Matéria para Workshop - A Arte do Século XX - Stanislavski

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p,'l:.Id cssern t ransfo rmar ras, vi I) atorcmpalkle, ~.0 publico PCfrllDOCCCr deixava a plateia trans, 'ha~iia, Foi prec ise qu e <Ito de que ele executa- teatro, que proporcio- 1 corn cxagero cstava no '1' m 0 alheamento, a I, aurier aconselha a ,1 . r re arno, bocejar, ) tcnde a soltara outros, A dq u irir 0 c grande csforco, que' a chama in - \ . cdianre C dotado mente da cmo~ao o clara". Coube a " 1926, p . 6 1 ("L'emo~ 143. .t c uma emo~!Io'em 8. situa<;acl" 01,1 ~.'Vi· 5 . SianRslavski .... I E dlficil,cQm a dlstancia de tres quartos de seculo e atraves de obras teoricas traduzidas de maneira incompleta, reconstituir cronologicamente os meandrcs seguidos par Stanislavski ao Iongo de suas pesquisas, Como redo experimentador, conheceu hesi- ~..ta,c;5es,m udancas de caminho; nem sem pre teve tempo de orde- nar tudo e aJguns de seus escritos ainda naochegaram a t e DOS .• Nessas condicoes, parece-nos arbitrario c~~~ em dois.pertodos a concepcao de seuensinamento, segundo ~ente partir da "com o- si9ao interior" au da "composicao exterior' d a personagem ..Dl- g a m o s que, no tim de sua carreira, Stanislavski parece terencara .. do com outros olhos a expressao corporal. Em sen esforco de es- elarecer os problemas do ator, Stanislavski, que n a o era um h o - me m de ciencia, u sa com freqiiencia u rn vocabulario imprecise; seus tradutores procuraram equivalentes, que nem sempre sao terrnos teatrais que satisfazem, Evitaremosaspalavras objetivo, superobjetivo ou objetivo ffsico .. U rn mal-entendido vern d a pala- ~. VIa "sistema" que ele empregou, m as cuja r na interpretacio recu- sou: "[esse metodo] n a o foi nerncombinado n e m inventado per ninguem [...] e baseado nas leis da natureza". Nao··e urn livro de receitas,"6 todo umestilo d e vida na quale precise que voce erda e que se eduque durante anos'", 1. Constantin Stanislavski, La Construuon du personnage, 1929;..1930. tra- du~ao de Charles Antoneui, Paris, Olivier Perrin, 1966, p p. 299~302. 0 Sistema foi claborado e aplicado a part r de 1910, mais QU menos, , !i,

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p , ' l : . I d cssern t r a n s fo rm ar

ras, vi I) atorcmpalkle,

~.0 publico PCfrllDOCCCr

deixava a plateia trans,

'ha~iia, Foi precise que

<Ito de que ele executa-

teatro, que proporcio- 1

corn cxagero cstava no '1'

m 0 alheamento, a I,

au rie r aconse lh a a , 1. r

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ou tros , A dq u irir 0

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1926 , p . 61 ("L'emo~

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5. SianRslavski

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E dlfic il,cQ m a dlstancia de tres q u arto s de secu lo e a traves

de obras teo ricas tradu zidas de m ane ira in com ple ta , recon stitu ir

c rono logicam en te o s m eandrcs segu ido s pa r S tan is lavski ao Iongo

de su as pesq u isas , Com o redo expe rim en tado r, conheceu hesi-

~ ..ta ,c ;5es,m udancas de cam inho ; nem sem pre teve tem po de orde-nar tudo e aJguns de seus escritos ainda naochegaram a te DOS .•

Ness as c on dic oe s, p are ce -n os arbitrario c~~~ em dois .per todos a

concepcao de seuensinamento, segundo ~en te partir da "compo-

si9ao in terio r" au da "compos icao exterior' da p erso na gem ..D l -

gam os qu e , no tim de su a carre ira , Stanislavski parece te rencara ..

do com outros olhos a expressao corporal. Em sen esfo rco de es-

e la rece r o s problemas do ato r, Stan islavski, q ue nao era um ho-

m em de c ienc ia , u sa com freq iiencia u rn vocabu lario im precise ;

seus tradutores procuraram equivalentes, que nem sempre saoterrnos teatrais que satisfazem, Evitaremosaspalavras objetivo,

superobjetivo o u o bje tiv o ffsico .. U rn m al-entendido vern da pala-

~. V Ia "s is tema" que ele empregou , m as cu ja r n a interpretacio recu-

sou : "[e sse m etodo ] nao f oi n er nc omb in a do nem in ven tado p er

n in gu em [ ...] e baseado nas le is da na tu reza". Nao ··e u rn liv ro de

receitas,"6 todo umes t i lo de vida na quale precise que voce

erda e q u e se edu qu e du ran te anos'",

1. Constantin Stanislavski, L a C on stru uo n d u p erso nn ag e, 1 92 9;..1 93 0.tra-

du~ao de Charles Antoneui, Paris, Olivier Perrin, 1966, pp . 299~302. 0 Sistema

foi claborado e aplicado a partir de 1910, mais QU menos,,I·

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68 a ATOR NO SECULO xx

U m es tilo de vida . E is 0 q u e e m e no s tra nsm issfvel sem

a presen~ do M estre . 0 q u e ta lvez exp liq u e po r q u e nada ou

q uase n ada t enha s ido ten tado na Fran ca p ara ens inar essa con-

cepcao do processo do ato r. Fora P ie rre V a lde , cu jo en sino se

in sp ira n os p rin cfp io s de S tan is lav sk i-, e Antoine Vitez , q u e osu t il iz a ju n t amen t e com o u tro s m e to do s, DaO c re io e xis tire m m ill-

to s cu rsos em q u e seu nom e se ja ao m eno s m encionado . Ap lica -

se a "s istem a" na URSS e em todos o s pafses do Leste au , pe lo

m enos , a gen te de tea tro se in sp ira ne le ; 56 e c on hec ido n a In gla -

terra eno s Estado s U nido s atraves da de fo rm a ca o a q u e 0 sub-

mete r am OS adep to s da p sican a lise , n o tadam en teLee Strasberg

DO Acto rs S tu dio .

A titulo de co te jo com a fo rmacao tra dic io n al, is olamo s ini-

cialmente 0 traba lh o vo ca l e 0gestual .

AVOZ

Quando fo i traba lha r com seu s p rim eiro s a to res , fo sse po r-

q u e nao tivessem p roblem as ou po rq u e tivessem recebido for-

m acao an te rio r, p a rece , a partir de su a s ano taco es , q u e Stan is-

lavski n ao se in te ressou com os p roblem as de voz e diccao ; vo ltou

a c lcs m a is tarde com a lu nos m ais joven s, indican do-lh e s .o q uee le p r6p rio havia prat icado no com eco de su a carre ira , "[A

pronlmcia] exige urn tre in am en to e um a tecn ica m uito p roxim os

do virtu osism o"; e le su blin ha a be leza da lin gu agem , de te rn -se n a

pa lavra de va lo r , n a pon tu acao , n as p au sas , n o ritm o; reeo rre afo nc tica e da a seu s a lu no s u rn p ro fesso r q u e lh es eo lo q u e a voz.

Ele mesmo comecara por es tudar canto e recamenda aos atores

exercitarem-se, se Da a ao sam do piano, ao menos com diapasao ,

Devem ter se nsa m u sic al e in trodu zir em su a fala uma especie de .

melodia, Aprec ia a voz na m ascara , observa as son s p rodu zidosp e la gargan ta , p e lo n ariz , pe ito , la ringe e ou tras ca ixas de re s-

sonancia, "U rn sam qu e sa i dos den tes au q u e e p ro je ta do c on tra

a ossa, is to e , 0 cran ia , adq uire fo rca e tim bre", en sin ara -Ih e u rn

cantor', Ele conhece 0 per igo de u m a 'die~ ao eu ida da dern ais , m a s

dese ja q u e a arte de dizer com un iq u e a s nu ancas m ais irnpa lpa-

ve is do pensam en to e do sen tim en to , Chega ao ponto de e sta be -

lece r esq uem as de en to nacao :

2. Pierre Valde com Dullin 0 ator Sokoloff que havia trabalhado com Sta-

nislavski .

3. C Stanislavski, op. cit, pp . 86, 100.

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a seu s e sru do s

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Todos csses dctalhes r.os cram desconhecidos ate 0 aparcci-

men ta de A Construcdo CJ Personagem. Ora, Vassili Toporkov,q u e represcntou Tchichik w em As Almas Mortas, conta que 0

primeiro ensaio (q uatro h iras no rel6gio) se resumiu em faze-lo

dizer apenas u ma frase : "Chegando a esta cidade, ju lgu ei sec m eu

devcr vir apresentar-vos Q .5 meus respeitos". Vassili Sakhnovski

con firm a essa p ra tica : "[Sran is lavski] desrnernbrava a frase para

q u e 0 a to r p usc ssc acentuacoes onde fosse necessa rio e exp rim is-

se 0 pcnsamento corretarnente, ou entao trabalhava a dic~ao do

ato r'", Essa idc ia se encontra em Minha Vida na Arie, DO capftulo

C lO Ator D cve Saber Fala r": "Fo i precise q ue eu vivesse q u asesesscn ta anos para comprccnder au, antes, sen tir com todo meu

ser essa sim p les verdade , conhecida par todos e q u e a m aio ria

dos atores ignora'".

