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TEORIA E PRÁTICA DA MEDIUNIDADE – CADERNO 01/03 WILSON DA CUNHA 1 Material de Estudo – Tema 6 Teoria e Prática da Mediunidade Caderno 01/03 Baseado em conteúdo do livro “Diversidade dos Carismas”. O médium: eclosão, desenvolvimento e exercício de suas faculdades

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Material de Estudo – Tema 6

Teoria e Prática da Mediunidade

Caderno 01/03

Baseado em conteúdo do livro “Diversidade dos Carismas”.

O médium: eclosão, desenvolvimento e exercício de suas faculdades

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ÍNDICE

01–INTRODUÇÃO,GENERALIDADES 3

02–PRIMEIROSPASSOS 12

03–PASSIVIDADE 13

04–DIVERSIDADEDOSDESDOBRAMENTOS 17

05–OMÉDIUMEODIRIGENTE 31

06–ALUCINAÇÕES 34

07–VOZES 35

08–OSUSTONAPRIMEIRAPSICOGRAFIA 37

09–PEREGRINAÇÕESPELOSCENTROS 39

10–OSMÉDIUNSDEVEMINTELECTUALIZAR-SE? 45

11–SINAISESPARSOSEOCASIONAISDEMEDIUNIDADE 45

12–OCONHECIMENTODESIMESMONAPRÁTICADAMEDIUNIDADE 46

13–DEFINIÇÕESEDECISÕES 50

14–MEDIUNIDADECOMOTRABALHODEEQUIPE 53

15–OMÉDIUMEACRÍTICA 57

16–ACRÍTICAEAAUTOCRÍTICA 58

17–ACONCENTRAÇÃO 59

18–ANIMISMO 62

19–TELEPATIAXMEDIUNIDADE 88

20–AREGRESSÃO 91

21–INTUIÇÃOEINSPIRAÇÃO 92

22–MÉDIUM:AGENTEOUPACIENTE? 93

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01 – Introdução, generalidades

Perguntas e respostas

Podemos afirmar que há absoluta nitidez de fronteiras entre

animismo e mediunidade?

Teoricamente sim. O que ocorre com mais frequência é o

fenômeno anímico que exercemos no dia---a---dia de nossas vidas.

Existe, porém, um percentual significativo em nossos eventos diários

que pode contar com a participação de desencarnados.

É necessário entender sempre que: o fenômeno mediúnico não

acontece sem o componente anímico, que é a essência do processo, a

participação do psiquismo do homem – sem a qual não existiria o

fenômeno da mediunidade.

O fenômeno da natureza anímica sincronizado com o elemento

espiritual, ocorrem apenas em horas certas, com determinadas

pessoas nos círculos fechados do espiritismo prático?

Sim. Pelo fato de tratar--se de pessoas que buscam realmente

exercer a sua mediunidade. Mas não será exagero dizer que a

participação de desencarnados acontece em todas as horas, em todos

os lugares e em todas as situações de nossas vidas sem ser percebido.

Exemplo: Eu tenho que ir a muitos lugares previamente

programados, dispondo de pouco tempo, a caminho desses lugares,

vou aceitando as sugestões que me são sugeridas mentalmente e vou

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alterando a programação inicial. Essas sugestões podem ser

percebidas quando falamos baixinho “conosco mesmo”: eu devia

primeiramente, ir em tal lugar, mas acho melhor fazer assim, assado

(...) – Nesse momento, a pessoa estabelece um diálogo com o outro

lado da vida sem sequer perceber.

“A mediunidade não é propriedade do espiritismo, e sim, um

fenômeno natural, um dos múltiplos aspectos da própria vida” – L.M.

– Capítulo IX.

Mediunidade é doença ou início de desajuste mental ou emocional?

Nem doença, nem desajuste. Mas sim uma afinação especial da

sensibilidade. Como na música, somente funciona de maneira

satisfatória o instrumento que não apresenta rachaduras, cordas

arrebentadas, desafinadas ou de qualidade duvidosa.

A mediunidade duvidosa pode ser comparada a um espelho sujo

ou trincado, o qual naturalmente não poderá refletir com fidelidade a

luz do sol. Podemos, também, comparar com o rádio, ainda

imperfeito, em dia de chuva – ele passa a transmitir simultaneamente

o chiado.

Como entender quando se fala que não há mediunidade, mas sim

médiuns?

Mediunidade é a expressão da sensibilidade do médium, é o

instrumento de trabalho do médium, e como faculdade humana,

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guarda características pessoas, tais como: o modo de caminhar, o tom

da voz, a impressão digital, o feitio e ordenação da letra e o

temperamento de cada um.

Do acima exposto fica a seguinte indagação: como educar tal

mediunidade se ela está impressa na intimidade de cada médium e

sua matriz é encontrada no espírito?

Para responder essa pergunta, há dois entendimentos:

Primeiro: Educar mediunidade deve ser entendida como

necessidade de discipliná-la sem deformá-la, respeitando o contexto

da personalidade humana no qual ela ocorre. É desastroso tentar

impor condições inaceitáveis às suas manifestações.

Esse equívoco de abordagem ocorre entre os cientistas que em

suas pesquisas procuram separar o fenômeno psíquico do mediúnico.

Padrões e metodologia de trabalho totalmente inadequados, que na

maioria das vezes frustram o processo de observação e produzem

resultado insatisfatórios.

O cientista, tanto quanto o dirigente de trabalhos mediúnicos,

deve ser um bom observador, dotado de espírito crítico e deve ter o

bom senso de interferir o mínimo possível – apenas o suficiente para

ordenar a sequencia de tarefas e coordenar as atividades que se

desenrolam sob suas vistas. Deve ser um observador, mas nunca um

inibidor, pois ele está ali precisamente para fazer as coisas

acontecerem e não para impedi-las ou forçá-las a ocorrerem da

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maneira exata que ele julga que deve ocorrer. O acima exposto não

deve ser entendido como um sinal para que não ocorra o diálogo

fraterno de orientação e disciplina se necessário. Caso o espírito

comunicante seja lúcido e queira falar da sua dor, não deve ser

interrompido e sim escutado com o sentimento de fraternidade e

aconselhado com palavra de apreço e orientação à luz da psicologia

espiritual. Não esquecendo os casos dos espíritos doente, seja àqueles

que estão doentes pelo sofrimento ou pela revolta, as palavras

amorosas são de ajuda em ambos os casos. Não esquecer jamais que

se deve sempre disciplinar amando e amar disciplinando.

Segundo: Educar mediunidade não é fabricar. Ela existe ou não

na pessoa. Mas podemos informar que a melhor mediunidade, a mais

útil ao espírito, é a mediunidade do amor. A prática do amor nos

conduz ao aumento da nossa capacidade intuitiva, nos preparando

para um futuro promissor na mediunidade tarefa.

A respeito do fenômeno da mediunidade, os médiuns são mais

sensíveis a impressão dos encarnados ou dos desencarnados?

Os médiuns são sensíveis não apenas aos seres desencarnados,

mas também às pressões e sentimentos – não expressados

verbalmente – das pessoas que o cercam durante o dia-a-dia.

Harry Boddington acha até que os médiuns são mais sensíveis às

pressões dos encarnados do que às dos desencarnados.

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Assim sendo, fica fácil entender que a pessoa agressiva,

amargurada, mal-humorada, excessivamente questionadora, polêmica,

inquieta e que sempre interfere em tudo com seu ponto de vista, é na

maior parte das vezes a pessoa que, em uma roda de amigos, é a

primeira a falar, é pouco educada e muitas vezes causam transtornos

em qualquer reunião, o que não acontece quando os componentes de

um grupo são harmonizados, educados, mansos e fraternos.

O que pode ser entendido ao ouvir que o “fenômeno mediúnico é

muito elástico”?

Do exposto, deve-se entender que o médium deva permitir que o

desencarnado faça com ele tudo o que deseja? Sim e não.

É preciso que o médium garanta disciplina ao perceber que o

fenômeno mediúnico queira ultrapassar a dinâmica que lhe é própria.

O médium não pode permitir exageros prejudiciais, mas deve permitir

sim a expressão de sentimentos do espírito através de gestos e/ou

palavras.

Nos ensinamentos de Chico Xavier, ele comenta a sua

experiência pessoal: “O fenômeno mediúnico, em cada um de nós,

terá as suas próprias características e querer conhecer todas as

especificações de mediunidade não passam de uma grande presunção.

Cada vez me dou conta do acerto da resposta de Emanuel, quando o

inquiri sobre como ocorria o fenômeno através dele próprio, ao qual

ele me respondeu com uma imagem muito bela e rica: “Que

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preocupação deve ter a flor da laranja com a laranjeira? Ela deve

deixar-se transformar em fruto”

Benfeitores espirituais, desde Dale Owem, o médium inglês que

escreveu o admirável livro “A vida além do véu” ou a senhora

D’Espérance no seu livro “No país das sombras” ou até mesmo

Francisco de Cândido Xavier com André Luiz, apresentaram-nos

outra tamanha parte desse mundo transcendente, assim como da

fenomenologia, da fisio-psicologia dos médiuns. Mas mesmo no

mundo espiritual, a mediunidade ainda tem os seus grandes enigmas,

sendo um campo imenso para joeirar.

Sob esse aspecto, quase se poderia dizer que não há

mediunidade e sim médiuns. Definindo a mediunidade como a

expressão da sensibilidade do médium, seu instrumento de trabalho e,

como faculdade humana, guarda características pessoais.

A mediunidade precisa ser disciplinada sem ser deformada.

Deve respeitar---se o contexto da personalidade humana na qual ela

ocorre. Seria desastroso tentar impor condições inaceitáveis às suas

manifestações.

Imaginem algum dirigente impondo disciplina excessiva a

Chico Xavier. No atendimento que será narrado a seguir, deve---se

observar a presença de dois componentes que costumam oscilar

fortemente: “Mediúnico e anímico” ou uma fusão imperceptível entre

os dois:

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“-Oh! Meu senhor! Vosmicê é tão bom! Num fazê" essa coisa

com minha Aninha – dizia o espírito revivendo o passado e pensando

falar ao prior dos franciscanos – Sinhô, vosmicê é um santo. Aninha,

a luz dos meus "óio" cansados, de "pintá" as figurinhas dos livros de

vosmicê.

Os amigos de Chico, Enio e Aranaldo, choravam, oravam e

conversavam com esse escravo muito sofrido. Mas só conseguiram

acalmar o coitado com a ajuda do bondoso espírito Meimei.

Ela apareceu e foi apresentada como a nova proprietária do

escravo. Chico, ainda ajoelhado, foi beijado pela aparição e reagiu

com subserviência:

-Uai sinhá. Vosmicê tá beijando negro sujo? Aninha mora com

Vosmicê? Num faze isso. Negro Preto é que beija sua mãe e as dos

outros moços – Chico distribuía beijos as pessoas ali presentes,

realidade desencadeada pelo fato do escravo Negro Preto não

perceber a sua realidade de desencarnado, criando para si uma ação

hipnótica, expressando-se no reflexo da sua antiga vida material.

-Vosmicê são gente de Deus. Vou fazer sabão de alecrim para

ficar cheiroso. Vou fazer viu! É um cheiro tão bom. “

Através dessa narração fica fácil entender o sentimento nobre

que esse Brasil tem em sua alma, não encontrado em outras nações.

Sentimentos oriundos das lágrimas e das dores impregnadas em

nossas almas.

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Tais acontecimentos repercutem até hoje, em nossa esfera

espiritual.

Lamentavelmente, os homens brancos ainda continuam a

explorar essa simplicidade Africana, oferecendo pinga e charuto em

troca de benefícios. Explorando a falta de cultura de muitos.

Eis a responsabilidades das Casas Espíritas em orientá-los e

instruí-los, tirando-os da mesma ignorância, no mesmo linguajar nagô.

Esse modo de falar, no terreiro de Umbanda é simplesmente atavismo

do médium. Nas Casas Espíritas, esses pretos velhos falam bom

português, assim como o espírito trazido do Japão.

É do seio dessas almas africanas, a origem dos sentimentos

nobres desse Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho.

Sentimentos não encontrados em outras nações. Valores morais

oriundos das lágrimas e das dores, impregnando a alma brasileira,

credenciando---a para que daqui surja logo mais uma nova

civilização, a combater o materialismo férreo do velho mundo, que já

se encontra cansado e exaurido pelos excessos.

Dos cataclismos que enfrentarão, necessitarão dos nossos

navios, os quais levarão alimentos à vários continentes, alimentando

os esfomeados.

Concernente a narração, há de se analisar o momento em que é

mais acentuado o fenômeno da mediunidade ou do animismo, durante

o diálogo com o Negro Preto.

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Tendo em mente que:

v Fenômeno mediúnico é quando o médium está sob a ação de

um espírito e;

v Fenômeno anímico é quando o espírito do médium é que se

manifesta.

Analisando o atendimento de Chico, eu em particular não posso

dizer que tal fenômeno esteja acentuado no fenômeno mediúnico ou

anímico. Quero entender que estejamos sim, diante de uma fusão,

proporcionando o fenômeno da energia mista.

Quem me dá essa possibilidade de entendimento é o próprio

Chico, quando assim se manifesta:

“Até onde for necessário e possível, o médium deve deixar

algum espaço para que o espírito comunicante possa movimentar-se

em seu psiquismo, assim como o médium deve expressar-se de

maneira adequada a personalidade do comunicante” – Chico Xavier

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02 – Primeiros passos

O médium tem particularidades que não permitem que ele se

enquadre na rigidez de certos esquemas inibidores de alguns

dirigentes. Como por exemplo: forçar o médium a ficar com os olhos

fechados, se ele não consegue – dificuldade já não encontrada nos

médiuns sonambúlicos.

Naturalmente, não há a intenção de induzir ao entendimento de

que o médium deva tornar-se um rebelde à disciplina operacional da

casa espirita, ou em relação a desvios prejudiciais produzidos por ele

e identificados pelo dirigente do centro.

Quem se dispõe a trabalhar com fenômeno produzido pelo

psiquismo humano deve se preparar para respeitar as regras do jogo,

decidindo antes que tipo e metodologia é aplicável ao estudo que

pretenda realizar.

Toda boa informação que chegue ao médium é bendita, mas de

todas elas, tem uma que está entre as principais:

Estudar o “Livro dos Médiuns” para nos libertamos das

obsessões, evitando-as ou dela saindo, para aprendermos a

identificação de quem se comunica por nós, para podermos perceber

os fenômenos de origem anímica e aqueles de causalidade mediúnica.

É fato certo que a maior parte dos médiuns, no momento em que

a mediunidade eclode, tem a mesma dúvida a corroer-se dentro de si:

o que é meu e o que é influência dos espíritos?

