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1 MATIZES E LAÇOS QUE SE CRUZAM AO BADALO DOS SINOS DO ENSINO RELIGIOSO DO CURSO PRIMÁRIO DO COLÉGIO FARROUPILHA/POA-RS (1940-1970) ALICE RIGONI JACQUES* Ouvir o badalo dos sinos nos remete às lembranças de situações vividas na infância. Estas lembranças são dos domingos de manhã, quando ouvíamos o som dos sinos ecoarem no céu da cidade. Nestes dias vestíamos a roupa mais bonita e o sapato mais novo. O laço do cabelo era o último acessório a ser colocado e combinava com o tecido do vestido que dava o toque final na roupa que usaríamos para o ato ecumênico compartilhado com a família. Na escola nos preparavam também para este momento, aprendíamos a rezar, entoar os cânticos religiosos e a conhecer as histórias da Bíblia. Ah, estes domingos fizeram parte de muitos dias da minha infância e hoje me reporto a eles quando apresento este singelo texto onde meu olhar se volta para algumas reflexões sobre a docência do ensino religioso e a preparação da primeira comunhão, atravessados por uma professora, uma diretora e uma aluna no período de 1940 a 1970, com foco nas suas histórias, tecidas no curso primário do Colégio Farroupilha, escola fundada por alemães de ensino privado e de comunidade laica de Porto Alegre/RS. Mesmo sendo de confissão evangélica, a instituição caracterizou-se por não possuir uma religião oficial, sendo marcada pela interconfessionalidade e o respeito para com a crença protestante 1 e católica. A trajetória destas mulheres expressa sua prática, independente de uma linearidade dos fatos narrados, no qual as memórias de cada uma delas estão ancoradas a partir das suas vivências e das suas lembranças. Assim, a memória ancorada na história individual transcende a própria individualidade e passa a ser compartilhada no domínio da vida comum abordando-se em um sentido coletivo. * Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e doutora do Programa de Pós-Graduação em Educação/PPGE da PUCRS. Assessora do Memorial do Colégio Farroupilha. 1 A confirmação protestante era realizada no templo da Igreja Evangélica de Confissão Luterana, localizado na Rua Senhor dos Passos, fundada no ano de 1865 pela comunidade alemã.

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MATIZES E LAÇOS QUE SE CRUZAM AO BADALO DOS SINOS DO ENSINO

RELIGIOSO DO CURSO PRIMÁRIO DO COLÉGIO FARROUPILHA/POA-RS

(1940-1970)

ALICE RIGONI JACQUES*

Ouvir o badalo dos sinos nos remete às lembranças de situações vividas na infância. Estas

lembranças são dos domingos de manhã, quando ouvíamos o som dos sinos ecoarem no céu da

cidade. Nestes dias vestíamos a roupa mais bonita e o sapato mais novo. O laço do cabelo era

o último acessório a ser colocado e combinava com o tecido do vestido que dava o toque final

na roupa que usaríamos para o ato ecumênico compartilhado com a família. Na escola nos

preparavam também para este momento, aprendíamos a rezar, entoar os cânticos religiosos e a

conhecer as histórias da Bíblia. Ah, estes domingos fizeram parte de muitos dias da minha

infância e hoje me reporto a eles quando apresento este singelo texto onde meu olhar se volta

para algumas reflexões sobre a docência do ensino religioso e a preparação da primeira

comunhão, atravessados por uma professora, uma diretora e uma aluna no período de 1940 a

1970, com foco nas suas histórias, tecidas no curso primário do Colégio Farroupilha, escola

fundada por alemães de ensino privado e de comunidade laica de Porto Alegre/RS. Mesmo

sendo de confissão evangélica, a instituição caracterizou-se por não possuir uma religião oficial,

sendo marcada pela interconfessionalidade e o respeito para com a crença protestante1 e

católica.

A trajetória destas mulheres expressa sua prática, independente de uma linearidade dos

fatos narrados, no qual as memórias de cada uma delas estão ancoradas a partir das suas

vivências e das suas lembranças.

Assim, a memória ancorada na história individual transcende a própria individualidade e

passa a ser compartilhada no domínio da vida comum abordando-se em um sentido coletivo.

* Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e doutora do

Programa de Pós-Graduação em Educação/PPGE da PUCRS. Assessora do Memorial do Colégio Farroupilha. 1 A confirmação protestante era realizada no templo da Igreja Evangélica de Confissão Luterana, localizado na

Rua Senhor dos Passos, fundada no ano de 1865 pela comunidade alemã.

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[...] cada memória individual é um ponto de vista sobre a memória coletiva, e este

ponto de vista muda conforme o lugar que ali ocupo, e que este lugar mesmo muda

segundo as relações que mantenho com outros meios... A sucessão de lembranças,

mesmo daquelas que são mais pessoais, explica-se sempre pelas mudanças que se

produzem em nossas relações com os diversos meios coletivos, isto é, em definitivo,

pelas transformações desses meios, cada um tomado à parte e em seu conjunto

(HALBWACHS, 2006:51).

O contato com os sujeitos envolvidos no estudo se deu a partir de uma entrevista semi-

estruturada no qual duas delas optaram por locais de sua livre escolha. A professora Jacinta de

ensino religioso e responsável pela preparação dos alunos na realização da 1ª comunhão optou

em realizar a entrevista na sua residência. Já a diretora Vera, preferiu que olhássemos os

registros realizados no seu diário quando gestora do curso primário, e a aluna também de nome

Vera, escolheu o memorial do Colégio Farroupilha2 para narrar suas lembranças do tempo de

escola. Nesse viés, Fonseca diz que,

[...] o registro da vida dos professores [e de suas memórias], de suas maneiras de

ser e ensinar, situa-se neste campo movediço em que se cruzam os modos de ser do

indivíduo e o mundo social, as instituições e os diferentes atores, grupos e conflitos

sociais que fazem parte de suas trajetórias (2006:35).

O presente estudo apresenta como objetivo, analisar as memórias destas três mulheres

imbricadas em suas lembranças de um período vivido e que traz à tona reminiscências do ensino

religioso do curso primário e do ritual da 1ª Comunhão realizado numa escola privada e laica

de Porto Alegre/RS, a partir das entrevistas e da análise dos registros realizados no diário.

Ao iniciar este momento de reconstrução do passado a partir das lembranças destas três

personagens, destaco o que Halbwachs diz

Na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar,

com ideias e imagens de hoje, as experiências do passado. A memória não é sonho, é

trabalho. Se assim é, deve-se duvidar da sobrevivência do passado “tal como foi”, e

que se daria no inconsciente de cada sujeito. A lembrança é uma imagem construída

pelos materiais que estão, agora à nossa disposição, no conjunto de representações

que povoam nossa consciência atual (HALBWACHS, 2006 apud BOSI, 1994:55).

2 O Memorial do Colégio Farroupilha foi criado no ano de 2002, e contempla um espaço de exposição, espaço

pedagógico e espaço de pesquisa. Sobre, ver Bastos e Jacques (2014); Jacques e Grimaldi (2013); Jacques (2015).

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Dessa forma inicio apresentando Jacinta, catequista e professora de ensino religioso3

que ingressou na escola na década de 1940, no curso primário do Colégio Farroupilha. Jacinta

além de professora de ensino religioso ministrava aulas de Trabalhos Manuais, no qual ensinava

as alunas a enfiar a linha na agulha, pregar botões, fazer diferentes pontos. Com dia e hora

marcada visitei sua residência com o intuito de revê-la, após tantos anos afastadas. Jacinta foi

professora de várias turmas, nas quais eu era regente da 3ª série do Currículo por Atividades4

na década de 1980. Acredito que a mesma alegria e até certa nostalgia que tomaram conta de

mim naquele momento, estava se manifestando também nesta professora que agora com seus

noventa e tantos anos aceitou o meu convite em visitá-la permitindo realizar esta entrevista5.

Jacinta foi uma professora que viveu momentos difíceis na instituição. Por ser uma escola de

origem alemã e bastante visada durante o período de nacionalização do ensino, tudo leva a crer

que os professores dessa época sofreram as consequências das normatizações governamentais

implantadas para manter a escola ativa e com credibilidade perante o Ministério de Educação e

Saúde Pública, bem como a Secretaria de Educação e Saúde Pública.

