Department of Pathology,

School of Dentistry, University of Maryland, EUA, operando a 80 kV.

3.11.1. Coloração negativa

As amostras bacterianas foram semeadas em ágar MacConkey

durante 18 horas a 37oC. Após incubação, o crescimento bacteriano foi

removido da placa através de lavagens com PBS (item 8.8.1). Alíquotas de

40 µL da suspensão bacteriana foram transferidos para tubos Eppendof e

centrifugados em microcentrífuga por 3 minutos a 11.600 X g. A seguir, o

sedimento foi centrifugado novamente e ressuspenso em 50 mL de PBS. Em

seguida, 10 µL da suspensão celular foram transferidos para outro tubo

Eppendof contendo uma solução de bacitracina (50 µg/mL) juntamente

com 10 µL de molibdato de amônio (item 8.8.2). Após suave

homogeneização, 10 µL desta solução foram aplicados em grades revestidas

de carbono. Após 5 minutos, o excesso de líquido foi removido com o auxílio

de papel de filtro e as grades secas à temperatura ambiente.

3.11.2. Imunomarcação com ouro coloidal

Para a imunomarcação, as amostras bacterianas foram cultivadas e

ressuspensas em PBS como citado no item anterior. Após lavagem das

amostras, 10 µL do crescimento bacteriano em PBS foram aplicados nas

grades revestidas de carbono, e mantidos por 5 minutos. A seguir, o excesso

do líquido foi removido com papel de filtro e as grades foram colocadas com a

face voltada para gotas do anti-soro LdaG diluído 1:100 por 30 minutos. Após

lavagens em passagens sucessivas em gotas de PBS, as grades foram

colocadas em gotas de soro anti-IgG de coelho produzido em cabra e

Page 45: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

44

conjugado com partículas de ouro de 10 nm (Electron Microscopy Sciences)

diluído 1:20 durante 30 minutos.

3.12. Experimentos de colonização

3.12.1. Animais utilizados

Foram utilizados camundongos da linhagem C57Bl/6J, machos com

aproximadamente 6 a 8 semanas. Os animais foram mantidos em jejum por

24 horas antes do experimento.Foram constituídos 2 grupos experimentais:

grupo 1- animais não tratados com estreptomicina e o grupo 2- animais pré-

tratados com estreptomicina (5 g/L) 48 horas antes da inoculação com as

amostras a serem testadas. Os experimentos foram realizados em duplicata,

sendo que cada experimento era composto por quatro camundongos.

3.12.2. Preparo das amostras bacterianas

As amostras 22, LDA1, ORN103 (pIJ20) e ORN103 foram submetidas

à mutação por seleção natural para resistência à estreptomicina. As amostras

foram semeadas inicialmente em caldo LB (item 8.1.1) contendo

estreptomicina em concentração inicial de 10 µg/mL, com aeração. Após 18

horas a 37°C, as culturas bacterianas foram semeadas novamente em novo

caldo LB contendo concentrações crescentes de estreptomicina até se obter

culturas resistentes a uma concentração final de estreptomicina de 100

µg/mL. As amostras resistentes à estreptomicina (100 µg/mL) foram

estocadas a �70oC.

Page 46: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

45

3.12.3. Inoculação intragástrica

As amostras a serem testadas foram cultivadas em 200 mL de meio LB

(item 8.1.1) contendo estreptomicina (100 µg/mL) e, quando necessário foi

acrescentado ao meio ampicilina (100 µg/mL), e incubadas a 37°C durante 18

horas sob agitação. A seguir, a cultura foi centrifugada por 20 minutos a

5.000 X g e o sedimento ressuspenso em 10 mL de PBS estéril (pH 7,4). A

concentração bacteriana foi determinada pelo método de contagem de placas

viáveis, sendo a concentração final a ser utilizada ajustada para 108, 109, 1010

e 1011UFC/mL. As amostras a serem testadas foram inoculadas

intragastricamente com o auxílio de uma agulha para gavagem nos

camundongos previamente anestesiados por inalação com éter etílico.

3.12.4. Número de bactérias detectadas nas fezes e nos

segmentos intestinais (íleo, cólon e ceco)

As amostras de fezes dos camundongos foram coletadas nos 4

primeiros dias consecutivos após a inoculação bacteriana. As fezes foram

ressuspensas em PBS (10 mL/g de fezes) e feitas diluições seriadas em

PBS. Cerca de 100 µL de cada diluição foi semeada em ágar MacConkey

contendo o antibiótico estreptomicina e, quando necessário, foi acrescentado

ao meio ampicilina. As placas foram incubadas a 37oC durante 18 horas e, a

concentração de bactérias inoculadas presentes nas fezes nos dias

estipulados foi posteriormente determinada.

Para analisarmos se houve colonização das amostras estudadas no

trato intestinal, segmentos referentes ao íleo terminal, colón e ceco foram

retirados de cada animal no quarto dia após infecção. Os segmentos foram

individualmente abertos e lavados suavemente com PBS, posteriormente

macerados com auxílio de um cadinho com pistilo e homogeneizados em

PBS. Foram feitas diluições seriadas do macerado, que posteriormente,

foram semeadas em ágar MacConkey contendo os antibióticos.

Page 47: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

46

TABELA 2. Características e origem das amostras de E. coli _________________________________________________________________ Amostra Características relevantes Referência ou origem

________________________________________________________________________

22 O26:H11, bfp-, AL Pelayo et al., 1999

DH5α [supE44∆lacU169 (φ80lacZ∆M15) hsdR17 recA1 Sambrook et al., 1989

endA1 gyrA96 thi-1 relA1] (Nal)

pV-B-6 Fragmento de 15 kb da amostra 22 clonado em Scaletsky et al. 2005

pHC79, lda+, AD, Ap

pV-B-6::Tn10 pV-B-6 mutante com inserção de Tn10 em ldaH, Scaletsky et al. 2005

não aderente, Ap, Km

LDA1 22 mutante com inserção não polar em ldaG Scaletsky et al. 2005

ORN103 P678-54 ∆(argF-lac)U169, Pil- Orndorff et al., 1985

ORN103(pIJ20) ORN103 transformada com o pV-B-6, AD, Ap Scaletsky et al. 2005

ETEC 4021 O157:H43, LT, ST, K88+, F41+ Cornick et. al., 2000

pLDAH fragmento EcoRI-HindIII de 2,3 kb do pV-B-6, Scaletsky et al. 2005

subclonado no sítio correspondente de pUC18 (Ap)

________________________________________________________________________

Ap, resistência a ampicilina; Km, canamicina; Nal, ácido nalidíxico; AL, adesão

localizada; AD, adesão difusa; Pil, pili tipo I.

Page 48: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

47

TABELA 3. Distribuição dos sorotipos das 65 amostras isoladas de casos e

controles.

______________________________________________________________ Sorotipo No de amostras Casos Controles Total ______________________________________________________________ O26:H- 3 1 4

O33:H6 0 1 1

O35:H19 0 1 1

O55:H- 0 1 1

O85:H40 1 0 1

O101:H- 1 0 1

O103:H- 0 2 2

O105:H7 0 1 1

O108:H31 0 1 1

O109:H54 0 1 1

O111:H- 1 2 3

O114:H- 0 1 1

O119:H2 3 1 4

O126:H- 1 0 1

O127:H- 0 1 1

O127:H40 2 0 2

O128:H- 1 0 1

O141:HNT 0 1 1

O142:H- 1 0 1

O142:H2 2 0 2

O156:H16 1 0 1

O157:H- 0 2 2

ONT:H18 1 0 1

ONT:H-, HNT 20 10 30

______________________________________________________________

ONT, O não tipável; HNT; H não tipável

Page 49: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

48

TABELA 4. Sorotipo, origem e genes de virulência das 13 amostras de EPEC

atípica pertencentes à bacterioteca do Prof. Dr. Luiz R. Trabulsi.

______________________________________________________________

Amostra Sorotipo Origem Genes de virulência

______________________________________________________________

2262-79 O26:H- EUA eaeA

C240-52 O26:H- Suíça eaeA

C814-67 O26:H11 Dinamarca eaeA

3323-61 O26:H11 EUA eaeA

15 O26:H11 Brasil eaeA, E-hly

20 O26:H11 Brasil eaeA, E-hly

47 O26:H11 Brasil eaeA, E-hly

660-79 O55:H- EUA eaeA

5624-50 O55:H7 EUA eaeA

C586-65 O55:H7 Sri-Lanka eaeA

316 O55:H7 Brasil eaeA

340 O55:H7 Brasil eaeA

25 O111:H- Brasil eaeA

______________________________________________________________

eaeA, E. coli attaching-effacing; E-hly, hemolisina de EHEC

Page 50: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

49

4. RESULTADOS 4.1. Ensaios preliminares para a caracterização da adesina LDA

Os ensaios para a caracterização da adesina foram realizados com a

amostra 22, contra a qual havíamos preparado um anti-soro policlonal. Este

soro produzido em coelho foi absorvido com uma amostra de EPEC atípica

O26:H11 não aderente.

Primeiramente, procurou-se verificar a influência da temperatura na

expressão da adesão da amostra selvagem E. coli 22 e do clone cosmídeo

pV-B-6. O cultivo das bactérias, por 18 h, a temperatura de 37oC mostrou que

nessa temperatura ambas as amostras expressaram seu padrão de adesão

característico. O mesmo não ocorreu quando a bactéria foi cultivada a 30oC e

a 25oC. A 30oC ocorreu drástica redução no padrão de adesão, e a 25oC não

ocorreu adesão. Diante desses resultados, concluiu-se que a expressão do

padrão AD da amostra pV-B-6 foi melhor expresso a 37oC (Figura 4).

A seguir, foram analisados os extratos brutos de proteínas e de

estruturas fimbriais parcialmente purificadas das amostras 22 e pV-B-6, e do

mutante pV-B-6-Tn cultivados em diferentes meios de cultura (ágar LB,

MacConkey, Brucella, BAB, TSA acrescido de 5% de sangue de carneiro,

caldo LB e DMEM) por 18 horas a 37oC. A análise dos extratos parcialmente

purificados em gel de SDS-PAGE revelou a presença de uma proteína de 25

kDa presente nos extratos aquecidos da amostra selvagem 22 e do clone pV-

B-6 cultivadas somente em ágar MacConkey. Essa proteína não foi

observada no mutante pV-B-6-Tn cultivado nas mesmas condições. Quando

esses extratos foram analisados em �Imuno blot� utilizando o anti-soro 22

absorvido, verificou-se uma forte reação desse soro com a proteína de 25

kDa (Figura 5).

Os dados obtidos com o gel de SDS-PAGE e �Imuno blot� indicavam

que a proteína de 25 kDa possivelmente estaria envolvida no processo de

adesão, pois a mesma estava sendo expressa na amostra selvagem e no

clone, mas não no mutante não aderente.

Page 51: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

50

Com o intuito de confirmar esses resultados, testes de inibição de

adesão da amostra pV-B-6 foram realizados com o mesmo anti-soro

absorvido e não absorvido. Os resultados mostraram que o soro anti-22

reconheceu os epítopos da adesina responsável pelo fenótipo AD, visto que

foi capaz de inibir 70% a adesão do clone pV-B-6. Em relação a amostra 22,

houve uma inibição de 90% (Figura 6).

4.2. Purificação da adesina LDA

Após o cultivo da amostra pV-B-6 a 37oC em ágar MacConkey, por 18

horas, as proteínas foram extraídas e purificadas, conforme descrito no item

3.8.1.

Após eletroforese em gel de SDS-PAGE, a proteína de 25 kDa foi

transferida para membrana de PVDF para seqüenciamento da região N-

terminal. A seqüência de aminoácidos SDWTDNQPAGDI corresponde à

forma madura da proteína LdaG, subunidade estrutural principal da adesina

LDA, apresentando 56% de similaridade com a fímbria F41 (GenBank no.

I41116), 27% com a subunidade estrutural FaeG da fímbria K88 e 23% com a

subunidade estrutural ClpG da fímbria CS31A (GenBank no. I413118 e

A41663 respectivamente). A Figura 7 apresenta o alinhamento das

seqüências, na qual os aminoácidos similares estão representados por (*).

Este dado mostrou que o componente mediador do fenótipo AD na

amostra pV-B-6 era a proteína de 25 kDa, a qual passamos a denominar de

adesina LDA.

4.3. Caracterização fenotípica da adesina LDA

Para confirmar o papel eventual da proteína de 25 kDa na adesão

difusa, anticorpos purificados específicos para esta proteína foram utilizados

em testes de inibição de adesão, imunofluorescência e imunomarcação com

Page 52: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

51

ouro coloidal.