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Para responder essa pergunta, não basta apenas estudar o Livro

dos Médiuns. é preciso também estudar o próprio sistema nervoso,

emotividade, preferências, tudo aquilo que diz respeito a si mesmo,

como indivíduo, espírito imortal e as circunstâncias que proporcionam

o intercâmbio com a mediunidade.

Pois é apenas conhecendo a si mesmo que será possível dizer o

que é e o que deixa de ser seu.

A mediunidade é uma antena oscilante de acordo com o

emocional do médium.

“Diz-me o que pensas e eu te localizarei com quem te

encontras psiquicamente. “ – eis uma parte do céu desvelada por

Allan Kardec.

Importante lembrar, apesar de todo o citado que: prática

mediúnica sem estudo do Livro dos Médiuns é apenas mediunismo.

03 – Passividade

Para entender melhor a passividade, abaixo será exposto o

exemplo de Regina:

“Além da passividade, ela tinha métodos operacionais próprios,

diferentes dos demais participantes daquela reunião mediúnica.

Embora disciplinada, sem manifestações ruidosas ou palavras

descontroladas, ela gesticulava moderadamente e mantinha---se de

olhos abertos, dando enfim expressão e naturalidade às manifestações.

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Regina agia permitindo que o espírito manifestante pudesse

expressar-se convenientemente, dizer ao que veio e expor sua situação

a fim de que pudesse ser atendido ou, pelo menos, compreendido nos

seus propósitos.

Se ele vinha indignado por alguma razão, e isto é quase que a

norma em trabalhos dessa natureza, como obrigá-lo a falar

serenamente, com voz educada, e com o seu ser equilibrado? Somo

nós, seres encarnados, capazes de tal proeza? Não elevamos a voz e

mudamos de tom nos momentos de irritação e impaciência?

Afinal de contas, se a manifestação ficar contida na rigidez de

tais parâmetros, acaba inibida e se torna inexpressiva, quando não

inautêntica, de tão deformada. “

Do acima exposto, pode-se perguntar: o médium, além de ser o

transmissor dos pensamentos do comunicante, deve também ser o

expoente dos sentimentos?

Sim. Caso contrário, em tais situações, é como se o médium

ficasse na posição de mero assistente de uma cena de exaltação e a

descrevesse friamente, em voz monótona e emocionalmente distantes

dos problemas que lhe são trazidos.

É preciso considerar, no entanto, que ali está uma pessoa

angustiada por pressões intimas das mais graves e aflitivas, muitas

vezes, em real estado de desespero, que vem em busca de socorro

para seus problemas, ainda que não admita esse fato conscientemente.

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É um ser humano, vivo, sofrido, desarvorado, que está

precisando falar com alguém que o ouça, que sinta seu problema

pessoal, que o ajude a sair da crise em que mergulhou, que partilhe

com ele suas dores, que lhe proporcione, por alguns momentos, o

abrigo de um coração fraterno. Se o médium for frio e com todos os

seus freios aplicados à manifestação, não conseguirá transmitir a

angustia que vai naquela alma. Será um bloco de gelo através do qual

não circulam as emoções do manifestante, quanto ao seu apelo, a

ânsia que ele experimenta em busca de amor e compreensão.

Para o manifestante, naquele instante, nenhum problema é maior

do que o seu, nenhuma dor é mais aguda do que a sua.

Regina era passiva, sim, mas em nenhum momento deixou de

ser comandante do seu corpo. Se havia alguma ação inibidora ou

disciplina da parte da médium, era em nível de consciência

extrafísica.

Nesse caso, se dava o fenômeno misto – fenômeno mediúnico e

anímico juntos – visto que nunca houve qualquer distúrbio ou excesso

nas manifestações. Tudo estava sob o seu controle. Para esse controle,

ela utilizava a bagagem armazenada em seus espíritos, através de

estudos.

Passividade, nada mais é, do que a resultante do própria estado

de relaxamento que estamos falando. É um estado de expectativa, sem

ansiedade, sem tensões, embora não seja também uma entrega total,

pois o médium disciplinado e bem treinado saberá como exercer certo

controle sobre a manifestação, sem com tudo, criar bloqueios ou

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influenciar o pensamento alheio que flui por seu intermédio, a ponto

de modificá-lo substancialmente.

É certo que as ideias que se acolhe de uma entidade

manifestante são vestidas com o vocabulário habitual na língua com a

qual ele, médium, esteja familiarizado. Em todas as variedades,

contudo, ele funciona como um instrumento passivo, sim, mas não

inerte, incapaz de participação consciente e até vigilante. Postura que

ele costuma manter, em espírito, desdobrado do corpo físico,

enquanto a entidade se serve desse para transmitir sua comunicação.

Pode-se dizer que Regina funcionava também como coadjuvante

no processo da manifestação mediúnica, ou seja: ela era realmente

muito passiva, deixando a entidade muito a vontade, pelo motivo dela

não saber trabalhar de outra maneira. A entidade parecia assumir seus

comandos mentais e utilizar-se com naturalidade de seu corpo físico.

A mediunidade deve resultar sempre, de uma equilibrada

interação entre passividade e resistência, ou para dizer de outra

maneira, permitir, mas vigiar, coibindo abusos sempre indesejáveis ou

declaradamente perniciosos. Mas não apenas vigiar ou policiar suas

manifestações.

O médium assim adequadamente treinado acaba por distinguir

aquilo que fala ou escreve. O que são ideias pessoas suas do que é

alheio. Também aprende logo de inicio ou pouco mais adiante, a

regulamentar o exercício de suas faculdades, recusando-se a passar o

controle de seus dispositivos e manifestações quando entender que

não é oportuno ou aconselhável fazê-lo.

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O apóstolo Paulo – a maior autoridade em mediunidade nos

tempos do cristianismo primitivo – dizia que o espírito do médium

deve estar sujeito ao médium. Em outras palavras: o médium deve

saber quando é chegado o momento de oferecer sua passividade e

quando deve reagir, com bloqueio, oferecendo resistência que iniba a

manifestação indesejável ou inoportuna. Em suma: resisti é tão

importante quanto ceder.

04 – Diversidade dos desdobramentos

Muitas referências têm sido feitas quanto ao fenômeno do

desdobramento. Lembrando que se trata de um fenômeno tipicamente

anímico e assim sendo, ele tem algumas particularidades.

O dicionário “Espiritismo, Metapsíquica e Parapsicologia” de

João Teixeira de Paulo faz o seguinte registro:

Desdobramento consciente:

É aquele em que o agente faz o desdobramento de maneira

consciente, isto é, com plena consciência das suas volitações ou

viagens astrais, tendo plena consciência ao voltar ao corpo de tudo

aquilo que via e ouviu.

Desdobramento semiconsciente:

É aquele em que o agente faz o desdobramento de maneira

semiconsciente, isto é, sem inteira consciência das suas volitações ou

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viagens astrais, tendo uma semiconsciência ao voltar ao corpo de tudo

aquilo que viu e ouviu.

Desdobramento inconsciente:

É aquele em que o agente faz o desdobramento de maneira

inconsciente, isto é, sem nenhuma consciência das suas volitações ou

viagens astrais ao voltar ao corpo de tudo aquilo que viu e ouviu.

Desdobramento psíquico:

É o mesmo que Bilocaçāo, desdobramento e ubiquidade.

Todo médium na atividade mediúnica em que o espírito

atendido por ele esteja na sala de reunião ou bem próximo, exerce um

pequeno desdobramento. Não desdobramento ocasionando volitaçāo,

viagem astral, longo distanciamento, mas certo desdobramento.

Mesmo sem saber, todas as pessoas possuem a capacidade de se

desdobrar, visto que esse fato ocorre sempre que dormimos. É,

portanto, fenômeno comum a todos os seres encarnados, mesmo que

nem todos disponham de condições para se lembrar, na vigília, de

regresso ao corpo físico.

Segundo as informações descritas acima – extraídas do

dicionário – o desdobramento é aplicado às pessoas com

possibilidades de volitaçāo e viagens astrais. Mas existem outras

realidades registradas na literatura espírita.

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Na verdade, o espírito encarnado desenvolve prodigiosa

atividade durante seus habituais desprendimentos parciais do corpo

físico, principalmente, mas não exclusivamente, durante o sono

comum.

Sempre que pode e tem condições, ele aproveita esses

momentos de liberdade relativa para realizar projetos, promover

estudo, pôr---se em contato com pessoas amigas que vivem na carne

ou na dimensão espiritual e até resolver importantes problemas

pessoais a partir de um contexto no qual a sua visão é mais ampla,

serena e informada.

Para reflexão geral: Com quem os desencarnados maldosos,

descontrolados ou viciados convivem no curso do sono? A resposta é

fácil: com os de sentimentos afins/iguais.

Poderá existir um segundo desdobramento a partir do períspirito já

desdobrado do corpo físico?

Sim. Não só no encarnado como também no desencarnado,

assim como aconteceu com André Luiz, o qual visitou

conscientemente o espírito de sua mãe, habitante de plano superior ao

seu, após desdobrar-se de seu corpo perispiritual que ficara em

repouso em uma unidade da instituição à qual fora recolhido.

Desdobramento: Manifestação Física e Anímica

Para entender melhor essa situação, há um exemplo:

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“Logo que a bela professora foi admitida pelo colégio,

começaram a acontecer coisas estranhas. Era comum ser vista em

locais diferentes ao mesmo tempo. Enquanto uma aluna dizia que

estivera com ela em determinado local, a outra afirmava que isto era

impossível, pois acabara de passar por ela em algum corredor ou

subindo determinada escada.”

Ao analisar essa situação, aparecem algumas dúvidas:

O médium em estado de desdobramento inconsciente, poderá ser

entendido como incorporado?

Sim. Pelo motivo da sua mediunidade estar sendo operada em

estado de desdobramento. No caso de Regina por exemplo, ela estava

envolvida pela presença de um espírito, ela se via fora do seu corpo

físico, manifestante então, aproximava-se e assumia seus controles

mentais sem tumultos ou excessos.

O médium exercendo o fenômeno da mediunidade em estado

sonambúlico, facilita ou dificulta prontamente a doutrinação?

Dificulta. A entidade consegue expressar adequadamente a sua

personalidade e seus conflitos com mais liberdade e assim sendo, não

se sujeita passivamente ao socorro e palavras do doutrinador. Se o

grupo não tem o conhecimento dessa dificuldade maior, passa a ser

mais dificultoso para o médium.

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Transe anímico:

O desdobramento é um dos mais curiosos e ricos fenômenos

anímicos. É como espírito que o ser se move livremente, pensa

melhor, decide com maior conhecimento das diversas variáveis a

considerar, recorre a memória integral, visita pessoas no mundo

espiritual que o possam aconselhar ou ajudar. Funciona, enfim, como

espírito, e não como alma.

Nesse curioso estado de desdobramento, o próprio Balzac

confessaria: “Ouço as pessoas na rua, sou capaz de assumir suas

vidas, sentir os andrajos que trazem nas costas, caminhar com pés

metidos em seus sapatos esburacados, sentir seus desejos e suas

necessidades, tudo passando pela minha alma e minha alma

passando pela dele; era o sonho de um homem acordado”.

Prática anímica relacionando-se com a mediúnica:

Parece oportuno examinar a seguir a faculdade anímica

relacionando-se com a mediúnica, fenômenos do qual poderemos

chamar de natureza mista: “meu ser, sem a incorporação, mas

recebendo informações de desencarnados”.

Para o necessário entendimento do acima exposto, lembro a

experiência pessoal do nosso grupo.

Em muitas ocasiões eu digo: o médium deve ser o coadjuvante,

no momento da sua participação, quando em atividade mediúnica. E

como satisfação, sinto o entendimento por parte dos médiuns, quando

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no momento certo ele utiliza o seu animismo dizendo: esse espírito

não é um irmão e sim uma irmã, que pretende prejudicar tal

companheiro do grupo.

Visto isso, fica a pergunta: Por que o médium está vivenciando um

fenômeno misto?

O próprio momento oferece o entendimento necessário.

No exercício da mediunidade, relacionamos alguns sintomas que

o médium poderá identificar em processos de desdobramento

consciente ou inconsciente:

1. Formigamento: principalmente nos pés, mãos, paralisação dos

músculos e tendões;

2. Anestesiamento de certas partes do corpo, passível em não mais

sentir uma alfinetada sequer;

3. Se durante o processo do desdobramento o sensitivo vier a sentir

tonteiras em virtude do sintoma de ter a cabeça girando, é

necessário corrigir, educando-se para não assimilar realidade do

físico, o qual rescindi do que sai dele para depois retornar. São

sensações da saída e da volta do períspirito;

4. No processo de retorno do espírito em desdobramento ele

poderá sentir-se lúcido, mas sentido que do pescoço para baixo

não consegue sentir mais nada.

Do que foi exposto, o importante é entender que isso tudo é

natural, que é assim que acontece.

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Caso o sensitivo venha a solicitar ajuda para esses incômodos, o

dirigente dos trabalhos deve ajudar dizendo palavras de ânimo, de

calma, procurando tranquilizar o médium e socorrendo-o com o passe

ou solicitando que alguém o faça.

“O desdobramento, sinteticamente dizendo, não é mediunidade

propriamente dita, mas o caminho ao desenvolvimento.” – retirado do

livro “Eu sou Camile Desmoulins”

Utilização mediúnica da faculdade anímica:

Parece-nos oportuno examinar, a seguir, a utilização do

fenômeno misto.

O recurso do sono, lentamente desenvolve as faculdades do

desdobramento e consequentemente a mediunidade?

“Com os recursos do sono fisiológico é que começam a ser

criadas as primeiras condições, ao exercício da faculdade mediúnica,

pois o homem é um espírito encarnado e por si mesmo produz

fenômenos anímicos. Estes se tornam mediúnicos sob a influencia ou

acoplados a manifestações de seres desencarnados, quase sempre

precedidas por desdobramentos de pequena distância do corpo, ao ser

desalojado, pela hipnose ou pelo magnetismo, para abrir espaço a

aproximação do manifestante. Sem o lado anímico, o médium se

anularia completamente, seria um mero robô.” – informação retirado

do livro “Evolução em Dois Mundos” de André Luiz.

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É necessário não confundir desdobramento consciente, com

vidência à distância:

v Desdobramento é estar presente no lugar, vendo ou

participando;

v Vidência a distância é ver, sem lá estar.

A médium Regina descreve as suas experiências em

desdobramentos conscientes:

“Às vezes estava deitada em repouso, quando começava a sentir

uma estranha movimentação dentro dela. Parecia---lhe estar sendo

jogada para cima e para baixo.”

