Mata Atlântica e Cacau

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MATA ATLÂNTICA E CACAU-Verdades & Mentiras] CACAU FAZ UM CAMINHO DE VOLTA À AMAZÔNIA Entra da x Ed Ferreira 08:35 (0 minutos atrás) para mim O Brasil se posiciona entre o sexto e sétimo lugares no ranking dos maiores produtores mundiais, dependendo do volume produzido mundialmente. A Costa do Marfim, maior produtor mundial, deve colher uma safra de 1,41 milhão de toneladas na safra 2011/2012, que começa no próximo mês de outubro e se encerra em setembro de 2013. No mesmo período, a oferta mundial de cacau deve somar 3,9 milhões de toneladas, o que, segundo a International Cocoa Organization (Icco), deve gerar um deficit de 43.000 toneladas entre a oferta e a demanda. Apesar da retração nos países desenvolvidos, o aumento do consumo de chocolate nos países emergentes mantém a demanda aquecida e dá sustentação aos preços da commodity. Bahia

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MATA ATLÂNTICA E CACAU-Verdades & Mentiras] CACAU FAZ UM CAMINHO DE VOLTA À AMAZÔNIA

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Ed Ferreira 08:35 (0 minutos atrás)

para mim

 O Brasil se posiciona entre o sexto e sétimo lugares no ranking dos maiores produtores mundiais, dependendo do volume produzido mundialmente. A Costa do Marfim, maior produtor mundial, deve colher uma safra de 1,41 milhão de toneladas na safra 2011/2012, que começa no próximo mês de outubro e se encerra em setembro de 2013. No mesmo período, a oferta mundial de cacau deve somar 3,9 milhões de toneladas, o que, segundo a International Cocoa Organization (Icco), deve gerar um deficit de 43.000 toneladas entre a oferta e a demanda. Apesar da retração nos países desenvolvidos, o aumento do consumo de chocolate nos países emergentes mantém a demanda aquecida e dá sustentação aos preços da commodity.

Bahia

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Na Bahia, a safra está estimada em 135.000 toneladas para este ano, alta de 6,2% quando comparada ao período anterior. No Estado, símbolo da produção de cacau, os esforços no combate ao fungo causador da doença vassoura de bruxa surtiram efeito e a produção começa a ser retomada. A Ceplac tem tido papel fundamental nessa retomada, com destaque para um projeto de conservação produtiva que visa capacitar produtores para o uso de tecnologias sustentáveis.

Pará

O Pará, Estado onde o cultivo cresce mais rápido no país, registra o triplo da produtividade da Bahia.

O Pará está descobrindo que tem vocação natural, além da castanha é um símbolo cativo do Pará, mas também  para cacau.

O cultivo do cacau há muito que passa por uma crise sem precedência, tanto a  nível  de Brasil como na Bahia o maior produtor,  onde particularmente passa por uma  fase delicada e de incertezas . Um pouco mais de vinte anos que enfrenta problemas sanitários com a vassoura-de-bruxa. Com produção  estagnada, importações de amêndoas e seus derivados em alta, e consumo crescente de chocolate, a indústria nacional tem  tido dificuldades para se abastecer de matéria-prima. É nesse cenário que desponta o Pará, acelerando o plano ambicioso de se tornar  uma grande fronteira agrícola no cultivo do cacau. A meta é dobrar a produção nos próximos oito anos, afirma Hildegardo Nunes, secretário de Estado de Agricultura do Pará.

Cacau aos poucos  volta à Amazônia

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O Brasil, que nas últimas décadas viu a produção interna de cacau despencar, por conta principalmente da alta incidência do fungo que causa a  vassoura de bruxa,  e pela forma como os produtores conduzem o processo , hoje ensaia um movimento de recuperação que já na safra atual pode somar 200.000 toneladas, uma alta de 17% em comparação aoperíodo anterior. Além da retomada da safra na Bahia, que responde por 70% da colheita nacional, o Pará, que hoje se destaca como segundo maior produtor do país, tem grande potencial de expansão para a cultura. É no Pará onde a produção mais cresce no Brasil. Avalia *Thomas Hartmann, analista da TH Consultoria. Ainda Segundo ele, a Bahia tem grande importância histórica para o cacau, mas é no Pará que está o futuro da amêndoa.*A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) do Pará apurou, neste ano, uma safra parcial de 76 mil toneladas de cacau e a previsão até o final da colheita é alcançar 85 mil toneladas da amêndoa, atrás apenas da Bahia, com 130 mil toneladas. Segundo Moisés   moreira dos Santos, superintendente da Ceplac no Estado, o plano do governo paraense é ambicioso. Vamos ajudar o Brasil a chegar à autossuficiência da matéria-prima, diz.*O planejamento estratégico aponta que o Estado vai colher 230 mil toneladas de amêndoas por ano até 2022, superando a produção baiana.  Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da cacauicultura ( PDCPC).