Ele ensina seus alunos a conduzir 0 sentido ate 0 final da fra-

io, se e lhes da prat icamente "a nota": Se 0 Eterno nao houvesse la -

de vrado as tabuas de sua lei contra 0 suicida, oh meu Deus, Deus de

lo s miseric6rdia ... "Cida, eis a sflaba mais alta. Tome dai a nota mais

e s- a lta : O h rneu Deus ... Voce 56 tern que l evan tar a VOZ, mais nada.

tr a Qual c a d ific u ld ad e p rin cip al? E p ro nu ncia r tu do ate a fim'",irn Em 1 924, e xig ia d e u rn ato r "um a voz forte, bern treinada, de

las t l . m bre agradavel ou pelo ~enos expressive, uma diccao perfeita,

> 8 -

Je-4. Idem, p. 139 .

S. C. Stanistavski, 1 863 ·1 963 , co le tan ea em llngu a fran cesa , M oscou , P ro -

g rc ss o, p p. 103, 114.

6 . C. Stanislavski , Mjnha VIda na A,1e (e dj~ iio am eric an a de 1924) , c f. c o-

lc tfin ea rn cn cio nadaacim a, a rtigo de Stan is law a W yso cka , p . 208.

7 . C . Stan is lavskl, "Ham let au dernier studio",Commune,

Paris , marco de1039; cf. Uon Moussinac, TrairiJ de fa mise en scene, Paris, Cha rle s M as sin , 1948,

pp.16-1-172.

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70 o ATOR NO sECLTLO XX

p las tic idade de m ovim en to (sem scr posu do), ro s to be lo .e versa-

til, boa silhucta e mao s e xp re ss iv as t Observaque as atores latinos

fa lam em "m aier" e as fUSSOS em "m eno r", a q u e as a trapa lh a

pa ra representar Moliere au Go ldon i. D o m esm o m odo q u e nos

refer imos ao s Tratados de G ravoU et au de Grammon t , e le se re -

fere a obra de S . M . V olkonski, A P ala vra E xp ressive. Percebe

q u e a s en tonacoes e as pau sas podem prevoca r emocao em u rnespectador estrange iro q ue n ao en tende a l ingua. Interessa-se pe-

1 0 ritrno interior oriu ndo das ernocdes. Pensa em m etronom es v i- .

suais: com lu zes piscantes, 0 p o nto in dic ar ia 0 ritrno aos a tores a

partir de urn caderno 'de direcao c omo partitura".

o GESTO

as a lu no s p ra ticam ginastica su eca para tam ar as m uscu lo s ea rticu lacoes flexfveis ; acrobacia s q ue desenvo lvem a agilidade , a

ca pa cidadc de dec isa o; -danca, q u e com su a leveza co rrige 0 rigor

"m ilita r" da ginas tica . A danca c lassica a la rga o s gesto s e m elho ra

a posj~.ao dos braces e das pernas (gracas a posicao en dehors),

cxe rc ita a s pu lso s e to rnoze lo s (m as e p re ciso e vita r 0 maneir is -

rno das bailarinas). Stanislavski observou q ue a danca cla ssica en -

sin a a m an ter m elho r a po stu ra das co s ta s , a sen tir a co l u na ve r-

tebral bern assen tada na vertebra rn ais b aix a, 0 q u e p ro po rc io na

urn s6lido suporte ao torso . Ha ainda aulas de m ovim en to em q u eas m ocas devem vir co rn sapa to s de saIto ba ixo ou sem salta . Esse

tre in am en to co rpo ra l ap licado ao ato r asse rne lh a-se bastan te ao

de D ullin . O uan to m ais nos perguntamos sabre a ene rgia intern a

q ue p res ide 0 mo vim e nto , rn ais encontrarnos em exerc fc io s com

mus i c a 0 sen so da ritm ica dalc roziana (em bo ra 0 n ome de D al-

croze nao seja mencionado, a pesqu isa e identica), Por fim che-

ga-se aos gestos que 0 ator p ode execu tar em urn papel. Stan i-

l av sk i ex igc sobricdade e con tro le . "Todo m ovim en to que, fo ra do

tcarro, possa ser u rn m ovim en to espontaneo e familiar ao a tor 0

scpara da pe rsonagem q u ando a tu a em cena '" . Tan to as gesto s

como os sen tim en to s nao devem syr pcssoa is do a to r, m as "ana-

logo s ao s da pe rsonagem " e economicos ,

Esse cn sino do gesto fo i co nsign ado ta rdiam en te em A COflJ-

tr uc ao d o P er so na gem, p ublica do em 1 92 9-1 930. V s ev olo d M e ye r-

8. Nikolai Gorchakov, Stanislavski Directs, tradu~ao deMiriam Goldina do

original russo de 1950, New York , Funk and Wagnalls 0', 1954, p. 193 (a propdsi-

to de lima pega de Griboiedov),

9, C. Stanislavski, La Construction du personnage. pp. 140, 147,228,

10 , Idem, p. 77.

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" S'f AN IS LA VSK I 71

hold , q lie traba lhou no Tea tro de Artc , dcixou-o em 1902 e vo ltou

ern 1905 para ali fu ndar 0 P rim e iro E sn id io ; contribuiu cer tarnen-

te para atrair a atencao de S tan is lav sk i pa ra a impor tanc ia do

corpo . Nos artigos reunidos em 1908 (0 Livro sabre a Teatro N o-

vo), Meyerhold diz particularmente:

o teatro naturalists [entende-se teatro de Stanislavski] v e D < ? rosto 0 prin-

cipal meio deespressac do ator, negligenciando todos os outros. Ignore os en-

cantoS da plasticidade e nao exige de seus atores urn treinamento corporal.

Quando criou uma escola, esqueceu que a cultura fisiea deveria ser ali a materia

principal de ensino!'.

Stanislavski apreciava mais 0 jeito dos at ores franceses reve-

larem 0 ritmo interior de um a p erso na gem por u rn Ie ve movimen-

to das maos, seu modo de "falar com as olhos", sem gestos=.Desprezarla a tecnica acrobatica do ator meyerho1diano, POliCO

acrobata e mcno s ainda ator.

as p rinc ipa is pon to s do trabalho de Stanislavski podem ser

rcsu m ido s da se gu in te forma:

• luta contra a cliche, a rna "teatralidade", busca da sinceridade;

• estabelecirnento das vontades da personagern para motivar 0

jogo do ator;

o c lim a fa vo ra ve l a em ocao cen ica, m eios de desencadear um a

emocao verdadeira no ator;estabelecimento de urn subtexto para exprimir nas pecas de

Tchekhov 0 que se encontra nas entrelinhas, nos silencics, para

nutrir a texto.

REA<::AO CONTRA A M A "TEATRALIDADE"

A form acao do a to r, a concepcdo da atuacao p a r S ta n is la vs ki

se rebelam contra o s p rin c ip io s tradicionais, as banalidades e 0

exibic ion isrno em vega nos teatro s ru ssos. No tem po de Pt:dro , 0

Grande, l embra N ic ola u Evre in off, ° ator punha 0 publico a par

deseu estado afetivo e depois se exprimia com gestos demonst ra-

t ivos, Por exemplo, para traduzir a c6lera "rasgava as vestes, ia e

vinha como uma fera enjaulada, virava os olhos furimbundos?",

o escasso mimero de ensaios incitava os atores a usarem estereo-

11. Meyerhold, L e TM atre th ecitra /, tradu~ao e apresentacao dos escriros de

Vsevolod Mcyerhold, por Nina Gourfinkel, Paris, Gall imard, 1963, p. 24.

12. N. Gcrchakov, op. cit., p. 274 (a proposito deLes Marchand! de Gloire,

de M. Pagnol e P.NivoLx).

13. N. Evreinoff, op. cit. p. 135.

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72 o ATO R NO SO Ctn ...O XX

tipos. Declamavam com enfase e sorviam a s vezes na embriaguez

o genic da inspiracao. Exterlorizavam-se ate a histeria, abando-

nando-se ao gesto eslavo do sofrimento, utilizando efeitos faceis,

derramando suas lagrimas com abundancia, Foram os autores

que recIamaram maior naturalidade. Puschkin enaltece a verdade

das paixoes, G6go1 pede a verdade e a naturalidade na palavra ena expressao corporal. Nemirovitcb-Dantchenko, a quem Stanis-

lavski se associou, reclama uma diccao e uma mimica vivas, nao

"represen tadas", m as correspondentes a movimentos psicologicos

e provenientes da individualidade do ator, isto e, sua 'imaginacao,

sua hereditariedade, seu inconsciente'",

1550 val no sentido da evolu cao do seculo X IX . D c se nv olv eu -

se 0 espfrito cientffico, A lantejoula teatral, os dourados e 0 artifi-

cialismo cornecam a chocar. As denuncias de Zola (0 Natural is-

n io no Tea tro ) ou de Becq de Fouquieres (A A rte d a E nce na r;G o),as excursoes dos Meininger ( troupe alem a de George II, duque da

