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AVM FACULDADE INTEGRADA
Grasielle Menezes da Costa
MERCADO DE AÇÕES COMO ALTERNATIVA DE INVESTIMENTO PARA DIFERENTES INVESTIDORES
RIO DE JANEIRO
2012
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GRASIELLE MENEZES DA COSTA
MERCADO DE AÇÕES COMO ALTERNATIVA DE INVESTIMENTO PARA DIFERENTES INVESTIDORES
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de pós graduação em Finanças e Gestão Corporativa apresentado à AVM faculdade integrada.
Orientadora: Profª Ana Claudia Morrissy
RIO DE JANEIRO
2012
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RESUMO
O estudo do mercado de ações é muito importante para o
investidor que planeja investir nesses ativos. Estudar esse mercado é, além de
entender o seu funcionamento, procurar entender como os riscos das ações
influenciam no seu retorno e como é possível reduzir esses riscos. Para isso
esse trabalho conceituou os principais aspectos do mercado de ações, tratando
da relação entre risco e retorno e a importância de se montar uma carteira
diversificada. O trabalho também mostrou a importância de se conhecer o perfil
do investidor na hora de escolher qual carteira é mais adequada para atender
as suas expectativas.
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SUMÁRIO
I) Introdução ........................................................................................................ 6
II) Conceitos do mercado de ações .................................................................... 7
III) Risco retorno no mercado de ações .............................................................11
IV) Carteira de ações e diversificação ................................................................16
V) Beta e prêmio de risco da ação .....................................................................22
V.1) O coeficiente beta ...........................................................................................22
V.2) A linha de mercado de capitais.........................................................................24
V.3) Capital asset pricing model (CAPM) .................................................................26
V.4) O beta no modelo CAPM..................................................................................27
V.5) Como estimar o beta ........................................................................................28
VI) A seleção de carteiras por diferentes investidores ....................................30
VII) Como criar uma carteira diverificada .............................................................35
VIII) Conclusão .............................................................. Erro! Indicador não definido.
IX) Bibliografia ......................................................................................................39
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Fontes populares de riscos para administradores e acionistas ...................14 Tabela 2: Beta de algumas empresas em 2002 ..........................................................23 Tabela 3: Exemplo de carteira .....................................................................................36 Tabela 4: Carteira com informação dos setores de atuação das empresas emissoras 36 Tabela 5: Percentual da carteira investido em cada setor ...........................................36
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Distribuição de probabilidade discreta dos retornos dos ativos A e B ........................ 13 Figura 2: Distribuição de probabilidade contínua dos retornos dos ativos A e B ....................... 13 Figura 3: gráfico de representação dos ativos pelo retorno esperado e desvio padrão............17 Figura 4: Exemplos de correlação entre ativos. .......................................................................... 19 Figura 5: Princípio da diversificação ........................................................................................... 21 Figura 6: Linha de mercado de capitais. ..................................................................................... 24 Figura 7: Exemplo de cálculo do índice beta por regressão ....................................................... 29 Figura 8: Representação de uma curva de indiferença .............................................................. 31 Figura 9: Mapa de curvas de indiferença .................................................................................... 32 Figura 10: Mapa de curvas de indiferença de um investidor mais conservador......................... 33 Figura 11: Seleção de carteira para diferentes investidores ....................................................... 34
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I) INTRODUÇÃO O mercado de ações é muito importante para o desenvolvimento
econômico. De acordo com o site da BM&FBOVESPA, temos que:
Quanto mais desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu mercado de capitais, o que se traduz em mais oportunidades para as pessoas, empresas e instituições aplicarem suas poupanças.1
Muitos investidores enxergam o mercado de ações como alternativa
para investirem suas poupanças e alcançarem bons retornos. Mas para isso
ocorra é preciso entender o funcionamento desse mercado e ter a consciência
de que maiores retornos vêem acompanhados de maiores riscos.
Este trabalho tem por objetivo conceituar o mercado de ações,
identificar os riscos exigentes nos investimentos nesses ativos e identificar os
diferentes perfis dos investidores e como eles podem escolher uma carteira de
ações que melhor se adéqüe as suas expectativas.
Para tal o trabalho começa por apresentar alguns dos principais
conceitos do mercado de ações brasileiro, apresentando posteriormente os
riscos do mercado de ações e sua relação com o retorno do investimento. O
trabalho também aborda as carteiras de ações e a importância da
diversificação para os investidores, mostrando posteriormente os conceitos do
índice beta e de prêmio de risco. Por fim o trabalho mostra a seleção de
carteiras por diferentes investidores e como eles podem perceber se sua
carteira está diversificada.
A metodologia utilizada no trabalho foi o levantamento bibliográfico
sobre o tema em livros, artigos, teses e sites referenciados no assunto,
proporcionando uma abrangente fonte de informações sobre o funcionamento
do mercado de ações e a determinação da relação de risco e retorno dos
investimentos, fatores essenciais para o investidor que planeja investir em
ações.
1 Disponível em: http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/iniciantes/mercado-de-acoes/entenda-o-mercado-de-acoes/entenda-o-mercado-de-acoes.aspx?idioma=pt-br Acesso em 21/01/2012
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II) CONCEITOS DO MERCADO DE AÇÕES Uma empresa que planeja crescer precisa de recursos para financiar
seu projeto. O ideal é que esse crescimento seja financiado com recursos
próprios, provenientes de lucros anteriores, porém nem sempre isso é possível.
Uma alternativa, então, é a empresa recorrer a empréstimos bancários, sendo
obrigada a pagar juros e ter vencimentos estipulados previamente.
Outra possibilidade é a empresa recorrer ao mercado de ações, ou
seja, abrir o seu capital. Com isso, o investidor que compra uma ação passa a
ter uma fração do capital social da companhia e tem seu investimento de volta
na forma de dividendos pagos pela empresa ou na forma de valorização no
valor da ação proveniente da retenção dos lucros que foram reaplicados no
crescimento da companhia.
Empresas que distribuem bons dividendos são aquelas que,
normalmente, possuem alta geração de caixa e baixa necessidade de
investimento, ou seja, estão em um setor que não está em expansão ou que
necessite de modernização, como eletricidade e saneamento. Com isso, essas
empresas podem distribuir boa parte de seus lucros aos investidores na forma
de dividendos. O investidor que compra esse tipo de ação costuma ter um perfil
mais conservador, já que essas empresas dão um retorno mais baixo, porém
consistente ao longo do tempo.
