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1 MATERIAL DE APOIO INTRODUÇÃO O diferencial competitivo do ser humano é a capacidade de teorizar. Por isso lhe é típica a habilidade de transformar necessidades em problemas, o processo pelo qual o mundo real transforma-se em um mundo de conhecimentos que possibilitam o contato com a realidade. Com efeito, produzir conhecimentos é o esforço para organizar a realidade, aparentemente caótica, em compartimentos racionaisao alcance das capacidades do cérebro humano. Porém, as construções teóricas, uma espécie de segunda realidade, são sempre passíveis de revisões e otimizações. As teorias criadas podem ser insuficientes ou podem estar simplesmente equivocadas. A pesquisa científica é o exercício intencional da capacidade teórica do Homem. É, pois, uma atividade intelectual, mais do que uma atividade braçal. Seja na academia, visando à correção ou ao aumento do conhecimento de um aprendiz, seja “na ponta”, visando à correção ou ao aumento do conhecimento para a Humanidade, a pesquisa científica caracteriza-se como percepção de um problema real, seu desenvolvimento teórico (racional) e a finalização do processo, em que se reconhecem os novos limites do problema, seja para o aprendiz, seja para a Humanidade. Esse é o processo intelectual de geração intencional de conhecimentos. No Brasil atual continua presente o desafio de realizar transformações profundas e significativas no sistema de produção. O processo acelerou-se e universalizou-se nos anos noventa, sobretudo com a política de abertura comercial instaurada pelo governo Collor. A política de estabilização econômica, a partir de julho de 1994, acabou por re-alinhar o processo produtivo brasileiro a um novo contexto mundial de desenvolvimento. O impacto da globalização econômica fez-se sentir, incentivando o desenvolvimento científico e tecnológico. A política industrial de concorrência e competitividade que se instalou ajudou a desmontar os mecanismos de proteção

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MATERIAL DE APOIO

INTRODUÇÃO

O diferencial competitivo do ser humano é a capacidade de teorizar. Por

isso lhe é típica a habilidade de transformar necessidades em problemas, o

processo pelo qual o mundo real transforma-se em um mundo de conhecimentos

que possibilitam o contato com a realidade. Com efeito, produzir conhecimentos é

o esforço para organizar a realidade, aparentemente caótica, em “compartimentos

racionais” ao alcance das capacidades do cérebro humano.

Porém, as construções teóricas, uma espécie de segunda realidade, são

sempre passíveis de revisões e otimizações. As teorias criadas podem ser

insuficientes ou podem estar simplesmente equivocadas.

A pesquisa científica é o exercício intencional da capacidade teórica do

Homem. É, pois, uma atividade intelectual, mais do que uma atividade braçal.

Seja na academia, visando à correção ou ao aumento do conhecimento de um

aprendiz, seja “na ponta”, visando à correção ou ao aumento do conhecimento

para a Humanidade, a pesquisa científica caracteriza-se como percepção de um

problema real, seu desenvolvimento teórico (racional) e a finalização do processo,

em que se reconhecem os novos limites do problema, seja para o aprendiz, seja

para a Humanidade. Esse é o processo intelectual de geração intencional de

conhecimentos.

No Brasil atual continua presente o desafio de realizar transformações

profundas e significativas no sistema de produção. O processo acelerou-se e

universalizou-se nos anos noventa, sobretudo com a política de abertura

comercial instaurada pelo governo Collor. A política de estabilização econômica, a

partir de julho de 1994, acabou por re-alinhar o processo produtivo brasileiro a

um novo contexto mundial de desenvolvimento.

O impacto da globalização econômica fez-se sentir, incentivando o

desenvolvimento científico e tecnológico. A política industrial de concorrência e

competitividade que se instalou ajudou a desmontar os mecanismos de proteção

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e incentivo, construídos em décadas anteriores. Na década de 90 a tônica da

gestão foi o relacionamento, nas suas diversas modalidades e possibilidades de

competição e cooperação. A relação entre os vários agentes sociais envolvidos na

produção (empregados, clientes, fornecedores, governos, comunidade em geral)

teve que passar por mudanças significativas para conviver com uma nova cultura

produtiva. Marcada pelo desenvolvimento de inovações gerenciais com ênfase na

busca da qualidade e da competitividade, na década de 90 incorporou-se à

produção brasileira a maioria dos conceitos que já estavam consolidados na

gestão de organizações de países mais avançados.

O resultado da assimilação deste conjunto de transformações é um setor

produtivo complexo, tanto em aspectos técnicos quanto em aspectos de gestão. O

modelo de produção torna-se menos vertical (se não horizontal, pelo menos

“diagonal”), a contribuição científica de cada trabalhador é importante na

resolução de problemas, presentes em todos os momentos das etapas de

produção. A produção “institucionalizada” tende a ceder lugar à produção

“individualizada” e à conseqüente demanda e valorização do conhecimento de

cada participante do processo produtivo.

Entra-se assim, também no Brasil, na “era do conhecimento” e pessoas

começam a fazer a diferença. A formação dos trabalhadores da era do

conhecimento também se amplia. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(LDBE) 9394/96 preconiza para os brasileiros uma formação profissionalizante

para além do treinamento de habilidades técnicas e operacionais.

Salvo melhor juízo, também para a cultura produtiva e educacional

brasileira já vale esta observação de Peter Drucker:

As pessoas nunca foram realmente importantes na equação econômica. Elas

são consideradas custos e não recursos. É o sistema que é importante – o one best way de Frederick Taylor, linha de montagem de Ford, a qualidade total

de Deming. O sistema é rei porque tem permitido a trabalhadores sem talento

e sem preparo se saírem bem. Um operário de linha de montagem não pode

ser melhor do que a média. Tem que ser medíocre. Atrapalha a produção se não se conformar ao padrão. A nova sociedade – da qual o Brasil tem que

querer participar como ator e não como figurante – é o oposto disso. Nela o

trabalhador vai ser valorizado por seu conhecimento individual. O

conhecimento é dele, não da empresa ou do sistema. A empresa precisará

mais dele do que ele dela. 1

1 MANO, Cristiane. A quarta onda: entrevista com Alvin Toffler. In: Exame. S. P.: Abril, 15 de maio de

2002. p. 89. (Edição especial de 35º aniversário).

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De fato, numa sociedade cuja riqueza venha de bens intangíveis,

principalmente informação, criatividade e conhecimento, a produção física

aumenta, mas a quantidade de pessoas que a produz diminui. É, pois, errônea a

concepção de economia centrada em “coisas”. É falácia política propagar que

emprego de verdade são apenas aqueles oferecidos em fábricas. Há que se

descobrir, afinal, que trabalhar com mais inteligência é mais produtivo do que

apenas trabalhar mais.

Neste contexto, todo trabalhador (e especialmente aquele de nível superior)

é um produtor de conhecimento. A aquisição permanente de competências,

habilidades e atitudes é o desafio maior e a garantia de sustentabilidade e

excelência profissionais. Competências técnicas garantem a excelência de

produtos e serviços. Competências humanas garantem relacionamento eficaz com

pessoas. Competências culturais garantem a capacidade de monitorar o ambiente

onde pessoas, bens e serviços interagem.

A produção de conhecimento, que pode ser resumida na aquisição do

hábito de identificar, raciocinar e resolver problemas, torna-se uma conquista

cultural que deve ser realizada pela empresa. Neste particular, a escola pode e

deve contribuir plenamente na produção e apresentação dos TRABALHOS DE

CONCLUSÃO DE CURSOS (TCC).

1 Educação e pesquisa: uma triste história e um susto recente

A história recente da produção brasileira permitiu que o sistema

educacional se descuidasse da geração e do desenvolvimento de competências

intelectuais, e se preocupasse apenas com habilitações, com diplomações.

Chegou-se a desenvolver a triste figura do “analfabeto funcional”, o diplomado

que desconhece sua arte. O sistema produtivo era protegido por lei contra as

“ameaças” e “agressões” da concorrência internacional. Foram quase 25 anos de

produção protegida, quando se aprendeu a produzir pouco, com qualidade

sofrível, e, principalmente, a vender caro. Economia transformou-se em finanças

e a produção estagnou, quantitativa e qualitativamente.

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A escola transformou-se em agente dessa demanda duvidosa. O perfil

esperado de profissionais de nível superior compunha-se mais ou menos assim:

capacidade para assumir rotinas profissionais, capacidade de subordinação a um

organograma funcional, conhecimentos instrumentais bons o bastante para dar

conta dos dois primeiros. Viveu-se na empresa e na escola, em grande parte por

causa da empresa, a era da razão instrumental.

Repentinamente, fomos confrontados com a abertura comercial, com o

produto estrangeiro, com necessidades impostas pela economia globalizada.

Passado o susto inicial, hora de reação. Qualidade transformou-se em palavra de

ordem. Concorrência mostrou-se obrigatória. Os valores e competências

individuais passaram a ser solicitados, caçados, bem-pagos. Iniciou-se também

para nós a era do capital intelectual.

O perfil profissional atual pede iniciativa, capacidade de decisão,

possibilidade de fazer diferença. Em outros termos, não apenas capacidade de

assumir rotinas funcionais, mas também capacidade de contribuição intelectual

autônoma; não apenas capacidade de subordinação funcional, mas também

domínio cultural (geral e técnico), lógico (saber pensar e resolver) e psicológico

(profissional de nível superior tem de sentir que faz jus a esse nível). Não basta

mais o conhecimento instrumental. É urgente a geração da sabedoria científica,

ou seja, não basta ter dados, é necessário saber o que fazer com eles, gerar e gerir

o próprio capital intelectual.

Trata-se, pois, de aprender a aprender, de construir informação sempre

nova. Na fase pedagógica das profissões de nível superior, pede-se a construção

de ciência: um conteúdo básico, instrumental, cuja validade pode ser facilmente

superada pela velocidade da geração de novas informações, e um hábito: o hábito

de pensar por conta própria, de buscar conteúdos novos, de investigar, de

pesquisar. Talvez nunca antes na história ocidental tenham sido tão urgentes

pessoas que possam assimilar, criticar e aprimorar ciência, para que esta seja

efetivamente a base do exercício de profissões.

2 Efeitos nocivos da história: o hábito de “não ser capaz de”

Até muito recentemente, práticas da educação brasileira mantiveram a

sala de aula como o único espaço de ensino e aprendizagem. A sala de aula

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privilegiava a transmissão de conteúdos, o “programa” das disciplinas do

currículo escolar. O resultado é que se perdeu a oportunidade de criação de

hábitos importantes, especialmente a busca por conteúdos que permitissem o

alargamento da reflexão. Perdeu-se também a oportunidade de exercício do

hábito de planejar, executar e apresentar trabalhos científicos/acadêmicos.

Enfim, a oportunidade de criar hábitos e conteúdos. É ainda comum uma criança

entrar para a escola, ou um adulto para um curso superior ou mesmo uma pós-

graduação como um ponto de interrogação e sair dali como uma frase pronta.

Porém, se o gestor for incapaz de pensar a gestão “com as próprias

pernas”, quem o fará? Se o médico não conseguir pensar Medicina, quem o fará?

Se o pedagogo não pensar Pedagogia, quem pensará? Se o engenheiro não for

preparado para pensar Engenharia, quem o fará?

A baixa demanda por novos conhecimentos que já caracterizou a produção

brasileira deixou sua marca também nos hábitos educacionais. A maioria dos

estudantes, profissionais e até mesmo professores é, ainda hoje, vítima de

preconceitos em relação à pesquisa científica. A dificuldade para o aprendizado

da pesquisa científica parece ser de natureza “cultural”, mais do que de natureza

técnica.

Nota-se, com efeito, que:

a) “pesquisa” é quase sempre associada a ato físico, a atividade “braçal” de coleta

de dados (pesquisa de opinião, pesquisa de preço, etc)

b) geralmente não se percebe que a pesquisa científica produz, primeiramente,

conhecimentos para o pesquisador e, só então, um texto escrito para um leitor,

o que demanda duas competências distintas: a habilidade de produzir

conhecimentos e a habilidade de apresentar conhecimentos por escrito;

c) os trabalhos acadêmicos freqüentemente foram feitos como “colagens” de

textos alheios a partir de um tema, o que pode ter criado a impressão de que

pesquisa científica é a atividade de escrever textos pelo sistema “just in time”:

“estuda-se” um assunto apenas o necessário para escrever uma coisas ...

d) os trabalhos acadêmicos muitas vezes reduziram-se à apresentação de

resultados (gráficos, tabelas, pizzas) de uma coleta de dados;

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e) o item mais enfatizado foi a apresentação gráfica, normalmente transformada

numa tortura de detalhes e exigências do tipo “tem que isso, tem que aquilo”, o

que fez das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a

vedete dos cursos de metodologia científica e deu a impressão de que “uma

forma complicada” substituiria conteúdos deficitários ...

Esse conjunto de maus hábitos constitui a principal barreira para o

aprendizado de metodologias eficazes de produção de conhecimento. Enfatizar

exclusiva ou excessivamente a produção de resultados escritos dificulta a

percepção de que conhecimentos não são produzidos em quadros-negros, folhas

de papel ou telas de computadores. Ali, eles apenas aparecem após e se tiverem

sido produzidos dentro de uma cabeça.

3 Para “virar a mesa” da educação e da produção

A pesquisa científica desenvolvida em nível acadêmico é uma forma

privilegiada de treinamento de autonomia intelectual. Possibilita o exercício do

planejamento, execução e apresentação gráfica, como método de reconhecimento,

desenvolvimento e fechamento de problemas científicos e profissionais. Responde,

desta forma, a duas aquisições importantes a serem feitas através do processo

formal de educação: a geração de conteúdos e a geração de hábitos intelectuais.

Atualmente, a escola, pressionada por mudanças recentes na sociedade

brasileira, especialmente no campo de trabalho, tenta recuperar o passo: volta-se

para a construção do conhecimento e incentiva o ensino apoiado em pesquisa.

Neste contexto, a sala de aula, ainda importante, torna-se apenas uma parte do

processo formal de educação. Aprender a pesquisar torna-se uma necessidade e

uma oportunidade para o desenvolvimento da autonomia intelectual.

Os cursos de pós-graduação lato sensu (especializações), especialmente

aqueles que adotam o perfil de MBA, parecem oferecer uma oportunidade

privilegiada para a consolidação desta nova demanda. O público destes cursos é

constituído, na sua maioria, por profissionais que atuam em empresas diversas.

A maioria, porém, formou-se nos padrões já descritos e agora retorna à escola

trazendo consigo as experiências escolares anteriores e a experiência profissional

atual. E não raro com a sensação de que a empresa trilha um caminho e a escola

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trilha outro caminho, com conteúdos, hábitos e métodos estranhos um em

relação ao outro.E em grande parte eles têm razão.

Até recentemente a escola seguiu seu rumo de produção científica e a

empresa “virou-se” como pode com seus problemas estratégicos, técnicos e

operacionais. Por isso, a escola, embora tenha grande experiência em formas de

produção de idéias e soluções, mostra-se ainda carente e ausente dos conteúdos

da efetiva realidade empresarial. A empresa, por sua vez, pressionada pela

realidade proporcionalmente ainda nova a que foi submetida desde a abertura

comercial, anda a procura de sujeitos capazes de contribuir com formas de

produção de idéias e soluções novas.

Salvo melhor juízo, o profissional que cursa MBA é um ponto de

convergência destas duas realidades. Nele se entrecruzam as necessidades da

escola e as necessidades da empresa.

O PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA E ACADÊMICA

A intenção final de qualquer pesquisa científica é responder

satisfatoriamente necessidades humanas concretas. É, porém, uma atividade

teórica, racional. Deve, portanto, desde o início assumir o formato de atividade

intelectual planejada.

O desafio do planejamento é, a partir de um tema, ou uma história/caso,

identificar um problema e prepará-lo para ser raciocinado com a ajuda de

informações cientificamente válidas. A necessidade de pesquisar, de investigar, só

toma forma, concretiza-se, diante do desafio representado por um problema, pois

temas e histórias;casos apenas indicam a presença de uma necessidade humana

ou empresarial. A atividade intelectual propriamente dita inicia-se pela percepção

e problematização da necessidade, presente no tema ou na história/caso. Daí

pode-se dizer que sem problemas não há pesquisa.

Em passos largos, um fluxograma da pesquisa científica, poderia ser

assim descrito: o planejamento transforma um tema em objetivos. Objetivos,

que são propostas de raciocínio, são então alimentados por dados, informações e

idéias, na coleta de dados. Os objetivos alimentados por dados tomam o formato

de um “texto pensado”, o conjunto de idéias produzido pelo pesquisador. Tem-

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se aqui a produção do conhecimento propriamente dita. Na fase de redação, o

texto pensado é então escrito, enriquecido com detalhes anotados durante a

coleta de dados. O texto é agora formatado e digitado/datilografado na etapa

de apresentação gráfica, conforme regras de apresentação gráfica da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

É claro que problemas de pesquisa não surgem do vazio. Surgirão a partir

da observação das necessidades humanas, confrontadas com a experiência

teórica já desenvolvida e apreendida pelo pesquisador. A percepção de

problemas é dependente da “lente teórica” com que se observa a realidade.

Quando já se tem um portfólio de desempenho acadêmico (montado ao

longo de um curso, um módulo de curso ou uma disciplina específica), tem-se já

a matéria prima inicial: uma matriz de avaliação (palavras-chave e idéias

importantes), que já permitiu a percepção de histórias/casos e de problemas

(perguntas) presentes na prática profissional.

Trata-se então agora de planejar o estudo destas situações problema, que

se sugere seja feito pelos seguintes passos:

1 problematização;

2 seleção/delimitação do problema;

3 formulação da hipótese;

4 formulação do objetivo geral;

5 formulação dos objetivos específicos; e

6 escolha dos procedimentos de coleta de dados.

1 Problematização

A expressão gráfica de um problema é a pergunta. Por isso, o

“questionário” é utilizado como instrumento de problematização. Com base na

curiosidade pessoal ou na necessidade intelectual, despertadas pelos dados que

se tem na matriz de avaliação, criam-se perguntas a respeito do assunto. O

número e a qualidade das questões variam em função da extensão e

profundidade do domínio do pesquisador a respeito do assunto.

As questões devem ser significativas, isto é, devem expressar os problemas

que se respaldam nos conteúdos científicos aprendidos, e que foram percebidos

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na realidade concreta a ser estudada. Além de significativas, as questões

levantadas devem ser exatas. Ou seja, a pergunta expressa exatamente o

problema que interessaria investigar. Devem ainda ser questões curtas, que

prescindam de detalhamentos e complementações longas. O questionário assim

construído reflete a visão atual possível do pesquisador (conforme sua matriz de

avaliação) a respeito da realidade empresarial/profissional em questão.

2 Seleção/ delimitação do problema de pesquisa

Não é exagero dizer que, assim como em geometria se diz que “de um ponto

podem-se derivar infinitas retas”, também em pesquisa, a partir de um tema ou

história/caso, podem-se derivar infinitos problemas ...

Na prática, seleção/delimitação de um problema de pesquisa consiste em

escolher, entre as várias questões (problemas) anteriormente levantados, aquele

que merecerá estudo e investigação neste momento. De qualquer maneira,

mesmo que todos os problemas oferecidos por um tema fossem considerados

importantes, seriam tratados um por vez, ou, pelo menos, por um ponto de vista

por vez. Ao escolher um deles, mesmo que provisoriamente, abandonam-se os

outros. É uma imposição de método.

O pesquisador deve então formular uma resposta possível a esta pergunta

escolhida. A resposta não deve ultrapassar uma frase, já que sua função não é

expor integralmente um assunto, mas apenas indicar a convicção científica atual

do pesquisador.

3 Geração da hipótese

A hipótese pode ser caracterizada como a solução possível e “provisória”

para um problema. Com base em conhecimentos previamente adquiridos e tidos

por ele como seguros, o pesquisador prevê verdades possíveis a respeito de um

tema qualquer. É, desta forma, uma tentativa a priori de explicação. Seu

enunciado é uma frase afirmativa, que expressa a opinião inicial do pesquisador,

aliás, único ponto de partida possível para a construção de mais conhecimentos.

É função da hipótese ser a gênese do processo posterior de investigação,

ou seja, o trabalho de pesquisar consiste em procurar evidências que verifiquem a

validade (sustentem ou refutem) do conteúdo anunciado na hipótese. Além disso,

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é a hipótese, na forma seguinte de objetivo geral, que imporá diretriz e

finalidade a todo o processo posterior de investigação e busca, pois o

pesquisador não deve buscar informações ao sabor do acaso, mas com definição

de onde quer chegar. Afinal, só encontra algo aquele que sabe o que está

procurando ...

Na prática, gera-se a hipótese juntando o conteúdo da pergunta

delimitada com o conteúdo da resposta, em uma frase afirmativa única. Esta

afirmação poderá ter um conteúdo positivo, negativo ou duvidoso, dependendo do

conteúdo de conhecimento do pesquisador, ao responder a pergunta. Será,

porém, sempre, uma afirmação.

