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TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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Material de Estudo – Tema 6
Teoria e Prática da Mediunidade
Caderno 01/03
Baseado em conteúdo do livro “Diversidade dos Carismas”.
O médium: eclosão, desenvolvimento e exercício de suas faculdades
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ÍNDICE
01–INTRODUÇÃO,GENERALIDADES 3
02–PRIMEIROSPASSOS 12
03–PASSIVIDADE 13
04–DIVERSIDADEDOSDESDOBRAMENTOS 17
05–OMÉDIUMEODIRIGENTE 31
06–ALUCINAÇÕES 34
07–VOZES 35
08–OSUSTONAPRIMEIRAPSICOGRAFIA 37
09–PEREGRINAÇÕESPELOSCENTROS 39
10–OSMÉDIUNSDEVEMINTELECTUALIZAR-SE? 45
11–SINAISESPARSOSEOCASIONAISDEMEDIUNIDADE 45
12–OCONHECIMENTODESIMESMONAPRÁTICADAMEDIUNIDADE 46
13–DEFINIÇÕESEDECISÕES 50
14–MEDIUNIDADECOMOTRABALHODEEQUIPE 53
15–OMÉDIUMEACRÍTICA 57
16–ACRÍTICAEAAUTOCRÍTICA 58
17–ACONCENTRAÇÃO 59
18–ANIMISMO 62
19–TELEPATIAXMEDIUNIDADE 88
20–AREGRESSÃO 91
21–INTUIÇÃOEINSPIRAÇÃO 92
22–MÉDIUM:AGENTEOUPACIENTE? 93
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01 – Introdução, generalidades
Perguntas e respostas
Podemos afirmar que há absoluta nitidez de fronteiras entre
animismo e mediunidade?
Teoricamente sim. O que ocorre com mais frequência é o
fenômeno anímico que exercemos no dia---a---dia de nossas vidas.
Existe, porém, um percentual significativo em nossos eventos diários
que pode contar com a participação de desencarnados.
É necessário entender sempre que: o fenômeno mediúnico não
acontece sem o componente anímico, que é a essência do processo, a
participação do psiquismo do homem – sem a qual não existiria o
fenômeno da mediunidade.
O fenômeno da natureza anímica sincronizado com o elemento
espiritual, ocorrem apenas em horas certas, com determinadas
pessoas nos círculos fechados do espiritismo prático?
Sim. Pelo fato de tratar--se de pessoas que buscam realmente
exercer a sua mediunidade. Mas não será exagero dizer que a
participação de desencarnados acontece em todas as horas, em todos
os lugares e em todas as situações de nossas vidas sem ser percebido.
Exemplo: Eu tenho que ir a muitos lugares previamente
programados, dispondo de pouco tempo, a caminho desses lugares,
vou aceitando as sugestões que me são sugeridas mentalmente e vou
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alterando a programação inicial. Essas sugestões podem ser
percebidas quando falamos baixinho “conosco mesmo”: eu devia
primeiramente, ir em tal lugar, mas acho melhor fazer assim, assado
(...) – Nesse momento, a pessoa estabelece um diálogo com o outro
lado da vida sem sequer perceber.
“A mediunidade não é propriedade do espiritismo, e sim, um
fenômeno natural, um dos múltiplos aspectos da própria vida” – L.M.
– Capítulo IX.
Mediunidade é doença ou início de desajuste mental ou emocional?
Nem doença, nem desajuste. Mas sim uma afinação especial da
sensibilidade. Como na música, somente funciona de maneira
satisfatória o instrumento que não apresenta rachaduras, cordas
arrebentadas, desafinadas ou de qualidade duvidosa.
A mediunidade duvidosa pode ser comparada a um espelho sujo
ou trincado, o qual naturalmente não poderá refletir com fidelidade a
luz do sol. Podemos, também, comparar com o rádio, ainda
imperfeito, em dia de chuva – ele passa a transmitir simultaneamente
o chiado.
Como entender quando se fala que não há mediunidade, mas sim
médiuns?
Mediunidade é a expressão da sensibilidade do médium, é o
instrumento de trabalho do médium, e como faculdade humana,
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guarda características pessoas, tais como: o modo de caminhar, o tom
da voz, a impressão digital, o feitio e ordenação da letra e o
temperamento de cada um.
Do acima exposto fica a seguinte indagação: como educar tal
mediunidade se ela está impressa na intimidade de cada médium e
sua matriz é encontrada no espírito?
Para responder essa pergunta, há dois entendimentos:
Primeiro: Educar mediunidade deve ser entendida como
necessidade de discipliná-la sem deformá-la, respeitando o contexto
da personalidade humana no qual ela ocorre. É desastroso tentar
impor condições inaceitáveis às suas manifestações.
Esse equívoco de abordagem ocorre entre os cientistas que em
suas pesquisas procuram separar o fenômeno psíquico do mediúnico.
Padrões e metodologia de trabalho totalmente inadequados, que na
maioria das vezes frustram o processo de observação e produzem
resultado insatisfatórios.
O cientista, tanto quanto o dirigente de trabalhos mediúnicos,
deve ser um bom observador, dotado de espírito crítico e deve ter o
bom senso de interferir o mínimo possível – apenas o suficiente para
ordenar a sequencia de tarefas e coordenar as atividades que se
desenrolam sob suas vistas. Deve ser um observador, mas nunca um
inibidor, pois ele está ali precisamente para fazer as coisas
acontecerem e não para impedi-las ou forçá-las a ocorrerem da
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maneira exata que ele julga que deve ocorrer. O acima exposto não
deve ser entendido como um sinal para que não ocorra o diálogo
fraterno de orientação e disciplina se necessário. Caso o espírito
comunicante seja lúcido e queira falar da sua dor, não deve ser
interrompido e sim escutado com o sentimento de fraternidade e
aconselhado com palavra de apreço e orientação à luz da psicologia
espiritual. Não esquecendo os casos dos espíritos doente, seja àqueles
que estão doentes pelo sofrimento ou pela revolta, as palavras
amorosas são de ajuda em ambos os casos. Não esquecer jamais que
se deve sempre disciplinar amando e amar disciplinando.
Segundo: Educar mediunidade não é fabricar. Ela existe ou não
na pessoa. Mas podemos informar que a melhor mediunidade, a mais
útil ao espírito, é a mediunidade do amor. A prática do amor nos
conduz ao aumento da nossa capacidade intuitiva, nos preparando
para um futuro promissor na mediunidade tarefa.
A respeito do fenômeno da mediunidade, os médiuns são mais
sensíveis a impressão dos encarnados ou dos desencarnados?
Os médiuns são sensíveis não apenas aos seres desencarnados,
mas também às pressões e sentimentos – não expressados
verbalmente – das pessoas que o cercam durante o dia-a-dia.
Harry Boddington acha até que os médiuns são mais sensíveis às
pressões dos encarnados do que às dos desencarnados.
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Assim sendo, fica fácil entender que a pessoa agressiva,
amargurada, mal-humorada, excessivamente questionadora, polêmica,
inquieta e que sempre interfere em tudo com seu ponto de vista, é na
maior parte das vezes a pessoa que, em uma roda de amigos, é a
primeira a falar, é pouco educada e muitas vezes causam transtornos
em qualquer reunião, o que não acontece quando os componentes de
um grupo são harmonizados, educados, mansos e fraternos.
O que pode ser entendido ao ouvir que o “fenômeno mediúnico é
muito elástico”?
Do exposto, deve-se entender que o médium deva permitir que o
desencarnado faça com ele tudo o que deseja? Sim e não.
É preciso que o médium garanta disciplina ao perceber que o
fenômeno mediúnico queira ultrapassar a dinâmica que lhe é própria.
O médium não pode permitir exageros prejudiciais, mas deve permitir
sim a expressão de sentimentos do espírito através de gestos e/ou
palavras.
Nos ensinamentos de Chico Xavier, ele comenta a sua
experiência pessoal: “O fenômeno mediúnico, em cada um de nós,
terá as suas próprias características e querer conhecer todas as
especificações de mediunidade não passam de uma grande presunção.
Cada vez me dou conta do acerto da resposta de Emanuel, quando o
inquiri sobre como ocorria o fenômeno através dele próprio, ao qual
ele me respondeu com uma imagem muito bela e rica: “Que
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preocupação deve ter a flor da laranja com a laranjeira? Ela deve
deixar-se transformar em fruto”
Benfeitores espirituais, desde Dale Owem, o médium inglês que
escreveu o admirável livro “A vida além do véu” ou a senhora
D’Espérance no seu livro “No país das sombras” ou até mesmo
Francisco de Cândido Xavier com André Luiz, apresentaram-nos
outra tamanha parte desse mundo transcendente, assim como da
fenomenologia, da fisio-psicologia dos médiuns. Mas mesmo no
mundo espiritual, a mediunidade ainda tem os seus grandes enigmas,
sendo um campo imenso para joeirar.
Sob esse aspecto, quase se poderia dizer que não há
mediunidade e sim médiuns. Definindo a mediunidade como a
expressão da sensibilidade do médium, seu instrumento de trabalho e,
como faculdade humana, guarda características pessoais.
A mediunidade precisa ser disciplinada sem ser deformada.
Deve respeitar---se o contexto da personalidade humana na qual ela
ocorre. Seria desastroso tentar impor condições inaceitáveis às suas
manifestações.
Imaginem algum dirigente impondo disciplina excessiva a
Chico Xavier. No atendimento que será narrado a seguir, deve---se
observar a presença de dois componentes que costumam oscilar
fortemente: “Mediúnico e anímico” ou uma fusão imperceptível entre
os dois:
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“-Oh! Meu senhor! Vosmicê é tão bom! Num fazê" essa coisa
com minha Aninha – dizia o espírito revivendo o passado e pensando
falar ao prior dos franciscanos – Sinhô, vosmicê é um santo. Aninha,
a luz dos meus "óio" cansados, de "pintá" as figurinhas dos livros de
vosmicê.
Os amigos de Chico, Enio e Aranaldo, choravam, oravam e
conversavam com esse escravo muito sofrido. Mas só conseguiram
acalmar o coitado com a ajuda do bondoso espírito Meimei.
Ela apareceu e foi apresentada como a nova proprietária do
escravo. Chico, ainda ajoelhado, foi beijado pela aparição e reagiu
com subserviência:
-Uai sinhá. Vosmicê tá beijando negro sujo? Aninha mora com
Vosmicê? Num faze isso. Negro Preto é que beija sua mãe e as dos
outros moços – Chico distribuía beijos as pessoas ali presentes,
realidade desencadeada pelo fato do escravo Negro Preto não
perceber a sua realidade de desencarnado, criando para si uma ação
hipnótica, expressando-se no reflexo da sua antiga vida material.
-Vosmicê são gente de Deus. Vou fazer sabão de alecrim para
ficar cheiroso. Vou fazer viu! É um cheiro tão bom. “
Através dessa narração fica fácil entender o sentimento nobre
que esse Brasil tem em sua alma, não encontrado em outras nações.
Sentimentos oriundos das lágrimas e das dores impregnadas em
nossas almas.
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Tais acontecimentos repercutem até hoje, em nossa esfera
espiritual.
Lamentavelmente, os homens brancos ainda continuam a
explorar essa simplicidade Africana, oferecendo pinga e charuto em
troca de benefícios. Explorando a falta de cultura de muitos.
Eis a responsabilidades das Casas Espíritas em orientá-los e
instruí-los, tirando-os da mesma ignorância, no mesmo linguajar nagô.
Esse modo de falar, no terreiro de Umbanda é simplesmente atavismo
do médium. Nas Casas Espíritas, esses pretos velhos falam bom
português, assim como o espírito trazido do Japão.
É do seio dessas almas africanas, a origem dos sentimentos
nobres desse Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho.
Sentimentos não encontrados em outras nações. Valores morais
oriundos das lágrimas e das dores, impregnando a alma brasileira,
credenciando---a para que daqui surja logo mais uma nova
civilização, a combater o materialismo férreo do velho mundo, que já
se encontra cansado e exaurido pelos excessos.
Dos cataclismos que enfrentarão, necessitarão dos nossos
navios, os quais levarão alimentos à vários continentes, alimentando
os esfomeados.
Concernente a narração, há de se analisar o momento em que é
mais acentuado o fenômeno da mediunidade ou do animismo, durante
o diálogo com o Negro Preto.
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Tendo em mente que:
v Fenômeno mediúnico é quando o médium está sob a ação de
um espírito e;
v Fenômeno anímico é quando o espírito do médium é que se
manifesta.
Analisando o atendimento de Chico, eu em particular não posso
dizer que tal fenômeno esteja acentuado no fenômeno mediúnico ou
anímico. Quero entender que estejamos sim, diante de uma fusão,
proporcionando o fenômeno da energia mista.
Quem me dá essa possibilidade de entendimento é o próprio
Chico, quando assim se manifesta:
“Até onde for necessário e possível, o médium deve deixar
algum espaço para que o espírito comunicante possa movimentar-se
em seu psiquismo, assim como o médium deve expressar-se de
maneira adequada a personalidade do comunicante” – Chico Xavier
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02 – Primeiros passos
O médium tem particularidades que não permitem que ele se
enquadre na rigidez de certos esquemas inibidores de alguns
dirigentes. Como por exemplo: forçar o médium a ficar com os olhos
fechados, se ele não consegue – dificuldade já não encontrada nos
médiuns sonambúlicos.
Naturalmente, não há a intenção de induzir ao entendimento de
que o médium deva tornar-se um rebelde à disciplina operacional da
casa espirita, ou em relação a desvios prejudiciais produzidos por ele
e identificados pelo dirigente do centro.
Quem se dispõe a trabalhar com fenômeno produzido pelo
psiquismo humano deve se preparar para respeitar as regras do jogo,
decidindo antes que tipo e metodologia é aplicável ao estudo que
pretenda realizar.
Toda boa informação que chegue ao médium é bendita, mas de
todas elas, tem uma que está entre as principais:
Estudar o “Livro dos Médiuns” para nos libertamos das
obsessões, evitando-as ou dela saindo, para aprendermos a
identificação de quem se comunica por nós, para podermos perceber
os fenômenos de origem anímica e aqueles de causalidade mediúnica.
É fato certo que a maior parte dos médiuns, no momento em que
a mediunidade eclode, tem a mesma dúvida a corroer-se dentro de si:
o que é meu e o que é influência dos espíritos?
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Para responder essa pergunta, não basta apenas estudar o Livro
dos Médiuns. é preciso também estudar o próprio sistema nervoso,
emotividade, preferências, tudo aquilo que diz respeito a si mesmo,
como indivíduo, espírito imortal e as circunstâncias que proporcionam
o intercâmbio com a mediunidade.
