Metro_03

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CIDADE METRÔ NEWS Segunda-feira, 9 de janeiro de 2012 3 Unidades prisionais têm o dobro da capacidade de detentos n LUCAS PIMENTA O ano de 2012 começa com um problema antigo e já conhe- cido do sistema prisional. As 12 unidades prisionais existentes na Capital, entre presídios, peni- tenciárias, centros de detenção provisória (CDP) e progressão penitenciária (CPP) têm, prati- camente, o dobro de presos que comportam. De acordo com um levanta- mento feito pelo Metrô News, com base em informações ofi- ciais da Secretaria da Adminis- tração Penitenciária (SAP), as unidades da cidade de São Paulo têm 7.139 vagas, mas, atualmen- te, alocam 13.726 presos. Uma diferença de 6.587 presos/vaga ou 92% de presos a mais do que deveriam. Na divisão por tipo de deten- ção, a pior situação é a dos CDPs. As sete unidades da Capital têm 3.040 vagas, mas abrigam 8.003 detentos, 163% acima da capacida- de. Por exemplo, no CDP IV, onde cabem 512 presos, estão 1.581. As três penitenciárias estão 45% acima de suas capacidades, abrigando 4.952 detentos em 3.407 vagas. Na única Penitenciária Fe- minina, onde cabem 251 detentas, estão 850 presas. Os dois CPPs não enfrentam problemas, já que com 800 vagas, tem 771 presos. Para o assessor jurídico da Pastoral Carcerária, José de Jesus Filho, essa superlotação cresceu em 2007, com a aprovação da lei Antidrogas. Segundo ele, por falhas para determinar quem é traficante ou usuário, as pessoas presas por envolvimento com drogas, que em 2006, eram 10%, em 2011, correspondem a 25% em São Paulo. especialcárcere Unidades prisionais lotadas e mal conservadas são problema antigo Segundo a SAP, em dezembro de 2001, a população prisional das unidades do Estado era composta por 67.624 indivíduos. Em dezembro de 2011 eram 173.989 pessoas em detenção provisória ou cumprindo pena em presídios sob gestão da Secretaria. Inexistência de programa de ressocialização eficaz contribui para o problema, já que muitas vezes o egresso volta para a prisão, diz o assessor jurídico da Pastoral Carcerária, José de Jesus Filho. CRESCENTE CONTINUA NA PÁG. 4 ANTONIO MILENA / AE

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3 3 3 METRÔ NEWS Segundo a SAP, em dezembro de 2001, a população prisional das unidades do Estado era composta por 67.624 indivíduos. Em dezembro de 2011 eram 173.989 pessoas em detenção provisória ou cumprindo pena em presídios sob gestão da Secretaria. Inexistência de programa de ressocialização eficaz contribui para o problema, já que muitas vezes o egresso volta para a prisão, diz o assessor jurídico da Pastoral Carcerária, José de Jesus Filho. ContInuA nA pág. 4

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3CIDADE 3METRÔ NEWS Segunda-feira, 9 de janeiro de 2012 3

Unidades prisionais têm o dobro da capacidade de detentos

n Lucas Pimenta

O ano de 2012 começa com um problema antigo e já conhe-cido do sistema prisional. As 12 unidades prisionais existentes na Capital, entre presídios, peni-tenciárias, centros de detenção provisória (CDP) e progressão penitenciária (CPP) têm, prati-camente, o dobro de presos que comportam.

De acordo com um levanta-mento feito pelo Metrô News, com base em informações ofi-ciais da Secretaria da Adminis-tração Penitenciária (SAP), as unidades da cidade de São Paulo têm 7.139 vagas, mas, atualmen-te, alocam 13.726 presos. Uma

diferença de 6.587 presos/vaga ou 92% de presos a mais do que deveriam.

Na divisão por tipo de deten-ção, a pior situação é a dos CDPs. As sete unidades da Capital têm 3.040 vagas, mas abrigam 8.003 detentos, 163% acima da capacida-de. Por exemplo, no CDP IV, onde cabem 512 presos, estão 1.581.

As três penitenciárias estão 45% acima de suas capacidades, abrigando 4.952 detentos em 3.407 vagas. Na única Penitenciária Fe-minina, onde cabem 251 detentas, estão 850 presas. Os dois CPPs não enfrentam problemas, já que com 800 vagas, tem 771 presos.

Para o assessor jurídico da Pastoral Carcerária, José de Jesus Filho, essa superlotação cresceu em 2007, com a aprovação da lei Antidrogas. Segundo ele, por falhas para determinar quem é traficante ou usuário, as pessoas presas por envolvimento com drogas, que em 2006, eram 10%, em 2011, correspondem a 25% em São Paulo.

especialcárcere

Unidades prisionais lotadas e mal conservadas são problema antigo

Segundo a SAP, em dezembro de 2001, a população prisional

das unidades do Estado era composta por 67.624 indivíduos. Em dezembro de 2011 eram 173.989 pessoas em detenção provisória ou cumprindo pena em presídios sob gestão

da Secretaria.

Inexistência de programa de ressocialização

eficaz contribui para o problema, já que

muitas vezes o egresso volta para a prisão, diz o assessor jurídico da

Pastoral Carcerária, José de Jesus Filho.

crescente

ContInuA nA pág. 4

ANTONIO MILENA / AE