Meio Ambiente , Poluição e Reciclagem

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quimica

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  • IMEIO AMBIENTE,POLUIO

    E RECICLAGEM

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  • II

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  • III

    MEIO AMBIENTE,POLUIO

    E RECICLAGEM

    ELOISA BIASOTTO MANOLEN B. A. V. PACHECO

    CLUDIA M. C. BONELLI

    2. edio

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  • IV

    Segundo Novo Acordo Ortogrfico, conforme 5. ed. do Vocabulrio Ortogrfico da Lngua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, maro de 2009.

    proibida a reproduo total ou parcial por quaisquer meios sem autorizao escrita da editora.

    Todos os direitos reservados pela Editora Edgard Blcher Ltda.

    Rua Pedroso Alvarenga, 1245, 4 andar04531-012 - So Paulo - SP - BrasilTel.: 55 11 [email protected]

    ndices para catlogo sistemtico:1. Poluio: Meio ambiente: Problemas sociais 363.7282

    Mano, Eloisa Biasotto Meio ambiente, poluio e reciclagem / Eloisa Biasotto Mano, len B. A. V. Pacheco, Cludia M. C. Bonelli, - - 2. ed. - - So Paulo: Blucher, 2010.

    1. Desenvolvimento sustentvel 2. Meio ambiente 3. Plsticos - Aspectos ambientais 4. Poluio 5. Reciclagem (Resduos etc.) 6. Resduos plsticosI. Pacheco, len B. A. V. II. Bonelli, Cludia M. C. III. Ttulo

    ISBN 978-85-212-0512-8

    10-11233 CDD-363.7282

    FICHA CATALOGRFICA

    Meio ambiente, poluio e reciclagem 2010 Eloisa Biasotto Mano len B. A. V. Pacheco Cludia M. C. Bonelli

    2 edio - 2010Editora Edgard Blcher Ltda.

    Capa: Pequeno detalhe da maravilhosa paisagem de Fernando de Noronha.

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  • VPREFCIO

    O Instituto de Macromolculas Professora Eloisa Mano, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi pioneiro no Brasil, em termos universitrios, na investigao cientfi ca e tecnolgica de produtos reciclados provenientes de plsticos ps-consumidos. Os trabalhos tiveram incio em 1990, com duas jovens estudantes de Ps-Graduao len B. A. V. Pacheco e Cludia M. C. Bonelli, coautoras deste livro , sob a orientao da professora Eloisa Biasotto Mano.

    O contato com inmeros interessados, no Brasil e no exterior, suscitou a ideia de transmitir s comunidades acadmica e industrial a experincia ad-quirida, relacionando-a crescente conscientizao da sociedade quanto urgente necessidade de preservao da Natureza. Assim surgiu o livro Meio Ambiente, Poluio e Reciclagem, que ora apresentamos.

    O assunto, to amplo e complexo, foi abordado com a metodologia cient-fi ca habitual, porm evitando torn-lo de difcil compreenso para os leitores no familiarizados com a terminologia tcnica. Da preocupao de reunir co-nhecimentos to diversifi cados de forma a facilitar ao interessado a busca de assuntos correlatos, resultaram numerosos quadros. Tentou-se reproduzir a beleza de alguns tpicos naturais por imagens coloridas, em algumas fi guras. Ao trmino do trabalho, depois de adquirir uma viso geral do nosso planeta, sentimos uma grande emoo por constatar como o Brasil foi to bem aqui-nhoado pela Natureza. Esse sentimento torna-se um estmulo para procurar-mos melhor corresponder grandeza de nosso Pas.

    Esperamos que esta obra possa contribuir para que seja acelerada a con-solidao do desenvolvimento sustentvel em nosso planeta, etapa essencial manuteno da qualidade de vida para as geraes futuras.

    As Autoras

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  • VI

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  • VII

    As Autoras expressam seus agradecimentos ao Conselho Nacional de De-senvolvimento Cientfi co e Tecnolgico (CNPq), cujo apoio permanente ao longo dos anos, por meio de bolsas de pesquisa, permitiu a aquisio e a con-solidao dos conhecimentos apresentados nesta obra.