Pois é apenas conhecendo a si mesmo que será possível dizer o
que é e o que deixa de ser seu.
A mediunidade é uma antena oscilante de acordo com o
emocional do médium.
“Diz-me o que pensas e eu te localizarei com quem te
encontras psiquicamente. “ – eis uma parte do céu desvelada por
Allan Kardec.
Importante lembrar, apesar de todo o citado que: prática
mediúnica sem estudo do Livro dos Médiuns é apenas mediunismo.
03 – Passividade
Para entender melhor a passividade, abaixo será exposto o
exemplo de Regina:
“Além da passividade, ela tinha métodos operacionais próprios,
diferentes dos demais participantes daquela reunião mediúnica.
Embora disciplinada, sem manifestações ruidosas ou palavras
descontroladas, ela gesticulava moderadamente e mantinha---se de
olhos abertos, dando enfim expressão e naturalidade às manifestações.
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Regina agia permitindo que o espírito manifestante pudesse
expressar-se convenientemente, dizer ao que veio e expor sua situação
a fim de que pudesse ser atendido ou, pelo menos, compreendido nos
seus propósitos.
Se ele vinha indignado por alguma razão, e isto é quase que a
norma em trabalhos dessa natureza, como obrigá-lo a falar
serenamente, com voz educada, e com o seu ser equilibrado? Somo
nós, seres encarnados, capazes de tal proeza? Não elevamos a voz e
mudamos de tom nos momentos de irritação e impaciência?
Afinal de contas, se a manifestação ficar contida na rigidez de
tais parâmetros, acaba inibida e se torna inexpressiva, quando não
inautêntica, de tão deformada. “
Do acima exposto, pode-se perguntar: o médium, além de ser o
transmissor dos pensamentos do comunicante, deve também ser o
expoente dos sentimentos?
Sim. Caso contrário, em tais situações, é como se o médium
ficasse na posição de mero assistente de uma cena de exaltação e a
descrevesse friamente, em voz monótona e emocionalmente distantes
dos problemas que lhe são trazidos.
É preciso considerar, no entanto, que ali está uma pessoa
angustiada por pressões intimas das mais graves e aflitivas, muitas
vezes, em real estado de desespero, que vem em busca de socorro
para seus problemas, ainda que não admita esse fato conscientemente.
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É um ser humano, vivo, sofrido, desarvorado, que está
precisando falar com alguém que o ouça, que sinta seu problema
pessoal, que o ajude a sair da crise em que mergulhou, que partilhe
com ele suas dores, que lhe proporcione, por alguns momentos, o
abrigo de um coração fraterno. Se o médium for frio e com todos os
seus freios aplicados à manifestação, não conseguirá transmitir a
angustia que vai naquela alma. Será um bloco de gelo através do qual
não circulam as emoções do manifestante, quanto ao seu apelo, a
ânsia que ele experimenta em busca de amor e compreensão.
Para o manifestante, naquele instante, nenhum problema é maior
do que o seu, nenhuma dor é mais aguda do que a sua.
Regina era passiva, sim, mas em nenhum momento deixou de
ser comandante do seu corpo. Se havia alguma ação inibidora ou
disciplina da parte da médium, era em nível de consciência
extrafísica.
Nesse caso, se dava o fenômeno misto – fenômeno mediúnico e
anímico juntos – visto que nunca houve qualquer distúrbio ou excesso
nas manifestações. Tudo estava sob o seu controle. Para esse controle,
ela utilizava a bagagem armazenada em seus espíritos, através de
estudos.
Passividade, nada mais é, do que a resultante do própria estado
de relaxamento que estamos falando. É um estado de expectativa, sem
ansiedade, sem tensões, embora não seja também uma entrega total,
pois o médium disciplinado e bem treinado saberá como exercer certo
controle sobre a manifestação, sem com tudo, criar bloqueios ou
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influenciar o pensamento alheio que flui por seu intermédio, a ponto
de modificá-lo substancialmente.
É certo que as ideias que se acolhe de uma entidade
manifestante são vestidas com o vocabulário habitual na língua com a
qual ele, médium, esteja familiarizado. Em todas as variedades,
contudo, ele funciona como um instrumento passivo, sim, mas não
inerte, incapaz de participação consciente e até vigilante. Postura que
ele costuma manter, em espírito, desdobrado do corpo físico,
enquanto a entidade se serve desse para transmitir sua comunicação.
Pode-se dizer que Regina funcionava também como coadjuvante
no processo da manifestação mediúnica, ou seja: ela era realmente
muito passiva, deixando a entidade muito a vontade, pelo motivo dela
não saber trabalhar de outra maneira. A entidade parecia assumir seus
comandos mentais e utilizar-se com naturalidade de seu corpo físico.
A mediunidade deve resultar sempre, de uma equilibrada
interação entre passividade e resistência, ou para dizer de outra
maneira, permitir, mas vigiar, coibindo abusos sempre indesejáveis ou
declaradamente perniciosos. Mas não apenas vigiar ou policiar suas
manifestações.
O médium assim adequadamente treinado acaba por distinguir
aquilo que fala ou escreve. O que são ideias pessoas suas do que é
alheio. Também aprende logo de inicio ou pouco mais adiante, a
regulamentar o exercício de suas faculdades, recusando-se a passar o
controle de seus dispositivos e manifestações quando entender que
não é oportuno ou aconselhável fazê-lo.
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O apóstolo Paulo – a maior autoridade em mediunidade nos
tempos do cristianismo primitivo – dizia que o espírito do médium
deve estar sujeito ao médium. Em outras palavras: o médium deve
saber quando é chegado o momento de oferecer sua passividade e
quando deve reagir, com bloqueio, oferecendo resistência que iniba a
manifestação indesejável ou inoportuna. Em suma: resisti é tão
importante quanto ceder.
04 – Diversidade dos desdobramentos
Muitas referências têm sido feitas quanto ao fenômeno do
desdobramento. Lembrando que se trata de um fenômeno tipicamente
anímico e assim sendo, ele tem algumas particularidades.
O dicionário “Espiritismo, Metapsíquica e Parapsicologia” de
João Teixeira de Paulo faz o seguinte registro:
Desdobramento consciente:
É aquele em que o agente faz o desdobramento de maneira
consciente, isto é, com plena consciência das suas volitações ou
viagens astrais, tendo plena consciência ao voltar ao corpo de tudo
aquilo que via e ouviu.
Desdobramento semiconsciente:
É aquele em que o agente faz o desdobramento de maneira
semiconsciente, isto é, sem inteira consciência das suas volitações ou
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viagens astrais, tendo uma semiconsciência ao voltar ao corpo de tudo
aquilo que viu e ouviu.
Desdobramento inconsciente:
É aquele em que o agente faz o desdobramento de maneira
inconsciente, isto é, sem nenhuma consciência das suas volitações ou
viagens astrais ao voltar ao corpo de tudo aquilo que viu e ouviu.
Desdobramento psíquico:
É o mesmo que Bilocaçāo, desdobramento e ubiquidade.
Todo médium na atividade mediúnica em que o espírito
atendido por ele esteja na sala de reunião ou bem próximo, exerce um
pequeno desdobramento. Não desdobramento ocasionando volitaçāo,
viagem astral, longo distanciamento, mas certo desdobramento.
Mesmo sem saber, todas as pessoas possuem a capacidade de se
desdobrar, visto que esse fato ocorre sempre que dormimos. É,
portanto, fenômeno comum a todos os seres encarnados, mesmo que
nem todos disponham de condições para se lembrar, na vigília, de
regresso ao corpo físico.
Segundo as informações descritas acima – extraídas do
dicionário – o desdobramento é aplicado às pessoas com
possibilidades de volitaçāo e viagens astrais. Mas existem outras
realidades registradas na literatura espírita.
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Na verdade, o espírito encarnado desenvolve prodigiosa
atividade durante seus habituais desprendimentos parciais do corpo
físico, principalmente, mas não exclusivamente, durante o sono
comum.
Sempre que pode e tem condições, ele aproveita esses
momentos de liberdade relativa para realizar projetos, promover
estudo, pôr---se em contato com pessoas amigas que vivem na carne
ou na dimensão espiritual e até resolver importantes problemas
pessoais a partir de um contexto no qual a sua visão é mais ampla,
serena e informada.
Para reflexão geral: Com quem os desencarnados maldosos,
descontrolados ou viciados convivem no curso do sono? A resposta é
fácil: com os de sentimentos afins/iguais.
Poderá existir um segundo desdobramento a partir do períspirito já
desdobrado do corpo físico?
Sim. Não só no encarnado como também no desencarnado,
assim como aconteceu com André Luiz, o qual visitou
conscientemente o espírito de sua mãe, habitante de plano superior ao
seu, após desdobrar-se de seu corpo perispiritual que ficara em
repouso em uma unidade da instituição à qual fora recolhido.
Desdobramento: Manifestação Física e Anímica
Para entender melhor essa situação, há um exemplo:
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“Logo que a bela professora foi admitida pelo colégio,
começaram a acontecer coisas estranhas. Era comum ser vista em
locais diferentes ao mesmo tempo. Enquanto uma aluna dizia que
estivera com ela em determinado local, a outra afirmava que isto era
impossível, pois acabara de passar por ela em algum corredor ou
subindo determinada escada.”
Ao analisar essa situação, aparecem algumas dúvidas:
O médium em estado de desdobramento inconsciente, poderá ser
entendido como incorporado?
Sim. Pelo motivo da sua mediunidade estar sendo operada em
estado de desdobramento. No caso de Regina por exemplo, ela estava
envolvida pela presença de um espírito, ela se via fora do seu corpo
físico, manifestante então, aproximava-se e assumia seus controles
mentais sem tumultos ou excessos.
O médium exercendo o fenômeno da mediunidade em estado
sonambúlico, facilita ou dificulta prontamente a doutrinação?
Dificulta. A entidade consegue expressar adequadamente a sua
personalidade e seus conflitos com mais liberdade e assim sendo, não
se sujeita passivamente ao socorro e palavras do doutrinador. Se o
grupo não tem o conhecimento dessa dificuldade maior, passa a ser
mais dificultoso para o médium.
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Transe anímico:
O desdobramento é um dos mais curiosos e ricos fenômenos
anímicos. É como espírito que o ser se move livremente, pensa
melhor, decide com maior conhecimento das diversas variáveis a
considerar, recorre a memória integral, visita pessoas no mundo
espiritual que o possam aconselhar ou ajudar. Funciona, enfim, como
espírito, e não como alma.
Nesse curioso estado de desdobramento, o próprio Balzac
confessaria: “Ouço as pessoas na rua, sou capaz de assumir suas
vidas, sentir os andrajos que trazem nas costas, caminhar com pés
metidos em seus sapatos esburacados, sentir seus desejos e suas
necessidades, tudo passando pela minha alma e minha alma
passando pela dele; era o sonho de um homem acordado”.
Prática anímica relacionando-se com a mediúnica:
Parece oportuno examinar a seguir a faculdade anímica
relacionando-se com a mediúnica, fenômenos do qual poderemos
chamar de natureza mista: “meu ser, sem a incorporação, mas
recebendo informações de desencarnados”.
Para o necessário entendimento do acima exposto, lembro a
experiência pessoal do nosso grupo.
Em muitas ocasiões eu digo: o médium deve ser o coadjuvante,
no momento da sua participação, quando em atividade mediúnica. E
como satisfação, sinto o entendimento por parte dos médiuns, quando
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no momento certo ele utiliza o seu animismo dizendo: esse espírito
não é um irmão e sim uma irmã, que pretende prejudicar tal
companheiro do grupo.
Visto isso, fica a pergunta: Por que o médium está vivenciando um
fenômeno misto?
O próprio momento oferece o entendimento necessário.
No exercício da mediunidade, relacionamos alguns sintomas que
o médium poderá identificar em processos de desdobramento
consciente ou inconsciente:
1. Formigamento: principalmente nos pés, mãos, paralisação dos
músculos e tendões;
2. Anestesiamento de certas partes do corpo, passível em não mais
sentir uma alfinetada sequer;
3. Se durante o processo do desdobramento o sensitivo vier a sentir
tonteiras em virtude do sintoma de ter a cabeça girando, é
necessário corrigir, educando-se para não assimilar realidade do
físico, o qual rescindi do que sai dele para depois retornar. São
sensações da saída e da volta do períspirito;
4. No processo de retorno do espírito em desdobramento ele
poderá sentir-se lúcido, mas sentido que do pescoço para baixo
não consegue sentir mais nada.
Do que foi exposto, o importante é entender que isso tudo é
natural, que é assim que acontece.
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Caso o sensitivo venha a solicitar ajuda para esses incômodos, o
dirigente dos trabalhos deve ajudar dizendo palavras de ânimo, de
calma, procurando tranquilizar o médium e socorrendo-o com o passe
ou solicitando que alguém o faça.
“O desdobramento, sinteticamente dizendo, não é mediunidade
propriamente dita, mas o caminho ao desenvolvimento.” – retirado do
livro “Eu sou Camile Desmoulins”
Utilização mediúnica da faculdade anímica:
Parece-nos oportuno examinar, a seguir, a utilização do
fenômeno misto.
O recurso do sono, lentamente desenvolve as faculdades do
desdobramento e consequentemente a mediunidade?
“Com os recursos do sono fisiológico é que começam a ser
criadas as primeiras condições, ao exercício da faculdade mediúnica,
pois o homem é um espírito encarnado e por si mesmo produz
fenômenos anímicos. Estes se tornam mediúnicos sob a influencia ou
acoplados a manifestações de seres desencarnados, quase sempre
precedidas por desdobramentos de pequena distância do corpo, ao ser
desalojado, pela hipnose ou pelo magnetismo, para abrir espaço a
aproximação do manifestante. Sem o lado anímico, o médium se
anularia completamente, seria um mero robô.” – informação retirado
do livro “Evolução em Dois Mundos” de André Luiz.
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É necessário não confundir desdobramento consciente, com
vidência à distância:
v Desdobramento é estar presente no lugar, vendo ou
participando;
v Vidência a distância é ver, sem lá estar.
A médium Regina descreve as suas experiências em
desdobramentos conscientes:
“Às vezes estava deitada em repouso, quando começava a sentir
uma estranha movimentação dentro dela. Parecia---lhe estar sendo
jogada para cima e para baixo.”
É a forma que ela encontra para descrever o fenômeno, porque
na realidade, era como se alguém quisesse tirar alguma coisa de
dentro dela.