Tunngia), abalaram 0 ilusionismo em favor do realismo, 0 teatro

passa a prcnder-sc a cxatidao historica, tanto em relacao aos

cenarios quanta aos figurinos e acessorios. Antoine apresenta no

palco urn "pedaco de vida", Seu a tor deve viver uma acao e nao

mais representar uma ficcao. 0 efeito vocal gratuito e suprirnido,

a s vezes se fala em voz ba ixa em lugar de clarinar tudo. E proibi-

do avancar ate 0 proscenio para declarnar um "bife" de fronte,

aconteccm mementos em que 0 ator representa de costas, Imagi-na-se u rn a q u a rta parede ao n fve l da cortina, definida par Jean

Jul l ien, uma parede "transparente para 0 publico, opaca para 0

comediante?". 0 ator senra, anda, comporta-se em cena como

uma personagem, como urn hamem da vida real e nao como urn

membra da Comedie-Francaise,

Stanislavski, par su a vez, combateu a retina (nada de cliches,

convencionais), 0 cabotinismo (nada de vedetes, nada de efeitos

fikeis), a mentira teatral (nada de emocao falsa, nada de cenarios

com truques). Alem de mergulhar Dum a documentacao meticulo-sa, fazia seus atores e aderecistas conhecerem os locais verdadei-

ros em que se passava a a~ao da pe~a. Gracas ao cenario realista,

o ator esquece que esta em cena; age somente em relacao direta

com seus parceiros de cena, nao pensa nos espectadores, nem

Ihes da piscadelas acumpliciadoras. Em vez de acess6rios de pa-

pelao em que mal toea, dispoe dos pr6prias objetos com os quais

sua atuacao se relaciona. Tais objetos sao parte integrante da

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14. Christine Edwards, The Stanislavski Heritage, New York, UniversityPress, 1965, pp. 68-73.

15. Jean Jullien, Le Thiatre vivant, Paris, G. Charpentier e Fasquelle, 1892,

p.: [1.

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STANISlA VSKI 73

. a ~ 5 0 cenica e Ihe dao segu ran ca , Es tao p ro nto s desde as ensaios

para q u e 0 a to r se habitue com eles. -

Stan is lavski p a rece q ue re r re so lve r urn duplo problema: leva r

, 0 espec tado r a acredita r n a rea lidade daq u ilo q u e e apresen tado

1 , em cena e incitar 0 a to r a acreditar nela. Nao confia na imagi-

i oac;ao e p rop6e verdade iro s su po rte s para q u e a com edian te can -, t fu nda a vida da p eca com a p rop ria vida . En tre tan to , ch ega a~ n a~ ao de um a natu ralidade cenica 16, a qu al, se n fio respei ta mais

1 1 in te i r amen te a estrita verdade historica, a juda 0 a to r a c re r em

su a pe r sonagem, mas sem sec enganado pe lo te rm o rea lism o:

!"Na vida co tidiana , a verdade e 0 q u e existe r ea lmen te , 0 q u e se

] conhcce . Enq u an to em cena , e la e con stitu ida de co isas q u e nao

~ exis tem rea lm en te , m as q u e poderiam ocorrer'?", D epo is de h a-

, ve r dedicado u rn grande cu idado a vero ssim ilh anca do s ro s to s e

pen sado q u e0

fa to de se m aq u iar, de vestir0

figu rin o exa to da~ personagem aju d~va 0 ~ to r a to rn a r-se a personag~m, ta l a~ orda -

~ gem pareceu-Ihe insuficiente. A verdade deve p rovir de mars lon-

~ ge , de a lgo m ills p ro fu nda : c p rec ise encon tra r a ve rdade in te rio r.

~ Em Rate es tam os dian te de personagen s q u e Gorki nao defin iu

r muito, q u e tern apenas um a frase ou nada a dizer. Stanislavski as

t~ rech e ia , da -Ilie s um a biogra fia , u rn passado . E le as to rn a c rfveis

i f ao com edian te in fu ndindo -lh es u ma vida o rgan ica . A personagem

'~ n ao exis te som en te no m om en to e rn q u e en tra em cena ou no

I t m om en ta em q u e te rn u rna rep lica a dar, exis te an tes e depo is ,

, . i te rn um a continuidade. Antes de proje tar a personagem em cena,

! 0 ator prccisa elaborar a concepcao global dessa pe rsonagem e

desenvo lve r u rn m ecan ism e con sc ien te pa ra tradu zi-la em p tibli-

co . Concepcao e m ecan ism o fazem parte do q u e se ch am a a Sis-

tema. Ora, dissemos q u e 0 p seu do -sis tem a de Stan is lavski e ra an -

l.

:~· te s de m ais nada um "m odo de vida". A exp licacao de seu traba-

~ lho cenico e rigo ro sam en te in sepa rave l de su a e tica ,

BUSCA DE UMA..ETICA

Jovem a to r, S ta n is la vs ki se p ergu nta sabre seu metier, obser-

Iv a seu s p ro fesso res , o s a to res fam oso s , seu s com panhe iro s de

,'. e len co e , m ais tarde, seu s a lu no s . Teu ta com preender apa ixona-

.~,darnente a p rocesso in te rio r do jogo teatral, Redige u rn dia rio

If desde as dezessete anos; toma no tas ao longo de toda sua carre l-

" 16. Constantin Stanislavski, 1863-1963, cole_tiinea citada, p . 47.

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17. C. Stanislavslci, La Formation de l'acteur, traducao de Elisabeth Janvier,

Paris, Olivier Perrin, 1958 , p. 124 .

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7 4 o ATO R NO ssctno XX

r a . Ex tr a ir a rn -s c da f o ito vo lu m es de q uinh en ta s p agin as , D esa je i-

tado em se lls m ovim en to s D O comeco, con traklo em cena , a trap a-

Ih ado par u m a voz rou ca , p ro cu ra assidu am en te um m eio de p ro -

gredir, de a ju da r as ou tro s a p rogredir. Consc ienc io so , traba lh a -

do r, le m bra -se do rigo r dos M ein inger, in s tau ra u ma disciplina

estrita , ex ige q ua lidades m o ra ls : n a v ida pa rticu la r e p ro fis sion al,o aluno, 0 ator, deve ser probe, simples e modesto. Ingressa no

teatro de S ta nis la vs ki c omo se ingressasse n uma religiao, para dar

a cada dia 0 m elbo r de si, para m erecer um dia ch ega r ao p alc o ..

Stan is lavski n fio q u er recru ta r o s q u e con sideram a ca rre ira tea -

tra l som en te com o m eio de tira r p roveito de su a be leza ou de ga -

nh ar dinh e iro . P ro fbe riva lidades m esq u inha s , N ao h a pa ra e le

n em a to res n em figu ran tes . E lim ina a pa lavra figu ran te e a su bsti-

till p ela paIavraco laborador . Nao q u e r a na Ifa be to s e de sen vo lv e a

cu l tu ra gera l de seu s a lunos . Seus a tores devern apresentar qual i -

c lade s de im aginacao e p ersona lidade , m as na a tu acao p rec isa rn

fu ndir-se ao conjunf:o; nao rep resen tam "u rn p ap el", re presen tam

"uma peca", mesmo se tive rem algu m as pou cas falas a dizer.

De sde 0 desperta r, devem pen sar n a pe rson agem q ue encarn arao

it n oire . Se a lgu em ch egar at rasado paga m u lta . N ao tolera q u e se

cnsaie a m eia voz OU q u e se deixe a sa la de ensaios sem au to ri- ,

za~ao . 0 namo ro e p ro ibido , assim com o qu a lq u er conversa

alhcia ao trabalho, Ele proprio leva u ma vida r egrada , nunca be-

be alcool, Durante a representacao 0 teatro fica "em estado de

alerta", Nada devera es torvar 0 espe taculo ; Stanislavski, ao sa irde cena, ev ita faze r ba ru lho no assoalho, A calm a deve re ina r no s

bastidores p ara favo recer a con cen tra cao do s a to re s .

Stanislavski e aberto, generoso , e r e no bem. Quer produzir

um tea tro accssfve l a todo s e difu ndir a beleza, Ensin a scu s co -

mediantes ave r, ou vir e a en tender 0 belo : I C E u rn habito q u e e le -

va a espLrito'11S, Lembra 0 Tio \'arua., de Tch ekhov: "No se r h u -

m ana ru do deve ser be la , seu ro s to , s u a s ro u p as , su a a lm a, seu s

pen sam en to s" ~ E sse cu lto a beleza , essa n obreza n atu ra l de Sta-

nislavski, sao p ercep tive is em su as in te rp re taco es de a to r e no seuensinarnento, Liga-se it a lma , a vida interior. Elc a tradu z com

lim a rnu sicalidade que 6 pessoal c: que tocou lo do s o s c rftico s .

Rep resen ta r u rn p ape l e "c ria r a V ida p ro fu nda de um esp frito

h um ane e exprimi-Ia de fo rm a a rn stica '' 19. Traba lhando para u rn

I,

:~

18, Cf Stanislavski, Ma Vie dans ran. traducao de Nina Gourfinkel e Leon

C han cera l, 2 u e o., P aris , L ibre rie Theatrale, 1950 , pp, 60-184; La Formation de

l'acteur, pp. 28-136; "L'etbique de l'acteur", traducao de N. Gourf inke l , La Revue

TIINzfra/e, nO 11, pp, 3044, inverno de 19- -19-1959 .E N. Gourfinkcl, Constantin

SroJlis/m'ski. Paris, L'Arche, 1955 , pp, 47-2~,

. 19, C. Stanislavski, La Formation de t'acteur, p. 27.

