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Mecanização Agrícola Mecanização agrícola com tração animal INTRODUÇÃO o uso de animais como fonte de tração é um fato bem antigo no Brasil, mas durante muito tempo ficou esque- cido nos programas de pesquisa e ex- tensão. A partir de 1979, o Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Ârido - CPA TSA iniciou ·os pri- meiros trabalhos com objetivo de me- canizar, por meio de tração animal, sis- temas de cultivos adequados às condi- ções do trópico semi-árido. Em abril de 1980, esses trabalhos no CPATSA foram reforçados através do convênio Fumado entre a EMBRAP A/ EMBRA TER/CEEMA T (Centre D 'Études et Experimenta tio n du Machinisme Agrico/e Tropical). O projeto tem por objetivo expe- rimentar, desenvolver e difundir a mecanização agrícola a tração animal, adequada ao relevo e ao solo das pe- quenas e médias propriedades, na re- gião Nordeste e posteriormente a outras regiões do Brasil, para verificar sua adaptação às condições locais, principalmente no que se refere ao pre- paro do solo, semeadura, tratos cultu- rais e colheita. Trata-se então de um programa integrado pesquisa-extensão rural - indústrias fabricantes de má- quinas agrícolas. Todas as atividades desenvolvidas na pesquisa da mecaniza- ção a tração animal serão em função desses três segmentos; desenvolvimen- to, experimentação e difusão. EXPERIMENTAÇÃO EM MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA A Experimentação é Realizada em Três Níveis O primeiro nível (Anexo 1) tem por objetivo estudar as especificações 30 Vicente Baron Consultor Convênio EMBRAPA/EMBRATER/CEEMAT José Barbosa dos Anjos Pesquisador/CPATSA/EMBRAPA ANEXO 1. CONTROLE DAS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS OBJETNO - Visa avaliar, através de uma metodologia padrão, as caracterís- ticas técnicas de cada máquina, força requerida e qualidade de trabalho. EXPERIMENTAÇÃO - ARADOS Especificações Técnicas Testes de Campo - Modelo - Largura e Profundidade de Trabalho - Dimensões - Perfil da Aração - Características de Construção - Grau de Afofamento (Estimativa) - Dispositivos de Regulagem - Esforço de Tração EXPERIMENT AÇÃO-PLANT ADEIRAS Especificações Técnicas Testes de Campo - Modelo - Regularidade de Plantio - Características e Dimensões - Densidade - Sistemas de Distribuição - Profundidade - Sistema de enterramento - Eficiência em Várias Condições de Umidade - Dispositivos de Regulagem - Esforço de Tração EXPERIMENTAÇÃO-CULTN ADORES Especificações Técnicas Testes de Campo - Modelo - Largura e Profundidade de Trabalho - Características e Dimensões - Perfil Resultante - Tipos de Enxadas - Eficiência - Regulagens - Esforço de Tração. técnicas e as características de constru- ção das máquinas. Esse estudo é reali- zado em condições de laboratório, com bancos de ensaios onde se faz, por exemplo a análise da máquina, do ponto de vista da resistência aos esfor- ços de tração. Também são feitas aná- lises em condições de campo. Através de metodologia simples, é possível comparar diversos tipos de equipamentos quer sejam eles já dis- poníveis no mercado, importados ou protótipos. O segundo nível (Anexo 2) tem por objetivo estudar a máquina como componente de uma linha de mecani- zação de um sistema de cultivo. Essa experimentação é realizada no campo, em colaboração com pesquisadores de outras áreas ( Manejo de Solo, Fito- tecnia). Simultaneamente, estão sendo im- plantados testes em nível de produtor, com acompanhamento das EMATER's estaduais sob coordenação da EMBRA- TER. Os objetivos desses testes são comparar, em condições reais de uso, o desempenho das máquinas nas técnicas agrícolas que estão sendo experimen- tadas, com as máquinas e técnicas agrí- colas já usadas pelo agricultor. Inf. Agropec. Belo Horizonte, 2. (103) julho/1983

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Mecanização Agrícola

Mecanização agrícolacom tração animal

INTRODUÇÃO

o uso de animais como fonte detração é um fato bem antigo no Brasil,mas durante muito tempo ficou esque-cido nos programas de pesquisa e ex-tensão.

