Metodologia do ensino das artes visuais

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bbmmm METODOLOGIA DO ENSINO DAS ARTES VISUAIS AVALIAÇÃO FINAL DA DISCIPLINA JUNTO AO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTE Trabalho mostrando uma pesquisa preliminar sobre uma das fundamentações que orienta o trabalho com a Arte nos ambientes educativos: a Metodologia Triangular. 200 8 Henrique Gomes de Lima Outubro/2008

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METODOLOGIA DO ENSINO DAS ARTES VISUAISAVALIAÇÃO FINAL DA DISCIPLINA JUNTO AO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTETrabalho mostrando uma pesquisa preliminar sobre uma das fundamentações que orienta o trabalho com a Arte nos ambientes educativos: a Metodologia Triangular.

2008

Henrique Gomes de LimaOutubro/2008

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HENRIQUE GOMES DE LIMA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁCENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DE ARTEDISCIPLINA: METODOLOGIA DO ENSINO DAS ARTES VISUAIS

PROFESSOR: JORGE LUIZ SILVEIRA DE ARAÚJOALUNO: HENRIQUE GOMES DE LIMA

METODOLOGIA TRIANGULAR

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Historicizando e conceituando a Metodologia Triangular

Desde as primeiras décadas do século XX no Brasil, o ensino das artes

esteve voltado para a valorização do desenvolvimento da auto-expressão e da

auto-descoberta. Muitas experiências positivas foram realizadas nesse sentido, e

muitos equívocos foram cometidos. Nos anos 70, aflora entre os profissionais

ligados ao ensino da arte, uma preocupação e um questionamento sobre a

proposta educativa em arte centrada, apenas, no fazer. Sem negar a produção das

manifestações artísticas nas diversas linguagens, teatro, dança, música e artes

plásticas, os educadores iniciaram um processo de discussão e pesquisa que

direcionasse o ensino também para o conhecimento da arte e sua apreciação.

Sobre essa questão, ou seja, esse absorver, sobre esse captar, é muito

interessante analisar o que nos fala Da Vinci: "Não vês que o olho abraça a

beleza do mundo inteiro? (...) É janela do corpo humano, por onde a alma

especula e frui a beleza do mundo, aceitando a prisão do corpo que, sem

esse poder, seria um tormento (...) Ó admirável necessidade! Quem

acreditaria que um espaço tão reduzido seria capaz de absorver as imagens

do universo? (...) O espírito do pintor deve fazer-se semelhante a um espelho

que adota a cor do que olha e se enche de tantas imagens quantas coisas

tiver diante de si." Nessa perspectiva, No final da década de 1980, Ana Mae

Barbosa (1988) adaptou a proposta do Projeto Discipline Based Art Education

(DBAE) para o que denominou de Metodologia Triangular, por envolver três

vertentes: o fazer artístico, a leitura da imagem e a contextualização histórica da

arte, consiste no intercruzamento desses três focos de aprendizagens advindos do

ensino da história da arte, da apreciação de obras de arte e da produção artística.

Para Ana Mae Barbosa, "A produção de arte faz a criança pensar

inteligentemente acerca da criação de imagens visuais, mas somente a

produção não é suficiente para a leitura e o julgamento de qualidade das

imagens produzidas por artistas ou do mundo cotidiano que nos cerca. (...)

Temos que alfabetizar para a leitura da imagem. Através da leitura das obras

de artes plásticas estaremos preparando a criança para a decodificação da

gramática visual, da imagem fixa e, através da leitura do cinema e da

televisão, a preparemos para aprender a gramática da imagem em

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movimento. Essa decodificação precisa ser associada ao julgamento da

qualidade do que está sendo visto aqui e agora e em relação ao passado’’.

Essa preocupação em torno do conhecer, do apreciar e do fazer arte

resultou no Brasil na metodologia triangular proposta por Ana Mae Barbosa, tendo

como referência trabalhos desenvolvidos por ingleses e americanos, preocupados

com um currículo que privilegiasse o fazer artístico, a história da arte e a análise da

obra de arte, visando não só o desenvolvimento dos educandos, mas a suas

necessidades e seus interesses. Dessa forma as atividades de arte na escola

passariam a ter um significado para o educando, deixando de ser uma atividade

incompreendida ou mero passa-tempo.

O Ensino e a Aprendizagem

É importante citar nessa abordagem de trabalho que as discussões que

permeiam as questões sobre os referenciais devem sempre atentar para o caráter

histórico-social da Arte-educação e também para o papel da arte na modernidade.

Pedagogicamente podemos concluir que o primeiro dos tripés da metodologia, o

fazer artístico, tem estreitamente se identificado, na prática dos arte-educadores

que professam a Metodologia Triangular, com aquilo que se convencionou chamar

releitura: o aprendiz criança toma como estímulo para a sua criação artística não

um qualquer objeto natural ou imaginário, mas sim uma obra de arte por direito

próprio (uma pintura, um desenho, uma escultura, ...), que não é encarada como

um modelo a ser fielmente copiado mas, essencialmente, como um “suporte

interpretativo” para a produção de trabalhos autônomos (Barbosa, 1991, p.107).

A interseção da história da arte, leitura da obra de arte (crítica e estética) e

fazer artístico num mundo cada vez mais ocupado pela imagem e seus ícones é

fator essencial para o desenvolvimento cultural e para a formação de pessoas mais

capazes de pensar inteligentemente acerca dos contextos. Relacionar arte ao seu

meio ambiente, investigar e explorar situações e relações, formular hipóteses e

realizar julgamentos se justificam no processo de experimentação e reflexão que a

arte proporciona. A metodologia triangular, mais tarde designada por "abordagem",

relaciona as quatro mais importantes coisas que as pessoas fazem com a arte: elas

a produzem, elas a vêem, elas procuram entender seu lugar na cultura através do

tempo, elas fazem julgamento acerca de sua qualidade."