.'j

f

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, ., J

I

\ ~ . 1

I' ,;.!

STAN lSLA VSK I 7 5

. c s pc c tado r russo sen sfvel ao drama, q uer com ove-Io , faze-lo ex-

p erilllc nta l'cmo~< 1 cs , c nriq u c cc r s ua v ida in te rio r. H on esto , 0

proprio com edian te deve ficar e le p roprio em ocionado e nao in -

te rromper 0 e nc an to da re pre se nta cio fazendo reverencias a cada

passo p ara gra nje ar a pla uso s . .O s agradecimentos durante a acio

fo ram suprido s e em segu ida tam bem aqu eles ao fu n de cada ato .

Essa cam inhada ru mo a a uste rid ad e jam ais se desviou, Aper-

fe igo an do -se ao longo de sua carreira, 0 a to r ide al, segundo Sta-

nislavski, procede todo diaa su a toalete moral para acolher me-

Ihor sua personagem, para favorecer 0 estado emot ive e criador.

E um a tarefa sem tim . "V ace nae age com o u m Tch ich ikov", dis-

se ele a seu interprete de As Almas Monas. "Daqui a dez aDOS

talvez 0 consiga , D ez anos m ais tarde voce Sera a personagern

Tchichikove com m ais dez aDOS voce representara G6goP'2IJ.

A Ervl0(';AO

o ator D50 dev e aba ndon ar -s e a emocao scmcontrolc, dcve

dornina-Ia. J[I em 1888, Stanislavski havia obse rva do: "Obtcrrios

mclhor resul tado quando nos dominamos scm nos abandonarmos

totalmente ao papci,e somas mediocres qu ando nos preocupa-

m as com a lrnp ressao q u e cau sam os no pnblico '? ', Em 1929-1930,

teve de dizer novarnente, referindo-se ao ator Vichnevski, dcsig-

nado por elc para 0 papel de Brabant io , em Otelo:

Ele se deixa fac ilrn cn te induzir em erro po r um a false pieguice: s ua s la gri-

m asco rrcm fac ilrn cn te .f agradavele rn cena q u ando agente s en te a n ece ssida de

de rclaxar os nerves. Maselc nunca rcsiste a essatentacao e poc-se a choramin-

g al' c om o um a boa rnu lhe r , a fu ngar c , a s vezes, a u rrare a . g.em er. Ugrimas nun -

C i l i ficam bern a u rn hom cm e ne le sao partlcu la rm en te pou co een icas [ ...] Cho -

rem , m as, e rnbora chorando, ernpenhem ..se para q ue n ingucm vcja nada, no lo

m ostrem aslagrirn as, n ao se g.abem de las dian te do espectador , Etas nao Ih es fi -

cam bcm12•

Mas 0 a to r q u e se 'con tro la dem ais arrisca-se a bloq u car

q u alq u cr em ocao . Eis 0 qu e S ta nis la vs ki aconse lha a fazcr para

q u e a cm ocao req u erida ·se produza no m em ento desejado , por

ocasiao da representacao.

20. Narrado pelo in te rp re te do papc t, V assili Topo rkov, em Constantin

S(anL~tav.SIa; 1863~1963! p . 107 .

21 . C o Stanislavski , Joumet; cf , Constantin Stanlslavski, de N . G ou rfin ke l,

p ..47 .

2 2. C Sta nislavs ld, O te lo , m ise e ll sce ne et commentaires , t r adu~ao de Nina

O ou rfin kci, Pan s, Scu ll, 1 948, p . 49 ..

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76 o ATOR NO SECULO XX

Determinar as a~6es precisas para exccutar no decorrerdo pa-

pel. a ator deve saber por q u e esta M ,. ou por que ele entia, 0 que

v er n f az er , 0 qu e q u er de sell p arceiro , com oco nsegu i-Io . Tu do isso

esta incluso no texto, que e preciso decodificar em .fun~aodas in-

ten co es, das vo ntades da p erso nagem . Fa la r e para Stanislavski um a

a s : a o verbal; ha outras acoes no interior de uma cena. Essas peque.~nas a~6es rmiltiplas se integram na "linhacontfnua das B \ ! O e S ll da

pcrsonagem , Para conceber seu papel, 0a to r u sa veTbo s.A ge sabre,

age contra" d lrig e-se a . E convencendo 0 parce iro q u e convence 0

publico. Quante mais obstaculos encontra, mais seu jogo reforca c

se tarn a probante, Seu itin erario no papele u rna sequencia de coo-

flitos a reso lver, de obstacu los a transpo r. N ada c fac il em ccna , n a -

da c gratuito. Tudo d ev e te rum objetivo, ser just ificado.

a cstado do ator em cena , dian te de u rna riba lta ilum inada e

de espectadores, c urn cstado contra a natureza, que impede 0

comcdiante de sentir livrcrnente as crnocoes de sua personagcm.

U rn dia ric te rn a sor tc de qu e a inspiracao vcnha , ou tros dias cla

[a lha C 0 com edian te to rn a-sc excc ravel, E p rec ise da r m cios ao

a t o r dt: sc r igu al toda noire, com ho ra m arcada; C prec ise q u e c lc

possa voluntariarnente [azcr brotar dentro de si cmococs para que

cs tc ja ap to a exprcssa-Ias, Isadora D uncan dizia q u e an tes de en-

tru r em cena precisava acionar u rn m oto r na alma. Stanislavski

p rocu rou u rn mo to r se rn elh an te para 0 a to r . .Par tindo da biografia

d o . pcrsonagem, de scu comportamcnto, das circunstflncias d aar;:io, 0 ator precede "como sc", cntra em um proccsso psicologi-

co q u e dcsencade ia ne le 0 sentimcnto rea l, o le "vive ' 0 acontcci-

m en te c su as con scq u enc ias , em vez de contentar-se em rcp rodu -

zit a m anifestacao exterio r de um senrirncn to q u e de mio scare.

Ele in s tau ra um a m otivacao verdadeira, c le sc poe em jogo de

aru acao . Tudo Dele con tribu i p a ra 'e sse esfo rco , n ao apenas sen

pcn sa rn en to e su a fa la , m as seus n erves , su as gldn du las , sua rcspi-

racao, 0 psiquico arrasta 0 fisico,c a escola do "reviver", oposta

a escola da "representacao". Mediante esse processo 0 comedian-tc p odc reviver 0 papel cen tenas de vczes, scm preju fzo para a

q u alidadc de su a emocao (cu m p re , 'alias, dcsc rnpenhar u rn papc l

ccn tcnas de vczes para in terp re tar su a q u in tessencia). F isio logis-

tas cstudaram esse proccdimento da ' cmocao :

I' ro ruse ra m a dois est u dan tes rep resc n ta r a ale gria ; u m te n lou Pro v ocar em SI

pn'lpriu 0 s cn tim c nro da a lc gria , rcvivc -la , e 0 cerro sc Iimirou a reproduzir 0 scu

u cscnho exte rio r , a mascara, No pnmciro,aparclhos rcgistraram u rna atividade dos

argilos raracteristica da cxcila~flO afetiva; no outro, CSS8.tividade n a o o c or rc u 2J.

23, Expericncia no lnstieuto Tcatral russo, cirada por "'ina Gourfinkcl eru

co nrc r c ncia n a U n ivcrsi dad C o do Te a t ro das " '· a < ; 0 1 ,. :5 , ] 96.:1 ._

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Para desencadea r 0 su bconsc ien te , Stan islavski u tiliza a

I11cmori'l crnotiva, A Icm bran ca de uma cxpc ricncia pcssoa l do

ca ll1 cdian tc pode aju da -lo em ce ria a descn cadcar um a crnocao

ana loga aq u e la q u e dcve cxpcrim cn tar a person agcm . Com a

condi~ao de q u e essa em ocao tenha sido fo rte 0 su fic ien te para

pader rep rodu zir-se com in tensidade . E um a tran sferencia . Em

ou rro s te rm os: Stan islavski, pa ra p rovocar uma emocao sincera,re eo rre a urn. recu rso e ngan oso .

Se a sensibilidade pe rm anece rebe Ide a todos esses condic io -

n arn en to s, S ta nis la vs ki oferece um a b6ia d e · sa lv a~ a o : e preciso

partir da "com po sicao exterio r". N ao 56 m aqu iar-se e vestir-se

com o a person agem , m as andar, com porta r-se com o ela , execu ta r

a~6es ffs ica s pa ra desencadea r a em ocao segu ndo a f6 rm ula: eu

choro e acabo ficando triste. Ou ainda: eu ce rro e acabo ficando

com rn edo", Tudo se p assa cornose Stan islavski traba lh asse co -

m edian te pou co do tados, ca ren tes de irnaginacao ou de persona -

lidadc . Cum pre dizc r a scu favo r q u e 0 seu tea tro defron tou -se

com uma drarn aturgia nova. Tchckhov tinha s ido dcc la rado irrc-

p rescn tavc l. 0 p rop rio Sta nisla vski e xc la rn ara , ao ler A Gaivota:

"Sed possfvc l e fe tivam en te rcp rcscn ta r isso? Naoen tendo nada".

