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Faculdade de Medicina de Lisboa 2003/2004 Anatomia Descritiva 1 DRENAGEM LINFÁTICA REVISÃO ANATÓMICA GENERALIDADES A circulação linfática origina-se ao nível do espaço intersticial onde os vasos linfáticos drenam cerca de 10% do líquido intersticial produzido a nível capilar. Os vasos linfáticos são canalículos endoteliais e valvulados permitindo uma corrente unidireccional. Transportam a linfa originada no espaço intersticial no sentido centrípeto e, através de confluências múltiplas formando vasos de maior calibre, terminam no sistema venoso ao nível dos confluentes jugulo- subclávios: o canal torácico à esquerda e a grande veia linfática à direita. Intercalados nestas veias surgem os gânglios linfáticos, sede de processos fisiológicos de fundamental importância. Todos os órgãos parecem apresentar drenagem linfática à excepção da epiderme, do cristalino, da cartilagem, do corpo vítreo, do ouvido interno, da placenta, do cordão umbilical e, provavelmente, o SNC. A sistematização descrita vai considerar um sistema superficial e outro profundo consoante a sua localização é supra ou subaponevrótica, e, em relação às cavidades, um sistema parietal e outro visceral consoante a localização dos conjuntos ganglionares e respectivas zonas de drenagem. 1. DRENAGEM LINFÁTICA DA CABEÇA E PESCOÇO A sistematização dos gânglios linfáticos da cabeça e pescoço compreende 4 grupos principais: o círculo ganglionar peri-cervical, os gânglios sublinguais e retrofaríngeos, e, finalmente, os gânglios cervicais anteriores e os laterais. Após a caracterização geral destes grupos, vai considerar-se individualmente a drenagem linfática de alguns órgãos em que ela assume particular importância. CÍRCULO GANGLIONAR PERI-CERVICAL O círculo peri-cervical é constituído por 6 grupos de gânglios de cada lado que no conjunto se dispõem em círculo ou colar na zona da união da cabeça com o pescoço. São os grupos occipital, mastoideu, parotídeo, submaxilar, geniano ou facial e submentoniano ou supra-hioideu. O grupo occipital é formado por 1 a 3 gânglios localizados na região occipital, abaixo da protuberância occipital exterior. Recebe a linfa da porção occipital do couro cabeludo e da parte superior e posterior do pescoço. Drenam para os gânglios laterais profundos do pescoço, em particular para a cadeia do nervo espinhal.

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DRENAGEM LINFÁTICA

REVISÃO ANATÓMICA

GENERALIDADES

A circulação linfática origina-se ao nível do espaço intersticial onde os vasos linfáticos drenam cerca de

10% do líquido intersticial produzido a nível capilar.

Os vasos linfáticos são canalículos endoteliais e valvulados permitindo uma corrente unidireccional.

Transportam a linfa originada no espaço intersticial no sentido centrípeto e, através de confluências

múltiplas formando vasos de maior calibre, terminam no sistema venoso ao nível dos confluentes jugulo-

subclávios: o canal torácico à esquerda e a grande veia linfática à direita.

Intercalados nestas veias surgem os gânglios linfáticos, sede de processos fisiológicos de fundamental

importância.

Todos os órgãos parecem apresentar drenagem linfática à excepção da epiderme, do cristalino, da

cartilagem, do corpo vítreo, do ouvido interno, da placenta, do cordão umbilical e, provavelmente, o SNC.

A sistematização descrita vai considerar um sistema superficial e outro profundo consoante a sua

localização é supra ou subaponevrótica, e, em relação às cavidades, um sistema parietal e outro visceral

consoante a localização dos conjuntos ganglionares e respectivas zonas de drenagem.

1. DRENAGEM LINFÁTICA DA CABEÇA E PESCOÇO

A sistematização dos gânglios linfáticos da cabeça e pescoço compreende 4 grupos principais: o círculo

ganglionar peri-cervical, os gânglios sublinguais e retrofaríngeos, e, finalmente, os gânglios cervicais

anteriores e os laterais. Após a caracterização geral destes grupos, vai considerar-se individualmente a

drenagem linfática de alguns órgãos em que ela assume particular importância.

CÍRCULO GANGLIONAR PERI-CERVICAL

O círculo peri-cervical é constituído por 6 grupos de gânglios de cada lado que no conjunto se dispõem

em círculo ou colar na zona da união da cabeça com o pescoço. São os grupos occipital, mastoideu,

parotídeo, submaxilar, geniano ou facial e submentoniano ou supra-hioideu.

O grupo occipital é formado por 1 a 3 gânglios localizados na região occipital, abaixo da protuberância

occipital exterior. Recebe a linfa da porção occipital do couro cabeludo e da parte superior e posterior do

pescoço. Drenam para os gânglios laterais profundos do pescoço, em particular para a cadeia do nervo

espinhal.

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O grupo mastoideu é formado por 1 a 4 gânglios relacionados com a apófise mastoideia do temporal.

Colecta linfáticos do pavilhão auricular, do canal auditivo externo e da porção temporal do couro

cabeludo. Drena para os gânglios posteriores da cadeia jugular interna.

