Metodologia na Pesquisa do Direito Aspectos teóricos II Saulo Cerutti.

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Metodologia na Pesquisa do Direito

Aspectos teóricos II

Saulo Cerutti

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Os Paradigmas de Conhecimento• Paradigma

(grego parádeigma, -atos) s. m.

• 1. Algo que serve de exemplo geral ou de modelo. = PADRÃO• 2. [Gramática] Conjunto das formas que servem de modelo

de derivação ou de flexão. =PADRÃO• 3. [Linguística] Conjunto dos termos ou elementos que

podem ocorrer na mesma posição ou contexto de uma estrutura.

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

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“Fazer uma alegação de conhecimento significa que os pesquisadores começam um projeto com determinadas suposições sobre como vão aprender e o que vão aprender durante a investigação. Essas alegações podem ser chamadas de paradigmas.” (LINCOLN E GUBA, 2000; MERTENS, 1998)

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Alegações de conhecimento Pós-Positivistas

Frequentemente, as alegações de conhecimento pós-positivistas são utilizadas em pesquisas quantitativas, criando uma relação de causa e efeito, com número de variáveis reduzidas. Neste paradigma, a pesquisa acontece com a adoção de uma teoria, coleta de dados que a apoiem ou refutem, realiza novas revisões e realiza testes de conformidade.

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Segundo Phillips e Burbules (2000)

•O conhecimento é conjectural – inexiste uma verdade absoluta, dessa forma, a pesquisa não busca validar as hipóteses, mas sim, encontrar a falha que possibilite sua refutação.•A pesquisa pode ser compreendida como a adoção de uma teoria, análise de alegações, teste destas e substituição por outras mais sólidas, num processo infindável.•Criado sobre considerações, dados e provas racionais e mensuráveis.•A pesquisa pretende por meio de testes de hipóteses encontrar a “verdade” que melhor se enquadre na relação de causa e consequência.•O essencial é a objetividade, portanto a busca por um método mais confiável, que determine padrões de validade para a pesquisa.

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Alegações de Conhecimento Construtivistas

As suposições identificadas nesses trabalhos afirmam que as pessoas tentam entender o mundo em que vivem e trabalham. Elas desenvolvem significados subjetivos para suas experiências – voltados diretamente para certos objetos ou coisas. Esses significados são variados e múltiplos, levando o pesquisador a buscar uma complexidade de visões, em vez de estreitar significados em poucas categorias ou ideias. (CRESWELL, 2007)

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Segundo Crotty (1998), no construtivismo pode ser destacado:

•Os significados são construídos à medida que os seres humanos se envolvem com os signos. Existe uma tendência ao uso de questões abertas, como forma de captar as impressões de cada participante.•Diferentes culturas e backgrounds criam formas diversas de tradução de signos e significados.•Como o processo de criação dos significados é sempre social, a pesquisa qualitativa adota um processo bastante indutivo, desvendando elementos a partir de dados coletados em campo.

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Alegações de Conhecimento reinvindicatória/participatória

Basicamente, esses pesquisadores acreditavam que a postura construtivista não fazia o suficiente para defender uma agenda ativa que ajudasse as pessoas marginalizadas. Esses pesquisadores acreditam que a investigação precisa ser entrelaçada com política e com uma agenda política. Assim, a pesquisa deve conter uma agenda de ação para reforma que possa mudar a vida dos participantes, as instituições nas quais as pessoas trabalham ou vivem e a vida do pesquisador. Além disso, é necessário abordar questões específicas que falem sobre aspectos sociais atuais importantes, como delegação de poder, desigualdade, opressão, dominação, supressão e alienação. (CRESWELL, 2007)

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Segundo Kemmis e Wilkinson (1998)

•A ação participatória é dialética, e tem o foco na mudança de práticas.•Concentra-se em ajudar as pessoas a se libertarem de constrangimentos encontrados na mídia, na linguagem, nos procedimentos de trabalho e nas relações de poder nos ambientes educacionais.•É emancipatória no sentido de que ajuda a libertar as pessoas de constrangimentos de estruturas irracionais e injustas, as quais limitam o autodesenvolvimento e a autodeterminação.•É completa no sentido de que é completada com pessoas, e não “sobre” ou “para” as pessoas.

Algumas linhas teóricas de pesquisa reivindicatória : Perspectivas feministas, discursos raciais, teoria crítica, teoria homossexual, investigações sobre deficientes físicos.

