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    O jornalismo é uma forma de conhecimento?∗

    Eduardo MeditschUniversidade Federal de Santa Catarina

    Setembro de 1997

    Índice1 Introdução   12 Abordagens do jornalismo como co-

    nhecimento   23 Pressupostos do jornalismo como co-

    nhecimento   34 Características do jornalismo como

    conhecimento   65 Problemas do jornalismo enquanto co-

    nhecimento   96 Efeitos do jornalismo enquanto co-nhecimento   11

    7 Conclusão: a pertinência do jorna-lismo enquanto conhecimento   11

    8 Referências Bibliográficas:   12

    1 Introdução

    Convidaram-me a vir até aqui falar so-bre uma pergunta, o que é uma perspec-tiva bastante interessante. Dizia o educadorPaulo Freire, que faleceu no Brasil há poucotempo, que todo o conhecimento autênticonasce de uma pergunta. Dizia mais: quenão há conhecimento sem pergunta. O ato de

    ∗Conferência feita nos Cursos da Arrábida - Uni-versidade de Verão.

    conhecer seria necessariamente o ato de per-guntar e de responder à pergunta. Neste as-pecto, a interrogação colocada no título peloprofessor Mário Mesquita é extremamenteapropriada.

    Não posso garantir se, ao final da minhaexposição e do debate que faremos sobre ela,alguém no auditório estará suficientementeesclarecido para responder a pergunta do tí-tulo. A pergunta é demasiado complexa e ad-

    mite interpretações diferenciadas. Vou apre-sentar aqui a minha visão, que aponta paraesta mesma frase como resposta à pergunta,no sentido afirmativo, sem o ponto de inter-rogação, embora com algumas ressalvas.

    No entanto, há uma segunda perguntasubjacente a este debate, que é a que estáexpressa no tema geral do curso, e quepode representar uma armadilha: “Jorna-lismo: Transmissão de Conhecimentos ou

    Degradação do Saber? Aparentemente, serespondermos à primeira pergunta de umadeterminada maneira – por exemplo, su-primindo o ponto de interrogação – esta-remos automaticamente respondendo à se-gunda, posicionando-nos entre as duas alter-nativas que estão dadas na sua formulação.

    Os jornalistas gostam de montar este tipode armadilha, e os incautos costumam cair

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    nelas com facilidade. Aí, é necessário tercuidado para evitar um tropeço. Então, sa-liento que ao longo da exposição procurareiresponder à primeira pergunta suprimindoo ponto de interrogação, mas que esta res-posta não implica necessariamente num po-sicionamento entre os termos que aparecemcomo mutuamente excludentes na segundapergunta. A hipótese que vou defender éde que o Jornalismo é uma forma produ-ção de conhecimento. No entanto, na prá-

    tica, esta forma de conhecimento tanto podeservir para reproduzir outros saberes quantopara degradá-los, e é provável que muitas ve-zes faça essas duas coisas simultaneamente.

    2 Abordagens do jornalismocomo conhecimento

    A questão do Jornalismo enquanto conheci-mento, por sua complexidade, admite muitas

    interpretações, como já foi dito. Para simpli-ficar a exposição, vou classificar estas inter-pretações, que compreendem diferentes nu-ances, em três abordagens principais:

    A primeira delas nasce da definição deconhecimento não como um dado concreto,mas como um ideal abstrato a alcançar. Umavez estabelecido este ideal, passa a ser o pa-râmetro para julgar toda a espécie de conhe-cimento produzido no mundo humano. A era

    moderna, com as fantásticas realizações datécnica na transformação da vida humana eno domínio da natureza, acabou por realizaro sonho dos filósofos positivistas de entroni-zar “a Ciência” como única fonte de conhe-cimento digna de crédito. O “método cien-tífico” foi escolhido como o parâmetro ade-quado para se conhecer e dominar o mundo,e toda a tentativa de conhecimento estabe-

    lecida à margem deste padrão foi desmora-lizada, considerada imperfeita e pouco legí-tima.

    Esta visão que entronizava “a Ciência”como “o método de conhecimento” estabe-lece a primeira das abordagens do problemado Jornalismo em relação ao conhecimento:para ela, o Jornalismo não produz conheci-mento válido, e contribui apenas para a de-gradação do saber. São notáveis as observa-ções do intelectual austríaco Karl KRAUS a

    este respeito, escritas no início do século:

    “O que a sífilis poupou será devastadopela imprensa. Com o amolecimento ce-rebral do futuro, a causa não poderá maisser determinada com segurança.(...) Aimagem de que um jornalista escreve tãobem sobre uma nova ópera como sobreum novo regulamento parlamentar temalgo de acabrunhante. Seguramente, ele

    também poderia ensinar um bacteriolo-gista, um astrônomo e até mesmo um pa-dre. E se viesse a encontrar um especia-lista em matemática superior, lhe prova-ria que se sente em casa numa matemá-tica ainda mais superior.”