A especificidade do soro anti-LdaG foi feita utilizando-se a reação de

�Imuno blot�. Os ensaios realizados com as amostras 22, pV-B-6 e com o

mutante V-B-6::Tn10 utilizando o anti-soro LdaG estão apresentados na

Figura 8. Apenas a proteína de 25 kDa foi reconhecida pelo soro imune,

apresentando uma reação fortemente positiva com a amostra selvagem e

com o clone. Nenhuma reação do soro anti-LdaG foi observada no mutante,

demonstrando assim a especificidade desse soro .

4.3.1. Ensaios de inibição da adesão com o anti-soro LdaG

Os ensaios de adesão realizados com as amostras 22 e pV-B-6

revelaram que o anti-soro LdaG reconheceu os epítopos da adesina

responsável pela fenótipo AD, visto que foi capaz de inibir totalmente a

adesão do clone pV-B-6. Na amostra selvagem 22, o padrão de adesão AL

foi inibido em 56%, sugerindo, portanto o envolvimento de outra(s) adesina(s)

(Figura 9).

4.3.2. Ensaios de imunofluorescência

Com base nos dados obtidos através dos testes de inibição de adesão,

pesquisou-se a presença de proteínas de superfície das amostras 22 e pV-B-

6 através de imunofluorescência. Os resultados obtidos revelaram que ambas

as amostras apresentaram uma forte marcação de superfície quando em

contato com o anti-soro LdaG (Figuras 10 e 11), demonstrando a presença de

estruturas antigênicas semelhantes presentes na superfície da amostra

selvagem e do clone.

Page 53: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

52

4.3.3. Ensaios de imunomarcação com ouro coloidal

Os ensaios de microscopia eletrônica utilizando imunomarcação com

ouro coloidal foram realizados com as amostras 22 e LDA1 (E. coli 22 ∆ldaG).

As observações de microscopia eletrônica realizadas após imunomarcação

com o anti-soro LdaG mostraram na amostra 22 uma superfície amorfa sem

aparência de estrutura fimbrial (Figura 12A e B). Quando observado em

aumento maior, verificou-se a presença de estruturas fibrilares muito finas

formando estruturas semelhantes a uma malha (Figura 12C). Em

contrapartida, nenhuma marcação foi observada no mutante LDA1 (Figura

12D), sendo que observação semelhante foi feita nos ensaios realizados com

ouro sem a presença do anti-soro. A aparência de LDA foi muito semelhante

à observada em outras adesinas afimbriais, tais como Ral de EPEC de

coelho (Adams et al.,1997), CS6 de ETEC ( Wolf et al., 1989) e Afa,

identificada originalmente em uma amostra do sorotipo de E. coli

uropatogênica O2 (Labigne-Roussel et al., 1984) e depois em uma amostra

de EPEC atípica O55:H- (Keller et al., 2002). Assim, apesar das homologias

de aminoácidos com as fímbrias K88 e CS31, LDA parece ser na sua

estrutura uma adesina afimbrial.

4.3.4. Ensaios de inibição da adesão com carboidratos

Os testes de inibição da adesão com carboidratos na concentração de

0,1 M mostraram que somente a N-acetilgalactosamina foi capaz de inibir

completamente a aderência bacteriana do cosmídeo pV-B-6 a células HEp-2

(Figura 13). Todos os demais açúcares (monossacarídeos, dissacarídeos ou

trissacarídeos) testados não tiveram efeito na adesão.

Page 54: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

53

4.4. Estudos sobre a presença da adesina LDA em amostras de

EPEC atípica

4.4.1. Pesquisa do gene ldaH que codifica a subunidade estrutural LdaH da adesina LDA

A presença do gene ldaH, que codifica para uma subunidade estrutural

menor da adesina LDA, foi pesquisada através de testes de hibridização de

colônias. No total foram pesquisadas 78 amostras de EPEC atípica: 65

amostras recentemente isoladas de crianças com e sem diarréia e 13

amostras pertencentes a coleção do Prof. Dr. Luiz R.Trabulsi. Todas as 78

amostras foram testadas quanto a adesão a células HeLa em ensaios de 3 e

6 horas (Tabela 5). A maioria das amostras apresentou o padrão ALL em

ensaios de 6 horas, 3 amostras apresentaram o padrão AA, 1 amostra

apresentou o padrão AD, 11 promoveram descolamento celular e 4 amostras

do sorogupo O26 apresentaram o padrão AL em 3 horas (Tabela 5).

Das 78 amostras analisadas, apenas as 4 amostras que apresentaram

o padrão AL, todas pertencentes a coleção do Prof. Dr. Luiz R. Trabulsi

(2262-79, C240-52, C814-67 e 3323-61), hibridizaram com a seqüência ldaH.

Com o objetivo de localizar o gene ldaH nestas amostras, os DNAs

plasmidial e cromossômico foram extraídos e submetidos a �Southern blot�,

utilizando como sonda o referido gene. A análise do �Southern blot� mostrou

que todas as 4 amostras carregavam seqüências homólogas ao gene ldaH no

cromossomo assim como a amostra de E. coli 22 (Figura 14), uma vez que

nos ensaios realizados com DNA plasmidial não ocorreu hibridização com a

sonda.

4.4.2. Pesquisa da subunidade estrutural LdaG através de �Imuno blot�

Pesquisou-se a subunidade estrutural LdaG através de �Imuno blot�

Page 55: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

54

utilizando o anti-soro LdaG. Os resultados obtidos demonstraram que as

amostras não reagiram com o anti-soro, que apresentou reação positiva

somente com as amostras 22 e pV-B-6 (Figura 15).

4.4.3. Ensaios de inibição de adesão com soro anti-LdaG

Os ensaios de inibição de adesão com as 4 amostras revelaram que o

soro anti-LdaG não reconhece os epítopos da adesina responsável pela

adesão AL, visto que nas 4 amostras ldaH-positivas o padrão AL permaneceu

inalterado. A Figura 16A ilustra a adesão da amostra 2262-79 na presença do

soro anti-LdaG.

4.4.4. Ensaios de imunofluorescência

Embora todos os testes realizados indicassem a ausência da

subunidade estrutural LdaG, pesquisou-se ainda as proteínas de superfície

destas amostras através de imunofluorescência. Os resultados obtidos foram

confirmatórios, uma vez que nenhuma das amostras reagiu com o anti-soro

LdaG. A Figura 16C ilustra a imunomarcação da amostra 2262-79 aderida a

células Hep-2 após imunomarcação com o soro anti-LdaG.

4.4.5. Pesquisa do gene ldaG que codifica a subunidade estrutural LdaG da adesina LDA

Realizou-se a pesquisa do gene ldaG por meio de PCR empregando

os �primers� descritos no item 3.4, e utilizando como controle positivo as

amostras 22 e pV-B-6.

Como mostra a Figura 17, nenhuma das amostras apresentou

qualquer produto de PCR. Apenas nas amostras de E. coli 22 e V-B-6 foram

Page 56: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

55

amplificados o fragmento de 950 pb. Estes dados mostraram que essas

amostras não apresentam o gene ldaG, que codifica a subunidade estrutural

LdaG da adesina LDA.

4.5. Relação antigênica entre as adesinas LDA e K88

Com o intuito de verificar o papel da fímbria K88 na adesão das

amostras 22 e pV-B-6 a células epiteliais, foram realizados ensaios de

inibição de adesão e imunofluorescência, empregando-se o anti-soro K88

gentilmente cedido pelo Prof. Dr. Antônio José P. Ferreira do Departamento

de Ornitopatologia da Faculdade de Zooctenia e Medicina Veterinária da

Universidade de São Paulo.

A especificidade do soro anti-K88 foi avaliada em ensaios de �Imuno

blot� em condições que favorecem a expressão da fímbria K88 (item 3.8.2).

Os resultados demonstraram que apenas a amostra de ETEC 2041, que

expressa as fímbrias K88 e F41, reagiu com o anti-soro (Figura 18). Verificou-

se uma proteína de 23 kDa fortemente expressa, que corresponde a

subunidade estrutural da fímbria K88. As amostras 22 e pV-B-6 não reagiram

com o soro.

Os ensaios de inibição de adesão mostraram uma inibição de 30% da

adesão da E. coli 22 e nenhuma inibição da adesão do clone pV-B-6 a células

HEp-2 quando incubadas com o soro anti-K88 na diluição de 1:5 (Figura 19).

Utilizando diluições maiores, de 1:10 até 1:100, não foi observada nenhuma

inibição na adesão da amostra 22.

Dado haver uma pequena inibição da E. coli 22 pelo soro anti-K88,

pesquisou-se então, se esse soro seria capaz de reconhecer proteínas de

superfície através de ensaios de imunofluorescência. Os resultados obtidos

demonstraram que o soro anti-K88 não reagiu com nenhuma estrutura de

superfície da amostra 22 quando comparado a amostra de ETEC 2041

(Figura 20), o que permitiu inferir a presença de estruturas antigenicamente

distintas na superfície dessas duas amostras.

Page 57: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

56

4.6. Ensaios de colonização in vivo

Os experimentos de colonização foram realizados com as amostras

selvagem 22, LDA1 (22 ∆ldaG), ORN103 (pIJ20) (ORN103 transformada com

o pV-B-6) e a ORN103 (controle negativo), utilizando camundongos

C57BI/6J.

Para a realização dos ensaios foram obtidos mutantes destas 4

amostras resistentes à estreptomicina por seleção natural como descrito no

item 3.1.2. Foram utilizados dois grupos de camundongos: grupo 1, animais

não tratados; e grupo 2, camundongos submetidos ao tratamento com

estreptomicina anterior a inoculação conforme descrito no item 3.12.1.

Para cada amostra foram utilizados 4 animais tratados com

estreptomicina (grupo 2) e 4 animais não tratados (grupo 1) e cada amostra

foi testada em duplicata, perfazendo um total de 8 animais do mesmo grupo

para cada amostra.

A concentração do número de bactérias a ser inoculada nos animais

foi padronizada em 109 UFC/mL, uma vez que a inoculação de concentrações

de 1010 e 1011 UFC/mL ocasionou a morte de mais da metade dos animais

algumas horas após a inoculação.

4.6.1. Análise das amostras fecais dos animais

Após a inoculação dos animais, amostras fecais foram coletadas

durante 4 dias consecutivos. A Tabela 6 apresenta o número de bactérias

detectadas nas fezes dos camundongos tratados (UFC/g) durante os 4 dias

com as amostras 22, LDA1, ORN103 (pIJ20) e ORN103.

A amostra selvagem 22 foi detectada numa mesma concentração de

106 UFC/g de fezes dos animais do grupo 2 nos 4 dias consecutivos após a

inoculação. Resultados semelhantes foram obtidos com a amostra LDA1,

embora numa concentração menor de105 UFC/g de fezes. Contudo, quando

no caso da E. coli ORN103 (pIJ20) o número de bactérias nas fezes foi

Page 58: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

57

diminuindo com o tempo de inoculação. Nos primeiros três dias em

concentrações de 104, 103 e 101 UFC/g de fezes, respectivamente, e no

quarto dia, não se isolou mais a amostra. A E. coli ORN103 utilizada como

controle negativo, foi detectada nas fezes apenas no primeiro dia após a

inoculação em uma concentração baixa de 103 UFC/g de fezes. Nenhuma

destas amostras foi isolada das fezes nos experimentos realizados com os

animais do grupo 1.

4.6.2. Análise macroscópica do íleo, ceco e cólon dos animais

No quarto dia após a inoculação, os animais foram sacrificados e os

segmentos intestinais referentes ao íleo, ceco e cólon foram retirados e

analisados.

A análise macroscópica destes segmentos intestinais demonstrou um

aumento aparente de volume no ceco de 5 e 4 camundongos do grupo 2

inoculados com as amostras 22 e LDA1, respectivamente (Tabela 7). Nos

animais inoculados com a amostra ORN103 (pIJ20), os três segmentos

apresentaram-se com aspecto macroscópico normal, ou seja, sem nenhuma

evidência de aumento de volume. O mesmo ocorreu nos animais inoculados

com a amostra ORN103 utilizada como controle negativo. Nos experimentos

realizados com os camundongos do grupo 1 não foi observada nenhuma

alteração macroscópica do íleo, ceco e cólon.