O grupo parotídeo é formado por 3 subgrupos: supra-aponevróticos, junto ao tragus; sub-aponevróticos e

profundos na espessura da parótida. Recebe linfáticos da região temporal e frontal do couro cabeludo,

das pálpebras, da raiz da pirâmide nasal, dos ouvidos externo e médio, da parótida e da mucosa das

fossas nasais. Drena para os gânglios da cadeia jugular interna.

O grupo submaxilar é constituído por 3 a 6 gânglios profundos localizados junto ao bordo inferior e face

interna do maxilar inferior e relacionados com a glândula submaxilar. Divide-se nos subgrupos pré-

glandular, pré-vascular (anteriormente à veia facial) e retroglandular. Colecta linfáticos da pirâmide nasal,

da região geniana, dos gânglios genianos, do lábio superior, das gengivas, do pavimento bucal e da

porção interna das pálpebras. Drena também para a cadeia jugular interna.

O grupo geniano ou facial é composto por gânglios localizados no sulco naso-geniano em relação com os

vasos faciais. Recebe linfáticos da pirâmide nasal e região geniana e drena para os gânglios

submaxilares.

O grupo submentoniano é constituído geralmente por 2 ou 3 gânglios que se situam na linha média entre

os ventres anteriores dos dois digástricos. Recebe linfáticos do mento, do lábio inferior, da gengiva

inferior, do pavimento bucal e da língua. Drenam para a cadeia jugular interna e para os gânglios

submaxilares de ambos os lados.

GÂNGLIOS SUBLINGUAIS E RETRO-FARÍNGEOS

Estes grupos de gânglios situam-se profundamente em relação ao círculo pericervical.

Os gânglios sublinguais são inconstantes e relacionam-se com a base da língua. Os retrofaríngeos

podem ser medianos, localizados na parte superior do espaço com o mesmo nome, e laterais, situados

por fora das asas da faringe e à frente das massas laterais do atlas.

Recebem a linfa das fossas nasais, do ouvido médio e, especialmente, da mucosa da nasofaringe e

orofaringe. Drenam na cadeia jugular interna.

GÂNGLIOS CERVICAIS ANTERIORES

Este grupo compreende gânglios localizados à volta da veia jugular anterior, e gânglios mais profundos ou

juxta-viscerais. Estes são constituídos por um grupo pré-hioideu à frente da tiroideia; um grupo pré-

traqueal à frente da traqueia; um grupo pré-faríngeo anterior à faringe e um grupo latero-traqueal

relacionado com os nervos recorrentes e denominado cadeia recorrencial. À direita a cadeia recorrencial

situa-se atrás do nervo, ao passo que à esquerda ela se encontra à frente.

Estes grupos de gânglios linfáticos recebem a linfa das regiões adjacentes, nomeadamente da glândula

tiroideia, da laringe, da traqueia, do esófago, e drenam para a cadeia jugular interna.

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GÂNGLIOS CERVICAIS LATERAIS

Os gânglios cervicais laterais compreendem gânglios superficiais e profundos. Os primeiros são 2 a 4

gânglios agrupados na cadeia jugular externa à volta da veia homónima.

Os gânglios cervicais profundos agrupam-se em 3 cadeias importantes: a cadeia do nervo espinhal, a

cadeia cervical transversa e a cadeia jugular interna (formando o triângulo de Rouviére).

A cadeia do nervo espinhal é constituída por cerca de 10 gânglios satélites do ramo externo do nervo

espinhal e penetrando com ele sob o músculo trapézio. Recolhe linfáticos provenientes de alguns

gânglios occipitais e mastoideus, bem como da porção postero-lateral do couro cabeludo. Os linfáticos

eferentes desta cadeia terminam na cadeia cervical transversa.

A cadeia cervical transversa é formada por gânglios dispostos transversalmente seguindo a artéria e a

veia com o mesmo nome. O seu gânglio mais interno, já quase na fossa supra-clavicular, é conhecido por

gânglio de Troisier. Esta cadeia recebe linfa da cadeia do nervo espinhal, bem como linfáticos da região

antero-lateral do pescoço e alguns vasos do membro superior e da região mamária. Termina na cadeia

jugular interna.

A cadeia jugular interna é formada por inúmeros gânglios satélites desta veia e localizados principalmente

junto às suas faces anterior e externa. Esta cadeia drena a linfa dos gânglios do colar peri-cervical, das

cadeias sub-lingual e retrofaríngea, dos gânglios cervicais anteriores e também das cadeias cervical

transversa e do nervo espinhal. É, assim, o grande confluente linfático da cabeça e do pescoço. Na sua

parte inferior origina-se o tronco jugular que vai terminar, geralmente, à esquerda na crossa do canal

torácico e à direita vai unir-se aos troncos braquial e bronco-mediastínico direitos formando a grande veia

linfática ou então terminar directamente no confluente venoso jugulo-subclávio direito.

DRENAGEM LINFÁTICA DA FARINGE

A faringe apresenta uma rede linfática mucosa e uma rede muscular menos importante. A rede

submucosa é comum com as cavidades e os órgãos adjacentes, ou seja, com as fossas nasais e

cavidade bucal, trompa de Eustáquio e esófago.

Os linfáticos eferentes da faringe dirigem-se ao grupo ganglionar retrofaríngeo e à cadeia jugular interna.