    Kraus não representa um crítico isolado.Seu pensamento influenciou profundamentemuitos outros intelectuais de respeito, comoWalter BENJAMIN e os fundadores da Es-cola de Frankfurt. Apesar das críticas queeste ponto de vista vêm recebendo nos úl-timos anos, sua influência ainda pode serconstatada em grande parte da produção aca-dêmica contemporânea sobre o Jornalismo,que de uma forma ou de outra o situa nocampo do conhecimento como uma ciênciamal feita, quando não como uma atividadeperversa e degradante.

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    Uma segunda forma de abordagem doJornalismo enquanto conhecimento o situaainda como uma ciência menor, mas admite já que não é de todo inútil. Pode-se utili-zar como exemplo desta abordagem o ex- jornalista e sociólogo do conhecimento Ro-bert PARK, que publicou um artigo sobreo tema em 1940. A partir da perspectivafilosófica do pragmatismo de William JA-MES, que abandona o conhecimento comoum ideal para observá-lo como um dado da

    vida humana, concluindo que as pessoas eas coletividades lidam simultaneamente emsuas vidas com várias espécies de conheci-mento, PARK começa a definir o Jornalismoa partir do que tem de diferente, do que lhe éespecífico como forma de conhecimento darealidade.

    Embora admita a distinção entre tipos deconhecimento, o sociólogo norte-americanonão avança neste aspecto muito além do que

    JAMES já havia realizado ao distinguir entreum “conhecimento de” utilizado no cotidi-ano e um “conhecimento sobre”, sistemáticoe analítico, como o produzido pelas ciências.Para situar o Jornalismo, PARK vai propora existência de uma gradação entre as duasespécies de conhecimento e colocar a notícianum nível intermediário entre elas.

    Este tipo de diferenciação do Jornalismoa partir do grau de profundidade que alcançacomparativamente à Ciência ou à História éadmitida pelos próprios jornalistas. Ao fa-zerem comparações entre o seu trabalho e odos cientistas, os jornalistas costumam suge-rir esta forma de gradação. Quando não serefere à profundidade de análise, a gradaçãopode referir-se também à velocidade da pro-dução, e o Jornalismo já foi definido como aHistória escrita à queima-roupa.

    A comparação quantitativa dos atributos

    do Jornalismo em relação à Ciência ou àHistória pode ser útil para elucidar algumasdas suas diferenças, mas parece insuficientepara definir o que ele tem de específico. Daí que tenha surgido uma terceira abordagem,que dá mais ênfase não ao que o Jornalismotem de semelhante, mas justamente ao queele tem de único e original. Para esta ter-ceira abordagem, o Jornalismo não revelamal nem revela menos a realidade do que aciência: ele simplesmente revela diferente. E

    ao revelar diferente, pode mesmo revelar as-pectos da realidade que os outros modos deconhecimento não são capazes de revelar.

    Além desta maneira distinta de produ-zir conhecimento, o jornalismo também temuma maneira diferenciada de o reproduzir,vinculada à função de comunicação que lheé inerente. O Jornalismo não apenas repro-duz o conhecimento que ele próprio produz,reproduz também o conhecimento produzido

    por outras instituições sociais. A hipótesede que ocorra uma reprodução do conheci-mento, mais complexa do que a sua simplestransmissão, ajuda a entender melhor o pa-pel do Jornalismo no processo de cogniçãosocial. Mas, para tornar aceitável esta ter-ceira abordagem, é necessário compartilharalguns dos seus pressupostos.

    3 Pressupostos do jornalismo

    como conhecimentoAlém do pragmatismo que orientou Ro-bert PARK, diversas outras correntes teóri-cas oferecem bases de apoio não só para seaceitar como também para se definir a espe-cificidade do Jornalismo enquanto conheci-mento.

    As epistemologias críticas, que nas últi-

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    mas décadas têm se dedicado a desmistificaro preceito positivista da infalibilidade da Ci-ência, e a demonstrar o caráter cultural e his-tórico de toda a forma de conhecimento, con-tribuíram para destruir o ideal de uma ver-dade única e obrigatória, e principalmentepara estabelecer os limites lógicos de qual-quer reivindicação de objetividade. Ao rela-tivizarem as verdades científicas, estas cor-rentes críticas permitiram também a aceita-ção de outras verdades como eventualmente

    válidas e relativas, de acordo com os seuspressupostos e objetivos.

