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Ciência Animal, 22(1): 269-283, 2012 – Edição Especial
Ciência Animal, 22(1), 2012
Palestra apresentada no VI Congresso Norte Nordeste de Reprodução Animal, Fortaleza, CE, Brasil,
27 a 29 de junho de 2012. 269
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO SÊMEN
CRIOPRESERVADO DE CHARACIFORMES BRASILEIROS
(Methods for evaluating the quality of cryopreserved sperm from brasilian
Characiforms)
Mônica Aline Parente MELO-MACIEL*1
, Carminda Sandra Brito SALMITO-
VANDERLEY1, Liliane Veras LEITE
1, Cassia Evangelista de OLIVEIRA
1,
Mayara Setúbal OLIVEIRA1, Júlia Trugilio LOPES
1, José Ferreira NUNES
1
1. Núcleo Integrado de Biotecnologia, Faculdade de Ciências Veterinárias, Universidade Estadual do
Ceará, Fortaleza, Ce, Brasil.
Autor para correspondência: [email protected]
RESUMO
A criopreservação de gametas traz inúmeras vantagens para a produção e a reprodução
de diversas espécies, porém esta técnica promove danos estruturais às células que
prejudicam os resultados de fertilização. Vários métodos são empregados para avaliar a
conservação seminal entre elas motilidade, morfopatologias, morfometria e fertilização.
O primeiro método é mais comumente utilizado, pois é uma técnica rápida de avaliar a
qualidade seminal, o segundo e o terceiro permitem avaliar os danos morfológicos
causados pelo processo de criopreservação, porém o último é a técnica mais segura para
garantir que a metodologia de conservação gamética foi satisfatória.
Palavras-Chave: congelação, motilidade, morfologia, fertilização.
ABSTRACT
The cryopreservation of gametes brings many advantages for the production and
reproduction of many species, but this technique promotes structural damage to the cells
that affect the results of fertilization. Various methods are employed to assess the
conservation seminal including motility, morfophatology, mophorlogy and fertilization.
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The first method is more, commonly used because it is a rapid technique to assess
sperm quality, the second and third to assess morphological damage caused by the
cryopreservation process, but the latter is the safest technique to ensure that the
methodology of conservation gametic was satisfactory.
Keywords: freezing, motility, morphology, fertilization.
INTRODUÇÃO
A capacidade técnica de preservação de gametas e embriões de peixes e de
invertebrados aquáticos tem se expandido rapidamente nos últimos anos, impulsionada,
primariamente, pela indústria aquícola e pela exigência social (Miliorini, 2006). A busca
por técnicas cada vez mais apuradas de preservação de sêmen de peixes vem ao
encontro às questões econômicas e ecológicas atuais, sejam elas em programas de
melhoramento genético ou de conservação da biodiversidade (Streit Jr et al., 2009),
dessa forma, a aplicação dessa técnica em peixes está em amplo desenvolvimento
(Murgas et al., 2007).
A criopreservação constitui uma biotécnica importante na rotina da reprodução
induzida por, sobretudo, acelerar a melhoria genética de espécies de peixe, sendo ainda
indicada para minimizar a assincronia na maturação dos gametas, no uso seletivo de
reprodutores ou mesmo no transporte de gametas (Godinho, 2000). No entanto, os
processos de congelamento e descongelamento levam a uma redução do número de
espermatozoides normais, além de reduzir a taxa de motilidade e vigor, dificultando a
fertilização (Salmito-Vanderley, 2010). Diante disso, vários métodos são utilizados para
avaliar a qualidade seminal pós-descongelamento, uma vez que a avaliação das
características seminais são imprescindíveis na rotina de reprodução artificial em
qualquer espécie (Murgas et al., 2011).
Na presente revisão são abordados os principais métodos utilizados para avaliar
a qualidade do sêmen de Characiformes após o processo de criopreservação na última
década.
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Motilidade Espermática
A taxa de espermatozoides móveis é o critério mais utilizado para avaliar a
qualidade seminal após o descongelamento (Tab 1) (Murgas et al., 2011). Além da taxa
de espermatozoides móveis, outro critério importante para o sucesso da reprodução é a
duração da motilidade, pois normalmente os espermatozoides de teleósteos permanecem
móveis por um curto período de tempo, sendo inferior a um minuto (Melo e Godinho,
2006). Essa duração da motilidade espermática tem grande importância para a
fertilização, pois os espermatozoides precisam encontrar e penetrar a micrópila do
ovócito antes desta fechar-se pela hidratação (Morales, 1986).
