Método Permatus Para a Seleção de Materiais

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    MTODO PERMATUS PARA ASELEO DE MATERIAIS

    Maria Regina Alvares Correia Dias (UEMG)[email protected]

    Leila Amaral Gontijo (UFSC)[email protected]

    Este artigo tem o propsito de discutir questes relacionadas seleo

    dos materiais durante o processo de desenvolvimento de produtos. O

    estudo se baseia na pesquisa de doutorado cujo propsito foi

    desenvolver o mtodo Permatus para auxilliar os designers na seleodos materiais considerando os atributos subjetivos dos materiais como

    forma de valorizar o produto final. A parte do estudo aqui apresentado

    enfatiza a importncia de aplicar diversos tipos de testes para

    avaliao com os usurios ao longo de todo o processo, como

    demonstrar as vrias modalidades aplicativas do mtodo proposto

    durante todas as fases de projeto.

    Palavras-chaves: Design industrial, seleo de materiais, processo de

    desenvolvimento de produto (PDT), percepo dos usurios

    XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovao Tecnolgica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produo na Consolidao do Brasil no

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    1. Introduo

    Os materiais so dotados de propriedades compatveis com as diferentes classes a que

    pertencem, que lhes conferem um perfil nico e particular, como um DNA. A escolha dosmateriais, nas mais diversas dimenses do desenvolvimento de um produto, requer oatendimento a uma srie de pressupostos. No mbito da engenharia, a seleo dos materiaiscontempla aspectos tcnicos, de resistncia e desempenho. Na esfera ambiental, a seleo seconverge para sustentabilidade, energia incorporada, emisso de poluentes, preservao dasfontes de insumo, reciclagem e toxicidade. Na dimenso prtica do uso, os requisitos serelacionam usabilidade, ergonomia, conforto e segurana. No tocante esttica, a seleo sefundamenta na expressividade e linguagem dos materiais. E, no aspecto simblico, osmateriais evocam valores culturais, da memria, da tradio e das associaes.

    A despeito de todo esse arsenal de conhecimentos disponvel, h ainda uma lacuna a ser

    explorada, que se refere s percepes daqueles que so os maiores interessados nos produtos,os seus prprios usurios. Assim, pressupe-se que o conhecimento prvio dos anseios dosusurios, ainda que subjetivos, e as reaes emocionais que eventualmente venham aexperimentar em sua interao com os produtos, pode servir como estratgia importante a serexplorada, quando da concepo dos produtos.

    Dentro dessa perspectiva, formulou-se o mtodo Percepo dos Materiais pelos Usurios paraobter informaes dos usurios, especialmente seus conhecimentos tcitos. Um estudoexperimental, com usurios na avaliao de panelas de cozimento de alimentos, foi realizadocom o intuito de validar o modelo, sua metodologia e instrumental de pesquisa, e de servircomo referncia para futuras aplicaes.

    Considera-se que as avaliaes subjetivas resultantes da pesquisa podem ser revertidas eminformaes objetivas, como, por exemplo, na definio das caractersticas do produto, naespecificao tcnica dos materiais, na definio de texturas e acabamentos, bem como eminmeras possibilidades aplicativas.

    2. Processo de desenvolvimento de produtos (PDP) e seleo de materiais

    A seleo de materiais muito mais do que, simplesmente, combinar requisitos de umproduto com o objetivo de escolher um nico material que seja o mais adequado para a suaproduo. Tudo comea com a definio das condies de trabalho, ou seja, um pacotecompleto dos requisitos a serem cumpridos. Ferrante (2002) salienta que estas condies deentorno, associadas ao conhecimento das condies ambientais, fornecem uma lista de

    propriedades-requisitos cuja otimizao constitui a essncia do processo de seleo demateriais.

    importante lembrar que a seleo de materiais acontece em diferentes situaes em umaempresa: (a) na criao de um novo produto em que no haja nenhuma limitao sobre omaterial; (b) na criao de um novo produto para uma empresa que j tenha um processo

    produtivo que predetermina uma classe de materiais; (c) em modificaes de um produto, ouo seu redesign em funo da necessidade de um melhor desempenho tcnico; (d) na alteraodo material para a reduo de custos; (e) trabalhar sempre com materiais disponveis e comcustos reduzidos; e outras situaes.