    Agradecem tambm Fundao de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), pelo auxlio fi nanceiro concedido para a aquisio de computadores e perifricos, indispensveis elaborao dos textos, quadros e fi guras.

    Pela grande participao que tiveram e que possibilitou a concretizao deste livro, apresentamos nosso profundo reconhecimento:

    Ao desenhista Joel Aparcio Pacheco, por sua grande capacidade de transformar nossas ideias em desenhos reais, cuidadosamente elaborados.

    estudante de Engenharia Civil Luiza Ronchetti, inteligente, compe- tente e dedicada estagiria, por sua excelente atuao na preparao dos textos e na busca bibliogrfi ca.

    pesquisadora Eliane Cristina Rodrigues da Silva, pela sua efi ciente contribuio no preparo do ndice de Assuntos.

    Dra. Allegra Viviane Yallouz, por suas importantes informaes sobre a toxicidade de metais.

    Professora Dra. Fernanda Maria Barbosa Coutinho, por seus comen- trios e valiosas sugestes aps a leitura dos manuscritos.

    Ao Engenheiro Qumico Dr. Otto Vicente Perrone, pelo apoio e suges- tes que viabilizaram a publicao do livro.

    As Autoras

    AGRADECIMENTOS

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  • VIII

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  • IX

    ndice de quadros e guras XI

    1 A Natureza e o planeta Terra 1 A Natureza 1 A hiptese de Gaia 2 O Sistema Solar 2 O planeta Terra 5

    2 O planeta e a terra 7 A estrutura interna do globo terrestre 7 A superfcie terrestre 14

    3 O planeta e a gua 19 A gua doce 19 A gua salgada 21

    4 O planeta e o ar 25 As camadas da atmosfera 25 O clima 29 Os ventos 30

    5 A vida na Terra 33 A vida 33 O DNA 34 A migrao do Homo sapiens pelos continentes 38

    6 A poluio ambiental 41 A poluio 41 A Revoluo Industrial 42 O efeito estufa 44 O buraco na camada de oznio 46

    A ecologia 48

    7 As principais fontes de energia 51 A energia na Natureza 51 O petrleo 54 O gs natural 57 O carvo 60 Os rios 63

    CONTEDO

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  • X

    8 Outras fontes de energia 67 As fontes alternativas de energia 67 Os ventos 67 O Sol 68 A biomassa 72

    O urnio 75 O oceano 80 A geotermia 81 O hidrognio 83

    9 O desenvolvimento sustentvel 87 A evoluo dos conceitos 87 A contaminao de Minamata 88 A educao ambiental 92 O Protocolo de Montreal 94 O Protocolo de Kyoto 94 Os desenvolvimentos social, ambiental e econmico 95 10 Os componentes do lixo urbano 99 Os resduos slidos 99 A composio dos resduos ps-consumidos 101 O metal 102 O vidro 103 O papel 104 O plstico 106 A borracha 106 A matria orgnica 108 Os resduos da construo civil 110

    11 O gerenciamento dos refugos urbanos 113 Os 3 Rs 113 A coleta seletiva 114 A destinao dos resduos slidos 116

    12 Os resduos plsticos 123 A produo e o consumo de artefatos plsticos 123 A degradao ambiental dos plsticos 127 A degradao por reprocessamento 132

    13 A reciclagem de plsticos 135 Os tipos de reciclagem de plsticos 135 A reciclagem mecnica 140

    14 Destaques 149

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  • XI

    CONTEDONDICE DE QUADROS E FIGURAS

    QuadrosQuadro 1.1 Planetas do Sistema Solar e suas caractersticas principais .................3

    Quadro 1.2 Astros do Sistema Solar e mitologia greco-romana ...............................4

    Quadro 2.1 Eras e perodos geolgicos .....................................................................9

    Quadro 2.2 Distribuio das superfcies dos continentes ......................................10

    Quadro 2.3 Escala de Richter para terremotos e seus efeitos ...............................11

    Quadro 2.4 Maiores vulces da Terra ......................................................................14