"Os caracteres pareciarn-lhe incompletos", explica Nemirovitch-

Dantchenko, "as paixoes ternas, as p ala vr as , ta lv ez s imples de-

m ais, as pe rsonagens se rn o fe rece r bam m ateria l ao s a to res [... ]

Sern conh ecer nada da vida no cam po , nao sen tia a im ensa se-

dUf30 do lirism o com qu e Tchekhov cobre essa vida cotidiana'?",

Fin alrn en te Sta nislavski compreendeu que cada pa lavra de A

Gaivota encobria u rn sen tido ocu lto, que c ad a sile nc io trara u rn

estado de a lm a. Era p rec iso obrigar a in te rp re te a tom ar cons-

c iencia do q u e havia p ara a lem das pa lavras, a con stru ir 0 univer-

so tchekhoviano (n ao com her6 is , m as com person agen s com uns ,

nao com cenas de efe ito , m as co rn fragm en to s de conve rsa s,

silenc io s ; em ou tro s te rrno s, tem pos q u e se ac reditavarn "m o r-

tos",

A~oes a e xc cu ta r, Iernbrancas a evo car, m ovirn en to s cen icos,

acessorios a m anipu lar, constitu em a partitu ra do papel, ou su b-

texto, 0 film e in te rio r de .im agens q u e p rovocam os sen tim en to s.

A is so c o rr es po n de 0 q u e cha rna rla rno s a linha do pape l e 0 pro-

cesso m en ta l do co rnedian te . "0 su btexto prove io das pecas de

24. Pierre Valde cornplera essa cxplicacao dizendo: "Quero f ug ir , encon r ro

U J T I obstacu lo , n ao posse fu gir, enrao rea lm en te com eco a te r m edo ". C f. P. Va l -

de, Le Malade Imaginalre, mise en scene et commentaires, Paris, Scuil, 1946,Prcfacio, p . 13,

25. Cf. Constantin Stanislavski, 1863-1963, pp. 55-56.

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78 o ATOR NO SECULO XX

Tchekhov, cujas fa las parecem banais. Com u rn subtexto rico ,

q uase n fio h a m ais necessidade de se en tendere rn as palavras'P. _

Como exercicio, Stanis lavski nao diz ao alu no qu e papel de

v ai e stu da r. S6 lhe fornece 0 "canevas" (0 q u e e semelhante aos

e xe rc fc io s d e improvisacao de Copeau ). 0 a lu no constro i su a li-

nha de acoes, insere-se nas c ircu nstancias dadas e com esse su b-texto diz frases su as (im provisadas) ou s implesmen te ta ta ti-ta- - -

ta ra ... D e po is th e dao 0 tex to verdade iro do au to r pa ra dize r, O s

memen tos dec isivos das a~6es do su btexto devem co inc idir com 0

texto com o u rn decalq u e . Para 0 estu do dos gesto s, Stan is lavski

m anda re tom ar 0 m esm o ep isodic sen tado , m aos sob Q assento

pa ra im pedir a gesticu lacao incon sc ien te . 0 a lu no exterio riza pe lo

o lh ar, p e la mimica, pe la en tou acao , p elo jogo dos dedo s q u ando

suas rnaos sao liberadas. Enfim, preocupa-se em aproximar-se da

personagem",No curse de suasultirnas pcsquisas, S ta nisla vs ki p ro pu n ha se

a encon trar a ch ave do ritm o, q u e , su spc itava c le , dcvia agir dire -

tam cn tc sabre 0 sen t imen to .

CO SEQUENCIA DA pRATICA DO SUBTEXTO

fi

!

Nas pccas de Tchekhov 0 subtexto e tao importantc quan ta 0

texto . E le concre tiza pe la rnan ipu lacao do objeto a m elanco liasubjacenre na frase pronunciada au no silenc io q u e separa duns i

[ra ses. Texto e subtexto sao cnglobados num m csm o scn tim en to

mclancolico. Mas pode-se aplicar esse principio m ais alern , crian-

do um segu ndo texto su bte rraneo ao p rim eiro . D e inlcio t ome -

m cs u rn cxem p lo sim p les . V am os co lh e-lo e rn Pierre V alde, con -

tin u ado r do "Sis tem a", na Franca, "Faz born tem po", exp lica cle ,

nunca quer dizer 1(0 tem po esta bam ", m as "eu te arno", au "sou

infeliz" Oll q u a lq u e r ou tra coisa. Nao se ilu s trarn as palavras do

tcxto . AD pronunciar a s p alav ra s "0 tem po esta born ", 0 c ome -diantc p\,;l1sa "eu te amo", Ao dizer "eu te odeio ", p ensa "q u e ro

Iazcr-te mal" . Seu adestram en to con sis te em pensa r um a frase e

p ronuncia r ou tra . Represen ta um "rneio" q u e da u rn resu ltado ao

pu blico , nu nca ha identidade entre 0 meio e 0 re su lta do . U tilize -

Il1(lS Lima c0ll1para~_'1o: () jogador de bilh ar nfio segue lim trajcto

26 . N ina Gou rfinkel, exposto em scm inario 110 CNRS, 1969 .

2 7. N in a G ou rfin ke l, "Lc Travail de I 'acteu r su r le ro le ' (vol. IV da s Oeu-

vres de Stan isla vski), em L e Thifirre dans lc m onde , B ru xe la s, 1 959 , vol , VIII ,n O

I(L 'Actcur ct Stanislavskii, pp. 10~22.Este metoda nao foi aplicado par Stanislavs-

ki, cle 0 explicou em "Le Travail de l'acteur sur Ie role", publicado na URSS, em

1957, para 01L'10, 0 Inspctor Geral e urna pc~a de Griboicdov,

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STANISlA VSKI 79

lA -B para que sua bola A ba ta na . bo la B ; ca ram bo la A no bordo

'em A' para q u e ba ta m elho r em B iseu tra je to e pa is A -A '_B . 0

. t ex to segu e um a linh a re ta A-B, 0 su btexto du as linh as q uebradas

'o u m ais, ou ou t ra linha paralela. 0 subtexto mui to elaborado, que

se constr6i paralelamente ao texto, pode ser ta o extenso quan t a 0

..tcX to e to ta lm en te a rbitra rio . Po sso pensa r "abracadabra" e dizerr , "nao reeebo n ingu ern '', 0 essencia l e dar a essa faia u rn to m de-

sa gra da ve l, c om 0 fito de to rna r sen sfve l a m inha nao -rccep tiv i-

" dade . Po sso desenvo lve r um a a~ao para le la , Pa ra dar a irnp ressao

r de q u e ou co dis tra idam en te m eu in te rlo cu to r, du ran te a conversa

; coo to para m irn mesrno um a h is t6 ria e p ro firo m inh as rep licas

com u rn su btexto in te iram en te m al adap tado ao tex to . A distracao

re ssa lta de imediato ,

I0 su btex to refo rca tan to m ais 0 texto q u an ta m ais dife rir de-

Ic . P rodu z um a cn ton acao m a is r ic a , rnais variada ou p ro p6c l imo" amb ig u id ad e. Moldave l a von tade , renova-se a von tade do com e-

I~ diante , im pcdindo-o de cansar-se de scu p r6prio tex to . E le a li-t. '

1

. m en ta a personagem . E a vetor d.a. in flexao e 0 su portc da m em o-

I rizacao , N a ap licacao do p rocesso stan is lavskiano , 0 a to r nunca

~j decora 0 tcxto pa lavra por pa lavra , e re pe tin do o s e nc adc arn cn to s

le scu subtex to , segu indo todo dia o s m esm os m eandro s de seu

f

i: itinerario in ter. io r, q u e desencadeia as sen tim entos e que lhe aco-

dem as palavras do texto lS.

. Con seq u en te rn en te , 0 su btex to , segredo su til do cornediante ,,~r e u rn o bs ta cu lo a analise rigo rosa de su a in te rp retacfio , N enhum

;~ . a to r su bstitu to de igu a l ta lcn to sera idcntico ao s eu p re de ce ss or

~ no papcl, ainda que rcspeite os rncsrnos dados de direcao,

I ii EXMfE CRfTICO DO PROCESSO STANI~LA VSKIANOJ~

~t.

~ • Nfio e u rna chave m agica un iversa l, po rcrn um a base de tr aba-

Ih o rno ldavel, rnu tavel.

• Esta ba se se rviu sobrc tu do para fo rrn a r os a to res "tch ekhovia-

no s ' ) ap to s a p rodu zir es tados de a lm a e, por con fissao do pro -

p rio Stan islavski, esse "Sistema" devc ser abordado atraves de

Tchckhov ou scrvir de ponte para aborda-lo" ,

. 0 cstilo de a tu ac io stan islavskiano nao nasccu do nada . ln sp i-

rou-se par su a vez nas teo ria s do s M ein inger (disc ip lin a), no s

!

~

' 28. No tcm os qu e, no tocantc a m em orizacao , L. Jouvet, nu rna tccnica com -

: p lc tam cn tc dife ren te , nao q u cria q u e 0 c orn edia nte s ou be ss e de co r SCI! texto

I m uito depressa , q ue se antecipasse ii personagern , qu e! dizer, q ue , fixando derna-

.~ .~~ . ' S l tl do ccdo n a m em oria , fixa ria ccdo dcm ais su as i n fle xoes • .sem h aver procurado

~ tOdas as possibilidades.

f 29. C. Stanislavski, Ma Vie dans 1'011, cf. Christine Edwards, op. cit., p . 77. F

1 1

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• F.' .

