Mensagem de Vida #18

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Ano VI - n°18 - 2013 MENSAGEM DE VIDA Nas Fraternidades do MChFM, quase todos os participantes são adultos e idosos. Muitas lideranças se preocupam com o futuro do Movimento, frente à ausência de adolescentes e jovens. Em sintonia com a Campanha da Fraternidade, com o Encontro Internacional de Jovens Maristas e com a Jornada Mundial da Juventude, somos convidados a nos perguntar sobre o lugar dos jovens no MChFM. Mais que buscar respostas simplistas, podemos refletir sobre a relação entre essa expressão do Carisma Marista e o público que motivou nosso Fundador a criar um instituto dedicado à educação evangelizadora das crianças, dos adolescentes e dos jovens. O interesse em encantar os jovens pela proposta do MChFM tem uma razão prática de sobrevivência. Entretanto, vamos mudar o olhar e contemplar com profundidade as realidades juvenis: há mais nos meninos e meninas do que a possibilidade de manter vivas as Fraternidades. A Conferência de Santo Domingo afirma que os jovens são “fonte renovadora da Igreja e esperança do mundo”. Isso é bonito e forte, mas também nos desafia a abrir olhos, ouvidos e coração para o mundo juvenil. Os jovens constituem um grupo social complexo e diverso, que contradiz a ideia do “jovem de espírito”. A juventude é uma etapa da vida que começa e termina, com processos, desafios e possibilidades específicos. Esse é um primeiro passo. O segundo é ir além da tendência de querer somente falar para os jovens sem escutá-los. Somos chamados a reconhecer o que Deus diz para os adultos por meio da juventude, que aponta novas maneiras de viver o Evangelho e novos espaços de construção do Reino de Deus. Se essa novidade não é acolhida pelas O lugar da juventude no Movimento Champagnat da Família Marista Fraternidades, pode estar aí a razão do pouco interesse da gurizada em abraçar o MChFM. O terceiro passo se refere à metodologia. A dinâmica de um grupo juvenil é diferente da dinâmica de grupos que envolvem gente de outras idades. Não podemos querer que os jovens abracem uma proposta direcionada para adultos: um grupo juvenil tem que ter cara de jovem! Portanto, não podemos pensar a renovação do MChFM somente na perspectiva dos adultos para os jovens. Precisamos acolher as necessidades e as motivações manifestadas pelos meninos e meninas. Essa atitude de acolhida e escuta foi marcante no Pe. Marcelino Champagnat. No seu tempo, ele reconheceu o caminho para tornar Jesus conhecido, amado e seguido entre as crianças e jovens. Seu movimento foi o de sair do lugar: em vez de esperar que o procurassem, dispôs-se a “ir aos jovens, lá onde eles estão”. Temos tido a mesma postura? A pedagogia da presença, tão característica de nosso Fundador, é ponto de partida para encantar os adolescentes e jovens com a proposta do MChFM. Porém, há outras exigências na evangelização das juventudes. O Evangelho consegue dialogar com a vida dos meninos e das meninas quando responde às perguntas que eles se fazem a respeito da vida, da comunidade, da realidade social, do futuro, dos sonhos Movimento Champagnat da Família Marista Os jovens como esperança de renovação Marcelino Champagnat, apóstolo dos jovens C M Y CM MY CY CMY K Mensagem e Vida n18.pdf 1 20/08/2013 11:08:13

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Mensagem de Vida - Ano VI - #18 - 2013

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Ano VI - n°18 - 2013

MENSAGEM DE VIDA

Nas Fraternidades do MChFM, quase todos os participantes são adultos e idosos. Muitas lideranças se preocupam com o futuro do Movimento, frente à ausência de adolescentes e jovens. Em sintonia com a Campanha da Fraternidade, com o Encontro Internacional de Jovens Maristas e com a Jornada Mundial da Juventude, somos convidados a nos perguntar sobre o lugar dos jovens no MChFM.

Mais que buscar respostas simplistas, podemos refletir sobre a relação entre essa expressão do Carisma Marista e o público que motivou nosso Fundador a criar um instituto dedicado à educação evangelizadora das crianças, dos adolescentes e dos jovens.

