MARX & ENGELS. A Ideologia Alemã

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Edição especial para distribuição gratuita pela Internet, através da Virtualbooks, com autorização Nélson Jahr Garcia.

Os textos da COLEÇÃO RIDENDO CASTIGAT MORES foram gentilmente cedido por Nélson

Jahr Garcia, que nasceu em São Paulo, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Professor da USP, e de outras Faculdades Particulares. Fez mestrado e doutoramento em Ciências da Comunicação na ECA-USP. Escreve livros, artigos. É webdesigner e ebook-publisher. Tem um site fácil de acessar: www.ngarcia.org, filiado à www.ebooksbrasil.com, onde edita vários livros, especialmente clássicos. Espera, como retribuição, sentir que, difundindo

conhecimento, contribuiu para o desenvolvimento da cultura humana. Para corresponder com Nélson Jahr Garcia, escreva: [email protected] O Autor gostaria de receber um e-mail de você com seus comentários e críticas sobre o livro. A Virtualbooks gostaria também de receber suas críticas e sugestões. Sua opinião é muito importante para o aprimoramento de nossas edições: [email protected] Estamos à espera do seu e-mail. Sobre os Direitos Autorais: Fazemos o possível para certificarmo-nos de que os materiais presentes no acervo são de domínio público (70 anos após a morte do autor) ou de autoria do titular. Caso contrário, só publicamos material após a obtenção de autorização dos proprietários dos direitos autorais. Se alguém suspeitar que algum material do acervo não obedeça a uma destas duas condições, pedimos: por favor, avise-nos pelo e-mail: [email protected] para que possamos providenciar a regularização ou a retirada imediata do material do site.

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A IDEOLOGIA ALEMÃ (Introdução)

Karl Marx e Friedrich Engels

PREFÁCIO

Até agora, os homens formaram sempre idéias falsas sobre si mesmos, sobre aquilo que são ou deveriam ser. Organizaram as suas relações mútuas em função das representações de Deus, do homem normal, et�., que a�eitavam. Estes produtos do seu �érebro a�abaram por os dominar; apesar de �riadores, in�linaram-se perante as suas próprias �riações. Libertemo-los portanto das quimeras, das idéias, dos dogmas, dos seres imaginários �ujo jugo os faz degenerar. Revoltemo-nos �ontra o império dessas idéias. Ensinamos os homens a substituir essas ilusões por pensamentos que �orrespondam à essên�ia do homem, afirma um; a ter perante elas uma atitude �ríti�a, afirma outro; a tirá-las da �abeça, diz um ter�eiro e a realidade existente desapare�erá. Estes sonhos ino�entes e pueris formam o nú�leo da filosofia atual dos Jovens Hegelianos; e, na Alemanha, são não só a�olhidas pelo públi�o �om um misto de respeito e pavor �orno ainda apresentadas pelos próprios heróis filosófi�os �om a solene �onvi�ção de que tais idéias, de uma virulên�ia �riminosa, �onstituem para o inundo um perigo revolu�ionário. O primeiro volume desta obra propõe-se desmas�arar estas ovelhas que se julgam lobos e que são tomadas �omo lobas mostrando que os seus balidos apenas repetem numa linguagem filosófi�a as representações dos burgueses alemães e que as suas fanfarronadas se limitam a refletir a pobreza lastimosa da realidade alemã; propõe-se ridi�ularizar e desa�reditar esse �ombate filosófi�o �ontra assombras da realidade que tanto agrada à sonolên�ia sonhadora do povo alemão. Em tempos, houve quem pensasse que os homens se afogavam apenas por a�reditarem na idéia da gravidade. Se tirassem esta idéia da �abeça, de�larando por exemplo que não era mais do que uma representação religiosa, supersti�iosa, fi�ariam imediatamente livres de qualquer perigo de afogamento. Durante toda a sua vida, o homem que assim pensou viu-se obrigado a lutar �ontra rodas as estatísti�as que demonstram repetidamente as �onseqüên�ias perni�iosas de uma tal ilusão. Este homem �onstituía um exemplo vivo dos atuais filósofos revolu�ionários alemães (1)

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FEUERBACH

Oposição entre a concepção materialista e a idealista

INTRODUÇÃO

De acordo com certos ideólogos alemães, a Alemanha teria sido nestes últimos anos o teatro de �ma revol�ção sem precedentes. O processo de decomposição do sistema hegeliano, iniciado com Stra�ss (2) , teria dado origem a �ma fermentação �niversal para a q�al teriam sido arrastadas todas as «potências do passado». Nesse caos �niversal, formaram-se impérios poderosos q�e depois sofreram �ma derrocada imponente, s�rgiram heróis efêmeros mais tarde derr�bados por rivais a�dazes e mais poderosos. Perante �ma tal revol�ção. a Revol�ção francesa não foi mais do q�e �ma brincadeira de crianças e os combates dos diádocos (3) parecem-nos mesq�inhos. Os princípios foram s�bstit�ídos, os heróis do pensamento derr�baram-se �ns aos o�tros: de 1842 a 1845, o solo alemão foi mais revolvido do q�e nos três séc�los anteriores. E t�do isto se teria passado nos domínios do pensamento p�ro (4). Trata-se, com efeito, de �m acontecimento interessante: o processo de decomposição do espírito absol�to (5) Depois de se exting�ir a s�a última centelha de vida, os diversos elementos deste cap�t mort��m (6) entraram em decomposição, formaram novas combinações e constit�íram novas s�bstâncias. Os ind�striais da filosofia, q�e até então viviam da exploração do espírito absol�to, oc�param-se imediatamente dessas novas combinações, proc�rando com todo o zelo fazer render a parte q�e lhes co�bera. Mas também aq�i havia concorrência... No início, esta foi praticada de �ma forma bastante séria e b�rg�esa; mais tarde, q�ando o mercado alemão fico� sat�rado e se verifico� ser impossível, apesar de todos os esforços, escoar a mercadoria no mercado m�ndial, o negócio foi viciado, como é habit�al na Alemanha, por �ma prod�ção inferior, pela alteração da q�alidade, pela ad�lteração da matéria-prima, a falsificação dos rót�los, as vendas fictícias, os cheq�es sem cobert�ra e a insta�ração de �m sistema de crédito sem q�alq�er base concreta. Esta concorrência de� origem a �ma l�ta encarniçada q�e nos é agora apresentada e enaltecida como �ma revol�ção histórica q�e teria conseg�ido prodigiosos res�ltados e conq�istas.

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Mas para ter �ma idéia j�sta desta charlatanice filosófica q�e desperta no coração do honesto b�rg�ês alemão �m agradável sentimento nacional, para dar �ma idéia concreta da mesq�inhez, da peq�enez provinciana (7) de todo este movimento jovem-hegeliano, e especialmente de todo o contraste trágico-cómico entre aq�ilo q�e estes heróis realmente faiem e o q�e j�lgam fazer, é necessário examinar todo este espetác�lo de �m ponto de vista exterior à Alemanha (8) Torna-se assim evidente q�e os jovens hegelianos devem l�tar" apenas contra estas il�sões da consciência (9) Como, na s�a imaginação, as relações entre os homens, todos os se�s atos e os se�s gostos, as s�as cadeias e os se�s limites, são prod�tos da consciência, os jovens-hegelianos. coerentes consigo mesmos, propõem aos homens este post�lado moral: s�bstit�ir a s�a consciência at�al pela consciência h�mana crítica o� egoísta e, ao fazê-lo abolir os se�s limites, Exigir �ma tal transformação da consciência significa interpretar diferentemente aq�ilo q�e existe, isto é, aceitá-lo com �ma interpretação diferente. Apesar das s�as frases pomposas, q�e «revol�cionam o m�ndo», os ideólogos da escola jovem-hegeliana são os maiores conservadores. Os mais jovens encontraram �ma expressão exata fraseologia para q�alificar a s�a atividade q�ando afirmam l�tar �nicamente contra �ma «fraseologia»; esq�ecem-se porém de q�e apenas lhe opõem �ma o�tra fraseologia e de q�e não é l�tando contra a fraseologia de �m m�ndo, q�e se l�ta com o m�ndo q�e realmente existe. Os únicos res�ltados q�e se conseg�iram com esta crítica filosófica foram alg�ns esclarecimentos q�anto à história religiosa -e mesmo isto de �m ponto de vista m�ito limitado - do cristianismo; todas as s�as o�tras afirmações constit�em novas formas de ornamentar a s�a pretensão de terem realizado descobertas de importância histórica q�ando, de fato, não foram mais do q�e esclarecimentos insignificantes. Nenh�m destes filósofos se lembro� de perg�ntar q�al seria a relação entre a filosofia alemã e a realidade alemã, a relação entre a s�a crítica e o se� próprio meio material.

1. A IDEOLOGIA ALEMÃ;

EM ESPECIAL, A FILOSOFIA ALEMÃ.

A (10)

As premissas de q�e partimos não constit�em bases arbitrárias, nem dogmas; são antes bases reais de q�e só é possível abstrair no âmbito da imaginação. As nossas premissas são os indivíd�os reais, a s�a ação e as s�as condições materiais de existência, q�er se trate daq�elas q�e encontro� já elaboradas aq�ando do se� aparecimento q�er das q�e ele próprio crio�. Estas bases são

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portanto verificáveis por vias p�ramente empíricas. A primeira condição de toda a história h�mana é evidentemente a existência de seres h�manos vivos (11) O primeiro estado real q�e encontramos é então constit�ído pela complexidade corporal desses indivíd�os e as relações a q�e ela obriga com o resto da nat�reza. Não poderemos fazer aq�i �m est�do aprof�ndado da constit�ição física do homem o� das condições nat�rais, geológicas, orográficas, hidrográficas, climáticas e o�tras (12), q�e se lhe depararam já elaboradas. Toda a historiografia deve necessariamente partir dessas bases nat�rais e da s�a modificação provocada pelos homens no dec�rso da história. Pode-se referir a consciência, a religião e t�do o q�e se q�iser como distinção entre os homens e os animais; porém, esta distinção só começa a existir q�ando os homens iniciam a prod�ção dos se�s meios de vida, passo em frente q�e é conseqüência da s�a organização corporal. Ao prod�zirem os se�s meios de existência, os homens prod�zem indiretamente a s�a própria vida material. A forma como os homens prod�zem esses meios depende em primeiro l�gar da nat�reza, isto e, dos meios de existência já elaborados e q�e lhes é necessário reprod�zir; mas não deveremos considerar esse modo de prod�ção deste único ponto de vista, isto é, enq�anto mera reprod�ção da existência física dos indivíd�os. Pelo contrário, já constit�i �m modo determinado de atividade de tais indivíd�os, �ma forma determinada de manifestar a s�a vida, �m modo de vida determinado. A forma como os indivíd�os manifestam a s�a vida reflete m�ito Exatamente aq�ilo q�e são, O q�e são coincide portanto com a s�a prod�ção, isto é, tanto com aq�ilo q�e prod�zem como com a forma cotizo prod�zem. Aq�ilo q�e os indivíd�os são depende portanto das condições materiais da s�a prod�ção. Esta prod�ção só aparece com o a�mento da pop�lação e press�põe a existência de relações entre os indivíd�os. A forma dessas relações é por s�a vez condicionada pela prod�ção.

As relações entre as diferentes nações dependem do estádio de desenvolvimento das forças prod�tivas, da divisão de trabalho é das relações internas em cada �ma delas. Este princípio é �niversalmente reconhecido. No entanto, não são apenas as relações entre �ma nação e q�alq�er o�tra q�e dependem do nível de desenvolvimento da s�a prod�ção e das s�as relações internas e externas; o mesmo acontece com toda a estr�t�ra interna dessa nação. Reconhece-se facilmente o gra� de desenvolvimento atingido pelas forças prod�tivas de �ma nação a partir do desenvolvimento atingido pela divisão do trabalho. Na medida em q�e não constit�i apenas �ma mera extensão q�antitativa das forças prod�tivas já conhecidas (como, por exemplo, o aproveitamento de terras inc�ltas), q�alq�er nova força de prod�ção tem por conseqüência �m novo aperfeiçoamento da divisão do trabalho.

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A divisão do trabalho n�ma nação obriga em primeiro l�gar à separação entre o trabalho ind�strial e comercial e o trabalho agrícola; e, como conseqüência, à separação entre a cidade e o campo e à oposição dos se�s interesses. O se� desenvolvimento �lterior cond�z à separação do trabalho comercial e do trabalho ind�strial. Sim�ltaneamente, e devido à divisão de trabalho no interior dos diferentes ramos, assiste-se ao desenvolvimento de diversas s�bdivisões entre os indivíd�os q�e cooperam em trabalhos determinados. A posição de q�aisq�er destas s�bdivisões partic�lares relativamente às o�tras é condicionada pelo modo de exploração do trabalho agrícola, ind�strial e comercial (patriarcado, escravat�ra, ordens e classes). O mesmo acontece q�ando o comércio se desenvolve entre as diversas nações. Os vários estádios de desenvolvimento da divisão do trabalho representam o�tras tantas formas diferentes de propriedade; por o�tras palavras, cada novo estádio na divisão de trabalho determina ig�almente as relações entre os indivíd�os no q�e toca à matéria, aos instr�mentos e aos prod�tos do trabalho. A primeira forma da propriedade é a propriedade da tribo; corresponde ao tipo r�dimentar da prod�ção em q�e os homens se alimentavam da caça e da pesca, da criação de gado e de �ma agric�lt�ra incipiente, a q�al press�p�nha �ma enorme q�antidade de terras inc�ltas. A divisão do trabalho é então m�ito po�co desenvolvida e limita-se a constit�ir �ma extensão da divisão do trabalho nat�ral q�e existia no âmbito da família. A estr�t�ra social é, ela própria, �ma extensão da estr�t�ra familiar: no topo encontravam-se os chefes da tribo patriarca!, seg�idos dos membros da tribo e, finalmente, dos escravos. A escravat�ra latente na família só se desenvolve po�co a po�co com o crescimento da pop�lação, das necessidades, e das relações exteriores; e, q�anto a estas, q�er fossem através da g�erra o� do comércio. A seg�nda forma de propriedade é a propriedade com�nitária e a propriedade estatal, q�e encontramos na antigüidade e q�e provém sobret�do da re�nião de várias tribos n�ma única cidade, por contrato o� por conq�ista, e na q�al s�bsiste a escravat�ra. A par da propriedade com�nitária desenvolve-se a propriedade privada mobiliária e mais tarde a imobiliária; mas desenvolve-se ainda como �ma forma anormal e s�bordinada à propriedade com�nitária. Os cidadãos só coletivamente exercem o se� poder sobre os escravos q�e trabalham para eles, o q�e os liga à forma da propriedade com�nitária. Esta forma constit�i já �m tipo de propriedade privada dos cidadãos ativos q�e, face aos escravos, são obrigados a conservar ainda �ma forma nat�ral de associação. Toda a estr�t�ra social q�e nela se baseia, assim como o poder do povo, desagregam-se �lteriormente na exata medida em q�e se desenvolve, principalmente, a propriedade privada imobiliária. A divisão de trabalho está mais evol�ída; encontramos já a oposição entre a cidade e o campo, e mais tarde a oposição entre os Estados q�e representam o interesse das cidades e aq�eles q�e representam o interesse dos campos. Mesmo no interior das cidades vamos encontrar �ma oposição entre o comércio marítimo e a indústria. As relações de classe entra cidadãos e escravos atingem o se� maior desenvolvimento (13) Com a evol�ção da propriedade privada, s�rgem pela primeira vez as relações q�e reencontramos na propriedade privada moderna, embora n�ma escala maior: por �m lado, a concentração da propriedade privada q�e começo� m�ito cedo em

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Roma. como o prova a lei agrária de Licini�s (14), e q�e avanço� rapidamente a partir das g�erras civis e sobret�do sob o Império; por o�tro lado, e em correlação com estes fatos, a transformação dos peq�enos camponeses plebe�s n�m proletariado, c�ja sit�ação intermédia entre os cidadãos poss�idores e os escravos impedi� �m desenvolvimento independente. A terceira forma é a propriedade fe�dal o� propriedade por ordens. Ao passo q�e a antigüidade partia da cidade e do se� peq�eno território, a Idade Média partia do campo. A pop�lação existente, espalhada por �ma enorme s�perfície q�e nem seq�er os conq�istadores vinham oc�par, condiciono� esta m�dança de ponto de partida. Contrariamente ao q�e acontecera na Grécia e em Roma, o desenvolvimento fe�dal inicia-se portanto n�ma extensão territorial m�ito maior, preparada pelas conq�istas romanas e pelo desenvolvimento do c�ltivo da terra a q�e aq�elas inicialmente deram origem. Os últimos séc�los do Império Romano em declínio e as conq�istas dos bárbaros destr�íram �ma grande massa de forças prod�tivas: a agric�lt�ra definha, a indústria entra em decadência por falta de mercados, o comércio arrasta-se penosamente o� é totalmente interrompido pela violência, e a pop�lação, tanto a r�ral como a �rbana, dimin�i. Esta sit�ação e o modo de organização a q�e de� origem desenvolveram, sob a infl�ência da organização militar dos Germanos, a propriedade fe�dal. Tal como a propriedade da tribo e da com�na, aq�ela repo�sa por s�a vez n�ma com�nidade em q�e já não são os escravos, como acontecera no sistema antigo, mas sim os servos da gleba q�e constit�em a classe diretamente prod�tora. Paralelamente ao processo de desenvolvimento do fe�dalismo s�rge a oposição às cidades. A estr�t�ra hierárq�ica da propriedade f�ndiária e a s�serania militar q�e lhe correspondia conferiram à nobreza �m poder total sobre os servos Esta estr�t�ra fe�dal, do mesmo modo q�e a antiga propriedade com�nal, constit�ía �ma associação contra a classe prod�tora dominada; e as diferenças existentes entre esses dois tipos de associação e de relações com os prod�tores imediatos eram �ma conseqüência do fato de as condições de prod�ção serem diferentes. A esta estr�t�ra fe�dal da propriedade f�ndiária correspondia, nas cidades, a propriedade corporativa, a organização fe�dal do artesanato. Aq�i, a propriedade consistia principalmente no trabalho de cada indivíd�o, e foi a necessidade de associação contra �ma nobreza voraz, a vantagem de dispor de locais de venda com�ns n�ma época em q�e o ind�strial era sim�ltaneamente comerciante, a concorrência crescente dos servos q�e se evadiam em massa para as cidades prósperas e a estr�t�ra fe�dal de todo o pais q�e levaram à constit�ição de corporações; os peq�enos capitais economizados po�co a po�co pelos artesãos isolados e o número invariável q�e estes representavam n�ma pop�lação q�e a�mentava sem cessar desenvolveram a condição de companheiro e de aprendiz, q�e, nas cidades, de� origem a �ma hierarq�ia semelhante à existente no campo. Portanto, d�rante a época fe�dal, o tipo f�ndamental de propriedade era o da propriedade f�ndiária à q�al estava s�bmetido o trabalho dos servos, por �m lado, e, por o�tro, o trabalho pessoal apoiado n�m peq�eno capital e regendo o trabalho dos oficiais. A estr�t�ra de cada �ma destas d�as formas era condicionada pelas limitadas relações de prod�ção, a agric�lt�ra r�dimentar e restrita e a indústria artesanal. Aq�ando do apoge� do fe�dalismo, a divisão do trabalho foi m�ito po�co imp�lsionada: cada país continha em si mesmo a oposição cidade-campo.

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A divisão em ordens era m�ito acent�ada mas não encontramos nenh�ma o�tra divisão de trabalho importante fora da separação entre príncipes, nobreza, clero e camponeses no campo, e mestres, companheiros e aprendizes, e posteriormente �ma plebe de jornaleiros, nas cidades. Na agric�lt�ra, essa divisão tornava-se mais difícil pela existência da exploração parcelar, paralelamente à q�al se desenvolve� a indústria doméstica dos próprios camponeses; na indústria, não existia divisão do trabalho dentro de cada ofício, e m�ito po�ca entre os diferentes ofícios. A divisão entre o comércio e a indústria existia já nas cidades antigas, mas só mais tarde se desenvolve� nas cidades novas, q�ando estas iniciaram contatos mút�os. O agr�pamento de terras de �ma certa extensão em reinos fe�dais era tanto �ma necessidade para a nobreza da terra como para as cidades. É por esta razão q�e a organização da classe dominante, isto é, da nobreza, teve sempre �m monarca à cabeça.

Como vemos, são sempre indivíd�os determinados (15), com �ma atividade prod�tiva q�e se desenrola de �m determinado modo, q�e entram em relações sociais e políticas determinadas. É necessário q�e, em cada caso partic�lar, a observação empírica (16) mostre nos fatos, e sem q�alq�er espec�lação o� mistificação, o elo existente entre a estr�t�ra social e política e a prod�ção.estr�t�ra sociaL e o Estado res�ltam constantemente do processo vital de indivíd�os determinados; mas não res�ltam daq�ilo q�e estes indivíd�os aparentam perante si mesmos o� perante o�tros e sim daq�ilo q�e são ira ,realidade, isto é, tal como trabalham e prod�zem materialmente. Res�ltam portanto da forma como at�am partindo de bases, condições e limites materiais determinados e independentes da s�a vontade (17) A prod�ção de idéias, de representações e da consciência está em primeiro l�gar direta e intimamente ligada à atividade material e 'ao comércio material dos homens; é a ling�agem da vida real. As representações, o pensamento, o comércio intelect�al dos homens s�rge aq�i como emanação direta do se� comportamento material. O mesmo acontece com a prod�ção intelect�al q�ando esta se apresenta na ling�agem das leis, política, moral, religião, metafísica, etc., de �m povo. São os homens q�e prod�zem as s�as representações, as s�as idéias, etc. (18) , mas os homens reais, at�antes e tais como foram condicionados por �m determinado desenvolvimento das s�as forças prod�tivas e do modo de relações q�e lhe corresponde, incl�indo até as formas mais amplas q�e estas possam tomar A consciência n�nca pode ser mais do q�e o Ser consciente e o Ser dos homens é o se� processo da vida real. E se em toda a ideologia os homens e as s�as relações nos s�rgem invertidos, tal como acontece n�ma câmera obsc�ra (19)isto é apenas o res�ltado do se� processo de vida histórico, do mesmo modo q�e a imagem invertida dos objetos q�e se forma na retina é �ma conseqüência do se� processo de vida diretamente físico.