Segundo Kreutz (2002:2), a partir de 1938, as escolas étnicas tiveram que adaptar-se a

todo um conjunto de medidas nacionalizadoras, entre as quais o uso obrigatório do idioma

português, o que gerou clima de forte tensão entre instâncias governamentais e lideranças das

escolas étnicas. A manutenção da língua de origem no processo escolar e seu significado para

a dimensão religiosa, salientavam sua reação às medidas de nacionalização homogeneizadora

do currículo.

Para o Ministério, a consolidação da nacionalidade deveria ser a culminação de toda a

ação pedagógica, em nome da qual promoveu-se um vigoroso esforço de nacionalização:

procedeu-se a imposição de um conteúdo nacional ao ensino — consubstanciado na introdução

do ensino religioso nas escolas, posteriormente acrescida de ingredientes de civismo e

patriotismo derivados das vertentes da história mitificada dos heróis e das instituições nacionais

e o culto às autoridades (SCHWARTZMAN, 1984:141).

3 Jacinta ingressou no Colégio Farroupilha como professora de Ensino Religioso e trazia como formação o curso

ginasial realizado no Colégio Bom Conselho e diversos cursos de catequese realizados no Colégio Rosário e na

Catedral Metropolitana de Porto Alegre. 4 Currículo por atividades era a nomenclatura atribuída pela lei 5.692/1961, ao ensino de 1ª à 4ª série. 5 Entrevista realizada na casa da professora no dia 23/02/2016.

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O disciplinamento da licença de professores, do material didático e a proibição da língua

alemã, introduzidos de forma abrupta, influíram negativamente na qualidade do ensino de toda

uma geração de crianças teuto-brasileiras.Ocorreu uma curiosa evolução na relação entre

hierarquia da Igreja Católica e Estado. Quando o contexto político se tornou mais crítico, o

discurso de princípios da hierarquia da Igreja Católica foi se modificando em essência na

questão da competência quanto à escola. Ao contrário do que afirmara anteriormente, em

consonância com a doutrina oficial da igreja, D. João Becker6, Arcebispo de Porto Alegre,

começou a reconhecer a partir do final da década de trinta o direito inalienável do Estado à

educação e ao ensino. Em novo contexto político sugeria e incentivava convênios entre Igreja

Católica e Estado na promoção da escola e do ensino, o que havia proibido anteriormente em

nome da doutrina da igreja. Também suspendeu as sanções anteriormente prescritas aos pais

que enviassem seus filhos à escola pública, como por exemplo, a participação na solenidade da

primeira comunhão Também o governo do estado começou a transigir em alguns princípios,

permitindo o ensino religioso nas escolas públicas (KREUTZ, 2002:15).

Com o novo governo de Vargas e a assunção do modernizador ministro Francisco

Campos, diversas mudanças ocorreram na estrutura educacional. Mesmo sendo Campos ligado

aos católicos, houve protestos católicos contra o laicismo no ensino e em favor da liberdade de

ensino particular, do ensino religioso facultativo nas escolas públicas e do direito natural dos

pais à educação dos filhos. Essa posição contrastava com a do movimento da Escola Nova,

defensora da escola pública, universal e gratuita e da noção de igualdade básica de

oportunidades. Em abril de 1931, a ala católica conseguiu que o ensino religioso se tornasse

facultativo nas escolas públicas: os pais precisavam expressar que não desejavam a presença

dos filhos nas aulas de religião (CUNHA, 1982:442).

Voltando à entrevista com a professora Jacinta e refazendo, reconstruindo e repensando as

experiências e as lembranças do passado no sentido destacado por Halbwachs (2006), achei que

deveria brindar nosso encontro com alguns artefatos escolares. Sendo assim, adentrei nos

arquivos do memorial e selecionei fotografias do grupo de professores do curso primário no

qual Jacinta estava presente e de momentos da 1ª comunhão realizados na Igreja São José

6 Sobre isso, ver Pacheco, Tambara e Cunha (2012:55-74).

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localizada no centro histórico da cidade, para que permitissem evocar as lembranças a partir de

imagens construídas e que estavam à nossa disposição.

Nesse viés, Nora (1984) apud Bosi (1994:16), destaca que “a memória se enraíza no

concreto, no espaço, gesto, imagem e objeto. A história se liga apenas às continuidades

temporais, às evoluções e às relações entre as coisas.”

