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5 - MERCADO DE VILHENA-RO PARA INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO DE SUCATA 5.1 Panorama nacional do setor de fundição A Indústria de Fundição de peças em ferro, aço e ligas não ferrosas é um segmento da economia que emprega cerca de 80.000 trabalhadores, fatura 2,5 bilhões de dólares por ano, em cerca de 1.400 empresas. Grande parte dessas empresas (97%) é de pequeno e médio porte, predominando o capital nacional. De sua produção, 53% são destinados à indústria automotiva, abastecendo fabricantes de componentes automotores, autopeças e as montadoras de automóveis, caminhões, ônibus e tratores. Além deste segmento, destacam-se entre os clientes de fundição a Indústria de Bens de Capital e a Siderurgia. O Setor de Fundição tem por característica principal o uso intensivo de mão-de-obra e suas matérias-primas, todas de origem nacional, lhe conferem uma independência do mercado externo. Portanto, gera um número significativo de empregos diretos e indiretos na cadeia produtiva de fundição e não agrava a balança comercial do País. 5.1.1 Mercado de matéria-prima: sucata O mercado de sucata de ferro, um dos principais insumos utilizados na fabricação do aço, está em polvorosa desde que a indústria siderúrgica comunicou uma redução de até 25% nos preços que paga aos fornecedores. "A ação coordenada pelas usinas no País inteiro reduziu para cerca de R$ 400 o preço médio da tonelada da sucata de ferro", conta Sérgio Camarini, presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Sucata Ferrosa e Não-Ferrosa do Estado de São Paulo (SINDINESFA). E faz outra queixa: de trinta dias para cá, o setor observa redução na geração interna de sucata, que seria da ordem de 20%. Segundo o presidente do SINDINESFA, há pouco menos de um mês, a Arcelor Mittal foi a primeira a tomar a iniciativa de pagar menos, logo seguida pelo grupo Gerdau e pela Votorantim, que em momento algum se pronunciaram publicamente a respeito. "A companhia não comenta sobre rumores do mercado", respondeu 57

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5 - MERCADO DE VILHENA-RO PARA INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO DE SUCATA

5.1 Panorama nacional do setor de fundição

A Indústria de Fundição de peças em ferro, aço e ligas não ferrosas é um segmento da economia que emprega cerca de 80.000 trabalhadores, fatura 2,5 bilhões de dólares por ano, em cerca de 1.400 empresas. Grande parte dessas empresas (97%) é de pequeno e médio porte, predominando o capital nacional.

De sua produção, 53% são destinados à indústria automotiva, abastecendo fabricantes de componentes automotores, autopeças e as montadoras de automóveis, caminhões, ônibus e tratores. Além deste segmento, destacam-se entre os clientes de fundição a Indústria de Bens de Capital e a Siderurgia.

O Setor de Fundição tem por característica principal o uso intensivo de mão-de-obra e suas matérias-primas, todas de origem nacional, lhe conferem uma independência do mercado externo. Portanto, gera um número significativo de empregos diretos e indiretos na cadeia produtiva de fundição e não agrava a balança comercial do País.

5.1.1 Mercado de matéria-prima: sucata

O mercado de sucata de ferro, um dos principais insumos utilizados na fabricação do aço, está em polvorosa desde que a indústria siderúrgica comunicou uma redução de até 25% nos preços que paga aos fornecedores. "A ação coordenada pelas usinas no País inteiro reduziu para cerca de R$ 400 o preço médio da tonelada da sucata de ferro", conta Sérgio Camarini, presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Sucata Ferrosa e Não-Ferrosa do Estado de São Paulo (SINDINESFA). E faz outra queixa: de trinta dias para cá, o setor observa redução na geração interna de sucata, que seria da ordem de 20%.

Segundo o presidente do SINDINESFA, há pouco menos de um mês, a Arcelor Mittal foi a primeira a tomar a iniciativa de pagar menos, logo seguida pelo grupo Gerdau e pela Votorantim, que em momento algum se pronunciaram publicamente a respeito. "A companhia não comenta sobre rumores do mercado", respondeu a Votorantim, por sua assessoria de imprensa. Para justificar o corte de preço, ainda de acordo com Camarini, as siderúrgicas alegaram a queda dos preços internacionais da sucata e do ferro-gusa, outro importante insumo do setor.

A diferença entre os preços externo e  interno caiu de 30% para cerca de 10%, de um mês para cá, calcula José Rubens dos Santos, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Fundição (ABIFA). De acordo com ele, o Brasil consome hoje cerca de 580 mil toneladas por mês de sucata para aço. Quase tudo, pelo menos 520 mil toneladas são vendidas para quatro siderúrgicas e o restante para empresas de fundição.

Com as usinas siderúrgicas pagando menos, havendo menos sucata no mercado e com a entrada em produção de novos projetos siderúrgicos, "dentro de mais três anos é possível que o Brasil tenha que importar sucata", acredita Camarini. Essa situação se prenuncia num momento em que o setor acaba de concluir um ciclo de investimento na renovação do parque industrial. Só em São Paulo, onde ficam 50% das empresas processadoras, a indústria da sucata de ferro gastou cerca de R$ 170 milhões na compra de máquinas e na renovação da frota de caminhões na expectativa de acompanhar o esperado crescimento da produção

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siderúrgica nacional. Camarini explica que as novas máquinas devem garantir uma capacidade adicional de 150 mil toneladas para as processadoras, que hoje movimentam em torno de 650 mil toneladas mensais - 55% de geração industrial e 45% fornecidas por catadores.

A confusão que a mexida nos preços está provocando certamente deverá animar os bastidores do Exposucata 2008, o congresso internacional do setor que deverá ser inaugurado nesta terça-feira, dia 07/04/2009,  junto com a Feira Internacional de Negócios da Indústria de Reciclagem, no Centro de Exposição Imigrantes, em São Paulo. Durante o evento serão discutidos o futuro da reciclagem no país, o impacto do dólar e da Bolsa de Metais de Londres (LME) no mercado de reciclagem brasileiro e a perspectiva de criação de um plano nacional de reciclagem de veículos, entre outros temas.

O faturamento  bruto  anual  do setor  é calculado em R$ 3,2 bilhões, sendo que deste total só a chamada sucata de obsolescência - originária da coleta de produtos colocados em desuso como automóveis, embalagens, máquinas, fogões, geladeiras entre outros, responde por aproximadamente R$ 1,4 bilhão. Atualmente, a coleta de materiais metálicos recicláveis é realizada por uma frota de cerca de 15 mil caminhões.

5.1.2 Panorama Mercado de Rondônia para indústria de fundição

Com as melhorias na infra-estrutura promovidas pelo PAC criam um mercado em potencial para a produção de peças fundidas. Rondônia é um estado promissor para empresas de fundição, tendo em vista a pouca concorrência e às grandes oportunidades que o mercado regional vem criando com o desenvolvimento.