Além disso, as hipóteses devem ser razoáveis, isto é, não podem implicar

em contradição aberta. Devem também ser verificáveis, isto é, podem-se

desenvolver testes e verificações empíricas (evidências empíricas), intelectuais

(evidências lógicas) a respeito delas, ou mesmo sustentá-las com base na palavra

das autoridades científicas (evidências “de fé”).

Observe-se que o caminho traçado é o roteiro temático do pesquisador.

Os problemas levantados sobre o tema, bem como as respostas a elas, poderiam

ter outra extensão e outra profundidade. Isto é, poderiam ser completamente

diferentes. Para essa pesquisa, porém, a partir deste ponto, vai interessar apenas

a hipótese levantada. O trabalho de investigação terá como norte a verificação da

validade da afirmação hipotética.

4 Objetivo geral

O objetivo geral de um projeto de pesquisa científica é sua “espinha

dorsal”. Deve expressar claramente aquilo que o pesquisador pretende conseguir

com sua investigação. Não é o que ele “vai fazer braçalmente” (isto se prevê nos

procedimentos de coleta), mas o que pretende conseguir como resultado

intelectual final de sua investigação, isto é, o que “hoje não tenho ainda

competência para fazer, mas que pretendo ter”. São os objetivos de uma pesquisa

que delimitam e dirigem os raciocínios a serem desenvolvidos. Fornecem, até

mesmo, o “calibre” dos dados que serão necessários para o desenvolvimento dos

argumentos.

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Objetivos são sempre compostos de duas partes: uma ação a ser aplicada

sobre um conteúdo. Por isso, o enunciado de objetivos inicia-se por um verbo no

infinitivo (terminados sempre em _ar, _er, _ir e _or). No caso da pesquisa

científica, que se caracteriza como ação intelectual, os verbos que abrem os

objetivos devem ser verbos que indiquem atividade intelectual, mensurável,

isto é, cujo “produto final” possa ser verificado. O conteúdo do objetivo geral é a

hipótese, a “verdade” do pesquisador sobre o problema naquele momento.

Sabe-se que o cérebro humano é capaz de estágios ou estados cognitivos

diversos, com graus também diversos de complexidade dos raciocínios. São eles:

conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. O grau

de complexidade (e não necessariamente de dificuldade) da atividade intelectual

aumenta do anterior para o posterior. Com efeito, a atividade de avaliação

pressupõe sínteses, que pressupõem análises, que pressupõem compreensões

(havendo ou não entre elas a atividade de aplicação), que pressupõem

conhecimentos, isto é, a posse inicial de dados. Por outro ângulo, o

conhecimento, a posse individual de dados, é base para a compreensão (o

“encaixe” de um novo dado no esquema cerebral já existente). Só quem

compreendeu algo pode aplicá-lo bem na vida prática. Aplicada ou não, a

informação compreendida é analisada (o julgamento do cérebro a respeito de sua

nova condição, agora com o dado recentemente compreendido). Daí surge uma

nova síntese: o cérebro decide o que fica como resultado, se mantém a nova

informação compreendida, ou se a descarta. Com as sínteses cerebrais finais é

que se avalia, se julga, se vive.

Cada um destes estágios cognitivos possibilitam atividades ou ações

intelectuais, que podem ser expressas por verbos específicos: 2

O estágio de conhecimento se expressa em verbos como apontar, citar,

classificar,conhecer, definir, descrever, identificar, reconhecer, relatar.

O estágio de compreensão em verbos como compreender, concluir,

deduzir, demonstrar, determinar, diferenciar, discutir, interpretar, localizar,

reafirmar.

O estágio de aplicação em verbos como aplicar, desenvolver, empregar,

estruturar, operar, organizar, praticar, selecionar, traçar.

2 Cf. no APÊNDICE B – Taxionomia dos objetivos, os principais verbos em língua portuguesa que

indicam ação intelectual.

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O estágio de análise em verbos como analisar, comparar, criticar, debater,

diferenciar, discriminar, examinar, investigar, provar.

O estágio de síntese em verbos como compor, construir, documentar,

especificar, esquematizar, formular, produzir, propor, reunir, sintetizar.

O estágio de avaliação em verbos como argumentar, avaliar, contrastar,

decidir, escolher, estimar, julgar, medir, selecionar.

Assim, sabe-se que alguém tem o domínio cognitivo de compreensão, por

exemplo, sobre certo conteúdo (uma hipótese), se ele for capaz de realizar

qualquer uma das ações (verbos) que indiquem este nível de raciocínio.

Na prática, montar o objetivo geral consiste em antepor à hipótese um

verbo que expresse a ação intelectual que quer desenvolver, à escolha do

pesquisador. É uma escolha subjetiva, em que se procura o verbo que melhor

expresse aquilo que de fato se quer como resultado intelectual, e que,

evidentemente, possa ser realizado. Tenha-se o cuidado de inserir após o verbo a

partícula que ajuste adequadamente o verbo (ação) á hipótese (conteúdo),

tornando o enunciado correto.

5 Objetivos específicos

O objetivo geral, por escolha do pesquisador, torna-se então o seu

problema intelectual a ser resolvido. Como se sabe, os problemas intelectuais

podem (e devem) ser divididos em tantas partes quantas possíveis ou necessárias

para bem resolvê-los. Por esta razão, o problema expresso como objetivo geral

será subdividido em tantos objetivos específicos quantos necessários para o

estudo e solução satisfatória dos elementos contido no objetivo geral. São as

competências “menores” a serem desenvolvidas, para que, juntas, componham a

competência maior (o objetivo geral). É claro que será de grande utilidade a

matriz intelectual já desenvolvida, pois é o que ajudará o pesquisador a

vislumbrar os aspectos componentes do problema a ser resolvido.

Na prática, sugere-se a montagem de objetivos específicos em quatro

momentos:

a) levantam-se os aspectos componentes importantes do problema: examina-

se o problema (o objetivo geral), procurando nele divisões possíveis, ou seja, os

aspectos que o pesquisador considera como componentes relevantes do objetivo

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geral. Por exemplo, para um objetivo geral como “analisar se o limão é eficaz no

combate aos resfriados”, o conhecimento anterior contido na minha matriz indica

aspectos componentes importantes, tais como: - o vírus do resfriado; -

componentes químicos do limão; reações do vírus do resfriado aos componentes

químicos do limão; etc.

b) transforma-se cada um dos aspectos escolhidos em um objetivo: antepõe-

se a cada enunciado um verbo que indique ação intelectual. A escolha é feita

com base na natureza do assunto, na extensão e profundidade com que o

pesquisador julga querer/precisar tratá-lo. Por exemplo, pode-se decidir que os

aspectos levantados transformem-se nos seguintes objetivos específicos: -

analisar o vírus do resfriado; - identificar os componentes químicos do limão; -

analisar as reações do vírus do resfriado aos componentes químicos do limão.

c) verifica-se a suficiência dos objetivos específicos propostos: o conjunto

dos objetivos específicos deve ser suficiente para que o objetivo geral seja

preenchido. O pesquisador deve verificar se os componentes (objetivos específicos)

propostos, quando desenvolvidos, cumprem a tarefa intelectual indicada pelo

objetivo geral. O conjunto dos objetivos específicos não devem, por outro lado,

extrapolar a atividade proposta pelo objetivo geral.

d) escolhe-se a melhor seqüência lógica: considerando que os objetivos

específicos indicam as partes de um futuro texto, deve-se ter o cuidado de já tê-

los na melhor seqüência lógica. Isto é, estabelecer desde já quais assuntos devem

preceder outros, tanto para o desenvolvimento da investigação, quanto para a

futura leitura do texto. Por exemplo, parece que a melhor seqüência no exemplo

proposto é: 1. Identificar os componentes químicos do limão; 2. analisar o vírus

do resfriado; 3. analisar as reações do vírus aos componentes químicos do limão.

O trabalho de investigação passará a ser feito em torno dos objetivos

específicos propostos, que na verdade, são propostas de raciocínio, isto é,

problemas intelectuais específicos a serem resolvidos. Busca-se realizar

diretamente cada um dos objetivos específicos, para que, indiretamente, resolva-

se a proposta do objetivo geral.

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6 Procedimentos de coleta de dados

Denominam-se procedimentos de coleta de dados (ou metodologia) as

atividades práticas necessárias para a aquisição dos dados com os quais se

desenvolverão os raciocínios que resultarão em cada parte do trabalho final. 3 Ou

seja, planeja-se aqui, de forma concreta, a coleta de dados, que se iniciará ao

final do projeto. A pergunta que norteia a montagem de procedimentos é: “Que

atividades concretas/físicas devo desenvolver para obter dados/informações

necessárias para o desenvolvimento de cada objetivo específico?”

Cada procedimento (ou grupo de procedimentos) é planejado em função de

cada um dos objetivos específicos estruturados. Isto é, pensa-se a coleta de dados

para cada problema levantado na forma de objetivo específico.

Na prática, a identificação dos procedimentos é feita identificando-se as

atividades de coleta que serão desenvolvidas (pesquisa bibliográfica, documental,

experimento, levantamento, estudo de caso), tendo o cuidado de manter a

identificação alfa-numérica com o objetivo específico a que se vinculam.

Com exceção do procedimento bibliográfico, sempre desenvolvido segundo

o mesmo padrão, todos os outros procedimentos devem ser seguidos de uma

breve descrição da técnica a ser utilizada (5 a 10 linhas). Embora os

procedimentos tenham um padrão comum que os caracteriza, cada coleta de

dados terá exigências próprias, que deverão ser especificadas.

A descrição dos procedimentos pode também ser enriquecida por detalhes

práticos. Aliás, em projetos de relatórios, costuma-se solicitar detalhamento

cuidadoso de todos os procedimentos a serem desenvolvidos em

campo/laboratório. Detalha-se o universo, a amostra, o tipo de tratamento que

as informações receberão; descrevem-se os instrumentos de coleta, a margem de

acuidade prevista, etc.

* * *

3 O APÊNDICE C – Principais procedimentos de coleta de dados, neste livro, oferece um

panorama do assunto. Para mais detalhes a respeito destes procedimentos e de suas técnicas

possíveis, sugere-se a consulta a GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed.

São Paulo: Atlas, 2002, especialmente capítulos 5 a 12.

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A EXECUÇÃO E A APRESENTAÇÃO GRÁFICA DA PRODUÇÃO

CIENTÍFICA

Pode-se comparar a produção científica com a construção de um edifício.

Deste edifício, acabou-se de produzir a planta, o projeto de construção. Ali estão

detalhados os rumos da construção, os passos práticos e até mesmo o formato

final. Com os materiais planejados já disponíveis, inicia-se agora a construção

concreta do edifício, que envolve uma coleta de dados e a produção de um texto

escrito e devidamente formatado conforme normas da ABNT.

Vale lembrar que a pesquisa científica é prioritariamente atividade

intelectual, cujo resultado mais importante é a produção de conhecimentos.

Portanto, a coleta de dados, embora envolva atividade braçal, é um momento de

construção de conhecimentos. É necessário que o problema a ser raciocinado (os

objetivos) estejam “dentro da cabeça”, para onde deve ir também os dados e

informações que serão conseguidos. Só assim surgirão as idéias, os texto

pensado, o conhecimento do pesquisador. Este conhecimento efetivo poderá

constituir um texto escrito.

1 A coleta de dados

Coletar dados é juntar as informações necessárias ao desenvolvimento dos

raciocínios previstos nos objetivos. É realizar o estudo do problema científico

levantado. No caso de uma monografia, a referência para a coleta são os objetivos

específicos. No caso de um relatório, as referências de coleta são o objetivo geral,

e as variáveis que se desejem testar para a(s) hipótese(s) nele contida. De resto,

como se fará a coleta de dados, que recursos serão utilizados, já foi planejado no

item de planejamento “procedimentos de coleta”. Na prática, a coleta de dados

consistirá em pôr em andamento os procedimentos planejados para os objetivos

específicos, obedecendo ao cronograma estabelecido pelo pesquisador, lembrando

sempre que o principal resultado esperado de uma coleta de dados é a produção

de conhecimentos para o pesquisador.

16

1.1 Coleta de dados por meio de pesquisas de campo e de laboratório

Os procedimentos para a pesquisa de campo e pesquisa de laboratório são

tipicamente empíricos. Os dados são coletados através da montagem e/ou

observação de situações físicas, materiais. Por isso, exigem uma carga extra de

trabalho, que é a montagem/escolha da situação (re)produtora dos

fatos/fenômenos/processos que interessam ao pesquisador. Exigem, além disso,

a montagem/escolha dos instrumentos de captação e aferição dos

dados/informações que serão obtidos.

É possível, por um lado, o delineamento de padrões comuns aos

procedimentos tipicamente utilizados em campo ou em laboratório. Ou seja, um

experimento ou um levantamento, procedimentos característicos de pesquisas

empíricas, serão desenvolvidos seguindo um caminho típico, possível de ser

reconhecido, e que sempre caracterizará aquele procedimento. Por outro lado,

cada experimento ou levantamento serão efetuados em função de objetivos

próprios, originais de cada pesquisador. Isto significa que cada procedimento

terá detalhes empíricos diferenciados, em função da inevitável diferença causada

pela originalidade de cada objetivo criado pelo pesquisador.

Em razão disto, o pesquisador deve, é claro, apreender itens básicos,

componentes do padrão de cada procedimento. Deve, porém, detalhar

procedimentos segundo exigências próprias de seus objetivos.

De modo geral, a coleta de dados realizada em campo ou em laboratório,

terá como padrão comum:

a) objetivos e variáveis delimitados e claros;

b) escolha/montagem dos instrumentos de coleta;

c) pré-teste e aferição dos instrumentos de coleta;

d) seleção/escolha do fato gerador (universo, sujeitos, amostra etc.);

e) desenvolvimento das atividades;

f) tratamento quantitativo e/ou qualitativo dos dados, na forma de resultados;

g) análise dos resultados, em função dos objetivos; e

h) montagem do relatório, como sugerido.

Quanto às formas padrão de montagem dos vários procedimentos, sugere-

se consulta à bibliografia especializada em técnicas de coleta dados.

17

1.2 Coleta de dados por meio de pesquisas bibliográficas

Entende-se que a pesquisa bibliográfica merece tratamento destacado.

Primeiro, porque estará presente em qualquer processo de pesquisa. Com efeito, a

respeito de quase tudo que se deseje pesquisar, algo já foi pesquisado de forma

mais básica, ou idêntica ou correlata. Há, portanto, outras percepções e posições

que podem servir, seja para embasamento, seja para comparações ou mesmo

para o conhecimento daquilo que se pretendia pesquisar sozinho. Segundo,

porque a pesquisa bibliográfica é mais simples e confortável, já que dispensa todo

o trabalho de montagem/escolha/testagem/relato de dados. Os dados já estão

prontos, organizados, publicados.

Percebe-se, porém, em certos meios acadêmicos, uma tendência a tratar o

dado bibliográfico como secundário, como informação de segunda categoria. É

um equívoco.

É verdade que a pesquisa bibliográfica não costuma oferecer dados

inéditos, como a pesquisa de campo ou de laboratório. Ressalte-se, porém, que

em nada

compromete a possibilidade de originalidade dos raciocínios que, a partir deles,

possam ser desenvolvidos. A bem da verdade, dados já publicados podem,

mesmo, possibilitar raciocínios inéditos, já que o conceito de “inédito” não se

restringe a “realidade nova.” Pode também significar “pensamento novo” a

respeito de “realidade velha”.

A pesquisa bibliográfica tem como instrumento essencial a habilidade de

leitura. Isto é, a capacidade de extrair informações a partir de textos escritos.

Entretanto, não é segredo que a leitura é um dos hábitos acadêmicos pouco

desenvolvidos em nosso meio. Geralmente, lê-se pouco. Motivo: não há gosto pela

leitura, provavelmente porque não se sabe ler. Por isso, oferecemos um roteiro

facilitador da leitura e entendimento de textos científicos/técnicos.

1.2.1 Textos técnicos/científicos

Para aprender a ler este tipo de material, é necessário, primeiro, que se

entenda o que é que se denomina um texto técnico/científico.

18

Denomina-se realidade o conjunto de todos os fatos (do latim factum:

aquilo que está feito, posto, pronto). A árvore é um fato, o céu é um fato, uma cor

é um fato. Fatos são de acesso público, isto é, qualquer um que tenha os

sentidos físicos em bom funcionamento, tem livre acesso aos fatos que compõem

a realidade.

Sempre que um ser humano capta um fato, sua condição racional mais

desenvolvida transforma tal fato em um dado. O fato passa a “habitar”

intelectualmente esse indivíduo. O conjunto dos dados que alguém possui é o seu

conhecimento. Se, por uma lado, a realidade e seus fatos são de acesso público,

o conhecimento e seus dados são de âmbito privado: os dados que alguém possui

são apenas dele.

Este caráter privativo do conhecimento aponta para um entrave. Com

efeito, se todos construíssem o conhecimento apenas pelo contato com a

realidade, o desenvolvimento humano estaria seriamente comprometido. Cada

indivíduo teria que iniciar pessoalmente, sozinho, a história da ciência, ou

melhor, a história de sua ciência, contatando realidades sempre inéditas e

transformando-as nos dados de seu conhecimento. Teria, além disso, que

construir sua ciência limitado sempre à realidade circunvizinha, o que

inevitavelmente restringiria muito suas possibilidades de progresso.

Daí a importância fundamental do signo, algo físico e presente, que pode

representar fisicamente uma realidade ausente, seja uma realidade não próxima,

seja um conhecimento (abstrato) a respeito dessa realidade. Um conjunto

organizado de signos chama-se linguagem.

Podem-se distinguir três grandes grupos de signos: ícones, índices e sinais

convencionais. São ícones os signos que, para representar, guardam semelhanças

físicas com a realidade. São índices aqueles signos que, para representar,

apresentam uma qualidade marcante da realidade representada. Os sinais

convencionais, como indica o próprio nome, são combinados, “convencionados”, e

não guardam necessariamente semelhanças físicas ou qualitativas com a

realidade que representam.

Entre os sinais convencionais, destacam-se as línguas modernas. Orais

ou escritas, as línguas se compõem de sinais sonoros (língua falada) ou escritos

(língua escrita), cuja representatividade é convencionada, formando-se assim os

19

vários códigos de comunicação, as diversas línguas. O mesmo fato, por exemplo,

o mesmo “bicho que muge, pasta e dá leite” será chamado de “vaca” ou “cow”, de

maneira puramente convencional, em língua portuguesa ou em língua inglesa.

Estabelecido, pois, o que é um fato, um dado e um signo, entende-se o

que é e como interagem a realidade, o conhecimento e a linguagem.

Na realidade existem fatos que são comuns. Isto é, objetos e fenômenos

que se apresentam com grande freqüência ao cotidiano das pessoas. Cabelo,

chuva, árvore, homem, mulher, são fatos corriqueiros, estão presentes quase todo

o tempo para quase todas as pessoas. O contato racional com esses fatos comuns

gerará dados que são também comuns. Ou seja, fatos corriqueiros, cotidianos,

serão apreendidos como dados corriqueiros. Não é por acaso que os fatos

comuns se tornaram familiares. De fato, convivem externa e internamente

conosco quase o tempo todo...

Quando representados por signos, fatos e dados comuns se mostrarão por

signos comuns. E, se tal representação se fizer através de uma língua, seja oral,

seja escrita, os sons ou sinais gráficos serão comuns, corriqueiros. A

decodificação destes signos, isto é, a transformação dos sinais novamente em

dados/fatos, o entendimento da língua, será quase automático. Afinal, o

ouvinte/leitor está familiarizado com o conjunto fatos/dados/signos ali utilizado.

Por outro lado, existem fatos que são incomuns. Existem coisas e

fenômenos que não se apresentam corriqueiramente ao cotidiano da maioria das

pessoas. Sinapses neuronais, movimentos diastólicos, fissão atômica,

fenômenos/noúmenos, não são fatos corriqueiros, não estão quase todo o tempo

presentes para quase todas as pessoas. O contato racional com estes fatos

incomuns, gerarão dados também incomuns, dados que não são corriqueiros,

por isso mesmo, pouco familiares, pois pouco se convive com eles. Também os

signos que eventualmente representem tais dados, serão incomuns. No caso de

utilização de uma língua, oral ou escrita, as palavras representantes de tais

fatos/dados serão incomuns. É claro que a decodificação desta linguagem torna-

se mais difícil, uma vez que o conjunto fatos/dados/signos é pouco familiar.