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Contrariamente à filosofia alemã, q�e desce do cé� para a terra, aq�i parte-se da terra para atingir o cé�. Isto significa q�e não se parte daq�ilo q�e os homens dizem, imaginam e pensam nem daq�ilo q�e são nas palavras, no pensamento na imaginação e na representação de o�trem para chegar aos homens em carne e osso; parte-se dos homens, da s�a atividade real. É a partir do se� processo de vida real q�e se representa o desenvolvimento dos reflexos e das reperc�ssões ideológicas deste processo vital. Mesmo as fantasmagorias correspondem, no cérebro h�mano, a s�blimações necessariamente res�ltantes do processo da s�a vida material q�e pode ser observado empiricamente e q�e repo�sa em bases materiais. Assim, a moral, a religião, a metafísica e q�alq�er o�tra ideologia, tal como as formas de consciência q�e lhes correspondem, perdem imediatamente toda a aparência de a�tonomia. Não têm história, não têm desenvolvimento; serão antes os homens q�e, desenvolvendo a s�a prod�ção material e as s�as relações materiais, transformam, com esta realidade q�e lhes é própria, o se� pensamento e os prod�tos desse pensamento. ,,Não é a consciência q�e determina a vida, mas sim a vida q�e determina a consciência. Na primeira forma de considerar este ass�nto, parte-se da consciência como sendo o indivíd�o vivo, e na seg�nda, q�e corresponde à vida real, parte-se dos próprios indivíd�os reais e vivos e considera-se a consciência �nicamente como s�a consciência Esta forma de considerar o ass�nto não é desprovida de press�postos. Parte de premissas reais e não as abandona �m único instante. Estas premissas são os homens, não isolados nem fixos de �ma q�alq�er forma imaginária, mas apreendidos no se� processo de desenvolvimento real em condições determinadas, desenvolvimento este q�e é visível empiricamente. Desde q�e se represente este processo de atividade vital, a história deixa de ser �ma coleção de fatos sem vida, como a apresentam os empiristas, e q�e são ainda abstratos, o� a ação imaginária de s�jeitos imaginários, como a apresentam os idealistas. É onde termina a espec�lação, isto é, na vida real, q�e começa a ciência real, positiva, a expressão da. atividade prática., do processo de desenvolvimento prático dos homens É nesse ponto q�e termina o fraseado oco sobre a consciência e o saber real passa a oc�par o se� l�gar. Ao expor a realidade, a filosofia deixa de ter �m meio onde possa existir de forma a�tônoma. Em vez dela poder-se-á considerar, q�ando m�ito, �ma síntese dos res�ltados mais gerais q�e é possível abstrair do est�do do desenvolvimento histórico dos homens. Estas abstrações, tomadas em. si, destacadas da história real não têm q�alq�er valor. Podem q�ando m�ito servir para classificar mais facilmente a matéria, para indicar a s�cessão das s�as estratificações partic�lares. Mas não dão, de forma alg�ma como a filosofia, �rna receita, �m esq�ema seg�ndo o q�al se possam acomodar as épocas históricas. Pelo contrário, a dific�ldade começa precisamente q�ando se inicia o est�do (20) e a classificação desta matéria, q�er se trate de �ma época passada o� do tempo presente. A eliminação destas dific�ldades depende de premissas q�e é impossível desenvolver aq�i, pois res�ltam do est�do do processo de vida real e da at�ação dos indivíd�os de cada época. Iremos explicar através de exemplos históricos alg�mas das abstrações consciência q�e �saremos q�ando do est�do da ideologia.

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[2]

É certo (21) q�e não nos preoc�paremos em explicar aos nossos sábios filósofos q�e, ao dissolverem na «Consciência de si» a filosofia, a teologia, a s�bstância, etc., libertando assim «o Homem» da ditad�ra q�e n�nca o s�bj�go�, não contrib�íram seq�er para q�e a «libertação» do «homem» avançasse '�m único passo; q�e não é possível levar a cabo �rna libertação real sem ser no m�ndo real e através de meios reais; q�e não é possível abolir a escravat�ra sem a máq�ina a vapor e a m�ke-jenny (22) nem a servidão sem aperfeiçoar a agric�lt�ra; q�e, mais genericamente. não é possível libertar os homens enq�anto eles não estiverem completamente aptos a fornecerem-se de comida e bebida, a satisfazerem as s�as necessidades de alojamento e vest�ário em q�alidade e q�antidade perfeitas (23) libertação A «libertação» é �m fato histórico e não �m fato intelect�al, e é provocado por condições históricas, pelo [progresso] da indústria, do comércio, da agric�lt�ra... (24) estas (provocam) depois, em virt�de dos se�s diferentes estádios de desenvolvimento, esses abs�rdos: a s�bstância, o s�jeito, a consciência de si e a crítica p�ra, assim como os abs�rdos religiosos e teológicos, q�e são novamente eliminados q�ando já estão s�ficientemente desenvolvidos. Nat�ralmente, n�m país como a Alemanha, onde o desenvolvimento histórico é at�almente miserável, os fatos históricos a�sentes são s�bstit�ídos por esses desenvolvimentos de idéias deixasse, essas pobrezas idealizadas e ineficazes q�e se incr�stam, tornando-se necessário combatê-los. Mas esta l�ta não tem �ma importância histórica geral, ela só tem �ma importância local (25)

(A Históri�]

De fato, para o materialista prático (26) o� seja para o com�nista, é mister revol�cionar o m�ndo existente, atacar e transformar praticamente o estado de coisas q�e encontra. Se por vezes se observam em Fe�erbach pontos de vista semelhantes a este, é necessário anotar q�e n�nca vão além de simples int�ições isoladas com m�ito po�ca infl�ência sobre toda a s�a concepção geral; apenas podemos considerá-los como germes s�sceptíveis de desenvolvimento. Para Fe�erbach, a «concepção» (27) do m�ndo sensível limita-se, por �m lado, à simples contemplação deste último e, por o�tro, ao simples sentimento. Refere-se ao «Homem» em vez de se referir aos «homens históricos reais». «O Homem» é

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na realidade "o Alemão", No primeiro caso, isto é, na contemplação do m�ndo sensível. choca-se necessariamente com objetos q�e se encontram em contradição com a s�a consciência e o se� sentimento, q�e pert�rbam a harmonia de todas as partes do m�ndo sensível q�e press�p�sera. sobret�do a do homem e da nat�reza Para eliminar estes objetos é-lhe necessário ref�giar-se n�m d�plo ponto de vista: entre �ma visão profana q�e apenas se apercebe daq�ilo «q�e é visível a olho n�» e �ma o�tra mais elevada, filosófica, q�e alcança a «verdadeira essência das coisas» (28) . Não vê q�e o m�ndo sensível em se� redor não é objeto dado diretamente para toda a eternidade, e sempre ig�al a si mesmo, mas antes o prod�to da indústria e do estado da sociedade, isto é, �m prod�to histórico, o res�ltado da atividade de toda �ma série de gerações (29) cada �ma das q�ais �ltrapassava a precedente. aperfeiçoando a s�a indústria e o se� comércio, e modificava o se� regime social em f�nção da modificação das necessidades. Os objetos certeza da mais simples «certeza sensível» só são dados a Fe�erbach através do desenvolvimento social, da indústria e das trocas comerciais. Sabe-se q�e a cerejeira, como todas as o�tras árvores fr�tíferas, foi trazida para as nossas latit�des pelo comércio, apenas há alg�ns séc�los, e q�e foi somente devido à ação de �ma sociedade determinada, n�ma época determinada, q�e a árvore s�rgi� como «certeza sensível» a Fe�erbach. Aliás, nesta concepção q�e vê as coisas tais como são na realidade e como realmente ocorrem, q�alq�er problema filosófico prof�ndo se red�z m�ito simplesmente a �m fato empírico, como veremos mais claramente �m po�co adiante. Tomemos como exemplo a importante q�estão das relações entre o homem e a nat�reza (o� mesmo, tal como Br�no diz na página 110 (30), as «contradições na nat�reza e na história.», como se aí ho�vesse d�as «coisas» disj�ntas, como se o homem não se encontrasse sempre perante �ma nat�reza q�e é histórica e �ma história q�e é nat�ral). Esta q�estão, da q�al nasceram todas as «obras de �ma grandeza insondável» (31) sobre a «S�bstância» e a «Consciência de si», red�z-se à compreensão do fato de q�e a tão célebre «Unidade do homem e da nat�reza» existi� sempre na indústria e se apresento� em cada época sob formas diferentes consoante o desenvolvimento maior o� menor dessa indústria; e o mesmo acontece q�anto à «L�ta» do homem contra a nat�reza, até q�e as forças prod�tivas desde último se tenham desenvolvido sobre �ma base adeq�ada. A indústria e o comércio, a prod�ção e a troca das necessidades vitais condicionam a distrib�ição, a estr�t�ra das diferentes classes sociais, sendo por s�a vez, condicionadas por elas no se� modo de f�ncionamento. E é por isso q�e Fe�erbach apenas vê, por exemplo, em Manchester, fábricas e máq�inas, q�ando há �m séc�lo atrás apenas aí existiam teares e oficinas de tecelão, e só descobre pastagens e pântanos nos campos romanos onde, no tempo de A�g�sto, só poderia ter encontrado vinhas e mansões de capitalistas romanos. Fe�erbach refere-se em partic�lar à concepção da ciência da nat�reza, evoca segredos q�e apenas são visíveis pelo físico e o q�ímico; mas q�e seria da ciência da nat�reza sem o comércio e a indústria? E não serão o comércio e a indústria, a atividade material dos homens, q�e atrib�em �m fim a essa ciência da nat�reza dita «p�ra» e lhe fornecem os se�s materiais? Essa atividade, esse trabalho, essa criação material incessante dos homens, essa

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prod�ção é a base de todo o m�ndo sensível tal como hoje existe, e a tal ponto q�e se o interrompêssemos apenas por �m ano, Fe�erbach não só encontraria enormes modificações no m�ndo 'nat�ral como até lamentaria a perda de todo o m�ndo h�mano e da s�a própria fac�ldade de contemplação, o� mesmo da s�a própria existência. É certo q�e o primado da nat�reza exterior não deixa por isso de s�bsistir, e t�do isto não pode certamente aplicar-se aos primeiros homens nascidos por generatio aeq�ivoca (geração espontânea), mas esta distinção apenas tem sentido se se considerar o homem como sendo diferente da nat�reza. De q�alq�er modo, esta nat�reza q�e precede a história dos homens não é de forma alg�ma a nat�reza q�e rodeia Fe�erbach; tal nat�reza não existe nos nossos dias, salvo talvez em alg�ns atóis a�stralianos de formação recente, e portanto não existe para Fe�erbach. Admitimos q�e Fe�erbach tem sobre os materialistas «p�ros» a grande vantagem de se aperceber de q�e o homem é também �m «objeto sensível»; mas abstraiamos do fato de apenas o considerar como «objeto sensível» e não como «atividade sensível», pois nesse ponto ainda se agarra à teoria e não integra os homens no se� contexto social, nas s�as condições de vida q�e fizeram deles o q�e são. Não há dúvida de q�e n�nca atinge os homens q�e existem e at�am realmente, q�e se atém a �ma abstração, homem real o «Homem», e q�e apenas conseg�e reconhecer o homem «real, individ�al, em carne e osso», no sentimento o�, dizendo de o�tro modo, apenas conhece o amor e a amizade enq�anto «relações h�manas» «do homem com o homem», e mesmo assim idealizadas. Não critica as at�ais condições de vida. Não conseg�e apreender o m�ndo sensível como a soma da atividade viva e física dos indivíd�os q�e o compõem e, q�ando por exemplo observa �m gr�po de homens com fome, cansados e t�berc�losos, em vez de homens de bom porte, é constrangido a ref�giar-se na «concepção s�perior das coisas» e na «compensação ideal no interior do Gênero»; cai portanto no idealismo, precisamente onde o materialismo vê sim�ltaneamente a necessidade e a condição de �ma transformação radical tanto da indústria como da estr�t�ra social. Enq�anto materialista, Fe�erbach n�nca faz intervir a história; e q�ando aceita a história, não é materialista. Nele, história e materialismo são coisas complemente separadas, o q�e de resto já é s�ficientemente explicado pelas considerações precedentes (32) . Relativamente aos Alemães, q�e se j�lgam desprovidos de q�alq�er press�posto, devemos lembrar a existência de �m primeiro press�posto de toda a existência h�mana e, portanto, de toda a história, a saber, q�e os homens devem estar em condições de poder viver a fim de afazer história». Mas, para viver, é necessário antes de mais beber, comer, ter �m tecto onde se abrigar, vestir-se, etc., O primeiro fato histórico é pois a prod�ção dos meios q�e permitem satisfazer as necessidades, a prod�ção da própria vida material; trata-se de �ni fato histórico, de �ma condição f�ndamental de toda a história, q�e é necessário, tanto hoje como há milhares de anos, exec�tar dia a dia, hora a hora, a fim de manter os homens vivos. Mesmo q�ando a realidade sensível se red�z a �m simples pedaço de madeira, ao mínimo possível, como em São Br�no, essa mesma realidade implica a atividade q�e prod�z o pedaço de madeira. Em q�alq�er concepção histórica, é primeiro necessário observar este fato f�ndamental em

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toda a s�a importância e extensão e colocá-lo no l�gar q�e lhe compete. Todos sabem q�e os Alemães n�nca o fizeram; n�nca tiveram �ma base terrestre para a história e n�nca tiveram, por isso, nenh�m historiador. Tanto os franceses como os ingleses, se bem q�e apenas se apercebessem da conexão entre este fato e a história de �m ponto de vista bastante restrito, e sobret�do enq�anto se mantiveram prisioneiros da ideologia política, não deixaram por isso de levar a cabo as primeiras tentativas para dar à historiografia �ma base materialista, escrevendo as primeiras histórias da sociedade civil, do comércio e da indústria. O seg�ndo ponto a considerar é q�e �ma vez satisfeita a primeira necessidade, a ação de a satisfazer e o instr�mento �tilizado para tal cond�zem a novas necessidades e essa prod�ção de novas necessidades constit�i o primeiro fato histórico. É aí q�e se reconhece imediatamente de q�e massa é feita a grande sabedoria histórica dos Alemães; porq�e na falta de material positivo e q�ando não debatem disparates teológicos, políticos o� literários, os Alemães deixam de falar em história para passarem a referir-se aos «tempos pré-históricos», não nos indicando aliás como se passa desta abs�rda «pré-história» para a história propriamente dita se bem q�e seja evidente, por o�tro lado, q�e as s�as espec�lações históricas se servem desta pré-história» porq�e aí se j�lgam a salvo da ingerência dos «toscos acontecimentos» e ainda porq�e aí podem dar rédea solta aos se�s instintos espec�lativos propondo e rec�sando milhares de hipóteses. O terceiro aspecto q�e intervém diretamente no desenvolvimento histórico é o fato de os homens, q�e em cada dia renovam a s�a própria vida, criarem o�tros homens. reprod�zirem-se; é a relação entre o homem e a m�lher, os pais e os filhos, a família. Esta família, q�e é inicialmente a única relação social, transforma-se n�ma relação s�balterna (exceto conceito social Alemanha) q�ando o acréscimo das necessidades engendra novas relações sociais e o crescimento da pop�lação dá origem a novas necessidades; deve-se por conseg�inte abordar e desenvolver este tema da família a partir dos fatos empíricos existentes e não do «conceito de família», como é hábito fazer-se na Alemanha. Aliás, não se devem compreender estes três aspectos da atividade social como três estados diferentes, mas m�ito simplesmente como três aspectos o�, para empregar �ma ling�agem compreensível para os Alemães, três «momentos» q�e coexistiram desde o início da história dos primeiros homens o q�e ainda hoje nela se manifestam. A prod�ção da vida, tanto a própria através do trabalho como a alheia através da procriação, s�rge-nos agora como �ma. relação d�pla: por �m lado como �ma relação nat�ral e, por o�tro, como �ma relação social - social no sentido de ação conj�gada de vários indivíd�os, não importa em q�e condições, de q�e maneira e com q�e objetivo. Seg�e-se q�e �m determinado modo de prod�ção o� estádio de desenvolvimento ind�strial se encontram permanentemente ligados a �m modo de cooperação o� a �m estado social determinados, e q�e esse modo de cooperação é ele mesmo �ma «força prod�tiva»; seg�e-se ig�almente q�e o conj�nto das forças prod�tivas acessíveis aos homens determina o estado social e q�e se deve est�dar e elaborar a «história dos homens» em estreita correlação com a história da indústria e das trocas. Mas é também evidente q�e é impossível escrever tal história na Alemanha, pois faltam aos Alemães, para o fazer, não somente os materiais e a capacidade para a conceber mas também a «certeza sensível,; e por

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o�tro lado não é possível levar a cabo experiências sobre estas q�estões do o�tro lado do Reno visto q�e aí já não se faz história. Logo, manifesta-se imediatamente �m sistema de laços materiais entre os homens q�e é condicionado pelas necessidades e o modo de prod�ção e q�e é tão velho como os próprios homens - sistema de laços q�e adq�ire constantemente novas formas e tem assim �ma «história» mesmo sem q�e exista ainda q�alq�er abs�rdo político o� religioso q�e contrib�a também para �nir os homens. E só agora, depois de já examinados q�atro momentos, q�atro aspectos das relações históricas originárias, nos apercebemos de q�e o homem também poss�i «consciência». (33) Mas não se trata de �ma consciência q�e seja de antemão consciência «p�ra». Desde sempre pesa sobre o «espírito» a maldição de estar «imb�ído» de �ma matéria q�e aq�i se manifesta sob a forma de camadas de ar em movimento, de sons, n�ma palavra, sob a forma da ling�agem. A ling�agem é tão velha como a consciência: é a consciência real. prática, q�e existe também para o�tros homens e q�e portanto existe ig�almente só para mim e, tal como a consciência. só s�rge com a necessidade, as exigências dos contatos com os o�tros homens (34) Onde existe �ma relação, ela existe para mim. O animal «não se encontra em relação» com coisa alg�ma. não conhece de fato q�alq�er relação; para o animal, as relações com os o�tros não existem enq�anto relações. A consciência é pois �m prod�to social e contin�ará a sê-lo enq�anto ho�ver homens. A consciência é. antes de t�do, a consciência do meio sensível imediato e de �ma relação limitada com o�tras pessoas e o�tras coisas sit�adas fora do indivíd�o q�e toma consciência; é sim�ltaneamente a consciência da nat�reza q�e inicialmente se depara ao homem como �ma força francamente estranha, toda-poderosa e inatacável, perante a q�al os homens se comportam de �ma forma p�ramente animal e q�e os atemoriza tanto como aos animais; por conseg�inte, �ma consciência de nat�reza p�ramente animal (religião nat�ral (35)). Por o�tro lado, a consciência da necessidade de entab�lar relações com os indivíd�os q�e o cercam marca para o homem a tornada de consciência de q�e vive efetivamente em sociedade. Este como é tão animal como a própria vida social nesta fase; trata-se de �ma simples consciência gregária e, neste aspecto, o homem disting�e-se do carneiro pelo simples fato de a consciência s�bstit�ir nele o instinto o� de o se� instinto ser �m instinto consciente. Esta consciência gregária o� tribal desenvolve-se e aperfeiçoa-se posteriormente devido ao a�mento da prod�tividade, das necessidades e da pop�lação, q�e constit�i aq�i o fator básico. É deste modo q�e se desenvolve a divisão do trabalho q�e primitivamente não passava de divisão de f�nções no ato sex�al e, mais tarde, de �ma divisão «nat�ral» do trabalho consoante os dotes físicos (o vigor corporal, por exemplo), as necessidades, o acaso, etc. A divisão do trabalho só s�rge efetivamente a partir do momento em q�e se opera �ma divisão entre o trabalho material e intelect�al. A partir deste momento, a consciência pode s�por-se algo mais do q�e a consciência da prática existente, q�e representa de fato q�alq�er coisa sem representar algo de real. E ig�almente a partir deste instante ela encontra-se em condições de se emancipar do m�ndo e de passar à formação da teoria p�ra», teologia, filosofia, moral, etc. Mas mesmo q�ando essa teoria, essa teologia, essa

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filosofia, essa moral, etc., entram em contradição com as relações existentes, isso deve-se apenas ao fato de as relações sociais existentes terem entrado em contradição com a força prod�tiva existente; aliás, o mesmo pode acontecer n�ma determinada esfera nacional porq�e, nesse caso, a contradição prod�z-se não no interior dessa esfera nacional mas entre a consciência naciona1 a prática das o�tras nações, q�er dizer, entre a consciência nacional de. �rna determinada nação e a s�a consciência �niversal (36) (como at�almente na Alemanha); pelo q�e para essa nação, e parq�e aparentemente tal contradição apenas se apresenta como contradição no seio da consciência nacional, a l�ta parece limitar-se a �ma órbita nacional pois esse país incarna a própria podridão. Po�co importa, de resto, aq�ilo q�e a consciência empreende isoladamente; toda essa podridão tem �m único res�ltado: os três momentos, constit�ídos pela força prod�tiva o estado social e a consciência, podem e devem necessariamente entrar em conflito entre si, pois, através da divisão do trabalho, torna-se possível aq�ilo q�e se verifica efetivamente: q�e a atividade intelect�al e material (37), o gozo e o trabalho, a prod�ção e o cons�mo, caibam a indivíd�os distintos; então, a possibilidade de q�e esses elementos não entrem em conflito reside �nicamente na hipótese do acabar de novo com a divisão do trabalho. Conseq�entemente, os «fantasmas», «laços», «ente s�perior», «conceito», «escrúp�los» (38), são apenas a expressão mental idealista, a representação aparente do indivíd�o isolado, a representação de cadeias e limitações m�ito empíricas no interior das q�ais se move o modo de prod�ção da vida e o modo de troca q�e este implica (39) . Esta divisão do trabalho, q�e implica todas estas contradições e repo�sa por s�a vez sobre a divisão nat�ral do trabalho na família e sobre a divisão da sociedade em famílias isoladas e opostas, implica sim�ltaneamente a repartição do trabalho e dos se�s prod�tos, distrib�ição desig�al tanto em q�alidade como em q�antidade; dá portanto origem à propriedades c�ja primeira forma, o se� germe, reside na família, onde a m�lher e as crianças são escravas do homem. A escravat�ra, decerto ainda m�ito r�dimentar e latente na família, é a primeira propriedade, q�e aq�i já corresponde aliás à definição dos economistas modernos seg�ndo a q�al é constit�ída pela livre disposição da força de trabalho de o�trem. De resto, divisão do trabalho e propriedade privada são expressões idênticas - na primeira, en�ncia-se relativamente à atividade o q�e na seg�nda se en�ncia relativamente ao prod�to desta atividade. A divisão do trabalho implica ainda a contradição entre o interesse do indivíd�o sing�lar o� da família sing�lar e o interesse coletivo de todos os indivíd�os q�e se relacionam entre si; mais ainda, esse interesse coletivo não existe apenas, digamos, na idéia, enq�anto «interesse �niversal», mas sobret�do na realidade como dependência recíproca dos indivíd�os entre os q�ais é partilhado o trabalho. Ê precisamente esta contradição entre o interesse partic�lar e o interesse coletivo q�e faz com q�e o interesse coletivo adq�ira, na q�alidade de Estado, �ma forma independente, separada dos interesses reais do indivíd�o e do conj�nto e tome sim�ltaneamente a aparência de com�nidade il�sória, irias sempre sobre a base concreta dos laços existentes em cada conglomerado familiar e tribal, tais como laços de sang�e, líng�a, divisão do trabalho em larga escala e o�tros interesses; e entre esses interesses ressaltam partic�larmente os interesses das classes já