DRENAGEM LINFÁTICA DA LARINGE

A laringe apresenta uma rede linfática mucosa cuja drenagem é diferente nas suas três regiões

anatómicas principais. Na região supra-glótica a rede mucosa está muito desenvolvida e a drenagem faz-

se através da membrana tiro-hioideia para os gânglios da cadeia jugular interna. No andar infra-glótico a

rede mucosa é menos desenvolvida e a drenagem faz-se para as cadeias recorrencial e jugular interna. O

andar glótico não apresenta praticamente vascularização linfática significativa.

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DRENAGEM LINFÁTICA DA TIROIDEIA

A drenagem linfática do istmo da tiroideia faz-se para os gânglios pré-tiroideus e pré-traqueais. Os lobos

laterais drenam, além dos gânglios anteriores, para as cadeias retro-faríngea, recorrencial e jugular

interna.

2. DRENAGEM LINFÁTICA DO MEMBRO SUPERIOR

SISTEMA SUPERFICIAL

A rede linfática superficial divide-se em 3 vias principais: uma interna que atinge o gânglio

supraepitroclear; uma externa que atinge os gânglios do sulco delto-peitoral; e uma intermédia que drena

para os gânglios axilares.

Os gânglios linfáticos superficiais do membro superior englobam o gânglio supraepitroclear, os gânglios

do sulco delto-peitoral e os gânglios posteriores da espádua. O gânglio supraepitroclear situa-se sobre a

epitróclea e recebe a linfa dos 2 ou 3 dedos internos e da parte interna da mão, e os vasos eferentes

acompanham a veia basílica em direcção ao sistema profundo.

O grupo do sulco delto-peitoral está em relação com a crossa da veia cefálica. Recebe a linfa da parte

externa da mão e últimos dedos. Os seus vasos eferentes atingem os gânglios axilares.

Os gânglios posteriores da espádua localizam-se no tecido subcutâneo da região escapular, colectam a

linfa dos segmentos regionais e drenam para o grupo ganglionar posterior da axila.

SISTEMA PROFUNDO

As vias linfáticas profundas do membro superior acompanham os vasos profundos, atingindo

predominantemente o grupo externo ou braquial dos gânglios axilares. Contudo, no seu trajecto,

intercalam-se alguns gânglios linfáticos profundos do antebraço e braço.

Os gânglios axilares assumem grande importância, localizam-se no tecido adiposo da axila, são em

número de 15 a 30 e é neles que se concentra a linfa do membro superior, da região escapular e da parte

da parte da parede torácica. Dividem-se em 5 grupos consoante a sua localização: o grupo externo,

umeral ou braquial situa-se junto à face interna da veia axilar e na emergência da veia escapular inferior e

a ele chega toda a linfa do membro superior. O grupo posterior ou infraescapular localiza-se contra a

omoplata junto aos vasos escapulares posteriores e recebe a linfa da parte inferior da nuca, da parede

posterior do dorso e da região escapular. O grupo interno ou torácico externo relaciona-se com o pedículo

mamário externo colectando a linfa da parede lateral do tórax, da parte superior da parede abdominal e,

principalmente, dos quadrantes externos da mama. O grupo central é intermediário, situa-se na parte

central da cavidade axilar e é para ele que se dirigem os linfáticos eferentes dos 3 grupos anteriores. Do

grupo central partem vias eferentes que atingem o grupo infraclavicular localizado abaixo da clavícula em

relação com a artéria acromio-torácica. Do grupo infraclavicular partem vias eferentes em direcção ao

grupo supraclavicular onde se constitui o tronco branquial que à direita contribui para a formação da

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grande veia linfática e à esquerda termina na crossa do canal torácico. Dos gânglios infra e

supraclaviculares partem ainda vias linfáticas que atingem a cadeia cervical transversa.

3. DRENAGEM LINFÁTICA DO MEMBRO INFERIOR

SISTEMA SUPERFICIAL

O membro inferior possui uma rede linfática superficial e outra profunda conforme a sua situação supra ou

infra-aponevrótica.

Os vasos superficiais reunem-se em troncos colectores que resultam da confluência dos capilares

linfáticos. Os troncos colectores internos seguem o trajecto da veia safena interna os troncos colectores

externos dirigem-se para cima e para dentro, cruzando a face anterior da perna e da coxa e terminando

nos troncos colectores internos. Os troncos colectores posteriores da perna seguem o trajecto da veia

safena externa atingindo o gânglio safeno externo, e os da face posterior da coxa e da região glútea

drenam para os gânglios inguinais superficiais.

Os gânglios linfáticos superficiais do membro inferior localizam-se na região inguinal constituindo o grupo

ganglionar inguinal superficial. São 8 a 12 gânglios situados no triângulo de Scarpa sobre a fascia

cribiformis, e sistematizados classicamente por uma linha vertical e outra horizontal que se cruzam ao

nível da crossa da veia safena interna e os dividem em 4 quadrantes. Os quadrantes inferiores recebem a

linfa superficial do membro inferior; o quadrante supero-interno recebe os linfáticos superficiais dos

órgãos genitais externos, períneo e ânus, da parte interna da região glútea e da porção interna da parede

abdominal inferior. Para o quadrante supero-externo drena a linfa da porção externa da região glútea e da

parte externa da parede abdominal inferior.

Os vasos eferentes dos gânglios inguinais superficiais dirigem-se, atravessando a fascia cribiformis, para

os gânglios inguinais profundos e para os gânglios ilíacos externos.

