Meros Devaneios Tolos · 9 Soneto Mãe D’Água Amada menina, morena mimada Amor meu, minha...

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1 Meros Devaneios Tolos Valcir R. Marques

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Meros Devaneios

Tolos

Valcir R. Marques

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Valcir R. Marques

Meros Devaneios Tolos

Poesias

1ª Edição

2011

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Valcir Rodrigues Marques

[email protected]

_____________________________________________

Marques, Valcir R. Meros Devaneios Tolos

Poesias/Valcir R. Marques – 1ª Edição

Santa Bárbara D’Oeste – SP

2011

1.Poesia brasileira. I. Título

_____________________________________________

Copyright © 2011 by Valcir R. Marques

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Para Cíntia, minha morena dourada e Evelyn minha Florzinha.

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Índice 01 – Soneto Mãe D’Água.............................................09

02 – Soneto da Solidão.................................................10

03 – Por Quê?...............................................................11

04 – Outro Mundo........................................................12 05 – O Grito..................................................................13

06 – Ao Domingo de Machado de Assis......................14

07 – Soneto do Amor Proibido.....................................15 08 – Deixa eu pensar....................................................16

09 – Somos Sonhos.......................................................17

10 – Morena Dourada...................................................18

11 – Devaneios.............................................................20 12 – Sei lá.....................................................................21

13 – Aqueles olhos verdes............................................23

14 – Mais Louca...........................................................24 15 – Meu Destino.........................................................26

16 – Ilusão....................................................................29

17 – O Relógio..............................................................30 18 – Meninas................................................................31

19 – Do Amor às Águas...............................................32

20 – Olhar Apaixonado................................................33

21 – Soneto para Cíntia................................................34 22 – Soneto da Flor.......................................................35

23 – Seus olhos Menina................................................36

24 – Soneto da Dor.......................................................38 25 – Vem pra mim assim..............................................39

26 – O Peregrino e a Estátua........................................41

27 – O Rio....................................................................43 28 – Uma Mulher.........................................................45

29 – Procura-se.............................................................47

30 – As Flores Mortas..................................................48

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Soneto Mãe D’Água

Amada menina, morena mimada

Amor meu, minha melodia

Ando ambulante pela madrugada

A procurar-te, até o meio-dia

Meu mel, céu meu azul

Mar sereno, minha calmaria

Meu oceano de norte a sul

Mulher sereia, do mar Iara

Farol do porto, bem perto de mim

Felicidade eterna, amor sem fim

Faz do calor e do frio, não sentir

Sábia senhora, segredos meus

Sorrisos, beijos, sem adeus

Sabe amar e fazer amor fluir

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Soneto da Solidão

Olhar para as paredes e chorar

Cantar uma canção melancólica

explodir de raiva um instante

Manter a calmaria e sonhar

Acordar e ver o mundo acabar

Colocar seus sonhos em prática

tentar esconder o horizonte

que a paisagem insiste em mostrar

Lembrar da figura

da sua face, sua beleza

e chorar

Sua bela estrutura

segredos e curvas

Fazer recordar

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Por quê?

Por que culpar o mundo

se a dor foi feita por mim?

Por que lamentar as perdas

se o natural ocorreu assim?

Por que pular de uma ponte

se há motivo e razão para voltar?

Por que se alegrar com o pouco

sabendo que vai se acabar?

Por que viver

pensando

em morrer?

Por que ocultar aos olhos

aquilo que realmente

gostamos de ver?

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Outro mundo

Em outro mundo existe

outro eu e outra Lua

Outras árvores e outros mares

outras casas e outras ruas

Tudo duplo, clonado

outra Terra cheia de flores

outras flores cheias de vida

detrás dos poetas, depois dos amores

Um duplo sonho existe

um duplo viver

meu outro ser

Minha outra alma triste

meu outro corpo

meu outro saber

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O Grito

Ecoa um grito noite adentro

sem luzes, nem sombras, nem nada

Passos brutos no antro

e vultos na noite calada

Nem objetos, formas ou coisas

Porém, talvez haja vida

talvez uma vida sem respostas

talvez uma morte não querida

Mas voa e corta todo o espaço

de uma extremidade a outra

deixando, de espanto, um traço

Sabe-se, que, somente um grito

das trevas, um estilhaço

da morte, um mito.