Enquanto isso ocorria, ela podia ver a cabeceira da cama ou do
sofá subindo e descendo, embora atenha logo concluído que não era a
cama que se movimentava, mas sua percepção. Percebendo que aquilo
que se movimentava dentro dela era uma duplicata de si mesmo,
porque o corpo físico pesado continuava imóvel, enquanto o outro ia e
vinha para cima e para baixo. Até que em um desses impulsos ela
saía, como que projetada para fora.
O mais frequente, contudo, era sair “por cima”, pela cabeça, ou
pelo menos, era a impressão que ficava. A sensação era angustiante
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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para ela. Ao meio caminho via, às vezes, parte de si mesma ainda
presa ao corpo e outra para fora. Eis a plasticidade do corpo espiritual.
Regina registra outro exemplo de desdobramento. Neste ela
sentia deslocar-se em círculo, como se estivesse atada à ponta de um
cordão que alguém fizesse girar com velocidade, chegando a
provocar-lhe clara sensação de zumbido. Este parecia o mais
eficiente, porque, de repente, ela se via em pé, ali mesmo, no
ambiente físico.
Segundo André Luiz, o corpo físico está ancorado no núcleo das
células, enquanto o períspirito no citoplasma. Portanto, é na
intimidade de cada célula que o espírito atua sobre o corpo material.
Processo idêntico está contido na codificação de que o processo de
reencarnação se realiza célula a célula. Eis o momento em que fica
expresso no feto as mazelas físicas a se manifestar desde o
nascimento, ou no porvir.
É necessário entender três situações no desdobramento:
I. Realidade narrada por Regina, fenômeno que aconteceu em sua
casa;
II. A do médium em reunião mediúnica;
III. O desdobramento via sono, também relatado por Regina:
“Os que ocorrem após o mergulho no sono – mais familiarizada
com o fenômeno, começou a observar que também ocorria a noite.
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Parece, não obstante, que era mais fácil tomar conhecimento dele na
volta ao corpo em vez de na ida. Notou isto ao percebe que, ao
levantar no meio da noite para tomar água ou ir ao banheiro, por
exemplo, nem sempre conseguia “levar” consigo o corpo físico nas
primeiras tentativas. Era assim: sentava-se na cama para se levantar,
mas observava o “outro eu” deitado, ou seja: metade dela estava
sentada na cama e a outra metade deitada. Era preciso deitar-se de
novo, em espírito, apanhar o corpo físico, por um impulso da vontade,
e então levantar-se inteirinha, com os dos corpos fundidos um nos
outros para as providências que desejava tomar.
Mal sabia, àquela altura, que o treinamento das suas faculdades
de desdobramento pelos diversos processos era a base do preparo para
o exercício futuro de faculdades mediúnicas.”
Outra realidade do desdobramento:
No decorrer desse trabalho, já mencionei o desdobramento
duplo do períspirito de André Luiz. Quanto ao encarnado em situação
muito especial, isso poderá acontecer igualmente. Mas o comum é
desdobrar-se apenas do corpo físico.
Nas atividades mediúnicas o fenômeno de desdobramento é o de
auxiliar nas atividades da reunião mediúnica.
Exemplo:
Em várias oportunidades, ao invés do espírito ser “trazido” ao
grupo para o diálogo, o médium é que vai ao encontro dele e faz a
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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ponte de comunicação. O ideal é dar conhecimento antecipado ao
dirigente dos trabalhos.
O médium então, desprende-se e é levado pelos amigos
espirituais, e lá é que se promove a ligação do manifestante com o seu
períspirito, o qual continua ligado com o corpo físico. Isso possibilita
a comunicação psicofônica.
Nesse caso, o espírito manifestante sente-se em seu próprio
ambiente, no qual de fato está, com a diferença de que o médium
estará manifestando-se verbalmente no ambiente da reunião
mediúnica. Nesses casos, tudo indica que esse fenômeno acontece
quando há certa dificuldade em atrair o espírito até o grupo em vista
de sua obstinação ou dos cuidados de que se cerca temeroso de
afastar-se dali e acabar em dificuldades.
Eis um exemplo de desdobramento em encarnado:
“Regina fora totalmente informada pelo mentor que iria
trabalhar mediunicamente.
Logo em seguida, vê a entidade a falar. Era uma figura esbelta,
alta, vestida com uma túnica simples de cor alaranjada e surpreende-
se com o seu desdobramento em desdobramento, em uma forma mais
sutil.
Além de tudo isso, muito cedo Regina descobriu o maravilhoso
instrumento de trabalho que é a faculdade anímica do desdobramento,
sem a qual não há como exercer as de natureza mediúnica, ou seja, as
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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que permitem funcionar como intermediários entre as duas faces da
vida.”
O êxtase é uma forma de desdobramento:
Observamos que neste, como em tantos outros, senão em todos
os fenômenos psíquicos, o elemento é o desdobramento ou
afastamento do corpo físico do sensitivo. Estase é um sono um
desdobramento mais apurado, pois nessa situação a alma do extático é
ainda mais independente.
Outras realidades quanto ao desdobramento provocado pela
yoga:
A experiência de desdobramento facilitada pelos exercícios do
Yoga, Regina assim relata:
“Eu passava a ter um controle mais efetivo sobre o corpo que
ficou mais sensível aos comandos da mente. Em pouco tempo me foi
possível, por exemplo, localizar uma contração muscular que estava
provocando dor e ordenar o relaxamento correspondente. A dor
passava como por encanto. Por essa época, andava eu com muitos
problemas de saúde, como por exemplo, baixa pressão arterial,
enxaquecas, problemas no fígado e coisas assim. Tudo isso era curado
com os exercícios. Bastava relaxar, dirigir-me aos diversos órgãos
com ordens explicitas para que cessassem tais dificuldades.
Certas tardes, após executar a sequencia regular de postura que
eu vinha praticando diariamente, há dois anos, entreguei-me ao
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relaxamento profundo na chamado “posição do cadáver” – A técnica é
conhecida de todos os praticante da Hanta Yoga.
Começar o relaxamento pelos pés e gradativamente, chegar até a
cabeça, expedindo os comandos necessários a cada grupo de músculo
até a cabeça. Nesse ponto era como se o corpo não existisse, ou pelo
menos eu não o sentia.
Normalmente, eu pensava nesse ponto, isto é, ia aos poucos
reassumindo os controles orgânicos e integrando-os de volta à
consciência, até o total despertamento do estado de torpor.
Naquela tarde especifica, ao invés de prosseguir com a rotina e
despertar, resolvi avançar a partir daquele ponto para ver o que
aconteceria. A curiosidade de sempre...
Continuei, portanto, a aprofundar o estado de relaxamento, até
que me senti fora do corpo. Percebi, porém, certas diferenças.
Usualmente era capaz de ver, ao mesmo tempo, meu duplo períspirito
e o corpo físico. Desta vez, não sentia. Sentia como se todo o meu ser
se concentrasse na cabeça ou, mais propriamente, no meio da testa.
Não um olho comum, com a sua conformação conhecida. Era um olho
semelhante ao que se vê nas esculturas e pinturas egípcias: profundo e
alongado. A visão desse olho parecia não ter limites. E, de repente,
aquele olho era eu, começou a ficar cada vez mais independente e
cada vez mais forte. Com ele eu via tudo.
Percorri todo o meu corpo com esse olho e via os órgãos
internos mais nitidamente do que se estivesse diante de um aparelho
de radioscopia. Os ovários me chamaram a atenção, em particular,
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
30
pois se mostravam iluminados por uma luz fosforescente. Podia
observar as veias, o sangue a circular, o coração pulsando no ritmo
que eu lhe determinava.
O grande espetáculo, contudo, era o cérebro. Parecia uma usina
elétrica, uma casa de força, pulsando todo iluminado e cujo ritmo de
funcionamento produzia um fenômeno que eu interpretava com um
“som” característico. De repente, eu saí do cérebro. Aí é que
experimentei uma sensação fantástica.
Todo o meu ser era aquele olho e era tudo luz e vida. Em
seguida, transpus as últimas limitações – as daquele olho.
Isto é, eu era. Eu sabia, e que como me dizia, ou melhor, tinha o
conhecimento: eu sou vida, eu sou força, eu sou tudo. Aquele corpo
ali nada é.
Eu sentia aquela força expandir-se a tal ponto que me senti parte
do universo, um com tudo o que nele havia, como se tudo fosse um, e
eu uma parte dessa unidade. E ali eu sabia que era vida, eu era
imortal, indestrutível, nada tinha a temer. Uma sensação indescritível
em linguagem humana. É como se eu estivesse abraçando o universo,
a natureza, tudo; e ao mesmo tempo que eu era Eu, uma
individualidade, era parte daquele Todo, daquela Unidade, daquele
Um.
Quanto tempo durou, eu não sei. Aos poucos, porém, a sensação
de expansão parece ter atingido os extremos limites possíveis à minha
condição e começou a diminuir como se encolhesse e, aos poucos, fui
fincando menor, menor, até unir-me novamente ao corpo. Quanti isso
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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se deu, já no corpo, fiquei ali deitada no chão envolvida em emoções
e sensações literalmente indescritíveis, irreproduzíveis em linguagem
humana. Teria sido a visão cósmica de que falam os místicos
orientais? Não sei.”
Não há o que comentar a não ser lembrarmos quando o Cristo
disse que somos deuses ou que ele e o Pai são uma só realidade.
05 – O médium e o dirigente
Os médiuns são pessoas de sensibilidade mais aguçada?
Se assim não fossem, não seriam médiuns. E por isso mesmo,
mais sensíveis também à critica, especialmente quando injusta,
grosseira ou mal formulada. É imperioso, contudo, distinguir entre
sensibilidade e melindre.
Como podemos diferenciar no médium “sensibilidade e melindre”, na
lida espírita?
Sensibilidade: Quando o médium interessado em dar o melhor
de si mesmo à tarefa que abraçou não apenas aceita a crítica
construtiva e leal, como a procura, desejoso de aperfeiçoar seu
desempenho mediúnico.
Melindre: Quando o médium não admite a menor observação, a
não ser o elogio, o endeusamento, como se fossem infalíveis
instrumentos dos mais elevados.
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Como fica o dirigente dos trabalhos ao verificar o excesso de
melindres, quando identificado em determinado médium?
É extremamente delicada a posição do dirigente responsável
nesse terreno. Tem ele que exercer toda a sua atenção e bom senso,
tanto para evitar que se perca ou se iniba um médium que, a despeito
de pequenos, ou maiores equívocos, tem condições de tornar---se um
trabalhador eficiente.
O dirigente poderá ir expondo à todos no dia-a-dia, informações que
deverão alcançar aquela pessoa, sem contudo ser dirigido somente a
ela. Convém reconhecer ainda que, há casos realmente irrecuperáveis
de médiuns iniciantes, ou não, que se deixam envolver pela perniciosa
convicção infalível de erros. Cabe aí, ao dirigente, admitir que não há
condições de modificar o quadro, e que se torna necessário avaliar o
grau de prejuízo ao andamento das atividades do grupo.
“Para evitar tal situação é importante pensar muito e procurar o
lado intuitivo antes de autorizar o ingresso de alguém junto ao grupo,
para que logo mais, ele mesmo tenha que proibir a sua presença,
muitos se afastam, facilitando as coisas”.
Em momentos muitos difíceis o mundo espiritual vem em
socorro ao dirigente, intuindo o médium negligente para que deixe o
trabalho, ou mesmo esfriando a sua participação mediúnica.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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Como proceder em relação aos médiuns com mediunidade
recentemente diagnosticada, sendo ele uma pessoa muito complicada
no seu estado psicológico?
Esse é o momento de decidir o futuro. Se for acolhido com a
necessária compreensão e adequadamente orientado e instruído,
poderá chegar a ser excelente colaborador na tarefa para a qual,
evidentemente, veio. Se recebido com aspereza, incompreensão,
intolerância em relação as peculiaridades de suas faculdades, esse
dirigente não poderá dizer: “das ovelhas que o pai me confiou,
nenhuma se perdeu.”
Deveremos ajudar, pois esse médium está chegando para nos
ajudar a servir. Se muito doente, vamos tratá-lo na esperança de
colocá-lo em condições de cooperador. Quando estiver um tanto
reestabelecido, poderá iniciar no trabalho do passe – pois é um grande
medicamente de reequilíbrio. Quanto ao aproveitamento nos trabalhos
mediúnicos é necessário uma avaliação mais cuidadosa. Eis a grande
responsabilidade do dirigente e do grupo.
Depois de muitos anos sem ter um material que nos
proporciona-se conteúdo mediúnico que contribuísse com maior
eficiência na preparação do desenvolvimento mediúnico dos
estudantes, encontramos o caminho do método “cinco fases”.
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06 – Alucinações
Regina procurava uma definição para o seu futuro psíquico,
ainda não conhecia o espiritismo. Nessa busca de uma resposta às
interferências mentais, procurou um terapêutico que apresentou sua
metodologia de análises que consistia em rotular os fenômenos, sem
dar uma explicação a eles e sem muito menos os corrigir. Não tardou
muito para que Regina deixasse o analista.
Eis a análise técnica e fria do terapeuta quanto aos problemas de
Regina:
• Falava-lhe em alucinações visuais e auditivas – ele não conhecia
a mediunidade auditiva de vidência. Afirmava que ela
vivenciava um processo de fuga, com tendências autistas.
Nomes tão complicados, que no caso de Regina o espiritismo
sintetiza: “nada mais, nada menos, que o sexto sentido sendo
exercitado, onde a causa está relacionada em nível espiritual”;
• Falava-lhe também de neurose e prescrevia a ela drogas para
relaxar, dormir, combater a inexplicável rejeição pelo alimento;
• Em paralelo com os antidistônicos, prosseguia a busca dos
traumas de infância;
• O terapeuta não sabia que tais traumas, que certamente existiam,
não estavam guardadinhos a sua espera. Eles vinham de longe,
muito longe no tempo e no espaço.
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07 – Vozes
Regina não sabia ainda como distinguir os fatos anímicos dos
mediúnicos – ou seja, separar os que eram produzidos pelo seu
próprio psiquismo – como recordações sofridas do passado, ou flashes
de intuição, como o da aparição de uma enfermeira ou médica que
viera para impedir que ela fosse hipnotizada. Na verdade, ela nem
sabia o que era mediunidade. Aquilo era simplesmente coisas que não
costumavam acontecer com ela.
Como explicar e entender aquela confusão mental?
Por mais que buscasse o silêncio da meditação, não conseguia as
respostas que desejava. Ela ainda era católica, não tinha como
entender.
O catolicismo que praticava, respondia com dogmas inaceitáveis
e uma doutrina feita de crenças, não de conceitos racionais.