A partir de 1979, o Centro dePesquisa Agropecuária do TrópicoSemi-Ârido - CPA TSA iniciou ·os pri-meiros trabalhos com objetivo de me-canizar, por meio de tração animal, sis-temas de cultivos adequados às condi-ções do trópico semi-árido. Em abrilde 1980, esses trabalhos no CPATSAforam reforçados através do convênioFumado entre a EMBRAP A/EMBRA TER/CEEMA T (CentreD 'Études et Experimenta tio n duMachinisme Agrico/e Tropical).

O projeto tem por objetivo expe-rimentar, desenvolver e difundir amecanização agrícola a tração animal,adequada ao relevo e ao solo das pe-quenas e médias propriedades, na re-gião Nordeste e posteriormente aoutras regiões do Brasil, para verificarsua adaptação às condições locais,principalmente no que se refere ao pre-paro do solo, semeadura, tratos cultu-rais e colheita. Trata-se então de umprograma integrado pesquisa-extensãorural - indústrias fabricantes de má-quinas agrícolas. Todas as atividadesdesenvolvidas na pesquisa da mecaniza-ção a tração animal serão em funçãodesses três segmentos; desenvolvimen-to, experimentação e difusão.

EXPERIMENTAÇÃO EMMECANIZAÇÃO AGRÍCOLA

A Experimentação é Realizada emTrês Níveis

O primeiro nível (Anexo 1) tempor objetivo estudar as especificações

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Vicente BaronConsultor Convênio

EMBRAPA/EMBRATER/CEEMATJosé Barbosa dos Anjos

Pesquisador/CPATSA/EMBRAPA

ANEXO 1.

CONTROLE DAS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

OBJETNO - Visa avaliar, através de uma metodologia padrão, as caracterís-ticas técnicas de cada máquina, força requerida e qualidade detrabalho.

EXPERIMENTAÇÃO - ARADOS

Especificações Técnicas Testes de Campo- Modelo - Largura e Profundidade de Trabalho- Dimensões - Perfil da Aração- Características de Construção - Grau de Afofamento (Estimativa)- Dispositivos de Regulagem - Esforço de Tração

EXPERIMENT AÇÃO-PLANT ADEIRAS

Especificações Técnicas Testes de Campo- Modelo - Regularidade de Plantio- Características e Dimensões - Densidade- Sistemas de Distribuição - Profundidade- Sistema de enterramento - Eficiência em Várias Condições de

Umidade- Dispositivos de Regulagem - Esforço de Tração

EXPERIMENTAÇÃO-CULTN ADORES

Especificações Técnicas Testes de Campo- Modelo - Largura e Profundidade de Trabalho- Características e Dimensões - Perfil Resultante- Tipos de Enxadas - Eficiência- Regulagens - Esforço de Tração.

técnicas e as características de constru-ção das máquinas. Esse estudo é reali-zado em condições de laboratório, combancos de ensaios onde se faz, porexemplo a análise da máquina, doponto de vista da resistência aos esfor-ços de tração. Também são feitas aná-lises em condições de campo.

Através de metodologia simples, épossível comparar diversos tipos deequipamentos quer sejam eles já dis-poníveis no mercado, importados ouprotótipos.

O segundo nível (Anexo 2) tempor objetivo estudar a máquina comocomponente de uma linha de mecani-

zação de um sistema de cultivo. Essaexperimentação é realizada no campo,em colaboração com pesquisadores deoutras áreas ( Manejo de Solo, Fito-tecnia).

Simultaneamente, estão sendo im-plantados testes em nível de produtor,com acompanhamento das EMATER'sestaduais sob coordenação da EMBRA-TER. Os objetivos desses testes sãocomparar, em condições reais de uso, odesempenho das máquinas nas técnicasagrícolas que estão sendo experimen-tadas, com as máquinas e técnicas agrí-colas já usadas pelo agricultor.

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Mecanização Agrícola

Anexo 2 - Testes em Sistema de Cultivo.