É a forma que ela encontra para descrever o fenômeno, porque

na realidade, era como se alguém quisesse tirar alguma coisa de

dentro dela.

Enquanto isso ocorria, ela podia ver a cabeceira da cama ou do

sofá subindo e descendo, embora atenha logo concluído que não era a

cama que se movimentava, mas sua percepção. Percebendo que aquilo

que se movimentava dentro dela era uma duplicata de si mesmo,

porque o corpo físico pesado continuava imóvel, enquanto o outro ia e

vinha para cima e para baixo. Até que em um desses impulsos ela

saía, como que projetada para fora.

O mais frequente, contudo, era sair “por cima”, pela cabeça, ou

pelo menos, era a impressão que ficava. A sensação era angustiante

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para ela. Ao meio caminho via, às vezes, parte de si mesma ainda

presa ao corpo e outra para fora. Eis a plasticidade do corpo espiritual.

Regina registra outro exemplo de desdobramento. Neste ela

sentia deslocar-se em círculo, como se estivesse atada à ponta de um

cordão que alguém fizesse girar com velocidade, chegando a

provocar-lhe clara sensação de zumbido. Este parecia o mais

eficiente, porque, de repente, ela se via em pé, ali mesmo, no

ambiente físico.

Segundo André Luiz, o corpo físico está ancorado no núcleo das

células, enquanto o períspirito no citoplasma. Portanto, é na

intimidade de cada célula que o espírito atua sobre o corpo material.

Processo idêntico está contido na codificação de que o processo de

reencarnação se realiza célula a célula. Eis o momento em que fica

expresso no feto as mazelas físicas a se manifestar desde o

nascimento, ou no porvir.

É necessário entender três situações no desdobramento:

I. Realidade narrada por Regina, fenômeno que aconteceu em sua

casa;

II. A do médium em reunião mediúnica;

III. O desdobramento via sono, também relatado por Regina:

“Os que ocorrem após o mergulho no sono – mais familiarizada

com o fenômeno, começou a observar que também ocorria a noite.

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Parece, não obstante, que era mais fácil tomar conhecimento dele na

volta ao corpo em vez de na ida. Notou isto ao percebe que, ao

levantar no meio da noite para tomar água ou ir ao banheiro, por

exemplo, nem sempre conseguia “levar” consigo o corpo físico nas

primeiras tentativas. Era assim: sentava-se na cama para se levantar,

mas observava o “outro eu” deitado, ou seja: metade dela estava

sentada na cama e a outra metade deitada. Era preciso deitar-se de

novo, em espírito, apanhar o corpo físico, por um impulso da vontade,

e então levantar-se inteirinha, com os dos corpos fundidos um nos

outros para as providências que desejava tomar.

Mal sabia, àquela altura, que o treinamento das suas faculdades

de desdobramento pelos diversos processos era a base do preparo para

o exercício futuro de faculdades mediúnicas.”

Outra realidade do desdobramento:

No decorrer desse trabalho, já mencionei o desdobramento

duplo do períspirito de André Luiz. Quanto ao encarnado em situação

muito especial, isso poderá acontecer igualmente. Mas o comum é

desdobrar-se apenas do corpo físico.

Nas atividades mediúnicas o fenômeno de desdobramento é o de

auxiliar nas atividades da reunião mediúnica.

Exemplo:

Em várias oportunidades, ao invés do espírito ser “trazido” ao

grupo para o diálogo, o médium é que vai ao encontro dele e faz a

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ponte de comunicação. O ideal é dar conhecimento antecipado ao

dirigente dos trabalhos.

O médium então, desprende-se e é levado pelos amigos

espirituais, e lá é que se promove a ligação do manifestante com o seu

períspirito, o qual continua ligado com o corpo físico. Isso possibilita

a comunicação psicofônica.

Nesse caso, o espírito manifestante sente-se em seu próprio

ambiente, no qual de fato está, com a diferença de que o médium

estará manifestando-se verbalmente no ambiente da reunião

mediúnica. Nesses casos, tudo indica que esse fenômeno acontece

quando há certa dificuldade em atrair o espírito até o grupo em vista

de sua obstinação ou dos cuidados de que se cerca temeroso de

afastar-se dali e acabar em dificuldades.

Eis um exemplo de desdobramento em encarnado:

“Regina fora totalmente informada pelo mentor que iria

trabalhar mediunicamente.

Logo em seguida, vê a entidade a falar. Era uma figura esbelta,

alta, vestida com uma túnica simples de cor alaranjada e surpreende-

se com o seu desdobramento em desdobramento, em uma forma mais

sutil.

Além de tudo isso, muito cedo Regina descobriu o maravilhoso

instrumento de trabalho que é a faculdade anímica do desdobramento,

sem a qual não há como exercer as de natureza mediúnica, ou seja, as

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que permitem funcionar como intermediários entre as duas faces da

vida.”

O êxtase é uma forma de desdobramento:

Observamos que neste, como em tantos outros, senão em todos

os fenômenos psíquicos, o elemento é o desdobramento ou

afastamento do corpo físico do sensitivo. Estase é um sono um

desdobramento mais apurado, pois nessa situação a alma do extático é

ainda mais independente.

Outras realidades quanto ao desdobramento provocado pela

yoga:

A experiência de desdobramento facilitada pelos exercícios do

Yoga, Regina assim relata:

“Eu passava a ter um controle mais efetivo sobre o corpo que

ficou mais sensível aos comandos da mente. Em pouco tempo me foi

possível, por exemplo, localizar uma contração muscular que estava

provocando dor e ordenar o relaxamento correspondente. A dor

passava como por encanto. Por essa época, andava eu com muitos

problemas de saúde, como por exemplo, baixa pressão arterial,

enxaquecas, problemas no fígado e coisas assim. Tudo isso era curado

com os exercícios. Bastava relaxar, dirigir-me aos diversos órgãos

com ordens explicitas para que cessassem tais dificuldades.

Certas tardes, após executar a sequencia regular de postura que

eu vinha praticando diariamente, há dois anos, entreguei-me ao

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relaxamento profundo na chamado “posição do cadáver” – A técnica é

conhecida de todos os praticante da Hanta Yoga.

Começar o relaxamento pelos pés e gradativamente, chegar até a

cabeça, expedindo os comandos necessários a cada grupo de músculo

até a cabeça. Nesse ponto era como se o corpo não existisse, ou pelo

menos eu não o sentia.

Normalmente, eu pensava nesse ponto, isto é, ia aos poucos

reassumindo os controles orgânicos e integrando-os de volta à

consciência, até o total despertamento do estado de torpor.

Naquela tarde especifica, ao invés de prosseguir com a rotina e

despertar, resolvi avançar a partir daquele ponto para ver o que

aconteceria. A curiosidade de sempre...

Continuei, portanto, a aprofundar o estado de relaxamento, até

que me senti fora do corpo. Percebi, porém, certas diferenças.

Usualmente era capaz de ver, ao mesmo tempo, meu duplo períspirito

e o corpo físico. Desta vez, não sentia. Sentia como se todo o meu ser

se concentrasse na cabeça ou, mais propriamente, no meio da testa.

Não um olho comum, com a sua conformação conhecida. Era um olho

semelhante ao que se vê nas esculturas e pinturas egípcias: profundo e

alongado. A visão desse olho parecia não ter limites. E, de repente,

aquele olho era eu, começou a ficar cada vez mais independente e

cada vez mais forte. Com ele eu via tudo.

Percorri todo o meu corpo com esse olho e via os órgãos

internos mais nitidamente do que se estivesse diante de um aparelho

de radioscopia. Os ovários me chamaram a atenção, em particular,

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pois se mostravam iluminados por uma luz fosforescente. Podia

observar as veias, o sangue a circular, o coração pulsando no ritmo

que eu lhe determinava.

O grande espetáculo, contudo, era o cérebro. Parecia uma usina

elétrica, uma casa de força, pulsando todo iluminado e cujo ritmo de

funcionamento produzia um fenômeno que eu interpretava com um

“som” característico. De repente, eu saí do cérebro. Aí é que

experimentei uma sensação fantástica.

Todo o meu ser era aquele olho e era tudo luz e vida. Em

seguida, transpus as últimas limitações – as daquele olho.

Isto é, eu era. Eu sabia, e que como me dizia, ou melhor, tinha o

conhecimento: eu sou vida, eu sou força, eu sou tudo. Aquele corpo

ali nada é.

Eu sentia aquela força expandir-se a tal ponto que me senti parte

do universo, um com tudo o que nele havia, como se tudo fosse um, e

eu uma parte dessa unidade. E ali eu sabia que era vida, eu era

imortal, indestrutível, nada tinha a temer. Uma sensação indescritível

em linguagem humana. É como se eu estivesse abraçando o universo,

a natureza, tudo; e ao mesmo tempo que eu era Eu, uma

individualidade, era parte daquele Todo, daquela Unidade, daquele

Um.

Quanto tempo durou, eu não sei. Aos poucos, porém, a sensação

de expansão parece ter atingido os extremos limites possíveis à minha

condição e começou a diminuir como se encolhesse e, aos poucos, fui

fincando menor, menor, até unir-me novamente ao corpo. Quanti isso

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se deu, já no corpo, fiquei ali deitada no chão envolvida em emoções

e sensações literalmente indescritíveis, irreproduzíveis em linguagem

humana. Teria sido a visão cósmica de que falam os místicos

orientais? Não sei.”

Não há o que comentar a não ser lembrarmos quando o Cristo

disse que somos deuses ou que ele e o Pai são uma só realidade.

05 – O médium e o dirigente

Os médiuns são pessoas de sensibilidade mais aguçada?

Se assim não fossem, não seriam médiuns. E por isso mesmo,

mais sensíveis também à critica, especialmente quando injusta,

grosseira ou mal formulada. É imperioso, contudo, distinguir entre

sensibilidade e melindre.

Como podemos diferenciar no médium “sensibilidade e melindre”, na

lida espírita?

Sensibilidade: Quando o médium interessado em dar o melhor

de si mesmo à tarefa que abraçou não apenas aceita a crítica

construtiva e leal, como a procura, desejoso de aperfeiçoar seu

desempenho mediúnico.

Melindre: Quando o médium não admite a menor observação, a

não ser o elogio, o endeusamento, como se fossem infalíveis

instrumentos dos mais elevados.

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Como fica o dirigente dos trabalhos ao verificar o excesso de

melindres, quando identificado em determinado médium?

É extremamente delicada a posição do dirigente responsável

nesse terreno. Tem ele que exercer toda a sua atenção e bom senso,

tanto para evitar que se perca ou se iniba um médium que, a despeito

de pequenos, ou maiores equívocos, tem condições de tornar---se um

trabalhador eficiente.

O dirigente poderá ir expondo à todos no dia-a-dia, informações que

deverão alcançar aquela pessoa, sem contudo ser dirigido somente a

ela. Convém reconhecer ainda que, há casos realmente irrecuperáveis

de médiuns iniciantes, ou não, que se deixam envolver pela perniciosa

convicção infalível de erros. Cabe aí, ao dirigente, admitir que não há

condições de modificar o quadro, e que se torna necessário avaliar o

grau de prejuízo ao andamento das atividades do grupo.

“Para evitar tal situação é importante pensar muito e procurar o

lado intuitivo antes de autorizar o ingresso de alguém junto ao grupo,

para que logo mais, ele mesmo tenha que proibir a sua presença,

muitos se afastam, facilitando as coisas”.

Em momentos muitos difíceis o mundo espiritual vem em

socorro ao dirigente, intuindo o médium negligente para que deixe o

trabalho, ou mesmo esfriando a sua participação mediúnica.

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Como proceder em relação aos médiuns com mediunidade

recentemente diagnosticada, sendo ele uma pessoa muito complicada

no seu estado psicológico?

Esse é o momento de decidir o futuro. Se for acolhido com a

necessária compreensão e adequadamente orientado e instruído,

poderá chegar a ser excelente colaborador na tarefa para a qual,

evidentemente, veio. Se recebido com aspereza, incompreensão,

intolerância em relação as peculiaridades de suas faculdades, esse

dirigente não poderá dizer: “das ovelhas que o pai me confiou,

nenhuma se perdeu.”

Deveremos ajudar, pois esse médium está chegando para nos

ajudar a servir. Se muito doente, vamos tratá-lo na esperança de

colocá-lo em condições de cooperador. Quando estiver um tanto

reestabelecido, poderá iniciar no trabalho do passe – pois é um grande

medicamente de reequilíbrio. Quanto ao aproveitamento nos trabalhos

mediúnicos é necessário uma avaliação mais cuidadosa. Eis a grande

responsabilidade do dirigente e do grupo.

Depois de muitos anos sem ter um material que nos

proporciona-se conteúdo mediúnico que contribuísse com maior

eficiência na preparação do desenvolvimento mediúnico dos

estudantes, encontramos o caminho do método “cinco fases”.

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06 – Alucinações

Regina procurava uma definição para o seu futuro psíquico,

ainda não conhecia o espiritismo. Nessa busca de uma resposta às

interferências mentais, procurou um terapêutico que apresentou sua

metodologia de análises que consistia em rotular os fenômenos, sem

dar uma explicação a eles e sem muito menos os corrigir. Não tardou

muito para que Regina deixasse o analista.

Eis a análise técnica e fria do terapeuta quanto aos problemas de

Regina:

• Falava-lhe em alucinações visuais e auditivas – ele não conhecia

a mediunidade auditiva de vidência. Afirmava que ela

vivenciava um processo de fuga, com tendências autistas.

Nomes tão complicados, que no caso de Regina o espiritismo

sintetiza: “nada mais, nada menos, que o sexto sentido sendo

exercitado, onde a causa está relacionada em nível espiritual”;

• Falava-lhe também de neurose e prescrevia a ela drogas para

relaxar, dormir, combater a inexplicável rejeição pelo alimento;

• Em paralelo com os antidistônicos, prosseguia a busca dos

traumas de infância;

• O terapeuta não sabia que tais traumas, que certamente existiam,

não estavam guardadinhos a sua espera. Eles vinham de longe,

muito longe no tempo e no espaço.

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07 – Vozes

Regina não sabia ainda como distinguir os fatos anímicos dos

mediúnicos – ou seja, separar os que eram produzidos pelo seu

próprio psiquismo – como recordações sofridas do passado, ou flashes

de intuição, como o da aparição de uma enfermeira ou médica que

viera para impedir que ela fosse hipnotizada. Na verdade, ela nem

sabia o que era mediunidade. Aquilo era simplesmente coisas que não

costumavam acontecer com ela.

Como explicar e entender aquela confusão mental?

Por mais que buscasse o silêncio da meditação, não conseguia as

respostas que desejava. Ela ainda era católica, não tinha como

entender.