Aconteceu então o inesperado:
Nos períodos reservados ao repouso, exercitava a mediunidade
“sem perceber”, uma certa tarde, começou a ouvir uma voz
masculina, muito tranquila que parecia responder às suas indagações
mentais. Pela primeira vez ouviu algo a respeito da reencarnação. A
voz não mencionara especificamente essa palavra, mas explicou que
ao nascer, todos nós trazemos uma programação a cumprir, um
planejamento a realizar e que nem sempre levamos a bom termo essa
programação.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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Quando isto acontecia, era então necessário voltar para
completar a tarefa. Quanto às queixas acerca da justiça divina,
explicava a voz que nós passamos exatamente pelas dificuldades pelas
quais temos que passar devido a erros anteriores ou por não havermos
realizado o que trouxemos planejado. Isso sim fazia sentido e ela não
teve dificuldade em aceitar como informações válidas.
Decorrido mais algum tempo, passou a encontrar-se com esse
espírito durante o sono.
Ela sabia que havia ali ao seu lado, no sonho, uma pessoa. Ao
perguntar o seu nome, ele limitou-se a dizer:
-Que é um nome? O nome não importa. Sou seu amigo. Os
guias experimentados não costumam realmente identificar---se por
duas razões:
I. Se foram personalidades importantes na Terra, o médium pode
ficar intoleravelmente vaidoso;
II. Se, por outro lado, tenham sido pessoas obscuras, o médium
pode ficar decepcionado.
Em nenhuma das duas hipóteses acima expostas há qualquer
vantagem ou influencia positiva sobre o trabalho que se pretende
levar a termo.
Falamos que Regina não saberia distinguir quando os fenômenos
eram anímicos ou mediúnicos. Como ela poderia saber?
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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Vamos procurar responder por ela. Sintetizando diremos:
1. Em qualquer situação aquilo que for oriundo dos nossos cinco
sentidos – tato, paladar, visão, audição e olfato – é anímico;
2. Qualquer informação que venha ter interferência de um espírito,
estaremos necessariamente utilizando o sexto sentido, o qual
indica ser fenômeno mediúnico, motivado pela presença do
desencarnado. É interessante ressaltar que nesse caso, pode
existir pequenas participações anímicas, principalmente na
mediunidade de lucidez.
08 – O susto na primeira psicografia
Mais uma vez, recorremos a experiência de Regina, quanto a
psicografia mecânica. Quais os sintomas?
Iniciamos dizendo que em todo e qualquer exercício mediúnico,
mesmo na psicografia mecânica, a parte orgânica do médium tem a
sua participação. A velocidade na escrita é mais ou menos quatro a
cinco vezes mais rápida do que na escrita comum.
Quando a psicografia é mecânica e o médium tem plena
confiança no espírito que utilizara o seu braço, se a utilização for
prolongada, o espírito do médium poderá exercer outra atividade na
esfera espiritual. Retornando somente ao final da psicografia.
Regina assim comenta a sua iniciação na psicografia:
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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“Ela sozinha, utilizando os ensinamentos de Kardec, contida no
Livro dos Médiuns, senta-se comodamente, faz uma prece, segura o
lápis pousando levemente sobre o papel e aguarda.
A prece ajudou a se acalmar. Ficou ali, imóvel, apena segurando
o lápis, sem exercer maior esforço ou tensão sobre a superfície do
papel.
O braço foi ficando pesado e invadido por uma ligeira sensação
de dor. De repente, ficou leve como se fosse flutuar, movimentou-se
sozinho e sua mão começou a deslizar sobre o papel.
Aquilo era novo para ela, uma verdadeira surpresa. Por alguns
momentos, ela ficou a observar o braço, a deslocar-se como se não
fosse parte de seu corpo e sim um objeto destacado e autônomo que se
movia com seus próprios recursos.
A mão, contudo, não conseguia traçar, senão rabiscos sem
sentido. Ela ficou, por um momento, sem saber o que fazer; em
seguida, ouviu a voz do seu amigo, que lhe recomendava segurar o
lápis com mais firmeza.
Quando o fez, assistiu maravilhada o que produzia ante seus
olhos – olhos espirituais, a primeira mensagem psicográfica no qual
seu amigo utilizava de sua própria mão para dizer-lhe algo.
Quando a escrita terminou, a mão tomou a iniciativa de
abandonar o lápis sobre o papel e voltou a sua condição normal.”
A psicografia, ainda no dizer de Kardec, é mais suscetível de
desenvolver-se pelo exercício.
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Nota: Sem o coração evangelizado e sempre vigilante na
reforma íntima, eu particularmente não recomendo esse exercício no
anonimato do seu lar. O motivo dessa observação? O momento difícil
da transição do planeta.
09 – Peregrinações pelos centros
Lamentavelmente, essas dificuldades são quase sempre
encontradas pela maioria das pessoas que percebem um grau de
mediunidade.
Utilizamos a experiência de Regina, sua peregrinação por
diversos grupos.
A rotina era sempre a mesma – conhecida por nós: As coisas
começavam a complicar-se logo no início quando ela chegava
procurando uma acomodação, um cantinho para trabalhar, para
oferecer sua cota de colaboração. Não porque nada tivesse a fazer ou
porque precisasse ainda desenvolver sua mediunidade.
Mas sim porque é muito difícil ser acolhido em grupos já
formados na sua tradição de prática cristalizada. Pois sempre quem
chega, tem suas características diferentes, fora dos padrões locais,
geralmente já engessados. Não se pode descartar a presença do ciúme.
Qual a complicação imposta a esses médiuns naturais?
Você primeiramente precisa estudar, essa é a exigência, assim
afirmada por eles. Regina não poderia compreender essa atitude
ortodoxa existente em muitas Casas Espíritas.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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Eu acrescento: Uma coisa é estudar, evangelizar-se para futura
identificação da existência ou não da mediunidade ainda não
manifestada, no caso de Regina, porém, a mediunidade apresentava-se
de forma natural. O certo, na minha opinião, era aproveitar a sua
mediunidade imediatamente e em paralelo, realizar os estudos de
grande importância para complementação mediúnica e moral.
Pasmem! Se Chico Xavier voltasse hoje, essas mesmas pessoas
iriam obrigá-lo a estudar por vários anos. Que absurdo! Esqueciam da
primeira observância que se faz em todas as pessoas, a análise da
bagagem moral, assim como a análise da mediunidade natural. Alguns
dirigentes, porém, infelizmente não sabem o que é mediunidade
natural.
Diante dessa exigência, Regina se questionava: Eu não tenho
nada a fazer ou que precisasse ainda desenvolver.
Ela já tem sua mediunidade espontânea natural, em estado
ostensivo, sem necessidade de aprender como incorpora-se, nada tinha
a desenvolver, e sim a aperfeiçoar sempre, coisa que aconteceria no
decorrer das atividades mediúnicas. Ela via tudo isso de modo
diferente, era uma atividade natural e espontânea.
Normalmente, as Casas Espíritas oferecem dificuldade e sofrimento a
esses sensitivos com mediunidade aflorada?
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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Oferecem sim, muito sofrimento, os forçando a encubarem sua
mediunidade, às vezes por longo período em nome da disciplina e do
estudo. Esse encubamento, poderá levar à distúrbios obsessivos.
É necessário entender que o médium precisa manter os canais
psíquicos desobstruídos, pois é por eles que circulam as ideias e
energias, e que esse mesmo canal, com essas mesmas ideias e
energias são utilizados na mediunidade.
Quem obstrui o canal, muitas vezes terá um caminho difícil
devido a distúrbios complicados, visto que as energias de que os
sensitivos dispõem para essa finalidade não estão encontrando seu
escoadouro natural no desempenho normal da mediunidade-tarefa.
Há pastores que alegam que através de suas “forte orações” irão
conseguir bloquear esses canais de sensibilidade e resolver o
problema. Que desastre!
Deixo o registro de que são inúmeros e frequentes os casos de
médiuns em potencial, que, apenas iniciando-se no exercício
controlado de suas faculdades, livram-se como por encanto de
pressões íntimas, impaciências, irritações e desassossegos
indefiníveis, além do assedio indesejável de desencarnados que ele
não sabe como controlar ou neutralizar.
Qual a saída? Qual deve ser o procedimento da Casa Espírita em
relação aos que tem medo de exercer a mediunidade?
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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Oferecer orientações simples, dizendo que mediunidade é
expansão do sexto sentido à serviço da caridade em nome de Jesus,
tornando-se o médico que alivia as dores dos encarnados e
desencarnados. Onde está o erro se o próprio Jesus, no Dia do
Pentecoste, determinou que a mediunidade se manifestasse no seio
dos seus discípulos, estando eles em outras cidades ou não. Foi nesse
dia que o centurião Cornélios, o nosso Chico Xavier, mesmo distante,
passou a ser médium vidente.
Eu particularmente assim procedo:
Ø A mediunidade está claramente aflorada?
Ø O médium tem o equilíbrio psicológico em nível da
anormalidade?
Dentro dessa realidade eu tenho a preocupação em tornar esse
médium, alguém com o coração evangelizado e assimilando o
sentimento dos cristãos primitivos, convido-o a aceitar essa tarefa,
que o conduzira pelos caminhos da Árdua Ascensão espiritual.
Os dirigentes das Casas Espíritas devem aprender que,
mediunidade é uma faculdade tão natural quanto qualquer um dos
cinco sentidos habituais.
A princípio, deve-se ler urgentemente alguns livros que criarão
no mundo íntimo de cada um o magnetismo do sentimento religioso,
cristão:
• Ave Cristo;
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• Paulo e Estevão;
• Memórias do Padre Germano e;
• Romance Maria Clara – no qual ela narra sua história
mediúnica.
Após ter lido esses livros, com a consciência um pouco mais
despertada e orientada, aconselha-se a leitura da codificação de
Kardec e a série de André Luiz.
Como contribuição a esse entendimento ortodoxo em torno da
mediunidade, Kardec assim já se manifestou: “Mas porque
estrangular o fenômeno do nascedouro, somente porque paira sobre
a pessoa uma suspeita de suspeita?” – era isso que dirigentes
ofereciam a Regina.
Naturalmente, não estou aplaudindo a acomodação e desprezo
aos estudo, pois quanto mais rica a memória, mais fácil o trabalho dos
manifestantes.
Esses novatos, prontos a iniciar o fenômeno mediúnico, após
estudarem em sua residência os livros acima mencionados, terão a
oportunidade de procurar instruir-se nos estudos teóricos da Casa
Espírita, paralelamente, preparando-se na parte prática, nas reuniões
mediúnicas.
Sem se esquecer, porém, de que cada caso é um caso. Após
oferecida a oportunidade de trabalhar, terão eles o compromisso de
aprimorar-se na ciência, filosofia e religião, via estudo sistematizado,
naturalmente oferecido pelas Casas Espíritas.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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Era evidente que Regina não podia desempenhar sua tarefa
sozinha. Ela sabia o suficiente para estar consciente de que a
mediunidade não deve ser exercida senão com a sustentação de um
grupo amigo e harmonizado. Mas, onde estavam essas pessoas em
condições de ajudá-la?
Ela via tudo isso de modo diferente. Considerava a mediunidade
uma atividade natural e espontânea. Não se sentia mais importante ou
diferente dos outros.
O dirigente, contudo, queria dela atitude padrão a qual estavam
acostumados. Médiuns que não se enquadrassem nas condições
julgadas “ideais” não serviam. Eram um “Deus nos Acuda”.
“Meu Deus, que dificuldade! Onde estava a saída daquele
confuso emaranhado de atalhos e de perplexidades, de frustrações e
de desenganos?
Mediunidade era isso? Seria mesmo esses vexames e aflições
necessários e indispensáveis ao seu exercício? Então não era um
fenômeno natural, que havia riscos é claro, como sempre pensara?“
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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10 – Os médiuns devem intelectualizar-se?
Os médiuns devem intelectualizar-se em torno de entendimentos
sadios e diversos?
Qual melhor o cérebro, melhor o instrumento mediúnico?
Sim. Isso porque por espíritos manifestantes trabalham de
preferencia com o material armazenado no inconsciente do médium,
ou seja, com os recursos que ele possui e que coloca à disposição do
manifestante.
Quanto melhor a qualidade e a variedade de conhecimentos do
médium, mais fácil e de melhor nível serão as comunicações.
Muitos afirmam, orgulhosamente, que não precisam estudar
porque aprenderam com os próprios espíritos. Estão enganados. Pois
não se deve esquecer de que são os próprios espíritos os primeiros e
mais insistentes em recomendar ao médium que leia, estude, observe,
medite, pergunte a quem saiba, permaneça vigilante e ore com
frequência, preparando o seu intelecto espiritual.
E além disso, sempre manter os seus canais psíquicos
desobstruídos.
11 – Sinais esparsos e ocasionais de mediunidade
Qual a postura ao dirigente em torno de pessoas que
apresentam sinais esparsos e ocasionais de mediunidade?
Nesse caso não é recomendável forcar o desenvolvimento da
faculdade, e sim mantê-lo ao seu lado, acompanhando-o dia-a-dia no
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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decorrer dos estudos. Não esquecendo que Kardec registra no Livro
dos Médiuns a existência de médiuns improdutivos.
Não esquecer também a existência de candidatos a mediunidade
que estão interessados apenas em brilhar ou brincar com fatos
insólitos.
12 – O conhecimento de si mesmo na prática da mediunidade
Ao conhecer a si mesmo na prática da mediunidade, deve-se
procurar ter humildade sempre para não desaguar no excesso de
confiança.
Qual o motivo de muita mediunidade promissora naufragar logo de
início?
E ntre outros motivos, está o excesso de confiança ou o temor
exagerado, desanimo ante as dificuldades iniciais, falta de
perseverança no treinamento ou desinteresse em promover certas
mudanças íntimas, renunciar a algumas comodidades e pequenos
vícios de comportamento ou de imaginação.
São muitos os que julgam que basta sentar-se a mesa mediúnica
para começar a produzir fenômenos notáveis, receber espíritos
elevados, ter vidências espetaculares ou curar doenças irredutíveis.
Nada disso. A primeira atitude a se adotar é a humildade.
Não pense que sua mediunidade vai abalar o mundo ou servir de
veiculo a revelações sensacionais. É mais fácil perder uma
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oportunidade de exercício mediúnico razoável pela vaidade do que
por qualquer outro obstáculo.
Outro motivo: A mediunidade raramente se define com nitidez,
logo de início, por esta ou aquela faculdade e, raríssimas vezes ocorre
tranquilamente, sem inquietações ou perplexidade, às quais o
médium, ainda despreparado, não sabe como esquivar-se ou controlar
o seu psiquismo, que podemos comparar a uma esponja, um
absorvente de energias de toda espécie, que cabe a ele selecionar.