Objetivo: Avaliar o desempenho operacional das máquinas em sistemas decultivo, adaptados às condições do trópico semi-árido,

Níveis de Animal de EquipamentosMecanização Tração

Tradicional leve Uma mula Arado simplesRiscador manualPlantadeira manualCultivador tradicional

Tradicional médio Uma junta de bois Arado reversívelpara aração. Cultivado r + riscador

Um boi para outras Plantadeira traçãooperações. animal uma linha

Cultivado r tradicional

Chassi polivalente leve Uma mula Arado simplesRiscador duas linhasPlantadeira tração-animal.

3/4 enxadas de cultivoChassi polivalente médio Uma junta de bois Arado reversível

para aração. Riscador 3 linhas

Um boi para outras Plantadeira traçãooperações animal.

Uma junta de bois 5/7 enxadas de cultivoChassi polivalente para todas as ope- Arado reversível oupesado ações. ou dois arados simples

2 plantadeirasI

9/11 enxadas de cultivo

- Um arado fabricado por arte-são do Ceará (Morada Nova), a partirde um modelo antigo importado da In-glaterra;

- dois arados fabricados no esta-do de São Paulo; um simples sem roda eum reversível com uma roda de apoio;

- um arado simples acopladonum chassi polivalente, nível médio,

OUTROS TESTESJÁ REALIZADOS

Comparação do Desempenho de Ara-dos.

Foram experimentados, em testescomparativos, de esforço de tração,quatro arados diferentes, sendo:

com duas rodas de apoio. Os testes fo-ram conduzidos nos campos experi-mentais do CPATSA, num solo classi-ficado como Podzólico-planolozado-amarelo, com 84% de areia no horizon-te A O - 20 em,

A Tabela 1 apresenta algumas ca-racterísticas técnicas dos arados usadosnos testes e a Tabela 2 apresenta os re-sultados dos testes.

Avaliação de Esforços Tratórios naAração, dos Três Chassis Polivalentes

O experimento foi conduzido nocampo experimental do CPATSA, eteve como objetivo avaliar a influênciado tipo de chassi sobre o esforço detração. Foram utilizados os três chas-sis polivalente já citados, onde foramadaptados os arados.

A Tabela 3 resume os resultadosobtidos.

Foi observada uma influência dopeso sobre o esforço de tração.

Considerando-se o esforço total, oexperimento mostra um aumento de9% no esforço necessário para tracio-nar o policultor 600, em relação ao es-forço necessário para tracionar o poli-cultor 300, em função de um aumentode peso de 27% do poli cultor 600 parao policultor 300.

O experimento mostra, também,um aumento de 19% no esforço neces-sário para tracionar o policultor 1500em relação ao esforço necessário paratracionar o policultor 300, em funçãode um aumento de peso de 374% dopolicultor 1500 para o policultor 300.

Avaliação do Desempenho Operacionalde Vários Eqnipamentos no Preparodo Solo.

O objetivo foi avaliar os temposnecessários para realizar dois tipos de

TABELA 1- Algumas Características dos Arados Testados

Modelo Aiveca Relha Ângulo Sucção Largura de

Tipo Tipo de Corte de Entrada Vertical Lateral Corte

Artesanal Ceará Cilíndrica Ponta Bicohelicoidal de Pato 10,5° 34,5° 2,0 0,0 30cm

Arado simples26° 46,5° 1,5 0,2 20cmsem roda

Arado reversível42°uma roda de Cilíndrica Comum 29° 1,4 0,6 20cm

apoioArado sobrechassi polivalente Cilíndrica Comum 28° 43,5° 1,5 0,7 20cmmédio com duasrodas

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TABELA 4 - Tempos de Trabalho Para o Preparo do Solo

