meu pai, meu homem

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Arthur deixou uma carta sobre a mesa da cozinha, sabendo que o pai adorava preparar o almoço domingueiro para ambos. Mas naquele dia o filho não queria comida síria. Arthur se preparava para ser o prato principal.

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meu pai, meu homemum conto da série “evangelho segundo sipriano”

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“Filemon, meu pai, minha vontade nesse exato momento era te jogar sobre a mesa dacozinha. Sei que hoje estou muito mais forte do que você - em todos os sentidos - e tenhocerteza que agarraria seu corpo roliço com facilidade, dominando-o por completo.

Com a adrenalina ultrapassando todos os limites, você apanharia a velha taça de vinho tintodo lado esquerdo da mesa. Segurando a fina haste de cristal, num movimento impensado, todoo líquido doce seria alvejado em meu rosto quente, suado, salgado.

Durante a mistura dos elementos numa alquimia única, eu rasgaria teu velho calção azulcom a força de apenas uma das minhas mãos.

As gotas vermelhas como sangue pingariam aleatoriamente sobre a cabeça do “poderoso”,purificando-o novamente.

Minha saliva ácida se misturaria ao doce néctar e minha boca louca reverenciaria o teumastro, tua madeira de lei. Teu báculo sagrado seria acariciado pela minha língua quente, numritual pagão, como certamente havíamos participado em tempos antigos.

Como num passe de mágica, teu mastro deixaria de existir por longos segundos, perdido,escondido dentro da minha boca gulosa, insaciável. Minha garganta profunda sempre desafiaraos mais céticos e mesmo você, homem experiente, provaria do prazer inigualável da minhagruta demente.

Grite, grite, seu homem turrão. Seu velho, meu velho, meu homem, meu macho. Sujo-te desangue, o sangue dos romanos. Júlio, César, Marco Antonio. Eu nunca quis trepar com meustios (oportunidades nunca faltaram), pois sempre me guardei para fazer fazer o amor comvocê!

Venha, venha meu pai, agarre o teu filho Arthur com o poder das tuas mãos santas. Penetretuas unhas no meu peito coberto de pêlos fartos. Faça-me urrar de dor, de prazer, de desejo.

Soco mais uma no meu quarto, pai, soco a milésima punheta, daquele jeito que você meensinou quando eu tinha treze anos. A luz emanada pelo monitor embaça meus sentidos.

Continuemos. Agora empurro-te da mesa. Jogo-te no chão. Cale a boca, não diga nada.Segure teu mastro assim, bem empinado, pois o teu filho aqui, virado um peão de rodeio, quercavalgar por bem mais do que os oito segundos.

Quero ser empalado pela lança do romano. Vamos ultrapassar os onze minutos do PauloCoelho. Penetra-me, penetre bem fundo. Fura-me, tire a última prega do meu rabo ensandecido.Maria, Maria estava certa!

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O buraco rosado abre e fecha, sou uma cadela, não mais um peão. Foda-me, foda-me,prove-me que tu és um homem. Ai, meu rabo, ai, quero a dor, continue, não pare, rasgue meurabo, rasgue meu peito. Deixe-me ver tuas mãos, tuas mãos estão repletas de pêlos, daquelespêlos dourados que você costumava zombar, chamando-me de “ursinho pú”, apelido que eusempre odiei, ah, como odiei isso desde a primeira vez, quando eu havia completado dezesseis.

Pai, agarre minhas bundas, todas elas. Isso, não pare. Arranque também todos os pêlos domeu rabo macio. Não pare. Quero a dor. Quero a dor do prazer. Continue. Não pare, foda-me.Sou teu urso, tua presa, teu prêmio.

Vem, vem meu caçador, meu velho caçador, e me devore. De quatro, assim, do jeito quevocê mais gosta.Não sou mais um urso, volto a ser uma cadela. Travo tua vara anciã dentro domeu íntimo.

Força, força, tente tirar a espada se for capaz. Arthur, o rei, a Távola Redonda. A espada,sempre a espada. Força, meu pai, meu homem, meu macho. Eu não deixo, eu não deixo vocêsair de mim. Arthur pai devorando o Arthur filhote.

Agora, o tempo chama, o tempo grita, não pare. Foda-se o teu suor. E também não meimporto com as batidas descompassadas do teu coração sexagenário. Vamos, vamos meuvelho experiente, meu pai-sabe-tudo. Você achava que já sabia tudo, não é mesmo?