SISTEMA PROFUNDO

Os vasos linfáticos profundos do membro inferior são satélites dos vasos sanguíneos, tomando o seu

nome. A via principal é constituída por vasos pediosos, tibiais anteriores, tibiais posteriores e peroneais

que terminam nos gânglios tibial anterior e popliteus. Daqui seguem acompanhando os vasos femorais

superficiais para os gânglios inguinais profundos, e daí para a bacia. Há ainda a considerar a via que

acompanha a artéria obturadora e que termina no grupo ilíaco externo e as vias que seguem as artérias

glútea e isquiática e que drenam nos gânglios hipogástricos.

Os gânglios profundos dividem-se em 3 grupos: tibial anterior, popliteu e inguinal profundo.

O gânglio tibial anterior localiza-se à frente da porção superior do ligamento interósseo, junto à passagem

da artéria tibial anterior. Recebe os linfáticos profundos tibiais anteriores e drena para os gânglios

popliteus.

Os gânglios do grupo popliteu são 3 a 6 agregando-se em 3 subgrupos: um subgrupo anterior formado

pelo gânglio articular situado à frente dos vasos popliteus e logo atrás do plano fibroso posterior da

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articulação do joelho; um subgrupo médio que compreende os gânglios que se relacionam directamente

com a artéria e a veia popliteias; e, finalmente, um subgrupo posterior formado pelo gânglio safeno

externo localizado por fora da veia safena externa. Os gânglios popliteus recem os eferentes do gânglio

tibial anterior, os linfáticos tibiais posteriores e peroneais e os troncos colectores superficiais posteriores

que seguem a safena externa. Os linfáticos eferentes dos gânglios popliteus seguem os vasos femorais

superficiais e terminam nos gânglios inguinais profundos que são 2 ou 3 gânglios situados por dentro da

veia femoral e dos quais o mais superior é denominado gânglio de Cloquet. Estes gânglios recebem

ainda, para além da drenagem dos linfáticos profundos do membro inferior, a linfa da glande ou do clítoris

e a proveniente do grupo inguinal superficial. Os seus vasos eferentes dirigem-se para os gânglios ilíacos

externos.

4. DRENAGEM LINFÁTICA DA CAVIDADE PÉLVICA

A localização dos grupos ganglionares na cavidade pélvica acompanha os principais pedículos

vasculares. Existem, assim, uma cadeia ilíaca externa que recebe principalmente a linfa do membro

inferior, uma cadeia ilíaca interna que recebe uma parte da linfa dos órgãos daquela cavidade, uma

cadeia ilíaca primitiva para onde confluem as anteriores e ainda uma cadeia pré-sagrada acompanhando

os vasos com o mesmo nome.

CADEIA ILÍACA EXTERNA

Esta cadeia é composto por cerca de 10 gânglios que rodeiam os vasos ilíacos externos recebendo os

vasos provenientes dos gânglios inguinais profundos e assim do membro inferior, do qual recebem ainda

a cadeia que acompanha os vasos obturadores.

A esta cadeia chegam também vasos linfáticos provenientes da bexiga, da uretra, do útero e da próstata,

bem como da parte inferior da face interior da parede abdominal através dos vasos linfáticos que

acompanham os vasos epigástricos inferiores.

Os eferentes da cadeia ilíaca externa drenam para os gânglios da cadeia ilíaca primitiva.

CADEIA ILÍACA INTERNA

Os gânglios linfáticos que formam esta cadeia são 4 a 8 e localizam-se à volta da ramificação dos vasos

hipogástricos. Recebem vasos linfáticos provenientes das vísceras da cavidade pélvica e também da

região glútea através das cadeias que acompanham os vasos glúteos e isquiáticos. Os seus vasos

eferentes dirigem-se à cadeia ilíaca primitiva.

CADEIA ILÍACA PRIMITIVA

Os gânglios ilíacos primitivos localizam-se à volta dos vasos com o mesmo nome desde a bifurcação da

aorta até ao início das ilíacas externa e interna. Colectam a linfa proveniente da cadeia ilíaca externa (e

assim dos membros inferiores), da cadeia ilíaca interna (e assim da cavidade pélvica) e, ainda, alguns

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vasos linfáticos que vêm directamente da próstata, do útero, da vagina e da uretra. A sua drenagem faz-

se na direcção dos vasos lombo-aórticos.

CADEIA PRÉ-SAGRADA

Os gânglios que formam esta cadeia situam-se sobre a face anterior do sacro, lateralmente em relação ao

recto. Recebem vasos linfáticos da parede posterior da cavidade pélvica e do recto e drenam para os

gânglios ilíacos primitivos e lombo-aórticos.

DRENAGEM LINFÁTICA DA BEXIGA

Faz-se principalmente em direcção aos gânglios ilíacos externos e primitivos e, também, a alguns

gânglios da cadeia hipogástrica. Por vezes intercalam-se no trajecto daqueles vasos eferentes alguns

gânglios para-vesicais.

DRENAGEM LINFÁTICA DA PRÓSTATA

Faz-se a partir de uma rede peri-prostática de onde se originam 4 vias principais: ilíaca externa em

direcção à cadeia com o mesmo nome; ilíaca interna em direcção, também, à cadeia homónima; posterior

em direcção aos gânglios da cadeia pré-sagrada e uma via inferior que através do trajecto dos vasos

pudendos internos atinge a cadeia hipogástrica.