A venda de produtos fundidos não tem atendido a demanda interna do estado no tange a fabricação de bens duráveis. A indústria rondoniense de fundição fornece seus produtos para setores e seguimentos como de utilidades industrial (peças/maquinário) e construção civil destacaram-se como principais receptores da produção.

A diversidade de produtos do setor de fundição requer, conseqüentemente, a utilização de diferentes processos produtivos, específicos para cada produto. As modificações ocorridas tanto nos processos tecnológicos como nos equipamentos - destacando-se a substituição de fornos cubilô, utilizados na fusão de ferro, aço e suas ligas, por fornos elétricos - têm permitido a redução do consumo específico de energia. Os demais insumos, como sucata de aço, ferro gusa, carvão vegetal, coque, bentonita e diversos componentes de ligas, não apresentam dificuldade quanto ao seu suprimento e/ou desvio significativo de preço.

Os principais objetivos do setor de fundidos ao realizar investimentos em tecnologia foram melhorar a qualidade de produtos e ampliar a produção. As mais evidentes dificuldades para efetivar os investimentos fundamentaram-se na falta de apoio governamental e na dificuldade na obtenção de recursos financeiros. Faz-se necessário mencionar que tais obstáculos poderiam ser amenizados caso houvesse maior organização e cooperação entre as indústrias do setor. Como principais fontes de informação para realizar estratégias de desenvolvimento destacaram-se os clientes, as fontes da própria empresa e os fornecedores.

Em termos de processos e questão ambiental as indústrias do setor de fundição se mostraram interessadas em se adequar aos padrões exigidos pelo ambiente competitivo no qual estão inseridas.

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Em questão de logística, a indústria Fundição Ferreiro estará inserida em Vilhena, portal da Amazônia, tendo, portanto um mercado promissor além das barreiras estaduais, como Matogrosso, Amazonas e Acre para demandar, entre outros conforme perspectivas relacionadas no item 5.3.

5.1.3 Noticias do setor

5.3.1.1 Reciclagem de latas de alumínio

A Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas) divulgaram (agosto de 2008) o Índice Nacional de Reciclagem de Latas de Alumínio para Bebidas relativo ao ano passado. No anúncio, durante o IX Seminário Internacional de Reciclagem do Alumínio, em Campos do Jordão (SP), surgiu um comentário bem humorado, com base numa decepção recente – a derrota da Seleção brasileira masculina de futebol para a Argentina: “pelo menos nisso o Brasil foi medalha de ouro”. Pelo levantamento das entidades, o Brasil lidera mundialmente, pelo sétimo ano consecutivo, a reciclagem de latas de alumínio para bebidas, com um percentual de 96,5% do total comercializado no mercado interno, em 2007. Os números impressionam: foram recicladas no ano passado 160,6 mil toneladas de sucata de latas, o que corresponde a 11,9 bilhões de unidades - 32,6 milhões por dia ou 1,4 milhão por hora. Trata-se do maior resultado registrado pelo índice, desde que ele passou a ser calculado, em 1990.

Até então, o recorde havia sido alcançado em 2005, quando o país atingiu a marca de 96,2%. Em 2007, o volume de latas coletado no país foi 15,5% maior que o do ano anterior, acompanhando as vendas, que cresceram 13% no mesmo período. O segundo colocado no ranking é o Japão, com 92,7% de reciclagem, que lá é obrigatória por lei, e, em terceiro, ficou a Argentina, com 90,5%. Há quatro anos, o índice desse vizinho brasileiro era de aproximadamente 60%. “A crise econômica na Argentina destacou as oportunidades e vantagens de reciclar o alumínio”, disse a AmbienteBrasil o coordenador da Comissão de Reciclagem de Abal, Henio De Nicola. Ele reconhece que boa parte da performance brasileira nesse quesito deve-se à desigualdade econômica reinante no país, quadro que impulsiona um significativo contingente de menor poder aquisitivo a complementar a própria renda por intermédio do “valor agregado que o alumínio tem”. Isso quando a renda não vem inteiramente dessa atividade de coleta e posterior comercialização das latas. Isso não diminui, contudo, o mérito brasileiro em investir na reciclagem, se posicionando na vanguarda desse processo.

Apesar desse índice superior a 96% do que foi lançado no mercado interno, a Indústria do Alumínio ainda importa sucata de latas de outros países – as chamadas UBC, sigla de Used Beverage Can -, comprando do México e dos Estados Unidos, por exemplo. Isso porque a Indústria brasileira não se limita mais a fazer novas latas de latas usadas. “Uma parte das recicladas hoje vira liga para o setor siderúrgico, entre outros usos industriais”, explica Henio. É uma percepção menos valorizada, por exemplo, pelos Estados Unidos, onde o índice de reciclagem de latas de alumínio fechou 2007 em 53,8%. “Não existem fatores sociais impulsionando a coleta”, diz Henio, fazendo a ressalva de que o volume reciclado corresponde a dez vezes mais que o contabilizado em solo brasileiro. “Em valores absolutos, é considerável”. VantagensNo Brasil, a reciclagem de latas de alumínio para bebidas movimentou no ano cerca de R$ 1,8 bilhão. Somente a etapa de coleta (compra de latas usadas) injetou cerca de R$ 523 milhões na economia nacional, o equivalente à geração de

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emprego e renda para 180 mil pessoas. Além dos benefícios sociais e econômicos, esse processo é reconhecidamente benéfico ao meio ambiente.

O processo de reciclagem de latinhas libera somente 5% das emissões de gases causadores de efeito estufa, quando comparado à produção de alumínio primário. Pelos cálculos da Abal e da Abralatas, ao substituir um volume equivalente de alumínio primário, a reciclagem de 160,6 mil toneladas de latinhas proporcionou uma economia de 2.329 GWh/ano de energia elétrica ao país, o suficiente para abastecer, por um ano inteiro, uma cidade com mais de um milhão de habitantes, como Campinas (SP). “Estamos absolutamente felizes em manter essa hegemonia”, disse Henio De Nicola a AmbienteBrasil. Ele ressalta, entretanto, que o potencial de crescimento nesse campo é muito maior. Na Inglaterra, a lata de alumínio é a embalagem de 66% da cerveja comercializada naquele mercado. No Brasil, menos da metade: 32%. Da mesma forma, nos Estados Unidos, 56% dos refrigerantes são acondicionados nelas. No Brasil, apenas 8%. A preferência aqui é pelas famigeradas garrafas PET, felizmente também cada vez mais destinadas à reciclagem.

Fonte: Ambiente Brasil, publicado em agosto/2008 e extraído em abril de 2009.

