MEMÓRIA E PATRIMÔNIO HISTÓRICO: ALAVANCAS PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
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51. MEMÓRIA E PATRIMÔNIO HISTÓRICO: ALAVANCAS PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
KENYA VIEIRA DE SOUZA E SILVA141 Universidade Estadual de Londrina [email protected]
VANESSA DUARTE142
Universidade Estadual de Londrina [email protected]
SIRLEI BORRASCA DE BRITO143 Universidade Estadual de Londrina
CAROLINA RODRIGUES DE CARVALHO144 Universidade Estadual de Londrina
Resumo: O ensino e a aprendizagem da Historia nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental estabelece interface direta com a Educação Patrimonial. Os professores, em seu cotidiano, desenvolvem diversos trabalhos a partir de diferentes concepções do que venha a ser Patrimônio Histórico, com intuito de fomentar nos alunos a relação com o passado, com a memoria e com a ideia de preservação. Utilizando os materiais produzidos no Projeto Educação Patrimonial (2005 – 2011), vinculado ao Projeto PROMIC – Programa Municipal de Incentivo a Cultura, analisamos o processo de aprendizagem dos alunos de uma escola municipal na cidade de Londrina, e intentamos apresentar possibilidades de um trabalho interdisciplinar envolvendo as demais áreas do conhecimento. Esse texto esta dividido em três partes: na primeira apresentamos os referenciais teóricos que balizam nosso conceito de Patrimônio Histórico e Educação Patrimonial. Na segunda discorremos sobre o que significa ensinar e aprender Historia considerado o Patrimônio Histórico da cidade como fonte para investigação e na terceira apresentamos o trabalho desenvolvido na escola analisando-o na perspectiva de mapear as potencialidades apresentadas quanto a construção de conhecimento por parte de alunos e professores. O desenvolvimento desse trabalho inclui-se nas ações do PIBID/UEL/Pedagogia e conta com o apoio financeiro da CAPES. Palavras chave: Ensino e Aprendizagem da Historia; Patrimônio Histórico; Memoria; cotidiano escolar. _______________________ 141 Discente do 4o ano do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual de Londrina e bolsista do PIBID/PED/UEL. 142 Discente do 4o ano do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual de Londrina e bolsista do PIBID/PED/UEL. 143 Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Londrina, docente da rede Municipal de Ensino de Londrina e Supervisora bolsista do PIBID/PED/UEL.
144 Discente do 3o ano do curso de Pedagogia pela Universidade Estadual de Londrina e bolsista do PIBID/PED/UEL
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INTRODUÇÃO
O ensino de historia nos anos iniciais do Ensino Fundamental
consiste em uma etapa importante, pois, e por meio deste processo, que os sujeitos
farão reflexões a respeito da própria historia e do meio em que vivem. Neste
contexto, o trabalho com Patrimônio Histórico, dentro desse nível de escolaridade, e
bastante significativo. O docente que atua com este nível difere-se dos demais por
trabalhar com diversas áreas do conhecimento, o que se constitui como algo positivo
devido as possibilidades de desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar junto
aos educandos.
Intentamos no presente texto apresentar algumas praticas
desenvolvidas com a 4a serie em uma escola municipal na cidade de Londrina. As
ações são mediadas pelo projeto “As lentes captam o que o coração sente”, cujo
foco e o estudo das permanências e transformações dos Patrimônios Históricos da
cidade de Londrina, retratados por meio de imagens fotográficas realizadas pelos
alunos. Trata-se de um trabalho em andamento.
Propomos reflexões a respeito da Educação Patrimonial como
metodologia mediadora na formação de sujeitos críticos e ativos na sociedade.
Compreendendo que, ao conhecer o processo histórico, os sujeitos envolvidos neste
processo podem estabelecer relações diretas com a realidade social e proporem
transformações em diferentes âmbitos.
O PATRIMÔNIO HISTÓRICO E A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: BREVES
CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
O ensino e a aprendizagem da historia nos anos iniciais do Ensino
Fundamental estabelece interface direta com a Educação Patrimonial, uma vez que,
ambos possuem como proposta levar aos sujeitos envolvidos neste processo a
apropriação do conhecimento histórico e da herança cultural.