DRENAGEM LINFÁTICA DO OVÁRIO

Existem 2 vias principais de drenagem linfática do ovário: uma que acompanha o pedículo utero-ovárico e

termina à direita nos gânglios latero-aórticos direitos, e à esquerda nos gânglios do pedículo renal

esquerdo e latero-aórticos esquerdos.

DRENAGEM LINFÁTICA DO ÚTERO

No estudo da drenagem linfática do útero é preciso distinguir 2 regiões: o colo e o corpo. Os linfáticos do

colo drenam principalmente para os gânglios ilíacos externos e, inconstantemente, para as cadeias

hipogástrica e ilíaca primitiva. Os linfáticos do corpo dirigem-se para os gânglios lombo-aórticos atingindo

principalmente as cadeias latero e pré-aórticas para os gânglios ilíacos externos, e mesmo, por vezes, por

uma via que acompanha o ligamento redondo, para os gânglios inguinais superficiais.

DRENAGEM LINFÁTICA DO RECTO

Na drenagem linfática do recto há a distinguir 3 regiões: uma inferior que diz respeito à região anal e cujos

eferentes se dirigem aos gânglios inguinais superficiais, principalmente aos grupos internos; uma zona

média cujas vias acompanham os vasos hemorroidários médios em direcção aos gânglios hipogástricos;

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e uma zona superior que drena para a cadeia mesentérica inferior seguindo este pedículo vascular. Esta

é a mais importante via de drenagem linfática do recto.

5. DRENAGEM LINFÁTICA DO ABDÓMEN

Na sistematização dos grupos ganglionares linfáticos do abdómen consideram-se gânglios parietais

(localizados junto às paredes da cavidade), e gânglios viscerais (em relação com as vísceras nele

contidas).

SISTEMA PARIETAL

O sistema ganglionar parietal do abdómen comporta as cadeias relacionadas com a parede antero-lateral

e que são as cadeias epigástrica umbilical e circunflexa ilíaca e as relacionadas com a parede posterior

que constituem o grande confluente linfático formado pelos gânglios lombo-aórticos. As cadeias

epigástrica e circunflexa ilíaca situam-se em relação com os vasos epigástricos inferiores e circunflexos

ilíacos profundos, respectivamente. Os gânglios da cadeia umbilical têm uma localização ao nível da face

interior do umbigo com alguns gânglios infra-umbilicais. Todas estas cadeias drenam linfa da face interior

da parede umbilical antero-lateral, e os vasos eferentes dirigem-se às cadeias ilíacas externa e primitiva

comunicando, também, os gânglios umbilicais com as cadeias juxta-frénicas torácicas.

Os gânglios do grupo lombo-aórtico são em número de 40 a 50 dispostos à volta da aorta abdominal e da

veia cava inferior. Sistematizam-se em 4 cadeias consoante a sua relação com a aorta: cadeia pré-aórtica

(grupos renal e mesentérica inferior); cadeia latero-aórtica; cadeia retro-aórtica; cadeia latero-aórtica

direita. Esta é formada pelos gânglios que envolvem a veia cava inferior e, assim, apresenta gânglios pré-

cávicos, inter-aórtico-cávicos e latero-cávicos direitos.

Aos gânglios lombo-aórticos chega a linfa vinda das cadeias ilíacas primitivas e pré-sagrada, a linfa

parietal do abdómen, parte da drenagem linfática do testículo, do ovário, do útero, do rim, da glândula

supra-renal, bem como parte da linfa visceral do andar supra-mesocólico do abdómen.

Este conjunto ganglionar constitui um importante núcleo linfático que concentra a linfa da metade inferior

do corpo. Destes gânglios resultam os troncos eferentes lombares direito e esquerdo que, unindo-se ao

tronco intestinal que concentra a linfa visceral do abdómen, formando o canal torácico sendo este uma via

rápida de transporte da linfa ao sistema venoso no confluente jugulo-subclávio esquerdo.

SISTEMA VISCERAL

Como no resto do corpo, também na cavidade abdominal os grupos ganglionares com os respectivos

vasos se situam predominantemente em relação com os vasos sanguíneos aí existentes. Assim, a

nomenclatura das cadeias linfáticas viscerais do abdómen segue, de modo geral, a dos principais vasos.

Consideram-se neste sistema 6 cadeias principais: cadeia do tronco celíaco, da artéria coronária

estomáquica, da artéria esplénica, da artéria hepática, da artéria mesentérica superior e da artéria

mesentérica inferior.

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A cadeia do tronco celíaco é composta por alguns gânglios localizados junto à daquele tronco.

A cadeia da artéria coronária estomáquica dispõe-se à volta da foice daquela artéria, bem como no seu

trajecto ao longo da pequena curvatura do estômago. Subdivide-se em gânglios da foice da coronária no

seu segmento inicial, gânglios da pequena curvatura e gânglios juxta-cárdicos localizados junto ao

esófago abdominal e da transição esófago-gástrica.

A cadeia esplénica é também constituída por gânglios que acompanham todo o trajecto desta artéria ao

longo do bordo superior do pâncreas (gânglios supra-pancreáticos), por gânglios situados no hilo do baço

(gânglios esplénicos), e por gânglios dispostos à volta da artéria gastro-epiplóica esquerda (da qual são

homónimos).