5.3.1.2 Agricultor de GO cria máquinas a partir de sucata

Um agricultor do sul de Goiás aproveita sucata para criar máquinas que ajudam no trabalho do campo. As idéias começaram a partir de uma roda d’água. Há oito anos, Luís Pereira Ribeiro descobriu que a roda poderia originar uma série de máquinas que poderiam mudar sua rotina.

As invenções começaram quando Ribeiro precisou aumentar a renda da família, para manter a faculdade da filha. A partir da estrutura da roda d’água, montada com sucatas, o produtor desenvolveu um forno giratório para torrar farinha de mandioca.

A criatividade, entretanto, não parou por aí. O agricultor também desenvolveu um sistema composto por uma bicicleta velha, engrenagens e pedaços de antena de televisão para regar suas plantações. A força para mover as engrenagens vem da roda d’água. “Todos os equipamentos de loja são caros e isto não cabia no meu orçamento”, diz Ribeiro.

Há três anos, o produtor desenvolve um novo equipamento – um carro movido a ar comprimido, que, segundo ele, além de ser ecologicamente correto, não terá custos e poderá ajuda nos trabalhos do campo.

O carro, chamado de Próton, ainda está em fase de teste. Garrafas plásticas servem como tanque para o ar comprimido. O combustível também é obtido a partir da força da roda d’água, a qual movimenta o compressor que preenche as garrafas com ar.

O sonho de ver o carro funcionando ainda não tem data para se realizar, mas o agricultor já sabe qual será o destino de suas invenções. “A partir deste carro, quero desenvolver máquinas que utilizem energia natural para substituir o trabalho sofrido do homem do campo”, diz.

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5.3.1.3 Crise fica para trás no mês de março

No primeiro trimestre de 2009, a indústria brasileira começou a dar sinais de recuperação, depois da queda generalizada em dezembro do ano passado, seguido de janeiro e fevereiro com quedas acentuadas. O crescimento está concentrado na produção de alimentos e no mercado automobilístico, que teve a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e também outros incentivos.

No mês de março, o pior da crise começa a ficar para trás. Pelo menos é o que indicam as pesquisas da FGV. Os setores automobilístico, de móveis, alimentos, têxtil, vestuário e calçados, celulose, papel e papelão e produtos de matérias plásticas saíram do negativo, em comparação com o mês de dezembro de 2008, examina Jorge Ferreira Braga, responsável pela área técnica da Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

No mês anterior, foram vendidos 16,9% veículos a mais no país, em comparação com 2008. Depois de dois meses de queda, a indústria de motos, apresentou uma pequena recuperação, com 126.295 unidades a mais que o mês anterior. Com a redução do IPI também para os veículos de duas rodas, novas linhas de crédito, juros mais baixos e novidades no mercado, o segmento de motocicletas deve voltar a crescer com vigor, após o abalo da crise financeira mundial. Até março, a queda das vendas superou 58%, de acordo com a Abraciclo.

Entre dezembro e fevereiro, o setor de celulose, papel e papelão teve uma queda de 10% na comparação com os mesmos meses do ano passado. Os alimentos, são um caso à parte e ficaram acima da média dos últimos 14 anos.. “Trata-se de um item que é imune à crise porque não depende de crédito para ser comprado”, diz Braga da FVG.

Já os setores de metalurgia, indústria química, mecânica, de minerais não metálicos, material elétrico e de comunicação, entre outros tiveram em março o nível de demanda mundial bem abaixo da média dos últimos 14 anos. Ainda assim, analistas concordam que a tendência é de recuperação, já além do segmento industrial puxado pelos automóveis e eletroeletrônico está voltando a vender.

Na indústria siderúrgica, a fabricação de aço bruto em fevereiro obteve um crescimento de 3,2% comparado com janeiro. Mas, mesmo assim a recuperação ainda é mínima, portanto, ainda há um grande espaço para recuperação, o que deve começar a acontecer somente no início do segundo semestre.

5.3.1.4 Consumo de alumínio bate recorde em 2008

O consumo doméstico de produtos transformados do metal apresentou crescimento pelo quinto ano consecutivo e encerrou 2008 com 1,02 milhão de toneladas, crescimento de 11,4% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal). Mesmo com a significativa desaceleração no último trimestre do ano, os principais setores da indústria registraram um bom desempenho. Os que mais se destacaram foram chapas e lâminas, com crescimento de 11,3%; fundição, com 12,3%; extrusão com 7,9%; e fios e cabos com crescimento de 34,5%. Responsável por cerca de 30% do consumo total de alumínio, o segmento de embalagens, que é abastecido por chapas e folhas, apresentou crescimento de 7,3% sobre o ano de 2007. Segundo maior consumidor de produtos de alumínio, principalmente fundidos e extrudados, o segmento de transportes apresentou crescimento de 10,8% no ano.

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Os investimentos em linhas de transmissão garantiram ao segmento de eletricidade um aumento de 31,3% em 2008. Confirmando o bom desempenho, o segmento de construção civil, que demanda, principalmente, extrudados e chapas, apresentou crescimento de 9,6%. ‘O mercado interno garantiu o forte consumo de produtos de alumínio até o terceiro trimestre do ano, quando a crise atingiu a todos os setores produtivos. Assim mesmo, a indústria superou 1 milhão de toneladas de consumo do metal, um novo recorde, consolidando um crescimento médio de 9% nos últimos cinco anos.’, diz o presidente da Abal, Luis Carlos Loureiro Filho.

5.2 RONDÔNIA: uma nova fronteira de desenvolvimento

Com a implantação da BR-364, em 1968, inicia-se a ocupação agrícola, associada à pecuária e à exploração madeireira. Com 523 municípios, Rondônia conta com uma população estimada em 1.562.417 habitantes, estando dividida metodologicamente pelo IBGE, nos seguintes quantitativos por faixa etária: 49,68% da população de Rondônia são de homens e 50,32% são mulheres, 58,95% encontram-se na faixa de 18 a 64 anos, 36,99% estão entre 0 a 17 anos e apenas 4,05% estão acima de 65 anos. Os dados populacionais demonstram que os migrantes correspondem a 47,4% da população e não poderia ser diferente, na medida em que a colonização deste estado foi conseqüência de uma política federal de ocupação definida para a Amazônia, porém, 52,6% são filhos de Rondônia, ou seja, mais 808 mil habitantes são nativos.