Quase sempre, nessa fase inicial, os fenômenos são de variadas
natureza, como se houvesse um propósito deliberado em testar várias
faculdades, a fim de decidir qual delas é a melhor para aquele
trabalhador específico.
Após a identificação, decide e optar pela qual ele deverá insistir.
Isso não quer dizer que no decorrer dos dias, outro fenômeno não
possa firmar-se em alguns momentos.
Quem muito quer, acaba nada tendo de forma satisfatória.
Acresce ainda que, mediunidade equilibrada e funcional, é
resultado de esforço e cultivo, aprimorando também o caráter e
comportamento da pessoa.
Em outras palavras: é resultado de um trabalho consciente, às
vezes longo, monótono, cansativo e sem o brilho a que muitos
aspiram. Não é também para ser forçada.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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Qualquer que seja, porém, o tipo de mediunidade em
desenvolvimento, é preciso que o médium em formação promova um
severo e honesto autoexame, a fim de identificar em que aspectos de
comportamento necessita mudar e que eventuais virtudes ou
qualidades pessoais devem e podem ser revigoradas. E para isso
também, uma boa dosagem de humildade será de vital importância.
Para mim, existe um fator básico e principal que contribui para o
que o médium não encontre atrativos para continuar no exercício da
mediunidade: falta de amor aos necessitados, sejam encarnados ou
desencarnados.
Nesse médium em questão, falta a mais bela mediunidade, a do
amor. Ele esquece que a sua tarefa é junto aos espíritos sofredores, e a
sua falta às reuniões mediúnicas estará postergando essa ajuda. E aí só
Deus sabe quando esse espírito poderá ser socorrido por outro
médium ou outra Casa Espírita.
A respeito do exercício da mediunidade, desde o início acarreta certo
desgaste?
Sim. Embora nem sempre seja percebido pelo médium, é uma
responsabilidade que não pode ser ignorada.
São frequentes os casos de médiuns em potencial que, apenas
iniciados no exercício controlado de suas faculdades, livram-se como
por encanto, de pressões íntimas, impaciência, irritações e
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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desassossegos indefiníveis, além de assédios indesejáveis de
desencarnados que ele não sabe como controlar ou neutralizar?
Sim. Se, porém, se entregar desregradamente ao trabalho
mediúnico, especialmente na fase inicial do ajustamento de suas
faculdades, por certo terá problemas de saúde física e psíquica,
acarretados por excessos no esbanjamento de energias. A segurança
estará na disciplina, tempo e lugares certos para o trabalho mediúnico.
Sintomas de exaustão devem ser prontamente detectados e
combatidos com um período de repouso, mudanças de rotina nos
hábitos, férias, coisas dessa natureza. A mediunidade não é um estado
patológico e não deve ser exercida à custa da aniquilação da saúde
física do médium.
Mediunidade é algum privilégio perante o Criador?
É por certo um privilégio, no sentido de que constitui importante
concessão ao espírito encarnado que deseja acelerar seu processo
evolutivo servindo ao semelhante, mas não coroa o cetro a conferir
poder sobre os demais. É apenas uma faculdade natural para ser
utilizada como instrumento de trabalho.
Sem essa concessão e estando o médium ligado a uma Casa Espírita,
é lícito forçar o desenvolvimento?
Não. Deve-se buscar outra tarefa na qual a pessoa poderá sair-se
bem, como por exemplo, a do passe magnético, a da palestra, direção
do estudo ou no trabalho social. Os espíritos não criam a mediunidade
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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para atender os nossos desejos e ate ambições. Afinal, a mediunidade
é apenas um dos muitos caminhos para a evolução, apenas uma
ferramenta de trabalho.
13 – Definições e decisões
Como já foi dito, a mediunidade é uma faculdade tão natural
quanto qualquer um dos cinco sentidos habituais.
Por isso não é necessário e nem possível criar a faculdade a
partir do nada, mas sim descobri-la, identificá-la e aprender a utilizar
corretamente aquilo que existe nas profundezas de nossa estrutura
espiritual.
A existência da mediunidade tem a sua base nas entranhas do
espírito.
De forma idêntica, ou semelhante, o homem aprendeu a utilizar
os dons dos sentidos – andar, falar, etc.
Os primeiros espíritos que se aproximam de um médium
iniciante são os de baixa condição, não são maldosos, aproximam---se
na tarefa de preparar o organismo e mente para o futuro trabalho na
área da mediunidade.
Hoje em dia existem métodos que dão mais segurança aos
médiuns quanto ao de desenvolvimento mediúnico.
Mediunidade é, pois, uma transfusão de pensamento, mesmo
quando se trata de energia designada à produção de efeitos físicos,
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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de vez que é o pensamento e a vontade dos espíritos que a
direcionam.
Por outro lado, o médium é um ser que franqueou o acesso da
sua intimidade aos seres invisíveis e desencarnados – e até aos
encarnados em condições especiais.
Se ele adota atitudes de descaso, indiferença e preguiça, está
chamando para sua convivência espíritos semelhantes. É como um
aparelho receptor de rádio ou televisão, captando a estação na qual se
acha sintonizado.
Se a pessoa é assediada por fenômenos insólitos e desejar
exercer seriamente a mediunidade, precisa a ela dedicar-se com
seriedade e jamais com fanatismo.
Se seu desejo, porém, é apenas uma distração para passar o
tempo ou um instrumento para fascinar platéias maravilhadas, é
melhor dedicar---se a outra atividade. Terá por certo menos problemas
e assumira responsabilidades menos graves ao fazê-lo.
A mediunidade é um instrumento de trabalho e não serve para
uso e gozo pessoa, mas sim para servir. Se a pessoa não se sente
preparada para isso, é melhor cuidar de outra atividade.
Não se esqueça, de que não se pode simplesmente apertar um
botão, torcer uma chave ou tamponar a faculdade nascente que estará
tudo resolvido. Se são sinais esparsos e ocasionais, como já vimos,
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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tudo bem, não vale a pena nem é recomendável forcar o
desenvolvimento nessa fase.
Já a respeito da mediunidade tarefa, conversando com espíritos
hoje desencarnados, encontramos duas realidades:
1. Estão sempre bem e felizes aqueles que exerceram suas tarefas
com dedicação e boa vontade, ainda que com falhas, inevitáveis
no contexto da imperfeição humana;
2. Por contraste, temos recebido depoimentos dramáticos dos que
rejeitaram suas faculdades, ou delas se utilizaram para obter
proveito pessoal, ou não levaram a sério como deveriam.
No segundo caso, as decepções são inevitáveis, porque a decisão
é sempre nossa, portanto, intransferível.
Um erro clássico é buscarmos fazer uma troca de Dom
Mediúnico, escolhendo para nós tal mediunidade, ou outra atividade
na Casa Espírita. Temos em nosso meio o seguinte exemplo:
Determinado médico desenvolvido na psicofonia em nosso
grupo, o qual após ser incentivado por estudiosos de outra casa, aderiu
a sugestão de que no seu caso de médico cirurgião, deveria ele
aperfeiçoar-se na sensibilidade da mediunidade intuitiva. Esquecem
que a mediunidade de incorporação é um estado mais avançado em
relação a mediunidade intuitiva.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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Esses estudiosos desconhecem o comprometimento desse
médico quando estava no mundo espiritual, com o carisma da
mediunidade de incorporação. Como médium de incorporação ele
estaria na posição de medico dos encarnados, e, consequentemente,
também dos desencarnados.
Todo trabalho a ser realizado exige dedicação, cultivo e
sacrifício.
14 – Mediunidade como trabalho de equipe
Devemos entender que a mediunidade não deve ser praticada no
isolamento de sua residência?
O médium que a prática isoladamente está exposto a hábeis e
envolvente mistificação. Muitas vezes, nem percebe que já se
encontra fascinado por mentirosos que se fazem passar por figuras
importantes, assumindo indevidamente nomes que merecem respeito
e acatamento.
O médium que resolva, portanto, praticar suas faculdades no
isolamento, estará correndo sérios riscos de envolvimento indesejável
com os mistificadores. Os riscos não cessam apenas porque ele se
juntou a um grupo bem intencionado, mesmo porque, são muitos os
que se deixam fascinar com impressionante facilidade.
A proteção desses médiuns e demais participantes desse tipo de
envolvimento é a vigilância e a atenção com o teor, o significado e as
implicações das manifestações.
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Caso um grupo de pessoas pretenda, com muito estudo e postura
moral formar um grupo de trabalho mediúnico pela dificuldade que
encontram em ser aceitos na maioria dos grupos fechados de muitas
Casas Espíritas tudo bem.
Apenas faço o seguinte registro: quando o proprietário sede
espaço da sua casa para as reuniões mediúnicas sistemáticas de
socorro aos desencarnados doentes e necessitados, ele transforma o
recinto do seu lar em hospital. Assim sendo, ele deve levar em
consideração o seguinte:
Ø Ele mora sozinho?
Ø Há outras pessoas?
Ø Todas essas outras pessoas tem estrutura moral para suportar os
bombardeiros psíquicos dos doentes e dos revoltados
desencarnados pela ação da caridade?
Caso estejam preparados, arregace as mangas e sejam os cristãos
tão difíceis de se encontrar em nossos dias.
Em relação ao que foi registrado acima, o dirigente ou o
médium preparado de uma Casa Espírita deve atender em sua casa o
companheiro do seu grupo mediúnico que esteja necessitado, ou de
um desconhecido, em regime de emergência? Não estamos falando de
reuniões mediúnicas.
Sim. Principalmente quem esteja em regime de emergência, pois
o trabalhador da seara espirita deve ser o trabalhador das vinte e
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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quatro horas do dia. Na emergência, não se tem hora, dia e nem local.
Principalmente quando ele se encontra em sua casa.
Deve-se improvisar para receber o companheiro, mesmo que
seja um desconhecido, que esteja necessitando de ajuda em seu
momento de crise mediúnica, com a finalidade de atender, ajudar,
orientar e encaminhar tal espírito perturbador.
Os espíritos trabalhadores de nossa Casa Espírita nos orientam
para que o médium busque ajuda, sem muita demora, para que não
fique mais severa a investida do inimigo que não aceita o bem que o
médium produz.
O trabalhador espírita não deve ser ortodoxo. Eis cinco situações
experimentadas por mim citadas pela necessidade do momento de
estudo:
1. Administrando passes em minha casa e a pessoa ficar
incorporada;
2. Administrando passe em pessoa incorporada dentro do carro;
3. Administrando passe pelo telefone à longa distância, atendendo
pessoas que ligaram da Inglaterra e da Alemanha. O resultado
nos dois casos foi satisfatório, a pessoa retornou dizendo que
tinha dormido muito bem. Na reunião mediúnica atendemos o
espírito perturbador. Lembro---me que em um desses casos o
espírito perturbava a funcionária brasileira entendendo que ela
não devia ficar naquela residência, afirmando ser sua a
residência e ter sido invadida por ela;
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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4. Já dialoguei por telefone com o espírito perturbador, o qual foi
ajudado, com médium incorporado em Vitória – ES;
5. E recentemente, um atendimento por telefone veio de São Paulo,
eu estava próximo ao jardim da escola Liceu Cuiabano, pedi um
pouco de tempo e sentei-me em uma mureta embaixo de uma
árvore. E assim abrandei a ira e ajudei um espírito equivocado.
Os exemplos de emergência acima citado mostram que em às
vezes não se tem tempo e nem possibilidade para encaminhar a pessoa
a Casa Espírita.
Os que se recusam a atender as emergências alegando que no
final de semana estarão a disposição na Casa Espírita, tornaram-se
administradores de empresas, burocratizando e engessando a
dinâmica da filosofia da caridade exemplificada por Jesus. Que
responsabilidade a de quem não atende à pessoa em crise, pois
ninguém pode afirmar que logo mais essa pessoa não cometa
suicídio?
Deve-se sempre ter em mente as seguintes palavras: “amar
disciplinando se necessário, mas amando sempre, na mediunidade do
Cristo”.
Nas emergências, não se poder ter a disciplina de hora, dia ou
local. Jesus nunca disse: não lhe posso atender porque estamos
debaixo de uma árvore. Pelo contrário, ele disse: “Meu pai trabalha
constantemente e eu também trabalho”.
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15 – O médium e a crítica
O médium precisa contar com a crítica ao seu trabalho e deve
mesmo desejá-la. Para isso, precisa estar preparado, inclusive, com
boa margem de tolerância para absorver e eliminar alguns excessos
porventura atirado contra ele ou contra a sua faculdade nesse processo
de lapidação.
Oriundas de encarnados e desencarnados, até mesmo no seio da
família dizendo: onde está o espírita que a tudo deve entender?
O médium precisa, pois, estar convencido de que pode depositar
confiança naqueles que o cercam, não apenas para entregar-se
descontraidamente ao trabalho, como também para debater seus
resultados posteriormente, a fim de programar correções e reajuste
que visem o aperfeiçoamento de sua mediunidade.
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16 – A crítica e a autocrítica
Algumas situações de autocrítica exemplificadas pela médium
Regina, sempre que ocorria de maneira insólita, a primeira impressão
era de que podia ter resultado de um fenômeno comum, embora sem
explicação pronta e acabada:
Ø O desaparecimento de um objeto, por exemplo. Provavelmente
havia o colocado em um lugar diferente e se esquecera, ou
alguém havia levado para outro cômodo, colocado em uma
gaveta ou coisa assim. Quando, porém, o objeto desaparecia ou
reaparecia enquanto ela o contemplava, em plena lucidez, então
era porque algo insólito estava acontecendo;
Ø Se tinha um sonho estranho, ainda que nítido e bem armado, era
apenas um sonho. Mas se os eventos nele testemunhados
ocorriam tal como lhe haviam sido mostrada, novamente
estávamos ante algo digno de exame e meditação.
Com o decorrer do tempo e a repetição de tais ocorrências ou de
outras semelhantes, cria-se no médium certa familiaridade com eles. É
o caso de Regina:
Ela não mais se assustava ou ficava perplexa com certas
ocorrências no lar, na rua, ou nos recintos onde exercia sua atividade
profissional. Desenvolvia-se uma espécie de intimidade entre ela e os
fenômenos observados, mesmo observando até seres desencarnados.
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17 – A Concentração
São muitos os dirigentes de trabalhos mediúnicos que exigem
concentração de todos os participantes do grupo. O termo, contudo, é
um tanto nebuloso no seu significado e, portanto, dúbio em suas
implicações e consequências.
Ao invés de qualquer esforço consciente, destinado a obter a
clássica concentração, o que se pedia era exatamente uma atitude de
relaxamento e descontração, deixando que o fenômeno ocorresse
naturalmente, segundo sua própria dinâmica.