A cadeia da artéria hepática é formada por gânglios que se dispõem à sua volta (gânglios da artéria

hepática), por gânglios anexos ao piloro (gânglio pilórico) e gânglios relacionados com a artéria gastro-

epiplóica dieita, por gânglios relacionados com as arcadas pancreáticas (gânglios pancreático-duodenais),

por um gânglio cístico relacionado com o canal do mesmo nome e que participa na drenagem linfática da

vesícula biliar.

As cadeias mesentérica superior e mesentérica inferior compõem-se de gânglios situados ao longo dos

eixos principais desta artéria e por gânglios localizados no mesentério e no mesocólon. Assim, observa-se

um grupo central relacionado com os grandes vasos, ou seja, os pedículos mesentéricos e, finalmente,

um grupo intermediário situado entre os dois.

O sentido da corrente linfática visceral faz-se normalmente no sentido centrípeto, ou seja, em direcção à

cadeia do tronco celíaco e das artérias mesentéricas. Daqui partem alguns linfáticos directamente para os

gânglios lombo-aórticos o que acontece principalmente no andar supramesocólico, mas a maior parte da

linfa mesentérica é concentrada num tronco intestinal que vai contribuir para a formação do canal torácico

na porção superior do retro-peritoneu ou mesmo já na cavidade torácica.

A inversão da corrente linfática por fenómenos obstrutivos, por exemplo no contexto da metastização

tumoral, pode assumir grande importância visto que estas correntes retrógradas podem levar linfa (e

disseminar metástases) para zonas não habituais.

DRENAGEM LINFÁTICA DO FÍGADO

Os linfáticos do fígado dividem-se em colectores superficiais e profundos. A drenagem dos colectores

superficiais varia nas 3 faces do fígado.

Na face posterior os colectores superficiais drenam pelos ligamentos triangular, direito e falciforme

atingindo os gânglios juxta-esofágicos e juxta-frénicos direitos. Outros colectores drenam para os gânglios

do tronco celíaco e da mesentérica superior.

Na face superior a drenagem faz-se, à direita, para os gânglios juxta-pericárdicos através de colectores

transdiafragmáticos e da via para-cávica. À esquerda a drenagem faz-se para a cadeia coronária

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estomáquica, por gânglios latero-aórticos esquerdos e por colectores transdiafragmáticos para gânglios

juxta-frénicos e juxta-pericárdicos.

Na face inferior, a drenagem faz-se à direita para gânglios latero-aórticos direitos e da cadeia da artéria

hepática. À esquerda, os colectores atingem os gânglios do pedículo hepático.

Os colectores profundos classificam-se em ascendentes que atingem, acompanhando as veias supra-

hepáticas, os gânglios juxta-frénicos torácicos direitos, e descendentes seguindo o pedículo hepático e

terminando em gânglios das artérias hepática e coronária estomáquica.

DRENAGEM LINFÁTICA DO ESTÔMAGO

O estômago apresenta uma rede linfática mucosa, uma rede sub-mucosa e uma rede sub-peritoneal.

Destas, a drenagem varia consoante as regiões anatómicas. Na zona formada pelos 2/3 internos da

porção vertical o fluxo faz-se para a cadeia coronária estomáquica com os 3 grupos ganglionares já

descritos. Na porção do estômago formada pelos 2/3 externos da porção vertical a drenagem faz-se para

os gânglios da cadeia esplénica e da cadeia mesentérica superior.

A região do antro pode ser dividida numa zona superior que drena principalmente para o gânglio pilórico,

para os gânglios retro-pilóricos e para a cadeia da artéria hepática, e numa zona inferior que drena para

os gânglios pancreático-duodenais, retro-pilóricos, gastro-epiplóicos direitos e mesentéricos superiores.

Parte da linfa do estômago, principalmente da região superior, pode atingir rapidamente o tórax e as

regiões supra-claviculares através de vias abdomino-torácicas como a via para-esofágica e a via para-

cávica.

DRENAGEM LINFÁTICA DO INTESTINO DELGADO

O intestino delgado apresenta um plexo linfático mucoso, um sub-mucoso, outro inter-muscular e,

finalmente, um sub-seroso. Daqui, a linfa atinge os gânglios mesentéricos juxta-intestinais, depois os

intermediários e, por fim, os centrais (principalmente do grupo mesentérico superior), indo toda a linfa

destes para o tronco intestinal.

DRENAGEM LINFÁTICA DO CÓLON

O cólon apresenta os mesmos plexos e destes a linfa atinge também os gânglios juxta-intestinais (para-

cólicos e epicólicos), intermédios e centrais dos grupos mesentéricos superior e inferior.

DRENAGEM LINFÁTICA DO PÂNCREAS

A drenagem linfática do pâncreas inicia-se numa rede perilobular. Desta partem colectores linfáticos que

saem pelas faces e pelos bordos.

Os colectores da cauda do pâncreas atingem os gânglios da cadeia esplénica. Os colectores superiores

atingem os gânglios supra-pancreáticos e da cadeia coronária estomáquica, e os colectores inferiores

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dirigem-se para os gânglios pancreáticos inferiores, mesentéricos superiores e latero-aórticos esquerdos.