O estado de Rondônia  vivencia a melhor saga migratória de todos os tempos. É só observar o levantamento populacional publicado pelo IBGE em abril 2007 e se verá a intensa

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mobilização humana, silenciosa e determinada, em busca de novos Eldorados, se é que ainda existem e podem ser encontrados. O IBGE registra 1.534,5 mil habitantes nos 52 municípios rondonienses e demonstra um aumento populacional na ordem de 10 por cento, comparando-se com o Censo IBGE 2000, quando foram encontrados 1.379,7 mil habitantes nos mesmos municípios. Em sete anos a população rondoniense aumentou em 154,8 mil pessoas, resultado de processos migratórios ou em decorrência do crescimento vegetativo. Mas aumentou. Não diminuiu como alguns críticos da migração desejam.

Dividido em oito microrregiões, o  Estado passa por profundas alterações sócio-políticas e econômicas, e são essas transformações que impulsionam um tipo de migração diferente daquele que fundou o ciclo da agricultura, na década de 70 do século passado.

Desta vez, os rondonienses se movimentam internamente provocando o fenômeno da migração interna,  atraídos por novos fatores econômicos, como a atividade madeireira ou a ampliação das áreas propícias à pecuária de corte e de leite. Mais que isso, fundam núcleos populacionais fazendo surgir localidades que logo viram distritos, a exemplo de União Bandeirante, em Porto Velho, ou adensando o povoamento de distritos como Tarilândia, em Jaru, Rondominas, em Ouro Preto, São Domingos, em Costa Marques e, na Ponta do Abunã, em Porto Velho, cuja região congrega quatro distritos – Fortaleza do Abunã, Vista Alegre do Abunã, Nova Califórnia e Extrema ou Tancredo Neves. Nesse novo contexto, a microrregião  formada pelos municípios Porto Velho, Candeias do Jamari, Itapuã do Oeste, Cujubim, Buritis, Campo Novo e Nova Mamoré, teve aumento populacional considerável, motivado pela migração interna e pelo aporte de novos imigrantes. Para ter uma idéia, Cujubim aumentou em 52,83% sua população, no período 2000/2007. Nova Mamoré cresceu 30,17%, Candeias 21,63% e Porto Velho aumentou 9,99% seus habitantes.

Um verdadeiro fenômeno populacional se for comparado com o movimento oposto ocorrente na microrregião que envolve os municípios Colorado do Oeste, Cerejeiras, Cabixi, Corumbiara e Pimenteiras, todos registrando importante redução populacional, provavelmente em direção ao município de Vilhena que cresceu quase 20%, ou a Chupinguaia que aumentou seus habitantes em 25,95%, ou mesmo a Parecis, que tem hoje 20,97& de pessoas a mais do que tinha em 2000. Nesta microrregião o município de Pimenta Bueno cresceu apenas 1,06%, no período 2000/2007. No entanto, foi na microrregião Ji-Paraná, a mais rica do Estado, que ocorreram as maiores mobilizações humanas no mesmo período. Esta microrregião concentra três importantes municípios cujas cidades atuam como cidades-pólos: Ji-Paraná. Ouro Preto e Jaru. O município de  Ji-Paraná cresceu apenas 0,77%. Por outro lado, Ouro Preto encolheu em 11,85% e Jaru em 2,10%. Presidente Médici, o quarto município mais importante da região, com uma população rural e urbana equilibrada, perdeu 15,81% de seus habitantes. Mas, como se pode ver, esse processo migracional não se abrigou nas grandes cidades da microrregião. Ao que parece, a maior parte daqueles que emigraram engordou as estatísticas populacionais de municípios como Porto Velho, Cujubim, Buritis e Nova Mamoré.

A microrregião Cacoal, formada por nove municípios, perdeu considerável número de habitantes. Contando com três cidades que funcionam como cidades-pólos – Cacoal, Espigão do Oeste e Rolim de Moura – esta microrregião teve em Espigão do Oeste o município que mais cresceu, com um aumento de 7,82% de sua população. Cacoal aumentou 3,40% e Rolim de Moura 3,09%. Os demais municípios perderam povoamento, notadamente Santa Luzia e Novo Horizonte, 20,16% e 21,41%, respectivamente. Por sua vez, as microrregiões Ariquemes e Guajará-Mirim atuaram como receptoras deste fenômeno migratório. Guajará-Mirim cresceu 3,56%, Costa Marques 25,29% e São Francisco 29,44%. Na microrregião

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Ariquemes, o município de Machadinho do Oeste foi o que mais recebeu povoadores no período, aumentando em 23,04% sua população, seguido de Alto Paraíso, com 21,34% e Ariquemes, com 9,57%.

No entanto, regiões do estado mais atingidas pela imigração interna nos últimos anos, ou seja, ocorreu uma grande transformação em algumas fronteiras rondonienses, as quais são: Jacy-Paraná, Vista Alegre do Abunã, Vila de Extrema, União Bandeirantes e Nova Califórnia, ambas são distritos da Capital Porto Velho; e Nova Mamoré, no vale do Guaporé.

Com o advento das hidrelétricas do rio Madeira, também no município de Porto Velho, a Capital poderá superar a casa dos 500 mil habitantes nos próximos cinco anos. Estas perspectivas mostram o quanto o estado de Rondônia evoluiu, pois a Capital já vive um fluxo visível de progresso e desenvolvimento inusitados com a chegada de grandes grupos empresariais que se instalaram gerando milhares de empregos e riquezas tanto para os cofres públicos, quanto para a população, com sinais de melhoria da

qualidade de via da população.

Um dos mais evidentes sinais do boom econômico é a construção civil. Empresas como Gafisa, Direcional e JHSF chegaram ao mercado ou estão estudando sua entrada. Elas têm mais de sete mil unidades habitacionais em obras, voltadas para a classe média (B e C), ou em fase de lançamento. "A cidade está se verticalizando", diz Fernando Casal, ex-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). Um apartamento novo, com três quartos, está sendo vendido por R$ 280 mil, mesma faixa de preço de imóvel similar em bairros tradicionais de São Paulo, como Pompéia ou Vila Mariana. 

Grandes obras - novo Porto Fluvial, Centro Político Administrativo, Corredor de Exportação de Grãos através da Bacia Hidrográfica do Madeira, grandes pontes sobre o rio Madeira e rio Guaporé (na fronteira com a Bolívia), recuperação de todo o trecho da BR-319 entre Porto Velho e Manaus nos seus 800 km de extensão - são provas incontestáveis dessa nova realidade que atinge o Estado de Rondônia.

Soma-se a isso, a grande expectativa pelo inicio da construção do Gasoduto de Urucu (AM) – Porto Velho (RO), pois esta está com pelo menos 10 anos de atraso. Mesmo com atraso, essa obra marca a evidencia de quão grande e importante é o futuro de Rondônia ante esse novo contexto de progresso que atinge esta parte Oeste da Amazônia Ocidental.