O catolicismo que praticava, respondia com dogmas inaceitáveis

e uma doutrina feita de crenças, não de conceitos racionais.

Aconteceu então o inesperado:

Nos períodos reservados ao repouso, exercitava a mediunidade

“sem perceber”, uma certa tarde, começou a ouvir uma voz

masculina, muito tranquila que parecia responder às suas indagações

mentais. Pela primeira vez ouviu algo a respeito da reencarnação. A

voz não mencionara especificamente essa palavra, mas explicou que

ao nascer, todos nós trazemos uma programação a cumprir, um

planejamento a realizar e que nem sempre levamos a bom termo essa

programação.

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Quando isto acontecia, era então necessário voltar para

completar a tarefa. Quanto às queixas acerca da justiça divina,

explicava a voz que nós passamos exatamente pelas dificuldades pelas

quais temos que passar devido a erros anteriores ou por não havermos

realizado o que trouxemos planejado. Isso sim fazia sentido e ela não

teve dificuldade em aceitar como informações válidas.

Decorrido mais algum tempo, passou a encontrar-se com esse

espírito durante o sono.

Ela sabia que havia ali ao seu lado, no sonho, uma pessoa. Ao

perguntar o seu nome, ele limitou-se a dizer:

-Que é um nome? O nome não importa. Sou seu amigo. Os

guias experimentados não costumam realmente identificar---se por

duas razões:

I. Se foram personalidades importantes na Terra, o médium pode

ficar intoleravelmente vaidoso;

II. Se, por outro lado, tenham sido pessoas obscuras, o médium

pode ficar decepcionado.

Em nenhuma das duas hipóteses acima expostas há qualquer

vantagem ou influencia positiva sobre o trabalho que se pretende

levar a termo.

Falamos que Regina não saberia distinguir quando os fenômenos

eram anímicos ou mediúnicos. Como ela poderia saber?

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Vamos procurar responder por ela. Sintetizando diremos:

1. Em qualquer situação aquilo que for oriundo dos nossos cinco

sentidos – tato, paladar, visão, audição e olfato – é anímico;

2. Qualquer informação que venha ter interferência de um espírito,

estaremos necessariamente utilizando o sexto sentido, o qual

indica ser fenômeno mediúnico, motivado pela presença do

desencarnado. É interessante ressaltar que nesse caso, pode

existir pequenas participações anímicas, principalmente na

mediunidade de lucidez.

08 – O susto na primeira psicografia

Mais uma vez, recorremos a experiência de Regina, quanto a

psicografia mecânica. Quais os sintomas?

Iniciamos dizendo que em todo e qualquer exercício mediúnico,

mesmo na psicografia mecânica, a parte orgânica do médium tem a

sua participação. A velocidade na escrita é mais ou menos quatro a

cinco vezes mais rápida do que na escrita comum.

Quando a psicografia é mecânica e o médium tem plena

confiança no espírito que utilizara o seu braço, se a utilização for

prolongada, o espírito do médium poderá exercer outra atividade na

esfera espiritual. Retornando somente ao final da psicografia.

Regina assim comenta a sua iniciação na psicografia:

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“Ela sozinha, utilizando os ensinamentos de Kardec, contida no

Livro dos Médiuns, senta-se comodamente, faz uma prece, segura o

lápis pousando levemente sobre o papel e aguarda.

A prece ajudou a se acalmar. Ficou ali, imóvel, apena segurando

o lápis, sem exercer maior esforço ou tensão sobre a superfície do

papel.

O braço foi ficando pesado e invadido por uma ligeira sensação

de dor. De repente, ficou leve como se fosse flutuar, movimentou-se

sozinho e sua mão começou a deslizar sobre o papel.

Aquilo era novo para ela, uma verdadeira surpresa. Por alguns

momentos, ela ficou a observar o braço, a deslocar-se como se não

fosse parte de seu corpo e sim um objeto destacado e autônomo que se

movia com seus próprios recursos.

A mão, contudo, não conseguia traçar, senão rabiscos sem

sentido. Ela ficou, por um momento, sem saber o que fazer; em

seguida, ouviu a voz do seu amigo, que lhe recomendava segurar o

lápis com mais firmeza.

Quando o fez, assistiu maravilhada o que produzia ante seus

olhos – olhos espirituais, a primeira mensagem psicográfica no qual

seu amigo utilizava de sua própria mão para dizer-lhe algo.

Quando a escrita terminou, a mão tomou a iniciativa de

abandonar o lápis sobre o papel e voltou a sua condição normal.”

A psicografia, ainda no dizer de Kardec, é mais suscetível de

desenvolver-se pelo exercício.

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Nota: Sem o coração evangelizado e sempre vigilante na

reforma íntima, eu particularmente não recomendo esse exercício no

anonimato do seu lar. O motivo dessa observação? O momento difícil

da transição do planeta.

09 – Peregrinações pelos centros

Lamentavelmente, essas dificuldades são quase sempre

encontradas pela maioria das pessoas que percebem um grau de

mediunidade.

Utilizamos a experiência de Regina, sua peregrinação por

diversos grupos.

A rotina era sempre a mesma – conhecida por nós: As coisas

começavam a complicar-se logo no início quando ela chegava

procurando uma acomodação, um cantinho para trabalhar, para

oferecer sua cota de colaboração. Não porque nada tivesse a fazer ou

porque precisasse ainda desenvolver sua mediunidade.

Mas sim porque é muito difícil ser acolhido em grupos já

formados na sua tradição de prática cristalizada. Pois sempre quem

chega, tem suas características diferentes, fora dos padrões locais,

geralmente já engessados. Não se pode descartar a presença do ciúme.

Qual a complicação imposta a esses médiuns naturais?

Você primeiramente precisa estudar, essa é a exigência, assim

afirmada por eles. Regina não poderia compreender essa atitude

ortodoxa existente em muitas Casas Espíritas.

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Eu acrescento: Uma coisa é estudar, evangelizar-se para futura

identificação da existência ou não da mediunidade ainda não

manifestada, no caso de Regina, porém, a mediunidade apresentava-se

de forma natural. O certo, na minha opinião, era aproveitar a sua

mediunidade imediatamente e em paralelo, realizar os estudos de

grande importância para complementação mediúnica e moral.

Pasmem! Se Chico Xavier voltasse hoje, essas mesmas pessoas

iriam obrigá-lo a estudar por vários anos. Que absurdo! Esqueciam da

primeira observância que se faz em todas as pessoas, a análise da

bagagem moral, assim como a análise da mediunidade natural. Alguns

dirigentes, porém, infelizmente não sabem o que é mediunidade

natural.

Diante dessa exigência, Regina se questionava: Eu não tenho

nada a fazer ou que precisasse ainda desenvolver.

Ela já tem sua mediunidade espontânea natural, em estado

ostensivo, sem necessidade de aprender como incorpora-se, nada tinha

a desenvolver, e sim a aperfeiçoar sempre, coisa que aconteceria no

decorrer das atividades mediúnicas. Ela via tudo isso de modo

diferente, era uma atividade natural e espontânea.

Normalmente, as Casas Espíritas oferecem dificuldade e sofrimento a

esses sensitivos com mediunidade aflorada?

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Oferecem sim, muito sofrimento, os forçando a encubarem sua

mediunidade, às vezes por longo período em nome da disciplina e do

estudo. Esse encubamento, poderá levar à distúrbios obsessivos.

É necessário entender que o médium precisa manter os canais

psíquicos desobstruídos, pois é por eles que circulam as ideias e

energias, e que esse mesmo canal, com essas mesmas ideias e

energias são utilizados na mediunidade.

Quem obstrui o canal, muitas vezes terá um caminho difícil

devido a distúrbios complicados, visto que as energias de que os

sensitivos dispõem para essa finalidade não estão encontrando seu

escoadouro natural no desempenho normal da mediunidade-tarefa.

Há pastores que alegam que através de suas “forte orações” irão

conseguir bloquear esses canais de sensibilidade e resolver o

problema. Que desastre!

Deixo o registro de que são inúmeros e frequentes os casos de

médiuns em potencial, que, apenas iniciando-se no exercício

controlado de suas faculdades, livram-se como por encanto de

pressões íntimas, impaciências, irritações e desassossegos

indefiníveis, além do assedio indesejável de desencarnados que ele

não sabe como controlar ou neutralizar.

Qual a saída? Qual deve ser o procedimento da Casa Espírita em

relação aos que tem medo de exercer a mediunidade?

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Oferecer orientações simples, dizendo que mediunidade é

expansão do sexto sentido à serviço da caridade em nome de Jesus,

tornando-se o médico que alivia as dores dos encarnados e

desencarnados. Onde está o erro se o próprio Jesus, no Dia do

Pentecoste, determinou que a mediunidade se manifestasse no seio

dos seus discípulos, estando eles em outras cidades ou não. Foi nesse

dia que o centurião Cornélios, o nosso Chico Xavier, mesmo distante,

passou a ser médium vidente.

Eu particularmente assim procedo:

Ø A mediunidade está claramente aflorada?

Ø O médium tem o equilíbrio psicológico em nível da

anormalidade?

Dentro dessa realidade eu tenho a preocupação em tornar esse

médium, alguém com o coração evangelizado e assimilando o

sentimento dos cristãos primitivos, convido-o a aceitar essa tarefa,

que o conduzira pelos caminhos da Árdua Ascensão espiritual.

Os dirigentes das Casas Espíritas devem aprender que,

mediunidade é uma faculdade tão natural quanto qualquer um dos

cinco sentidos habituais.

A princípio, deve-se ler urgentemente alguns livros que criarão

no mundo íntimo de cada um o magnetismo do sentimento religioso,

cristão:

• Ave Cristo;

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• Paulo e Estevão;

• Memórias do Padre Germano e;

• Romance Maria Clara – no qual ela narra sua história

mediúnica.

Após ter lido esses livros, com a consciência um pouco mais

despertada e orientada, aconselha-se a leitura da codificação de

Kardec e a série de André Luiz.

Como contribuição a esse entendimento ortodoxo em torno da

mediunidade, Kardec assim já se manifestou: “Mas porque

estrangular o fenômeno do nascedouro, somente porque paira sobre

a pessoa uma suspeita de suspeita?” – era isso que dirigentes

ofereciam a Regina.

Naturalmente, não estou aplaudindo a acomodação e desprezo

aos estudo, pois quanto mais rica a memória, mais fácil o trabalho dos

manifestantes.

Esses novatos, prontos a iniciar o fenômeno mediúnico, após

estudarem em sua residência os livros acima mencionados, terão a

oportunidade de procurar instruir-se nos estudos teóricos da Casa

Espírita, paralelamente, preparando-se na parte prática, nas reuniões

mediúnicas.

Sem se esquecer, porém, de que cada caso é um caso. Após

oferecida a oportunidade de trabalhar, terão eles o compromisso de

aprimorar-se na ciência, filosofia e religião, via estudo sistematizado,

naturalmente oferecido pelas Casas Espíritas.

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Era evidente que Regina não podia desempenhar sua tarefa

sozinha. Ela sabia o suficiente para estar consciente de que a

mediunidade não deve ser exercida senão com a sustentação de um

grupo amigo e harmonizado. Mas, onde estavam essas pessoas em

condições de ajudá-la?

Ela via tudo isso de modo diferente. Considerava a mediunidade

uma atividade natural e espontânea. Não se sentia mais importante ou

diferente dos outros.

O dirigente, contudo, queria dela atitude padrão a qual estavam

acostumados. Médiuns que não se enquadrassem nas condições

julgadas “ideais” não serviam. Eram um “Deus nos Acuda”.

“Meu Deus, que dificuldade! Onde estava a saída daquele

confuso emaranhado de atalhos e de perplexidades, de frustrações e

de desenganos?

Mediunidade era isso? Seria mesmo esses vexames e aflições

necessários e indispensáveis ao seu exercício? Então não era um

fenômeno natural, que havia riscos é claro, como sempre pensara?“

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10 – Os médiuns devem intelectualizar-se?

Os médiuns devem intelectualizar-se em torno de entendimentos

sadios e diversos?

Qual melhor o cérebro, melhor o instrumento mediúnico?

Sim. Isso porque por espíritos manifestantes trabalham de

preferencia com o material armazenado no inconsciente do médium,

ou seja, com os recursos que ele possui e que coloca à disposição do

manifestante.

Quanto melhor a qualidade e a variedade de conhecimentos do

médium, mais fácil e de melhor nível serão as comunicações.

Muitos afirmam, orgulhosamente, que não precisam estudar

porque aprenderam com os próprios espíritos. Estão enganados. Pois

não se deve esquecer de que são os próprios espíritos os primeiros e

mais insistentes em recomendar ao médium que leia, estude, observe,

medite, pergunte a quem saiba, permaneça vigilante e ore com

frequência, preparando o seu intelecto espiritual.

E além disso, sempre manter os seus canais psíquicos

desobstruídos.

11 – Sinais esparsos e ocasionais de mediunidade

Qual a postura ao dirigente em torno de pessoas que

apresentam sinais esparsos e ocasionais de mediunidade?

Nesse caso não é recomendável forcar o desenvolvimento da

faculdade, e sim mantê-lo ao seu lado, acompanhando-o dia-a-dia no

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decorrer dos estudos. Não esquecendo que Kardec registra no Livro

dos Médiuns a existência de médiuns improdutivos.

Não esquecer também a existência de candidatos a mediunidade

que estão interessados apenas em brilhar ou brincar com fatos

insólitos.

12 – O conhecimento de si mesmo na prática da mediunidade

Ao conhecer a si mesmo na prática da mediunidade, deve-se

procurar ter humildade sempre para não desaguar no excesso de

confiança.

Qual o motivo de muita mediunidade promissora naufragar logo de

início?

E ntre outros motivos, está o excesso de confiança ou o temor

exagerado, desanimo ante as dificuldades iniciais, falta de

perseverança no treinamento ou desinteresse em promover certas

mudanças íntimas, renunciar a algumas comodidades e pequenos

vícios de comportamento ou de imaginação.

São muitos os que julgam que basta sentar-se a mesa mediúnica

para começar a produzir fenômenos notáveis, receber espíritos

elevados, ter vidências espetaculares ou curar doenças irredutíveis.

Nada disso. A primeira atitude a se adotar é a humildade.

Não pense que sua mediunidade vai abalar o mundo ou servir de

veiculo a revelações sensacionais. É mais fácil perder uma

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oportunidade de exercício mediúnico razoável pela vaidade do que

por qualquer outro obstáculo.