A cabeça do pâncreas drena para os gânglios pilóricos, pancreático-duodenais, mesentéricos superiores

e latero-aórticos direitos.

DRENAGEM LINFÁTICA DO RIM

Os colectores linfáticos parenquimatosos do rim têm a sua drenagem à direita para os gânglios latero-

aórticos direitos (pericávicos) e à esquerda para os grupos latero-aórticos esquerdos.

A rede linfática da cápsula adiposa renal converge para os gânglios de drenagem renal e comunica com

os linfáticos do peritoneu e diafragma, e à direita com os linfáticos da face inferior do fígado, do cólon

direito, do cego e do apêndice. À esquerda não apresenta comunicação com os linfáticos do cólon.

6. DRENAGEM LINFÁTICA DO TÓRAX

A sistematização dos grupos ganglionares linfáticos torácicos considera gânglios parietais, que recebem

principalmente a linfa das paredes da cavidade, e gânglios viscerais que drenam os órgãos aí existentes.

SISTEMA PARIETAL

Nos gânglios linfáticos parietais do tórax distinguem-se 3 grupos: grupo parietal posterior; grupo da cadeia

mamária interna e grupo diafragmático.

No grupo parietal posterior consideram-se alguns gânglios pré-vertebrais e diferentes gânglios intercostais

localizados entre a cabeça da costela respectiva e a pleura parietal. Estes gânglios drenam a parede

postero-lateral do tórax, a pleura parietal costal e anastomosam-se com a rede linfática raquidiana. A

terminação dos vasos eferentes varia com os espaços intercostais: os do 1º e 2º espaços dirigem-se à

base do pescoço até ao confluente venoso jugulo-subclávio; os dos restantes espaços intercostais

terminam directa ou indirectamente no canal torácico.

A cadeia mamária interna é constituída por 6 a 10 gânglios situados ao longo daqueles vasos. Recebe a

linfa da porção supra-umbilical da parede abdominal anterior, da parte anterior dos espaços intercostais e

dos quadrantes internos da mama. A drenagem eferente faz-se para o tronco bronco-mediastínico.

Os gânglios diafragmáticos dispõem-se em pequenos conjuntos à volta da base do pericárdio sobre a

convexidade do diafragma. Dividem-se em gânglios anteriores ou pré-pericárdicos, e laterais ou latero-

pericárdicos. Este grupo de gânglios recebe linfa do diafragma, da pleura diafragmática, do pericárdio, do

peritoneu diafragmático e do fígado, pela via transdiafragmática de Kuttner. Os linfáticos eferentes

dirigem-se à cadeia mamária interna e aos gânglios mediastínicos anteriores e posteriores.

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SISTEMA VISCERAL

Os grupos ganglionares que drenam as vísceras torácicas sistematizam-se em gânglios mediastínicos

anteriores, gânglios mediastínicos posteriores, gânglios peri-traqueo-brônquicos e gânglios

intrapulmonares.

Os gânglios mediastínicos anteriores ou pré-vasculares localizam-se no mediastino antero-superior, à

frente dos grandes vasos. Dividem-se em 3 cadeias: mediastínica anterior direita ou pré-venosa, que

acompanha a veia cava superior; mediastínica anterior esquerda, pré-artérial ou pré-aórtico-carotídea; e

mediastínica anterior transversal, que anastomosa entre si as duas cadeias precedentes.

Os gânglios mediastínicos anteriores recebem linfa do timo e do coração, e os vasos eferentes terminam

nos gânglios peri-traqueo-brônquicos e no canal torácico.

Os gânglios mediastínicos posteriores ou juxta-esofágicos podem ser peri ou retro-esofágicos consoante

a sua localização em relação àquele órgão. Contribuem para a drenagem linfática do mediastino posterior

e, sobretudo, do esófago. Os vasos eferentes dirigem-se em cima para as cadeias cervicais profundas e

em baixo para o canal torácico.

Os gânglios peri-traqueo-brônquicos localizam-se entre os 2 grupos anteriores, na parte média do tórax.

Rodeiam a traqueia e os brônquios, e dividem-se em vários subgrupos: gânglios peri-traqueais, gânglios

da bifurcação da traqueia e gânglios peribrônquicos.

No subgrupo peri-traqueal considera-se uma cadeia latero-traqueal direita, que recebe a linfa do pulmão

direito e da parte inferior do pulmão esquerdo; uma cadeia latero-traqueal esquerda ou recorrencial,

drenando o pulmão esquerdo; e uma cadeia retro-traqueal.

Os gânglios inter-traqueo-brônquicos situam-se abaixo da carina ligando o subgrupo peri-traqueal aos

subgrupos peri-brônquicos que acompanham os pedículos pulmonares em toda a sua extensão.

Além dos órgãos mediastínicos adjacentes, este grupo recebe ainda linfa abdominal proveniente da via

periesofágica que atingem principalmente os gânglios brônquicos esquerdos.

Os vasos eferentes contribuem para a formação do tronco broncomediastínico homolateral e atingem

também directamente os gânglios supraclaviculares, mais frequentemente à esquerda.

Os gânglios intrapulmonares distribuem-se na espessura do tecido pulmonar ao nível da bifurcação

brônquica.