4.6.3. Adesão e colonização no íleo, cólon e ceco

Para determinar se as amostras 22 e LDA1 eram capazes de aderir e

colonizar o intestino dos camundongos C57Bl/6J, foi feita uma estimativa do

número de colônias bacterianas por grama de tecido das células epiteliais

dos segmentos intestinais referentes ao íleo, ceco e cólon após o quarto dia

de inoculação. Neste dia, os animais foram sacrificados, os segmentos

intestinais obtidos e procedeu-se a contagem.

Page 59: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

58

Como mostra o Gráfico 2, a amostra selvagem 22 foi capaz de aderir

ao íleo e cólon de camundongos do grupo 2, visto que o número de UFC/g

de tecido permaneceu quase o mesmo nestes segmentos. No ceco, o

número de UFC/g de tecido aumentou de 107 para 108, sugerindo uma

possível colonização da amostra 22 neste segmento do intestino. Os

resultados obtidos com a amostra LDA1 foram semelhantes, embora o

aumento tenha sido numa concentração menor, de 106 para 107 UFC/g de

tecido. Nos experimentos realizados com os camundongos do grupo 1, não

foi isolada nenhuma colônia bacteriana no íleo, ceco e cólon.

4.6.4. Parâmetros clínicos analisados

Foram analisados a perda de massa corpórea e a presença de diarréia

nos animais inoculados com as 4 amostras (Tabela 7). Como podemos

observar todos os animais do grupo 2 inoculados com a amostra selvagem 22

apresentaram retardamento com relação ao seu crescimento através da

perda de massa corporal e cinco dos animais desenvolveram um quadro de

diarréia 48 horas após a inoculação. No 1o dia, os animais inoculados com a

amostra 22 pesavam em torno de 21 g e no 4o dia 18 g. Os camundongos

inoculados com as amostras LDA1 e ORN103(pIJ20) não apresentaram

nenhuma alteração quanto ao peso e diarréia. O mesmo ocorreu com os

animais inoculados com a amostra ORN103 utilizada como controle negativo.

Nos experimentos realizados com os camundongos do grupo 1, nenhum tipo

de alteração foi observada nos animais.

Page 60: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

59

TABELA 5. Resultados dos testes de adesão a células HEp-2 e hibridização

com a sonda ldaH nas 78 amostras de EPEC atípica

______________________________________________________________

Sorotipo No amostras Padrão de adesão Sonda ldaH

______________________________________________________________

O26:H- 4 ALL - O26:H- 2 AL + O26:H11 2 AL + O26:H11 3 ALL - O33:H6 1 ALL - O35:H19 1 ALL - O55:H- 2 ALL - O55:H7 4 ALL - O85:H40 1 ALL - O101:H- 1 ALL - O103:H- 2 ALL - O105:H7 1 ALL - O108:H31 1 DE - O109:H54 1 ALL - O111:H- 4 ALL - O114:H- 1 ALL - O119:H2 4 ALL, DE - O126:H- 1 ALL - O127:H- 1 ALL - O127:H40 2 ALL - O128:H- 1 ALL - O141:HNT 1 ALL - O142:H- 1 ALL - O142:H2 2 ALL, DE - O156:H16 1 ALL - O157:H- 2 NA - ONT:H18 1 AA - ONT: H- 3 DE, AD - ONT:H-, HNT 27 V - ______________________________________________________________ ONT, O não tipável; HNT, H não tipável; ALL, adesão �localizada-like�; AL, adesão localizada; AA, adesão agregativa; AD, adesão difusa; NA, não aderente; V, variável

Page 61: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

60

TABELA 6. Número de colônias bacterianas (UFC) detectadas nas fezes dos

camundongos inoculados com 109 UFC das amostras 22, LDA1 (22 ∆lda),

ORN103(pIJ20) e ORN103.

_____________________________________________________________

Amostra UFC/ga nos 4 dias consecutivos após a inoculação:

1o dia 2o dia 3o dia 4o dia

______________________________________________________________

22 2,9X106 6X106 6,5X106 6,9X106

LDA1 1,5X106 7X105 7,3X105 8,2X105

ORN103(pIJ20) 4,4X104 1,3X103 1,2X10 -

ORN103 2X103 - - -

______________________________________________________________ aMédia aritmética da UFC de 8 animais por amostra bacteriana.

Page 62: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

61

TABELA 7. Aspectos clínicos e macroscópicos dos camundongos inoculados

com as amostras de E. coli 22, LDA1, ORN103(pIJ20) e ORN103.

______________________________________________________________ Amostra No. animais positivos para os diferentes aspectos / No. animais

inoculados

de E. coli Perda de Diarréiab Presença de dilataçãoc

inoculada pesoa ileo ceco cólon

___________________________________________________________________

22 8/8 5/8 0/8 5/8 0/8

LDA1 0/8 0/8 0/8 4/8 0/8

ORN103 (pIJ20) 0/8 0/8 0/8 0/8 0/8

ORN103 0/8 0/8 0/8 0/8 0/8

___________________________________________________________________a, os animais foram pesados no 1o dia e 4a dia; b, a diarréia foi observada no 2o dia; c, os segmentos intestinais foram retirados e analisados após o 4o dia.

Page 63: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

62

0

2

4

6

8

E. coli 22 (log10 UFC/g

tecido)

íleo cólon ceco

animal 01animal 02animal 03animal 04

0

2

4

6

8

E. coli LDA1 (log10 UFC/g

tecido)

íleo cólon ceco

animal 01animal 02animal 03animal 04

Gráfico 1: Número de colônias das amostras de E. coli 22 (A) e LDA1 (B) isoladas por

grama de tecido das células epiteliais dos segmentos intestinais dos camundongos pré-

tratados com estreptomicina. Os experimentos foram realizados em duplicatas em

grupos contendo 4 animais; as informações representadas nos gráficos são referentes a

um experimento sendo que não ocorreu diferença significante entre os mesmos

experimentos.

A

B

Page 64: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

63

22 pV-B-6

37oC

30oC

25oC

Figura 4. Fotomicrografias do efeito das diferentes temperaturas no padrão de adesão

das amostras de 22 e pV-B-6 a células HEp-2. Aumento de 1.000 X.

Page 65: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

64

PM 1 2 3

FIGURA 5. (A) SDS-PAGE 12% corado com Comassie Blue de proteínas parcialmente

purificadas após cultivo das amostras em ágar MacConkey a 37oC. Canaletas: PM-padrão de peso molecular; 1- 22; 2- pV-B-6; 3- pV-B-6-Tn. (B) �Imuno blot� do gel com

o soro anti-22 absorvido diluído 1:100.

(kDa)

176,5

113,7

80,9

63,8

49,5

37,4

23,0~25 kDa

1 2 3(kDa)176,5

113,7

80,9

63,8

49,5

37,4

23,0

A B

Page 66: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

65

FIGURA 6. Fotomicrografias mostrando a adesão das amostras 22 e pV-B-6 a

células HEp-2 na presença dos soros pré-imune e policlonal anti-22, ambos diluídos

1:100. Aumento de 1.000 X.

Soro pré-imune Soro anti-22

22

pV-B-6

Page 67: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

66

25 kDa SDWTDNQPAGD I F41 A* * * EG * * GD I * 56% CS31A(ClpG) ** YEG* GV * LQS 27% K88(FaeG) V *I GGS I T * D* Y 23%

FIGURA 7. Alinhamento N-terminal da seqüência de aminoácidos da proteína

de 25 kDa com as adesinas F41, CS31A (ClpG) e K88 (FaeG). Os

aminoácidos similares estão representados por (*).

Page 68: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

67

PM 1 2 3

1 2 3

FIGURA 8: (A) SDS-PAGE 12% corado com Comassie Blue de proteínas

fimbriais parcialmente purificadas das amostras 22 (1), pV-B-6 (2) e pV-B-6-

Tn (3). PM- padrão de peso molecular. (B) �Imuno blot� do gel com o soro

anti-LdaG diluído 1:200.

A

B

(kDa)

37,4

23,0

(kDa)

37,4

23,0

Page 69: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

68

FIGURA 9. Fotomicrografias da adesão das amostras 22 e pV-B-6 a células HEp-2, na

presença dos soro pré-imune e anti-LdaG diluídos 1:100. Aumento de 1.000X.

Soro pré-imune Anti-soro LdaG

22

pV-B-6

Page 70: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

69

A

A�

B

B�

FIGURA 10. Fotomicrografias da imunomarcação da E. coli 22 com os soros anti-LdaG e pré-

imune diluídos 1:100. (A) Microscopia de fluorescência mostrando a reatividade do soro anti-

LdaG na amostra 22 aderida a células HEp-2. (A�) Contraste de fase mostrando amostra 22

aderida a células HEp-2. (B) Microscopia de fluorescência mostrando a ausência de

reatividade na amosatra 22 pelo soro pré-imune. (B�) Contraste de fase da lâmina B

mostrando a amostra 22 aderida a células HEp-2. Aumento de 1.000 X.

Page 71: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

70

A

A�

B

B�

FIGURA 11. Fotomicrografias da imunomarcação do clone pV-B-6 com os soros anti-LdaG e pré-

imune diluídos 1:100. (A) Microscopia de fluorescência mostrando reatividade do soro anti-LdaG

no clone pV-B-6. (A�) Contraste de fase mostrando o clone pV-B-6 aderido a células HEp-2. (B)

Microscopia de fluorescência mostrando a ausência de reatividade no clone pV-B-6 pelo soro pré-

imune. (B�) Contraste de fase mostrando o clone pV-B-6 aderido a células HEp-2. Aumento de

1.000 X.

Page 72: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

71

FIGURA 12. Fotomicrografias das amostras 22 e LDA1 visualizadas em microscopia

eletrônica de transmissão imunomarcadas com ouro coloidal utilizando o soro anti-LdaG

após coloração negativa. (A, B e C). As barras representam 200 nm (A e B) e 50 nm (C).

Houve marcação em toda a superfície da amostra 22; (D) Observa-se a ausência total de

marcação na superfície da amostra LDA1. A barra representa 200 nm.

A B

C D

Page 73: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

72

A

B

FIGURA 13. Fotomicrografias da adesão do clone pV-B-6 a células HEp-2 na

ausência (A) e presença (B) de N-acetilgalactosamina. Aumento de 1.000 X.

Page 74: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

73

FIGURA 14. (A) Gel de agarose 0,7% do DNA cromossômico das 4 amostras de

EPEC atípica ldaH-positivas. Canaletas: PM- padrão de peso molecular; 1- 240-52;

2- 2262-79; 3- C814-67; 4- 3323-61; 5- pLDAH. (B) �Southern blot� do gel com a

sonda ldaH marcada com [α-32P] dCTP.

1 2 3 4 5 PM 1 2 3 4

Page 75: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

74

1 2 3 4 5 6

37,4

23,0

19,6

kDa

FIGURA 15: (A) Gel de SDS-PAGE 12% corado com Comassie Blue de proteínas

fimbriais parcialmente purificadas das amostras de E. coli: 22 (1); pV-B-6 (2); (3)

2262-79; (4) C814-67; (5) 240-52; (6) 3323-61; PM- padrão de peso molecular. (B)

�Imuno blot� do gel com o soro anti-LdaG diluído 1:200.

25,0

PM 1 2 3 4 5 6

A B

Page 76: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

75

A B

DC

FIGURA 16. Fotomicrografias da EPEC atípica 2262-79 ldaH-positiva aderida a células

HEp-2 na ausência (A) e na (B) presença do soro anti-LdaG; (C) Contraste de fase

mostrando a adesão bacteriana a células HEp-2; (D) Imunofluorescência com o soro anti-

LdaG (diluído 1:100) mostrando a ausência de reatividade na amostra 2262-79. Aumento

de 1.000 X.

Page 77: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

76

PM 1 2 3 4 5 6 7

FIGURA 17. Gel de agarose 1,5%. PCR para amplificação do gene ldaG das amostras de E.

coli: 1- 22 (controle positivo); 2- DH5α (controle negativo); 3- 2262-79; 4- C814-67; 5- C240-52;

6- 3323-61; 7- pV-B-6; PM-padrão de peso molecular 100 pb DNA ladder.

950 pb

Page 78: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

77

37,4 26,0 19,6

23,0

kDa

Figura 18. �Imuno blot� de extratos fimbriais parcialmente purificados das amostras

de ETEC 2041 (K88+); 22 e do clone pV-B-6 com soro anti-K88 diluído 1:100.

ETEC 2041 22 pVB6

Page 79: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

78

FIGURA 19. Fotomicrografias da adesão das amostras 22 e pV-B-6 a células HEp-2, na

ausência (A e B) e na presença do soro anti-K88 (C e D) diluído 1:5. Aumento de 1.000X.

