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CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Rodrigo Bezerra 1 RODRIGO BEZERRA Conteúdos abordados no curso: 1. Compreensão da(s) ideia(s) de um texto; 2. Estrutura textual construção da ideia e tipologia textual; 3. Estrutura textual recursos argumentativos; 4. Estrutura textual compreensão de excertos de um texto; 5. Coesão e coerência textuais mecanismos; Conteúdos abordados no curso: 6. Relações de causa e consequência (efeito); 7. Relações de antonímia e sinonímia entre partes ou vocábulos de um texto; 8. Paráfrases textuais; 9. Análise dos implícitos textuais inferências, depreensões, pressupostos e subentendidos; Conteúdos abordados no curso: 10. Ordenação textual sequência lógica de um texto; 11. Análise de excertos e emprego de nexos prepositivos e conjuntivos; 12. Questões mistas interpretação, estruturação e gramática; Noções de paragrafação Parágrafo O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais períodos, em que se desenvolve ou se explana determinada idéia central, a que geralmente se agregam outras, secundárias, mas intimamente relacionadas pelo sentido. É, literalmente, um bloco de idéias, delimitado por dois brancos, sendo uma idéia principal e as demais secundárias, todas unidas semanticamente. Noções de paragrafação A aprovação das medidas que permitem uma fiscalização mais acurada dos sonegadores de impostos está suscitando dúvidas. É claro que a última coisa que se deseja neste país é a implantação da ditadura das burocracias e a intromissão de tecnocratas na vida dos cidadãos. Por outro lado, não se pode perpetuar a grave injustiça, mediante a qual um exército de aproveitadores vive às custas dos poucos que honram com suas obrigações perante a nação. Por se acreditar na democracia, não se deve fazer concessão à corrupção. (Folha de S. Paulo TRF 2ª REGIÃO (ANALISTA JUDICIÁRIO) Os princípios éticos são normas de comportamento social, e não simples ideais de vida, ou premissas doutrinárias. Como normas de comportamento humano, os princípios éticos distinguem-se nitidamente não só das regras do raciocínio matemático, mas também das leis naturais ou biológicas. Ao contrário do que sustentaram grandes pensadores, como Hobbes, Leibniz e Espinosa, a vida ética não pode ser interpretada segundo o método geométrico (ordine geometrico demonstrata). As normas éticas tampouco... As normas éticas tampouco podem ser reduzidas a enunciados científicos, fundados na observação e na experimentação, como se se tratasse de leis zoológicas. Durante boa parte do século XIX, alguns pensadores, impressionados pelo extraordinário progresso alcançado no campo das ciências exatas, com a produção de certeza e previsibilidade no conhecimento dos dados da natureza, sucumbiram à tentação de explicar a vida humana segundo parâmetros deterministas. Compreensão da(s) ideia(s) de um texto A tirania da experiência Acompanhei as dificuldades de um jovem que, ao terminar sua formação, saiu à procura de um emprego. Ele esbarrou em recusas que os jovens recebem. Os entrevistadores apreciavam seu diploma, gostavam de sua apresentação e perguntavam: “Você tem experiência?”. Meu jovem amigo sentia-se num círculo vicioso: era rechaçado por falta de uma experiência que nunca poderia adquirir, pois não conseguia emprego justamente porque lhe faltava experiência. Parece um pretexto para condenar os jovens a um salário simbólico. Eternos estagiários, eles seriam obrigados a trocar seu trabalho pelo “privilégio” de aprender o ofício. Mas não é só isso: nossa cultura, em princípio,

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CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Rodrigo Bezerra

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RODRIGO BEZERRA Conteúdos abordados no curso: 1. Compreensão da(s) ideia(s) de um texto; 2. Estrutura textual – construção da ideia e tipologia textual; 3. Estrutura textual – recursos argumentativos; 4. Estrutura textual – compreensão de excertos de um texto; 5. Coesão e coerência textuais – mecanismos; Conteúdos abordados no curso: 6. Relações de causa e consequência (efeito); 7. Relações de antonímia e sinonímia entre partes ou vocábulos de um texto; 8. Paráfrases textuais; 9. Análise dos implícitos textuais – inferências, depreensões, pressupostos e subentendidos; Conteúdos abordados no curso: 10. Ordenação textual – sequência lógica de um texto; 11. Análise de excertos e emprego de nexos prepositivos e conjuntivos; 12. Questões mistas – interpretação, estruturação e gramática; Noções de paragrafação Parágrafo O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais períodos, em que se desenvolve ou se explana determinada idéia central, a que geralmente se agregam outras, secundárias, mas intimamente relacionadas pelo sentido. É, literalmente, um bloco de idéias, delimitado por dois brancos, sendo uma idéia principal e as demais secundárias, todas unidas semanticamente. Noções de paragrafação A aprovação das medidas que permitem uma fiscalização mais acurada dos sonegadores de impostos está suscitando dúvidas. É claro que a última coisa que se deseja neste país é a implantação da ditadura das burocracias e a intromissão de tecnocratas na vida dos cidadãos. Por outro lado, não se pode perpetuar a grave injustiça, mediante a qual um exército de aproveitadores vive às custas dos poucos que honram com suas obrigações perante a nação.

Por se acreditar na democracia, não se deve fazer concessão à corrupção. (Folha de S. Paulo TRF 2ª REGIÃO (ANALISTA JUDICIÁRIO) Os princípios éticos são normas de comportamento social, e não simples ideais de vida, ou premissas doutrinárias. Como normas de comportamento humano, os princípios éticos distinguem-se nitidamente não só das regras do raciocínio matemático, mas também das leis naturais ou biológicas. Ao contrário do que sustentaram grandes pensadores, como Hobbes, Leibniz e Espinosa, a vida ética não pode ser interpretada segundo o método geométrico (ordine geometrico demonstrata). As normas éticas tampouco... As normas éticas tampouco podem ser reduzidas a enunciados científicos, fundados na observação e na experimentação, como se se tratasse de leis zoológicas. Durante boa parte do século XIX, alguns pensadores, impressionados pelo extraordinário progresso alcançado no campo das ciências exatas, com a produção de certeza e previsibilidade no conhecimento dos dados da natureza, sucumbiram à tentação de explicar a vida humana segundo parâmetros deterministas. Compreensão da(s) ideia(s) de um texto

A tirania da experiência Acompanhei as dificuldades de um jovem que, ao terminar sua formação, saiu à procura de um emprego. Ele esbarrou em recusas que só os jovens recebem. Os entrevistadores apreciavam seu diploma, gostavam de sua apresentação e perguntavam: “Você tem experiência?”. Meu jovem amigo sentia-se num círculo vicioso: era rechaçado por falta de uma experiência que nunca poderia adquirir, pois não conseguia emprego justamente porque lhe faltava experiência. Parece um pretexto para condenar os jovens a um salário simbólico. Eternos estagiários, eles seriam obrigados a trocar seu trabalho pelo “privilégio” de aprender o ofício. Mas não é só isso: nossa cultura, em princípio,

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venera a experiência. Salvo em momentos nostálgicos, duvidamos das sabedorias sagradas ou ancestrais. Preferimos confiar e acreditar nas coisas em que podemos colocar o dedo e o nariz. A autoridade, em suma, abandonou a tradição e veio para a experiência. Se sou um adolescente, como afirmo minha liberdade? Sou obrigado a me aventurar em terrenos completamente novos. Para me esquivar da autoridade dos pais e dos adultos, tento fazer algo que não esteja no campo de experiências dos que me precederam. A novidade, a originalidade tornam-se verdadeiros valores, porque prometem libertar-me da experiência dos outros. Se fizer algo que ninguém nunca fez, quem poderia ditar minha conduta, dizendo-se sábio e experiente? Recomendação aos pais de adolescentes: se, discutindo com seus filhos, você achar bom evocar a sabedoria que vem de sua experiência, seja humilde e modesto. Quanto mais você justificar sua autoridade pela experiência, tanto mais seu rebento estará a fim de aventurar-se por terrenos pouco ou nada mapeados.

(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo, 07/03/2002)

01. (FCC) De acordo com o texto, para escapar à tirania da experiência um adolescente de hoje sente-se impelido a: (A) reconhecer a sabedoria antiga e sólida dos nossos ancestrais. (B) aventurar-se em situações inteiramente novas e originais. (C) ratificar os valores culturais que nortearam a geração precedente. (D) corresponder à expectativa dos entrevistadores das empresas. (E) repisar os caminhos em que seus pais se sentiram livres.

02. (FCC) Considere as seguintes afirmações: I. As empresas se valem da pouca ou nenhuma experiência de um jovem para se aproveitarem de seu trabalho na precária condição de estagiário. II. A responsabilidade pelo círculo vicioso a que o texto se refere deveria ser assumida pelos adolescentes, que não dão valor a nenhum tipo de experiência. III. As dificuldades enfrentadas por um jovem que esteja buscando trabalho demonstram que está em baixa o prestígio da experiência. Em relação ao texto, está correto o que se afirma em: (A) I, somente. (B) II, somente. (C) I e II, somente. (D) II e III, somente. (E) I, II e III.

Ética de princípios As duas éticas: a que brota da contemplação das estrelas perfeitas, imutáveis e mortas, a que os filósofos dão o nome de ética de princípios, e a que brota da contemplação dos jardins imperfeitos e mutáveis, mas vivos – a que os filósofos dão o nome de ética contextual. Os jardineiros não olham para as estrelas. Eles nada sabem sobre as estrelas que alguns dizem já ter visto por revelação dos deuses. Como os homens comuns não vêem essas estrelas, eles têm de acreditar na palavra dos que dizem já as ter visto longe, muito longe... Os jardineiros só acreditam no que seus olhos vêem. Pensam a partir da experiência: pegam a terra com as mãos e a cheiram. Vou aplicar a metáfora a uma situação concreta. A mulher está com câncer em estado avançado. É certo que ela morrerá. Ela suspeita disso e tem medo. O médico vai visitá-

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la. Olhando, do fundo do seu medo, no fundo dos olhos do médico, ela pergunta: “Doutor, será que eu escapo desta?” Está configurada uma situação ética. Que é que o médico vai dizer? Se o médico for adepto da ética estelar de princípios, a resposta será simples: “Não, a senhora não escapará desta. A senhora vai morrer.” Respondeu segundo um princípio invariável para todas as situações. A lealdade a um princípio o livra de um pensamento perturbador: o que a verdade irá fazer com o corpo e a alma daquela mulher? O princípio, sendo absoluto, não leva em consideração o potencial destruidor da verdade. Mas, se for um jardineiro, ele não se lembrará de nenhum princípio. Ele só pensará nos olhos suplicantes daquela mulher. Pensará que a sua palavra terá que produzir a bondade. E ele se perguntará: “Que palavra eu posso dizer que, não sendo um engano (a senhora breve estará curada...), cuidará da mulher como se a palavra fosse um colo que acolhe uma criança?” E ele dirá: “Você me faz essa pergunta porque você está com medo de morrer. Também tenho medo de morrer...”Aí , então, os dois conversarão longamente – como se estivessem de mãos dadas – sobre a morte que os dois haverão de enfrentar. Como sugeriu o apóstolo Paulo, a verdade está subordinada à bondade. Pela ética de princípios, o uso da camisinha, a pesquisa das células-tronco, o aborto de fetos sem cérebro, o divórcio, a eutanásia são questões resolvidas que não requerem decisões: os princípios universais os proíbem. Mas a ética contextual nos obriga a fazer perguntas sobre o bem ou mal que uma ação irá criar. O uso da camisinha contribui para diminuir a incidência da Aids? As pesquisas com células-tronco contribuem para trazer a cura para uma infinidade de doenças? O aborto de um feto sem cérebro contribuirá para diminuir a dor de uma mulher? O divórcio contribuirá para que homens

e mulheres possam recomeçar suas vidas afetivas? A eutanásia pode ser o único caminho para libertar uma pessoa da dor que não a deixará? Duas éticas. A única pergunta a se fazer é: “Qual delas está mais a serviço do amor?”

(Rubem Alves, Folha de S. Paulo, 04/03/2008) 03.(FCC – MPE/RS – Assessor) Ao tratar das duas éticas, o autor: (A) considera-as complementares entre si e as julga com plena isenção. (B) aponta fatores de uma sutil divergência entre elas e os classifica. (C) julga-as convergentes e demonstra esse fato por meio de uma metáfora. (D) opõe-nas a partir dos distintos compromissos de cada uma. (E) aponta drásticas divergências entre elas e propõe um modo de conciliá-las.

Coisas vagas Uma carta de P. V., queixando-se de que ainda não respondi à sua interpelação. Também, amigo P. V., as suas perguntas versam assuntos tão vagos, tão difíceis de responder: poesia e outras coisas afins... A culpa é um tanto minha, que quase unicamente de tais coisas trato nestas páginas, as quais – da mesma forma que mestre João Ribeiro deu a um livro seu o subtítulo de “crônica de vário assunto” – bem poderiam denominar-se “crônicas de vago assunto”. Ah, nem queira saber como eu invejo um amigo médico que tenho e que recebe cartas assim: “Como posso ter certeza de que vou ter um bebê? Quais são os primeiros sinais de gravidez?”

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Isso sim, que é pergunta precisa, sobre assunto urgente, e que traz logo uma resposta exata, definitiva, única. Mas poesia é coisa que não se explica: sente-se ou não se sente... P. S. – Se não quiser sentar-se, pior para você, amigo P. V. Mas, para que não se diga que só me interessam coisas vagas, eis aqui uma notícia que acabo de ler num dos últimos números d´ O Cruzeiro, na seção “O impossível acontece”: “Robert Tucker, de Boston, processado por dar álcool a beber a seu filho, de três anos de idade, em vez de leite, foi absolvido porque as leis do Estado de Massachusetts proíbem ministrar álcool a menores, mas somente entre os sete e os dezessete anos.” Está vendo? Quando a lei é só a lei, inteiramente ao pé da letra, o espírito da justiça fica uma coisa tão vaga...

(Adaptado de Mário Quintana, Na volta da

esquina) 04.(FCC – MPE/RS – Assessor) Considere as seguintes afirmações: I. A imprecisão no manejo das palavras é uma característica própria da linguagem literária. II. Há questões tão objetivas que podem ser respondidas de modo a não gerar qualquer hesitação ou controvérsia. III. A aplicação das leis só é justa e rigorosa quando se prende ao sentido literal do texto em que se formulam. Em sua crônica, Mário Quintana sustenta o que está afirmado APENAS em: (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II.

(E) II e III.

Livros e política A premiação do turco Orhan Pamuk com o Nobel de Literatura deste ano é uma veemente declaração do comitê que concede o prêmio em favor da liberdade de expressão. A Turquia nutre o objetivo de ser aceita na União Européia. A fim de aproximar seu padrão institucional do europeu, os turcos, entre outras ações, já aboliram a pena de morte, acabaram com os privilégios dos homens na escola e encaminharam uma ampla reforma do Judiciário. As diplomacias européias pressionam a Turquia, ainda, para que reconheça formalmente o genocídio de mais de um milhão de armênios, sob o nacionalismo turco, entre 1915 e 1923. É nesse ponto, de trato espinhoso na política turca, que o Nobel concedido a Pamuk toca diretamente. O escritor é um dos intelectuais que ousaram questionar o status quo na Turquia, que, contra as evidências históricas, nega que tenha havido uma campanha de “limpeza étnica” contra a minoria armênia. De acordo com as leis do país, insultar as instituições ou a identidade turca é crime punível com cadeia − e Pamuk foi processado por isso. A escolha do comitê faz sentido. Pena que a láurea tenha sido anunciada no mesmo dia em que a Assembléia da França aprovou projeto que torna crime negar o genocídio armênio. Os fins dos deputados franceses são justos, mas os meios acabam por criminalizar a palavra e a opinião − justamente o que se quer combater, com razão, na Turquia.