Empresas que reinvestem grande parte de seus lucros estão em
setores dinâmicos da economia, como a tecnologia da informação, que
necessitam de investimentos constantes para seu crescimento, valorizando,
assim, o valor da sua ação.
As ações são divididas em dois tipos, as ordinárias e as
preferenciais. De acordo com o site da BM&FBOVESPA2 as ações ordinárias
são aquelas que “concedem àqueles que as possuem o poder de voto nas
assembléias deliberativas da companhia” e as ações preferenciais são aquelas
que “oferecem preferência na distribuição de resultados ou no reembolso do
2 Disponível em: http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/educacional/iniciantes/mercado-de-acoes/entenda-o-mercado-de-acoes/entenda-o-mercado-de-acoes.aspx?idioma=pt-br. Acesso em 16/01/2012
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capital em caso de liquidação da companhia, não concedendo o direito de voto,
ou restringindo-o”.
O proprietário de ações ordinárias possui responsabilidades e
obrigações correspondentes ao número de ações possuídas. Ele possui o
direito de participar na definição dos rumos do negócio. Além disso, por lei, os
possuidores de ações ordinárias têm direito de vender suas ações por pelo
menos 80% do valor pago por um possível comprador da empresa ao seu
controlador atual. Este direito se chama tag along.
No Brasil as ações preferenciais são as que possuem maior liquidez
devido ao fato de permitir a empresa emitir ações sem a necessidade de
possuir sócios com direito a voto. Com isso os atuais controladores da empresa
não correm o risco de perder esse controle.
As ações preferenciais (PN) e ordinárias (ON) são diferenciadas nos
seus códigos. As ON recebem o número “3” após as quatro letras do código do
ativo, já as PN recebem o número “4”. Como exemplo, temos as ações PETR3,
que são as ações ordinárias da Petrobrás, e as ações PETR4, que são as
ações preferenciais da Petrobrás.
O investidor que quer comprar ações diretamente da bolsa de
valores pode encontrá-las em dois mercados, o mercado de ações primário e
mercado de ações secundário. É denominado mercado primário quando uma
empresa lança novas ações no mercado. Esta emissão de ações serve para a
empresa captar recursos dos investidores de modo a financiar seus projetos e
fazer investimentos, e estes recursos obtidos entram para o caixa da empresa.
Depois de lançadas, essas ações passam a ser negociadas no
mercado secundário, que é a forma mais conhecida e utilizada para se
negociar ações. No mercado secundário, que compreende não só a bolsa de
valores, mas também os mercados de balcão, os investidores ou acionistas
negociam ações de sua titularidade, ou seja, ações já emitidas e em circulação.
As ações são normalmente negociadas através do intermédio dos
bancos e corretoras de valores. Para negociar as ações o investidor deve estar
cadastrado em uma corretora de valores ou em algum banco que tenha
homebroker. Homebroker é o sistema de negociação eletrônica que permite
aos clientes operar na BM&FBOVESPA, via internet.
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Outro conceito importante no mercado de ações é o de mercado á
vista e mercado fracionário. No mercado à vista o investidor só negocia ações
em lotes-padrão, determinados pela Bovespa, que variam de ativo para ativo.
Assim, quando da realização de um negócio, ao comprador cabe despender o
valor financeiro envolvido na operação e ao vendedor a entrega dos títulos-
objeto da transação, nos prazos estabelecidos pela Bovespa. Os preços são
formados em pregão, pela dinâmica das forças de oferta e demanda de cada
papel, o que torna a cotação praticada um indicador confiável do valor que o
mercado atribui às diferentes ações.
O mercado fracionário trabalha com partes do lote-padrão e é,
normalmente, onde o pequeno investidor começa. No mercado fracionário o
código da ação vem acompanhado da letra F após as quatro letras e o número,
como por exemplo, PETR4F. Apesar de ser mais cômodo, pois o investidor
pode comprar o número de ações que desejar, o mercado fracionário possui
menor liquidez.
Os tipos de ordem de compra e venda de ações não são iguais,
estão divididos conforme segue abaixo:
• Ordem a mercado: é uma ordem que especifica somente a
quantidade e as características dos ativos e direitos a serem comprados ou
vendidos. Deve ser executada a partir do momento em que for recebida pela
corretora, a qualquer preço;
• Ordem administrada: é uma ordem onde o investidor especifica a
quantidade e as características do título desejado, mas a execução da mesma
fica a critério da corretora;
• Ordem discricionária: é uma ordem onde o administrador da
carteira de ações ou um representante de mais de um cliente estabelece as
condições em que a ordem deve ser executada. Após a execução a ordem irá
indicar o nome dos investidores, a quantidade de ativos a ser distribuída a cada
um deles e o preço;
• Ordem limitada: é uma ordem que possui um preço máximo de
compra e um preço mínimo de venda. A operação será efetuada a um preço
igual, ou melhor, a esse estipulado. As ordens inseridas pelo Homebroker são
sempre limitadas;
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• Ordem casada: é uma ordem vinculada à execução de uma outra
ordem do mesmo cliente, ou seja, só será realizada caso a ordem casada
também seja. Pode ter ou não limite de preço;
• Ordem de financiamento: o investidor determina uma ordem de
compra ou venda de um valor mobiliário ou direito em determinado mercado e,
simultaneamente, a venda ou compra do mesmo valor mobiliário ou direito no
mesmo ou em outro mercado, com prazo de vencimento distinto;
• Ordem stop: é uma ordem de venda de ações enviada à bolsa
cujos critérios de validação são previamente estabelecidos pelo cliente. A
ordem stop tem prazo de validade de 30 dias e, após este período, o investidor
deve voltar a registrá-la caso ela não tenha sido executada. Como o preço de
saída é definido pelo investidor e a ordem de venda é enviada à Bovespa
quando o preço da ação ficar abaixo do limite determinado, esse tipo de ordem
pode ser usado como proteção pelo investidor.
A liquidação das operações realizadas na BOVESPA é efetuada
pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) e atualmente
segue o fluxo listado abaixo, segundo a BM&FBOVESPA:
• D+0 - dia da operação;
• D+1 - prazo para os intermediários financeiros (Corretoras)
especificarem as operações por eles executadas junto à Bolsa;
• D+2 - entrega e bloqueio dos títulos para liquidação física da
operação, caso ainda não estejam na custódia da CBLC;
• D+3 - liquidação física e financeira da operação.