22

pV-B-6

A

B

C

D

Page 80: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

79

A

A�

B

B�

FIGURA 20. Fotomicrografias da imunomarcação das amostras ETEC 2041 e 22 aderidas à

células HEp-2 com soro anti-K88 1:100. (A) Contraste de fase mostrando ETEC 2041 aderida

a células HEp-2. (A�) Microscopia de fluorescência mostrando reatividade do soro anti-K88 na

amostra ETEC 2041 a células HEp-2. (B) Contraste de fase mostrando a amostra 22 aderida a

células HEp-2. (B�) Microscopia de fluorescência mostrando ausência de reatividade do soro na

amostra 22. Aumento de 1.000 X.

Page 81: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

80

5. DISCUSSÃO

As E. coli diarreiogênicas apresentam uma grande diversidade de

estratégias para colonizar a mucosa intestinal e causar a doença diarréica no

homem e em animais. Essa versatilidade de mecanismos de patogenicidade

compreende, de modo geral, a adesão a células epiteliais propiciando a

colonização do intestino delgado ou grosso, como etapa inicial do processo

infeccioso. Após a aderência bacteriana, as diferentes categorias de E. coli

diarreiogênicas podem produzir toxinas, invadir a mucosa intestinal ou induzir

vias de transdução de sinais na célula eucariótica (Nataro & Kaper, 1998).

Dentre as categorias de E. coli diarreiogênicas, a EPEC foi a primeira a

ser reconhecida como causadora de diarréia infantil e a partir de 1995 a

categoria EPEC passou a ser subdividida em EPEC típica e atípica baseado

na presença ou ausência do plasmídio EAF, respectivamente (Bray et al.,

1945; Nataro & Kaper 1998; Girón et al., 1991).

Considerado como EPEC durante muitos anos, o sorogrupo O26 foi

transferido para a categoria das EHEC, porque parte das amostras do

sorotipo O26:H11 produz citotoxinas (Scotland et al., 1990; Scotland et al.,

1993). Aparentemente há diferenças geográficas na virulência das amostras

O26:H11, já que as isoladas no Brasil raramente produzem Stx (Giraldi et al.,

1990, Silva et al., 1983; Guth et al., 2002). As amostras O26 não apresentam

o plasmídio EAF e assim são caracterizadas como EPEC atípicas (Nataro &

Kaper,1998).

Múltiplos fatores de aderência, incluindo a fímbria BFP, flagelos e

proteínas codificadas na região LEE estão implicados na adesão da EPEC

típica, porém, nenhuma adesina distinta dessas, até o momento da escrita

deste trabalho foi caracterizada em amostras de EPEC atípica. Szalo et al.

(2002) identificaram várias amostras O26 isoladas de bovinos que possuíam

89% de identidade com a chaperonina ClpE da fímbria CS31A. Estes

isolados, entretanto foram negativos para o gene clpG, que codifica a

principal subunidade estrutural da fímbria, sugerindo a presença de uma

eventual nova adesina.

Page 82: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

81

No estudo realizado anteriormente por Pelayo et al. (1999) foi

demonstrado que algumas amostras de EPEC atípica O26 apresentaram um

padrão de adesão localizado (AL), porém eram desprovidas da fímbria BFP.

Com o objetivo de identificar e caracterizar os genes envolvidos no padrão

AL, construímos uma biblioteca genômica de uma dessas amostras, a EPEC

atípica 22, e identificamos um locus cromossômico denominado lda, que é

responsável por uma adesão difusa (AD) a células HEp-2, quando presente

numa E. coli K12.

Anteriormente à realização deste trabalho, o seqüenciamento completo

do locus lda não era conhecido, uma vez que somente o gene ldaH que

possuía 73% de identidade com a subunidade fimbrial faeH da fímbria K88 de

ETEC estava identificado. Portanto este estudo foi realizado em paralelo a

caracterização genética do locus lda, e inicialmente teve como objetivo

caracterizar fenotipicamente a subunidade estrutural LdaH e verificar sua

distribuição entre amostras de EPEC atípica.

Com o objetivo de caracterizar a adesina responsável pelo padrão

adesão difusa da amostra pV-B-6, foram empregados ensaios de adesão,

�Imuno blot�, imunofluorescência e também experimentos fenotípicos de

análise ultraestrutural da adesina realizados com a amostra 22, para a qual

havíamos preparado um anti-soro policlonal, que foi submetido à absorção

com uma amostra isogênica não aderente.

Estudos fenotípicos sobre a adesão da amostra pV-B-6 a células HEp-

2 realizado em diferentes temperaturas mostraram que a adesina

responsável pelo padrão AD apresenta ótima expressão a 37oC. A maioria

das adesinas fmbriais das E. coli diarreiogênicas, incluindo BFP de EPEC

típica (Girón et al., 1991), 987P de ETEC (Klemm, 1985), bem como das E.

coli uropatogênicas são expressas em temperaturas fisiológicas, ou seja, a

37oC. Entre temperaturas de 18oC a 25oC, poucas fímbrias são produzidas, e

abaixo de 18oC a produção cessa completamente (Klemm, 1985).

A utilização do soro anti-22 em testes de inibição de adesão revelou

um efeito inibitório significativo na adesão da amostra pV-B-6, sugerindo a

presença de anticorpos contra os determinantes antigênicos envolvidos na

Page 83: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

82

adesão difusa. Sendo assim empregou-se o soro policlonal anti-22 para

caracterizar a adesina LDA.

Nos ensaios de �Imuno blot�, o soro anti-22 reagiu fortemente com uma

proteína de 25 kDa presente nos extratos fimbriais parcialmente purificados

das amostras 22 e pV-B-6 quando cultivadas apenas em ágar MacConkey,

mas ausente no mutante pV-B-6-Tn. Ao se analisar os componentes do ágar

MacConkey, verifica-se que na sua composição química encontra-se uma

determinada concentração de sais biliares que não está presente na maioria

dos meios de cultura. Curiosamente, adicionamos esta mesma concentração

de sais biliares ao ágar LB, o que resultou na detecção da proteína de 25

kDa, demonstrando assim que a expressão desta proteína parece ser

induzida por sais biliares (dados não mostrados). A expressão da adesina

LPF de EHEC também é induzida em ágar MacConkey (Torres et al., 2002).

Outras adesinas dependem de outros ingredientes para sua melhor

expressão, por exemplo, a fímbria BFP de EPEC típica é expressa na

presença de 5% de sangue de carneiro adicionado no ágar TSA (Girón et al.,

1991).

A análise da seqüência amino-terminal de 12 aminoácidos da proteína

de 25 kDa presente na amostra pV-B-6 confirmou a similaridade com as

seqüências das adesinas F41, K88 (FaeG) e CS31 (ClpG), bem como

confirmou a seqüência de aminoácidos deduzida a partir da seqüência de

nucleotídeos codificada no gene ldaG.

Com base nestes achados, um anti-soro LdaG foi preparado e utilizado

em testes de adesão. Os ensaios de inibição de adesão com o soro LdaG

revelaram que este soro contêm anticorpos específicos contra a adesina

responsável pela adesão difusa, uma vez que houve inibição total da adesão

difusa do clone pV-B-6, demonstrando que LdaG, principal subunidade

estrutural da adesina LDA, está mediando a adesão difusa nessa amostra.

Foi determinada a incidência do gene ldaH em 65 amostras de EPEC

atípica, sendo que 34 dessas amostras pertenciam a 21 diferentes

sorogrupos. Essas amostras foram isoladas em diferentes cidades brasileiras

de crianças com diarréia aguda e de controles, sem sintomatologia

Page 84: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

83

gastrointestinal, pareados por idade. Essas amostras foram classificadas

como atípica, uma vez que não reagiram com a sonda EAF e foram

caracterizadas quanto ao padrão de adesão células HEp-2. A maioria das

amostras apresentou o padrão ALL em ensaios de 6 horas. Nenhuma dessas

65 amostras produtoras do padrão ALL em ensaios de 6 horas apresentou a

seqüência ldaH.

Também foram estudadas 13 amostras de EPEC atípica cedidas pelo

Prof. Dr. Luiz R. Trabulsi, as quais pertenciam aos sorogrupos O26, O55 e

O111. O gene ldaH foi encontrado em quatro amostras, todas do sorogrupo

O26 e que apresentavam o padrão AL em ensaios de três horas. Os

experimentos de hibridização mostraram que o gene ldaH estava localizado

no cromossomo das amostras, assim como na E. coli 22. Esses dados

sugeriam que a adesina LDA era específica de amostras do sorotipo O26. No

entanto, tanto os experimentos de PCR para amplificação do gene estrutural

ldaG, como os experimentos de �Imuno blot� utilizando o anti-soro ldaG não

revelaram a proteína de 25 kDa. Portanto, é provável que nessas amostras o

padrão AL seja devido à expressão de outra adesina, apresentando

homologia com a subunidade estrutural ldaH, uma vez que essas amostras

reagiram com a sonda ldaH.

Estudando uma coleção de amostras de EPEC atípica e EHEC do

Center for Vaccine Development, University of Maryland, EUA, encontramos

o gene ldaH em 19 amostras, sendo 14 EPEC atípica O26 e 5 EHEC (2 O26,

O5, O111, e O145), todas apresentando o padrão AL em ensaios de 3 horas.

Esses resultados mostraram que a presença do gene ldaH não está limitado

apenas ao sorogrupo O26, mas está presente também em amostras EHEC.

Uma das amostras positivas, a EHEC O145 era uma amostra isolada das

fezes de boi, mostrando que lda não é restrito a amostras de origem humana.

Em seis dessas amostras foi pesquisado o gene ldaG, sendo que o mesmo

foi encontrado apenas nas amostras O26. Esses resultados indicam que,

embora possa existir homologias com a subunidade estrutural menor da

adesina, ldaH, entre os diferentes sorotipos, a principal subunidade estrutural,

ldaG, parece ser específica do sorogrupo O26. Por outro lado, a presença de

Page 85: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

84

seqüências homólogas a ldaH entre amostras de diferentes sorotipos não é

um dado tão surpreendente, se observarmos as extensas homologias de

DNA encontradas entre as proteínas ancestralmente relacionadas a K88

(Anderson et al., 1988; Bakker et al., 1991; Martin et al., 1991); na verdade,

essas seqüências podem muito bem serem utilizadas de forma permutável

para a expressão das fímbrias (Korth et al., 1992).

Um dos dados mais surpreendentes encontrados durante a

caracterização da adesina, foi que o locus lda aparentemente não codifica

uma estrutura fimbrial bem definida, mas uma estrutura com aparência

amorfa semelhante a adesinas afimbriais. Assim, como as adesinas Ral

(Adams et al., 1997), CS6 (Wolf et al., 1989) e Afa (Keller et al., 2002), LDA

se assemelha a uma rede de fibrilas que, devido ao seu pequeno diâmetro,

não são bem definidas pelas técnicas normais de coloração, sendo de difícil

visualização ao microscópio eletrônico.

Sabe-se que as adesinas se ligam a receptores específicos na

superfície da célula hospedeira, compostos de modo geral por carboidratos

que podem ser simples ou polímeros. No presente estudo foi investigada a

natureza do receptor da adesina LDA, através de testes de inibição de

adesão com diferentes açúcares. Os dados obtidos mostraram que receptor é

o epítopo N-acetilgalactosamina, presente na superfície de células Hep-2,

uma vez que este carboidrato inibiu totalmente a adesão difusa do clone pV-

B-6. Interessante salientar que esse mesmo epítopo está também envolvido

no fator adesão localizada de EPEC típica (Scaletsky et al., 1988). Portanto,

há uma razão para acreditar que o componente de superfície N-

acetilgalactosamina atuaria como sítio específico de ligação para amostras de

EPEC, independente do tipo de adesina.

A organização e a similaridade da seqüência deduzida de aminoácidos

do locus lda lembra a do operon fae K88 (Bakker et al., 1992), embora

também tenha apresentado considerável identidade com o operon fimbrial clp

de ETEC CS31 (Girardeau et al., 1988) e numa menor extensão com o

operon fimbrial ral de REPEC (Adams et al., 1997). É interessante salientar

que a seqüência de aminoácidos do principal gene estrutural, ldaG, está

Page 86: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

85

relacionado mais à subunidade estrutural da adesina F41 codificada por

genes cromossômicos (56%) do que qualquer uma das várias subunidades

estruturais da fae K88 codificadas num plasmídio (23%).