Preparo do Solo Equipamento Animal de Tração Tempoh/h a

Aração . Arado tradicional simplessem rodas Uma mula 29,45

Arado tradicional rever-sível com roda Uma junta de bois 27,10

Arado acoplado chassipolivalente nível médio Uma mula 19,20

Arado acoplado chassipolivalente nível médio Uma junta de bois 17,50

Arado acoplado chassipolivalente nível pesado Uma junta de bois 19,20

Cultivador tradicional Uma mula I~Passada 2~Passada3,45 3,25

Cultivador tradicional Uma junta de bois 8,25" 8,40Chassi poli valente médiocom oito enxadas tipo picão Uma junta de bois 4 5,20Chassi poli valente pesadocom nove enxadas tipo picão Uma junta de bois 6,15 5,30

Mecanização Agrícola

Tabela 2 - Comparação de Quatro Tipos de Arados - Experimento 1981

Dimensão Seção Esforço deTrabalhada Tracão

Tratamentos Profun- Média dos EsforçoLargura didade Médio Máximo Máximos Específicocm cm kgf kgf kgf kgf/c. 2

Arado 01 23,3 10,3 109 360 254Simples 02 23,1 10,7 103 300 220 46

03 22,4 8,4 95 425 325

Arado 01 19,7 10,6 68 235 172Reversível 02 26,2 9,4 80 175 145 30

03 26,9 10,0 63 225 142

Chassi 01 23,7 12,9 124 290 250Poliva!enteSimples 02 21,5 11,8 121 345 255 33

03 25,7 9,8 67 185 143

Artesana! 01 25,6 10,8 112 350 228CearáSimples 02 27,1 12,2 108 315 205 37

03 26,2 17,6 101 365 243

TABELA 3 - Esforço tratório na aração com três chassis polivalentes.

Peso Largura Profun- Esforço EsforçoPolicultor kg cm didade total específico

cm kg/cm2

300 50,5 20,13 12,13 88,89 0,395600 64,1 22,98 12,03 97,03 0,390

1500 239,3 21,25 12,77 106,17 0,426

preparo do solo, com cinco níveis demecanização diferentes (Tabela 4). Osresultados mostram o melhor desempe-

nho dos equipamentos polivalentes, emcomparação com os equipamentos tra-dicionais, devido principalmente a uma

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Avaliação do esforço tratórioé feita com o uso de dinamômetro.

melhor estabilidade no trabalho, mane-jo mais fácil e largura de trabalhomaior, principalmente no caso da esca-rificação.

Desenvolvimento e Adaptação de Má-quinas. para Plantio e Colheita deCapim-buffel

As áreas de pastos cultivados naszonas serni-áridas do Nordeste, queeram há até pouco tempo inexpressi-

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Mecanização Agrícola

vas, têm-se expandido rapidamentenos últimos anos, principalmente como advento do capim-buffel (Cenchrusciliaris L.). O plantio do capim-buffel,bem como o aproveitamento do exce-dente dessa forrageira, é limitado pelaausência de equipamentos apropriados.

Adaptação de Plantadeira Manual

Para semear 1 ha a lanço ma-nualmente, são necessários aproxima-damente 10 kg de sementes de capim-buffel.

A partir das observações efetuadasem vários tipos de plantadeiras ma-nuais, objetivando melhor conhecerseus mecanismos distribuidores de se-mentes, observou-se a possibilidade deplantar sementes de capim-buffel nasua forma natural. Essa plantadeira éo modelo manual específico para oplantio de algodão herbáceo.

A modificação efetuada na planta-deira consistiu na troca do parafuso deregulagem.

Os testes com a plantadeira mos-traram a possibilidade de semear ape-nas 3 kg/ha de sementes, em fileiras es-paçadas de 0,50 em.

Adaptação .de Semeadeira a TraçãoAnimal

Utilizou-se uma semeadeira a tra-ção animal já existente no mercadobrasileiro, adaptada com o mecanismodistribuidor de sementes específico pa-ra algodão herbáceo. Observou-se queela pode ser utilizada para plantio desementes na sua forma natural, mesmocom alto grau de impurezas.

Obteve-se um peso médio de0,198; 0,605; 1,316 e 1,512 gramaspor metro linear de semeio, correspon-dente respectivamente às aberturas de25%, 50%, 75% e 100% do reguladorde sementes, o que correspondeu àquantidade média de sementes pormetro linear de 72,26; 220,80; 480,29;551,82.

