MATERIAL IMPRESSO: UM DIÁLOGO SOBRE ESTATÍSTICA APLICADA À EDUCAÇÃO

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077-TC-C3 MATERIAL IMPRESSO: UM DIÁLOGO SOBRE ESTATÍSTICA APLICADA À EDUCAÇÃO 05/2005 Suely Scherer Centro Universitário de Jaraguá do Sul – UNERJ [email protected] C - Métodos e Tecnologias 3 - Educação Universitária A - Relatório de Pesquisa

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MATERIAL IMPRESSO: UM DIÁLOGO SOBREESTATÍSTICA APLICADA À EDUCAÇÃO

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  • 077-TC-C3

    MATERIAL IMPRESSO: UM DILOGO SOBRE ESTATSTICA APLICADA EDUCAO

    05/2005

    Suely Scherer Centro Universitrio de Jaragu do Sul UNERJ

    [email protected]

    C - Mtodos e Tecnologias 3 - Educao Universitria A - Relatrio de Pesquisa

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    Resumo: Os alunos da disciplina de Estatstica Aplicada Educao no curso de Pedagogia da UNERJ tiveram a sua disposio um livro, material impresso, alm do ambiente virtual e presencial ao participarem de uma proposta de Educao Bimodal na disciplina. Ao escrever, ao criar o material impresso, procurei centrar a linguagem no dilogo, na comunicao com os alunos e no apenas na ao de informar. O que busquei foi uma coerncia com os processos de aprendizagem e comunicao em ambientes educacionais. Assim, neste artigo aponto a hipertextualidade, a inteligibilidade, a linguagem oral e a proximidade, como caractersticas importantes para a produo de material impresso, analisadas a partir das consideraes dos alunos ao participarem da disciplina.

    Palavras-chave: Comunicao, Aprendizagem, Estatstica Aplicada Educao, Material Impresso.

    A esttica do material impresso, aqui compreendida como o melhor

    meio de denominar o consenso que se elabora aos nossos olhos, o dos sentimentos partilhados ou sensaes exacerbadas (MAFFEZOLI, 1999, p.13), consiste na comunicao com o aluno e com quem este aluno, no esquecendo do movimento da pergunta. O material precisa despertar o interesse do aluno, desafi-lo a questionar e questionar-se, alm de apresentar vrios caminhos, favorecendo a hipertextualidade, provocando links com outros contextos que convidem o aluno a pensar.

    A importncia de uma linguagem mais dialogada nos materiais impressos, est sempre presente nas pesquisas na rea de EaD. Nem sempre, entretanto, encontramos a coerncia entre o discurso e a prtica. Ou seja, muito se fala sobre a necessidade do dilogo em materiais impressos de EaD, mas pouco se tem feito at o momento para que efetivamente encontremos materiais impressos que caracterizem e que mobilizem os estudantes ao dilogo com o professor que escreve e com outros contextos e pessoas. O professor, que autor de materiais impressos para EaD, precisa aprender a comunicar-se com o estudante, que no apenas leitor, mas algum que est se comunicando com ele.

    Ao buscar coerncia com os estudos sobre Educao Bimodal que venho pesquisando (SCHERER, 2005), criei o material impresso para a disciplina de Estatstica Aplicada Educao, no curso de Pedagogia da UNERJ. Neste processo, procurei estabelecer uma comunicao com as trinta e oito alunas matriculadas na disciplina. Esta disciplina foi oferecida em uma proposta de Educao Bimodal parte presencial e parte a distncia -, e nesta turma de 2004, a parte a distncia correspondeu a 35,29% da carga horria da disciplina.

    Ao buscar a comunicao atravs do material impresso, uma caracterstica importante a hipertextualidade. A hipertextualidade na linguagem escrita uma hipertextualidade que possibilita a cada linha, pargrafo, pgina, captulo ou imagem, fazer links para outros espaos, outras comunicaes, outros pensamentos, outras articulaes. Assim, ao escrever o

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    texto para o material impresso preciso favorecer a hipertextualidade do pensamento, pois a materialidade do registro, em folhas de papel, no possibilita a criao de links como aqueles criados em pginas da internet. necessrio que o material impresso, assim como o ambiente virtual, possibilite clicar em links, aos quais acessamos em pensamento, pelo movimento comunicativo do texto, do pargrafo, da palavra, da imagem, e que nos leva a navegar por outros espaos, contextos, textos, imagens,...

    A hipertextualidade provocada pelo material impresso, criado para as alunas da disciplina de Estatstica Aplicada Educao (SCHERER, 2004), pode ser percebida em questionamentos e dilogos presentes em seu texto. Isso se evidencia nas consideraes feitas pelas alunas no ambiente virtual da disciplina. A seguir apresento alguns recortes:

    ao ler o livro entendi melhor a amostragem casual,fiquei com dvidas na amostragem por extratos.Mas analisando o ex. do livro numa eleio se os entrevistados forem todos do mesmo partido a pesquisa j ter furos,e isso no queremos para nosso trabalho. C.D.