    Contribuíram para esta nova visão o extra-ordinário desenvolvimento da compreensãodas linguagens, também elas, enquanto pro-dutos históricos e culturais. O estudo do dis-curso, que se interessa pela utilização con-creta das linguagens, demonstrou que todoo enunciado que se refere à realidade, aorefletí-la de certa maneira, também necessa-

    riamente a refrata de certa maneira (BAKH-TIN, 1929).Por este caminho, procura-se distinguir

    a verdade que um enunciado pode conterda realidade mesma, a realidade referenteque se encontra fora do enunciado. Falarde “a verdade”, enquanto substantivo, atri-buto coisificado, assim vai perdendo o sen-tido. Mais apropriado será se falar no adje-tivo, no enunciado “verdadeiro”. E poderãoexistir muitos enunciados verdadeiros, even-tualmente até contraditórios entre si, aindaque cada um coerente com seus pressupos-tos, porque nenhum enunciado é capaz de es-gotar a realidade inteira.

    Os diferentes gêneros de discurso vãoabordar a realidade de diferentes maneiras,definindo verdades diversas, cada uma perti-nente a um objetivo ou a uma situação. Osargumentos validados num campo do saber

    poderão ser considerados absurdos em ou-tro. Ao mesmo tempo, grande parte do quecostuma ser considerado descoberto e sabidohoje, por nossa civilização, provavelmente éignorado por nove entre dez seres humanoscivilizados.

    Os auditórios a que se dirigem os dife-rentes discursos também tornam mais com-plexa a questão do saber em nossa sociedade.A sociologia e a antropologia do conheci-mento, ao se debruçarem sobre o cotidiano

    das pessoas comuns, e não apenas sobre osrelatos dos sábios, reforçaram a idéia de quea metodologia científica não é o único modode conhecer e provavelmente sequer o maisimportante para a nossa sobrevivência indi-vidual e de nossa existência gregária. Di-versos tipos de conhecimentos circulam emdiversas redes sociais (BERGER & LUCK-MANN, 1966). Essa descoberta não signi-fica uma vitória do irracionalismo, que apon-

    taria para o retorno a um mundo assombradopelos demônios, como na Idade Média des-crita por Carl Sagan. Pelo contrário, apontapara a necessidade de uma Razão mais refi-nada, que dê conta da extrema complexidadedo mundo, que cada vez mais se expõe a nóse com isso desafia todos os nossos parâme-tros.

    Entre os fenômenos mais complexos comque nos deparamos hoje está o funciona-mento do cérebro humano. O conhecimentosobre o cérebro tem avançado em progressãogeométrica nas últimas décadas, e a noção dasua complexidade tem aumentado na mesmaproporção. Já há algum tempo, pensadorescomo o pedagogo Paulo Freire vinham aler-tando para a evidência de que a abertura per-manente é o que distingue o cérebro humanodo cérebro dos animais. É essa abertura oque determina a nossa capacidade infinita de

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    aprendizagem e o que nos faz superar con-tinuamente qualquer obstáculo a esta apren-dizagem, inclusive os estabelecidos por nósmesmos, como indivíduos ou como coletivi-dade. As concepções fixas e os paradigmasestanques são alguns destes obstáculos quetemos superado.

    Paulo Freire também advertia para o fatode que o saber não pode ser transmitido. Ob-servava que quando qualquer tipo de infor-mação é comunicada de uma pessoa a ou-

    tra com sucesso, isto implica que ela não foiapenas transferida, como seria de uma dis-quete para outra num computador, mas quefoi re-conhecida pela pessoa que a recebeu.O cérebro humano não é um recipiente ondese possa depositar conhecimentos: a apren-dizagem implica numa operação cognitiva,onde quem aprende tem um papel tão ativoquanto quem ensina. Assim, tanto quem en-sina quanto quem aprende não se limitam

    a reproduzir um saber que existia anterior-mente a seus atos, mas re-criam este conhe-cimento nos próprios atos de aprender e deensinar. Desta forma, pode-se afirmar que oconhecimento não se transmite, antes se re-