Quanto mais o sensitivo se empenha em concentra-se para
observar a mecânica do processo e permanecer alerta para o que se
passa com ele, mais difícil se torna a alcançar a condição básica e
indispensável para que as coisas aconteçam como desejado.
Dificilmente o sensitivo terá condições de funcionar como agente,
observador, espectador e mediador dos fenômenos dele ao mesmo
tempo.
Apesar de valiosa, a concentração facilmente se transforma em
um estado mental que frustra seu próprio objetivo, ao restringir a
emissão de força magnética, uma vez que o relaxamento físico e
mental constitui fator de primária importância no desenvolvimento da
mediunidade.
Ao contrário do que muita gente pensa, a concentração não
consiste em fixar na mente um pensamento, ou imaginar. Mas
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
60
precisamente o contrário, ou seja, em esvaziar a mente de
pensamentos. O que vale dizer, abrir espaço para que o fenômeno
anímico ou mediúnico se produza, sem interferência, sem obstáculos,
sem distrações que o inibam.
Como poderia o espírito comunicante movimentar seus recursos
através da mente do sensitivo se ela está teimosamente obstruída ou
paralisada na fixação de uma ideia ou de uma imagem?
Pelo exposto, vemos que se concentrar é estancar a torrente de
pensamentos próprios, a fim de que o alheio possa ser recebido e,
portanto, criar espaço para receber as ideias desse visitante, e/ou
claro, nossas próprias, guardadas no inconsciente.
Se as ideias que o médium acolhe são suas, existentes no seu
conteúdo diário, ou oriunda de pensamentos e imagens sacadas do
inconsciente, o fenômeno é anímico; fenômeno anímico ou
mediúnico, em ambas as situações, o consciente do sensitivo tem de
estar desocupado, tem de oferecer espaço mental para que os
fenômenos ocorram.
Este aspecto é de tão grande importância na dinâmica do
fenômeno mediúnico que aí está a causa secreta do fracasso de todas
as formas de mediunidade.
Não há dúvida, porém, de que o bom funcionamento da
mediunidade exige certo controle do que se passa no consciente e no
subconsciente ou, para dizer de outra maneira, capacidade para ceder
espaço mental, descontruindo ao espírito comunicante, o qual é
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
61
estranho a individualidade psíquica do médium. Uma coisa deve ser
dita: ceder espaço não é concessão corriqueira, mas sim no dia da
reunião mediúnica ou em momentos que justifique.
Do acima exposto, quanto a esse estado de esvaziamento da
mente, pode ser também resultado de um desdobramento mais
explícito, para atender as necessidades do momento. Motivado pelo
afastamento maior ou menor do períspirito em relação ao corpo físico,
pois como sabemos, a consciência “vai” com o espírito, ao invés de
ficar no corpo físico.
A pessoa contempla seu próprio fantasma “desdobrado”, em
seguida, fica como dividido entre o corpo físico e o corpo espiritual
para, finalmente, emigrar para este último. Uma vez nesta posição, o
cérebro físico continua energizado e vitalizado, pois o espírito
continua preso a ele pelo cordão fluídico – está como que vago,
disponível para receber impressões e imagens, não apenas do próprio
espírito desdobrado, como de outros espíritos, tanto encarnados como
desencarnados, próximos ou mais distantes.
No desdobramento consciente ou inconsciente, na qual o
médium como que entrega seu corpo físico ao espírito manifestante,
permanece consciente ao seu lado.
Finalizamos da seguinte maneira:
A pressão e a tensão da chamada concentração devem ser
excluídas ou neutralizadas, precisamente para não criarem
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
62
dificuldades ao exercício das faculdades que precisamos. Em relação
ao desejo de desenvolvimento das faculdades mediúnica, não se deve
forçar nada.
18 – Animismo
Acrescento nesse trabalho, um estudo que fizemos, em
consonância com o nosso limite de entendimento, em relação ao
animismo, o qual é extenso, tornando-se monótono para alguns, mas
com o qual é necessário muito estudo e reflexão.
O animismo no decorrer da reunião mediúnica ou em outros
momentos, é sempre uma parte ativa e inesperável do homem.
Se alguém nos perguntar o que é animismo, teremos que
oferecer o seguinte entendimento:
• Observar que o animismo, nada mais é que construção diário do
psiquismo em nós, até alcançarmos o psiquismo angelical.
Lembrando que tudo começa no reino mineral, vegetal,
caminhando em direção ao reino animal, passando pela célula
única da ameba unicelular, alcançando o reino hominal. Esses
valores diários obtidos e armazenados no psiquismo imortal.
• Entender que animismo/psiquismo é o armazenamento de
emoções, doloridas ou não, muitas experiências e trabalho na
área do intelecto, experiências no curso dos milênios, estagiando
ora no corpo físico ora no mundo dos espíritos.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
63
A necessidade de estar o animismo/psiquismo, principalmente
no fenômeno de mediunidade, não despreza a presença diária na
intimidade, em nível do psiquismo.
Assim sendo, buscamos o aval do Dicionário – Espiritismo,
Metapsíquica e Parapsicologia de João Teixeira de Paula. O qual
canaliza o entendimento da palavra animismo no seio do Espiritismo,
focando o comportamento do sensitivo no exercício do fenômeno
mediúnico:
v Animismo ( de anima+ismo) – em Espiritismo, é o estado em
que opera o Espírito do médium e não o do desencarnado, ou
seja: quando o sensitivo fala e ora por si mesmo.
v Psiquismo (de psico+ismo) – Ciência da Psique, da alma, do
Espírito.
Como entender quando é citada a palavra alma do espírito:
v A alma é quando estamos desencarnados;
v Espírito quer dizer desencarnado;
Ou seja, significam a mesma coisa, só o que muda é a
nomenclatura.
Observação: Não utilizaremos a palavra sensitivo quando o
fenômeno for de efeito físico, anímico, contido na realidade 1.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
64
Quando o fenômeno for mediúnico, utilizamos a palavra
médium = intermediário, medianeiro, pelo fato de estar contido na
realidade 2.
1. Quando o corpo físico fica limitado aos cinco sentidos da
matéria, quando o sensitivo fala por si mesmo;
2. Quando o corpo físico fica em uma delas– número 1 – realidade
física – e o períspirito na outra – extra físico.
Podendo assim contemplar a realidade 2 como que embutida na
primeira realidade, eis o entendimento que chamamos de janela
psíquica, sem nenhuma obstrução ou interferência da de número 1.
Ele não está servindo de intermediário entre espíritos desencarnados
ou seres encarnados.
É apenas um sensitivo que dispõe de faculdade que lhe permite
perceber uma faixa mais ampla da realidade global.
Ou ainda: é um ser que, além da visão normal ou da audição
normal, mesmo que não escute na acústica da audição, e sim como
uma voz interior da cabeça, ele a compreende.
No fenômeno mediúnico o processo é diferente. Ele se destaca
ou se isola da realidade 1, na qual vive, e se coloca em posição tal que
permite a um ser da realidade 2, lhe transmitir imagens, sons,
pensamentos, ideias e emoções, operando-lhes o corpo físico através
dos dispositivos de controle localizados no corpo perispiritual.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
65
No fenômeno anímico ele é um observador direto, tem um
papel ativo, relata uma experiência pessoal de observação em relação
a realidade 2, sem participação do mundo espiritual.
No fenômeno mediúnico, o seu papel é passivo, funcionando
como instrumento de comunicação, após destacar-se ou isolar-se da
realidade 1, a qual pertence o corpo físico, aquilo que é induzido a
transmitir. Seu papel é semelhante ao de um telefone, por meio do
qual duas pessoas conversam, por mais passiva que seja a sua postura,
é sempre um ser pensante, dotado de livre-arbítrio, condicionado ao
grau de cultura e evolução, de moral e inteligência, de fidelidade ou
dedicação, de harmonia ou desarmonia íntimas.
Dessa forma, o pensamento que ele recebe da entidade
manifestante, acaba retocando com um tom mais leve ou mais
carregado do seu próprio colorido pessoal.
O bom médium é aquele que mantém o seu espelho bem limpo,
não permite que as paixões carreguem as suas cores e está atento o
bastante ao que lhe dizem do outro lado. Procura ser um secretário
competente, estudando e aperfeiçoando sua técnica, procurando
adquirir uma boa cultura geral.
O médium que transita na realidade 2, ou seja: necessitando
filtrar da melhor maneira o que o espírito deseja dizer, como o
médium pode proceder de maneira satisfatória nessa difícil tarefa?
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
66
É necessário certa disciplina, até se tornar um médium
confiável. A missão é nobre, linda e árdua, pelo fato de transitar na
difícil realidade 2, podemos comparar com o espelho que tem que
estar limpo para refletir, sem interferência à luz do sol, evitando o que
ocorre na transmissão radiofônica, quando a recepção oferece estática,
prejudicial a comunicação.
Assim sendo, tem a missão de ser, como um menino de recado,
fiel na transmissão da informação.
Pode-se entender por animismo tudo aquilo que está contido nos
cinco sentidos e que não possui a participação de desencarnado?
Sim, porém, com a possibilidade de ser adicionado outros
componentes no momento em que o desencarnado marca a sua
presença com fleches, mensagens intuitivas, ou seja, uma participação
parcial.
Eis o momento do entendimento de que o sensitivo está diante
do fenômeno misto. Misto = Parte do médium, parte do espírito.
Eis um exemplo mais ativo de participação “mista”: quando o
sensitivo se desdobra e encontra-se com outros espíritos, realizar
certas tarefas em conjunto com eles, sem contudo, ter algo a
transmitir, ou seja, sem funcionar como intermediário do espírito
desencarnado e/ou encarnado.
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O fenômeno está presente nos sentidos físico, anímico. Muito
comum em nossas “andanças”, quando dormimos.
Do exposto acima, podemos embutir outro entendimento: no
caso dos rapazes australianos afogados, por exemplo, o sensitivo
funcionou também como médium. Ou seja, ele desdobrou-se, assistiu
a toda a aventura, em replay, narrou com minúcias para os pais e,
posteriormente, atuou como médium para um dos rapazes.
Na primeira parte do trabalho, ele operou ativamente como
sensitivo, deslocando-se no tempo e no espaço, observando e
narrando o que via;
Na segunda, funcionou passivamente como médium, limitando-
se a transmitir o que lhe dizia o jovem desencarnado por afogamento.
“O que pretendo deixar bem marcado é que pode haver, e com
frequência há mesmo, um componente mediúnico em muitos
fenômenos anímicos. Podendo ser:
ü Facilmente identificado, quando o sensitivo vê, ouve e conversa
mentalmente com os espíritos durante o desenrolar dos
fenômenos anímicos ou;
ü Mais difícil, quando percebe, entretanto não vê.”
-Conforme dito por Hermínio C. Miranda:
Há fenômeno mediúnico puro?
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Não há fenômeno mediúnico puro, pois sempre haverá nele um
inevitável componente anímico. A razão é simples, direta, objetiva e
irrecusável: a comunicação mediúnica só se torna possível quando o
espírito se utiliza de um companheiro encarnado.
Ao abrir a janela da realidade 2, as pessoas facilmente a
denominariam de fenômeno de vidência, entretanto, procuro me
apoiar na literatura espirita quando afirma que bem poucas pessoas
são médiuns videntes. Isto me leva a entender a existências de outras
particularidades, elevando a vidência a nível mediúnico.
Apresento uma situação em que o sensitivo/médium vivencia
três realidades sequencialmente:
“Determinado médium reportava o que “via” do outro lado,
como se ele estivesse em cima do muro, apenas “olhando”, sem
estabelecer conversação ou envolvimento telepático.”
Ø Esse “ver”/”olhar” só foi possível pela abertura da janela
extrafísica, acessando a realidade 2.
Ø Existindo a participação do espírito na projeção do que ele quer
mostrar ou dizer, os sentidos do sensitivo passam a vibrar na
realidade 2, com predominância na realidade 3. Eis o momento
no qual podemos classifica: fenômeno mediúnico, de efeito
parcial/misto – nesse contexto o fenômeno é administrado e
organizado pelo sensitivo, com a participação do desencarnado.
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A. Nessa primeira realidade, o fenômeno é físico;
B. Já na segunda, o fenômeno é físico, embutido na primeira
realidade, havendo uma alteração de consciência, a qual
possibilitar olhar e ver pela janela extrafísica;
C. Na terceira realidade, quando há participação linear/maciça do
componente espiritual, aí sim estamos diante do fenômeno
mediúnico, no qual o sensitivo passa a exercer o fenômeno da
mediunidade.
Quando a outros entendimentos, anímicos ou não:
Fenômeno de vidência ou auditivo:
O médium vê ou recebe um recado.
O fenômeno é físico, ou seja, anímico. De nossa parte,
classificamos de fenômeno misto. Pelo motivo de encontrarmos nessa
situação, dois componentes:
I. Componente anímico do médium, quanto ao ver;
II. Participação do espírito, quanto a transmitir o recado.
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Fenômeno mediúnico:
Quando o médium deixa de atuar via seus cinco sentidos e
atende efetivamente os desejos, mesmo telepaticamente, do
encarnado.
Como devemos entender, quando a participação do espírito é muito
ligeira, oferecendo pequenos fleches, ou incorporação parcial?
Essa pergunta já foi respondida. E novamente esclareço: Nesse
caso, entendo que devemos enquadrar o fenômeno na condição de
fenômeno misto, com real manifestação psíquica do médium e do
desencarnado.
Um exemplo prático: no decorrer da reunião mediúnica tal
médium interrompe e expressa uma informação útil ao dirigente,
informação na qual o médium não tinha nenhum conhecimento.
Considerando que:
1. A expressão facial do médium não indica atuação direta do
desencarnado;
2. A voz do médium está normal;
Aí está contida mais um exemplo de fenômeno misto.
Dificuldade do médium:
Quando a manifestação anímica tem um componente mais profundo
em termo de desdobramento, o médium sabe que a sua manifestação
é anímica?
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71
Não.
O médium tem mecanismo para essa identificação?
Em condições um tanto normais, sim. É tarefa árdua, com longo
período de estudo, procurando conhecer a sua personalidade e nos
momentos de passividade, no exercício da mediunidade, observar se o
exposto é dentro daquilo que ele expressa no seu dia-a-dia, não
somente em palavras, mas principalmente em conceitos.
É interessante observar que o espírito comunicante pode utilizar
alguns cacoetes verbalísticos do médium.
Como o dirigente do grupo mediúnico pode ajudar o médium a
espantar o fantasma do animismo oferecendo meios hábeis?