O interesse em encantar os jovens pela proposta do MChFM tem uma razão prática de sobrevivência. Entretanto, vamos mudar o olhar e contemplar com profundidade as realidades juvenis: há mais nos meninos e meninas do que a possibilidade de manter vivas as Fraternidades.

A Conferência de Santo Domingo afirma que os jovens são “fonte renovadora da Igreja e esperança do mundo”. Isso é bonito e forte, mas também nos desafia a abrir olhos, ouvidos e coração para o mundo juvenil. Os jovens constituem um grupo social complexo e diverso, que contradiz a ideia do “jovem de espírito”. A juventude é uma etapa da vida que começa e termina, com processos, desafios e possibilidades específicos. Esse é um primeiro passo.

O segundo é ir além da tendência de querer somente falar para os jovens sem escutá-los. Somos chamados a reconhecer o que Deus diz para os adultos por meio da juventude, que aponta novas maneiras de viver o Evangelho e novos espaços de construção do Reino de Deus. Se essa novidade não é acolhida pelas

O lugar da juventude no Movimento Champagnat da Família Marista

Fraternidades, pode estar aí a razão do pouco interesse da gurizada em abraçar o MChFM.

O terceiro passo se refere à metodologia. A dinâmica de um grupo juvenil é diferente da dinâmica de grupos que envolvem gente de outras idades. Não podemos querer que os jovens abracem uma proposta direcionada para adultos: um grupo juvenil tem que ter cara de jovem! Portanto, não podemos pensar a renovação do MChFM somente na perspectiva dos adultos para os jovens. Precisamos acolher as necessidades e as motivações manifestadas pelos meninos e meninas.

Essa atitude de acolhida e escuta foi marcante no Pe. Marcelino Champagnat. No seu tempo, ele reconheceu o caminho para tornar Jesus conhecido, amado e seguido entre as crianças e jovens. Seu movimento foi o de sair do lugar: em vez de esperar que o procurassem, dispôs-se a “ir aos jovens, lá onde eles estão”. Temos tido a mesma postura?

A pedagogia da presença, tão característica de nosso Fundador, é ponto de partida para encantar os adolescentes e jovens com a proposta do MChFM. Porém, há outras exigências na evangelização das juventudes. O Evangelho consegue dialogar com a vida dos meninos e das meninas quando responde às perguntas que eles se fazem a respeito da vida, da comunidade, da realidade social, do futuro, dos sonhos

– e de Jesus. O Jesus que apresentamos aos jovens desperta o desejo de caminhar com Ele?

Champagnat não podia ver um jovem sem sentir o desejo de lhe dizer o quanto Jesus o amava. Sua experiência de se reconhecer profundamente amado por Deus motivava sua maneira de estar com os jovens do seu tempo. Seu apostolado revelava um Deus amor, diferentemente de outras visões que expressam um Deus distante, duro e até mesmo cruel. Champagnat nos revela um Deus do cotidiano, por quem o jovem pode se deixar encantar e seduzir. É esse Deus que apresentamos aos jovens? Nossa relação com Ele encanta a quem convive conosco, desperta em outras pessoas o desejo de fazer a mesma experiência?

Falamos dos jovens, do apostolado do Pe. Champagnat, da experiência de Deus que marcou a vida do Fundador, do que o Carisma nos inspira hoje... Isso nos provoca a refletir sobre o apostolado das Fraternidades. As tarefas assumidas, além das reuniões e retiros, evidenciam para quais lugares a missão cristã envia os leigos e as leigas maristas do MChFM. Se o anúncio da Boa Notícia atinge apenas os participantes das Fraternidades ou se compreendemos nossa missão somente dentro do MChFM, fica difícil encantar mais gente – especialmente gente jovem.