     produz.A moderna ciência cognitiva, que já conta

    com um conhecimento mais aproximado dofuncionamento do cérebro, confirma esta in-tuição dos pedagogos: a comunicação estáindissoluvelmente ligada à cognição (SPER-BER & WILSON, 1986). Nosso equipa-mento cognitivo não registra nem arquivainformações tal qual as recebe, antes asprocessa, classifica e contextualiza, recons-truindo a informação recebida a partir de es-quemas de interpretação e informações pré-vias sobre o tema, o emissor e a situação co-municativa. O esquema clássico da comu-nicação como a transferência mecânica de

    uma mensagem do emissor ao receptor, pormeio de um processo singelo de codificaçãoe descodificação, está completamente supe-rado pelo conhecimento atual do cérebro hu-mano. Para dar um só exemplo, a emoção,antes tão desprezada pelo ideal de objetivi-dade científica, e classificada como “ruído”no ideal mecânico da comunicação de men-sagens, vai aparecer agora como um com-bustível imprescindível à maquinaria da ra-zão humana (DAMÁSIO, 1994).

    A intensa pesquisa que vem sendo reali-zada no campo da inteligência artificial, nocaminho de criar máquinas que pensem, temcontribuído também para elucidar de certaforma a maneira como nós pensamos, e mexeem nossos juízos de valor sobre o que seja amaneira mais correta de pensar. Cada obstá-culo encontrado pelo computador para fazero que fazemos chama a atenção dos cientis-tas para um recurso a mais das nossas pró-

    prias mentes, e contribui para a elucidaçãode maneira cada vez mais sofisticada de seufuncionamento. Os técnicos do M.I.T., quedesenvolvem máquinas inteligentes, surpre-endem o mundo ao revelarem que são capa-zes de substituir especialistas em áreas tec-nológicas de ponta para muitos procedimen-tos, mas não conseguem criar nada aproxi-mado ao bom senso de uma criança de cincoanos.

    O processo incessante de produção e  re- produção do conhecimento depende não sódo equipamento cognitivo dos indivíduos,mas também das possibilidades de sociali-zação de suas experiências. Por isso, cadavez mais se presta atenção no papel desem-penhado pelas instituições e pelas tecnolo-gias intelectuais disponíveis em cada socie-dade e em cada cultura. Diversos autores têmdemonstrado as mudanças ocorridas nas for-

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    mas de pensar e de conhecer em conseqüên-cia do surgimento da escrita, de sua reprodu-tibilidade através da imprensa e, mas recen-temente, num processo que ainda estamosvivendo, da revolução eletrônica (GOODY,1977; ONG, 1986; LÉVY, 1990).

    Com tantas surpresas, com a descobertade tantas limitações e ao mesmo tempo detantas possibilidades novas no que já conse-guimos saber, não é aconselhável descartara priori qualquer das formas disponíveis de

    conhecer e  re-conhecer  o mundo, por maislimitada e singela que possa parecer. Daí anecessidade de se compreender melhor comofunciona o Jornalismo como modo de conhe-cimento, e de investigar até que ponto ele nãoserá capaz de nos revelar aspectos da reali-dade que não são alcançados por outros mo-dos de conhecer mais prestigiados em nossacultura.

    4 Características do jornalismocomo conhecimento

    Ao utilizar a distinção entre “conhecimentode” e “conhecimento sobre”, o primeiro sin-tético e intuitivo, o segundo sistemático eanalítico, dentro da tradição do pragma-tismo, Robert PARK observa que o Jorna-lismo realiza para o público as mesmas fun-ções que a percepção realiza para os indi-

    víduos. Conforme Nilson LAGE (1992:14-5), o Jornalismo descende da mais antigae singela forma de conhecimento – só que,agora, projetada em escala industrial, orga-nizada em sistema, utilizando fantástico apa-rato tecnológico”.

    Adelmo GENRO FILHO (1987:58), outropesquisador brasileiro que se debruçou sobreesta questão, também ressalva que o Jorna-

    lismo como gênero de conhecimento difereda percepção individual pela sua forma deprodução: nele, a imediaticidade do real éum ponto de chegada, e não de partida. Estaressalva é importante para se discutir os pro-blemas do Jornalismo como forma de conhe-cimento e de seus efeitos. No entanto, ao sefixar na imediaticidade do real, o Jornalismoopera no campo lógico do senso comum, eesta característica definidora é fundamental.

    A partir dela, pode-se questionar até que

    ponto o Jornalismo como modo de conheci-mento pode ser rigoroso. O conhecimentodo senso comum foi até bem pouco tempodesprezado pela teoria, uma vez que toda aciência moderna se constituiu com base nasua negação. Mas, na medida em que asciências humanas passaram a valorizar a ob-servação do cotidiano para o desvendamentodas relações sociais, o que era visto como "ir-relevante, ilusório e falso"começou a apare-

    cer não só como um objeto digno de conside-ração pela teoria do conhecimento mas, emúltima análise, como o seu objeto principal(SANTOS, 1988:8).