O conjunto dos dados comuns formam o conhecimento em nível vulgar, o

chamado senso comum. O senso comum é formado pelo conjunto familiar dos

dados, por aquilo que todo mundo conhece. Na verdade, é o conjunto maior dos

20

dados individuais. Esses dados são adquiridos nos contatos informais, empíricos,

com a realidade. Aprende-se senso comum pela observação dos resultados

surgidos da interação homem-realidade, pela atividade prática da vida. Por isso,

para ser apreendido , senso comum não requer qualquer sistematização ou

metodologia.

O conjunto dos dados incomuns formam o conhecimento técnico/

científico, que se caracteriza justamente por não ser familiar, por não ser

conhecido por todos.4 Isto faz com que a construção do conhecimento científico

seja mais exigente. Primeiro, os dados devem estar sistematizados, isto é,

organizados segundo critérios culturais e lógicos, que facilitem sua captação e

entendimento. Segundo, o aprendizado do conhecimento científico é metódico,

isto é, exige caminhos apropriados de captação, indicados pela própria forma de

sistematização. Construir/aprender ciência é mais trabalhoso do que aprender

senso comum ...

O conjunto de materiais escritos que lida com senso comum, pode ser

genericamente chamado de literatura geral. É literatura geral o jornal, o

romance, a novela, a revista de atualidades, etc.. Literatura científica ou técnica

é o conjunto de materiais escritos que lida com o conhecimento

técnico/científico. É literatura técnica o texto de anatomia, o artigo de

arquitetura, o livro de filosofia.

Por transmitirem conhecimentos de naturezas diferentes, textos técnicos

são diferentes de textos de literatura geral. Para a leitura e entendimento destes

textos, algumas diferenças são importantes:

a) textos de literatura geral são escritos/lidos visando proporcionar lazer e

informação geral. Textos técnicos são escritos /lidos com o objetivo de

ensinar/aprender.

b) textos de literatura geral lidam com conhecimentos assistemáticos e

ametódicos. Textos técnicos lidam com conhecimentos sistematizados e

metódicos. Por isso, a divisão e distribuição das informações são distintas.

c) textos de literatura geral, por serem compostos com base em fatos

corriqueiros, contém palavras/idéias/raciocínios também familiares. Textos

4 Embora o conhecimento técnico/científico tenha vocação inata para tornar-se senso comum, uma

vez que a ciência desenvolve-se como auxiliar da vida e a teoria como tentativa de melhorar a

prática.

21

técnicos, que se compõem de dados não cotidianos, tendem a conter

palavras/idéias/raciocínios menos familiares.

Ou seja, a divisão lógica, o vocabulário e as idéias desenvolvidas em um

texto de literatura geral são normalmente de fácil apreensão. Não é o caso da

literatura técnico/científica.

1.2.2 Leitura dos textos técnicos/científicos

A leitura do texto técnico é diferente da leitura do texto de literatura geral.

Primeiramente, nos textos técnicos, nunca se deve dispensar informações gerais

a respeito daquilo que se vai ler. Examine-se sempre parte pré-textual do material

(capa, folha de rosto) e pós-textual (orelhas, contra-capa), para uma noção a

respeito da autoria e data da publicação das informações. Aquilo que está

escrito, afinal, não vale por si só. Há que se ver, ao menos, por quem e quando.

O próximo passo é tomar conhecimento da divisão lógica do texto,

resultante da sistematização dos dados. A divisão lógica é normalmente pré-

organizada, e aparece na divisão gráfica do texto. Isto é, as partes do assunto

tratado são indicadas graficamente por títulos e sub-títulos. Se o material já

possui um sumário (que é o esquema lógico do texto), este é o primeiro item a ser

estudado.5 Se, porém, o material não apresentar sumário pronto (um artigo, um

capítulo isolado de livro, etc.), o leitor deve fazê-lo. Folheia-se o texto,

reconhecendo as diversas partes indicadas pelos títulos e sub-títulos,

criando/complementando, ao mesmo tempo, a identificação alfa-numérica dos

títulos.6 Cria-se, então, o sumário, utilizando-se das porções alfa-numeradas do

texto.

O que se pretende descobrir neste exame é a estrutura lógica do texto, isto

é, as partes que compõem o texto; quais são as divisões que se complementam;

quais são as divisões seqüentes. Normalmente, e não necessariamente, os textos

contém indicações alfa-numéricas que indicam a seqüência (quais divisões

continuam divisões anteriores) e a pertença (quais divisões menores detalham

uma divisão maior, ou seja “pertencem” a conjuntos maiores de idéias) dos

5 Ressalte-se a necessidade de se prestar atenção a títulos de trabalhos científicos. Nestes materiais, títulos devem obrigatoriamente indicar o conteúdo do segmento abaixo deles.

6 Utilizam-se números (arábicos e/ou romanos) e letras do alfabeto (minúsculas/maiúsculas) para

indicação de seqüência/pertença, justamente por serem seqüências universalmente conhecidas.

22

segmentos de texto. Um texto pode ter divisões primárias, secundárias,

terciárias, quaternárias e quinárias.Primária á a primeira divisão de um texto

(um capítulo ou parte); secundárias são divisões de uma divisão primária;

terciárias são divisões de divisões secundárias, e assim por diante. Divisões

primárias são seqüentes entre si; divisões secundárias pertencem a uma

divisão primária (é detalhamento da divisão primária) e são seqüentes entre si, e

assim por diante.

Na ausência de alfa-numeração, atente-se para os tipos gráficos dos títulos

e sub-títulos. Títulos “irmãos”(seqüência) tem o mesmo tipo gráfico. Cuide-se

também da utilização das seqüências de números/letras em sistema único. Por

exemplo, se o subtítulo X for marcado como I., o sub-título seqüente Y deverá ser

II.. Nunca B, b, 2, etc.. A troca dos elementos de alfa-numeração é indicativo de

pertença. Por exemplo, se o título anterior é marcado por “I.” e o próximo por

“1.”, indica que o título “1.” pertence a “I.”

Veja este exemplo com a identificação numérica de seqüência e pertença:

Capítulo 4

FASES DA PESQUISA CIENTÍFICA.

4.1 Planejamento de pesquisas científicas.

4.1.1 Escolha do tema.

4.1.2 Revisão de literatura.

4.1.3 Problematização.

(...)

4.1.10 Projeto de pesquisa científica: o planejamento escrito.

4.1.10.1 Área de pesquisa

4.1.10.2 Tema geral

(...)

4.2 Execução de pesquisas científicas.

4.2.1 Coleta de dados.

etc.

23

Veja agora este exemplo, sem a identificação numérica, mas com tipos

gráficos idênticos indicando seqüência/pertença:

Capítulo 4

FASES DA PESQUISA CIENTÍFICA.

Planejamento de pesquisas científicas.

Escolha do tema.

Revisão de literatura.

Problematização.

(...)

Projeto de pesquisa científica: o planejamento escrito.

Área de pesquisa

Tema geral

(...)

Execução de pesquisas científicas.

Coleta de dados.

etc.

O estudo atento dos sumários produzem dois efeitos benéficos. Primeiro, a

sensação de familiaridade com o assunto, mesmo sem tê-lo, de fato, lido.

Segundo, a facilitação da escolha da unidade de leitura 7 que interessa

trabalhar, já que todos os segmentos estarão diante do leitor, designados por um

título indicativo de seu conteúdo.

Escolhida uma unidade de leitura, a próxima etapa é a análise textual,

cujo objetivo é a superação de barreiras lingüístico-culturais que o texto possa

apresentar. Como se sabe, os fatos/dados são representados por signos. No texto

técnico escrito há fatos não corriqueiros, representados por palavras cujas

significações nem sempre são familiares.

Esta é a função da análise textual: a descoberta e aprendizado dos termos

que denominam os fatos da ciência com que se está lidando, aliás condição

essencial para a construção/entendimento de raciocínios/idéias. Quando

necessária, é uma atividade essencial.

7 Noção importantíssima. Em tese, cada segmento do texto é uma “unidade autônoma de

pensamento”, podendo ser lida/entendida isoladamente. A menor unidade de leitura de um texto é

o parágrafo.

24

Na prática, é a primeira leitura que se faz da unidade escolhida. É uma

leitura rápida, onde o único objetivo é anotar todos os elementos

desconhecidos que o texto apresentar. Não se deve grifar ou destacar nada,

ainda. Sugere-se a anotação no próprio texto (se tal for permitido, é claro), no

início ou no final da linha onde se encontre o elemento desconhecido. Ao final

desta coleta, é fundamental esclarecer todos os elementos desconhecidos,

utilizando-se de dicionários, enciclopédias, professores, colegas ou qualquer

outro meio disponível.

A análise textual pretende ser uma etapa provisória da leitura. Considere-

se que os termos que designam os fatos particulares contemplados por certa

ciência é de número bastante limitado. Isto é, constituem um percentual bastante

reduzido do conjunto das palavras de uso corrente em uma língua. Se

gradualmente resolvidos, a leitura de textos relativos a certa ciência apresentará

um volume cada vez menor de barreiras lingüístico-culturais. Além disso,

aumenta consideravelmente o domínio do leitor em relação a esta ciência, já que

notoriamente a primeira dificuldade de conhecimento de uma ciência é o domínio

de sua terminologia específica ...

Quando não houver barreiras lingüístico-culturais no texto, faz-se a

análise temática. Agora o objetivo é entender as idéias apresentadas pelo

autor, expressas nas frases que compõem o texto. Pode-se dizer que cada frase8

encerra uma idéia completa.

As idéias que compõem um texto agrupam-se em parágrafos. 9 O

parágrafo é a menor porção autônoma de um texto e, portanto, a menor unidade

de leitura. Nos parágrafos de um texto encontram-se dois tipos de idéias: idéia

principal e idéia(s) secundária(s). Ler e entender um texto consiste, a princípio,

em entender o conjunto de suas idéias principais.

Idéias principais são encontradas uma em cada parágrafo. São as “idéias

importantes” que o autor resolveu transmitir 10. As idéias principais compõem o

8 “grupo de palavras ou de orações ligadas gramaticalmente e formando um sentido completo.‟( o

grifo é nosso). (cf. “Frase”. In: Dicionário Caldas Aulete. 3. ed. Rio de Janeiro: Delta, 1978.

9 “pequena parte ou secção de um discurso, capítulo, etc, formando sentido completo e independente.” (o grifo é nosso). (cf. ibid.)

10 Observe-se que não há uma idéia que seja principal ou secundária por si mesma. É escolha de

quem escreve.

25

conteúdo importante do assunto anunciado pelo título, segundo a visão daquele

autor. Foram previamente escolhidas e seqüenciadas por ele, em função de um

objetivo (expresso pelos títulos/subtítulos), de modo que o conjunto de

parágrafos, derivados destas idéias, formem uma seqüência lógica, uma unidade.

O entendimento de um texto resolve-se, portanto, no estudo de cada um de

seus parágrafos.

Reconhecer a idéia principal de um parágrafo é tarefa relativamente fácil.

No parágrafo, a idéia principal é expressa pela frase em função da qual

estão escritas as outras frases que o compõem. Ou seja, as idéias secundárias

são escritas “ao redor” de uma idéia principal. A função das idéias secundárias é

melhorar/facilitar o entendimento da idéia principal. Elas explicam,

exemplificam, esclarecem, detalham etc. a idéia principal. Pense-se num sistema

planetário, com um sol no centro e planetas “em função” do sol ... Sugere-se,

além disso, na procura pela idéia principal, especial atenção à primeira frase dos

parágrafos: quase sempre já expressa a idéia principal. Se não estiver ali,

observe-se a última frase do parágrafo. Em outros termos, preste-se especial

atenção às extremidades dos parágrafos.

De início, é a idéia principal de cada parágrafo, a frase inteira, que se deve

destacar, grifar. Com certa prática, é possível destacar também informações-

chave de idéias secundárias. A informação-chave é o conjunto sintático de maior

peso em uma frase, isto é, a informação mais importante de certa frase. Por

exemplo, ao dizer “Pedro foi a Curitiba de carro ontem”, nota-se que o conjunto de

sete palavras (morfologia) transmitem cinco informações (sintaxe): Pedro/ foi/ a

Curitiba/ de carro/ ontem. O mesmo conjunto de palavras pode ter como

informação-chave qualquer dos cinco conjuntos sintáticos. No texto falado,

alterações na velocidade e/ou intensidade da voz indicarão para o ouvinte a

informação chave. No texto escrito, depende-se do contexto. Ou seja, idéias

secundárias recebem contexto da idéia principal. Idéias principais, por seu

turno, recebem contexto dos títulos identificadores do conteúdo dos parágrafos.

Em resumo, a leitura do texto técnico se faz considerando a seqüência

lógica do texto (divisão); resolvendo os elementos desconhecidos, as barreiras

lingüístico-culturais (análise textual); entendendo as idéias principais do autor

(análise temática).

26

1.3 Anotação de dados coletados

Anotar é recolher por escrito os elementos de interesse resultantes do

desenvolvimento de um dos procedimentos.

No caso do procedimento bibliográfico, anotar pode ser apenas recolher as

idéias importantes do autor. O resumo é uma boa forma de anotação para

armazenagem. Resumir é redigir, como texto único, as idéias principais de um

autor, guardando a seqüência original das idéias. Redigir apenas as informações-

chave das idéias principais e das idéias secundárias, dando-lhe formato gráfico

hierarquizado, é montar um esquema.

Além destes formatos simples, resumos e esquemas podem ser

interpretativos ou críticos. Interpretativos são os esquemas e resumos que

recebem a adição de elementos complementares, correlatos ao texto, já

conhecidos do leitor. Críticos são os resumos e esquemas que, além da adição de

outros elementos, recebem avaliações do leitor. Isto é, o leitor tece comentários a

respeito da clareza, propriedade e validade das idéias apresentadas pelo autor,

confrontando o autor com idéias próprias.

A anotação com finalidade de redação posterior de um texto próprio,

como é o caso da anotação que se faz em pesquisas, deve ser feita em função dos

objetivos específicos da investigação.

No caso da coleta bibliográfica, a preocupação não é mais entender o texto

(idéias principais). Supõe-se o texto já entendido. Anotam-se dados, informações,

idéias principais/secundárias, enfim detalhes importantes que, de qualquer

forma, poderão ajudar o desenvolvimento (e posterior redação) dos raciocínios

previstos nos objetivos específicos. A presença clara do objetivo específico para o

qual se está anotando informações é o que dirige e limita a coleta, mantendo-a

apenas em torno de informações necessárias. Embora muitos elementos de um

texto possam ser interessantes, registra-se apenas o necessário, segundo o

objetivo.

Para anotar com vistas à posterior redação, sugerem-se alguns cuidados

básicos:

a) ter sempre o objetivo específico em questão escrito no alto da folha de

anotações.

27

b) identificar a fonte de forma a facilitar o retorno a ela, se necessário;

c) identificar a(s) página(s) de onde se extraiu o texto;

d) anotar como resumo, esquema, paráfrase ou cópia; e

e) marcar com aspas os trechos copiados, para futura referência, caso sejam

utilizados como citações diretas na redação do futuro texto.

Em coletas de campo e laboratório, ao final das quais normalmente se

produzem relatórios, deve-se ter o cuidado em anotar também os detalhes do

processo de coleta, para posterior descrição da metodologia de trabalho utilizada.

Ao final da atividade de coleta de dados, esperam-se dois resultados: um

“texto pensado” e um conjunto de “detalhes anotados”.

O “texto pensado” é um resultado natural do processo de coleta de dados

realizado em torno de um certo objetivo. Objetivos são propostas de raciocínio,

que automaticamente mantém o cérebro alerta para dados e informações que

sejam significativos. Ao longo da coleta, esses dados tomam formato de idéias,

grupos de idéias gerais na linha proposta pelo objetivo, tornando-o cada vez mais

“denso”. Isto é, uma coisa é o conteúdo do objetivo antes de coleta de dados.

Coisa diferente é a extensão e profundidade do objetivo após uma coleta de

dados. É esse conjunto de idéias que chamamos “texto pensado”.

O pesquisador além disso, anotou um conjunto diversificado de detalhes.

São dados isolados, informações, frases, parágrafos inteiros, transcreveu fatos

significativos, palpites momentâneos, observações e idéias que lhe pareceram

significativas, considerando o objetivo específico com o qual trabalha no

momento. Ou seja, ele tem uma conjunto de “detalhes anotados” que podem

complementar e enriquecer seu “texto pensado”.

É com estes dois conjuntos originais que dará forma definida aos

raciocínios previstos pelos objetivos. Ou seja, o conteúdo escrito do seu texto será

“texto pensado”enriquecido pelos “detalhes anotados”. 11

11 Aos interessados em aprender mais a respeito de como fazer anotações, sugere-se o estudo

apresentado por Gérard HOFFBECK e Jacques WALTER, Como tomar notas rapidamente e bem,

com tradução de Oswaldo Louzada Filho, publicado pela Editora Nobel, S. Paulo.

28

2 A redação de textos científicos/acadêmicos

2.1 Os “ingredientes” do texto escrito

Ao final da atividade de coleta de dados, esperam-se dois resultados: um

“texto pensado” e um conjunto de “detalhes anotados”.

O “texto pensado” é um resultado natural do processo de coleta de dados,

realizado em torno de um objetivo. Objetivos são propostas de raciocínio, que

automaticamente mantém o cérebro alerta para dados e informações que sejam

significativos. Ao longo da coleta, esses dados tomam formato de idéias, grupos

de idéias gerais na linha proposta pelo objetivo, tornando-o cada vez mais

“denso”. Isto é, uma coisa é o conteúdo do objetivo antes de coleta de dados.

Coisa diferente é a extensão e profundidade do objetivo após uma coleta de

dados. É esse conjunto de idéias resultantes de uma coleta de dados que se

chama “texto pensado”.

Além disso, o pesquisador anotou um conjunto diversificado de detalhes.

São dados isolados, informações, frases, parágrafos inteiros, transcreveu fatos

significativos, palpites momentâneos, observações e idéias que lhe pareceram

significativas, considerando o objetivo específico com o qual trabalha no

momento. Ou seja, ele tem uma conjunto de “detalhes anotados” que podem

complementar e enriquecer seu “texto pensado”.

É com estes dois conjuntos originais que dará forma definida aos

raciocínios previstos pelos objetivos. Ou seja, o conteúdo escrito do seu texto

será o “texto pensado” enriquecido pelos “detalhes anotados”.

Desta forma, a redação é o momento da “montagem de um texto escrito”, a

partir das informações obtidas e organizadas segundo os objetivos do projeto.

Redigir consiste essencialmente em escrever um “texto pensado”, já produzido ao

redor de um objetivo, enriquecendo-o com “detalhes anotados”. É neste momento

que os objetivos do pesquisador serão transformados em capítulos ou partes

para um leitor ...

Considerada por muitos uma etapa extremamente difícil, vale lembrar que,

para escrever textos técnicos, segue-se basicamente o mesmo raciocínio utilizado

para sua leitura. Se quem lê procura idéias, quem escreve deve apresentá-las. Por

isso, para a “montagem escrita” do texto científico, sugerem-se alguns cuidados

facilitadores.

29

2.2 Seleção e organização da informação

A coleta de dados realizada em torno de um objetivo específico, a partir do

desenvolvimento de qualquer dos procedimentos de coleta válidos, normalmente

resulta, como já dito, em uma “massa” de dados composta por dois elementos: o

“texto pensado” e um conjunto de “detalhes significativos anotados”. O que se

tem ao final da coleta é um conjunto de informações/idéias anotadas/pensadas,

que apresentam/descrevem informações/idéias, julgadas pertinentes ao

desenvolvimento do raciocínio previsto no objetivo.

A primeira providência é realizar uma seleção das idéias significativas e

seus detalhes pertinentes. São idéias importantes, candidatas naturais a idéia

principal. Com efeito, no decorrer dos procedimentos de coleta, muitos elementos

são anotados. Deve-se agora estudar estas informações, considerando sempre o

objetivo para o qual foram coletadas. Este estudo visa separar as

idéias/informações julgadas realmente necessárias para a composição do texto

previsto pelo objetivo, separando aquelas idéias/informações semelhantes,

repetidas ou, numa segunda olhada, irrelevantes.

Com o conjunto texto pensado/dados anotados efetivamente “limpo”, deve-

se agora organizar seu aproveitamento. Primeiramente verifica-se se o texto

pensado contém “blocos de assunto”, isto é, se há possibilidade de agrupamentos

maiores de idéias, que possam caber abaixo de um subtítulo comum (lembre-se:

títulos/ subtítulos sempre devem indicar o conteúdo abaixo deles).

O próximo passo é a hierarquização de idéias. Se o texto pensado permite

o estabelecimento de blocos, a hierarquização das idéias é feita em cada um

dos blocos, utilizando-se do título do bloco para nortear a melhor seqüência. Seja

para blocos, seja para o objetivo principal, as idéias a serem escolhidas serão

aquelas que o pesquisador classifique como as mais importantes, entre todas

as que tem pensadas/anotadas. Sugere-se que tenham a seqüência em que

devem aparecer identificada por números ou letras, no todo ou nos blocos

menores.