O PROMIC (Programa Municipal de Incentivo a Cultura) e um
programa desenvolvido pela Secretaria de Cultura do município de Londrina que
consiste em “[...] levar ações educacionais e culturais a população (primordialmente
carente) do município” (ZANON; MAGALHAES; BRANCO, 2009, p.8). O foco
principal do programa e a compreensão da significância e reconhecimento dos
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Patrimônios Históricos locais e o desenvolvimento da consciência de preservação
pelos sujeitos envolvidos no processo. Dentre os projetos apoiados pelo Programa a
Educação Patrimonial recebe destaque.
O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
define como Educação Patrimonial “Um processo permanente e sistemático de
trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primaria de
conhecimento e enriquecimento individual e coletivo”. (GUIA BASICO DE
EDUCACAO PATRIMONIAL, 1999, p.7).
Barroso (2010, p.22) complementa a conceituação afirmando que a
Educação Patrimonial deve ser concebida como uma “[...] ferramenta de construção
da consciência critica [...] do entendimento de pertença/ de protagonista da Historia
[...] como estratégia de compreender do passado, como experiência concreta e real
[...]”. A Educação Patrimonial, portanto, vai além do estudo sistematizado dos bens
culturais, pois, ao promover tal reflexão, favorece ao sujeito a compreensão dos
diversos elementos que norteiam a Historia.
A Educação Patrimonial, segundo Barroso, tem a finalidade de
promover nos sujeitos o “[...] reconhecimento de si no espaço e no tempo em que
vive, despertando o sentimento de pertença, de que faz parte, e sujeito, e agente da
Historia no presente; em outras palavras e protagonista” (BARROSO, 2010, p.21).
Tais aspectos são substanciais para a formação de um sujeito autônomo
reconhecedor de sua cultura e transformador da realidade social. A Educação
Patrimonial ganhou forca no Brasil a partir de 1983, “[...] com a ação precursora do
Museu Imperial de Petrópolis. A partir do trabalho realizado na Inglaterra, a então
diretora do Museu, a museóloga Maria de Lourdes Parreira Horta, articulou a
realização do 1º seminário de Educação Patrimonial no Brasil” (BARROSO, 2010,
p.16). Apesar desta data marcar seu inicio, somente por volta do final de 1990 que
tal expressão alcançou seu auge, como afirma Barroso
[...] essa metodologia foi sendo propalada, ganhando espaços e conhecimento no meio acadêmico e nos lugares de memoria. A sua disseminação ganhou maior forca quando o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) publicou, no ano de 1999, o Guia Básico de Educação Patrimonial [...] (2010, p.18).
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Podemos perceber que a disseminação dessa metodologia dentro
dos pais e recente. Tal fato leva a uma escassez de pesquisas e reflexões a respeito
da mesma, porem não desconstrói a significância que tal proposta assume dentro da
esfera educacional; pelo contrario cria em nos o desejo de estabelecer um trabalho
significativo que leve os alunos compreenderem-se como sujeitos históricos,
desenvolvendo um sentimento de pertencimento a determinada cultura.
A Educação Patrimonial deve propiciar, aos sujeitos, o
desenvolvimento de um conhecimento “[...] capaz de contextualizar informações
dispersas e, na sua articulação, desvelar os mecanismos de submissão e as formas
de superar os obstáculos que se apresentam na contemporaneidade” (MACHADO;
MONTEIRO, 2010, p, 25). Ao estudar os Parcimoniosos sujeitos devem refletir a
respeito do processo histórico constituído a fim de utilizar subsídios básicos,
anteriormente estabelecidos, transformando a realidade social.
Um dos focos da Educação Patrimonial e o trabalho com o
Patrimônio Histórico, ou seja, as cidades, as fotos, os documentos, os livros, as
construções arquitetônicas, enfim elementos que narram a historia de determinado
povo ou região. O Patrimônio Histórico se apresenta, na maioria das vezes, na forma
de bens materiais e/ou imateriais, sendo o primeiro concreto, palpável e o segundo
delimitado por hábitos, costumes, danças, ritos, dentre outros, de determinada
cultura.