    Conforme BERGER & LUCKMANN(1966:40), o senso comum corresponde auma atitude cognitiva percebida como natu-ral. "A atitude natural é a atitude da consci-ência do senso comum precisamente porquese refere a um mundo que é comum a mui-tos homens. O conhecimento do senso co-mum é o conhecimento que eu partilho comos outros nas rotinas normais, evidentes davida cotidiana". Além disso, a atitude cogni-tiva natural estabelece uma certa percepçãoda realidade como dominante:

    "Comparadas à realidade da vida cotidi-ana, as outras realidades aparecem comocampos finitos de significação, enclaves

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    dentro da realidade dominante marcadapor significados e modos de experiên-cia delimitados. A realidade dominanteenvolve-as por todos os lados, por as-sim dizer, e a consciência sempre retornaà realidade dominante como se voltassede uma excursão”. "Todos os campos fi-nitos de significação caracterizam-se pordesviar a atenção da realidade da vidacotidiana. (...) É importante, porém,acentuar que a realidade da vida cotidi-

    ana conserva a sua situação dominantemesmo quando estes ’transes’ ocorrem.Se nada mais houvesse, a linguagem seriasuficiente para nos assegurar sobre esteponto. A linguagem comum de que dis-ponho para a objetivação de minhas ex-periências funda-se na vida cotidiana econserva-se sempre apontando para elamesma quando a emprego para inter-pretar experiências em campos delimita-

    dos de significação"(BERGER & LUCK-MANN, 1966:43-4).

    É o fato de operar no campo lógico da re-alidade dominante que assegura ao modo deconhecimento do Jornalismo tanto a sua fra-gilidade quanto a sua força enquanto argu-mentação. É frágil, enquanto método analí-tico e demonstrativo, uma vez que não podese descolar de noções pré-teóricas para re-presentar a realidade. É forte na medida emque essas mesmas noções pré-teóricas ori-entam o princípio de realidade de seu pú-blico, nele incluídos cientistas e filósofosquando retornam à vida cotidiana vindos deseus campos finitos de significação. Em con-seqüência, o conhecimento do jornalismoserá forçosamente menos rigoroso do que ode qualquer ciência formal mas, em compen-

    sação, será também menos artificial e esoté-rico.

    Evidentemente, como todo conhecimento,o senso comum não é tão democrático comosugere o termo. O conhecimento é repartidosocialmente, devido ao simples fato do indi-víduo não conhecer tudo o que é conhecidopor seus semelhantes, e vice-versa, processoque culmina em sistemas de perícia extra-ordinariamente complexos. A distribuiçãosocial de conhecimentos, desta forma, não

    se dá apenas em termos quantitativos (unsconhecem mais do que outros), mas tam-bém qualitativos (conhecem coisas diferen-tes). Cada campo de conhecimento é com-partilhado por um auditório específico. Aquestão dos auditórios, assim como a doscampos lógicos, estabelece diferenças entreo modo de conhecimento das ciências e doJornalismo.

    A linguagem formal dos cientistas

     justifica-se por sua universalidade, a univer-salidade ideal de seu auditório. Porém, estauniversalidade será igualmente formal, umauniversalidade de direito mas não de fato,uma vez que esta linguagem só circula pordeterminadas redes e cria uma incomunica-ção crescente entre os dialetos das diversasespecialidades. Neste sentido, quanto maisas ciências produzem conhecimento, maistornam opaco este conhecimento (VIEIRAPINTO, 1969:165-6). Para penetrar nestaopacidade, é necessário também penetrar narede institucional que a mantém, através dosprocessos pedagógicos específicos.

    Já o ideal de universalidade do Jornalismocaminha em outra direção. O auditório uni-versal que idealmente persegue refere-se auma outra rede de circulação de conheci-mento, constituída pela comunicação paradevolver à realidade a sua transparência co-

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    letiva. É uma universalidade de fato, em-bora precária, porque só estabelecida institu-cionalmente de forma indireta e imperfeita,tal e qual o espaço público pressuposto peloideal democrático que a precede e a requer.Sua amplitude é também limitada em outradireção, a intenção do emissor na delimita-ção do universo do público alvo. Mas é napreservação deste auditório ideal que o Jor-nalismo encontra uma de suas principais jus-tificações sociais: a de manter a comunicabi-

    lidade entre o físico, o advogado, o operárioe o filósofo. Enquanto a ciência evolui rees-crevendo o conhecimento do senso comumem linguagens formais e esotéricas, o Jorna-lismo trabalha em sentido oposto.

