X | 27 FEV 2019 | QUARTA-FEIRA

ESPECIAL REABILITAÇÃO E CONSTRUÇÃO

DiáriodeCoimbra

OBRA As fachadas das casassão o melhor cartão de visitade uma casa. Uma fachadadescurada, com uma má esco-lha cromática ou com umapintura gasta transmite umasensação de desleixo e torna acasa pouco convidativa.

Por outro lado, e conside-rando que o tempo de vida útilde um edifício pode variarentre 40 a 100 anos, é funda-mental apostar na manuten-ção periódica que, além da boaimagem, permite conservar oimóvel em boas condições deutilização, além de promover avalorização no mercado imo-biliário. A título de exemplo, re-fira-se que a degradação dosedifícios é evitada com umconjunto de boas práticas quefazem parte do senso comume passam pela limpeza geraldos vários espaços, areja-mento, limpeza de vidros, cai-xilhos, louças sanitárias, tectos,paredes e pavimentos.

No exterior, deve fazer-se alimpeza da cobertura e caleiras,

verificação dos filtros das tor-neiras, revisão das ferragens emecanismos das caixilharias edas portas, entre outras tarefas.No entanto, quando a degra-dação de um edifício exigeobras mais profundas, que exi-jam alteração ou reforço de ele-mentos que suportam os edi-fícios (vigas, pilares, etc.), de-molir e construir novas pare-des, então é aconselhável re-correr a técnicos devidamentehabilitados que possam proce-der a estudos e projectos ade-quados para serem apresenta-dos e aprovados pelas entida-des camarárias.

Os trabalhos de conservaçãonos edifícios, associada a umapolítica de manutenção preven-tiva, é tão mais relevante,quando se pensa na prevençãode eventuais sinistros, nomea-damente infiltrações nos telha-dos e danos por água, tendo emconta que, em caso de ocorrên-cia de um sinistro, possa existirpor parte das seguradoras o de-clínio de responsabilidade.

Manutenção prolonga o tempo de vida útil dos edifícios

A limpeza dos vidros é um exemplo de manutenção

Rosette Marques

Com base nas inovações tec-nológicas e exigências demercado, os materiais usadosno contexto da engenharia ci-vil são aperfeiçoados cons-tantemente, o que gera novastendências no sector da cons-trução.

Actualmente, a preocupaçãocom o desenvolvimento sus-tentável, bem como a procuracontínua por matérias-primaseficientes e com baixo custo de

extracção, são factores decisi-vos para determinar a escolhado material, para consumido-res atentos.

Em Portugal, à semelhançado que acontece nos países de-senvolvidos, há uma forteaposta na investigação e ino-vação, que permite o desen-volvimento de materiais deelevada qualidade, com carac-terísticas superiores, que apre-sentam mais durabilidade oumais resistência e melhor de-sempenho, tendo em conta o

fim a que se destinam, já quese encara a construção de umedifício como um todo. A pro-pósito, refira-se que um pro-jecto de construção tem emconta um conjunto de factoresque vão da localização geográ-fica, factores climáticos, fun-cionalidade do edifício, tudoterá de ser pensado tendo emconta a sustentabilidade doedifício. Todos estes factoresfazem parte das novas tendên-cias de construção e exigeminvestigação transversal que

vai da engenharia civil à arqui-tectura. A título de exemplo,pode referir-se que além dosnovos materiais que vão sur-gindo no mercado (como é ocaso das telhas solares ou dasplacas de naturocimento, entreoutros), também as metodolo-gias de construção sofreramgrande evolução e hoje já co-meça a surgir a preocupaçãode aplicar à construção as li-nhas do método Lean, queevita desperdícios e optimizaprocessos.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA CHEGA AO MUNDO DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO FUTURO Novas tendências no sector da construção civil exigem investigaçãotransversal a várias áreas, desde a engenharia à arquitectura

Ensaios no CTCV para melhorar a performance das telhas são um exemplo da investigação

DR

Técnicas tradicionais são mais-valiaAs preocupações com aeficiência energética ecom o conforto não sãonovas. Um exemplo cu-rioso são os tradicionaistelhados de quatro águas,ou de tesoura, típicos doAlgarve, que permitemaumentar a circulação do ar nas habitações, tor-nando-as mais frescas noVerão e isolando o frio no Inverno.

XII | 27 FEV 2019 | QUARTA-FEIRA

ESPECIAL REABILITAÇÃO E CONSTRUÇÃO

DiáriodeCoimbra

O CTCV é um Centro de In-terface Tecnológico (CIT),uma entidade de ligação en-tre as instituições de EnsinoSuperior e as empresas, quese dedica à valorização deprodutos e serviços e à trans-ferência de tecnologia. O seuposicionamento próximodas empresas tem permitidoapoiar a capacitação tecno-lógica destas, contribuindopara o desenvolvimento deconhecimento em diversasáreas e potenciando a ligaçãoentre entidades do Sistema

de I&I (Investigação e Inova-ção). Ao longo de mais de 30anos, o CTCV tem estado en-volvido em actividades de de-senvolvimento tecnológicoaplicado, traduzidas numaparticipação activa em pro-jectos de I&D enquadradosem Programas Europeus, na-cionais ou regionais. Estesprojectos visam promoveruma maior participação e en-volvimento do tecido empre-sarial em actividades comconteúdo tecnológico e têmcontribuído, a nível nacional,

para um forte aumento davertente de inovação colabo-rativa empresarial.

