Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

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3 INTRODUÇÃO Este trabalho nasceu despretensiosamente. No terceiro bimestre do terceiro ano, tivemos que realizar o pré-projeto de nosso TCC como avaliação da matéria Administração de Produtos Editoriais, ministrada pelo prof. Gilberto Maringoni. A dúvida de todos em relação à escolha de um tema causava receio para a aceitação de qualquer ideia. Como uma sugestão, a ideia de contar a história do Teatro 13 de Maio, que havia sido comandado pelo pai de um dos integrantes do grupo, foi contada para o prof. Maringoni, sem muita confiança por parte do proponente, Gabriel Joppert, que havia ouvido seu pai contar, por vezes, histórias da época em que havia sido dono de um teatro no Bixiga. Nesta fase embrionária, o trabalho seria um livro-reportagem, a ser feito individualmente ou em dupla. Ao ouvir a proposta, o prof. Maringoni se mostrou empolgado, dizendo que este poderia sim ser um trabalho de relevância cultural, para além de um “projeto familiar”, por conta da importância das produções que o teatro havia abrigado, grupos como Secos & Molhados e Dzí Croquettes, e dos profissionais que haviam passado por ali. Amigos próximos, também procurando pensar ou encontrar um trabalho que os satisfizessem, ficaram sabendo da história, acreditaram na ideia e abraçaram o projeto. Com um grupo de cinco pessoas, o pré-projeto foi tomando forma e, de texto, o formato

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Memorial do TCC "13 de maio: teatro de portas abertas". Faculdade Casper Libero, 2012

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INTRODUÇÃO

Este trabalho nasceu despretensiosamente. No terceiro bimestre do terceiro ano,

tivemos que realizar o pré-projeto de nosso TCC como avaliação da matéria

Administração de Produtos Editoriais, ministrada pelo prof. Gilberto Maringoni. A dúvida

de todos em relação à escolha de um tema causava receio para a aceitação de

qualquer ideia.

Como uma sugestão, a ideia de contar a história do Teatro 13 de Maio, que havia

sido comandado pelo pai de um dos integrantes do grupo, foi contada para o prof.

Maringoni, sem muita confiança por parte do proponente, Gabriel Joppert, que havia

ouvido seu pai contar, por vezes, histórias da época em que havia sido dono de um

teatro no Bixiga. Nesta fase embrionária, o trabalho seria um livro-reportagem, a ser

feito individualmente ou em dupla. Ao ouvir a proposta, o prof. Maringoni se mostrou

empolgado, dizendo que este poderia sim ser um trabalho de relevância cultural, para

além de um “projeto familiar”, por conta da importância das produções que o teatro

havia abrigado, grupos como Secos & Molhados e Dzí Croquettes, e dos profissionais

que haviam passado por ali.

Amigos próximos, também procurando pensar ou encontrar um trabalho que os

satisfizessem, ficaram sabendo da história, acreditaram na ideia e abraçaram o projeto.

Com um grupo de cinco pessoas, o pré-projeto foi tomando forma e, de texto, o formato

mudou para vídeo-documentário. Pedro Ortiz, professor de telejornalismo do terceiro

ano, foi convidado para ser o orientador e também se mostrou seguro do potencial do

trabalho. O pré-projeto, entregue com o título provisório “Uma noite no 13 de Maio” em

outubro de 2011, foi aprovado com louvor pela profa. Tatiana Ferraz.

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1. QUEM SOMOS

Gabriel Joppert, 20 anos. É estagiário, há dois anos, da Casa do Saber, escola de

cursos livres. Lá, trabalha como monitor, auxiliando os professores e acompanhando os

cursos, cujos temas variam de entrevistas com banqueiros de investimento a filosofia

contemporânea. Os interesses descobertos no estágio, somados à formação na

Faculdade, fizeram acender algumas luzes sobre o caminho profissional a seguir, muito

provavelmente fora de redações, mas sem abandonar a área da Comunicação e a

busca por novas coisas para aprender. A oportunidade de registrar a história do teatro

de seu pai e de fazer uma produção audiovisual, interesse antigo, foram cruciais para a

escolha da realização deste trabalho.

Giulia Pagliarini Lanzuolo, 21 anos. Hoje, é estagiária na revista Casa e Comida, da

Editora Globo. Em 2012, passou por outras publicações da empresa, como as revistas

Época São Paulo e Autoesporte. Em 2011, a aluna trabalhou no site Vila Mulher, do

Portal Terra e no Grupo Bandeirantes de Comunicação, na editoria de vídeos do Portal

da Band. Essa última experiência despertou seu interesse por edição de videos e a

levou a optar por um TCC no formato de documentário.

Isabella Ayub Santos, 21 anos. Trabalha desde janeiro deste ano na revista ÉPOCA.

Passou pelas editorias de Cultura, Comportamento e Geral. Entre 2009 e 2010,

estagiou na Câmara de Comércio Brasil-Alemanha e no Grupo Bandeirantes de

Comunicação. Tudo isso para descobrir, no último ano de faculdade, que não quer

desenvolver uma carreira no Jornalismo. Pretende se direcionar para a área de

Comunicação e Marketing nos próximos anos.

Marcos Almeida, 21 anos. Estagia, desde junho de 2011, na ESPN Brasil, atuando na

edição de textos e produção das versões de televisão e rádio do programa Futebol no

Mundo. Anteriormente, de janeiro de 2010 a maio de 2011, foi estagiário do

departamento de esportes da TV Gazeta, responsável pelos programas Gazeta

Esportiva, Mesa Redonda e Super Esporte. Decidiu cursar jornalismo por poder se

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envolver com esportes e/ou música sem ter de ser músico ou atleta. Não sabe o que

quer da vida e decidiu participar desse trabalho por Gabriel ter sido o único de seus

amigos que não apresentou um projeto que envolvesse esportes.

Sofia Osborn Ciampolini, 24 anos. Atualmente trabalha como estagiária do site da

revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, da Editora Globo. Neste ano,

passou, também dentro da Editora Globo, pela revista Casa e Comida, e pela área de

Comunicação Corporativa. Antes disso, realizou estágio, durante quase um ano, na

assessoria de imprensa do Estúdio Campana. Durante o segundo e terceiro ano do

curso de Jornalismo, fez paralelamente o curso técnico-profissionalizante do Teatro-

Escola Célia Helena. Sofia se interessou pelo projeto pela união de seu interesse em

teatro com a sua vontade de aprender mais sobre o formato de documentário.

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2. PROJETO

2.1 Formato

Fazer um vídeo-documentário como este pareceu uma oportunidade valiosa para

o grupo. Fazer uma produção audiovisual era um interesse presente em todos, e pouco

explorado até então na graduação. Além disso, era uma chance única de fazer um filme

livre, com possibilidade de imprimir marcas autorais e a oportunidade de contar com

fontes que fizeram parte da história recente da cultura brasileira.

No início, apuramos que não havia qualquer material de arquivo filmado do

Teatro 13 de Maio em sua fase de funcionamento. Assim, decidimos fazer um média-

metragem sem narrador nem repórter, resgatando a história do Teatro pela boca dos

que a fizeram. Além disso, em termos de apelo comercial, o formato audiovisual

poderia abrir futuras portas para exibições em canais de televisão ou pela internet.

2.2 Plano de ação

A primeira preocupação foram os aspectos técnicos, uma lacuna de

conhecimento do grupo. Consultamos o orientador e pesquisamos quais seriam os

equipamentos necessários. Em dezembro de 2011, em viagem aos Estados Unidos,

Giulia comprou uma câmera, usada para gravar o trabalho inteiro, e um microfone de

lapela. Apesar de sabermos que a Faculdade disponibilizava equipamentos, contar com

nosso aparato pareceu mais seguro e prático. Outros itens, como iluminação e tripé,

foram alugados na faculdade ou emprestados por colegas e amigos.

Simultaneamente, começou a pesquisa bibliográfica e de referências

audiovisuais, passo importante para que nós, com pouca experiência,

desenvolvêssemos um olhar mais apurado. Uma noite em 67, de Ricardo Calil e Renato

Terra, o premiado DzíCroquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, e Simonal, de

Claudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer, foram as principais inspirações. Nos

outros filmes, observamos aspectos como o enquadramento das entrevistas, formas de

inserção de imagens e, principalmente, estrutura dos roteiros.

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O material bibliográfico que abordava o Teatro 13 de Maio era escasso. A maior

parte foi encontrada em críticas de jornais ou menções breves em livros que faziam

panoramas do teatro brasileiro ou paulistano. No entanto, a pesquisa foi valiosa, pois

deixou claro quais haviam sido os principais momentos do teatro, aos quais resolvemos

nos ater. Isso também nos mostrou que era um assunto novo a ser explorado.

Neste ponto, estávamos preparados para começar a colher os depoimentos das

fontes. Marcamos a primeira entrevista, com Beneh Mendes. Esta pareceu a melhor

maneira de começar, não só pela proximidade e facilidade de marcá-la, mas porque

Beneh, por ter sido dono do teatro pela maior parte do tempo em que ele funcionou,

seria a melhor fonte para termos uma visão ampla da história do teatro. A ideia era,

também, usar essa entrevista como um dos principais fios condutores do trabalho, uma

vez que não haveria narrador.

Antes de realizar a entrevista, o grupo se reuniu com o orientador, o que foi

essencial para anteciparmos questões práticas, como a importância do posicionamento

dos entrevistadores e outras questões técnicas. A entrevista foi feita com sucesso e a

partir dela conseguimos traçar um plano sólido, tendo uma noção mais clara de quais

eram os momentos cruciais da história do teatro, aqueles que julgávamos mais

importantes serem contados.