    Além da questão do rigor, outra crítica quecomumente se faz ao Jornalismo é a de queele não seria tão capaz de revelar o novocomo a ciência. Partindo de premissas re-tiradas necessariamente do senso comum, a

    argumentação da notícia parte do que o au-ditório já sabia, ou era suposto saber. "Se oavião caiu, é claro que existia o avião e que oavião pertence à categoria das coisas capazesde cair"(LAGE, 1979:41). Em virtude disto,a novidade contida numa notícia é limitada.Como propõe VAN DIJK (1980:176), estanovidade "é a ponta de um iceberg de pressu-posições e, em consequência, da informaçãopreviamente adquirida”.

    Esta constatação sugere que o conheci-mento proporcionado pelo Jornalismo temum duplo papel na construção do sensocomum, em que a revelação da novidaderefere-se a apenas um aspecto. A compreen-são da notícia envolve o processamento "degrandes quantidades de informação estrutu-radora, repetida e coerente, que sirva comobase para ampliações mínimas e outras mu-danças em nossos modelos do mundo"(VAN

    DIJK, 1980:248). O Jornalismo serve aomesmo tempo para conhecer e reconhecer.

    Por outro lado, a revelação da novidade éum dado estrutural da retórica do Jornalismo- a conclusão a que conduz a sua argumenta-ção. A forma com que chega a esta novidadetambém é diferente daquela utilizada pela ci-ência. Enquanto a ciência, abstraindo um as-pecto de diferentes fatos, procura estabele-cer as leis que regem as relações entre eles,o Jornalismo, como modo de conhecimento,

    tem a sua força na revelação do fato mesmo,em sua singularidade, incluindo os aspectosforçosamente desprezados pelo modo de co-nhecimento das diversas ciências.

    Como propusemos em trabalho anterior,no método científico a hipótese pressupõeuma experimentação controlada, isto é, umcorte abstrato na realidade através do isola-mento de variáveis que permita a obtençãode respostas a um questionamento baseado

    em sistema teórico anterior. O Jornalismo,por sua vez, não parte de uma hipótese nemde sistema teórico anterior, mas da observa-ção não controlada (do ponto de vista da me-todologia científica) da realidade por partede quem o produz. Também se diferenciadas ciências pelo tipo de corte abstrato quepropõe. O isolamento de variáveis é substi-tuído pelo ideal de apreender o fato de todosos pontos de vista relevantes, ou seja, em suaespecificidade (MEDITSCH, 1990:72).

    GENRO FILHO (1987:163) apóia-se nascategorias hegelianas do  universal,  particu-lar   e singular    para definir o modo de co-nhecimento produzido socialmente pelo Jor-nalismo:

    "...o critério jornalístico de uma informa-ção está indissoluvelmente ligado à re-produção de um evento pelo ângulo de

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    sua singularidade. Mas o conteúdo dainformação vai estar associado (contradi-toriamente) à particularidade e universa-lidade que nele se propõem, ou melhor,que são delineados ou insinuados pelasubjetividade do jornalista. O singular,então, é a forma do Jornalismo, a estru-tura interna através da qual se cristalizaa significação trazida pelo particular e ouniversal que foram superados. O parti-cular e o universal são  negados  em sua

    preponderância ou autonomia e mantidoscomo o horizonte do conteúdo”.

    A cristalização no singular explica tam-bém como o Jornalismo consegue produzirinformação nova com uma grande economiade meios em relação aos outros modos deconhecimento: "Como o novo aparece sem-pre como singularidade, e esta sempre comoo aspecto novo do fenômeno, a tensão para

    captar o singular abre sempre uma perspe-tiva  crítica em relação ao processo. A sin-gularidade tende a ser crítica porque ela é arealidade transbordando do conceito, a rea-lidade se recriando e se diferenciando de simesma"(GENRO FILHO, 1987:212).

    Pode-se assim chegar mais perto do queseria uma  fisiologia normal   do Jornalismocomo forma de produção e reprodução deconhecimento. É possível, como propõeLAGE (1979:37), isolar teoricamente "umaorganização relativamente estável", dissoci-ando esse "componente lógico"das ideolo-gias que inevitavelmente o contaminam narealidade concreta - o "componente ideoló-gico"que caracteriza a patologia diagnosti-cada pelos seus críticos, para encontrar a suaespecificidade, uma vez que a ideologia é umfenômeno social mais geral.