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Ao Domingo de Machado de Assis

Oh! Flor do céu. Oh! Flor cândida e pura

Flor menina, que me atalha, à servidão divina

Sê servida ó justiça, esperança insegura

Oh! Querida flor. Oh! Paixão vespertina

Ao amor de menina o de mãe atalha

à uma promete e à outra perjura

Perde-se a vida, ganha-se a batalha

Oh! Flor do céu! Insto à servidão dura

Arqueio à paixão concreta

inda que o amor de mãe implora

inda que o dever divino me ralha

Inda que seja uma vida incerta

por esse amor que ao coração desflora

Ganha a vida, perde-se a batalha.

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Soneto do Amor Proibido

A dor de não amar não abate

a dor de amar e não ser amado

A alegria de ter um amor perfeito

trocado por um coração com defeito

Seu amor é mais belo

que o sol e que a lua

é mais puro (sim, és)

que o ar e que o mar

Virgem de lábios de mel

Louca!

Procuras a quem tragar

Achaste a mim

Poeta!

Procurando a quem amar

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Deixa eu Pensar

Deixa eu pensar um segundo

deixa eu escolher o caminho

deixa eu fazer o meu rumo

deixa eu tecer meu destino

Não me pressione a amá-la

não me incite a beijá-la

não me inste a olhá-la

me deixe eu deixá-la

Não pense que sou

seu fantoche

uma marionete

Eu me controlo

então me deixa

Eu sei viver

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Somos Sonhos

A vida não passa de um sonho

é nisso que quero acreditar

Pois não quero me arrepender

depois que eu acordar

Não importa se é ilusão

se tudo isso existe ou não

Devemos desfrutar o que temos

sem perguntar a razão

Se a vida é um sonho, então

prefiro continuar a sonhar

Sendo assim estou vivendo

sem medo de acordar

Não importa se temos pouco

pior se não tivesse nada

Se é pra ter vida sofrida

Então é melhor vida sonhada

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Morena Dourada

Minha morena dourada

minha flor da babilônia

meu lírio dos campos

minha Rosa de Saron

Minha morena dourada

filha do meu país

Sabor da minha terra

minha gata, minha vida

Minha morena dourada

penso no seu corpo caliente

penso nos seus lábios

nos seus olhos verdes

Minha morena dourada

você é minha poesia

ventinho no fim de tarde

chuvisco sobre a relva

Minha morena dourada

você é o murmúrio das águas

é a chuva. Oh! Deus!

- Essa chuva de amor.

Minha morena dourada

tenho que chegar à loucura

para não cometer outras tais

para expressar o meu amor

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Minha morena dourada

és um anjo na minha noite

és um véu nos meus sonhos

O sabor da minha vida

Minha morena dourada

Tudo isso me pira

me beije minha flor

minha estrela guia.

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Devaneios

A minha noite é vaga e incerta

meu rumo desconhecido aos meus pés

Aonde ir, encontrarei ela, menina

Meu anjo, me amando, minha vida

É como se eu não tivesse vivido

e nunca a teria conhecido

Mas o amor dela é tão forte

que suspira em meu peito a derrota

Minha amada, minha vida, menina

minha linda, perigosa, eu a amo

Só a morte que apaga essa loucura

são anos passados, amores lembrados

Se tu menina, não tivesse me amado

na minha ira não te clamaria

Não solidão não te chamaria

na tristeza não te amaria

E agora? Como estás agora?

Estou morrendo de saudades

Me perdoe minha linda, vida

Eu sumi, mas nunca te esqueci

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Sei lá...

Premonições sonhos ou visões

o que eu vejo de noite é sinistro

Serão devaneios, meras ilusões?