Há de salientar, portanto, o fato da Capital rondoniense ter se tornado um grande pólo universitário, com mais de 10 importantes instituições de ensino superior formando milhares de novos profissionais, nas mais diferentes áreas do saber. E que já disputaram às vagas existentes no mercado de trabalho rondoniense, que a cada ano que passa se torna mais e mais competitivo.

Todo esse contexto e suas variáveis são fatores indispensáveis para a consolidação de Rondônia nos seus aspectos políticos, sociais e principalmente econômicos.

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Fonte: www.rondoniagora.com, publicado em 07/04/2009, extraído e modificado pela equipe da Activa Consultoria e Projetos Financeiros em 13/04/2009.

5.2.1 Perfil Econômico de Vilhena

Vilhena está estrategicamente posicionada no meio da Rodovia BR-364, que liga Porto Velho a Cuiabá. Encontra-se a 705 km (setecentos e um quilômetros) de Porto Velho (capital de Rondônia) e a 727 km (setecentos e vinte e sete quilômetros) de Cuiabá (capital do Mato Grosso). O extrativismo e a industrialização da madeira formaram a base da economia da região por diversos anos.

Foi povoada por agricultores do Sul e do Sudeste, atraídos por loteamentos feitos por Brasília e slogans como "Integrar para não entregar" e "Terras sem homens para homens sem terras". Foi uma verdadeira conquista do Oeste - ou do Noroeste. Em boléia de caminhão, o percurso até Vilhena levava quinze dias. A estrada só recebeu asfalto em 1982, o mesmo ano em que foi inaugurado seu aeroporto. As obras provocaram um surto de crescimento.

A cidade se tornou um dos principais entrepostos comerciais da Região Norte. Em quatro anos, sua população triplicou e atingiu 36.000 habitantes. Ao facilitar o transporte dos bois, a rodovia enriqueceu os criadores de gado e proporcionou à prefeitura sua principal fonte de arrecadação.

Em trinta anos, um entreposto de gado no Norte passou a ostentar indicadores sociais dignos do Sul Maravilha. Vilhena já foi apenas uma das fronteiras do gado no Norte do país. Hoje, é também um entreposto comercial que centraliza a economia de outros sete municípios.

Se há um lugar onde o mito do eldorado amazônico ganha contornos de verdade, é em Vilhena, no sul de Rondônia. A cidade surgiu do nada há trinta anos. Hoje, ostenta índices de qualidade de vida semelhantes aos do Paraná. É a metrópole dos criadores de gado. Seus pastos e os dos sete municípios do entorno alimentam 2,5 milhões de reses.

Centro regional de serviços, Vilhena também é o principal destino dos fazendeiros de outras cidades. Eles gastam, em média, 30 milhões de reais por ano na feira agropecuária local. Mesmo que não morem nos limites do município, dependem de Vilhena para o dia-a-dia. Lá compram veículos, roupas e fazem supermercado. Vão ao médico, ao banco e põem seus filhos na escola. Apesar de ter aproximadamente 66.000 habitantes, Vilhena já mantém três instituições de ensino superior. Não falta trabalho e os salários são superiores aos de Porto Velho, a capital do estado.

A estrada deu novo impulso ao comércio. A BR-364 é cortada diariamente por 700 caminhões de soja, que se dirigem à capital Porto Velho, onde embarcam o grão nas barcaças que cruzam o Rio Madeira. Vilhena é ponto de parada dos caminhoneiros, que lá abastecem seus veículos e fazem compras. O gado, os serviços e a soja fizeram com que nesta década o PIB municipal crescesse 73% e a população, 25%.

Os vilhenenses solicitaram um comércio mais sofisticado. Em 1975, o grupo Pato Branco era só uma mercearia de secos e molhados. Depois que a rodovia foi construída, a empresa abriu um posto de gasolina, uma revendedora de pneus e, hoje, possui o maior supermercado da região. Agora, constrói o primeiro shopping center da cidade.

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O eldorado amazônico é o mais bem posicionado do Norte e do Nordeste em todos os rankings elaborados pela revista VEJA. É a única cidade destas regiões a aparecer entre as vinte primeiras colocadas quando é considerado o desenvolvimento da economia e da qualidade de vida (educação, saúde, segurança e acesso à tecnologia). O futuro promete ser alvissareiro. Brasília pretende conectá-la à costa baiana por meio de uma ferrovia. Mais avançado está o projeto de ligá-la a um porto no Pacífico. Os primeiros trechos da rodovia, que se estenderá até a costa do Peru, já estão concluídos.

Fonte: Revista Veja, edição 2070, publicada em 23/07/2008 (páginas 88/89).

5.2.1.1 - Crescimento populacional de Vilhena

Com a diminuição das reservas florestais e a ocupação desse espaço pelo homem, deu-se início ao progresso produtivo, da bovinocultura, e a cultura de hortifrutigranjeiros. Vilhena tem se destacado na região como uma das pioneiras cidades que abrem as portas, com todos os incentivos, para os agronegócios. Entretanto, a principal força econômica do Município está ainda baseada no comércio e na prestação de serviços.

A população estimada do Município, calculada com base no número de eleitores, dados fornecidos pelo Cartório Eleitoral, e número de matrículas em creches, pré-escolas, escolas de ensino fundamental e ensino médio, dados esses fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação Esporte e Cultura e número de residências, e dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Planejamento, é de 84.564 (oitenta e quatro mil, quinhentos e sessenta e quatro) habitantes.

Dados oficiais estimados pelo IBGE informam que Vilhena possui uma população de 65.807 de habitantes, dados baseados no Censo 2000.

Tabela 1 - População das que compõe a região de Vilhena

Cidades N. de habitantesVilhena 65.807Chupinguaia 6.649Pimenteiras do Oeste 2.633Corumbiara 9.409Cerejeiras 17.366Colorado do Oeste 18.883Cabixi 7.436total 128.183

Fonte: Estimativa Populacional IBGE 2006

5.2.1.2 - Evolução das Indústrias em Vilhena

Nos últimos anos, Vilhena vem ampliando seu parque industrial. A indústria madeireira se desenvolve tanto no setor de exportação, como na construção civil, embora esse setor tenha diminuído seus investimentos devido à preservação ambiental.

E com a existência do mogno e cerejeira, a indústrias de móveis vem em segundo lugar, atendendo, quase que exclusivamente, o consumo local. No quadro abaixo observamos a quantidade de indústrias, em números, atuantes município de Vilhena:

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Tabela 2 - Quantidade de Indústrias em Vilhena

INDÚSTRIA QUANTIDADEProdutos de Minerais não Metálicos 05Madeira 68Metalúrgica 13Mobiliário 23Produtos Alimentares 06Frigoríficos 01Química 01Bebidas 01Vestuário, Artefatos de Tecido e de Viagem 02Editorial e Gráfica 06Calçados 01Mecânica de Peças e Aces.p/ Máquinas e Equip. 02Construção de Atividades Auxiliares 18

Fonte IBGE-2004

5.2.1.3 - Comércio e Serviços em Vilhena

Vilhena tem na área do comércio e serviços, importante função, visto funcionar como interposto comércio para os Municípios vizinhos, tornando-a pólo regional, tanto para as cidades do Estado de Rondônia como do Estado do Mato Grosso.