    Ao mesmo tempo, este esboço de sua fi-

    siologia permite constatar que o Jornalismonão é uma "ciência mal feita", simplesmenteporque não é uma ciência e nem pode aspirara ser tal. Por um lado, o Jornalismo comoforma de conhecimento é capaz de revelaraspectos da realidade que escapam à meto-dologia das ciências (a ciência exclui o sin-gular, cf. ATLAN in PESSIS-PASTERNAK,1991:72); por outro, é incapaz de explicarpor si mesmo a realidade que se propõe arevelar. "O universo das notícias é o das

    aparências do mundo; o noticiário não per-mite o conhecimento essencial das coisas,objeto do estudo científico, da prática teó-rica, a não ser por eventuais aplicações a fa-tos concretos. Por trás das notícias corre umatrama infinita de relações dialéticas e percur-sos subjetivos que elas, por definição, nãoabarcam"(LAGE, 1985b:23).

    Por fim, é preciso ressaltar que o con-teúdo do jornalismo, ao estar preso ao senso

    comum, está também necessariamente vin-culado a um contexto. O texto só adquiresentido dentro de um contexto. Isto difi-culta tanto a sistematização quanto a acumu-lação destes conteúdos, contrariamente aoque ocorre com a ciência que isola o textodo contexto. Mas, neste sentido, o conheci-mento produzido pelo jornalismo é mais sin-tético e mais holístico do que aquele produ-zido pela ciência.

    5 Problemas do jornalismoenquanto conhecimento

    Embora nesta perspectiva se considere que oJornalismo produz e reproduz conhecimento,não apenas de forma válida mas também útilpara as sociedades e seus indivíduos, não sepode deixar de considerar que esse conhe-

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    cimento por ele produzido tem os seus pró-prios limites lógicos e, quando observado naprática, apresenta também uma série de pro-blemas estruturais. Como toda outra formade conhecimento, aquela que é produzidapelo Jornalismo será sempre condicionadahistórica e culturalmente por seu contextoe subjetivamente por aqueles que participamdesta produção. Estará também condicio-nada pela maneira particular como é produ-zida.

    Nas últimas décadas se multiplicaram ostrabalhos científicos que salientam o fatodo Jornalismo não ser uma imagem da rea-lidade extraída unicamente desta realidade,mas sim uma construção onde os projetos,as técnicas e seu manejo, as ferramentas e asmatérias primas também interferem no pro-duto final (TRAQUINA, 1993). Inúmerasmediações condicionam o modo como o Jor-nalismo cria e processa a informação sobre

    a realidade, desde o  schemata  profissional(MÉRÓ, 1990) - o modo particular como os jornalistas vêem o mundo, passando pelosobjetivos, a estrutura e a rotina das organiza-ções onde trabalham, as condições técnicas eeconômicas para a realização de suas tarefase, finalmente, o jogo de poder e os confli-tos de interesses que estão inextricavelmenteimplicados na circulação social desta infor-mação (MESQUITA, 1995).

    Um dos principais problemas do Jorna-lismo como modo de conhecimento é a faltade transparência destes condicionantes. Anotícia é apresentada ao público como sendoa realidade e, mesmo que o público percebaque se trata apenas de uma versão da reali-dade, dificilmente terá acesso aos critériosde decisão que orientaram a equipe de jor-nalistas para construí-la, e muito menos aoque foi relegado e omitido por estes critérios,

    profissionais ou não. Neste ponto, a prolife-ração recente da instituição do provedor deleitores – o ombudsman – é certamente umprogresso, não apenas pelo que possa discu-tir diretamente da produção dos media, mastambém por contribuir para levantar o véuque encobre os procedimentos habituais deconstrução da informação jornalística.

    Outro aspecto problemático do jornalismoenquanto conhecimento é a velocidade desua produção. No entanto, ao mesmo tempo

    em que a velocidade representa um limite,representa também uma vantagem em rela-ção a outros modos de conhecimento. Avelocidade não é uma característica exclu-siva do jornalismo, mas sim da civilizaçãoem que vivemos que, por funcionar assim,necessita de informações produzidas rapida-mente.