Jacinta observou as fotografias e neste momento, pude perceber certa melancolia se

manifestar no seu olhar, como se viesse à tona ressurreições do passado. Bergson (1992), diz

que “a lembrança, a imagem que aflora e que torna vivo algo que perdemos anos atrás, traz

novas luzes para os fenômenos surpreendentes da memória individual”. No mesmo instante

Jacinta começou a rememorar os nomes das professoras presentes nas fotografias, o que fez

com que seu semblante a transportasse para um momento de grande afeto e companheirismo

com cada uma das professoras. Após este momento nostálgico, iniciamos nossa conversa sobre

as questões que norteariam o meu estudo.

No início, contou-me que como catequista recebia muitos alunos do Colégio Farroupilha

para a preparação da 1ª Comunhão na Igreja São Manoel7, e que toda experiência recebida como

professora lhe deu condições de seguir trabalhando com as crianças.

Sobre o colégio especificamente, disse que encerrou sua carreira quando completou 70

anos, portanto muito tempo de sua vida foi dedicado à instituição.

Vivi tempos difíceis, pois o colégio sendo alemão enfrentou muitas barreiras e

tínhamos a fama de severos e rígidos. Lembro que quando ingressei, o professor

Álvaro Difini8 era o diretor do colégio, e ele veio numa missão de mostrar à

sociedade que não era alemão e que não iria admitir ataques à instituição. Ele ergueu

a bandeira do Brasil, na frente da escola e disse ao povo que estava ali na frente:

Esta escola é brasileira e seguirá as normas do nosso país! (JACINTA, 23/02/2016).

Na sequência da nossa conversa, Jacinta mencionou que sua vinda para o Colégio

Farroupilha se deu em função de sua irmã Genny, que já era professora da instituição e

recomendou-a para ser a professora do ensino religioso para os alunos católicos devido à

formação que tinha.

Minha irmã me indicou quando o Farroupilha passou a ser brasileiro, daí eles

tiveram que colocar a religião católica, então me inscrevi e me aceitaram, pois na

7 A Paróquia São Manoel é uma das igrejas da Arquidiocese de Porto Alegre. Fundada em 1957, está situada na

Avenida Coronel Lucas de Oliveira, n.° 711, no bairro Mont'Serrat. 8 Álvaro Difini foi diretor do Colégio Farroupilha de 1939 a 1949. Sobre isso, ver Jacques (2015).

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época eles tiveram que colocar a religião católica no currículo. Eu tinha registro da

Secretaria de Educação. Assinei um contrato com a Dona Wilma, que falava cinco

idiomas. Ela viajava muito, conhecia vários países, sem dúvida foi a melhor diretora

de Porto Alegre (JACINTA, 23/02/2016).

Ricoeur (2007: 24), destaca que lembrar-se é ter uma lembrança ou ir em busca de uma

lembrança, nesse sentido o recordar-se da diretora, das impressões despertadas e do significado

representado auxiliam acerca do vivido de fatos e tempos passados, no qual o tempo passado

se presentifica analítica e oralmente. É evidente que tudo isso faz parte de um cenário, de uma

realidade vivida imbricada de sentimentos que busca conectar passado-presente através de

vestígios, pois segundo Tedesco (2004:10), talvez o passado só exista mesmo apenas como

experiência, como imaginação e como afetividade presentista.

Nossa segunda personagem é Vera, diretora do curso primário do período de 1967 a 1988.

Vera nasceu em Porto Alegre, é ex-aluna do Colégio Farroupilha, onde cursou o ensino primário

e ginasial, formando-se professora na Escola Normal do Instituto de Educação Flores da Cunha.

Trabalhou na Secretaria da escola no período de 1951 a 1954, quando entrou no magistério,

sendo professora regente de 1ª e 2ª série do curso primário até 1959. Casou-se e então resolveu

dedicar-se à vida do lar. Em 1964 e 1965, voltou a lecionar algumas horas por semana,

atendendo as turmas das 4ª séries primárias. Em 1966, foi convidada pelo presidente da

Mantenedora na época, a assumir o cargo de diretora do curso primário da escola a partir de

1967, no qual exerceu durante 21 anos. Ao conversar com ela destacou que havia muitos

registros no seu diário9 sobre o ensino religioso e a 1ª comunhão.