2.3 Qualificação

A qualificação foi entregue em 11 de junho. À época, o trabalho contava com três

entrevistados - Beneh Mendes, João Tadeu de Oliveira, que havia sido zelador do

Teatro 13 de Maio, e Gerson Conrad, ex-integrante dos Secos & Molhados. O professor

Pedro Ortiz aprovou a qualificação, observando que ainda havia uma grande parcela do

trabalho a ser produzida, e pedindo “organização e empenho ainda mais enfáticos”. Ele

indicou que os meses de julho e agosto fossem utilizados para a realização do maior

número possível das entrevistas previstas, recomendação que o grupo conseguiu

seguir. O arquivo da qualificação pode ser acessado na internet através dos seguintes

links: https://vimeo.com/43833259 https://vimeo.com/43857154

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3. ENTREVISTAS

3.1 Entrevistas realizadas

Fonte: Beneh Mendes Data: 26/02

Local: Casa do entrevistado, Vila Madalena Duração: 1h56m

Beneh Mendes foi dono do Teatro 13 de Maio entre 1972 e 1977. Ele é a

personagem que aparece mais vezes ao longo da história do teatro e a conhece com

mais profundidade. Por isso, esse depoimento foi usado como ponto de partida para

estruturar o trabalho e nos levar às futuras fontes. Além disso, havia a praticidade de

ele ser o pai de um dos integrantes do grupo, o que simplificou o acesso a ele.

Beneh nos contou a história toda do teatro, desde a sua primeira utilização por

Ruth Escobar, em 1968, quando era uma oficina de carros abandonada. A narrativa foi

até pouco depois de 1977, quando vendeu o teatro. Com um relato dos principais

eventos do 13 de Maio, tivemos uma visão de quais seriam nossas prioridades de

apuração. Também pudemos perceber o valor sentimental que esse teatro tinha para

seu dono, que se emocionou em alguns momentos da conversa.

Em fevereiro, ainda alimentávamos a ideia de usar duas câmeras, para ter mais

riqueza de ângulos nas entrevista e filmar detalhes. Usamos uma câmera que a Isabella

emprestou ao projeto, mas o plano não deu certo porque as imagens de cada uma

tinham qualidades muito díspares, que não poderiam ser bem equalizadas na edição.

Como a tarde estava ensolarada e a fonte sentada próxima à janela, usamos luz

natural. Porém, quando assistimos às filmagens percebemos que havíamos errado já

que a luz mudou de intensidade diversas vezes. Assim, levamos iluminação artificial às

entrevistas seguintes.

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Fonte: João Tadeu de Oliveira Data: 10/03

Local: Teatro do Sport Club Corinthians Paulista, no Tatuapé Duração: 42m

O produtor artístico João Tadeu trabalhou no Teatro 13 de Maio prestando

serviços gerais. Decidimos falar com ele principalmente porque ele morou no teatro ao

longo de todo período em que trabalhou lá. Durante a conversa, João nos contou

detalhes sobre eventos específicos dentro do teatro, ajudou a confirmar sua importância

no contexto cultural da época e falou sobre o fim do local.

O local escolhido pelo entrevistado foi interessante por ser justamente um teatro,

oferecendo um pano de fundo rico para o depoimento. Nessa entrevista, nosso lapela

quebrou. Por sorte, o microfone interno da câmera tem boa capacidade e o local estava

vazio e silencioso, o que permitiu uma boa captação de som. Percebemos a falha no

início da conversa e decidimos realizá-la mesmo assim. João Tadeu foi compreensivo e

disse que, caso necessário, não se importaria em dar novamente seu depoimento.

Depois disso compramos um novo microfone de lapela.

Fonte: Gerson Conrad Data: 28/04

Local: Apartamento do entrevistado, Jardins Duração: 1h02m

Gerson Conrad foi integrante da banda Secos & Molhados, cujo sucesso foi

impulsionado por uma temporada no Teatro 13 de Maio. Além disso, o produtor musical

da banda, Moracy do Val, foi apresentado a eles por Beneh Mendes. Por esses motivos

concluímos que seu depoimento era valioso para falar sobre este período do teatro.

Gerson tinha memórias claras da temporada no 13 de Maio. Ele relatou

especificidades de quando os Secos & Molhados tocaram lá, como a estrutura do local

e a liberdade artística que ela permitiu à banda. Além disso, afirmou que teatro era de

fato aberto à cultura, tinha um clima especial e diferente dos outros da época. A fonte

abordou outras questões importantes relacionadas ao contexto histórico da época,

como a censura.

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Foi interessante ouvir isso de alguém mais distanciado do Teatro 13 de Maio,

diferente de Beneh e João Tadeu, que tinham um vínculo emocional. Isso nos deu

confiança de que estávamos contando a história de um teatro que realmente marcou

quem o frequentou.

Fonte: Moracy do Val Local: Casa do entrevistado, Vila Madalena

Data: 27/06 Duração: 49m

Moracy do Val foi produtor do primeiro álbum dos Secos & Molhados. Ele teve

um vínculo com o Teato 13 de Maio porque uma das primeiras temporadas do grupo foi

feita lá. Além disso, foi Beneh Mendes quem o apresentou à banda.

A fonte confirmou o que havia sido dito por Gerson, sobretudo no que diz

respeito à proposta “de portas abertas” do teatro e do sucesso dos shows realizados.

Além disso, deu detalhes sobre a importância do movimento cultural de São Paulo da

época, que desafiava o moral da ditadura. A entrevista só pôde ser realizada através de

muita persistência por parte da Giulia. Por vezes, Moracy tentou remarcar ou cancelar,

mas a insistência dela garantiu uma ótima fonte para o documentário.

Fonte: Oswaldo Vecchione Local: Estúdio musical na Vila Pompeia

Data: 10/07 Duração: 39m

Oswaldo Vecchione é um um dos fundadores da banda de rock Made in Brazil,

para a qual o Teatro 13 de Maio abriu suas portas. Ele falou sobre algumas

apresentações da banda no local, afirmou que o teatro realmente recebia grupos de

cenas culturais alternativas. Além disso, a fonte discorreu sobre as particularidades

culturais do Bixiga e contextualizou o cenário musical da época, incluindo a questão da

censura. Ele essaltou a importância do 13 de Maio como sendo um dos primeiros

teatros que se abriu para temporadas de bandas de rock.

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Fonte: Luis Lustig Local: Café Piu Piu (antigo Teatro 13 de Maio)

Data: 18/07 Duração: 22m

Luis Lustig é dono do Café Piu Piu, casa de shows que ocupa metade do espaço

anteriormente tomado pelo Teatro 13 de Maio. Quando ele comprou o lote, o teatro não

existia mais e havia apenas vestígios do incêndio que o destrui. Decidimos entrevistá-lo

para pontuar a história e dar mais clareza a sua estrutura cronológica. Além disso,

buscávamos alguém que pudesse, além de Beneh, mencionar a questão do incêndio. A

fonte também lembrava da peça Cemitério de Automóveis. Mas optamos por deixar

essa parte de lado porque achamos incoerente que Luis aparecesse logo no início. Sua

mulher, Silvia, tinha muitas informações mas se recusou a ser filmada. Luis também

nos forneceu fotos da época em que comprou o teatro em destroços.

Fonte: Jefferson del Rios Local: Café Piu Piu (Antigo Teatro 13 de Maio)

Data: 18/07 Duração: 1h18m

Jefferson del Rios é crítico de teatro e acompanhou a maior parte das peças

encenadas no 13 de Maio. Achamos imprescindível incluir uma visão de um profissional

da área, já que o nosso único indicador da qualidade dos espetáculos até então era o

tamanho do público que tinham atraído.

Ele forneceu muitos detalhes sobre o contexto cultural da época, com foco no

Bixiga e entrou bastante a fundo nas características do teatro brasileiro na década de

1970, abordando ditadura, censura e situação profissional de artistas envolvidos em

produções do Teatro 13 de Maio. A entrevista rendeu muito e, na construção do roteiro,

atuou como um guia, ao lado da entrevista de Beneh Mendes.

Depois das conversas com os dois, captamos algumas imagens do ambiente

para usar como cobertura nas falas de Luis ao final do documentário, explicando a

situação em que encontrou o imóvel. Porém, resolvemos isso de uma maneira melhor

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com fotografias antigas e preferimos não usar as filmagens.

Fonte: Walter Taverna Local: Museu Memorial do Bixiga, Rua 13 de Maio

Data: 19/08 Duração: 17m

Walter Taverna atua em favor da preservação da cultura e da memória do bairro

do Bixiga. Ele é dono de quatro cantinas italianas na região e do Museu Memorial do

Bixiga, que tem objetos e registros fotográficos da história da área. Esperávamos que

ele pudesse contar algo sobre a importância do Teatro 13 de Maio para a efervescência

cultural do Bixiga na década de 1970. Aos 90 anos, ele acompanhou o desenvolvimento

do bairro em todas as suas épocas. Porém, Walter teve pouco a dizer sobre a

importância do teatro nos anos 1970.

Uma lição que tiramos do encontro com ele é que animais raramente combinam

com entrevistas. Por mais que possa ser um pouco indelicado pedir para o entrevistado

prender seu animal de estimação, é uma ação geralmente necessária. Inácio, o gato

hiperativo de Walter, ao insistir em pular no colo da fonte, interrompeu a entrevista

diversas vezes. Isso desconcentrou o grupo e acabamos perdendo o fio da meada. Isso

só deixou de ocorrer quando isolamos o gato na cozinha com uma integrante do grupo.

Fonte: Nuno Leal Maia Local: Restaurante El Tranvia, Santa Cecília

Data: 24/08 Duração: 46m

Nuno foi um dos atores principais na peça que foi talvez a de maior sucesso de

toda a existência do 13 de Maio – Pano de Boca, da autoria de Fauzi Arap. Por isso,

não hesitamos em insistir para que a entrevista acontecesse.