    Quadro 2.5 Abundncia relativa dos elementos encontrados na parte i superior da crosta terrestre seca ..........................................................15

    Quadro 2.6 Maiores pases do mundo em extenso territorial ...............................15

    Quadro 2.7 Maiores pases do mundo em populao..............................................16

    Quadro 2.8 Pontos mais altos do mundo .................................................................17

    Quadro 2.9 Pontos mais profundos do mundo em terra.........................................18

    Quadro 3.1 Oceanos e mares ...................................................................................20

    Quadro 3.2 Composio percentual mdia dos componentes slidos dissolvidos nas guas dos oceanos e dos rios da Terra .......................22

    Quadro 3.3 Metais encontrados como ndulos no fundo dos oceanos ..................22

    Quadro 4.1 Composio mdia do ar atmosfrico seco ..........................................27

    Quadro 4.2 Variao da presso atmosfrica e da temperatura com a

    altitude no planeta Terra ......................................................................28

    Quadro 4.3 Avaliao da intensidade do vento pela Escala de Beaufort ...............31

    Quadro 5.1 Evoluo das espcies at o homem moderno ....................................34

    Quadro 5.2 Estrutura das bases nitrogenadas do DNA ..........................................37

    Quadro 6.1 Populao das maiores cidades da Terra .............................................44

    Quadro 7.1 Cenrio mundial das fontes de energia (1995) ...................................52

    Quadro 7.2 Produo de energia eltrica no mundo (1993) ..................................53

    Quadro 7.3 Petrleo no mundo: produo, reservas e caractersticas ..................56

    Quadro 7.4 Reservas nacionais de petrleo (2002) ................................................56

    Quadro 7.5 Composio tpica do gs natural .........................................................57

    Quadro 7.6 Constantes fsicas dos constituintes do gs natural ............................59

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  • XII

    Quadro 7.7 Reservas provadas de gs natural no mundo .......................................59

    Quadro 7.8 Reservas nacionais de gs natural (2002) ...........................................60

    Quadro 7.9 Poder calorfico dos diferentes tipos de material carbonceo ............61

    Quadro 7.10 Depsitos mundiais de carvo ..............................................................62

    Quadro 7.11 Maiores rios do mundo ..........................................................................64

    Quadro 7.12 Rios de mais longo curso de gua no Brasil .........................................64

    Quadro 7.13 Principais quedas-dgua do mundo.....................................................65

    Quadro 7.14 Maiores usinas hidreltricas do mundo................................................65

    Quadro 8.1 Classificao internacional das radiaes solares na faixa de 100 a 1.000.000 nm ..........................................................................70

    Quadro 8.2 Reservas mundiais de urnio (1998) ...................................................77

    Quadro 8.3 Produo de energia eltrica a partir de centrais nucleares (2002) ....................................................................................................79

    Quadro 8.4 Energia especfica de diferentes nveis do oceano na costa pacfica do Panam ................................................................................81

    Quadro 9.1 Evoluo histrica da preocupao com o desenvolvimento sustentvel do planeta ..........................................................................90

    Quadro 9.2 Doenas associadas a alguns elementos qumicos ..............................92

    Quadro 10.1 Variao na composio dos resduos slidos urbanos da cidade do Rio de Janeiro .....................................................................101

    Quadro 10.2 Consumo de energia na produo de metais primrios e secundrios .......................................................................................103

    Quadro 10.3 Tipos de papel e suas principais caractersticas ................................104

    Quadro 10.4 Razo C/N de alguns resduos .............................................................109

    Quadro 10.5 Consumo anual de materiais de construo nos Estados Unidos (1992) .......................................................................110

    Quadro 10.6 Estimativa de gerao de resduos da construo civil .....................111

    Quadro 11.1 Principais rotas para a destinao dos resduos urbanos ps-consumidos ...................................................................................116

    Quadro 11.2 Destino do lixo no Brasil (2002) ........................................................117

    Quadro 11.3 Composio do chorume .....................................................................119

    Quadro 11.4 Estrutura qumica de produtos emitidos na incinerao do lixo urbano ......................................................................................121