A respeito da constituição social do Patrimônio, Zanon, Magalhaes e
Branco, delimitam que “A principio, a noção de patrimônio esteve vinculada aos bens
materiais familiares [...]. A partir do século XVIII, patrimônio passou a ser entendido
como elementos protegidos e nomeados como bens culturais de uma nação,
visando criar uma referencia comum, uma identidade nacional” (2009, p.34).
No Brasil, a preocupação com o Patrimônio iniciou por volta do
começo do século XX, devido à necessidade de estabelecer uma identidade
nacional. Oliveira afirma que o marco inicial ocorreu em 1937 com a publicação do
Decreto-lei n. 25, de 30 de Novembro que tinha como objetivo “[...] garantir, em
termos da lei, os processos de preservação (tombamentos)” (2008, p.96) dos
Patrimônios Históricos brasileiros.
Machado e Monteiro esclarecem que
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A preocupação com a preservação do patrimônio envolveu ao longo do tempo diferentes organismos nacionais e internacionais, bem como associações de profissionais e especialistas no campo do patrimônio ou em áreas afins que, isoladamente ou em conjunto, promoveram discussões de caráter técnico, orientados pela situação de degradação do patrimônio cultural. (2010, p. 28)
Verifica-se que preocupação com a preservação dos patrimônios
não e algo recente e envolve diferentes esferas sociais na busca de um mesmo
objetivo, manter viva a memoria e historia de determinado povo, por meio dos bens
produzidos e apropriados. A citação subscrita pontua a existência de mudanças em
relação à concepção de patrimônio, porem ainda mantem-se a significância de
propor reflexões a respeito da temática, dentro do âmbito social. Atualmente o foco
ao Patrimônio Histórico tem-se ampliado gradual e significativamente na sociedade.
O rompimento com o ensino tradicional da historia e a busca por metodologias
diferenciadas favoreceu a criação de novas reflexões a respeito do tema.
Uma das formas de propor tal dissipação e por meio da Educação
Patrimonial.
O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE HISTÓRIA NOS ANOS INICIAIS: UM NOVO OLHAR SOBRE O PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Tendo em vista os conceitos ate então abordados verifica-se que a
Educação Patrimonial e muito importante para construção do conhecimento histórico
nas das crianças. Porem, como trabalhar com tal modalidade, a fim de garantir um
conhecimento elaborado? Sabemos por Cooper que,
[...] precisamos encontrar formas de ensina-los, desde o começo, que iniciem o processo com eles e seus interesses, que envolvam uma “aprendizagem ativa” e pensamento histórico genuíno, mesmo que embrionário, de maneira crescentemente complexa (COOPER, 2006, p.173-174).
Trabalhando desde cedo com e sobre os aspectos históricos e
patrimoniais as crianças iniciam a sua relação com o passado identificando-o como
parte fundamental de sua vida. Cooper (2006) coloca que esse processo pode se
iniciar a partir de diversas formas e possibilitam
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�
Desenvolver um senso de tempo através das historias, historia familiar e visita a locais históricos envolve muitos aspectos do desenvolvimento pessoal e social, e como as crianças aprendem sobre sua própria cultura e comunidade, bem como suas semelhanças e diferenças com outros, desenvolvendo um senso de pertencimento. (COOPER, 2006, P.182)
�
Para que o ensino de historia seja significativo na vida das crianças
não basta apresentar os conceitos e os conteúdos de forma solta, como se estes
fossem independentes, e necessário que o docente consiga estabelecer uma
relação entre a realidade e os aspectos vivenciados pela criança. Um primeiro ponto
que elencamos como primordial e lançar o conceito de patrimônio e perguntar aos
alunos do que se trata, realizando um levantamento de conhecimentos prévios. Este
momento possibilita ao docente perceber o que os alunos já sabem a respeito do
conceito de patrimônio, além de dar voz para que as crianças exponham os seus
conhecimentos.