    Do ponto de vista do designer, sempre mais motivador trabalhar numa situao em que haja

    a liberdade de selecionar o material mais adequado, sem que ocorram limitaes do processode manufatura. Seja qual for a situao e, independente do setor ou porte da empresa, sempre

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    desejvel que haja a participao de uma equipe multidisciplinar para proceder a seleo domaterial no contexto do processo de desenvolvimento do produto, segundo Kindlein Jr &Busko (2006). Tradicionalmente, a atividade realizada pela equipe de desenvolvimento daempresa, podendo contar, em alguns casos, com o auxlio de profissionais consultores

    especializados e tambm dos profissionais do setor de fornecimento das matrias-primas.2.1 Processo de desenvolvimento de produtos (PDP)

    Segundo Rozenfeld et al (2006), desenvolver produtos consiste em um conjunto de atividadesque tem como objetivos elaborar especificaes de projeto de um produto e seu processo de

    produo, de forma que a manufatura seja capar de produzi-lo. O processo se estende aoacompanhamento do produto aps seu lanamento no mercado, de forma a realizar eventuaismudanas, necessrias nas especificaes iniciais, at, finalmente, planejar a descontinuidadedo produto no mercado.

    O processo se inicia com o planejamento do projeto (considerado ainda um pr-desenvolvimento); passa pelas fases: informacional, conceitual e de detalhamento; e soconcludos com a preparao para a produo e lanamento do produto. essencial definir anecessidade, de forma precisa, isto , formular uma declarao de requisitos do projeto. Entreas necessidades (e expectativas) dos clientes e a especificao final do produto, h muitos

    passos. Ou seja, o ponto de incio uma necessidade de mercado; passando por uma claraespecificao de um produto que preenche a necessidade ou incorpora a ideia para culminarno lanamento do produto.

    O PDP envolve atividades desenvolvidas por profissionais de diferentes reas da empresa,como: marketing, pesquisa e desenvolvimento, engenharia, design, suprimentos, manufatura edistribuio. E cada qual trata o produto sob perspectivas diferentes, mas agrupamconhecimentos complementares, o que exige efetiva integrao entre as reas.

    No caso da seleo dos materiais, a atividade envolve uma gama de conhecimentos tcnicosque dificilmente ser coberta por uma nica categoria profissional, conforme salienta Ferrante(2002). Kindlein Jr & Busko (2006) comentam que no so raras as vezes que a engenhariatoma decises, sem base nos preceitos do design, que acarretam em alteraes do produto, nafase de desenvolvimento ou durante a produo. Esse tipo de abordagem no deve serentendido como uma tentativa de ingerncia ou usurpao de funes, mas simplesmentecompreendida como uma consequncia lgica de uma cultura das empresas que novalorizam a atividade do design.

    Vale lembrar que, por muito tempo, os prprios designers eram alheios s questes tcnicaspertinentes aos materiais e aos processos de produo dos produtos. As questes tcnicas

    eram discutidas no incio do desenvolvimento, momento em que se estabeleciam algumasideias e depois se passavam as responsabilidades para a equipe tcnica.

    Atualmente, a escolha dos materiais e dos processos de fabricao passa ao status deoportunidade de inovao que permite um avano, tanto na rea da engenharia quanto na reado design. Isso vlido desde que as reas entendam esse desafio como benfico e que ambassejam capazes de se integrar. Kindlein Jr et al (2006) concluem que muitos produtos so malsucedidos devido a esta falta de sinergia entre a engenharia e o design industrial.

    Na prtica, acontece outro descompasso entre as duas reas com relao ao conhecimentodisponvel. A rea tcnica tem acesso a uma ampla rede de informaes relativas a livros,manuais tcnicos, laboratrios de desenvolvimento e de ensaios, artigos e software que

    apoiam seus tcnicos na seleo dos materiais. J as informaes de interesse do design sorelativamente mais raras, tanto em quantidade, como em qualidade.

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    Alm disso, os mtodos de trabalho de ambos os profissionais so distintos. Ashby & Johnson(2002) explicam que os termos tcnicos usados por engenheiros no fazem parte dalinguagem formal dos designers industriaisna verdade eles podem ach-los insignificantes.Por sua vez, os designers industriais exprimem suas ideias e descrevem os materiais de

    maneira que, para um engenheiro, s vezes parecem vagamente desorientadas e qualitativas.O primeiro passo para unificar essas diferenas explorar como cada grupo usa osmateriais e a natureza das informaes dos materiais que cada um necessita. O segundo explorar mtodos e, finalmente, ferramentas de projeto, que entrelacem as duas vias de

    pensamento.