Muitos fatores podem influenciar o tempo de motilidade dos espermatozoides de
peixes como a solução ativadora e sua osmolaridade (Alavi et al., 2009) e temperatura
(Billard et al., 1995), estado nutricional e sanitário dos animais, condições de análise e
espécie estudada (Murgas et al., 2011).
Entre as soluções ativadoras empregadas para avaliar a motilidade do sêmen
descongelado de Characiformes, a solução de bicarbonato de sódio 1% (NaHCO3) é a
mais comum. A solução de cloreto de sódio (NaCl) em diferentes concentrações
também é utilizada com sucesso para ativar sêmen descongelado de Characiformes. As
concentrações mais comuns são NaCl 0,15% (Melo e Godinho, 2006) e 0,29% (Orfão,
2010).
Tabela 1: Motilidade como método de avaliação da qualidade do sêmen criopreservado
de Characiformes brasileiros.
Espécie Motilidade Referência
Método de
avaliação Solução Ativadora
P. lineatus1 Subjetiva
Água destilada
NaHCO3119 mM Miliorini et al., 2006
P. lineatus1 Subjetiva
Água destilada
NaHCO3 60 mM
NaHCO3 119 mM
Murgas et al., 2007
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1 Família Prochilodontidae;
2 Família Anostomidae;
3 Família Characidae.
P. lineatus1 Subjetiva
Água destilada
NaCl 25 mM
NaCl 50 mM
NaHCO3 119mM
Viveiros et al., 2009b
P. lineatus1
Subjetiva
Objetiva-
(CASA-SCA®)
NaCl 50 mM Viveiros et al., 2010
L. obtusidens2 Subjetiva
NaCl 50mM
NaHCO3 119 mM Taitson et al, 2008
L. macrocephalus2 Subjetiva
NaCl 25mM
NaHCO3 119 mM
Água destilada
Ribeiro e Godinho,
2003
S. brasiliensis3 Subjetiva NaCl 50mM Viveiros et al., 2009a
P. brachypomus3
Subjetiva
Objetiva-
(CASA-SCA®)
NaCl 50 Mm Nascimento et al.,
2010
P. mesopotamicus3 Subjetivo Água destilada Streit Jr et al., 2006
P. brachypomus3
Objetiva-
(CASA-SCA®)
NaCl 50 mM Melo 2010
B. orbignyanus3 Subjetiva NaHCO3 119 mM Murgas et al., 2003
B. orbignyanus3 Subjetiva NaCl 50 mM Maria et al., 2006
B. amazonicus3 Subjetiva NaHCO3 119 mM
Velasco-Santamaria et
al., 2006
B. nattereri3 Subjetiva NaCl 50 mM Oliveira et al., 2007
B. opalinus3 Subjetiva NaCl 50 mM Orfão et al., 2010
B. insignis3 Subjetiva
NaCl 50mM
NaHCO3 119 mM Viveiros et al., 2011
C. macropomun3 Subjetiva NaHCO3 119 mM Menezes et al., 2008
C. macrompomun3
Objetiva
(CASA-SCA®)
NaCl 50mM Vieira, 2010
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Apesar dos métodos subjetivos serem utilizados rotineiramente, os métodos
objetivos de avaliação da motilidade seminal têm sido considerados mais relevantes na
pesquisa em reprodução (Oliveira et al., 2007). O sistema de análise seminal auxiliado
por computador (CASA) é formado por um microscópio de contraste de fase conectado
à uma câmera de vídeo que reproduz imagens para um computador com o software
Sperm Class Analyzer (SCA
®). Esse programa fornece os meios para uma classificação
objetiva e rápida de uma determinada população de espermatozoides. Com a utilização
do CASA é possível obter dados com altos níveis de confiança e repetibilidade
permitindo a comparação de estudos realizados em diversas partes do mundo.
Utilizando imagens digitais da trajetória de cada célula espermática, o CASA analisa,
além das taxas de motilidade, as propriedades de trajetória e velocidade dos
espermatozoides (Verstegen, Iguer-Ouada e Onelin, 2002).
Apesar das inúmeras vantagens da utilização de um sistema computadorizado,
seu uso não é rotineiro devido aos altos custos de aquisição do equipamento.
Morfopatologias Espermáticas
A integridade das estruturas espermáticas (cabeça, peça intermediária e cauda)
são essenciais para o bom desempenho dos espermatozoides (Kavamoto et al., 1999). A
avaliação da morfologia espermática auxilia, portanto, na definição da qualidade
seminal, pois está relacionada ao potencial fertilizante dos espermatozoides. A análise
da morfologia espermática, muitas vezes, poderá explicar a redução da motilidade do
espermatozoide e, por consequência, perda da capacidade fertilizante dos ovócitos
(Streit Jr, 2008).