Será uma viagem além do infinito?

Minha alma viaja o espaço sideral

meu corpo adormece gélido

A presença de seres celestiais

de deusas e deuses intrépidos

Oh loucura irreal, pensamentos

Desejos e recompensas torpes

Vidas e vidas passadas

e vividas, relembradas...

Tu sabes destino, não sabes?

O que fiz e quero que faça

o que tenho e que ainda cabe?

E tu, meu caro tolo, não acabes.

Não se vás, mera ilusão

te tenho em meu coração

minha vida ó ser supremo

me guia para o mundo eterno

Meu passos estão nos seus caminhos

minha sombra é a tua presença

Sou pequeno, mas a expectativa é grande

e não vou passar deste sonho

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Tu sabes? Quando se acorda estranho

e o seu mundo não parece o mesmo?

Passa o dia um tanto medonho

e passa as horas pensando no fim?

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Aqueles Olhos Verdes

Quantas perguntas fariam

Quem tivesse me visto chorar?

Apenas uma eu responderia, se insistissem em perguntar

São aqueles olhos verdes Que deles nem posso lembrar

É tanta certeza, que, se lembro

De novo me ponho a chorar

São aqueles olhos verdes,

Que me fizeram soluçar

Se procurava beleza Beleza, fui encontrar

Mas aqui já não estão

Certeza, em outro lugar Talvez me esperem de novo

Até que eu os possa achar

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Mais Louca

Encontrei na vida uma mulher

Que era muito mais louca que eu Como eu topo o que der e vier

Imagina o que isso não deu

Eu gostava de ir para o rio

Ela já queria ir para o mar

Comprei duas vagas num navio Ela então ela quis foi remar

Quando eu encurtava o pavio

Ela vinha me acalmar Mas quando eu pedia beijinho

Então ela queria me chutar

Fomos a uma lanchonete

Ela foi e entrou num bar

Chamei ela num jogo de truco Ela disse: Eu só jogo bilhar

Chamei pra ficar numa mesa

Então ela saiu pra dançar Quando saímos daquele ambiente

Eu tive no fim que pagar

Ai meu Deus essa mulher

Tu me dá um jeito por mim

Se o negócio começou mal

Como não será o fim?

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Pedi essa doida em namoro

Ela já quis foi casar

Chamei-a pra onde eu moro

Ela quis se mudar

Quando fomos morar junto

Ela então quis separar Um mês depois separados

Ela que quis foi voltar

Eu nunca entendi essa louca

Nem nunca parei pra pensar

Quanto mais eu corro das doidas

Mais as doidas conseguem me achar

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Meu Destino

Oh! Caminho!

Por ti vai uma menina insegura Por ti vai uma princesa madura

A mais pura

Oh! Caminho! Receba essa flor

Guarde o meu amor

Oh! Destino!

Que traças tantas tranças

E tantas tramas se entrelaçam

Aí vai o meu amor Oh! Que dor!

Segure-na, meu destino!

Para que volte no mesmo caminho

Ai! Vida!

Que tanto faz os amantes! Que tanto faz

Os amores

Os queridos

Os beijados Oh! Vida querida!

Ai flor, amada e pura! Oh Céus! Oh Mar!

Quão belo azul

Quão verde seus olhos

Que brilho Que fulgor

Mais do que formidável

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Oh! Caminho!

Receba essa flor

Leva meu amor

Daí a volta Para que o vento

Que sopra

Trazê-la agora

Que tempo!

Que nem espera Que não sente

Essa agonia

E esse pavor

Acalme-se tempo! Só um minuto

Oh! Lembranças! Despedaçadas

As almas nos trazem

As mais desgraçadas E desventuradas

E paixões

Pelas coisas erradas

Vai caminho

Estreito caminho

“Escuto os passos, Sinto os soluços”

É ela que volta

É tu que a trazes

É o meu amor

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Oh! Destino!

É essa a flor

É essa a vida

Que cruéis e que rudes Se me deixas

Não tens dó?