(Folha de S. Paulo, editorial, 15/10/06) 05.(FCC – TCE/PB) A relação indicada no título Livros e política esclarece-se, ao longo do texto, como uma: (A) oposição já histórica entre os objetivos da literatura e os da política.

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(B) tentativa de estabelecimento, na Turquia, de uma política editorial eficaz. (C) associação do prestígio de um escritor à discussão de um fato político a ele vinculado. (D) dissociação entre a função estética da literatura e o momento histórico-cultural. (E) inclusão da política literária de um país no concerto das nações européias. Texto Está surgindo no mundo uma nova tendência de consumo. De acordo com uma pesquisa mundial divulgada no final de 2009, consumidores reconhecem as boas causas e estão cada vez mais dispostos a apoiar as marcas e empresas que as praticam, percebendo o poder que possuem de determinar as tendências do mercado. Uma das mudanças de valores mais significativas é que encontrar felicidade em consumir parece fazer parte do passado. Apenas 16% dos consumidores ouvidos disseram tirar satisfação em fazer compras. Em 2008, eram 25%. Entre os consumidores brasileiros, a diferença é ainda maior: 29% disseram encontrar satisfação em ir às compras em 2008, enquanto em 2009 foram apenas 14%. Esse cenário faz emergir um paradoxo para as empresas e para o mercado em geral: como atender as demandas de inclusão social e transformar a base do consumo no mundo? É necessária uma revolução nos processos industriais e isso inclui os aspectos relacionados ao consumo, que precisa urgentemente ser reinventado. E é aqui que surge a frustração. As empresas não estão preparadas para enfrentar as mudanças que estão em curso no mundo hoje. Os grandes líderes de mercado parecem ainda ter dificuldade para entender o que está acontecendo de fato. O discurso e a prática dessas empresas ainda estão baseados

em modelos ultrapassados, que veem os custos ainda da maneira tradicional, deixando as externalidades para a sociedade. E mais, não são apenas os grandes líderes do setor privado que demonstram essa dificuldade. Uma manchete recente em um grande jornal diário mostra que pesquisadores e jornalistas também não entenderam as oportunidades que estão surgindo a partir das transformações que estamos vivendo. Eis o título da matéria: “Só estagnação econômica pode reduzir aquecimento global, diz estudo”. O relatório da Fundação Nova Economia explica que, segundo a NASA, a agência espacial norte-americana, a concentração máxima de gás carbônico na atmosfera para manter o aquecimento global dentro dos 2 ºC deveria ser de 350 ppm (partículas por milhão). E, para atingir essa meta até 2050, a humanidade teria de reduzir a intensidade das emissões de gás carbônico relacionadas às atividades econômicas em 95%. Então, o estudo classifica essa drástica redução na intensidade das emissões de gás carbônico relacionadas às atividades econômicas de “sem precedente e, provavelmente, impossível”, reforçando a defesa da estagnação econômica. Porém, esse é um grande equívoco. Uma análise desse tipo está claramente baseada em uma visão ultrapassada de desenvolvimento. As demandas provenientes das mudanças climáticas nos obrigam a repensar e recriar nossos modelos, com inovação e visão de futuro. É isso que estão fazendo (ou deveriam estar fazendo) os líderes mundiais. É possível e imprescindível criar uma nova economia, com base em novos modelos, que incluam de fato os aspectos sociais e ambientais.

Ricardo Young. Mudanças no consumo. In:

CartaCapital, 26/2/2010. Internet: <www.cartacapital.com.br>

(com adaptações).

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(CESPE/AGU) De acordo com as ideias apresentadas no texto, julgue os itens que se seguem. 1 A valorização, pelo consumidor, do trabalho de empresas que demonstram responsabilidade social e ambiental está ligada à conscientização desse consumidor acerca de seu poder de influenciar o mercado. 2 No Brasil, as pessoas tendem a consumir menos do que em outros países, fato que se verificou especialmente a partir do ano de 2008. 3 Se compreendessem, de fato, a necessidade de mudança nos parâmetros de produção e de consumo, provavelmente os pesquisadores e os jornalistas levariam para os diversos setores da sociedade a responsabilidade pela redução do aquecimento global. 4 Segundo o autor, a visão que se tem de economia é ultrapassada porque o sistema econômico vai de encontro ao que se almeja no mundo de hoje nos aspectos social e ambiental. 5 O texto põe em xeque a atuação das empresas diante do cenário mundial, visto que as mudanças climáticas continuam acontecendo. 6 O conceito de consumo precisa ser revisto porque é ele que determina os padrões de consumo e que, portanto, dita as regras na hora de as empresas decidirem o que produzir e como. 7 Apenas empresas com boas práticas de produção, isto é, que levam em conta fatores sociais e ambientais, são valorizadas pelos consumidores. TEXTO DISSERTATIVO

Expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa.

É um tipo de texto argumentativo

Predominam substantivos abstratos denominados de temas.

Predominam verbos no presente do indicativo – nocionais. TEXTO DISSERTATIVO

Predomínio da linguagem objetiva. Prevalece a denotação. Defesa de um argumento: introduz, desenvolve e

conclui. TEXTO NARRATIVO

Expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta antes, durante e depois dos acontecimentos.

É um tipo de texto seqüencial. Predominam substantivos concretos

denominados de figuras. Predominam verbos no pretérito, especialmente o

pretérito perfeito. TEXTO NARRATIVO

Presença de narrador, enredo, cenário, tempo. O diálogo direto e o indireto são frequentes. Apresentação de um conflito. Há transformações

de estado. TEXTO DESCRITIVO

Expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma visão.

É um tipo de texto figurativo. Predominam adjetivos. É um texto atributivo. Predominam verbos de ligação. Predomínio de atributos.

TEXTO DESCRITIVO

Tem como resultado a imagem física ou psicológica.

Frequente emprego de metáforas, comparações e outras figuras. Estrutura textual – construção da ideia e tipologia textual A doença da pressa A “doença da pressa” parece acometer cada vez mais indivíduos no mundo atual. Não se sabe exatamente se as exigências da atualidade estão gerando esse padrão comportamental, ou se as

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pessoas que sofrem da pressa e afobação já nascem com essa tendência. Também existem estudiosos que acreditam que o modo de criação das crianças pode contribuir para o desenvolvimento dessa característica. Mas o que é a “doença da pressa”? Trata-se de um conjunto de ações e emoções que inclui ambição, agressividade, competitividade, impaciência, tensão muscular, estado de alerta, fala rápida e enfática e um ritmo de atividade acelerado. Essas características se constituem em um estilo de vida que inclui muitas demandas, segundo o qual a pessoa está sempre pressionada pelo tempo, que se torna curto para a realização de tantas tarefas. Muitas das pessoas acometidas pela “doença da pressa” passam toda a sua vida queixando-se de tanto trabalhar, de como precisam correr para dar conta de todas as suas atividades, reclamam da competitividade no trabalho, das exigências de produtividade, de prazos irreais, enfim, de como sua vida é difícil. No entanto, observa-se que, na maioria das vezes, são elas próprias que transformam suas vidas nesse corre-corre sem fim. Essas pessoas, portanto, costumam ser vítimas de si mesmas e de um estilo de vida estressante auto-produzido. Normalmente, pessoas com a “doença da pressa” se sentem valorizadas por serem capazes de manter um ritmo cada vez mais rápido e uma intensidade cada vez maior nas atividades em que se engajam. Envolvem-se em lutar para alcançar metas, sendo super-conscienciosas e dedicadas ao trabalho. Costumam se esforçar para sempre se superarem nas tarefas, até mesmo no lazer, ocupando todo o seu dia com alguma tarefa e experimentando sentimentos de culpa quando estão paradas. Apesar de o mundo moderno estar exigindo do ser humano cada vez mais conhecimento, aprimoramento e dinamismo, nem todas as pessoas apresentam a “doença da pressa”.

Algumas pessoas conseguem manter um ritmo mais lento, serem mais contemplativas e planejarem suas ações, vivendo a vida de modo bastante diferente dos superapressados. No entanto, se a pessoa não acompanhar o ritmo exigido pela sociedade contemporânea, pode ter sérias dificuldades de adaptação, observando-se a necessidade de um misto de comportamentos mais apressados e mais lentos que devem ser acionados dependendo da situação. Esse manejo é fundamental para uma boa qualidade de vida.

(Texto adaptado de NOVAES, L. In: Com ciência.

Revista Eletrônica de Jornalismo Científico – SBPC

http://www.comciencia.br/comciencia) 01.(FGV – SAD/PE) A respeito da tipologia textual, é correto afirmar que o texto II: (A) constitui uma dissertação argumentativa acerca dos malefícios da “doença da pressa” em relação à qualidade de vida. (B) apresenta uma descrição da “doença da pressa”, porque se ocupa fundamentalmente de sua caracterização. (C) constitui uma narração, uma vez que se ocupa do relato de portadores da “doença da pressa”, comum nos dias atuais. (D) constitui uma dissertação argumentativa acerca das causas e consequências do estresse na sociedade moderna. (E) apresenta uma descrição da “doença da pressa”, porque defende um ponto-de-vista acerca das causas da referida patologia.

Rio Grande do Norte: a esquina do continente

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Os portugueses tentaram iniciar a colonização em 1535, mas os índios potiguares resistiram e os franceses invadiram. A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila de Natal. O clima pouco favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-se centro de criação de gado para abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal – hoje, o Rio Grande do Norte responde por 95% de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra fonte de recursos: é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo no mar. Os 410 quilômetros de praias garantem um lugar especial para o turismo na economia estadual. O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas − com belas praias, falésias, dunas e o maior cajueiro do mundo –, do qual faz parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: de um lado, a caatinga; do outro, o mar, com dunas, falésias e quilômetros de praias praticamente desertas. A região é grande produtora de sal, petróleo e frutas; abriga sítios arqueológicos e até um vulcão extinto, o Pico do Cabugi, em Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais importante. Além da rica história, é conhecida por suas águas termais, pelo artesanato reunido no mercado São João e pelas salinas. Caicó, Currais Novos e Açari compõem o chamado Polo do Seridó, dominado pela caatinga e com sítios arqueológicos importantes, serras majestosas e cavernas misteriosas. Em Caicó há vários açudes e formações rochosas naturais que desafiam a imaginação do homem. O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima ameno e geografia formada por montanhas e grutas atraem os adeptos do ecoturismo.

Outro polo atraente é Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, rochas e lajedos nos 13 municípios que compõem a região. Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar – em breve, o local vai abrigar um complexo voltado principalmente para o turismo religioso. A vaquejada e o Arraiá do Lampião são as grandes atrações de Tangará, que oferece ainda um belíssimo panorama no Açude do Trairi.

(Nordeste. 30/10/2010, Encarte no jornal O

Estado de S. Paulo).

02.(FCC – TRE/RN) O texto se estrutura notadamente (A) sob forma narrativa, de início, e descritiva, a seguir, visando a despertar interesse turístico para as atrações que o Estado oferece. (B) de forma instrucional, como orientação a eventuais viajantes que se disponham a conhecer a região, apresentando-lhes uma ordem preferencial de visitação. (C) com o objetivo de esclarecer alguns aspectos cronológicos do processo histórico de formação do Estado e de suas bases econômicas, desde a época da colonização. (D) como uma crônica baseada em aspectos históricos, em que se apresentam tópicos que salientam as formações geográficas do Estado. (E) de maneira dissertativa, em que se discutem as várias divisões regionais do Estado com a finalidade de comprovar qual delas se apresenta como a mais bela. Humes observou certa vez que a civilização humana como um todo subsiste porque “uma geração não abandona de vez o palco e outra triunfa, como acontece com as larvas e as borboletas”. Em algumas guinadas da

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história, porém, em alguns picos críticos, pode caber a uma geração um destino parecido com o das larvas e borboletas. Pois o declínio do velho e o nascimento do novo não são necessariamente ininterruptos; entre as gerações, entre os que, por uma razão ou outra, ainda pertencem ao velho e os que pressentem a catástrofe nos próprios ossos ou já cresceram com ela [...] está rompida a continuidade e surge um “espaço vazio”, espécie de terra de ninguém histórica, que só pode ser descrita em termos de “não mais e ainda não”. Na Europa, essa absoluta quebra de continuidade ocorreu durante e após a Primeira Guerra Mundial. É essa ruptura que dá um fundo de verdade a todo o falatório dos intelectuais, geralmente na boca dos “reacionários”, sobre o declínio necessário da civilização ocidental ou a famosa geração perdida, tornando-se, portanto, muito mais atraente do que a banalidade do pensamento “liberal”, que nos apresenta a alternativa de avançar ou recuar, a qual parece tão desprovida de sentido justamente porque ainda pressupõe uma linha de continuidade sem interrupções.

(ARENDT, Hannah. “Não mais e ainda não”. In Compreender: formação, exílio e totalitarismo.

Ensaios (1930-1954). São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008, p. 187)

03.(FCC – Oficial de Chancelaria) Na organização do texto, a autora: (A) toma como tema certo pensamento de Humes, que detalha para convencer o leitor sobre esta compreensão que ela tem do que seja a civilização: “A natureza não dá saltos”. (B) vale-se de Humes como argumento de autoridade, considerando irretorquível o pensamento citado.

(C) tira proveito da constatação de Humes, de caráter universal, para ratificá-la no plano mais particular que ela aborda no seu discurso. (D) cita Humes porque a comparação que ele faz entre os homens e os animais se aplica, ipsis litteris, à concepção que ela tem acerca do que ocorre com gerações em momentos críticos. (E) refere comentário do filósofo Humes e o desconstrói, pois o desfaz para reconstruí-lo em outras bases.

Informalidade reconfigurada As atividades informais têm sido tradicionalmente identificadas no Brasil como as práticas de trabalho mais relacionadasà luta pela sobrevivência. Na maior parte das vezes, trata-se de um conjunto expressivo da população que se encontra excluída das regras formais de proteção social e trabalhista. Salvo períodos conjunturais determinados de desaceleração econômica, quando o segmento informal funcionava como uma espécie de colchão amortecedor da temporária situação de desemprego aberto, percebia-se que a informalidade era uma das poucas possibilidades de os segmentos vulneráveis se inserirem no mercado de trabalho. Por não impor praticamente nenhuma barreira à entrada, o trabalho informal representaria uma atividade laboral que também poderia compreender a transição para o emprego assalariado formal. O trabalho informal submete-se à baixa remuneração e à vulnerabilidade de quem não conta com a aposentadoria na velhice, a pensão para o acidente de trabalho, o seguro para o desemprego, o piso oficial para a menor remuneração, a representação sindical, entre outras regras de proteção. Pelo menos durante o ciclo da industrialização nacional (1930-80), a informalidade foi sendo drasticamente reduzida. A força do assalariamento com carteira assinada, decorrente de taxas de crescimento econômico

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com média anual de 7%, foi a principal responsável pela queda do trabalho informal. Apesar disso, o Brasil ingressou na década de 1980 com cerca de 1/3 do total dos ocupados ainda submetidos às atividades informais. Com o abandono da condição de rápido e sustentado crescimento econômico, o mercado de trabalho sofreu uma importante inflexão. O desemprego aberto vem crescendo, e com ele a ocupação informal. Em vinte anos, o Brasil gerou um contingente adicional de 13,1 milhões de postos de trabalho não assalariados (40% do total de novos postos de trabalho). No mesmo período de tempo, a informalidade cresceu mais no meio urbano, uma vez que o setor rural continuou a expulsar mão de obra.