    Quadro 12.1 Capacidade instalada, produo, consumo e aplicaes dos materiais plsticos no Brasil em 2001 .........................................125

    Quadro 12.2 Principais plsticos encontrados nos resduos urbanos ....................126

    Quadro 12.3 Vida til de alguns plsticos de largo emprego industrial .................126

    Quadro 12.4 Ligaes polimricas suscetveis degradao .................................128

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  • XIII

    Quadro 12.5 Tipos de degradao ambiental de resduos plsticos ......................129

    Quadro 12.6 Biodegradabilidade de plsticos comerciais ......................................132

    Quadro 13.1 Entalpia de combusto de alguns materiais presentes no lixo urbano ...........................................................................................138

    Quadro 13.2 Smbolos de identifi cao de polmeros para reciclagem ..................143

    Quadro 13.3 Temperatura de fuso e densidade de materiais presentes no lixo urbano ....................................................................144

    FigurasFigura 2.1 Modelo de camadas concntricas da estrutura interna do globo terrestre ....................................................................................8

    Figura 2.2 Principais placas tectnicas da Terra ...................................................12

    Figura 2.3 Crculo do Fogo .....................................................................................12

    Figura 2.4 Aspecto atual da superfcie terrestre do planeta ................................13

    Figura 4.1 Camadas gasosas que envolvem a Terra ..............................................26

    Figura 5.1 Representao simplifi cada da estrutura do DNA ...............................35

    Figura 5.2 Migrao do Homo sapiens de sua origem, na frica, h 150 mil ianos, para todo o planeta ...................................................39

    Figura 8.1 Frequncia das radiaes luminosas e acsticas do espectro eletromagntico solar ............................................................................70

    Figura 8.2 Distribuio da energia do espectro solar que atinge a superfcie terrestre ................................................................................71

    Figura 9.1 As dimenses do desenvolvimento sustentvel ...................................96

    Figura 12.1 Commodities, pseudo commodites e specialties consumidos no Brasil no ano 2000 ..........................................................................124

    Figura 13.1 Tipos de reciclagem de termoplsticos ..............................................139

    Figura 13.2 Tipos de reciclagem de termorrgidos ................................................139

    Figura 13.3 Principais etapas da reciclagem mecnica de resduos plsticos .....142

    Figura 13.4 Separao por densidade de resduos plsticos ................................145

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  • XIV

    Ambiente 00.indd 14 04.11.09 17:57:14

  • 1Captulo 1 A Natureza e o planeta Terra

    A NATUREZA E O PLANETA TERRA

    1A NaturezaNas ltimas dcadas do sculo XX, uma preocupao de carter amplo e geral sobre a preservao da Natureza foi se disseminando em algumas sociedades mais evo-ludas, a princpio no mbito individual, fl uindo depois para organizaes sociais, governamentais ou no, e para as escolas, desde o ensino fundamental. As ideias ge-radas e transmitidas progressivamente aos jovens foram a base da conscientizao atual quanto importncia desse tema.

    No estgio primitivo, os povos j sentiam a sua vinculao Natureza. O homem moderno colonizou praticamente todo o globo terrestre, tomou as terras dos nativos e implantou sua prpria cultura. Muito pouco das tradies indgenas foi transmiti-do aos colonizadores, principalmente em relao ao meio ambiente.

    Como ilustrao desses fatos, pode-se lembrar que, em 1854, o presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, fez tribo indgena Suquamish a proposta de com-prar grande parte de suas terras, oferecendo, em contrapartida, a concesso de uma outra reserva. O chefe da tribo, Seattle, recusou a oferta, respondendo com um belo pronunciamento em defesa do meio ambiente, em que revelava o seu amor pela Na-tureza. Argumentava ele que a terra sagrada e seu povo era parte dela, e ela, parte dele. As fl ores perfumadas eram irms de seu povo; o cervo, o cavalo e a guia eram tambm seus irmos. Os picos rochosos, os sulcos midos nas campinas, o calor do corpo do potro e do homem pertenciam mesma famlia. Os rios eram seus irmos e saciavam sua sede e, portanto, os homens deviam dar aos rios a bondade que de-dicariam a qualquer irmo. O chefe indgena dizia que devamos ensinar s nossas crianas que o solo aos nossos ps a cinza de nossos avs, que a terra nossa me e o que acontecer a ela acontecer aos seus fi lhos: a terra no pertence ao homem, o homem pertence terra. Todas as coisas esto interligadas como o sangue que une uma famlia. O homem no tramou o tecido da vida, ele simplesmente um de seus