Tenha pena de mim

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Ilusão

Essa liberdade que agora me paira

É a fuga de um amor castigado Por agora liberto estou desse amor

Mas ainda preso à solidão

Vou me aventurar num sonho de poeta

De amar a todas as damas e todas as belas

Vou deixar todas as portas abertas Sem laços nem alianças só poesia

Vou deixar qualquer amor me levar

Por mais curto caminho que for Por mais breve o romance que seja

Vou deixar me levar só por amar

Não jurarei mais amor eterno

Não boto fé na inconstância de amar

Serei livre de redes e de laços Só da ilusão me falta desgarrar

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O Relógio

Não há pessoas comigo no quarto

Mas há muito barulho lá fora Há livros, telefone e um retrato

Mas isso é uma complicada história

Não há ninguém em casa comigo

E o silêncio oprime cada vez mais

O tempo parece ter asas, abrigo Só ouço o tic e tac que o relógio faz

Na rua ouço passos e som de pássaros

Devem estar sobre os telhados Meus pensamentos estão confusos

Meus olhos estão molhados

Não há coragem de sair agora

Fico sozinho em casa por ora

Nem saberia aonde ir ou voltar Nem saberia aonde ia chegar

Lá fora o tempo voa depressa

Aqui dentro passa devagar Mas to aqui agora, to nessa

Só me resta ver o tempo passar

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Meninas

Tem menina rindo e moça dançarina Tem morena linda, bela bailarina

Tem canção no ar, com ar de poesia

Garota perfumada espalha alegria

Tem felicidade no ser dessa guria

Tem belo sorriso ao dar o seu bom-dia

Tem aquele jeito que eu mais queria Tem nessa menina um pouco de magia

Tem mais que sã verdade, nessa harmonia Nos verdes destes olhos, meiga simpatia

Lábios rubros de moleca e pele tão macia

Doce beijo de amor, de inocente garotinha

Tem amor no coração e força de mulher

Sentimento de princesa e glória de rainha

Quero essa menina e ser pra sempre minha Sempre te amar e ser o teu querer

Tem cantiga, tem poema e poesia Iracema tem Moema e melodia

Tem morena rindo e menina linda

Garota perfumada espalha alegria

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Do Amor às Águas

Amor eu amo com cada letra

E a cada beijo em cada boca E agora as chuvas me esperam

E as almas das águas me levam

O amor que sobra não sobeja dúvidas

E sobe do asfalto o fumo cinzento

E agora a magia dos negros cabelos E as almas brancas me levam

A algum lugar as cartas foram

A alguém que viu o seu rumo Mas a mim nunca mais voltaram

As almas levam-nas ao paraíso

E o amor que eu amo com palavras

Não escritas, meramente sussurradas

É o que conduz todas estas letras Na conquista deste belo branco

De norte a sul como as asas da águia

Abertas ao sabor da liberdade Do poder de conquistar o vento

Que levam as almas às águas

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Olhar Apaixonado

Por entre as flores onde se perde

Pelo céu azul que despercebe Foge do mundo e da realidade

Um olhar ao longe que o amor concebe

Um eco seco retumba de dentro

Um profundo sono melancólico

Um coração preso e no centro Um clima aprazível e bucólico

Sob um véu de silêncio invólucro

Um olhar apaixonado Como um céu escuro de nuvens

E deixa no tempo um sinal demérito Um olhar abestalhado

E depois das chuvas calmas aragens

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Soneto para Cíntia

Cíntia sorri para o sol reluzente

Seu sorriso incendeia seus raios calientes Seus olhos refulgem um brilho ardente

São raios de sol entre seus belos dentes

Cíntia passeia entre os pés de pêssegos

Sobrevoam pássaros sobre si, seus amigos

São lembranças que passam os amores antigos Sobre sua memória, recorda os amados

Cíntia é um broto da árvore do amor

É perfume suave de pétalas de flor Uma entre as estrelas do céu

Cíntia que vive para sempre brilhar Que sonha e que sabe o que é o amor