Essa entrevista foi a que teve o maior número de falhas técnicas, e que mais deu

trabalho ao grupo. A fonte marcou a entrevista em um restaurante que frequenta

quando está em São Paulo – El Tranvia, em Santa Cecília. Quando uma integrante

disse que ligaria ao restaurante para confirmar a disponibilidade do espaço, Nuno disse

que não seria necessário, já que ele era conhecido do dono. Mais tarde, percebemos

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que deveríamos ter confirmado a entrevista com o restaurante de qualquer maneira.

Descobrimos no meio da entrevista que a fonte não havia avisado a ninguém do

restaurante sobre a gravação. A fonte marcou a entrevista para as 18h, horário logo

antes do início da chegada da clientela do restaurante.

Tivemos muita sorte, pois o dono do restaurante, apesar de confuso com a

situação, não tentou nos expulsar. Pudemos progredir até o fim da entrevista, apesar de

sermos atrapalhados por outros fatores, como barulhos do restaurante, que em pouco

tempo começou a encher.

Por falha da área de locação de equipamentos da Cásper, faltava uma peça

essencial para conectar o setlight ao tripé. A melhor maneira que achamos de

descansar a luz foi colocá-la na mesa em frente ao entrevistado, e usar um rebatedor

para evitar que a luz ficasse estourada no rosto de Nuno.

A entrevista causou constrangimento entre os membros do grupo, pois alguns

achavam melhor abortá-la pelo número de complicações. Porém, outros argumentaram

que, tendo chegado tão longe, o grupo não deveria desistir sem tirar o máximo que

pudesse da fonte. E essa estratégia deu certo. Nuno deu um depoimento extremamente

rico, abordando as peças de que participou e a que assistiu.

Depois de explicar a situação ao dono do restaurante, pedindo desculpas

sinceras pelo mal-entendido, saímos do restaurante contentes com a qualidade da

entrevista que tínhamos conseguido, apesar de tantos contratempos. Sabíamos que a

sorte havia participado fortemente, mas também sabíamos que a atitude de calma e

persistência eventualmente adotada pelo grupo havia sido imprescindível para o

sucesso da entrevista.

Com esse episódio, aprendemos duas lições. Primeiro, a de checar com

antecedência os detalhes de produção, como horário e disponibilidade, com o local em

questão. Além disso, a lição de sempre checar todo e qualquer equipamento com

antecedência adequada.

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Fontes: Renata Sorrah e Amir Haddad Local: Casa de Amir Haddad. Santa Teresa,

Rio de Janeiro

Data: 25/08 Duração: 53m

Renata Sorrah atuou na peça “Vagas Para Moças de Fino Trato”, com direção de

Amir Haddad. Como essa foi mais uma peça de sucesso do teatro, o grupo se esforçou

para marcar entrevista com ambos, mesmo que as gravações fossem no Rio de

Janeiro. Compramos as passagens e dois integrantes foram à entrevista. Sofia tomou

conta de todos os trâmites e entrou em contato com Amir e Renata.

A ideia inicial foi de gravar a entrevista com o Amir e, em seguida, a da Renata.

Havíamos pensado na possibilidade de gravar os dois simultaneamente, pelos

depoimentos se tratarem do mesmo tema. Porém, logo descartamos a ideia pelo fato

de nossa câmera ter apenas uma entrada para microfone. Aconteceu que, no momento

da entrevista, as fontes demonstraram criatividade ao prender o microfone de lapela a

um bicho de pelúcia, que ficou entre os entrevistados, logo abaixo do enquadramento

da câmera, de maneira a captar perfeitamente o som vindo de ambos. Assim, tivemos

uma chance inesperada de diversificar a dinâmica do documentário, que até então

contava apenas com entrevistas individuais. A ideia funcionou e enriqueceu o filme.

Amir e Renata são grandes amigos e, por isso, a entrevista funcionou bem com os dois

juntos.

Eles tinham ótima memória de “Vagas”. Contaram sobre a peça, com descrições

ricas do cenário e do significado por trás da história. Também situaram o teatro

brasileiro da época com relação à censura da ditadura, e ressaltaram a importância do

13 de maio dentre os outros teatros paulistanos da época. Além disso, Amir falou

rapidamente sobre outra peça que ajudou a dirigir no 13 de Maio – “Ladies da

Madrugada”.

Apesar do deslocamento para o Rio de Janeiro, o processo ocorreu com muita

facilidade. As integrantes do grupo chegaram pontualmente à casa do entrevistado, e

conseguiram terminar a gravação antes do previsto, devido à junção das duas

entrevistas.

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Fonte: Claudio Tovar Local: Casa do entrevistado. Barra da Tijuca, Rio de Janeiro

Data: 25/08 Duração: 35m

Claudio contou sobre o seu início no grupo DzíCroquettes. Quando o grupo veio

a São Paulo, ainda não dispunha de recursos para alugar um espaço de apresentação.

Beneh Mendes, encantado com o talento dos treze integrantes, ofereceu o 13 de Maio

gratuitamente. Claudio conta que a apresentação do espetáculo no 13 de Maio foi o

primeiro grande trabalho do qual participou e que foi uma etapa crucial na consolidação

da carreira dos Dzi Croquettes. Ele comentou também da liberdade que o teatro

proporcionou à apresentação, que ficou em cartaz no 13 de Maio durante quase um

ano. Em termos técnicos, julgamos que essa foi a entrevista mais bem feita. A

iluminação, cenário e enquadramento funcionaram bem e obtivemos um ótimo

resultados.

Fonte: Beneh Mendes Local: Em frente ao Café Piu Piu, Rua 13 de Maio

Data: 15/09 Duração: 16m

O grupo levou Beneh Mendes para o Café Piu Piu, onde antes era o seu teatro.

Em frente ao Piu Piu, ele explicou detalhadamente como era a fachada do 13 de Maio.

De resto, ele deu uma síntese das principais peças e eventos ocorridos lá entre 1972 e

1977. O principal desafio do grupo foi seguir Beneh em sua explicação - durante a qual

se movia através da fachada - com o menor tremor possível da câmera. Como ele

conversava andando, captamos o som com o boom. Em alguns trechos o áudio ficou

prejudicado por conta dos veículos que passavam por lá, mas avaliamos e concluímos

que seria possível e preferível usá-lo normalmente.

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3.2 Entrevistas não-realizadas

Fauzi ArapComo escritor e diretor de Pano de Boca, queríamos muito poder contar com um

depoimento dele. Porém, todas as fontes com quem conversávamos a respeito dele

logo advertiam que, com o passar do tempo, Fauzi havia se isolado socialmente, e

evitava quase todo contato humano, até mesmo de pessoas queridas. Mesmo assim,

não queríamos desistir sem tentar.

Pedimos para Beneh Mendes falar com Fauzi, acreditando que, pela relação

passada que aquele tinha com a fonte, ele teria maiores chances de convencê-lo a

participar. Bastou uma ligação para confirmar o que as outras fontes haviam falado a

respeito de Fauzi. Apesar da antiga amizade com Beneh, ele deixou claro que não tinha

interesse em participar, e pediu para não reiterarmos o pedido.

Sábato MagaldiSegundo pesquisas feitas pelo grupo, constatou-se que Sábato Magaldi havia

assistido e escrito críticas para jornal sobre múltiplas peças encenadas no 13 de Maio.

Após contato com a assessoria de imprensa do crítico, o grupo conseguiu falar com a

mulher de Sábato, que informou que, apesar de ter vontade de participar, ele não

poderia se oferecer devido a problemas de saúde. Alguns meses depois, retornamos

com o pedido, e recebemos a mesma resposta.

Irene RavacheAchávamos importante ter depoimento de algum integrante da peça “Filhos de

Kennedy”, por ter sido uma peça importante da época. Fomos atrás de Irene Ravache.

Entre maio e agosto, tivemos contato, tanto por telefone como por e-mail, com o seu

marido e sua assessora. Eles prometiam tentar encaixar a entrevista na rotina da atriz,

que na época estava extremamente ocupada com gravações de uma novela. Após

muitas ligações e tentativas de negociações, a assessora finalmente respondeu que

Irene estava desistindo da participação no TCC devido a problemas de agenda.

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Marco NaniniMarco Nanini foi um dos protagonistas de Filhos de Kennedy, encenado no

Teatro 13 de Maio em 1973. Gostaríamos muito de ter tido ele, além da mencionada

Irene Ravache, como contadores da história desta peça. Afinal, ela é última citada do

documentário.

Começamos tentando o contato dele com uma assessora da Rede Globo.

Depois de três emails sem resposta, buscamos outra alternativa. Ao ver que ele faria

dois dias de apresentação no Teatro Alfa, ligamos para assessoria do mesmo e

conseguimos o contato de um de seus assessores. Foram cerca de três telefonemas,

seguidos por emails sem resposta.

Finalmente, na viagem ao Rio, Renata Sorrah nos deu o contato do assessor

mais próximo. No primeiro email, ele foi muito solícito e disse que marcaríamos a

entrevista na semana seguinte. Depois, desapareceu. Tentamos entrar em contato

novamente de várias maneiras e não obtivemos resposta. Assim, contornamos o

problema explorando as falas de Beneh Mendes e Jerfferson Del Rios sobre a peça e

imagens de arquivo.

Ruth EscobarRuth Escobar é uma figura de suma importância para o teatro brasileiro. Além de

atriz, sempre esteve envolvida com projetos culturais e foi dona de teatros no Bixiga

durante a década de 1960 e 1970. Ela foi, por diversas vezes, citada por nossos

entrevistados. Teve uma contribuição importante em fazer do Bixiga um bairro de artes

e referencia no mundo teatral. Entretanto, atualmente ela sofre de um estágio avançado

de mal de Alzheimer, coisa que impossibilitou qualquer tipo de contato.