Tolo, seu tolo, eu sou único, meu rabo é único, minha boca é única. Não, você nunca comeuninguém assim. Assim, goze, goze, seu velho babão. Ainda não acabou. Você ainda não sofreu.Eu quero a dor. Eu quero a dor do prazer.

Tua porra, ah, tua porra inundou meu universo. Quero o gosto. Quero sentir o gosto. Queroo teu gozo. Agora te solto. Solto o báculo, mas agarro a espada.

Não, eu não deixo, ele não vai cair. Ele, o cacete. Ela, a pica. A minha pistola apontada paramim. Abro a boca. Vamos, meu velho, mais um pouco. Quero a essência. Quero a porra ances-tral.

Assim, assim mesmo. Grite, esporreie na minha garganta. Ah, que delícia! Quente, pulsante,a última golfada. Eu chupo, eu limpo, eu apago todos os vestígios.

Beije-me, sinta o meu, o teu, o nosso gosto. Quero vinho. Jogue o resto do vinho tinto dareceita na minha cara branca. Agora. Mais uma vez.

Puxo os teus cabelos cinzas. Eu quero mais, meu pai. Muito mais. Vem, vem ser meusubmisso. Abra a tua boca. Entorno o resto da garrafa goela abaixo. Vem, beija minha boca.

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Cospe, cospe o vermelho. Assim, doce. Continue beijando. A carne, a carne está queimando.Não, não seu tolo, além da panela há outra carne torrando no fogo. O fogo, o fogo do inferno.Vermelho, vinho, quero o teu sangue. Venha, venha, meu macho, meu pai, meu homem.

Abocanhe, sinta meu caralho. Sim, o meu ca-ra-lho. Pensou que eu não ia querer? Pensouque era só me foder? Cale a boca, engole as palavras. Abra a boca, engule a tora. Assim, dessejeito. Não, papai, não sugue, só chupe. Ah, assim. Ai que delícia.

Mais rápido, mais rápido. Não, agora eu não tenho tempo para beijos românticos. Desça.Desça para o inferno, para o calor do meu bastão jovem, cheio de vida. Sim, estou lendo teuspensamentos, você já teve vinte anos muito bem vividos, eu sei.

Eu sei que você comia o teu professor de francês. Eu já ouvi essa história centenas devezes. Bêbado, sempre bêbado. Pare de pensar. Chupe, continue. Ele vem, sim, ele vem. Oelixir da tua juventude. Ah, não pare. Chupe, papai.

Sim, eu bato, eu esfolo a tua cara de couro vencido. Sim, eu seguro, eu seguro os teuscabelos fartos. Assim, tudo lá dentro, tua garganta não é profunda como a minha, mas você éesforçado.

Vinte, vinte centímetros reais na tua boca. Pelo menos isso você me deixou de herança.Assim, não pare, não paaareeee!

Não se atreva. Feche a boca, meu pai. Engula, assim, tudo, tudo. Eu sei que não foi a suaprimeira vez. Abra a boca, deixe-me ver. Não, ainda não. O ritual ainda não está completo.Venhacá. Quero o beijo. Sim, o nosso beijo. Assim, gostoso, quente, intenso.

Ainda está duro. A Fênix. Ressuscitou. Sim, eu quero. Nós dois. Vire, vire, põe tudo na boca.Meia nove. Que delícia. A guerra dos báculos. Os báculos sagrados brigam com as espadassaliventas.

Assim, pai, no ritmo. Meia nove. Não pare. Não podemos parar. Assim, novamente. Goze,goze meu velho. No meu peito, a tua brancura espalhada bem no centro dos meus pêlosdourados.

Respire, respire, busque novamente o ar. É o fim, é o fim da dor. Da dor do prazer. Agora euquero teu abraço. Assim, juntos, bem unidos num só corpo.

Venha, quero o teu romantismo. Mais vinho. Não, não se levante. Não busque outra garrafa.Venha, há mais vinho guardado na superfície dos meus lábios. Impossível, ridículo, irreal, vocêdiz. Cale a boca, cale a boca, meu pai. Não diga nada, não há pecado original. Volte para osmeus braços.

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O abraço, o abraço-urso. Assim, do nosso jeito. Vem, quero o teu amor. A dor já passou.Não, não se preocupe com a carne. Ela já queimou. Todas estão em cinzas.

Vem, meu pai querido, preciso do carinho masculino. Quero o teu amor. Vem provar o vinho.Vem beijar meus lábios. Vem sentir o calor emanado do meu peito apaixonado.