Com base nos achados acima, ensaios de inibição de adesão e

imunofluorescência com soro anti-K88 foram realizados com o intuito de

investigar a relação antigênica entre as adesinas LDA e K88. Os resultados

mostraram que ambas as adesinas são antigenicamente distintas, uma vez,

que o soro anti-K88 não inibiu a AD e nem reconheceu qualquer estrutura

presente na superfície da amostra pV-B-6.

É muito bem conhecida a especificidade das adesinas de ETEC às

suas células hospedeiras (Gaastra et al., 1982). Amostras de ETEC que

expressam o antígeno fímbrial F41 são patogênicas para gado, suínos e

carneiros, enquanto amostras de ETEC K88 são patogênicas para suínos

(Cassels & Wolf, 1995).

Embora muito progresso tenha havido nas ultimas décadas em relação

ao estudo da patogênese da EPEC, relativamente pouco se conhece sobre

as mudanças fisiopatológicas induzidas por EPEC. A falta de um modelo

animal de pequeno porte restringiu muito os estudos in vivo para análise das

interações da EPEC com o hospedeiro. Entretanto, estudos mais recentes

mostraram que amostras de EPEC isoladas de seres humanos são capazes

de aderir ao epitélio intestinal de camundongos in vitro e in vivo, sugerindo o

modelo do camundongo C57BL/6J como modelo animal para estudar as

respostas do epitélio intestinal à infecção de EPEC (Savkovic et al., 2005).

Baseado neste estudo, avaliamos o papel da adesina LDA na

virulência bacteriana, utilizando o modelo do camundongo C57BL/6J tratado

e não tratado com estreptomicina e comparando a amostra selvagem 22 com

a isogênica apresentando deleção do gene ldaG (LDA1).

Evidências de microscopia eletrônica sugerem que grande parte da

microbiota do intestino está associada a uma camada de muco presente na

parede intestinal (Hartley et al., 1979; Savage et al., 1977). Alguns

investigadores sugeriram que esta camada de muco serviria como sítio de

aderência inicial para bactéria ou como uma matriz para a aderência

Page 87: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

86

bacteriana permanente (Savage et al., 1980). Outros investigadores,

entretanto, sugerem que a camada de muco serviria de proteção evitando a

aderência e penetração de microrganismos (Freter et al.,1981). Os dados

obtidos com os animais do grupo 1, não tratados com estreptomicina são

consistentes com esta última observação, pois nenhuma bactéria foi

detectada durante os 4 dias consecutivos nos camundongos não tratados

com estreptomicina. O modelo do camundongo tratado com estreptomicina

tem sido utilizado no estudo da colonização da EHEC O157:H7 (Wadolkowski

et al., 1990).

Os resultados obtidos mostraram que a amostra selvagem 22 adere e

coloniza o epitélio intestinal do ceco dos camundongos. A colonização foi

demonstrada pela persistência da bactéria recuperada nas fezes e no epitélio

superficial do ceco após o 4o dia da inoculação. O pequeno número de

colônias recuperadas da superfície epitelial do ceco dos camundongos

inoculados correlacionou-se com o número de UFC/mL da EPEC 2348/69

∆bfpA encontrado em camundongos após infecção (Savkovic et al., 2005).

Além do mais, nossos resultados mostraram que a amostra 22 apresentando

deleção no gene ldaG adere menos do que a amostra selvagem,

demonstrando assim, que o locus lda pode desempenhar eventual papel na

aderência bacteriana desta amostra. Provavelmente, a adesina LDA teria

papel semelhante ao da fímbria BFP na aderência inicial da EPEC típica a

células epiteliais, mediando uma adesão não íntimina da bactéria, seguida

pela adesão íntima promovida pela intimina (Moon et al., 1996).

O efeito da infecção da EPEC 22 no estado clínico do camundongo

incluiu a perda de peso e a presença de diarréia após o quarto dia de

infecção. Nenhum destes sinais, porém, foi observado nos animais infectados

com a amostra 22 ∆ldaG, demonstrando assim, um eventual papel da

adesina LDA na patogênese da diarréia. Sinais clínicos semelhantes foram

reportados em camundongos inoculados com C. rodentium (Luperchio et al.,

2001), mas não com a EPEC típica E2348/69 e tampouco com o mutante

isogênico ∆bfp (Savkovic et al., 2005). Essa discrepância pode ser devida a

uso de animais mais jovens (3 a 4 semanas) infectados por um período mais

Page 88: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

87

prolongado (14 dias), utilizados nos estudos de Savkovic et al. (2001).

Nossos resultados levaram à identificação e caracterização da adesina

LDA responsável pela aderência difusa a células HEp-2. LDA é uma adesina

afimbrial que contém uma subunidade principal, LdaG, cuja expressão é

induzida em ágar MacConkey a 37oC. Estudos futuros são necessários para

caracterizar em maior detalhe o papel da adesina LDA na virulência

bacteriana.

Page 89: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

88

6. CONCLUSÕES

1. O padrão difuso de adesão da amostra pV-B-6 é mediado pela

principal subunidade estrutural da adesina, LdaG, cuja expressão é

induzida em ágar MacConkey a 37oC.

2. A adesina LDA apresentou morfologia ultraestrutural de adesinas

afimbriais, sendo, portanto um agregado amorfo sem um formato

definido.

3. Nenhuma das 65 amostras de EPEC atípica, isoladas de crianças com

e sem diarréia, produtoras do padrão ALL em ensaios de 6 horas

apresentou a seqüência ldaH. O gene ldaH foi encontrado em quatro

amostras pertencentes a bacterioteca do Prof. Dr. Luiz R. Trabulsi,

todas do sorogrupo O26 e que apresentavam o padrão AL em ensaios

de três horas.

4. As adesinas LDA e K88 são antigenicamente distintas, uma vez que o

soro anti-K88 não inibiu a AD e nem reconheceu qualquer estrutura

presente na superfície da amostra pV-B-6.

5. Aparentemente, a adesina LDA está envolvida no processo de

colonização, uma vez que a amostra selvagem 22 aderiu e colonizou

mais eficientemente o ceco de camundongos C57BL/6J do que a

amostra 22 ∆ldaG

Page 90: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

89

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Adams, L. M.; Simmons C. P; Rezmann L; Strugnell R. A. and Robins-Browne

R. M. Identification and characterization of a K88 and CS31A-like operon of a

rabbit enteropathogenic Escherichia coli strain which encodes fimbriae

involved in the colonization of rabbit intestine. Infect. Immun. 65: 5222-5230,

1997.

Anderson, D. G.; and Moseley S. L. Escherichia coli F41 adhesin: genetic

organization, nucleotide sequence, and homology with the K88 determinant.

J. Bacteriol. 170: 4890-4896, 1988.

Baldini, M. M.; Kaper, J. B.; Levine, M. M.; Candy, D. C. and Moon, H. W.

Plasmid-mediated adhesion in enteropathogenic Escherichia coli. J. Pediatr.

Gastroenterol. Nutr. 2:534-538, 1983.

Bakker, D.; Vader C. E. M; Roosendaal B; Mooi F. R; Oudega B. and de

Graaf F. K. Structure and function of periplasmatic chaperone-like protein

involved in the biosynthesis of K88 and K99 fimbriae in enterotoxigenic

Escherichia coli. Mol. Microbiol. 5: 875-886, 1991.

Bakker, D.; Willemsen P. T, Willems R. H; Huisman T. T; Mooi F. R; Oudega

B; Stegehuis F. and de Graaf F. K. Identification of minor fimbrial subunits

involved in biosynthesis of K88 fimbriae. J. Bacteriol. 174: 6350-6358, 1992.

Barros, H. C.; Silva M. L. M; Laporta M. Z; Silva R. M. and Trabulsi. L. R.

Inhibition of enteropathogenic Escherichia coli adherence to HeLa cells by

immune rabbit sera. Braz. J. Med. Biol. Res. 25: 809-812, 1992.

Benz, I and Schmidt M. A. Cloning and expression of an adhesin (AIDA-I)

involved in diffuse adherence of enteropathogenic Escherichia coli. Infect.

Page 91: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

90

Immun. 57: 1506-1511,1989.

Bernier, C; Gounon P. and Le Bouguenec C. Identification of an aggregative

adhesion fimbria (AAF) type III- encoding operon in enteroaggregative

Escherichia coli as a sensitive probe for detecting the AAF-encoding operon

family. Infect. Immun. 70: 4302-4311, 2002.

Bieber, D; Ramer S. W; Wu C. Y; Murray W. J; Tobe T; Fernandez R. and

Schoolnik G. K. Type IV pili, transient bacterial aggregates and virulence of

enteropathogenic Escherichia coli. Science 280: 2114-2118, 1998.

Bilge, S. S; Clausen C. R; Lau W. and Moseley S. L. Molecular

characterization of a fimbrial adhesin, F1845, mediating diffuse adherence of

diarrhea-associated Escherichia coli to HEp-2 cells. J. Bacteriol. 171: 4281-

4289, 1989.

Birnboim, H. C. & Doly J. A. A rapid alkaline extraction procure for screening

recombinant plasmid DNA. Nuc. Ac. Res. 7: 1513-1523, 1979.

Bray, J. � Isolation of antigenically homogeneous strains of Bact. Coli

neopolitanum from summer diarrhoea of infants. J. Pathol. Bacteriol. 57: 239-247, 1945.

Brunder, W; Khan A. S; Hacker J. and Karch H. Novel type of fimbriae

encoded by the large plasmid of sorbitol-fermenting enterohemorragic

Escherichia coli O157:H-. Infect. Immun. 69: 4447-4457, 2001.

Campos L. C.; Whittam T. S; Gomes T. A; Andrade J. R.; Trabulsi L. R.

Escherichia coli serogroups O111 includes several clones of diarrheagenic

strains with different virulence properties. Infect. Immun. 62: 3282-3288,

1994.

Page 92: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

91

Cassels, F. J. & Wolf, M. K. Colonization factors of diarrheagenic E. coli and

their intestinal receptor. J. Ind. Microbiol. 15: 214-226, 1995.

Cravioto, A.; Scotland S. M. and Rowe.B. Hemagglutination activity and

colonization factor antigens I and II in enterotoxigenic and non-enterotoxigenic

strains of Escherichia coli isolated from humans. Infect. Immun. 36: 189-197,

1982.

Cornick, N. A.; Booher, S. L.; Casey, T. A. and Moon H. W. Persistent

colonization of sheep by Escherichia coli O157:H7 and other E. coli

pathotypes. Appl. Environ. Microbiol. 66: 4926-4934, 2000.

Czeczulin, J. R; Balepur S; Hicks S; Phillips A; Hall R; Kothary M. B; Navarro-

Garcia F. and Nataro J.P. Aggregative adherence fimbria II, a second fimbrial

antigen mediating aggregative adherence in enteroaggregative Escherichia

coli. Infect. Immun. 65: 4135-4145, 1997.

de Graaf, F. K. and Gaastra W. Fimbriae of enteropatoxigenic Escherichia

coli, p. 58-83. In P. Klemn (ed.), Fimbriae: adhesion, genetics, bigenesis, and

vaccines, CRC. Press, Inc., Boca Raton, Fla., 1994.

Donnenberg, M. S.; Girón J. A; Nataro J. P. and Kaper.J. B. A plasmid-

encoded type IV fimbrial gene of enteropathogenic Escherichia coli associated

with localized adherence. Mol. Microbiol 6: 3427-3437, 1992.

Donnenberg, M. S.; Yu J. and Kaper.J. B. A second chromosomal gene

necessary for intimate attachment of enteropathogenic Escherichia coli to

epithelial cells. J. Bacteriol. 175: 4670-4680, 1993.

Duguid, J. P.; Smith I. W; Dempester G. and Edmunds P. N. Non-flagellar

filamentous appendages �fimbriae� and haemagglutinating activity in

Page 93: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

92

Bacterium coli. J. Pathol. Bacteriol. 70: 335-348; 1955.

Dulguer, M. V.; Fabbricotti S. .; Bando S; Moreira-Filho C; Fagundes-Neto U.

and Scaletsky I. C. A. Atypical enteropathogenic Escherichia coli strains:

phenotypic and genetic profiling reveals a strong association between

enteroaggregative E.coli heat-stable enterotoxin and diarrhea. J. Infect. Dis.

188: 1685-1694, 2003.

Elliott, S. J.; Wainwright L. A; McDaniel T. K; Jarvis K. G; Deng Y; Lai L;

Macnamara B. P; Donnenberg M. S. and Kaper J. B. The complete sequence

of the locus of enterocyte effacement (LEE) from enteropathogenic

Escherichia coli E2348/69. Mol. Microbiol. 28: 1-4, 1998.