Porque apostolado supõe pôr-se a caminho. Os discípulos de Jesus são, por natureza, missionários, como o casal de Emaús (Lc 24,13-35). Um campo apostólico, para as Fraternidades, pode ser outros

grupos juvenis, como a Pastoral Juvenil Marista, os grupos de jovens das paróquias, a catequese e a crisma. Na Província Marista Brasil Centro-Norte, tem sido muito positiva a aproximação entre o MChFM e os Núcleos de Animação Vocacional: os adolescentes e jovens conhecem essa maneira de viver o Carisma Marista e as Fraternidades descobrem o sentido mais profundo da missão de tornar Jesus Cristo conhecido, amado e seguido entre os meninos e meninas. O trabalho conjunto tem fortalecido tanto as Fraternidades quanto a Animação Vocacional. Esse é um exemplo que pode inspirar outras iniciativas. Que outras possibilidades de apostolado junto às juventudes enxergamos em nossa realidade?

Assim, voltamos à pergunta inicial sobre o lugar da juventude no MChFM. Já deu pra ver que a questão é mais complexa: não se trata simplesmente de atrair os jovens, mas conhecer sua realidade e suas necessidades. Os jovens terão lugar nas Fraternidades se, por um lado, houver espaço para acolhê-los como eles são e, por outro, as lideranças se fizerem presentes nos espaços onde os jovens vivem, se encontram, se relacionam, constroem caminhos e revelam o rosto jovem de Deus. Não esqueçamos que o encontro com um jovem é o que apressou Marcelino a criar o Instituto Marista. O Carisma nos convida a ser, hoje, o rosto do Pe. Champagnat que revela, aos tantos Montagnes espalhados pelo mundo, o amor de Jesus Cristo por cada um deles.

Movimento ChampagnatdaFamília Marista

Os jovens como esperança de renovação

Marcelino Champagnat, apóstolo dos jovens

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Área de Vida Consagrada e Laicato - Comissão do Laicato

www.umbrasil.org.br

Eder D’ArtagnanCoordenador do Laicato

Província Marista Brasil Centro-Norte

Próxima edição: Setembro/2013

Nas Fraternidades do MChFM, quase todos os participantes são adultos e idosos. Muitas lideranças se preocupam com o futuro do Movimento, frente à ausência de adolescentes e jovens. Em sintonia com a Campanha da Fraternidade, com o Encontro Internacional de Jovens Maristas e com a Jornada Mundial da Juventude, somos convidados a nos perguntar sobre o lugar dos jovens no MChFM.

Mais que buscar respostas simplistas, podemos refletir sobre a relação entre essa expressão do Carisma Marista e o público que motivou nosso Fundador a criar um instituto dedicado à educação evangelizadora das crianças, dos adolescentes e dos jovens.

O interesse em encantar os jovens pela proposta do MChFM tem uma razão prática de sobrevivência. Entretanto, vamos mudar o olhar e contemplar com profundidade as realidades juvenis: há mais nos meninos e meninas do que a possibilidade de manter vivas as Fraternidades.

A Conferência de Santo Domingo afirma que os jovens são “fonte renovadora da Igreja e esperança do mundo”. Isso é bonito e forte, mas também nos desafia a abrir olhos, ouvidos e coração para o mundo juvenil. Os jovens constituem um grupo social complexo e diverso, que contradiz a ideia do “jovem de espírito”. A juventude é uma etapa da vida que começa e termina, com processos, desafios e possibilidades específicos. Esse é um primeiro passo.

O segundo é ir além da tendência de querer somente falar para os jovens sem escutá-los. Somos chamados a reconhecer o que Deus diz para os adultos por meio da juventude, que aponta novas maneiras de viver o Evangelho e novos espaços de construção do Reino de Deus. Se essa novidade não é acolhida pelas

IR. GONÇALVES XAVIER L’HERMITAGE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO

Varginha – MG Passo Fundo - RSSão Bento - SC

Fraternidades, pode estar aí a razão do pouco interesse da gurizada em abraçar o MChFM.

O terceiro passo se refere à metodologia. A dinâmica de um grupo juvenil é diferente da dinâmica de grupos que envolvem gente de outras idades. Não podemos querer que os jovens abracem uma proposta direcionada para adultos: um grupo juvenil tem que ter cara de jovem! Portanto, não podemos pensar a renovação do MChFM somente na perspectiva dos adultos para os jovens. Precisamos acolher as necessidades e as motivações manifestadas pelos meninos e meninas.