(Adaptado de Marcio Pochmann, revista

Forum) 04.(FCC – SEFAZ/SP – APOF 2010) Em seu conjunto, o texto constitui uma: (A) análise mercadológica pela qual se revelam as causas de exclusão do trabalhador do mercado informal de trabalho. (B) minuciosa exposição das causas que levaram ao crescimento do trabalho informal no Brasil, nas últimas duas décadas. (C) constatação objetiva da retração da informalidade no mercado de trabalho, a partir da década de 1980. (D) verificação da crescente instabilidade do setor industrial e seus efeitos no campo do trabalho assalariado. (E) exposição de fatos e dados estatísticos que identificam tendências do mercado de trabalho no Brasil.

05-(ESAF – TRF) Assinale a opção em desacordo com as idéias do texto. Não mais se conta com um eixo filosófico ou religioso sobre o qual girem as ciências, as técnicas e até mesmo a organização social. Como adverte Edgar Morin, a ciência também produz a ignorância, uma vez que as especializações caminham para fora dos grandes contextos reais, das realidades complexas. Paradoxalmente, cada avanço unidirecional dos conhecimentos científicos produz mais desorientação e perplexidade na esfera das ações a implementar, para as quais se pressupõem acerto e segurança. Vivemos em uma nebulosa, que não é a via-láctea deslocando-se no espaço cósmico e explicável pela astronomia, mas em uma nebulosa provocada pela falta de contornos definidos para o saber, para a razão e, na prática, para as decisões fundamentais. Afinal, o que significa tudo isso para a felicidade das pessoas e o destino último da sociedade?

(José de Ávila Aguiar Coimbra, Fronteiras da

Ética, São Paulo: Senac, 2002, p. 27)

a) O eixo filosófico ou religioso sobre o qual giravam as ciências, as técnicas e até mesmo a organização social não está mais disponível. b) Como as especializações se desviam dos grandes contextos reais e das realidades complexas, a ciência também produz ignorância. c) Se o avanço dos conhecimentos é unidirecional, produz-se desorientação e perplexidade nas ações para as quais acerto e segurança são pressupostos.

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d) A falta de contornos definidos para o saber é provocada pela razão e pelas decisões fundamentais da prática. e) A nuvem de matéria interestelar em que vivemos, que se desloca no espaço cósmico, é explicável pela astronomia.

Livros e política A premiação do turco Orhan Pamuk com o Nobel de Literatura deste ano é uma veemente declaração do comitê que concede o prêmio em favor da liberdade de expressão. A Turquia nutre o objetivo de ser aceita na União Européia. A fim de aproximar seu padrão institucional do europeu, os turcos, entre outras ações, já aboliram a pena de morte, acabaram com os privilégios dos homens na escola e encaminharam uma ampla reforma do Judiciário. O escritor é um dos intelectuais que ousaram questionar o status quo na Turquia, que, contra as evidências históricas, nega que tenha havido uma campanha de “limpeza étnica” contra a minoria armênia. De acordo com as leis do país, insultar as instituições ou a identidade turca é crime punível com cadeia − e Pamuk foi processado por isso. A escolha do comitê faz sentido. Pena que a láurea tenha sido anunciada no mesmo dia em que a Assembléia da França aprovou projeto que torna crime negar o genocídio armênio. Os fins dos deputados franceses são justos, mas os meios acabam por criminalizar a palavra e a opinião − justamente o que se quer combater, com razão, na Turquia.

(Folha de S. Paulo, editorial, 15/10/06) 06.(FCC – TCE/PB) A relação indicada no título Livros e política esclarece-se, ao longo do texto, como uma:

(A) oposição já histórica entre os objetivos da literatura e os da política. (B) tentativa de estabelecimento, na Turquia, de uma política editorial eficaz. (C) associação do prestígio de um escritor à discussão de um fato político a ele vinculado. (D) dissociação entre a função estética da literatura e o momento histórico-cultural. (E) inclusão da política literária de um país no concerto das nações européias. Texto Os mitólogos costumam chamar de imagens de mundo certas estruturas simbólicas pelas quais, em todas as épocas, as diferentes sociedades humanas fundamentaram, tanto coletiva quanto individualmente, a experiência do existir. Ao longo da história, essas constelações de idéias foram geradas quer pelas tradições étnicas, locais, de cada povo, quer pelos grandes sistemas religiosos. No Ocidente, contudo, desde os últimos três séculos uma outra prática de pensamento veio se acrescentar a estes modos tradicionais na função de elaborar as bases de nossas experiências concretas de vida: a ciência. Com efeito, a partir da revolução científica do Renascimento as ciências naturais passaram a contribuir de modo cada vez mais decisivo para a formulação das categorias que a cultura ocidental empregará para compreender a realidade e agir sobre ela. Mas os saberes científicos têm uma característica inescapável: os enunciados que produzem são necessariamente provisórios, estão sempre sujeitos à superação e à renovação. Outros exercícios do espírito humano, como a cogitação filosófica, a inspiração poética ou a exaltação mística poderão talvez aspirar a pronunciar verdades últimas; as ciências só

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podem pretender formular verdades transitórias, sempre inacabadas. Ernesto Sábato assinala com precisão que todas as vezes que se pretendeu elevar um enunciado científico à condição de dogma, de verdade final e cabal, um pouco mais à frente a própria continuidade da aplicação do método científico invariavelmente acabou por demonstrar que tal dogma não passava senão... de um equívoco. Não há exemplo melhor deste tipo de superstição que o estatuto da noção de raça no nazismo.

(Luiz Alberto Oliveira. “Valores deslizantes:

esboço de um ensaio sobre técnica e poder”, In O avesso da liberdade.

Adauto Novaes (Org). São Paulo: Companhia das Letras,

2002. p. 191) 07.(FCC – MPU – Analista Judiciário) É correto afirmar: (A) Infere-se do texto que os distintos discursos – religioso, filosófico, artístico, científico –, quando formalizam, cada um a seu modo, os dogmas da humanidade, na verdade estão conscientemente burlando o espírito que orienta cada específica prática. (B) O texto demonstra que superstições surgem nos mais diversos campos do conhecimento, e são elas que, através do tempo, configuram o estatuto do humano. (C) O texto esclarece que é uma pretensão imprópria aspirar a conquistas que, duradouras, podem acabar por se constituir em meros passos de um trajeto insuperável. (D) Seria coerente com as idéias expressas no texto o seguinte comentário, suscitado pelo exemplo dado: "O nazismo, por mais assustador que seja o fato, não foi isento de racionalidade".

(E) No texto exprime-se o entendimento de que é comum a várias práticas de pensamento, excluindo-se o mítico, defender que o espírito humano é capaz de atingir o saber pleno. Os vadios eram um grupo infrator caracterizado, antes de mais nada, por sua forma de vida. Era o fato de não fazerem nada, ou de nada fazerem de forma sistemática, que os tornava suspeitos ante a parte bem organizada da sociedade. Por não terem laços – a família, domicílio certo, vínculo empregatício –, constituíam um grupo fluido e indistinto, difícil de controlar e até mesmo de enquadrar. Passados os primeiros tempos dos descobertos auríferos, quando, como disse o jesuíta Antonil, os arraiais foram “móveis como os filhos de Israel no deserto”, a itinerância passou a ser cada vez mais tolerada. Em 1766 surge contra os vadios das Minas a primeira investida oficial de que se tem notícia: uma carta régia dirigida em 22 de julho ao governador Luís Diogo Lobo da Silva, e incisiva na condenação da itinerância de vadios e da forma peculiar de vida que escolhiam. Tais homens, dizia o documento, vivem separados do convívio da sociedade civil, enfiados nos sertões, em domicílios volantes, ou seja, sem residência fixa. Isto não podia ser tolerado, e deveriam passar a viver em povoações que tivessem mais de cinqüenta casas e o aparelho administrativo de praxe nas vilas coloniais: juiz ordinário, vereadores etc. Uma vez estabelecidos, ser-lhes-iam distribuídas terras adjacentes ao povoado para que as cultivassem, e os que assim não procedessem seriam presos e tratados como salteadores de caminhos e inimigos comuns.

(Laura de Mello e Souza. “Tensões sociais em Minas na segunda

metade do século XVIII”, In Tempo e história, org. Adauto

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Novaes. São Paulo: Companhia das Letras/Secretaria Municipal da

Cultura, 1992. p. 358-359) 08.(FCC – MPU – Analista Judiciário) No texto, o autor: (A) põe em foco um determinado estrato social, particularizando uma tentativa de disciplinamento oficial. (B) desenvolve considerações minuciosas a respeito do tema central de seu discurso: a carta de Luís Diogo Lobo da Silva. (C) narra um específico episódio ocorrido em Minas, tomado como exemplo do que se pode esperar da ação de grupo de infratores. (D) lança hipóteses sobre as causas de um determinado comportamento social, depois de caracterizá-lo a partir da teoria de pesquisadores, religiosos ou não. (E) toma os dados de pesquisa histórica como apoio para expressar e justificar o seu próprio juízo de valor acerca de infratores. No século XIX, enfatizou-se, nos mais diversos domínios, a busca de explicações sobre as origens — dos homens, das sociedades, das nações. Foi dentro desse quadro que se procurou conhecer e dar sentido explicativo ao Brasil, enfatizando-se ora aspectos selvagens e naturais, ora aspectos civilizados — civilização versus barbárie. À natureza se conferiu papel importante nas representações que foram sendo elaboradas ao longo de sua história — natureza em grande parte tropical, que, ao mesmo tempo em que seduz, desconcerta. Ora, se o mundo civilizado é visto como distante e pensado como contraponto ao mundo natural, o Brasil, consideradas a sua natureza e a sua população em meio a essa natureza,

encontrava-se perigosamente afastado da civilização. O ponto de partida desse enfoque tomou como contraposição dominante os polos estabelecidos a partir de cidade e campo — luz e treva, civilização e barbárie, oposição que faz parte, também, de um contexto mais amplo, com a identificação da cidade com técnica e artificialidade —, a cidade como expressão do maior domínio da natureza pelo homem, espaço diferenciado, destinado ao exercício da civilidade; o campo como símbolo da rusticidade, do não inteiramente civilizado, espaço intermediário entre a civilização e o mundo natural propriamente dito. Ora, se o campo se encontra mais perto do natural, pode ser associado à paz, à inocência, à virtude, a cidade, então, por sua vez, seria a expressão de “barbárie” — e isso deriva do entrelaçamento de significados que podem ser atribuídos aos qualificativos, ou seja, aos polos, a depender do sentido que se lhes atribui ou ao sentimento a eles associado, ou, ainda, ao que está, momentaneamente, sendo entrevisto. As formas de representação realizam outras mediações, constituem outras projeções e, carregadas de dubiedade e ambivalência, podem alcançar o homem (cidade versus campo; intelecto versus coração; razão versus sensibilidade), o povo, a Nação. No século XIX, o Brasil foi representado como um verdadeiro caleidoscópio. 09.(CESPE – TRT/21ª) Mesmo relatando aspectos subjetivos, o que é feito a partir de um enfoque classificatório ou tipológico, embasado em aspectos históricos e literários, o texto se apresenta essencialmente objetivo.

Estrutura textual – recursos argumentativos

Leia o texto para responder à questão 01

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A revolução da informação, o fim da guerra fria – com a decorrente hegemonia de uma superpotência única – e a internacionalização da economia impuseram um novo equilíbrio de forças nas relações humanas e sociais que parece jogar por terra as antigas aspirações de solidariedade e justiça distributiva entre os homens, tão presentes nos sonhos, utopias e projetos políticos nos últimos dois séculos. Ao contrário: o novo modelo – cuja arrogância chegou ao extremo de considerar-se o ponto final, senão culminante, da história – promove uma brutal concentração de renda em âmbito mundial, multiplicando a desigualdade e banalizando de maneira assustadora a perversão social.

(Ari Roitman, O desafio ético, com adaptações)

01- (ESAF – AFTN)- Nos itens abaixo, trechos do texto foram reescritos. Assinale a opção em que as idéias, ou a argumentação, do texto não foram respeitadas. a) Parece que destruir antigas aspirações de solidariedade e justiça distributiva é fruto da arrogância a que chegou o ponto final da história nos últimos dois séculos: os homens presentes na nova utopia têm diferentes projetos políticos. b) Um novo equilíbrio de forças nas relações humanas e sociais surgiu a partir de três fatores: a revolução da informação, o fim da guerra fria e a internacionalização da economia. c) Como conseqüência do fim da guerra fria houve hegemonia de uma superpotência única e um novo equilíbrio de forças – também ligado a outros fatores – nas relações humanas e sociais. d) Nos últimos dois séculos, estiveram presentes nos sonhos, utopias e projetos políticos antigas aspirações de solidariedade e

justiça que parecem estar em risco com o surgimento de um novo equilíbrio de forças nas relações humanas e sociais. e) Uma brutal concentração de renda em âmbito mundial vem com um novo equilíbrio de forças nas relações humanas e sociais; têm-se, conseqüentemente, uma banalização da perversão social com a multiplicação da desigualdade. Texto para a próxima questão É urgentemente necessário criar critérios objetivos para a seleção de projetos, obrigando a autoridade pública a comprovar o atendimento a critérios mínimos de interesse público, de viabilidade econômico-. financeira, de equilíbrio social e ambiental e de agregação de valor. Diante da realidade federativa do Brasil, é de se esperar também que o governo federal tenha uma visão ampla e generosa do papel central que deve exercer, no incentivo às boas práticas de planejamento e implantação de projetos. Essas inquietações surgem porque ações prepósteras do governo podem gerar erros graves na condução de programas de Parcerias Público-Privadas (PPP). Reverter erros em PPP – que se verificam na experiência internacional – pode custar muito caro ao país e a frustração decorrente pode inviabilizar mudança cultural tão necessária.