Resumindo, a redação inicia-se pela seleção das idéias/ informações;

segue-se a organização de blocos de idéias; faz-se a hierarquização das idéias.

30

Agora as informações, escolhidas e seqüenciadas, estão prontas para serem

redigidas.

2.3 Redação inicial do texto

As idéias consideradas importantes, já escolhidas e organizadas serão, no

mínimo, idéias principais de parágrafos. Como já se encontram escolhidas e

hierarquizadas pelo pesquisador, agora é escrevê-las, considerando-as núcleos de

parágrafos.

Inicie-se, então, a redação do primeiro parágrafo do capítulo (ou

divisão/bloco do capítulo). Não se deve perder de vista que um parágrafo compõe-

se de uma idéia principal (quase sempre já e a primeira frase), cujo sentido pode

ser esclarecido/melhorado por idéias secundárias. Escreve-se a primeira idéia

importante, procurando dar à frase a melhor expressão, segundo o objetivo que

se tem. Em seguida, completa-se o parágrafo com todas as idéias secundárias

que se julguem necessárias e suficientes para a tornar a idéia principal clara,

patente. Idéias secundárias explicam, exemplificam, esclarecem, detalham a idéia

principal. Passa-se então à segunda idéia importante, compõe-se o segundo

parágrafo. E assim sucessivamente com todas as idéias importantes

previamente escolhidas e hierarquizadas.

Importante lembrar que todos os dados, classificados na seleção prévia

como menos importantes, podem eventualmente vir a ser utilizados na

composição de idéias secundárias...

2.4 Utilização de citações e notas explicativas no texto

Citação é a transcrição de idéias alheias, reconhecidas e identificadas

(referenciadas) como tal, para dar suporte a um texto próprio. 12

Textos técnico/científicos devem lançar mão de citações referenciadas, por

dois bons motivos. O primeiro é que os textos científicos/acadêmicos citam

regularmente autores de outros textos já publicados. Isto é, autores cujas idéias

foram publicamente expostas, submetidas ao juízo e reconhecimento da

comunidade de leitores e da comunidade científica. Se as idéias permaneceram

seu autor merece menção, como conhecedor do assunto exposto, como

12 Cf. mais detalhes sobre formatos de citações e como referenciá-las em Apresentação gráfica de

textos acadêmicos/ científicos, infra.

31

“autoridade científica”. Segundo, ao citar e referenciar certo autor, faz-se, a um só

tempo, um ato de justiça intelectual (atribui-se a idéia a seu “dono”), e um ato de

honestidade científico/acadêmica ( o autor que cita e referencia reconhece que a

idéia não é sua).

Citações são quase sempre utilizadas como idéias secundárias nos

parágrafos. Ou seja, idéias de outros autores são utilizadas como reforço,

esclarecimento, explicação, para idéias próprias. Por isso, citações raramente

encabeçam parágrafos como idéias principais. “Citações funcionarão como

suporte à construção dos argumentos no corpo do trabalho”. 13

Não há regras que determinem qual é a quantidade adequada de citações

a serem utilizadas em um texto original. Devem-se evitar extremos. Um texto

construído apenas com idéias pessoais de um autor corre o risco de ser

meramente opinativo, um ensaio científico, cuja validade se respaldaria apenas

no notório saber do autor. Careceria de apoio explícito e identificado de outras

autoridades. Por outro lado, o excesso de citações, com pouca ou nenhuma

contribuição pessoal, causa a impressão de colcha de retalhos. É, aliás,

apropriada a indicação de NUNES, ao dizer que

é preciso usá-las com bom senso. Também se deve misturá-las com argumentos

próprios. Não é de boa técnica fazer várias citações seguidas sem uma amarração pessoal intermediária. Nem é adequado apresentar um trabalho com uma

quantidade muito grande de citações e uma pequena contribuição pessoal. A

exceção fica (...) para os textos analíticos/críticos de obras específicas ou de

produção científica de determinado autor. Neste caso são admitidas em maior

número. As poucas citações ou a ausência delas não é característica dos trabalhos

científicos. Nestes, espera-se que a pesquisa bibliográfica feita apareça no trabalho. Admite-se [entretanto], texto com poucas ou nenhuma citação em trabalhos

técnicos, cuja função é orientar a ação do leitor ou textos didáticos que buscam

transmitir conhecimentos diretos com simplicidade, e que demonstrem a

experiência e/ou conhecimento pessoal do autor.14

Evite-se, por fim, apresentar como citação aquilo que é científica ou

academicamente “óbvio”. O óbvio aqui mencionado podem ser verdades

consagradas, patentes, que todos no meio acadêmico ou científico conhecem. Ou,

ao menos, deveriam conhecer. Ao mencionar, por exemplo, a máxima cartesiana

“Cogito, ergo sum.” (Penso, logo existo), em um texto de filosofia, presume-se que

o leitor/filósofo saiba do que/de quem se trata. Não há porque citar e referenciar

13 NUNES, L. A. R. Manual da monografia jurídica: como se faz uma monografia, uma dissertação, uma tese. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 89. 14 Idem. Omitimos duas notas explicativas relativas ao trecho, constantes do texto original.

32

Renè Descartes como “dono da idéia”. Ou, para afirmar que “ excesso de chuvas

em época de colheita de trigo compromete a qualidade dos grãos”, não se precisa

da autoridade de um agrônomo que tenha escrito e publicado a frase, para apoiá-

la. É algo óbvio.

Além de citações referenciadas, cabem no texto científico/acadêmico as

notas explicativas. São ampliações, complementações, explicações, consideradas

importantes porque ajudam a clarear o do texto para o leitor. Porém, se

constassem no corpo do texto, prejudicariam a leitura e o entendimento do texto,

quebrariam a seqüência dos argumentos constantes no texto principal, porque

distrairiam a atenção do leitor. Por esta razão são feitas geralmente no rodapé,

como opção de leitura complementar.

Devem ser utilizadas mais ou menos com o mesmo critério indicado para

as citações. Além disso, evitem-se notas explicativas muito longas. A função das

notas é “limpar” o texto, isto é, retirar do texto conteúdos interessantes, mas

secundários. Se passam a concorrer em extensão com o texto principal,

provavelmente não são tão secundárias. Talvez merecessem, no planejamento do

texto, um lugar como um subtítulo, ou, eventualmente, como apêndice do texto

principal.

2.5 Correção do texto e a redação definitiva

O texto que resulta da atividade anterior deve ser considerado provisório.

Na verdade, o que se fez foi organizar dados de forma original, sem muita

preocupação com o leitor. O texto escrito deve ser corrigido, para que receba uma

redação que efetivamente garanta a expressão das idéias do autor e que possam

ser captadas pelo leitor com relativa facilidade.

A primeira correção é a correção vertical. Isto é, examina-se o texto

produzido para verificar se a seqüência lógica originalmente dada às idéias

principais é, de fato, a melhor possível. Pois, embora o conjunto das idéias

importantes tivesse sido previamente hierarquizado, pode acontecer que, após a

montagem dos parágrafos, isto é, após aquelas idéias terem sido compostas com

idéias secundárias, a seqüência melhor seja outra. Altere-se, então, a seqüência

original de parágrafos.

33

O mesmo cuidado deve-se manter no interior de cada parágrafo. Pode-se

mudar à vontade a posição das idéias secundárias. Sugere-se, entretanto, que a

idéia principal seja mantida nas extremidades dos parágrafos, iniciando (quase

sempre) ou finalizando parágrafos (eventualmente).

A segunda correção é a correção horizontal do texto, que considerará os

aspectos morfológicos e sintáticos da redação.

A correção morfológica visa a adequação dos termos utilizados aos dados

que se quer comunicar. Ou seja, deve-se verificar se o que se quis transmitir está

realmente expresso com as palavras mais adequadas. Importante ressaltar que,

diferentemente do texto falado, o autor do texto escrito não está disponível diante

do leitor para eventuais esclarecimentos. Logo, a comunicação deve ser clara,

permitindo entendimento ao primeiro contato. Por exemplo, “junta” e

“articulação” são termos que podem designar o mesmo fato. Para o texto “X”, qual

é o melhor?

A correção sintática visa a correta articulação das informações, dos

elementos sintáticos das frases. Cuida, também, da correta articulação

gramatical entre as várias frases que eventualmente componham um parágrafo.

Atente-se, a princípio , para o acerto de elementos sintáticos como concordância

verbal, concordância nominal, utilização correta de pronomes, utilização

adequada de tempos verbais entre frases do mesmo período, uso de voz passiva e

ativa dos verbos, extensão das frases (frases curtas são melhores), etc.

É comum, especialmente no meio acadêmico, “pagar” alguém para “corrigir

o português.” É notório que a maioria de nós tem dificuldades quanto à utilização

correta da língua portuguesa, o que freqüentemente nos obriga a solicitar ajuda.

Sugere-se, entretanto, que esta situação seja encarada como um desafio. Corrigir

o próprio texto (mesmo que, posteriormente, se necessário, seja solicitada ajuda

especializada) é uma oportunidade para descobrir, e eventualmente superar, esta

deficiência. Na pior das hipóteses, o trabalho de correção horizontal deveria ser

feito em conjunto, para que o autor tenha oportunidade de melhorar o que

conhece ...

Por último, mas não menos importante, a correção ortográfica do texto

(grafia e acentuação de palavras, pontuação) é, já, presumida.

34

3 Apresentação gráfica: normas para a apresentação gráfica de trabalhos

científicos/acadêmicos (conforme NBR 14724: 2005)

Para o desenvolvimento da pesquisa/investigação científica, sugerem-se

três processos distintos, embora interligados: o planejamento, que preenche as

necessidades intelectuais de delimitação do tema, geração de hipótese(s), criação

de objetivos (os raciocínios a serem desenvolvidos)e também permite a montagem

do projeto para que um terceiro entenda o plano de trabalho. A partir do

planejamento, inicia-se o processo de execução da atividade intelectual. A

primeira atividade é a coleta de dados, que oferece a oportunidade de juntar as

informações necessárias ao desenvolvimento dos raciocínios previstos nos

objetivos, o que deve gerar o “texto pensado”. As idéias resultantes passam pela

segunda atividade da execução, a redação. Idéias são selecionadas, ordenadas e

redigidas, produzindo um texto técnico escrito.

O próximo passo é oferecer os resultados escritos a um leitor. É disto que

trata a apresentação gráfica de trabalhos científicos. A apresentação gráfica

consiste na organização e digitação/datilografia do texto, nos padrões acadêmicos

e científicos requeridos, conforme especificações normativas da ABNT (Associação

Brasileira de Normas Técnicas).

3.1 As sete partes essenciais do trabalho acadêmico

Capa

Folha de rosto

Sumário

Introdução

(desenvolvimento)

Conclusão

Referências

33..22 AAssppeeccttooss ggrrááffiiccooss eemm ggeerraall

- Formato do papel : A4 (210mm X 297mm), só de um lado(cada folha uma

página).

35

- Tipos gráficos/fontes: Arial, Times New Roman (ou similares), tamanho 12. (10

a 14 são aceitáveis).

- Espacejamento: espaço 1,5. (para nota de grau acadêmico na folha de rosto,

notas de rodapé, resumos, referências (entre as linhas da mesma referência), usar

espaço simples (1). )

- Margem superior: 3cm; margem esquerda: 3cm; margem inferior: 2,0 cm;

margem direita: 2cm. (a partir das bordas da folha).

- Paginação: em algarismos arábicos, no canto superior direito da página.( as

páginas são contadas a partir da folha de rosto (inclusive), mas só começam a ser

numeradas a partir da primeira página da Introdução).

- Encadernação: basta um grampo em diagonal, no canto superior esquerdo,

para manter as folhas juntas e em seqüência. Ou a encadernação com espiral e

capa transparente (elementos de capa devem estar aparentes).

3.3 Desenvolvimento ou corpo dos trabalhos

3.3.1 Divisões do texto

- parágrafo deve ser adentrado, isto é, a primeira linha deve estar recuada da

margem esquerda aproximadamente 1,5cm. O espaçamento entre parágrafos é o

mesmo que se utiliza entre as demais linhas do texto (espaço duplo).

- títulos e subtítulos dos elementos textuais devem estar numerados com

indicativos de seqüência e pertença de idéias.

Por exemplo:

4 As fases da pesquisa científica.

4.1 O pré-projeto.

4.1.1 Escolha de tema

- títulos de materiais pré-textuais e pós-textuais são centralizados e sem

numeração. - no título dos capítulos (ou divisões primárias) utilizam-se maiúsculas. No

título dos itens começa-se apenas com a primeira letra em maiúscula e as demais em minúsculas. (exceto, é claro, das palavras que devem iniciar em maiúsculas).

- e houver uma segunda e terceira subdivisão, os títulos poderão ter tipos e

tamanhos diferentes. Mantenha-se, porém, uniformidade na escolha. Se a escolha foi de utilizar itálico-negrito em divisões de dois algarismos (1.2),

mantenha-se o mesmo para 1.3, bem como para 2.3; para 3.2, etc, dos outros capítulos.

36

- posição dos títulos e subtítulos: títulos de capítulos ou das partes de um

relatório sempre se iniciam em nova folha. São posicionados na margem esquerda (3cm da borda esquerda da folha), iniciando-se pela identificação numérica,

quando couber. - títulos de partes de capítulo (subtítulos): seguem a mesma margem esquerda

(3 cm da borda da folha). Entre os títulos e o texto que os antecede ou sucede,

deixam-se dois espaços duplos. - alíneas são explicações/divisões enumerativas para um dos períodos de um

parágrafo. Por isso, o texto anterior ao início da alínea finaliza em dois pontos. Inicia-se a alínea no recuo de parágrafo, com letras minúsculas (exceto nomes

próprios), ordenadas por letras minúsculas e o sinal de fechamento de parênteses ( a) ). As outras linhas iniciam-se sob a primeira letra da primeira linha e

encerram-se com ponto e vírgula, exceto a última, que recebe ponto. O

espacejamento é o normal do texto. - incisos ou subalíneas são eventuais explicações/divisões dentro de alíneas.

Seguem o mesmo padrão gráfico das alíneas ( o texto anterior termina em dois pontos, os incisos terminam com ponto e vírgula, exceto o último, iniciam com

letra minúscula), exceto que são iniciados por hífen, grafado sob a primeira letra do texto da alínea correspondente.

3.3.2 Citações

Citação é a inclusão no texto de informações extraídas de outras fontes.

Podem ser citações curtas (até 3 linhas) ou longas (acima de 3 linhas), diretas

ou indiretas.

Citações curtas entram no alinhamento normal do texto, como parte de

um parágrafo, entre aspas.

Exemplo de citação curta:

... a Filosofia, compõe-se do conjunto organizado de sugestões a

respeito de como “ enxergar uma palmo diante do próprio nariz, o que não é tão

fácil nem tão inútil como muitos pensam”.

Citações longas devem ser destacadas do parágrafo (3 espaços simples

dos parágrafos anterior e posterior), adentradas (mais ou menos 2,5cm da

margem esquerda), sem recuo de parágrafo (mesmo que no original o seja),

digitada em espaço simples e, se possível, com tipo menor. Se o texto já

apresentar aspas, ao ser citado, elas transformam-se em aspas simples.

Exemplo de citação longa:

... Pesquisar é o exercício intencional da pura atividade intelectual, visando

melhorar as condições práticas de existência. PINTO explica que

37

a prática, que é critério para a proposição de finalidades e para a verificação de

verdades, não é cega, mecânica ou ocasional. Ao contrário, guia-se pela soma de

toda a experiência anterior do indivíduo e da humanidade, esta última absorvida na

forma de herança cultural. A pesquisa científica não constitui uma atividade

acidental de procedimento humano, mas uma forma de ação que lhe é natural, porque realiza uma exigência de sua essência, a de se aperfeiçoar, a de progredir no

desenvolvimento de sua humanização, jungindo as forças cegas da natureza aos

seus desígnios conscientes.

Citação direta é a transcrição literal de um texto ou parte do texto de um

autor, que conserva grafia, pontuação e língua originais.

Citação indireta é um texto redigido pelo autor do trabalho, mas que

mantém fielmente a(s) idéia(s) original(is) de outro(s) autor(es). A citação indireta

pode ser uma condensação ou uma paráfrase.

- condensação é uma síntese ou resumo de um texto maior, sem alterar a idéia

original do autor, para ser utilizada em um trabalho. É escrita sem aspas, com o mesmo espaçamento e tipo de letra utilizadas no texto onde está sendo utilizada.

- paráfrase é a recomposição de um texto, onde se expressa a idéia de outrem, porém com palavras próprias. Deve manter aproximadamente as mesmas

dimensões físicas do original. É escrita sem aspas, com o mesmo espaçamento e tipo de letra utilizadas no texto onde está sendo inserida.

Em citações diretas podem ocorrer omissões, interpolações, incorreções e

incoerências, dúvidas, ou pode-se ainda querer dar ênfase ou destaque a algum trecho, bem como fazer citações em rodapé. Omissões são cortes de trechos do

texto citado, desde que não comprometam o sentido original. Se são feitas no início da citação, coloca-se reticências antes do texto. Se ao final, fecha-se o texto

com reticências. Se no meio do texto, reticências entre parênteses. Interpolações são acréscimos feitos a uma citação, na forma de explicações ou comentários

pessoais, para esclarecê-la ou apontar posições especiais do autor. Aparecem na citação entre colchetes ( [ x ] ). Se qualquer palavra ou frase da citação suscitar

dúvida, insere-se um ponto de interrogação entre colchetes ( [ ? ] )logo após

o elemento que parece duvidoso. Se algum elemento do texto citado causa espanto, perplexidade, admiração, ou apenas se queira dar-lhe ênfase ou

destaque, insere-se ali um ponto de exclamação entre colchetes ( [ ! ] ). Se quiser destacar palavras de uma citação, deve-se colocá-las em negrito, seguida de uma

das expressões [sem grifo no original], ou [grifo nosso], ou ainda, [grifo meu]. Incorreções (erros gráficos) ou incoerências (erros lógicos) podem ser detectados

nos textos alheios. Não se deve corrigi-los na citação. Após o elemento incorreto

ou incoerente insere-se a expressão latina sic ( “assim mesmo”), entre colchetes ( [ sic ] ). Citações que devam aparecer em rodapé, seguem o padrão de citações

curtas dos textos, isto é, são colocadas entre aspas, como parte do texto, independente de sua extensão

38

3.3.3 Referências para citações

As citações curtas ou longas, diretas ou indiretas devem ser referenciadas,

isto é, devem constar no texto a fonte de onde foi extraída. Há dois sistemas para

referenciar bibliográfica: o sistema autor-data e o sistema numérico (com as

referências anotadas no rodapé ou como notas de referência em página

separada). Apenas um deles deve ser utilizado no mesmo documento. O sistema

autor data é normalmente preferido.

3.3.3.1 Referências para citações no SISTEMA AUTOR/DATA

Após o trecho citado, nos formatos já mencionados, escreve-se: o nome do

autor em maiúsculas (normalmente, só o sobrenome, exceto nos casos de

homonímia (nomes iguais)), o ano da publicação, e a(s) página(s) referenciada(s).

O ano é separado do autor por vírgula. A(s) página(s) é(são) separada(s) do ano

por vírgula e precedida(s) por [ p. ].

Por exemplo: “A educação autêntica, repitamos, não se faz de „A‟ para „B‟

ou de „A‟ sobre „B‟, mas de „A‟ com „B‟, mediatizados pelo mundo”. (FREIRE,

1970, p. 98).

A referência completa para a obra citada deverá constar nas Referências,

ao final da obra. Ao utilizar o sistema autor/data, as notas explicativas

continuarão a aparecer normalmente no rodapé, como no sistema numérico.

Se o autor já foi mencionado no texto, a data e as páginas entram entre

parênteses após o nome. Por exemplo: Segundo Paulo FREIRE (1970, p. 98), “a

educação autêntica, repitamos, não se faz de „A‟ para „B‟ ou de „A‟ sobre „B‟, mas

de „A‟ com „B‟, mediatizados pelo mundo”

Se houver mais de uma obra do mesmo autor, no mesmo ano, citadas

no mesmo trabalho, elas serão identificadas, tanto na citação quanto e na

referência, por letras após o ano.

Por exemplo:

No texto: (SANTOS, 1997a, p. 25) (SANTOS, 1997b, p.89).

Nas Referências finais:

SANTOS, Antonio Raimundo dos. Repensando a filosofia: prólogo do comentário

de Guilherme de Ockham às Sentenças, Questão 1a.. Porto Alegre: EDIPUCRS,

1997a. (Coleção Filosofia, 59)

39

SANTOS, Antonio Raimundo dos. Ética: caminhos da realização humana. São Paulo: Editora Ave Maria, 1997b.