    2.2 Seleo de materiais

    Os materiais esto presentes em todo o percurso do processo de desenvolvimento do produto.Ashby & Johnson (2002) enfatizam que, a princpio, todos os materiais existentes, cerca de100 mil, so potencialmente utilizveis, no mbito do design. As restries tcnicas e asrestries de design industrial direcionam a escolha, levando a um nmero mais restrito, que

    pode ser explorado em detalhes.Na fase inicial do projeto so elaborados os requisitos, contendo os objetivos e restries paraatender necessidade proposta. Nessa perspectiva, informaes sobre materiais sorequeridas em cada estgio do design. A etapa conceitual tem implicaes para asconfiguraes gerais do design; restando, ainda, decises a serem tomadas acerca do materiale da forma. Concomitantemente, formas, cores e texturas so exploradas e so delineadas asespecificaes para cada componente. Os componentes crticos so submetidos precisomecnica ou anlise trmica; mtodos de otimizao so aplicados, para maximizar odesempenho, e os custos so analisados. Modelos de superfcie em 3D so utilizados paradesenvolver a forma, a geometria,o material, os processos industriais e a superfcie final.

    O prximo estgio requer um nvel maior de preciso e detalhamento; mas, para uma gamarestrita de materiais, uma vez que j ter ocorrido, nessa fase, uma pr-seleo. Tendo emvista que, na maior parte das vezes, h mais de um material compatvel com uma aplicao, aseleo final resulta de um acordo, proveniente da anlise de prs e contras, de cada um deles.O passo final dessa etapa consiste em fazer e testar prottipos, em escala natural, paraassegurar que o design preencha as expectativas do consumidor e as especificaes tcnicas eestticas.

    A seleo de materiais envolve interesses diversos que devem ser levados em conta nosprojetos de produtos. Pedgley (2009) definiu quais seriam as partes interessadas(stakeholders) na seleo dos materiais, quais as competncias dos envolvidos e as

    responsabilidades das partes. Outra abordagem da pesquisa foi determinar o impactopragmtico que as partes interessadas tm sobre as escolhas dos materiais no processo dedesenvolvimento de novos produtos. As partes envolvidas na seleo, conforme considerouPedgley (2009), so: o cliente, fabricante e fornecedor, designer e usurio.

    O cliente tem sua preocupao voltada para a questo estratgica e comercial do negcio. Parao fabricante e fornecedor o foco principal se concentra na viabilidade tcnica do projeto edisponibilidade do material. Na perspectiva do designer os materiais esto no patamar pessoale circunstancial. Para o designer, a seleo do material implica no vnculo que esse

    profissional mantm com o cliente e na sua experincia nessa atividade. Se o designer for umfuncionrio da empresa, provavelmente ele selecionar o material que a empresa domina ou jdisponha de maquinrio para sua produo. Se o designer externo, de uma empresaespecializada em design ou um autnomo, provavelmente ele ter mais chances em propormateriais diferentes do primeiro.

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    Para o usurio os materiais tm influncia nos nveis perceptivo e experimental, seja na suautilidade prtica, seja na sua suprafuncionalidade. Essa ltima refere-se aos aspectos estticos,semnticos e emocionais envolvidos na interao com o produto, conforme Pedgley (2009).

    3. O Mtodo Permatus

    O mtodo Permatus (Percepo dos Materiais pelos Usurios), como j mencionado, partede uma pesquisa que teve como objetivo estudar como os usurios percebem significados dosmateriais presentes nos produtos de seu cotidiano, conforme relatado em Dias (2009).

    O mtodo composto por seis etapas (Figura 1), sendo que as quatro primeiras tratam dasquestes relacionadas ao produto a ser estudado e funciona como a preparao dasinformaes necessrias para as etapas subsequentes da avaliao e especificao. importante que elas sejam realizadas na fase inicial da seleo dos materiais e o produtoavaliado deve estar inserido em seu contexto de uso.