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  • 2 Meio ambiente, poluio e reciclagemfios. Tudo o que ele fizer ao tecido, far a si mesmo. impressionante que palavras to profundas e cheias de filosofia e respeito sejam ainda to atuais.

    A hiptese de GaiaAo longo do tempo, a Natureza tem mostrado humanidade como preservar as con-dies propcias conservao da vida das inmeras espcies. A biosfera, que inclui todos os organismos vivos da Terra, interage como um todo com o ambiente fsico. A partir da conscientizao dessa interao surgiram diversas ideias para a sua ex-plicao, sendo a mais difundida a Hiptese de Gaia, proposta pelo bilogo ame-ricano James Lovelock, em 1972. Considera a Terra como um sistema intimamente interligado de processos fsicos, qumicos e biolgicos, que interagem de modo au-torregulador a fim de manter as condies necessrias vida. Esta hiptese con-trasta com a concepo de que a Terra meramente um lugar inanimado, dispondo fortuitamente de condies que tm permitido a evoluo de plantas e animais.

    A Terra era reverenciada como a Deusa-Me, com o nome de Gaia, com vida e sentimentos prprios, em um templo localizado em Delfos, na Grcia, por volta de 1.200 a.C. Segundo a mitologia grega, na escurido nevoenta do Caos, foi surgindo gradativamente a imagem da divindade Gaia, coberta com mantos alvos, esvoaan-tes, danando e rodopiando, tornando-se cada vez mais visvel. Com os incessantes rodopios, seu corpo foi se solidificando e se transformou em montanhas e vales, sua transpirao se transformou em mares e rios, seus braos se alongaram e a envolve-ram em proteo, formando o firmamento sua volta. A unio da Terra e do firma-mento gerou condies para o surgimento tanto da vida vegetal como da animal e, posteriormente, dos seres humanos mortais.

    A Hiptese de Gaia marca de modo fundamental uma ruptura em relao s vi-ses cientficas e tecnolgicas dos sculos XVIII e XIX. Porm, de modo ainda mais fundamental, essa hiptese, supostamente radical, tambm pode ser vista como uma religao com tradies antigas, como as do chefe indgena Seattle.

    O respeito conservao ambiental tem sido uma preocupao social constante nas ltimas dcadas, porm preciso um firme apoio governamental para que a cur-va de degradao crescente, observada em muitos pases, seja realmente revertida. H necessidade de iniciativas amplas e bem integradas, para que o esforo resulte em benefcios significativos e duradouros. Cabe sociedade moderna simular a Na-tureza, por meio do desenvolvimento de ciclos de renovao artificial, para compen-sar a ao destruidora cumulativa que vem ocorrendo em todo o planeta.

    O Sistema SolarO Sistema Solar composto pelo Sol e oito planetas: Mercrio, Vnus, Terra, Mar-te, Jpiter, Saturno, Urano e Netuno, cujas caractersticas principais se encontram no Quadro 1.1. Os planetas do Sistema Solar giram no sentido de Oeste para Leste,

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  • 3Captulo 1 A Natureza e o planeta Terra

    isto , no sentido horrio, menos Vnus e Urano. Com exceo de Mercrio e Vnus, todos os planetas do Sistema Solar tm satlites. A Lua o nico satlite natural da Terra, da qual dista, em mdia, 390.000 km. Seu volume 49 vezes menor do que o da Terra. Mesmo assim o quinto maior satlite do Sistema Solar.