Evans, D. G.; Silver R. P; Evans D. J; Chase D. G. & Gorbach S. L. Plasmid-

controlled colonization factor associated with virulence in Escherichia coli

enterotoxigenic for human. Infect. Immun. 12: 656-667, 1975.

Finlay, F. B.; Rosenshine I; Donnenberg M. S. and Kaper J. B. Cytoskeletal

composition of attaching and effacing lesions associated with

enteropathogenic E. coli adherence to HeLa cells. Infect. Immun. 60: 2541-

2543, 1992.

Fisher, J.; Maddox C; Moxley R; Kinden D. and Miller M. Pathogecicity of a

bovine attaching Escherichia coli isolated lacking shiga-like toxin. Am. J. Vet. Res. 55: 991-999, 1994.

Franzolin, M. R.; Alves R. C; Keller R; Gomes T. A; Beuti L; Barreto M. L;

Milroy C; Strina A; Ribeiro H; Trabulsi.L. R. Prevalence of diarrheagenic

Escherichia coli in children with diarrhea in Salvador, Bahia, Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz. 100:359-363, 2005.

Freter R. � Mechanisms of association of bactéria with mucosal surfaces.

Page 94: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

93

Ciba Found Symp 80: 36-55, 1981.

Gaastra, W.; Mooi, F. R.; Stuije, A. R. and de Graaf, F. K. The nucleotide

sequence of the gene encoding the K88ab protein subunit of porcine

enterotoxigenic Escherichia coli. FEMS Microbiol. Lett. 12: 41-46, 1981.

Gaastra, W. and de Graaf F. K. Host-specific fimbrial adhesins of noninvasive

enterotoxigenic Escherichia coli strains. Microbil. Rev. 46: 129-161, 1982.

Giraldi R.; Guth B. E.; Trabulsi L. R. Production of shiga-like toxin among

Escherichia coli strains and other bacteria isolated from diarrhea in São

Paulo, Brazil. J. Clin. Microbiol. 28: 1460-1462, 1990.

Girardeau, J. P.; Der Vartanian M.; Ollier J. L. and Contrepois M. CS31A a

new K88-related fimbrial antigen on bovine enterotoxigenic and septicemic

Escherichia coli strains. Infect. Immun. 56: 2180-2188, 1988.

Girón, J. A; Ho A. S. and Schoolnik G. K. An inducible bundle-forming pillus

of enteropathogenic Escherichia coli. Science 254: 710-713, 1991.

Girón, J. A.; Levine M. M. and Kaper J. B. Longus: a long pilus ultraestructure

produced by human enteritoxigenic Escherichia coli. Mol. Microbiol. 12: 71-

82, 1993.

Girón J. A.; Levine M. M.; Kaper J. B. Longus: a long pilus ultrastructure

produced by human enterotoxigenic Escherichia coli. Mol. Microbiol. 12: 71-

82, 1994.

Guth, B. E.; Lopes de Souza R.; Vaz T. M. and Irino K. First Shiga toxin-

producing Escherichia coli isolated from a patient with hemolytic uremic

syndrome, Brazil. Emerg. Infect. Dis. 8: 535-536, 2002.

Page 95: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

94

Grunstein, M.; Hogneess D. S. Colony hybridizatio: a method for the isolation

of cloned DNA that contain a specific gene. Proc. Natl. Acad. Sci. 72: 3961-

3965, 1975.

Hartland, E. L.; Batchelor M.; Delahay R. M.; Hale C.; Matthews S.; Dougan

G.; Knutton S.; Connerton I. and Frankel G. Binding of intimin from

enteropathogenic Escherichia coli to Tir and to host cells. Mol. Microbiol. 32: 151-158, 1999.

Hartley, C.; Neumann C. S.; Richmond M. H. Adhesion of commensal bacteria

to the large intestine wall in humans. Infect. Immun. 23: 128-132, 1979.

Honda T.; Sato M.; Kongmuang U.; Miwatani T. Identification of

enterotoxigenic Escherichia coli producing heat-labile enterotoxin by an

enzyme-linked immunosorbent assay on single colonies grown on

MacConkey agar plates. J. Diarrhoeal Dis. Res. 2: 223-227, 1984.

Hultgreen, S. J.; Abranham S.; Caparon M.; Falk P.; St.Geme J. W. D.;

Normark S. Pilus and nonpilus bacterial adhesins: assembly and function in

cell recognition. Cell. 73: 887-901, 1993.

Jacobs, A. A. C. and de Graaf F. K. Production of K88, K99 and F41 fibrillae

in relation to growth phase, and a rapid procedure for adhesin purification.

FEMS Microbiol Let. 26: 15-19, 1985.

Kaper, J. B. � Defining EPEC. Rev. Microbiol. São Paulo, 27: 130-133,

1996.

Keller, R.; Ordonez J. G.; De Oliveira R. R.; Trabulsi L. R.; Baldwin T. J. and

Knutton S. Afa, a diffuse adherence fibrillar adhesion associated with

enteropathogenic Escherichia coli. Infect. Immun. 70: 2681-2689, 2002.

Page 96: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

95

Klemm, P. � Fimbrial adhesions of Escherichia coli. Rev. Infect. Dis. 7: 321-

340, 1985.

Knutton, S.; Baldini M. M.; Kaper J. B. and McNeish A. S. Role of plasmid-

encoded adherence factors in adhesion of enteropathogenic Escherichia coli

to HEp-2 cells. Infect. Immun. 55: 78-85, 1987.

Knutton, S.; Baldwin T.; Williams P. H. and McNeish A. S. Actin accumulation

at sites of bacterial adhesion to tissue culture cells: basis of a new diagnostic

test for enteropathogenic and enterohemorrhagic Escherichia coli. Infect.

Immun. 57: 1290-1298, 1989.

Knutton, S.; Phillips, A. D.; Smith, H. R.; Gross, R. J.; Shaw, R.; Watson, P.;

Price, E. Screening for enteropathogenic Escherichia coli in infants with

diarrhea by the fluorescent-actin staining test. Infect. Immun. 59: 365-371,

1991.

Knutton, S. � Electron microscopical methods in adhesion. Methds Enzymol.

253:145-158, 1995.

Knutton, S.; Shaw, R. K.; Anantha, R. P.; Donnenberg, M. S.; Zorgani, A. A.

The type IV bundle-forming pilus of enteropathogenic Escherichia coli

undergoes dramatic alterations in structure associated with bacterial

adherence, aggregation and dispersal. Mol. Microbiol. 33: 499-509, 1999.

Krogfelt, K. A. Bacterial adhesion: genetics, biogenesis, and role in

pathogenesis of fimbrial adhesins of Escherichia coli. Rev. Infect. Dis., 13: 721-735, 1991.

Korth, M. J.; Apostol J. M. and Moseley.S. L. Functional expression of

heterologous fimbrial subunits mediated by the F41, K88 and CS31A

determinants of Escherichia coli. Infect. Immun. 60: 2500-2505, 1992.

Page 97: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

96

Labigne-Roussel, A. F.; Lark D.; Schoolinik G. and S. Falkow. Cloning and

expression of na afimbrial adhesion (AFA-I) responsible for P blood group

group-independent, mannose-resistent hemagglutination from a pyelonephritic

Escherichia coli strain. Infect. Immun. 46: 251-259, 1984.

Laemmli, V. K. Cleavage of structural proteins during the assembly of the

head of bacteriophage T4. Nature. 227: 680-685, 1970.

Levine, M. M. Escherichia coli that cause diarrhea: enterotoxigenic,

enteropathogenic, enteroinvasive and enteroadherent. J. Infect. Dis. 155:

377-389, 1987.

Luperchio, S. A. and Schauer D. B. Molecular pathogenesis of Citrobacter

rodentium and transmissible murine colonic hyperplasia. Microbes. Infect. 3:

333-340, 2001.

Martin, C.; Boeuf C. and Bousquet F. Escherichia coli CS31A fimbriae:

molecular cloning expression and homology with the K88 determinant. Microb. Pathog. 10: 429-442. 1991.

McDaniel, T. K.; Jarvis K. G.; Donnenberg M. S. and Kaper.J. B. A genetic

locus of enterocyte effacement conserved among diverse enterbacterial

pathogens. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 92: 1664-1668, 1995.

McKee, M. L. & O�Brien A. D. Investigation of enterohemorrhagic Escherichia

coli O157:H7 adherence characteristics and invasion potential reveals a new

attachment pattern shared by intestinal E. coli. Infect. Immun. 63: 2070-2074,

1995.

Moake, J. L. � Haemolytic-uraemic syndrome: basic science. Lancet. 343:

393-397, 1994.

Page 98: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

97

Mooi, F. R.; Harms N.; Bakker D. and de Graaf F. K. Organization and

expression of gene involved in the production of the K88ab antigen. Infect.

Immun. 32: 1155-1163, 1981.

Mooi, F. R.; Wounters C.; Wijfers A. and de Graaf F. K. Construction and

characterization of mutants impaired in the biosynthesis of the K88ab antigen.

J. Bacteriol. 150: 512-521, 1982.

Mooi, F. R.; Van Buren M.; Koopman G.; Roosendaal B.; de Graaf F. K. K88

ab gene of Escherichia coli encided a fimbria-like protein distinct from the K88

ab fimbrial adhesin. � J. Bacteriol. 159: 482-487, 1984.

Mooi, F. R.; Claassen I.; Bakker D.; Kuipers H. and de Graaf F. K. Regulation

and structure of an Escherichia coli gene coding for an outer membrane

protein involved in export of K88ab fimbrial subunits. Nucleic Acids. Res. 14: 2443-2457, 1986.

Moon, H. W.; Whipp, S. C.; Argenizio, R. A.; Levine, M. M. & Gianella, R. A.

Attaching and effacing activities of rabbit and human enteropathogenic

Escherichia coli in pig and rabbit intestines. Infect. Immun. 41: 1340-1351,

1983.

Moon, H. W.; Schneider R. A.; Moseley S. L. Comparative prevalence of four

enterotoxin genes among Escherichia coli isolated from swine. Am. J. Vet. Res. 47: 210-212, 1986.

Mounier, J.; Vasselon T., Hellio R., Lesourd M. and Sansonetti P. J. Shigella

fexneri enters human colonic Caco-2 epithelial cells through the basolateral

pole. Infect. Immun. 60: 237-248, 1992.

Nataro, J. P.; Deng Y.; Maneval D. R.; German A. L., Marthin W. C. and

Levine M.M. Aggregative adherence fimbriae I of enteroaggregative

Page 99: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

98

Escherichia coli mediated adherence to HEp-2 cells and hemagglutination of

human erythrocytes. Infect. Immun. 60: 2297-2304, 1992.

Nataro, J. P. & Kaper J. B. Diarrheagenic Escherichia coli. Clin Microbiol. Rev. 11: 142-201, 1998.

Nicholls, L.; Grant T. H. and Robin-Browne R. M. Identification of a novel

genetic locus that is required for in vitro adhesion of a clinical isolate of

enterohemorrhagic Escherichia coli to epithelial cells. Mol. Microbiol. 35: 275-288, 2000.

Old,D. C. Inhibition of interaction between fimbrial haemaglutinins and

erytrocytes by D-mannose and other carbohydrates. J. Gen. Microbiol. 71: 149-157, 1972.

∅ rskov, I.; ∅ rskov F.; Sojka W. J. and Leach J. M. Simultaneous occurrence

of E. coli B and L antigens in strains from diseased swine. Acta. Pathol. Microbiol. Scand. Sect. B. 53: 404-422, 1961.

Oudega, B.; de Graaf M.; De Boer L.; Bakker D.; Vader C. E. M.; Mooi F. R.

and de Graaf F. K. Detection and identification of FaeC as a minor component

of K88 fibrillae of Escherichia coli. Mol. Microbiol. 3: 645-652, 1989.

Paton, A. W.; Srimanote P., Woodrow M. C. and Paton J. C. Characterization

of Saa, a novel autoagglutinating adhesin produced by locus of enterocyte

effacement-negative Shiga-toxigenic Escherichia coli strains that are virulent

for humans. Infect. Immun. 69: 6999-7009, 2001.

Pedroso, M. A.; Freymuller E.; Trabulsi L. R.; Gomes T. A. Attaching-effacing

lesions and intracellular penetration in HeLa cells and human duodenal

mucosa by two Escherichia coli strains not belonging to the classical

enteropathogenic E. coli serogroups. Infect. Immun. 61: 1152-1156, 1993.