O comércio local é composto de estabelecimentos bem diferenciados, pois estamos longe dos grandes centros comerciais do País. O comércio de Vilhena é bastante diversificado constituindo-se basicamente de calçados, materiais de construção, gêneros alimentícios, peças e acessórios, lojas de confecções, veículos e máquinas agrícolas, mantimentos agropecuários, entre outros.

O Porto graneleiro de Porto Velho amplia as exportações e investimentos beneficiando o ritmo acelerado da agroindústria de Rondônia e Mato Grosso colaboram com o aumento da demanda. Para a cidade de Vilhena, há favorecimento para o comércio, tendo em vista o fluxo de transportes que tem passagem obrigatória pelo posto de fiscalização situado na cidade.

A pauta de produtos que embarcam para Manaus, Belém e também para o exterior pelo Porto Organizado de Porto Velho vem se expandindo no mesmo ritmo em que aumentam as exportações de bens semi-manufaturados e industrializados, originários de agroindústrias de Rondônia e do Mato Grosso.

5.3 RONDÔNIA: Perspectivas com a Integração da América do Sul

A integração sul-americana é viável e deve ser um objetivo da política externa dos países da região, particularmente do Brasil.

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Figura 1 - Rondônia: caminho para o Pacífico

Com a conclusão da maioria dos projetos da IIRSA, prevista para 2010, a probabilidade de uma maior integração regional aumenta, uma vez que o comércio deverá crescer, incentivando o empresariado sul-americano.

A união da Venezuela é também um importante marco para o aprofundamento desse processo, pois poderá implicar certo reequilíbrio intrabloco e mudará o eixo estratégico do Mercosul  - da Bacia do Prata para o Norte, com a transformação da Amazônia em “área-pivô” da integração sul-americana.

Assim, a despeito de dificuldades, há uma especial oportunidade estratégica, pois o Mercosul (impulso platense) é o ponto de partida da geopolítica para atuar na frente sul-sul (centro mundial de poder), que possibilitará a integração deste bloco com 2 grandes segmentos: Índia – Brasil – África do Sul (IBAS) e com a Cúpula dos Países Árabes. Essa é uma iniciativa que pode, de forma útil, complementar os movimentos políticos em direção à América Andina, o que será uma articulação política muito mais árdua do que parece à primeira vista, pois terá de enfrentar a forte resistência dos EUA.

Somente com investimentos em C,T&I é que o desafio da concepção de um novo paradigma de desenvolvimento para a Amazônia poderá ser enfrentado. Tal base constituirá condição fundamental para a implantação de um novo modelo de desenvolvimento, que valorize a floresta e seus produtos, dando a este valor econômico que justifiquem a sua exploração sustentável e não a sua derrubada.

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O continente sul-americano dispõe de riquezas naturais e de espaço que podem garantir-lhe condições de pleno e contínuo desenvolvimento. Apesar desse grande potencial, a região tem sido considerada como parte da periferia mundial e ficado fora do interesse das principais correntes geopolíticas mundiais. 

A Frente Sul-Sul consolidada possibilitará o fortalecimento do IBAS, uma parceria estratégica com os Países Árabes, com a China e com o Sudeste Asiático, além do incremento da reunião de cúpula dos BRIC.

A América do Sul está frente ao desafio que definirá seu papel no século XXI: retomar o crescimento econômico com ampla participação social, para construir as bases de um desenvolvimento sustentável que gere bem-estar social, reduza os níveis de pobreza e desigualdade em todos os países da região e aumente sua relevância na economia mundial.

Dessa maneira, o continente sul-americano deve aproveitar o cenário da Teoria da Turbulência para sair da estagnação e consolidar a Teoria do Quaterno.

Mas uma integração física é complexa: as proporções do continente, barreiras naturais e particularidades sócio-econômicas de ocupação da América do Sul são fatores que dificultam a ligação.

Deve-se assegurar que os projetos não se convertam somente em grandes corredores de exportação, mas que também possam gerar desenvolvimento nas suas áreas de influência. Antes mesmo de se concretizar uma ligação interoceânica por meio da integração das infra-estruturas na América do Sul, focaliza-se na importância que esses projetos podem ter no estímulo ao desenvolvimento do interior do continente que, longe da costa, está pouco conectado aos fluxos regionais e globais.

O fato dos países sul-americanos terem firmado a lista dos 31 projetos simboliza a coesão da região em torno de prioridades comuns para o seu desenvolvimento e integração.

Contudo, a IIRSA é uma revolução silenciosa na América do Sul. E sua vinculação à Unasul na estratégia de integração regional tende a conferir maior importância à iniciativa, tornando-se mais relevante um monitoramento constante da sua evolução.

5.3.1 Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira

A construção das Hidrelétricas do Rio Madeira representa uma das maiores conquistas evidenciadas na região norte, especificamente Rondônia. A maior preocupação, no entanto, é quanto às condições de sustentabilidade do crescimento e desenvolvimento econômicos provenientes dos investimentos nas usinas do Rio Madeira. Rondônia mais uma vez participa da história da formação econômica do Brasil.

Com maior participação dos setores secundário e terciário da economia na formação do PIB do Estado reforça a condição de desenvolvimento e o fenômeno de consolidação da nossa indústria, com 29% do PIB, serviços, com 53% (incluindo 25% de atividades de governo), contra 18% do setor primário. A força desse desenvolvimento industrial que gera emprego e renda, agregando valor ao conjunto da sociedade rondoniense, colabora com a elevação do estado ao 14º - IDH do país, com a segunda melhor distribuição de renda do Brasil.

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A implantação de uma matriz energética limpa e abundante abrirá um leque de oportunidades de investimentos jamais vista na história desse estado, tanto para a Capital de Porto Velho quanto para as cidades do interior.

O estado de Rondônia está estrategicamente posicionado como um portal de entrada para a região amazônica, num modal de transporte rodoviário/fluvial que permite o escoamento de produtos de um mercado denominado Mercoeste, que envolve os estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins. Assim, possibilita acesso aos demais estados da região através da hidrovia do Madeira, bem como permitirá acesso à saída do pacífico, pelo Estado do Acre e Peru.

Sua sustentabilidade começa na expansão do mercado intra-regional, ou seja, maior comercialização de produtos oriundos dos estados da região norte. Vale observar que Rondônia é hoje o maior comprador de produtos desse mercado regional.