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A função da arte na escola é formar o conhecedor, fruidor e decodificador

da imagem, seja arte ou não.

A produção artística traz muitas interrogações, que somente são respondidas

através do olhar crítico, preparado e amadurecido no contexto que a História nos

conferiu e argumentados nos julgamentos de valor.

Até o surgimento da Metodologia Triangular, com raras exceções, o ensino

da arte resumia-se a um certo fazer artístico encarado como entretenimento,

muitas vezes confundido com artesanato, com a produção de decorações e objetos

para festas, principalmente em datas comemorativas. Era esse o tipo de fazer

artístico que dominava as aulas de artes nos anos 70. Quem nunca viu crianças

saindo das escolas na época da Páscoa com os rostos pintados e as cabeças

enfeitadas por orelhas de coelho feitas com cartolina branca e recheadas de

algodão? Este é apenas um exemplo, mas existem muitos outros.

Competências necessárias ao educador

Como chegar mais e melhor aos alunos fazendo com que as artes possam

ocupar um papel mais central no ensino? Como fazer com que as artes toquem a

sensibilidade deste aluno, freqüentemente resgatando-o do desinteresse por um

ensino de má qualidade que o joga para fora da escola? Como fazer com que o

papel humanizador da arte possa fazer uma ponte com suas inquietações humanas

e cidadãs, devolvendo o sentido à escola? É nesse contexto que a formação do

professor de arte é outro ponto a ser citado, para entender como a prática docente

desta disciplina assumiu essa forma: empobrecida, esvaziada de significado e

distante da realidade dos alunos, conseqüentemente fraca e desestimulante até

mesmo para os próprios professores. O professor não deve prescindir de sua

própria condição de criador pois há de refletir sobre interesses, vivências,

linguagens e modos de conhecimento em arte e práticas de seus alunos. É

fundamental conhecer a quem seu conteúdo se dirige e também as teorias do

desenvolvimento humano. O domínio do conteúdo específico de sua disciplina é

fundamental para a realização de uma prática tranqüila e viabilizadora de uma

sociedade inclusiva. É preciso ainda reconhecer procedimentos pedagógicos que

auxiliam as manifestações estéticas e reflexivas. Faz-se necessário utilizar

recursos avaliativos interessados na qualidade e na excelência no ensino da arte.

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É ainda papel do professor, ajudar seu aluno a encontrar e construir

sentido para as informações que recebe, cada vez menos através da escola, cada

vez mais por meio do acesso às mídias digitais, visto que mesmo o aluno da rede

pública já tem acesso à internet e a outras fontes midiáticas de informação. Educar,

num contexto complexo, não significa apenas pensar-analisar-interpretar forma e

conteúdo, meio e mensagem, mas significa igualmente sentir-agir-transformar,

desse modo exercendo um papel recriador na realidade cotidiana. Isso implica

entender a comunicação midiática como um processo não apenas válido, mas

também poderoso de construção de conhecimento e de mediação social, nos

espaços de produção e transformação da cultura. Antes de ser preparado para

explicar a importância da Arte na Educação, o professor deverá estar preparado

para entender e explicar a função da arte para o indivíduo e para a sociedade.

A importância para o aluno

A arte é inerente ao ser humano, que se educa no contexto das

manifestações culturais e se humaniza e se emociona à cada experiência ou

vivência estética. Proporcionar tal condição aos estudantes, não apenas é

importante, mas vital para sua formação enquanto ser. A linguagem não é apenas

meio de expressão, ela é condição indispensável à organização da vida mental do

ser humano. Portanto, aprender a lidar com o material artístico e transformá-lo em

instrumento de linguagem é sem dúvida dar acesso a capacidade de expressão

que todos nós possuímos. A arte é capaz de fazer flexibilizar pensamentos e

relações onde o criador é sempre capaz de conectar e mudar as interações

produzidas no mundo da imagem pré-concebida. Percebe as transformações e se

percebe transformador. Ele se faz um solucionador de problemas e é essa

capacidade que o torna apto a criar e a superar os seus próprios limites em seu

processo de tensão.

Ao encontrar-se com o conhecimento formal de um curso de arte, o aluno

traz todo o conhecimento adquirido ao longo de seus anos através de experiências

e informações que recebe na rua, em casa, na instituição e na escola. No entanto,

a dialética entre arte e educação segue rumos diferentes: a primeira, suscita o

pensamento divergente, de natureza mutativa; a segunda, remete ao pensamento

convergente, de natureza conservativa. Num contexto onde todas as informações

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parecem estar em direções opostas e contrastantes, a arte é um elemento

unificador e pacificador da aprendizagem.

Para Pimentel (1989),

Arte e liberdade devem andar de mãos dadas.

Arte não gosta de amarras, de lições de boas Maneiras.

De ficar calado.

De ficar inerte nos

Quadriláteros do mundo.

Arte é vôo sem limites. Rio sem margens.

Mar sem ilhas. Arte é liberdade. Arte é voar.

A atividade artística bem conduzida pelo professor aguça a criatividade, incentiva a

coragem, fragmenta os bloqueios, possibilita a segurança e a desenvoltura,

mobiliza e conduz ao aprendizado.