Desenvolvimento de Ceifadeira a Tra-çãoAnimal

Visando a um melhor aproveita-mento do excedente de capim-buffel,através da colocação à disposição dopequeno agricultor de um equipamen-to adequado à colheita, o CPATSAestá desenvolvendo uma ceifadeira atração animal. O equipamento possuirodas metálicas que acionam o sistemade transmissão composto de caixa decâmbio e diferencial, e um jogo de

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Vista geral da ceifadeira a tração animal.

polias acionadas por correias em V.Os primeiros testes no corte de

capim-buffel mostraram os seguintesresultados:

Altura de corte - 12 emLargura de corte - 109 emVelocidade média de desloca-mento - 0,88 m/sEsforço tratório registrado emdinamômetro - 124 kg

Desenvolvimento de uma Colheitadeirade Sementes

Junto a pesquisadores da área deprodução animal do CPATSA, foi de-senvolvida uma colheitadeira manualpara sementes de capim-buffel. O ren-dimento da colheita, obtido em testesrealizados com a máquina foi de 6 kglhora, com o trabalho sendo realizadopor dois operários.

ORIENTAÇÃO ATUALDA EXPERIMENTAÇÃO

O trabalho, que vem sendo desen-volvido atualmente, tem como objetivoprosseguir o aprimoramento de equi-pamentos importados e desenvolvermáquinas e implementos, a partir dosrequerimentos dos produtores brasilei-ros. O trabalho, junto aos extensionis-tas e fabricantes, orientar-se-ã, na me-dida do possível, para um estudo deavaliação e eventual aprimoramentodos equipamentos a tração animal jáexistentes no mercado brasileiro.

PRINCIPAIS ATIVIDADESDE EXPERIMENTAÇÃO

Adaptação de Equipamentos Importa-dos

O trabalho conjunto pesquisa-e x-

tensão-indústria foi iniciado com a ex-perimentação de máquinas e imple-mentos desenvolvidos na África doOeste, e adaptados em várias outras re-giões do mundo, notadamente Ásia eAmérica do Sul. Esses materiais foramdesenvolvidos pelo Dr. Nolle, enge-nheiro francês, especialista em mecani-zação agrícola, que projetou equipa-mentos adequados às condições de pe-quenos e médios agricultores de climatropical.

Alguns exemplares de cada umadessas máquinas e implementos foramfornecidos pela França ao CPATSA,através do convênio EMBRAP AIEMATER/CEEMAT. Após estudosbásicos em campos experimentais,estes materiais começaram a ser testa-dos em nível de produtor, em quatroestados nordestinos (Pernambuco, RioGrande do Norte, Paraíba, Sergipe).Comparou-se o seu rendimento ao demáquinas e implementos tradicionais.O acompanhamento foi feito por téc-nicos das EMATERs e sob orientaçãodos pesquisadores do CPATSA.

Contatos mantidos com fabrican-tes de máquinas agrícolas resultaramnuma visita de vários industriais aoCPATSA, em novembro de 1980.Muitos dos visitantes mostraram-se in-teressados nas máquinas; contudo, so-mente sete meses após, uma empresadefiniu-se pela fabricação, em pré-série,de algumas unidades dos implementose máquinas que estavam sendo objetosde experimentação.

A Ceará Máquinas Agrícolas SIAfabricou, com a orientação dos pesqui-sadores da equipe de mecanização doCPATSA, uma pré-série de dez unida-des, de cada máquina e cada implernen-to. Esses equipamentos, após testespreliminares no campo do Centro de

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Mecanização Agrícola

Treinamento da EMATER-CEARÁ,foram distribuídos para serem testadosnos campos experimentais do CPATSA,e, em nível de produtor, em vários es-tados do Brasil, a saber: Ceará, MinasGerais, Goiás, Paraná, Santa Catarina,Rio Grande do Sul. Nestes estados, fi-caram responsáveis pelos testes, técni-cos das respectivas EMATERs, devida-mente treinados para tal.

Os equipamentos importados sãodenominados Chassis Polivalentes e sãoapresentados em três modelos: leve,médio e pesado.

