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1 Medicamentos à base de maconha: Prós e Contras Introdução Medicamentos à base de canabidiol, uma substância encontrada na maconha, estão na lista de medicamentos proscritos da ANVISA, e sendo assim, proibidos para fins terapêuticos. Se for liberado, o medicamento entrará para lista das substâncias de controle especial, seguindo as respectivas normas. Esses medicamentos tratam, principalmente, problemas neurológicos, dentre eles crises epilépticas. Em Abril, a justiça brasileira autorizou a entrada de um desses medicamentos para filha de Katiele Fischer, Anny, portadora da síndrome CDKL5, uma doença genética que causa deficiência neurológica e convulsões. Ou seja, no Brasil o uso só é permitido com uma autorização especial do diretor da agência ou sentença jurídica. Concepção em outros países O canabidiol (CBD) é um composto que constitui cerca de 40% das substâncias ativas da maconha e tem propriedades ansiolíticas e antipsicóticas. Em alguns países como EUA, Canadá, Reino Unido, Holanda, França, Espanha, Itália, Suíça, Israel e Austrália o uso de maconha para fins terapêuticos é parcialmente liberado, ou seja, somente com receita médica ou laudo que justifique a prescrição. A ONU reconhece que a maconha pode ter uso medicinal, mas que para isso é preciso que os países oficializem uma agência especial para Cannabis e derivados nos seus ministérios da Saúde. Prós Há elementos químicos na maconha que têm efeitos médicos, como exemplificado abaixo: -Vários casos em muitos países mostram que derivados da maconha podem tratar ou aliviar sintomas de formas severas de epilepsia. -Pessoas em quimioterapia nos casos de câncer muitas vezes têm enjoos terríveis. Alguns pacientes não respondem a nenhum remédio legal para o enjôo e respondem maravilhosamente à maconha. -No caso da AIDS, maconha provoca fome e assim pode ser uma maneira de engordar. Nenhum remédio é tão eficiente para restaurar o peso de portadores do HIV quanto à maconha. O problema: a cannabis tem uma ação ainda pouco compreendida no sistema imunológico. Sabe-se que isso não representa perigo para pessoas saudáveis, mas pode ser um risco para os portadores da AIDS. -Doenças degenerativas do sistema nervoso como a Esclerose múltipla é terrivelmente incômoda e fatal. Os N o 28 Julho /2014 Centro de Farmacovigilância da UNIFAL-MG Site: www2.unifal-mg.edu.br/cefal E-mail: [email protected] Tel: (35) 3299-1273 Equipe editorial: prof. Dr. Ricardo Rascado; profa. Drª. Luciene Marques; Larissa Paiva, Wanessa Awata.

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Medicamentos à base de maconha: Prós e Contras

Introdução

Medicamentos à base de

canabidiol, uma substância encontrada na

maconha, estão na lista de medicamentos

proscritos da ANVISA, e sendo assim,

proibidos para fins terapêuticos. Se for

liberado, o medicamento entrará para lista

das substâncias de controle especial,

seguindo as respectivas normas. Esses

medicamentos tratam, principalmente,

problemas neurológicos, dentre eles

crises epilépticas. Em Abril, a justiça

brasileira autorizou a entrada de um

desses medicamentos para filha de

Katiele Fischer, Anny, portadora da

síndrome CDKL5, uma doença genética

que causa deficiência neurológica e

convulsões. Ou seja, no Brasil o uso só é

permitido com uma autorização especial do

diretor da agência ou sentença jurídica.

Concepção em outros países

O canabidiol (CBD) é um composto

que constitui cerca de 40% das substâncias

ativas da maconha e tem propriedades

ansiolíticas e antipsicóticas. Em alguns

países como EUA, Canadá, Reino Unido,

Holanda, França, Espanha, Itália, Suíça,

Israel e Austrália o uso de maconha para

fins terapêuticos é parcialmente liberado,

ou seja, somente com receita médica ou

laudo que justifique a prescrição. A ONU

reconhece que a maconha pode ter uso

medicinal, mas que para isso é preciso

que os países oficializem uma agência

especial para Cannabis e derivados nos

seus ministérios da Saúde.

Prós

Há elementos químicos na maconha que

têm efeitos médicos, como exemplificado

abaixo:

-Vários casos em muitos países mostram

que derivados da maconha podem tratar

ou aliviar sintomas de formas severas de

epilepsia.

-Pessoas em quimioterapia nos casos de

câncer muitas vezes têm enjoos terríveis.

Alguns pacientes não respondem a

nenhum remédio legal para o enjôo e

respondem maravilhosamente à maconha.

-No caso da AIDS, maconha provoca

fome e assim pode ser uma maneira de

engordar. Nenhum remédio é tão

eficiente para restaurar o peso de

portadores do HIV quanto à maconha. O

problema: a cannabis tem uma ação ainda

pouco compreendida no sistema

imunológico. Sabe-se que isso não

representa perigo para pessoas saudáveis,

mas pode ser um risco para os portadores

da AIDS.

