Masculinidades Na Perspectiva de Gênero

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RESUMO MASCULINIDADES NA PERSPECTIVA DE GÊNERO: TENSÕES, DESAFIOS E POSSIBILIDADES Jorge Lyra UFPE; Instituto PAPAI [email protected] Benedito Medrado UFPE; Instituto PAPAI [email protected] Nossa proposta para este Congresso situa-se em consonância com produções recentes que buscam resgatar a importância das contribuições do Feminismo, as quais se vêm perdendo ao longo da história, com o uso indiscriminado e despolitizado do conceito de gênero, ou seja, com seus “usos e abusos” (IZQUIERDO, 1994). Consideramos que nos últimos trinta anos, em que os estudos de gênero se consolidaram na produção acadêmica ocidental, foram produzidos trabalhos, especialmente no campo das Ciências Humanas e Sociais, que discutem os homens e o masculino como faces malditas das relações que geram desigualdades sociais e subordinam as mulheres (MEDRADO; LYRA, 2008). Assim, postulamos a necessidade de sistematização crítica desse debate, especialmente no que se refere ao trabalho voltado aos homens e às masculinidades no campo da saúde e dos direitos reprodutivos, em particular no contexto das políticas públicas. Observamos que no campo de Gênero e saúde, as produções sobre homens e masculinidades, como objeto de estudo propriamente dito, têm início na década de 1990, a partir de trabalhos elaborados de maneira ainda pouco sistemática, com concentração em autores específicos e sem necessariamente se desdobrar em uma discussão teórica, epistemológica, política e ética ampla e consistente sobre o tema (LYRA, 2008). Nesta apresentação iremos dialogar principalmente com as reflexões de Juan Guillermo Figueroa-Perea (2004), uma das principais referências no debate sobre os homens no campo dos direitos reprodutivos na América Latina. Esse autor tem desenvolvido na última década uma profunda sistematização e reflexão crítica sobre essa temática. Sua rica contribuição nos auxilia a compreender como os discursos das políticas produzem concepções de masculinidades e de homens e definem posições a serem ocupadas pelos sujeitos. Nesse sentido, investigar sobre masculinidades significa não apenas apreender e analisar os signos e significados culturais disponíveis sobre o masculino, mas também discutir preconceitos e estereótipos e repensar a possibilidade de construir outras versões e sentidos. Situa- se, portanto, nos usos e efeitos que orientam os jogos de discursos e práticas, ou mais precisamente práticas discursivas, que tendem a transformar diversidade em desigualdade. Palavra chave: Gênero e saúde. Feminismo. Homens. Direitos sexuais e reprodutivos. Políticas públicas.

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  • RESUMO

    MASCULINIDADES NA PERSPECTIVA DE GNERO: TENSES, DESAFIOS E POSSIBILIDADESJorge LyraUFPE; Instituto [email protected] MedradoUFPE; Instituto PAPAI [email protected]

    Nossa proposta para este Congresso situa-se em consonncia com produes recentes que buscam resgatar a importncia das contribuies do Feminismo, as quais se vm perdendo ao longo da histria, com o uso indiscriminado e despolitizado do conceito de gnero, ou seja, com seus usos e abusos (IZQUIERDO, 1994). Consideramos que nos ltimos trinta anos, em que os estudos de gnero se consolidaram na produo acadmica ocidental, foram produzidos trabalhos, especialmente no campo das Cincias Humanas e Sociais, que discutem os homens e o masculino como faces malditas das relaes que geram desigualdades sociais e subordinam as mulheres (MEDRADO; LYRA, 2008). Assim, postulamos a necessidade de sistematizao crtica desse debate, especialmente no que se refere ao trabalho voltado aos homens e s masculinidades no campo da sade e dos direitos reprodutivos, em particular no contexto das polticas pblicas. Observamos que no campo de Gnero e sade, as produes sobre homens e masculinidades, como objeto de estudo propriamente dito, tm incio na dcada de 1990, a partir de trabalhos elaborados de maneira ainda pouco sistemtica, com concentrao em autores especficos e sem necessariamente se desdobrar em uma discusso terica, epistemolgica, poltica e tica ampla e consistente sobre o tema (LYRA, 2008). Nesta apresentao iremos dialogar principalmente com as reflexes de Juan Guillermo Figueroa-Perea (2004), uma das principais referncias no debate sobre os homens no campo dos direitos reprodutivos na Amrica Latina. Esse autor tem desenvolvido na ltima dcada uma profunda sistematizao e reflexo crtica sobre essa temtica. Sua rica contribuio nos auxilia a compreender como os discursos das polticas produzem concepes de masculinidades e de homens e definem posies a serem ocupadas pelos sujeitos. Nesse sentido, investigar sobre masculinidades significa no apenas apreender e analisar os signos e significados culturais disponveis sobre o masculino, mas tambm discutir preconceitos e esteretipos e repensar a possibilidade de construir outras verses e sentidos. Situa-se, portanto, nos usos e efeitos que orientam os jogos de discursos e prticas, ou mais precisamente prticas discursivas, que tendem a transformar diversidade em desigualdade.