(Rubens Teixeira Alves & Leonardo Grilo. PPP –

uma lei só não faz verão. Correio Braziliense, 25 de julho de

2005, com adaptações)

02-(ESAF – AFRFB) A argumentação textual está organizada em torno da seguinte relação de condicionalidade:

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a) Não haverá realidade federativa se o governo federal não tiver uma visão ampla e generosa do seu papel central de incentivador das boas práticas de planejamento e implantação de projetos. b) Se ações proteladoras do governo gerarem inquietações que ocasionem erros graves na condução de programas de PPPs, poderá ser inviabilizada a mudança cultural por eles pretendida. c) Será urgentemente necessário criar critérios objetivos para a seleção de projetos, se for verificada na experiência internacional que reverter erros nas PPPs pode custar caro. d) Erros graves na condução de PPPs podem custar caro ao país, se não forem criados critérios objetivos para a seleção de projetos e a autoridade pública não comprovar o atendimento a critérios mínimos. e) Se custar muito caro ao país a frustração decorrente de más práticas de planejamento e implantação de projetos, poderá ser inviabilizada a mudança cultural tão necessária para a implantação das PPPs. 03. (ESAF) Assinale a opção que não representa ilustração confirmatória da tese do texto. Brasileiros e latino-americanos fazemos constantemente a experiência do caráter postiço, inautêntico, imitado da vida cultural que levamos. Essa experiência tem sido um dado formador de nossa reflexão crítica desde os tempos da Independência. Ela pode ser e foi interpretada de muitas maneiras, por românticos, naturalistas, modernistas, esquerda, direita, cosmopolitas, nacionalistas etc., o que faz supor que corresponda a um problema durável e de fundo.

Antes de arriscar uma explicação a mais, digamos portanto que o mencionado mal-estar é um fato. As suas manifestações cotidianas vão do inofensivo ao horripilante.

(SCHWARZ, Roberto, Cultura e política, p. 108)

a) Papai Noel enfrentando a canícula em roupa de esquimó configura uma inadequação cultural. b) Da ótica de um tradicionalista, a guitarra elétrica no país do samba é um despropósito. c) Entre os representantes do regime de 64, era comum dizer que o povo brasileiro é despreparado e que democracia aqui não passava de uma impropriedade. d) Os brasileiros souberam associar o clima tropical a um inusitado estilo de vida, em que se conjugam pouca roupa, muita sensualidade e alegria. e) No século XIX comentava-se o abismo entre a fachada liberal do Império, calçada no parlamentarismo inglês, e o regime de trabalho efetivo, que era escravo. Os teóricos, ao dizerem que os indivíduos são cronicamente insatisfeitos porque são consumistas, não estão constatando um fato, mas emitindo um julgamento moral, isto é, a satisfação psicológica obtida com a compra de objetos é interpretada como insatisfação, porque seria um tipo de realização emocional espúrio. Em outras palavras, supõe-se que existe uma forma mais nobre de satisfação emocional que se perderia no contato com o mundo dos artefatos, ou então, como nos autores de orientação marxista, que a insatisfação é inevitável quando o sujeito é expropriado do que ele próprio produz e coagido a comprar os objetos produzidos pelos proprietários do capital.

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Em suma, pode existir satisfação com os objetos de uso, mas, não, com os de troca, ou seja, com a mercadoria.

(Texto adaptado de Jurandir Freire Costa. "O

vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do

espetáculo", p.203) 04. (ESAF) Assinale a afirmativa que está de acordo com o que argumenta o autor do texto. a) Na análise do ser humano e de sua conduta pessoal e social, deve haver mais rigor, para que não prevaleçam as crenças e os fatos sejam examinados com objetividade. b) Aqueles que criticam as leis de mercado, como os marxistas, por exemplo, elaboram análises equivocadas a respeito dos estados psicológicos do ser humano. c) É verdadeiro o pressuposto de que é espúria a satisfação emocional resultante da compra de objetos, mas a relação de causa e efeito entre esses dois fatos é falsa. d) A mercadoria, vilã da satisfação plena do indivíduo, é referida por grande parte dos teóricos como a forma mais nobre de satisfação emocional. e) Os teóricos não estariam emitindo julgamento de valor se, ao contrário do que afirmam sobre a insatisfação crônica dos indivíduos, declarassem que, apesar de insatisfeitos, os indivíduos continuam consumistas. Os vadios eram um grupo infrator caracterizado, antes de mais nada, por sua forma de vida. Era o fato de não fazerem nada, ou de nada fazerem de forma sistemática, que os tornava suspeitos ante a parte bem organizada da sociedade. Por não terem laços – a família,

domicílio certo, vínculo empregatício –, constituíam um grupo fluido e indistinto, difícil de controlar e até mesmo de enquadrar. Passados os primeiros tempos dos descobertos auríferos, quando, como disse o jesuíta Antonil, os arraiais foram “móveis como os filhos de Israel no deserto”, a itinerância passou a ser cada vez mais tolerada. Em 1766 surge contra os vadios das Minas a primeira investida oficial de que se tem notícia: uma carta régia dirigida em 22 de julho ao governador Luís Diogo Lobo da Silva, e incisiva na condenação da itinerância de vadios e da forma peculiar de vida que escolhiam. Tais homens, dizia o documento, vivem separados do convívio da sociedade civil, enfiados nos sertões, em domicílios volantes, ou seja, sem residência fixa. Isto não podia ser tolerado, e deveriam passar a viver em povoações que tivessem mais de cinqüenta casas e o aparelho administrativo de praxe nas vilas coloniais: juiz ordinário, vereadores etc. Uma vez estabelecidos, ser-lhes-iam distribuídas terras adjacentes ao povoado para que as cultivassem, e os que assim não procedessem seriam presos e tratados como salteadores de caminhos e inimigos comuns.

(Laura de Mello e Souza. “Tensões sociais em

Minas na segunda metade do século XVIII”, In Tempo e história, org.

Adauto Novaes. São Paulo: Companhia das

Letras/Secretaria Municipal da Cultura, 1992. p. 358-359)

05.(FCC – MPU – Analista Judiciário) Considere as afirmações que seguem sobre a organização do texto. I. No processo de argumentação, o autor valeu-se de testemunho autorizado. II. A fala do jesuíta constitui argumento para a consolidação da idéia de que a itinerância passou a ser cada vez mais tolerada.

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III. A data de 1766 foi citada como comprovação explícita de que o rei era realmente signatário da carta. Está correto o que se afirma SOMENTE em: (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III. Estrutura textual – compreensão de excertos de um texto

Informalidade reconfigurada

As atividades informais têm sido tradicionalmente identificadas no Brasil como as práticas de trabalho mais relacionadasà luta pela sobrevivência. Na maior parte das vezes, trata-se de um conjunto expressivo da população que se encontra excluída das regras formais de proteção social e trabalhista. Salvo períodos conjunturais determinados de desaceleração econômica, quando o segmento informal funcionava como uma espécie de colchão amortecedor da temporária situação de desemprego aberto, percebia-se que a informalidade era uma das poucas possibilidades de os segmentos vulneráveis se inserirem no mercado de trabalho. Por não impor praticamente nenhuma barreira à entrada, o trabalho informal representaria uma atividade laboral que também poderia compreender a transição para o emprego assalariado formal. O trabalho informal submete-se à baixa remuneração e à vulnerabilidade de quem não conta com a aposentadoria na velhice, a pensão para o acidente de trabalho, o seguro para o desemprego, o piso oficial para a menor remuneração, a representação sindical, entre outras regras de proteção. Pelo menos durante o

ciclo da industrialização nacional (1930-80), a informalidade foi sendo drasticamente reduzida. A força do assalariamento com carteira assinada, decorrente de taxas de crescimento econômico com média anual de 7%, foi a principal responsável pela queda do trabalho informal. Apesar disso, o Brasil ingressou na década de 1980 com cerca de 1/3 do total dos ocupados ainda submetidos às atividades informais. Com o abandono da condição de rápido e sustentado crescimento econômico, o mercado de trabalho sofreu uma importante inflexão. O desemprego aberto vem crescendo, e com ele a ocupação informal. Em vinte anos, o Brasil gerou um contingente adicional de 13,1 milhões de postos de trabalho não assalariados (40% do total de novos postos de trabalho). No mesmo período de tempo, a informalidade cresceu mais no meio urbano, uma vez que o setor rural continuou a expulsar mão de obra.

(Adaptado de Marcio Pochmann, revista Forum) 01.(FCC – SEFAZ/SP – APOF 2010) Atente para as seguintes afirmações: I. No 1o parágrafo, considera-se que a informalidade é uma atividade laboral que compensa a falta de proteção social e trabalhista, garantida no trabalho formal. II. No 2o parágrafo, admite-se que a industrialização nacional permitiu o acesso de mais trabalhadores às garantias e aos direitos do trabalho assalariado. III. No 3o parágrafo, adverte-se que a ocupação informal crescerá ainda mais, caso se altere a tendência de expulsão da mão de obra do setor rural. Em relação ao texto, está correto o que se afirma em: (A) II, apenas. (B) I e II, apenas.

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(C) I, II e III. (D) I e III, apenas. (E) II e III, apenas. 02.(FCC – SEFAZ/SP – APOF 2010) Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em: (A) gerou um contingente adicional (3o parágrafo) = ensejou um aumento circunstancial. (B) excluída das regras formais (1o parágrafo) = à revelia de parâmetros mais estáveis. (C) Salvo períodos conjunturais (1o parágrafo) = afora momentos circunstanciais. (D) foi sendo drasticamente reduzida (2o parágrafo) = foi sofrendo quedas incipientes. (E) sofreu uma importante inflexão (3o parágrafo) = absorveu significativa influência.

A aproximação das duas Américas Ufano-me de falar nesta instituição, digna da cidade que, pelo seu crescimento gigantesco, vem assombrando o mundo como a mais avançada de todas as estações experimentais de americanização. Em Chicago, melhor do que em qualquer outro ponto, pode-se acompanhar o processo sumário que usais para conseguir, de plantas alienígenas, ao fim de curto estágio de aclimação, frutos genuinamente americanos. Aqui estamos em frente de uma das cancelas do mundo, por onde vêm entrando novas concepções sociais, novas formas de vida e que é uma das fontes da civilização moderna. O tributo à ciência do qual nasceu esta universidade foi o mais benfazejo emprego de uma fortuna dedicada à humanidade. Aumentar a velocidade com que cresce a ciência é de longe o maior serviço que se poderia prestar à raça humana.

A própria religião não teria o poder de trazer à terra o reino de Deus sem o auxílio da ciência, na época de progresso que se anuncia e de que não podemos ainda fazer ideia. Aumentando o número de homens capazes de manejar os delicados instrumentos da ciência, de compreender-lhes as várias linguagens e de aproveitar-lhes os mais altos sentidos, as universidades trabalham mais depressa que qualquer outro fator para esse dia de adiantados conhecimentos que, no futuro, hão de transformar por completo a condição humana. (Conferência pronunciada por Joaquim Nabuco a

28 de agosto de 1908 na Universidade de Chicago. Essencial Joaquim Nabuco.

Organização e introdução de Evaldo Cabral de Mello. São Paulo: Penguin Classics, Companhia

das Letras, 2010, p. 548)

03.(FCC – TRF 1ª Região) O autor, ao empregar o segmento: (A) às estações experimentais de americanização, revela entender que o norte-americano, à época, ainda não tinha desenvolvido o sentimento de nacionalidade. (B) melhor do que em qualquer outro ponto, nega a possibilidade de que haja mais de uma estação americana em que se produzam frutos genuinamente nacionais. (C) pode-se acompanhar o processo sumário, insinua crítica ao processo citado, por não respeitar o necessário protocolo. (D) para conseguir, de plantas alienígenas, ao fim de curto estágio de aclimação, frutos genuinamente americanos, exemplifica o que concebe por americanização. (E) estamos em frente de uma das cancelas do mundo, advoga para Chicago a legítima autoridade para acatar ou condenar uma conquista científica americana.

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Leia o seguinte texto para responder à próxima questão. O cérebro humano é um órgão que absorve quase 25% da glicose que consumimos e 20% do oxigênio que respiramos. Carregar neurônios ou sinapses que interligam os neurônios em demasia é uma 05 desvantagem evolutiva, e não uma vantagem, como se costuma afirmar. Todos nós nascemos com muito mais sinapses do que precisamos. Aqueles que nascem em ambientes seguros e tranqüilos vão perdendo 10essas sinapses, fenômeno chamado de regressão sináptica. Portanto, toda criança nasce com inteligência, mas aquelas que não a usam vão perdendo-a com o tempo. Estimular o cérebro da criança desde cedo 15 é uma das tarefas mais importantes de toda mãe e de todo pai modernos.

(Stephen Kanitz, A favor dos videogames, Veja,

12 de outubro, 2005, com adaptações)

04.(ESAF) De acordo com o texto, constitui uma “desvantagem evolutiva” (l.5): a) levar o cérebro a consumir mais glicose do que oxigênio. b) sobrecarregar de sinapses e neurônios cérebros que não se conectam.

c) perder sinapses que não são desenvolvidas quando a criança cresce em ambientes seguros e tranqüilos. d) não nascer com inteligência necessária para evitar o fenômeno da regressão sináptica. e) ter uma educação que se diz moderna, mas que retira dos pais a tarefa de educar os filhos.

A tirania da experiência Acompanhei as dificuldades de um jovem que, ao terminar sua formação, saiu à procura de um emprego. Ele esbarrou em recusas que só os jovens recebem. Os entrevistadores apreciavam seu diploma, gostavam de sua apresentação e perguntavam: “Você tem experiência?”. Meu jovem amigo sentia-se num círculo vicioso: era rechaçado por falta de uma experiência que nunca poderia adquirir, pois não conseguia emprego justamente porque lhe faltava experiência. Parece um pretexto para condenar os jovens a um salário simbólico. Eternos estagiários, eles seriam obrigados a trocar seu trabalho pelo “privilégio” de aprender o ofício. Mas não é só isso: nossa cultura, em princípio, venera a experiência. Salvo em momentos nostálgicos, duvidamos das sabedorias sagradas ou ancestrais. Preferimos confiar e acreditar nas coisas em que podemos colocar o dedo e o nariz. A autoridade, em suma, abandonou a tradição e veio para a experiência. Se sou um adolescente, como afirmo minha liberdade? Sou obrigado a me aventurar em terrenos completamente novos. Para me esquivar da autoridade dos pais e dos adultos, tento fazer algo que não esteja no campo de experiências dos que me precederam. A novidade, a originalidade tornam-se

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verdadeiros valores, porque prometem libertar-me da experiência dos outros. Se fizer algo que ninguém nunca fez, quem poderia ditar minha conduta, dizendo-se sábio e experiente? Recomendação aos pais de adolescentes: se, discutindo com seus filhos, você achar bom evocar a sabedoria que vem de sua experiência, seja humilde e modesto. Quanto mais você justificar sua autoridade pela experiência, tanto mais seu rebento estará a fim de aventurar-se por terrenos pouco ou nada mapeados.

(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo, 07/03/2002)

05. (FCC) Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de uma expressão do texto em: (A) rechaçado por falta de uma experiência = absorvido pela inexperiência. (B) eternos estagiários = aprendizes eventuais. (C) salvo em momentos nostálgicos = à exceção dos instantes de nostalgia. (D) evocar a sabedoria = protelar o conhecimento. (E) seu rebento estará a fim de aventurar-se = seu ímpeto o levará a ousadias.