8 0 o A TOR NO SECULO XX

exe rnp lo s dos a to re s ita lian os Salvini e Rossi (natural idadej ,

nas idcias de Pu schkin , G6gol' e O strovski (sobriedade), nas

co nvic co es do c o-dire to r do T ea tro de A rte de Moscou , Nemi .

rov itch -D an tchenko (e tica ). Rea lizou 0 idea l de traba lho em

con ju n to e de en sa io s m a is num ero so s, a lm ejado pela Co rnpa-

nh ia de Teatro Pu schkin , fu ndada em 1881 par A nn a B reako=.E le m is tu ra p ra tica s em pfricas de q u e tem os te stem unho s i s o - '

lado s: Ta lm a es tu dando tra je de epo ca no s m u seu s , Ta illade

acon se lh ando Gem ier a procu rar postu ras para encontrar 0

sen tim en to in te rio r" Lu cien Guitry observando (a pon to de re -

p reende r-se ) su as p rop rias em ocoes n a v ida rea l para rep rodu -

zi-la s depo is em cena , Fedo tov im provisando a tem a para in -

te rp re ta r Molie re , Go rki ena ltecendo a im provisacao .

. A Io rm u lacao stan islavskian a: fac ilita r 0 re viv er, a ju d ar 0 a to r a

provocar toda no ire sem falta su a em ocao verdadeira , ta lvez

po r a ssociacao com um a de su as e rnocdes ja v iv id as , a p oia -s e

In s tc oria s de Ribo t, de James , d e Pavlov, aparccc 25 anos de-

pais q u e G . H . Lewes fa lou de memor ia emotiva", D e qu e

cm ociio se tra ta? Parcce q u e se ja m u ita s vczcs a tris teza , a do r,

tradu zindo-sc por Iagrim as. 0 a tor idcntificado com a p ers on a-

gem chora e cornu u ica ao publico um a em ocao qu e , par su a

vez, 0 faz ch o rar . Is to im p lica u rn con tex te de epoca e de tem -

pe ramen to nacion al. O s fUSSOS te rn a lagrim a facil e su a capa -

c idade de "passar rap idam en te do riso ao p ran to " e espantosa .

V i N ath alie Nattier, aparen te rnen te fora de q ua lq uer co ntcx to

emocionaI , con cen tra r-se u rn m inu te e cho rar a p edido de u rn

fotografo.

Tcnde-se a pcn sa r, ho je , q u e ao a to r a q u em Stan is lavski se di-

rigia fa ltava irnaginacao e dom verdadeiro . Q u an te a q u erer re-

gularizar a afetividade cotidiana de u rn art is ta , torna-Io igua l a

s i m esrno toda no ire de m odo ce rte iro , 6 um a quimera , a m eca-

n ica h um an a e e ss en cia lm e n te fa lfv el.

. Em ocion ar 0 pu blico nao 6 tan to o a lvo p rocu rado em nossos

e lias . F icar em ocionado pa ra em oc icnar n iio e obr iga tor i amcntc

u rn a boa rece ita ,

• Rcalizar lim subtcxto , execu ta r a~6 es fis ic as com objcro s , pode

cxcitar a vontadc c C l in tcligencia de um ator, m obilizar su as fa-

cu ldades cerebra is e a rrisca r-se a m an fe-las , afinaI, n a ir np o ss i-

30. ce C. Edwards, o p. c lt. , p. 21.

31. Thcodule Ribot assinalou que alguns movimentos podiam engendrar na

alma cmorocs correspondentes; encontra-se a rncsrna ideia em William lames, I.

P. Pavlovcstudou 0 condicionamcnto dos reflexes. Poi Christine Edwards (op,cit. P: I·W) que lcrnbrcu a cxistencia de G, J - 1 , Lewes. filosofo inglcs que perter-

cia a urna famil ia de atcres .

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STA1' : ISLA VSKl

bilidade de atingir 0 est ado de a lrn a dese jado , Tcn tando su sc i-

tar a em ocao , pode-se fo rm ar som en te u rn a to r su perconsc ien -

te , do tado de au to ridade e sagac idade .

• M e ye rh o ld censu rou Stanis lavski po r an im ar dem ais as dia lo -

gas , q ue corriam 0 perigo de se to rn a rem en fadonho s; po r faze r

as personagens com ercm , arru marem a casa . 0 espec tador se

aga rra a todos esses gesto s e p erde de vis ta 0 fio da peca - 0

qu e nao impedira 0 proprio M eyerho ld de u tiliza r esse me smo

p rocedim ellto em seu s espe tacu los , com o ern A F lo re sta , de O s-

trovski, em qu e as in te rp re te s com iam em cena , es tendiam

rou pa branca e lavavam as pes .

• A m im ic ia , a po lim en to dos detalhes, acaba par a trap a lh ar a

com preen sao de con jun to . U rn pape l n ao passa de u rn mosa i co

de instantes es tudados . 0 Teatro de Arte de Moscou fo i censu-

rado pc la Icn tidao do ritrno , pelas en tonacocs m on6 tonas e cui-

dadas dcrnais, pe los porrncno rcs sernpre repet idos de rn un eira

u nifo rrnc , par 1 1 1 1 1 traba lho de ator rnastigado de antemao".

~ Ncnhu rn a to r forrnado pclo Sistem a se destacou , Todos s . fu n -

diru rn no con ju nto . lsso e bo rn para a coesao d os e sp ct ac u lo s,

nus e inquietante em relacao ao va lo r in divid ua l. S eriam todos

a to res rn cdiano s? Teriam side su focado s? As nocees de ap rc -

c iacao do pu blico e da critica te riarn s ido p ris ione iras da an tiga

maneira de atuar? Stanislavski alegrava-se se na ru a suas atri-

zes e ram confu ndidas com professoras prirnarias, Mas lc rn bre-mo-no s de q u e u rna a triz franccsa , c omo Clai ron , compor tava-

sc na ru a de aco rdo com os papcis q u e rep resen tava , tcm cndo

aburgucsar as hero tnas da tragcdia q u e in terp re tava , se e la

m e sm a se abu rgu esasse ,

• S tan is lavski de in lc io fo i u rn encenador tirano . M as a vis ta dos

diferen tes m etodos ap licados pe l as geracoes segu in tes , e apo s a

Revoiu cao Ru ssa , rnodificou su a concepcso e to rnou -se 0guia, 0

parte iro do a to r-c riador, ap ago u-se . A arte pela arte estava m or-

t a o Stanislavski logo se ca lou .Mas seu p roced imen to , t ransmit ido

a num erosos discfpu los , e rn igrou em d ife re nte s d ire co cs .

SEQ UENCIA D O SISTElv lA

Mikhail Tch ekhov, a to r do Tea tro de Arte e sobrinho do es-

c rito r, av esso a uti l izacao c ia m emo ria emot iva , da q ual pessoal-

men t e nao t inha n e n h uma neccssidade, aperfe icou 0 t r e inamen to

Corpora l com vista s a s "acoes ffsicas", Ensinou na Ingla te rra e

nos Estados Unidos 0 "rnctodo psicofis ico do comediante",

32 , A. Mguebrov, cf. N. Evrcinoff, op, cit., p. 322.

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82 o ATOR NO SECULO XX

. .

Lee Strasberg ensinou nos Estados Unidos (no Group Thea-

tre e no Actors Studio), apelando para a memoria emotiva e u tili- .

zando nocoes de psicanalise, Foi 0 que se chamou "0 Metoda",

p ara d is tin gu i-Io do "S is tema " d e S ta nis la vs ki,

De Cope au a Vilar, todos os homens de teatro lerarn as teo-

rias stan islavskianas. Cada um ten tou pou eo ou m u ito a lgum a

apl icacao au tom au-as como ponto de partida para uma contes-

tacao. Dentro dos pr6pr ios estudios do Tea tro de Arte, code as-

sistentes convertidos a encenadores ensinavam 0 "Sistema", Sta-

n is lavski era objeto de controversia: Vakhtangov e M eyerh old

reagiram vigo ro sam en te con tra 0 natu ra lism o. V olta rem os aq u estao u rn pou co m ais a frente. Acerque rno -nos mais de perto

do Iado fisico do procedirnento stanislavskiano, acompanhando a

ap l i cacao feita par sell h e rde iro m ais dire to : M ikh a il Tchekhov,

u jo nom e fo i a rnerican izado para M ichael Checov.

"-1I1 (HA IL TCHEKHOV

E precise ac rcdita r q u e a expcricnc ia do s m ais velho s n fio ser-

vc J11l1 ito aos ou tros , Dcsdc 0 comcco de nosso estu do , sublinha-

IIIo s q u e no co rrc r de ge raco es dife rcn tc s, em parses di fercn tes , urn

m csm u obstdcu lo ap rcscn ra -se ao a to r: d iz r em vcz de a tu a r . D e

Antoine a Copcau c D u llin , de Sta nis la vski a Vakh tangov e Meyc-

rh old, rc pis a-s e esse "alerta". Com o um a h idra de mil cabecas, 0

impasse scmpre ren asce , A inda em 1953 , Yu l Brynner escrevcu:

Em (ada parte ensina-se a dic~ao perfci tamentc , cnsina-se a da r corrcta-

m en te um a repl ica, m as 0 clemente c sscn cia l do jo go dra ma tic o C0 m a is im p or -

t:JIHC, que < 5 a propria pcssua do c orn edian re , dc ixa-se que a gcn tc 0 dcscubra,

rom a l gumas regras muito vagas, corn palavras scm nenhurn suportc concrc to+ ' .