    Quando a professora no livro nos pergunta se nos lembramos de populao que pode ser dividida em extratos,logo me lembrei de um exemplo, me corrijam se estiver errado pois estou na dvida. Pensei numa fbrica que tem uma populao (todos trabalham, portanto possuem caracterstica em comum).Mas pensei na fbrica por ela ser dividida em setores que no meu ver seriam os extratos. E ser que esses setores poderiam ser divididos novamente?, pois neles existem homens e mulheres. Como se chamaria essa nova diviso do extrato? Aguardo respostas. beijos e bons estudos. F. E.

    Este movimento que provoca a hipertextualidade encontrado em

    vrias pginas do livro, como a pgina 13. No recorte, na figura que segue, surge a pergunta que no dirigida para qualquer leitor, mas para cada uma das estudantes, em particular.

    Figura 1 Recorte da pgina 13 do livro de Estatstica Aplicada Educao.

    A pergunta que aparece nesta pgina do livro um dos convites para

    que as alunas participem de discusses em outros espaos da disciplina, no caso, o convite para participar do frum virtual de discusso. Este tipo de comunicao evidencia que os espaos esto interligados, d aos alunos a sensao de que o material foi desenvolvido especialmente para eles, favorece

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    os links entre os diferentes momentos da disciplina, caracteriza movimento, hipertextualidade.

    Nesse movimento hipertextual de leitura e pensamento, o convite para pensarmos em diferentes espaos e atividades mobiliza para o clique, o acesso a outros links. Um outro convite aparece na pgina 15 do livro, sempre em destaque com uma linguagem iconogrfica que define as entradas dos convites. Neste livro, destaquei os convites em um retngulo sombreado e a escrita na cor laranja. Assim, sempre que as alunas encontravam um retngulo destes, sabiam que viria algum convite... E a curiosidade: o que ser que ela vai perguntar agora?.

    Figura 2 Recorte da pgina 15 do livro de Estatstica Aplicada Educao.

    Nesta mesma pgina pode-se visualizar como o movimento, que

    normalmente sugere uma nota de rodap explicativa, trabalhado em um dilogo mais comunicativo. O movimento da pergunta na comunicao escrita no aparece apenas nos convites para outros espaos. A seguir, apresento o movimento da pergunta em meio ao texto da pgina 13, mais uma entrada hipertextual...

    Figura 3 Recorte da pgina 13 do livro de Estatstica Aplicada Educao.

    O sentido da pergunta e o envolvimento dos alunos com o material

    impresso de EaD so mencionados por outros pesquisadores como Angeles Soletic (2001). Esse autor afirma que o maior desafio a que se propem os materiais impressos conseguir a participao dos alunos e envolv-los

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    ativamente na reflexo. Ele tambm considera que importante criar rupturas na leitura linear de um texto, como a formulao de perguntas, mas no menciona a necessidade da ruptura na esttica com o uso da linguagem iconogrfica.

    O material impresso tambm precisa ser criado a partir da histria dos estudantes que iro utiliz-lo, e da necessidade de (re)construo de algumas certezas que eles possuem, fazendo com que sintam que o livro foi escrito especialmente para eles. Nesse sentido, ao escrever este material impresso, considerei que as alunas da disciplina em 2004 no tinham tido contato ainda com a aprendizagem de conceitos matemticos numa perspectiva de construo de conceitos, pois viveram em uma escola que apenas os reproduzia. Alm disso, elas participavam de um curso de formao inicial de professores, que as colocava em contato com a Matemtica pela primeira vez, na disciplina de Estatstica Aplicada Educao. Assim, como professora da disciplina, tenho como objetivo articular um dilogo com elas, para que reflitam sobre as suas certezas em relao aprendizagem em Matemtica oportunizando um movimento de (re)construo.

    Ao articular este contato inicial com o processo de construo de conceitos em Matemtica, encontramos, como na pgina 44 do livro, um exemplo de como, ao dialogar, usando tambm a linguagem iconogrfica, pode-se comunicar, possibilitando a construo de um conceito matemtico. No caso abaixo, o conceito de porcentagem.

    Figura 4 Recorte da pgina 44 do livro de Estatstica Aplicada Educao.