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condicionadas pela divisão do trabalho, q�e se diferenciam em q�alq�er agr�pamento deste tipo e entre as q�ais existe �ma q�e domina as restantes. Daq�i se depreende q�e todas as l�tas no seio do Estado, a l�ta entre a democracia, a aristocracia e a monarq�ia, a l�ta pelo direito de voto, etc., etc., são apenas formas il�sórias q�e encobrem as l�tas efetivas das diferentes classes entre si (aq�ilo de q�e os teóricos alemães nem seq�er s�speitam, se bem q�e sobre isso se lhes tenha mostrado o s�ficiente nos Anais franco-alemães e na Sagrada Família (40); depreende-se ig�almente q�e toda a classe q�e aspira ao domínio, mesmo q�e o se� domínio determine a abolição de todas as antigas formas sociais da dominação em geral, como acontece com o proletariado, deve antes de t�do conq�istar o poder político para conseg�ir apresentar o se� interesse próprio como sendo o interesse �niversal, at�ação a q�e é constrangida nos primeiros tempos. Precisamente porq�e os indivíd�os só proc�ram o se� interesse partic�lar - q�e para eles não coincide com o se� interesse coletivo, pois a �niversalidade é apenas �nia forma il�sória da coletividade - esse interesse apresenta-se como �m interesse partic�lar q�e lhes é «estranho» e «independente», e q�e sim�ltaneamente é �m interesse «�niversal especial e partic�lar; o� então oscilam no selo deste d�alismo, como acontece na democracia. Por o�tro lado, o combate prático destes interesses partic�lares, q�e se chocam constante e realmente com os interesses coletivos e il�soriamente coletivos, torna necessário a intervenção prática e o refreamento através do interesse «�niversal» il�sório sob a forma de Estado. Finalmente, a divisão do trabalho oferece-nos o primeiro exemplo do seg�inte fato: a partir do momento em q�e os homens vivem na sociedade nat�ral, desde q�e, portanto, se verifica �ma cisão entre o interesse partic�lar e o interesse com�m, o� seja, q�ando a atividade já não é dividida vol�ntariamente mas sim de forma nat�ral, a ação do homem transforma-se para ele n�m poder estranho q�e se lhe opõe e o s�bj�ga, em vez de ser ele a dominá-la. Com efeito, desde o momento em q�e o trabalho começa a ser repartido, cada indivíd�o tem �ma esfera de atividade excl�siva q�e lhe é imposta e da q�al não pode sair; é caçador, pescador, pastor o� crítico (41) e não pode deixar de o ser se não q�iser perder os se�s meios de s�bsistência. Na sociedade com�nista, porém, onde cada indivíd�o pode aperfeiçoar-se no campo q�e lhe apro�ver, não tendo por isso �ma esfera de atividade excl�siva, é a sociedade q�e reg�la a prod�ção geral e me possibilita fazer hoje �ma coisa, amanhã o�tra, caçar da manhã, pescar à tarde, pastorear à noite, fazer crítica depois da refeição, e t�do isto a me� bel-prazer, sem por isso me tornar excl�sivamente caçador, pescador o� crítico. Esta fixação da atividade social, esta petrificação do nosso próprio trabalho n�m poder objetivo q�e nos domina e escapa ao nosso controlo contrariando a nossa expectativa e destr�indo os nossos cálc�los, é �m dos momentos capitais' do desenvolvimento histórico até aos nossos dias (42) . O poder social, q�er dizer, a força prod�tiva m�ltiplicada q�e é devida à cooperação dos diversos indivíd�os, a q�al é condicionada pela divisão do trabalho, não se lhes apresenta como o se� próprio poder conj�gado, pois essa colaboração não é vol�ntária e sim nat�ral, antes lhes s�rgindo como �m poder estranho, sit�ado fora deles e do q�al não conhecem nem a origem nem o fim q�e

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se propõe, q�e não podem dominar e q�e de tal forma atravessa �ma série partic�lar de fases e estádios de desenvolvimento tão independente da vontade e da marcha da h�manidade q�e é na verdade ela q�em dirige essa vontade e essa marcha da h�manidade. Esta «alienação» - para q�e a nossa posição seja compreensível para os filósofos - só pode ser abolida mediante d�as condições práticas. Para q�e ela se transforme n�m poder «ins�portável», q�er dizer, n�m poder contra o q�al se faça �ma revol�ção, é necessário q�e tenha dado origem a �ma massa de homens totalmente «privada de propriedade», q�e se encontre sim�ltaneamente em contradição com �m m�ndo de riq�eza e de c�lt�ra com existência real; ambas as coisas press�põem �m grande a�mento da força prod�tiva, isto é, �m estádio elevado de desenvolvimento. Por o�tro lado, este desenvolvimento das forças prod�tivas (q�e implica já q�e a existência empírica at�al dos homens decorra no âmbito da história m�ndial e não no da vida loca]) é �ma condição prática prévia absol�tamente indispensável, pois, sem ele, apenas se generalizará a penúria e, com a pobreza, recomeçará paralelamente a l�ta pelo indispensável e cair-se-á fatalmente na im�ndície anterior. Ele constit�i ig�almente �ma condição prática sine q�a non, pois é �nicamente através desse desenvolvimento �niversal das forças prod�tivas q�e é possível estabelecer �m intercâmbio �niversal entre os homens e porq�e, deste modo, o fenômeno da massa «privada de propriedade» pode existir sim�ltaneamente em todos os países (concorrência �niversal), tornando cada �m deles dependente das pert�rbações dos restantes e fazendo com q�e finalmente os homens empiricamente �niversais vivam de fato a história m�ndial em vez de serem indivíd�os vivendo n�ma esfera excl�sivamente local. Sem isto: 1.) o com�nismo só poderia existir como fenômeno local; 2.0) as forças das relações h�manas não poderiam desenvolver-se como forças �ni versais e, portanto, ins�portáveis contin�ando a ser simples «circ�nstâncias» motivadas por s�perstições locais; 3°) q�alq�er ampliação das trocas aboliria o com�nismo local. O com�nismo só é empiricamente possível como ação «rápida» e sim�ltânea dos povos dominantes, o q�e press�põe o desenvolvimento �niversal da força prod�tiva e as trocas m�ndiais q�e lhe estejam estreitamente ligadas. Para nós, o com�nismo não é �m estado q�e deva ser implantado, nem �m ideal a q�e a realidade deva obedecer. Chamamos com�nismo ao movimento real q�e acaba com o at�al estado de coisas. As condições deste movimento (43) res�ltam das premissas at�almente existentes. Aliás, a massa de trabalhadores constit�ída pelos simples operários - força de trabalho maciça, separada do capital o� de q�alq�er espécie de satisfação mesmo limitada - press�põe o mercado m�ndial, sendo a existência deste asseg�rada pela possibilidade de perda não temporária desse trabalho como fonte seg�ra de s�bsistência, perda motivada pela concorrência. O proletariado (44) só pode portanto existir à escala ala história �niversal, assim como o com�nismo, q�e é o res�ltado da s�a ação, só pode concretizar-se enq�anto existência «histórico-�niversal». Existência histórico-�niversal dos indivíd�os, isto é, existência dos indivíd�os diretamente ligada à história �niversal. De o�tro modo, como poderia a propriedade ter por exemplo �ma história, revestir diferentes formas? Como é q�e a propriedade f�ndiária teria podido, com as condições então existentes, passar em França do parcelamento para a

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concentração nas mãos de alg�ns, e em Inglaterra da concentração nas mãos de alg�ns para o parcelamento, como at�almente se verifica? O� então, como explicar q�e o comércio, q�e não é mais do q�e a troca de prod�tos entre diferentes indivíd�os e nações, domine o m�ndo inteiro através da relação entre a oferta e a proc�ra - relação q�e, seg�ndo �m economista inglês. paira sobre a terra como a antiga fatalidade e distrib�i, com mão invisível, a felicidade e a infelicidade entre os homens cria e destr�i impérios, faz nascer e desaparecer povos - ao passo q�e, �ma vez abolida a base, a propriedade privada, e insta�rada a reg�lamentação com�nista da prod�ção q�e acaba com a sit�ação q�e levava os homens a sentirem os se�s prod�tos como coisas estranhas, toda a força da relação entre a oferta e a proc�ra é red�zida a nada, readq�irindo os homens o domínio da troca, da prod�ção e do se� modo de comportamento recíproco?

A forma das trocas, condicionadas pelas forças de prod�ção existentes em todas as etapas históricas q�e precederam a at�al e q�e por s�a vez as condicionam, é a sociedade civil (45), q�e, como se depreende do q�e fico� dito, tem por condição prévia e base f�ndamental a família simples e a família composta, aq�ilo a q�e chamamos clã e de q�e já foram dadas anteriormente definições mais precisas É portanto evidente ser esta sociedade civil o verdadeiro lar, o verdadeiro cenário de toda a história e ser abs�rda a antiga concepção da história q�e. omitindo as relações reais, se limitava aos grandes acontecimentos históricos e às ações políticas ret�mbantes. Até aq�i consideramos principalmente �m aspecto da atividade h�mana: o trabalho dos homens sobre a nat�reza. O o�tro aspecto, o trabalho dos homens sobre os homens... (46) Origem do Estado e relação do Estado com a sociedade civil.

A história não é mais do q�e a s�cessão das diferentes gerações, cada �ma delas explorando os materiais, os capitais e as forças prod�tivas q�e lhes foram transmitidas pelas gerações precedentes; por este motivo, cada geração contin�a, por �m lado, o modo de atividade q�e lhe foi transmitido mas em circ�nstâncias radicalmente transformadas e, por o�tro, modifica as antigas circ�nstâncias dedicando-se a �ma atividade radicalmente diferente. Acontece por vezes q�e estes fatos são completamente alterados pela espec�lação ao fazer da história recente o fim da história anterior: é assim, por exemplo, q�e se atrib�i à descoberta da América o seg�inte objetivo: aj�dar a eclodir a Revol�ção francesa. Inserem-se deste modo na história os se�s objetivos partic�lares. q�e são transformados n�ma «pessoa ao lado de o�tras pessoas» (a saber, «Consciência de si, Crítica, Único», etc.), ao passo q�e aq�ilo q�e se designa pelos termos

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«Determinação», «Objetivo», «Germes», «Idéia» da história passada é apenas �ma abstração da história anterior, �ma abstração da infl�ência ativa q�e a história anterior exerce na história recente. Ora, q�anto mais as esferas individ�ais, q�e at�am �ma sobre a o�tra, a�mentam no decorrer desta evol�ção, e mais o isolamento primitivo das diversas nações é destr�ído pelo aperfeiçoamento do modo de prod�ção, pela circ�lação e a divisão do trabalho entre as nações q�e daí res�lta espontaneamente, mais a história se transforma em história m�ndial. Assim, se em Inglaterra se inventar �ma máq�ina q�e, na Índia o� na China, tire o pão a milhares de trabalhadores e altere toda a forma de existência desses impérios, essa descoberta torna-se �m fato da história �niversal. Foi assim q�e o açúcar e o café demonstraram a s�a importância para a história �niversal no séc�lo XIX, q�ando a carência desses prod�tos, res�ltado do bloq�eio continental de Napoleão, provoco� a rebelião dos Alemães contra aq�ele general, transformando-se assim na base concreta das gloriosas g�erras de libertação de 1813. Daq�i se depreende q�e esta transformação da história em história �niversal não é, digamos, �m simples fato abstrato da «Consciência de si», do Espírito do m�ndo o� de q�alq�er o�tro fantasma metafísico, mas �ma ação p�ramente material q�e pode ser verificada de forma empírica, �ma ação de q�e cada indivíd�o fornece a prova no ato de comer, beber o� vestir-se (47) A bem dizer, também é �m fato perfeitamente empírico o de, na história passada, com a extensão da atividade ao plano da história �niversal, os indivíd�os terem ficado cada vez mais s�bmetidos a �m poder q�e lhes era estranho -opressão q�e tomavam por �ma patifaria daq�ilo a q�e se chama o Espírito do m�ndo -, poder q�e se torno� cada vez mais maciço e se revela, em última instância, tratar-se do mercado m�ndial. Mas é também empírico q�e esse poder tão misterioso para os teóricos alemães, será abolido pela s�pressão do at�al estado social, pela revol�ção com�nista e pela abolição da propriedade privada q�e lhe é inerente; a libertação de cada indivíd�o em partic�lar realizar-se-á então na medida em q�e a história se for convertendo totalmente em história m�ndial. A partir daq�i, é evidente q�e a verdadeira riq�eza intelect�al do indivíd�o depende apenas da riq�eza das s�as relações reais. Só desta forma se poderá libertar cada indivíd�o dos se�s diversos limites nacionais e locais, depois de entab�lar relações práticas com a prod�ção do m�ndo inteiro (incl�indo a prod�ção intelect�al) e de se encontrar em estado de poder beneficiar da prod�ção do m�ndo inteiro em todos os domínios (criação dos homens). A dependência �niversal, essa forma nat�ral da cooperação dos indivíd�os ú escala da história m�ndial, será transformada pela revol�ção com�nista em controlo e domínio consciente desses poderes q�e, engendrados pela ação recíproca dos homens �ns sobre os o�tros, se lhes imp�serem e os dominaram até agora. como se se tratasse de poderes absol�tamente estranhos. Esta concepção pode, por s�a vez, ser interpretada de forma espec�lativa e idealista, q�er dizer, fantástica, como «a�to-criação do Gênero» (a «sociedade como s�jeito»), representando-se através dela a s�cessiva série de indivíd�os relacionados entre si como �m único indivíd�o q�e realizará o mistério do engendrar-se a si mesmo Aq�i poderemos ver q�e OS indivíd�os se criam �ns aos o�tros, tanto física como espirit�almente. mas q�e não se criam a si mesmos nem na disparatada concepção do São Br�no (48) nem no sentido do «Único», do homem «feito a si mesmo».

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A concepção da história q�e acabamos de expor permite-nos ainda tirar as seg�intes concl�sões: 1, No desenvolvimento das forças prod�tivas atinge-se �m estádio em q�e s�rgem forças prod�tivas e meios de circ�lação q�e só podem ser nefastos no âmbito das relações existentes e já não são forças prod�tivas mas sim forças destr�tivas (o maq�inismo e o dinheiro), assim como, fato ligado ao precedente, nasce no decorrer desse processo do desenvolvimento �ma classe q�e s�porta todo o peso da sociedade sem desfr�tar das s�as vantagens, q�e é exp�lsa do se� seio e se encontra n�ma oposição mais radical do q�e todas as o�tras classes, �ma classe q�e incl�i a maioria dos membros da sociedade e da q�al s�rge a consciência da necessidade de �ma revol�ção, consciência essa q�e é a consciência com�nista e q�e, bem entendido, se pode também formar nas o�tras classes q�ando se compreende a sit�ação desta classe partic�lar. 2. As condições em q�e se podem �tilizar forças prod�tivas determinadas são as condições de dominação de �ma determinada classe da sociedade (49) o poder social desta classe, decorrendo do q�e ela poss�i, encontra reg�larmente a s�a expressão prática sob forma idealista no tipo de Estado próprio de cada época; é por isso q�e toda a l�ta revol�cionária é dirigida contra �ma classe q�e domino� até então (50) Em todas as revol�ções anteriores, permanecia inalterado o modo de atividade e procedia-se apenas a �ma nova distrib�ição dessa atividade, a �ma nova repartição do trabalho entre o�tras pessoas; a revol�ção é, pelo contrário, dirigida - contra o modo de atividade anterior - s�prime o trabalho (51) e acaba com a dominação de todas as classes pela s�pressão das próprias classes - pois é realizada pela classe q�e, no âmbito da at�al sociedade, já não é considerada como �ma classe dentro dessa sociedade e constit�i a expressão da dissol�ção de todas as classes, de todas as nacionalidades, etc. Torna-se necessária �ma transformação maciça dos homens para criar em massa essa consciência e levar a bom termo esses objetivos; ora �ma tal transformação só pode ser efet�ada por �m movimento prático, por �ma revol�ção; esta não será então apenas necessária pelo fato de constit�ir o único meio de liq�idar a classe dominante, mas também porq�e só �ma revol�ção permitirá à classe q�e derr�ba a o�tra aniq�ilar toda a podridão do velho sistema e tornar-se apta a f�ndar a sociedade sobre bases novas (52) Esta concepção da história tem portanto como base o desenvolvimento do processo real da prod�ção, contritamente a prod�ção material da vida imediata; concebe a forma das relações h�manas ligada a este modo de prod�ção e por ele engendrada, isto é, a sociedade civil nos se�s diferentes estádios, como sendo o f�ndamento de toda a história. Isto eqüivale a representá-la na s�a ação enq�anto Estado, a explicar através dela o conj�nto das diversas prod�ções teóricas e das formas da consciência, religião, moral, filosofia, etc., e a acompanhar o se� desenvolvimento a partir destas prod�ções; o q�e permite nat�ralmente representar a coisa na s�a totalidade (e examinar ainda a cação recíproca dos se�s diferentes aspectos)- Ela não é obrigada, como acontece à concepção idealista da história, a proc�rar �ma categoria diferente para cada período, antes se mantendo constantemente no plano real da história; não tenta explicar a prática a partir da idéia, mas sim a formação das idéias a partir da prática material; chega portanto, à concl�são de q�e todas as formas e prod�tos da consciência podem ser resolvidos não pela crítica intelect�al, pela red�ção à «Consciência de si» o�

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pela metamorfose em «aparições», em «fantasmas» (53), etc., mas �nicamente pela destr�ição prática das relações sociais concretas de onde nasceram as bagatelas idealistas. Não é a Crítica mas sim a revol�ção q�e constit�i a força motriz da história, da religião, da filosofia o� de q�alq�er o�tro tipo de teorias. Esta concepção mostra q�e o objetivo da história não consiste em resolver-se em «Consciência de si» enq�anto «Espírito do espírito», mas q�e se encontrem dados em cada estádio �m res�ltado material, �ma soma de forças prod�tivas, �ma relação com a nat�reza e entre os indivíd�os, criados historicamente e transmitidos a cada geração por aq�ela q�e a precede, �ma massa de forças de prod�ção, de capitais e de circ�nstâncias q�e são por �m lado modificadas pela nova geração mas q�e, por o�tro lado, lhe ditam as s�as próprias condições de existência e lhe imprimem �m desenvolvimento determinado, �m caráter específico; por conseqüência, é tão verdade serem as circ�nstâncias a fazerem os homens como a afirmação contrária. Esta soma de forças de prod�ção, de capitais, de formas de relações sociais, q�e cada indivíd�o o cada geração encontram como dados já existentes é a base concreta daq�ilo q�e os filósofos consideram como «s�bstância» e «essência do homem», daq�ilo q�e aprovaram e daq�ilo q�e combateram, base concreta c�jos efeitos e c�ja infl�ência sobre o desenvolvimento dos homens não são de forma alg�ma afetados pelo fato de os filósofos se revoltarem contra ela na q�alidade de «Consciência de si» e de «Únicos». São ig�almente essas condições de vida, q�e cada geração encontra já elaboradas, q�e determinam se o abalo revol�cionário q�e se reprod�z periodicamente na história será s�ficientemente forte para derr�bar as bases de t�do q�anto existe; os elementos materiais de �ma s�bversão total são, por �m lado, as forças prod�tivas existentes e, por o�tro, a constit�ição de �ma massa revol�cionária q�e faça a revol�ção não apenas contra as condições partic�lares da sociedade passada mas ainda contra a própria «prod�ção da vida» anterior, contra o «conj�nto da atividade» q�e é o se� f�ndamento; se estas condições não existem, é perfeitamente indiferente, para o desenvolvimento prático, q�e a idéia desta revol�ção já tenha sido expressa mil vezes. como o prova a história do com�nismo. Até aq�i, todas as concepções históricas rec�saram esta base real da história o�, pelo menos, consideraram-na como algo de acessório, sem q�alq�er ligação com a marcha da história. É por isto q�e a história foi sempre descrita de acordo com �ma norma q�e se sit�a fora dela A prod�ção real da vida s�rge na origem da história mas aq�ilo q�e é propriamente histórico s�rge separado da vida ordinária, como extra e s�praterrestre. As relações entre os homens e a nat�reza são assim excl�ídas da historiografia, o q�e dá origem à oposição entre nat�reza e história. Conseq�entemente, esta concepção só permiti� encontrar os grandes acontecimentos históricos o� políticos, as l�tas religiosas e principalmente teóricas, e foi obrigada a partilhar com q�alq�er época histórica a il�são dessa época. S�ponhamos q�e �ma dada época j�lga ser determinada por motivos p�ramente «políticos» o� «religiosos», se bem q�e «política» e «religião» constit�am apenas as formas adq�iridas pelos se�s motores reais: o se� historiador aceitará aq�ela opinião. A «imaginação», a «representação» q�e esses homens determinados têm da s�a prática real transforma-se no único poder determinante e ativo q�e domina e determina a prática desses homens. Se a

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forma r�dimentar sob a q�al se apresenta a divisão do trabalho na Índia e no Egito s�scita a existência nestes países de �m regime de castas no Estado e na religião, o historiador pensa q�e esse regime de castas constit�i o poder q�e engendro� a forma social r�dimentar. Enq�anto os Franceses e os Ingleses se atêm à il�são política, q�e é ainda a mais próxima da realidade, os Alemães movem-se no domínio do «espírito p�ro» e fazem da il�são religiosa a força motriz da história. A filosofia da história de Hegel é o último res�ltado conseqüente, levado à s�a «expressão mais p�ra», de toda esta forma de descrever a história, típica dos Alemães, e na q�al não interessam os interesses reais nem seq�er os interesses políticos mas sim as idéias p�ras. Nestas condições, não admira q�e a história s�rja a São Br�no como �ma mera seqüência de «Idéias» q�e l�tam entre si e q�e finalmente se resolve na «Consciência de si», e q�e para São MAX Stirner, q�e nada sabe de história, o desenvolvimento desta seja, e com m�ito mais lógica, �ma simples história de «cavaleiros», de bandidos e de fantasmas de c�ja visão só conseg�e escapar graças ao «gosto do sacrilégio», Esta concepção é verdadeiramente religiosa, press�põe q�e o homem religioso é o homem primitivo de q�e parte toda a história, e s�bstit�i, na s�a imaginação, a prod�ção real dos meios de vida e da própria vida por �ma prod�ção religiosa de coisas imaginárias. Toda esta concepção da história, assim como a s�a degradação e os escrúp�los e as dúvidas q�e daí res�ltam, é �ma q�estão p�ramente nacional q�e só interessa aos Alemães. Um exemplo disto é a importante q�estão, recentemente m�ito debatida, de saber como se poderá Exatamente passar «do reino de De�s para o reino dos homens»; como se este «reino de De�s» tivesse existido alg�ma vez fora da imaginação dos homens e como se estes do�tos senhores não tivessem vivido sempre (e sem dar por isso) no «reino dos homens» q�e proc�ram, o� como ainda se o divertimento científico - pois trata-se apenas disso q�e consiste em tentar explicar a sing�laridade desta constr�ção teórica nas n�vens não fosse m�ito melhor aplicado na proc�ra das razões de ela ter nascido do estado de coisas real à face da terra. Em geral, esses Alemães preoc�pam-se contentemente em explicar os abs�rdos q�e encontram através de o�tras q�imeras; press�põem q�e todos estes abs�rdos têm �m sentido partic�lar q�e é necessário descobrir, q�ando conviria explicar esta fraseologia teórica a partir das relações reais existentes. A verdadeira sol�ção prática desta fraseologia, a eliminação destas representações na consciência dos homens, só será realizada, repitamo-lo, através de �ma transformação das circ�nstâncias e não por ded�ções teóricas. Para a grande massa dos homens, para o proletariado, estas representações teóricas não existem, e portanto não têm necessidade de ser s�primidas; e se esses homens já tiveram alg�mas representações teóricas como, por exemplo, a religião, há m�ito q�e estas foram destr�ídas pelas circ�nstâncias. O caráter p�ramente nacional destas q�estões e das s�as sol�ções manifesta-se ainda no fato de esses teóricos acreditarem, e o mais seriamente deste m�ndo, q�e as divagações do espírito do gênero «Homem-de�s», «Homem», etc., presidiram às diferentes épocas da história - São Br�no chega a afirmar q�e são apenas «o Crítico e as críticas q�e fazem a história» - e ainda, q�ando se entregam a constr�ções históricas, por saltarem rapidamente por cima de todo o passado, passando da «civilização mongol» à história propriamente «rica de