    Palavra chave: Gnero e sade. Feminismo. Homens. Direitos sexuais e reprodutivos. Polticas pblicas.

  • MASCULINIDADES NA PERSPECTIVA DE GNERO: TENSES, DESAFIOS E POSSIBILIDADESJorge LyraUFPE; Instituto [email protected] MedradoUFPE; Instituto PAPAI [email protected]

    Na literatura analisada com a finalidade de formular o marco referencial

    destas reflexes, recortamos os estudos que adotam uma concepo feminista de

    gnero construo social engendrando e legitimando poder masculino , para

    investigar o lugar dos homens no campo das polticas de direitos reprodutivos.1 O

    ponto de partida que no h uma nica masculinidade, apesar de existirem formas

    hegemnicas e subordinadas a ela. Tais formas baseiam-se nas posies de poder

    social dos homens, mas so assumidas de modo complexo por homens particulares,

    que tambm desenvolvem relaes diversas com outras masculinidades.

    Essa busca de clareza nos argumentos no fruto apenas de um exerccio

    retrico, mas, principalmente, de acreditar e defender que as discusses sobre os

    homens e as masculinidades, de forma crtica, so resultados dos desafios e

    avanos dos debates cientficos e polticos originalmente produzidos pelo movimento

    feminista e pelo movimento em defesa da diversidade sexual.2 Quando se pretende

    (re)fazer perguntas ao campo do conhecimento, ainda fortemente sexista e

    androcntrico, tanto como (re)significar relaes sociais de poder e desconstruir o

    machismo institucionalizado, que se expressa cotidianamente em nossa sociedade,

    necessrio adotar essa matriz analtica e de compreenso tico-conceitual.

    1 Para a construo desta matriz, tomamos por base especialmente as produes de Arilha (1999, 2005); Arilha, Unbehaum e Medrado (1998); Figueroa-Perea (1998b, 2003, 2004); Lyra (1997); Medrado (1997); Medrado, Lyra, Nascimento e Adrio (2000); Vale de Almeida (1995, 1996).2 Sobre esse aspecto, recomendamos a leitura de Cceres (2000); Connell (1995a); Medrado (1997); Parker e Gagnon (1995); Vance (1995).

  • nesse sentido que as questes, aparentemente bvias, que Rodrigo Parrini

    (2006), antroplogo chileno, apresenta em seu texto intitulado Existe la

    masculinidad? Sobre un dispositivo de saber/poder so muito interessantes, pois

    problematizam os princpios que norteiam o prprio campo. O elemento principal

    dessas consideraes propostas pelo autor trazer baila uma forte crtica aos

    estudos autnomos da masculinidade. No seu entendimento, e de acordo com o que

    aqui defendemos, esse campo de estudos autnomos sobre masculinidades um

    espao atrasado e em muitos sentidos reacionrio quando comparado aos estudos

    de gnero, feminismo e teorias queer3, principalmente em funo da definio do

    seu objeto de estudo, e tambm com vago aprofundamento terico e com pouca

    solidez na reviso histrica.

    Segundo esse autor, considerar a masculinidade e os homens objetos

    especficos dos estudos da masculinidade acarreta conseqncias tericas e

    polticas srias. Politicamente, refora o binarismo que atualmente tem sido

    fortemente criticado pelas teorias feministas e, mais recentemente, pelas teorias

    queer. Teoricamente, ao trabalhar a partir de uma diviso ingnua da

    masculinidade/feminilidade, no incorpora as severas crticas das polticas de

    identidade, a complexificao do estudo da subjetividade e a centralidade das

    reflexes sobre as relaes de poder que configuram os objetos que se relacionam

    diretamente a sexo, a gnero ou a ambos (PARRINI, 2006).