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III) RISCO RETORNO NO MERCADO DE AÇÕES
As ações são ativos de renda variável, ou seja, não oferecem ao
investidor uma rentabilidade garantida, previamente conhecida. Por não
oferecer uma garantia de retorno, este é um investimento considerado de risco
alto.
De acordo com Carlos Patrício Samanez (2007) fala-se em risco
quando uma variável aleatória possui uma distribuição de probabilidade
conhecida e, na análise de investimentos, o termo risco está associado à
probabilidade de se ganhar abaixo do esperado, sendo, portanto, algo
importante de ser medido.
Muitos estudiosos fazem uma separação entre risco e incerteza.
Risco está associado a uma variável aleatória que possui uma distribuição de
probabilidade conhecida e incerteza está associada a uma distribuição de
probabilidade desconhecida. Na prática de finanças, entretanto, esses termos
muitas vezes são usados com o mesmo significado. De acordo com Pindyck e
Rubinfield (1994), a diferença entre risco e incerteza pode ser vista como:
Algumas pessoas fazem distinção entre incerteza e risco,
em conformidade com a orientação sugerida pelo
economista Frank Knight há cerca de 60 anos. A
incerteza pode ser referente a situações para as quais
muitos resultados são possíveis, porém cada um deles
apresenta probabilidades desconhecidas de ocorrência.
O risco, por sua vez, refere-se a situações sobre as quais
podemos relacionar todos os resultados possíveis, e
conhecendo a probabilidade de vir a ocorrer, apresentada
por cada possível resultado. 3
Quanto mais certo for o retorno de um ativo ou de uma carteira de
ativos, menor sua variabilidade e, portanto, menor seu risco. Um investimento
3Pindyck e Rubinfield (1994) (p. 179).
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será considerado mais arriscado se possuir uma faixa mais ampla de possíveis
retornos.
O retorno esperado de um ativo com risco é o seu retorno mais
provável, ou seja, é a média dos retornos desse ativo. Ele pode ser estimado
calculando-se a soma dos produtos dos retornos possíveis do ativo vezes as
respectivas probabilidades de ocorrência, conforme fórmula a seguir:
�� = ���� × ��
���
Na fórmula pri é a probabilidade de ocorrência do retorno Ri e n é o
número de eventos ou retornos possíveis.
Uma medida estatística usada para medir o risco é o desvio padrão,
que mede a dispersão da distribuição de retornos. Quanto maior o valor do
desvio padrão, maior será a dispersão das expectativas em torno do retorno
esperado e, conseqüentemente, maior o risco do investimento.
O desvio padrão (representado pela letra grega σ) é definido como a
raiz quadrada do somatório dos produtos das probabilidades de ocorrência
vezes os quadrados da diferença entre cada retorno possível e o retorno
esperado:
= [���� × [�� − ��]�]
���
��
Na fórmula �� é o retorno esperado (média) da distribuição.
Como os investidores são avessos ao risco e procuram maximizar a
sua rentabilidade, se tiverem dois investimentos com o mesmo retorno
esperado, escolherão aquele que apresente o menor desvio padrão da
distribuição dos retornos, ou seja, o de menor risco. Da mesma forma, entre
dois investimentos com o mesmo risco, o investidor escolherá aquele com o
maior retorno esperado para investir.
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Na figura 1 vemos dois gráficos com distribuições de
probabilidade discretas do retorno de dois ativos, A e B. Os dois
ativos possuem o mesmo retorno esperado, porém o ativo B é mais
arriscado, pois possui maior dispersão de retornos. A figura 2 ilustra
o mesmo caso, porém com distribuições de probabilidade contínuas
do retorno dos dois ativos.
Figura 1: Distribuição de probabilidade discreta dos retornos dos ativos A e B
Fonte: http://www.bertolo.pro.br/adminfin/AnalInvest/AulaDeRisco.pdf. Acesso em 17/01/2012
Figura 2: Distribuição de probabilidade contínua dos retornos dos ativos A e B
Fonte: http://www.bertolo.pro.br/adminfin/AnalInvest/AulaDeRisco.pdf. Acesso em 17/01/2012
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A tabela 1 apresenta de forma resumida os riscos enfrentados pelas
empresas e seus acionistas. Esses riscos abrangem fatores internos, como por
exemplo, o risco da empresa não ser capaz de cobrir seus custos de operação,
e risco externos a empresa, como por exemplo, o risco de variação na taxa de
juros que afete os investimentos da companhia.
Tabela 1: Fontes populares de riscos para administradores e acionistas
Fonte: http://www.bertolo.pro.br/adminfin/AnalInvest/AulaDeRisco.pdf. Acesso em 17/01/2012
O risco pode ser dividido em duas partes:
• Risco sistemático: é a parte da volatilidade do ativo que tem sua
origem em fatores comuns a todos os ativos do mercado. Por exemplo,
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determinado resultado das eleições presidenciais afeta, em maior ou menor
grau, todos os ativos do mercado.
• Risco não sistemático ou específico: é a parte da volatilidade do
ativo que tem sua origem em características específicas do ativo. Por exemplo,
se uma plataforma da Petrobrás sofre um acidente, a princípio somente as
ações desta empresa recebem um impacto negativo.
Como o risco sistemático tem efeito amplo no mercado também é
conhecido como risco de mercado. Como o risco não-sistemático é específico
de empresas ou ativos individuais, algumas vezes é chamado de risco
específico ou risco próprio.
A atitude do ser humano perante o risco varia, logo temos
comportamentos diferentes de administradores e investidores perante o risco,
conforme segue abaixo:
• Administrador indiferente ao risco: o retorno exigido pelo
investidor não varia conforme a variação no risco. Essa atitude não tem sentido
em quase nenhuma situação empresarial, não sendo comum.
• Administrador avesso ao risco: o retorno exigido aumenta com o
aumento do risco. Para se proteger contra o risco, o administrador exige um
retorno maior para compensar o risco mais elevado.
• Administrador propenso ao risco: o retorno exigido cai se o risco
aumenta. Teoricamente, por gostar de assumir riscos, o administrador estaria
disposto a abrir mão de algum retorno pelo risco. Esse comportamento não traz
benefícios à empresa.
A grande maioria dos administradores é avesso ao risco, conforme
já falado anteriormente, exigindo um retorno maior para investimentos de maior
risco. Portanto usa-se esse comportamento para a análise de risco e retorno de
investimentos.