ALGUMAS PARTICULARIDADES DO SISTEMA AUTOR/DATA

a) autor entidade é apresentado:

- pelo nome da entidade escrita em maiúsculas, por extenso. Por exemplo: (PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ. Conselho Superior de

Ensino e Pesquisa, 1993, p. 10). - pela sigla, em maiúsculas, se é conhecida. Por exemplo: (PUCPR. Conselho

Superior de Ensino e Pesquisa, 1993, p. 10).

- pela jurisdição, em maiúsculas, caso se trate de órgãos do poder público. Por exemplo: (BRASIL. Ministério da Agricultura, 1971, p. 11); (PARANÁ.

Secretaria de Cultura e Esportes, 1997, p. 26); (CURITIBA. Secretaria da Educação, 1999, p. 31).

b) dois autores: - se apresentados na forma textual, os dois sobrenomes em maiúsculas,

separados por “e”. Por exemplo: OLIVEIRA e SANTOS (2000, p. 24)

- se apresentados após o texto, os dois sobrenomes em maiúsculas, separados por ponto e vírgula. Por exemplo: (OLIVEIRA; SANTOS, 2000, p. 24).15

c) três autores: - quando apresentados na forma textual, todos são indicados, separados por

vírgula e “e”. Por exemplo: OLIVEIRA, PEREIRA e SANTOS (2001, p. 33) - quando apresentados após o texto citado, todos são indicados, separados

por ponto e vírgula. Por exemplo: ... (OLIVEIRA; PEREIRA; SANTOS, 2001, p. 33).

d) mais de três autores:

- são indicados pelo nome do primeiro autor, seguido pela expressão latina et alii ( e outros), abreviada ( et. al. ). Por exemplo: CORDI et al. (1994, p. 88) ou

( CORDI et al., 1994, p. 88). e) documentos anônimos:

- são indicados pelo título. Na forma textual, vai em itálico, apenas com iniciais em maiúsculas. No parênteses, tem a primeira palavra grafada em

maiúsculas. Exemplos: No suplemento Ética no Shopping (2001, p. 06), ;

(ÉTICA no shopping, 2001, p. 06). f) eventos científicos:

- quando apresentados no texto, escreve-se o nome completo, com iniciais maiúsculas. Por exemplo: No International Symposium on Knowledge Management and Document Management, realizado em Curitiba, em 1999 ...

ou ... (INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON KNOWLEDGE MANAGEMENT AND DOCUMENT MANAGEMENT, 1999).

g) nas citações da Bíblia e Apócrifos, os nomes dos livros são mencionados sem aspas ou grifos, seguidos da indicação de capítulo e versículos, em

algarismos arábicos. O capítulo é separado do(s) versículo(s) por dois pontos.

15 Caso se tenha dois ou três autores com o mesmo sobrenome, deve-se acrescentar as iniciais dos

nomes após o sobrenome, para diferenciá-los.

40

Entre versículos utiliza-se hífen, sem espaços. Por exemplo: Diz a Bíblia

(Gênesis, 3:7-10) que ... ou ... (BÍBLIA, A. T.. Gênesis, 3:7-10). h) para citações extraídas da Internet, deve-se seguir os mesmo padrões acima.

Considere-se que Internet não é autor, não é órgão público, não é entidade produtora de informações. É um veículo de informações. Por isso, a

referenciação para o que de lá é extraído é a mesma utilizada em outros

materiais.

3.3.3.2 Referência para citações no SISTEMA NUMÉRICO

No sistema numérico as citações (diretas ou indiretas, longas ou curtas)

recebem numeração em ordem crescente (para o texto todo ou por partes), com

números indicados entre parênteses, colchetes ou sobrescritos, colocados logo

após a pontuação que fecha a citação. Os mesmo números identificarão as

referências, que estarão ou no rodapé da página ou listadas em página separada

ao final do capítulo ou do texto.

Tanto para as referências de rodapé quanto para as referências em página

separada, atente-se para que contenham os elementos essenciais de

identificação: autor, título e imprenta.

A primeira palavra de identificação da autoria é grafada em MAIÚSCULAS

(garrafais). O título deve ser ressaltado por negrito, itálico ou sublinha (deve-se

utilizar um só formato ao longo do mesmo texto). Imprenta inclui local (cidade),

editora, ano de publicação e páginas utilizadas. Se a referência for a respeito de

mais de uma página, pode-se indicá-las de forma específica ( p. 5-8 ), ou de forma

seqüencial (p. 5ss., isto é, página 5 e seguintes). Se são páginas intercaladas,

devem ser separadas por vírgulas (p. 5, 8, 22). 16

No rodapé, as referências iniciam-se com o indicativo numérico

correspondente, separado do texto da nota por um espaço. São escritas com

letras e espacejamentos menores do que o do texto. A segunda linha e as

seguintes iniciam na margem esquerda do texto. Se porventura existirem duas

referências seguidas, entre elas mantém-se o espaço duplo.

Por exemplo, observe-se a nota de rodapé desta citação a este texto:

16 Adiante, no item REFERÊNCIAS, encontram-se as instruções de como fazer a identificação

completa de obras. No sistema numérico as obras são identificadas/referenciadas pelo mesmo

padrão.

41

Pesquisar é o exercício intencional da pura atividade intelectual, visando

melhorar as condições práticas de existência. Pinto explica que

a prática, que é critério para a proposição de finalidades e para a

verificação de verdades, não é cega, mecânica ou ocasional. Ao

contrário, guia-se pela soma de toda a experiência anterior do

indivíduo e da humanidade, esta última absorvida na forma de

herança cultural. 17

Em página separada, as referências iniciam com a identificação numérica,

na margem esquerda, com um espaço entre o número e o texto. A segunda linha

e as seguintes iniciam embaixo do número, em espaços simples. Entre uma

referência e outra, volta-se ao espaço duplo.

Paráfrases e condensações, embora não estejam entre aspas, por não

serem literais, devem ser referenciadas normalmente. E, por clareza, até mesmo

explicadas. Por exemplo, no livro Ética: caminhos da realização humana, na

página 38 encontra-se a nota 16, que diz: “Utilizamos aqui o texto de

HILDEBRAND, Dietrich von., Atitudes Éticas Fundamentais. Coleção Círculo de

Leitura, n. 30. São Paulo: Quadrante, 1988.” O autor está a indicar que o texto

foi parafraseado, isto é, as idéias essenciais que o livro traz, neste pedaço, não

são próprias, mas idéias refraseadas pelo autor, a partir do texto de von

Hildebrand.

ALGUMAS PARTICULARIDADES DO SISTEMA NUMÉRICO

A referência da primeira citação de certa obra aparece completa no rodapé ou em página separada. As seguintes podem ser indicadas de maneira abreviada.

Neste caso, é comum recorrer-se a termos referenciais latinos, para algumas situações específicas:

a) para a referência de citação do mesmo autor, mesmo documento e mesma

página da citação imediatamente anterior, escreve-se apenas o termo Ibid. ou Ibidem (= na mesma obra ), sem indicação de páginas;

b) para a referência de citação do mesmo autor, mesmo documento e páginas diferentes, escreve-se Ibid. ou Ibidem, seguido da(s) página(s).

Por exemplo: Ibid., p.112; c) para a referência de citação extraída da mesma página de obra já citada, mas

com intercalação de outras referências, escreve-se loc. cit. ou loco citatum (= no lugar citado).

Por exemplo: SANTOS, loc. cit.

17 PINTO, Álvaro Vieira. Ciência e existência: problemas filosóficos da pesquisa científica. São Paulo:

Paz e Terra, 1979. p. 423.

42

d) para a referência de citação do mesmo autor, mesmo documento, mas de

página diferente, quando separadas por outra(s) referência(s), utiliza-se op. cit. (opere citato = na obra citada ).

Por exemplo: SANTOS, op.cit., p. 25.

e) para a referência de uma citação de segunda mão (citação de citação), menciona-se primeiro o autor da citação. Depois os dados completos da obra

diretamente citada, ligados por apud. Por exemplo:

HEGENBERG apud BASTOS, Cleverson Leite; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. Petrópolis:

Vozes, 1987. p.82.

f) para a referência de um conjunto de idéias retiradas “aqui e ali”, no decorrer de um trecho de certa obra, mencionam-se a página inicial e final, seguidas de

passim (= aqui e ali). Por exemplo: SANTOS, op. cit. p. 25-54 passim.

g) se o autor ou a obra já estiverem mencionados no corpo do texto, para a entrada da citação, não devem ser repetidos na referência. Por exemplo, se o texto

a seguir tivesse sido apresentado assim:

... Pesquisar é o exercício intencional da pura atividade intelectual, visando melhorar as condições práticas de existência. Pinto, na obra Ciência e Existência: problemas filosóficos da pesquisa científica, explica que

a prática, que é critério para a proposição de finalidades e para a

verificação de verdades, não é cega, mecânica ou ocasional. Ao contrário, guia-se pela soma de toda a experiência anterior do indivíduo e da

humanidade, esta última absorvida na forma de herança cultural. 18

sua referência correta seria apenas p. 426-427, como abaixo.

h) as referências podem ser ainda internas. Isto é, o autor deseja comparar ou

cotejar esta parte do texto com outra qualquer do mesmo texto. A nota é feita então com expressões como “Ver a respeito o item “X”, supra.” (se o trecho

indicado estiver atrás), “Ver a respeito o item “Y”, infra.” (se o trecho estiver adiante). Se a comparação ou cotejamento é com outra obra, usa-se a expressão

“Confira”, ou “Cf.”, seguidos da referência necessária.

i) importante saber que notas explicativas não entram na relação numérica. São chamadas no texto por asteriscos sobrescritos (ou alceados) e marcados no

rodapé ou na lista de referências com o mesmo sinal.

3.4 Conclusão dos textos

Dois elementos são essenciais para a montagem da conclusão: síntese dos

principais idéias; parágrafo conclusivo ( ou conclusão propriamente dita). As

principais idéias deverão ser sintetizadas a partir dos capítulos. Isto é, recolhem-

se as idéias mais importantes desenvolvidas em cada capítulo e, com elas,

18 p. 426-427.

43

montam-se parágrafos. Normalmente, cada capítulo gera um parágrafo de

conclusão. O parágrafo conclusivo é o fechamento do texto propriamente dito. É

naturalmente iniciado por expressões do tipo “Diante disto, conclui-se que ...”,

“Tendo em vista o acima exposto, conclui-se que ...”, “Considerando as idéias

acima, conclui-se que ...” Faz-se então o fechamento, a conclusão, em função do

objetivo geral da investigação que se desenvolveu e que foi proposto lá atrás, no

projeto. Por exemplo, suponha o seguinte objetivo geral e específicos de certo

trabalho:

objetivo geral: provar que limão cura resfriado.

objetivos específicos:

1 identificar os componentes químicos do limão.

2 analisar o vírus do resfriado.

3 analisar as reações do vírus do resfriado ao limão.

Os capítulos deste texto foram escritos em torno dos objetivos específicos,

que são aspectos componentes do objetivo geral. Os dados que foram coletados,

os raciocínios que puderam ser feitos é que determinaram se o objetivo geral foi

atingido, ou quanto dele se pode atingir. Neste caso, a conclusão poderia ser:

“Examinados estes dados, conclui-se que o limão, de fato, cura resfriado.”; ou,

“Tendo em vista o acima exposto, conclui-se que o limão não cura resfriados.”;

ou, ainda, “Considerados os dados acima, conclui-se que o limão cura resfriado,

em casos como X,Y, e Z. Em casos como A,B e C, porém, apresenta eficácia

reduzida.”; etc.

3.5 Introdução dos textos

Introduzir um texto é oferecer ao leitor um panorama geral a respeito

daquilo que encontrará durante a leitura 19. Uma boa introdução deve conter

alguns elementos básicos, que porém, não se constituirão em subtítulos.

19 Não se deve confundir introdução (ou prólogo) com prefácio ou apresentação, geralmente encontrados em livros. Introduções e prólogos são, normalmente, escritos pelo mesmo autor do

texto que se lerá, e tem finalidade intelectual. Prefácios e apresentações são, normalmente, escritos

por um terceiro, quase sempre mais conhecido/respeitado na comunidade a que se destina a obra,

e cumpre função basicamente “comercial”.

44

Inicia-se com um relato a respeito da importância e abrangência do tema.

Ressalte-se primeiro para o leitor a área de interesse humano para a qual o

trabalho contribui. Um texto final de pesquisa deve ter relevância científica ou

social. Ou seja, o autor deve deixar claro qual é o “status” de seu assunto, que

falta ele faria, ou, em que ele ajuda a “segurar” uma ciência; também para que

ou quem ele serve no meio social, que falta ele faria às pessoas caso não existisse.

Na seqüência, deve-se mencionar eventos (sociais, científicos, acadêmicos)

desenvolvidos, em desenvolvimento ou, mesmo, a serem desenvolvidos,

que guardem qualquer relação com o tema investigado, e que, afinal, demonstrem

a importância que se disse ter o assunto. Comumente, a menção de publicações

(livros, periódicos, etc.) que, de alguma forma, demonstraram interesse pela

mesma temática, e que tipo de interesse foi demonstrado, já é o bastante. Isto

situa o leitor quanto ao “status” científico do tema, o estado da arte.

Apresenta-se, agora, ao leitor, os objetivos iniciais da pesquisa. Primeiro, o

objetivo geral, que quase sempre é apresentado abrindo um parágrafo, assim: “O

presente trabalho pretende ...” + objetivo geral. Por exemplo: “ O presente trabalho

pretende provar que limão é eficaz no combate a resfriados.”

Apresentam-se em seguida os objetivos específicos, porém, já com o

nome de capítulos (ou partes), que é no que foram transformados. Por exemplo:

“No primeiro capítulo se identificará a composição química do limão. O segundo

capítulo irá analisar o vírus do resfriado. O terceiro capítulo tratará de analisar

as reações do vírus do resfriado em presença do limão.”

Finalmente, evitam-se quaisquer comentários pessoais a respeito das

“agruras” encontradas no decorrer do trabalho. E, principalmente, jamais se

adiantam quaisquer conclusões.

3.6 Referências 20

Referências é a relação das fontes efetivamente consultadas no decorrer da

investigação científica. Consta da apresentação identificada de documentos

20

Cf. APÊNDICE F - Normas para a referência de documentos. Ali se encontram MODELOS

para a referência de todos os documentos utilizáveis.

45

impressos e registrados (livros, periódicos, materiais cartográficos, gravações

sonoras, gravações de vídeo, etc.), bem como de documentos eletrônicos

(disquetes, CD-ROM, discos rígidos, e-mail etc.), acessados por protocolos como

http (hypertext transfer protocol) www (world wide web) ftp (file transfer protocol)

e outros. É um dos elementos que devem obrigatoriamente constar ao final dos

textos acadêmicos/científicos.

Devem-se utilizar os mesmos tipos e corpos utilizados no restante do

texto. É importante que se mantenha a uniformidade, de modo que o leitor

entenda o padrão utilizado. Duas situações especiais: deve-se utilizar caixa-alta

(MAIÚSCULAS) na palavra de entrada da obra (nome do(s) autor(es), ou outro

termo que irá iniciar a identificação da obra. Grifo ( negrito, itálico, sublinha) deve

ser utilizado no título da obra. Se for parte de uma obra, reserva-se o grifo para o

título da obra maior, cuja parte se está referenciando. Por exemplo, vai grifado o

título do livro, e não o do capítulo utilizado ( que irá entre aspas); ou o nome do

jornal, da revista, e não o título do artigo (que irá entre aspas).

Por exemplo:

SANTOS, A. R. dos. “Conhecer ou não conhecer: eis a diferença.” In: CORDI, C. et alii. Para Filosofar. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1994.

SILVA, J. da. “Receita Federal aperta o contribuinte”. Gazeta da Manhã. Rio

Branco, 30 - abr- 1998.

- As obras são listadas por ordem alfabética das palavras de entrada,

normalmente os nomes de autores, pessoas físicas ou jurídicas.

- Se houver duas ou mais obras do mesmo autor, não é necessário repetir o

nome. Na posição, ao invés, faz-se apenas um traço horizontal de seis toques.

Por exemplo:

SANTOS, A. R. dos. Ética: caminhos da realização humana. (etc.).

_____________ Repensando a Filosofia. Prólogo ao Comentário de Ockham às

Sentenças ...(etc.)

46

3.7 Capa

A capa é responsável pelo impacto visual inicial dos trabalhos. É também

um elemento informativo importante. Pode conter (é um elemento opcional) a

instituição tuteladora (do órgão superior para o inferior) e o curso onde se

inscreve o trabalho apresentado, com primeira linha iniciando a partir da

margem superior. Segue-se a o(s) nome(s) do(s) autor(es), o título do texto no

centro (inicia na 13a. linha a partir da margem superior), negritado e sem divisões

silábicas; e, a terminar na margem inferior, ocupando a penúltima e a última

linhas, a cidade e ano, negritados e sem pontuações. Não se deve “enfeitar”

capas.

3.8 Folha de rosto

É a folha que vem logo após a capa, e adiciona informações a respeito do

trabalho. Deve conter os seguintes elementos. Na margem superior,

centralizado(s) e negritado(s), o(s) nome(s) do(s) autor(es). Ao centro, o título,

como na capa. Na margem inferior, local e data, como na capa. Abaixo do título,

centrado, em espaços simples, redige-se a nota de grau acadêmico, que deve

indicar a natureza acadêmica do trabalho (tese, dissertação, relatório, monografia

etc), a quem é apresentado (à Coordenação do curso X, ao Departamento Y, à

disciplina Z, etc.), para que foi feito (como exigência parcial para o grau de

Mestre, como avaliação do 3o. bimestre, etc.). O nome do orientador vai grafado

logo abaixo, pulando uma linha, nas mesmas margens, negritado.

3.9 Sumário

Sumário é a apresentação das principais divisões do trabalho, com a

indicação das respectivas páginas. É importante lembrar que a função primária

desta parte é indicar para o leitor e esquema lógico do texto, e, secundariamente,

indicar páginas.

Com exceção do título (SUMÁRIO), que vai em maiúsculas, negrito e

centralizado, todos os elementos são alinhados à esquerda, inclusive introdução e

conclusão, iniciando-se os elementos textuais pelo indicativo numérico de

seqüência e pertença. Entram então os elementos pós-textuais que constarem no

texto.

47

As margens e as entrelinhas devem ser os mesmos do texto. Pode-se,

porém, para efeito sinóptico ou prático, diminuir espaços e tamanho das letras.

3.10 Outros elementos que podem constar nos trabalhos

científicos/acadêmicos 21

Capa

Lombada

Folha de rosto

Errata

Folha de aprovação

Dedicatória

Agradecimentos

Epígrafe

Resumo na língua vernácula

Resumo em língua estrangeira

Lista de ilustrações

Lista de tabelas

Lista de abreviaturas e siglas

Lista de símbolos

Sumário

Introdução

(desenvolvimento)

Conclusão

Referências

Glossário

Apêndice(s)

Anexo(s)

Índice(s)

A lombada é um elemento opcional, geralmente exigida em teses e

dissertações. As informações devem ser impressas conforme NBR 12225:1992.

21 Alguns elementos complementares são obrigatórios em dissertações e teses (folha de avaliação,

resumos em língua vernácula e estrangeira).

48

Consta o nome do autor, título do trabalho e, se houver, identificação de volume (

ex.: v. 2 ). Os elementos são dispostos longitudinalmente, naquela ordem, do alto

para o pé da lombada.

Errata é opcional que deve ser inserido (ou encartado) logo após a folha de

rosto. Contém a referência do trabalho (identificação de autor, título etc) e os

elementos são assim dispostos:

ERRATA

Folha Linha Onde se lê Leia-se

46 15 confere confira

98 02 anverso verso (etc.)

A folha de aprovação é onde constará o termo de aprovação e a assinatura

da banca examinadora. É dispensável, exceto por solicitação explícita, nos

trabalhos de graduação. É exigida em todos os trabalhos de pós-graduação.

Constam o autor, o título, o termo de aprovação, a identificação dos membros da

banca examinadora, o local e a data. (confira modelo adiante)

Dedicatória é um texto livre, onde o autor homenageia alguém dedicando-

lhe o trabalho.

Agradecimentos são feitos em folha(s) distinta(s), a quem se queira fazê-

los.

Epígrafe é uma máxima, um pensamento, que tenha alguma relação com

o texto. Pode figurar também na abertura de cada um dos capítulos.