O diário realizado no período de 1968 a 197310, contém 186 páginas escritas pela diretora

de um total de 200 folhas. O conteúdo registrado se refere à rotina da escola e à participação

desta mestra nas atividades desenvolvidas pela escola. Mas o que nos interessa neste estudo são

os registros realizados pela diretora sobre o ensino religioso, as celebrações, a confirmação

protestante e a comunhão católica como forma de preparação para a 1ª eucaristia.

Durante os seis anos em que Vera escreveu no diário, destacou que a 1ª comunhão era

ministrada pela professora Jacinta. Neste sentido escreveu:

Realizamos hoje mais um encontro com as mães dos neo-comungantes, com a

presença de Padre Olmiro, que expôs diretrizes modernas da catequese. D. Jacinta,

9 As atividades destacadas no diário da direção também se encontram registradas no Relatório Anual da Direção

pertencentes ao acervo do Memorial do Colégio Farroupilha. 10 Sobre isso, ver Jacques (2015).

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professora catequista, expôs seu plano de trabalho. Combinamos detalhes sobre o

traje, datas e ensaios. Compareceram 25 mães, conforme a lista de assinaturas

(VERA, 10/9/68).

No diário Vera salienta que os ofícios religiosos eram realizados mensalmente e que

havia culto para os evangélicos e missa para os católicos11.

O envolvimento dos professores nas atividades preparatórias para a 1ª comunhão era

assunto destacado no diário da diretora.

Participamos de um jantar de confraternização do corpo docente com os pais dos

neo-comungantes. Experiência felicíssima. Com a vigília da 1ª Eucaristia, realizada

sábado, dia 25, iniciamos as cerimônias oficiais deste ato litúrgico. Domingo às 9

horas, realizou-se a missa com a presença de quase todo corpo docente (VERA,

27/10/69).

As atividades religiosas desenvolvidas pela escola sempre mereceram ênfase pela

diretora em suas narrativas. Mesmo sendo uma escola laica, os ofícios religiosos para católicos

e evangélicos norteavam as práticas educativas da instituição. Esse fato é percebido quando a

escola participava dos atos ecumênicos seja por meio de missa ou de culto quando das

comemorações ao dia das mães, dia dos pais, dia de ação de graças e preparação ao advento.

Como encerramento das atividades religiosas do presente ano letivo, realizaram-se

culto e missa, em ação de graças bem como em preparação ao advento. Entregamos

também as ofertas que os alunos trouxeram para os asilados de Pella Bethânia e Casa

Assistencial da Criança (VERA, 26/11/69).

As narrativas registradas no diário se referem às rotinas da escola e à participação da

diretora nas atividades promovidas pela escola. Assim, o diário de Vera registra um rastro do

seu trabalho e de suas atividades desenvolvidas no período de sua gestão. É um vestígio do seu

pensamento, das suas ações, das suas tarefas desempenhadas no dia a dia, como diretora.

Enquanto pensa e registra uma marca, um ensaio, um laboratório de experimentação de

possibilidades, vai desenhando o perfil da sua tarefa junto aos professores, alunos e comunidade

escolar.

Nesse sentido, Bosi (2003:31), salienta que a memória opera com grande liberdade

escolhendo acontecimentos no espaço e no tempo, não arbitrariamente, mas porque se

11 Estes registros são evidenciados nos relatórios da direção: as datas das missas, dos cultos religiosos, os encontros

com os neo-comungantes e as datas da cerimônia da 1ª comunhão estavam contemplados nos calendários presentes

nos relatórios.

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relacionam através de índices comuns. São configurações mais intensas quando sobre elas

incide o brilho de um significado coletivo.

Lendo os registros, podemos pensar que estes serviam como um instrumento de trânsito

de informações, pois o que estava escrito seria utilizado como suporte e referencial para a

realização do Relatório Anual da Direção12, apresentado à mantenedora da escola a cada início

de ano letivo seguinte. Também podemos pensar que, como professora, a prática de fazer

diários ainda permanecia mesmo na função de diretora de escola (JACQUES, 2015:333).

