Mensagem

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Mensagem Os 44 poemas que constituem a Mensagem encontram-se agrupados em três partes, ou seja, as etapas da evolução do Império Português - nascimento , realização e morte : No Brasão, estão os construtores do Império; Mar Português Em Mar Português, surge o sonho marítimo e a obra das descobertas; Em Encoberto, há a imagem do Império moribundo, com a fé de que a morte contenha em si o gérmen da ressurreição, o espírito do império espiritual, moral e civilizacional na diáspora lusíada. Diogo Cão

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Apresentação da estrutura e da temática da obra.

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Mensagem• Os 44 poemas que constituem a

Mensagem encontram-se agrupados em três partes, ou seja, as etapas da evolução do Império Português-nascimento, realizaçãoe morte:

No Brasão, estão os construtores do Império;

Mar Português• Em Mar Português, surge o sonho marítimo e a obra das descobertas;

• Em Encoberto, há a imagem do Império moribundo, com a fé de que a morte contenha em si o gérmen da ressurreição, o espírito do império espiritual, moral e civilizacional na diáspora lusíada.

Diogo Cão

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A simbologia• No início: Benedictu Dominus Deus noster que

dedit nobis signum (Bendito o Senhor NossoDeus que nos deu o sinal) anunciando, deimediato, o sentidosimbólico e messiânicoque opercorre;

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A simbologia

• No Brasão:Bellum sine bello (Guerra sem guerra) a sugerir que, no início, havia um espaço início, havia um espaço que tinha de ser conquistado, pois fazia parte de um desígnio;

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A simbologia

•Em Mar Português: Possessio maris (Posse do mar) a traduzir o domínio dos mares e a expansão;dos mares e a expansão;

•No Encoberto: Pax in excelsis (Paz nos céus) que marcará o Quinto Império;

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A simbologia

• No final: Valete Frates ( Felicidades, irmãos), acreditando no desígnio de um reino de fraternidade, graças ao Quinto Impérioe assumindo um carácter de incentivo ("Força, assumindo um carácter de incentivo ("Força, irmãos") para a construção desse novo Portugal.

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« O Brasão: o mito e a génese da realidade»• localização de Portugal na Europa e em

relação ao mundo;• atesta a grandiosidade e o valor simbólico do

papel de Portugal na civilização ocidental;• define o mito como um nada capaz de gerar os

impulsos necessários à construção da realidade;realidade;

• apresenta Portugal como um povo heróico e guerreiro, construtor do império marítimo;

• valoriza os predestinados que construíram o

país;

• refere as mulheres portuguesas, mães dos fundadores, celebradas como "antigo seio

vigilante" ou "humano ventre do Império".Nuno A. Pereira

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Ulisses

O mito é o nada que é tudo.O mesmo sol que abre os céusÉ um mito brilhante e mudo -O corpo morto de Deus,Vivo e desnudo.

O mito é o nada que é tudo.O mesmo sol que abre os céusÉ um mito brilhante e mudo -O corpo morto de Deus,Vivo e desnudo.

Este, que aqui aportou,Foi por não ser existindo.Sem existir nos bastou.Por não ter vindo foi vindoE nos criou.

Assim a lenda se escorreA entrar na realidade,E a fecundá-la decorre.Em baixo, a vida, metadeDe nada, morre.

Ulisses

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«Mar Português: a maturidade e a glória»

No Mar Português procura simbolizar a essência do ideal de ser português vocacionado para o mar e para o sonho.

• inicia-se com o poema « Infante », onde o poeta exprime a sua concepção messiânica da História;

• mostra que o sopro criador do sonho resulta • mostra que o sopro criador do sonho resulta de uma lógica que implica Deus como causa primeira, o Homem como agente intermediário e a obra como efeito;

• evoca a gesta dos Descobrimentos com as glórias e as tormentas, considerando que valeu a pena;

• termina com a renovação do sonho.

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O Infante

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.Deus quis que a terra fosse toda uma,Que o mar unisse, já não separasse.Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,Clareou, correndo, até ao fim do mundo,Clareou, correndo, até ao fim do mundo,E viu-se a terra, de repente,Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.Do mar e nós em ti nos deu sinal.Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.Senhor, falta cumprir-se Portugal!

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«Encoberto: a renovação da realidade pelo mito»• comos símbolos, começa por manifestar a

esperança e o "sonho português", pois o

actual Império encontra-se moribundo;

• mostra a fé de que a morte contenha emsi

o gérmen da ressurreição;• com os avisos define os espaços de

Portugal;Portugal;

• com os cinco tempostraduz a ânsia e asaudade daquele Salvador/Encoberto que,na Hora, deverá chegar, para edificar oQuinto Império, cujo espírito seráespiritual, moral e civilizacional na

diáspora lusíada.

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O Quinto ImpérioTriste de quem vive em casa,

Contente com o seu lar,Sem que um sonho, no erguer de asa,Faça até mais rubra a brasaDa lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!Vive porque a vida dura.Nada na alma lhe dizMais que a lição de raiz-Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somemNo tempo que em eras vem.Ser descontente é ser homem.

Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,Define com perfil e serEste fulgor baço da terraQue é Portugal a entristecer-Brilho sem luz e sem arder,Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.Ser descontente é ser homem.Que as forças cegas se domemPela visão que a alma tem.

E assim, passados os quatroTempos do ser que sonhou,A terra será teatroDo dia claro, que no atroDa erma noite começou.

Grécia, Roma, Cristandade,Europa - os quatro se vãoPara onde vai toda idade.Quem vem viver a verdadeQue morreu D. Sebastião?

Ninguém conhece que alma tem,Nem o que é mal nem o que é bem.(Que ânsia distante perto chora?)Tudo é incerto e derradeiro.Tudo é disperso, nada é inteiro.Ó Portugal, hoje és nevoeiro…

É a Hora!Valete, Frates.

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Mensagem, Epopeia?SIM, porque…• parte de um núcleo histórico;

NÃO, porque… • a sua formulação, sendo simbólica e mítica, do relato histórico,

não possuirá continuidade;

• a acção dos heróis só adquire pleno significado dentro de uma • a acção dos heróis só adquire pleno significado dentro de uma referência mitológica;

• serão só eleitos, terão só direito à imortalidade, aqueles homens e feitos que manifestam em si esses mitos significativos;

Assim, a sua estrutura será dada pelos esquemas ideológicos, ou as ideias-força do povo: regresso ao paraíso, realização do impossível, espera do Messias…

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Estrutura – Síntese

• Assim, a estrutura da Mensagem, sendo a de um mito, numa

teoria cíclica, a das Idades, transfigura e repete a história da

Pátria como o mito de um nascimento, vida e morte de um

mundo; morte que será seguida de um renascimento.

• Desenvolve-se como uma idade completa, de sentido cósmico e

com forma simbólica tripartida - Brasão, Mar Português, O

Encoberto.

• «Brasão» - os fundadores , ou o nascimento;

«Mar Português» - a realização, ou a vida;

«O Encoberto» - o fim das energias latentes, ou a morte: essa que conterá já em si, como gérmen, a próxima ressurreição, o novo ciclo que se anuncia - o Quinto Império.

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Conclusão

• Assim, a terceira parte é toda ela um fim, uma desintegração; mas também toda ela cheia de avisos, prenhe de promessas e pressentimentos, de forças latentes pressentimentos, de forças latentes prestes a virem à Luz: depois da Noite e da Tormenta, vem a Calma e o novo Dia.

• Estes são os Tempos.

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Isabel Paulo

2009