Patologias como flagelo dobrado, cabeça isolada, gotas citoplasmáticas proximal
e distal são geradas durante a espermatogênese em decorrência de causas que acometem
os reprodutores, tais como enfermidades, consanguinidade, restrição alimentar e estresse
ambiental, sendo conhecidas como patologias primárias ou maiores. Por outro lado,
patologias como flagelo quebrado, enrolado, degenerado, macrocefalia e microcefalia
são, geralmente, associadas à coleta e manipulação do sêmen, e são classificados como
patologias secundárias ou menores (Herman, Mitchell e Doak, 1994). Esse método de
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análise é realizado por meio da observação dos espermatozoides em microscopia óptica,
e a classificação da patologia é feita de forma subjetiva.
Em estudos de criopreservação de sêmen de Characiformes, poucos trabalhos
avaliam a morfologia espermática como critério de definição da qualidade seminal pós-
descongelamento (Tab 2).
Tabela 2: Morfopatologias e morfometria como métodos de avaliação da qualidade do
sêmen criopreservado de Characiformes brasileiros.
1 Família Prochilodontidae;
2 Família Anostomidae;
3 Família Characidae; -- Parâmetro não
avaliado
Em procedimento de avaliação de sêmen de mamíferos, a morfopatologia dos
espermatozoides é considerada um parâmetro importante, e o Colégio Brasileiro de
Reprodução Animal (1998) recomenda não utilizar, na inseminação artificial ou monta
natural de mamíferos, sêmen com índices de espermatozoides com anormalidade acima
de 30%, em bovinos e equinos e de 20%, em ovinos e suínos. Para peixes essas
referências ainda não foram estabelecidas.
Apesar dos processos de criopreservação do sêmen provocarem danos à
morfologia espermática, esse método de avaliação dos espermatozoides é pouco
observado em estudos de criopreservação do sêmen de peixes. Sugere-se, portanto, que
os exames morfopatológicos dos espermatozoides de peixes devem ser incorporados à
rotina de avaliação do sêmen após a criopreservação (Taddei et al., 2001).
Morfometria espermática
Espécie Morfopatologias Morfometria Referência
Método
histológico Coloração
Método de
avalição
P. lineatus1
Lâmina-
lamínula
Sem
coloração --
Miliorini et al.,
2006
P. mesopotamicus3
Esfregaço
Corante Rosa
Bengala --
Streit Jr et al.,
2006
P. brachypomus3 -- -- ASMA-SCA
® Melo 2010
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Estudos têm descrito a ultraestrutura de espermatozoides de peixe e examinando
sua morfologia através da microscopia eletrônica de varredura e microscopia eletrônica
de transmissão (Cabrita et al., 2010), no entanto a microscopia eletrônica requer
reagentes e equipamentos caros e um maior tempo é necessário para realização das
análises (Marco-Jiménez et al., 2008). Dessa forma, uma boa alternativa é a utilização
de sistemas computadorizados desenvolvidos para análise da morfometria da cabeça de
espermatozoides. Um desses sistemas é o ASMA (Assisted Sperm Morphometry
Analyser), que permite a avaliação de um grande número de espermatozoides de forma
rápida e objetiva, sem qualquer interferência do avaliador. O ASMA já foi utilizado
para mensurar as medidas morfometricas da cabeça dos espermatozoides de tambaqui,
C. Macropomum (Leite et al., 2011) e espermatozoides frescos e após criopreservação
de pirapitinga, P. brachypomus (Melo, 2010) (Tab 2).
Apesar de diversos estudos utilizarem a morfologia espermática como forma de
avaliação da qualidade espermática, está é uma análise subjetiva que vem sendo
substituída gradativamente por métodos objetivos, como o ASMA, que permitem saber
exatamente as medidas da cabeça dos espermatozoides (Asturiano et al., 2007; Marco-
Jimenez et al., 2008).
Fertilidade
Embora os métodos de avaliação descritos nos tópicos anteriores possam ser
utilizados como critério de qualidade espermática após o descongelamento, eles não
garantem a capacidade fertilizante do sêmen. Portanto, o teste de fertilização é, sem
dúvida, o método mais apropriado e seguro para garantir a qualidade do sêmen.
Para avaliar a capacidade fertilizante do sêmen descongelado é utilizado o
método conhecido como fertilização a seco, no qual o sêmen é depositado sobre os
ovócitos e, após a homogeneização dos gametas, é acrescentada uma solução
hiposmótica para ativação dos espermatozoides e hidratação dos ovos, que
posteriormente são transferidos para incubadoras. Esse método otimiza a utilização do
sêmen criopreservado pela aproximação prévia dos gametas.