Ética de princípios As duas éticas: a que brota da contemplação das estrelas perfeitas, imutáveis e mortas, a que os filósofos dão o nome de ética de princípios, e a que brota da contemplação dos jardins imperfeitos e mutáveis, mas vivos – a que os filósofos dão o nome de ética contextual. Os jardineiros não olham para as estrelas. Eles nada sabem sobre as estrelas que alguns dizem já ter visto por revelação dos

deuses. Como os homens comuns não vêem essas estrelas, eles têm de acreditar na palavra dos que dizem já as ter visto longe, muito longe... Os jardineiros só acreditam no que seus olhos vêem. Pensam a partir da experiência: pegam a terra com as mãos e a cheiram. Vou aplicar a metáfora a uma situação concreta. A mulher está com câncer em estado avançado. É certo que ela morrerá. Ela suspeita disso e tem medo. O médico vai visitá-la. Olhando, do fundo do seu medo, no fundo dos olhos do médico, ela pergunta: “Doutor, será que eu escapo desta?” Está configurada uma situação ética. Que é que o médico vai dizer? Se o médico for adepto da ética estelar de princípios, a resposta será simples: “Não, a senhora não escapará desta. A senhora vai morrer.” Respondeu segundo um princípio invariável para todas as situações. A lealdade a um princípio o livra de um pensamento perturbador: o que a verdade irá fazer com o corpo e a alma daquela mulher? O princípio, sendo absoluto, não leva em consideração o potencial destruidor da verdade. Mas, se for um jardineiro, ele não se lembrará de nenhum princípio. Ele só pensará nos olhos suplicantes daquela mulher. Pensará que a sua palavra terá que produzir a bondade. E ele se perguntará: “Que palavra eu posso dizer que, não sendo um engano (a senhora breve estará curada...), cuidará da mulher como se a palavra fosse um colo que acolhe uma criança?” E ele dirá: “Você me faz essa pergunta porque você está com medo de morrer. Também tenho medo de morrer...”Aí , então, os dois conversarão longamente – como se estivessem de mãos dadas – sobre a morte que os dois haverão de enfrentar. Como sugeriu o apóstolo Paulo, a verdade está subordinada à bondade.

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Pela ética de princípios, o uso da camisinha, a pesquisa das células-tronco, o aborto de fetos sem cérebro, o divórcio, a eutanásia são questões resolvidas que não requerem decisões: os princípios universais os proíbem. Mas a ética contextual nos obriga a fazer perguntas sobre o bem ou mal que uma ação irá criar. O uso da camisinha contribui para diminuir a incidência da Aids? As pesquisas com células-tronco contribuem para trazer a cura para uma infinidade de doenças? O aborto de um feto sem cérebro contribuirá para diminuir a dor de uma mulher? O divórcio contribuirá para que homens e mulheres possam recomeçar suas vidas afetivas? A eutanásia pode ser o único caminho para libertar uma pessoa da dor que não a deixará? Duas éticas. A única pergunta a se fazer é: “Qual delas está mais a serviço do amor?”

(Rubem Alves, Folha de S. Paulo, 04/03/2008) 06.(FCC – MPE/RS – Assessor) Considere as seguintes afirmações: I. Na figuração da frase os jardineiros não olham para as estrelas, a palavra sublinhada é uma metáfora dos princípios absolutos. II. A diferença básica entre a ética de princípios e a ética contextual está no fato de que a primeira não tem aplicabilidade possível. III. A frase a verdade está subordinada à bondade foi citada como contraposição a um princípio da ética estelar. Em relação ao texto, está correto o que se afirma em: (A) I, II e III. (B) I e II, apenas. (C) I e III, apenas. (D) II e III, apenas. (E) III, apenas.

Coisas vagas

Uma carta de P. V., queixando-se de que ainda não respondi à sua interpelação. Também, amigo P. V., as suas perguntas versam assuntos tão vagos, tão difíceis de responder: poesia e outras coisas afins... A culpa é um tanto minha, que quase unicamente de tais coisas trato nestas páginas, as quais – da mesma forma que mestre João Ribeiro deu a um livro seu o subtítulo de “crônica de vário assunto” – bem poderiam denominar-se “crônicas de vago assunto”. Ah, nem queira saber como eu invejo um amigo médico que tenho e que recebe cartas assim: “Como posso ter certeza de que vou ter um bebê? Quais são os primeiros sinais de gravidez?” Isso sim, que é pergunta precisa, sobre assunto urgente, e que traz logo uma resposta exata, definitiva, única. Mas poesia é coisa que não se explica: sente-se ou não se sente... P. S. – Se não quiser sentar-se, pior para você, amigo P. V. Mas, para que não se diga que só me interessam coisas vagas, eis aqui uma notícia que acabo de ler num dos últimos números d´ O Cruzeiro, na seção “O impossível acontece”: “Robert Tucker, de Boston, processado por dar álcool a beber a seu filho, de três anos de idade, em vez de leite, foi absolvido porque as leis do Estado de Massachusetts proíbem ministrar álcool a menores, mas somente entre os sete e os dezessete anos.” Está vendo? Quando a lei é só a lei, inteiramente ao pé da letra, o espírito da justiça fica uma coisa tão vaga...

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(Adaptado de Mário Quintana, Na volta da esquina)

07.(FCC – MPE/RS – Assessor) A notícia transcrita da revista O Cruzeiro ilustra o fato de que, por vezes, num texto legal, (A) há imprevisões que impedem uma justa condenação. (B) a excessiva maleabilidade da lei torna injusta a aplicação de uma pena. (C) o alcance da lei pode ser excessivamente abrangente. (D) imputa-se o dolo até mesmo a quem age irrefletidamente. (E) relevam-se as contravenções que ocorrem amiúde.

Livros e política A premiação do turco Orhan Pamuk com o Nobel de Literatura deste ano é uma veemente declaração do comitê que concede o prêmio em favor da liberdade de expressão. A Turquia nutre o objetivo de ser aceita na União Européia. A fim de aproximar seu padrão institucional do europeu, os turcos, entre outras ações, já aboliram a pena de morte, acabaram com os privilégios dos homens na escola e encaminharam uma ampla reforma do Judiciário. As diplomacias européias pressionam a Turquia, ainda, para que reconheça formalmente o genocídio de mais de um milhão de armênios, sob o nacionalismo turco, entre 1915 e 1923. É nesse ponto, de trato espinhoso na política turca, que o Nobel concedido a Pamuk toca diretamente. O escritor é um dos intelectuais que ousaram questionar o status quo na Turquia, que, contra as evidências históricas, nega que

tenha havido uma campanha de “limpeza étnica” contra a minoria armênia. De acordo com as leis do país, insultar as instituições ou a identidade turca é crime punível com cadeia − e Pamuk foi processado por isso. A escolha do comitê faz sentido. Pena que a láurea tenha sido anunciada no mesmo dia em que a Assembléia da França aprovou projeto que torna crime negar o genocídio armênio. Os fins dos deputados franceses são justos, mas os meios acabam por criminalizar a palavra e a opinião − justamente o que se quer combater, com razão, na Turquia. (Folha de S. Paulo, editorial, 15/10/06) 08.(FCC – TCE/PB) Considere as seguintes afirmações: I. Apesar de haver demonstrado o interesse de se integrar à União Européia, a Turquia não tem tomado providências jurídicas com vistas a esse ingresso. II. Os deputados franceses reconheceram que, assim como a Turquia, também a França deveria ser responsabilizada por antigos atos de genocídio. III. Ao contrário dos pronunciamentos oficiais da Turquia, o escritor Pamuk admite ter ocorrido a “limpeza étnica” que vitimou os armênios. Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em: (A) I. (B) I e II. (C) II. (D) II e III. (E)III. Texto

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Os mitólogos costumam chamar de imagens de mundo certas estruturas simbólicas pelas quais, em todas as épocas, as diferentes sociedades humanas fundamentaram, tanto coletiva quanto individualmente, a experiência do existir. Ao longo da história, essas constelações de idéias foram geradas quer pelas tradições étnicas, locais, de cada povo, quer pelos grandes sistemas religiosos. No Ocidente, contudo, desde os últimos três séculos uma outra prática de pensamento veio se acrescentar a estes modos tradicionais na função de elaborar as bases de nossas experiências concretas de vida: a ciência. Com efeito, a partir da revolução científica do Renascimento as ciências naturais passaram a contribuir de modo cada vez mais decisivo para a formulação das categorias que a cultura ocidental empregará para compreender a realidade e agir sobre ela. Mas os saberes científicos têm uma característica inescapável: os enunciados que produzem são necessariamente provisórios, estão sempre sujeitos à superação e à renovação. Outros exercícios do espírito humano, como a cogitação filosófica, a inspiração poética ou a exaltação mística poderão talvez aspirar a pronunciar verdades últimas; as ciências só podem pretender formular verdades transitórias, sempre inacabadas. Ernesto Sábato assinala com precisão que todas as vezes que se pretendeu elevar um enunciado científico à condição de dogma, de verdade final e cabal, um pouco mais à frente a própria continuidade da aplicação do método científico invariavelmente acabou por demonstrar que tal dogma não passava senão... de um equívoco. Não há exemplo melhor deste tipo de superstição que o estatuto da noção de raça no nazismo.

(Luiz Alberto Oliveira. “Valores deslizantes:

esboço de um ensaio sobre técnica e poder”, In O avesso da liberdade.

Adauto

Novaes (Org). São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 191)

09.(FCC – MPU – Analista Judiciário) No primeiro parágrafo, o autor: (A) fornece uma descrição objetiva do modo como, ao longo da história, germinam e se desenvolvem as imagens do mundo, expressão emprestada aos mitólogos. (B) ratifica a idéia, construída ao longo da trajetória humana, de que o pensamento científico é a via mais eficaz para o conhecimento da realidade. (C) atribui a idiossincrasias culturais as distintas representações daquilo que legitimaria as práticas humanas. (D) defende que as sociedades humanas, apoiadas na religião ou em mitos variados, constroem imagens para autenticar a experiência individual perante a coletiva. (E) expressa sua compreensão de que, fora do âmbito racional, não há base sólida que fundamente a vida dos seres humanos. Coesão e coerência textuais – mecanismos 01. (ESAF) Considere as frases a seguir. I. Eles estavam preocupados com o problema que causaram. II. Eles apresentaram suas explicações. III. As explicações não eram convincentes. Reunidas em um só período, elas estarão em correta relação lógica e sintática na frase: a) Apresentaram suas explicações porque estavam preocupados com o problema causado por eles, pois não eram convincentes.

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b) As explicações não eram convincentes, mas eles as apresentaram, contudo estavam preocupados com o problema que haviam causado. c) Preocupados com o problema que haviam causado, eles apresentaram suas explicações, ainda que não convincentes. d) Quando apresentaram suas explicações, elas não eram convincentes, portanto estavam preocupados com os problemas que causaram. e) Quanto mais eles apresentavam suas explicações, mais elas não eram convincentes, à medida que eles estavam preocupados com o problema que causaram. O mate gelado corria sem pressa, e os vizinhos, convidados e imprensa se misturavam para ouvir histórias,receber a bênção e acompanhar os brevíssimos discursos. Antes de começar a festa, os vizinhos já tinham tomado conta da Casa, na alegria deste sinal de vida nova... Esse exemplo de união pela cidadania deveria mover muitas vezes o poder público, o empresariado, os artistas e a comunidade para semear Casas da Leitura pelo Acre como seringueiras e castanheiras. 2. (FGV – Ministério da Cultura) O pronome Esse (L.40) tem, no texto I, valor: (A) díctico. (B) catafórico. (C) anafórico. (D) metafórico. (E) resumitivo. 3. Com base na frase “No seu entender, é lícito tudo que o beneficia” (L.54-55), analise os itens a seguir: I. O pronome “seu” tem valor anafórico. II. O sujeito do verbo “beneficia” é “tudo”. III. O sujeito do verbo “é” é oracional. Analise: (A) se somente o item I estiver correto. (B) se todos os itens estiverem corretos. (C) se somente os itens II e III estiverem corretos. (D) se somente os itens I e II estiverem corretos.

(E) se somente os itens I e III estiverem corretos. Esse raciocínio baseia-se, contudo, numa falsa comparação. Primeiramente, porque a alocação de novos recursos nada tem a ver, em princípio, com o impacto tecnológico. O avanço deste não acarreta necessariamente impacto positivo daquela. 4. (FGV) No trecho “O avanço deste não acarreta necessariamente impacto positivo daquela” (L.91-92), os pronomes demonstrativos exercem, respectivamente, função: (A) anafórica e catafórica. (B) catafórica e catafórica. (C) anafórica e anafórica. (D) catafórica e anafórica. (E) dêitica e dêitica. Relações de causa e consequência (efeito) Humes observou certa vez que a civilização humana como um todo subsiste porque “uma geração não abandona de vez o palco e outra triunfa, como acontece com as larvas e as borboletas”. Em algumas guinadas da história, porém, em alguns picos críticos, pode

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caber a uma geração um destino parecido com o das larvas e borboletas. Pois o declínio do velho e o nascimento do novo não são necessariamente ininterruptos; entre as gerações, entre os que, por uma razão ou outra, ainda pertencem ao velho e os que pressentem a catástrofe nos próprios ossos ou já cresceram com ela [...] está rompida a continuidade e surge um “espaço vazio”, espécie de terra de ninguém histórica, que só pode ser descrita em termos de “não mais e ainda não”. Na Europa, essa absoluta quebra de continuidade ocorreu durante e após a Primeira Guerra Mundial. É essa ruptura que dá um fundo de verdade a todo o falatório dos intelectuais, geralmente na boca dos “reacionários”, sobre o declínio necessário da civilização ocidental ou a famosa geração perdida, tornando-se, portanto, muito mais atraente do que a banalidade do pensamento “liberal”, que nos apresenta a alternativa de avançar ou recuar, de sentido justamente porque ainda pressupõe uma linha de continuidade sem interrupções.

(ARENDT, Hannah. “Não mais e ainda não”. In Compreender: formação, exílio e totalitarismo.

Ensaios (1930- 1954). São Paulo: Companhia das Letras; Belo

Horizonte: Ed. UFMG, 2008, p. 187)

01. (FCC – Oficial de Chancelaria) O segmento que, no contexto, exprime uma consequência é: (A) (linhas 12 e 13) e surge um “espaço vazio”. (B) (linhas 24 e 25) ainda pressupõe uma linha de continuidade sem interrupções. (C) (linhas 23 e 24) a qual parece tão desprovida de sentido. (D) (linhas 15 e 16) essa absoluta quebra de continuidade ocorreu.

(E) (linhas 14 e 15) só pode ser descrita em termos de “não mais e ainda não”.

A aproximação das duas Américas Ufano-me de falar nesta instituição, digna da cidade que, pelo seu crescimento gigantesco, vem assombrando o mundo como a mais avançada de todas as estações experimentais de americanização. Em Chicago, melhor do que em qualquer outro ponto, pode-se acompanhar o processo sumário que usais para conseguir, de plantas alienígenas, ao fim de curto estágio de aclimação, frutos genuinamente americanos. Aqui estamos em frente de uma das cancelas do mundo, por onde vêm entrando novas concepções sociais, novas formas de vida e que é uma das fontes da civilização moderna. O tributo à ciência do qual nasceu esta universidade foi o mais benfazejo emprego de uma fortuna dedicada à humanidade. Aumentar a velocidade com que cresce a ciência é de longe o maior serviço que se poderia prestar à raça humana. 02.(FCC – TRF 1ª Região) Na organização do texto, é apresentado como causa o seguinte segmento: (A) (linha 1) pelo seu crescimento gigantesco. (B) (linha 1) vem assombrando o mundo. (C) (linha 3) pode-se acompanhar o processo sumário. (D) (linha 4) Aqui estamos em frente de uma das cancelas do mundo. (E) (linhas 4 e 5) por onde vêm entrando novas concepções sociais.