Outro motivo: A mediunidade raramente se define com nitidez,

logo de início, por esta ou aquela faculdade e, raríssimas vezes ocorre

tranquilamente, sem inquietações ou perplexidade, às quais o

médium, ainda despreparado, não sabe como esquivar-se ou controlar

o seu psiquismo, que podemos comparar a uma esponja, um

absorvente de energias de toda espécie, que cabe a ele selecionar.

Quase sempre, nessa fase inicial, os fenômenos são de variadas

natureza, como se houvesse um propósito deliberado em testar várias

faculdades, a fim de decidir qual delas é a melhor para aquele

trabalhador específico.

Após a identificação, decide e optar pela qual ele deverá insistir.

Isso não quer dizer que no decorrer dos dias, outro fenômeno não

possa firmar-se em alguns momentos.

Quem muito quer, acaba nada tendo de forma satisfatória.

Acresce ainda que, mediunidade equilibrada e funcional, é

resultado de esforço e cultivo, aprimorando também o caráter e

comportamento da pessoa.

Em outras palavras: é resultado de um trabalho consciente, às

vezes longo, monótono, cansativo e sem o brilho a que muitos

aspiram. Não é também para ser forçada.

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Qualquer que seja, porém, o tipo de mediunidade em

desenvolvimento, é preciso que o médium em formação promova um

severo e honesto autoexame, a fim de identificar em que aspectos de

comportamento necessita mudar e que eventuais virtudes ou

qualidades pessoais devem e podem ser revigoradas. E para isso

também, uma boa dosagem de humildade será de vital importância.

Para mim, existe um fator básico e principal que contribui para o

que o médium não encontre atrativos para continuar no exercício da

mediunidade: falta de amor aos necessitados, sejam encarnados ou

desencarnados.

Nesse médium em questão, falta a mais bela mediunidade, a do

amor. Ele esquece que a sua tarefa é junto aos espíritos sofredores, e a

sua falta às reuniões mediúnicas estará postergando essa ajuda. E aí só

Deus sabe quando esse espírito poderá ser socorrido por outro

médium ou outra Casa Espírita.

A respeito do exercício da mediunidade, desde o início acarreta certo

desgaste?

Sim. Embora nem sempre seja percebido pelo médium, é uma

responsabilidade que não pode ser ignorada.

São frequentes os casos de médiuns em potencial que, apenas

iniciados no exercício controlado de suas faculdades, livram-se como

por encanto, de pressões íntimas, impaciência, irritações e

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desassossegos indefiníveis, além de assédios indesejáveis de

desencarnados que ele não sabe como controlar ou neutralizar?

Sim. Se, porém, se entregar desregradamente ao trabalho

mediúnico, especialmente na fase inicial do ajustamento de suas

faculdades, por certo terá problemas de saúde física e psíquica,

acarretados por excessos no esbanjamento de energias. A segurança

estará na disciplina, tempo e lugares certos para o trabalho mediúnico.

Sintomas de exaustão devem ser prontamente detectados e

combatidos com um período de repouso, mudanças de rotina nos

hábitos, férias, coisas dessa natureza. A mediunidade não é um estado

patológico e não deve ser exercida à custa da aniquilação da saúde

física do médium.

Mediunidade é algum privilégio perante o Criador?

É por certo um privilégio, no sentido de que constitui importante

concessão ao espírito encarnado que deseja acelerar seu processo

evolutivo servindo ao semelhante, mas não coroa o cetro a conferir

poder sobre os demais. É apenas uma faculdade natural para ser

utilizada como instrumento de trabalho.

Sem essa concessão e estando o médium ligado a uma Casa Espírita,

é lícito forçar o desenvolvimento?

Não. Deve-se buscar outra tarefa na qual a pessoa poderá sair-se

bem, como por exemplo, a do passe magnético, a da palestra, direção

do estudo ou no trabalho social. Os espíritos não criam a mediunidade

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para atender os nossos desejos e ate ambições. Afinal, a mediunidade

é apenas um dos muitos caminhos para a evolução, apenas uma

ferramenta de trabalho.

13 – Definições e decisões

Como já foi dito, a mediunidade é uma faculdade tão natural

quanto qualquer um dos cinco sentidos habituais.

Por isso não é necessário e nem possível criar a faculdade a

partir do nada, mas sim descobri-la, identificá-la e aprender a utilizar

corretamente aquilo que existe nas profundezas de nossa estrutura

espiritual.

A existência da mediunidade tem a sua base nas entranhas do

espírito.

De forma idêntica, ou semelhante, o homem aprendeu a utilizar

os dons dos sentidos – andar, falar, etc.

Os primeiros espíritos que se aproximam de um médium

iniciante são os de baixa condição, não são maldosos, aproximam---se

na tarefa de preparar o organismo e mente para o futuro trabalho na

área da mediunidade.

Hoje em dia existem métodos que dão mais segurança aos

médiuns quanto ao de desenvolvimento mediúnico.

Mediunidade é, pois, uma transfusão de pensamento, mesmo

quando se trata de energia designada à produção de efeitos físicos,

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de vez que é o pensamento e a vontade dos espíritos que a

direcionam.

Por outro lado, o médium é um ser que franqueou o acesso da

sua intimidade aos seres invisíveis e desencarnados – e até aos

encarnados em condições especiais.

Se ele adota atitudes de descaso, indiferença e preguiça, está

chamando para sua convivência espíritos semelhantes. É como um

aparelho receptor de rádio ou televisão, captando a estação na qual se

acha sintonizado.

Se a pessoa é assediada por fenômenos insólitos e desejar

exercer seriamente a mediunidade, precisa a ela dedicar-se com

seriedade e jamais com fanatismo.

Se seu desejo, porém, é apenas uma distração para passar o

tempo ou um instrumento para fascinar platéias maravilhadas, é

melhor dedicar---se a outra atividade. Terá por certo menos problemas

e assumira responsabilidades menos graves ao fazê-lo.

A mediunidade é um instrumento de trabalho e não serve para

uso e gozo pessoa, mas sim para servir. Se a pessoa não se sente

preparada para isso, é melhor cuidar de outra atividade.

Não se esqueça, de que não se pode simplesmente apertar um

botão, torcer uma chave ou tamponar a faculdade nascente que estará

tudo resolvido. Se são sinais esparsos e ocasionais, como já vimos,

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tudo bem, não vale a pena nem é recomendável forcar o

desenvolvimento nessa fase.

Já a respeito da mediunidade tarefa, conversando com espíritos

hoje desencarnados, encontramos duas realidades:

1. Estão sempre bem e felizes aqueles que exerceram suas tarefas

com dedicação e boa vontade, ainda que com falhas, inevitáveis

no contexto da imperfeição humana;

2. Por contraste, temos recebido depoimentos dramáticos dos que

rejeitaram suas faculdades, ou delas se utilizaram para obter

proveito pessoal, ou não levaram a sério como deveriam.

No segundo caso, as decepções são inevitáveis, porque a decisão

é sempre nossa, portanto, intransferível.

Um erro clássico é buscarmos fazer uma troca de Dom

Mediúnico, escolhendo para nós tal mediunidade, ou outra atividade

na Casa Espírita. Temos em nosso meio o seguinte exemplo:

Determinado médico desenvolvido na psicofonia em nosso

grupo, o qual após ser incentivado por estudiosos de outra casa, aderiu

a sugestão de que no seu caso de médico cirurgião, deveria ele

aperfeiçoar-se na sensibilidade da mediunidade intuitiva. Esquecem

que a mediunidade de incorporação é um estado mais avançado em

relação a mediunidade intuitiva.

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Esses estudiosos desconhecem o comprometimento desse

médico quando estava no mundo espiritual, com o carisma da

mediunidade de incorporação. Como médium de incorporação ele

estaria na posição de medico dos encarnados, e, consequentemente,

também dos desencarnados.

Todo trabalho a ser realizado exige dedicação, cultivo e

sacrifício.

14 – Mediunidade como trabalho de equipe

Devemos entender que a mediunidade não deve ser praticada no

isolamento de sua residência?

O médium que a prática isoladamente está exposto a hábeis e

envolvente mistificação. Muitas vezes, nem percebe que já se

encontra fascinado por mentirosos que se fazem passar por figuras

importantes, assumindo indevidamente nomes que merecem respeito

e acatamento.

O médium que resolva, portanto, praticar suas faculdades no

isolamento, estará correndo sérios riscos de envolvimento indesejável

com os mistificadores. Os riscos não cessam apenas porque ele se

juntou a um grupo bem intencionado, mesmo porque, são muitos os

que se deixam fascinar com impressionante facilidade.

A proteção desses médiuns e demais participantes desse tipo de

envolvimento é a vigilância e a atenção com o teor, o significado e as

implicações das manifestações.

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Caso um grupo de pessoas pretenda, com muito estudo e postura

moral formar um grupo de trabalho mediúnico pela dificuldade que

encontram em ser aceitos na maioria dos grupos fechados de muitas

Casas Espíritas tudo bem.

Apenas faço o seguinte registro: quando o proprietário sede

espaço da sua casa para as reuniões mediúnicas sistemáticas de

socorro aos desencarnados doentes e necessitados, ele transforma o

recinto do seu lar em hospital. Assim sendo, ele deve levar em

consideração o seguinte:

Ø Ele mora sozinho?

Ø Há outras pessoas?

Ø Todas essas outras pessoas tem estrutura moral para suportar os

bombardeiros psíquicos dos doentes e dos revoltados

desencarnados pela ação da caridade?

Caso estejam preparados, arregace as mangas e sejam os cristãos

tão difíceis de se encontrar em nossos dias.

Em relação ao que foi registrado acima, o dirigente ou o

médium preparado de uma Casa Espírita deve atender em sua casa o

companheiro do seu grupo mediúnico que esteja necessitado, ou de

um desconhecido, em regime de emergência? Não estamos falando de

reuniões mediúnicas.

Sim. Principalmente quem esteja em regime de emergência, pois

o trabalhador da seara espirita deve ser o trabalhador das vinte e

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quatro horas do dia. Na emergência, não se tem hora, dia e nem local.

Principalmente quando ele se encontra em sua casa.

Deve-se improvisar para receber o companheiro, mesmo que

seja um desconhecido, que esteja necessitando de ajuda em seu

momento de crise mediúnica, com a finalidade de atender, ajudar,

orientar e encaminhar tal espírito perturbador.

Os espíritos trabalhadores de nossa Casa Espírita nos orientam

para que o médium busque ajuda, sem muita demora, para que não

fique mais severa a investida do inimigo que não aceita o bem que o

médium produz.

O trabalhador espírita não deve ser ortodoxo. Eis cinco situações

experimentadas por mim citadas pela necessidade do momento de

estudo:

1. Administrando passes em minha casa e a pessoa ficar

incorporada;

2. Administrando passe em pessoa incorporada dentro do carro;

3. Administrando passe pelo telefone à longa distância, atendendo

pessoas que ligaram da Inglaterra e da Alemanha. O resultado

nos dois casos foi satisfatório, a pessoa retornou dizendo que

tinha dormido muito bem. Na reunião mediúnica atendemos o

espírito perturbador. Lembro---me que em um desses casos o

espírito perturbava a funcionária brasileira entendendo que ela

não devia ficar naquela residência, afirmando ser sua a

residência e ter sido invadida por ela;

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4. Já dialoguei por telefone com o espírito perturbador, o qual foi

ajudado, com médium incorporado em Vitória – ES;

5. E recentemente, um atendimento por telefone veio de São Paulo,

eu estava próximo ao jardim da escola Liceu Cuiabano, pedi um

pouco de tempo e sentei-me em uma mureta embaixo de uma

árvore. E assim abrandei a ira e ajudei um espírito equivocado.

Os exemplos de emergência acima citado mostram que em às

vezes não se tem tempo e nem possibilidade para encaminhar a pessoa

a Casa Espírita.

Os que se recusam a atender as emergências alegando que no

final de semana estarão a disposição na Casa Espírita, tornaram-se

administradores de empresas, burocratizando e engessando a

dinâmica da filosofia da caridade exemplificada por Jesus. Que

responsabilidade a de quem não atende à pessoa em crise, pois

ninguém pode afirmar que logo mais essa pessoa não cometa

suicídio?

Deve-se sempre ter em mente as seguintes palavras: “amar

disciplinando se necessário, mas amando sempre, na mediunidade do

Cristo”.

Nas emergências, não se poder ter a disciplina de hora, dia ou

local. Jesus nunca disse: não lhe posso atender porque estamos

debaixo de uma árvore. Pelo contrário, ele disse: “Meu pai trabalha

constantemente e eu também trabalho”.

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15 – O médium e a crítica

O médium precisa contar com a crítica ao seu trabalho e deve

mesmo desejá-la. Para isso, precisa estar preparado, inclusive, com

boa margem de tolerância para absorver e eliminar alguns excessos

porventura atirado contra ele ou contra a sua faculdade nesse processo

de lapidação.

Oriundas de encarnados e desencarnados, até mesmo no seio da

família dizendo: onde está o espírita que a tudo deve entender?

O médium precisa, pois, estar convencido de que pode depositar

confiança naqueles que o cercam, não apenas para entregar-se

descontraidamente ao trabalho, como também para debater seus

resultados posteriormente, a fim de programar correções e reajuste

que visem o aperfeiçoamento de sua mediunidade.

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16 – A crítica e a autocrítica

Algumas situações de autocrítica exemplificadas pela médium

Regina, sempre que ocorria de maneira insólita, a primeira impressão

era de que podia ter resultado de um fenômeno comum, embora sem

explicação pronta e acabada:

Ø O desaparecimento de um objeto, por exemplo. Provavelmente

havia o colocado em um lugar diferente e se esquecera, ou

alguém havia levado para outro cômodo, colocado em uma

gaveta ou coisa assim. Quando, porém, o objeto desaparecia ou

reaparecia enquanto ela o contemplava, em plena lucidez, então

era porque algo insólito estava acontecendo;

Ø Se tinha um sonho estranho, ainda que nítido e bem armado, era

apenas um sonho. Mas se os eventos nele testemunhados

ocorriam tal como lhe haviam sido mostrada, novamente

estávamos ante algo digno de exame e meditação.

Com o decorrer do tempo e a repetição de tais ocorrências ou de

outras semelhantes, cria-se no médium certa familiaridade com eles. É

o caso de Regina:

Ela não mais se assustava ou ficava perplexa com certas

ocorrências no lar, na rua, ou nos recintos onde exercia sua atividade

profissional. Desenvolvia-se uma espécie de intimidade entre ela e os

fenômenos observados, mesmo observando até seres desencarnados.

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17 – A Concentração

São muitos os dirigentes de trabalhos mediúnicos que exigem

concentração de todos os participantes do grupo. O termo, contudo, é

um tanto nebuloso no seu significado e, portanto, dúbio em suas

implicações e consequências.