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IV) CATEIRA DE AÇÕES E DIVERSIFICAÇÃO
Carteira (portfólio, em inglês), de acordo com Carlos Patrício
Samanez (2007) é:
[...] uma combinação de ativos, tais como investimentos,
ações, obrigações, commodities, investimentos em
imóveis, títulos com liquidez imediata ou outros ativos em
que uma pessoa física ou jurídica possa investir e que
possa manter. Basicamente a finalidade de uma carteira
é reduzir o risco por meio da diversificação.4
O grau de risco de um ativo mantido dentro de uma carteira é
menos, sendo por esse motivo que os bancos, fundos de investimentos e de
pensão, seguradoras, entre outros, costumam ter carteiras bem diversificadas.
As modernas técnicas de quantificação de risco tiveram início no
trabalho de Harry Markowitz, que publicou em 1959 o livro “Portifolio selection:
efficient diversification of investimentes”. Foi ele quem formalizou e aplicou a
teoria da diversificação de investimentos aos investimentos financeiros,
partindo da premissa de que a decisão sobre a composição de uma carteira de
investimentos está fundamentada apenas no valor esperado e no desvio
padrão dos retornos da carteira, e que essa decisão é conseqüência de um
processo de minimização do risco.
Uma vez que um investimento pode ser caracterizado pela média e
desvio padrão da distribuição de probabilidade dos retornos, podemos
representar esses parâmetros em um gráfico, conforme a figura 3. Nesse
gráfico podemos encontrar representado o conceito de dominância. Um ativo
com risco domina o outro se, para um mesmo nível de risco, apresenta um
retorno esperado maior ou, se para um mesmo retorno esperado, apresenta
um risco menor.
4 SAMANEZ, Carlos Patrício, 2007, p. 183
17
Na figura 3 a linha vermelha e contínua representa onde devem
estar todas as combinações (carteiras) eficientes de ativos com risco possíveis
de ser montadas e é chamada de fronteira eficiente. O critério de eficiência
pode ser entendido através do seguinte exercício: fixando-se o risco, a carteira
de maior retorno esperado seria a mais eficiente e fixando-se o retorno
esperado, a carteira de menor risco seria a mais eficiente.
Figura 3: gráfico de representação dos ativos pelo retorno esperado e desvio padrão.
Fonte: http://www.bertolo.pro.br/adminfin/AnalInvest/AulaDeRisco.pdf. Acesso em 17/01/2012
Se na figura 3 os ativos A, B e I são mutuamente exclusivos, o ativo I
é dominado pelo ativo B, pois para um mesmo nível de risco, o ativo B gera um
retorno esperado maior, fazendo com que a escolha do ativo B sobre o I seja
clara. Entretanto, a escolha entre o ativo A ou B não é clara, pois depende da
preferência do investidor e na sua propensão a assumir um risco maior ou
menor. A única conclusão a que podemos chegar e que independe do
investidor é que para maiores riscos o investidor exigirá maiores retornos.
Uma alternativa para o investidor é, em vez de escolher entre o ativo
A ou B, fazer uma combinação entre eles, ou seja, formar uma carteira.
Existem diversas maneiras de descrever uma carteira, sendo a mais usada a
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que consiste em discriminar o percentual do valor da carteira aplicado em cada
ativo. Chamamos esses percentuais de pesos da carteira.
O retorno observado de uma carteira com N ativos será obtido
através da média ponderada dos retornos observados (Ri) dos ativos
individuais. A formula a seguir representa o retorno observado da carteira, onde
Xi é o peso aplicado a cada retorno.
�� =��� × ���
���
O retorno esperado da carteira será o valor esperado da equação
anterior, e pode ser representado por:
����� =��� × ����
���
A variância de uma carteira de ativos, representada pelo símbolo σ2,
pode ser calculada conforme segue abaixo, onde σij é a covariância entre os
ativos i e j:
�� =���� �� +� � ���� ���
���,���
�
���
�
���
A covariância é o valor esperado do produto de dois desvios: os
desvios dos retornos dos ativos i e j em relação a seus retornos esperados. A
covariância mede como os retornos dos ativos variam em conjunto. Dividindo-
se a covariância pelo produto dos desvios padrão dos dois ativos obtém-se o
coeficiente de correlação, uma medida estatística situada no intervalo -1 a +1 e
que assume o valor zero quando os ativos não estão relacionados. A figura 4
mostra dois ativos com correlação positivamente perfeita (+1) e negativamente
perfeita (-1).
19
Figura 4: Exemplos de correlação entre ativos.
Fonte: http://www.bertolo.pro.br/adminfin/AnalInvest/AulaDeRisco.pdf. Acesso em 17/01/2012
Pode-se diminuir a variância da carteira combinando os ativos de
modo apropriado, ou seja, diversificando. Essa diminuição dependerá
basicamente da correlação entre os ativos que compões a carteira. A maior
diminuição de risco será conseguida quando a correlação entre os ativos for
igual a -1, pois dessa forma, um resultado negativo de um investimento é
compensado pelo lucro do outro. No mercado de ações é muito difícil
encontrarmos correlações perfeitamente negativas entre ativos, assim
podemos concluir que quanto mais negativa for a correlação entre os retornos
dos ativos da carteira, menor será sua variância, logo menor será o seu risco.
Para uma segunda análise, podemos pensar no caso em que os
pesos aplicados em cada ativo sejam iguais. Se aplicarmos em N ações, o
peso aplicado em cada uma delas será 1/N, e a variância da carteira será:
�� = 1��� �� +
1���� ��
���
�
���
Sabendo que a variância média da carteira é dada por:
20
����â !��"é#�� = � ���
�
���
e a covariância média da carteira é dada por:
$%&���â !��"é#�� =�� ���(� − 1)���
podemos reescrever a equação da variância da carteira da seguinte forma:
�� = 1� × ����â !��"é#�� + +1 − 1
�, × $%&���â !��"é#��
Se a quantidade de ativos da carteira for bastante alta, ou seja, se N
tender a infinito, a variância da carteira aproxima-se da covariância média, que
pode ser vista como o risco médio da economia. O risco mínimo que se obtém
com a máxima diversificação é a covariância média.
lim�→∞ �� = $%&���â !��"é#��
A figura 5 ilustra o processo de diversificação:
21
Figura 5: Princípio da diversificação
Fonte: http://www.bertolo.pro.br/adminfin/AnalInvest/AulaDeRisco.pdf. Acesso em 17/01/2012
A redução do risco da carteira pela diversificação é grande para a
adição dos primeiros ativos, porém o risco não consegue ser totalmente
eliminado. O risco residual é conhecido como risco de mercado, risco não
diversificável ou risco sistemático, que já foi explicado anteriormente.