Naturalmente, existem outras causas que contribuem para a
manifestação do animismo. Deseducação no presente, um trauma
oriundo de profundo sofrimento, exemplo da pessoa que passou todo
o tempo da sua vida internada em um sanatório e que mesmo o
choque biológico da atual existência não foi suficiente para extrair o
incômodo do seu inconsciente profundo.
Nos casos mais complexos, o dirigente deve conduzir as suas
ações buscando o desbloqueio, retirando a pessoa do reflexo
condicionado, oferecendo a ela:
Ø Diálogos com explicações lúcidas, com paciência, tato
psicológico, energia moral, prudência, humildade e
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
72
sensibilidade, procurando agir no trauma psíquico de
conhecimento do médium e do dirigente;
Ø Apoio fraterno, escutando os seus conflitos, contribuindo com o
desbloqueio;
Ø O tratamento pelo passe, também contribuindo com o
desbloqueio;
Ø Ajuda direcionada no decorrer da atividade mediúnica.
No meu entender, quando tais acontecimentos traumáticos são
oriundos, de existência passada, com raízes profundas, e que pela falta
do perdão esses sentimentos deixaram o sistema nervoso alojando-se
no coração, a sua remoção exige muita ajuda do dirigente e muita
reforma íntima.
A regressão de memória é um remédio eficiente e será exposta
melhor no item 20.
Dificuldades do doutrinador em identificar o animismo:
• O médium pode dar uma mensagem muito elevada, mas isso
não é sinônimo de mediunidade elevada. Não se deve esquecer
que em existências anteriores, esse médium humilde de hoje,
teve experiência academia e naquela oportunidade ele estava
expondo o que existe em seu psiquismo. É animismo a ser
corrigido;
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73
• Alguns afirmam que sabem quando ocorre o fenômeno anímico,
pois o médium usa os termos da sua linguagem peculiar.
Entretanto, isso não prova o animismo, pois a entidade poderá
valer-se das expressões condicionadas do médium, sendo,
entretanto, uma mensagem autenticamente mediúnica;
• Outros garantem que descobrem, em virtude da mensagem banal
que o médium transmite. Estamos diante de outro equivoco,
porque o comunicante pode ser igualmente banal e o interprete
estar sendo fiel;
• Muitos asseguram que a mensagem é genuinamente mediúnica
quando demonstra uma erudição soberba. Mesmo assim, não
teremos prova cabal, pois no psiquismo desse médium pode
existir todo esse arquivo intelectual;
• Há ainda os que atestam como mensagem sem presença anímica
aquela na qual sendo o médium de conformação física
masculina, dá vazão a uma entidade que se apresenta com todos
os traços psicológicos de uma mulher. Mesmo assim, não se
poderá estar certo, uma vez que muitos que hoje estão como
homem, carregam densas bagagens femininas. Podendo essa vir
à tona em determinadas circunstancias, estabelecendo um
perfeito transe anímico.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
74
Mas se for realmente identificado o animismo prejudicial, mas não
traumático, no dia-a-dia de determinado médium, o dirigente deve
afastá-lo da reunião mediúnica?
Jamais, mas sim continuar o trabalho de doutrinação, não
esquecendo que ele é espírito, hoje encarnado, como problemas não
resolvidos, não destilados no seu foro íntimo, pendente de solução.
Devemos sim, convidar a estudar um pouco mais a doutrina, levando
informações ao seu espírito, para que ele adquira controle sobre o
animismo.
Porque o passado poderá estar presente em alguns momentos em
médiuns confiáveis?
Temos o nosso passado guardado, sepultado em nosso
inconsciente, mas que a qualquer arranhãozinho faz com que a ferida
que não está totalmente cicatrizada venha a sangrar e esse arquivo
venha à tona, por exemplo:
Uma linda música que mexeu no fundo do seu ser, acordando
uma saudade inexplicável, não identificada. Nesse estado de
sensibilidade a eclosão da lembrança poderá manifestar-se sob a
forma de animismo com o espírito manifestando o seu pesar. Esse
afloramento de lembranças pode acontecer, não importando o tempo
que já passou. Na verdade, o médium está vivenciando um processo
de regressão de memória, sem dar-se conta disso.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
75
Outro exemplo:
Uma senhora que, embora as usuais características de
incorporação obsessiva de um espírito perseguidor, estava ela apenas
deixando emergir de si mesma, memória desagradáveis de uma
existência que nem mesmo o choque biológico da nova reencarnação
conseguiria apagar.
Tratava-se de uma mulher que havia sido assassinada no
passado. O perseguidor de ontem, hoje a observava a distância
condoído e ela, percebendo as suas energias, dispara o processo
anímico.
Um doutrinador sem tato fraterno teria agravado o problema
dessa pessoa ao impor um corretivo importuno.
O que contribui com o animismo?
v Forçar incorporação através do processo magnético;
v Imposição das mãos por tempo prolongado na cabeça do
médium;
v Projetar excessivamente energia na glândula epífise/pineal, esse
é o processo utilizado nos terreiros de umbanda;
v Forçar o desenvolvimento mediúnico toda vez que se tenha
apenas alguns sintomas de paranormalidade. Tal método é
também utilizado nos terreiros de umbanda;
v Mediunidade de prova, quando o médium ainda tem resquícios
de conflitos do passado em seu inconsciente; por ser sensível se
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
76
deixam facilmente sugestionar-se, por saber que é um grande
devedor do passado;
v Aproximação vibratória de um espírito, inimigo do passado,
proporcionando ao médium o retorno de velhas ansiedades,
fobias, angústias, lembranças e cobranças. Eis aqui uma das
causas do homem epiléptico, o seu sistema nervoso é
comprometido e ele, ao identificar fluidicamente a presença do
inimigo, entra em colapso nervoso.
v Médiuns não evangelizados;
v Médium excessivamente personalístico, não espera o espírito
externar-se, ele antecipa, interferindo na comunicação. Como
por exemplo, quando o espírito fala “Aqui no Rio de Janeiro
está muito frio”, ele elimina a palavra “muito”.
No livro Correnteza de Luz, tem-se alusão a outros fatos
desencadeadores do animismo:
1. Encontros e desencontros que sensibilizam o médium;
2. Discussões e desentendimentos familiares;
3. Festas sociais e extravagantes que intoxicam o psiquismo;
4. Jogos e entretenimentos similares;
5. Médiuns excessivamente elétricos, descontrolados;
6. Quando ele é o único a falar em uma roda de amigos.
Diante do exposto, acontece que quando um espírito de elevação
espiritual quer transmitir alguma informação com o mínimo de
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interferência, ele tira a consciência do médium. Porque se ele ficar
sabendo o que o espírito está dizendo e tendo esse temperamento
extrovertido, irá acrescentar ou suprimir algo por conta própria.
O médium é capaz de fazer essa interferência anímica até
inconsciente, por mais incrível que possa parecer. É o vicio que tem
de interferir, e como tal, interfere sem se dar conta. Feliz do médium
que tem em seu dia-a-dia a necessidade de viajar no seu silencio.
As informações são que no dia-a-dia, os médiuns em geral
conseguem fidelidade em 70% do que os espíritos desejam transmitir.
Não se subestime. Médium perfeito não se tem na Terra, mas isso não
significa que se deva alterar a mensagem.
É importante enfatizar que o animismo é a própria mediunidade,
que nada mais é do que a expressão da sensibilidade do médium.
Sem o animismo, não teríamos as incorporações, pois os
espíritos precisam do nosso arquivo mental. Um consolo mental, seria
a realidade de que deficiência e interferência existem também nas
práticas mediúnicas realizadas nas regiões próximas da terra.
O animismo é de tamanha relevância, que tem feito alguns
dirigentes de casas espíritas castrar alguns médiuns promissores por
falta de informação a respeito.
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78
Um exemplo:
Hipoteticamente, em determinado grupo mediúnica, o médium
em questão é Chico Xavier reencarnado.
Não identificado e participando de determinado grupo mediúnico, em
dado momento, o seu espírito coloca a sua sabedoria milenar em uma
comunicação anímica para transmitir informações sábias.
Identificando o animismo, o dirigente deve solicitar o seu
afastamento do grupo mediúnico?
Outro exemplo:
Um médium simples, aceita em algum momento o animismo
para que o seu espírito que foi medico no passado dite uma receita. É
animismo. O que fazer?
Quanto a complexidade do mundo psíquico, eis alguns
comentários:
Ele não armazena necessariamente palavras, mas
símbolos/códigos que representam coisas, situações, etc. Eis o enigma
de muitos sonhos, e assim sendo, quando o psiquismo consegue
decifrar esses símbolos/códigos que surgem codificados, aí sim
haverá melhores condições para entender a mensagem daquele sonho.
Quando o espírito de um japonês que desconhece a língua
portuguesa e nem o médium a língua japonesa, o entendimento se faz
em português, mesmo utilizando a comunicação telepática, podendo
estar presente nela os símbolos e códigos.
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O espírito japonês não articular palavras, mas aciona os
símbolos e códigos via telepatia.
Uma situação complicada para o médium: o espírito japonês
projeta o pensamento codificado de um animal que não tem no Brasil,
mas ao descodificar o médium assimila um animal malhado, grande,
ele naturalmente dirá erradamente a palavra “Zebra”.
Eis outro caso:
Em muitas ocasiões os espíritos falam, mas o médium não
possui a faculdade de recepção dos sons articulados pelas entidades
espirituais, ou seja, não consegue escutar com os ouvidos da alma,
então o entendimento vem de forma telepática.
Qual a diferença entre animismo e mistificação?
Quanto ao animismo já foi dito, já a respeito da mistificação, é
quando o médium forja premeditadamente uma comunicação. É
diferente quando o mentiroso e mistificador é o espírito comunicante.
Ainda a respeito do animismo, cabe um comentário quanto à
pergunta 223, questão segunda do Livro do Médiuns:
“Os mentores não deram ao assunto qualquer conotação de
anormalidade. Entretanto, nem sempre o fato anímico revela
qualidades adormecida ou simples ocorrências do cotidiano da vida
atual ou do passado de um médium. Não raro, o que se projeta são os
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traumas, as manifestações de fobia, além de outras expressões de
desajustes que aguardam regularização.
Existem, todavia, manifestações mistas, ou parcialmente
anímica, em que o médium, não conseguindo apassivar-se totalmente,
inconscientemente introduz suas próprias ideais, clichês mentais e
automatismo de personalidade. Uma das causas principais deste
problema é a falta de sintonia entre o médium e o espírito, no ponto
de vista vibratório, condição indispensável para que o fenômeno se
processe com naturalidade.”
Para ampliar o entendimento, vamos rever o entendimento
utilizando os itens 7 e 8, da mesma pergunta 223:
“De outras vezes, o que se dá, é um mecanismo de associação de
ideias provocado por telepatia ocasional, não expressa em
incorporação. O pensamento do comunicante, mal sintonizado pelo
médium, apaga---se quase que totalmente em sua mente, despertando
ideias correlatas, parecidas ao acervo de suas expectativas.”
Abaixo um exemplo retirado do capítulo 9 do livro Mundo
Maior:
(...) Determinado médico desencarnado, desejoso por inspirar a
realização de um trabalho de assistência à saúde na Terra circulou a
mesa e viu que os raios de força positivo do mensageiro efetivamente
incidiam em oito pessoas, no tocante do projeto de assistência aos
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enfermos, alcançava o cérebro dos que se conservavam em atitude
passiva; na tela animada de concentração de energias mentais, porém,
se percebia que cada irmão recebia o influxo sugestivo.
Fixei as particularidades com atenção:
v Ao receberem a emissão de forças do trabalho do bem, um
cavalheiro recordou comoventemente paisagem de um hospital;
v Outro rememorou o exemplo de uma enfermeira bondosa que
com ele travara relações;
v Outro abrigou pensamentos de simpatia para com os doentes
desamparados;
v Duas senhoras se lembraram da caridosa missão de Vivente de
Paulo;
v A uma velhinha acudiu a ideia de visitar algumas pessoas
amadas que lhe eram queridas;
v Uma jovem reportou-se, em silencio a notáveis paginas que lera
sobre piedade fraternal para com todos os semelhantes afastados
do equilíbrio físico;
Examinei também as três pessoas que se mantinham
impermeáveis ao serviço benemérito daquela hora:
Duas dela contristam-se por haver perdido uma sessão
cinematográfica e a outra, uma senhora na idade provecta, retinha a
mente na lembrança das ocupações domésticas, que supunha
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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imperiosa e inadiáveis, mesmo ali, em um circulo de oração, onde
devera beneficiar-se com a paz.
Essas ideias passaram a ser debatidas pelo grupo e a tese do
animismo apareceu como tábua de salvação para todos. Transferiu-se
a conversação para complicadas referencias ao mundo europeu; falou-
se de Richet, Charcot, de Rochas e Aksakof, eram a cada passo
trazidos à batalha.
O médico em nosso plano de ação, dirigiu-se desapontado ao
orientador e comentou:
-Ora essa! Jamais desejei despertar semelhante polemica
doméstica. Pretendemos algo diferente. Bastar-nos-ia um pouco de
amor pelos enfermos, nada mais. Faço aqui uma observação: vamos
usar essa lição, adaptando-a em muitos momentos em que polêmicas
tem se instalado entre nós, sem justificativa.
Do acima, fica claro o equívoco da memória coletiva defendida
pelo teimoso Padre Quevedo. A ideia projetada foi endereçada a
todos do grupo, mas houve fragmento, pois cada um assimilou de
forma diferente. Onde está a memória coletiva então?
Padre Quevedo que nos perdoe a sua tese, nem se quer pode ser
adaptada entre apenas algumas pessoas reunidas em um só objetivo,
mesmo sendo o fator projeção de uma só fonte.
Médiuns, nunca digam: “não é assim que eu vejo” ou “estou
entendendo”. Sempre digo, nem todos veem as mesmas coisas em
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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uma obra de arte, por isso não se deve julgar equivocadamente, não se
deve ser o responsável em oferecer tristeza a quem vem do Pai para
colaborar conosco.
Sintetizando: tudo é sintonia e cada ser tem a sua.
Outros aspectos a serem considerados em relação ao
médium:
As interferências anímicas podem ser provocadas ainda por
interrupções de sintonia: o médium começa a dar a comunicação, e,
de repente, perde o sinal, deixa de receber o pensamento do
comunicante, desconcertado com a lacuna, pode ceder à tentação de
preenche-la com pensamentos próprios, em um processo inconsciente
de preservação da sua imagem.
Algumas das vezes, essas perdas de sintonia são provocadas por
espíritos contrários ao cristianismo, interessado em dificultar o
trabalho mediúnico, ou por intermédio do médium, temendo não ter
condições de atender tal entidade.
