Meu País

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Meu País Marajó Ianê Bezerra Não há no meu amor nenhuma sutileza... Falo quase gritando sobre ele, Mas esta falta de sobriedade Não me faz nenhum mal Ou a quem quer que seja O meu amor é descontrolado E completamente desumano, Não cabe direito em mim, Uma simples mortal desvairada Vem de um tempo Em que meus olhos mal viam E apenas verificavam O desenho tênue das formas O meu amor é fatal, inebriante Possui o corpo das florestas úmidas E o sabor das ondas doces e salubres Meu eterno e religioso amor, Que penetra em mim bem fundo, Como lâmina cortante, brilhante, É feito de nuvens, água, pedra e barro E dança nos espetáculos de cores Dos dias sombrios e ensolarados No caminho dos mangues No esvoaçar de asas alaranjadas O meu amor é sempre poesia delirante Possui o corpo das florestas úmidas E dos animais fortes e negros, Adormecidos nos charcos... (* )"Soure, meu lugar silencioso e distante"... (*) Frase do poema (Soure), de autoria de minha mãe Ierecê Tavares Pereira Bezerra

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Meu País Marajó

Ianê Bezerra

Não há no meu amor nenhuma sutileza...Falo quase gritando sobre ele,Mas esta falta de sobriedadeNão me faz nenhum malOu a quem quer que seja

O meu amor é descontroladoE completamente desumano,Não cabe direito em mim,Uma simples mortal desvairada

Vem de um tempoEm que meus olhos mal viamE apenas verificavamO desenho tênue das formas

O meu amor é fatal, inebriantePossui o corpo das florestas úmidasE o sabor das ondas doces e salubres

Meu eterno e religioso amor,Que penetra em mim bem fundo,Como lâmina cortante, brilhante,É feito de nuvens, água, pedra e barro

E dança nos espetáculos de coresDos dias sombrios e ensolaradosNo caminho dos manguesNo esvoaçar de asas alaranjadas

O meu amor é sempre poesia delirantePossui o corpo das florestas úmidasE dos animais fortes e negros,Adormecidos nos charcos...

(* )"Soure, meu lugar silencioso e distante"...

(*) Frase do poema (Soure), de autoria de minha mãe Ierecê Tavares Pereira Bezerra