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4. LUGARES VISITADOS

Rua Treze de MaioDatas das gravações: 28 de julho e 15 de setembro Local: bairro do Bixiga, São Paulo

A Rua Treze de Maio começa na Av. Paulista, no Paraíso, e se entende até a

região do Centro da cidade, quando encontra a Rua Santo Antônio. Por este percurso,

ela corta a Bela Vista, ou bairro do Bixiga, um reduto da cultura italiana em São Paulo.

No primeiro dia de gravação, começamos na parte de “baixo” da 13 de Maio, onde

ficava nos anos 1970 o imóvel do Teatro 13 de Maio. Captamos alguns detalhes da rua,

mas as cenas abertas foram mais valiosas. Uma delas, filmada com tripé de um mesmo

ponto por 20 minutos, rendeu o time lapse usado na introdução e encerramento do

trabalho. Usamos outras cenas gravadas na abertura do documentário.

Nessa mesma ida à rua captamos mais imagens de cobertura usadas na

introdução do documentário, como cenas da Escadaria do Bixiga. Paramos as

filmagens na altura da Rua Dom Orione.

Teatro Ruth EscobarData da gravação: 15 de setembro

Local: Rua dos Ingleses, 209, Bela Vista, São Paulo

Fomos ao Teatro Ruth Escobar com o objetivo único de filmar a atual Sala

Miriam Muniz, onde ficava nos anos 1970 a Casa de Badalação e Tédio. Esse foi o

espaço em que os Secos e Molhados fizeram sua apresentação de estreia e onde

foram assistidos por Beneh Mendes e Moracy do Val, futuro empresário da banda.

Novamente, não nos preocupamos com o som porque planejamos usar as imagens

enquanto Gerson Conrad, ex-membro do Secos e Molhados, contava sobre o show de

estreia.

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5. ROTEIRO

Com todas as entrevistas gravadas (à exceção da externa, com Beneh Mendes),

precisávamos fazer o roteiro. Duas semanas antes de começarmos a fazê-lo, reunimo-

nos na casa do Gabriel, em um sábado, e dividimos as decupagens entre os membros

do grupo. Até então, havíamos decupado apenas as três primeiras entrevistas (Beneh

Mendes, João Tadeu e Gerson Conrad), para a qualificação. Passaram-se essas duas

semanas e, enfim, estávamos todos na casa da Sofia para darmos os primeiros passos

do roteiro, no sábado, 22 de setembro.

Inicialmente, imprimimos todas as decupagens e dividimos o material das

entrevistas de acordo com a relevância que julgamos que tinham. Após esse processo,

sentamos e começamos a conversar sobre como seria o roteiro. Nessa conversa, ficou

definido que ele seguiria a ordem cronológica dos fatos. Além disso, foi decidido que o

documentário seria aberto por um clipe com imagens que havíamos gravado no Bixiga,

ao som de “Tradição (Vai No Bixiga Pra Ver”, música de Geraldo Filme. Neste dia, não

conseguimos produzir muito. Houve discordâncias sobre como proceder e pouco do

roteiro foi feito. Ficamos apenas na primeira parte, que é a de contextualização.

O dia seguinte foi bem mais produtivo. O grupo se dividiu em três. Cada facção

se encarregou de uma parte do roteiro. Então, em vez de todos se concentrarem em

uma parte só, três partes eram desenvolvidas simultaneamente. Conforme fazíamos o

trabalho, atualizávamos uma página no Google Docs criada pelo grupo especialmente

para o roteiro do trabalho. Assim, todos teriam acesso para ver o andamento do roteiro.

Nela, havia uma tabela para auxiliar na hora da edição, dividida em: Imagens (nome do

entrevistado); Falas (transcrição ou decupagem do trecho que iríamos usar); Arquivo

(número do arquivo do material bruto em que estava a sonora); Tempo ( time code de

entrada e de saída e tempo total do trecho); Trilha (para quando houvesse música, ao

fundo).

Repetimos o processo nas duas semanas seguintes. Reuniões, aos sábados e

domingos, na casa da Sofia, para o grupo, dividido em 3, desenvolver o roteiro, sempre

atualizando o Google Docs.

Page 18: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

20

Ao final da última reunião para o desenvolvimento do roteiro, realizada no dia 7

de outubro, ainda ficou faltando uma parte. Isabella e Giulia se reuniram na casa desta,

no meio da semana que ali se iniciava, e fizeram essa parte, finalizando a criação do

roteiro.

Page 19: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

21

6. EDIÇÃO

Com o roteiro pronto, começamos a editar. Para essa etapa, foi utilizado o Final

Cut no computador da Giulia, no qual ela e Isabella realizaram todo o processo de

edição, deixando o documentário apenas esperando a finalização.

Em reuniões aos sábados e domingos, nos três finais de semanas posteriores à

finalização do roteiro, nas casas de Giulia, Sofia e Gabriel, foi realizada a edição. Assim

como na roteirização, faltou “um pedaço”, feito pela Giulia, durante a semana, em sua

casa.

Enquanto as sonoras eram “coladas”, parte do grupo tratava das imagens de

arquivo, coletando as de peças que ainda não tínhamos, e identificando as que já

possuíamos. Nossa pesquisa de imagens durante o ano é algo de que nos orgulhamos.

Por se tratar de um documentário de resgate da memória, a presença de fotos que

retratassem a época era obrigatória. Conseguimos reunir quase 100 fotos e

documentos, colentando-as com nossos entrevistados, na internet e em arquivos de

jornais. Já as melhores imagens que filmamos no Bixiga eram identificadas e

selecionadas para a elaboração do clipe de abertura. Só após a edição de todos os

depoimentos, foi desenvolvido o clipe de abertura.

Quanto às trilhas, já tínhamos uma idéia de quase tudo, antes mesmo de

começarmos a editar. A canção “Silêncio no Bixiga”, de Geraldo Filme, já havia sido

escolhida anteriormente para sonorizar o incêndio no teatro, assim como o vídeo dos

Dzi Croquettes. Só deixamos para o fim a trilha dos créditos, escolhida um dia antes

deles serem editados.

Quanto à edição do documentário, em si, ocorreu sem problemas. Nos

orgulhamos de tê-la feito nós mesmos, sem terceirização, o que foi bom. Algumas

coisas em relação ao roteiro, por exemplo, foram modificadas na hora da edição, como

ordem de determinadas sonoras e trechos de entrada e saída. Para facilitar o processo,

convertemos o material bruto de MTS para MOV, formato mais adequado para a edição

em Final Cut. Essas conversões foram feitas em duas semanas, nos computadores do

quarto andar da Faculdade Cásper Líbero. Realizamos um sistema de rodízio. A cada

Page 20: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

22

dia, um dos integrantes do grupo levava os arquivos, em um HD externo, para ser

convertido nas ilhas de edição. Entregava então o HD para outro integrante, que repetia

o processo no dia seguinte.

Page 21: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

23

7. IMPORTÂNCIA DO TRABALHO

Gabriel Joppert Primeiramente, esse trabalho teve uma importância pessoal, pelo fato de a

história de vida de meu pai, Beneh Mendes, se misturar e até confundir com a história

do Teatro 13 de Maio. Desde o início, meu pai não escondeu a felicidade pela

realização deste projeto e pelo resgate desse momento que foi tão importante para a

sua vida. Esta responsabilidade, no entanto, não impediu que eu cometesse erros e

deslizes, principalmente na parte de cumprimento de prazos e compromissos, defeito

que já havia identificado em mim ao longo da minha vida acadêmica. A proximidade

com o tema também tornou difícil, por vezes, ter a clareza de saber até que ponto

certas decisões e opiniões minhas eram objetivas e até que ponto tinham um viés

afetivo.

A convivência do grupo foi muito boa e contribuiu para que o trabalho, mesmo

em momentos estressantes, não estagnasse. Meus conhecimentos sobre produção

audiovisual eram praticamente nulos e a realização do trabalho, somada à orientação

de Pedro Ortiz, me deixam agora com uma boa base, caso queira fazer novas

empreitadas nesta área. Saio deste ano muito realizado, por poder dizer que “fiz um

filme!” e por poder dedicar este ano de trabalho como um presente a meu pai.

Giulia LanzuoloEste trabalho me deu oportunidade de entender o processo básico de elaboração

de um documento audiovisual, assunto pelo qual sempre tive interesse. Claro, isso

envolveu muitos erros. Mas senti com clareza minha evolução em traquejos práticos,

como montar camera, bater o branco, dialogar com o entrevistado. Aliás, esse foi um

dos pontos mais interessantes do trabalho e um grande aprendizado para mim. Depois

deste documentário, sei melhor como conduzir a fonte e em que momentos devo ser

nada mais que uma escutadora e me calar.

Passei também a estruturar uma entrevista de maneira mais clara em minha

cabeça, já que em documentários não é possível ligar para a fontes para tirar dúvidas

Page 22: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

24

depois que o trabalho esta feito. É aqui e agora. Porém, creio que a ansiedade me

levou a assumir tarefas que não me cabiam e algumas vezes pressionar outros

membros do grupo. Esse foi aprendizado: documentário é trabalho em grupo. Com

certeza, quando eu entrar em outro projeto desse tipo, como pretendo, vou ter mais

clareza sobre que caminhos seguir.

Isabella AyubComecei 2012 com um projeto a ser feito, muita vontade de realizá-lo e sem

conhecimento nenhum para tal. O TCC foi um grande aprendizado. Aprendemos juntos,

na tentativa e no erro, nas conversas, nas orientações, na intuição. Senti que

progredimos ao longo do ano nessa difícil arte de fazer entrevistas gravadas.

Enquadramento, luz, som. No início, tudo isso foi um desafio. Mas conforme fomos

entrevistando novos personagens, tudo foi se tornando natural. Não pretendo trabalhar

com documentário na minha vida professional, mas foi uma experiência importante pra

poder dizer que experimentei de tudo. No geral, acho que me dediquei bastante ao

TCC. Na reta final julgo ter feito corpo mole em alguns momentos, mas creio que, no

fim das contas, minha contribuição ao trabalho foi positiva.