    Figura 1Arquitetura resumida do Mtodo Permatus

    3. 1 Elementos do produto

    A primeira etapa, definir os elementos do produto, permite conhecer o produtodetalhadamente, relacionando os elementos que o compem, as caractersticas maisimportantes, bem como as funes principais, estticas e ergonmicas. Funciona como uma

    espcie de decomposio do produto em elementos perceptveis ao usurio.

    3. 2 Ciclo de interaes

    A segunda etapa, ciclo de interaes, tem por objetivo conhecer e analisar o processo da inter-relao entre o produto e o usurio durante todo o ciclo de uso. Parte-se do princpio que cada

    produto em particular possui um ciclo de vida prprio, mas tambm se estabelece um ciclo deinteraes com seus usurios. Esse ltimo se inicia ao primeiro contato com o produto, aindaantes de compr-lo, seguido da experimentao, transporte, desembalagem, uso, repouso edescarte. O mais importante para essa etapa a implicao do ciclo de interaes na avaliaoafetiva dos usurios, na medida em que as emoes se alteram ao longo do uso (Jordan, 2002;Meyer & Damazio, 2005).

    3. 3 Processo sensorial

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    Na terceira etapa, a anlise do processo sensorial tem o propsito de verificar as sensaesque acontecem durante cada etapa do ciclo de interaes produto-usurio, enfatizando todasas implicaes dessas interaes em relao aos materiais presentes no produto. Essa etapa foiadaptada do Mtodo SEQUAM (Bonapace, 2002) e trabalha com as cinco sensaes

    usualmente aplicadas: visuais, tteis, auditivas, olfativas e gustativas, acrescidas dassensaes hpticas, trmicas e funcionais.

    3. 4 Perfil do material

    A quarta etapa, perfil do material, corresponde s definies iniciais dos atributos objetivos esubjetivos que so requisitados para atender s necessidades do projeto e da seleo dosmateriais. Cada material possui um conjunto particular de qualidades, uma espcie de perfilgentico o DNA do material que se diferem, mesmo com caractersticas aparentementesemelhantes.

    Para melhor entender, classifica-se os materiais da seguinte forma: Famlia, Classe,Membro. Esta classificao est baseada, em primeiro lugar, na natureza dos tomos do

    material e a ligao entre eles; em segundo lugar, em suas variaes, e por ltimo nos detalhesde sua composio. Cada membro tem sua cota de atributos objetivos e uma segunda cota deatributos subjetivos, que so os que interessam ao Mtodo Permatus.

    O perfil subjetivo do material definido pelas caractersticas intangveis, ou seja, ossignificados atribudos e as emoes evocadas, que no podem ser puramente identificadascom valores numricos ou quantificadas. Para melhor caracterizar o perfil subjetivo os 58atributos definidos no mtodo, foram classificados conforme mostra a Figura 2.

    Figura 2Perfil do material: possveis atributos subjetivos mensurveis

    Os atributos estticos do material tm relao direta com a impresso esttica que sentimossobre um objeto por meio dos sentidos. Equivalem ao prazer fisiolgico (Jordan, 2002) e aonvel visceral do design, Norman (2005).

    Os atributos prticos do material se relacionam diretamente ao uso, manuseio e experincia

    dos usurios com os objetos, resultando no prazer e efetividade Equivalem ao prazerpsicolgico (Jordan, 2002), e fazem relao com as reaes cognitivas, mentais e emocionais

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    dos indivduos e ao design comportamental de Norman (2005).

    Os atributos simblicos dos materiais tm relao com os aspectos de estima, psquicos esociais, e correspondem ao prazer social e ideolgico propostos por Jordan (2002) e ao designreflexivo definido por Norman (2005).

    3. 5 Avaliao subjetiva dos materiais

    A segunda fase do Permatus consiste de duas etapas avaliao subjetiva e especificaoobjetiva. A quinta etapa, avaliao subjetiva dos materiais, consiste da realizao da pesquisacom os usurios nas dimenses: (a) cognitiva (os usurios avaliam os materiais na interaocom o produto, em seu contexto de uso); (b) afetiva (os usurios avaliam as emoes e

    prazeres provocados pelo material/produto em sua interao); e (c) conativa (os usuriosavaliam o quanto o conjunto dos atributos do material influencia suas decises e

    preferncias).