O risco de uma carteira bem diversificada depende apenas do risco
de mercado dos ativos nela incluídos. O princípio da diversificação mostra
como investir em ações sem correr tanto risco, eliminando os riscos não
correlacionados aos movimentos gerais de mercado. De acordo com Samanez
(2007), vários estudos demonstram que, nos mercados de capitais norte-
americano e britânico, a eliminação quase total do risco diversificável se dá
quando a carteira de ações possui de 18 a 25 ações e o Brasil já possui
estudos que comprovam esse resultado.
22
V) BETA E PRÊMIO DE RISCO DA AÇÃO
V.1) O coeficiente beta
Conforme mencionado anteriormente, o risco de um ativo pode ser
decomposto em risco sistemático e risco não sistemático, conforme equação a
seguir. O risco não sistemático é essencialmente eliminado pela diversificação,
logo, uma carteira relativamente grande praticamente não possui risco não
sistemático.
��1!%2%2�3 = ��1!%1�124"á2�!% + ��1!% ã%1�124"á2�!%
Como o risco não sistemático pode ser eliminado praticamente a
custo nulo pela diversificação, não pode existir recompensas por assumi-lo. O
mercado não recompensa riscos desnecessários. Portanto, a recompensa por
assumir riscos depende apenas do risco sistemático do investimento, e a esse
fato dá-se o nome de princípio do risco sistemático.
Como o risco sistemático é fator determinante do retorno esperado
do ativo, foi criada uma forma de medir esse risco para diferentes
investimentos. Essa forma de medir é conhecida como coeficiente beta e é
representada pela letra grega β.
O coeficiente beta, ou somente beta, diz quanto risco sistemático um
ativo possui em relação a um ativo médio. Por definição um ativo médio, ou
ativo de mercado, tem um beta de 1,0 em relação a ele mesmo. Um ativo com
beta de 0,5, por exemplo, tem metade do risco sistemático do ativo médio e um
ativo com beta igual a dois tem o dobro do risco sistemático.
Ativos com beta maiores têm risco sistemáticos mais altos, logo,
possuem retornos esperados maiores, uma vez que o investidor exige maiores
retornos para assumir maiores riscos. Os betas são geralmente
disponibilizados por empresas especializadas em seus sites, destacando-se a
Bloomberg, Standard and Poor’s, Value Line, Merril Lynch, Economática, entre
outras.
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A tabela 2 apresenta os coeficientes beta em 2002 para ações de
algumas empresas bastante conhecidas no mundo. Por essa tabela, a empresa
Harlei-Davidson apresenta maior risco, pois possui um beta de 2,20, ou seja,
possui 2,2 vezes o risco sistemático do ativo médio.
Tabela 2: Beta de algumas empresas em 2002
Fonte: http://www.bertolo.pro.br/adminfin/AnalInvest/AulaDeRisco.pdf. Acesso em 17/01/2012
O cálculo do beta pode ser usado para ativos individuais e para
carteiras de ativos. O beta de uma carteira pode ser calculado como o retorno
esperado da carteira. Para uma carteira de dois ativos, onde o peso de cada
ativo é de 0,5, o beta seria calculado da seguinte forma:
5�6789�76 = 0,5 × 568�<=� + 0,5 × 568�<=�
Em geral, se tivéssemos um número N de ativos na carteira,
multiplicaríamos o beta de cada um desses ativos pelo seu respectivo peso na
carteira e somaríamos o resultado para obter o beta da carteira, conforme
equação a seguir, onde Xi é o peso do ativo i na carteira.
5�6789�76 = �� × 568�<=� + �� × 568�<=� + �> × 568�<=> +⋯+ �� × 568�<=�
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V.2) A linha de mercado de capitais
Para o entendimento de como o risco é remunerado no mercado,
precisamos comparar os ativos arriscados com os ativos sem risco. O ativo
livre de risco é aquele que possui beta igual a zero, ou seja, não possui risco
sistemático. As combinações possíveis e eficientes da carteira de ativos com
risco (carteira M) com os ativos sem risco devem se situar ao longo de uma
reta chamada linha de mercado de capitais (LMC), indicada na figura 6.
Figura 6: Linha de mercado de capitais.
Fonte: CASACCIA, Michelli Colli. 2009, p 23.
A combinação mais eficiente possível de ativos com risco é
chamada de carteira de mercado, representada pelo ponto M, com retorno
esperado Rm. Na figura 6, Rf representa a rentabilidade de um ativo sem risco.
Se um investidor preferir assumir menos risco que o proporcionado pela
carteira M, ele poderá situar seus investimentos no trecho Rf – M da linha de
mercado de capitais. Para tanto aplicará parte de seus recursos no ativo sem
risco e o restante em ativos com risco.
25
Se o investidor prefere mais risco e, conseqüentemente, mais
retorno, do que o proporcionado pela carteira M, ele pode se situar no trecho
superior a M. Para tanto, deverá tomar dinheiro emprestado à taxa livre de
risco e aplicar na carteira M seus recursos iniciais mais esses empréstimos. σm
Ao afirmar que a carteira M contém a combinação mais eficiente de
todos os ativos com risco, estamos querendo dizer que ela é uma carteira
completamente diversificada, isto é, uma carteira que leva a diversificação ao
grau extremo. Seu risco deve-se apenas a fatores que afetam o mercado como
um todo.
Em decorrência da suposição de mercado, a carteira M é o próprio
mercado de ativo com risco, por isso é denominada carteira de mercado, ou
simplesmente, o mercado. Seu retorno é o retorno médio ponderado de todos
os ativos que compõe tal mercado. Para efeito prático a carteira de mercado
pode ser aproximada pelo NYSE (índice da bolsa de valores de Nova York), no
caso dos Estados Unidos, ou pelo Ibovespa (índice da bolsa de valores de São
Paulo), no caso do Brasil.
Em finanças, os modelos de formação de preços de ativos com risco
descrevem um processo de equilíbrio nos mercados financeiros ao relacionar o
risco de um ativo ao retorno exigido pelos investidores ara assumi-lo. Supõe-se
que os investidores operam no mercado até que todos os ativos atinjam níveis
idênticos de rentabilidade esperada por unidade de risco assumido. Mais
precisamente, até que o excesso de retorno por unidade de risco seja o mesmo
para todos os ativos e igual ao da carteira de mercado, ou seja, até que seja
alcançada a seguinte igualdade:
��� − �@ � = �A���� − �@
A ����� = 1,…�
Onde ��� e �A���� são, respectivamente, o retorno esperado do i-ésimo
ativo e do mercado, e Rf é o retorno dos ativos sem risco. Essa igualdade é
possível em um mercado eficiente e em equilíbrio, em que os investidores
valorem os ativos de risco considerando como referência carteiras eficientes e
altamente correlacionadas com a carteira de mercado.