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03.(FCC – MPE/RS – Assessor)Considerando-se o contexto, há um aspecto causal no segmento sublinhado na frase: (A) Os jardineiros só acreditam no que seus olhos vêem. (B) Como sugeriu o apóstolo Paulo, a verdade está subordinada à bondade. (C) Mas, se for um jardineiro, ele não se lembrará de nenhum princípio. (D) Mas a ética contextual nos obriga a fazer perguntas sobre o bem ou o mal que uma ação irá criar. (E) O princípio, sendo absoluto, não leva em consideração o potencial destruidor da verdade. Relações de antonímia e sinonímia entre partes ou vocábulos de um texto

No tempo dos trens Parodiando o grande poeta que escreveu – Havia manhãs, naquele tempo –, quero registrar: havia trens naquele tempo. E havia as estações de trem, e as viagens de trem, antes que alguém decidisse extinguir o transporte ferroviário em benefício do rodoviário. Nada quero ajuizar sobre a justeza econômica ou o equívoco técnico dessa medida; o que posso garantir é que a poesia da vida saiu perdendo. Pois não me venham comparar o prosaísmo de uma viagem de ônibus com os devaneios de uma viagem de trem. Em primeiro lugar, os trens brasileiros, ao contrário dos japoneses, não tinham pressa: a vapor, a diesel ou mesmo elétricas, nossas locomotivas permitiam que os passageiros fossem contemplando com calma a paisagem, e às vezes até simulavam algum defeito, só para que todos pudessem esticar as pernas numa estação perdida no meio do caminho.

As estações, com sua arquitetura padronizada, eram recantos sombreados de onde se avistava a pracinha de uma vila ou a torre da igreja. Depois, é preciso considerar que a vida dentro dos trens também era outra. As pessoas passeavam tranquilamente pelo corredor, puxavam conversa em rodinhas, ou estacionavam nas plataformas de ligação entre os vagões, tomando um ventinho no rosto – prazer tanto maior porque proibido. Sem falar na possibilidade de um luxo – um carro-restaurante – onde se sentava para uma refeição, um lanche, uma cerveja. Para que pressa? Havia mais tempo para não se fazer nada, naquele tempo. O ritmo dos trens influía no dos negócios, no das providências burocráticas, até no dos amores: esperava-se mais para dar e receber um beijo, ou então para sofrer uma despedida. Nesse caso, havia mais tempo para aliviar uma frustração, repensar na vida. Sem pressa, nossos trens gostavam de deixar a gente viver em paz. Se um dia houver uma reversão em nossos meios de transporte e ressuscitarem as viagens de trem, me avisem, que eu virei correndo do outro mundo para garantir um lugar à janela.

(Expedito Trancoso, inédito) 01.(FCC – SEFAZ/SP – APOF 2010) Ganham sentido antagônico, no contexto, os seguintes elementos: (A) aliviar uma frustração / repensar na vida (4o parágrafo). (B) Parodiando / quero registrar (1o parágrafo). (C) prosaísmo de uma viagem / poesia da vida (1o parágrafo).

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(D) recantos sombreados / a pracinha de uma vila (2o parágrafo). (E) é preciso considerar / Sem falar na possibilidade (3o parágrafo). Paráfrases textuais O ataque cético à cientificidade das narrações históricas insistiu em seu caráter subjetivo, que as assimilaria às narrações ficcionais. As narrações históricas não falariam da realidade, mas sim de quem as construiu. Inútil objetar que um elemento construtivo está presente em certa medida até nas chamadas ciências “duras”: mesmo estas foram objeto de uma crítica análoga [...]. Falemos, então, de historiografia. [...]”

(GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso,

fictício (Introdução). São Paulo: Companhia das Letras,

2007, p. 9) 01. É correta paráfrase do primeiro período do texto – O ataque cético à cientificidade das narrações históricas insistiu em seu caráter subjetivo, que as assimilaria às narrações ficcionais. − o que se lê em: (A) A credulidade abalada gerou ataques ao cientificismo característico da história, e, quando se insistiu em que deveria assumir o viés subjetivo, suas semelhanças com as narrativas ficcionais avultaram. (B) O ceticismo que nutre a ciência dá às narrativas, inclusive às de cunho histórico, um matiz subjetivo, o que foi apontado pelos críticos como um fator inerente a qualquer tipo de relato. (C) O que caracteriza o relato de fatos históricos é sua natureza científica; se esse traço fosse minimizado e abrisse espaço para a

subjetividade − dizem certos críticos −, esse tipo de relato estaria próximo das narrativas ficcionais. (D) A acusação dos que não acreditavam no caráter científico das narrações históricas enfatizava o seu caráter subjetivo, traço que as tornaria semelhantes às narrações ficcionais. (E) O que sempre se enfatizou como determinante de um texto é o seu cunho particular, fator de subjetividade que sempre irmanou os relatos, os científicos (como os históricos) e os ficcionais (inventados pelo autor), como reconhecem até os mais severos ataques. 02-(ESAF – AFRFB) Todo homem, como membro da sociedade, tem o direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade. (Artigo XXII da Declaração Universal dos Direitos

Humanos) O artigo acima está organizado em apenas um período sintático. Assinale a opção que o reescreve em dois períodos sintáticos, preservando as relações semânticas entre as idéias originais. a) Como membro da sociedade, todo homem tem direito à realização de sua dignidade e ao desenvolvimento de sua personalidade. Tudo isso de acordo com o esforço nacional, a cooperação internacional e a organização de recursos de cada estado. b) Todo homem membro da sociedade tem o direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à

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sua dignidade. Tem também direito ao livre desenvolvimento de sua personalidade. c) Já que membro da sociedade, todo homem tem o direito à segurança social e à realização e ao livre desenvolvimento de sua personalidade; seja pelo esforço nacional, pela cooperação internacional ou de acordo com a organização e recursos de cada estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade. d) Todo homem, como membro da sociedade, tem o direito à segurança social e à realização dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade. Isso se dá pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada estado. e) Ao ser considerado membro da sociedade, todo homem tem o direito à segurança social e à realização – pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade – e ao livre desenvolvimento de sua personalidade. Análise dos implícitos textuais – inferências, depreensões, pressupostos e subentendidos 01.(ESAF – MPOG 2010)- A partir das ideias do texto, julgue como verdadeiras (V) ou falsas (F) as inferências abaixo, em seguida, assinale a opção correta. A experiência da modernidade é algo que só pode ser pensado a partir de alguns conceitos fundamentais. Um deles é o conceito de civilização. Tal conceito, a exemplo dos que constituem a base da estrutura da experiência ocidental, é algo tornado possível apenas por

meio de seu contraponto, qual seja, o conceito de barbárie. Assim como a ideia de civilização implica a ideia de barbárie, a experiência da modernidade (que não deve ser pensada como algo que já aconteceu, mas como algo que deve estar sempre acontecendo, um porvir) implica a experiência da violência que a tornou possível – a violência fundadora da modernidade. O processo civilizatório se constitui a partir da conquista de territórios e posições ocupados pela barbárie. Tal processo se dá de forma contínua, num movimento insistente que está sendo sempre recomeçado. Pensando em termos de experiência moderna, todas as grandes conquistas ou invasões das terras alheias tiveram como justificativa a ocupação dos espaços da barbárie. ( ) A conquista dos espaços ocupados pela barbárie constitui uma das manifestações da violência que está na origem da modernidade. ( ) A experiência ocidental estrutura-se por meio de conceitos em contraponto, ilustrados no contraponto entre civilização e barbárie. ( ) O processo civilizatório constitui um movimento de constante recomeço porque espaços de violência devem ser ocupados. ( ) A ausência da oposição no conceito de modernidade tornaria injustificável a ocupação de espaços de violência pelo processo civilizatório. A sequência correta é: a) V, V, V, F b) V, V, F, V c) V, V, F, F d) F, V, F, V e) F, F, V, V

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Texto O desenvolvimento é um processo complexo, que deriva de uma gama de fatores – entre os quais se realça a educação – e precisa de tempo para enraizar-se. É obra construída pela contribuição sistemática de vários 5 governos. Depende da produtividade, que se nutre da ciência, das inovações e, assim, dos avanços da tecnologia. Na verdade, a humanidade somente começou seu desenvolvimento depois da Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, na Inglaterra. A estagnação da 10 renda per capita havia sido a característica da história. A Revolução desarmou a Armadilha Malthusiana e deu início à Grande Divergência. A Armadilha deve seu nome ao demógrafo Thomas Malthus, para quem o potencial de crescimento era limitado pela oferta de 15 alimentos. A evolução da renda per capita dependia das taxas de natalidade e mortalidade. A renda per capita da Inglaterra começou a crescer descolada da demografia, graças ao aumento da produtividade na agricultura e da exploração do potencial agrícola da América.

(Adaptado de Maílson da Nóbrega, Lula e o

mistério do desenvolvimento. VEJA, 26 de agosto, 2009,

p.74)

02.(ESAF – MPOG 2010)- A partir da argumentação do texto, infere-se que: a) a Grande Divergência falhou em suas previsões, porque se baseou apenas na evolução histórica da renda per capita. b) as previsões de Malthus sobre o processo do desenvolvimento foram confirmadas apenas nos países que não exploravam a agricultura. c) a educação, associada ao desempenho dos governos, mostrou a falsidade das previsões de Thomas Malthus. d) a contribuição da ciência para os avanços da tecnologia pode reverter previsões quanto ao processo de desenvolvimento. e) a Revolução Industrial, ao mostrar o potencial ilimitado de desenvolvimento da humanidade, tornou-se prioridade de governo. Leia o fragmento para a próxima questão. O enquadramento pós-estruturalista da teoria da comunicação analisa o modo como a comunicação eletronicamente mediada (o que eu chamo modo de informação) desafia, e ao mesmo tempo reforça, os sistemas de dominação emergentes na sociedade e cultura pós-moderna. A minha tese é que o modo de informação decreta uma reconfiguração radical da linguagem, que constitui sujeitos fora do padrão do indivíduo racional e autônomo. Esse sujeito familiar moderno é deslocado pelo “modo de informação” em favor de um que seja múltiplo, disseminado e descentrado, interpelado continuamente como uma identidade instável. Na cultura, essa instabilidade coloca tanto perigos como desafios que se tornam parte de um movimento político – ou se estão relacionados com as políticas feministas, minorias étnicas/raciais, posições gays e lésbicas, podem conduzir a um desafio

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fundamental às instituições e estruturas sociais modernas.

(Haik Poster. A segunda era dos mídia)

03-(ESAF – AFRFB) Assinale a inferência que não está coerente com a argumentação do texto. a) Na cultura pós-moderna, o modo de informação estabelece com os sistemas de dominação relações em dois sentidos. b) Uma reconfiguração da linguagem repercute na reconfiguração dos sujeitos sociais, seja na cultura moderna seja na pós-moderna. c) Uma identidade instável caracteriza o sujeito, múltiplo, disseminado e inserido em movimentos políticos, culturais e sociais. d) Sujeitos deslocados pelo modo de informação eletronicamente mediado provocam uma instabilidade que se torna parte de movimento político. e) O padrão do indivíduo racional e autônomo conduz a políticas que podem desafiar os fundamentos das instituições e estruturas modernas. Texto O setor público não é feito apenas de filas, atrasos, burocracia, ineficiência e reclamações. A sétima edição do Prêmio de Gestão Pública, coordenado pelo Ministério do Planejamento, mostra que o serviço público federal também é capaz de oferecer servicos com qualidade de primeiro mundo. De 74 instituições públicas inscritas, 13 foram selecionadas por ter conseguido, ao longo dos anos, implantar e manter práticas e rotinas

de gestão capazes de melhorar de forma crescente seus resultados, tornando-os referências nacionais. O perfil dos premiados mostra que o que está em questão não é tamanho, visibilidade ou importância estratégica, mas, sim, a capacidade de fazer com que as engrenagens da máquina funcionem de forma eficiente, constante e muito bem controlada. (Ilhas de Excelência.

ISTOÉ, 2/3/2005, com adaptações) 04. (ESAF) A argumentação do texto não permite inferir que: a) A melhora de resultados é critério para uma instituição pública se tornar referência nacional. b) A capacidade de funcionar de forma eficiente, constante e bem controlada pode resultar em serviços de qualidade. c) A qualidade de primeiro mundo em gestão pública tem como critérios a visibilidade e a importância estratégica da instituição. d) A qualidade de serviços do primeiro mundo constitui parâmetro para avaliação da qualidade de serviços públicos federais no Brasil. e) A premiação considerou como qualidade a implantação e a manutenção de práticas de rotina que melhoram os resultados da gestão. Leia o excerto abaixo para responder à próxima questão Enquanto o patrimônio tradicional continua sendo responsabilidade dos Estados, a promoção da cultura moderna é cada vez mais tarefa de empresas e órgãos privados. Dessa diferença derivam dois estilos de ação cultural. Enquanto os governos pensam sua política em termos de proteção e preservação do patrimônio histórico, as iniciativas inovadoras ficam nas mãos da sociedade civil, especialmente daqueles

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que dispõem de poder econômico para financiar arriscando. Uns e outros buscam na arte dois tipos de ganho simbólico: os Estados, legitimidade e consenso ao aparecer como representantes da história nacional; as empresas, obter lucro e construir através da cultura de ponta, renovadora, uma imagem “não interessada” de sua expansão econômica.

(Nestor Garcia Canclini, Culturas Híbridas, p. 33,

com adaptações)

05-(ESAF – AFRFB) Assinale como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes inferências a respeito do texto. ( ) O Estado e a sociedade civil são co-responsáveis por ações culturais, cada um no seu âmbito. ( ) Não existe preservação do patrimônio histórico sem produção de cultura de ponta. ( ) Ambos os estilos de ação cultural identificados no texto produzem ganhos simbólicos. ( ) Financiar iniciativas culturais inovadoras implica incorrer em riscos econômico-financeiros. ( ) A arte pode servir para camuflar interesses econômicos expansionistas. ( ) Só pela atuação cultural, os Estados podem tornar-se representantes da história nacional. A seqüência de respostas corretas é: a) V-V-F-F-V-F b) V-F-V-V-V-F c) V-F-F-V-V-V

d) F-F-V-F-F-V e) F-V-V-F-V-F Texto Santo Agostinho (354-430), um dos grandes formula- dores do catolicismo, uniu a teologia à filosofia. Sua contribuição para o estudo das taxas de juros, ainda que involuntária, foi tremenda. Em suas Confissões, 05 o bispo de Hipona, filho de Santa Mônica, conta que, ainda adolescente, clamou a Deus que lhe concedesse desse a castidade e a continência e fez uma ressalva – ansiava por essa graça, mas não de imediato. Ele admitiu que receava perder a concupiscência natural 10da puberdade. A atitude de Santo Agostinho traduz impecavelmente a urgência do ser humano em viver o aqui e agora. Essa atitude alia-se ao desejo de adiar quanto puder a dor e arcar com as conseqüências do desfrute presente – sejam elas de ordem 15 financeira ou de saúde. É justamente essa urgência que explica a predisposição das pessoas, empresas e países a pagar altas taxas de juros para usufruir o mais rápido possível seu objeto de desejo.