Resumo (em língua vernácula e em língua estrangeira) é a apresentação

concisa do texto, onde se destacam os elementos de maior importância. É uma

parte extremamente útil para o leitor, que pode rapidamente tomar conhecimento

do conteúdo principal da obra. É dispensado na maioria dos trabalhos de

graduação. Porém, é exigido nos trabalhos de pós-graduação. Em dissertações e

teses são, inclusive, exigidos em mais uma ou duas línguas estrangeiras

modernas, além da língua portuguesa. O texto é redigido em uma só página, em

espaços simples, em parágrafo único e não deve exceder 500 palavras. Ao final,

devem constar as palavras representativas do conteúdo do trabalho, isto é,

palavras-chave e /ou descritores, conforme a NBR 6028:1990. (Nota: em língua

49

estrangeira, usam-se os mesmos elementos, porém traduzidos para a língua

utilizada, inclusive o título (Abstract, Resumen, Résumé etc.).

Lista de ilustrações, semelhante ao sumário, deve ser elaborada

conforme a ordem apresentada do texto, com cada item designado por seu nome

específico, acompanhado por seu respectivo número de página. Quando

necessário, recomenda-se a elaboração de lista própria para cada tipo de

ilustração (desenhos, esquemas, fluxogramas, fotografias, gráficos, mapas,

organogramas, plantas, quadros, retratos e outros). Segue-se a mesma orientação

para lista de tabelas.

Lista de abreviaturas, de siglas e de símbolos são úteis para o leitor,

além de facilitar o trabalho de composição do autor. Aconselha-se que sejam

feitas, em casos onde haja volume considerável destes elementos, ou a repetição

constante de alguns deles. São apresentados os elementos seguidos da

explicação.

Glossário é a listagem alfabética, com explicações, de terminologia

específica utilizada no texto. É útil para evitar mal entendimento de termos e

expressões utilizadas pelo autor.

Apêndice(s) são textos ou documentos elaborados pelo autor, a fim de

complementar seus raciocínios, sem prejuízo da unidade do texto básico. São, por

isso, dispostos como parte pós-textual. São identificados por letras maiúsculas,

travessão e pelos respectivos títulos. (Ex. APÊNDICE A – “Questionário de coleta

de dados do capítulo II).

Anexo(s) são textos ou documentos de qualquer natureza, não elaborados

pelo autor, mas que ajudam a ilustrar, comprovar ou fundamentar elementos do

trabalho. Sua identificação segue a mesma orientação dos apêndices. (Ex. ANEXO

A – “O veículo antes e depois do sinistro”.) (Nota: caso a listagem de apêndice(s)

e/ou anexo(s) esgote as 23 letras do alfabeto, prossegue-se com maiúsculas

dobradas. (Ex. ANEXO AA – “...”).

Índice(s) são listas de palavras ou frases, organizadas segundo certo

critério, que localiza e remete para as informações contidas no texto. São

elaborados conforme a NBR 6034:1989.

Todos estes elementos opcionais devem seguir o padrão de fonte, margens

e espacejamento utilizados no decorrer do trabalho.

50

CONCLUSÃO

A aquisição de competências metodológicas é um processo progressivo.

Trata-se, portanto, mais de um desafio cultural do que de uma dificuldade

técnica. A construção de uma matriz de avaliação profissional, por meio da

utilização de portfólios de desempenho acadêmico, é um caminho seguro para

que se aprenda a identificar, raciocinar e encaminhar um problema científico

(desafio intelectual), percebido na experiência empresarial (história/caso), de

maneira sistemática, metódica e original. É o que sugerem as metodologias de

produção de ciência.

O resultado deste esforço intelectual é concretizado em um texto escrito. A

presentação oral que se segue representa mais um esforço de síntese, além do

treinamento da comunicação em outra modalidade.

Metodologia científica é o estudo e desenvolvimento de ferramentas que

facilitem a produção e apresentação de conhecimentos. Ocupa-se tanto do

processo lógico (a construção de conhecimentos), quanto do processo gráfico (a

apresentação escrita dos processos e resultados). Consta de três fases básicas:

planejamento, execução e apresentação gráfica.

O planejamento de pesquisas científicas consiste na transformação de um

tema (uma necessidade humana) em um problema a ser racionalmente tratado. É

o processo de transformar um tema em hipótese(s) (convicção pessoal do

pesquisador) e a(s) hipótese(s) em objetivos (propostas concretas para o

desenvolvimento de raciocínios). Para o desenvolvimento dos raciocínios

propostos pelos objetivos específicos, planeja-se a forma de estudá-los por meio

de procedimentos típicos de coleta de dados, cientificamente aceitos.

A execução da pesquisa consiste na criação e na organização originais de

idéias para os raciocínios propostos. A coleta de dados é a geradora de

conhecimentos para o cientista. É, de fato, a busca da matéria-prima (dados,

informações, idéias alheias) que, confrontada com cada um dos objetivos

planejados, gera inevitavelmente idéias, que comporão o “texto pensado” do

pesquisador. A redação é o momento de transformação de um “texto pensado” em

um texto escrito, ou seja, o conjunto lógico vai transformar-se em um conjunto

gráfico. Tipicamente desorganizado, o “texto pensado” passa primeiro por um

51

tratamento de seleção e ordenação de idéias, quando o pesquisador escritor lhes

atribuirá status de subtítulos ou idéias principais e parágrafos escritos.

Subtítulos ganharão parágrafos escritos que os expliquem. Parágrafos serão

idéias importantes “assessoradas” por idéias secundárias que as deixem mais

detalhadas e claras.

A apresentação gráfica dos textos científicos segue as orientações da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O objetivo das normas, além

da padronização gráfica dos textos, é também resguardar qualidade lógica, por

meio da apresentação obrigatória de alguns elementos informativos. Estabelece,

por exemplo, padrões gráficos para margens e espacejamento, tipos gráficos e

paginação, citações e referências , sumários, tabelas, listas etc.

Finalmente, vale a pena lembrar que a metodologia aqui apresentada é uma

das muitas possibilidades de caminhos para a construção de conhecimentos.

Como não existe “o método”, os métodos não devem polemizar entre si, mas se

complementarem. Por isso, exceção concedida para as normas da ABNT, por se

tratar de acordo coletivo maior, métodos devem ser testados e julgados pelos

pesquisadores, que sempre podem (e devem) oferecer sua contribuição. Ou seja, a

progressividade também está presente na reavaliação e renovação dos métodos.

* * *

52

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6023:

informação e documentação: referências - elaboração. RJ, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14724:

informação e documentação: trabalhos acadêmicos - apresentação. RJ, 2005.

BASTOS, Cleverson Leite; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. 104 p.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed. São Paulo:

Atlas, 1993.159 p.

HOFFBECK, Gérard; WALTER, Jacques. Como tomar notas rapidamente e

bem. São Paulo: Nobel, 1991. 107 p.

NUNES, José Antonio Rizzatto. Manual da monografia jurídica. São Paulo: Saraiva, 1997. 207 p.

SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 6. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. 166 p.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21.ed. SP:

Cortez, 2000.

53

APÊNDICES

APÊNDICE A - FORMAS DE TEXTOS CIENTÍFICOS/ ACADÊMICOS

APÊNDICE B – TAXIONOMIA DOS OBJETIVOS

APÊNDICE C – PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS PARA COLETA

DE DADOS

APÊNDICE D – NORMAS PARA A REFERÊNCIA DE DOCUMENTOS

54

APÊNDICE A - FORMAS DE TEXTOS CIENTÍFICOS/ ACADÊMICOS

1 Construção lógica e formato gráfico de textos acadêmicos/ científicos

Uma boa parte dos dados e informações que vêm compor os

conhecimentos individuais é veiculada por meios escritos. De modo especial, o

conhecimento formalizado, que é uma parte importante da educação escolar,

consta em cartilhas, livros e apostilas. Resulta que a grande parte do que se

aprende depende de formas escritas. Daí a importância de se conhecer algumas

formas comuns de texto e suas principais características.

Podem-se distinguir três grandes grupos de textos escritos, produzidos por

diferentes técnicas de redação: literários, oficiais/ comerciais e acadêmicos/

científicos. São formas gráficas diferentes porque encerram objetivos e

conteúdos diversos. É a necessidade de comunicação de diferentes conteúdos

culturais que leva à construção destas formas diversas de expressão escrita.

As formas literárias tem objetivo artístico. Não são, por isso, apenas a

transmissão de pensamentos, mas o exercício da arte da palavra. Mais do que

expressar a realidade, o objetivo do texto literário é a recriação, a interpretação da

realidade pelo artista, seja por descrição, seja por narração, reais ou fictícias. São

formas literárias aquelas simples como a anedota, a fábula, a saga ou lenda, ou,

aquelas mais complexas como o conto, a crônica, a novela, o romance, o poema.

As formas oficiais e comerciais são textos produzidos com o objetivo de

estabelecer comunicação formal e documentada em ambientes de trabalho. São

tipos comuns de texto oficial e comercial o memorando, o ofício, o aviso, o

requerimento, o parecer, o memorial, a ordem de serviço, a carta comercial.

As formas de textos acadêmicos/ científicos têm preocupação central

com a correção, a exatidão e a autenticidade dos dados e dos raciocínios

desenvolvidos. Escrever textos científicos é, antes de tudo, “comunicar

corretamente dados e informações corretas”, resultantes de pesquisas

científicas. Daí a importância do rigor na utilização de técnicas e métodos de

pesquisa, bem como na produção e apresentação gráfica dos textos científicos.

A natureza do fato/fenômeno/processo estudados, os procedimentos de

coleta utilizados, as fontes de dados, a intenção do pesquisador ou a exigência de

uma instituição ou disciplina, indicarão diferentes formas de apresentação escrita

55

dos resultados dos trabalhos de pesquisa. As formas e denominações dos vários

textos variam de acordo com o nível de tratamento que se queria dar ao conteúdo,

ou obedecem a exigências acadêmicas específicas.

De modo geral, textos acadêmicos/ científicos são classificados segundo o

nível de aprofundamento de seus objetivos. Para este tipo de trabalho, podem-se

apontar três níveis de objetivos: exploratórios, descritivos, analíticos. Como o

próprio termo indica, um trabalho com objetivo exploratório é uma primeira

aproximação do pesquisador com dados/informações/idéias a respeito de certo

problema. Trata normalmente da localização do problema no quadro geral do

conhecimento e seus grandes desdobramentos. Um trabalho com objetivo

descritivo visa estabelecer “contornos externos” de um certo problema, coisas

como localizar as dimensões, modos de funcionamento, influências e ligações

mais evidentes etc., dos fatos/fenômenos/processos. Um trabalho com objetivo

analítico normalmente “fecha-se” sobre aspectos explicativos de causas de efeitos

e as variações possíveis destas ligações.

Os textos escritos a partir destes objetivos serão, obviamente, textos

com maior ou menor complexidade de conteúdos. Além disso, expressam graus

diversos da autonomia intelectual de quem os produz. Vistos por este ângulo,

podem-se distinguir três formatos fundamentais de textos científicos: a

resenha bibliográfica (exploratório), o relatório científico (descritivo) e a

monografia (analítico). Podem-se fazer variações de tamanho destes modelos, que

produzirão outras estruturas de texto, (sinopses/resumos, artigos-relatório/relato

de experiência, artigo científico), como se verá adiante.

Entretanto, independente do nível de tratamento dos

dados/informações/idéias, textos acadêmicos/ científicos obedecem sempre a um

mesmo roteiro lógico: identificar um problema científico, tratar do problema

por meio de um método cientificamente aceito, “devolver” o problema,

“modificado” por alguma contribuição pessoal. Este roteiro sugere um roteiro

gráfico inevitável: todo texto acadêmico/científico será composto de uma

introdução (a identificação e apresentação do problema que será tratado), um

corpo ( o tratamento e desenvolvimento racional do problema), uma conclusão (a

devolução, o fechamento do problema, após ter passado pelas “mãos” do

pesquisador).

56

2 Resenhas

De modo geral, resenhar consiste em examinar e apresentar o conteúdo de

obras já prontas e publicadas, acompanhado ou não de avaliação crítica. É talvez

o nível mais elementar de texto científico, e caracteriza-se apenas como trabalho

exploratório, pois embora possa conter uma crítica, o texto base já está pronto.

Resenhas podem ser feitas com objetivos diferentes. Pode-se chamar resenha

bibliográfica o resultado de um revisão bibliográfica ou revisão de literatura, em

que, pelo exame crítico e retrospectivo de várias obras, procura-se demonstrar

certo estágio de desenvolvimento em torno de um fato/fenômeno/processo. (tema,

problema). É um trabalho comparativo, excelente base para o desenvolvimento

autônomo de um tema, enquanto verifica o tratamento já dado ao assunto por

outros autores. Caracteriza-se pela quantidade e diversidade das obras

consultadas e comparadas. A resenha de texto é geralmente feita por

especialistas com sólidos conhecimentos na área, já que o trabalho de crítica

demanda “olho clínico” apurado, resultante de conhecimentos aprofundados na

área. Leva em consideração, além das idéias levantadas, a divisão, a disposição

da obra, a estrutura, forma e estilo do autor, método de abordagem, linguagem

empregada etc.

. É, também, excelente exercício inicial de autonomia intelectual, uma vez

que o exame de obras já prontas dá oportunidade para treinamento de

compreensão e crítica, além do contato mais próximo com bons autores e como

pensamento já elaborado, que, para o iniciante, servirá como modelo interessante

de produção científica.

As partes essenciais da apresentação de uma resenha são:

- introdução:

- identificação da obra: autor, título, imprenta, total de páginas

resenhadas.

- credenciais do autor: formação, publicações, atividades desenvolvidas na área.

- conteúdo: pressupostos para o entendimento do assunto, idéias principais,

pormenores importantes.

- conclusões: localização (onde se encontram na obra) e breve explicação das

conclusões do autor.

57

- crítica: determinação histórica e metodológica (científica, jornalística, didática)

da obra, contribuições importantes, estilo, forma, méritos, considerações éticas.

- conclusão.

3 Relatórios científicos

Relatar é basicamente “contar o que se observou”. É tipicamente o primeiro

texto produzido após uma pesquisa de campo ou de laboratório, onde o

pesquisador envolve-se em contatos diretos com as realidades. Embora seja mais

complexo do que uma resenha, o relatório é por natureza descritivo. É claro que a

confiabilidade e validade dos relatórios de pesquisa dependem em grande parte

do notório saber, da capacitação e do “olho clínico” do pesquisador.

As partes essenciais de um relatório de pesquisa são:

- introdução: descreve-se a importância ou relevância (social, científica) do

assunto, como foi problematizado o assunto e quais são os objetivos do autor.

- referencial teórico: é o texto resultante de levantamento bibliográfico, de

qualquer extensão, que indica ao leitor o tratamento científico atual do

tema/problema. Inclui definição de conceitos, a menção de trabalhos já

realizados a respeito do assunto, a teoria que dá sustentação ao trabalho

realizado.

- metodologia: é a descrição detalhada e rigorosa dos procedimentos de campo

ou laboratório utilizados, bem como dos recursos humanos e materiais

envolvidos, o universo da pesquisa, critérios para seleção da amostra,

instrumentos de coleta, métodos de tratamento dos dados, etc.

- apresentação de resultados: é a exposição dos resultados obtidos, ordenada

pelos objetivos da pesquisa. Por ressaltar normalmente os aspectos

quantitativos, é comum a utilização abundante de gráficos, tabelas e “pizzas”

que ilustrem estes aspectos.

- análise dos resultados: é a interpretação analítica dos dados obtidos, feita

considerando o referencial teórico, que posicionou o problema pesquisado, e os

resultados a que se chegou.

- sugestões/recomendações: o que o autor recomenda/sugere quanto à

utilização científica/social do conteúdo que acabou de apresentar.

58

- conclusão: parte final do trabalho, onde devem constar, de forma sintética, os

elementos desenvolvidos no decorrer do corpo do trabalho (idéias essenciais do

referencial teórico, da metodologia, dos resultados, da análise etc). Conclui-se

comparando esses dados ao objetivo geral que norteou toda a pesquisa,

estabelecendo-se o quanto foi conseguido em relação ao objetivo proposto.

A conclusão pode ainda ter um “parágrafo de abertura”, onde o autor

expõe outros aspectos do problema tratado, ou dificuldades novas levantadas

pela conclusão. Apresenta, enfim, aspectos relevantes que possam inclusive vir a

suscitar continuidade para a pesquisa por ele realizada.

- referências: (o elenco dos materiais escritos utilizados como fontes de

informação na confecção do texto, apresentados conforme normas.)

4 Monografias

Monografia é um texto de primeira mão resultante de pesquisa científica e

que contém a identificação, o posicionamento, o tratamento e o fechamento

competentes de um tema/problema. A monografia é um texto essencialmente

analítico, em que o objeto ( o tema, o problema) é geralmente bem delimitado em

extensão (um objetivo geral, “aberto” em objetivos específicos logicamente

interligados e seqüenciados) , de forma a permitir o aprofundamento do estudo.

Fundamenta-se na organização e na interpretação analítica e avaliativa de

dados, conforme objetivos (propostas de raciocínio) preestabelecidos. A matéria

prima dos raciocínios são os dados, que basicamente se constituem de axiomas

científicos (verdades aceitas por diversas ciências), da autoridade de autores

consagrados, ilustrações, testemunhos e, até mesmo, da experiência pessoal

coerente do pesquisador. Os raciocínios são desenvolvidos de forma indutiva

(parte-se de experiências e observações particulares para se chegar a um

princípio geral), ou de forma dedutiva (parte-se de um princípio geral para

verificá-lo em casos particulares), ou, ainda, de forma dialética (a comparação e

crítica de idéias divergentes) 22.

A estrutura geral das monografias é como segue:

22 Deve-se ter especial cuidado para não incorrer em falácias ou sofismas, que são “raciocínios falsos”. A inexatidão pode ser causada pelo erro de raciocínio, por observações enganosas,

ignorância de causas, falsas comparações, etc. Cf. a propósito SANTOS, A. R. “Conhecer ou não

conhecer: eis a diferença”. In: CORDI, C. e. o.. Para Filosofar. S. Paulo: Ed. Scipione, 1994;

BASTOS, C.L., KELLER, V.. Aprendendo Lógica. Petrópolis: Ed. Vozes, 1991.

59

- introdução: exposição da importância ou relevância do assunto, a menção de

outros trabalhos desenvolvidos a respeito do tema, exposição dos objetivos do

trabalho.

- desenvolvimento: o conjunto de partes, geralmente nominadas como capítulos,

já planejados e pré-ordenados na fase de projeto, como objetivos específicos.

- conclusão: contém a síntese das idéias essenciais desenvolvidas em cada um

dos capítulos, geralmente na proporção de um parágrafo de síntese por capítulo.

Finaliza-se com o parágrafo conclusivo, onde junta-se de forma avaliativa os

raciocínios desenvolvidos dos capítulos com o objetivo geral que norteou a

pesquisa. E também, se desejado, o parágrafo de abertura.

- referências. (o elenco dos materiais escritos utilizados como fontes de

informação na confecção do texto, apresentados conforme normas.)

5 Sinopses e resumos

São textos reduzidos. A sinopse é um pequeno texto (25 a 50 linhas),

geralmente redigido pelo autor ou o editor de uma obra. A característica essencial

da sinopse é a apresentação concisa dos traços gerais, das idéias maiores, das

grandes linhas da obra. É um texto normalmente inserido no início dos textos

publicados e é muito útil para a realização de levantamentos bibliográficos.

O resumo, normalmente um texto mais longo ( 10% a 25% do texto

original), levanta as idéias essenciais do texto-base e deve manter o espírito do

autor. Procuram-se preservar suas intenções e ênfases, tratando com mais

detalhe aquilo que o autor trata mais longamente.

Enquanto na sinopse se permite alguma interpretação e apreciação, no

resumo procura-se guardar absoluta fidelidade ao texto original.

6 Artigos - relatório (ou relatos de experiência)

Embora seja um texto menor, tem finalidade parecida com o relatório

científico. Como aqueles, o artigo-relatório resulta da intenção de publicar

resultados de pesquisas de campo ou de laboratório em periódicos especializados,

como jornais e revistas científicas. Guarda, por isso, o mesmo formato dos

relatórios, mas tem forma sintética ( entre 5 e 10 páginas).

60

A forma comum de apresentação é assim:

- título (subtítulo) do trabalho.

- autor(es).

- credenciais do(s) autor(es).

- resumo.

- palavras-chave.

- sinopse ou resumo.

- introdução.

- corpo do relatório (referencial teórico, metodologia e materiais, apresentação

dos resultados, análise e interpretação dos resultados, recomendações e

sugestões, se for o caso).

- conclusão.

- referências. (o elenco dos materiais escritos utilizados como fontes de

informação na confecção do texto, apresentados conforme normas.)

7 Artigos científicos

Visa publicar resultados de um estudo. Embora tenha formato reduzido

(entre 5 e 10 páginas), é sempre um trabalho completo, um texto integral.

São geralmente utilizados como publicações em revistas especializadas,

seja para divulgar conhecimentos, seja para comunicar resultados ou novidades

a respeito de um assunto, como ainda, para contestar, refutar ou apresentar

outras soluções de uma situação controvertida. À semelhança das monografias,

deve conter uma introdução, um corpo (com subtítulos, porém não com capítulos)

e uma conclusão.