Para proporcionar maior versatili-dade e menor custo, estes equipamen-tos são baseados num princípio co-mum que se constitui de uma barraporta-implementos, onde podem seracoplados, um de cada vez, diferentestipos de implementos necessários àsoperações de campo. Assim, com umsó chassi, o produtor usa praticamentetodos os implementos agrícolas de queprecisa. Os implementos utilizados sãofabricados especificamente para seremusados neste tipo de chassi. Por outrolado, dada a simplicidade de sua cons-trução, os chassis permitem adaptaçãode outros implementos que não aque-les fabricados especificamente.

Estes equipamentos atendem atrês níveis de produtores.

Chassi modelo leve - (Policultor300 ) - Destina-se a agricultores quecultivam áreas de 2 a 3 ha, e pode sertracionado por um ou dois animais.O chassi é leve (24 kg), datado de umaroda de apoio e, em sua barra porta-implementos podem ser acopladosarado, sulcador, hastes flexíveis comenxadas, asas de andorinha ou outrostipos, e semeadora.

Chassi modelo médio (Policultor600) - é destinado a agricultores quecultivam 6 ha. Pesa 48 kg e pode sertracionado por dois animais. No chas-si, que é retangular, podem ser acopla-dos todos os implementos adaptáveis

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no policultor 300, e mais o ancinhopara enleirar feno, o sulcador tipo ca-navieiro, os sulcadores Standard, o bi-co de pato, e o arado reversível. Oequipamento apresenta como grandecaracterística uma boa estabilidade naaração, em virtude do chassi possuirduas rodas de apoio, permitindo in-clusive ao operador soltar momenta-neamente as rabiças.

I'.,,'-

4

Policultor 600 equipado com plantadeira (foto 4)e, com arado ( foto 4A). Note-se a estabilidade

na aração, (foto 4 A).

Chassi modelo pesado (Policultor1500) - É próprio para o cultivo deáreas de 10 a 15 ha. O chassi é mon-tado sobre rodas de pneus, com bito-la ajustável e sistema de alavanca paralevantar e baixar os implementos. Pos-sui uma barra porta-implementos ondepodem ser acoplados todos os irnple-

mentos adaptáveis ao poli cultor 600,e mais dois arados fixos até 11 enxa-das de cultivo, três sulcadores, canavi-eiros, dois subsoladores, duas semea-deiras, plaina, uma entaipadeira, umsulcador tipo canavieiro.

Pode também servir de carroça,com adaptação de distribuidor de cal-

Poli cultor 300 equipado com arado (foto 3)

e, com hastes flexíveis ( foto 3A).

Inf. Agropec. Belo Horizonte, 2. (103) julhoj1983

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Mecanização Agrícola

Policultor 1500 equipado comdois arados fixos (foto 5). com duas

plantadeiras ( foto 5A) etransformado em carroça (foto 5B).

cário, ou de tanque espalhador de es-terco líquido. Nesse equipamento, oagricultor pode efetuar todos os traba-lhos agrários sentado sobre o chassi.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho conjunto, pesquisa-extensão-indústria, só foi possível.através de um esquema de treinamentodos extensionistas.

De 1980 a 1982 foram treinadosmais de 150 técnicos da extensão e dapesquisa, oriundos de 19 estados e ter-ritórios da Federação: Ao ministrar ostreinamentos, os pesquisadores doCPATSA receberam valiosas informa-ções de técnicos da extensão rural epuderam contactar diretamente comos agricultores das mais diversas re-giões do Brasil. Para reforçar esta ação,a EMBRATER lotou em Pemambucoum técnico cuja função é promover acoordenação das atividades da Exten-são neste trabalho conjunto, na RegiãoNordeste. Desta forma, ele está inte-grado ao CPATSA. Esse fluxo de in-formações e troca de experiências têmpermitido aos pesquisadores conhece-rem melhor as condições que os agri-cultores usam equipamentos a traçãoanimal para, desta forma, proporem osequipamentos e os processos que me-lhor atendam às necessidades do meiorural.

Inf. Agropec. Belo Horizonte. ~ ( 103) julho/1983

Aspecto de treinamento prático deextensionistas e pesquisadores.

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