Outro meio que auxilia tanto as crianças como o professor no
desenvolvimento do processo histórico são as fontes, estas podem ser identificadas
como,
�
[...] coisas que foram feitas no passado, desde broches a castelos, encontradas em casa ou em museus. Elas podem ser escritas; para as crianças menores incluem: pulseirinhas de bebe, cartões de aniversario, livros de fotos antigas, nomes em estatuas e memoriais (COOPER, 2006, p.178).
Para que o trabalho com as fontes seja efetivado, cabe ao docente
ter clareza sobre seu conceito, compreendendo que não se tratam apenas de
documentos escritos e reconhecidos oficialmente; as fontes estão dentro das casas
das crianças, tudo aquilo que diz sobre algo, ou transmite informações sobre
alguém, pode ser identificado como uma fonte. As fontes permitem encontrar “os
traços do passado que permaneceram, sejam escritos, visuais ou orais” (COOPER,
2006, p.175). Por meio das fontes os alunos podem descobrir diversas informações
sobre o seu passado e o passado da humanidade, estas descobertas são
fantásticas e as crianças demonstram uma grande satisfação em descobrirem
características do seu passado.
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Outro processo muito importante e o de levantamento de hipóteses,
pois o docente transmite aos alunos uma responsabilidade de, ao menos tentar ou
imaginar do que se trata determinada fonte, e possibilita que as crianças criem
vínculos entre os conhecimentos adquiridos e os já existentes. Os alunos nesse
momento sentem-se ativos no seu processo de aprendizagem, estabelecendo ainda
mais significados a sua aprendizagem.
Ainda trabalhando com o conceito de fontes, o docente poderá
propor uma linha do tempo, nas quais as fontes seriam organizadas de diversas
maneiras, ou cronologicamente ou de maneira inversa, cabe ao professor criar
novas formas de estabelecer relações com o tempo e o espaço. A esse respeito
Cooper (2006, p.179) enfatiza que “Os historiadores sequenciam as fontes para
traçar as causas e efeitos de mudanças ao longo do tempo; para entender como e
por que os passados eram diferentes e também semelhantes à atualidade”. Este
processo de verificação de mudanças e permanências possibilita que os alunos se
enxerguem como membros ativos de sua sociedade. Dentre essas estratégias do
ensino de historia pode-se acrescentar também a utilização dos jogos que, de
maneira lúdica, influenciam na aprendizagem, dos alunos. Estes jogos, antes de
serem aplicados, devem ser bem elaborados e esquematizados, para que seus
objetivos sejam de fato atingidos.
�
UMA NOVA ABORDAGEM EM SALA DE AULA: O PATRIMÔNIO HISTÓRICO COMO CHAVE PARA A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
O projeto “As lentes captam o que o coração sente” tem como foco
principal as permanências e transformações dos Patrimônios Históricos da cidade de
Londrina. As ações contam com o apoio do PIBID/PEDAGOGIA/UEL, financiado
pela CAPES.
O projeto foi proposto para os alunos da 4a serie do Ensino
Fundamental, tendo em vista os conhecimentos básicos, a respeito da historia de
Londrina e dos Patrimônios Históricos, adquiridos no ano anterior. A proposta era,
por meio de fotografias, conhecer os Patrimônios Históricos, as mudanças e
permanências estabelecidas, a fim de compreender o processo histórico constituído.
A primeira fase do projeto pautou-se em estudos a respeito do
conceito de Patrimônio Histórico, e do ensino de historia nos anos iniciais do Ensino
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Fundamental. Nesta fase houve um confronto entre os conhecimentos estabelecidos
e os propostos pelos autores que discutem a temática. Pode-se assim, ampliar e
estabelecer novas relações a respeito do conceito de Patrimônio Histórico com as
praticas do ensino de historia.
Apos estudos sistematizados das temáticas, elaboramos o
planejamento das ações posteriores a serem desenvolvidas em sala de aula.
Optamos por fazer um planejamento prévio a fim de organizar as temáticas que
seriam trabalhadas. Porem, apos o contato com os alunos e a compreensão do
ritmo, das exigências e do desejo em conhecer outras coisas realizamos algumas
alterações, a fim de adaptar o proposto a realidade dos alunos.