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conteúdo», isto é, à história dos Anais de Halle e dos Anais alemães (54), e acabando por nos contar apenas como a escola hegeliana degenero� em disp�ta geral. Todas as o�tras nações e todos os acontecimentos reais foram esq�ecidos limitando-se o teatro do m�ndo à feira dos livros de Leipzig e às controvérsias recíprocas da «Crítica», do «Homem» e do «Único» (55) Q�ando se lembram de est�dar temas verdadeiramente históricos como o séc�lo XVIII, por exemplo, estes filósofos só nos dão a história das representações, destacada dos fatos e dos desenvolvimentos práticos q�e delas constit�em a base; mais ainda, só concebem �ma tal história com o objetivo de representar a época em q�estão como �ma primeira etapa imperfeita, como �m prenúncio ainda limitado da verdadeira época histórica, o� seja, da época de l�ta dos filósofos alemães, entre 1840 e 1844. Pretendem portanto escrever �ma história do passado q�e faça resplandecer com o maior brilho a glória de �rna pessoa q�e não é histórica e daq�ilo q�e ela imagino�; não interessa, pois, evocar q�aisq�er acontecimentos realmente históricos nem seq�er as intr�sões da política na história. Em compensação, interessa fornecer �m escrito q�e não repo�se n�m est�do sério mas sim em montagens históricas e em ninharias literárias, como o fez São Br�no na s�a História do séc�lo XVI!! at�almente esq�ecida. Estes enfat�ados merceeiros do pensamento q�e se j�lgam infinitamente acima dos preconceitos nacionais são, na prática, m�ito mais nacionais do q�e esses filiste�s das cervejarias q�e sonham b�rg�esmente com a �nidade alemã. Rec�sam todo o caráter histórico às ações dos o�tros povos, vivem na Alemanha e para a Alemanha, transformam a Canção do Reno em hino espirit�al (56), e conq�istam a Alsácia-Lorena pilhando a filosofia francesa, em vez de pilharem o Estado francês, e germanizando o pensamento francês, em vez de germanizarem as províncias francesas. Até o Sr. Veneday (57) faz fig�ra de ;cosmopolita ao lado de São Br�no e de São Max (58) q�e proclamam a hegemonia da Alemanha q�ando proclamam a hegemonia da teoria. Destas considerações ded�z-se facilmente o erro em q�e cai Fe�erbach q�ando (na Revista trimestral de Wigand, 1845, tomo II (59)), ao q�alificar-se de «homem com�nitário», se proclama com�nista e transforma este nome n�m predicado de «o» homem, j�lgando assim poder transformar n�ma simples categoria o termo de com�nista q�e, no m�ndo at�al, designa aq�ele q�e adere a �m determinado partido revol�cionário. Toda a ded�ção de Fe�erbach no q�e respeita às relações recíprocas entre os homens pretende �nicamente provar q�e os homens têm necessidade �ns dos o�tros e q�e sempre assim acontece�. Q�er q�e seja estabelecida a consciência deste fato; ao contrário dos o�tros teóricos, apenas pretende s�scitar �ma j�sta consciência de �m fato existente, ao passo q�e para o com�nista real o q�e importa é derr�bar essa ordem existente. Por o�tro lado, reconhecemos q�e Fe�erbach, nos se�s esforços para generalizar a consciência deste fato, vai tão longe q�anto lhe é possível sem deixar de ser �m teórico e �m filósofo; mas pensamos ser característico o fato de São Br�no e São Max �tilizarem a representação do com�nista seg�ndo Fe�erbach em vez do com�nista real, e de o fazerem em parte com o objetivo de poderem combater o com�nismo enq�anto «Espírito do espírito», enq�anto categoria filosófica enq�anto adversário existente ao mesmo nível deles - e, no caso de São Br�no, em partic�lar, ainda por interesses pragmáticos. Como exemplo deste reconhecimento e desconhecimento do estado de coisas existentes, lembremos a

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passagem da Filosofia do f�t�ro (60) onde desenvolve a idéia de q�e o Ser de �m objeto o� de �m homem constit�i ig�almente a s�a essência, de q�e as condições de existência, o modo de vida e a atividade determinada de �ma criat�ra animal o� h�mana são aq�eles com q�e a s�a «essência» se sente satisfeita. Cada concepção é aq�i compreendida expressamente como �m acaso infeliz, como �ma anomalia q�e não se pode modificar. Portanto, se existem milhões de proletários q�e não se sentem satisfeitos com as s�as condições de vida, se o se� «Ser» não corresponde de forma alg�ma à s�a «essência», deveríamos considerar este fato como �ma infelicidade inevitável q�e seria conveniente s�portar tranqüilamente. No entanto, estes milhões de proletários têm �ma opinião m�ito diferente sobre este ass�nto e demonstrá-la-ão q�ando chegar o momento, q�ando p�serem na prática o se� «ser» em harmonia com a s�a «essência», através de �ma revol�ção. É precisamente por isso q�e, nestes casos, Fe�erbach n�nca fala do m�ndo dos homens e se ref�gia na nat�reza exterior, na nat�reza q�e o homem ainda não controlo�. Mas cada invenção nova, cada progresso da indústria faz tombar �m po�co esta arg�mentação e o campo onde nascem os exemplos' q�e permitem verificar as afirmações daq�ele gênero, dimin�i cada vez mais. A «essência» do peixe, para retomar �m dos exemplos de Fe�erbach, corresponde exatamente ao se� «ser», à ág�a, e a «essência» do peixe de rio será a ág�a desse rio. Mas essa ág�a deixa de ser a s�a «essência» e transforma-se n�m meio de existência q�e não lhe convém, a partir do momento em q�e passa a ser �tilizada pela indústria e fica pol�ída por corantes e o�tros desperdícios, a partir do momento em q�e o rio é percorrido por barcos a vapor o� em q�e o se� c�rso é desviado para canais onde é possível privar o peixe do se� meio de existência pelo simples ato de cortar a ág�a. Declarar q�e todas ais contradições deste gênero são meras anomalias inevitáveis não difere de modo alg�m da consolação q�e São Stirner oferece aos insatisfeitos q�ando lhes declara q�e esta contradição lhes é intrínseca, q�e esta má sit�ação é necessariamente a q�e lhes corresponde, concl�indo q�e não lhes compete protestar mas sim g�ardar para si mesmos a s�a indignação o� revoltarem-se contra a s�a sorte mas de �ma forma mítica. Esta «explicação» também não difere da crítica q�e lhe é feita por São Br�no ao afirmar q�e essa sit�ação infeliz é �ma conseqüência de os interessados se terem mantido ao nível da «S�bstância» em vez de progredirem até à «Consciência de si absol�ta» e de não terem sabido ver nessas más condições de vida o Espírito do se� espírito. Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes, o� seja, a classe q�e tem o poder material dominante n�ma dada sociedade é também a potência dominante espirit�al. A classe q�e dispõe dos meios de prod�ção material dispõe ig�almente dos meios de prod�ção intelect�al, de tal modo q�e o pensamento daq�eles a q�em são rec�sados os meios de prod�ção intelect�al está s�bmetido ig�almente à classe dominante. Os pensamentos dominantes são apenas a expressão ideal das relações materiais dominantes concebidas sob a forma de idéias e, portanto, a expressão das relações q�e fazem de �ma classe a classe dominante; dizendo de o�tro modo, são as idéias do se� domínio. Os indivíd�os q�e constit�em a classe dominante poss�em entre o�tras coisas �ma consciência, e é em conseqüência disso q�e pensam; na medida em q�e dominam enq�anto classe e determinam �ma época

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histórica em toda a s�a extensão, é lógico q�e esses indivíd�os dominem em todos os sentidos, q�e tenham, entre o�tras, �ma posição dominante como seres pensantes, como prod�tores de idéias, q�e reg�lamentem a prod�ção e a distrib�ição dos pensamentos da s�a época; as s�as idéias são, portanto, as idéias dominantes da s�a época. Consideremos por exemplo �m país e �m tempo em q�e o poder real, a aristocracia e a b�rg�esia disp�tam o poder e onde este é portanto partilhado; vemos q�e o pensamento dominante é aí a do�trina da divisão dos poderes, por isso en�nciada como «lei eterna». Reencontramos aq�i a divisão de trabalho q�e antes encontramos como �ma das forças capitais da história. Manifesta-se ig�almente no seio da classe dominante sob a forma de divisão entre o trabalho intelect�al e o trabalho material, a ponto de encontrarmos d�as categorias diferentes de indivíd�os nessa mesma classe. Uns serão os pensadores dessa classe (os ideólogos ativos, q�e refletem e tiram a s�a s�bstância principal da elaboração das il�sões q�e essa classe tem de si própria), e os o�tros têm �ma atit�de mais passiva e mais receptiva face a esses pensamentos e a essas il�sões, porq�e são, na realidade, os membros ativos da classe e dispõem de menos tempo para prod�zirem il�sões e idéias sobre as s�as próprias pessoas. No seio dessa classe, essa cisão só pode dar origem a �ma certa oposição e a �ma certa hostilidade entre as d�as partes em presença. Mas q�ando s�rge �m conflito prático em q�e toda a classe é ameaçada, essa oposição desaparece e cai a il�são de q�e as idéias dominantes não são as idéias da classe dominante e de q�e têm poder distinto do poder dessa classe. A existência de idéias revol�cionárias n�ma época determinada press�põe já a existência de �rna classe revol�cionária; dissemos anteriormente t�do o q�e era necessário referir acerca das condições prévias de �ma tal sit�ação. Admitamos q�e, na maneira de conceber a marcha da história, se destacam as idéias da classe dominante dessa mesma classe dominante e q�e se consideram aq�elas como �ma entidade. S�ponhamos q�e só nos interessa o fato de determinadas idéias dominarem n�ma certa época, sem nos preoc�parmos com as condições de prod�ção nem com os prod�tores dessas idéias, abstraindo portanto dos indivíd�os e das circ�nstâncias m�ndiais q�e possam estar na base dessas idéias. Poder-se-á então dizer, por exemplo, q�e no tempo em q�e reinava a aristocracia, estava-se em pleno reinado dos conceitos de honra, de fidelidade, etc., e q�e no tempo em q�e reinava a b�rg�esia existia o reinado dos conceitos de liberdade, de ig�aldade, etc.(61) É o q�e pensa a própria classe dominante. Esta concepção da história, com�m a todos os historiadores, principalmente a partir do séc�lo XVIII, chocará com o fato de os pensamentos reinantes serem cada vez mais abstratos, adq�irindo cada vez mais �ma forma �niversal. Com efeito, cada nova classe no poder é obrigada, q�anto mais não seja para atingir os se�s fins, a representar o se� interesse como sendo o interesse com�m a todos os membros da sociedade o�, exprimindo a coisa no plano das idéias, a dar aos se�s pensamentos a forma da �niversalidade, a representá-los como sendo os únicos razoáveis, os únicos verdadeiramente válidos. Do simples fato de ela se defrontar com �ma o�tra classe, a classe revol�cionária s�rge-nos primeiramente não como classe mas como representante da sociedade inteira, como toda a massa da sociedade em choq�e com a única

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classe dominante. Isto é possível porq�e, no início, o se� interesse está ainda intimamente ligado ao interesse com�m de todas as o�tras classes não dominantes e porq�e, sob a pressão do estado de coisas anteriores, este interesse alinda não se pôde desenvolver como interesse partic�lar de �ma classe partic�lar. Por este fato, a vitória dessa classe é útil a m�itos indivíd�os das o�tras classes q�e não conseg�em chegar ao poder; mas é �nicamente na medida em q�e coloca o s indivíd�os em estado de poderem chegar à classe dominante. Q�ando a b�rg�esia francesa derr�bo� o domínio da aristocracia, permiti� a m�itos proletários s�bir acima do proletariado, mas permiti�-o apenas no sentido de q�e fez deles b�rg�eses. Cada nova classe apenas estabelece portanto o se� domínio n�ma base mais vasta do q�e a classe q�e dominava anteriormente; por o�tro lado, a oposição entre a nova classe dominante e as q�e não dominam torna-se ainda mais prof�nda e at�al. Daq�i se depreende q�e o combate q�e é necessário travar contra a nova classe dirigente terá por fim negar as condições sociais anteriores de �ma forma mais decisiva e mais radical do q�e aq�ela q�e fora empreg�e por todas as classes q�e antes detiveram o poder. Toda a il�são q�e consiste em pensar q�e o domínio de �ma classe determinada é apenas o domínio de certas idéias, cessa nat�ralmente desde q�e o domínio de �ma classe deixa de ser a forma do regime social, isto é, q�ando deixa de ser necessário representar �m interesse partic�lar como sendo o interesse geral o� de representar o «Universal» como dominante. (62) Depois de separar as idéias dominantes dos indivíd�os q�e exercem o poder e sobret�do das relações q�e decorrem de �m dado- estádio do modo de prod�ção, é fácil concl�ir q�e são sempre as idéias q�e dominam na história, podendo-se então abstrair, destas diferentes idéias, a «Idéia», o� seja, a idéia por excelência, etc., fazendo dela o elemento q�e domina na história e concebendo então todas as idéias e conceitos isolados como «a�todeterminações» do conceito q�e se desenvolve ao longo da história. Em seg�ida, é ig�almente nat�ral fazer derivar todas as relações h�manas do conceito de homem, do homem representado, da essência do homem, n�ma palavra, de o Homem. É o q�e faz a filosofia espec�lativa. O próprio Hegel afirma, no fim da Filosofia da história, q�e «apenas examina o desenvolvimento do Conceito» e q�e expôs na s�a história a «verdadeira teodiceia» (pág. 446). Podemos agora regressar aos prod�tores «do Conceito», aos teóricos, ideólogos e filósofos, para chegar à concl�são de q�e os filósofos enq�anto tais sempre dominaram na história o� seja, a �m res�ltado a q�e o próprio Hegel já tinha chegado, como acabamos de ver. Com efeito, a façanha q�e consiste em demonstrar q�e o Espírito é soberano- na história (o q�e Stirner chama hierarq�ia) red�z-se aos três esforços seg�intes: 1.0 É necessário separar as idéias daq�eles q�e, por razões empíricas, dominam enq�anto indivíd�os materiais e em condições empíricas, desses próprios homens, e reconhecer em seg�ida q�e são as il�sões o� as idéias q�e dominam a história. É necessário ordenar esse domínio das idéias, estabelecer �ma relação mística entre as s�cessivas idéias dominantes, e isto conseg�e-se concebendo-as como «a�todeterminações do conceito». (O fato de estes pensamentos estarem realmente ligados entre si através da s�a base empírica torna a coisa possível; por o�tro lado, compreendidos como pensamentos p�ros e simples, tornam-se diferenciações de si, distinções prod�zidas pelo próprio pensamento). Para

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desenvencilhar do se� aspecto místico este «conceito q�e se determina a si mesmo», ele é transformado em pessoa- «a Consciência de si» - o�, para parecer materialista, é considerado como �ma série de pessoas q�e representam «o Conceito» na história, a saber «OS pensadores», os «filósofos» e os ideólogos q�e são considerados, por s�a vez, como os fabricantes da história, como «o- comitê dos g�ardiões», como os dominadores. Eliminam-se sim�ltaneamente todos os elementos materialistas da história e pode-se tranqüilamente dar rédea solta ao pendor espec�lativo. Este método do fazer história q�e era empreg�e sobret�do na Alemanha deve ser explicado a partir do contexto: a il�são dos ideólogos em geral q�e, por exemplo, está relacionada com as il�sões dos j�ristas, dos políticos (e dos homens de Estado). É então necessário considerar os sonhos dogmáticos e as idéias extravagantes desses s�jeitos como �ma il�são q�e se explica m�ito simplesmente pela s�a posição prática na vida, a s�a profissão- e a divisão do trabalho. Na vida corrente, q�alq�er shopkeeper (63) sabe m�ito bem fazer a distinção entre aq�ilo q�e cada �m pretende ser e aq�ilo q�e é realmente; mas a nossa história ainda não conseg�i� chegar a esse conhecimento v�lgar. Relativamente a cada época, a historiografia acredita plenamente naq�ilo q�e a época em q�estão diz de si mesma e nas il�sões q�e tem sobre si mesma.

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...foi encontrado (64) Do primeiro ponto res�lta a necessidade de �ma divisão do trabalho aperfeiçoada e de �ni comércio vasto como condições prévias, res�ltando o caráter local do seg�ndo ponto. No primeiro- caso, deve-se associar os indivíd�os; no seg�ndo, estes encontram-se ao mesmo nível de q�alq�er instr�mento de prod�ção, são eles mesmos instr�mentos de prod�ção. S�rge aq�i portanto a diferença entre os instr�mentos de prod�ção nat�rais e os instr�mentos de prod�ção criados pela civilização. O campo c�ltivado (a ág�a, etc.) pode ser considerado- como �m instr�mento de prod�ção nat�ral. No primeiro caso, o do instr�mento de prod�ção nat�ral, os indivíd�os estão s�bordinados à nat�reza; no seg�ndo, estão s�bordinados a �m prod�to do trabalho. No primeiro caso, a propriedade, trata-se aq�i da propriedade f�ndiária, aparece portanto também como �m domínio imediato e nat�ral; no seg�ndo, esta propriedade s�rge como domínio do trabalho e mais ainda do trabalho ac�m�lado, do capital. O primeiro caso press�põe q�e os indivíd�os estão �nidos por algo, q�er seja a família, a tribo, até o próprio solo, etc. O seg�ndo press�põe q�e eles são independentes �ns dos o�tros e só se mantêm �nidos devido às trocas. No primeiro caso, a troca é essencialmente �ma troca entre os homens e a nat�reza, �ma troca em q�e o trabalho do �ns é trocado pelo prod�to do o�tro; no seg�ndo, trata-se predominantemente de �ma troca entre os próprios homens. No primeiro caso, basta ao homem �ma inteligência média e a atividade corporal e intelect�al não

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estão ainda separadas: no seg�ndo, a divisão entre o trabalho corporal e o trabalho intelect�al já está praticamente efet�ada. No primeiro caso, o domínio do proprietário sobre os não-poss�idores pode repo�sar em relações pessoais, n�ma espécie de com�nidade; no seg�ndo, deverá ter tomado �ma forma material, encarnar-se n�m terceiro termo, .) dinheiro. No primeiro caso, existe a peq�ena indústria, mas s�bordinada à �tilização do instr�mento de prod�ção nat�ral e, portanto, sem repartição do trabalho- entre os diferentes indivíd�os; no seg�ndo, a indústria só existe na divisão do trabalho e através dela. Até agora partimos dos instr�mentos de prod�ção, e mesmo nestas condições a necessidade da propriedade privada para certos estádios ind�striais era já evidente. Na ind�strie extractive (65) , a propriedade privada coincide ainda plenamente com o trabalho; na peq�ena indústria e em toda a agric�lt�ra a propriedade é. até agora, a conseqüência necessária dos instr�mentos existentes; na- grande indústria, a contradição entre o instr�mento de prod�ção e a propriedade privada é tão- somente �m se� prod�to, e ela necessita de se encontrar m�ito desenvolvida para o poder criar. A abolição da propriedade privada só é portanto possível com a grande indústria.

A maior divisão entre o trabalho material e o intelect�al é a trad�zida pela separação da cidade e do campo. A oposição entre a cidade e o campo s�rge com a passagem da barbárie à civilização, da organização tribal ao Estado, do provincialismo à nação, e persiste através de toda a história da civilização até aos nossos dias (Liga contra a lei sobre os cereais). A existência da cidade implica imediatamente a necessidade da administração, da polícia, dos impostos, etc., n�ma palavra, a necessidade da organização com�nitária, partindo da política em geral. É aí q�e aparece em primeiro l�gar a divisão da pop�lação em d�as grandes classes, divisão essa q�e repo�sa diretamente na divisão do trabalho e nos instr�mentos de prod�ção. A cidade é o res�ltado cia concentração da pop�lação, dos instr�mentos de prod�ção, do capital, dos prazeres e das necessidades, ao passo q�e o campo põe em evidência o fato oposto, o- isolamento- e a dispersão. A oposição entre a cidade e o campo só pode existir no q�adro da propriedade privada; é a mais flagrante expressão da s�bordinação do indivíd�o à divisão do trabalho, da s�bordinação a �ma atividade determinada q�e lhe é imposta. Esta s�bordinação faz de �m habitante �m animal da cidade o� �m animal do campo, tão limitados �m como o o�tro, e faz renascer todos os dias a oposição entre os interesses das d�as partes. O trabalho é an�i ainda o mais importante, o poder sobre os indivíd�os, e enq�anto este poder existir haverá sempre �ma propriedade privada. A abolição desta oposição entre a cidade e o campo é �ma das primeiras condições de �ma existência verdadeiramente com�nitária; essa condição depende por s�a vez de �m conj�nto de condições materiais prévias q�e não é possível realizar por �m mero ato de vontade, como se pode verificar à primeira vista (é necessário q�e essas condições já estejam desenvolvidas). Pode-se ainda

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considerar a separação entre a cidade e o campo como sendo a separação entre o capital e a propriedade f�ndiária, como o início de �ma existência e de �m desenvolvimento do capital independentes da propriedade f�ndiária, como o começo de �ma propriedade tendo por única base o trabalho e as trocas. Nas cidades q�e não foram constr�ídas antes da Idade Média e se formaram, portanto, nesta época, povoando-se de servos libertos, o trabalho partic�lar de cada �m era a s�a única propriedade, para além do peq�eno capital q�e lhes pertencia e q�e era q�ase excl�sivamente constit�ído pelos instr�mentos mais indispensáveis. A concorrência dos servos f�gitivos q�e- não cessavam de afl�ir às cidades a g�erra incessante do campo contra as cidades e, portanto, a necessidade de �nia força militar �rbana organizada, a relação entre posso-as constit�ída pela propriedade em com�m de �m dado trabalho, a necessidade de edifícios com�ns para a venda das mercadorias n�m tempo em q�e os artesãos eram também comerciantes e a excl�são de tais edifícios de pessoais não q�alificadas, a oposição dos interesses das diferentes profissões, a necessidade de proteger �m trabalho aprendido com esforço e a organização fe�dal de todo o país foram a ca�sa de os trabalhadores se �nirem em corporações. Não desejamos aprof�ndar aq�i ais múltiplas modificações do sistema das corporações introd�zidas pelos desenvolvimentos históricos �lteriores. O êxodo dos servos para as cidades prosseg�i� sem q�alq�er interr�pção d�rante toda a idade média. Estes servos, perseg�idos no campo pelos se�s senhores, chegavam às cidades onde encontravam �ma com�nidade organizada contra a q�al eram impotentes e no interior da q�al lhes era necessário aceitar a sit�ação q�e lhes atrib�íam o q�e era conseqüência da necessidade q�e havia do se� trabalho e do interesse dos se�s concorrentes organizados da cidade. Estes trabalhadores, chegando à cidade isolados, n�nca conseg�iram constit�ir �ma força, pois o� o se� trabalho era da competência de �ma dada corporação o devia ser aprendido, o então os mestres dessa corporação s�bmetiam-nos às s�as leis o organizavam-nos de acordo com os se�s interesses, o� o se� trabalho não exigia q�alq�er aprendizagem, não era da competência de q�alq�er corporação, era �m trabalho do jornaleiros e, neste caso, n�nca chegavam a constit�ir �ma organização mantendo-se como �ma plebe inorganizada. A necessidade do trabalho à jornada nas cidades crio� a plebe. Estas cidades formavam verdadeiras «associações» provocadas pelas necessidades imediatas, pelas preoc�pações de proteção da propriedade, e estavam a m�ltiplicar os meios de prod�ção e os meios de defesa dos se�s membros individ�almente considerados. A plebe destas cidades, compondo-se de indivíd�os desconhecidos �ns dos o�tros e q�e chegavam à cidade separadamente, não tinha q�alq�er organização q�e lhe permitisse enfrentar �m poder já organizado, eq�ipado para a g�erra e q�e os vigiava invejosamente; e isto explica q�e ela fosse privada de q�alq�er poder. Os companheiros e aprendizes estavam organizados em cada profissão da forma q�e melhor servia os interesses dos mestres (66), as relações patriarcais q�e existiam entre elas e os mestres conferiam a estes últimos �m poder d�plo. Por �m lado, tinham �ma infl�ência direta sobre toda a vida dos oficiais; por o�tro lado, pelo fato de estas relações representarem �ma verdadeira ligação entre os companheiros q�e trabalhavam para �m mesmo mestre, estes constit�íam �m bloco frente aos