    Juan Guillermo Figueroa-Perea (2004), uma das principais referncias no

    debate sobre os homens no campo dos direitos reprodutivos na Amrica Latina, tem

    3 Segundo Nadia Pino (2007), os estudos queer emergem na dcada de 1980 como uma corrente terica que coloca em xeque as formas correntes de compreender as identidades sociais. Descendendo teoricamente dos estudos gays e lsbicos, da teoria feminista, da sociologia do desvio norte-americana e do ps-estruturalismo francs, a teoria queer surge em um momento de reavaliao crtica da poltica de identidades. Dentre seus tericos destacamos Eve Kosofsky Sedgwick, Teresa de Lauretis, David Halperin, Judith Butler, Steve Seidman, Michael Warner, Beatriz Preciado, Judith Halberstan. Alm dos considerados precursores como Michel Foucault, Joan Scott e Gayle Rubin.

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  • desenvolvido na ltima dcada uma profunda sistematizao e reflexo crtica sobre

    esse tema. Diversos autores brasileiros, entre eles Pedro Paulo Oliveira (2000) e

    Rosely Costa (2002), tambm tm elencado crticas sobre os estudos da

    masculinidade.

    Na abertura do II Seminrio Internacional Homens, Sexualidade e

    Reproduo organizado pelo Instituto PAPAI, Ncleo Fages, Grupo Pegapacap e

    NEPO-UNICAMP , em Recife, Figueroa-Perea (2004) fez uma conferncia

    intitulada La representacin social de los varones en estudios sobre masculinidad y

    reproduccin: un muestrario de reflexiones4 Nesta conferncia, ele explicita suas

    referncias analticas e compartilha quais so as dimenses que sugere trabalhar

    para repensar criticamente o que se nomeia de estudos sobre masculinidade, que o

    prprio autor prefere chamar de estudos sobre os homens e as relaes de poder

    entre os gneros.5

    A rica contribuio de Figueroa-Perea (2004), descrita mais detalhadamente a

    seguir, auxilia a compreender como os discursos das polticas produzem

    concepes de masculinidades e de homens e definem posies a serem ocupadas

    pelos sujeitos. Nesse sentido, investigar sobre masculinidades significa no apenas

    apreender e analisar os signos e significados culturais disponveis sobre o

    masculino, mas tambm discutir preconceitos e esteretipos e repensar a

    possibilidade de construir outras verses e sentidos. Situa-se, portanto, nos usos e

    efeitos que orientam os jogos de discursos e prticas, ou mais precisamente prticas

    discursivas, que tendem a transformar diversidade em desigualdade.

    Por certo, ao longo da histria, as mulheres tm sido alvo de injustias sociais

    de ordens variadas e, por mais conquistas que tenham alcanado, ainda est 4 O texto foi publicado no livro Homens: tempos, prticas e vozes, organizado por Medrado; Franch; Lyra; Brito, 2004.5 Vale salientar que no assumimos aqui gnero a partir da relao entre dois. A dimenso de poder entre gneros sobre a qual fala Figueroa-Perea (2004) ultrapassa uma leitura binria.

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  • distante de se poder falar sobre uma efetiva eqidade de gnero (GREGORI, 1989;

    SAFIOTI, 2001). Por outro lado, muitos homens em condies sociais (a)diversas

    tambm enfrentam, cotidianamente, a impossibilidade e a obrigao de responder

    ao modelo hegemnico de masculinidade .

    Poder-se-ia ler a afirmativa acima como um posicionamento vitimrio. Porm,

    a resistncia em perceber as relaes de poder como jogos, e no como estados,

    pode, por outro lado, inviabilizar a percepo de caminhos de transformao,

    mantendo conseqentemente os lugares de mulher-vtima e homem-algoz como

    estveis e imutveis (GREGORI, 2003). Como bem destaca Medrado (1996), a

    dominao dos homens sobre as mulheres e sobre o feminino no possui autoria

    nica, mas uma constelao de autores, que inclui, alm dos homens, a mdia, a

    educao, os sistemas de sade, a religio, as mulheres e as prprias polticas

    pblicas. Em outras palavras, partimos da perspectiva de que o poder coletivo dos

    homens no construdo apenas nas formas como os homens o interiorizam,

    individualizam e reforam, mas tambm nas instituies sociais.