Quando o médium é limitado no conhecimento e menos
evoluído que o espírito que por ele se comunica e com isso não
consegue fidelidade, nesse caso não há uma alteração anímica, mas
sim uma incapacidade técnica.
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Aí cabe uma pergunta, como o médium deve proceder quando ele
sente que perdeu o sinal, a sintonia?
Essa resposta é pessoa, observando momentos como o exposto:
entendo que devemos dar um pequeno espaço de tempo ao médium
para se conectar novamente, não sendo possível ele dizer: não estou
mais conseguindo ou registrando a sintonia.
Quanto ao animismo e mediunidade de materialização
diremos:
Nas grandes experiências de ectoplasma, materialização,
algumas delas hoje chamadas de super-incorporaçāo, observaram os
estudiosos que alguns seres materializados guardavam traços da
fisionomia dos médiuns, o que poderia parecer mistificação, embora
os sensitivos estivessem em transe sonambúlico, perfeitamente
visíveis aos pesquisadores.
É que os fenômenos mediúnicos se dão através do períspirito do
médium. Vemos que o períspirito tem a propriedade da
expansibilidade e a entidade comunicante acopla-se, períspirito a
períspirito, irradiando a sua fonte de energia que é decodificada pela
glândula pineal;
Naturalmente, o animismo também está presente no
mediunismo, quando não se conhece o mecanismo da mediunidade,
muito presente entre os médiuns da educação da mediunidade,
digamos que somos oitenta por cento anímicos e vinte por cento
mediúnicos. Porcentagem segundo Divaldo Franco;
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A medida que vamos educando a faculdade, temos diminuída a
dosagem do fenômeno anímico, até reduzi-lo a expressões bem menos
significativas, mas sempre com um pouco de nosso conteúdo.
Se elegermos aqui cinco pessoas e enunciarmos a mesma frase
de vinte palavras para ser apresentada ao outro, veremos como sofrerá
variações. No entanto, aquele que possui uma boa memória dirá: “Ele
falou exatamente isto”. No caso da mediunidade, o espírito acerca-se,
transmite a mensagem e cada um faz a tradução conforme a própria
capacidade.
Jamais poderemos deixar de lado as considerações de Chico
Xavier na relação Animismo e Mediunidade.
A ele foi perguntado:
Existem fronteiras delimitadoras entre fenômeno anímico e
fenômeno mediúnico quer na psicofonia, quer na ideoplastia da
aparição tangível do espírito materializado, nessa ação sobre a
matéria da mediunidade de efeitos físicos?
“Se trouxermos a este auditório um exímio pianista e lhe dermos
um instrumento desafinado, será um desastre. Se apresentarmos uma
pessoa inábil para o piano e lhe dermos um instrumento afinado de
excelente qualidade, mesmo que ele o agrida com golpes, o som será
harmônico” – Chico Xavier.
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Penso que não há fenômeno mediúnico absoluto através de uma
criatura, ou seja, de um mecanismo instrumental, porque haverá
sempre a presença do ser que fornece a energia.
É que os fenômenos mediúnicos se dão através do períspirito do
médium. O espírito jamais entra no médium como um liquido se
adentra em um vasilhame. No momento do transe, o períspirito se
expande. Vemos que o períspirito tem a propriedade de
expansibilidade e a entidade comunicante acopla-se, períspirito a
períspirito, irradiando a sua fonte de energia que é decodificada pela
glândula pineal, pelos neurônios cerebrais, produzindo o fenômeno.
A medida que vamos educando a faculdade, teremos diminuída
a dosagem do fenômeno anímico até reduzi-lo a expressão bem menos
significativa, mas jamais nula. Por essa razão, Allan Kardec elucida
que os médiuns mais esclarecidos, são inevitavelmente mais dúcteis –
maleáveis, flexíveis, elásticos, fáceis de amoldar, contemporizadores
–, porque conhecem a técnica de anular a própria personalidade a
serem mais fiéis às comunicações espirituais.
Por algum tempo manteve-se a ideia equivocada de que, quanto
mais ignorante o médium, mais autentico seria o fenômeno
mediúnico.
Quem acreditar nisso, pegue uma pessoa analfabeta e utilizando
a mão dessa pessoa, tente assinar um cheque, ou transmita um recado
a alguém analfabeto para que o informem a outrem e constatará como
o mesmo será totalmente deformado.
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“O médium é um intermediário, um mensageiro.”
Alguns exemplos:
v Uma pessoa distraída terá a oportunidade de dizer: Eu sei que
ele falou qualquer coisa, mas não sei dizer exatamente o que ele
disse;
v Outra que tenha um pouco de atenção, afirmará: Eu acho que ele
disse isso e aquilo, mas não me lembro dos detalhes;
v Uma terceiro, que tem um bom nível de cultura, informará: Ele
falou tal coisa, e interpretará o que foi dito, conforme pensa e
não conforme foi exposto;
v O quarto, que tem o hábito de dar recados, dirá: Ele falou isto e
aquilo, mas não lhe posso ser muito fiel;
v No entanto, aquele que possui uma boa memória, dirá: Ele falou
exatamente isto.
“O médium impaciente na sua vida pessoal encontra mais
dificuldade na fidelidade da mensagem.”
Para que maior seja o entendimento, é necessário que maior seja
o estudo.
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19 – Telepatia x Mediunidade
Telepatia é um fenômeno anímico, ocasionalmente produzido
com a colaboração de entidades desencarnadas, mas basicamente um
processo de transmissão de pensamento em estado puro de mente a
mente, resultante de disposições psicossomáticas que habilitam a
pessoa dotada a captar, por algum processo ainda desconhecido,
pensamentos, emoções e impressões alheias.
Há uma linha divisória muito tênue entre a realidade anímica e a
realidade mediúnica.
Regina levantou a necessidade de entender melhor o conteúdo
do item 223 – no parágrafo 6 do Livro dos Médiuns, com relação ao
papel dos médiuns nas comunicações espíritas, perguntando:
O espírito que se comunica por um médium, transmite diretamente
seu pensamento – telepatia – ou esse pensamento em por
intermediário o espírito encarnado do médium?
É o espírito do médium que o interpreta, porque está ligado ao
corpo que serve para falar e é preciso um laço entre vós e os espíritos
estranhos, que se comunicam. Assim como é necessário um fio
elétrico para transmitir uma notícia ao longe e no fim uma pessoa
inteligente a receber e a transmitir.
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Em atendimento às necessidades de Regina, o seu amigo
espiritual não só atendeu em relação ao parágrafo 6, assim como os
anteriores de 1 a 5 da mesma questão, ampliando por escrito esse
universo complexo. Não tenho dúvida que é uma lição difícil, com
possibilidade de entendimento, mas muito complicada de se explicar.
Se os homens realmente pudessem entender o papel daquilo a
que chamamos de vibrações ou correntes vibratórias, muito melhor
entenderiam a harmonia do universo, e com ele procurariam
sintonizar-se.
Há então, por conseguinte, toda uma magnetização ambiental,
um imenso e multidimensional sistema, no qual não apenas os eventos
são gravados, mas ali ficam a disposição de instrumentação
adequadamente sintonizadas para serem reproduzidas e consultados
em circunstâncias especiais.
A esse ambiente energético, por onde circula o pensamento
inteligente de todos os cosmos, como a memoria de Deus, que pode
ser lida se estivermos munidos de aparelhagem psíquica adequada,
capaz de sintonizar-se com faixas especificas de nosso interesse.
Por que algumas pessoas conseguem sintonizar-se com relativa
facilidade nesta ou naquela faixa vibratória e outras nunca o
conseguem, a não ser raramente?
Provavelmente pelas mesmas razoes limitadoras impostas pela
física e pela geografia à radiologia.
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Para determinada estação captar o programa que está que está
sendo transmitido – a palavra inglesa “broadcast” cabe aqui, significa:
atirado, distribuído ou espalhado por toda parte, amplamente –, o
aparelho receptor deve estar ligado naquela faixa especifica de onda –
curta, média, longa ou FM – no momento certo, e ainda, na posição
geográfica adequada, bem como na escala onde vibra aquele número
exato de ciclos em que opera a estação desejada.
Além disso, o aparelho precisa estar alimentado pela corrente
elétrica adequada ao seu funcionamento. Em algumas faixas de ondas,
a interferência pode dificultar ou até impedir a recepção, seja por
causa da estática excessiva ou porque a própria onda está sendo
deliberada ou involuntariamente bloqueada.
Assim sendo, uma pessoa com seu “dispositivo de recepção”
defeituoso, desajustado ou insuficiente, não conseguem selecionar e
receber a faixa certa que, no entanto, ali está, a sua disposição.
Qual seria a natureza desses bloqueios e defeitos?
Alguns deles seriam:
• Mente sobrecarregada de preocupações;
• Aborrecimentos;
• Tensões;
• Problema mais imediatos de sobrevivência física;
• Mentes fechadas sobre si mesmo, que não conseguem projetar---
se fora do círculo em que vivem a fim de penetrar o campo vibratório
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de outras pessoas ou desembaraçar-se de inibições bloqueadoras, ou
ainda, que não conseguem livrar-se das estáticas – interferências
externas fora de seu controle imediato.
20 – A Regressão
A regressão é um bem ou um mal?
O mergulho no passado quase sempre é muito impactante e pode
ser traumático, criando ainda mais conflitos do que benefícios. Isto se
dá porque as emoções adormecidas são suscitadas em toda a sua
intensidade original. É preciso estar em boas condições emocionais e
mentais para suportar certos impactos.
Além do mais, é difícil prever quais reações a pessoa vai
experimentar ao confrontar-se com episódios aflitivos de maior
intensidade emocional.
Já basta à maioria de todos nós, os problemas e as dificuldades da
existência presente. Qual a razão em sobrecarregar ainda mais com
as que vivemos em séculos passados? Ou ressuscitar na memória
erros tenebrosos que foram cometidos?
Se o passado ajudasse o homem, o Criador não nos ofereceria o
bendito esquecimento.
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21 – Intuição e Inspiração
Qual a diferença entre intuição e inspiração nos campos anímicos e
mediúnicos?
Tive a preocupação de consultar o dicionário, bem como a
Enciclopédia Britânica traduzida ao português para identificar a
diferença entre a intuição individual e inspiração. Segundo Chico
Xavier, os linguísticos quase chegam a dizer que se trata da mesma
coisa.
A intuição é a penetração fora da nossa realidade objetiva. Essa
intuição pode ser registro do próprio espírito adentrando-se no
conhecimento, como também uma inspiração do seu Guia ou de
algum perturbador.
v “Intuição é o recebimento de ideias de espíritos desencarnados.
Às vezes é também o mesmo que pressentimento” – conforme o
Dicionário de Parapsicologia de João Teixeira de Paula.
A inspiração também pode ser individual, pessoal, de natureza
interna. O indivíduo contempla algo e inspira-se, emociona-se, eleva-
se no seu nível de consciência e atinge uma faixa diferente daquela na
qual transita.
v “A inspiração é propiciada pelos espíritos que nos dão
assistência” – segundo Allan Kardec no Livro dos Médiuns.
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Na história da paranormalidade humana, temos o exemplo de
Voltaire, um dos célebres pais da Enciclopédia e filósofo da
Revolução Francesa. Ele confessou que escreveu todo um conto de
Henriade, uma das suas obras poéticas, enquanto dormia e sonhava.
Portanto, podemos constatar os dois instrumentos, naquele estado de
parcial libertação do corpo através do sono.
Entrava em contato com um mundo de belezas e, inspirado por
elas, escrevia parte do poema, ou ainda, inspirado pelo seu Guia,
realizava o trabalho.
Genericamente, poderíamos dizer que o indivíduo está intuído
por uma percepção de natureza extrafísica, pela captação de alguma
ocorrência, que na parapsicologia é uma pré-cognição, conhecimento
anterior. Pode estar inspirado pela beleza interior ou por uma
Entidade já desencarnada.
22 – Médium: agente ou paciente?
Geralmente, nos trabalhos práticos mediúnicos, o médium adota
uma atitude passiva, como se só pudesse entrar em estado de transe se
um espírito vier acioná-lo.
O desenvolvimento do poder anímico, formando o médium agente no
trabalho e não paciente, melhoraria a qualidade da comunicação?
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Sem dúvida. Quando adquirimos a técnica da concentração e
liberamos os nossos conteúdos conscientes, lembrando sempre que
concentração não é exercer uma postura rígida em nossas emoções e
sim uma leveza nas mesmas – tornamos a nossa mente um espelho no
qual refletimos a imagem do mundo espiritual, tornando a
comunicação mais fácil.
Quando nos deixamos levar, às vezes, sem nenhuma preparação,
pela influencia dos espíritos, para entrarmos em transe, o fenômeno,
além de mais difícil, torna-se mais desgastante. Por esta, como por
outras razoes, a educação da mediunidade é extremamente relevante.
Costuma-se falar desenvolvimento mediúnico – o que não me
parece adequado, porque ninguém desenvolve a faculdade dando-lhe
elasticidade, mas sim educando-a potencialmente, dando-lhe
qualidade e melhorando o conteúdo.
A educação do sensitivo é fundamental para o bom rendimento
do fenômeno mediúnico.
Quando às vezes vamos ao trabalho mediúnico com a mente
atormentada, e alguém propõe a orar, começamos a repetir palavras
memorizadas e com muita pressa para acabar logo. Isso se dá porque
para muitas pessoas, a fundação da prece não é entrar em contato com
Deus, mas uma forma de “pagar---lhe o importo de renda espiritual” e
ficar “livre da dívida”.
TEORIAEPRÁTICADAMEDIUNIDADE–CADERNO01/03 WILSONDACUNHA
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Um exemplo prático tive na minha própria vida:
Fui católico por muitos anos, desde a minha infância até os
catorze anos, quando adquiri a consciência espírita. Recordo-me que
naquele tempo, orávamos em latim e como fui sacristão, ajudando a
celebrar a missa, aprendi todo esse idioma, ao qual não sabia o
significado.
Quando o sacerdote chegava ao altar e enunciava um texto que
respondia de imediato, eu desconhecia o significado das palavras.
Posteriormente, quando me tornei espírita é que fiz a caridade
para comigo mesmo de traduzir algumas frases, que para mim, já não
tinham qualquer sentido.
Ao invés, o mais correto seria um estado de emoção, rico de
vibrações saturadas de amor e de paz.
Allan Kardec, no último capítulo de “O Evangelho Segundo o
Espiritismo” oferece algumas sugestões de prece, que nada mais são
do que modelos, e não preces para serem memorizadas e repetidas
mecanicamente, pois dessa forma, perderiam o conteúdo emocional.