    O Sol uma massa gasosa 300.000 vezes maior que a Terra, muito quente, que irradia calor a uma temperatura de cerca de 6.000 oC. um astro luminoso e bri-lhante, centro do sistema planetrio em torno do qual giram a Terra e os demais planetas. uma estrela de 5a grandeza, a estrela mais prxima da Terra. Sua luz leva 8,5 minutos para atingir a Terra; para atingir a estrela mais prxima dele, a Alfa do Centauro, so quase 4 anos. O Sol se desloca no espao e arrasta consigo todo o sistema planetrio, em direo a um ponto situado na constelao da Lira.

    interessante observar a correlao entre o nome dos astros do Sistema Solar e a mitologia greco-romana, condensada no Quadro 1.2. Mercrio provm do deus romano Mercurius, o mensageiro dos deuses. Vnus provm da deusa romana da formosura, do amor e dos prazeres, Venus. Terra vem do latim Terra, Deusa-Me, divindade benvola da fecundidade. Marte, que brilha com colorao vermelha vi-svel na escurido da noite, como se chama o deus da guerra. Jpiter, pelo seu maior tamanho, o pai dos deuses entre os romanos. Saturno o nome do deus

    Quadro 1.1Planetas do Sistema Solar e suas caractersticas principais

    Planeta Mercrio Vnus Terra Marte Jpiter Saturno Urano Netuno

    Dimetro (mil km)

    4,9 12,1 12,8 6,8 143 121 51,1 50

    Massa (ton)

    330 quintilhes

    5 sextilhes

    6 sextilhes

    642 quintilhes

    2 heptilhes

    570 sextilhes

    87 sextilhes

    102 sextilhes

    Temperatura (C) 173 a 427 462 70 a 55 120 a 25 150 180 216 214

    Distncia mdia do Sol (milhes de km)

    58 108 150 228 778 1427 2871 4497

    Perodo de translao(a)

    88 dias 224,7 dias 365,3 dias 687 dias 11,9 anos 29,5 anos 84 anos 164,8 anos

    Perodo de rotao(a)

    56 dias 243 dias 23h56min 24h37min 9h55min 10h40min 17h14min 16h 7min

    Gravidade (1 kg) 0,37 0,88 1,00 0,38 2,34 1,15 1,17 1,18

    Nmero de satlites 0 0 1(b) 2(c) 61(d) 31(e) 22(f) 12(g)

    Descobrimento 1662 500 a.C. 1610 1610 1781 1846

    Descobridor J. Hevelius Pitgoras G. Galilei G. Galilei W. HerschelU. Le Verriel e

    J.C. Adams(a)Referente a dias e anos terrestres; valores aproximados; (b)Lua; (c)Deimos, Fobos; (d)Io, Europa, Ganimedes, Calisto; (e)Tit, Enclado e Iapetus; (f)Oberon e Titnia; (g)Trito, Proteus, Nereida. Obs.: dos planetas que tm inmeros satlites, esto relacionados apenas os maiores.Fonte: http://www.geocities.com/capecanaveral/7526/planetas.htlm, acessado em janeiro, 2004. http:/noticias.uol.com.br/inovacao/ultimas/ult762ul1669.jhtm, acessado em maro, 2004.

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  • 4 Meio ambiente, poluio e reciclagem

    grego da fartura. Urano como nomeado o rei dos cus. Netuno o deus grego do mar.

    Os quatro primeiros planetas do Sistema Solar Mercrio, Vnus, Terra e Marte so de superfcie rochosa e slida. Os maiores Jpiter, Saturno, Urano e Netu-no so os gigantes gasosos. Pluto, outrora considerado planeta, muito pequeno e distante, rochoso, quase um asteroide.

    Alm desses astros, h ainda os asteroides, que so cerca de 1.600 planetoides ou pedaos de planeta que se movem em volta do Sol, localizados principalmente entre as rbitas de Marte e Jpiter. Em razo da imensido das distncias celestes, foi criada a unidade ano-luz, isto , a distncia percorrida em um ano pela luz, com a velocidade de 300.000 km por segundo. O Sistema Solar parte da Via Lctea, isto , de uma galxia ou imenso agrupamento de estrelas com o comprimento de 130.000 anos-luz e largura mxima de 20.000 anos-luz, que se revela como uma enorme mancha esbranquiada no firmamento.