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companheiros ligados a o�tros mestres, o q�e os separava; e em último l�gar, os companheiros já estavam ligados ao regime existente pelo- simples fato de terem interesse em chegar a mestres. Por conseqüência, enq�anto a plebe se lançava, pelo menos de vez em q�ando, em motins contra toda a ordem m�nicipal, motins esses q�e, dada a s�a impotência eram perfeitamente inoperantes, os oficiais n�nca �ltrapassaram peq�enas rebeliões no interior de corporações isoladas, como existem aliás em q�alq�er regime corporativo. As grandes s�blevações :da idade média partiram todas do campo, e todas elas falharam devido à dispersão dos camponeses e à inc�lt�ra q�e era a s�a conseqüência. Nas cidades, o capital era �m capital nat�ral q�e consistia em alojamento, instr�mentos e �ma clientela nat�ral hereditária, e transmitia-se necessariamente de pais 'para filhos dado o estado ainda embrionário das trocas e a falta de circ�lação q�e. impossibilitava a realização desse capital. Contrariamente ao capital moderno, o dessa época não podia ser avaliado em dinheiro e não era indiferente q�e ele fosse aplicado neste o� naq�ele investimento: tratava-se de �m capital ligado diretamente ao trabalho determinado do se� poss�idor, inseparável deste trabalho, o� seja, de �m capital ligado a �m estado. Nas cidades, a divisão do trabalho efet�ava-se ainda de �ma forma perfeitamente espontânea entre as diferentes corporações mas não existia entre os operários tomados isoladamente no interior das próprias corporações. Cada trabalhador devia estar apto a exec�tar todo �m ciclo de trabalhos; devia poder fazer t�do o q�e podia ser feito com os se�s instr�mentos; as trocas restritas, as po�cas ligações existentes entre as diversas cidades, a raridade da pop�lação e o tipo de necessidade não favoreciam �ma divisão de trabalho desenvolvida, e é por isso q�e q�em desejava tornar-se mestre devia conhecer a s�a profissão a f�ndo. Devido a isto, encontra-se ainda nos artesãos da Idade Média �m interesse pelo se� trabalho partic�lar e pela habilidade nesse trabalho q�e podia até elevar-se a �m certo sentido artístico. E é também por isso q�e cada artesão da Idade Média se dava inteiramente ao se� trabalho; s�jeitava-se sentimentalmente a ele e estava--lhe m�ito mais s�bordinado do q�e o trabalhador moderno para o q�al o se� trabalho é perfeitamente indiferente. O seqüente desenvolvimento da divisão de trabalho trad�zi�-se pela separação entre a prod�ção e o comércio, a formação de �ma classe partic�lar de comerciantes, separação essa q�e já era �m fato nas cidades antigas (o caso dos J�de�s, entre o�tros), e q�e depressa s�rgi� nas cidades de formação recente. Isto implicava a possibilidade de �ma ligação comercial q�e �ltrapassava os arredores mais próximos e a realização desta possibilidade dependia dos meios de com�nicação existentes, do estado da seg�rança pública no campo, o q�al era ainda condicionado pelas relações políticas (sabe-se q�e, d�rante toda a Idade Média, os comerciantes viajavam em caravanas armadas); dependia também das necessidades do território acessível ao comércio, necessidades c�jo gra� de desenvolvimento era determinado, em cada caso, pelo nível de civilização. A constit�ição de �ma classe partic�lar q�e se entregava apenas ao comércio e o alargamento do comércio para além dos arredores imediatos da cidade graças aos negociantes, fizeram s�rgir imediatamente �ma ação recíproca entre a prod�ção e o comércio. As cidades entram (67) em relações entre si, transportam-se de �rna cidade para o�tra instr�mentos novos e a divisão da prod�ção e do comércio

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s�scita rapidamente �ma nova divisão da prod�ção entre as diferentes cidades, ficando cada �ma a explorar predominantemente �m determinado ramo da indústria. Os limites anteriores começam po�co a po�co a desaparecer. O fato de as forças prod�tivas adq�iridas n�ma dada localidade, sobret�do as invenções, se perderem o� não, para o desenvolvimento �lterior, dependia �nicamente da extensão das trocas. Enq�anto não existem ainda relações comerciais para além da vizinhança imediata, é forçoso realizar a mesma invenção em cada localidade, e bastam p�ros acasos tais como o aparecimento de povos bárbaros e mesmo as g�erras normais para obrigar �m país q�e tem forças prod�tivas e necessidades desenvolvidas a partir novamente do nada. No início da história, era necessário criar todos os dias cada invenção e fazê-lo em cada localidade de �ma forma independente. O exemplo dos fenícios mostra-nos até q�e ponto as forças prod�tivas desenvolvidas mesmo com �m comércio relativamente po�co vasto, são s�sceptíveis de �ma destr�ição total, pois a maior parte das s�as invenções desapareceram em res�ltado de a nação ter sido eliminada do comércio e conq�istada por Alexandre, o q�e provoco� a s�a decadência. O mesmo acontece na Idade Média com a pint�ra do vidro, por exemplo. A d�ração das forças prod�tivas adq�iridas só é asseg�rada q�ando o comércio adq�ire �ma extensão m�ndial q�e tem por base a grande indústria e q�ando todas as nações são arrastadas para a l�ta da concorrência. A divisão do trabalho entre as diferentes cidades teve como primeira conseqüência o nascimento das man�fat�ras, ramos da prod�ção q�e escapavam ao sistema corporativo. O primeiro s�rto de man�fat�ras - na Itália- e mais tarde na Flandres - teve como condição histórica prévia o comércio com as o�tras nações. Nos o�tros países - a Inglaterra e a França, por exemplo - as man�fat�ras limitaram-se nos se�s começos ao mercado interno. Além das condições prévias já indicadas, as man�fat�ras necessitam ainda, para se estabelecerem, de �ma já elevada concentração da pop�lação - sobret�do nos campos - e de capital q�e nesse momento se começava a ac�m�lar n�m peq�eno número de mãos, cm parte nas corporações apesar dos reg�lamentos administrativos, e em parte nos comerciantes. O trabalho q�e mais depressa se mostro� s�sceptível de desenvolvimento foi aq�ele q�e implicava o emprego de �ma máq�ina, por m�ito r�dimentar q�e ela fosse. A tecelagem, q�e os camponeses efet�avam até então nos campos, à margem do se� trabalho, para arranjarem o vest�ário de q�e necessitavam, foi o primeiro trabalho q�e recebe� �m imp�lso e teve �m maior desenvolvimento graças à extensão das relações comerciais. A tecelagem foi a primeira e, d�rante m�ito tempo, a principal atividade man�fat�reira. A proc�ra de fazendas para confeccionar o vest�ário, q�e a�mentava proporcionalmente ao acréscimo da pop�lação, o início da ac�m�lação e da mobilização do capital primitivo graças a �ma circ�lação acelerada, a necessidade de l�xo q�e daí res�lto� e q�e favorecem sobret�do a extensão progressiva do comércio, deram à tecelagem tanto no q�e respeita à q�antidade como à q�alidade, �m imp�lso q�e arranco� à forma de prod�ção anterior. Ao lado dos camponeses q�e teciam para satisfazer as s�as necessidades pessoais, q�e aliás contin�aram a s�bsistir e alinda hoje se encontram, nasce� nas cidades �ma nova classe de tecelões c�jos panos eram destinados a todo o mercado- interno e, m�itas vezes, aos mercados externos.

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A tecelagem, trabalho q�e exige po�ca habilidade na maior parte dos casos e q�e se s�bdivide depressa n�ma infinidade de ramos, era nat�ralmente refratária às cadeias da corporação. Devido a isto, foi sobret�do praticada nas aldeias e nos povoados sem organização corporativa q�e se transformaram po�co a po�co em cidades, e até nas cidades mais florescentes de cada país. Com o aparecimento da man�fat�ra libertada da corporação, as relações de propriedade transformaram-se também imediatamente. O primeiro passo em frente para �ltrapassar o capital- primitivo ligado a �m estado foi marcado pelo aparecimento dos comerciantes q�e poss�íam �m capital móvel portanto �m capital no sentido moderno do termo, tanto q�anto era possível nas condições de vida do tempo. O seg�ndo progresso foi marcado pela man�fat�ra q�e mobilizo� por s�a vez �ma grande massa do capital primitivo e a�mento� de �m modo geral a massa do capital móvel relativamente ao capital primitivo. A man�fat�ra torno�-se sim�ltaneamente �m rec�rso para os camponeses contra as corporações q�e os excl�íam o� lhes pagavam bastante mal, do mesmo modo q�e o�trora essas mesmas corporações lhes tinham servido de refúgio contra os proprietários de terras. O início da laboração man�fat�reira foi marcado sim�ltaneamente por �m período de vagab�ndagem ca�sado pelo desaparecimento das comitivas armadas dos senhores fe�dais e pelo licenciamento dos exércitos q�e os reis tinham �tilizado contra os se�s vassalos, pelos progressos da agric�lt�ra e a transformação de terras de trabalho em pastes. Daq�i se concl�i q�e a vagab�ndagem estava intimamente ligada à decomposição do fe�dalismo. A partir do séc. XIII encontramos alg�ns períodos esporádicos em q�e este fenômeno se verificava, mas só nos finais do séc�lo. XV e princípios do séc�lo XVI poderemos encontrar �ma vagab�ndagem permanente e generalizada. Os vagab�ndos eram em tal n�mero q�e o rei Henriq�e VIII de Inglaterra. entre o�tros. mando� enforcar 72 000 e mesmo assim só �ma miséria extrema os levo� a trabalhar, depois de enormes dific�ldades e de �ma longa resistência. A rápida prosperidade das man�fat�ras, sobret�do na Inglaterra. absorve�-os progressivamente. Com o advento da man�fat�ra, as diferentes nações entraram em concorrência n�ma l�ta comercial q�e se efet�o� através de g�erras, de direitos alfandegários e de proibições, enq�anto anteriormente só existiam trocas inofensivas entre as nações. O comércio passa a ter �m significado político. A man�fat�ra cond�zi� sim�ltaneamente a �ma modificação das relações entre trabalhador e empregador. Nas corporações, as relações patriarcais entre os oficiais e o mestre s�bsistiam; na man�fat�ra, foram s�bstit�ídas por relações monetárias entre o trabalhador e o capitalista, as q�ais, nos campos e nas peq�enas cidades, ainda mantinham traços de patriarcalisrno, mas q�e os perderam q�ase totalmente nas cidades, sobret�do nas man�fat�reiras de �ma certa importância. A man�fat�ra e o movimento da prod�ção sofreram �m imp�lso prodigioso devido à expansão do comércio q�e cond�zi� à descoberta da América e do caminho marítimo para a Índia. Os novos prod�tos importados das Índias, e principalmente o o�ro e a prata q�e entraram em circ�lação, transformaram inteiramente a sit�ação recíproca das classes sociais e desferiram �m r�de golpe na propriedade f�ndiária fe�dal e nos trabalhadores; as expedições dos avent�reiros, a

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colonização, e acima de t�do o fato de os mercados adq�irirem a amplit�de de mercados m�ndiais, o q�e se torna agora possível e cada dia toma maiores proporções, provocaram �ma nova fase do desenvolvimento histórico; mas não vemos por ora necessidade de nos deter aq�i. A colonização dos países recém-descobertos fornece �m alimento novo à l�ta comercial a q�e as nações se entregavam e, conseq�entemente, esta l�ta adq�iri� �ma extensão e �m encarniçamento ainda maiores. A expansão do comércio e da man�fat�ra aceleraram a ac�m�lação do capital móvel, ao passo q�e, nas corporações q�e não recebiam estím�lo para a�mentar a s�a prod�ção, o capital primitivo permanecia estável o� até dimin�ía. O comércio e a man�fat�ra criaram a grande b�rg�esia; nas corporações, verifico�-se �ma concentração da peq�ena b�rg�esia q�e deixo� de ab�ndar nas cidades como anteriormente, para se s�bmeter ao domínio dos grandes comerciantes e dos man�fact�riers (68) Daq�i res�lto� o declínio das corporações a partir do momento em q�e entraram em contato com a man�fat�ra. As relações comerciais entre as nações revestiram dois aspectos diferentes no período a q�e nos referimos. De início, a fraca q�antidade de o�ro e de prata em circ�lação determino� a proibição de exportar esses metais; a necessidade de oc�par a crescente pop�lação das cidades torno� necessária a indústria, normalmente importada do estrangeiro, e essa indústria não podia dispensar os privilégios q�e eram concedidos não somente contra a concorrência interna, mas sobret�do contra a concorrência externa. Nestas primeiras disposições, incl�i�-se o alargamento do privilégio corporativo local a toda a nação. Os direitos alfandegários têm a s�a origem nos direitos q�e os senhores fe�dais imp�nham aos mercadores q�e atravessavam o se� território a tit�lo de resgate da pilhagem: estes direitos foram mais tarde impostos pelas cidades e, com o aparecimento dos Estados modernos, constit�íram a forma mais fácil de permitir ao- fisco armazenar dinheiro. Estas medidas revestiam-se de �m novo significado com o aparecimento do o�ro e da prata americanos nos mercados e�rope�s, com o progressivo desenvolvimento da indústria, o rápido imp�lso do comércio e as s�as conseqüências, a prosperidade da b�rg�esia fora das corporações e a importância crescente do dinheiro. O Estado, para o q�al se tornava dia a dia mais difícil dispensar o dinheiro, manteve a interdição de exportar o�ro e prata, �nicamente por considerações fiscais; os b�rg�eses, c�jo objetivo principal era agora o de açambarcar a grande massa de dinheiro novamente lançada no mercado, encontravam-se plenamente satisfeitos; os privilégios existentes tornaram-se �ma fonte de receitas para o governo e foram vendidos a troco de dinheiro; na legislação das alfândegas apareceram os direitos à exportação q�e, pondo �m obstác�lo no caminho da indústria, tinham �m fim p�ramente fiscal. O seg�ndo período inicio�-se em meados do séc�lo XVII e d�ro� q�ase até ao fim do séc�lo XVIII. O comércio e a navegação tinham-se desenvolvido mais rapidamente do q�e a man�fat�ra, q�e desempenhava �m papel sec�ndário; as colônias transformaram-se grad�almente em grandes cons�midores; à c�sta de longos combates, as diferentes nações partilharam entre si o mercado m�ndial' q�e se abria. Este período começa com as leis sobre a navegação (69) e os monopólios

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coloniais. Evito�-se, tanto q�anto possível, por meio de tarifas, proibições e tratados, q�e as diversas nações p�dessem fazer concorrência �mas às o�tras; e, em �ltima instância, foram as g�erras, e sobret�do as g�erras marítimas, q�e serviram para cond�zir a l�ta da concorrência e decidir do se� res�ltado. A nação mais poderosa no mar, a Inglaterra, conservo� a primazia no comércio e na man�fat�ra. Já aq�i se verificava �ma concentração n�m único país. A man�fat�ra obtinha garantias constantes no mercado nacional através de direitos protetores. da concessão de monopólios no mercado colonial, e, para o exterior, mediante alfândegas diferenciais. Favorecia-se a transformação da matéria br�ta prod�zida no próprio pais (lã e linho em Inglaterra, seda em França); interdito�-se a exportação da matéria-prima prod�zida no local (lã rim Inglaterra) e negligencio�-se o� dific�lto�-se a da matéria importada (algodão em Inglaterra). A nação q�e poss�ía a s�premacia no comércio marítimo e o poder colonial asseg�ro� também nat�ralmente a maior extensão q�antitativa e q�alitativa da man�fat�ra. A man�fat�ra não podia de forma alg�ma dispensar proteção, na medida em q�e a menor alteração verificada no�tros países a podia levar à perda do se� mercado e, conseq�entemente à r�ína; pois se é fácil introd�zi-la n�m país em condições �m po�co favoráveis é ig�almente fácil destr�í-la. Por o�tro lado, pela forma como era praticada no campo, sobret�do no séc�lo XVIII, a man�fat�ra encontra-se tão intimamente ligada às condições de vida de �ma grande massa de indivíd�os q�e nenh�m país pode arriscar-se a pôr a s�a existência em jogo pela introd�ção da livre concorrência nesse campo. Na medida em q�e atinge a exportação, passa por isso a depender inteiramente da extensão o� da limitação do comércio e exerce sobre ele �ma cação recíproca m�ito fraca. Dai, a s�a importância sec�ndária... (70) e a infl�ência dos comerciantes no séc�lo XVIII. Foram os comerciantes, e m�ito partic�larmente os armadores, q�e, mais do q�e q�aisq�er o�tros, insistiram na proteção do Estado e nos monopólios; é certo q�e os man�fat�reiros pediram e obtiveram também esta proteção, mas cederam sempre o passo aos comerciantes no q�e se refere à importância política. As cidades comerciais, e os portos em partic�lar, alcançaram �m relativo gra� de civilização e tornaram-se cidades da grande b�rg�esia enq�anto nas cidades ind�striais s�bsisti� mais o espírito peq�eno-b�rg�ês. Cf. Aikin (71) por exemplo. O séc�lo XVIII foi o séc�lo do comércio. Pinto (72) di-lo expressamente «Le commerce faia !a marotte d� siècle» (73) e: "dep�is q�elq�e temps il n'est pl�s q�estion q�e de commerce, de navigation et de marine" (74) O movimento do capital, se bem q�e notavelmente acelerado, manifestava relativamente ao comércio �ma maior lentidão, a divisão do mercado m�ndial em frações isoladas, em q�e cada �ma era explorada por �ma nação partic�lar, a eliminação da concorrência entre nações, a inépcia da própria prod�ção e o sistema financeiro q�e mal �ltrapassara o primeiro estádio do se� desenvolvimento, entravavam consideravelmente a circ�lação. Daq�i adveio �m espírito mercador de �ma mesq�inhez sórdida q�e mac�lava todos os comerciantes e todo o modo de exploração comercial. Em comparação com os man�fat�reiros e mais ainda com os artesãos, eram a bem dizer grandes b�rg�eses: comparados aos comerciantes e ind�striais do período seg�inte, permanecem peq�eno-b�rg�eses. Cf. Adam Smith (75)

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Este período é ig�almente caracterizado pelo levantamento da interdição de exportar o o�re e a prata, pelo nascimento do comércio do dinheiro, dos bancos, das dívidas de Estado, do papel-moeda, das espec�lações sobre os f�ndos e as ações, da agiotagem sobre todos os artigos, do desenvolvimento do sistema monetário em geral. O capital perde� por s�a vez �ma grande parte do caráter nat�ral q�e lhe era ainda inerente. A concentração do comércio e da indústria n�m único país, a Inglaterra, tal como se desenvolve� sem interr�pção no séc�lo XVII, crio� progressivamente para esse país �m mercado m�ndial razoável e s�scito� por isso �ma proc�ra dos prod�tos ingleses man�fat�rados q�e as forçais prod�tiva. ind�striais anteriores já não podiam satisfazer. Esta proc�ra q�e �ltrapassava as forças prod�tivas foi a força motriz q�e s�scito� o terceiro período da propriedade privada desde a Idade Média, criando a grande ind�stria a �tilização das forças nat�rais para fins ind�striais, o maq�inismo e a divisão do trabalho mais intensiva. As o�tras condições desta nova fase, tais como a liberdade de concorrência dentro da nação, o aperfeiçoamento da mecânica teórica, etc., já existiam em Inglaterra (a mecânica, aperfeiçoada por Newton, era aliás a ciência mais pop�lar em França e em Inglaterra no séc�lo XVIII). (Q�anto à livre concorrência dentro da própria nação, foi necessária �ma revol�ção em toda a parte para a conseg�ir - em 1640 e em 1688 em Inglaterra, em 1789 em França.) A concorrência obrigo� rapidamente todos os países q�e pretendiam conservar o se� papel histórica a proteger as s�as man�fat�ras através de novas medidas alfandegárias (pois as antigas já não prestavam q�alq�er a�xilio contra a grande indústria) e a introd�zir po�co depois a grande indústria acompanhada de tarifas protetoras. Apesar destas medidas de proteção, a grande indústria torno� a concorrência �niversal (ela representa a liberdade comercial prática, e as alfândegas protetoras são para ela apenas �m paliativo, �ma arma defensiva no interior da liberdade do comércio), estabelece� os meios de com�nicação e o mercado m�ndial moderno (76), coloco� o comércio sob o se� domínio, transformo� todo o capital em capital ind�strial e de� assim origem à circ�lação (aperfeiçoamento do sistema monetário) e à rápida centralização dos capitais. Através da concorrência �niversal, constrange� todos os indivíd�os a �ma tensão máxima da s�a energia. Aniq�ilo� o mais possível a ideologia, a religião, a moral, etc., e sempre q�e isso não lhe era possível, transformo�-as em flagrantes mentiras. Foi ela q�e crio� verdadeiramente a história m�ndial na medida em q�e fez depender do m�ndo inteiro cada nação civilizada e, para satisfação das s�as necessidades, cada indivíd�o dessa nação, destr�indo o caráter excl�sivo das diversas nações q�e era até então nat�ral. S�bordino� a ciência da nat�reza ao capital e retiro� à divisão do trabalho a s�a última aparência de fenômeno nat�ral. Destr�i�, na medida do possível, todos os elementos nat�rais no interior do trabalho e conseg�i� dissolver todas as relações nat�rais para as transformar em relações monetárias. Em vez de cidades nascidas nat�ralmente, crio� as grandes cidades ind�striais modernas q�e se desenvolveram como se se tratasse de cog�melos. Onde q�er q�e penetrasse destr�ía o artesanato e, de �ma forma geral, todos os anteriores estádios da indústria. Completo� a vitória da cidade sobre o campo. [A s�a condição primordial (77)] é o sistema a�tomático, O se� desenvolvimento crio� �m conj�nto de forças prod�tivas para as q�ais a propriedade privada se

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transformo� tanto n�m obstác�lo como a corporação o tinha sido para a man�fat�ra, e assim como a peq�ena exploração r�ral o fora ig�almente para o artesanato em vias de desenvolvimento. Estas forças prod�tivas q�e, na propriedade privada, conheciam �m desenvolvimento excl�sivamente �nilateral, acabaram por se transformar, na maioria dos casos, em forças destr�tivas, ao ponto de grande parte delas não encontrar a mínima possibilidade de �tilização sob o se� regime. Crio� por todo o lado as mesmas relações entre as classes da sociedade, destr�indo por isso o caráter partic�1ar das diferentes nacionalidades. E finalmente, enq�anto a b�rg�esia de cada nação conserva ainda interesses nacionais partic�lares, a grande b�rg�esia s�rge com �ma classe c�jos interesses são os mesmos em todas as nações e para a q�al a nacionalidade deixa de existir; esta classe desembaraça-se verdadeiramente do m�ndo antigo e entra sim�ltaneamente em oposição com ele. Não são apenas as relações com o capitalismo q�e ela torna ins�portáveis para o operário, mas também o próprio trabalho. É evidente q�e a grande indústria não atinge o mesmo gra� de aperfeiçoamento em todas as aglomerações de �m mesmo país. Mas este fato não trava o movimento de classe do proletariado, na medida em q�e os proletários engendrados pela grande indústria se colocam à cabeça desse movimento e arrastam consigo as massas, até porq�e os trabalhadores excl�ídos da grande indústria se encontram colocados n�ma sit�ação ainda pior do q�e a dos próprios trabalhadores da grande indústria. Os países onde se desenvolve� �ma grande indústria at�am de ig�al modo sobre os países pl�s o� moins (78) desprovidos de indústria, devido ao fato de estes últimos se verem arrastados pelo comércio m�ndial no decorrer da l�ta levada a cabo pela concorrência �niversal. Estas diversas formas constit�em sim�ltaneamente formas da organização do trabalho e da propriedade. Verifica-se q�e. para cada período, e sempre q�e as necessidades o tornaram imperioso, se concretizo� efetivamente �ma �nião das forças prod�tivas existentes.