Esse mercado intra-regional envolve 17,5 milhões de habitantes (consumidores), compreendendo os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins (região norte), acrescido do Mato Grosso (centro-oeste). Sistematicamente, novos mercados poderão ser abertos, com o atendimento das demandas dos países vizinhos, notadamente o grupo andino, como Chile, Bolívia, Peru, e Equador, e da Amazônia sul americana, como Colômbia, Venezuela, Guianas e Suriname.

Tabela 6 - População e PIB dos países em 2005

PAÍS População (x 1.000) PIB (milhões US$)Bolívia 8.989 9.333,6Chile 16.134 115.250,0Colômbia 43.593 122.308,6Equador 13.548 36.244,0Guianas 967 783,2Peru 28.303 78.430,8Suriname 465 1.342,1Venezuela 25.730 138.857,0TOTAIS 137.729 502.549,0

Fonte: Federação das Indústrias do Estado de Rondônia – 2007.

Esse mercado potencial referido possui população de 137,7 milhões de habitantes e um PIB de US$ 502,5 bilhões em 2005. A título de comparação, o PIB do Brasil foi de US$ 794,1 bilhões (52,8% do PIB sul americano) em 2005. Somando essa população à dos estados da região norte e Mato Grosso, 17,5 milhões de habitantes, chegamos a 155,2 milhões de habitantes (consumidores). Esses países permitirão grande expansão do comércio exterior da região, ampliando as exportações de empresas rondonienses e dos demais Estados. São grandes produtores de matérias-primas e compradores tradicionais de produtos industrializados.

A consolidação do Mercosul como bloco comercial liderado pelo Brasil passará, impreterivelmente, pela estruturação do Mercoeste brasileiro, com o estabelecimento de relações comerciais consistentes com esse grupo de países. A chegada aos portos de Ilo e Matarani, no Peru e Arica, no Chile, permitindo-nos o acesso ao Pacífico bem como à rodovia

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Pan-americana, possibilitará a distribuição dos nossos produtos e fortalecerá o intercâmbio comercial com o grupo.

O acesso às hidrovias pelos países vizinhos permitirá o escoamento de suas riquezas naturais que abastecerão nosso setor produtivo, ativando o crescimento dessas economias. Estrategicamente, o transporte ferroviário interligando as cidades de Cuiabá e Porto Velho selaria definitivamente o processo de integração dessas economias com ganhos de escala e redução de custos para todos.

Com a construção das usinas do Madeira, estará consolidado esse mercado, se desenvolvido com seriedade e responsabilidade, gerando um conjunto de oportunidades sólidas para os empreendedores do Estado, em cujo sucesso reside a manutenção de investimentos, emprego e renda para a população e a conseqüente sustentabilidade da nossa economia.

Pequenos negócios ligados aos serviços pessoais, alimentação, diversão, turismo, esporte e qualificação profissional darão o novo mote do empreendedorismo local. Empresas locais e regionais de médio e grande porte ligadas à produção de alimentos, vestuário, transporte, produtos de informática, material para escritórios, cursos profissionalizantes, construção civil, farmácia, couro e calçados, metal mecânica e agroindústria buscarão ampliar suas plantas, contratar mão de obra, melhorar sua qualidade e sua produtividade, de olho na expansão do mercado consumidor e também nas próprias demandas internas das duas obras por insumos de construção civil.

Figura 2 – Esquema Usinas do Madeira

O Complexo do Rio Madeira é muito mais que a geração de cerca de 11 mil MW de eletricidade, pois propiciará a criação de uma extensa malha hidroviária em mais de 4.200 km nos rios Madeira, Mamoré, Guaporé, Beni e Madre de Diós, beneficiando diretamente o Brasil, a Bolívia e o Peru. Com isto, abre-se a perspectiva de navegação até o Alto Guaporé, em Mato Grosso, viabilizando uma integração rodoviária com a hidrovia Paraguai-Paraná, cujo extremo norte se situa em Cáceres (MT), a menos de 200 km de distância, o que permitiria o estabelecimento de um sistema multimodal de transportes entre Iquitos (Peru) e Buenos Aires, de enorme importância para a integração sul-americana.

5.3.2 Eixo Brasil – Peru - Bolívia

A existência de canal de saída para o Oceano Pacífico sempre foi considerada relevante e estratégica para o Brasil, no caminho do desenvolvimento econômico, bem assim da integração nacional e continental. A construção da rodovia interoceânica que dará acesso

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aos portos peruanos de Ilo, Maratani e San Juan pelo estado do Acre, prevista para ser concluída em 2010, permitirá que o País, hoje ainda de costas para o Pacífico, aproxime-se do Oriente.

As perspectivas do desenvolvimento das relações entre a Bolívia, o Peru e o Brasil são as melhores possíveis, inclusive a partir da associação crescente entre a Comunidade Andina e o Mercosul, já que o potencial entre estes blocos é muito grande, novos acordos certamente poderão facilitar ainda mais as relações comerciais entre eles. É importante destacar que essas associações, prosseguindo no trabalho de remoção de barreiras ao comércio, progressi-vamente trabalhando na criação de uma zona de livre comércio na América do Sul, definirão uma grande regionalização de intercâmbio comercial.

Figura 3 - Eixo Peru – Brasil – Bolívia

Roteiro:

Rio Branco-Brasiléia: 220 km de estrada asfaltada. Brasiléia-Assis Brasil: 110 km de asfalto. Assis Brasil, na fronteira tríplice, é

separada da Bolívia por um igarapé e, do Peru, pelo Rio Acre. Assis Brasil-Iñapari-Puerto Maldonado: 230 km. Iñapari é uma pequena cidade

peruana. Puerto Maldonado é de porte médio e, para chegar até lá, passa-se pelo Rio Madre de Dios, um dos maiores afluentes da margem direita do Rio Amazonas.

Puerto Maldonado-Cuzco: 510 km. Esse percurso é de estrada de pedra e cascalho, rodeada de mata e montanhas até a cidade lendária de Cuzco, antes da subida para a Cordilheira dos Andes.

Cusco-Arequipa: 520 km, trecho mais crítico. Arequipa-Ilo: 310 km. De Ilo, cidade portuária, pode-se ter acesso à Rodovia

Pan-americana.

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Distância entre Rio Branco e o oceano Pacífico: 1.900 km.

O Eixo Peru-Brasil-Bolívia é também o Eixo transversal que abrange sete departamentos da Macro-região Sul Peru (Tacna, Moquegua, Arequipa, Apurimac, Cusco, Puno e Madre de Dios), dois departamentos amazônicos da Bolívia (Pando e Beni) e quatro estados do noroeste do Brasil (Acre, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso). Tem uma superfície estimada de 3,5 milhões de km2, dos quais 82% correspondem ao território brasileiro, 10% ao peruano e os 8% restantes ao boliviano.