    3. 6 Diretrizes para o projeto

    A ltima etapa do mtodo Permatus tem como objetivo traar diretrizes para o projeto,relacionadas com as informaes subjetivas e objetivas obtidas na avaliao com os usurios.Das informaes e conhecimentos obtidos nas avaliaes so analisados e selecionados osmais teis para o projeto em questo. Em alguns casos, necessrio transformar algumasinformaes e medidas subjetivas em fonte de informaes objetivas. Por exemplo, asopinies dos usurios de que um determinado material deve ser macio, leve e aveludado so

    ainda informaes imprecisas para decises acerca da seleo do material, mas podem tornar-se informaes objetivas com o apoio dos especificadores e designers.

    Os materiais permeiam o processo de desenvolvimento do produto, ou seja, as etapas daseleo dos materiais muitas vezes correm paralelas s etapas do desenvolvimento do produto.

    Assim como o projeto evolui de uma simples ideia do produto ao lanamento do produto nomercado, a escolha dos materiais parte de uma ampla gama de possveis materiais, que vai seestreitando e culmina na indicao de um ou dois perfis de materiais mais adequados para o

    produto.

    A Figura 3 mostra o processo tpico do desenvolvimento de um produto, os diferentes testesque podem ser realizados ao longo do projeto e a aplicao das etapas do Permatus. Ao finalde cada teste, so preparados os manuais de recomendaes especficos para a seleo e

    especificao dos materiais do produto em desenvolvimento.

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    Figura 3Aplicao do Permatus e tipos de testes durante o processo de desenvolvimento de um produto.Proposta adaptada, com base em: Rozenfeld et al (2006); Bonapace (2000)

    A realizao de testes serve para explorar, avaliar, validar e comparar uma srie de requisitosdo produto, entre eles os materiais. Como j mencionado, os materiais tm uma inter-relaointrnseca com outros requisitos, como o processo de fabricao, forma, cor, usabilidade,desempenho, segurana, dentre outros. Portanto, o mtodo Permatus pode ser tanto aplicadodurante os testes planejados do projeto, como tambm em diferentes estgios do projeto. ParaBonapace (2000), interessante que testes de usabilidade e ergonomia sejam realizadosconjuntamente.

    Kesteren & Kandachar & Stappers (2007), por sua vez, defendem que a seleo de materiaisseja realizada em ciclos prprios e no em determinado momento do processo, como

    mostrado na Figura 4.

    Figura 4Modelo MSAMaterial Selecting Activities (Kesteren & Kandachar & Stappers, 2007, p. 99)

    Os autores defendem que o mtodo proposto apresenta uma srie de vantagens e distines

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    com relao aos similares, que so: o foco est naquilo que os designers fazem e no nosresultados de um estgio no projeto; o MSA distinto dos mtodos de projeto e dasestratgias analticas da seleo dos materiais que posicionam a formulao de objetivos e derestries aos materiais no incio da seleo; e o modelo mostra que os designers dependem

    de outras fontes que no aquelas baseadas em seu prprio conhecimento. Isso significa que asmelhorias no processo de seleo de materiais tambm dependem dessas fontes externas. Nohavendo um consenso, a equipe deve optar pela forma mais conveniente para cada estudo em

    particular.

    Testes exploratrios so realizados no incio do processo, podendo iniciar durante oplanejamento e se estender at o final do projeto informacional. Recomenda-se que nessa fasedo PDP, o mtodo Permatus seja aplicado em sua verso completa, ou seja, todas as seisetapas. O objetivo explorar as potenciais idias para materiais e acabamentos e relacionar assensaes e percepes dos usurios com caractersticas fsicas dos materiais. Ao final dostestes, prepara-se o Manual de Recomendaes (A) com as diretrizes para a conceituao dedesign do produto.

    Testes de avaliao so realizados durante o projeto conceitual at o incio do projetodetalhado. O objetivo avaliar a questo dos materiais nas diversas alternativas conceituais

    para o produto, por meio de modelos tridimensionais (modelos de volume e em escalas) emockups(modelo que permite mudanas visuais e tcnicas, podendo ser funcional ou no).

    Nessa fase, uma vez que as etapas 1, 2, 3 e 4 tenham sido realizadas, devem-se procedersomente as etapas 5 e 6 do mtodo Permatus. Ao final dos testes de avaliao se elabora oManual de Recomendaes (B) com diretrizes para especificaes tcnicas dos materiais parafabricao.