Desde outubro do ano passado, a cultura ganhou impulso com o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Cacauicultura, lançado pelo governodo Estado em parceria com a Ceplac. Os recursos de cerca de R$ 2 milhões por ano do Fundo de Apoio à Cacauicultura Paraense (Funcacau) têm garantido a instalação de campos experimentais e pesquisas de manejo. De acordo com Nunes, a produtividade média no Pará é de 900 quilos de amêndoa por hectare, o triplo da produtividade baiana, de 300 quilos por hectare. Mas a meta é atingir 1,3 mil quilos por hectare, como média no Estado, afirma.Não se trata de um delírio amazônico: ele cita o exemplo do município de Medicilândia, a quase mil quilômetros da capital, campeão nacional em produtividade de cacau, com média de 1,7 mil quilos por hectare.

Estimulo ao sistema Agroflorestal

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Para intensificar a produção em 2012, estão sendo distribuídos 18 milhões de sementes, além do investimento em capacitação dos produtores em sistemas agroflorestais, para melhorar a qualidade da amêndoa e obter produtividade crescente. O clima e o solo favoráveis colocam a cultura como uma alternativa agrícola rural sustentável na região. Áreas de pastagensdegradadas estão sendo recuperadas com o cultivo consorciado a espécies florestais.  O cacau alia a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico e social, diz Santos, da Ceplac.

 Base Familiar 

Diferente do que ocorreu na Bahia, a cultura do cacau no Pará tem se baseado na agricultura familiar. Famílias que cultivam a amêndoa em pequenas propriedades de dez hectares alcançam uma renda anual de até R$ 35 mil. Atualmente, há cerca de 15 mil produtoresno Estado, que geram cerca de 50 mil empregos diretos e indiretos.*Gabriela, aos 78 anos, divide com nove meeiros os lucros de sua lavoura O agricultor Antonio Teixeira de Lira foi um dos primeiros a chegar à região, em 1970. Vim sem destino certo e meu primeiro trabalho foi a  A predominância da mão de obra familiar é uma forte característica das lavouras do norte do país. Nessa região, a sucessão familiar é comum e os filhos dos proprietários de terras ou assumem a gestão das fazendas junto  com os pais ou adquirem seus próprios lotes. É o caso de Ivan Gotardo, de 22 anos, que já tem, há dois anos, sua própria roça de cacau, com 10 mil pés. Seu irmão, Ivanilson, de 17 anos, também formou sua plantação em 2011, com 15 mil pés. Ambos, além de cuidarem do manejo de suas lavouras,

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também trabalham nas roças do pai, o agricultor Valmir Gotardo, que foi do Paraná*para Medicilândia em 1984 e hoje mantém 72 hectares, onde cultiva 72 mil pés de cacau. Neste ano, estamos com uma produtividade bastante alta, de 2 quilos por pé de cacau, diz Valmir. Uma produtividade que chama a atenção, já que, em geral, o rendimento no Estado se situa, em média, em 1 quilo por árvore, enquanto na Bahia a média baixa para 300 gramas por pé.

A Ceplac  e o governo estimam que 1,5 mil novos produtores recebam incentivos até2013. Além disso, as autoridades querem que a amêndoa seja processada no Estado, em vez de migrar para as indústrias de outras regiões. Esperamos, em breve, a instalação de fábricas que possam verticalizar a produção do Pará, diz Santos.

A indústria, por sua vez, tem respondido positivamente aos planos do governo. A Cargill, maior processadora de cacau da América Latina, anunciará neste ano um projeto em parceria com a ONG The Nature Conservancy para apoiar pequenos produtores. Rodrigo Melo, gerente de originação e risco da Cargill no Brasil, diz que tem acompanhado o crescimento da safrano Pará. É muito intenso esse movimento, afirma Melo. Segundo Miguel Sieh, diretor da unidade de negócio de cacau e chocolate da Cargill, a escassez da matéria-prima é um problema para a indústria. Na década de 1980, o Brasil produzia 400 toneladas de amêndoa e até exportava, diz Sieh. A expectativa é de que o Pará consiga suprir em até cinco anos amatéria-prima que hoje é importada de países como Gana, Costa do Marfim e  Indonésia.