Esta contradição entre as forças prod�tivas e a forma de troca q�e, como vimos, já se prod�zi� diversas vezes no decorrer da história até aos nossos dias, sem todavia comprometer a s�a base f�ndamental, trad�zi�-se necessariamente, cm cada �m dos casos, n�ma revol�ção, revestindo ao mesmo tempo diversas formas acessórias tais como todo �m sem número de conflitos, choq�es de diferentes classes, contradições da consciência, l�ta ideológica, l�ta política, etc. De �m ponto de vista limitado, é possível destacar �ma. destas formas acessórias e considerá-la como bases dessas revol�ções, coisa tanto mais fácil porq�anto OS indivíd�os de q�e partiam as revol�ções tinham eles próprios il�sões sobre a s�a atividade consoante o se� gra� de c�lt�ra e o estádio de desenvolvimento histórico.

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Logo, e de acordo com a nossa concepção, todos os conflitos da história têm a s�a origem na contradição entre as forças prod�tivas e o modo de trocas. Não é, aliás, necessário q�e esta contradição seja levada a �m extremo n�m determinado país para aí provocar conflitos. A concorrência com países c�ja indústria se encontra mais desenvolvida, concorrência provocada pela extensão do comércio internacional, basta para dar origem a �ma contradição deste tipo, mesmo nos países onde a indústria está menos desenvolvida (por exemplo, o aparecimento de �m proletariado latente na Alemanha provocado pela concorrência- da indústria inglesa).

A concorrência isola os indivíd�os �ns dos o�tros, não apenas os b�rg�eses, mas também, e mais ainda, os proletários, se bem q�e os concentre. É por este motivo q�e decorre sempre �m longo período antes q�e estes indivíd�os se possam �nir, abstraindo do fato de q�e - se se pretender q�e a s�a �nião não seja p�ramente local - esta exige previamente a constr�ção dos meios necessários, pela grande indústria, tais como as grandes cidades ind�striais e as com�nicações rápidas e baratas, razões por q�e só depois de longas l�tas se torna possível vencer q�alq�er força organizada com indivíd�os isolados e vivendo em condições q�e recriam q�otidianamente este isolamento. Exigir o contrário eq�ivaleria a exigir q�e a concorrência não devesse existir em determinada época histórica o� q�e os indivíd�os inventassem condições sobre as q�ais não têm q�alq�er controle enq�anto indivíd�os isolados.

Constr�ção das habitações. É evidente q�e, para os selvagens, é normal cada família ter a s�a gr�ta o� a s�a choça própria, do mesmo modo q�e é normal para os nômadas q�e cada família poss�a �ma tenda. Esta economia doméstica separada, torna-se ainda mais indispensável com o desenvolvimento da propriedade privada. Para os povos agric�ltores, a economia doméstica com�nitária é tão impossível como o c�ltivo solo em com�m. A constr�ção das cidades constit�i� de fato �m enorme progresso. Em todos os períodos anteriores, era no entanto impossível a s�pressão da economia separada inseparável da s�pressão da propriedade privada, pela simples razão de haver carência de condições materiais. O estabelecimento de �ma economia doméstica com�nitária tem por condições prévias o desenvolvimento da maq�inaria, da �tilização- das forças nat�rais e de o�tras n�merosas forças prod�tivas tais como cond�tas de ág�a, il�minação a gás, aq�ecimento a vapor, etc., s�pressão da oposição cidade-campo. Sem a existência destas condições nem a economia em com�m

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constit�iria �ma força prod�tiva nova, pois faltar-lhe-ia �ma base material e repo�saria apenas sobre �rna base teórica, isto é, seria �ma simples fantasia cond�zindo apenas a �rna economia monacal- o q�e era possível como o prova o agr�pamento em cidades e a constr�ção de edifícios com�ns para determinados fins partic�lares (prisões, casernas, etc.). É evidente q�e a s�pressão da economia separada é inseparável da abolição. da família. A frase: «aq�ilo q�e cada �m é deve-o ao Estado», q�e se encontra freqüentemente em São Max, eqüivale no f�ndo à afirmação de q�e o b�rg�ês é �m exemplar da espécie b�rg�esa, o q�e press�põe a existência da classe dos b�rg�eses antes dos indivíd�os q�e a constit�em. Na Idade Média, os b�rg�eses eram constrangidos a �nir-se, em cada cidade, contra a nobreza r�ral para defenderem a pele; a expansão do comércio e o estabelecimento das com�nicações levaram cada cidade a conhecer o�tras cidades q�e tinham feito tri�nfar os mesmos interesses L�tando contra a mesma oposição (79) A classe b�rg�esa só m�ito lentamente se formo� a partir das n�merosas b�rg�esias locais das diversas cidades. A oposição às relações existentes, assim como o modo de trabalho condicionado por esta oposição, transformaram sim�ltaneamente as condições de vida de cada b�rg�ês em partic�lar, em condições de vida com�ns a todos os b�rg�eses e independentes de cada indivíd�o isolado (80) Os b�rg�eses criaram essas condições na medida em q�e se separaram da associação fe�dal, e foram criados por elas na medida em q�e eram determinados pela s�a oposição à fe�dalidade existente. Com o estabelecimento das ligações entre as diversas cidades, essas condições com�ns transformaram-se cm condições de classe. As mesmas condições, a mesma oposição, os mesmos interesses, deveriam também, grosso modo, fazer s�rgir os mesmos cost�mes em todo o lado. Mesmo a b�rg�esia só se desenvolve po�co a po�co, j�ntamente com as condições q�e lhe são próprias; divide-se por s�a vez em diferentes frações, consoante a divisão cio trabalho, e acaba por absorver no se� seio todas as classes poss�idoras preexistentes (transformando entretanto n�ma nova classe, o proletariado, a maioria da classe não poss�idora q�e existia antes dela e �ma parte das classes até aí poss�idoras (81) na medida em q�e toda a propriedade existente é convertida em capital comercial o� ind�strial. Os indivíd�os isolados formam �ma classe pelo fato de terem de encetar �ma l�ta com�m contra �ma o�tra classe; q�anto ao resto, acabam por ser inimigos na concorrência. Além disso, a classe torna-se por s�a vez independente dos indivíd�os, de modo q�e estes últimos encontram as s�as condições de vida previamente estabelecidas e recebem da s�a classe, completamente delineada, a s�a posição na vida j�ntamente com o se� desenvolvimento pessoal; estão, pois, s�bordinados à s�a classe. Trata-se do mesmo fenômeno antes existente na s�bordinação dos indivíd�os isolados à divisão do trabalho; e este fenômeno só pode ser s�primido se for s�primida a propriedade privada e o próprio trabalho. Indicamos m�itas vezes como é q�e esta s�bordinação dos indivíd�os à s�a classe acaba por constit�ir sim�ltaneamente a s�bordinação a todas as espécies de representações, etc. Se considerarmos, do ponto de vista filosófico, o desenvolvimento dos indivíd�os

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nas (82) condições de existência com�m das ordens e das classes q�e se s�cedem historicamente o nas representações gerais q�e por isso lhes são impostas, é de fato possível imaginar facilmente q�e o Gênero o� o Homem se desenvolveram nesses indivíd�os o� q�e eles. desenvolveram o Homem: visão imaginária q�e traz à história sérias afrontas. É então possível compreender estas diferentes ordens e classes como especificações da expressão geral, como s�bdivisões do Gênero, como fases de desenvolvimento do Homem. Esta s�bordinação dos indivíd�os a determinadas classes não pode acabar enq�anto não existir �ma classe q�e já não tenha necessidade de fazer prevalecer �m interesse de classe partic�lar contra a classe dominante.

A transformação das forças pessoais (relações) em forças objetivas, através da divisão do trabalho, não pode ser abolida extirpando do cérebro essa representação geral, mas �nicamente através de �ma nova s�bmissão das forças objetivas e a abolição da divisão do trabalho por parte dos indivíd�os. Ora isto não é possível sem a com�nidade (83)é somente em com�nidade [com o�tros q�e cada] indivíd�o tem os meios necessários para desenvolver as s�as fac�ldades em.todos os sentidos; a liberdade pessoal só é, portanto, possível na com�nidade. Nos s�cedâneos de com�nidades q�e até agora existiram, no Estado, etc., a liberdade pessoal só existia para os indivíd�os q�e se tinham desenvolvido nas condições da classe dominante e somente na medida em q�e eram indivíd�os dessa classe. A com�nidade aparente, anteriormente constit�ída pelos indivíd�os, adq�ire sempre perante eles �ma existência independente e, sim�ltaneamente, porq�e significa a �nião de �ma classe face a �ma o�tra, representa não apenas �ma com�nidade il�sória para a classe dominada, mas também �ma nova cadeia. Na com�nidade real, os indivíd�os adq�irem a s�a liberdade sim�ltaneamente com a s�a associação, graças a esta associação e dentro dela. Os indivíd�os partiram sempre de si mesmos, não certamente do indivíd�o "p�ro" no sentido dos ideólogos, mas de si mesmos no âmbito das s�as condições e das s�as relações históricas dadas. Mas verifica-se no dec�rso do desenvolvimento histórico, e precisamente pela independência q�e adq�irem as relações sociais, fr�to inevitável da divisão do trabalho, q�e existe �rna diferença entre a vida de cada indivíd�o na medida em q�e é pessoal, e a s�a vida enq�anto s�bordinada a �m q�alq�er ramo do trabalho e às condições inerentes a esse ramo (não se deve concl�ir, a partir daq�i. q�e o rendeiro o� o capitalista, por exemplo, deixem de ser pessoas; mas a s�a personalidade é condicionada por relações de classe m�ito bem determinadas e esta diferença só se manifesta por oposição a �ma o�tra classe e só se lhes apresenta no dia em q�e caem em bancarrota). Na ordem (e mais ainda na tribo), este fato encontra-se oc�lto; por exemplo, �m nobre contin�a a ser sempre nobre, �m rot�rier (84) será sempre �m rot�rier, abstraindo das s�as o�tras relações; trata-se de �ma q�alidade inseparável da s�a individ�alidade. A diferença entre o indivíd�o pessoal oposto ao indivíd�o na s�a q�alidade de

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membro de �ma classe o a contingência das s�as condições de existência, só se manifestam com a classe q�e é �m prod�to da b�rg�esia. Apenas a concorrência e a l�ta dos indivíd�os entre si engendra e desenvolve essa contingência enq�anto tal. Por conseg�inte, na representação, os indivíd�os são mais livres sob o domínio da b�rg�esia do q�e anteriormente porq�e as s�as condições de existência lhes são contingentes; na realidade, eles são nat�ralmente menos livres porq�e se encontram m�ito mais s�bordinados a �m poder objetivo. Relativamente à ordem, a diferença s�rge sobret�do na oposição entre a b�rg�esia e proletariado. Q�ando a ordem dos cidadãos das cidades, as corporações, etc., s�rgiram perante a nobreza da terra, as s�as condições de existência, propriedade mobiliária e trabalho artesanal, q�e já tinham existido de forma latente antes de se terem separado da associação fe�dal, apareceram como �ma coisa positiva q�e se fez valer contra a propriedade f�ndiária fe�dal e q�e, para começar, tomo� por s�a vez a forma fe�dal à s�a maneira. Os servos f�gitivos consideravam sem dúvida o se� estado de servidão precedente como �ma coisa contingente à s�a personalidade: q�anto a isto, agiam simplesmente como o' faz q�alq�er classe q�e se liberta de �ma cadeia e, deste modo, não se libertavam como classe mais isoladamente. Além disso, não saíam do domínio da organização por ordens, tendo apenas formado �ma nova ordem e conservado o se� modo de trabalho anterior na s�a nova sit�ação, realizando este modo de trabalho de forma a libertá-lo dos laços do passado q�e já não correspondiam ao estádio de desenvolvimento q�e tinham atingido. Pelo contrário. as condições de vida próprias dos proletários, o trabalho e. portanto. todas as condições de existência da sociedade at�al, transformaram-se para eles em q�alq�er coisa de contingente, q�e os proletários isolados não podem controlar nem tão-po�co q�alq�er organização social. A contradição entre... (85) a personalidade do proletário em partic�lar e as condições de vida q�e lhe são impostas, q�er dizer, o trabalho, é-lhes perfeitamente perceptível tanto mais q�e tem sido sacrificado desde a s�a mais tenra j�vent�de e não poderá alcançar, dentro da s�a classe, as condições q�e lhe permitiriam passar para o�tra classe. N. B: - Não esq�eçamos q�e a necessidade de s�bsistir, em q�e se encontravam os servos, e a impossibilidade de exploração em larga escala, q�e cond�zi� à repartição dos loteamentos (86) entre os servos, red�ziram m�ito depressa as obrigações destes para com o senhor fe�dal a �ma determinada média de contrib�ições em espécie e de corveias; isto dava ao servo a possibilidade- de ac�m�lar bens móveis, favorecia a s�a evasão da propriedade do senhor e dava-lhe a perspectiva de conseg�ir ir para a cidade como cidadão; daí res�lto� �ma hierarq�ização entre os próprios servos, de tal modo q�e aq�eles q�e conseg�em evadir-se são já semib�rg�eses. É assim evidente q�e os vilãos conhecedores de �m ofício tinham o máximo de possibilidades de adq�irir bens móveis. Logo, enq�anto os servos f�gitivos apenas pretendiam desenvolver livremente as s�as condições de existência já estabelecidas e fazê-las valer, mas conseg�iam q�ando m�ito o trabalho livre, os proletários, se pretendem afirmar-se como pessoas, devem abolir a s�a própria condição de existência anterior, q�e é sim�ltaneamente a de toda a sociedade até aos nossos dias, isto é, devem abolir o trabalho. Por este motivo, eles encontram-se em oposição direta à forma q�e os

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indivíd�os cia sociedade escolheram até hoje para expressão de conj�nto, q�er dizer, em oposição ao Estado,sendo-lhes necessário derr�bar esse Estado para realizar a s�a personalidade.

Podemos concl�ir de todo o desenvolvimento histórico até aos nossos dias q�e (87) as relações coletivas em q�e entram os indivíd�os de �ma classe, e q�e sempre foram condicionadas pelos se�s interesses com�ns relativamente a terceiros, constit�íam sempre �ma com�nidade q�e englobava esses indivíd�os �nicamente enq�anto indivíd�os médios, na medida em q�e viviam nas condições de vida da mesma classe; trata-se portanto de relações em q�e das não participam enq�anto indivíd�os, mas sim enq�anto membros de �ma classe. Por o�tro lado, na com�nidade dos proletários revol�cionários q�e põem sob o se� controle todas as s�as condições de existência e as dos o�tros membros da sociedade, prod�z-se o inverso: os indivíd�os participam enq�anto indivíd�os, E (bem entendido, com a condição de q�e a associação dos indivíd�os opere no q�adro das forças prod�tivas q�e se s�põem já desenvolvidas é esta re�nião q�e coloca sob o se� controle as condições do livre desenvolvimento dos indivíd�os e do so� movimento, enq�anto até aí elas tinham sido abandonadas ao acaso e adotado �ma existência a�tônoma perante os indivíd�os, devido precisamente à existência da s�a separação como indivíd�os e da necessidade da s�a �nião, implicada pela divisão do trabalho, mas transformada n�m laço estranho devido à s�a separação enq�anto indivíd�os. A associação até aq�i conhecida não era de forma alg�ma a �nião vol�ntária (q�e nos é.por exemplo, apresentada no Contrato (88)mas �ma �nião necessária baseada em condições no interior das q�ais os indivíd�os desfr�tavam da contingência (comparar, por exemplo, a formação do Estado da América do Norte e as repúblicas da América do S�l). Este direito de poder desfr�tar tranqüilamente da contingência em certas condições constit�i aq�ilo q�e até hoje se designava por liberdade pessoal. - Estas condições de existência são nat�ralmente as forças prod�tivas e os modos de troca de cada período.

O com�nismo disting�e-se de todos os movimentos q�e o precederam pelo fato de alterar a base das relações de prod�ção e de troca anteriores e de, pela primeira vez, tratar as condições nat�rais prévias corno criações dos homens q�e nos antecederam, despojando-as da s�a aparência nat�ral e s�bmetendo-as ao poder dos indivíd�os �nidos. A organização q�e proclama é, por isso mesmo, essencialmente econômica: é a criação material das condições dessa �nião; transforma as condições existentes nas condições da �nião. O estado de coisas assim criado constit�i precisamente a base real q�e torna impossível t�do o q�e existe independentemente dos indivíd�os - pois esse estado de coisas existente é p�ra e simplesmente �m prod�to das anteriores relações dos indivíd�os entre si.

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Deste modo, os com�nistas tratam praticamente como fatores inorgânicos as condições criadas antes deles pela prod�ção e o comércio. Isto não significa q�e considerem q�e a razão de ser o� a intenção das gerações anteriores foi de lhes fornecer bases materiais, o� q�e pensem terem sido essas condições consideradas inorgânicas por aq�eles q�e as criaram. A diferença entre o indivíd�o pessoal e o indivíd�o contingente não constit�i �ma distinção concept�al, mas �m fato histórico. Esta distinção tem �m sentido diferente em épocas diferentes: por exemplo, a ordem, enq�anto contingência para o indivíd�o no séc�lo XVIII, assim como pl�s o� moins (89) a- família. É �ma distinção q�e não necessita de ser feita por nós, pois cada época se encarrega de a fazer a partir dos diferentes elementos q�e herda da época anterior, fazendo-o não a partir de �m conceito mas sob a pressão dos conflitos materiais da vida. Aq�ilo q�e n�ma época �lterior s�rge como contingente por oposição à época anterior, o� mesmo entre os elementos herdados dessa época anterior, é �ni modo de trocas q�e corresponde a �m determinado desenvolvimento das forças prod�tivas. A relação entre forças prod�tivas e formas de troca é a relação entre o modo de trocas e (90) a ação o� a atividade dos indivíd�os. (A forma básica dessa atividade (91) é nat�ralmente a forma material de q�e depende q�alq�er o�tra forma intelect�al, política, religiosa, etc. É certo q�e a diferente forma adq�irida pela vida material é em cada ocasião dependente das necessidades já desenvolvidas, necessidades essas c�ja prod�ção e satisfação constit�em �m processo histórico impossível de detectar nos carneiros o� nos cães [arg�mento capital de Stirner advers�s hominem (92) de pôr os cabelos em pé] se bem q�e os carneiros e os cães, na s�a forma at�al sejam. malgré e�x (93) prod�tos de �m processo histórico.) Antes de a contradição se manifestar, as condições em q�e os indivíd�os se relacionam entre si são condições inerentes à s�a individ�alidade; não lhes são de forma alg�ma exteriores e. além disso, permitem por si sós q�e esses indivíd�os determinados, vivendo em condições determinadas, prod�zam a s�a vida material e t�do o q�e dela decorre; são portanto condições da s�a manifestação ativa dei si, prod�zidas por essa. manifestação de si (94) Por conseg�inte, as condições determinadas em q�e os indivíd�os prod�zem antes de a contradição se manifestar correspondem à s�a limitação efetiva, à s�a existência limitada; este caráter limitado só se revela com o aparecimento da contradição e existe, por isso, para a geração �lterior. Esta condição aparece assim como �m entravei acidental, atrib�i-se conseq�entemente à época anterior a consciência de q�e constit�ía �m entrave. Estas diferentes condições, q�e s�rgem primeiramente como condições da manifestação de si, e mais tarde como se�s obstác�los, formam em toda a evol�ção histórica �ma seqüência coerente de modos de troca c�jo laço de �nião é a s�bstit�ição da forma de trocas anterior, q�e se tornara �m obstác�lo, por �ma nova forma q�e corresponde às forças- prod�tivas mais desenvolvidas e, por isso mesmo ao modo mais aperfeiçoado da atividade dos indivíd�os. forma q�e à son to�r (95) se transforma n�m obstác�lo e é então s�bstit�ída por o�tra. Na medida em q�e, para cada estádio, essas condições correspondem ao desenvolvimento sim�ltâneo das forças prod�tivas, a s�a história é também a história das forças prod�tivas q�e se desenvolvem e são retomadas por cada nova geração, e é conseq�entemente a história do desenvolvimento das forças dos próprios

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indivíd�os. Este desenvolvimento, prod�zindo-se nat�ralmente, isto é, não estando s�bordinado a �m plano do conj�nto estabelecido por indivíd�os associados livremente, parte de localidades diferentes, de tribos, de nações, de ramos de trabalho distintos, etc., cada �m deles se desenvolvendo primeiro independentemente dos o�tros e apenas estabelecendo relações entre si a po�co e po�co. Progride, aliás, lentamente: os diferentes estádios e interesses n�nca são complemente �ltrapassados, mas apenas s�bordinados ao interesse q�e tri�nfa, ao lado do q�al se arrastam ainda d�rante séc�los. Daí res�lta a existência de diferentes gra�s de desenvolvimento entre os indivíd�os de �rna mesma nação, mesmo se abstrairmos das s�as condições financeiras: e também o fato de �m interesse anterior, c�jo modo de trocas partic�lar se encontra já s�plantado por �m o�tro correspondente a �m interesse posterior, contin�ar ainda d�rante m�ito tempo, na com�nidade aparente, em poder de �ma força tradicional q�e se torno� a�tônoma relativamente aos indivíd�os (Estado, direito): só �ma revol�ção conseg�e, em última instância, q�ebrar essa força. Também assim se explica o motivo pelo q�al a consciência, ao preoc�par-se com aspectos sing�lares q�e são passíveis de �ma síntese mais geral, pode por vezes �ltrapassar aparentemente as relações empíricas contemporâneas, de tal modo q�e, nas l�tas de - �m período posterior, seja licito �tilizar-se as concl�sões a q�e possam ter chegado teóricos anteriores. Pelo contrário, em países como a América do Norte, c�ja existência se inicia n�m período histórico já desenvolvido, o desenvolvimento processa-se com rapidez. Tais países têm apenas como condição nat�ral prévia os indivíd�os q�e aí se estabelecem e q�e para ai foram como reação aos modos de prod�ção dos velhos países, q�e já não correspondiam às s�as necessidades. Estes países começam pois com os indivíd�os mais evol�ídos do velho m�ndo, e por conseg�inte com o modo de trocas mais desenvolvido, correspondente a esses indivíd�os, mesmo antes de este sistema de trocas se ter conseg�ido impor nos velhos países. É o caso de todas as colônias q�e não foram simples bases militares o� comerciais, tais como Cartago, ais colônias gregas e a Islândia nos séc�los XI e XII. Verifica-se �m caso análogo q�ando, como res�ltado de conq�ista, se leva para o país conq�istado o modo de trocas q�e se desenvolvera n�m o�tro solo; enq�anto no se� país do origem esta forma se encontrava ainda em choq�e com os interesses e as condições de vida das épocas precedentes, aq�i, pelo contrário. pode e deve implantar-se totalmente e sem q�aisq�er entraves ao conq�istador (a Inglaterra e Nápoles depois da conq�ista normanda, alt�ra em q�e conheceram a forma mais acabada da organização fe�dal).