(Viver agora, pagar depois, (Fragmento). In: Economia e

Negócios, Revista Veja, 30/03/2005, p.90)

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06. (ESAF) Assinale a opção correta com base no que se depreende do texto. a) Na adolescência, o bispo de Hipona foi concupiscente. b) O clamor de Santo Agostinho a Deus incluía o adiamento dos prazeres libidinosos. c) A predisposição para o pagamento de altas taxas de juros é causa da urgência de se querer viver intensamente o momento presente. d) A atitude tomada pelo filósofo católico, na adolescência, diferenciava-o dos demais homens e prenunciava a santificação futura. e) O teólogo e filósofo do catolicismo contribuiu significativamente para a formulação do conceito das taxas de juros, ainda que fosse contrário à matéria. Leia o texto abaixo para responder à próxima questão Com a tramitação das reformas constitucionais no Congresso, estamos prestes a inscrever em nossa Carta Magna disposições como limite salarial de integrantes dos poderes e dos serviços públicos estaduais, assunto que dificilmente se discutirá no Legislativo de qualquer outra federação, monárquica ou republicana, presidencialista ou parlamentarista, e que pouco provavelmente se encontrará em outra Constituição. A indagação cabível, a meu ver, é como e por que chegamos a tanto. O cerne desse desafio, que julgo não respondido, pode ser resumido num simples raciocínio: o sistema federativo, por oposição à forma unitária do Estado, nada mais é do que distribuir espacialmente o poder. A origem e o fundamento da divisão espacial do poder, representados pela federação, devem ser procurados entre aqueles que criaram o primeiro regime federativo do mundo.

O modelo confederativo, como se sabe, já era conhecido historicamente e foi adotado nos artigos da confederação que precederam e viabilizaram a luta pela independência das 13 colônias da América do Norte. O que marca a singularidade do novo sistema é exatamente a diferença entre as confederações anteriores e a alternativa criada pelos convencionais da Filadélfia. Equilibrar poderes, distribuir competências e responsabilidades rigorosamente simétricas em uma nação tão profundamente assimétrica, mais do que um desafio de engenharia política, ainda é uma incógnita indecifrada, que, como a esfinge, ameaça-nos devorar.

(Marco Maciel, Pacto federativo, Folha de São

Paulo, 14/09/2003, com adaptações)

07-(ESAF – TRF) Marque F (falso) ou V (verdadeiro) para inferências a partir do texto. ( ) As reformas constitucionais reforçam a distribuição espacial do poder. ( ) Um Estado que adota uma forma unitária não distribui espacialmente o poder. ( ) Confederações são Estados que adotam, constitucionalmente, o regime federativo a partir da independência dos Estados Unidos. ( ) Nossa Carta Magna será a primeira, ou uma das primeiras, a dispor sobre limite salarial de integrantes dos poderes mas não sobre dos serviços estaduais. A seqüência correta é: a) V, V, F, V b) V, V, F, F c) F, V, V, V d) V, F, F, F

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e) F, F, V, F O homem é moderno na medida das senhas de que ele é escravo para ter acesso à vida. Não é mais o senhor de seu direito constitucional de ir-e-vir. A senha é a senhora absoluta. Sem senha, você fica sem seu próprio dinheiro ou até sem a vida. No cofre do hotel, são quatro algarismos; no seu home bank, seis; mas para trabalhar no computador da empresa, você tem que digitar oito vezes, letras e algarismos. A porta do meu carro tem senha; o alarme do seu, também. Cada um de nossos cartões tem senha. Se for sensato, você percebe que sua memória não pode ser ocupada com tanta baboseira inútil. Seus neurônios precisam ter finalidade nobre. Têm que guardar, sim, os bons momentos da vida. Então, desesperado, você descarrega tudo na sua agenda eletrônica, num lugar secreto que só senha abre. Agora só falta descobrir em que lugar secreto você vai guardar a senha do lugar secreto que guarda as senhas.

(Alexandre Garcia, Abre-te sésamo, com adaptações)

08. (ESAF) Julgue os itens a respeito das idéias do texto. I. Depreende-se do texto que o autor se coloca na posição de quem se exclui da sociedade informatizada. II. O texto argumenta contra a modernidade, propondo como idéia principal que um direito constitucional, ora desrespeitado, deve ser o ideal a almejar. III. Depreende-se do texto que comportamentos sensatos poupam a memória para finalidades mais nobres e evitam qualquer procedimento ligado à informatização. IV. O segundo parágrafo constitui-se apenas de exemplos e ilustrações que explicam e

justificam a última oração do parágrafo anterior, sem ampliar a reflexão. Assinale a opção correta. a) Estão corretos apenas os itens I e II. b) Estão corretos apenas os itens II e III. c) Estão corretos apenas os itens III e IV. d) Nenhum item está correto. e) Todos os itens estão corretos.

Ética de princípios As duas éticas: a que brota da contemplação das estrelas perfeitas, imutáveis e mortas, a que os filósofos dão o nome de ética de princípios, e a que brota da contemplação dos jardins imperfeitos e mutáveis, mas vivos – a que os filósofos dão o nome de ética contextual. Os jardineiros não olham para as estrelas. Eles nada sabem sobre as estrelas que alguns dizem já ter visto por revelação dos deuses. Como os homens comuns não vêem essas estrelas, eles têm de acreditar na palavra dos que dizem já as ter visto longe, muito longe... Os jardineiros só acreditam no que seus olhos vêem. Pensam a partir da experiência: pegam a terra com as mãos e a cheiram. Vou aplicar a metáfora a uma situação concreta. A mulher está com câncer em estado avançado. É certo que ela morrerá. Ela suspeita disso e tem medo. O médico vai visitá-la. Olhando, do fundo do seu medo, no fundo dos olhos do médico, ela pergunta: “Doutor, será que eu escapo desta?” Está configurada uma situação ética. Que é que o médico vai dizer? Se o médico for adepto da ética estelar de princípios, a resposta será simples: “Não, a senhora não escapará desta. A senhora vai morrer.” Respondeu segundo um princípio invariável para todas as situações. A lealdade a

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um princípio o livra de um pensamento perturbador: o que a verdade irá fazer com o corpo e a alma daquela mulher? O princípio, sendo absoluto, não leva em consideração o potencial destruidor da verdade. Mas, se for um jardineiro, ele não se lembrará de nenhum princípio. Ele só pensará nos olhos suplicantes daquela mulher. Pensará que a sua palavra terá que produzir a bondade. E ele se perguntará: “Que palavra eu posso dizer que, não sendo um engano (a senhora breve estará curada...), cuidará da mulher como se a palavra fosse um colo que acolhe uma criança?” E ele dirá: “Você me faz essa pergunta porque você está com medo de morrer. Também tenho medo de morrer...” Aí , então, os dois conversarão longamente – como se estivessem de mãos dadas – sobre a morte que os dois haverão de enfrentar. Como sugeriu o apóstolo Paulo, a verdade está subordinada à bondade. Pela ética de princípios, o uso da camisinha, a pesquisa das células-tronco, o aborto de fetos sem cérebro, o divórcio, a eutanásia são questões resolvidas que não requerem decisões: os princípios universais os proíbem. Mas a ética contextual nos obriga a fazer perguntas sobre o bem ou mal que uma ação irá criar. O uso da camisinha contribui para diminuir a incidência da Aids? As pesquisas com células-tronco contribuem para trazer a cura para uma infinidade de doenças? O aborto de um feto sem cérebro contribuirá para diminuir a dor de uma mulher? O divórcio contribuirá para que homens e mulheres possam recomeçar suas vidas afetivas? A eutanásia pode ser o único caminho para libertar uma pessoa da dor que não a deixará? Duas éticas. A única pergunta a se fazer é: “Qual delas está mais a serviço do amor?”

(Rubem Alves, Folha de S. Paulo, 04/03/2008)

09.(FCC – MPE/RS – Assessor) Considerando-se o conjunto do texto, é correto inferir que o autor: (A) espera que o leitor responda afirmativamente a cada uma das perguntas formuladas no penúltimo parágrafo. (B) deseja provocar em nós o mesmo dilema que o transtorna a cada vez que se coloca diante da questão com que encerra o texto. (C) demonstra intolerância com quem costuma relativizar um princípio ético no contexto de uma dada situação. (D) admite que só o sistema dos princípios absolutos constitui uma ética verdadeira, ainda que longe do nosso alcance. (E) alimenta a convicção de que os filósofos e os santos desconhecem a ética dos jardineiros. 10.(FGV – SEFAZ/RJ) Com base na leitura do texto, analise os itens a seguir: I. Em “Portanto, a necessidade de as gerações atuais preservarem recursos para as gerações futuras também se dá no que tange aos recursos públicos” (L.117-119), o termo grifado colabora com a identificação de um pressuposto. II. Em “Não mais se concebe uma atuação estatal efetiva sem uma apurada reflexão sobre os gastos públicos, seus limites e sua aplicação” (L.128-130), na identificação dos implícitos, observa-se um pressuposto. 10.(FGV – SEFAZ/RJ) Com base na leitura do texto, analise os itens a seguir: III. Em “Enquanto o primeiro, normalmente, se adstringe a situações futuras próximas, o segundo vincula-se a situações futuras a longo prazo” (L.14-16), a leitura só se efetiva se o leitor identificar os subentendidos.

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Assinale: (A) se somente os itens II e III estiverem corretos. (B) se somente os itens I e II estiverem corretos. (C) se todos os itens estiverem corretos. (D) se nenhum item estiver correto. (E) se somente os itens I e III estiverem corretos. 10.(FGV – SEFAZ/RJ) Com base na leitura do texto, analise os itens a seguir: Assinale: (A) se somente os itens II e III estiverem corretos. (B) se somente os itens I e II estiverem corretos. (C) se todos os itens estiverem corretos. (D) se nenhum item estiver correto. (E) se somente os itens I e III estiverem corretos. 11. (FCC – ISS/SP 2012) "Ocorreu em nossos países uma nova forma de colonialismo, com a imposição de uma cultura alheia à própria da região. Cumpre avaliar criticamente os elementos culturais alheios que se pretendam impor do exterior. O desenvolvimento corresponde a uma matriz endógena, gerada em nossas próprias sociedades, e que portanto não é possível importar. Precisamos levar sempre em conta os traços culturais que nos caracterizam, que hão de alimentar a busca de soluções endógenas, que nem sempre têm por que coincidir com as do mundo altamente industrializado." A citação acima transcrita deixa entrever alguns de seus pressupostos. A alternativa que NÃO apresenta um desses pressupostos é: (A) A avaliação de elementos culturais nem sempre é realizada de forma competente. (B) Países desenvolvidos com base no crescimento industrial nem sempre são parâmetro para o desenvolvimento de outras nações. (C) A prática do colonialismo supõe a sujeição de uma comunidade, território, país ou nação realizada por outra geralmente mais desenvolvida. A citação acima transcrita deixa entrever alguns de seus pressupostos. A alternativa que NÃO apresenta um desses pressupostos é:

(D) Uma nova forma, seja qual for a natureza do fenômeno, constitui sempre um experimento, fato que justifica sua falta de aprimoramento, geradora de rejeições. (E) Nações podem lançar mão de mais de uma orientação política ou ideológica para manter sob seu domínio os destinos de uma outra. 12.(FCC – TRE/PE) Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. Considerado o acima transcrito, é correto afirmar: (A) Na frase, há duas informações prestadas de modo subentendido. (B) Se em vez de Há 40 anos fosse outra a formulação, esta estaria correta: “Devem fazer uns 40 anos”. 12.(FCC – TRE/PE) Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. (C) Se Há 40 anos fosse deslocado para o fim da frase, não haveria alteração de sentido, pois o contexto não contém contraponto que justificasse ter sido dado relevo ao segmento por meio de sua colocação no início do enunciado. (D) Considerados (I) a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos e (II) seu artigo mais famoso, a ausência, em II, do determinante destacado em I sinaliza que, numa dada escala, I ocupa lugar significativamente mais elevado do que o lugar ocupado por II. 12.(FCC – TRE/PE) Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. (E) A forma verbal publicava foi empregada para denotar uma ação passada habitual ou repetida. Ordenação textual – sequência lógica de um texto 01.(ESAF – MPOG 2010)- Numere em que ordem os trechos abaixo, adaptados do ensaio “Lula e o mistério do desenvolvimento”, de

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Maílson da Nóbrega (publicado em VEJA, de 26 de agosto, 2009), dão continuidade à oração inicial, numerada como (1), de modo a formar um parágrafo coeso e coerente. (1) Mudanças culturais estão na origem do sucesso dos atuais países ricos. ( ) De fato, as lutas mortais dos gladiadores, entre si e com as feras, divertiam os romanos; execuções públicas eram populares na Inglaterra até o século XVIII. ( ) Por isso, a alfabetização disseminada e habilidades aritméticas, antes irrelevantes, adquiriram importância para a Revolução Industrial. ( ) Esses instintos foram substituídos por hábitos fundamentais para o desenvolvimento: trabalho, racionalidade e valorização da educação. ( ) Elas os fizeram abandonar instintos primitivos de violência, impaciência e preguiça. ( ) Como consequência dessas mudanças, a classe média cresceu; valores como poupança, negociação e disposição para o trabalho se firmaram nas sociedades bem-sucedidas. A sequência obtida é: a) (1) (2) (4) (5) (6) (2) b) (1) (3) (2) (6) (4) (6) c) (1) (4) (2) (6) (5) (3) d) (1) (3) (5) (4) (2) (6) e) (1) (2) (6) (4) (3) (5) 02. (ESAF) Considere o seguinte período do texto para analisar os esquemas propostos abaixo: “Descumprir a lei gera o risco da punição

prevista pelo Código Penal ou de sofrer sanções civis.” A = Descumprir a lei B = gera o risco C = da punição prevista pelo Código Penal D = de sofrer sanções civis Considerando que as setas representam relações sintáticas entre as expressões lingüísticas, assinale a opção que corresponde à estrutura do período.

Letra A 03-(ESAF – AFRFB) Os trechos abaixo constituem um texto, mas estão desordenados. Ordene-os nos parênteses e indique a seqüência correta. ( ) Principalmente porque, com recursos parcos e uma formação basicamente literária, ele anteviu o mundo em que vivemos, no qual as palavras se evaporam e se dispersam em redes virtuais, as idéias circulam em direções caóticas e a noção de sentido, quer dizer, de uma direção e de um futuro, se perde num presente em abismo. ( ) E no qual, enfim, depois de séculos de hostilidade e de enclausuramento, o homem se veria dissolvido em uma grande colcha democrática, capaz de abrigar a todos, sem lugares fixos e sem destinos rígidos, um mundo, por fim, em que poderíamos compartilhar uma mesma experiência. ( ) Profeta da morte da imprensa e do fim de um mundo linear e geométrico, ele

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antecipou, já nos anos 50 e 60, a chegada de um novo mundo unificado, na forma de grande teia, e gerido por uma espécie de alma suprapessoal. ( ) Nascido em 1911, em Edmonton, Canadá, Herbert Marshall McLuhan foi, afora erros e acertos de suas hipóteses, um pensador genial. ( ) Previa McLuhan que, nesse novo mundo unificado da mídia que estava a se afirmar, os homens se veriam imersos em uma grande malha global, um mundo devassado, sobreposto e instantâneo, no qual as idéias se dissolveriam e as diferenças se anulariam – exatamente como na cultura pop que ele mesmo via nascer.