    As alunas da disciplina, algumas j atuando como professoras e outras

    no (81,48%), estavam buscando a formao para serem professoras de alunos da Educao Infantil e Sries Iniciais. Portanto, o meu objetivo na disciplina foi sensibiliz-las da importncia da construo de conceitos de Matemtica deste os primeiros momentos das crianas na escola. Para isso, estabeleci, tambm pelo material impresso, uma comunicao com elas, no apenas informando, dando respostas, mas comunicando, questionando, educando, desafiando para o desenvolvimento de algumas atividades. E nesse movimento, importante sabermos com quem estamos nos comunicando. Digo comunicando, pois no apenas uma questo de estar escrevendo.

    Nessa comunicao, alm da hipertextualidade, preciso falar da necessidade da inteligibilidade na comunicao, muito discutida por Paulo

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    Freire (1992). Esta inteligibilidade traduzida pelos alunos como uma boa explicao, em que se detalha o estudo, se questiona, se comunica e informa. Essa caracterstica do texto aparece em algumas falas das alunas.

    Ol pessoal...Estou impressionada. Nunca pensei que fosse to fcil calcular porcento. A porcentagem era algo obscuro e confuso. Com as explicaes do livro publicado pela professora Suely consegui entender muitas situaes de porcentagem que antes eu no entendia. Estive olhando uns livros de quinta srie e o assunto porcentagem est escrito em linguajar difcil de entender. Os textos e exerccios so complicados para mim, imagine para uma criana.Acho que esse tema ficou bem explicado no livro,porque a linguagem objetiva. Na verdade, vc aprendendo o que 1%, vc aprende as outras porcentagens... Antigamente eu fazia esse tipo de calculo na calculadora ou ento com regra de trs.Com a explicao do livro, eu fiz at calculos mentais de %!!Aprendi muito!!!?? V.A.

    Boa noite, isso mesmo C.M. no nem como ficar longe do livro pois me ajuda muito e consigo entender rapidinho. C.L.

    .. o livro est me proporcionado uma aprendizagem em relao a porcentagem, a linguagem de forma simples e os exemplos bem prticos, comecei a ler no sbado noite, depois reli o texto e comecei a fazer e explicar para mim os exemplos, quando chegou a hora de calcular a de dez, eu me embarelhei um pouco, ento no domingo e hoje de manh li o texto novamente,e cada vez mais estou entendendo. C.A.

    Alm da inteligibilidade, o desafio para novas buscas, para a criao,

    para a discusso, e a idia de inacabamento aparecem na comunicao provocada no livro. Veja o recorte da pgina 72.

    Figura 5 Recorte da pgina 72 do livro de Estatstica Aplicada Educao.

    Esse livro, material impresso para educar na modalidade de EaD,

    objetivou caracterizar movimentos de dilogo pela hipertextualidade, inteligibilidade, imprescindveis para a educao em momentos em que os alunos no esto prximos a ns, fisicamente.

    Ao falar em proximidade, o dilogo que estabelecido com o aluno deve provocar um sentimento de encontro. Ele precisa sentir o professor ao seu lado, prximo; o estudante precisa ouvir e falar com o professor, pelo livro, assim como o professor precisa ouvir e falar com o aluno pelo livro, em

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    um dilogo que pode ser sempre reconstrudo. Portanto, a linguagem oral outra caracterstica que precisa estar presente na comunicao do material impresso.

    A seguir, apresento recortes de algumas falas de alunas em fruns virtuais em diferentes momentos da disciplina. Neste recortes, aparece o material impresso como falante e como a materializao da fala do professor, ou seja, o professor comunicando-se com o aluno.

    Infelismente tive at agora poucas participaes nos Fruns, mas estou tentando acompanhar os meus colegas... Lendo o livro e o prprio diz (ele muito explicativo), confesso que obtive algumas dvidas, principalmente sobre arredondamento. V.F.

    No livro na pag. 55 a professora pede exemplos de de srie histrica, que no meu entender descrevem os valores da varivel em um determinado local e por intervalo tempo. S.H.

    ...quando o livro fala que nos grficos de colunas, os dizeres so muito extensos, os utilizamos de baixo para cima, acredito que podemos tirar como exemplo sim o grfico feito em sala de aula, referente as datas, que escrevemos de baixo para cima. E se ainda forem extensos podemos fazer uso das legendas, como uma alternativa. V.A.

    Nesta linguagem oral, falada, os alunos se sentem muito prximos do

    professor apesar da distncia fsica. Assim, essa proximidade d a sensao da presena fsica do professor, a possibilidade de um encontro, sem estar em um local fsico comum. Portanto, a proximidade trazida pela comunicao nos materiais impressos tambm uma caracterstica importante a ser considerada na elaborao dos mesmos. Nesse movimento comunicativo devemos ficar distantes dos alunos apenas fisicamente.

    A presena desta caracterstica no livro de Estatstica Aplicada Educao confirmada pelas falas dos sujeitos desta pesquisa, tanto nos encontros presenciais, quanto nos dilogos nos ambientes virtuais.