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Alegações de Conhecimento Pragmáticas

O Pragmatismo é um modelo sem técnicas determinadas. O foco fica no problema, com os métodos em segundo plano. Assim, são inúmeras as possibilidades de adequação dos meios de pesquisa. Adota normalmente os métodos mistos, não por uma escolha específica, mas pela amplitude de interlocuções. Embora em um momento, possa parecer mais fácil a adoção de uma alegação tal como esta, pela inexistência de modelos, a complexidade é gigantesca, pois é necessário o conhecimento de todos os outros paradigmas e métodos de pesquisa na justificativa de sua adoção.

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Segundo Creswell (2007)

•Não existe o comprometimento com um sistema único, migrando de suposições qualitativas e quantitativas livremente.•As necessidades criam a urgência pelos métodos.•A busca pela verdade é o essencial, não ficando adstrito à dualidade procedimental dos demais paradigmas.•Os pesquisadores precisam justificar, estabelecendo um objetivo para a “mistura” de modelos.

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Pesquisas Quantitativas e Qualitativas

Não existe um método de pesquisa certo ou errado, mas sim um que melhor se enquadre e torne viável a realização do trabalho.

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Pesquisa Quantitativa

O modelo de pesquisa quantitativa é altamente descritivo, com o pesquisador buscando o maior número de dados e com a maior correção possível. Se o objeto de pesquisa for a busca de uma medição precisa, sem a influência da subjetividade, a adoção deste procedimento pode ser salutar.

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Segundo Marconi e Lakatos (2011) as principais características do enfoque quantitativo são:

•Evidencia a observação e a valorização dos fenômenos;•Estabelece ideias;•Demonstra o grau de fundamentação;•Revista ideias resultantes de análise;•Propões novas observações e valorizações para esclarecer, modificar e/ou fundamentar respostas e ideias.

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Vantagens:

•Precisão e controle;•Integração dos métodos de quantificação e qualificação;•Explicitação dos passos da pesquisa;•Prevenção da inferência e da subjetividade do pesquisador.

Desvantagens:

•Excessiva confiança dos dados;•Falta de detalhes do processo e de observação sobre diferentes aspectos e enfoques;•Certeza nos dados colhidos;•Desenvolvimento com a situação da pesquisa.

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Pesquisa Qualitativa

Em contraposição à postura quantitativa, que privilegia o uso de dados puros, isentos de interferência externa, a qualitativa desloca o foco da pesquisa para o contexto, para a natureza dos fatos.

Mesmo diante da utilização de dados tabulados, as pesquisas que adotam este método, realizam uma avaliação precisa da natureza, do alcance e das interpretações dos fenômenos.

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Principais características da pesquisa qualitativa:

•Ter ambiente natural como fonte direta dos dados;•Ser descritiva; •Analisar intuitivamente os dados;•Preocupar-se com o processo e não só com os resultados e o produto;•Enfatizar o significado.

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Método misto

Independe de explicação mais aprofundada, pois como a própria denominação já traduz, refere-se à construção de um procedimento livre, incorporando técnicas de pesquisas quantitativas e qualitativas.

Pode dar-se com uma formação de peso igualitário entre os dois métodos, ou com a existência de predominância pra determinado lado.

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Estratégias de pesquisa

Qualitativas

Etnografia – Tradicionalmente utilizado pelos antropólogos, baseia-se no contato intersubjetivo do pesquisador com o objeto. Consiste no levantamento do maior número de detalhes possíveis sobre grupos sociais (sejam tribos indígenas ou qualquer outro grupo). Tem como base a observação e a descrição.

Pesquisa-ação – Caracteriza-se pela vinculação da teoria e da ação, o pesquisador procura causar uma mudança no contexto em que atua. Planeja assim, por meio de diagnóstico, reflexão e ação, melhorar a vida dos participantes. Nesta estratégia, o pesquisador não é o dono da pesquisa, esta é construída ( e planejada) conjuntamente.

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Pesquisa-intervenção – Juntamente com a pesquisa-ação, são formas de pesquisa participativa, amplia-se a ação, intervindo sócio analiticamente nas coletividades e em sua diversidade qualitativa.

Estudo de caso – Provém de uma tradição sociológica (ao contrário da etnografia, que é antropológica) Segundo Markoni e Lakatos (2011, p. 274) “refere-se ao levantamento com mais profundidade de determinado caso ou grupo humano sob todos os seus aspectos. Entretanto, é limitado, pois se restringe ao caso que estuda, ou seja, um único caso, não podendo ser generalizado”.