    Na seqncia, sintetizamos alguns pontos que consideramos importantes

    para caracterizar esse campo de investigao em constante ebulio, tambm

    produtor de discursos, de modos de saber e de fazer e de sujeitos.

    Refletindo sobre os estudos sobre homens e masculinidades no campo da

    Sade e Direitos Sexuais e Reprodutivos, Figueroa-Perea (2004) prope as

    seguintes questes, que sero exploradas a seguir:

    a. Que temas tm sido objeto de pesquisas?b. Como se investigam os diferentes temas?c. Que concepes de homem orientam estes estudos?d. Qual o ponto de vista que se adota na formulao do conhecimento? e. Quais so as sugestes de temas para futuras pesquisas?

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  • f. Que novos discursos, novas palavras esto sendo inventados pelo campo?

    g. O que se quer com estes estudos sobre masculinidades?h. Que categorias analticas so usadas?i. H desconfianas do conhecimento produzido sobre os homens?A partir da pergunta Que temas tm sido objeto de pesquisa no decorrer do

    tempo?, Figueroa-Perea (2004) identifica os temas que tm sido trabalhados

    exaustivamente e outros que surgiram apenas mais recentemente, e mesmo assim

    com dificuldades. Problematiza, tambm, por que alguns temas no so

    trabalhados. Segundo o autor, h nesse campo um maior foco nos estudos sobre

    sexualidade, sade e violncia, em detrimento de discusses sobre reproduo,

    gerando uma produo ainda incipiente do ponto de vista do aprofundamente

    terico-metodolgico e epistemolgico. Uma possvel justificativa trazida por esse

    autor o interesse em fazer intervenes em situaes diversas, contando com

    recursos disponveis, mas que, em busca de resultados rpidos, no possibilita um

    acmulo e aprofundamento das compreenses sobre os fenmenos (MINELLO

    MARTIN, 2002). Essa questo dos recursos tambm apontada por Rosely Costa

    (2002), quando afirma que os estudos sobre masculinidades emergiram a partir do

    incentivo de agncias financiadoras nacionais e internacionais, que, devido s

    preocupaes com o controle de natalidade nos pases em desenvolvimento,

    visavam um maior conhecimento dos homens.

    Ao refletir sobre como se investigam os diferentes temas, Figueroa-Perea

    (2004) ressalta que necessrio no apenas atentar para os temas emergentes no

    campo, mas observar especialmente como tm sido feitas essas investigaes. Em

    suas anlises, ele destaca que algumas pesquisas sobre masculinidades tomam os

    homens como nicos interlocutores, sem fazer nenhum aluso aos argumentos ou

    narrativas de mulheres. Algumas at fazem referncias a homens e mulheres, mas

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  • suas anlises muitas vezes se baseiam, nica e exclusivamente, em diferenas

    comportamentais (genticas, hormonais etc.), tomadas a partir de uma abordagem

    tipificadora. Em outros estudos, considera-se que as pesquisas que tm mulheres

    como interloutoras j contemplam muitas informaes sobre os homens e que,

    portanto, essas informaes podem ser analisadas, sem necessariamente gerar a

    necessidade de incluir anlises a partir de depoimentos dos homens.

    Embora Figueroa-Perea (2004), de forma proposital, no cite diretamente

    muitos autores ou obras, preferindo falar em tendncias e movimentos, possvel

    perceber claramente essa dinmica, que no parece constituir necessariamente

    grupos em disputa, mas procedimentos comuns nas obras, inclusive de mesmos

    autores ou autoras. Observam-se nesses exemplos, trazidos pelo autor, alguns

    problemas na produo de conhecimento desse campo. Em linhas gerais, revelam a

    presena de sexismos, to criticados pelo Feminismo, expressos a partir da postura

    binria e da no-adoo da perspectiva relacional; naturalizam as diferenas

    sexuais, a partir da mera tipificao de comportamentos tidos como masculinos e

    femininos; apresentam tenses entre visibilidade/invisibilidade dos sujeitos e

    mostram anlises fundamentadas em informaes indiretas.