Marcos Almeida

Aprendi com o TCC. Além de questões técnicas com a câmera, adquiri maior

noção de quando devo eu falar, quando deve o entrevistado. Acima destes fatores, teve

a convivência em grupo – diferente e maior do que qualquer experiência anterior, seja

em um trabalho para a faculdade ou em alguma questão profissional. Lidei, por mais de

um ano, com outros quatro seres humanos a fim de dar um grande passo em suas

vidas, focados em um mesmo objetivo, mas com interesses, visões e costumes

distintos. Gostei, assim como hoje gosto mais de cada um deles. Contudo, não posso

dizer que “me encontrei” no ramo do documentário. Ainda não achei a resposta, nem

um meio de formular a pergunta.

Page 23: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

25

Sofia Osborn Ciampolini Por mais que eu tenha ficado muito feliz com o resultado final, não sinto que dei

o máximo que eu poderia ao projeto. Apesar de ter executado todas as tarefas que

competiam diretamente a mim, muitas vezes me senti fazendo-as de forma mecânica,

sem afinco ou proatividade. Isso se deveu mais a uma questão de desorganização

pessoal do que ao projeto ou ao grupo.

Portanto, esse projeto, além de me fazer crescer em termos profissionais, me

ajudou a diagnosticar algumas tendências negativas na minha forma de trabalhar.

Gostei muito de aprender sobre o processo de feitura de um filme, apesar de não saber

ainda como e onde vou aplicar esse conhecimento na minha vida. Além disso, foi

extremamente gratificante produzir um registro cultural que poderá ser consultado no

futuro.

Page 24: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

26

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMADA, Izaías. Teatro de Arena: uma estética de resistência. São Paulo: Boitempo, 2004.

AMARAL, Antonio Barreto do. História dos velhos teatros de São Paulo. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1979.

MAGALDI, Sábato. Moderna dramaturgia brasileira. São Paulo: Perspectiva, 1998. 

MAGALDI, Sábato. Panorama do Teatro Brasileiro. 5ª edição. São Paulo: Global, 2001.

MAGALDI, Sábato; VARGAS, Maria Thereza. Cem anos de teatro em São Paulo: 1875-1974. São Paulo: Senac, 2000.

MENDES, Luciene do Rocio Araujo. Respostas referentes sobre teatros do Brazil. Lapa: Prefeitura Municipal, 1994.

MESQUITA, Alfredo de. Notas para a história do teatro em São Paulo. São Paulo: Empresa gráfica da revista dos tribunais, 1975. 

TOLEDO, Vania. Palco paulistano. São Paulo: Imprensa Oficial, 2012.

MICHALSKI, Yan. O teatro sob pressão. Uma frente de resistência. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1989.

PRADO, Décio de Almeida. História concisa do teatro brasileiro 1570-1908. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1999.

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27

9. ANEXOS9.1. Pré-Projeto

Faculdade de Comunicação Social Cásper LíberoPré-projeto de Trabalho de Conclusão de Curso

Uma noite no Treze de MaioBiografia de um teatro paulistano

ALUNOS:Gabriel Joppert Leal Mendes

Isabella Ayub Marcos Carvalho Corrêa de Almeida

Sofia Osborn Ciampolini

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Giulia Lanzuolo

JornalismoSetembro/2011

Formato:Vídeo Documentário

Tema:História do Teatro 13 de Maio na década de 1970.

Objetivos gerais e específicos:Contar a história do 13 de Maio por meio de depoimentos das pessoas

que fizeram parte dela, como os artistas, espectadores e funcionários do teatro. Resgatar, por meio da memória oral, a relação dos entrevistados com o teatro e, assim, construir uma narrativa expondo sua importância e legado artísticos, assim como a daqueles que por lá passaram.

Delimitação do assunto e Justificativa:O Teatro 13 de Maio foi construído em um espaço onde funcionava

uma garagem, convertido em teatro para a produção de Ruth Escobar, “Cemitério de Automóveis”, em 1968. Após isso, o teatro ficou abandonado, até ser assumido por Beneh Mendes, pai de um dos membros do grupo, dono do estabelecimento, entre os anos de 1972 e 1977, que abrigou montagens de enorme importância para o teatro paulistano, como o

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29

primeiro o texto de Elcir Castello Branco, “Thanatos”. Depois vieram “Hoje É dia de Rock”, com Raul Cortez; “Dzi Croquettes”, com Lennie Dale; “Mahagoni”, com Renato Borghi; “Ladies da madrugada”, de Mauro Rasi e com produção de Ney Matogrosso; “Pano de Boca”, de Fauzi Arap, entre outras peças. Serviu também como passagem para espetáculos montados na EAD-SUSP, com Paulo Betti, Eliana Giardini e outros jovens atores. Era um espaço aberto à comunidade artística, com ensaios madrugada a dentro, pela manhã e tudo mais. Lenie Dale deu aulas de dança em que participavam artistas diversos com Ney Matogrosso, As Frenéticas e outros.

Nas segundas-feiras havia o “Samba É Lei”, com cantores como Jards Macalé, Nelson Cavaquinho; Originais do Samba, Nelson Sargento e muitos outros. Sextas-feiras à meia noite, era “Hoje è Dia de Rock”, com bandas as mais diversas, tais como: Joelho de Porco, Made In Brasil, e muitas outras.

Era um grande espaço de divulgação cultural e de encontro de artistas e criadores de todas as áreas. Com shows de Secos e Molhados; Zé Rodrix; Guilherme Arantes e Wanderléia, fez com que artistas muito importantes do cenário paulistano e brasileiro passassem a ter o 13 de Maio em sua história, como espectadores de espetáculos memoráveis e como artistas que se apresentaram naquele espaço.

Pela proximidade com o tema e por julgar que há uma falta de material relacionado a este assunto, principalmente no formato escolhido, o grupo achou que este seria um bom objeto de trabalho. Devido ao fato de o tema ser delimitado claramente, um só teatro e apenas entre os anos 1978 e 1977, pretendemos abrir novos caminhos a partir das fontes principais, assim possibilitando uma pesquisa rica e extensiva, de forma que as histórias mais interessantes e relevantes de se contar virão à tona. A proposta “Uma noite no 13 de maio”, tem como foco a história oral como contada pelos entrevistados, portanto com grande atenção para pequenos “causos” e histórias relacionadas ao teatro.

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30

O formato escolhido foi o de vídeo documentário por acharmos que isso facilitaria sua difusão nos grandes meios – um interessado pelo tema tem mais chance de querer assistir a um documentário do que ler um livro. Além disso, com este formato permitimos uma experiência mais rica do espectador, uma vez que ele está ouvindo e vendo as histórias sendo contadas pelos envolvidos e não relatadas por um terceiro.

Projeto editorial:A ideia é um filme de média metragem, composto por entrevistas

gravadas intercaladas com arquivos audiovisuais. O público alvo é formado por todos aqueles que se interessam pela história da cultura paulistana no período escolhido, além dos admiradores dos artistas participantes. Cremos que, pela relevância da contribuição artística do teatro e dos entrevistados, o projeto tem apelo amplo.

Procedimentos metodológicos e técnicos:Reportagem por meio de entrevistas com os principais envolvidos na

história do teatro e de pesquisa bibliográfica (livros, jornais, revistas e internet) e audiovisual (emissoras, livros, revistas, jornais, internet e acervos pessoais). A pesquisa se iniciará por meio da entrevista com Beneh Mendes, que fornecerá o caminho e indicações para as fontes subsequentes, que serão aqueles relacionados diretamente ao teatro, e, eventualmente, indo um ou mais elos além, dependendo do caso. Após uma boa base de material colhido, será elaborado de um roteiro com o conteúdo considerado mais relevante e/ou de maior apelo para o público e com uma linha narrativa.

Fontes principais:

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- Beneh Mendes – dono do teatro entre 1972 e 1977, também atuou em peças

- Nuno Leal Maia – ator, atuou em “Pano de Boca” e costumava frequentar o teatro

- Carlos Alberto Ricelli – diretor e ator, também freqüentou o teatro- João Signorelli – ator, atuou em “Chá e Simpatia” e “Pano de Boca”- Jandira Martini – atriz, diretamente relacionada com o 13 de Maio- Irene Ravache – atriz, atuou em “Filhos de Kennedy”- Ney Matogrosso – fazia aulas no teatro, onde realizou,

possivelmente, a primeira apresentação do Secos & Molhados- Elias Andreato – ator, foi operador de iluminação na peça

“Mahagoni”- Renato Borghi – ator, diretor e dramaturgo, atuou em “Absurda

Pessoa” e “Mahagoni”- Jards Macalé – cantor, cantava no “Samba é Lei”- Tarcísio Meira – produtor da peça “Vagas Para Moças de Fino Trato”- Glória Menezes – atriz e esposa de Tarcísio, atuou em “Vagas Para

Moças de Fino Trato”- Renata Sorrah – atriz, atuou em “Vagas Para Moças de Fino Trato”- Guilherme Arantes – cantor e compositor, cantava no 13 de Maio- Banda Made In Brazil – apresentava-se no 13 de Maio- Banda O Terço – apresentava-se no 13 de Maio- Banda Joelho de Porco – apresentava-se no 13 de Maio- Antunes Filho – diretor, espectador do 13 de Maio- Jefferson Del Rios – crítico de teatro e frequentador- Edison Paes Mello Filho – jornalista e marido de Irene Ravanche- Ari Brandi – fotógrafo- Vânia Toledo – fotógrafa- Nelson Sargento – cantor e compositor, apresentava-se no 13 de

Maio

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32

- Grupo Os Originais do Samba – apresentava-se no 13 de Maio

Fontes Secundárias:

- Carlos Arena – ator, comprou o teatro em 1977- Gérson Conrad – ex-integrante do Secos & Molhados- João Ricardo – ex-integrante do Secos & Molhados- Willy Verdaguer – tocou contrabaixo com o Secos & Molhados- Marcelo Frias – tocou bateria com o Secos & Molhados- Ruth Escobar – atriz e produtora, produziu no Treze de Maio, o

espetáculo “A Viagem”- Zeno Wilde – dramaturgo, administrou o teatro em 1976- Elcir Castello Branco – autor de “Thanatos”, primeira peça

apresentada no Treze de Maio- Clóvis Bueno – diretor e cineasta, dirigiu “Thanatos”- Ricardo Petraglia – ator, conhecido por filmes e novelas, atuou em

“Thanatos”- Paulo Betti, atuou na peça “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues, que

contou com a presença do mesmo em sua estreia- Eliani Giardini – atriz, era casada com Paulo Betti na época- Patrício Bisso – ator argentino, atuou em “Ladies na Madrugada”, de

Mauro Rasi- Yoná Magalhães – atriz, atuou em “Vagas Para Moças de Fino Trato”- Marcos Flaskman – cenógrafo, trabalhou na peça “Absurda Pessoa”,

na qual montou três cenários sobre um palco giratório- Renato Borghi – ator, diretor e dramaturgo, atuou em “Absurda

Pessoa” e “Mahagoni”- Tony Ramos – ator, atuou em “Absurda Pessoa”- Mirian Mehler – atriz hispano-brasileira, atou em “Absurda Pessoa”

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33

- Elias Andreato – ator, foi operador de iluminação na peça “Mahagoni”

- Esther Góes – atriz, foi casado com Renato Borghi e atuou em “Mahagoni”

- Sebastião Campos – ator, atuou em “Chá e Simpatia”, última peça do período abordado por nosso trabalho

- Bárbara Fazio – atriz, atuou em “Chá e Simpatia”- Giuseppe Oristanio – ator, atuou em “Chá e Simpatia”- Sérgio Britto – ator e diretor, dirigiu “Filhos de Kennedy”- Marco Nanini – ator, atuou em “Filhos de Kennedy”- Fauzi Arap – dramaturgo e diretor, escreveu e dirigiu “Pano de Boca”- Jonas Bloch – ator, atuou em “Pano de Boca”- Clemente Viscaíno – ator, atuou em “Pano de Boca”- Grupo As Frenéticas – apresentava-se no 13 de Maio

Cronograma de desenvolvimento:

Atividades/períodosOut2011

Nov2011

Dez2011

Jan2012

Fev2012

Mar2012

Abr2012

Mai2012

Jun2012

Jul2012

Ago2012

Set2012

Out2012

Nov2012

Levantamento de fontes bibliográficas

X X

Pesquisa em fontes impressas e leitura do material bibliográfico

X X X X X X

Pesquisa audiovisual X X X X X X

Contato inicial com as fontes X X X X X X X

Elaboração de roteiro X X X X X X X

Gravação de X X X X X X

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34

depoimentosEdição e montagem X X X X

Pós-produção X X XEntrega do Trabalho

X

9.2. Roteiro 

IMAGEM FALAS ARQUIVO TEMPO TRILHA

Bairro do Bixiga Offs dos entrevistados sobre o bairro (?)

- 1’30 Tradição (vai no Bixiga pra ver)

Logo do documentário ao fim das imagens

- - Tradição (vai no Bixiga pra ver)

BLOCO 1: CEMITÉRIO DE AUTOMÓVEIS

Jefferson

Bela Vista sempre foi um bairro de vida noturna e artística. É um bairro de classe média baixa, proletário – de certa maneira –, um bairro de negros, italianos e imigrantes. Mas aos poucos aqui se formou uma tradição musical que nunca deixou de existir.

Arquivo 18  02'26" – 02'48" (22s)

-

Page 33: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

35

-

Oswaldo O bairro tinha aquele coisa. Era um dos poucos lugares, Bixiga, Rua Augusta...Nós éramos todos muitos cabeludos, coloridos. Nós éramos incomodados andando, mas não tanto como nos outros bairros e regiões da cidade.

Arquivo 6 16'05" – 16'33"(28s)

Gerson De um lado a cidade desenvolveu com grifes e com a superficialidade total. E do outro lado, que eu me orgulho, foi a essencia da historia cultural da cidade

Arquivo 2   01’59" - 02’15"(16s)

Nuno Leal Maia Foi época de vanguarda. Grupo Oficina. Teatro de Arena.

Arquivo 20120824073556

01’39" - 01’56"(20s)

Jefferson E aqui, finalmente, começa o período do Teatro 13 de Maio, que é toda uma história

Arquivo 18  05’53" - 06’07"(14s)

Beneh Mendes Conta que viu a primeira peça de teatro aos 24 anos. Uma das peças que 

(primeiro) 04’46" - 04’58"(12 s)

Page 34: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

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viu, nesse começo de “vida teatral”, foi Cemitério de Automóveis.

Renata Sorrah Gente, foi no 13 de maio que eu vi o Cemitério de Automóveis!

(primeiro)  17'36"(3s)

Nuno Leal Maia Era uma garagem que a ruth transformou em teatro e inaugurou com o cemitério. Dirigido pelo Victor Garcia, a peça se passava em volta da plateia, inovadora em termos cênicos. Atores se movimentando em um corredor e assistíamos em volta

Arquivo 20120824073556

07’37" - 08’09"(30 s)

Jefferson O diretor argentino Victor Garcia 

(CORTA)

Ele disse ‘eu vou se você me arrumar esse local, porque eu não quero um teatro arrumadinho, com cortina de veludo, poltroninha, burguês.’ A Ruth veio, começou a procurar e achou esse local. 

Arquivo 18  06’17" - 06’33"

(CORTA)

07’52" - 08’07"

(CORTA)08’32" – 09’04"

(1min)

Page 35: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

37

(CORTA)Era um espetáculo muito agressivo, que os personagens eram mendigos, pessoas do povo, pessoas torturadas. Há uma referência bíblica, uma espécie de uma crucificação, uma certa liturgia católica pagã.” O Victor Garcia, que era um homem de formação católica, rejeitando isso, aquela opressão espanhola da religião. Tudo gira um pouco em torno disso, contra a família conservadora,

Amir Haddad O cenário dele era uma grande quantidade de carcaça de automóvel. Entáo ele foi no lugar certo, na oficina.  E muitos desses espaços acabaram se configurando como áreas alternativas e depois se tornando teatros

(primeiro) 20’58" - 21’16"

(18s)

Beneh Mendes Quando a Ruth abandonou o teatro, pois já tinha o dela, deixo o lugar caído. 

(primeiro) 03'03" - 03'25"

CORTA

Page 36: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

38

Lá era cheio de automóveis pendurados no teto, que estava caindo.

(CORTA)Apareceu um amigo e o convidou para pegar o teatro 13 de Maio, que estava abandonado . Eles levaram um engenheiro, amigo deles, para olhar o local e tal engenheiro disse “Vamos sair correndo, antes que caia”. FICAMOS 4 MESES MEXENDO(CORTA)Como fazer virar um point?(CORTA)Aí eu pensei o que: como pode um lugar desse ficar aberto 3h por noite? Aí eu abri as portas.

4”12" – 4”30" 

CORTA

05’50" – 05’56"

CORTA

08’10" – 08’18"

(50s)

Nuno Leal Maia  Quando eu comecei a trabalhar no 13 de maio,eu não reconhecia, não lembrava mais comoera na época do cemitério.(CORTA)Eu estreei no 13 de maio em 1973, fazendo o Hoje é Dia

Arquivo 20120824073556

08’13" - 08'19’’(CORTA)11’30’’- 11’37"(14s)

     

Page 37: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

39

de Rock né, peça do zé vicente.

BLOCO 2: HOJE É DIA DE ROCK

Jefferson

José Vicente de Paula

 Arquivo 18  16’46’’- 17’15’(30s)

Beneh Mendes 

Raul Cortez queria fazer o espetáculo sm SP. Esse espetáculo tinha sido feito no RJ. Era uma cerimônia. Saia todo mundo chorando, emocionado e tal.

1135_1 00’21” – 00’44” (24s)

Nuno Leal Maia 

Então aqui em Sp não teve o mesmo impacto que no Rj. Razoável, nem muito bem, nem muito mal.

Arquivo 20120824073556

13’20’’-13’26”

(6s)

Beneh Mendes 

Mas assim, foi um momento maravilhoso porque colocou o teatro no circuito. Todo mundo já sabia que o teatro existia.

CORTA

O teatro já era, já tava na boca. Se encontravam, tinham aula. Era um point, por ser de portas abertas, relação aberta para a classe teatral para aritistas.

1135_1 01’02’’-01’09”

CORTA

01’27” - 01’47” 

(27s)

João Tadeu

Estava descendo a 13 de Maio, vi uma placa dizendo que precisava de rapaz para serviços gerais.

CORTA

Teve um período que eu dava aula de 

0503 05’32”  – 06’00” 

CORTA

07’08’’- 07’30’’

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40

expressão corporal e capoeira, porque o Beneh abria espaço, e o Lennie Dale também dava aulas de dança lá.

(56s)

TOTAL DO MINI BLOCO: 2”35

BLOCO 3: DZI CROQUETTES

Beneh Mendes 

Quando o Dzi Croquettes apareceu se deu o grande salto do teatro.

 1135_1 06’08” (3s)

Claudio Tovar Estreamos no Tom Tom (perdi um tempo porque travei o áudio, sem querer)... E nesse dia, o Sábato Magaldi - um crítico da época, um homem inteligentérrimo, um homem bacana – Ele fez uma crítica dizendo que era um espetáculo imperdível, que nós éramos feras e que tinha que ser visto, que era um trabalho a ser visto.