Ao invés de qualquer esforço consciente, destinado a obter a

clássica concentração, o que se pedia era exatamente uma atitude de

relaxamento e descontração, deixando que o fenômeno ocorresse

naturalmente, segundo sua própria dinâmica.

Quanto mais o sensitivo se empenha em concentra-se para

observar a mecânica do processo e permanecer alerta para o que se

passa com ele, mais difícil se torna a alcançar a condição básica e

indispensável para que as coisas aconteçam como desejado.

Dificilmente o sensitivo terá condições de funcionar como agente,

observador, espectador e mediador dos fenômenos dele ao mesmo

tempo.

Apesar de valiosa, a concentração facilmente se transforma em

um estado mental que frustra seu próprio objetivo, ao restringir a

emissão de força magnética, uma vez que o relaxamento físico e

mental constitui fator de primária importância no desenvolvimento da

mediunidade.

Ao contrário do que muita gente pensa, a concentração não

consiste em fixar na mente um pensamento, ou imaginar. Mas

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precisamente o contrário, ou seja, em esvaziar a mente de

pensamentos. O que vale dizer, abrir espaço para que o fenômeno

anímico ou mediúnico se produza, sem interferência, sem obstáculos,

sem distrações que o inibam.

Como poderia o espírito comunicante movimentar seus recursos

através da mente do sensitivo se ela está teimosamente obstruída ou

paralisada na fixação de uma ideia ou de uma imagem?

Pelo exposto, vemos que se concentrar é estancar a torrente de

pensamentos próprios, a fim de que o alheio possa ser recebido e,

portanto, criar espaço para receber as ideias desse visitante, e/ou

claro, nossas próprias, guardadas no inconsciente.

Se as ideias que o médium acolhe são suas, existentes no seu

conteúdo diário, ou oriunda de pensamentos e imagens sacadas do

inconsciente, o fenômeno é anímico; fenômeno anímico ou

mediúnico, em ambas as situações, o consciente do sensitivo tem de

estar desocupado, tem de oferecer espaço mental para que os

fenômenos ocorram.

Este aspecto é de tão grande importância na dinâmica do

fenômeno mediúnico que aí está a causa secreta do fracasso de todas

as formas de mediunidade.

Não há dúvida, porém, de que o bom funcionamento da

mediunidade exige certo controle do que se passa no consciente e no

subconsciente ou, para dizer de outra maneira, capacidade para ceder

espaço mental, descontruindo ao espírito comunicante, o qual é

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estranho a individualidade psíquica do médium. Uma coisa deve ser

dita: ceder espaço não é concessão corriqueira, mas sim no dia da

reunião mediúnica ou em momentos que justifique.

Do acima exposto, quanto a esse estado de esvaziamento da

mente, pode ser também resultado de um desdobramento mais

explícito, para atender as necessidades do momento. Motivado pelo

afastamento maior ou menor do períspirito em relação ao corpo físico,

pois como sabemos, a consciência “vai” com o espírito, ao invés de

ficar no corpo físico.

A pessoa contempla seu próprio fantasma “desdobrado”, em

seguida, fica como dividido entre o corpo físico e o corpo espiritual

para, finalmente, emigrar para este último. Uma vez nesta posição, o

cérebro físico continua energizado e vitalizado, pois o espírito

continua preso a ele pelo cordão fluídico – está como que vago,

disponível para receber impressões e imagens, não apenas do próprio

espírito desdobrado, como de outros espíritos, tanto encarnados como

desencarnados, próximos ou mais distantes.

No desdobramento consciente ou inconsciente, na qual o

médium como que entrega seu corpo físico ao espírito manifestante,

permanece consciente ao seu lado.

Finalizamos da seguinte maneira:

A pressão e a tensão da chamada concentração devem ser

excluídas ou neutralizadas, precisamente para não criarem

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dificuldades ao exercício das faculdades que precisamos. Em relação

ao desejo de desenvolvimento das faculdades mediúnica, não se deve

forçar nada.

18 – Animismo

Acrescento nesse trabalho, um estudo que fizemos, em

consonância com o nosso limite de entendimento, em relação ao

animismo, o qual é extenso, tornando-se monótono para alguns, mas

com o qual é necessário muito estudo e reflexão.

O animismo no decorrer da reunião mediúnica ou em outros

momentos, é sempre uma parte ativa e inesperável do homem.

Se alguém nos perguntar o que é animismo, teremos que

oferecer o seguinte entendimento:

• Observar que o animismo, nada mais é que construção diário do

psiquismo em nós, até alcançarmos o psiquismo angelical.

Lembrando que tudo começa no reino mineral, vegetal,

caminhando em direção ao reino animal, passando pela célula

única da ameba unicelular, alcançando o reino hominal. Esses

valores diários obtidos e armazenados no psiquismo imortal.

• Entender que animismo/psiquismo é o armazenamento de

emoções, doloridas ou não, muitas experiências e trabalho na

área do intelecto, experiências no curso dos milênios, estagiando

ora no corpo físico ora no mundo dos espíritos.

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A necessidade de estar o animismo/psiquismo, principalmente

no fenômeno de mediunidade, não despreza a presença diária na

intimidade, em nível do psiquismo.

Assim sendo, buscamos o aval do Dicionário – Espiritismo,

Metapsíquica e Parapsicologia de João Teixeira de Paula. O qual

canaliza o entendimento da palavra animismo no seio do Espiritismo,

focando o comportamento do sensitivo no exercício do fenômeno

mediúnico:

v Animismo ( de anima+ismo) – em Espiritismo, é o estado em

que opera o Espírito do médium e não o do desencarnado, ou

seja: quando o sensitivo fala e ora por si mesmo.

v Psiquismo (de psico+ismo) – Ciência da Psique, da alma, do

Espírito.

Como entender quando é citada a palavra alma do espírito:

v A alma é quando estamos desencarnados;

v Espírito quer dizer desencarnado;

Ou seja, significam a mesma coisa, só o que muda é a

nomenclatura.

Observação: Não utilizaremos a palavra sensitivo quando o

fenômeno for de efeito físico, anímico, contido na realidade 1.

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64

Quando o fenômeno for mediúnico, utilizamos a palavra

médium = intermediário, medianeiro, pelo fato de estar contido na

realidade 2.

1. Quando o corpo físico fica limitado aos cinco sentidos da

matéria, quando o sensitivo fala por si mesmo;

2. Quando o corpo físico fica em uma delas– número 1 – realidade

física – e o períspirito na outra – extra físico.

Podendo assim contemplar a realidade 2 como que embutida na

primeira realidade, eis o entendimento que chamamos de janela

psíquica, sem nenhuma obstrução ou interferência da de número 1.

Ele não está servindo de intermediário entre espíritos desencarnados

ou seres encarnados.

É apenas um sensitivo que dispõe de faculdade que lhe permite

perceber uma faixa mais ampla da realidade global.

Ou ainda: é um ser que, além da visão normal ou da audição

normal, mesmo que não escute na acústica da audição, e sim como

uma voz interior da cabeça, ele a compreende.

No fenômeno mediúnico o processo é diferente. Ele se destaca

ou se isola da realidade 1, na qual vive, e se coloca em posição tal que

permite a um ser da realidade 2, lhe transmitir imagens, sons,

pensamentos, ideias e emoções, operando-lhes o corpo físico através

dos dispositivos de controle localizados no corpo perispiritual.

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65

No fenômeno anímico ele é um observador direto, tem um

papel ativo, relata uma experiência pessoal de observação em relação

a realidade 2, sem participação do mundo espiritual.

No fenômeno mediúnico, o seu papel é passivo, funcionando

como instrumento de comunicação, após destacar-se ou isolar-se da

realidade 1, a qual pertence o corpo físico, aquilo que é induzido a

transmitir. Seu papel é semelhante ao de um telefone, por meio do

qual duas pessoas conversam, por mais passiva que seja a sua postura,

é sempre um ser pensante, dotado de livre-arbítrio, condicionado ao

grau de cultura e evolução, de moral e inteligência, de fidelidade ou

dedicação, de harmonia ou desarmonia íntimas.

Dessa forma, o pensamento que ele recebe da entidade

manifestante, acaba retocando com um tom mais leve ou mais

carregado do seu próprio colorido pessoal.

O bom médium é aquele que mantém o seu espelho bem limpo,

não permite que as paixões carreguem as suas cores e está atento o

bastante ao que lhe dizem do outro lado. Procura ser um secretário

competente, estudando e aperfeiçoando sua técnica, procurando

adquirir uma boa cultura geral.

O médium que transita na realidade 2, ou seja: necessitando

filtrar da melhor maneira o que o espírito deseja dizer, como o

médium pode proceder de maneira satisfatória nessa difícil tarefa?

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É necessário certa disciplina, até se tornar um médium

confiável. A missão é nobre, linda e árdua, pelo fato de transitar na

difícil realidade 2, podemos comparar com o espelho que tem que

estar limpo para refletir, sem interferência à luz do sol, evitando o que

ocorre na transmissão radiofônica, quando a recepção oferece estática,

prejudicial a comunicação.

Assim sendo, tem a missão de ser, como um menino de recado,

fiel na transmissão da informação.

Pode-se entender por animismo tudo aquilo que está contido nos

cinco sentidos e que não possui a participação de desencarnado?

Sim, porém, com a possibilidade de ser adicionado outros

componentes no momento em que o desencarnado marca a sua

presença com fleches, mensagens intuitivas, ou seja, uma participação

parcial.

Eis o momento do entendimento de que o sensitivo está diante

do fenômeno misto. Misto = Parte do médium, parte do espírito.

Eis um exemplo mais ativo de participação “mista”: quando o

sensitivo se desdobra e encontra-se com outros espíritos, realizar

certas tarefas em conjunto com eles, sem contudo, ter algo a

transmitir, ou seja, sem funcionar como intermediário do espírito

desencarnado e/ou encarnado.

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O fenômeno está presente nos sentidos físico, anímico. Muito

comum em nossas “andanças”, quando dormimos.

Do exposto acima, podemos embutir outro entendimento: no

caso dos rapazes australianos afogados, por exemplo, o sensitivo

funcionou também como médium. Ou seja, ele desdobrou-se, assistiu

a toda a aventura, em replay, narrou com minúcias para os pais e,

posteriormente, atuou como médium para um dos rapazes.

Na primeira parte do trabalho, ele operou ativamente como

sensitivo, deslocando-se no tempo e no espaço, observando e

narrando o que via;

Na segunda, funcionou passivamente como médium, limitando-

se a transmitir o que lhe dizia o jovem desencarnado por afogamento.

“O que pretendo deixar bem marcado é que pode haver, e com

frequência há mesmo, um componente mediúnico em muitos

fenômenos anímicos. Podendo ser:

ü Facilmente identificado, quando o sensitivo vê, ouve e conversa

mentalmente com os espíritos durante o desenrolar dos

fenômenos anímicos ou;

ü Mais difícil, quando percebe, entretanto não vê.”

-Conforme dito por Hermínio C. Miranda:

Há fenômeno mediúnico puro?

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Não há fenômeno mediúnico puro, pois sempre haverá nele um

inevitável componente anímico. A razão é simples, direta, objetiva e

irrecusável: a comunicação mediúnica só se torna possível quando o

espírito se utiliza de um companheiro encarnado.

Ao abrir a janela da realidade 2, as pessoas facilmente a

denominariam de fenômeno de vidência, entretanto, procuro me

apoiar na literatura espirita quando afirma que bem poucas pessoas

são médiuns videntes. Isto me leva a entender a existências de outras

particularidades, elevando a vidência a nível mediúnico.

Apresento uma situação em que o sensitivo/médium vivencia

três realidades sequencialmente:

“Determinado médium reportava o que “via” do outro lado,

como se ele estivesse em cima do muro, apenas “olhando”, sem

estabelecer conversação ou envolvimento telepático.”

Ø Esse “ver”/”olhar” só foi possível pela abertura da janela

extrafísica, acessando a realidade 2.

Ø Existindo a participação do espírito na projeção do que ele quer

mostrar ou dizer, os sentidos do sensitivo passam a vibrar na

realidade 2, com predominância na realidade 3. Eis o momento

no qual podemos classifica: fenômeno mediúnico, de efeito

parcial/misto – nesse contexto o fenômeno é administrado e

organizado pelo sensitivo, com a participação do desencarnado.

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A. Nessa primeira realidade, o fenômeno é físico;

B. Já na segunda, o fenômeno é físico, embutido na primeira

realidade, havendo uma alteração de consciência, a qual

possibilitar olhar e ver pela janela extrafísica;

C. Na terceira realidade, quando há participação linear/maciça do

componente espiritual, aí sim estamos diante do fenômeno

mediúnico, no qual o sensitivo passa a exercer o fenômeno da

mediunidade.

Quando a outros entendimentos, anímicos ou não:

Fenômeno de vidência ou auditivo:

O médium vê ou recebe um recado.

O fenômeno é físico, ou seja, anímico. De nossa parte,

classificamos de fenômeno misto. Pelo motivo de encontrarmos nessa

situação, dois componentes:

I. Componente anímico do médium, quanto ao ver;

II. Participação do espírito, quanto a transmitir o recado.

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Fenômeno mediúnico:

Quando o médium deixa de atuar via seus cinco sentidos e

atende efetivamente os desejos, mesmo telepaticamente, do

encarnado.

Como devemos entender, quando a participação do espírito é muito

ligeira, oferecendo pequenos fleches, ou incorporação parcial?

Essa pergunta já foi respondida. E novamente esclareço: Nesse

caso, entendo que devemos enquadrar o fenômeno na condição de

fenômeno misto, com real manifestação psíquica do médium e do

desencarnado.

Um exemplo prático: no decorrer da reunião mediúnica tal

médium interrompe e expressa uma informação útil ao dirigente,

informação na qual o médium não tinha nenhum conhecimento.

Considerando que:

1. A expressão facial do médium não indica atuação direta do

desencarnado;

2. A voz do médium está normal;

Aí está contida mais um exemplo de fenômeno misto.

Dificuldade do médium:

Quando a manifestação anímica tem um componente mais profundo

em termo de desdobramento, o médium sabe que a sua manifestação

é anímica?

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Não.

O médium tem mecanismo para essa identificação?

Em condições um tanto normais, sim. É tarefa árdua, com longo

período de estudo, procurando conhecer a sua personalidade e nos

momentos de passividade, no exercício da mediunidade, observar se o

exposto é dentro daquilo que ele expressa no seu dia-a-dia, não

somente em palavras, mas principalmente em conceitos.

É interessante observar que o espírito comunicante pode utilizar

alguns cacoetes verbalísticos do médium.