    Outra importante questo oriunda do debate sobre o fazer cientfico

    apresentado por Figueroa-Perea (2004) refere-se a como devemos abordar o tema

    das masculinidades (e outros objetos de pesquisas em gnero): de forma indutiva ou

    dedutiva? Ou seja, qual o ponto de vista que se adota na formulao do

    conhecimento? Parte-se do que os homens fazem, buscam-se certas diferenas (e

    semelhanas) com as mulheres (e com os prprios homens) e tenta-se entender a

    origem e o significado destas diferencas e semelhancas ou, a partir de uma

    determinada concepo terica de masculinidade, vai-se a campo procurando

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  • comprov-la dedutivamente na prtica? Na compreenso do autor, a qual

    compartilhamos, fundamental explicitar de que lugar e de que modo se interpreta a

    masculinidade: uma condio, uma essncia, uma caracterstica ou um privilgio?

    Continuando esse processo de caracterizao e anlise do campo, Figueroa-

    Perea (2004), alm de mapear que procedimentos metodolgicos tm sido

    empregados nos estudos de masculinidades, chama ateno tambm para

    entendermos que concepes de homens orientam estes estudos. Ele organiza

    essas concepes em pelo menos cinco perspectivas: satanizao dos homens,

    homens como vtimas6, auto-flagelao, desigualdades de gnero patriarcais e

    uma leitura que contextualiza as normas sociais. Mais adiante, traremos um maior

    detalhamento formulado pelo autor.

    Reconhecendo que o exerccio de anlise da produo terica sobre um tema

    fundamental para identificar equvocos, revisar caminhos e tambm perceber os

    avanos, Figueroa-Perea (2004) questiona essa literatura a partir da pergunta:

    Quais so as sugestes de temas para futuras pesquisas? Uma das caractersticas

    que se aponta em vrios estudos a dimenso do poder em suas diferentes

    modalidades, no apenas com o fim de identific-lo, o que na sua acepo seria

    uma leitura eminentente dedutiva, mas de questionar como os indivduos concretos

    processam o exerccio do poder, como o reproduzem e tambm como o

    transgridem, ou seja, questionam e transformam em relaes mais democrticas.

    Neste estudo trilhamos esse caminho, tomando como referncia as relaes

    de gnero e, portanto, de poder. Todavia, seguimos noutra direo, concebendo as

    relaes de poder como um princpio organizador da nossa sociedade, que constitui

    e expressa relaes de gnero em vrios mbitos. O recorte aqui proposto assume

    6 Essa caracterstica de considerar os homens como vitimas tambm foi discutida e criticada por Marion Quadros, (2006), Pedro Paulo Oliveira (2000) e Rosely Costa (2002).

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  • o compromisso de analisar o contexto de polticas pblicas com o intuito de produzir

    novas ou simplesmente outras perguntas endereadas a esse campo.

    Figueroa-Perea (2004) prope que se criem, se inventem palavras para que

    novas/outras realidades passem a existir. Com esse esprito ele segue sua leitura

    panormica das produes sobre masculinidades perguntando: Que novos

    discursos, novas palavras esto sendo inventadas pelo campo? Aqui, faz referncia

    ao uso recorrente em pesquisas do conceito de masculinidade hegemnica, que tem

    como anttese as masculinidades subordinadas ou subalternas. O uso da expresso

    masculinidade hegemnica tornou-se quase lugar-comum nas pesquisas sobre

    homens e masculinidades, entretanto, este mesmo autor questiona o carter a-

    histrico e universal dessa construo.

    Algumas vezes, segundo o autor, corre-se o risco, ao se empregar a

    expresso masculinidade hegemnica, de materializar (ou substantivar) um jogo ou

    processo de poder, que produz leituras binrias, sem reconhecer a dimenso

    relacional de gnero.

    Nesse contexto, outras expresses que emergem no mbito dos estudos

    sobre masculinidades so postas em xeque. Por exemplo, na literatura,

    especialmente aquela produzida no contexto da psicologia clnica, que toma por

    base informaes obtidas com homens atendidos em consultrios privados,7 utiliza-

    se comumente a expresso crise da masculinidade, mas observa-se que poucos

    homens se reconhecem nessa situao. Coloca-se assim a pergunta feita por Pedro

    Paulo Oliveira (2000): que homens esto em crise? E acrescentamos: seria a crise

    da masculinidade ou to somente alguns homens em crise?