26
A LMC é, portanto, uma representação de equilíbrio para o risco-
retorno de carteiras eficientes, em que o retorno esperado da carteira é uma
função linear de seu risco (desvio-padrão). Só é válida para carteiras eficientes
altamente correlacionadas com a carteira de mercado.
V.3) Capital asset pricing model (CAPM)
Outro modelo de equilíbrio de mercado e muito importante para
entender como o mercado remunera o risco é o capital asset pricing model
(CAPM) desenvolvido por Sharpe, Lintner e Mossin. Esse modelo é baseado
em valores esperados em que o retorno esperado do ativo é a soma de dois
fatores. O primeiro refere-se à rentabilidade dos ativos ou das aplicações sem
risco, e o segundo ao chamado prêmio de risco.
�42%� %41�4��#% = 2�C�3�&�4#4��1!% + ��ê"�%#4��1!%
O CAPM considera que os investidores sejam racionais e
diversifiquem seus investimentos, a fim de evitar o risco diversificável, que
pode ser cancelado por meio da diversificação primária da carteira de
investimento. Dessa maneira, apenas o risco de mercado ou sistemático
deverá ser recompensado pelo mercado, conforme já mencionado. Esse risco
está relacionado a mudanças nas condições gerais da economia, que afetam
as empresas como um todo, sendo algumas delas mais sensíveis a essas
mudanças do que outras.
A taxa livre de risco é dada pelo retorno esperado dos ativos sem
risco. O prêmio de risco pode ser visto como o retorno adicional exigido pelos
investidores para compensar cada unidade de risco adicional por eles
assumida. É função de duas variáveis: o beta, que mede a contribuição
incremental de determinado ativo para o risco da carteira diversificada, e a
diferença entre o retorno esperado da carteira de mercado e a taxa livre de
risco.
O modelo pode ser expresso pela seguinte equação:
27
��� = �@ + 5�[�A����� − �@]
Onde:
��� = �42%� %41�4��#%#%�2�&%� �@ = �4 2�D�3�#�#4#%�2�&%14"��1!%
�A����� = �4 2�D�3�#�#441�4��#�#�!��24���#4"4�!�#%
5� = D42�#%�2�&%� 5�E�A����� − �@F = ��ê"�%#4��1!%#%�2�&%�
No contexto do CAPM, o prêmio de risco de um ativo é estimado
pelo produto de seu beta vezes a diferença entre o retorno esperado da
carteira de mercado e a taxa livre de risco. O que o CAPM mostra é que o
retorno esperado de determinado ativo depende de três fatores:
1. Valor do dinheiro no tempo: Medido pela taxa livre de risco,
mostra a recompensa exigida por simplesmente esperar pela devolução do
dinheiro, sem assumir risco nenhum.
2. Recompensa por assumir risco sistemático: medida pelo prêmio
pelo risco do mercado (�A����� − �@) esse componente corresponde à recompensa
que o mercado oferece para se assumir um nível médio de risco sistemático,
além de esperar.
3. Nível de risco sistemático: Medido pelo 5�, esse é o nível de risco
sistemático presente em determinado ativo, em relação a um ativo médio.
V.4) O beta no modelo CAPM
O beta desempenha um papel especialmente importante no
apreçamento de ativos. Em essência ele indica a sensibilidade dos retornos do
ativo a variações na rentabilidade da carteira de mercado. Estatisticamente, o
beta é igual à covariância entre os retornos do título e os retornos da carteira
de mercado, dividida pela variância dos retornos da carteira de mercado.
5� = !%&(�� , �A)&��(�A) = �,A
A� = G�,A × � × A A�
28
Na equação, �,A e G�,A representam, respectivamente, a covariância
e o coeficiente de correlação entre os retornos do ativo e da carteira de
mercado, � e A representam, respectivamente, os desvios padrão dos
retornos do ativo e da carteira de mercado.
V.5) Como estimar o beta
Muitos analistas argumentam que, em geral, os betas são estáveis
enquanto a empresa permanece em um mesmo setor. Contudo, isso não
significa que o beta de uma empresa não possa variar devido a mudanças
tecnológicas no processo de produção, nas regulamentações econômicas e na
alavancagem financeira da empresa.
Considerando que há evidências empíricas de que os betas
históricos contêm informação sobre os betas futuros, uma forma de estimar
esse parâmetro é a partir de dados históricos. Uma vez que no mercado de
ações quase todos os ativos negociados são correlacionados de uma forma ou
de outra com o mercado como um todo, é possível relacionar os retornos de
determinado ativo com os retornos de uma carteira de ativos que reflita o
mercado (um índice de bolsa como o Ibovespa, por exemplo).
Assim, supondo que o beta não varie ao longo do tempo, podemos
estimá-lo relacionando linearmente os retornos históricos do título i com os
índices de mercado. Ou seja, podemos estabelecer a relação regredindo
linearmente os retornos do título e do índice de mercado. A equação de
regressão pode ser expressa em forma de série temporal , do seguinte modo:
��,8 = H + 5��A,8 + 4�,8
29
Figura 7: Exemplo de cálculo do índice beta por regressão
Fonte: http://hcinvestimentos.com/2011/12/20/indice-beta/
Acesso em: 20/01/2012
A regressão supõe que os betas sejam constantes no período de
estimação, mas, como eles podem mudar ao longo do tempo à medida que as
empresas mudam seu risco operacional e financeiro, seria aconselhável
estimá-los utilizando um período representativo não muito extenso. Um período
muito grande invalida a suposição de um beta constante, podendo proporcionar
estimadores muito pobres ou sem sentido econômico ou estatístico.
30
VI) A SELEÇÃO DE CATEIRAS POR DIFERENTES
INVESTIDORES
Para cada tipo e perfil de investidor, uma diferente carteira é
recomendada. Um investidor que queira uma renda constante deve optar por
ações que paguem dividendos e evitar riscos, conhecidas como “ações de
viúva”, popularmente. Por outro lado, consultores de jovens executivos
estariam, provavelmente, muito mais preocupados na aquisição de papéis com
grandes perspectivas e retornos futuros, mesmo que isso resultasse em correr
um risco maior.