Assim, o registro do diário é uma matiz dos laços que amarram a memória individual à

memória pública, que de acordo com Bosi (2003:22), há uma memória coletiva (a produzida

no interior de uma classe, mas com poder de difusão), a qual se alimenta de imagens,

sentimentos, ideias e valores que dão identidade e permanência àquela classe.

Nos relatos sobre o ensino religioso, Vera expressa seu compromisso com os ofícios

religiosos e a amplitude que isso demandava à comunidade escolar a qual era responsável. Além

de utilizar o diário como expediente, também se constitui como professora e diretora, ou seja,

como um dispositivo de professoralização. Neste momento, se compromete com a educação, a

formação e valorização dos professores e, principalmente, com a educação ministrada na escola.

A outra protagonista deste estudo é a aluna Vera13, ceramista e escultora, Vera Maria

Hemb Becker nasceu em Porto Alegre. Formada em Farmácia e Bioquímica pela UFRGS,

iniciou-se em cerâmica a partir de 1960. Ingressou no Colégio Farroupilha no ano de 1944, no

qual cursou o ensino primário, ginasial e científico, concluindo seus estudos no ano de 1955.

Vera é uma ex-aluna que sempre visita o memorial e nos brinda e encanta a cada história

e narrativa contada que viveu na sua época.

Sentadas nas poltronas que fazem parte da sala de atendimento do memorial e que um

dia fizeram parte da mobília do Velho Casarão14, antiga escola localizada na Av. Alberto Bins

no centro da cidade, e com uma xícara de café entrelaçada em suas mãos começamos nossa

12 O Relatório Anual da Direção era um documento redigido pela diretora onde constavam as atividades

significativas desenvolvidas no ano letivo pelo segmento. Era apresentado para aprovação à diretoria da

Associação Beneficente e Educacional de 1858, mantenedora do Colégio Farroupilha em Assembleia Geral

realizada nos meses de março ou abril de cada ano letivo. 13 Entrevista realizada no Memorial do Colégio Farroupilha no dia 25/11/2015. 14 Sobre, ver Jacques e Ermel (2013).

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conversa bastante informal sobre as aulas do ensino religioso e a preparação da 1ª comunhão

na qual vivenciou algumas experiências enquanto aluna.

Vera inicia seu relato destacando que na escola havia os protestantes e os católicos e ela

era protestante, portanto não fez a 1ª comunhão, mas acompanhava suas colegas e as

movimentações da escola na preparação da cerimônia.

Eu lembro que na 1ª e 2ª série não tinha religião. Eu acho que era na 3ª ou 4ª série

que tinha, não lembro bem, e era a aula da professora Jacinta, ela era braba, uma

fera! Ela era professora dos católicos e quando tinha aula, os alunos eram divididos

e eu como era protestante ia para as aulas de canto orfeônico com o professor Nagel.

Ela também preparava para a 1ª comunhão. Mas todo mundo morria de medo dela

(VERA, 25/11/2015).

No relato de Vera se evidencia o que Bosi (2003:15), destaca que a memória oral, longe

da unilateralidade, faz intervir pontos contraditórios, pelo menos distintos entre eles, e aí se

encontra a sua maior riqueza. Ela ilustra o que chamamos de a História das Sensibilidades.

Entretanto, verificando os boletins escolares dos alunos do curso primário da década de 1940 a

1950, encontramos o registro da disciplina de ensino religioso a partir da 3ª série. Assim, tudo

leva a crer que Vera tenha lembrado destes fragmentos que fizeram parte do seu tempo de

escola.

O Colégio Farroupilha, desde sua fundação, apresenta-se como uma escola laica, mas

sempre manteve a presença de representantes das comunidades católica (padre) e evangélica

(pastor). Cabe assinalar, que a escola até o ano de 1961, se situava em frente à Igreja São José

(católica)15 e a uma quadra da Igreja Evangélica, o que possibilitava os deslocamentos para

assistirem missas ou cultos. Nesse sentido, Vera lembra que os alunos atravessavam a rua com

o padre em direção à igreja e no local os meninos ficavam sentados de um lado e as meninas

do outro, não se misturavam.