    No Universo, que o conjunto de todos os corpos que existem no infinito espao celeste, o Sistema Solar ocupa um volume cujo dimetro tem 13 bilhes de quilme-tros. O perfeito equilbrio entre os astros explicado pela Lei da Atrao Universal, criada pelo fsico ingls Isaac Newton, no incio de sculo XVIII: No Universo tudo se passa como se os corpos se atrassem na razo direta das massas e na razo in-versa do quadrado das distncias que os separam.

    Quadro 1.2Astros do Sistema Solar e mitologia greco-romana

    NoNome do

    astro

    OrigemSignificado mitolgico

    Grega Romana

    1 Sol Helion Sol Deus do sol, carruagem de fogo que corta os cus

    2 Mercrio Hermes Mercurius Deus do comrcio, dos viajantes e da eloquncia; mensageiro dos deuses

    3 Vnus Afrodite Venus Deusa da formosura, do amor e dos prazeres

    4 Terra Gaia Terra Deusa-Me, divindade benvola da fecundidade

    5 Marte Ares Mars Deus da guerra

    6 Jpiter Zeus Jupiter Pai dos deuses do Olimpo; o ser supremo

    7 Saturno Cronos Saturnus Deus do tempo

    8 Urano Uranos Uranus Deus do universo

    9 Netuno Poseidon Neptunus Deus do mar

    Fonte: N. Julien Minidicionrio Compacto de Mitologia. Editora Rideel, So Paulo, 2002.

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  • 5Captulo 1 A Natureza e o planeta Terra

    O planeta TerraA Terra, o terceiro planeta do Sistema Solar pela ordem de proximidade do Sol e o quarto em tamanho, tem cerca de 4,5 bilhes de anos. A forma geral da Terra uma esfera achatada nos polos, com raio mdio de 6.350 km. A sua distncia mdia em relao ao Sol de 150 milhes de quilmetros. Fora o Sol, a estrela mais prxima da Terra a Alfa, da constelao Centauro, a 4,3 anos-luz de ns. Assim, as modifi-caes, antropognicas ou no, que o planeta sofre praticamente no tm influncia sobre a vida do Universo; porm, so altamente significativas e impactantes para os seres terrestres.

    Tal como acontece com outros planetas do Sistema Solar, a Terra apresenta dois movimentos importantes: o de rotao e o de translao. Rotao o movimento que a Terra realiza em torno de si mesma e cuja durao, de aproximadamente 24 horas, gera os dias e as noites. Translao o movimento que a Terra descreve em torno do Sol, percorrendo uma rbita elptica. Esse movimento tem a durao de 365 dias e 6 horas, arredondados para 365 dias ou um ano. A diferena acertada a cada 4 anos com o ano bissexto, com durao de 366 dias, graas incluso do dia 29 de fevereiro no calendrio. Em consequncia desse movimento orbital em torno do Sol, surgem as estaes do ano: primavera, vero, outono e inverno. Durante o movimento de translao ocorrem os equincios e solstcios.

    Solstcio, do latim solstitiu, significa parada do Sol. Ocorre o solstcio de ve-ro, aproximadamente no dia 21 de junho, quando o Sol est em znite (palavra rabe que quer dizer ponto, no sentido de estar no ponto vertical) do trpico de Cncer, e o Hemisfrio Norte recebe o mximo de insolao. Nesse dia, o Hemisf-rio Sul recebe o mnimo de insolao. O Norte tem o solstcio de vero, com o dia mais longo e a noite mais curta do ano, enquanto o Sul tem o solstcio de inverno, com o dia mais curto e a noite mais longa do ano. Iniciam-se o vero no Hemisf-rio Norte e o inverno no Hemisfrio Sul. Para o Hemisfrio Sul, o solstcio de vero ocorre aproximadamente no dia 21 de dezembro, quando, no Hemisfrio Norte, o solstcio de inverno.