Page 100: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

99

Peixoto, J. C. C.; Bando S. Y.; Ordoñez J. A. G., Botelho B. A., Trabulsi L. R.

and Moreira-Filho C. A. Genetic differences between Escherichia coli O26

strains isolated in Brazil and in other countries. FEMS Microbiol. Lett. 196: 239-244, 2001.

Pelayo, J. S.; Scaletsky I. C. A.; Pedroso M. Z.; Sperandio V.; Girón J. A.;

Frankel G.; TrabulsiL. R. T. Virulence properties of atypical EPEC strains. J. Med. Microbiol. 48: 41-49, 1999.

Rosa, A. C.; Mariano A. T.; Pereira A. M.; Tibana A.; Gomes T. A. T.; Andrade

J. R. C. Enteropathogenicity markers in Escherichia coli isolated from infants

with acute diarrhoea and healthy controls in Rio de Janeiro, Brazil. J. Med. Microbiol. 47: 781-790, 1998.

Rothbaum, R.; McAdams A. J.; Giannella R.; Partin J. C. A clinicopathological

study of enterocyte � adherent Escherichia coli a cause of protracted diarrhea

in infants. Gastroenterology. 83: 441-454, 1982.

Sack, R. B.; Gorbach S. L.; Banwell J. G.; Jacobs B.; Chatterjee B. D.; Mitra

R. C. Enterotoxigenic Escherichia coli isolated from patients with severe

cholera-like disease. J. Infect. Dis. 123: 378-385, 1971.

Sambrook, J.; Fritsh E. F.; Maniats T. Molecular cloning, a laboratary manual.

Cold Spring Harbor Laboratory Press, Cold Spring Harbor, 1989.

Sansonetti, P. J.; Phalipon; J. Arondel; K. Thirumalai; S. Banerjee; S. Akira; K.

Takeda and A. Zychlinsky. � Caspase-1 activation of IL- 1 beta and IL-18

essencial for Shigella flexneri-induced inflammation. Immunity 12: 581-590,

2000.

Savage, D. C. Mirobial ecology of the gastrointestinal tract. Annu. Rev. Microbiol. 31: 107-133, 1977.

Page 101: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

100

Savage, D. C. Adherence of normal flora to mucosal surface, p. 33-59. In E.

H. Beachey (ed.), receptors and recognition, bacterial adherence, series B,

vol. 6. Chapman and Hall, London, 1980.

Savkovic, S. D.; Villanueva J.; Turner J. R.; Malkowskyj K. A. and Hecht G.

Mouse model of enteropathogenic Escherichia coli infection. Infect. Immun.

73: 1161-1170, 2005.

Scaletsky, I. C.; Silva M. L. and Trabulsi L. R. Distinctive patterns of

adherence of enteropathogenic Escherichia coli. Infect. Immun. 45: 534-536,

1984.

Scaletsky, I. C.; Milani S. R.; Trabulsi L. R.; Travassos L. R. Isolation and

characterization of the localized adherence factor of enteropathogenic

Escherichia coli. Infect. Immun. 56: 2979-2983, 1988

Scaletsky, I. C. A.; M. Z. Pedroso; C. A. G.; Oliva; R. L. B. Carvalho.; M. B.

Moraes; U. Fagundes-Neto. � A localized adherence-like pattern as a second

pattern of adherence of classic enteropathogenic Escherichia coli to HEp-2

cells that is associated with infantile diarrhea. Infect. Immun. 67: 3410-3415, 1999.

Scaletsky, I. C. A.; J. S. Pelayo; R. Giraldi; J. Rodrigues; M. Z. Pedroso and L.

R. Trabulsi. � EPEC adherence to HEp-2 cells. Revista de Microbiologia, 27: (Suppl. 1): 58-62, 1996.

Scaletsky, I. C. A.; Fabbricotti S. H., Aranda K. R.; Moraes M. B.; Fagundes-

Neto U. Comparasion of DNA hybridization and PCR assays for detection of

putative pathogenic enteroadherent Escherichia coli. J. Clin. Microbiol. 40: 1254-1258, 2002a.

Scaletsky, I. C. A.; Fabbricotti S. H., Silva S. O.; Morais M. B.; Fagundes-Neto

Page 102: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

101

U. HEp-2 adherent Escherichia coli strains associated with acute infantile

diarrhea, São Paulo, Brazil. Emerg. Infect. Dis. 8:855-858, 2002b.

Schmidt, H.; W. L. Zhang, U. Hemmrich, S. Jelacic, W. Brunder, P. I. Tarr, U.

Dobrindt, J. Hacker, H. Karch. � Identification and characterization of a novel

genomic island integrated at selC in locus of enterocyte effacement negative,

shiga toxin-producing Escherichia coli. Infect. Immun. 69: 6863-6873, 2001.

Scotland, S. F.; Willshaw, G. A.; Smith, H. R.; Rowe, B. � Properties of strain

of Escherichia coli O26:H11 in relation to their enteropathogenic or

enterohemorrhagic classifiction. J. Infect. Dis. 162:1069-1074, 1990.

Scotland, S. M.; G. A. Wellshaw; H. R. Smith; B. Said; N. Strokes; B. Rowe. �

Virulence properties of Escherichia coli strains belonging to serogroups O26,

O55, O111 and O128 isolated in the United Kingdom in 1991 from patients

with diarrhea. Epidemiol Infect. 111: 429-438, 1993.

Shipley, P. L.; Gyles C. L. and Falkow S. Characterization of plasmids that

encoded for the K88 colonization antigen. Infect. Immun. 20: 559-566, 1978.

Silva, M. L. M.; Scaletsky I. C. A. and Viotto L. H. Non-production of cytotoxin

among enteropathogenic strains of Escherichia coli isolated in São Pulo,

Brazil. Rev. Microbiol. 14: 161-162, 1983.

Simi, S.; Pelosi-Teixeira E.; Yamada A. T.; Joazeiro P. P.; Catani C. F. and

Yano T. Hemagglutinating factor (HAF) associated with adhesiveness in

enteroinvasive Escherichia coli (EIEC). Microbiol. Immunol. 46: 359-363,

2002.

Smith, H. W & Halls S. Studies on Escherichia coli enterotoxin. J. Path. Bact.

93: 531-543, 1967.

Page 103: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

102

Smith, H.; Scotland S.; Cheasty T.; Willshaw G.; Rowe B. Enteropathogenic

Escherichia coli infections in the United Kingdom. Ver. Microbiol, São Paulo.

27: 45-49, 1996.

Sohel, I.; Puente J. L.; Murray W. J.; Vopio-Varkila J. and Schoolnik.G. K.

Cloning and characterization of the bundle-formingpilin gene of

enteropathogenic Escherichia coli and its distribution in Salmonella serotypes.

Mol. Microbiol. 7: 563-575, 1993.

Sohel, I.; Puentes J. L.; Ramer S. W.; Bieber D.; Wu C. Y. and Schoolnik G.

K. Enteropatogenic Escherichia coli: identification of a gene cluster coding for

bundle-forming pilus morphogenesis. J. Bacteriol. 178: 2613-2628, 1996.

Stanley, T. E.; Joes E. W. and Corley L. D. Attachment and penetration of

Escherichia coli into intestinal epithelium of the ileum in newborn pigs. Am. J. Pathol. 56: 371-392, 1969.

Stirm, S. ; ∅ rskov I. and ∅ rskov F. � K88 an episome-determined protein

antigen of Escherichia coli. Narure (London). 209: 507-508, 1966.

Stirm, S.; ∅ rskov F.; ∅ rskov I. and Mansa. B. Episome-carried surface

antigen K88 of Escherichia coli II. Isolation and chemical analysis. J. Bacteriol. 93: 731-739, 1967.

Stone, K. D.; Zhang H. Z.; Carlson L. K. and Donnenberg M. S. A cluster of

fourteen genes from enteropathogenic Escherichia coli is sufficient for the

biogenesis of a type IV pilus. Mol. Microbiol. 20: 325-337, 1996.

Szalo, I. M.; Goffaux F.; Pirson V.; Pierard D.; Ball H. and Mainil J. Presence

in bovine enteropathogenic (EPEC) and enterohaemorrhagic (EHEC)

Escherichia coli of genes encoding for putative adhesion of human EHEC

strains. Res. Microbiol. 153: 653-658, 2002.

Page 104: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

103

Tarr, P. I. � Escherichia coli O157:H7: Clinical, diagnostic and epidemiological

aspects of human infection. Clin. Infect. Dis. 20: 1-10, 1995.

Tarr, P. I. and Neill M. A.. � Escherichia coli O157:H7. Gastroenterol. Clin. North Am. 30: 735-751, 2001.

Tatsuno, I.; Horle M.; Abe H.; Miki T.; Makino K.; Shinagawa H.; Taguchi H.;

Kamiya S.; Hayashi T. and Sasakswa C. toxB gene on pO157 of

enterohemorrhagic Escherichia coli O157:H7 is required for full epithelial cell

adherence phenotype. Infect. Immun. 69: 6660-6669, 2001.

Thomas L. V.; McConell M. M.; Rowe B. ; Field A. M.; The possession of three

novel coli surface antigens by enterotoxigenic Escherichia coli strains positive

for the putative colonization factor PCF8775. J. Gen. Microbiol. 131: 2319-

2326, 1985.

Torres, A. G.; Girón J. A.; Perna N. T.; Burland V.; Blattner F. R.; Avelino-

Flores F. and Kaper J. B. Identification and characterization of lpfABCC�DE, a

fimbrial operon of enterohemorrhaic Escherichia coli O157:H7. Infect. Immun. 70: 5416-5427, 2002.

Torres, A. G.; Xin Z. and Kaper J. B. Adherence of diarrheagenic Escherichia

coli strains to epithelial cells. Infect. Immun. 73: 18-29, 2005.

Tzipori, S.; Gunzer F.; Donnenberg V.; Demontigny L.; Kaper J. B. and

Donohue-Rolfe A. The role of the eaeA gene in diarrhea and neurological

complications in a gnotobiotic piglet model of enterohemorrhagic Escherichia

coli infection. Infect. Immun. 63: 3621-3627, 1995.

Valle G. R.; Gomes T. A.; Irino K.; Trabulsi L. R. The traditional

enteropathogenic Escherichia coli (EPEC) serogroup O125 comprises

serotypes which are mainly associated with the category of enteroaggregative

Page 105: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

104

E. coli. FEMS. Microbiol Lett. 152: 95-100, 1997.

Vieira, M. A. M.; Andrade J. R. C.; Trabulsi L. R.; Rosa A. C. P.; Dias A. M.

G.; Ramos S. R. T. S.; Frankel G. and . Gomes T. A. T. Phenotypic and

genotypic characteristics of Escherichia coli strains of non-enteropathogenic

E. coli (EPEC) serogroups that carry eae and lack the EPEC adherence factor

and shiga toxin DNA probe sequences. J. Infect. Dis. 183: 762-772, 2001.

Wadolkowski, E. A.; Burris J. A. and O�Brien.A. D. Mouse model for

colonization and disease caused by enterohemorrhagic Escherichia coli

O157:H7. Infect. Immun. 58: 2438-2445, 1990.

Wolf, M. K.; Andrews, G. P.; Tall, B. D.; McConnell, M.M.; Levine, M. M. and

Boedeker, E. C. Characterization of CS4 and CS6 antigenic components of

PCF8775, a putative colonization factor complex from entertoxigenic

Escherichia coli E8775. Infect. Immun. 57: 164-173, 1989.

Zhang, H. Z.; Lory S.; Donnenberg M. S. A plasmid-encoded prepilin

peptidase gene from enteropathogenic Escherichia coli . J. Bacteriol, 176: 6885-6891, 1994.

Zhang, H. Z. & Donnenberg M. S. DsabA is required for stability of the type IV

pilin of enteropathogenic Escherichia coli. Mol. Microbiol. 21: 787-797, 1996.

Page 106: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

105

8. ANEXOS 8.1. Meios de cultura, reagentes e soluções

Os meios de cultura, sais e açúcares utilizados, quando não

especificados, foram de procedência Difco (Difco Laboratories, Michigan,

EUA), Merck (Merck Chemicals, New Jersey, EUA) e Synth (Labsysnth S. A.,

Diadema, SP). Os demais reagentes utilizados foram provenientes da Sigma

(Sigma-Aldrich Chemical, Missouri, EUA), Invitrogen (Life Tecnologies Inc,

Gaithenesburg MD, EUA), Amershan (Amershan Pharmacia Biotech AB,

Uppsala, Sweden), tendo sido preparados conforme especificações dos

fabricantes.