(Adaptado de José Castello http://nominimo.ibest.com.br/n

http://nominimo.ibest.com.br/notiti otitia) a) 5º, 3º, 2º, 1º, 4º b) 2º, 5º, 3º, 1º, 4º c) 3º, 2º, 4º, 5º, 1º d) 4º, 1º, 5º, 3º, 2º e) 1º, 4º, 2º, 5º, 3º 04.(ESAF) Marque, em cada item, o período que inicia o respectivo texto de forma coesa e coerente. Depois, escolha a seqüência correta. I ......................................................................... O abandono da tematização do capitalismo, do imperialismo, das relações centro-periferia, de conceitos como exploração, alienação, dominação, abriu caminho para o triunfo do liberalismo. (X) O socialismo, em conseqüência desses fatores, desapareceu do horizonte histórico, em virtude de ter ganho atualidade política com a vitória da Revolução Soviética de 1917.

(Y) O triunfo do neoliberalismo se consolidou quando o pensamento social passou a ser dominado por teses conservadoras. II .............................................................. Compravam um passaporte para o camarote dos vencedores. Mas, como “há uma dignidade que o vencedor não pode alcançar”, como dizia Borges, o que ganharam em prestígio perderam em capacidade de análise. (X) Os que abandonaram Marx com soltura de corpo e com alívio, como se se desvencilhassem de um peso, na verdade não trocavam um autor por outro, mas uma classe por outra. (Y) Eles substituíram a exploração de classes e de países pela temática do totalitarismo, aperfeiçoando suas análises políticas ao vinculá-las à dimensão social. III ........................................................................ No mundo contemporâneo, tais modos nos permitem compreender a etapa atual do capitalismo, em sua fase de hegemonia política norte-americana. (X) Para atender a atualidade, são necessários modos de compreensão férteis, capazes de dar conta das relações entre a objetividade e a subjetividade, entre os homens como produtores e como produtos da história. (Y) Trata-se de uma compreensão míope, que ignora componentes essenciais ao fenômeno do capitalismo que estamos vivendo. IV ......................................................................... Quem pode entender a política militarista dos EUA e do seu complexo militar-industrial sem a atualização da noção de imperialismo? (X) Quem pode entender hoje a crise econômica internacional fora dos esquemas da superprodução, essencial ao capitalismo? (Y) Portanto, é a unipolaridade vigente há uma década que busca impor a dicotomia livre mercado/protecionismo.

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V ........................................................................... Nunca as relações mercantis tiveram tanta universalidade, seja dentro de cada país, seja nas novas fronteiras do capitalismo. (X) O capitalismo dá mostras de enfrentar forte declínio, que leva os especialistas a preverem profunda fragmentação na ordem econômica interna de cada nação. (Y) Assiste-se ao capitalismo em plena fase imperialista consolidada, em que as formas de dominação se multiplicam. a) X,X,Y,Y,X b) Y,X,X,X,Y c) Y,Y,X,X,Y d) X,Y,Y,X,Y e) X,Y,Y,X,X 05.(ESAF – SEFAZ) Os fragmentos transcritos abaixo em seqüência aleatória devem constituir um texto. Numere os parênteses de modo a se obter um texto com um seqüenciamento correto das idéias, além de respeitadas a coerência e a coesão textuais. ( ) Ao longo de cinqüenta anos, estudiosos de diversos centros de pesquisa peregrinaram pelas regiões mais geladas do planeta em busca de exemplares preservados do vírus da gripe espanhola. ( ) Graças aos avanços no campo da biologia molecular e ao desenvolvimento de seqüenciamento genético, foi possível reativar o vírus da gripe espanhola e descobrir, em experimento com ratos de laboratório, que o H1N1 tem poder de destruição mais alto do que se supunha. ( ) Entre setembro de 1918 e abril de 1919, 50 milhões de pessoas morreram em todo o mundo, o equivalente a 4% da população mundial de então. Só no Rio de Janeiro a gripe fez 15 mil vítimas fatais em apenas um mês, entre elas o presidente Rodrigues Alves.

( ) Pesquisadores americanos deram um grande passo na elucidação de um dos maiores enigmas da medicina do século XX – o que fez do infl uenza H1N1 um vírus tão letal, responsável pela pior pandemia da história, a gripe espanhola. ( ) Em 1997, no cemitério de um pequeno vilarejo do Alasca, foram encontrados fragmentos do vírus no cadáver exumado de uma senhora bastante gorda – este detalhe é importante porque o acúmulo de tecido adiposo ajudou a preservar as partículas da ação do tempo.

(Giuliana Bergamo, Letal por natureza. Veja, 18/10/2006, 117, com

adaptações) A seqüência numérica correta é: a) 5-4-2-3-1 b) 1-4-3-2-5 c) 3-5-2-1-4 d) 1-2-3-5-4 e) 4-5-1-3-2 06. (ESAF) Os trechos abaixo constituem um texto, mas estão desordenados. Ordene-os de forma coesa e coerente e assinale a opção correspondente. ( ) Entretanto, quando, nos anos 90, se verificou a inviabilidade dessa proposta conservadora de Estado mínimo, estas reformas revelaram sua verdadeira natureza: uma condição necessária da reconstrução do Estado – para que este pudesse realizar não apenas suas tarefas clássicas de garantia da propriedade e dos contratos, mas também seu papel de garantidor dos direitos sociais. ( ) A grande tarefa política dos anos 90 é a reforma ou a reconstrução do Estado. Entre os anos 30 e os anos 60 deste século, o Estado foi um fator de desenvolvimento econômico e social.

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( ) A partir dos anos 70, porém, face ao seu crescimento distorcido e ao processo de globalização, o Estado entrou em crise e se transformou na principal causa da redução das taxas de crescimento econômico, da elevação das taxas de desemprego e do aumento da taxa de inflação que, desde então, ocorreram em todo o mundo. ( ) Nesse período, e particularmente depois da Segunda Guerra Mundial, assistimos a um período de prosperidade econômica e de aumento dos padrões de vida sem precedentes na história da humanidade. ( ) A onda neoconservadora e as reformas econômicas orientadas para o mercado foram a resposta a essa crise – reformas que os neoliberais em um certo momento imaginaram que teriam como resultado o Estado mínimo.

(Luiz Carlos Bresser Pereira) a) 5, 1, 3, 2, 4 b) 3, 2, 4, 1, 5 c) 1, 4, 2, 3, 5 d) 2, 3, 5, 4, 1 e) 4, 5, 1, 2, 3 Texto Olhamos e não vemos. Não conseguimos olhar nada pela primeira vez. Já o primeiro olhar é preconceituoso – dá informação falsa ou verdadeira, mas sempre pré-fabricada, anterior ao ato de olhar. O economista cheio de teorias pensa que sabe o remédio para a inflação, a origem da miséria, o segredo da estabilidade e quanto desaforo a democracia agüenta. Erra como o médico, o astrônomo ou o caixa que aceita o cheque do homem elegante, de terno e cabelo com brilhantina que parece ser rico, mas é estelionatário. Só que no caso do economista, não é apenas o paciente que fica com dor de cabeça, ou mais um cheque sem fundo. São 10% de desempregados. Um deles acaba apontando um revólver para a sua cabeça.

Nada é visto pela primeira vez. Ninguém olha atentamente como as corujas, antes de propor ou piar. 07.(ESAF – TCE/PE) Assinale o esquema que representa corretamente a estrutura sintático-semântica do período sintático retirado do texto (desconsidere a pontuação e as letras maiúsculas).

Nada é visto pela primeira vez para a sua cabeça Ninguém olha atentamente como... 08. (ESAF) Leia os trechos adaptados de José Luiz Rossi, A sociedade do conhecimento, para assinalar a opção correta. (A)

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Esse é um fenômeno que mudará o perfil da população mundial nos próximos anos. O aumento da expectativa de vida é um fenômeno que já vem ocorrendo nos últimos 300 anos, mas a redução da população jovem é um fato relativamente novo, cujas conseqüências socioeconômicas ainda não foram totalmente exploradas. (B) Estamos falando de transformações que ocorrerão em virtude das maiores mudanças demográficas ocorridas desde que o homem começou a se organizar em sociedades. Uma delas é a diminuição da população jovem em todos os países desenvolvidos, e também em países como o Brasil e a China, onde a taxa de natalidade já está abaixo da de reposição de 2,2 por cento por mulher em idade reprodutiva. (C) A outra transformação é nas características da força de trabalho. Até o início do século XX, a maior parte dos trabalhos eram manuais. Cinqüenta anos depois, a indústria foi o grande empregador. Hoje, a força de trabalho que mais cresce, e que já é maior em números absolutos, é a dos “trabalhadores do conhecimento”, valorizados mais pelo conhecimento especializado do que por qualquer outra característica. (D) Nos últimos meses, verificou-se que a nova economia não substituirá de todo a velha economia, mas, sim, conviverá com ela, transformando-a por meio de profunda integração entre as empresas e de disseminação quase infinita do conhecimento. Entretanto, dois outros fenômenos também influenciarão nosso meio de vida. Para que os trechos constituam um texto coeso e coerente, sua ordenação deve ser: a) A C B D b) B A D C c) B C A D d) D A B C

e) D B A C Análise de excertos e emprego de nexos prepositivos e conjuntivos 01.(FCC – TRF 1ª Região) ... que não chega a alcançar a sabedoria mas que, de qualquer modo, é resultado de viver. Iniciando o segmento acima com “que, de qualquer modo, é resultado de viver”, a sequência que preserva o sentido original e a correção é: (A) porém não chega a alcançar a sabedoria. (B) ainda que não chegue a alcançar a sabedoria. (C) e não chega assim a alcançar a sabedoria. (D) considerando que não chega a alcançar a sabedoria. (E) sendo o caso que não chegue a alcançar a sabedoria. 2.(FCC – TRT/23ª - 2011) Quando a bordo, e por não poderem acender fogo, os viajantes tinham de contentar-se, geralmente, com feijão frio, feito de véspera. Identificam-se nos segmentos grifados na frase acima, respectivamente, noções de (A) modo e consequência. (B) causa e concessão. (C) temporalidade e causa. (D) modo e temporalidade. (E) consequência e oposição. 3.(TRE/TO 2011) A principal delas é a reconstrução de cinco estações de pesquisa na Antártida, para realizar estudos sobre mudanças climáticas, recursos pesqueiros e navegação por satélite, entre outros. O segmento grifado na frase acima tem sentido

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(A) adversativo. (B) de consequência. (C) de finalidade. (D) de proporção. (E) concessivo. Cartão de Natal Pois que reinaugurando essa criança pensam os homens reinaugurar a sua vida e começar novo caderno, fresco como o pão do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de voo, e parece que vão enfim poder explodir suas sementes: (João Cabral de Melo Neto) 4.(TRE/TO 2011) Pois que reinaugurando essa criança O segmento grifado acima pode ser substituído, no contexto, por: (A) Mesmo que estejam. (B) Apesar de estarem. (C) Ainda que estejam. (D) Como estão. (E) Mas estão. 5.(TRE/AP 2011) Mas o sistema, por muito tempo restrito apenas à tela grande, estendeu-se progressivamente, com o desenvolvimento das indústrias culturais, a outros domínios, ligados primeiro aos setores do espetáculo, da televisão, do show business. Na frase acima, o segmento destacado equivale a: (A) conforme tendo ficado muito tempo restrito. (B) por conta de ter ficado muito tempo restrito. (C) ainda que tenha ficado muito tempo restrito. (D) em vez de ter ficado muito tempo restrito. (E) ficando há muito tempo restrito. 6.(TRE/AP 2011) A própria legislação admite que a identidade seja confirmada em recinto policial. A imposição de multa, porém, parece abusiva. Propõe-se a organização das frases acima num só bloco, iniciado por “A imposição de multa parece abusiva”. Para que o sentido original se

mantenha, as frases terão de ser conectadas por meio de (A) contanto que. (B) visto que. (C) ainda que. (D) mas. (E) dado que. Questões mistas – interpretação, estruturação e gramática 02.(FCC – Oficial de Chancelaria) Pois o declínio do velho e o nascimento do novo não são necessariamente ininterruptos; entre as gerações, entre os que, por uma razão ou outra, ainda pertencem ao velho e os que pressentem a catástrofe nos próprios ossos ou já cresceram com ela está rompida a continuidade [...] Considerado o fragmento acima, em seu contexto, é correto afirmar: (A) “entre os que” estabelece relação de estrita colateralidade entre os segmentos “os que pressentem a catástrofe nos próprios ossos” e “[os que] já cresceram com ela”. (B) a expressão “não são necessariamente ininterruptos” equivale a “é prescindível que ocorram de modo contínuo”. (C) justificam-se as duas contíguas ocorrências da preposição entre porque introduzem termos que remetem a dois aspectos, semântica e sintaticamente distintos. (D) a conjunção ou estabelece uma relação de simultaneidade entre os dois termos que conecta. (E) a expressão os que, em suas duas ocorrências, remete aos mesmos seres. 03.(ESAF – SEFAZ/CE) Na seção Tendências/Debates da Folha de S. Paulo, 21/10/2006, A3, foi formulada a pergunta: “A publicidade infantil deve ser proibida por lei? Sim ou Não?” Dos argumentos expostos abaixo,

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CURSO DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Rodrigo Bezerra

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assinale o que não serve para fundamentar a resposta pelo Sim. a) O princípio da liberdade de expressão e informação não se aplica à publicidade. b) Eleger uma programação televisiva livre de conteúdos publicitários direcionados a crianças e adolescentes é uma opção por colocar os direitos dessas populações acima de outros interesses. c) Há uma compreensão deturpada do poder e alcance da comunicação mercadológica que confunde a publicidade com o ato de consumir. d) Problemas sérios de saúde pública, como a obesidade em crianças e jovens, têm sido associados à vinculação de uma publicidade danosa que associa, por exemplo, quesitos de magreza, cabelos lisos e brancura da pele a padrões de beleza e aceitabilidade social. e) Declarações públicas como as de Cheryl Idell, executiva do setor de pesquisa de mercado nos EUA (disse ela que a publicidade é eficaz quando se vale das crianças como instrumentos capazes de levar os pais a adquirirem produtos em oferta) estão em desarmonia com a ética centrada nos direitos da criança e do jovem. Texto A moral e a ética não são fatos ou institutos jurídicos. Direito é uma coisa, moral é outra. Todo ser humano informado sabe disso. O comportamento das pessoas em grupo, tornando suas ações conhecidas e avaliadas, segundo critérios éticos do mesmo grupo quanto ao caráter, às condutas ou às intenções manifestadas e assim por diante, só repercutem no direito se extrapolarem os limites deste. A manifestação ofensiva a respeito de outrem confunde os dois elementos no plano individual.

(Walter Ceneviva, Moralidade como Fato Jurídico, com adaptações)

04. (ESAF) De acordo com as idéias do texto, analise os itens abaixo para, a seguir, assinalar a opção correta. I. Os dois primeiros períodos sintáticos constituem uma síntese da argumentação desenvolvida no texto. II. Infere-se do texto que o caráter, a conduta e as intenções das pessoas não devem ser avaliados quanto à moralidade pelo seu grupo ético. III. Conclui-se do texto que moral, ética e direito não revelam influências mútuas se considerados como fatos ou institutos diversos. a) Apenas I está correto. b) Apenas II está correto. c) Apenas III está correto. d) Todos os itens estão corretos. e) Nenhum item está correto.