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A solução de bicarbonato de sódio 1% (NaHCO3) é utilizada com frequência
para a hidratação dos ovos e ativação espermática após a homogeneização dos gametas
em testes de capacidade fertilizante do sêmen criopreservado de Characiformes
(Carolsfeld et al., 2003; Ribeiro e Godinho, 2003; Velasco-Santamaria, Medina-Robles,
Cruz-Casallas, 2006). Outra solução também utilizada para hidratação dos ovos é a de
Cloreto de Sódio 50 mM (NaCl) (Taitson, Chami e Godinho, 2008). Alguns
pesquisadores utilizaram também água do tanque (Maria et al., 2006; Viveiros et al.,
2010) ou água destilada (Miliorini, 2006).
Outro critério que deve ser levado em consideração nos testes de capacidade
fertilizante do sêmen criopreservado é a proporção ideal de espermatozoides por
ovócito. Essa proporção é muito variável dependendo da espécie e da qualidade do
sêmen utilizado. Vale a pena ressaltar que, no caso de sêmen criopreservado, a
proporção de espermatozoides por ovócito é geralmente superior à utilizada para o
sêmen fresco devido a diminuição da qualidade espermática após o descongelamento.
De fato, nosso grupo de pesquisa também tem trabalhado na determinação da dose
espermática ótima (dados não publicados) e tem observado que, para a fertilização com
sêmen descongelado, há a necessidade de uma proporção espermatozoide/ovócito mais
alta que aquela utilizada com sêmen fresco, na espécie tambaqui.
Viveiros et al. (2009) observaram que a proporção ideal de espermatozoides pós-
descongelamento por ovócito foi 20,5 vezes superior à proporção ideal para sêmen
fresco em Salminus brasiliensis. Maria (2005) utilizou uma proporção 10 vezes maior
em relação ao sêmen fresco de Brycon. Por outro lado, alguns pesquisadores afirmam
que o excesso de espermatozoides para fertilização encobre a qualidade dos
espermatozoides criopreservados, dificultando as comparações entre protocolos
(Viveiros, So e Komen, 2000), e utilizam a mesma proporção de espermatozoides:
ovócito tanto para o sêmen fresco quanto para o descongelado (Viveiros et al., 2010)
(Tab 3).
Além da taxa de fertilização, a eclodibilidade e a taxa de sobrevivência de larvas
oriundas da fertilização de oócitos por células espermáticas criopreservadas é uma
variável que deve ser observada em protocolos reprodutivos em peixes. Apesar de sua
importância, a eclodibilidade e a taxa de sobrevivência larval são pouco observados em
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trabalhos com Characiformes (Fresneda et al. 2004; Maria, 2005; Viveiros e Godinho,
2009).
Tabela 3: Fertilização como método de avaliação da qualidade do sêmen
criopreservado de Characiformes brasileiros.
*Espermatozoides:ovócito; 1 Família Prochilodontidae;
2 Família Anostomidae;
3
Família Characidae; -- Parâmetro não avaliado
CONCLUSÕES
As técnicas subjetivas vêm sendo substituídas pelas objetivas no intuito de
diminuir as variáveis entre análises, principalmente em relação à motilidade
espermática. A análise da morfologia dos espermatozoides, apesar de ser pouco
utilizada entre os pesquisadores, é de suma importância para a determinação da
qualidade seminal. Em peixes, há uma grande necessidade de se desenvolver técnicas
Espécie Fertilização Referência
Meio de
hidratação
Dose
inseminante*
P. lineatus1
Água destilada
NaHCO3 119mM 43,6 x 10
5 Miliorini et al., 2006
P. lineatus1 Água do tanque 5 x 10
5 Viveiros et al., 2009b
P. lineatus1 Água do tanque 8 x 10
5 Viveiros et al., 2010
L. obtusidens2 NaCl 50mM 112456 Taitson et al, 2008
S. brasiliensis3 Água do tanque 28,7 x 10
5 Viveiros et al., 2009a
B. orbignyanus3 Água do tanque 46 10
5 Maria et al., 2006
B. amazonicus3 NaHCO3 119 mM 79000
Velasco-Santamaria et al.,
2006
B. opalinus3 Água do tanque 4,1 x 10
5 Órfão et al., 2010
C. macropomun3 NaHCO3 119 mM -- Menezes et al., 2008
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mais precisas de avaliação seminal, inclusive para se determinar parâmetros
direcionadores do que seria ou não um sêmen criopreservável ou criopreservado de boa
qualidade, como já existe para diversas espécies mamíferas.
Apesar da importância dos métodos citados, a fertilização continua sendo a
técnica mais confiável para avaliar a eficácia da criopreservação de sêmen de
Characiformes.
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