Numa sequência lógica dociclo da cadeia de valor, oCTCV, para além das compe-tências associadas ao desen-volvimento de materiais etecnologias, possui valênciasde ensaio, validação e pré-in-dustrialização, procurandoposicionar-se como um es-paço privilegiado para a de-monstração e potenciação despin-offs tecnológicos emparceria.

Projectos de I&DT A actividade de I&D centra-

se actualmente no desenvolvi-mento de novos materiais eprodutos, tecnologias e pro-cessos sustentáveis, promo-vendo-se a transferência detecnologia através da demons-tração à escala piloto. Os pro-jectos de I&D são maioritaria-mente projectos colaborativosque têm como destinatário otecido empresarial.

Ao nível europeu, destaca-seo projecto PVSITES - Building-integrated photovoltaic tech-nologies and systems for large-scale market deployment, umprojecto financiado pelo pro-grama Horizon 2020 que pre-tende explorar a tecnologiaBIPV (Building-IntegratedPhotoVoltaics), contribuindopara a sua implantação nomercado através da demons-tração de um portfólio de sis-temas e tecnologias solares in-tegradas em edifícios.

Também no quadro Euro-peu, o Projecto CERSUDS - Pa-vimentos cerâmicos filtrantes,financiado pelo ProgramaLIFE+ da União Europeia visadesenvolver um sistema dedrenagem inovador para utili-zação em zonas urbanas, tendopor base produtos cerâmicosde baixo valor comercial.

No quadro do I&D nacionale financiado pelo Portugal2020, destaca-se, ao nível dosmateriais, o Projecto CERU4 -Pavimentos cerâmicos de ele-vada resistência ao desgastecujo objectivo assenta no de-senvolvimento de pavimentoscerâmicos decorados, com ele-vada resistência ao desgaste,compatível com o nível má-ximo de exigência (U4, preco-nizado no teste de Mazaud -classificação UPEC).

Na vertente do BIM - Buil-ding Information Modelling -o projecto BIMclay, financiadopela Comissão Europeia atra-vés do Programa ERASMUS+,visa contribuir para a melhoriadas competências dos traba-

lhadores do sector da constru-ção, apoiando-se nestas ferra-mentas para a divulgação demétodos de aplicação dos pro-dutos e, por outro lado, forne-cendo informação sobre o seuimpacto ao longo do ciclo devida dos edifícios.

Tijolo para melhorar comportamento térmico

No quadro dos Projectos deInvestigação Científica e De-senvolvimento Tecnológico(IC&DT) e financiado peloCOMPETE2020, o projectoSEVen - Desenvolvimento deParedes de Alvenaria de TijoloCerâmico Sustentáveis paraEnvolventes de Edifícios temcomo principal objectivo o de-senvolvimento de uma solu-ção de paredes de tijolo face àvista seguras e mais sustentá-veis. Em concreto, pretende-sedesenvolver novos tijolos ce-râmicos para melhoramentodo comportamento térmico daparede e definir detalhes cons-trutivos que se traduzam nasegurança das paredes à acçãosísmica. Este projecto envolvea Universidade do Minho e oLNEC – Laboratório Nacionalde Engenharia Civil.

Orientado para a área do Eco-design, o ProjectoDEGREN_DEsign & Green En-gineering - Centro Transfron-teiriço de Ecodesign da EU-ROACE visa a criação de umCentro de Ecodesign nesta re-gião (Extremadura-Centro-Alentejo). Este centro tem comointuito criar e promover o de-senvolvimento de ideias, inves-tigação e projectos, assim comopotenciar a inovação em diver-sos sectores estratégicos da re-gião, favorecendo a geração denovos modelos de negócio ba-seados no Ecodesign e na Eco-nomia Circular. O projecto é fi-nanciado pelo Fundo Europeude Desenvolvimento Regional(FEDER) através do Programade Cooperação Transfrontei-riça INTERREG V-A EspanhaPortugal (POCTEP).

INVESTIGAÇÃO NO CTCVDESENVOLVE NOVOS MATERIAIS SUSTENTÁVEIS INOVAÇÃO Tijolos que melhoram o comportamento térmico ou pavimentosresistentes ao desgaste são exemplos da transferência de tecnologia para o sector da construção e reabilitação urbana

DR

O CTCV está instalado no iParque e temvindo a desenvolver intensa actividade de investigação desde 1987, começando afuncionar no Loreto

Projecto Life desenvolve sistema de drenagem para utilização em zonas urbanas, tendo por base produtos cerâmicos de baixo valor comercial