Sobre as aulas realizadas pelo pastor, salienta que o mesmo contava as histórias da Bíblia,

e para os protestantes o ritual não era a 1ª comunhão e sim, a preparação para a confirmação,

na qual os alunos confirmavam a religião do evangelho que recebiam da família. Mas, sobre

estes rituais, Vera faz questão de destacar que não entendia o porquê das meninas usarem

vestido comprido na cerimônia da 1ª comunhão e vestido curto para a confirmação.

15 Os católicos alemães fundam a Comunidade São José, em 1869. Muito deles também integrantes da ABE,

mantenedora do colégio.

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Na Igreja São José, as meninas usavam vestido branco comprido com tocado e véu,

gola alta e manga comprida, já os protestantes usavam vestido curto. Mas os alunos

que vinham de outras escolas e que participavam da 1ª comunhão tinham outros

costumes, pois seus vestidos eram curtos e invés do véu na cabeça usavam uma

coroinha. Já os meninos usavam o uniforme cor caqui, e no ombro traziam a

braçadeira que representava o símbolo da pureza, assim como o véu era para as

meninas (VERA, 25/11/2015).

Sobre a vestimenta dos neo-comungantes, a professora Jacinta também faz alguns

destaques:

Para a cerimônia da 1ª Comunhão, nós chamávamos as mães dos alunos e

orientávamos como deveriam vestir as crianças para a solenidade: os meninos de

uniforme bem limpinho e passadinho e as meninas de vestido branco comprido de

piquê (JACINTA, 23/02/2016).

Vera também conta que assistia a missa da 1ª comunhão, mas lembra que a escola

solicitava que deixassem os lugares da igreja para os pais dos neo-comungantes.

No decorrer da nossa conversa apresentei à Vera o acervo fotográfico das cerimônias da

1ª comunhão pertencentes ao memorial, que segundo Bosi (2003:22), há, portanto, uma

memória coletiva (no caso, a produzida no interior de uma classe, mas com o poder de difusão),

a qual se alimenta de imagens, sentimentos, ideias e valores que dão identidade e permanência

àquela classe.

Analisando as imagens, Vera observou que na parte da frente dos vestidos das meninas

as letras “PX” se sobressaiam em forma de bordado ou aplicação. Sabe que símbolo é esse,

disse ela, é paz, todas as meninas tinham esse símbolo no vestido.

Sobre a igreja São José, destaca que os bancos eram enfeitados com laços brancos e com

as flâmulas do colégio, e repara que no altar havia um mastro com a bandeira do Colégio

Farroupilha. E sobre a entrada dos alunos salienta

Nessa foto, os alunos entravam em fila um atrás do outro, com uma vela na mão.

Depois esta vela era acesa e colocada junto ao banco da igreja. As meninas entravam

segurando um lírio branco nas mãos. As professoras também vestiam branco, era o

ritual. Lembro que os católicos ganhavam os santinhos como lembrancinha da 1ª

comunhão (VERA, 25/11/2015).

Sobre as lembrancinhas entregues às crianças no dia da 1ª comunhão, Jacinta também faz

referência

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Cada criança recebia um santinho de papel, com o seu nome escrito, a data e o nome

da igreja, esse santinho nós catequistas comprávamos na livraria, mas era a vela que

tinha importância, pois representava um sentido para quem guarda, quando as

crianças recebiam a vela eram feitas as promessas de batismo do dia da 1ª comunhão,

e ela deveria ser guardada e somente ser acesa quando precisasse de algo, como uma

doença por exemplo, ela simboliza a fé e o amor, as crianças juravam isso (JACINTA,

23/02/2016).

Outras fotografias foram deslizando em suas mãos e nos deparamos com as imagens de

um lanche servido no salão paroquial. Segundo Bastos (2015), o lanche, após a cerimônia, tinha

a participação de todos os professores do curso primário, que ajudavam na organização e no

atendimento das crianças. Nas imagens percebe-se também a presença da direção do ginásio e

do primário, como também a participação do padre que provavelmente realizava a cerimônia

religiosa.

Engraçado disse Vera, no lanche das crianças era servido uma xícara de café ou

chocolate quente com bolo, porque tem uma torta aqui no centro da mesa e para o

padre era servido uvas, como aparece aqui. Pelo jeito os pais também participavam

deste momento, pois acho que são eles que aparecem aqui (VERA, 25/11/2015).