#70 05’20” – 06’ 00” (40s)

Beneh Mendes Falei, Sabato, que loucura é essa? Bene, nao sei, mas tem uma energia... fui no camarim e cheguei pro lennie e falei que tinha que levar o espetaculo pro teatro. no dia seguinte tinha umas 15 bichas no teatro

 1135_1 07’04” – 07’38” (34s)

Claudio Tovar Finalmente iamos pro teatro, foi uma alegria pra gente.Primeiro contato com o grande publico. Espetaculo transgressor, nao sabia como seria aceito.

70 06’20” - 06’47”

(27s)

Beneh Mendes Era uma coisa revolucionária, no sentido de não ser mesmice e não ser uma coisa 

 1135_1 3”57 – 4”13

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prepotente, de ser só uma atitude de trazer pra fora alguma coisa que está na própria sociedade, presa, sem ser demonstrada.

(16s)

VIDEO DZI

1 MIN

   Claudio Tovar

E a gente teve a censura. passar pelo crivo, foi um terror. prova de fogo. Fala sobre o espetaculo, como se fosse peça infantil. 

Aquele teatro virou uma maluquice.

      #70 08’02” – 08’46”(44s)

Beneh Os caras foram mais de duas vezes analisar o espetáculo. No inicio, algumas cenas foram amainadas, mas depois desbundou. 

Os fiscais tinham medo de gostar.

_4     09’56”  – 10’38” 

(42s)

Nuno Leal Maia

Dzi começaram no 13 e depois desabrocharam, viraram sucesso. 073556  16”49 – 16”56(7s)

Gerson O Dzi foi um espetáculo muito louco naquele teatro. eles ousavam mais que os secos. eu lembro que o teatro tinha panos pelo teto, quase passando pela cabeça da plateia. era uma coisa muito louca. o palco saia do espaço fisico de palco pra invadir a 

plateia

03 02’10”  – 02’42”

(32s)

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42

Claudio Tovar

A gente saiu no verão do Rio e voltou pro verão do Rio. Foi um ano em São Paulo. O Tom Tom acho que foi um mês – acho que 

um mês ou dois, sei lá –, mas o resto foi no 13 de Maio.

#70  10”53 – 11”07(14s)

TOTAL DO BLOCO : 5:19

BLOCO 4: SECOS E MOLHADOS

Beneh Mendes

Na época, havia um bar na sala do meio do Ruth Escobar chamado Badalação e Tédio.

CORTA

Em uma sexta-feira, fizeram um negócio fechado lá e chamaram algumas pessoas para verem o espetáculo de um grupo novo, que se apresentaria lá pela meia noite, 1h da manhã. Beneh chegou lá, ficou um tempo no bar e, quando os caras começaram a cantar, pirou, como no Dzi Croquettes.

arquivo _2

04’16”- 04’25”

CORTA

04’40”- 05’00”(29s)

Gerson Conrad + Imagens do Badalação hoje

A gente estreou em São Paulo no Casa de Badalação. Era um bar onde as pessoas iam tomar chá, comer um misto, um quiche. E de repente eles nem tinham palco, era no mesmo nível e tinha um cantinho reservado pra rolar um som ao vivo Quando a gente foi fazer casa de badalação e tedio a gente ja entrou com uma infra muito teatral, que era a proposta dos Secos e Molhados

0002 20’31”- 21’35”

(64s)

Beneh Mendes Aí eu liguei para o Moracy do Val, que trabalhava com música, foi o produtor do Hair. Moracy, tem um grupo assim, assado, você precisa ver o pessoal que faz o espetáculo. E a gente foi no dia seguinte assistir.

Quarto Arquivo

05’37”- 05’49”(12s)

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Moracy do Val Eu vi e fiquei doido.  Eu vi, fiquei doido, era editor de um jornal naquele gravadora Continental. A gente tinha um trabalho muito grande, estávamos lançando grandes nomes da música pop mundial. E eu propus fazer o lançamento de um grupo novo.  Eles me deram uma verba mínima de 72 horas de estúdio. E nessas 72 horas de estúdio eu produzi o disco de maior sucesso da música brasileira. E quem fala isso não sou eu, saiu em várias publicações

CORTA

Fizemos shows no país inteiro. O disco veio atrás, na verdade.

0103’43”- 04’18”

CORTA

12’53” - 12’59”

(41s)

Gerson Conrad O teatro 13 de Maio, enquanto carreira profissional ele foi um grande marco. Fizemos uma temporada muito longa pela primeira vez em SP.

02 11’54”- 12’13(19s)

Moracy do Val O teatro 13 de Maio foi muito importante porque ele se abria para os novos valores, para os jovens, para as coisas diferentes.

CORTA

Então é um teatro que nasceu como um espaço de liberdade, de criação, muito, muito importante.

0115’48”- 16’00”

CORTA

16’14”- 16’24”

(22s)

Gerson Conrad Era de quinta a domingo. Era muito gostoso até pela coisa 

geográfica do teatro. Camarins embaixo do palco e aquilo nos permitiu recursos fantásticos de exploração de palco. A gente ate tentou reproduzir depois, mas nao tinha a 

02 13’29”- 14’23”

(54s)

Page 42: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

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mesma magia que tinha no 13 de maio até por uma coisa natural do teatro mesmo.

Moracy do Val

O Teatro 13 de Maio, apesar de abrigar 300, 400 pessoas ele conservava...tinha um lance íntimo. Era um teatro com espírito libertário pelo seu estilo, Eram arquibancadas, não eram aquelas poltronas.

01 34’10” – 34’36”

(26s)

Gerson Conrad

Me lembro das paredes de tijolo à vista, pelo menos nessa época. Ele tinha essa magia de trazer essa coisa do seu cantinho. As pessoas se sentiam aconchegadas dentro do teatro.

02 14’40” – 15’03”(23s)

MoracyAí foi uma loucura, o Teatro tinha 300, 400 lugares e iam mil e tantas pessoas. As pessoas pagavam para ir e ficar escutando na porta . Era um absurdo. Nunca vi nada igual, nunca aconteceu nada igual.

01 20’14” – 20’25”(11s)

Gerson Foi a grande explosão, quando o Brasil descobriu o Secos e Molhados. Nós tivemos no 13 fila que dava volta pela Avenida Ipiranga.

CORTA

Toda a noite sempre tinhamos problema com Dpto de transito, aquilo lotava de uma tal maneira que ngm subia a 13 de maio.

CORTA

02 12’22”- 12’37”

CORTA

12’48”- 13’00”

CORTA

Gerson Foi exatamente no 13 de maio que a gente conseguiu liberar pela primeira vez o Ney de peito nu pra censura

03 07’10” –07’22”(12s)

Moracy Em plena  ditadura nós tomamos conta do país e essa foi a grande revolução que nós começamos quebrar  as pernas da ditadura ao fazer o país 

01  07’11” – 07’35”(24s)

Page 43: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

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inteiro se apaixonar por um grupo que não era machão, como aqueles gorilas queriam impor no país.   Então   para   mim   isso   foi   a   coisa   mais importante.

Gerson Liberamos quase que a totalidade do espetáculo, Mas algumas musicas ja haviam sido censuadas e nao conseguimos mudar isso. nao teve jeito.

CORTA

Tem gente com fome tinha sido vetada *canta um trecho*.

03 09’32”- 10’04”

CORTA10’23 – 10’33”

(42s)

Tem Gente com Fome

BLOCO 5: O ROCK NO 13 DE Maio

Oswaldo

A gente teve letras, músicas, discos e shows censurados. O Made, das bandas de rock, acho que foi a mais perseguida do na época.

Seis 09’22” – 09’31”(9s)

Beneh Mendes O que movia ele era abrir espaço para algo que achava que tinha 

_6 09’03” – 09’26”

(23 s)

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qualidade. No rock, trouxe o Made In Brazil e um monte de gente. Quando ficava sem espetáculo, colocava 15 dias seguidos só rock.

Oswaldo E o 13 de Maio foi um dos primeiros que abriu temporadas para bandas de rock. O Made, por examplo...nós fizemos uma temporada de uma semana no 13 de Maio. A gente montou o equipamento na segunda (explica logística). Para a gente foi muito importante...foi um show em 1973. Nós não fizemos muitas participações no 13 de Maio, mas foi importante porque foi um dos shows que alavancou a banda na época. Eu me lembro que foi esse show e um show que nós fizemos no teatro da GV também que foram fundamentais na história da banda 

Seis 03’37” – 04’38”(61s)

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porque nós convidamos vários diretores de gravadoras para esses dois shows e principalmente para o do 13 de Maio que veio antes, para tentar contatos e um contrato numa garavdora. E já nesse primeiro show no 13 de Maia pintou interesse da BMG.

Beneh Mendes O rock de sexta-feira, “As Pedras Vão Rolar”, começava à meia noite e meia. O teatro não tinha muito isolamento acústico. Beneh foi de casa em casa na região convidar as pessoas para irem ao teatro. Às segundas feiras, havia o Samba é a Lei, vinha um pessoal do Rio, como Nelson Cavaquinho e Jards Macalé. Beneh dava convite aos moradores da região e “ganhou” eles assim. Ninguém nunca reclamou do teatro.

_5 00’13” – 00’51”Arquivo “_5”(38s)TOTAL DO SUB-BLOCO: 2”11

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Jefferson  “Este teatro era um ponto. Todo mundo vinha. Primeiro porque não era um local caro, não era um local cheio desse rito do grande teatro – era uma antítese da cultura artística do Teatro Municipal –, pegava realmente um público jovem, como vocês, e, à noite, todo mundo se integrava no bairro, se misturava. Saía daqui e ia para os barzinhos.”