DRENAGEM LINFÁTICA DO CORAÇÃO

A drenagem linfática do coração faz-se através de 3 redes linfáticas: sub-epicárdica, sub-endocárdica e

intra-miocárdica. Estas redes terminam nos grupos ganglionares mediastínicos anterior e peri-traqueo-

brônquico.

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DRENAGEM LINFÁTICA DO PULMÃO

Os linfáticos pulmonares originam-se em finas redes lobares independentes pelo que em cada pulmão

existem 3 territórios linfáticos: superior, medio e inferior.

No pulmão direito o território superior é tributário dos gânglios latero-traqueais direitos; o território inferior,

dos inter-traquo-brônquicos; e o território médio, de ambos os grupos precedentes.

No pulmão esquerdo o território superior drena para as cadeias latero-traqueal esquerda e mediastínica

anterior; o território médio drena também para a cadeia mediastínica anterior; e o território inferior para as

cadeias latero-traqueal esquerda, inter-traqueo-brônquica e latero-traqueal direita.

DRENAGEM LINFÁTICA DO ESÓFAGO

O esófago possui uma rede linfática submucosa na continuidade da faringe e uma rede muscular que

recebe a linda de toda a espessura do órgão. Estas redes atingem no esófago cervical os gânglios das

cadeias jugular interna e recorrencial; no esófago torácico os gânglios peri-esofágicos, os gânglios

mediastínicos posterior e o canal torácico; e no esófago abdominal os gânglios do cardia e da pequena

curvatura do estômago.

DRENAGEM LINFÁTICA DA MAMA

A principal via de drenagem linfática da mama faz-se na direcção dos gânglios axilares para onde conflui

cerca de 75 % da linfa daquela glândula. Originando-se na rede linfática sub-areolar esta via termina

principalmente nos gânglios do grupo torácico externo e no grupo supraclavicular por uma via

transpeitoral ou contornando inferior e posteriormente os músculos peitorais (via retropeitoral). Esta via

transporta linfa de toda a glândula mas principalmente dos quadrantes externos.

A drenagem dos quadrantes internos atinge também a cadeia mamária interna atravessando a parede

torácica e ainda os linfáticos da mama contralateral (via inter-mamária).

Os quadrantes superiores da mama emitem também vasos linfáticos directamente para os gânglios

supraclaviculares.

Gerota descreveu uma outra via linfática de drenagem directa trans-parieto-diafragmática entre a glândula

mamária e as faces superior e anterior do figado.

7. GRANDES VIAS LINFÁTICAS ABDOMINAIS E TORÁCICAS

As vias linfáticas abdomino-torácicas apresentam grande importância porque podem rapidamente

transportar à distância a linfa originada na parte inferior do corpo ou cavidade abdominal. Esta

característica, consequência da sua pobreza em gânglios intercalados (o que constitui a principal

diferente em relação às vias linfáticas habituais), assume grande relevância na disseminação tumoral.

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CANAL TORÁCICO

O canal torácico constitui a grande via de drenagem linfática das regiões abaixo do diafragma. A sua

origem resulta da união de 3 troncos: o tronco intestinal, que drena a linfa do território mesentérico

superior (e, assim, a linfa da maior parte do tubo digestivo); e os troncos lombares, esquerdo e direito,

que se originam no grande centro de confluência linfática que são os gânglios lombo-aórticos. Quando a

união destes troncos se faz simultaneamente abaixo do diafragma (35 % dos casos), a origem do canal

torácico apresenta uma dilatação conhecida por Cisterna de Pecquet. Quando a origem do canal torácico

é alta, acima do diafragma, verifica-se a união do tronco intestinal ao tronco lombar esquerdo dentro do

abdómen e a junção deste tronco comum com o tronco lombar direito só ocorre já na cavidade torácica,

formando aqui o canal torácico. Este vai percorrer a face latero-direita da aorta, à frente dos corpos

vertebrais, para terminar no confluente venoso jugulo-subclávio esquerdo (ângulo de Pirogoff esquerdo),

fazendo um trajecto final em forma de crossa. É nesta que vão desembocar os troncos jugular, braquial e

bronco-mediastínico esquerdos.

VIA PARAESOFÁGICA DE SANTOS FERREIRA

Esta via tem o seu ponto de partida nos gânglios do cardia que, com os plexos linfáticos esofágicos,

atinge directamente os gânglios brônquicos esquerdos e daí a cadeia latero-traqueal esquerda e os

gânglios supraclaviculares esquerdos. É neste contexto que frequentemente se encontra na fossa

supraclavicular a metastização de tumores gástricos, esofágicos ou brônquicos.

VIA PARA-CÁVICA

Através de uma via linfática que acompanha o trajecto diafragmático da veia cava inferior faz-se a

comunicação das cadeias ganglionares para-aórticas com os gânglios juxta-frénicos direitos. Destes a

corrente linfática pode atingir os gânglios supra-claviculares através das cadeias mamária interna e

mediastínica anterior.

VIAS TRANS-DIAFRAGMÁTICA DE KUTTNER

Kuttner descreveu esta via que consiste em numerosos vasos linfáticos perfurantes do diafragma que

fazem comunicar vias abdominais com vias torácicas, constituindo um mecanismo de difusão linfática

importante.

VIA PARA-UMBILICAL

Esta via é formada por colectores que seguem o ligamento redondo ou a aponevrose umbilico-pré-vesical,

atingindo gânglios juxta-frénicos torácicos.