O Eixo apresenta uma população de 12,3 milhões de habitantes, com uma densidade populacional media de 3,53 hab/km2; 68% de sua população é urbana; registrou uma taxa anual de crescimento populacional de 2,34% durante os últimos 10 anos. Os principais centros urbanos do Eixo são: No Peru: Arequipa (709.700 hab.), Cuzco (300.800 hab.), Puno-Juliaca (294.000 hab.), Tacna (220.000 hab.), Moquegua (48.900 hab.) e Puerto Maldonado (35.600 hab.). Localidades de fronteira: Iñapari (1.300 hab.), Iberia (4.600 hab.), San Lorenzo, Puerto Heath. No Brasil: Rio Branco (253.600 hab.), Porto Velho (380.000 hab.), Manaus (1.405.800 hab.) e Cuiabá (483.300 hab.). Localidades de fronteira: Assis (3.500 hab.), Brasileia (17.013 hab.), Guajará-mirim. Na Bolívia: Cobija (20.800 hab.), Trinidad (63.128 hab.), Riberalta (43.454 hab.). Localidades de fronteira: Bolpebra (180 hab.), Porvenir (700 hab.), Extrema (50 hab.), Guayaramerín (33.100 hab.). Quanto à economia, o Eixo Peru-Brasil-Bolívia tem Produto Interno Bruto estimado em cerca de US$ 30.825 milhões.

A BR-364, entre Cuiabá (MT) e Rio Branco (AC) é a principal via de transportes de toda a Amazônia Ocidental, servindo de elo com o Brasil Central e o Sudeste. Atende aos estados de Rondônia, Acre e Amazonas, além de compor o eixo de integração Peru-Brasil-Bolívia, acordado entre os chefes de Estado de todos os países da América do Sul em setembro de 2000, e consolidados através da Iniciativa para La Integración de la Infraestructura Regional Suramericana - IIRSA. A proposta de ampliar as relações comerciais de Rondônia com os países vizinhos da Bolívia e do Peru implica, por conseguinte, uma contigüidade e continuidade territorial que poderá permitir a formação de um espaço maior, uma região, onde as horizontalidades presentes levem à construção das bases de sociedades mais dignas e harmoniosas. O poder de barganha, que significa o estar juntos, pode ser um ponto de partida para melhoria das condições de vida das populações e o desenvolvimento sustentado das três regiões.

Os mercados em estudo - Bolívia, Peru e Rondônia - que definem uma área geográfica econômico-mercantil segundo modernos conceitos, são mercados em crescimento, mercados a cada dia potencialmente mais atrativos e que se afiguram como promissoras fontes de investimento. Longe, porém, de ser a intensificação das relações comerciais desses mercados um processo exclusivamente econômico, pois, encerra um conteúdo também político e cultural que lhe imprime uma multiplicidade infinita de perspectivas e possibilidades.

No ranking nacional das Exportações brasileiras, Rondônia ocupou a 19º posição com U$$ 48.175.000, até fevereiro de 2007. Dessa forma, sua relação comercial com a Bolívia equivale 2,4% do total das exportações. Com o Peru este percentual é ainda menor, apenas 0,47%.

A constatação do baixo desempenho da balança comercial entre Rondônia e Peru não desmerece em nada o esforço e a expectativa gerada na direção da integração comercial. De fato tal situação só serve para demonstrar que precisam ser identificados os gargalos desta

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relação, o que em boa parte está sendo tratado neste trabalho. A outra constatação é o inequívoco potencial dos dois mercados como fator impulsionador, que muito tem para se complementar, suprindo as carências recíprocas. Cabe salientar que os demais paises andinos, dentro das suas proporções, são potenciais clientes para o Mercado Rondoniense, haja vista a potencialização do comércio entre tais países.

5.3.3 Eixo do Amazonas

Além do eixo “Brasil-Peru-Bolívia”, é de grande importância para Rondônia o Eixo do Amazonas, que interliga o Oceano Atlântico, em Belém (PA), ao Oceano Pacífico, em Paita, Peru, ou Esmeraldas, no Equador. Neste eixo o transporte será em grande parte fluvial, pelas diversas hidrovias formadas pelo rio Amazonas e afluentes, peruanos e brasileiros. Já nos territórios peruano e equatoriano, ao atingir a serra andina, o transporte será através de rodovias. No Peru, a rodovia Taraporto – Yurimaguas – Puerto Yurimaguas, componente do Grupo 3 de projetos deste eixo, com 120 km de extensão, já foi licitada, devendo as obras iniciar-se em breve.

O Eixo do Amazonas é um buffer de um par de centos de quilômetros ao longo do sistema multimodal de transporte que interconecta determinados portos do Pacífico, tais como Tumaco, na Colômbia, Esmeraldas, no Equador, e Paita, no Peru, com os portos brasileiros de Manaus, Belém e Macapá.

Figura 4 - Eixo do Amazonas

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Procura a união bi-oceânica através dos rios Huallaga, Marañón, Ucayali e Amazonas, no Peru, Putumayo e Napo, no Equador, Putumayo, na Colômbia, e Iça, Solimões e Amazonas, no Brasil, com seus mais de 6.000 km de vias navegáveis, e os portos fluviais de El Carmen, na fronteira entre Equador e Colômbia, Gueppi, na Colômbia, e Sarameriza e Yurimaguas, no Peru.

Assim, os principais indicadores demográficos do Eixo se resumem no quadro seguinte:

Tabela 7 - Indicadores demográficos do Eixo do Amazonas

Os principais centros urbanos ou de interesse logístico são os seguintes:

Na Colômbia: Tumaco, Pasto, Mocoa, Gueppi, El Encanto, Arica e Letícia; No Equador: Esmeraldas, Quito e Puerto El Carmen; No Peru: Paita, Piura, Olmos, Corral Quemado, Sarameriza, Tarapoto,

Yurimaguas, Nauta e Iquitos; No Brasil: Tabatinga, Manaus, Itacoatiara, Santarém, Macapá e Belém.

O Eixo conta com um Produto Interno Bruto estimado de US$ 93.000 milhões, de acordo com o seguinte quadro:

Tabela 8 - Produto Interno Bruto do Eixo do Amazonas

Com tantas possibilidades em vista, a tão esperada saída para o Pacífico poderá dar novo impulso na comercialização internacional para os países andinos. Grande parte das exportações rondonienses está voltada para o setor de alimentação, como a carne, o grão e o café. Outro fator importante a ser ressaltado é o setor industrial que alavancará a economia regional, pois muitas industriam, no entanto, já estão se instalando nas redondezas visando o potencial que será a saída para o pacifico.

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