Quero o sonho. Quero o sonho dos amantes. Quero a carne. Quero a tua carne. Quero acarne da panela. Quero as cinzas da panela. Eu te amo!”

* * *

PS. Arthur Filemon, meu pai, esqueça o Fistikli. Deixe os cubos de músculo repousarem natigela. Deixe os pistaches guardados na lata dourada. Apague o fogo. Venha para o meu quarto.Estou esperando.

* * *

“Filemon - Meu pai, meu homem” é um conto da série “Evangelho Segundo Sipriano”

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O AUTOR :: MOA SIPRIANO

Nasci em Jundiaí, uma próspera cidade do interiorde São Paulo. Minha mãe é uma guerreira. Tenho duasirmãs fantásticas, dois cunhados bacanas, duas sobri-nhas fofas, algumas primas idolatradas e uma tia que éfora-de-série. Ah, também tenho um pai... ausente.

Comecei a escrever roteiros, poesias, letras de mú-sicas e outras bobiças aos 12 anos. Eu vivia anotandomeus sonhos e minhas verdades em papéis soltos queforam se perdendo pelo caminho. Sempre escrevi his-tórias que de alguma maneira retratavam a homosse-xualidade masculina.

Em 1988, após uma experiência pessoal "abalante",resolvi desabafar através de uma autoterapia forçada,escrevendo em uma noite Uma carta para Hans. Foi oprimeiro conto.

Em 2004, ao criar a primeira versão do meu siteoficial, fiquei totalmente surpreso com a polêmica, oscomentários inflamados e a repercussão positiva juntoaos leitores ao publicar meus primeiros artigos naInternet: Deus x Gays, Afeminado? Tô fora e Você éAtivo ou Passivo; além da série Poltrona 47 (cinco con-tos que retratam as experiências sexuais de um rapazdentro de um ônibus) e o conto Filipe ou Treze homense um destino (história que retrata de uma maneira po-lêmica as atitudes de um rapaz que ao saber que podeestar contaminado com o vírus da AIDS, num momentode revolta e irresponsabilidade total resolve se vingare transar com treze homens em um único dia).

Foi este incentivo que me levou a apostar no meutipo de literatura. Desde então, nunca mais parei deescrever, procurando aprender e evoluir a cada dia comoum bom contador de histórias gays.

Em 2005, por causa do sucesso do conto Filipe,busquei inspiração para desenvolver o projeto 30 dias.A história de Jägger foi realmente escrita em temporeal, conforme as datas descritas no diário do persona-gem. Foi um desafio enorme escrever trinta capítulosem exatos trinta dias e postar um capítulo diário, emformato de blog, em meu site. E mesmo não tendo di-vulgado devidamente este projeto, a repercussão foimuito promissora.

Em 2007, após editar e ampliar o conto, transfor-mando-o em um e-book e carro-chefe na divulgação domeu trabalho, resolvi disponibilizá-lo gratuitamente emmeu site.

Percebendo a boa receptividade de "30 dias", aca-bei transformando praticamente toda minha produçãoliterária nesse formato, tonando-me assim um pioneirona divulgação e distribuição no Brasil de livros digitaisgratuitos contendo literatura gay de qualidade.

Em 2008, após mais de 20 mil downloads no Brasilde todos os meus títulos publicados e também por cau-sa da grande quantidade de comentários incentivadoresdos meus leitores é que continuo me esforçando naprodução constante e divulgação permanente de umaliteratura "gay" de excelente entretenimento.

A homossexualidade, o amor verdadeiro, os confli-tos internos, a amizade e a espiritualidade são temasrecorrentes no meu trabalho literário. Espero que mi-nhas histórias e verdades proporcionem a você mo-mentos de agradável leitura e reflexão.

Se você curtiu muito o texto que acabou de ler e quisercolaborar financeiramente, apoiando o meu trabalho, faça econfirme um depósito na minha poupança (ui!) e seu nomeficará registrado em meu site – menu “colabore” – na famosalista permanente dos leitores e fãs que apoiam o fofo doMoa! (eu me acho, né! :)

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Todo os artigos, contos e livros digitais (e-books) contidos emmeu site são de minha autoria e estão disponíveis de maneiraESTRITAMENTE GRATUITA. No entanto, se você quiserCONTRIBUIR ESPONTANEAMENTE para a continuidade daprodução literária exposta em moasipriano.com, poderádepositar o valor que você achar justo na seguinte conta-poupança:

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