De acordo com a teoria da diversificação das carteiras desenvolvida
por Harry Markowitz, podemos nos basear nos diferentes graus de aversão ao
risco dos investidores, para formar carteiras com uma relação otimizada entre
risco e retorno com base nas curvas de indiferença dos investidores. As curvas
de indiferença representam as combinações das carteiras de ações que
poderiam oferecer o mesmo nível de satisfação ao investidor.
Essa abordagem de representação da curva de indiferença visa
avaliar a reação de um investidor de mercado diante de diferentes alternativas
de investimentos, demonstrando aquelas capazes de satisfazer suas
expectativas de risco/retorno. É um enfoque essencialmente comparativo,
permitindo a visualização das preferências do investidor diante do objetivo de
maximização de sua satisfação (grau de utilidade).
A Figura 8 ilustra uma curva de indiferença que retrata as
preferências de um investidor em relação aos valores de risco e retorno
prometidos por um ativo.
31
Figura 8: Representação de uma curva de indiferença
Fonte: http://xa.yimg.com/kq/groups/18315139/986356097/name/Aula+13.pdf
Acesso em 19/01/2012
Essa curva de indiferença é compreendida como reflexo da atitude
que um investidor assume diante do conflito risco/retorno de um investimento.
Por representar a escala de preferência de um investidor, o critério de decisão
restringe-se a ativos que respeitem a relação estabelecida pela curva de
indiferença. É como se fosse uma fronteira que separa as situações preferidas
pelo investidor daquelas não desejadas.
Em ambiente de incerteza, a questão central do processo decisório é
definir-se o grau de risco que o investidor aceitaria assumir dado o retomo
esperado da aplicação. Por exemplo, qualquer ponto acima de M é preferível,
pois o ativo identificado no ponto referido oferece maior retorno esperado para
um mesmo nível de risco. O ponto M, ainda, é preferível a qualquer outro ponto
que se situe abaixo da curva. Por retratar as possíveis combinações de
risco/retorno que lhe são indiferentes, o investidor aceita (é indiferente)
qualquer ponto que se identifique sobre a curva de indiferença.
32
As atitudes dos investidores diante do conflito risco/retorno, em
resposta à questão de qual nível de risco estariam dispostos a aceitar em troca
de certo retorno, são mais bem reproduzidas por meio de um mapa de curvas
de indiferença.
A quantidade de curvas de indiferença de um investidor é
praticamente ilimitada. A Figura 9 ilustra a escala de preferências de um
investidor representada por mais de uma curva de indiferença.
Convencionalmente, o mapa das curvas é apresentado de acordo com uma
ordem de preferência, sendo as mais distantes da origem preferíveis às
anteriores. Na figura, os pontos localizados sobre a curva R2 são preferíveis
aos da curva R1, os pontos da curva R3 são preferíveis aos da R2, e assim por
diante.
Figura 9: Mapa de curvas de indiferença
Fonte: http://xa.yimg.com/kq/groups/18315139/986356097/name/Aula+13.pdf
Acesso em 19/01/2012
33
Figura 10: Mapa de curvas de indiferença de um investidor mais conservador
Fonte: http://xa.yimg.com/kq/groups/18315139/986356097/name/Aula+13.pdf
Acesso em 19/01/2012
O grau de aversão do investidor ao risco pode ser verificado
observando-se o seu mapa de curvas de indiferença. A figura 6 representa um
investidor mais ousado, que aceita mais o risco. O investidor descrito por suas
curvas de indiferença na Figura 10 apresenta maior grau de aversão ao risco
do que aquele ilustrado na Figura 9, pois exige aumentos mais relevantes nas
taxas de retorno esperados em contrapartida a uma elevação nos níveis de
risco do investimento (observe que as curvas apresentam maior inclinação). As
curvas de indiferença com menor inclinação denotam uma maior propensão ao
risco.
Com o mapa das curvas de indiferença de um investidor, pode-se
encontrar a carteira de ações dominante para ele. Para isso é preciso uma
análise em conjunto com a fronteira eficiente, pois nela é possível selecionar
34
uma carteira que apresenta, para um determinado retorno, o menor risco
possível.
Figura 11: Seleção de carteira para diferentes investidores
Fonte: BRUNI, Adriano Leal. Risco, retorno e equilíbrio : Uma análise do modelo de precificação de ativos financeiros na avaliação de ações negociadas na BOVESPA (1988-1996). 1998, p. 41.
Na figura 11, vemos as curvas de indiferença do investidor no
mesmo gráfico da fronteira eficiente e ao selecionarmos o ponto mais a
noroeste possível (carteiras Pb e Pa), encontramos as carteiras dominantes
para o investidor com baixa ou alta aversão ao risco. Estes portfólios
correspondem aos pontos onde as curvas de indiferença são tangentes à
fronteira eficiente.
Com esse gráfico percebemos que a escolha ótima da carteira de
ações depende do perfil de cada investidor, ou seja, depende de até que ponto
ele está disposto a assumir riscos com seus investimentos. Porém, dado o
perfil de risco do investidor, a melhor carteira será aquela que se encontra na
fronteira eficiente, sendo assim, uma carteira eficiente.
35
VII) COMO CRIAR UMA CARTEIRA DIVERSIFICADA
Uma carteira de ações pode ser diversificada segundo vários
critérios de forma a diminuir seu risco, conforme segue:
• Por setor de atuação das empresas emissoras: pode ser
determinado um porcentual máximo por setor, por exemplo: 30% em ações de
empresas do setor de energia, 20% em companhias de construção civil, 20%
em empresas do setor financeiro e assim por diante.
• Pelo risco histórico dos papéis: as ações podem ser separadas
em diversos níveis de risco, utilizando para isso de medidas estatísticas como
o desvio padrão das cotações passadas.
• Pela baixa correlação dos retornos: é interessante selecionar
ações com baixa correlação de retornos entre si, de forma que esses retornos
se compensem. Isso inclui misturar ações de beta próximo de 1 (cuja variação
se assemelha à do mercado como um todo) com as de beta distante de 1.
Um exemplo sobre como diversificar essa carteira, é através da
diversificação por setores. Na maioria dos Home Brokers do mercado, fica
disponível para o investidor a lista de suas ações e a porcentagem de cada
uma dela em sua carteira. A tabela 3 apresenta um exemplo de uma carteira
com as ações e o peso de cada uma delas.