    Testes de validaoacontecem durante o projeto detalhado at o incio da preparao para

    produo. O objetivo desses testes que os usurios validem as questes dos materiais, japlicadas no prottipo do produto, seguindo as diretrizes dos testes anteriores. Bonapace(2002) sugere que, em muitos casos, se faa um prottipo intermedirio, numa situaoesttica, e depois se faa o prottipo final com todas as caractersticas reais, inclusive asdinmicas para testar o uso em condies reais. Para essa situao, a autora recomenda testaro primeiro prottipo com um grupo menor da amostra de indivduos e a verso final com amaior parte da amostra. Assim como nos testes de avaliao, devem-se proceder somente asetapas 5 e 6 do mtodo Permatus nos testes de validao. No final dos testes de validao,elabora-se o Manual de Recomendaes (C) contendo as diretrizes para a caracterizao finalde um ou dois materiais para a fabricao e fornecimento.

    Testes comparativos podem ser realizados em qualquer etapa do desenvolvimento e

    consistem em comparar, por exemplo, diferentes conceitos, diferentes materiais, diferentestexturas, e assim por diante. Servem para estabelecer preferncias dos usurios em relao aatributos versusmateriais.

    No projeto informacional, a partir do momento em que se conhece os requisitos dos clientes eusurios necessidade, desejos, exigncias, percepo necessrio transform-los emrequisitos do produto. Uma das maneiras de obter essa converso utilizar a Matriz para a

    transformao dos requisitos conforme proposto em Rozenfeld et al (2006), empregada noQFD, mais especificamente na Casa da Qualidade. A matriz transforma os requisitos do

    usurio (percepo) em elementos (uma caracterstica fsica mensurvel) e estes sotransformados em requisitos do produto (medida). Portanto, faz-se necessrio que estas

    caractersticas do material sejam descritas tecnicamente e que sejam mensurveis. Nesseponto, importante confrontar os atributos subjetivos e os objetivos estabelecidos no Perfil do

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    Material (Etapa 4). Os valores dos atributos objetivos esto disponveis na literatura tcnica;handbooks; materiotecas fsicas e on-line; dados fornecidos pelos fabricantes de matrias-

    primas.

    Em alguns casos, o requisito ter relao no somente com o material em si, mas com suas

    caractersticas superficiais, como, por exemplo, aplicao de texturas (em um molde parainjeo plstica), acabamento abrasivo (polimento) ou recobrimento (pintura). Nesses casos,

    possvel atribuir valores a estas caractersticas, como desenho da textura (distribuio,densidade, altura, dimenso e dureza), o padro de cor (em sistemas de cores Pantone,Munsell, entre outros).

    importante definir a qualidade desejada do material com base nas amostras e materiaisutilizados na avaliao com os usurios. As amostras de materiais com caractersticasidnticas ou prximas ao desejado, sejam elas avulsas ou faam parte de um produto, devemfazer parte da documentao final. Por meio das amostras e referncias pode-se obter odirecionamento e um parmetro de comparao com o material que se busca.

    Contudo, para a especificao de materiais com caractersticas novas ou que no tenhamainda sido aplicados comercialmente, o ideal o dilogo direto da equipe de projeto com os

    possveis fornecedores.

    No projeto conceitual, a seleo dos materiais a partir das diretrizes para o design (Manual deRecomendaes A) pode ser realizada com base nos mtodos propostos por Ashby & Johnson(2002), da anlise, sntese, similaridade e inspirao, conforme sintetiza a Figura 5. Para osautores, o ideal a combinao deles, de forma a tirar proveito das vantagens que cada um seapresenta ao problema de projeto especfico.