Tudo isso em louver a Mikhail Tchekhov, cuja obra sobre 0

m ercdo psicoftsico Y ul B rynner prefaciou .Pela irn aginacao , p e la sim pa tia , q u e e um a esp ecie de scxro

. ntido, 0 ator deve penetrar na mentalidade de sua pcrsonagem,

de ScU arnbicn te , de su a epoca; o le Inu ltip lica os cxcrclcios de

substitu icao para flexibilizar su a propria personalidade . Ele nao

prccisa dar um espctacu lo de si mesrno, a finalidade da arte c

33. Yul Brynner, Prcfacio de To the Actor; On the Technique of Acting, de

Michael Chckhov, New York, 1953. Publicado em f rances sob 0 titulo Etre Ac-

teur, methode psycl tophysjql l t · du come/jell, tradu\ao de Elisabeth Janvier, com

colabo racao de Paul Savatier, Paris, Olivier Perrin, 1967, p. 10. Em nosso traba-lho. l'0I1$CJVMll0$ para M. Tehckhov a rncsma ortografia que a de scu tio Anton

Tchckhov.

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STANlSLA VSKl 8 3

0 , descobrir "novas face ta s da vida e dos seres" , 0 ato r p rocu ra dis-

eernir, dim in uir as dife ren ca s existeates entre de e a personagern ,

a f 1 0 1 de ap roxim ar-se de la cada vez mais . Honcstidade bem sta-

nislavs' tciana. Entre tan to , 0 q u e im p o rta aM ik ha il Tch ekhov nao etanto a criacdo in te lec tu a l com o a cria~ ao corporal. Para t ransmi-

ti r ao espectador a vida interior da personagem, suapsicologiaprofunda , e p rec iso q u e 0 co rpo do ato r se sensibilize com essa

v ida in te rio r, q u e possa "assim ila r estados psico logico s e pen e tra r

neles a te to rn ar-se p ro gress ivam en te um a caixa d e re ss on an cia ,

um a especie de em isso r-recep to r-am plificado r de irnagens , de

sen ti.rnen to s, de em ocoes, de im pu lso s de toda especie> '. D af 0

m etoda psico ffsico q u e se base ia nos segu in tes vo cabu lo s: obje ti-

vidade , a tm osfera , irradiacao , rccep tividade , corpo i rnaginario,

gesto psico logico ou GP.

A lgu ns exc rc ic io s p rc lim in arcs da o ao a t o r u rna consc icnciade seu co r po , fazern-no en con tra r n o in te rio r de seu pei to 0 cen-

tro de ondc p arte 0 im pu lso q u e co rnanda os gestos. Com cfe ito ,

1 1 a urn impulse, uma forca que precede 0 rnovimento, que 0 pro-

longa , qUL: lhe da au to ridade e , po r isso m e sm o , confere a q u em 0

executa 0 que se chama prcs enca cenica . Tel' conscicncia dcssa

forca, maneja-la descrnbaracadamente , proporciona equilfbrio,

segu ranca , e im pede 0 m edo (rnan ifes tacao em otiva daq u e le q u e ,

em princfp io , nao esta segu ro de sua te cn ica ). Cum pre te r cons-

c ienc ia do p ro prio corpo no espaco circundante, molda r esse es-paco com m ovim en to s q u e cria rn fo rm as , com o a faria um cscu l-

to r. 0 m ovirnen to deve ser lim po , acabado . 0 traba lho das m aos,

dos dedos , fac ilita ra a manipu lacao dos obje to s.M esm o q u e um a

p ers on age rn se ja de sa je ita da , 0 a to r nao 0 deve se r , 0 ,

Quando tam ou consciencia da forca q u e reside em se u c orp o,

e q u e M ikhail Tchekhov cham a de irradiacdo, 0 a to r deve p ro -

jeta-Ia a su a vo lta e irradiar 0 sen tido da beleza . Em cena , a feiu-

ra nunca sera expressa como tal, a sentido do belo a transpora ern

"ide ia de fe io". Ao sen tido da fo rm a e da beleza ju n ta-se0senti-do de conjuuto. A criacao de um a personagem deve ser coucebida

pe lo a to r com o u rn todo 'e nao com o um a justaposicao de deta-

lh es. D iferen tem en te dos 'q u e p ro ibern a a to r, ao rep resen ta r 0

com eco de um a peca , de assum ir 0 ar de q u em conhece an tec ipa-

damen te 0 desfecho , M ikhail Tchekhov q u e r q u e 0 a to r, desde a

su a p rim eira en trada , tenha urna visao c la ra de su as u ltirnas cenas.

o a t o r ernite uma irradiacao e , em troca , recebe a de seu s

parce iro s, percebe todos os e lem en to s da situ acao , e sensfve l aam biencia gera l do cenario e da eu cenacao . Essa refracao con ti-

",' .

34. Mikhail Tchckhov, Etre acteur, p. 20.

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84 o ATOR NO SECULO XX

I.

In ua ga ra nte 0 asp ecto vivo do jogo cen ico , A lern disso , ha um a tro -

ca co m o s esp ectado res , daf por q ue M . Tchekhov acon se lh a , desdc

o s p rim eiro s exerc fc ios , div idir m en ta lm en te a superf tcie do local

de traba lho em duas pa rtes , im aginando q u e a segu nda esta rese r-

vada ao pablico; que 0 ator entre na primeira par te para comecar a

atu a r; depo is , q u e saia de la . E a sensacao da p resenca do publicoq u e c on cre tiz a 0 in fcio e 0fim da a~ao desem penhada", .

APELO A s lMAGENS. V im os nas esco las an terio res q u e 0 ator

reco rria a racio c in ios , a ideias abstra ta s , a esq u em as m en tais . M.

Tchekbov pretende que 0 a to r desenvo lva em su a imaginacao as

rep resen tacoes em im agens e as p ro je te . Nao se "pen sa" m ais a

pe rsonagem , "vem o-la" agir, do m esrno m odo q u e u rn pintor ou

1 I m escul to r te rn dentro de s i a visso p las tica do q u e va i por na te-

la u u ta lh ar U3 pcdra . Assim , Miche lange lo dcvia "vcr" a fo rca in-t crior de Moiscs q u e in fu ndia vida aos musculos, a s vcias". Sen- .::

ftindo nas p ro fu ndezas de seu ser a vida cia pCTsonagcm , a a to r :~

cxpcrirnen ta ra , com toda a na tu ra lidade, as sen rim en tos dela , scm ~ .

neccssidade de provoca-los artificialrnente.

Nac ha , com o em Stanis lavski , rccurso a m em oria em otiva

para cngcndrar a em o~ao em ccna , A m em oria 6 u tilizada apcnas { jnos cxercicios destinados a multiplicar rcprcscntacoes em irna- : li

gens:, desenvo l~er a im agina~~o ~ partir dcssas ~ r~p resen ta~ 6es, . i (de pors a fan tasia to rn a p re ce de nc ia sabre J memor ia C 0 ator ca- 'pacita -sc a cria r m en ta lm cnte pcrsonagcns do tados de car/te l', de

historia, de estados de a lma; ele o s c on str6 i nurn dcvanc io cons- .,f

c icnk assirn ila -o s, faz coincidir com cxatidfio essa pcrsonagern .

irna gina r ia com . a s ua exec uc ao ccnica. 0 lisa c ia cxpericncia ja f ~obtida 6 inevitavel: na v id a p es so al, 0 ator acum ula no su bcon s- I '

c ien te im pressoes e sen tim en to s , q u e fo rm am um m ate ria l com 0

q u a l va i a lim en tar a alm a de su a pcrs nagcm . D ito de ou tra map

ncira , a personagem benefic ia-so da riq ueza do passado do com e- : 1 1

dian tc , da q u alidade de su a vida in terio r q u e Ihe condiciona a 't.

pcrsonal idade artistica.

r .

I~1PROVISAc;i\O. Ela e u tilizada d~ ta l fo rm a q u e 0 papcl in -

tciro e um a "irnprovisacao permanente'', a partir de u rn cerro

numero de regras (tex to , situ acao erc.). N a fase p repa ra to ria M.

Tch ckh ov o rganiza im pro visaco es colc tivas au "rrocas ininterrup-

tas entre as parceiros" (0 q u e dife re das i rnprovisacoes indivi~

35. Idem, pp. 26, 34, 36, 38,40.

36. Idem, p. 48 .

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Exemplo de G.P. d e M . T ch ek hov .