18 14’50” – 15’21” 

(31s)

Beneh Mendes O Nelson Rodrigues, que não andava de avião, veio ver Boca de Ouro – peça de própria autoria – que estava sendo encenada por alunos da EAD, como Paulo Betti e Eliane Giardini. Conta que atrás do palco havia um buraco e lá foi feita Boca de Ouro.

_8 00’14” - 01’14”

BLOCO 5: LADIES DA MADRUGADA

Jefferson

Eu vi o Nelson Rodrigues, estva lá nesse dia...O espetáculo era muito bom. Ele chamou muita 

18 11’24” - 12’04” 

(40s)

Page 47: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

49

atenção. Segue falando sobre “Aquela coisa do Nelson Rodrigues, aquela coisa da zona norte e um mundo marginal.”

Claudio Tovar Depois que a gente saiu (do 13 de Maio), o Mauro Hazi montou Ladies da Madrugada

#70 12’47” - 12’55”

(10s)

Amir Haddad Era um espetáculo que já estava pronto. Não me lembro quem dirigiu. Alguém dirigiu mal. O espetáculo já etsva pronto, tinha estreado, tinha um recepção horrorosa da crítica. 

53 02’56” – 03’13”

(17s)

Tovar Tanto que o Amir foi e deu um upgrade ali na peça. Mas era uma maluquice ali, só tinha maluca. (vai falando de atores e produtores).

#70 13’23” – 13’39”

(16s) 

Amir Haddad Correram e me chamaram par aver se eu conseguia consertar a peça. 

CORTA

Então eu fui para 

53 04’06” – 04’10”

CORTA

04’32” - 05’07”

Imagens da casa

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50

São Paulo e reestruturei tudo em semana. Eu melhorei e espetáculo melhorou muito. Muito memso. E fez um temporadas de 2 meses lotadas. Mas já estava esburacada então não conseguiram manter em cartaz. Mas era muito interessante, era um navio, história de espionagem

(32s)

Amir Haddad A inquietação era muito grande. Então não tinha essa coisa ‘eu quero fazer meu espetáculo no teatro municipal’. Eu quero fazer meu espetáculo na cova do metrô, no elevador do hospital. Os diretores tiraram o espetáculo do lugar do espetáculo, onde a burguesia tinha confinado a gente durante séculos, e começar a levar pra outros lugares. 

Primeiro 19’25” – 19’57”

(22s)

Amir Haddad Eles começam a escapar por outro lado. Começam a 

53 01’37” – 02’00”

Page 49: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

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trabalhar valores ideológicos, começam a trabalhar em cima das contradições da classe média, começam trabalhar o indivíduo. Não falam mais das questões sociais, das determinantes sociais. O próprio Vagas é um produto disso. É uma introspecção. O teatro brasileiro fazia poucas introspecções

(23s)

Jefferson Era uma coisa muito bem feita, simpática, que trabalhava o lado psicológico, a solidão dessas mulheres, seus pequenos problemas, seus amores, seus desejos, suas fantasias.

19 14’40” – 14’52”

(12s)

BLOCO 7: VAGAS PARA MOCAS DE FINO TRATO

Amir Haddad

E no Teatro 13 de Maio a gente fez Vagas, em São Paulo. que é uma peça do Alcione Araújo, que acabou sendo um grande sucesso e revelou o 

53 05’48” – 06’13”

(25s)

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Alcione, o espetáculo era bom e tinha três atrizes maravilhosas: a Renata, a Yoná Magalhães e a Glória Menezes. Então era muito bom.

Jefferson Essa peça fez bastante sucesso. É uma comédia leve, já é um tipo de temática mais de costumes, narrativa do cotidiano de mulheres numa pensão, não tem nenhuma ênfase política, nenhuma reivindicação.

19 14’17” – 14’40”

(23s)

Amir Haddad Mais ainda tinha um que de uma oficina, de ser aberto, não era um teatro, um auditório...a ideia era uma coisa aberta, arquibancadas, a gente foi muito bem lá, muito bem de público, o espetáculo fez sucesso, foi muito bom.    

53 09’43” - 10’01”

(17s)

Amir Haddad e Renata Sorrah

Eram 3 camas em cena, o cenário semi-circular. Tinha 

53 10’38”- 11’34”(56s)

BOCA DE OURO +LADIES+VAGAS

= 7MIN10

Page 51: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

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uma mesa que ela a sala da secretaria, onde elas passavam e se cruzavam. Ficava cada uma no seu quarto. E o público, pra entrar no teatro, tinha que passar por dentro da casa da mulher. Eu gosto disso, sempre gostei dessa coisa de misturar tudo e finalmente acabei fazendo teatro de rua em vez de ficar fingindo. O publico chegava, entrava, passava por dentro do cenário, via a intimidade, via a cama arrumadinha, via o lençol, via as coisas que já tava lá de contra-regra, passava por dentro, podia bisbilhotar, porque era exatamente isso que iam fazer – bisbilhotar na vida daquelas pobres 3 mulheres que tava vivendo a vida

BLOCO 8: PANO DE BOCA

Fui um dia num jantar….Ele fez o Pano de Boca!! :O

Arquivo _3 02’34’’- 03’00” (talvez 3’10’’)

(26s)

Page 52: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

54

Beneh Mendes

Nuno Leal Maia

Po, na minha carreira foi um marco. Pra mim sim.

073556 34’56’’- 35’18"

(22s)

Jeff E essa peça que é muito importante, O Fauzi Arap…como ator, diretor e autor.

Arquivo 00018 31’50’’- 32’06’

(16s)

Nuno Já tinha sido montado no Rio, foi o inverso do Hoje é Dia de Rock. No Rio não teve tanta força… o jeito que foi feito lá ele não gostou.

073556 30’54’’- 31’14"

(20s)

Beneh Ah, aí no Rio aconteceu uma coisa muito maluca…Parou o espetáculo

Arquivo _8 04’52’-07’40’’(pode ter mini cortes no meio, como na parte em que ele tenta lembrar nome do teatro) CORTE

(48s)

Beneh Aí o Fauzi… Não vou segurar nada.

Arquivo_8 07’56’’ - 08’28’

(32s)

IMAGENS PARA COBRIR

Nuno Tinham duas ou três partes, a peça era dividida em três partes…os atores também eram muito legais.

 073556 09’28’’-10’31’’

(57s)

Beneh A gente tinha dia... Quem viu não esqueceu jamais

Arquivo _3, pode rolar a imgem da linda célia helena, a magra, a maga

03’28’’- 04’25"

(57s)

Page 53: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

55

FILHOS DE KENNEDY + ADMINISTRAÇÃO DO BENEH

BLOCO 6: FILHOS DE DE KENNEDY

Jefferson 

Em 1977, Filhos de Kennedy.... Pós Kennedy

Arquivo 18 12’06” - 12’42”

(36s)

Beneh Mendes

Eu fiz uma peça... _7 04’58” - 05’27”

(29s)

Jefferson O Marco Nanini estava no auge... Uma coisa assim meio AliceCooper

Arquivo 18 13’37’’ – 14’12’’

(35s)

Beneh Mendes

Sérgio Britto tentou qeu eu dissesse o que precisava… um caramaravilhoso

CORTA

Displicente…até de parcerias.

_7 01’12” – 01’19’’

CORTA

00'20" - 00'45"

(48s)

Gerson  A gente ouvia muito dizer (...) Beneh era uma pessoa especial’

002 15’15” -15’30”

(15s)

Claudio Tovar Ele facilitou bastante (…) Lá no 13 de Maio.

#75 10’25” – 

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56

10’41’’ 

(16s)

Nuno Leal Maia

Ele pro 13 de maio (…) Ele é meio assim.

19’36’’- 19’58’

(22s)

Gerson O Beneh, sabe, entendia (…) desse entendimento e dessa dedicaçãodele como administrador.

002 04’21’’- 04’36’’

(15s)

Page 55: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

57

Beneh Mendes

Fala que vendeu o teatro em 1977, para Carlos Arena. Beneh queria ter feito outra coisa naquele momento (parece-me ser um sentimento de hoje, não da época), mas fez isso. Conta que trabalhou na primeira peça que o Arena fez e que o teatro durou mais pouco tempo, um ano e meio.– Diz que ficou anos sem passar na 13 de Maio, naquele pedaço, pois não agüentava, porque foi muito triste a forma que o teatro acabou. 

Quarto Arquivo (2012020603115_2) 

08’35” - 09’12” 

(37s)

João Tadeu  Só saiu do 13 quando acabou... mas isso nao despertou o interesse de ninguem

08’45” - 09'35"

(50s)

Page 56: Memorial "13 de maio: teatro de portas abertas"

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Beneh Mendes

Um dia eu tava na sao luis, passei numa banca de jornal...vejo esses jornalecos "FOGO DESTROI O TEARO TREZE DE MAIO". Eu nunca senti a morte tao presente 

Quarto Arquivo (2012020603115_2)

9'25" - 10'06"

(41s)

Notícia do incêndio e etc.Talvez: filmagens do Beneh na 13 mudando de lugar

O Bixiga Está em Chamas

Beneh Mendes

Depois virou o café piu piu 0'13" - 0'20"

(7s)

Luiz Lustig Quando a gnte comprou aqui não tinha nada. Tinha um monte de entulho e uma parede

CORTA

Tinha marcas de incêndio. Alguma coisa queimou e destruiu.  

01'24" - 01'45"

CORTA

04'52" - 05'02"

(31s)

Cena Beneh Mendes na 13 (inteira)  

Aqui (...) e esse era o teatro 13 de maio nos anos 1970.

clip #82 05''-2'52''

TOTAL DE TEMPO ATÉ AGORA: 39 MINUTOS

Jeff O centro, que agora começa dolorosamente a se recuperar 

arquivo 00019 10'40''-12'51''

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(...) e parece que agora há todo um movimento de retorno, de se voltar ao centro, de usar o centro.