No primeiro contato com os alunos propomos verificar os
conhecimentos prévios estabelecidos a respeito do tema, a fim de partir do
conhecido para estabelecer relação com o novo. Propomos que os alunos
formassem três grupos e discutissem a respeito do que acreditam ser Patrimônio
Histórico e posteriormente fizessem um desenho e escrevessem sobre o consenso
levantado.
Apos o termino do desenho todos foram convidados a sentarem em
circulo, onde expuseram as opiniões e desenhos realizados, sendo eles: um campo
de futebol, a antiga rodoviária e uma escola. Pudemos perceber, por meio da
realização da atividade, que diferentes conceitos do que seja patrimônio estão
envoltos, porem ha poucos vestígios de uma real aprendizagem estabelecida
anteriormente. Percebemos as dificuldades quanto ao levantamento de hipóteses, a
não compreensão da fonte como elemento de pesquisa, a falta de discussão entre
os membros e a não amplitude em pensar o conceito. Verificamos também que, ao
não conseguirem definir um conceito, relacionam com algo que e mais conhecido e
significativo para eles, como o campo de futebol e a escola, por exemplo.
Apos os resultados da primeira atividade recolhemos os aspectos
verificados e iniciamos uma atividade diferenciada contemplando os objetivos
elencados, dentre eles a constituição do conceito de Patrimônio Histórico e o
reconhecimento de si mesmo como sujeito ativo na historia. No segundo dia de
atividades, levantamos questões a respeito do que havíamos feito na aula anterior, a
fim de trazer a lembrança o conteúdo trabalhado e percebermos o que havia ficado
de significativo. Colamos no quadro os desenhos realizados, na aula anterior, para
que relembrassem a sua primeira definição de Patrimônio Histórico. Propomos que
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confrontassem os conceitos estabelecidos anteriormente, presentes nos cartazes,
com a pesquisa nas fontes disponibilizadas, como: livros, artigos, jornais e revistas.
Compreendemos que, como estabelece Oliveira
�
Organizar o trabalho pedagógico a partir da identificação e exploração de fontes e condição fundamental para que o aluno compreenda como a Historia e construída. [...] O principal objetivo do trabalho com fontes e levar o aluno a fazer inferências validas, ou seja, perguntas pertinentes sobre o passado e que possam ter na fonte, um inicio de resposta. (2010, p.125)
�
Notamos que o trabalho com fontes não e algo presente no cotidiano
dos alunos, pois os mesmos sentiram dificuldade em relacionarem ideias diversas a
fim de constituírem um conceito. Apos a pesquisa, confrontamos as respostas
estabelecidas, levantando diversas questões e estabelecendo um dialogo com os
educandos, assim como estabelece Oliveira
�
Para realizar esse trabalho com as fontes e necessário ir além da observação, com questões como: quem fez? Para que fez? Como se usava? O que esse objeto significava para as pessoas que o utilizavam? [...] Tal perspectiva pressupõe um trabalho em sala de aula baseado no dialogo. Esse dialogo e a base para a construção de narrativas. (2010, p.26)
�
Neste dialogo os alunos mostraram-se muito interessados em
compreender a função de um Patrimônio Histórico, os mesmos levantavam questões
e discutiam entre si, a fim de encontrarem a delimitação proposta. Posteriormente,
os alunos construíram, por meio das fontes, o conceito de Patrimônio Histórico. Foi
bastante interessante realizar este trabalho, pois eles chegaram a conclusão que
todos os elementos desenhados podem ser Patrimônios, desde que guardem a
historia do local onde estão dispostos.
Propomos que houvesse uma definição pontual de Patrimônio
Histórico construído por todos da sala. Os alunos então definiram Patrimônio
Histórico como: um conjunto de bens: escolas, prédios, campos de futebol, livros e
músicas que contam a história de um povo.