Os meios de cultura, obtidos sob a forma desidratada foram

preparados com água destilada e purificada pelo sistema Mili-Q (Milipore Inc.,

Massachusetts, EUA) e autoclavados a 121ûC por 15 minutos. Foram

utilizados os meios ágar MacConkey, Blood Agar Base (BAB), agar Brucella,

ágar TSA acrescido de 5% de sangue de carneiro, caldo TSB (Tryptic Soy

Broth).

8.1.1. Caldo Lúria Bertani (LB)

Triptona 10 g

Extrato de levedura 5 g

Cloreto de sódio 5 g

Água destilada q.s.p. 1000 mL

Todos os elementos foram adicionados à água destilada, e o meio

esterilizado em autoclave a 121°C durante 15 minutos. Para a preparação de

LB ágar foi adicionado à solução acima 2% de bacto agar (Difco).

Page 107: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

106

8.2. Soluções utilizadas para extração de DNA plasmidial

8.2.1. Solução Tris-HCl 1 M pH 8,0

O Trizma base foi dissolvido em água bidestilada e seu pH ajustado

com HCl 10N. A solução foi autoclavada a 121oC por 15 minutos.

8.2.2. Solução Na2EDTA 0,5M pH 8,0

O Na2EDTA foi dissolvido em água bidestilada quente e pH ajustado

com NaOH 5N para 8,0 e autoclavada a 121oC por 15 minutos.

8.2.3. Solução I (solução de ressuspensão)

Glicose 50 mM

Tris-HCl pH 8,0 25 mM

EDTA pH 8,0 10 mM

A solução foi preparada no momento do uso e mantida no

gelo.

8.2.4. Solução II (solução lítica desnaturante)

NaOH 0,2N

SDS 1%

A solução foi preparada no momento do uso.

Page 108: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

107

8.2.5. Solução III (Acetato de sódio 3M pH 4,8)

NaAc 3 M pH 4,8

O acetato de sódio foi dissolvido em água bidestilada, o pH

ajustado com ácido acético glacial e a solução autoclavada a 121oC

por 15 minutos. A solução foi mantida à temperatura ambiente.

8.2.6. Solução IV (Acetato de sódio 100 mM pH 7,0)

NaAc 100 mM

Tris 50 mM

A solução foi autoclavada a 121oC por 15 minutos.

8.2.7. Solução de Fenol/Clorofórmio/Álcool isoamílico

Fenol 25 mL

Clorofórmio 25 mL

Álcool isoamílico 1 mL

Após preparo, a solução foi armazenada a 4ûC.

8.2.8. Solução Tris-EDTA (TE) pH 8,0

Trizma base 100 mM

Na2EDTA 10 mM

Inicialmente o Na2EDTA é dissolvido à quente com uma parte de água

Page 109: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

108

destilada, adicionando-se em seguida Trizma base e ajustando o pH com

HCl. Completar o volume da solução, autoclavar a 121ûC por 15 minutos.

8.3. Soluções para eletroforese em gel de agarose

8.3.1. Solução tampão Tris-Borato-EDTA (TEB) - pH 8,2 (10X)

Trizma base 890 mM

Na2EDTA 25 mM

Ácido Bórico 89 mM

Após a dissolução à quente do Na2EDTA, são acrescentados Tris e

ácido bórico e o volume da solução é completado com água destilada. No

momento de uso, esse tampão é diluído 0,5 x em água destilada.

8.3.2. Tampão de amostra para DNA (6X)

Ficoll 400 2,5 g

Azul de bromefonol 0,025 g

Xileno cianol 0,025 g

O Ficoll é dissolvido à quente em 10 mL de água bidestilada e em

seguida são acrescentadas as demais soluções, completando-se o volume

desejado.

8.3.3. Solução de brometo de etídio

O brometo de etídio foi preparado a 5 mg/mL em tampão Tris a 0,05 M

pH 8,5 e mantidos em frasco à temperatura ambiente.

Page 110: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

109

8.4. Soluções utilizadas nos testes de hibridização de DNA bacteriano com sondas genéticas

8.4.1. Solução desnaturante

NaOH 0,5 N

NaCl 1,5 M

Esta solução foi preparada em água destilada a partir das soluções

estoque de NaOH a 10 N e de NaCl à 5 M.

8.4.2. Solução neutralizante

Tampão Tris � pH 7,0 1 M

NaCl 2 M

Esta solução foi preparada em água destilada a partir das soluções

estoque de tampão Tris (2M), pH 7,0 e NaCl (5M).

8.4.3. Solução salina citrato �SSC� � pH 7,0 (20X)

NaCl 3 M

Citrato de sódio 0,3 M

A solução foi preparada em água destilada e o pH ajustado com HcL.

A seguir a solução foi autoclavada a 121ûC durante 15 minutos.

Page 111: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

110

8.4.4. Solução de esperma de salmão

Foi preparada uma solução de DNA de esperma de salmão em tampão

Tris-EDTA na concentração de 10 mg/mL. Esta solução foi submetida a 5

passagens sucessivas por uma agulha de 38 mm X 7 mm, para

homogeneização. Após o preparo, esta solução foi mantida a -20°C.

8.4.5. Solução Denhardts (50X)

Ficol 400 1 g

Polivinil pirrolidona 1 g

BSA 1 g

Água destilada q.s.p. 100 mL

8.4.6. Solução de pré-hibidização

SSC 5 X

SDS 0,1 %

Denhardts 2 X

Esperma de Salmão 0,1 mg/mL

Água destilada q.s.p. 100 mL

8.4.7. Solução de lavagem 0,1%

SSC 0,1%

SDS 0,1%

Água destilada q.s.p. 500 mL

Page 112: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

111

8.4.8. Solução de lavagem 0,05%

SSC 0,05%

SDS 0,05%

Água destilada q.s.p. 500 mL

8.5. Soluções e meios de cultura utilizados para os testes de adesão em célula HeLa.

8.5.1. Solução tampão salina fosfato (PBS)

NaCl 136,9 mM

KCl 2,7 mM

Na2.HPO4 8,1 mM

KH2.PO4 1,5 mM

Os sais foram dissolvidos em água destilada e a solução foi

autoclavada a 121°C durante 15 minutos. Para a solução salina fosfato com

pH 7,2, acertar o pH com ácido clorídrico.

8.5.2. Meio mínimo essencial de Eagle (modificado) com sais de

Earle (DMEM)

O meio foi dissolvido em água bidestilada, conforme recomendações

do fabricante. O pH foi ajustado para 7,2 com solução de bicarbonato de

sódio a 7,5%; o meio foi suplementado com 10% e 2% de soro fetal bovino

(SFB). Em seguida, o meio foi filtrado em membranas de acetato de celulose

com poros de 0,22 µm (Sistema de filtração Miliipore Corporation, EUA) e

armazenado a 4oC.

Page 113: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

112

8.5.3. Solução Associada de Tripsina e Versene (ATV)

Primeiramente, foi preparada uma solução salina:

NaCl 0,8%

KCl 0,2%

Na2.HPO4 6,4 g

KH2.PO4 0,2 g

Água bidestilada q.s.p. 1000 mL

Foram dissolvidos 2 g de tripsina (Difco) em 50 mL da solução salina

durante 2 horas sob agitação em banho de gelo e, então, acrescentada no

restante da solução salina. A solução de Versene foi preparada dissolvendo-

se 0,2 g de Titriplex (Merck) em 10 mL da solução salina e 1,5 mL de solução

vermelho de fenol a 1%. A solução foi esterilizada por filtração em

membranas com poros de 0,22 µm de diâmetro (Millipore Corporaion, USA) e

conservada a �20oC.

8.5.4. Solução Azul de Tripan a 0,5%

O azul de tripan foi diluído na solução tampão salina fosfato (PBS) a

0,5%. Esta solução foi utilizada na diluição 1:2 (v/v) com a suspensão de

células HeLa para efeito de contagem de células viáveis.

8.5.5. Solução estoque de D-manose

A solução de D-manose foi preparada em água bidestilada na

concentração final de 10% e autoclavada em vapor fluente por 1 hora. A

solução foi armazenada a 4°C até o momento do uso.

Page 114: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

113

8.5.6. Solução tampão de S∅ rensen

Solução A:

KH2PO4 0,64 g

Água bidestilada q.s.p. 70 mL

Solução B:

Na2HPO4 2,36 g

Água bidestilada q.s.p. 250 mL

Para a solução final: foi adicionado 69,6 mL da solução A em 230,4 mL

da solução B. Essa solução foi armazenada a 4°C até o momento do uso.

8.5.7. Solução corante de May-Grünwald (eosina-azul de metileno)

A solução comercial foi diluída no momento do uso na proporção 1:2

(v/v) em tampão de S∅ rensen.

8.5.8. Solução corante de Giemsa (azul-eosina-azul de metileno)

A solução comercial foi diluída no momento do uso na proporção 1:3

(v/v) em tampão de S∅ rensen.

8.6. Soluções utilizadas na eletroforese de proteína em SDS-PAGE

8.6.1. Solução de Acrilamida bis � Acrilamida

Acrilamida 30 g

N,N, - metilenobisacrilamida 0,8g

Page 115: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

114

Água destilada q.s.p. 100 mL

A solução foi filtrada em papel de filtro e armazenada em frasco escuro

a 4°C.

8.6.2. Solução de Ressuspensão das Amostras

Tris-HCl (0,5 M pH 6,8) 2,5 mL

SDS 400 mg

Glicerol 2,0 mL

Azul de bromofenol 1%

Betamercaptoetanol 5%

Água destilada q.s.p. 20 mL

Manter essa solução a 4ûC.

8.6.3. Gel de Empacotamento

Acrilamida/bis 1,70 mL

Tris-HCl 1 M pH 6,8 1,25 mL

Persulfato de amônia 10% 0,10 mL

TEMED 0,01 mL

SDS 10% 0,10 mL

Água bidestilada 6,80 mL

Page 116: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

115

8.6.4. Gel de Resolução 12%

Acrilamida/bis 8,30 mL

Tris-HCl 1 M pH 8,8 6,30 mL

Persulfato de amônia 10% 0,25 mL

TEMED 0,01 mL

SDS 10% 0,25 mL

Água bidestilada 9,90 mL

8.6.5. Tampão de Eletroforese (4 x)

Trizma base 6 g

Glicina 28,5 g

SDS 2 g

Água bidestilada q.s.p. 500 mL

8.6.6. Solução de Coomassie Blue

Metanol 10%

Coomassie Brilhant Blue 0,05%

Ácido acético 10%

Água bidestilada 40%

8.6.7. Solução descorante

Ácido acético 10%

Metanol 40%

Água destilada q.s.p. 100 mL

Page 117: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

116

8.7. Soluções utilizadas em �Imuno blot�

8.7.1. Tampão Tris

Tris-HCl 1 M pH 7,3 10 mL

Albumina bovina (BSA) 1 gr

Tween 0,5 mL

NaCl 9 gr

Completar com 2.400 mL de água bidestilada

8.7.2. Tampão para bloquear a reação

Dissolver 3 gr de albumina bovina (BSA) em 100 mL de tampão Tris

8.7.3. Ponceau S (solução estoque)

Ponceau S 2 gr

Ácido tricloroacético 30 gr

Ácido sulfosalicílico 30 gr

Completar com 100 mL de água destilada.

No momento do uso diluir 1 parte da solução estoque em 9 partes de

água destilada.

Page 118: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

117

8.8. Solução utilizada na microscopia eletrônica de transmissão

8.8.1. Solução tamponada com fosfato monossódico-dissódico

0,2M pH 7,4

Solução A

NaH2PO4.H2O 2,76 g

H2O destilada estéril 100 mL

Solução B

Na2HPO4.H2O 5,66 g

H2O destilada estéril 100 mL

Para obtenção do tampão na concnetração de 0,1M pH 7,4 foram

misturados 19 mL da solução A com 81 mL da solução B, sendo a mistura

resultante, diluída a 1:2 (v/v) em água destilada estéril e armazenada a 4oC.

8.8.2. Solução de molibdato de amônio a 2% (pH 5,0)

Foram dissolvidos 2,0 gramas de molibdato de amônia em 100 ml de

água bidestilada esterilizada e o pH ajustado para 5,0. A solução foi

armazenada em frasco de vidro protegido da luminosidade e mantida à

temperatura ambiente até o momento do uso.

Page 119: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 120: MICHELLE VANZELLA DULGUER ESTUDO SOBRE A ADESˆO …livros01.livrosgratis.com.br/cp073702.pdfESTUDO SOBRE A ADESˆO DA Escherichia coli ENTEROPATOG˚NICA AT˝PICA O26:H11 A CÉLULAS

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo