Metodologia do Trabalho Científico

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Método Científico Nome: Marco Artur Faróia Ribeiro - (1001620) Unidade Curricular: Biologia Geral I Turma: A 1. Introdução Neste primeiro e-Fólio, e atendendo à liberdade de escolha que foi dada, escolhi falar um pouco sobre o método cientifico e a sua aplicação às ciências naturais e humanas. 2. Método Científico Método (de meta = através de e hodos = caminho, vias), significa o caminho através do qual é possível atingir um dado objectivo proposto antecipadamente. Deve-se acrescentar a esta definição que método contrapõe-se ao acaso e à sorte, visto possuir uma ordem, um conjunto de regras explícitas, tal como as razões pelas quais essas regras são adoptadas. Estas regras oferecem garantias de facilidade, rapidez, eficácia, não se trata apenas de um caminho, mas de um caminho que poderá abrir outros que aumentam as probabilidades de se alcançarem os objectivos propostos. ”É o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista” (Lakatos e Markoni, 2010, p. 65). Nas mais variadas situações do dia-a-dia, utiliza-se o método, temos várias formas de alcançarmos os nossos objectivos diários, quer seja deslocar de casa para o trabalho, para nos alimentarmos. Agimos, sem perguntar qual a melhor forma de fazer as coisas, não paramos para avaliar o que fazemos e como fazemos, a não ser que alguma coisa corra mal. É precisamente neste ponto que o Método Cientifico actua de forma a apresentar e discutir o como fazer, uma vez que ao fazer uma pesquisa e ao construirmos o conhecimento, seguimos caminhos que foram validados pela experiência daqueles que nos antecederam. Segundo Umberto Eco (1977), um estudo é científico quando respeita alguns requisitos. Deve tratar de um objecto reconhecível e definido de modo que possa ser reconhecido pelos outros. O objecto de estudo deverá ser algo que ainda não foi estudado ou então rever, usando uma abordagem diferente, o que foi estudado. A pesquisa deverá ser útil, pelo que os trabalhos posteriores deverão levá-la em conta. A pesquisa deverá também fornecer elementos, com os quais de se pode proceder à verificação e contestação das hipóteses apresentadas, de forma a ser possível a continuação da pesquisa. Deste modo podemos referir o método científico como um caminho rigoroso, sistematizado, ordenado, com o objectivo de atingir conhecimentos válidos, ao mesmo tempo o objecto de estudo deverá ser reconhecível e possível de verificação.

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Page 1: Metodologia do Trabalho Científico

Método Científico

Nome: Marco Artur Faróia Ribeiro - (1001620)

Unidade Curricular: Biologia Geral I

Turma: A

1. Introdução

Neste primeiro e-Fólio, e atendendo à liberdade de escolha que foi dada, escolhi falar um

pouco sobre o método cientifico e a sua aplicação às ciências naturais e humanas.

2. Método Científico

Método (de meta = através de e hodos = caminho, vias), significa o caminho através do qual é

possível atingir um dado objectivo proposto antecipadamente. Deve-se acrescentar a esta

definição que método contrapõe-se ao acaso e à sorte, visto possuir uma ordem, um conjunto

de regras explícitas, tal como as razões pelas quais essas regras são adoptadas. Estas regras

oferecem garantias de facilidade, rapidez, eficácia, não se trata apenas de um caminho, mas de

um caminho que poderá abrir outros que aumentam as probabilidades de se alcançarem os

objectivos propostos.

”É o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia,

permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser

seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista” (Lakatos e Markoni, 2010, p.

65).

Nas mais variadas situações do dia-a-dia, utiliza-se o método, temos várias formas de

alcançarmos os nossos objectivos diários, quer seja deslocar de casa para o trabalho, para nos

alimentarmos. Agimos, sem perguntar qual a melhor forma de fazer as coisas, não paramos

para avaliar o que fazemos e como fazemos, a não ser que alguma coisa corra mal.

É precisamente neste ponto que o Método Cientifico actua de forma a apresentar e discutir o

como fazer, uma vez que ao fazer uma pesquisa e ao construirmos o conhecimento, seguimos

caminhos que foram validados pela experiência daqueles que nos antecederam.

Segundo Umberto Eco (1977), um estudo é científico quando respeita alguns requisitos. Deve

tratar de um objecto reconhecível e definido de modo que possa ser reconhecido pelos outros.

O objecto de estudo deverá ser algo que ainda não foi estudado ou então rever, usando uma

abordagem diferente, o que foi estudado. A pesquisa deverá ser útil, pelo que os trabalhos

posteriores deverão levá-la em conta. A pesquisa deverá também fornecer elementos, com os

quais de se pode proceder à verificação e contestação das hipóteses apresentadas, de forma a

ser possível a continuação da pesquisa.

Deste modo podemos referir o método científico como um caminho rigoroso, sistematizado,

ordenado, com o objectivo de atingir conhecimentos válidos, ao mesmo tempo o objecto de

estudo deverá ser reconhecível e possível de verificação.

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Como se deve planear uma experiência e quais as etapas envolvidas até se encontrar respostas

para as perguntas, se solucionar um problema ou até se alcançar o objectivo? Inicialmente

dever-se-á proceder à observação, posteriormente formular a hipótese e finalmente proceder-se

á experimentação.

A observação consiste em aplicar atentamente os nossos sentidos a um objecto, fenómeno ou

problema de modo a se adquirir um conhecimento claro e preciso, ou seja o seu acontecimento,

as circunstâncias em que se produz e as suas características. A observação deverá ser reiterada,

minuciosa, rigorosa e sistemática, isto é, deverá ser realizada várias vezes, deverá identificar e

ter em atenção ao maior número possível de detalhes, deverá ser realizada com a maior

precisão possível e deverá ser efectuada de forma ordenada. A observação pressupõe as

seguintes condições: físicas (órgãos sadios tais como os olhos e ouvidos e bons instrumentos

que permitam o aumento do alcance da precisão e o registo do objecto), intelectuais

(curiosidade, observação do que se vê todos os dias e sagacidade, discernir os factos

significativos) e morais (paciência, aguardar pela conclusão do objecto, coragem, para se poder

enfrentar os perigos e imparcialidade, não deverá existir preocupação com o resultado).

Após a observação do objecto e após a reunião de documentação suficiente, deve-se procurar

explicar e justificar cada uma das características de tal objecto. Deve-se começar por fazer

várias suposições que são testadas experimentalmente e finalmente escolhe-se como explicação

a justificação mais completa e simples e que melhor se ajusta aos conhecimentos gerais da

ciência. Esta explicação racional, razoável e suficiente é designada por hipótese científica.

A hipótese é deste modo uma suposição verosímil e deve ser comprovada para todos os casos

conhecidos através da realização das experiências. Através da hipótese supõe-se ser conhecida

a verdade ou a explicação que se procura do objecto ou fenómeno. Procura-se comprovar

factos para explicar ou resolver o problema proposto. A hipótese tem função prática e teórica.

A função prática orienta o pesquisador, coloca-o na direcção da causa provável. A função

teórica coordena e completa os resultados obtidos, agrupando-os num conjunto completo de

factos de modo a facilitar o seu estudo e compreensão.

A hipótese pode ser indutiva, quando a causa do objecto ou fenómeno for um dos seus

antecedentes, ou pode ser analógica, quando é inspirada por certas semelhanças entre o objecto

ou fenómeno que se quer explicar e outro já conhecido. A hipótese não deve contradizer

nenhuma verdade já aceite ou explicada, deve ser simples e deve ser sugerida e verificável

pelos factos.

Uma vez formulada a hipótese, esta deve ser comprovada para todos os casos através da

realização de experiências.

A experiência é deste modo um conjunto de processos utilizados para verificar a hipótese. Na

experiência impera o princípio de que nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem

os mesmos efeitos.

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Francis Bacon, político, filósofo e ensaísta inglês (1561-1626), sugeriu regras para a

experimentação. Alargar a experiência, através do aumento a intensidade da causa para ver se a

intensidade do fenómeno aumentava na mesma proporção. Variar a experiência ao aplicar a

mesma causa a objectos diferentes. Inverter a experiência aplicando a causa contrária a fim de

ver se o efeito contrário se produz. Recorrer aos casos da experiência.

Na prática a experiência pode ser desenvolvida de muitas formas.

O método científico é aplicável tanto às ciências naturais como às ciências humanas. Às

ciências naturais são aplicáveis os Métodos Dedutivo, o Indutivo e o Hipotético-Dedutivo,

enquanto às ciências humanas são aplicáveis os Métodos Dialéctico, o Fenomenológico, o

Histórico, o Comparativo, o Estatístico e o Funcionalista.

O Método Dedutivo, foi proposto pelos racionalistas René Descartes (1596-1650), Baruch

Spinoza (1632-1677) e Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1717). Este método pressupõe que só

a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem como

objectivo a explicação do conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeira de raciocínio

em ordem descendente, de análise do geral para o particular chega-se a uma conclusão. Usa o

silogismo, construção lógica para, com base em duas premissas, retirar uma terceira

logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão (GIL, 1999; LAKATOS;

MARCONI,1993).

Um exemplo de raciocínio dedutivo será: todos os mamíferos têm coração (premissa maior), o

meu cão é um mamífero (premissa menor), logo, o meu cão tem coração (conclusão).

O Método Indutivo é proposto pelos empiristas Francis Bacon (1561-1626), Thomás Hobbes

(1588-1679), John Locke (1632- 1704) e David Hume (1711-1776). Este método fundamenta o

conhecimento na experiência, não leva em conta princípios preestabelecidos. No raciocínio

indutivo a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações

particulares levam à elaboração de generalizações (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993).

Um exemplo de raciocínio indutivo será: Pedro, José, João... são mortais. Ora, Pedro, José,

João... são homens. Logo, (todos) os homens são mortais.

O Método Hipotético-Dedutivo é proposto por Karl Raimund Popper (1902-1994), é um

método que parte de um problema (P1), ao qual se oferece uma espécie de solução provisória,

uma teoria-tentativa (TT), passando-se depois a criticar a solução, com vista à eliminação do

erro (EE) e, tal como no caso da dialéctica, esse processo se renovaria a si mesmo, dando

surgimento a novos problemas (P2): P1__TT__EE__P2. Segundo Popper, “a ciência começa e

termina com problemas.” Este método pode então ser expresso atravéz de três etapas. Etapa 1,

expectativas ou conhecimento prévio, etapa 2, problema - conjecturas e etapa 3, falseamento.

O Método Dialéctico fundamenta-se na dialéctica proposta por George Wilhelm Friedrick

Hegel (1770-1831), onde as contradições se transcendem dando origem a novas contradições

que passam a requerer solução.

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O Método Fenomenológico é preconizado por Edmund Husserl (1859-1938), é um método não

dedutivo e não indutivo. Preocupa-se com a descrição directa da experiência tal como ela é. A

realidade é construída socialmente e entendida como o que foi compreendido, interpretado e o

comunicado.

O Método Histórico, parte do princípio de que as formas actuais de vida social, as instituições

e os costumes têm origem no passado, consistindo na investigação dos acontecimentos,

processos e instituições do passado, para verificar a sua influência na sociedade hoje.

O Método Comparativo, tal como o nome sugere, realiza comparações com a finalidade de

verificar semelhanças e explicar divergências. É um método usado quer para comparações de

grupos no presente ou no passado, quer entre os existentes e os do passado.

O Método Estatístico fundamenta-se na utilização da teoria estatística das probabilidades. As

suas conclusões apresentam grande probabilidade de serem verdadeiras, admite uma margem

de erro. Esta manipulação estatística permite comprovar as relações dos objectos entre si, e

obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado.

O Método Funcionalista é mais método mais de interpretação do que de investigação. A

sociedade é formada por parte que estão, diferenciadas, inter-relacionadas e que são

interdependentes. As partes são melhor entendidas se forem compreendidas as funções que

desempenham no todo. Este método, estuda a sociedade do ponto de vista da função das suas

unidades, como um sistema organizado de actividades.

3. Conclusão

O Método Ciêntifico caracteriza-se por uma abordagem ampla, ao nível da abstracção dos

fenómenos da natureza e da sociedade.

4 Referência Bibiliográfica

Vasconcelos, A. L. T., Rittner, M., Rodrigues, S. S. (1979) O Método Cientifico Teoria e

Prática, São Paulo, Editora Mosaico Ltda.

Chibeni, S. S, Algumas observações sobre o “método científico”, Departamento de Filosofia,

IFCH, Unicamp, Brasil. Web site: www.unicamp.br/~chibeni.

Frota, M. G. (2008) Métodos e técnicas de Pesquisa, Universidade Federal de Minas Gerais,

Escola de Biblioteconomia

http://www.molwick.com/pt/livros/index.html, Os métodos científicos. O método indutivo e

dedutivo. Neves, L. P. (2008) Metodologia do Trabalho Científico Fundamentos

metodológicos e normas para apresentação de trabalhos académicos, Universidade de Santo

Amaro

http://pt.wikipedia.org/