Como o dirigente do grupo mediúnico pode ajudar o médium a

espantar o fantasma do animismo oferecendo meios hábeis?

Naturalmente, existem outras causas que contribuem para a

manifestação do animismo. Deseducação no presente, um trauma

oriundo de profundo sofrimento, exemplo da pessoa que passou todo

o tempo da sua vida internada em um sanatório e que mesmo o

choque biológico da atual existência não foi suficiente para extrair o

incômodo do seu inconsciente profundo.

Nos casos mais complexos, o dirigente deve conduzir as suas

ações buscando o desbloqueio, retirando a pessoa do reflexo

condicionado, oferecendo a ela:

Ø Diálogos com explicações lúcidas, com paciência, tato

psicológico, energia moral, prudência, humildade e

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sensibilidade, procurando agir no trauma psíquico de

conhecimento do médium e do dirigente;

Ø Apoio fraterno, escutando os seus conflitos, contribuindo com o

desbloqueio;

Ø O tratamento pelo passe, também contribuindo com o

desbloqueio;

Ø Ajuda direcionada no decorrer da atividade mediúnica.

No meu entender, quando tais acontecimentos traumáticos são

oriundos, de existência passada, com raízes profundas, e que pela falta

do perdão esses sentimentos deixaram o sistema nervoso alojando-se

no coração, a sua remoção exige muita ajuda do dirigente e muita

reforma íntima.

A regressão de memória é um remédio eficiente e será exposta

melhor no item 20.

Dificuldades do doutrinador em identificar o animismo:

• O médium pode dar uma mensagem muito elevada, mas isso

não é sinônimo de mediunidade elevada. Não se deve esquecer

que em existências anteriores, esse médium humilde de hoje,

teve experiência academia e naquela oportunidade ele estava

expondo o que existe em seu psiquismo. É animismo a ser

corrigido;

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• Alguns afirmam que sabem quando ocorre o fenômeno anímico,

pois o médium usa os termos da sua linguagem peculiar.

Entretanto, isso não prova o animismo, pois a entidade poderá

valer-se das expressões condicionadas do médium, sendo,

entretanto, uma mensagem autenticamente mediúnica;

• Outros garantem que descobrem, em virtude da mensagem banal

que o médium transmite. Estamos diante de outro equivoco,

porque o comunicante pode ser igualmente banal e o interprete

estar sendo fiel;

• Muitos asseguram que a mensagem é genuinamente mediúnica

quando demonstra uma erudição soberba. Mesmo assim, não

teremos prova cabal, pois no psiquismo desse médium pode

existir todo esse arquivo intelectual;

• Há ainda os que atestam como mensagem sem presença anímica

aquela na qual sendo o médium de conformação física

masculina, dá vazão a uma entidade que se apresenta com todos

os traços psicológicos de uma mulher. Mesmo assim, não se

poderá estar certo, uma vez que muitos que hoje estão como

homem, carregam densas bagagens femininas. Podendo essa vir

à tona em determinadas circunstancias, estabelecendo um

perfeito transe anímico.

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Mas se for realmente identificado o animismo prejudicial, mas não

traumático, no dia-a-dia de determinado médium, o dirigente deve

afastá-lo da reunião mediúnica?

Jamais, mas sim continuar o trabalho de doutrinação, não

esquecendo que ele é espírito, hoje encarnado, como problemas não

resolvidos, não destilados no seu foro íntimo, pendente de solução.

Devemos sim, convidar a estudar um pouco mais a doutrina, levando

informações ao seu espírito, para que ele adquira controle sobre o

animismo.

Porque o passado poderá estar presente em alguns momentos em

médiuns confiáveis?

Temos o nosso passado guardado, sepultado em nosso

inconsciente, mas que a qualquer arranhãozinho faz com que a ferida

que não está totalmente cicatrizada venha a sangrar e esse arquivo

venha à tona, por exemplo:

Uma linda música que mexeu no fundo do seu ser, acordando

uma saudade inexplicável, não identificada. Nesse estado de

sensibilidade a eclosão da lembrança poderá manifestar-se sob a

forma de animismo com o espírito manifestando o seu pesar. Esse

afloramento de lembranças pode acontecer, não importando o tempo

que já passou. Na verdade, o médium está vivenciando um processo

de regressão de memória, sem dar-se conta disso.

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Outro exemplo:

Uma senhora que, embora as usuais características de

incorporação obsessiva de um espírito perseguidor, estava ela apenas

deixando emergir de si mesma, memória desagradáveis de uma

existência que nem mesmo o choque biológico da nova reencarnação

conseguiria apagar.

Tratava-se de uma mulher que havia sido assassinada no

passado. O perseguidor de ontem, hoje a observava a distância

condoído e ela, percebendo as suas energias, dispara o processo

anímico.

Um doutrinador sem tato fraterno teria agravado o problema

dessa pessoa ao impor um corretivo importuno.

O que contribui com o animismo?

v Forçar incorporação através do processo magnético;

v Imposição das mãos por tempo prolongado na cabeça do

médium;

v Projetar excessivamente energia na glândula epífise/pineal, esse

é o processo utilizado nos terreiros de umbanda;

v Forçar o desenvolvimento mediúnico toda vez que se tenha

apenas alguns sintomas de paranormalidade. Tal método é

também utilizado nos terreiros de umbanda;

v Mediunidade de prova, quando o médium ainda tem resquícios

de conflitos do passado em seu inconsciente; por ser sensível se

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deixam facilmente sugestionar-se, por saber que é um grande

devedor do passado;

v Aproximação vibratória de um espírito, inimigo do passado,

proporcionando ao médium o retorno de velhas ansiedades,

fobias, angústias, lembranças e cobranças. Eis aqui uma das

causas do homem epiléptico, o seu sistema nervoso é

comprometido e ele, ao identificar fluidicamente a presença do

inimigo, entra em colapso nervoso.

v Médiuns não evangelizados;

v Médium excessivamente personalístico, não espera o espírito

externar-se, ele antecipa, interferindo na comunicação. Como

por exemplo, quando o espírito fala “Aqui no Rio de Janeiro

está muito frio”, ele elimina a palavra “muito”.

No livro Correnteza de Luz, tem-se alusão a outros fatos

desencadeadores do animismo:

1. Encontros e desencontros que sensibilizam o médium;

2. Discussões e desentendimentos familiares;

3. Festas sociais e extravagantes que intoxicam o psiquismo;

4. Jogos e entretenimentos similares;

5. Médiuns excessivamente elétricos, descontrolados;

6. Quando ele é o único a falar em uma roda de amigos.

Diante do exposto, acontece que quando um espírito de elevação

espiritual quer transmitir alguma informação com o mínimo de

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interferência, ele tira a consciência do médium. Porque se ele ficar

sabendo o que o espírito está dizendo e tendo esse temperamento

extrovertido, irá acrescentar ou suprimir algo por conta própria.

O médium é capaz de fazer essa interferência anímica até

inconsciente, por mais incrível que possa parecer. É o vicio que tem

de interferir, e como tal, interfere sem se dar conta. Feliz do médium

que tem em seu dia-a-dia a necessidade de viajar no seu silencio.

As informações são que no dia-a-dia, os médiuns em geral

conseguem fidelidade em 70% do que os espíritos desejam transmitir.

Não se subestime. Médium perfeito não se tem na Terra, mas isso não

significa que se deva alterar a mensagem.

É importante enfatizar que o animismo é a própria mediunidade,

que nada mais é do que a expressão da sensibilidade do médium.

Sem o animismo, não teríamos as incorporações, pois os

espíritos precisam do nosso arquivo mental. Um consolo mental, seria

a realidade de que deficiência e interferência existem também nas

práticas mediúnicas realizadas nas regiões próximas da terra.

O animismo é de tamanha relevância, que tem feito alguns

dirigentes de casas espíritas castrar alguns médiuns promissores por

falta de informação a respeito.

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Um exemplo:

Hipoteticamente, em determinado grupo mediúnica, o médium

em questão é Chico Xavier reencarnado.

Não identificado e participando de determinado grupo mediúnico, em

dado momento, o seu espírito coloca a sua sabedoria milenar em uma

comunicação anímica para transmitir informações sábias.

Identificando o animismo, o dirigente deve solicitar o seu

afastamento do grupo mediúnico?

Outro exemplo:

Um médium simples, aceita em algum momento o animismo

para que o seu espírito que foi medico no passado dite uma receita. É

animismo. O que fazer?

Quanto a complexidade do mundo psíquico, eis alguns

comentários:

Ele não armazena necessariamente palavras, mas

símbolos/códigos que representam coisas, situações, etc. Eis o enigma

de muitos sonhos, e assim sendo, quando o psiquismo consegue

decifrar esses símbolos/códigos que surgem codificados, aí sim

haverá melhores condições para entender a mensagem daquele sonho.

Quando o espírito de um japonês que desconhece a língua

portuguesa e nem o médium a língua japonesa, o entendimento se faz

em português, mesmo utilizando a comunicação telepática, podendo

estar presente nela os símbolos e códigos.

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O espírito japonês não articular palavras, mas aciona os

símbolos e códigos via telepatia.

Uma situação complicada para o médium: o espírito japonês

projeta o pensamento codificado de um animal que não tem no Brasil,

mas ao descodificar o médium assimila um animal malhado, grande,

ele naturalmente dirá erradamente a palavra “Zebra”.

Eis outro caso:

Em muitas ocasiões os espíritos falam, mas o médium não

possui a faculdade de recepção dos sons articulados pelas entidades

espirituais, ou seja, não consegue escutar com os ouvidos da alma,

então o entendimento vem de forma telepática.

Qual a diferença entre animismo e mistificação?

Quanto ao animismo já foi dito, já a respeito da mistificação, é

quando o médium forja premeditadamente uma comunicação. É

diferente quando o mentiroso e mistificador é o espírito comunicante.

Ainda a respeito do animismo, cabe um comentário quanto à

pergunta 223, questão segunda do Livro do Médiuns:

“Os mentores não deram ao assunto qualquer conotação de

anormalidade. Entretanto, nem sempre o fato anímico revela

qualidades adormecida ou simples ocorrências do cotidiano da vida

atual ou do passado de um médium. Não raro, o que se projeta são os

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traumas, as manifestações de fobia, além de outras expressões de

desajustes que aguardam regularização.

Existem, todavia, manifestações mistas, ou parcialmente

anímica, em que o médium, não conseguindo apassivar-se totalmente,

inconscientemente introduz suas próprias ideais, clichês mentais e

automatismo de personalidade. Uma das causas principais deste

problema é a falta de sintonia entre o médium e o espírito, no ponto

de vista vibratório, condição indispensável para que o fenômeno se

processe com naturalidade.”

Para ampliar o entendimento, vamos rever o entendimento

utilizando os itens 7 e 8, da mesma pergunta 223:

“De outras vezes, o que se dá, é um mecanismo de associação de

ideias provocado por telepatia ocasional, não expressa em

incorporação. O pensamento do comunicante, mal sintonizado pelo

médium, apaga---se quase que totalmente em sua mente, despertando

ideias correlatas, parecidas ao acervo de suas expectativas.”

Abaixo um exemplo retirado do capítulo 9 do livro Mundo

Maior:

(...) Determinado médico desencarnado, desejoso por inspirar a

realização de um trabalho de assistência à saúde na Terra circulou a

mesa e viu que os raios de força positivo do mensageiro efetivamente

incidiam em oito pessoas, no tocante do projeto de assistência aos

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enfermos, alcançava o cérebro dos que se conservavam em atitude

passiva; na tela animada de concentração de energias mentais, porém,

se percebia que cada irmão recebia o influxo sugestivo.

Fixei as particularidades com atenção:

v Ao receberem a emissão de forças do trabalho do bem, um

cavalheiro recordou comoventemente paisagem de um hospital;

v Outro rememorou o exemplo de uma enfermeira bondosa que

com ele travara relações;

v Outro abrigou pensamentos de simpatia para com os doentes

desamparados;

v Duas senhoras se lembraram da caridosa missão de Vivente de

Paulo;

v A uma velhinha acudiu a ideia de visitar algumas pessoas

amadas que lhe eram queridas;

v Uma jovem reportou-se, em silencio a notáveis paginas que lera

sobre piedade fraternal para com todos os semelhantes afastados

do equilíbrio físico;

Examinei também as três pessoas que se mantinham

impermeáveis ao serviço benemérito daquela hora:

Duas dela contristam-se por haver perdido uma sessão

cinematográfica e a outra, uma senhora na idade provecta, retinha a

mente na lembrança das ocupações domésticas, que supunha

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imperiosa e inadiáveis, mesmo ali, em um circulo de oração, onde

devera beneficiar-se com a paz.

Essas ideias passaram a ser debatidas pelo grupo e a tese do

animismo apareceu como tábua de salvação para todos. Transferiu-se

a conversação para complicadas referencias ao mundo europeu; falou-

se de Richet, Charcot, de Rochas e Aksakof, eram a cada passo

trazidos à batalha.

O médico em nosso plano de ação, dirigiu-se desapontado ao

orientador e comentou:

-Ora essa! Jamais desejei despertar semelhante polemica

doméstica. Pretendemos algo diferente. Bastar-nos-ia um pouco de

amor pelos enfermos, nada mais. Faço aqui uma observação: vamos

usar essa lição, adaptando-a em muitos momentos em que polêmicas

tem se instalado entre nós, sem justificativa.

Do acima, fica claro o equívoco da memória coletiva defendida

pelo teimoso Padre Quevedo. A ideia projetada foi endereçada a

todos do grupo, mas houve fragmento, pois cada um assimilou de

forma diferente. Onde está a memória coletiva então?

Padre Quevedo que nos perdoe a sua tese, nem se quer pode ser

adaptada entre apenas algumas pessoas reunidas em um só objetivo,

mesmo sendo o fator projeção de uma só fonte.

Médiuns, nunca digam: “não é assim que eu vejo” ou “estou

entendendo”. Sempre digo, nem todos veem as mesmas coisas em

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uma obra de arte, por isso não se deve julgar equivocadamente, não se

deve ser o responsável em oferecer tristeza a quem vem do Pai para

colaborar conosco.

Sintetizando: tudo é sintonia e cada ser tem a sua.

Outros aspectos a serem considerados em relação ao

médium:

As interferências anímicas podem ser provocadas ainda por

interrupções de sintonia: o médium começa a dar a comunicação, e,

de repente, perde o sinal, deixa de receber o pensamento do

comunicante, desconcertado com a lacuna, pode ceder à tentação de

preenche-la com pensamentos próprios, em um processo inconsciente

de preservação da sua imagem.