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Quantitativas

Levantamento (survey) – Pesquisa que permite a obtenção de dados, informações, opiniões e ações de certo grupo. Pode ser exemplificada pela pesquisa de mercado, e coleta de dados. São normalmente feitas por questionários, abertos ou fechados, como forma de espelhamento das opiniões ou comportamentos de determinada fração da população.

Delineamento – Forma de pesquisa descritiva, que trabalha quantitativamente, com a ocorrência de determinadas variáveis em momentos distintos, comparando-as. Não busca determinar fenômenos, apenas apresentando os dados, sem provar as relações de causa e efeito.

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Pesquisa experimental- é o exemplo clássico do “método científico”, com total coordenação das variáveis, podendo separá-las, programando ou não o ambiente. Isola-se uma variável independente para conhecer o efeito da dependente direta.

Pesquisa quase experimental – Nesta modalidade, restringe-se o número de variáveis no sistema, e embora ela possa ter sido manipulada, não foi por obra direta e exclusiva do pesquisador.

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Técnicas e instrumentos de pesquisa

Qualitativas:

Entrevista – É um instrumento básico de coleta de dados, diretamente da fonte primária, diferentemente de questionários, inclusive os com questões abertas, a entrevista possibilita ao pesquisador, a condução da conversa até uma exploração mais profunda e verdadeira. Pode ser estruturada, semiestruturada, ou desestruturada.

Grupo focal – Trabalha na mesma lógica da entrevista, mas enquanto esta questiona indivíduos, aquela investiga pequenos grupos. A ideia central desta técnica, é que a energia gerada pelo grupos, gera uma diversidade e profundidade de respostas maior que aquelas conquistadas individualmente.

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Observação – Nesta técnica, o pesquisador situa-se em um local isento ao contexto que o cerca. O investigador percebe as rotinas, os desejos, as ações dos observados, relatando fidedignamente todos os dados relevantes.

Observação participante – Difere da observação simples, pela desnecessidade de isenção ao fenômeno. O investigador, neste caso, não é apenas um espectador, interagindo, buscando partilhar o cotidiano, para sentir e relatar de forma mais próxima e sensível os detalhes que talvez não poderia perceber quando externo.

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Pesquisa documental – Quando já existe tabulação de dados, não é necessário que o pesquisador colete-as novamente (a não ser que esta seja a intenção). Assim, a pesquisa documental é aquela que vai às fontes primárias ou secundárias, tais como fotografias, censos, legislações, etc.

Pesquisa bibliográfica – Difere da pesquisa documental pelo não acesso aos documentos de origem, mas sim a literatura existente sobre eles. Ex. Pesquisa aos dados puros do censo – pesquisa documental. Pesquisa aos dados tabulados do censo – pesquisa bibliográfica.

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Quantitativas:

Questionários – Enquanto a entrevista cria uma relação direta e pessoal entre o pesquisador e o pesquisado, o questionário mantém a separação entre os participantes. Permite a tabulação de dados quantitativos, por perguntas abertas ou fechadas. O questionário é respondido sem a presença do entrevistador.

Inventários – é uma forma de pesquisa destinada à coleta de dados. Levantamento de dados, de quantidade e de elementos.

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Formulário – Um conjunto de questões enunciadas e preenchidas pelo entrevistador.

Escalas – São métodos de mensuração quantitativa, bastante comuns em questionários e formulários. Ex. Concorda plenamente, concorda, discorda, discorda plenamente.

Experimentos – Consiste no domínio de variáveis (menores ou menores), de forma que possa isolá-las e determinar testes de veracidade.

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Referências:

MEZZAROBA, Orides; MONTEIRO, Claudia Servilha. Manual de Metodologia da Pesquisa no Direito. São Paulo: Saraiva, 2004.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2011.

DMITRUK, Hilda Beatriz. (org) Cadernos Metodológicos – diretrizes do trabalho científico. Chapecó: Argos, 2009.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 15 ed. São Paulo: Cortez, 2007)

BAPTISTA, Makilim Nunes. Metodologias de pesquisa em ciências: análises quantitativa e qualitativa. Rio de Janeiro: LTC, 2007.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11 ed. São Paulo: Hucitec, 2008.