Percebemos que houve a internalização do significado da temática,
formada a partir do confronto entre o estabelecido com o novo. Os alunos
500
compreenderam que a delimitação de Patrimônio vai além da idade do local, ou seja,
não e pelo fato do prédio ser antigo que o mesmo será considerado um Patrimônio e
sim pela memoria nele presente e pela importância que o bem representa para a
sociedade.
Apos ampliarem seus conhecimentos acerca do conceito de
patrimônio histórico, buscamos um lugar na cidade de Londrina, que pudesse
demonstrar aos alunos os patrimônios que pertencem a cidade. Escolhemos a Rua
Sergipe como ponto de referencia por abrigar dois Patrimônios Históricos: o Museu
de Arte Contemporânea, no prédio da antiga estação rodoviária e o prédio da antiga
cadeia publica da cidade.
A aula se iniciou com levantamento de hipóteses, percebemos que,
a maior parte dos alunos conhecia a Rua Sergipe, localizada no centro da cidade de
Londrina. Os alunos relataram o que conheciam da rua, oralizando o que havia de
interessante nela, lembraram-se do museu de arte e de algumas lojas, além de
relatarem algumas experiências vivenciadas.
Levantamos posteriormente a questão: a Rua Sergipe foi sempre
assim? Imediatamente os alunos disseram que não, demostrando estarem cientes
dos processos de transformação que a cidade de Londrina passou. Apos esta
discussão os alunos foram convidados a, em duplas ou em trios, elaborarem um
desenho, com o tema: o antes e o agora da Rua Sergipe. Diferentemente das
semanas anteriores, os integrantes buscavam levantar hipóteses e planejavam o
que iriam desenhar. Com o termino da atividade, propomos a exposição dos
desenhos no quadro. Os alunos observaram o desenho realizado pelos outros
grupos e perceberam as semelhanças e diferenças entre os trabalhos dos grupos,
favorecendo a compreensão do processo histórico, devido às ações humanas.
Ampliamos o trabalho na aula posterior trabalhando o histórico da
Rua Sergipe por meio da linha do tempo. O objetivo principal era fazer com que os
alunos ampliassem a capacidade de perceber as mudanças e permanências no
processo de urbanização da cidade de Londrina, para isso foram expostas fotos
atuais da Rua Sergipe. Todos os alunos foram convidados a observarem-nas.
Verificamos que os alunos mostraram-se interessados, expressando, por meio da
fala: “Eu já passei por esta rua”.
Posteriormente, trabalhamos com mapas, buscando localizar a Rua
Sergipe na cidade de Londrina. Em seguida, os alunos foram divididos em grupos,
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esta divisão se deu por meio de um sorteio cujo objetivo era desfazer os grupos que
sempre trabalham junto e promover a diversidade, o reconhecimento e respeito ao
outro. Com o grupo formado os alunos tiveram a tarefa de escolher a década que
gostariam de trabalhar, entre 1930 e 1990, observar a imagem e descrever os
aspectos observados na mesma, com a finalidade de elaborarem uma linha do
tempo da Rua Sergipe, pois compreendemos que, como Oliveira afirma
�
Um procedimento metodológico pautado no trabalho a partir da Inferência sobre as fontes contribui para pensarmos [...] a relação entre o passado e o presente. [...] E importante criar situações nas quais o sujeito seja impelido a compreender o porque, as causas e as consequências nos processos de transformação e permanência entre o passado e o presente e, principalmente, que o leve a compreender que são as indagações do presente que nos levam a indagar o passado (2010, p.126).
�
Percebemos, por meio das atividades realizadas, que a divisão dos
grupos da forma realizada proporcionou maior interação, desfazendo as lideranças e
oportunizando a participação de todos. Além disso, acreditamos que se enfatizou o
respeito ao outro. Pode-se verificar também que alguns alunos apresentaram certas
dificuldades em lerem as imagens e elaborarem os textos; porem tais dificuldades
foram superadas como a nossa mediação e estimulo dos demais integrantes dos
grupos.
Na etapa seguinte do trabalho os alunos levantaram o que gostariam
de conhecer na Rua Sergipe, e planejamos o trabalho de campo: a visita a Rua
Sergipe. Posteriormente, distribuímos maquinas fotográficas para todos, pois o
objetivo do passeio era possibilitar que os alunos retratassem a Rua Sergipe
segundo o seu próprio olhar.