Essa atitude de acolhida e escuta foi marcante no Pe. Marcelino Champagnat. No seu tempo, ele reconheceu o caminho para tornar Jesus conhecido, amado e seguido entre as crianças e jovens. Seu movimento foi o de sair do lugar: em vez de esperar que o procurassem, dispôs-se a “ir aos jovens, lá onde eles estão”. Temos tido a mesma postura?

A pedagogia da presença, tão característica de nosso Fundador, é ponto de partida para encantar os adolescentes e jovens com a proposta do MChFM. Porém, há outras exigências na evangelização das juventudes. O Evangelho consegue dialogar com a vida dos meninos e das meninas quando responde às perguntas que eles se fazem a respeito da vida, da comunidade, da realidade social, do futuro, dos sonhos

– e de Jesus. O Jesus que apresentamos aos jovens desperta o desejo de caminhar com Ele?

Champagnat não podia ver um jovem sem sentir o desejo de lhe dizer o quanto Jesus o amava. Sua experiência de se reconhecer profundamente amado por Deus motivava sua maneira de estar com os jovens do seu tempo. Seu apostolado revelava um Deus amor, diferentemente de outras visões que expressam um Deus distante, duro e até mesmo cruel. Champagnat nos revela um Deus do cotidiano, por quem o jovem pode se deixar encantar e seduzir. É esse Deus que apresentamos aos jovens? Nossa relação com Ele encanta a quem convive conosco, desperta em outras pessoas o desejo de fazer a mesma experiência?

Falamos dos jovens, do apostolado do Pe. Champagnat, da experiência de Deus que marcou a vida do Fundador, do que o Carisma nos inspira hoje... Isso nos provoca a refletir sobre o apostolado das Fraternidades. As tarefas assumidas, além das reuniões e retiros, evidenciam para quais lugares a missão cristã envia os leigos e as leigas maristas do MChFM. Se o anúncio da Boa Notícia atinge apenas os participantes das Fraternidades ou se compreendemos nossa missão somente dentro do MChFM, fica difícil encantar mais gente – especialmente gente jovem.

Porque apostolado supõe pôr-se a caminho. Os discípulos de Jesus são, por natureza, missionários, como o casal de Emaús (Lc 24,13-35). Um campo apostólico, para as Fraternidades, pode ser outros

grupos juvenis, como a Pastoral Juvenil Marista, os grupos de jovens das paróquias, a catequese e a crisma. Na Província Marista Brasil Centro-Norte, tem sido muito positiva a aproximação entre o MChFM e os Núcleos de Animação Vocacional: os adolescentes e jovens conhecem essa maneira de viver o Carisma Marista e as Fraternidades descobrem o sentido mais profundo da missão de tornar Jesus Cristo conhecido, amado e seguido entre os meninos e meninas. O trabalho conjunto tem fortalecido tanto as Fraternidades quanto a Animação Vocacional. Esse é um exemplo que pode inspirar outras iniciativas. Que outras possibilidades de apostolado junto às juventudes enxergamos em nossa realidade?

Assim, voltamos à pergunta inicial sobre o lugar da juventude no MChFM. Já deu pra ver que a questão é mais complexa: não se trata simplesmente de atrair os jovens, mas conhecer sua realidade e suas necessidades. Os jovens terão lugar nas Fraternidades se, por um lado, houver espaço para acolhê-los como eles são e, por outro, as lideranças se fizerem presentes nos espaços onde os jovens vivem, se encontram, se relacionam, constroem caminhos e revelam o rosto jovem de Deus. Não esqueçamos que o encontro com um jovem é o que apressou Marcelino a criar o Instituto Marista. O Carisma nos convida a ser, hoje, o rosto do Pe. Champagnat que revela, aos tantos Montagnes espalhados pelo mundo, o amor de Jesus Cristo por cada um deles.

Conheça algumas das fraternidades do MChFM no Brasil Marista:

As realidades juvenis, lugar do apostolado marista

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