Para ser feliz foi que nasceu

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Soneto da Flor

Para longe eu vou

Para levar meu amor Encontrarei minha amada

Entregarei-te uma flor

Subirei os montes

E irei onde for

Onde estiver minha amada Estarei com a flor

Sábias palavras

Dir-lhe-ei aos ouvidos Darei-lhe esta flor

Que tenho comigo Guardado no peito

Uma flor de amor

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Seus olhos Menina

Menina seus olhos

São verdes, são belos Não os deixe que chore

Pois são verdes seus olhos

Seus olhos menina

Não brincam de amar

Pois ama e chora Não os deixem chorar

Menina seus olhos

Quando os vi fui amar São verdes seus olhos

“Não os vi fui chorar”

Seus olhos menina

São seus esses olhos

Verde é a cor desse amor Há vida nesse olhar

Não os deixai chorar

Há amor em seus olhos Quando os vi fui ao mar

Ao verde do seu olhar

Menina seus olhos

Contrasta com os lábios

E menina seus lábios

Quando os vi fui beijar

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Seus lábios menina

Eles sabem me amar

É só seu esse amor

Esses olhos e esses lábios

E o verde desse amor

É reflexo dos seus olhos Fui mais te amar

Quando pôs a me beijar

No contraste desses lábios

E nesse brilho de olhar

Encontraste os meus lábios

E puseste a me amar

Menina seus olhos

São verdes esses olhos Não os deixe que chore

Só os deixem me amar

Menina seus olhos

Menina seus lábios

Meus olhos te querem

Meus lábios te amarem

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Soneto da Dor

Vou dormir e não mais acordar

Vou deitar e não mais levantar Vou cair deste mundo

Num buraco profundo

Vou viver só pra mim

E deixar que me esperem

Esquecendo do mundo Num buraco bem fundo

Estou agora bem sujo

Tem poeira no ar Esquecendo que existo

Estou feito um caramujo Enrolado e bem feio:

- Pois, chega, eu desisto!

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Vem pra mim assim

Nem sonhando saberemos

Quando e como haveremos De partir

Nesta vida vemos Que o mundo gira

Em cada um de nós

O amor por base

Por princípio a dor

E a razão por fim

Uma flor e a saudade

Uma dor e a vontade

De voltar atrás

Esse é o mundo em que estamos

E somos o que ele Faz de nós

Cada amor que a gente deixa

Uma vez que lembre Sofreremos mais

Nem pra onde o vento toca Saberemos o caminho

Aonde deva sair

Um carinho Um abraço e um beijo

Vai fazer você sorrir

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Mesmo longe em solidão

Não vou deixar você

Fugir de mim

Um grande amor

Cá entre nós

Na deve terminar assim

Quanto mais

Sorrir pra mim Estarei a fim

Uma rosa

E uma carta Vai trazê-la aqui

Deixa as mágoas E o desprezo

E vem pra mim amor

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O Peregrino e a Estátua

Passa um caminheiro pela praça

Sobre um chão duro feito de pedras Por entre uns canteiros esquecidos

Passa e pára diante de uma estátua

- O que és tu mais do que eu?

Tens de tudo e nada tem

Olhos que não vêem Mãos que não apalpam

E sobre estes bancos,

Porventura tu sentas? Para a mesma direção

Olha sempre e não vês

Nada tenho a mais do que ti

Pois com uma estátua eu falo

Para ouvidos que não ouvem E lábios que não respondem

- Estás aí sobre este patamar

Em volta de ti essas flores Mas não sente o seu perfume

E não percebe as suas cores

Mas e se falasse a tua boca

E se olhassem os seus olhos

E andassem os seus pés de bronze

Teria em ti um coração?

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Pobre de mim que falo

Que ouço, sinto e cheiro

Mas na verdade não tenho nada

E estou a falar com uma estátua

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O Rio

Um rio de lágrimas

Forma-se numa terra seca Com torrões nas margens

O rio se estreita

Cascata num abismo

Tristeza no leito

Um rio todo de pasmo Assombro e dor no peito

De quem é esse rio?