    E, por fim, não poderíamos deixar de ci-tar a espetacularização como uma aspecto

    problemático do jornalismo como conheci-mento. O que distingue uma matéria jorna-lística de um relato científico, de um texto di-dático ou de um relatório policial é o fato deque se dirige a pessoas que não tem obriga-ção de ler aquilo. Em consequência, procurade alguma forma aliciar as pessoas para quese interessem por aquela informação, atravésde técnicas narrativas e dramáticas. Isto nãoé um mal em si, o uso destas técnicas se jus-tifica amplamente pela eficácia comunicativae cognitiva que proporcionam. O problema équando passam a ser utilizadas em função deobjetivos que não os cognitivos, como a lutacomercial por audiência e o esforço políticode persuasão. No cotidiano do jornalismopraticado em nossas sociedades, é muito di-fícil distinguir entre estes três tipos de obje-tivo.

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    6 Efeitos do jornalismo enquantoconhecimento

    Concretamente, muito pouco se sabe sobreos efeitos do Jornalismo sobre os indivíduosou as sociedades. Existem várias hipótesesa este respeito, mas é muito difícil isolar asvariáveis de forma a testá-las para fins decomprovação (SAPERAS, 1987). É inegá-vel que os meios de comunicação tem umpoder muito grande no meio social, mas é

    difícil determinar até que ponto este poder éexercido de forma autônoma e até que pontofunciona apenas como instrumento de outrospoderes instituídos. Muitos dos pecados atri-buídos ao Jornalismo, inclusive pelas teoriase hipóteses que tentam explicar as suas con-sequências, na verdade têm causas enraiza-das em solos mais profundos. A manipu-lação do sistema democrático, a disparidadecrescente entre o topo e a base das socieda-

    des, a disseminação dos preconceitos, este-reótipos e ideologias dos poderosos não sãocriações do Jornalismo, embora ele eventu-almente participe de tudo isso. Como pro-duto social, o Jornalismo reproduz a soci-edade em que está inserido, suas desigual-dades e suas contradições. Nenhum modode conhecimento disponível está completa-mente imune a isto.

    Também é bastante difícil isolar os efei-tos do Jornalismo sobre o ambiente cogni-tivo dos indivíduos. Quando tiram os olhosdo jornal ou da TV, ou desligam o rádio,as pessoas encontram inúmeros outros pon-tos de contato com a realidade, ligam-seem incontáveis outras redes de informaçãoque funcionam à margem dos media e, comisso, amadurecem seus critérios de discerni-mento (SOUSA,1995). O Jornalismo even-tualmente pode desinformar as pessoas, mas

    certamente também lhes ensina muita coisaútil. Sabe-se que uma pessoa com forma-ção superior tira mais proveito das notíciasdo que uma pessoa privada da escola básica.Mais uma vez, não se pode culpar o Jorna-lismo por isso.

    7 Conclusão: a pertinência do jornalismo enquantoconhecimento

    Considerados estes prós e contras, pode-seenfim discutir se há alguma pertinência emse considerar o Jornalismo como forma deconhecimento de direito próprio, ao invés deum simples instrumento para transmitir co-nhecimentos produzidos por outrem e even-tualmente, com isso, degradar estes saberes.Com todo o respeito pelas opiniões divergen-tes, procurei responder a pergunta que meapresentaram de maneira afirmativa, supri-

    mindo o seu ponto de interrogação.Teoricamente, procurei demonstrar que o

    que pode sustentar esta pertinência não sãoos argumentos dos jornalistas, mas sim osdesenvolvimentos recentes nas áreas da epis-temologia, teoria do discurso, sociologia doconhecimento e psicologia da cognição, dis-ciplinas que possuem um respeitável emba-samento científico e filosófico.

    Creio que na prática pode-se apontar mais

    algumas razões para se levar mais a sérioesta questão. Ao se deixar de consideraro jornalismo apenas como um meio de co-municação para considerá-lo como um meiode conhecimento, estará se dando um passono sentido de aumentar a exigência sobre osseus conteúdos. Conhecimento implica emaperfeiçoamento pela crítica e requer rigor.

    Considerar o jornalismo como modo de

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    conhecimento implica também em aumen-tar a exigência sobre a formação profissionaldos jornalistas, que deixam de ser meros co-municadores para se transformarem em pro-dutores e reprodutores de conhecimento.

    Por fim, o conhecimento da realidade éuma questão tão vital para os indivíduos epara as sociedades que, se o jornalista não éapenas quem o comunica, mas também quemo produz e o reproduz , deve estar subme-tido a um controle social e a uma avaliação

    técnica mais próxima e mais permanente. Aquestão do conhecimento que o jornalismoproduz e reproduz e de seus efeitos pode serdemasiado estratégica para a vida de uma so-ciedade para ser controlada exclusivamentepelos jornalistas como grupo profissional oupelas organizações onde trabalham.

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