    ... eu estava lendo e parecia que a professora estava do meu lado me explicando, primeiro porque o livro tem muitos exemplos, o que facilita muito o entendimento, depois porque est numa linguagem muito fcil, facilitando ainda mais...C.G.

    o livro foi bem objetivo e bem explicado. Como muitos comentaram, parecia que quando lamos o livro a professora estava do nosso lado explicando. [...] e O livro foi essencial para as nossas discusses, na verdade acho que nem precisava de outro material, pois o livro estava to bem explicado que quem lia com ateno no tinha mais dvida sobre o assunto. J.V.

    E o livro que adquirimos da professora muito interessante, pois nos questiona e est escrito em uma linguagem bastante fcil, e parece que a professora est ao nosso lado, resolvendo junto com a gente as questes, nos motivando. V. A.

    A proximidade proporcionada pela linguagem utilizada e pelo

    sentimento de que o livro foi criado considerando as particularidades de cada uma das alunas do grupo...

    Ol,gostei muito do seu livro,parece que foi feito especialmente para ns! Foi??? M.O.

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    Estou me sentindo mais confiante e penso que irei conseguir aprender ainda mais,fico feliz que agora poderemos utilizar um livro com lingagem propria para academicos de pedagogia. A.P.

    Diante das caractersticas levantadas - hipertextualidade,

    inteligibilidade, linguagem oral e proximidade -, a criao de material impresso como recurso a ser utilizado em EaD ou Educao Bimodal, mostrou-se relevante, pois contribuiu de diversas formas para a aprendizagem das alunas, considerando as afirmaes das alunas na disciplina de Estatstica Aplicada Educao. As falas das alunas, retiradas dos fruns virtuais de discusso e de seus webflios individuais, em relao a diferentes momentos da disciplina, confirmam esta relevncia para os seus processos de aprendizagem e para a articulao entre os diferentes espaos de aprendizagem.

    Alm destas caractersticas o material impresso um recurso articulador entre o ambiente presencial e o ambiente virtual em uma proposta de Educao Bimodal...

    ... o que acontecia que na hora de fazer as atividades pedidas pela professora acompanhando o livro que apareciam as dvidas, e esse era o momento de correr para o frum. F.R.

    Bem, este assunto j foi bem explicado e para falar a verdade no to dificil assim, mas para no se perder nem se confundir necessrio ateno e leitura. por falar em leitura com o livro da Suely e com o frum podemos tirar nossas dvidas e facilitar nosso entendimento. BEIJOCAS . F.E.

    Consideraes Finais Diante da confirmao da importncia do material impresso para a

    aprendizagem em uma proposta de Educao Bimodal, principalmente para os momentos de aula distncia, pode-se sintetizar os fatores que contriburam com esse processo na disciplina de Estatstica Aplicada Educao: a presena do dilogo como elemento diferenciado no material; o inacabamento da obra expressa pela hipertextualidade que desafiava o aluno a sair do texto; a liberdade de ler/dialogar a qualquer momento e de intervir na sociedade com os conceitos apreendidos. A presena, no livro, da comunicao, da linguagem oral, da hipertextualidade, e da inteligibilidade, favoreceram processos de cooperao e a colaborao nos demais espaos de aula, alm de promover reflexes sobre conceitos e sobre as suas formas de aprender, em movimentos de comunicao voltados ao ensino e a aprendizagem.

    Assim, podemos perceber os cuidados que temos de ter na criao de material impresso, atentando para a comunicao e aprendizagem dos alunos que pretendemos atender. O material impresso criado nesta perspectiva, deixa de apenas informar, passando a comunicar, e para comunicar necessrio que o autor e/ou equipe diagramadora esteja atenta aos conceitos essenciais de uma comunicao de forma a favorecer diferentes aprendizagens.

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    Referncias

    FREIRE, Paulo. Extenso ou comunicao? 10 ed. Traduzido por Rosisca Darcy de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. 93p.

    MAFFEZOLI, Michel. No fundo das aparncias. 2 ed. Traduo de Bertha Halpern Gurovitz. Petrpolis, RJ: Vozes, 1999. 350p.

    SCHERER, Suely. Estatstica Aplicada Educao. Jaragu do Sul - SC: UNERJ, 2004. 73p.

    ______. Uma Proposta Possvel para a Educao Bimodal: Aprendizagem e Comunicao em Ambientes Presenciais e Virtuais. 2005. 240 f. Tese (doutorado em Educao: currculo). Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo.

    SOLETIC, Angeles. A produo de Materiais Escritos nos Programas de Educao a Distncia: Problemas e Desafios. In: LITWIN, Edith (org.). Educao a Distncia: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Traduo por Ftima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 73-92.