A importância da cultura é tão grande que o Estado já tem sua própriacapital do cacau: “A nova Ilhéus”

O município de Medicilândia, situado às margens da RodoviaTransamazônica, onde 70% da população, estimada em 27 mil habitantes, reside na área rural.

Medicilândia conta hoje com 27 milhões de pés de cacau, ou 1.000 pés por habitante, e há mais de três décadas é o destino certo para quem quer se aventurar na produção da amêndoa. Com infraestrutura precária, economia em desenvolvimento e PIB per capita de R$ 4.300, o pequeno município, fundado em maio de 1989, parece ter as mesmas características da Ilhéus do início do século passado: terra boa e agricultores ávidos por riqueza.

Na década de 1970, desenvolvemos um programa para que o cacau retornasse à sua origem, que é a região amazônica, e foi elaborado um material híbrido altamente produtivopara ser cultivado no Pará, diz Paulo Henrique Fernandes Santos, coordenador da área de pesquisa de cacau da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) de Altamira (PA). Ivan e Ivanilson, de 22 e 17 anos, já têm suas próprias lavouras em Medicilândia E, assim como aconteceu na Bahia no final do século XIX, o governo brasileiro doava terras para quem quisesse plantar cacau no Pará. Em meados da década de 1970, quem ganhasse um lote de 100 hectares e o desmatasse em, no máximo, um ano recebia outro do mesmo tamanho. Foi dessa maneira que, aos poucos, a região antes ocupada por exemplares nativos foi cedendo  espaço à cacauicultura. E hoje na terra roxa do Pará o cacau conviveharmoniosamente com espécies nativas.

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A recomendação da Ceplac é que as lavouras sejam cultivadas junto com essências nativas, como mogno, ipê, cumaru, andiroba, jatobá, entre outras espécies da Amazônia, que serão usadas para o sombreamento permanente das lavouras.

Produção no Pará – Lucro reinvestido.“A colheita no Pará pode ser realizada durante o ano inteiro”

Na região de Altamira, maior polo de produção do Estado  que contempla os municípios de Altamira, Vitória do Xingu, Medicilândia e Brasil Novo , existem cerca de 40.000 hectares cultivados com cacau, que devem render neste ano uma safra de 53.000 toneladas.

No Pará, a área destinada ao cultivo cresce todo ano. Temos nesta safra uma demanda de 20 milhões de sementes, mas nossa capacidade de produção é de apenas 14 milhões de unidades, diz  Santos. Segundo projeções da Ceplac, 16.000 novos hectares devem ser incorporados ao cultivo no Estado. A produção de 2012 está estimada em 85.000 toneladas, alta de 30,7% em relação à safra de 2011.

Resultado do esforço conjunto dos agricultores, que têm por hábito investir na expansão das lavouras quase todo o lucro que a cultura lhes proporciona. A produtora Gabriela Soares, hoje com 78 anos, chegou ao Pará em 1980 e começou a plantar cacau em 1982. Atualmente, mantêm 42 mil pés produzindo e está fazendo um trabalho com os técnicos da Ceplac para melhorar a qualidade e a produtividade, em torno de 1 quilo por hectare. Plantei 6 mil novos pés em janeiro de 2010 e vou plantar mais 3 mil pés neste ano, conta Gabriela, que divide a colheita com os sete meeiros que trabalham em sua propriedade. Acho justo eu ganhar e eles também, diz.

Cacau Orgânico

No Pará, as cotações se situam entre R$ 4,70 e R$ 6 por quilo, menores que as do ano passado, mas remuneradoras.Para a agricultora Maria Concebida Maciel Tabosa, que planta cacau orgânico, os preços estão acima de R$ 6 por quilo de produto certificado. Vendemos parte de nossa produção para a Natura, exportamos um pouco para a Suíça e o restante vendemos no mercado interno, diz Maria, que chegou ao Pará em 1974 e hoje mantém 350 hectares de terras na região, dos quais cultiva 80 hectares com cacau orgânico. Seus oito filhos é que tomam conta das lavouras. Neste ano, plantamos mais 2.500 pés. O plano é continuar investindo em terras e lavouras, diz a agricultora de 63 anos, que mantém 19 meeiros em sua propriedade. Nas barcaças, o cacau seca antes de ser transportado.

--Postado por ED FERREIRA no MATA ATLÂNTICA E CACAU-Verdades & Mentirasem 10/29/2012 07:21:00 AM

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