    O que se quer com estes estudos sobre masculinidades? Esta outra

    intrigante indagao que Figueroa-Perea (2004) faz a esse campo de estudos e

    7 Scrates Nolasco (1993, 1995, 2001) e Luiz Cuschnir (2002), por exemplo.

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  • pesquisas. Tendo em vista que as perguntas de pesquisas orientam as perspectivas

    analticas no desenvolvimento de estudos sobre a populao masculina, o autor

    destaca que as pesquisas nesse campo vo desde propostas unilaterais de

    interveno e modificao de atitudes at processos mais sistemticos, que buscam

    historiar comportamentos e mapear mltiplas causas de suas modalidades,

    adotando uma perspectiva mais construcionista.

    Esse segundo movimento pode ser levado a cabo tendo como ponto de

    partida a perspectiva de gnero, mas tambm pode adotar uma leitura parcial, seja a

    partir de um olhar voltado aos homens ou exclusivamente s mulheres. De acordo

    com a anlise de Figueroa-Perea (2004), esta deciso passa pela delimitao de

    como se entende o prprio campo: 1) estudos sobre masculinidade; 2) estudos

    sobre homens e relaes de gnero; ou 3) estudos de gnero sobre os homens.

    A postura adotada neste texto de que se est produzindo reflexes sobre

    masculinidades, a partir do enfoque de gnero, orientado por uma perspectiva

    feminista, entendendo a necessidade da adoo de uma abordagem conceitual

    politicamente orientada perspectiva feminista aqui entendida como um campo

    terico e poltico, uma filosofia de vida, um modelo societrio, uma forma de ver o

    mundo, em ltima instncia, originrio e propulsor das reflexes sobre os homens.

    Para dar conta de analisar o desigual exerccio de poder entre homens e

    mulheres, assim como a dupla moralidade a partir da qual se nomeiam e se

    produzem as prticas de uns e de outras, precisamos perguntar: Que categorias

    analticas so usadas? Que tipo de categoria adotada na construo do objeto de

    estudo? Figueroa-Perea (2004) identifica quatro categorias privilgios,

    necessidades, direito e mal-estar , analisando-as a partir de suas diversas

    concepes, usos e crticas.

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  • A constatao dos privilgios dos homens numa sociedade orientada pela

    ordem de gnero tem, segundo Figueroa-Perea (2004), gerado importantes

    contribuies analticas. Porm, tomada de forma acrtica, a categoria analtica

    privilgio impede o reconhecimento de que o exerccio do poder pelos homens pode

    trazer efeitos negativos associados (ou desvantagens) como conseqncia.

    Outra categoria aponta para as necessidades dos homens, baseando-se no

    necessariamente em demandas, mas em anlises de condies de produo e

    vetores de (im)possibilidades trazidos pela di-viso sexual do mundo. A esse

    respeito, Margareth Arilha, em sua tese de doutorado, questiona: por que no se

    constri socialmente uma real escuta para as vulnerabilidades e necessidades dos

    homens, quando se fala de gnero? E vai alm: O que que gnero est

    tematizando, quando fala das mulheres, e o que est tematizando quando fala dos

    homens? (ARILHA, 2005, p. 13).

    Para alm das necessidades, Figueroa-Perea (2004) traz direitos como outra

    categoria analtica que se vem legitimando, embora de forma ainda muito tmida.

    Direito pode ser entendido como condio humana, todavia, preciso incluir nesta

    anlise as condies de diferenas e desigualdades de gnero, para tornar mais

    complexo o seu entendimento. Na sociedade em que vivemos, direito pode ser

    entendido como algo inerente condio masculina: os homens j so os sujeitos

    dos direitos e, portanto, falar nos homens seria invariavelmente falar em posio de

    direito. S a partir de uma anlise crtica desta noo genrica possvel qualificar

    seu uso com capacidade de transformao.

    Arilha (2005) ressalta iniciativas que, na ltima dcada, comearam a ganhar

    visibilidade e apontam para campos de direito (especialmente o campo dos direitos

    reprodutivos) em que os homens (ou, pelo menos, uma parte deles) parecem no

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  • ocupar posies definitivas de direito. Porm, como alerta a autora, tem-se

    observado que o processo de insero dos homens no debate sobre direitos

    reprodutivos tem sido feito de maneira ainda muito tmida, incipiente, quando

    comparado ao que ocorreu com as mulheres, h pelo menos trs dcadas, no

    campo da sexualidade, reproduo e dos direitos das mulheres, de forma mais

    ampla. Vale assinalar que isto ocorre tambm em funo das situaes de

    dominao ainda vigentes em nossa sociedade (QUADROS, 2004a).