    Equincio, do latim aequinoctiu, significa igualdade dos dias e das noites. No dia 23 de setembro, o Sol est no znite do Equador, e os dois hemisfrios recebem luz e calor em quantidades iguais; em todo o planeta, o dia e a noite tm a mesma durao, com doze horas cada um. o equincio de outono no Hemisfrio Norte, e o equincio de primavera no Hemisfrio Sul. Inversamente, no dia 21 de maro temos o equincio de primavera no Hemisfrio Norte e o equincio de outono no Hemisfrio Sul.

    A linha de latitude equidistante dos polos Norte e Sul, situada a 0o, o Equador. a circunferncia imaginria que atravessa a parte mais larga do planeta, deter-minando a diviso do globo em dois hemisfrios: Hemisfrio Norte (Boreal ou Setentrional) e Hemisfrio Sul (Austral ou Meridional).

    A superfcie total da Terra de 510 milhes de km2, dos quais 2/3 so cobertos por oceanos. A exata localizao de qualquer ponto situado sobre essa superfcie feita pelos parmeros latitude e longitude, que so as coordenadas geogrficas.

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  • 6 Meio ambiente, poluio e reciclagemLatitude vem do latim latitudine, que significa largura; a distncia em graus

    de um ponto qualquer da superfcie terrestre at a linha do Equador, considerada latitude zero. medida em paralelos de 0 a 90o, N (Norte) ou S (Sul). Longitude vem do latim longitudine, que significa comprimento; a distncia em graus de um ponto qualquer da superfcie da Terra at o Meridiano de Greenwich. Correspon-de ao ngulo formado pela posio de um determinado ponto em relao ao plano meridiano, variando de 0 a 180o E (do ingls East, Leste) e de 0 a 180o W (do ingls West, Oeste).

    Como os meridianos so todos iguais, ao contrrio dos paralelos, foi preciso con-vencionar um ponto inicial. Em 1675, por ordem do rei Charles II, foi construdo o Observatrio Real em Greenwich, situado no subrbio de Londres, e o meridiano que passa por esse observatrio foi tomado como referncia para a Gr-Bretanha. Muito mais tarde, em 1884, aps diversas tentativas de normalizao, foi decidido na Conferncia Internacional dos Meridianos, reunida nos Estados Unidos, em Wa-shington, D.C., que o meridiano que passa por Greenwich seria o nico meridiano de referncia mundial, o Meridiano de Greenwich, descartando-se os demais que j estavam em uso. A longitude ento calculada de Leste para Oeste, a partir desse meridiano, at 180o.

    H 6 coordenadas geogrficas importantes. So cinco paralelos: o Equador (la-titude 0o), o Trpico de Cncer (latitude 23o28 N), o Trpico de Capricrnio (latitude 23o28 S), o Crculo Polar rtico (latitude 66o32 N) e o Crculo Polar Antrtico (latitude 66o32 S). Os trpicos e os crculos polares distam igualmente 23o28 respectivamente do Equador e dos Polos Norte e Sul. A zona entre o Trpico de Cncer e o Trpico de Capricrnio conhecida como Trpico, onde o clima quente. A cpula permanente de gelo em reas de grande latitude chamada calo-ta polar. A 6a linha imaginria referencial o Meridiano de Greenwich, de onde parte a numerao dos meridianos, para Oeste ou para Leste, dividindo o globo em dois hemisfrios: Hemisfrio Ocidental (W) e Hemisfrio Oriental (E).

    Bibliografia recomendada Eisler, R. A deusa da natureza e da espiritualidade, in Campbell, J., Eisler, R., Gim-

    buta, M & Mises, C. Todos os nomes da deusa, Traduo Pena, B., Editora Rosa dos Tempos, Rio de Janeiro (1997).

    Julien,N.Minidicionrio Compacto de Mitologia, Editora Rideel, So Paulo (2002).

    http://www.ecolo.org/lovelock,acessadoemabril,2004.

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    http://www.geocities.com/capecanaveral/7526/planetas.html,acessadoemjaneiro,2005.

    http://noticias.uol.com.br/inovacao/ultimas/ult762ul1669.jhtm,acessadoemjaneiro,2004.

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