O formato comum de apresentação é:

- título (subtítulo) do trabalho.

- autor(es).

- credenciais do(s) autor(es). (formação, outras publicações, atividades

importantes desenvolvidas ou em desenvolvimento relativas ao assunto

apresentado).

- resumo.

- palavras-chave.

- sinopse ou resumo do texto.

61

- introdução.

- desenvolvimento ( subtítulos, não capítulos ).

- conclusão.

- referências. (o elenco dos materiais escritos utilizados como fontes de

informação na confecção do texto, apresentados conforme normas.)

8 Ensaios científicos ( papers).

Ensaio é o texto científico que desenvolve uma proposta pessoal do autor a

respeito de um determinado tema/problema de ciência. Embora encerre o

pressuposto de conhecimentos adquiridos no meio científico comum, o ensaio

pretende expressar a visão do autor, até mesmo de forma independente com

relação ao pensamento científico expresso e comum a respeito do assunto. Pode-

se pensar o ensaio científico como “um conjunto de impressões do especialista”. É

claro que o valor científico do ensaio depende do respeito da comunidade

científica pela autoridade e pelo notório saber do ensaísta.

A estrutura intelectual e gráfica do ensaio é idêntica à estrutura intelectual

e gráfica da monografia ou do artigo científico.

* * *

62

APÊNDICE B - TAXIONOMIA DOS OBJETIVOS

1. conhecimento 2. compreensão 3. aplicação + 4. análise 5. síntese 6. avaliação

apontar concluir aplicar analisar compor argumentar calcular deduzir desenvolver categorizar comunicar avaliar citar demonstrar dramatizar combinar conjugar comparar classificar descrever empregar contrastar construir decidir definir determinar esboçar correlacionar coordenar escolher descrever distinguir estruturar criticar criar estimar enumerar diferenciar generalizar debater dirigir julgar enunciar discutir ilustrar deduzir documentar medir especificar exprimir interpretar discriminar esquematizar precisar estabelecer induzir operar experimentar modificar taxar identificar inferir organizar investigar planejar validar marcar interpretar praticar provar produzir valorizar nomear localizar traçar verificar propor ordenar modificar usar reunir reconhecer narrar utilizar sintetizar registrar preparar relacionar prever relatar reorganizar repetir representar sublinhar revisar transcrever

Adaptado de:

BLOOM, Benjamin, et al.. Taxionomia dos objetivos educacionais: domínio afetivo. Porto Alegre: Globo, 1972.

* * *

63

AAPPÊÊNNDDIICCEE CC -- PPRRIINNCCIIPPAAIISS PPRROOCCEEDDIIMMEENNTTOOSS PPAARRAA CCOOLLEETTAA DDEE DDAADDOOSS 2233

I LEVANTAMENTOS

1 Características básicas dos levantamentos As pesquisas deste tipo caracterizam-se ou pela observação direta de um fato, fenômeno ou processo, ou, mais comumente, pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, tem-se um censo. Pelas dificuldades materiais que envolvem sua realização, os censos são desenvolvidos pelos governos ou por instituições de amplos recursos. São extremamente úteis, pois proporcionam informações gerais acerca das populações, que são indispensáveis em boa parte das investigações sociais Na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da população estudada. Antes seleciona-se, mediante procedimentos estatísticos, uma amostra significativa de todo o universo, que é tomada como objeto de investigação. As conclusões obtidas a partir desta amostra são projetadas para a totalidade do universo, levando em consideração a margem de erro, que é obtida mediante cálculos estatísticos.

2 Vantagens e limitações dos levantamentos Os levantamentos por amostragem gozam hoje de grande popularidade entre os pesquisadores sociais, a põnto de muitas pessoas chegarem mesmo a considerar pesquisa e levantamento social a mesma coisa. Na verdade, o levantamento social é um dos muitos tipos de pesquisa social, que como todos os outros, apresenta vantagens e limitações. Dentre as principais vantagens dos levantamentos estão: a) conhecimento direto da realidade: a medida que as próprias pessoas informam acerca de seu comportamento, crenças e opiniões, a investigação torna-se mais livre de interpretações calcadas no subjetivismo dos pesquisadores. b) economia e rapidez: desde que se tenha uma equipe de entrevistadores, codificadores e tabuladores devidamente treinados, torna-se possível a obtenção de grande quantidade de dados em curto espaço de tempo. Quando os dados são obtidos mediante questionários, os custos tornam-se relativamente baixos. c) quantificação: os dados obtidos mediante levantamentos podem ser agrupados em tabelas, possibilitando a sua análise estatística. As variáveis em estudo podem ser quantificadas, permitindo o uso de correlaçóes e outros procedimentos estatísticos. A medida que os levantamentos se valem de amostras probabilísticas, torna-se possível até mesmo conhecer a margem de erro dos resultados obtidos. Dentre as principais limitações dos levantamentos estão: a) ênfase nos aspectos perceptivos: os levantamentos recolhem dados referentes à percepção que as pessoas têm acerca de si mesmas. Ora, a percepção é subjetiva, o que pode resultar em dados distorcidos. Há muita diferença entre o que as pessoas fazem ou sentem e o que elas dizem a esse respeito. Existem alguns recursos para contornar este problema. É possível, em primeiro lugar, omitir as perguntas que sabidamente a maioria das pessoas não sabe ou não quer responder. Também se pode, mediante perguntas indiretas, controlar as respostas dadas pelo informante. Todavia, estes recursos, em muitos dos casos, são insuficientes para sanar os problemas considerados. b) pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais: mediante levantamentos é possível a obtenção de grande quantidade de dados a respeito dos indivíduos. Como. porém, os fenômenos sociais são determinados sobretudo por fatores

23 Texto adaptado de: GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. (cap. IV).

64

interpessoais e institucionais, os levantamentos mostram-se pouco adequados para a investigação profunda desses fenômenos. c) limitada compreensão dos processos de mudança: o levantamento, de modo geral, proporciona visão estática do fenômeno estudado. Oferece, por assim dizer, uma espécie de fotografia de determinado problema, mas não indica suas tendências à variação e muito menos as possíveis mudanças estruturais. Como tentativa de superação dessas limitações, vem sendo desenvolvidos com freqüência crescente os levantamentos do tipo painel, que consistem na coleta de dados da mesma amostra ao longo do tempo. Muitas informações importantes têm sido obtidas mediante esses procedimentos, particularmente em estudos sobre nível de renda e desemprego. Entretanto, os levant-amentos do tipo painel apresentam séria limitação, que é a progressiva redução da amostra por causas diversas, tais como mudança de residência e fadiga dos respondentes. Considerando as vantagens e limitações acima expostas, pode-se dizer que os levantamentos tornam-se muito mais adequados para estudos descritivos que

explicativos. São inapropriados para o aprofundamento dos aspectos psicológicos e

psicossociais mais complexos, porém muito eficazes para problemas menos delicados, como preferência eleitoral e comportamento do consumidor. São muito úteis para o

estudo de opiniões e atitudes, porém pouco indicados no estudo de problemas referentes

a relações e estruturas sociais complexas. II PESQUISA EXPERIMENTAL

1 Conceituação De modo geral, o experimento representa o melhor exemplo de pesquisa científica. Essencialmente a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que sejam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. O esquema básico da experimentação pode ser assim descrito: seja Z o fenômeno estudado, que em condições não experimentais se apresenta perante os fatores A, B, C e D. A primeira prova consiste em controlar cada um desses fatores, anulando sua influência, para observar o que ocorre com os restantes. Seja o exemplo: A, B e C produzem Z A, B e D não produzem Z

B, C e D produzem Z

Dos resultados dessas provas pode-se inferir que C é condição para a produção de Z.

Se for comprovado ainda que unicamente com o fator C, excluindo-se os demais, Z também ocorre, pode-se também afirmar que C é condição necessária e suficiente para a ocorrência de Z, ou, em outras palavras, que é sua causa. Claro que o exemplo aqui citado é extremamente simples, pois na prática verificam-se condicionamentos dos mais diferentes tipos, o que exige um trabalho bastante intenso, tanto para controlar a quantidade de variáveis envolvidas quanto para mensurá-las. Quando os objetos em estudo são entidades físicas, tais corno porções de líquidos, bactérias ou ratos, não se identificam grandes limitações quanto à possibilidade de experimentação. Quando, porém, se trata de experimentar com objetos sociais, ou seja, com pessoas, grupos ou instituicoes, as limitações tornam-se bastante evidentes. Considerações éticas e humanas impedem que a experimentação se faça eficientemente nas ciências humanas, razão pela qual os procedimentos experimentais se mostram adequados apenas a um reduzido número de situações. Todavia, são cada vez mais freqüentes experimentos nas ciências humanas, sobretudo na Psicologia (por exemplo: aprendizagem), na Psicologia Social (por exemplo: medição de atitudes, estudo do comportamento de pequenos grupos, análise dos efeitos da propaganda etc.) e na Sociologia do trabalho (por exemplo: influência de fatores sociais na produtividade).

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2 Modalidades de pesquisa experimental Existem diversas modalidades de pesquisa experimental. As três tais comuns são:

a) experimentos “apenas depois”: Neste caso são constituídos dois grupos, denominados “grupo experimental” e “grupo de controle”. Estes grupos devem apresentar a maior homogeneidade em relação a todas as características relevantes que posas ser possível controlar. Constituídos os grupos, aplica-se o estímulo apenas ao experimental, e finalmente procede-se à medição das características de ambos. Como os grupos foram previamente homogeneizados, infere-se que toda variação significativa entre eles será decorrente do estimulo aplicado.

b) experimentos “antes-depois” com um único grupo: Este é o esquema mais simples de experimentação. E constituído por um grupo, geralmente reduzido, préviamente definido quanto a suas características fundamentais. Suponha-se que haja interesse em verificar a influência da iluminação na produtividade de um grupo de trabalhadores. Para tanto, toma-se um grupo de trabalhadores que estejam realizando suas tarefas com iluminação fraca e mede-se sua produtividade. A seguir, introduz-se, como estímulo, melhor iluminação. Por fim, mede-se novamente a produtividade do grupo. Se houver diferença significativa entre o nível de produtividade antes e depois da introdução do estímulo, poder-se-á atribuí-la à melhoria das condições de iluminação.

c) “antes-depois”, com dois grupos: Neste caso, o grupo experimental e o de controle são medidos no início e no fim do

período experimental. O estimulo é introduzido apenas no grupo experimental. Como o grupo de controle e o experimental são submetidos à mensuração inicial e às influências

contemporâneas, a diferença entre os resultados dos dois grupos constitui medida da

influência do estímulo introduzido. Para alguns autores, apenas as pesquisas deste grupo podem ser consideradas rigidamente experimentais. As duas primeiras modalidades se-

riam pré-experimentais. 3 Vantagens e limitações da pesquisa experimental São indiscutíveis as vantagens da pesquisa experimental. Ninguém duvida que boa parte daquilo que se conhece nas ciências físicas e biológicas foi obtido mediante procedimentos experimentais. E nas ciências humanas é o delineamento experimental o que possibilita o mais elevado grau de clareza, precisão e objetividade aos resultados. Contudo, a pesquisa experimental, por exigir previsão de relações entre as variáveis a serem estudadas, bem como o seu controle, torna-se, em boa parte dos casos, inviáveI, quando se trata de objetos sociais. III PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

1 Conceituação A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, oonstituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exc!usivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à analise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

66

2 Classificação das fontes bibliográficas. As fontes bibliográficas são em grande número e podem ser assim classificadas:

livros de leitura corrente dicionários

enciclopédias livros de informativa anuários referência almanaques fontes remissiva bibliográficas

publicações jornais periódicas revistas

impressos diversos

2.1 Livros de leitura corrente

Os livros constituem as fontes bibliográficas por excelência. Em função de sua forma

de utilização, podem ser classificados como de leitura corrente ou de referência. Os livros de leitura corrente abrangem as obras referentes aos diversos gêneros literários (romance, poesia, teatro etc.) e também as obras de divulgação, isto é, as que objetivam proporcionar conhecimentos científicos ou técnicos.

2.2 Livros de referência Os livros de referência, também denominados livros de consulta, são aqueles que têm por objetivo possibilitar a rápida obtenção das informações requeridas, ou então, a localização das obras que as contém. Desta forma, pode-se falar em dois tipos de livros de referência: livros de referência informativa, que contém a informação que se busca, e livros de referência remissiva, que remetem a outras fontes.

Os principais livros de referência informativa são: dicionários, enciclopédias, anuários e almanaques. Os livros de referência remissiva podem ser globalmente designados como catálogos. São constituídos por uma lista ordenada das obras de uma coleção pública ou privada. Há vários tipos de catálogos, que podem ser classificados de acordo com o critério de disposição de seus elementos; os tipos mais importantes sáo: alfabético por autores, alfabético por assunto e sistemático. Neste último, as obras sâo ordenadas segundo as referências lógicas de seu conteúdo.

2.3 Publicações periódicas Publicações periódicas são aquelas editadas em fascículos, em intervalos regulares ou irregulares, com a colaboração de vários autores, tratando de assuntos diversos, embora relacionados a um objetivo mais ou menos definido. As principais pub!icações periódicas são os jornais e as revistas. Estas últimas representam nos tempos atuais uma das mais importantes fontes bibliográficas. Enquanto a matéria dos jornais se caracteriza principalmente pela rapidez, a das revistas tende a ser muito mais profunda e mais bem elaborada. 3 Vantagens e limitações da pesquisa bibliográfica A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente, Esta vantagem se torna particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. Por exemplo, seria impossível a um pesquisador percorrer todo o território brasileiro em busca de dados sobre população ou renda per capita: todavia, se tem à sua disposição uma bi-bliografia adequada, não terá maiores obstáculos para contar com as informações requeridas. A pesquisa bibliográfica também é indispensável nos estudos históricos. Em

67

muitas situações, não há outra maneira de conhecer os fatos passados se não com base em dados bibliográficos. Estas vantagens da pesquisa bibliográfica têm, no entanto, urna contrapartida que

pode comprometer em muito a qualidade da pesquisa. Muitas vezes as fontes secundárias

apresentam dados coletados ou processados de forma equivocada. Assim, um trabalho fundamentado nessas fontes tenderá a reproduzir ou mesmo a ampliar esses erros. Para

reduzir esta possibilidade, convém aos pesquisadores assegurarem-se das condições em

que os dados foram obtidos, analisar em profundidade cada informação para descobrir possíveis incoerências ou contradições e utilizar fontes diversas, cotejando-as

cuidadosamente.

IV PESQUISA DOCUMENTAL

1 Conceituação

A pesquisa documental assemelha-se muito á pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se

utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado

assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da

pesquisa. 2 Fontes documentais

O desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa

bibliográfica. Apenas cabe considerar que, enquanto na pesquisa bibliográfica as fontes

são constituídas sobretudo por material impresso localizado nas bibliotecas, na pesquisa

documental, as fontes são muito mais diversificadas e dispersas. Há, de outro lado, os

documentos de primeira mão, que não receberam nenhum tratamento analítico. Nesta

categoria estão os documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições

privadas, tais como associações científicas, igrejas, sindicatos, partidos políticos etc.

Incluem-se aqui inúmeros outros documentos como cartas pessoais, diários, fotografias,

gravações, memorandos, regulamentos, ofícios, boletins etc. De outro lado, há os documentos de segunda mão, que de alguma forma já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas etc.

Nem sempre fica clara a distinção entre a pesquisa bibliográfica e a documental, já que, a rigor, as fontes bibliográficas nada mais são do que documentos impressos para determinado público. Além do mais, boa parte das fontes usualmente consultadas nas pesquisas documentais, tais como jornais, boletins e folhetos, podem ser tratados como fontes bibliográficas. Neste sentido é possível até mesmo tratar a pesquisa bibliográfica como um tipo de pesquisa documental, que se vale especialmente de material impresso fundamentalmente para fins de leitura. A maioria das pesquisas realizadas a partir de material impresso pode ser classificada como bibliográfica. As que se valem de outros tipos de documentos são em número mais restrito. Todavia, há importantes pesquisas elaboradas exclusivamente a partir de documentos outros que não aqueles localizados em bibliotecas. Podem-se identificar pesquisas elaboradas a partir de fontes documentais as mais diversas, tais como: correspondência pessoal, documentos cartoriais, registros de batismo, epitáfios, inscrições em banheiros etc. 3 Vantagens e limitações da pesquisa documental A pesquisa documental apresenta uma série de vantagens. Primeiramente há que se considerar que os documentos constituem fonte rica e estável de dados. Como os

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documentos subsistem ao longo do tempo, tornam-se a mais importante fonte de dados em qualquer pesquisa de natureza histórica.

Outra vantagem da pesquisa documental está em seu custo. Como a análise dos documentos, em muitos casos, além da capacidade do pesquisador exige apenas disponibilidade de tempo, o custo da pesquisa torna-se significativamente baixo, quando comparado com o de outras pesquisas. Outra vantagem da pesquisa documental é não exigir contato com os sujeitos da pesquisa. É sabido que em muitos casos o contato com sujeitos é difícil ou até mesmo impossível. Em outros, a informação proporcionada pelos sujeitos é prejudicada pelas circunstâncias que envolvem o contato.

É claro que a pesquisa documental também apresenta limitações. As críticas mais freqüentes a este tipo de pesquisa referem-se à não-representatividade e à subjetividade

dos documentos. São críticas sérias; todavia, o pesquisador experiente tem condições

para, ao menos em parte, contornar essas dificuldades. Para garantir a representatividade

alguns pesquisadores consideram um grande número de documentos e selecionam certo número pelo critério de aleatoriedade. O problema da objetividade é mais crítico; contudo,

este aspecto é mais ou menos presente em toda investigação social. Por isso é importante

que o pesquisador considere as mais diversas implicações relativas aos documentos, antes de formular uma conclusão definitiva. Ainda em relação a este problema, convém

lembrar que a!gumas pesquisas elaboradas a partir de documentos são importantes não

porque respondem definitivamente a um problema, mas porque proporcionam melhor visão desse problema ou, então, hipóteses que conduzem à sua verificação por outros

meios.

V ESTUDO DE CASO

1 Características do estudo de caso O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de

poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa

praticamente impossível mediante os outros tipos de coleta de dados. A origem do estudo de caso é bastante remota. Prende-se ao método introduzido por O. C. Laugdell no ensino jurídico nos Estados Unidos. Sua difusão, entretanto, está ligada à prática psicoterapêutica caracterizada pela reconstrução da história do indivíduo, em torno do trabalho dos assistentes sociais junto a indivíduos, grupos e comunidades. Atualmente o estudo de caso é adotado na investigação de fenômenos das mais diversas áreas do conhecimento. O estudo de caso pode ser visto como técnica psicoterápica, como método didático ou como método de pesquisa. Neste último sentido, que é o que interessa neste trabalho, pode ser definido como “um conjunto do dados que descrevem uma fase ou a totalidade do processo social de uma unidade, em suas várias relações internas e nas suas fixações culturais, quer seja essa unidade uma pessoa, uma família, um profissional, uma instituição social, uma comunidade ou uma nação” (Young, 1960, p. 269). A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é recomendável nas fases iniciais de uma investigação sobre temas complexos, para a construção de hipóteses ou reformulação do problema. Também se aplica com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é suficientemente conhecido a ponto de ser enquadrado em determinado tipo ideal. Por exemplo, se as informações disponíveis fossem suficientes para afirmar que existem três tipos diferentes de comunidades de base e houvesse interesse em classificar uma comunidade específica em algum desses tipos, então o estudo de caso seria o delineamento mais adequado.