    Figueroa-Perea (2004, p. 20) reconhece que h uma confuso entre direito e

    privilgio na medida em que se defende que se as mulheres tivessem os mesmos

    privilgios dos homens, se avanaria na busca pela igualdade ou ao menos se

    diminuiria a desigualdade. Todavia, segundo este autor, esquece-se que muitos

    privilgios de gnero foram legitimados privando dos direitos as mulheres, sendo

    necessrio, a seu ver, democratizar os espaos de negociao mais do que buscar

    se igualar em privilgios.

    De todo modo, como contraponto do direito, a expresso mais recorrente no

    campo da sade reprodutiva, especialmente (mas no exclusivamente) nos (e a

    partir dos) documentos resultantes de conferncias internacionais, quando se faz

    referncia aos homens, a responsabilidade, conceito especialmente trabalhado por

    Arilha em sua dissertao de mestrado (1999), e posteriormente analisado em sua

    tese de doutorado (2005), como no trecho a seguir:

    O eixo central do trabalho desenvolvido naquele momento [referindo-se dissertao de mestrado] foi justamente uma crtica noo de responsabilidade usada pelo texto da Conferncia do Cairo, mostrando sua essncia normativa, operando com uma viso cristalizada [...], contribuindo para sedimentar o esteretipo de que homens em geral [...] so irresponsveis, devendo ser capturados por polticas especiais e educados para se tornarem responsveis. Se, por um lado, o trabalho era inovador e ousado na medida em que apontava para uma viso crtica da abordagem do masculino na

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  • Conferncia, no foi possvel, naquele momento, seguir adiante e aprofundar um eixo que parece promissor [...]. (ARILHA, 2005, p. 14).

    Baseada, ento, em Scott, J. (1995), Arilha (2005) ratifica que, em sua

    perspectiva, gnero uma das primeiras maneiras de dar significado s relaes de

    poder, ou que gnero um primeiro campo por meio do qual o poder articulado.

    Segundo ela, no se tem dado ateno especial a essa segunda parte da definio

    de Scott. Para a autora, se gnero tambm uma forma de estar no mundo, como

    conceito orientador de anlises, seria necessrio investigar melhor suas

    possibilidades de problematizar o mal-estar masculino (ARILHA, 2005, p. 14).

    Nessa mesma direo, Figueroa-Perea (2004) introduz sua ltima categoria, o

    mal-estar (ou, como o autor prefere, no plural: malestares, em castelhano).

    Segundo o autor, preciso ter cuidado para no cair numa perspectiva maniquesta

    a partir de um olhar unidirecional. fundamental complexificar nossas anlises,

    investigando em que medida os sujeitos considerados vitimizadores (agressores,

    detentores do poder) lidam com as situaes nas quais eles exercem o poder, ou

    lhes permitido ou promovido esse exerccio; e, mais alm, se a conscientizao

    destes homens, ou sua responsabilizao sobre esse processo, capaz de

    ressignificar seu posicionamento nas relaes de poder.

    A ltima pergunta apresentada por Figueroa-Perea (2004) em seu exerccio

    de reviso panormica (por el momento, como ele mesmo chamou ateno) refere-

    se s dvidas e incertezas que existem no campo de estudos sobre os homens: H

    desconfianas do conhecimento produzido sobre os homens? Como esse campo de

    estudos de modo geral tem se desenvolvido com o intuito de discutir certezas e

    verdades que se atribuem a quase metade da populao, colocar em suspeio os

    prprios cnones at ento existentes leva a uma postura, a princpio, de negao e

    de ressalva.

    13

  • [...] histrias pessoais e sociais definem e condicionam expectativas, preconceitos e pressupostos carregados de valor [...] levando a que se duvide da informao obtida com a populao de estudo, em particular quando esta no coincide com os pressupostos e os marcos interpretativos em que se baseia [...]. (FIGUEROA-PEREA, 2004, p. 20, traduo nossa).

    A origem destas desconfianas pode ser atribuda s cinco concepes sobre

    homens anteriormente mencionadas (e agora mais bem exploradas), que Figueroa-

    Perea (2004) condensou a partir da sistematizao da anlise da literatura latino-

    americana referente temtica, a saber: satanizao dos homens, vitimizao,

    autoflagelao, leitura patriarcal e leitura contextualizada de normas sociais. O autor

    chama ateno para uma postura maniquesta nas trs primeiras vertentes, em

    virtude do pressuposto de uma busca por definir e encontrar quem so as boas e os

    maus (FIGUEROA-PEREA, 2004, p. 18), mantendo polaridades que pouco

    contribuem ou avanam na compreenso da complexidade das propostas tericas e

    polticas das relaes de gnero, balizadas no feminismo.