A conq�ista, como fato, parece estar em contradição com toda esta concepção da história. Até hoje, tem-se feito da violência, cia g�erra, da pilhagem, do banditismo. etc.. a força motriz da história. Como nos vemos aq�i obrigados a limitar-nos aos pontos capitais, consideraremos apenas �m exemplo

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verdadeiramente flagrante. q�e é o da destr�ição de �ma velha civilização por �m povo bárbaro e a formação conj�nta de �ma estr�t�ra social a partir do zero (Roma e os Bárbaros, o fe�dalismo e a Gália, o Império do Oriente e os T�rcos). Para o povo bárbaro conq�istador, a g�erra é ainda, tal como atrás dissemos, �m modo normal de relação tanto mais zelosamente praticado q�anto mais imperiosa se torna a necessidade de novos meios de prod�ção devido ao a�mento da pop�lação e ao modo de prod�ção tradicional, r�dimentar e único possível, desse povo. Em Itália, pelo contrário, assiste-se à concentração da propriedade f�ndiária realizada por herança, por compra e ainda por endividamento; e isto porq�e a extrema dissol�ção dos cost�mes e a escassez dos casamentos originavam a progressiva extinção das velhas famílias, acabando os se�s bens por cair nas mãos de �m peq�eno número delas. Alem disso, tal propriedade f�ndiária foi transformada em pastagens. transformação essa provocada, para além das ca�sas econômicas habit�ais válidas ainda nos nossos dias, pela importação de cereais pilhados o� exigidos a tít�lo de trib�to o a conseqüente falta de cons�midores de trigo italiano q�e isso implicava. Devido a estas circ�nstâncias, a pop�lação livre desaparece� totalmente e os próprios escravos ameaçavam abandonar a s�a sit�ação, tendo de ser constantemente s�bstit�ídos. A escravat�ra contin�ava a ser a base' de toda a prod�ção. Os plebe�s, colocados entre os homens livres e os escravos, n�nca conseg�iram �ltrapassar a condição de L�mpenproleiariat (96) De resto, Roma n�nca �ltrapasso� o estádio de cidade; encontrava-se ligada às províncias por laços q�ase excl�sivamente políticos q�e, bem entendido, poderiam ser q�ebrados por acontecimentos políticos.

É m�ito �s�al a idéia de q�e na história t�do se res�mi� até agora a tomadas de poder. Os bárbaros apoderaram-se do Império romano, e é assim explicada- a passagem do m�ndo antigo ao fe�dalismo. Mas, q�anto a esta conq�ista dos bárbaros, é necessário saber se a nação de q�e se apoderaram tinha desenvolvido forças prod�tivas ind�striais, como acontece nos povos modernos, o� se as s�as forças prod�tivas repo�savam �nicamente na s�a �nião e (97) na vida em com�nidade. A tomada de poder é, além disso, condicionada pelo objeto q�e se apropria. Ning�ém se pode apoderar da fort�na de �m banq�eiro, q�e consiste em papéis, sem se s�bmeter às condições de prod�ção e de circ�lação do país conq�istado. S�cede o mesmo com todo o capital ind�strial de �m país ind�strial moderno. Finalmente, q�ando n�ma região s�bmetida já não há mais nada para conq�istar, é necessário q�e se comece a prod�zir. Dada esta necessidade, q�e m�ito cedo se manifesta, a forma de com�nidade adotada pelos conq�istadores deve estar em concordância com o estado de desenvolvimento das forças prod�tivas q�e encontram o�, se tal não acontecer, deve transformar-se em f�nção das forças prod�tivas. Isto explica �m fato q�e parece ter-se verificado por toda a parte na época q�e se seg�i� às grandes invasões: os vassalos converteram-se em senhores e os conq�istadores adotaram rapidamente

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a líng�a, a c�lt�ra e os cost�mes do país conq�istado. O fe�dalismo não foi de forma alg�ma trazido da Alemanha na s�a forma acabada; teve a s�a origem na organização militar dos exércitos d�rante a própria conq�ista. Esta organização desenvolve�-se depois da conq�ista sob o impacto das forças prod�tivas encontradas no país conq�istado, só então se transformando no fe�dalismo propriamente dito. O fracasso das tentativas levadas a cabo para impor o�tras formas nascidas de reminiscências da antiga Roma (Carlos Magno, por exemplo) mostra-nos até q�e ponto a forma fe�dal era condicionada pelas forças prod�tivas. A contin�ar.

Na grande indústria e na concorrência, todas as condições de existência, determinações e condicionalismos dos indivíd�os se baseiam nas seg�intes d�as formas: propriedade privada e trabalho. Com o dinheiro, todas as formas de troca, assim como a própria troca, se apresentam aos indivíd�os como contingentes. É a própria nat�reza do dinheiro q�e nos leva a pensar q�e todas as relações anteriores eram apenas relações de indivíd�os vivendo em determinadas condições, e não relações entre indivíd�os enq�anto indivíd�os. Essas condições red�zem-se a: trabalho ac�m�lado o� propriedade privada, por �m lado, e trabalho real, por o�tro. O desaparecimento de �ma dessas condições faz com q�e a troca seja interrompida. Os próprios economistas modernos, como por exemplo Sismondi. Chérb�liez (98) etc., opõem I'associatíon des individ�s à l'association des capita�x (99) Por o�tro lado, os indivíd�os são completamente s�bordinados à divisão do trabalho e ficam por isso mesmo colocados n�ma sit�ação de dependência total �ns dos o�tros. Na medida em q�e se opõe ao trabalho no seio deste, a propriedade privada nasce e desenvolve-se a partir da necessidade de ac�m�lação e, embora conserve inicialmente a forma da com�nidade, aproxima-se po�co a po�co, no se� desenvolvimento �lterior, da forma moderna da propriedade privada. Logo, a divisão do trabalho implica ig�almente a divisão das condições de trabalho, instr�mentos e materiais e, com essa divisão, a fragmentação do capital ac�m�lado entre diversos proprietários; por conseg�inte, implica também a separação entre capital e trabalho, assim como entre diversas formas da propriedade. Q�anto mais aperfeiçoada estiver a divisão do trabalho, maior é a ac�m�lação e mais acent�ada é essa separação O próprio trabalho só pode s�bsistir à c�sta dessa separação.

(Energia pessoal dos indivíd�os de diferentes nações Alemães e Americanos -- energia devida ao cr�zamento de raças - daí o cretinismo dos Alemães verdadeiros cretinos em França, Inglaterra, etc., dos povos estrangeiros transplantados para �m território evol�ído e para �m local

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inteiramente novo na América; na Alemanha a pop�lação primitiva não teve a mínima reação).

Encontramo-nos, portanto, perante dois fatos. Primeiro, as forças prod�tivas apresentam-se como completamente independentes e separadas dos indivíd�os, corno �m m�ndo à margem destes, o q�e se deve ao fato de os indivíd�os. a q�em elas pertencem efetivamente, existirem disseminados e em oposição �ns aos o�tros, se bem q�e essas forças só sejam reais no comércio e na interdependência desses indivíd�os. Logo, existe por �m lado �m conj�nto de forças prod�tivas q�e adq�iriram, de certo modo, �ma forma objetiva e já não são para os indivíd�os as s�as próprias forças, mas as da propriedade privada e, portanto, dos indivíd�os, mas apenas na medida em q�e forem proprietários privados. Em nenh�m período anterior as forças prod�tivas tinham revestido esta forma indiferente às relações dos indivíd�os enq�anto indivíd�os, pois estas relações eram ainda limitadas. Por o�tro lado, observa-se �ma oposição a essas forças prod�tivas por parte da maioria dos indivíd�os de q�em elas se tinham destacado e q�e, por estarem despojadas de todo o conteúdo real da s�a vida, se converteram em indivíd�os abstratos; mas é por isso mesmo e só então q�e estes ficaram em condições de se relacionarem �ns com os o�tros como indivíd�os. O trabalho, único laço q�e os �ne ainda às forças prod�tivas e à s�a própria existência, perde� para eles toda a aparência de manifestação de si e só lhes conserva a vida definhando-a. Enq�anto em épocas anteriores a manifestação de si e a prod�ção- da vida material eram apenas separadas pelo simples fato de competirem a pessoas diferentes e de a prod�ção da vida material ser ainda considerada como �ma manifestação de si. �ma atividade de ordem inferior devido ao caráter limitado dos próprios indivíd�os, hoje, manifestação de si e prod�ção da vida material estão de tal modo separadas q�e a vida, material é considerada como fim e a prod�ção da vida material, q�er dizer, o trabalho, como meio (agora a única forma possível, embora negativa, da manifestação de si). Chegamos pois ao ponto- de os indivíd�os se verem obrigados a apropriarem-se da totalidade das forças prod�tivas existentes, não apenas para conseg�irem manifestar o se� e�, mas sobret�do para asseg�rar a s�a existência. Esta apropriação é, antes de t�do, condicionada pelo objeto a apropriar, neste caso as forças prod�tivas desenvolvidas ao ponto de constit�írem �ma totalidade e existindo �nicamente no âmbito das trocas m�ndiais. Sob este âng�lo, esta apropriação deve necessariamente apresentar �m caráter �niversal correspondente às forças prod�tivas e às trocas. A apropriação destas forças consiste no desenvolvimento das fac�ldades individ�ais q�e de alg�m modo correspondem aos instr�mentos materiais de prod�ção. Por isso mesmo, a apropriação de �ma totalidade do instr�mentos de prod�ção constit�i já o desenvolvimento de �ma totalidade de fac�ldades nos próprios indivíd�os. Esta apropriação é ainda condicionada pelos indivíd�os q�e se apropriam. Só os proletários da época at�al, totalmente excl�ídos de q�alq�er manifestação de si,

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se encontram em condições de poderem alcançar �ma manifestação de si total, não limitada, q�e consiste na apropriação de �ma totalidade de forças prod�tivas e no desenvolvimento de �ma totalidade de fac�ldades q�e isso implica. Todas as apropriações revol�cionárias anteriores foram limitadas; os indivíd�os c�ja manifestação de si era limitada por �m instr�mento de prod�ção limitado e trocas limitadas, apropriavam-se desse instr�mento de prod�ção limitado e só conseg�iam, desse modo, atingir �ma nova limitação. Apropriavam-se do se� instr�mento de prod�ção mas contin�avam s�bordinados à divisão do trabalho e ao se� próprio instr�mento de prod�ção. Em todas as apropriações anteriores havia �ma s�bordinação de �ma massa de indivíd�os a �m único instr�mento de prod�ção; na apropriação pelos proletários, é �ma massa de instr�mentos de prod�ção q�e é necessariamente s�bordinada a cada indivíd�o, ficando a propriedade s�bordinada a todos eles. As trocas m�ndiais modernas só podem estar s�bordinadas aos indivíd�os se o estiverem a todos. A apropriação é também condicionada pela forma partic�lar q�e deve necessariamente revestir. Com efeito, só poderá ser levada a cabo mediante �ma �nião q�e, dado o caráter do próprio proletariado, é obrigatoriamente' �niversal; só se efet�ará através de �ma revol�ção q�e, por �m lado, derr�bará o poder do modo de prod�ção e de troca anterior assim como o poder da estr�t�ra social precedente, e q�e por o�tro lado desenvolverá o caráter �niversal do proletariado e a energia q�e lhe é necessária para cons�mar essa apropriação. Trata-se portanto de �ma revol�ção em q�e o proletariado se libertará de t�do o q�e ainda lhe resta da s�a posição social anterior. É apenas nesta fase q�e a manifestação de si coincide com a vida material; essa fase corresponde à transformação dos indivíd�os em indivíd�os completos e à s�peração de t�do o q�e lhes foi originariamente imposto pela nat�reza; corresponde-lhe a transformação do trabalho em manifestação de si e a metamorfose das relações até então condicionadas em relações dos indivíd�os enq�anto indivíd�os. Com a apropriação da totalidade das forças prod�tivas pelos indivíd�os �nidos, é abolida a propriedade privada. Enq�anto na história anterior, cada condição partic�lar s�rgia sempre como acidental, agora é o isolamento dos próprios indivíd�os, o l�cro privado de cada �m, q�e se torna acidental. Aos indivíd�os já não s�bordinados à divisão do trabalho, os filósofos representaram-nos como �m ideal a q�e ap�seram a designação de «Homem»; e compreenderam todo o processo q�e acabamos de expor como sendo o desenvolvimento do «Homem». S�bstit�íram Os indivíd�os existentes em cada época da história passada pelo «Homem» e apresentaram-no como a força da história. Todo o- processo foi portanto compreendido como processo de a�to-alienação do «Homem», o q�e se deve essencialmente ao- fato de o indivíd�o médio do período �lterior ter sido sempre s�bstit�ído pelo do período anterior, ao mesmo tempo q�e se atrib�ía a este a consciência �lterior. Graças a esta inversão, q�e omite as condições reais, foi possível converter toda a história n�m processo de desenvolvimento da consciência.

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A sociedade civil abarca o conj�nto das relações materiais dos indivíd�os no interior de �m determinado estádio de desenvolvimento das forças prod�tivas. Encerra o conj�nto da vida comercial e ind�strial existente n�ma dada fase e �ltrapassa por isso mesmo o Estado e a nação, se bem q�e deva afirmar-se no exterior como nacionalidade e organizar-se no interior como Estado, O termo sociedade civil s�rgi� no séc�lo XVIII, q�ando as relações de propriedade se desligaram da com�nidade antiga e medieval. A sociedade civil enq�anto tal só se desenvolve com a b�rg�esia; todavia, a organização social diretamente res�ltante da prod�ção e do comércio, e q�e constit�i� sempre a base do Estado e do resto da s�perestr�t�ra idealista, tem sido constantemente designada pelo mesmo nome.

Relações do Estado e do Direito com a Propriedade

A primeira forma da propriedade é, tanto no m�ndo antigo como na idade média, a propriedade tribal, principalmente condicionada entre os Romanos pela g�erra, e entre os Germanos, pela criação de gado. Para os povos antigos (100) (não esq�eçamos q�e n�ma mesma cidade co-habitavam diversas tribos), a propriedade tribal aparece corno propriedade do Estado e o direito do indivíd�o a desfr�tá-la como �ma simples possessio, a q�al, no entanto, à semelhança da propriedade tribal, se limita à propriedade da terra. A propriedade privada propriamente dita começa. tanto para os antigos como para os povos modernos, com a propriedade mobiliária, - (Escravat�ra e com�nidade) (domini�m ex j�re q�irit�m (101) Para os povos q�e saem da Idade Média, a propriedade tribal evol�i passando» por diferentes estádios - propriedade f�ndiária fe�dal, propriedade mobiliária corporativa, capital de man�fat�ra - até ao capital moderno, condicionado pela grande indústria e a concorrência �niversal, q�e representa a propriedade privada no estado p�ro, despojada de q�alq�er aparência de com�nidade e tendo excl�ído toda a ação do Estado sobre o desenvolvimento da propriedade. É a esta propriedade privada moderna q�e corresponde o Estado moderno, adq�irido po�co a po�co pelos proprietários privados através dos impostos, inteiramente caído nas s�as mãos pelo sistema da dívida pública e c�ja existência depende excl�sivamente, pelo jogo da alta é da baixa dos valores do Estado na Bolsa, do crédito comercial q�e lhe concedem os proprietários privados, os b�rg�eses. A b�rg�esia, por ser já �ma classe e não �ma simples ordem, é constrangida a organizar-se à escala nacional e já não excl�sivamente n�m plano local, e a dar �ma forma �niversal aos se�s interesses com�ns. Dado q�e a propriedade privada se emancipo� da com�nidade, o Estado adq�iri� �ma existência partic�lar j�nto da sociedade- civil e fora dela; mas esse Estado não é mais do q�e a forma de organização q�e os b�rg�eses constit�em pela necessidade de garantirem m�t�amente a s�a propriedade e os se�s interesses, tanto no exterior corno no interior. A independência do Estado só existe hoje nos países menos desenvolvidos onde as ordens ainda não se desenvolveram ao ponto de constit�írem classes e onde ainda desempenham �m certo papel; países esses

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em q�e existe �rna sit�ação híbrida e onde, conseq�entemente, nenh�ma- parte da pop�lação pode dominar as o�tras. É m�ito partic�larmente o caso da Alemanha, ao passo q�e o exemplo mais acabado de Estado moderno é a América do Norte. Os escritores franceses, ingleses e americanos modernos afirmam todos, sem excepção, q�e o Estado só existe devido à propriedade privada, idéia essa q�e acabo� por ser aceite pela consciência com�m. Sendo portanto o Estado a forma através da q�al os indivíd�os de �ma classe dominante fazem valer os se�s interesses com�ns e na q�al se res�me toda a sociedade civil de �ma época, concl�i-se q�e todas as instit�ições públicas têm o Estado como mediador e adq�irem através dele �ma forma política. Daí a il�são de q�e a lei repo�sa sobre a vontade e, melhor ainda, sobre �ma vontade livre, desligada da s�a base concreta. O mesmo acontece com o direito q�e é por s�a vez red�zido à lei. O direito privado desenvolve-se, conj�ntamente com a propriedade privada, como res�ltado da dissol�ção da com�nidade nat�ral. Entre os Romanos, o desenvolvimento da propriedade privada e do direito privado não teve q�alq�er conseqüência ind�strial o� comercial pelo fato de o se� modo de prod�ção não se ter modificado (102) Nos povos modernos, onde a com�nidade fe�dal foi dissolvida pela indústria e o comércio, o nascimento da propriedade privada e do direito privado marco� o início de �ma nova fase s�sceptível de �m desenvolvimento �lterior. Amalfi (103) a primeira cidade da Idade Média a ter �m comércio marítimo considerável, foi também a primeira a criar o direito marítimo. E em Itália, em primeiro l�gar, tal como mais tarde no�tros países, q�ando o comércio e a indústria cond�ziram a propriedade privada a �m desenvolvimento considerável.retomo�-se imediatamente o direito privado dos Romanos e elevo�-se este à categoria de a�toridade. Mais tarde, q�ando a b�rg�esia adq�iri� poder s�ficiente para q�e os príncipes se preoc�passem com os se�s interesses e �tilizassem essa b�rg�esia como instr�mento para derr�bar a classe fe�dal, começo� em todos os países - como em França, no séc�lo XVI o verdadeiro desenvolvimento do direito, q�e em todos eles, à excepção da Inglaterra, tomo� como base o direito romano. Mesmo em Inglaterra foram introd�zidos, para aperfeiçoar o direito privado, alg�ns princípios do direito romano (partic�larmente no q�e se refere à propriedade mobiliária). (Não esq�eçamos q�e o direito, tal como a religião, não poss�i �ma história própria.) O direito privado exprime as relações de propriedade existentes como o res�ltado de �ma vontade geral. O próprio j�s �tendi et ab�tendi (104) exprime, por �m lado, o fato de a propriedade privada se tornar completamente independente da com�nidade e, por o�tro, a il�são de q�e essa propriedade privada repo�sa sobre a simples vontade privada, sobre a livre disposição das coisas. Na prática, o ab�tti (105) tem limitações econômicas bem determinadas para o proprietário privado se este não q�iser q�e a s�a propriedade, e com ela o se� j�s ab�tendi, passe para o�tras mãos; pois, no fim de contas, a coisa, nada é, considerada �nicamente nas s�as relações com a s�a vontade, e só se transforma n�ma coisa, n�ma propriedade real (n�ma relação, naq�ilo a q�e os filósofos chamam �ma idéia), através do comércio e independentemente do direito. Esta il�são j�rídica, q�e red�z o direito

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à simples vontade, cond�z fatalmente mente, na seqüência do desenvolvimento das relações de propriedade. à possibilidade de q�alq�er pessoa ostentar �m tít�lo j�rídico de propriedade sem efetivamente poss�ir essa propriedade. S�ponhamos, por exemplo, q�e �m terreno deixa de ser rentável devido à concorrência - o se� proprietário conservará sem dúvida alg�ma o tít�lo j�rídico da propriedade, assim como o se� j�s �tendi et ab�tendi. Mas nada poderá fazer com ele nem nada poss�irá de fato se não disp�ser de capital s�ficiente para c�ltivar o se� terreno. É esta mesma il�são q�e explica o fato de, para os j�ristas, assim como para todos os códigos j�rídicos, as relações entre os indivíd�os celebrada por contratos, por exemplo, s�rgirem como algo fort�ito e de, a se� ver, as relações deste tipo [poderem] o� não ser aceites na medida em q�e o se� conteúdo repo�sa inteiramente sobre a vontade arbitrária e individ�al das partes contratantes. De cada vez q�e o desenvolvimento da indústria e dó comércio crio� novas formas de troca, por exemplo companhias de seg�ros e o�tras, o direito vi�-se reg�larmente obrigado a integrá-las nos modos de aq�isição da propriedade.

Infl�ência (106) da divisão do trabalho sobre a ciência. Papel da repressão no Estado, no direito, na moral, etc.. É necessário q�e a lei constit�a �ma expressão da b�rg�esia precisamente por esta dominar como classe. Ciência da nat�reza e história. Não há história da política, do direito, da ciência, etc., da arte, da religião, etc.

Razão por q�e os ideólogos põem t�do às avessas. Homens de religião, j�ristas, políticos. J�ristas, políticos (himens de Estado em geral), moralistas, homens de religião. A propósito desta s�bdivisão ideológica no interior de �ma classe: I. a�tonomia da profissão como conseqüência da divisão do trabalho: cada q�al considera a s�a profissão como verdadeira. Sobre a ligação do se� trabalho com a realidade, il�dem-se necessariamente dada a nat�reza desse trabalho. Em j�rispr�dência, em política, etc., essas relações transformam-se - na consciência - em conceitos; como não se elevam acima dessas relações, os conceitos q�e sobre elas poss�em são conceitos rígidos: o j�iz, por exemplo, pelo fato de aplicar o código, considera a legislação como verdadeiro motor ativo. Cada �m respeita a s�a mercadoria pois ela está em relação com o �niversal. Idéia do direito. Idéia do Estado. Na consciência v�lgar o ass�nto é posto às avessas.

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A religião é em primeira análise consciência da transcendência, [consciência q�e] nasce da obrigação real. Exprimir isto de �ma forma mais pop�lar. A tradição para o direito, a religião, etc.