Com as maquinas entregues e algumas duvidas esclarecidas
dirigimo-nos para o ônibus que nos levaria ate a Rua Sergipe. Ao chegarmos, o
primeiro ponto fotografado foi o prédio do Cadeião, antiga cadeia da cidade de
Londrina. As crianças tiraram diversas fotos e perceberam que a finalidade do prédio
do Cadeião já não era mais de prisão, mas sim de promover eventos culturais. Tal
fato propiciou a compreensão de algumas mudanças e permanências, uma vez que
a estrutura do prédio não foi modificada, porem a sua função social se alterou.
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Em frente ao cadeião verificou-se a existência de uma casa de
madeira e isso inquietou as crianças, pois como poderia haver ainda uma casa de
madeira bem no centro da cidade? Foi fantástico perceber este momento, pois
tivemos a certeza de que as analises sobre o processo de transformações e
permanências na Rua Sergipe estava se realizando.
Mais a diante mostramos aos alunos os prédio antigos que
possuíam uma estrutura arredondada, o que chamou a atenção das crianças, pois a
maioria dos prédios da cidade possuem quinas perpendiculares e não
arredondadas. Outro aspecto dos prédios que chamou a atenção das crianças foram
às pastilhas, que na década de 1950 eram colocadas uma a uma e atualmente são
compradas em placas.
Um dos momentos mais esperados foi à chegada ao Museu de Arte
Contemporânea, antigo prédio da Estação Rodoviária. Os alunos se surpreenderam
ao perceber, que a Rodoviária não havia sido destruída e que o museu ocupava o
mesmo espaço. Esse momento foi muito rico, pois as crianças puderam
compreender, que os patrimônios históricos permanecem, porque fazem parte e
contam a historia de um determinado lugar, como no caso da Antiga Rodoviária.
Terminamos a caminhada na Rua Sergipe percebendo que, de fato
as crianças estavam, compreendendo o que havia permanecido e o que havia
modificado no decorrer do tempo. Outro ponto significativo do trabalho realizado foi o
momento no qual as crianças estabeleceram relações entre os seus registros
anteriores sobre a Rua Sergipe e o vivenciado no passeio, verificando o que estava
correto e o que não se confirmava.
As ações desenvolvidas durante a nossa estada na escola,
favoreceram para compreendermos a constituição de conhecimentos amplos a
respeito da temática estudada.
�
CONCLUSÃO
O trabalho com a educação patrimonial e bastante significativo, pois
promove o reconhecimento de si como sujeito histórico, além de compreender o
processo histórico de maneira mais dinâmica. Trata-se de um processo continuo, a
fim de desenvolver um conhecimento mais amplo e elaborado nos educandos.
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Todavia, não se trata de um trabalho fácil, pois exige esforço tanto do docente como
também por parte do aluno.
Este esforço requer um estudo sistematizado das teorias que
embasam tal conteúdo, além de um conhecimento amplo a respeito dos patrimônios
históricos locais. O docente que atua com as series iniciais do Ensino Fundamental,
deve ter compreensão de que seus alunos estão se reconhecendo como sujeitos
históricos, portanto deve estabelecer uma metodologia, que abarque diversas
estratégias diferenciadas de ensino e aprendizagem. Outro aspecto que ficou
enfatizado foi a questão da interdisciplinaridade, no qual a partir da disciplina de
historia pudemos estabelecer ganchos com outras áreas do conhecimento e
diferentes conteúdos.
As vivencias estabelecidas pelos alunos favorecem na construção
da aprendizagem. Não ha duvida que este trabalho recebeu maior destaque devido
o interesse dos alunos em relação à vontade de conhecer, pois a todo momento
demonstram-se ativos e participantes no processo de ensino e aprendizagem. E
importante destacar que o trabalho ainda esta em andamento, porem já existem
vestígios das internalizações estabelecidas por meio das ações propiciadas.
�
�
REFERÊNCIAS
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