    A primeira ele define como a que sataniza os homens. Os homens so o

    motivo, origem e causa; responsveis e executores das desigualdades de gnero,

    eles so vistos como vitimizadores.8 Uma vertente oposta a que reconhece os

    homens como vtimas, entendendo que eles tambm sofrem as conseqncias dos

    condicionantes de gnero e, portanto, no so totalmente responsveis pelo que

    fazem, e sim resultado das influncias de gnero. Em seguida, o autor nomeia o

    processo de autoflagelao, no qual os homens se consideram culpados dos

    problemas enfrentados pelas mulheres por sua prpria condio de homem.9 No seu

    entendimento, muitas vezes usam discursos politicamente corretos e renegam

    qualquer possibilidade de ter direitos (FLOOD, 1997).

    8 Digby (1998) citado por Figueroa-Perea (2004) como obra que adota essa perspectiva.9 Entre essas obras, Figueroa-Perea (2004) cita Oliveira, Bilac e Muszkat (2000).

    14

  • O autor observa caractersticas da perspectiva de gnero nas duas ltimas

    concepes, contudo, com aportes diferentes de anlise. Na quarta, os homens so

    entendidos a partir da perspectiva das desigualdades de gnero inscritas pelo

    patriarcado, que fundamentam os processos de desigualdades de gnero de forma

    global. Esta abordagem constata formalmente que o sistema patriarcal

    multidimensional e, por fim, tem formas de controle e de reproduo to complexas

    que termina por paralisar qualquer possibilidade e intento de transformao.10

    A quinta noo, que adota uma leitura que historiciza as normas sociais, se

    prope a definir, problematizar e desconstruir as influncias sociais em contextos

    especficos.11 Parte-se da idia de que, se os homens tomarem conscincia das

    relaes de poder, torna-se possvel transform-las e reconstru-las. Figueroa-Perea

    (2004) se filia mais a esta ltima vertente, na medida em que ela possibilita, a partir

    de um olhar de gnero, decodificar e desconstruir normas.

    Acrescentamos nesta proposta a necessidade de uma anlise que incorpore,

    nas proposies de transformao, o contexto macro-estrutural no qual estas

    normas so (foram) construdas e mantidas, pois no acreditamos em mudanas

    efetivas apenas no plano individual dos valores e da cultura. Equidade de gnero s

    ser conquistada com justia social.

    Em ltima anlise, na viso de Figueroa-Perea, as trs primeiras concepes

    de homens produzidas nesse campo so marcadas por um discurso descritivo-

    maniquesta que busca com suas interpretaes uma diviso das pessoas em boas

    e ms, para ser mais preciso em boas e maus (FIGUEROA-PEREA, 2004, p. 17).

    O segundo grupo emprega leituras analtico-reflexivas, mas suas concepes se

    diferenciam nos modelos explicativos: uma est fundamentada na teoria do

    10 Neste conjunto, Figueroa-Perea (2004) identifica os trabalhos de Hernndez (1995); Valds e Olavarra (1998).11 Aqui, Figueroa-Perea faz referncia ao trabalho de Parker (1998).

    15

  • patriarcado, formulando explicaes mais globais, e a outra enfoca suas anlises em

    contextos especficos. Segundo Figueroa-Perea, o problema destas concepes a

    prioristicas que elas podem enviesar as anlises dos resultados, gerando a

    reafirmao constante de conceitos e do prprio modelo explicativo, restringindo a

    criatividade analtica e a anlise sobre mudanas.

    Diante dessa anlise crtica sobre o estado da arte de estudos e pesquisas

    sobre homens e masculinidades, especialmente no contexto da sexualidade e

    reproduo, ratificamos que preciso romper com modelos explicativos que, via de

    regra, reafirmam a diferena e que nos permitem somente explicar como ou por que

    as coisas assim so, mas que no apontam contradies, fissuras, rupturas,

    brechas, frestas... que nos permitam visualizar caminhos de transformao

    progressiva e efetiva. Apostamos na necessidade de abrir espao para novas

    construes tericas que resgatem o carter plural, polissmico e crtico das leituras

    feministas.

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