Os indivíd�os sempre partiram de si mesmos, partem sempre de si mesmos. As s�as relações são relações q�e correspondem ao processo real da s�a vida. A q�e se deve o fato de as s�as relações ascenderem à a�tonomia e se chocarem com eles próprios? De os poderes dos indivíd�os se tornarem todos-poderosos perante esses mesmos indivíd�os? N�ma palavra: deve-se à divisão do trabalho, c�jo gra� depende da força prod�tiva desenvolvida em cada momento. Propriedade f�ndiária. Propriedade com�nitária. Fe�dal Moderna. Propriedade das ordens da sociedade. Propriedade man�fat�raria. Capital ind�strial.

( A partir daq�i, A Ideologia Alemã toma o aspecto de �m comentário de textos, o q�e explica as n�merosas citações das obras de São Br�no (Ba�er) e de São Max (Stirner))

NOTAS

1. [Passagem cortada no man�scrito:] Nenh�ma diferença especifica disting�e o idealismo alemão da Ideologia de todos os o�tros povos. Esta última considera ig�almente q�e o m�ndo é dominado por idéias, q�e estas e os conceitos são princípios determinantes, q�e o mistério do m�ndo material, apenas acessível aos filósofos, é constit�ído por determinadas idéias. Hegel levo� ao máximo o idealismo positivo. Para ele, o m�ndo material não se limitara a metamorfosear-se n�m m�ndo de idéias e a história n�ma história de idéias. Hegel não se contenta com o registo dos fatos do pensamento; proc�ra também analisar o ato de prod�ção. Q�ando são obrigados a sair do se� m�ndo de sonhos, os filósofos alemães protestam contra o m�ndo das idéias q�e lhes [...] a representação do [m�ndo] real, físico Todos os críticos alemães afirmam q�e as idéias, representações e conceitos

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dominaram e determinaram até agora os homens reais e q�e o m�ndo real é �m prod�to do m�ndo das Ideias. Todos pensam q�e assim acontece� até agora, mas q�e a sit�ação se vai modificar; e é aq�i q�e se diferenciam entre si, pois têm opiniões diferentes sobre a forma Como se deve libertar o m�ndo dos homens, o q�al, seg�ndo eles, gemeria sob o peso das s�as próprias idéias fixas, e sobre aq�ilo q�e cada �m considera como idéia fixa. Mas todos acreditam no domínio das idéias e j�lgam q�e o se� raciocínio provocará necessariamente a q�eda do estado de coisas existente, q�er pelo simples poder do se� pensamento individ�al q�er por tentarem conq�istar a consciência de todos.A crença de q�e o m�ndo real é o prod�to do m�ndo ideal, de q�e o m�ndo das idéias [...] Al�cinados pelo m�ndo hegeliano das idéias, q�e se torno� o deles, os filósofos alemães protestam contra o domínio dos pensamentos, idéias e representações q�e até agora, no se� parecer, o� melhor, de acordo com a il�são de Hegel, deram origem ao m�ndo real, o determinaram, o dominaram. Exalam �m último protesto e s�c�mbem [...] No sistema de Hegel, as Ideias, pensamentos e conceitos prod�ziram, determinaram e dominaram a vida real dos homens, o se� m�ndo material, as s�as relações reais. Os se�s discíp�los revoltados assenhorearam-se deste post�lado [...] 2. David Friedrlch Stra�ss (1808-1874), filósofo alemão. 3. Generais de Alexandre da Macedónia q�e, após a s�a morte, se entregaram a �ma l�ta encarniçada a fim de atingirem o poder. 4. [Passagem cortada no man�scrito:] O m�ndo exterior profano não se apercebe� evidentemente de nada; nenh�m destes acontecimentos q�e revol�cionaram o m�ndo conseg�i� exceder os limites de �m processo de decomposição do espírito absol�to. 5. [Passagem cortada no man�scrito:] O crítico, esse ordenador de casamentos e f�nerais, não poderia nat�ralmente estar a�sente; de fato, enq�anto resíd�os das grandes g�erras de libertação, 6. Neste caso: resíd�o. 7. [Passagem cortada no man�scrito:] (e da peq�enez nacional). 8. [Passagem cortada no man�scrito:] por essa razão q�e faremos preceder a critica individ�al dos diversos representantes deste movimento de alg�mas anotações gerais (as q�ais bastarão para caracterizar o nosso ponto de vista critico e f�ndamentá-lo tanto q�anto necessário. Se opomos estas anotações a Fe�erbach, é por ser ele o único a constit�ir �m efetivo progresso, o único c�jas obras podem ser est�dadas de bonne foi *); tais anotações esclarecerão os press�postos ideológicos q�e lhes são com�ns. *. De boa fé; em francês no texto original. 9. [Passagem cortada no man�scrito:] e q�e apenas proc�ram atingir �ma modificação da consciência dominante. 10. [Passagem cortada no man�scrito:] Apenas conhecemos �ma ciência, a da história. Esta pode ser examinada sob dois aspectos; podemos dividi-la em história da nat�reza e história dos homens. Porém, estes dois aspectos não são separáveis; enq�anto existirem homens, a s�a história e a da nat�reza condicionar-se-ão reciprocamente. A história da nat�reza, aq�ilo q�e se designa por ciência da nat�reza, não nos interessa aq�i; pelo contrário, é-nos necessário analisar em pormenor a história dos homens, pois, com efeito, q�ase toda ~

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ideologia se red�z a �ma falsa concepção dessa história ~ p�ro e simples abstrair dela. A própria ideologia é somente �m dos aspectos dessa história, 11. [Passagem cortada no man�scrito:] O primeiro ato histórico desses indivíd�os, através do q�al se disting�em dos animais, não é o fato de pensarem, mas sim o de prod�zirem os se�s meios de existência. 12. [Passagem cortada no man�scrito:] Ora este estado de coisas não condiciona apenas a organização q�e emana da nat�reza, a organização primitiva dos homens, principalmente no q�e se refere às diferenças de raça; condiciona ig�almente todo o se� desenvolvimento o� não desenvolvimento �lterior. 13. [Passagem cortada no man�scrito:] entre os Plebe�s romanos encontramos em primeiro l�gar peq�enos proprietários de terra, ao q�e se seg�e a constit�ição embrionária de �m proletariado, tendência q�e aliás não se desenvolve devido à s�a posição intermédia entre cidadãos poss�idores e escravos. 14. Licini�s: trib�no do povo q�e edito� em 367, j�ntamente com Sexti�s, leis q�e favoreciam os plebe�s, e seg�ndo as q�ais nenh�m cidadão romano tinha o direito de poss�ir mais do q�e �ma determinada extensão de terras pertencentes ao Estado. 15. [Passagem 'cortada no man�scrito:] em relações de prod�ção determinadas. 16. [Passagem cortada no man�scrito:] q�e se atém apenas aos dados reais. 17. [Passagem cortada no man�scrito:] As representações aceites por estes Indivíd�os são idéias q�er sobre as s�as relações com a nat�reza, q�er sobre as relações q�e estabelece entre si o� q�er sobre a s�a. própria nat�reza. ~ evidente q�e, em todos estes casos, tais representações constit�em a expressão consciente - real o� imaginária - das s�as relações e das s�a atividades reais, da s�a prod�ção, do se� comércio, do se� (organização) comportamento político e social, Só é defensável a hipótese inversa se s�põe �m o�tro espirito, �m espírito partic�lar, para além do espirito dos indivíd�os reais, condicionados materialmente, Se a expressão consciente das condições de vida reais destes indivíd�os é imaginária, se nas s�as representações consideram a realidade invertida, este fenômeno é ainda �ma conseq�ência do se� modo de atividade material limitado e das relações sociais deficientes q�e dele res�ltam. 18. [Passagem cortada no man�scrito:] e, para sermos precisos, os homens tais como são condicionados pelo modo de prod�ção da s�a vida material, pelo se� comércio material e o se� desenvolvimento �lterior na estr�t�ra social e política. 19. Câmara esc�ra. 20. [Passagem cortada no man�scrito:] a proc�rar a interdependência real, prática, dessas diferentes estratificações. 21. [Passagem cortada no man�scrito:] antes da expressão 'é certo': na Sagrada Família, foi convenientemente ref�tada a idéia de q�e estes santos filósofos e teólogos, ao escreverem alg�mas v�lgaridades sobre o espírito absol�to, teriam criado a "não-a�tonomia dos indivíd�os". Como se o indivíd�o, q�er dizer, todo o ser h�mano, «deixasse de ser a�tônomo»indivíd�o,dependência estivesse realmente dissolvido «no Espírito absol�to» a partir do momento em q�e alg�ns pobres espec�ladores dessem a conhecer estas ninharias ao «Indivíd�o», dando-lhe ordem para «se dissolver» imediatamente «no Espírito absol�to» sem a mais peq�ena hesitação! É de notar q�e se esses merceeiros p�deram chegar a tais manias filosóficas não o conseg�iram devido à «dependência, à não-a�tonomia do

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indivíd�o», mas por ca�sa da miséria da sit�ação social. 22. Primeira máq�ina de fiação a�tomática. 23. Marx tinha escrito primeiro: em q�alidade e q�antidade s�ficientes; este adjetivo foi riscado e s�bstit�ído por vollständig. 24. [Man�scrito deteriorado:] As palavras entre parêntesis não são legíveis no original. 25. [Variante no man�scrito original:] trata-se de �rna l�ta q�e nos traz novos res�ltados é. massa dos homens; a l�ta da Alemanha... [Passagem cortada no man�scrito original:] São Br�no dá-nos �ma "Característica de L�dwig Fe�erbach", isto é, �rna versão revista e corrigida de �m artigo já p�blicado nos Nordde�tsche Blätter. Dado o caráter sagrado em q�e nós próprios... • Fe�erbach é descrito como defensor da "S�bstância", com o objetivo de dar maior relevo à "Consciência de si" ba�erianas�bstância. Aliás, é já �m hábito: desde há alg�m tempo q�e este a�tor se limita a dizer de t�do e de todos q�e são a «S�bstância>, No dec�rso desta trans�bstanciação de Fe�erbach, o nosso santo homem salta diretamente dos escritos de Fe�erbach para a Essência do Cristianismo, passando sobre Bayle e Leibniz. Não menciona o artigo de Fe�erbach contra a filosofia "positiva" Incl�ído nos Hallische Jahrbücher, pela simples razão de Fe�erbachs�bstância absol�taaí desmascarar, face aos representantes positivos da «s�bstância,, toda a ciência da consciência de si «absol�ta, n�ma época em q�e São Br�no ainda espec�lava * sobre a Imac�lada Concepção e onde se exprimia m�ito mais claramente... do q�e ... alg�ma vez o fizera... A seq�ência deste texto é apenas �ma variante de �ma passagem do capit�lo II (S. Br�no). *Início de frase cortado. 26. Faltam as folhas paginadas por Marx com os números 3, 4, 5, 6 e 7. 27. [Variante no man�scrito:] «concepção» teórica. 28. [Nota de Engels:] O erro de Fe�erbach não reside no fato de s�bordinar o q�e é visível a olho n�, a aparência sensível. A realidade sensível observada graças a �m exame mais aprof�ndado do estado de coisas concreto; consiste, pelo contrário, no fato de, em última instância, não se poder assenhorear da materialidade sem a considerar com os «olhos>, Isto é, através dos «óc�los» do filósofo. 29. [Variante no man�scrito original:] q�e é em cada época histórica o res�ltado da atividade de toda �ma série de gerações. 30. Br�no Ba�er: «Característica de L�dwig Fe�erbach», Wigand's Vieteljahrsschrift,, 1845, t. III. 31. Al�são a �m verso do Fa�sto de Goethe. 32. [Passagem cortada no man�scrito:] Se apesar de t�do examinamos aq�i a história �m po�co mais detidamente, é pelo fato de os Alemães, ao o�virem as palavras hlstória» e "histórico", terem o hábito de pensar em todas as coisas possíveis e imagináveis menos na realidade. São Br�no, «esse orador versado na eloq�ência sagrada», é disso �m brilhante exemplo. 33. [Nota de Marx:] Os homens têm �ma história pelo fato de serem obrigados a prod�zir a s�a vida e de terem de o fazer de �m determinado modo: esta necessidade é �ma conseq�ência da s�a organização física; o mesmo acontece com a s�a consciência. [Variante no man�scrito:] apercebemo-nos de q�e, entre o�tras coisas, o homem tem "espirito", e q�e esse "espirito" se "manifesta" como

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consciência. 34. [Frase cortada no man�scrito:] a minha consciência é a minha relação com o q�e me rodeia. 35. [Nota de Marx:] Compreende-se imediatamente q�e esta religião nat�ral o� este tipo de relações com a nat�reza estão condicionados pela forma da sociedade e vice-versa. Neste caso, como em q�alq�er o�tro, a Identidade entre o homem e a nat�reza toma ig�almente esta forma, o� seja, o comportamento limitado dos homens perante a nat�reza condiciona o comportamento limitado dos homens entre si e este condiciona por s�a vez as s�as relações limitadas com a nat�reza, precisamente porq�e a nat�reza mal foi modificada pela história. 36. [Nota de Marx:] Religião. Os Alemães no q�e se refere à ideologia enq�anto tal. 37. [Passagem cortada no man�scrito atividade e pensamento, isto é, atividade sem pensamento e pensamento sem atividade. 38. Termos do vocab�lário dos jovens-hegelianos e de Stirner, em partic�lar. 39. [Passagem cortada no man�scrito:] Esta expressão Idealista das limitações económicas existentes é não só teórica, como também existe na consciência prática; isto significa q�e a consciência q�e se emancipa e q�e entra em contradição com o modo de prod�ção existente não constit�i apenas religiões e filosofias, mas também Estados. 40. Os Anais franco-alemâes eram �ma revista editada em Paris por Marx e A. R�ge. Só foi p�blicado o primeiro número, em Fevereiro de 1844, q�e continha dois artigos de Marx: Sobre a q�estão j�daica,, «Contrib�ição à critica da filosofia do direito de Hegel e �m longo artigo de Engeis: «Esboço de �ma critica da economia política. As divergências entre Marx e R�ge impediram o prosseg�imento desta p�blicação. Em 1845, em Francfort-sobre-Meno, aparece a obra de Marx e Engels intit�lada a Sagrada Familia, o� Crítica da Crítica crítica. Contra Br�no Ba�er e consortes. 41. Ba�er * pretendia-se o campeão de �ma escola filosófica critica,. * Ba�er, Br�no (1809-1882): Teólogo, historiador da religião e p�blicista alemão. Hegeliano de esq�erda q�e, em 1842, perde� a cátedra na Universidade de Bona devido aos se�s escritos radicais. Uni�-se mais tarde aos conservadores e apoio� a reação pr�ssiana. 42. [Passagem cortada no man�scrito:] e q�anto à propriedade, q�e foi Inicialmente �ma instit�ição criada pelos próprios homens, dá em breve à sociedade �ma característica própria q�e de forma alg�ma foi desejada pelos se�s a�tores iniciais, perfeitamente visível para q�em não se tenha s�bmetido definitivamente à «Consciência de si, o� ao Único,. 43. [Passagem cortada no man�scrito:] devem ser pensadas em f�nção da realidade material. 44. [Passagem cortada no man�scrito:] press�põe portanto q�e a história �niversal tenha �ma existência empírica prática. 45. A expressão alemã é bürgerliche Gesellschaft, q�e poderá além disso significar «sociedade b�rg�esa». 46. [Nota marginal de Marx:] Comércio [Verkehr] e força prod�tiva. 47. [Passagem cortada no man�scrito:] São MAX Stirner passeia-se levando a história m�ndial às costas, comendo-a e bebendo-a todos os dias como

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antigamente se fazia com o corpo e o sang�e de nosso senhor Jes�s Cristo, e a história �niversal prod�-lo q�otidianamente, a ele, o Único, q�e é o se� prod�to por necessitar de comer, beber e vestir-se; as citações contidas no Único (na obra), etc., assim como a polêmica de São MAX contra Hess e o�tras pessoas afastadas, demonstra como também no plano espirit�al ele é prod�zido pela história m�ndial. Daq�i se depreende:q�e, na história m�ndial, os indivíd�os são tão poss�idores como os elementos de q�alq�er o�tra Associação stirneana de est�dantes e de cost�reiras livres 48. [Passagem cortada no man�scrito:] por isso «o conceito (1) da personalidade (2) implica (3) de �ma forma geral -(4) q�e este s�rja com todos os se�s limites, (conseg�e-o admiravelmente) e seja levado «a abolir (5) de novo (6) a limitação q�e introd�z (7) (não por si mesma, nem de forma geral, mas apenas pelo se� conceito) «através da s�a essência (8) �niversal (9), a q�al é apenas o res�ltado da a�to-diferenciação (10) interna da s�a atividade», págs., 87-8& 49. [Nota de Marx:] cada etapa de desenvolvimento das forças prod�tivas serve de base ao domínio de �ma determinada classe. 50. [Nota marginal de Marx: constit�ída por pessoas q�e estão interessadas em manter o at�al estado de prod�ção. 51. [Passagem cortada no man�scrito] forma moderna da atividade sob a q�al a dominação das 52. [Passagem cortada no man�scrito:] Já há alg�m tempo q�e todos os com�nistas, tanto na França como na Inglaterra o� na Alemanha, estão de acordo sobre a necessidade desta revol�ção; no entanto, São Br�no contin�a calmamente o se� sonho e pensa, q�e se se admite o «h�manismo real», o� seja o com�nismo, «em vez do espirit�alismo» (q�e já não é j�stificável), é apenas para q�e aq�ele ganhe maior respeito. Então- contin�a o sonho - «será necessário q�e nos s�rja a salvação, q�e o cé� baixe à terra e q�e esta seja o Cé�» (o nosso do�to teólogo contin�a a não conseg�ir prescindir do cé�). «E assim brilharão a alegria e a felicidade para todo o sempre, no meio das celestes harmonias, (pág. 140). 53. Al�são às teorias de Ba�er e de Stirner. 54. De 1838 a 1841, foi editada na Prússia �ma revista intit�lada Anais de Halle da ciência e arte alemãs, sob a direção de Arnold R�ge e de Theodor Echtermeyer. Ameaçada de interdição na Prússia, a revista m�do�-se para a Saxónia intit�lando-se, entre 1841 e 1843, Anais alemães da ciência e da arte. Finalmente, em 1843, o governo proibi� para toda a Alemanha a saída da revista. 55. Al�sões feitas respectivamente a Ba�er, Fe�erbach e Stirner. 56. Canto nacionalista de Nicolas Beker. 57. Jakob Veneday (1805-1971), politlco alemão de esq�erdas. 58. Marx refere-se aq�i a Max Stlrner. 59. Wigand's Vierteljahrsschrift, revista dos jovens-hegelianos editada em Leipzig de 1844 a 1845. 60. Obra de Fe�erbach 61. [Passagem cortada no man�scrito:] Normalmente, a classe dominante j�lga serem estes conceitos q�em verdadeiramente reina, e só Os disting�e das Ideias dominantes das épocas anteriores apresentando-os como verdades eternas. Estes «conceitos dominantes» terão �ma forma tanto mais geral e generalizada

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q�anto mais a classe dominante é obrigada a apresentar os se�s interesses como interesses de todos os membros da sociedade. 62. [Variante no man�scrito:] de representar, no plano prático, �m interesse partic�lar como interesse com�m a todos, e, no plano teórico, como Interesse �niversal. 63. Em inglês no original: Lojista. 64. Falta o início deste caderno. Considerando a paginação de Marx, deverão faltar q�atro páginas. 65. Em francês no original. 66. [Passagem cortada no man�scrito:] estavam m�lto divididos, pois os oficiais dos vários mestres op�nham-se �ns aos o�tros no seio de �ma mesma profissão. 67. [Passagem cortada no man�scrito:] saindo do se� isolamento 68. Em francês no original 69. Leis editadas por Cromwell em 1651 e renovadas mais tarde. Estip�lavam q�e a maioria das mercadorias importadas da E�ropa, da Rússia o� da T�rq�ia ~ó deviam ser transportadas por navios Ingleses o� dos países exportadores. A cabotagem ao longo das costas inglesas devia ser feita excl�sivamente por barcos ingleses. Estas leis, destinadas a favorecer a marinha inglesa, eram sobret�do dirigidas contra a Holanda; foram abolidas entre 1793 e 1854. 70. [Passagem deteriorada no man�scrito.] 71. AIKIN, John (1747-1822): médico Inglês q�e foi sim�ltaneamente historiador. 72. PINTO, Isaac (1715-1787): espec�lador e economista holandês. As- citações do texto pertencem à «Carta sobre a rivalidade do comércio» da s�a obra: Tratado da circ�lação e do crédito. Amesterdão, 1771. 73. Em francês no original. 74. Em francês no original. 75. A�tor conhecido por Marx nesta época através da s�a obra intit�lada: Investigação sobre a nat�reza e as ca�sas da riq�eza das nações. 76. [Passagem riscada no man�scrito:] e de� origem à rápida circ�lação e concentração dos capitais. 77. Passagem deteriorada no man�scrito. 78. Em francês no original: mais o� menos. 79. [Variante no man�scrito:] cond�zi� à �nião de várias cidades, o q�e se explicava pela identidade dos se�s interesses perante os senhores fe�dais. 80. [Passagem cortada no man�scrito:] tornando-se o conj�nto destas condições de vida Individ�ais as condições de existência com�ns de �ma classe. 81. [Nota de Marx:] absorve primeiro os setores de trabalho diretamente ligados ao Estado, e depois todas as profissões mais o� menos ideológicas. 82. [Passagem cortada no man�scrito:] nas s�as condições de existência em parte dadas e em parte res�ltando de �m desenvolvimento dessas condições dadas. 83. [Passagem cortada no man�scrito:] e sem o completo e livre desenvolvimento do indivíd�o q�e ela implica. 84. Em francês no texto original. 85. Passagem deteriorada no man�scrito. 86. Parcelas. 87. [Passagem cortada no man�scrito:] os indivíd�os q�e se libertaram em cada época histórica apen:is contin�aram a desenvolver as condições de existência já

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presentes, q�e já lhes eram dadas. 88. Obra de Jean-Jacq�es Ro�ssea�, 89. Em francês no original: mais o� menos. 90. [Palavra cortada no man�scrito:] manifestaçao de si, Selbstbetãtig�ng. 91. Idem. 92. Contra o homem. 93. Em francês no original: sem o q�ererem. 94. [Nota marginal de Marx: Prod�ção do próprio modo de trocas. 95. Em francês no original: por s�a vez. 96. Significado literal: proletariado andrajoso. Elementos marginais à classe do proletariado �rbano, miseráveis, não organizados. 97. [Cortado no man�scrito:] cooperação tanto q�anto ela é possível. 98. Sismondi 1773-1S42) economista S�íço q�e critica o capitalismo de �m ponto de vista peq�eno-b�rg�ês. Cherb�liez (1797-1869 )- discíp�lo de Sismondi q�e mist�ro� às idéias deste noções extraídas de Ricardo 99. Em francês no original... a associação dos indivíd�os à associação dos capitais. 100. [Passagem cortada no man�scrito:] (em partic�lar, Roma e Esparta). 101. Propriedade de �m cidadão romano de velha estirpe. 102. [Passagem cortada no man�scrito:] e esta evol�ção não foi provocada por �ma extensão da indústria e do comércio. 103. Cidade italiana sit�ada ao S�l de Nápoles. Nos séc�los X e XI, era �m porto florescente e o se� direito marítimo foi adoptado por toda a Itália. 104. Direito de �sar e de ab�sar. 105. Direito de ab�sar. 106. Encontram-se aq�i agr�padas notas m�ito s�márias incl�ídas nas d�as primeiras páginas do man�scrito.