Algumas das vezes, essas perdas de sintonia são provocadas por

espíritos contrários ao cristianismo, interessado em dificultar o

trabalho mediúnico, ou por intermédio do médium, temendo não ter

condições de atender tal entidade.

Quando o médium é limitado no conhecimento e menos

evoluído que o espírito que por ele se comunica e com isso não

consegue fidelidade, nesse caso não há uma alteração anímica, mas

sim uma incapacidade técnica.

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Aí cabe uma pergunta, como o médium deve proceder quando ele

sente que perdeu o sinal, a sintonia?

Essa resposta é pessoa, observando momentos como o exposto:

entendo que devemos dar um pequeno espaço de tempo ao médium

para se conectar novamente, não sendo possível ele dizer: não estou

mais conseguindo ou registrando a sintonia.

Quanto ao animismo e mediunidade de materialização

diremos:

Nas grandes experiências de ectoplasma, materialização,

algumas delas hoje chamadas de super-incorporaçāo, observaram os

estudiosos que alguns seres materializados guardavam traços da

fisionomia dos médiuns, o que poderia parecer mistificação, embora

os sensitivos estivessem em transe sonambúlico, perfeitamente

visíveis aos pesquisadores.

É que os fenômenos mediúnicos se dão através do períspirito do

médium. Vemos que o períspirito tem a propriedade da

expansibilidade e a entidade comunicante acopla-se, períspirito a

períspirito, irradiando a sua fonte de energia que é decodificada pela

glândula pineal;

Naturalmente, o animismo também está presente no

mediunismo, quando não se conhece o mecanismo da mediunidade,

muito presente entre os médiuns da educação da mediunidade,

digamos que somos oitenta por cento anímicos e vinte por cento

mediúnicos. Porcentagem segundo Divaldo Franco;

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A medida que vamos educando a faculdade, temos diminuída a

dosagem do fenômeno anímico, até reduzi-lo a expressões bem menos

significativas, mas sempre com um pouco de nosso conteúdo.

Se elegermos aqui cinco pessoas e enunciarmos a mesma frase

de vinte palavras para ser apresentada ao outro, veremos como sofrerá

variações. No entanto, aquele que possui uma boa memória dirá: “Ele

falou exatamente isto”. No caso da mediunidade, o espírito acerca-se,

transmite a mensagem e cada um faz a tradução conforme a própria

capacidade.

Jamais poderemos deixar de lado as considerações de Chico

Xavier na relação Animismo e Mediunidade.

A ele foi perguntado:

Existem fronteiras delimitadoras entre fenômeno anímico e

fenômeno mediúnico quer na psicofonia, quer na ideoplastia da

aparição tangível do espírito materializado, nessa ação sobre a

matéria da mediunidade de efeitos físicos?

“Se trouxermos a este auditório um exímio pianista e lhe dermos

um instrumento desafinado, será um desastre. Se apresentarmos uma

pessoa inábil para o piano e lhe dermos um instrumento afinado de

excelente qualidade, mesmo que ele o agrida com golpes, o som será

harmônico” – Chico Xavier.

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Penso que não há fenômeno mediúnico absoluto através de uma

criatura, ou seja, de um mecanismo instrumental, porque haverá

sempre a presença do ser que fornece a energia.

É que os fenômenos mediúnicos se dão através do períspirito do

médium. O espírito jamais entra no médium como um liquido se

adentra em um vasilhame. No momento do transe, o períspirito se

expande. Vemos que o períspirito tem a propriedade de

expansibilidade e a entidade comunicante acopla-se, períspirito a

períspirito, irradiando a sua fonte de energia que é decodificada pela

glândula pineal, pelos neurônios cerebrais, produzindo o fenômeno.

A medida que vamos educando a faculdade, teremos diminuída

a dosagem do fenômeno anímico até reduzi-lo a expressão bem menos

significativa, mas jamais nula. Por essa razão, Allan Kardec elucida

que os médiuns mais esclarecidos, são inevitavelmente mais dúcteis –

maleáveis, flexíveis, elásticos, fáceis de amoldar, contemporizadores

–, porque conhecem a técnica de anular a própria personalidade a

serem mais fiéis às comunicações espirituais.

Por algum tempo manteve-se a ideia equivocada de que, quanto

mais ignorante o médium, mais autentico seria o fenômeno

mediúnico.

Quem acreditar nisso, pegue uma pessoa analfabeta e utilizando

a mão dessa pessoa, tente assinar um cheque, ou transmita um recado

a alguém analfabeto para que o informem a outrem e constatará como

o mesmo será totalmente deformado.

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“O médium é um intermediário, um mensageiro.”

Alguns exemplos:

v Uma pessoa distraída terá a oportunidade de dizer: Eu sei que

ele falou qualquer coisa, mas não sei dizer exatamente o que ele

disse;

v Outra que tenha um pouco de atenção, afirmará: Eu acho que ele

disse isso e aquilo, mas não me lembro dos detalhes;

v Uma terceiro, que tem um bom nível de cultura, informará: Ele

falou tal coisa, e interpretará o que foi dito, conforme pensa e

não conforme foi exposto;

v O quarto, que tem o hábito de dar recados, dirá: Ele falou isto e

aquilo, mas não lhe posso ser muito fiel;

v No entanto, aquele que possui uma boa memória, dirá: Ele falou

exatamente isto.

“O médium impaciente na sua vida pessoal encontra mais

dificuldade na fidelidade da mensagem.”

Para que maior seja o entendimento, é necessário que maior seja

o estudo.

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19 – Telepatia x Mediunidade

Telepatia é um fenômeno anímico, ocasionalmente produzido

com a colaboração de entidades desencarnadas, mas basicamente um

processo de transmissão de pensamento em estado puro de mente a

mente, resultante de disposições psicossomáticas que habilitam a

pessoa dotada a captar, por algum processo ainda desconhecido,

pensamentos, emoções e impressões alheias.

Há uma linha divisória muito tênue entre a realidade anímica e a

realidade mediúnica.

Regina levantou a necessidade de entender melhor o conteúdo

do item 223 – no parágrafo 6 do Livro dos Médiuns, com relação ao

papel dos médiuns nas comunicações espíritas, perguntando:

O espírito que se comunica por um médium, transmite diretamente

seu pensamento – telepatia – ou esse pensamento em por

intermediário o espírito encarnado do médium?

É o espírito do médium que o interpreta, porque está ligado ao

corpo que serve para falar e é preciso um laço entre vós e os espíritos

estranhos, que se comunicam. Assim como é necessário um fio

elétrico para transmitir uma notícia ao longe e no fim uma pessoa

inteligente a receber e a transmitir.

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Em atendimento às necessidades de Regina, o seu amigo

espiritual não só atendeu em relação ao parágrafo 6, assim como os

anteriores de 1 a 5 da mesma questão, ampliando por escrito esse

universo complexo. Não tenho dúvida que é uma lição difícil, com

possibilidade de entendimento, mas muito complicada de se explicar.

Se os homens realmente pudessem entender o papel daquilo a

que chamamos de vibrações ou correntes vibratórias, muito melhor

entenderiam a harmonia do universo, e com ele procurariam

sintonizar-se.

Há então, por conseguinte, toda uma magnetização ambiental,

um imenso e multidimensional sistema, no qual não apenas os eventos

são gravados, mas ali ficam a disposição de instrumentação

adequadamente sintonizadas para serem reproduzidas e consultados

em circunstâncias especiais.

A esse ambiente energético, por onde circula o pensamento

inteligente de todos os cosmos, como a memoria de Deus, que pode

ser lida se estivermos munidos de aparelhagem psíquica adequada,

capaz de sintonizar-se com faixas especificas de nosso interesse.

Por que algumas pessoas conseguem sintonizar-se com relativa

facilidade nesta ou naquela faixa vibratória e outras nunca o

conseguem, a não ser raramente?

Provavelmente pelas mesmas razoes limitadoras impostas pela

física e pela geografia à radiologia.

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Para determinada estação captar o programa que está que está

sendo transmitido – a palavra inglesa “broadcast” cabe aqui, significa:

atirado, distribuído ou espalhado por toda parte, amplamente –, o

aparelho receptor deve estar ligado naquela faixa especifica de onda –

curta, média, longa ou FM – no momento certo, e ainda, na posição

geográfica adequada, bem como na escala onde vibra aquele número

exato de ciclos em que opera a estação desejada.

Além disso, o aparelho precisa estar alimentado pela corrente

elétrica adequada ao seu funcionamento. Em algumas faixas de ondas,

a interferência pode dificultar ou até impedir a recepção, seja por

causa da estática excessiva ou porque a própria onda está sendo

deliberada ou involuntariamente bloqueada.

Assim sendo, uma pessoa com seu “dispositivo de recepção”

defeituoso, desajustado ou insuficiente, não conseguem selecionar e

receber a faixa certa que, no entanto, ali está, a sua disposição.

Qual seria a natureza desses bloqueios e defeitos?

Alguns deles seriam:

• Mente sobrecarregada de preocupações;

• Aborrecimentos;

• Tensões;

• Problema mais imediatos de sobrevivência física;

• Mentes fechadas sobre si mesmo, que não conseguem projetar---

se fora do círculo em que vivem a fim de penetrar o campo vibratório

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de outras pessoas ou desembaraçar-se de inibições bloqueadoras, ou

ainda, que não conseguem livrar-se das estáticas – interferências

externas fora de seu controle imediato.

20 – A Regressão

A regressão é um bem ou um mal?

O mergulho no passado quase sempre é muito impactante e pode

ser traumático, criando ainda mais conflitos do que benefícios. Isto se

dá porque as emoções adormecidas são suscitadas em toda a sua

intensidade original. É preciso estar em boas condições emocionais e

mentais para suportar certos impactos.

Além do mais, é difícil prever quais reações a pessoa vai

experimentar ao confrontar-se com episódios aflitivos de maior

intensidade emocional.

Já basta à maioria de todos nós, os problemas e as dificuldades da

existência presente. Qual a razão em sobrecarregar ainda mais com

as que vivemos em séculos passados? Ou ressuscitar na memória

erros tenebrosos que foram cometidos?

Se o passado ajudasse o homem, o Criador não nos ofereceria o

bendito esquecimento.

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21 – Intuição e Inspiração

Qual a diferença entre intuição e inspiração nos campos anímicos e

mediúnicos?

Tive a preocupação de consultar o dicionário, bem como a

Enciclopédia Britânica traduzida ao português para identificar a

diferença entre a intuição individual e inspiração. Segundo Chico

Xavier, os linguísticos quase chegam a dizer que se trata da mesma

coisa.

A intuição é a penetração fora da nossa realidade objetiva. Essa

intuição pode ser registro do próprio espírito adentrando-se no

conhecimento, como também uma inspiração do seu Guia ou de

algum perturbador.

v “Intuição é o recebimento de ideias de espíritos desencarnados.

Às vezes é também o mesmo que pressentimento” – conforme o

Dicionário de Parapsicologia de João Teixeira de Paula.

A inspiração também pode ser individual, pessoal, de natureza

interna. O indivíduo contempla algo e inspira-se, emociona-se, eleva-

se no seu nível de consciência e atinge uma faixa diferente daquela na

qual transita.

v “A inspiração é propiciada pelos espíritos que nos dão

assistência” – segundo Allan Kardec no Livro dos Médiuns.

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Na história da paranormalidade humana, temos o exemplo de

Voltaire, um dos célebres pais da Enciclopédia e filósofo da

Revolução Francesa. Ele confessou que escreveu todo um conto de

Henriade, uma das suas obras poéticas, enquanto dormia e sonhava.

Portanto, podemos constatar os dois instrumentos, naquele estado de

parcial libertação do corpo através do sono.

Entrava em contato com um mundo de belezas e, inspirado por

elas, escrevia parte do poema, ou ainda, inspirado pelo seu Guia,

realizava o trabalho.

Genericamente, poderíamos dizer que o indivíduo está intuído

por uma percepção de natureza extrafísica, pela captação de alguma

ocorrência, que na parapsicologia é uma pré-cognição, conhecimento

anterior. Pode estar inspirado pela beleza interior ou por uma

Entidade já desencarnada.

22 – Médium: agente ou paciente?

Geralmente, nos trabalhos práticos mediúnicos, o médium adota

uma atitude passiva, como se só pudesse entrar em estado de transe se

um espírito vier acioná-lo.

O desenvolvimento do poder anímico, formando o médium agente no

trabalho e não paciente, melhoraria a qualidade da comunicação?

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Sem dúvida. Quando adquirimos a técnica da concentração e

liberamos os nossos conteúdos conscientes, lembrando sempre que

concentração não é exercer uma postura rígida em nossas emoções e

sim uma leveza nas mesmas – tornamos a nossa mente um espelho no

qual refletimos a imagem do mundo espiritual, tornando a

comunicação mais fácil.

Quando nos deixamos levar, às vezes, sem nenhuma preparação,

pela influencia dos espíritos, para entrarmos em transe, o fenômeno,

além de mais difícil, torna-se mais desgastante. Por esta, como por

outras razoes, a educação da mediunidade é extremamente relevante.

Costuma-se falar desenvolvimento mediúnico – o que não me

parece adequado, porque ninguém desenvolve a faculdade dando-lhe

elasticidade, mas sim educando-a potencialmente, dando-lhe

qualidade e melhorando o conteúdo.

A educação do sensitivo é fundamental para o bom rendimento

do fenômeno mediúnico.

Quando às vezes vamos ao trabalho mediúnico com a mente

atormentada, e alguém propõe a orar, começamos a repetir palavras

memorizadas e com muita pressa para acabar logo. Isso se dá porque

para muitas pessoas, a fundação da prece não é entrar em contato com

Deus, mas uma forma de “pagar---lhe o importo de renda espiritual” e

ficar “livre da dívida”.

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Um exemplo prático tive na minha própria vida:

Fui católico por muitos anos, desde a minha infância até os

catorze anos, quando adquiri a consciência espírita. Recordo-me que

naquele tempo, orávamos em latim e como fui sacristão, ajudando a

celebrar a missa, aprendi todo esse idioma, ao qual não sabia o

significado.

Quando o sacerdote chegava ao altar e enunciava um texto que

respondia de imediato, eu desconhecia o significado das palavras.

Posteriormente, quando me tornei espírita é que fiz a caridade

para comigo mesmo de traduzir algumas frases, que para mim, já não

tinham qualquer sentido.

Ao invés, o mais correto seria um estado de emoção, rico de

vibrações saturadas de amor e de paz.

Allan Kardec, no último capítulo de “O Evangelho Segundo o

Espiritismo” oferece algumas sugestões de prece, que nada mais são

do que modelos, e não preces para serem memorizadas e repetidas

mecanicamente, pois dessa forma, perderiam o conteúdo emocional.