    Figura 5Mtodos de seleo de materiais (Ashby & Johnson, 2002, p. 124)

    Anlise (raciocnio dedutivo): consiste na busca de materiais e processos, em bancos dedados numricos, mediante atributos desejados ou condies restritivas. Atributosdesejados so condies que se deseja aperfeioar, expressas por meio de ndices,

    incluindo condies restritivas, desempenho mnimo ou indesejvel para o material; Sntese: busca de informaes sobre materiais e processos em produtos existentes

    considerando os seus atributos de percepo. A partir das intenes, das caractersticas eatributos de percepo desejados, disponveis em um banco de produtos, possvelverificar quais materiais e processos so empregados para tal e estud-los a fim dereproduzir os requisitos almejados;

    Similaridade (raciocnio indutivo): empregada quando h a inteno de substituir ummaterial por outro, ou quando se querem criar novos produtos, baseados em materiaisexistentes e j empregados em outros projetos. Nesse processo seletivo, os atributos dasoluo existente so enumerados e ordenados segundo sua importncia, dando prioridadequeles de maior para menor importncia. Utilizando-se de banco de dados sobre materiaise processos, os valores so comparados com outros materiais em busca de similares. Osatributos materiais concorrentes e processos concorrentes servem como informaes

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    relevantes para a seleo por similares; e Inspirao: livre busca por materiais, processos e produtos de maneira aleatria ou por

    interesse do designer, que imerge na explorao de fontes de informaes pertinentes acada caso em particular de projeto.

    Uma vez selecionado o conjunto de materiais que atendam aos requisitos do produto, essesdevem ser analisados pela equipe, at uma escolha final de um ou dois materiais. Recomenda-se, se for possvel, a participao de um especialista na rea de materiais ou de pessoal tcnicodas empresas fornecedoras de materiais para auxiliar a equipe na seleo e na reduo donmero de possveis candidatos de materiais.

    A empresa que elabora a avaliao ou o escritrio de design devem manter, em banco dedados, todos os estudos de avaliao com os usurios para que possam ser atualizados emoutra etapa do projeto e utilizados em outros estudos.

    4. Modalidades de aplicao do Permatus

    O mtodo proposto se adapta a diferentes tipos de projetos e se aplica em diferentes fases dodesenvolvimento de produtos. Aps a descrio do mtodo Permatus, fica claro que amodalidade de aplicao mais usual do modelo no desenvolvimento de um novo produto.Entretanto, o mtodo pode ser aplicado em outros casos, conforme mostra a Figura 6.

    De acordo com a figura, as demais modalidades de aplicao do mtodo so:

    A) A seleo de materiais acontece em diferentes situaes nas empresas: h casos em que ainfraestrutura de processos de fabricao j estabelecida e predetermina uma famlia demateriais; e h casos em que possvel desenvolver um novo produto sem que haja umalimitao quanto ao material. No primeiro caso, comum que as empresas selecionem osmateriais baseadas em experincias e prticas anteriores, o que nem sempre representauma soluo tima. No segundo caso, possvel explorar os materiais e processos comofator estratgico na definio do produto, como por exemplo, a utilizao de materiaisinovadores, a diferenciao do produto pelo material, o emprego de processo no usuais, amelhoria de desempenho e custos em relao concorrncia. A aplicao do mtodo nestecaso pode auxiliar na busca de melhores estratgias com relao aos consumidores eusurios ainda na fase de planejamento do projeto.

    B) Um processo sistemtico para avaliar os melhores processos, produtos, procedimentos eideias de similares e concorrentes o benchmarking. Anlise de similares (B1) pode seraplicada para analisar comparativamente a percepo dos usurios com relao aos

    produtos, materiais e processos.

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    Figura 6Modalidades de aplicao do Mtodo Permatus das diversas fases do PDP

    C) O design de superfcies dos materiais uma modalidade aplicada de maneira similar aodesign de novos produtos: C1) comea pela explorao de idias iniciais para a superfcieou texturas junto aos usurios; C2) numa etapa posterior os conceitos das superfcies sotestados em amostras e modelos; e C3) a superfcie testada no prottipo. Para essamodalidade, o mtodo Permatus pode ser aplicado de duas maneiras: para o design desuperfcies em um nico membro de material (como, por exemplo, texturas superficiais e

    brilho do ao inox selecionado para a fabricao do bule da cafeteira eltrica); ou para odesign de superfcie de diferentes membros de materiais de uma mesma classe (como, porexemplo, texturas para diversas formulaes de polmeros termofixos para a fabricao daala do bule da cafeteira eltrica).