Sobre o lanche servido aos neo-comungantes, Jacinta também ressalta

O café era organizado pelas professoras, e no início era no colégio mesmo, depois

passou a ser oferecido nas dependências da igreja e nos últimos anos, cada família

festeja com as crianças (JACINTA, 23/02/2016).

Estes exemplos de eventos, a 1ª comunhão e a própria confraternização das crianças com

seus professores e familiares nos remete ao que Benjamin fala sobre a fabricação sistemática

de “espaços de intimidade” e de suas evocações pela cultura burguesa que viveria de costas

para a experiência pública; nos deixando a pensar que em relação às representações coletivas

a classe mais influente deixou suas marcas (BOSI, 2003:23).

Para a autora, as instituições escolares, a partir da memória dos eventos, das festas

registradas em diários e fortografias reproduzem versões solidificadas de uma certa memória

social, operando em sentido inverso ao da lembrança pessoal, tão mais veraz em suas

hesitações, lacunas e perplexidades (2003:23).

Considerações

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Investigar as matizes e laços que permeiam as memórias das três mulheres escolhidas

para este estudo (uma professora, uma diretora e uma aluna), permitiu ousar reconstruir

fragmentos da instituição, mas especificamente analisar algumas das lembranças destas

protagonistas imbricadas em suas memórias de um período vivido trazendo à tona

reminiscências do ensino religioso do curso primário e do ritual da 1ª Comunhão produzidas

numa escola privada e laica de Porto Alegre/RS, realizadas a partir das entrevistas e da análise

dos registros escritos no diário.

Na tentativa de compreender como o ensino religioso e a 1ª comunhão eram realizados,

significando as marcas evidenciadas pelas memórias destas protagonistas destaco alguns vieses

deste cenário estudado e os principais elementos que possibilitaram reconstruir as memórias e

o cotidiano destas práticas exercidas.

- Desde sua origem, o Colégio, que foi fundado por imigrantes alemães de confissão evangélica,

caracterizou-se por não possuir uma religião oficial, sendo marcado pela interconfessionalidade

e o respeito para com a crença protestante;

- A partir das entrevistas e das narrativas contidas no diário da diretora do curso primário, nota-

se a imbricação do ritual da primeira comunhão com a cultura escolar, pois a preparação se

dava nas aulas de ensino religioso ministradas na escola, onde tais práticas inscrevem-se como

marcas de formação do sujeito e atuam como momentos de passagem de uma fase da vida

social;

- As imagens das cerimônias religiosas realizadas na Igreja São José oferecem possibilidades

de avaliação dos câmbios e permanências sobre as práticas religiosas e escolares e da temática

da primeira comunhão;

- O fato da cerimônia acontecer na Igreja São José e essa pertencer à comunidade alemã de

Porto Alegre, evidencia a relação estabelecida entre a comunidade religiosa e o Colégio

Farroupilha, promovendo, dessa forma, uma interação entre dois importantes lócus da

sociedade germânica, que se localizavam no centro da cidade;

- Ambas as cerimônias ( a confirmação protestante e a comunhão católica) eram registradas no

calendário escolar anexado ao relatório da direção e mencionadas nas narrativas do diário da

diretora;

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- A permanência de um padrão estético típico na realização das cerimônias reveladas pela

indumentária adequada à ocasião: meninas (vestido, véu, grinalda, todos os itens de cor branca);

meninos (uniforme cor caqui); também pelos adereços: terço, braçadeira e a vela entrelaçada

entre as mãos evidenciam o engajamento do colégio tanto no que diz respeito a seriedade e

importãncia da disciplina ministrada como também na preparação da 1ª comunhão;

- A preocupação do colégio em legitimar os princípios nacionalistas a partir da introdução das

aulas de ensino religioso para os alunos católicos salientaram sua reação e adequação às

medidas de nacionalização homogeneizadora do currículo.

A partir deste artigo singelo e a timidez em me aventurar no campo da história oral, na

esfera da memória, dos depoimentos e das narrativas, este estudo é o início de uma contribuição

para o campo de análise histórica, no qual Tedesco (2004:30), salienta que trabalhar com

memória e história oral permite ligar temporalidades, fazendo-as se entrecruzar, e resgatar

atores sociais silenciados, dimensões do real muito pouco visíveis.

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