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8 6 o ATOR NO SECULq XX

du ais de D u llin ). 0 in fc io e 0 f U Q d a im p ro vis ac ao sao pref ixados

para q u e a a to r se habitu e a s regras; 0 t ema e desenvolvido pelo

grupo , sem palavras em demasia . E uma extensao de "0 Estudo"

de Stan islavskie de V akh tangov, seq u encia dcsenvo lvida em tor-

no de u rn tema s imples .

o GESTO PSJCOL6GICO. Tra ta -se de engendrar 0 sent imento

mediante uma a~ao fi'sica. Levan to u rn brace e 0 abaixo: a~ao

sim ples . Efe tu o 0 rn esrno m ovim en to com prudencia : u rna sen -

sa~ao psicofisica de prudencia se introduz em meu brace. Essa

prudencia pode provocar urn outro sentimento: ncrvosisrno se es-

tiver em perigo, ternura se r iver uma crianca no s braces, 0 Gesto

PsicoI6gico ou GP estimula 0 sentimento. Nurn papel, e precise

encontrar 0GP adequado, que "revel a a personagern em sua to-

talidade, de modo condensado", que con stitu i su a espinha dorsal .o ator C 0 un ico ju iz da adequacao de seu GP. N ao e u rn gosto

co tidiau o , m as um gesto -tipo , u rn arq u e tipo , a cm pcnhar 0 corpo

in te iro , a p sico logia , a alm a . 0 GP devc se r la rgo , podcroso, para

rcforcar a vontadc, mas scm abusar da pa lenc ia m u scu lar . Dcve

manter a m csm a fo rca p sico logica , q u e r pa ra um a pcrsonagem

fraca, quer para u m a vio len ta . Deve ser exccu tado segundo um

ri tmo pr6prio d a p ers on agem ,

Excrnplo de Excrcfcio sobre GP

/\ pcrsonagcm fcchada calmarncntc em si mcsrna. Encontrc urna Frase cor-

rcspondcnrc a cssa atitudc, Por excmplo: 'Qucro cstar s6!" Repita 0 gcsto e a

f ra sc s imu l ra n ea rn e n te , cite q u e as "intent;ocs" de calm a, dobrar-sc sabre si rncs-

m o, pcnctrcm em su a psico logia e su a voz. D cpo is rnodifiq u c levcm en tc 0 GP, Sc

csrivcr com a cabcca levantada, p or cxcm plo , incline-a dcvagar para frcntc C olhe

ncssa nova dire t;ao . Qu e rnudanca se opcrou ern su a p sico lo gia? Scntiu q u e u rna

lcve rnudanca de insistcncia, de obstinacao, sc adicionou a intui~ao de calma?

Rcpita varia s vczcs esse or rnodif icado, ate q u e voce consiga p ronu ncia r su a fra-

se pe rfeitam cn tc em harm on ia com essa nova rnudanca . Transforrnc de novo 0

gcsto . D csta vez flexione Icvcm cn te a pcrna dirc ita , fazcndo todo 0 peso do co r-

fill rccair sabre a pcrna csquerda, Agora, 0 GP to rna lim a aparcncia de su b-

rn issao . Lcve as rnaos ate a q u eixo . A im pressao de su bm issao se acen tu ara e no-

vas nu aneas de fata lism o e so lidao somar-sc-ao a CIa. Jogu e a cabcca para tras c

Icrhc as olhos : voce cxp rcssara do r c su p llca [ ... J37,

Esse cxerc tc io desenvo lve a sensibilidade ao gesto , 0 sentido

de harmonia entre 0 corpo, a psicologia e a expressao verbal.

o PLIBLlCO. 0 ator fo rm u la pergu n tas a si rn esm o sabre

aq u ilo q u e csta p ropo rc ionando ao s espectadores, Indaga se a pc-

37. Idem, p, 109.

"

ca que re]

contempo:

cern 0 ato:

robjetivo d

saios, pore

I,

Essas

nislavskian

dependente

lendo aind:

coJ6gica de

nossa scgu

comparavcl

rnovimcnto:

percebidas

concern n t

ate Brecht ,

proposto ao

E irnpoi

stanis lavskia

senvolvcramo que cnrfio

c ia s de a tu ac i

Diversas

a p in tu ra c a

lism o; no sec

rente natural

futur ism 0, 0

car 0 jogo da

deles partici p .Mergulb t

Media, COI7lI7

o s e n ce n ador e

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as profundeza

o desenv

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8/6/2019 Matéria para Workshop - A Arte do Século XX - Stanislavski

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sao prcf ixadoscnv Ivido pe lo

Ie "0 Estudo"

o lvida em tor- '

~0 sen t imen to

. aba ixo : a~ fio

cia: UID3 SCn-

u brace . ESS3 .!,

/os rs rno s c es - l~

j~OS. 0 Gesto '~ \

pel , e precise

m em sua to-

ipinh: . l dorsal .

o ~ lim gosto

nhar 0 corpo

( 1 ; . : rosa , para

.rscu lar. D cvc

pcrsunagcm

scgund» u rn

: u rna f rase: co f-

pita 0 gcsro e a

se sobrc si m es-

mente 0 GP, Sc

ra frcntc c olhe

Scntiu q u e urna

i t , : a o de calma?

nunciar su a fra-

irrn« de novo 0

o ICSO do cor-Ire nc ia de sub -

ace n f\Jar~ c no-

iera pa ra r rtis c

o 0 sentido

'verbal.

esrno sabre~

19a sc a pc-

t •

,.~!'

.. "

STAN ISLA VSK I 87

~a q u e rep resen ta ,co rrcsponde a um a necessidade, a os p ro blem as ,

contcmpodincos. As vczcs sao as r ,c ac ;6 cs d o p u blic o q ue esc la rc -

cem 0 ator acerca das intencoes m ais p ro fu ndas do au to r. 0 supe~

robjetivo da peca a s vczes sc im poc ao a to r n ao du ran te os en -

saios , p orem depo is de varias rep resen tacoes .

Essas nocoes assina lam nftida evo lu cao face ao perfodo sta -

n js lavskjano . Mas isso nao im pede q u e 0 Sistem a perm anega , in -

dependeDt~men te de suas varian tes, c om o um a base coeren te , va -

lendo ainda hoje para q u em q u ise r p rom over a interpretacao psi-

co16gica de uma personagem. Os "ism as" ' que estudarernos em

nossa segu nda parte o'ao deixaram nenhu m tipo de fo rm acao

com parave l ao ensinamento ou ao Sistema de Stanislavski. Foram

rnovim en to s cfcrncro s au tcntativas de reacao pro fundas , mal

[lc rcebidas au po u co exp lic ita s . Houve a enunc iacao de tco ria s

conce rnen tes it . cnccnaciio e a concepc iio do tea tro em gc ra l, m as ,

ute B rech t, n cnhu rn paincl du radou ro de atu acao chegou a scr

p ropo sto ao ato r,

. 1

fI

E im portan te assin a la r q u e a fo rm acao francesa e 0 Sis tema

stan is lavskiano , e laborado na Ru ssia de an tes da Revo lu cao , de-

senvolveram-se em compartimentos fechados, sem levar em conta

o qUI:, cn tiio se passava no m undo . Vejamos agora out ras tenden-

c ias de atu acao , q u e se in t egra ram na eva l w ; : 5 . a geral do secu lo xx.D iversas esco las levam a exp losao a dramaturgia, assirn com o

a p in tu ra e a m u sica , 0 f'im do secu lo X IX vira florescer 0 na tu ra -

lism o; no secu lo XX assum e-se po sicao con traria , opoe-se a cor-

rente natura lis ta 0 s imbo l i smo ; depois vern 0 expressionismo, 0

futur isrno, 0 su rrea lism o. Todos esses "isrno s" tendem a m odifi-

ca r 0 jogo da atuacao, m as e bern restrito 0 numero de atores q u e

del es pa rt ic ip a ,

Mergu lh ando de novo nas fon tes tea tra is (An tigu idade , Idade

Media, Commedia dell'Arte, Seculo de Ouro , teatro elizabetano) ,

'o s encenado res rcdcscobrern tam bern 0 Orien te .

Freud sacode as cade ias de no ssos an tigos rac io cin ios e sonda

as p ro fu ndezas do in stin to ,

o desenvo lvim en to do maquinismo propicia a m e can izac ao

da caixa tea tra l; ve -se novas tecnicas se ndo de se nv olv idas: r a -

dio, cinema mudoe fa/ado, televisao,Encenadores o rq u estram essas diferen tes reviravo ltas , a ssu -

rnem a preponderancia sabre 0 autor, buscam urn nao-ator

J

Page 22: Matéria para Workshop - A Arte do Século XX - Stanislavski

8/6/2019 Matéria para Workshop - A Arte do Século XX - Stanislavski

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88 o ATOR NO SECULO XX

em Iu ga r de u rn p ro fiss io na l, rn ais u m a m arion e te do q u e u rn ator

VIVO .

As transformacoes da sociedade acabam com a arte p e la a rte .

Assiste-se ao nascimeuto de um teatro social e polit ico; proletcutt

na URSS, agit-prop na A lem anh a . A s re la co es p sico logicas e e sp a-

ciais entre a to res e espec tado res sao subvertidas. As concep coesde e sp aco cen ico e de dram atu rgia m odific a rn -se in te iram en te .

Nao h a entao um m odo de atu acao elaborada. A margem do esti-

1 0 c lass ico esbocam -se pe sq u isa s , ten ra tivas q u e se destroern

umas as outras e queso e p a ss iv e! d es cr ev er I er nb ra n do -s e, cada

vez, do con tex to em qu e elas se s i tuarn .

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