De onde vem essa cachoeira? Flui de uma fonte estranha

De um manancial sombrio

As ondas são mudanças

As marés são o tempo

Águas tristes lembranças O turbilhão pasmo tormento

O rio traça no destino

Uma linha disforme Entoa no céu um hino

Um borbulhar uniforme

Nas margens sentam e choram

Por ser o rio um sentimento

Os olhos de todos não coram

Por chorarem um rio ao vento

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Esse rio que passa em mim

Desce dos olhos ao peito

Mostrando-se assim

Um doce rio e perfeito

Por quem choro agora

De quem o tempo me separa É quem no meu coração mora

Que uma vez me amara

Forma esse rio da dor

Dos olhos às plantas dos pés

Sentindo a falta do amor

Que tão perfeito és

Esse rio de solidão

Que desaguará no mar Mas num mar de isolação

De quem estás a chorar

Esse rio que as águas

Leva o amor para longe

Esse rio de mágoas

Quem o vê foge

Águas e águas jorradas

Dessa fonte de tristeza Águas e águas paradas

Numa pobre alma esquecida

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Uma Mulher

Numa certa noite escura

Por estrada adentro no nada Por quem a algo procura

Uma flecha envenenada

Embravecida de loucura

Com uma mente desvairada

Não há nada que segura Uma mulher apaixonada

Só assim se vê, agora

Que se vai à noite para o dia Vemos sim, realmente, a aurora

Com o sol renasce a alegria

Ela vai agora solta e livre

Sóbria do emanar da manhã

Não lembra as loucuras que sofre Diferente é de dia o que de noite seria

Se o amado, que espera, voltasse

Da sua insanidade se curaria E cantar de noite voltaria

Felicidade agora teria

Desta mulher, que é uma só

Mas que imaginamos tantas

Sai da loucura e do pó

E da suja terra te levantas

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Não é vil e nem débil mulher

E nem louca se finjas ser

É pelo amor que o espera e quer

E tão breve pretende o ter

E essas flores aí não te alegram?

Não és tu tão bela quanto elas? Veja essas cores que a integram

Ou preferes ser branca e singela?

Não espere mulher, pelo fim

Não deixe que a loucura te aparte

Não penses que vá viver assim

Sem que o sentido te arrebate

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Procura-se

“Precisa-se de poetas”

Eu lia nos Classificados Eu via nos pergaminhos:

“Aqui se deixa currículos”

Precisa-se de romances

E de amantes apaixonados

De amores mui inspirados Pois se deixam os amados

Eu vi poucos neste mundo

Que amavam e eram amados Eram poetas esquecidos

E loucamente apaixonados

Não cabem mais poetas no mundo?

E os livros não aceitam mais poesias?

E as poesias não têm mais rimas? Pois são raros os românticos apaixonados

Precisa-se de palavras

Serem ousados, mas serem poetas Poesias com rimas poéticas

E romances com amores lunáticos

Também precisam os poetas

Neste mundo serem lembrados

Enquanto ainda são vivos

Serem também amados

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As Flores Mortas

O tempo vai trazer de volta

A retidão das linhas tortas O branco das paredes sujas

A vida das cantigas antigas

O vento vai trazer agora

As cartas que jogaram fora

As flores da estação que passou As cores para que espera

Esta rua espera a tua vinda

Pois tua ida quase não finda Só lamento agora sua demora

Dói mui ver como esta rua chora

Quem não é forte, chora até a morte

Quem não sente dor, não lamenta o corte

Cai sempre a fruta quando está madura Murcha-se a flor e perde a formosura

Meus passos irão me levar no teu caminho

Teus rastros irão me guiar ao teu destino Vai teu coração, acelerar um pouquinho

E o tempo trará, aquele seu carinho

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Valcir Rodrigues Marques [email protected]