-Doenças degenerativas do sistema

nervoso como a Esclerose múltipla é

terrivelmente incômoda e fatal. Os

No 28

Julho /2014

Centro de Farmacovigilância da UNIFAL-MG

Site: www2.unifal-mg.edu.br/cefal

E-mail: [email protected]

Tel: (35) 3299-1273

Equipe editorial: prof. Dr. Ricardo Rascado; profa. Drª.

Luciene Marques; Larissa Paiva, Wanessa Awata.

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doentes sentem fortes espasmos

musculares, muita dor e suas bexigas e

intestinos funcionam muito mal. A

maconha alivia todos os sintomas.

Ninguém entende bem por que ela é tão

eficiente, mas especula-se que tenha a ver

com seu pouco entendimento sobre o

efeito no sistema imunológico.

-A cannabis é um analgésico usado em

várias ocasiões. Os relatos de alívio das

cólicas menstruais são os mais

promissores. Maconha também é capaz

de aliviar a pressão intraocular, podendo

ser usado em casos de glaucoma, além de

ajudar na depressão e insônia, uma vez

que os medicamentos disponíveis no

mercado são agressivos e têm mais

potencial de dependência.

Contras

-De acordo com o diretor-presidente da

ANVISA, Dirceu Barbano, a ANVISA não

tem informações suficientes sobre os efeitos

colaterais que a substância possa provocar

nos usuários. “O canabidiol tem sido usado

no Brasil em crianças e nós não detemos

informações na literatura de qual é a

consequência orgânica de médio e longo

prazo por crianças de diferentes idades. É

dever da ANVISA evitar os efeitos

colaterais e alertar sobre os riscos.”

-Os problemas surgiram desde o início,

uma vez que a droga é ilícita e seus

canais de fornecimento são pouco

confiáveis. Não se sabe bem como irá ser

o controle de qualidade da subtância para

ser usada como medicamento ,além de

que é preciso ainda estabelecer os

padrões mínimos. Há também uma

dificuladade de descobrir um modo

seguro e eficiente de adminstrar a droga.

Ingerida por via oral, a potência da

maconha varia muito e ela só começa a

fazer efeito depois de uma hora.

Fumando, você inala muitas substâncias

causadoras de câncer - assim como ao

fumar tabaco.

-Existem órgãos que temem que os

pacientes vendam a maconha fornecida a

eles, uma vez que o Brasil possa não ter

um suporte para aceitar a ideia de

exclusivo uso medicinal.

-Maconha é mais conhecida por seus

efeitos na mente; ela é uma substância

intoxicante que faz as pessoas se sentirem

felizes e relaxadas. Seu uso "recreativo"

tem se tornado cada vez mais frequente

nos países ocidentais. A Cannabis não é

muito viciadora, e seus efeitos nocivos

atingem principalmente o pulmão,

quando fumada. Em alguns usuários ela

pode desencadear delírios e alucinações,

e ainda se discute se pode causar

problemas psiquiátricos duradouros.

Resultados científicos

Em maio, o diretor-adjunto da

ANVISA, Luiz Roberto Klassmann, relatou

que a reclassificação poderia acontecer

muito em breve, porque já existiriam

evidências científicas suficientes que

comprovam a eficácia da droga e sua

segurança para uso terapêutico. Ainda,

segundo ele, a partir do momento que o

canabidiol deixasse de ser proscrito, o

problema de barreira alfandegária acabaria.

No entanto, Klassmann disse que era

preciso vencer a barreira do preconceito e

estigma do uso da maconha medicinal.

Conclusão

A avaliação geral é que a maconha

pode ser usada em diversas situações e tem

barreiras que a impedem de ser

comercializada e usada para fins

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(35) 3299-1273

terapêuticos. Embora haja pesquisas que

comprovem a eficácia de compostos

constituintes, como canabidiol, no Brasil a

importação só é possível mediante

autorização especial. A ANVISA acredita

que a permissão aconteça em breve, já que

há estudos científicos comprovados sobre

suas finalidades terapêuticas. Por fim, há

posições sobre o uso medicinal da

maconha, que possam evitá-la ou liberá-la

em um país, mas existem muitos estudos

sobre.

Caso queira notificar reação adversa a

algum medicamento, desvio de

qualidade ou erro de medicação,

acesse o portal do CEFAL

(http://www.unifal-mg.edu.br/cefal) e

preencha o formulário.

Referências Bibliográficas

http://g1.globo.com/bemestar/noticia

/2014/05/anvisa-adia-decisao-sobre-

importacao-de-remedio-base-de-

maconha.html

http://noticias.r7.com/distrito-

federal/anvisa-estuda-liberar-

importacao-de-remedios-feitos-a-

base-de-maconha-16052014

http://exame.abril.com.br/tecnologia/

noticias/remedio-a-base-de-

maconha-alivia-epilepsia-em-

criancas

http://vilamulher.com.br/bem-

estar/saude/maconha-pode-ser-

usada-no-tratamento-de-epilepsia-

cancer-e-ate-hiv-11-1-60-1007.html

http://www.portaleducacao.com.br/f

armacia/artigos/673/maconha-agora-

e-remedio

http://transitoescola.jusbrasil.com.br/

artigos/118195232/o-brasil-esta-

preparado-para-a-liberacao-da-

maconha?ref=home