    D) O mtodo pode tambm ser aplicado para testar a aceitao de um produto no mercadoantes do seu lanamento, como, por exemplo, testar dois materiais diferentes. Nessescasos, a alterao do material no deve comprometer significativamente a preparao da

    produo.E) A comercializao de um produto exige, em muitos casos, o desenvolvimento de peas deapoio como: embalagem, expositores e ambientes especiais para pontos de venda. Paraesses casos, possvel aplicar o mtodo Permatus para avaliar a percepo dosconsumidores durante o primeiro contato (como no ciclo de interaes da Etapa 2)considerando o produto no contexto de sua comercializao, no seu primeiro contato eexperimentao.

    F) Aps o lanamento, o produto deve ser acompanhado e monitorado sob vrios aspectos.As reaes dos usurios na etapa ps-venda podem ser conhecidas por meio da assistnciatcnica; dos rgos de defesa do consumidor, como o Procon; e dos servios deatendimento ao consumidor (SAC) das empresas. Quanto mais cedo se resolverem

    problemas, seja no material ou na produo, menores sero os prejuzos para a empresa. Omtodo Permatus pode tambm ser aplicado nessa modalidade, como uma forma a avaliaros problemas junto aos usurios.

    G) A alterao do material de um produto pode ocorrer por diversas razes: substituies demateriais inadequados, melhoria do desempenho, aumento da durabilidade e ampliao dociclo de vida, atendimento a novas exigncias legais, reduo de custos, melhoria dacompetitividade com relao concorrncia, atendimento a questes ambientais,mudanas de comportamento dos consumidores, dentre outras. O mtodo pode seraplicado para testar novas opes de materiais e suas implicaes com os usurios do

    produto.H) importante lembrar a relao de tempo que ocorre durante o PDP: o perodo pr-

    desenvolvimento pode durar alguns dias, o perodo de desenvolvimento pode durar algunsmeses e o perodo ps-desenvolvimento pode durar anos, de acordo com Rozenfeld et al(2006). Assim, o contato direto com o mercado importante para detectar as alteraesnecessrias, caso seja possvel realiz-las. Mas, se a estratgia for de redesign, aconselhvel iniciar todos os procedimentos similares ao desenvolvimento de um novo

    produto. Apesar de um produto ter uma vida predefinida, ele pode morrer antes doprogramado, por inmeros motivos, tais como mudanas de comportamento dosconsumidores e a obsolescncia tecnolgica. Nesse caso, deve-se descontinuar a sua

    produo e partir para o desenvolvimento de um novo produto substituto.

    5. Consideraes finais

    A seleo dos materiais deve considerada durante todo o processo de desenvolvimento do

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    produto, porque h uma forte relao entre o custo para se alterar um projeto e a etapa em queuma falha ocorre. Os gastos do desenvolvimento so considerados pequenos quandocomparados com etapas posteriores, como detalhamento, ferramentaria e lanamento do

    produto.

    Os inputs materiais dentro do design no acabam com o estabelecimento de umaespecificao de um produto e produo final. Infelizmente, os produtos falham quando emfuncionamento, e as falhas contm informao. Uma indstria prudente coleta e analisa osdados de falhas, que frequentemente apontam para o possvel desuso do material, um redesignou uma re-seleo de um novo material.

    O mtodo proposto emprega tcnicas que permitem obter informaes dos usurios,especialmente seus conhecimentos tcitos, sentimentos e emoes. Da mesma forma, procuraexplorar meios de traduzir informaes subjetivas em fontes objetivas de conhecimento, comvistas a ampliar o leque de possibilidades para o desenvolvimento de projetos. A aplicao domtodo Permatus em investigaes empricas com os usurios poder apontar possveis

    caminhos para o emprego desses conhecimentos em futuros projetos, tornando os produtosmais afetivos, agradveis, confortveis e adequados.

    Os pontos crticos percebidos pelos usurios, por sua vez, podem servir como diretrizes para oaprimoramento de materiais existentes e para o desenvolvimento de novas propriedades quemelhor atendam a suas necessidades. A grande vantagem dessa abordagem que o usurio

    passa da condio de passivo para se tornar um agente ativo e participante do processo dedesenvolvimento de produtos.

    Espera-se com essa pesquisa que esse modelo possa ser aplicado na prtica tanto emempresas, para o desenvolvimento de produtos, como no ensino acadmico do design, daengenharia e de reas correlatas, de maneira a consolidar a seleo de materiais focada nos

    usurios.Referncias

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