Papel Quantidade Valor Total % PETR4 100 R$ 30,35 R$ 3.035,00 19% VALE5 150 R$ 27,43 R$ 4.114,50 26% GGBR4 200 R$ 12,14 R$ 2.428,00 16% USIM5 100 R$ 27,00 R$ 2.700,00 17% GETI4 50 R$ 17,80 R$ 890,00 6% ITSA4 100 R$ 8,14 R$ 814,00 5% BBAS3 100 R$ 15,98 R$ 1.598,00 10%
36
Tabela 3: Exemplo de carteira
Pela tabela não temos uma visualização da diversificação da carteira
por setor. Para facilitar essa visualização devemos montar uma nova tabela,
inserindo ao lado de cada ação, o setor ao qual a empresa pertence. Para isso
é preciso pesquisar a empresa e entender o seu funcionamento, fazendo assim
um investimento mais consciente.
A tabela 4 apresenta a divisão da carteira usada como exemplo por
setor de atuação das empresas emissoras das ações. Após essa divisão,
podemos ver quanto temos aplicado em cada setor, em termos percentuais, e
ver se nossa carteira está balanceada. Essa análise pode ser vista na tabela 5.
Papel Quantidade Valor Total % Setor PETR4 100 R$ 30,35 R$ 3.035,00 19% Petróleo, gás e distribuição VALE5 150 R$ 27,43 R$ 4.114,50 25% Mineraçao GGBR4 200 R$ 12,14 R$ 2.428,00 15% Siderurgia USIM5 100 R$ 27,00 R$ 2.700,00 16% Siderurgia GETI4 50 R$ 17,80 R$ 890,00 5% Energia Elétrica ITSA4 200 R$ 8,14 R$ 1.628,00 10% Banco BBAS3 100 R$ 15,98 R$ 1.598,00 10% Banco
Tabela 4: Carteira com informação dos setores de atuação das empresas emissoras
Setor Total % Petróleo, gás e distribuição R$ 3.035,00 19% Mineraçao R$ 4.114,50 25% Siderurgia R$ 5.128,00 31% Energia Elétrica R$ 890,00 5% Banco R$ 3.226,00 20%
Tabela 5: Percentual da carteira investido em cada setor
Analisando a tabela 5 podemos perceber um desequilíbrio entre o
setor bancário e o setor de Siderurgia, por exemplo. De forma a garantir a
maior diversificação da carteira, seria melhor balancear a divisão de setores,
37
inclusive incluindo setores que não se encontram na carteira, como
alimentação e serviços.
38
VIII) CONCLUSÃO
O mercado de ações atrai muitos investidores com a promessa de
grandes lucros e atrai muitas empresas que buscam aporte financeiro para a
implantação de novos projetos. Porém esse mercado possui características
muito específicas que precisam ser estudadas pelo investidor e pelas
empresas, como por exemplo, os diferentes tipos de ações exigentes e as
diferentes formas de comprar e vender ações.
Entretanto, conhecer o funcionamento do mercado não é suficiente
para garantir que o investidor irá realizar bons investimentos. É preciso que ele
conheça também os risco existentes nas transações com ações e como os
retornos dos investimentos são influenciados por esses riscos.
Como a grande maioria dos investidores é avesso ao risco, por mais
que em diferentes níveis, eles exigem retornos maiores para ações que
possuem um risco maior. Esse retorno maior devido ao risco é conhecido com
prêmio de risco e é particular de cada ação.
Uma forma que o investidor possui para reduzir o seu risco ao
investir em ações é montar uma carteira diversificada, reduzindo assim o risco
particular de cada empresa. Porém o risco não pode ser zerado, por mais que
a carteira seja perfeitamente diversificada, pois sempre irá existir o risco de
mercado, que abrange fatores que atingem todos os ativos de um mesmo
mercado.
Para escolher uma carteira que melhor atenda as expectativas de
cada investidor é preciso que ele, primeiramente, determine quanto a mais de
retorno ele exige para um determinado aumento de risco, montando assim seu
mapa de indiferença. Com o mapa pronto ele pode descobrir em que ponto
suas curvas de indiferença tangenciam a fronteira eficiente, que possui as
carteiras que atendem ao princípio de dominância sobre as outras.
39
IX) BIBLIOGRAFIA
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no Brasil – Uma Aplicação Prática– Ribeirão Preto: FEA-RP/USP, 2003.202 p.
BRUNI, Adriano Leal. Risco, retorno e equilíbrio : Uma análise do modelo de
precificação de ativos financeiros na avaliação de ações negociadas na
BOVESPA (1988-1996). 1998, 163f. Dissertação de Mestrado: Departamento
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da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
CASACCIA ,Michelli Colli. Análise do desempenho de fundos de investimentos
em ações brasileiros. 2009, 64f. Trabalho Final apresentado para Conclusão do
Curso de Graduação emAdministração, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Porto Alegre, 2009.
PINDYCK, R. S. & RUBINFIELD, D. L. (1994). Microeconomia .São Paulo :
McGraw-Hill.
PINTO, Alexandre & FANCCINE, Leonardo. Mercado de valores mobiliários:
teoria e questões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 376 p.
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financeira : Corporate finance. São Paulo : Atlas.
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Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
BM&FBOVESPA – Entenda o mercado de ações
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acoes/entenda-o-mercado-de-acoes/entenda-o-mercado-de-
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Acesso em: 16/01/2012
40
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http://www.eps.ufsc.br/disserta96/mueller/cap2/cap2.htm
Acesso em: 18/01/2012
Como administrar sua carteira de investimentos
http://www.bb.com.br/docs/pub/voce/dwn/carteira6.pdf
Acesso em: 18/01/2012
Como funciona o mercado de ações
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Acesso em: 17/01/2012
Mundo Trade: Tipos de ações
http://www.mundotrade.com.br/aprendizado/tipos-de-acoes
Acesso em: 21/01/2012
Guia de investimento: mercado primário e secundário de ações
http://www.guiadeinvestimento.com.br/bolsa-de-valores-tipos-de-mercado/
Acesso em: 20/01/2012
Bovespa: Comprar e vender ações
http://www.bolsadevalorespe.com.br/arquivos/Mercado_a_Vista.pdf
Acesso em: 19/01/2012
Quais os tipos de ordem de compra e venda no mercado de ações?
http://www.netstock.com.br/index.php?option=com_easyfaq&task=view&id=56&
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HC Investimentos: O que é índice beta?
http://hcinvestimentos.com/2011/12/20/indice-beta/
Acesso em: 20/01/2012