2 Vantagens e limitações do estudo de caso O estudo de caso apresenta uma série de vantagens, o que faz com que se tome o procedimento mais adequado em várias situações. As principais vantagens são: a) o estímulo a novas descobertas: em virtude da flexibilidade do planejamento do estudo de caso, o pesquisador, ao longo de seu processo, mantém-se atento a novas

69

descobertas. E freqüente o pesquisador dispor de um plano inicial e, ao longo da pesquisa, ter o seu interesse despertado por outros aspectos que não havia previsto. E, muitas vezes, o estudo desses aspectos torna-se mais relevante para a solução do problema do que os considerados inicialmente. Daí por que o estudo de caso é altamente recomendado para a realização de estudos exploratórios. b) ênfase na totalidade: no estudo de caso, o pesquisador volta-se para a multiplicidade de dimensões de um problema, focalizando-o como um todo. Desta forma supera-se um problema muito comum, sobretudo nos levantamentos, em que a análise individual da pessoa desaparece em favor da análise de traços. c) simplicidade dos procedimentos: os procedimentos de coleta e análise de dados adotados no estudo de caso, quando comparados com os exigidos por outros tipos de coleta, são bastante simples. Da mesma forma, os relatórios dos estudos de caso caracterizam-se pela utilização de uma linguagem e de uma forma mais acessível do que outros relatórios de pesquisa. É claro que o estudo de caso também apresenta limitações. A mais grave refere-se à dificuldade de generalização dos resultados obtidos. Pode ocorrer que a umidade escolhida para investigação seja bastante anormal em relação às muitas de sua espécie. Naturalmente, os resultados da pesquisa tornar-se-ão bastante equivocados. Por essa razão cabe lembrar que, embora o estudo de caso se processe de forma relativamente sim-ples, pode exigir do pesquisador nível de capacitação mais elevado que o requerido para outros tipos de processo. * * *

70

APÊNDICE D – NNOORRMMAASS PPAARRAA AA RREEFFEERRÊÊNNCCIIAA DDEE DDOOCCUUMMEENNTTOOSS

A apresentação das REFERÊNCIAS, “o conjunto padronizado de elementos

descritivos retirados de um documento que permite sua identificação individual”,

é regulamentada pela ABNT, por meio da NBR 6023: 2000. Os elementos essenciais e/ou complementares utilizados devem, sempre

que possível, serem aqueles que constam na folha de rosto dos documentos. Os documentos podem ser identificados no todo ou nas partes, sejam eles impressos

ou registrados em outras formas de suporte. Podem-se distinguir os seguintes grupos de documentos:

1. Monografias.

2. Publicações periódicas. 3. Documentos de eventos.

4. Documentos jurídicos. 5. Documentos com imagem e movimento.

6. Documentos iconográficos e cartográficos. 7. Documentos sonoros e musicais.

8. Documentos consultados on line.

11 MMOONNOOGGRRAAFFIIAASS (inclui livro, trabalho acadêmico (tese, dissertação, TCC‟s),

dicionário, enciclopédia, folheto, manual, guia, catálogo, almanaque.) a) livros considerados no todo.

Chave: AUTORIA. Título. Edição. Local: Editora, ano. descrição física.

Exemplos:

SANTOS, Antonio Raimundo dos. Ética: caminhos da realização humana. 2. ed.. São Paulo: Ave Maria, 1997. 108 p..

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Sistema de Bibliotecas. Referências.

Curitiba: Editora UFPR, 2000. 72 p. (Normas para apresentação de trabalhos científicos, 6).

b) teses, dissertações e TCC’s considerados no todo. Chave:

AUTORIA. Título. ano. número de folhas. Tese, dissertação, TCC (grau e área) – Unidade de ensino, Instituição, Local.

Exemplos: SANTOS, Míriam Carnasciali dos. A mudança organizacional a serviço da qualidade na instituição de ensino superior. 1998, 201 f. Dissertação (Mestrado

em Educação) – Centro de Teologia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba.

VECHI, Carlos. Jogos de azar: da desumanização à antropologia. 1987. 195f. Tese

(Doutorado em Literatura Portuguesa) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências

Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

c) dicionários e enciclopédias considerados no todo. Chave:

71

AUTORIA . Título. Edição. Local: Editora, ano. descrição física.

Exemplos:

ABBAGNANO, Niccola. Dicionário de Filosofia. 2. ed.. São Paulo: Mestre Jou, 1970. 780 p.

NOVA Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Brittanica, 1997. v. 2.

d) folheto, manual, guia, catálogo e almanaque considerados no todo. Chave:

AUTORIA. Título. edição. Local: Editora, ano. descrição física. * Exemplos:

PUCPR. Comissão Central de Vestibular. Esclarecimentos sobre mudanças. Curitiba: Champagnat, 2002. 16 p.

VOLKSWAGEN DO BRASIL. Assistência técnica/serviço médico. Manual de primeiros socorros. 2. ed. São Paulo, 1996. 64 p.

GUIA SÃO PAULO. Ruas, plantas, ônibus. São Paulo: Abril, [199_].

SCRENCI, Nelson. Paisagens da memória: de 23 de novembro a 5 de dezembro de 1998. Galeria Múltipla de Arte, São Paulo, 1998.

ALMANAQUE ABRIL 97. São Paulo: Abril, 1997. 834 p. e) partes de livros com autoria específica.

Chave: AUTORIA DA PARTE DA OBRA. Título da parte. In: AUTORIA da obra no todo.

Título da obra. Edição. Local: Editora, ano. página inicial - página final da parte.

Exemplos: SANTOS, Antônio Raimundo dos. Conhecer ou não conhecer: eis a diferença. In:

CORDI, Cassiano et al.. Para filosofar. 4. ed.. São Paulo: Scipione, 1994. p. 29-54.

BODACHNE, Luis. As principais síndromes geriátricas. In: BAKKER FILHO, João Piragibe (org.). É permitido colher flores? Curitiba: Champagnat, 2000. p. 103-

114.

f) partes de livros sem autoria específica ou do mesmo autor da obra no todo.

Chave: AUTORIA DA PARTE DA OBRA. Título da parte. In: ______. Título da obra. Edição.

Local: Editora, ano. página inicial - página final da parte.

Exemplos: VERÍSSIMO, Luis Fernando. O poder do nada. In: ______. O desafio ético. Rio de

Janeiro: Garamond, 2000. p. 13-30.

COMPAGNON, Antoine. O leitor. In: ______. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução de Cleonice Paes Barreto Mourão. Belo Horizonte: Editora

UFMG, 1999. p. 139-164.

* Observe no exemplo para CATÁLOGOS, que a imprenta tem “editora” e local mostrados em posição

diferente dos outros materiais.

72

g) verbetes de materiais de referência (dicionários, enciclopédias). Chave:

VERBETE. In: AUTORIA. Título da obra. Edição. Local: Editora, ano. descrição

física. Exemplos:

AUTOMÓVEL. In: NOVA ENCICLOPÉDIA Barsa. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Brittanica, 1997. v. 2, p. 221-224.

DEUS. In: ABBAGNANO, Niccola. Dicionário de Filosofia. 2. ed. São Paulo: Mestre

Jou, 1970. p. 231-248.

22 PPUUBBLLIICCAAÇÇÕÕEESS PPEERRIIÓÓDDIICCAASS (inclui revistas e jornais).

a) periódicos considerados no todo (coleções). Chave:

TÍTULO DO PERIÓDICO. Local: Editora, data de início – data de término da publicação (se houver). Obs.: pode incluir periodicidade, índices, ISSN

(International Standard Serial Number). Exemplos: HSM MANAGEMENT. São Paulo: HSM do Brasil, 1998-. Bimestral.

LEX – COLETÂNEA DE LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA: Legislação Federal e

marginália. São Paulo: Lex, 2000. Mensal. Inclui índice remissivo e numérico-cronológico. ISSN 0101-2584.

b) periódicos considerados em partes (fascículos, suplementos, números

especiais).

Chave: TÍTULO DO PERIÓDICO. Título dos fascículo(suplemento, número especial).

Local: Editora, número do volume e/ou ano. número do exemplar. total de páginas do exemplar. Nota de identificação de particularidades.

Exemplos: CAMINHOS. A greve e o movimento docente. Belo Horizonte: APUBH, n. 16/17,

dez. 1998. 199 p.

GAZETA DO POVO. Viver bem. Curitiba: RPC, ano 18, n. 928. 31 p. Suplemento.

CONJUNTURA ECONÔMICA. Contas Nacionais. Rio de Janeiro: FGV, v.27, n. 9,

ago. 1994. 154 p. Edição Especial.

c) artigo e/ou matéria de revistas. Chave:

AUTORIA DO ARTIGO. Título do artigo. Título do periódico, Local de publicação,

número do volume e/ou ano, número do fascículo, página inicial - final do artigo, data.

Exemplos: LAHÓZ, A.; CAETANO, J. R. A conquista da América. Exame, São Paulo, ano 35,

n. 6, p. 36-52, mar. 2001.

73

CAMPOS, Roberto. Em defesa dos bodes. Veja, São Paulo, edição 1.731, n. 2, p.

20, 12 jan. 2000.

MOURA, Alexandrina Sobreira de. Direito de habitação às classes de baixa renda.

Ciência & Trópico, Recife, v. 11, n.1, p. 71-78, jan./jun. 1983.

d) artigos e/ou matéria de jornais. Chave:

AUTORIA DO ARTIGO. Título do artigo. Título do jornal, Local de publicação, data (dia, mês, ano). número ou título do caderno, (seção, suplemento) etc., página(s)

do artigo referenciado.

Exemplos: WURMEISTER, F.. Recuperação de rio pode levar um ano. Gazeta do Povo,

Curitiba, 18 mar. 2001. Caderno 1, p. 10.

COUTINHO, Wilson. O Paço da Cidade retorna a seu brilho barroco. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 mar. 1985. Caderno B, p. 6.

BIBLIOTECA climatiza seu acervo. O Globo, Rio de Janeiro, 4 mar. 1985. p.11.

33 DDOOCCUUMMEENNTTOOSS DDEE EEVVEENNTTOOSS (inclui anais, atas, resultados, resumos,

proceedings.) a) documento do evento como um todo. Chave: NOME DO EVENTO, número do evento, ano de realização, local. Tipo de documento (anais, atas, etc). Local de publicação: Editora, ano de publicação. Exemplos:

INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON KNOWLWDGE MANAGEMENT AND DOCUMENT MANAGEMENT (ISKM/DM), 3., Curitiba. Anais. Curitiba:

Champagnat, 2000.

REUNIÃO CIENTÍFICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PESQUISA

ODONTOLÓGICA, 13., 1998, Águas de São Pedro. Resumos. São Paulo: SBPq O, 1998

b) trabalhos apresentados em eventos. Chave:

AUTORIA. Título do trabalho. In: NOME DO EVENTO, número do evento, ano de realização, local. Tipo de documento (anais, atas etc). Local de publicação: Editora,

ano de publicação. página inicial – página final. Exemplo:

MUSSI, Clarissa C.; ANGELONI, Maria Terezinha. Mapeamento das fontes do

conhecimento organizacional: um suporte ao compartilhamento do conhecimento tácito. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON KNOWLWDGE MANAGEMENT AND

DOCUMENT MANAGEMENT, 3., Curitiba. Anais. Curitiba: Champagnat, 2000. p. 1-16.

FERNANDES, Carlos et al. Avaliação de processos de automação de bibliotecas

universitárias. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS,

6., 1990, Belém. Anais. Belém: MEC/SESU-PNBU, 1990. v. 1, p. 14-16.

74

44 DDOOCCUUMMEENNTTOOSS JJUURRÍÍDDIICCOOSS

a) legislação (inclui constituições, emendas constitucionais, lei complementar e

ordinária, medida provisória, decretos, resoluções, demais normas emanadas das entidades públicas e privadas.)

Chave:

JURISDIÇÃO (ou CABEÇALHO DA ENTIDADE, em caso de normas). Título. numeração, dia/mês/ano. (Ementa). Dados de publicação.

Exemplos: BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

BRASIL. Constituição (1988). Emenda constitucional no. 31, de 14 de dezembro

de 2000. Altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, introduzindo artigos que criam o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. In:

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

BRASIL. Decreto no. 3.847, de 26 de junho de 2001. Altera alíquota do Imposto

sobre Produtos Industrializados incidente sobre os produtos que menciona.

Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 jun. 2001. Seção 1, p. 2.

b) jurisprudência (inclui súmulas, enunciados, acórdãos, sentenças e demais decisões judiciais.)

Chave: JURISDIÇÃO. Órgão judiciário. Título (ementa ou natureza da decisão). Número.

Partes envolvidas (se houver). Relator. Local, dia/mês/ano. Dados de publicação.

Exemplos: BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula no. 97. Compete à Justiça do

Trabalho processar e julgar reclamações de servidor público relativamente à vantagens trabalhistas anteriores à instituição do regime jurídico único. In:

OLIVEIRA, Aristeu de. Consolidação das leis do trabalho anotada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 857.

BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Enunciado no. 36. Custas. Nas ações plúrimas as custas incidem sobre o valor global. In: OLIVEIRA, Aristeu de.

Consolidação das leis do trabalho anotada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p. 871.

BRASIL. Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo. Acórdão Especial no. 1.054.295/4. 2a. Câmara. Multa transação. Art. 51 do Código Penal, com a nova

redação que lhe deu a Lei no. 9.268/96, não impede a conversão da multa em

pena privativa de direitos. Relator Juiz Silvério Ribeiro. v. u., j. 24/04/1997. DJU, Brasília, 22 maio 1998, p. 19697.

55 DDOOCCUUMMEENNTTOOSS CCOOMM IIMMAAGGEEMM EE MMOOVVIIMMEENNTTOO (inclui filmes, fitas de vídeo,

DVDs, entre outros). Chave:

TÍTulo. Créditos (diretor, produtor, coordenador, realizador, roteirista etc.). Elenco relevante. Local: Produtora, data. Especificação do suporte em unidades

75

físicas (duração), outras informações relevantes, tais como sistema de

reprodução, indicadores de som e cor etc. Exemplos:

A VIDA EM PRETO E BRANCO. Direção de Gary Ross. Produção de Steven Soderbergh. Intérpretes: Tobey Maguire, Reese Witherspoon, Jeff Daniels, William

H. Macy. [s.l.]: Warner Bros. [1999]. 1 filme (124 min), son., p&b, color., 35mm.

OS PERIGOS do uso de tóxicos. Produção de Jorge Ramos de Andrade.

Coordenação de Maria Isabel de Azevedo. São Paulo: CERAVI, 1983. 1 fita de vídeo (30 min.), VHS, son., color.

EU TU ELES. Direção de Andrucha Waddington. Intérpretes: Regina Case, Lima

Duarte, Stênio Garcia e Luis Carlos Vasconcelos. Fotografia de Breno Silveira.

Música de Gilberto Gil. Brasil: Colúmbia, 2000. 1 DVD (119 min), videoscreen, color. O DVD traz trailer, entrevistas com o diretor e o elenco e videoclip da

canção Esperando na janela.

66 DDOOCCUUMMEENNTTOOSS IICCOONNOOGGRRÁÁFFIICCOOSS EE CCAARRTTOOGGRRÁÁFFIICCOOSS

a) documentos iconográficos (inclui original e/ou reprodução de obra de arte,

fotografia, desenho técnico, diapositivo(slide), diafilme, material estereográfico,

transparência, cartaz e outros). Chave:

AUTOR. Título (na ausência, [sem título]. data. Indicações de publicação, quando houver. Características físicas, como suporte, cor, dimensões.

Exemplos: GOOD CAMARGO. Duas figuras. 1977. 1 original de arte, óleo sobre tela, 55 cm x

60 cm. Coleção particular.

GUEDES, Rachel. Capela do pavilhão Dois. [199_]. In: VARELLA, Drauzio.

Estação Carandiru. São Paulo: Cia. das Letras, 1999. p. 32. 1 fot., color.

ORIENTAÇÃO aos usuários das bibliotecas da UFF: ciclo básico. Niterói: UFF, 1981. 15 transparências, p&b, 35 cm x 22 cm.

b) documentos cartográficos . (inclui atlas, mapa, fotografia aérea e outros). Chave:

(a identificação do documento onde está publicado). Informações técnicas como escala, latitude, longitude, meridianos etc.

Exemplos: ATLAS DA HISTÓRIA DO MUNDO. São Paulo: Folha de S. Paulo. Encarte das

edições de domingo de 12 mar. 22 out. 1995. Copyright Times Books, 1993.

SÃO PAULO. Planta visográfica da cidade de São Paulo e regiões circunvizinhas.

Santo André: Geomapas, 1995. 1 mapa, color. 210 cm x 170 cm. Escala 1:20.000.

BRASIL. Ministério da Aeronáutica. Comando Costeiro. Base Aérea do Recife.

1o./6o. Grupo de Aviação. Saquarema. 71 fotografias aéreas, p&b, 25 cm x 23 cm. Projeto 04/FAB -D- M76. 13 jun. 1976.

76

77 DDOOCCUUMMEENNTTOOSS SSOONNOORROOSS EE MMUUSSIICCAAIISS (inclui disco, CD (compact disc), fita

cassete, fita magnética de rolo, partituras e outros). a) documento sonoro no todo. Chave:

COMPOSITOR(ES) ou INTÉRPRETE(S). Título. Outras indicações de responsabilidade, como entrevistadores, diretor artístico, produtor etc. Local:

Gravadora, data. Especificação do suporte (duração), outras informações relevantes.

Exemplos: BETHANIA, Maria. Álibi. [Rio de Janeiro]: Philips/Polygram, 1978. 1 disco sonoro

(32 min), 33 1/3 rpm, estéreo, 12 pol.

MEIRELLES, Helena. Flor da guavira. São Paulo: Eldorado, 1996. 1 CD (58 min).

LEE, Rita; CARVALHO, Roberto de. Bombom. Rio de Janeiro: Som Livre, 1983. 1

fita cassete (37 min), 3 ¾ pps, estéreo.

b) documento sonoro em parte. Chave: COMPOSITOR(ES) ou INTÉRPRETE(S) da parte. Título da parte. [Outras

indicações de responsabilidade pela parte, como arranjadores, regência etc]. expressão In: referência do documento sonoro no todo. (ao final, deve-se

individualizar a parte referenciada, com indicativos de faixa ou outra que couber). Exemplos:

TAMBA TRIO. O samba da minha terra. Dorival Caymmi.[Compositor]. In: BOSSA

Nova. São Paulo: BMG Ariola, 1994. 1 CD (40 min). Faixa 9 (2 min 20 s).

CARDOSO, Elizete. Minhas madrugadas. Paulinho da Viola; Candeia. [Compositores]. In: ______. Elizete sobe o morro. Produção e direção musical de

Moacyr Silva. Rio de Janeiro: Copacabana, [19_ _]. 1 disco sonoro (40 min), 33 1/3

rpm, estéreo, 12 pol. Lado B, faixa 1 (3:12).

c) partituras.

Chave:

AUTOR(ES). Título. Local: Editora, data. Característica do documento. Exemplos:

VILLA-LOBOS, Heitor. Coleções de quartetos modernos: cordas. Rio de Janeiro: [s.n.], 1916. 1 partitura (23 p.). Violoncelo.

HOLANDA, Chico Buarque de. Álbum para violão no. 1. Transcrições de Aroldo

Volpi. São Paulo: Cara Nova, [19 _ _]. 10 partituras com letra (32 p.). Violão.

88 DDOOCCUUMMEENNTTOOSS CCOONNSSUULLTTAADDOOSS OONN LLIINNEE

a) todos os documentos já mencionados, quando disponíveis on line. (inclui monografia no todo ou em partes, publicações periódicas no todo ou em partes,

eventos no todo ou em partes, documento jurídico, documento com imagem e movimento, documento iconográfico e cartográfico, documentos sonoro e musical

no todo ou em partes.)

Chave:

77

-para todos os casos, seguem-se os mesmos padrões de identificação já

apresentados, acrescidos das expressões Disponível em: <endereço eletrônico>. Acesso em: dia/mês/ano.

Exemplos: NERUDA, Pablo. Veinte poemas de amor e una canción desesperada. [s.l.]:

VirtualBooks, 2000. Disponível em:

<http://virtualbooks.terra.com.br/esp/veinte_poemas_de_amor_cancion_deseperada.htm>. Acesso em: 21 maio 2002.

CONGRESSO INTERNACIONAL DE TELEMEDICINA, EDUCAÇÃO E

TREINAMENTO À DISTÂNCIA, 2., 2000. São Paulo. Anais eletrônicos ... São

Paulo: USP, 2000. Disponível em <http://relacon.com/telmed2000/>. Acesso em 9 mar. 2001.

SILVA, I. G. Pena de morte para o nascituro. O Estado de São Paulo, São Paulo,

19 set. 1998. Disponível em <http://www.providafamília.org/pena_morte_nascituro.htm>. Acesso em: 25 nov.

1998.

b) documentos apresentados exclusivamente on line (inclui base de dados,

listas de discussão, BBS (site), programas e conjuntos de programas, mensagens eletrônicas (e-mail) e outros.)

Chave: AUTORIA. Título do serviço/produto. Indicações de responsabilidade. Disponível

em: <endereço eletrônico>. Acesso em: dia/mês/ano.

Exemplos: GOMES, L. Xerox‟s on-line neighborhood: a great place to visit. Mercury News site

(may 1992). Disponível em <telnet.lambda.par.xerox.com.8888,@co#50827, press 13> Acesso em: 10 mai. 1992.

PREFACE to representative poetry on line: version 2.0, 1996. Disponível em

<http://library.otoronto.ca/www/utel/rp/intro.html> Acesso em: 17 jan. 1997.

FORUM OLÍMPICO: banco de dados das Olimpíadas. Disponível em:

<www.jogosolímpicos.org>. Acesso em 9 mar. 2001.

SANTOS, Antônio Raimundo dos. Modelos para referenciação de documentos. (mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <[email protected]>.

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