Marketing Estrat Pmes

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Formação Prática ESTRATÉGIAS DE MARKETING MARKETING MIX ANÁLISE DE MERCADO EXERCÍCIOS PRÁTICOS MARKETING ESTRATÉGICO PARA PME’s MANUAL DO FORMANDO 10

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Formação Prática

ESTRATÉGIAS DE MARKETING

MARKETING MIX

ANÁLISE DE MERCADO

EXERCÍCIOS PRÁTICOS

MARKETINGESTRATÉGICO PARA PME’s

MANUAL DO FORMANDO

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Formação Prática

ESTRATÉGIAS DE MARKETING

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MARKETINGESTRATÉGICO PARA PME’s

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Ficha Técnica

Título l Marketing Estratégico para PME’s

Autor l Future Trends

Coordenação Técnica l Mónica Montenegro

Coordenação Pedagógica l António Jorge Costa

Mónica Montenegro

Direcção Editorial l Future Trends

Concepção Gráfica e Revisão l Central de Informação

Composição e Acabamentos l Central de Informação

Capa e Contracapa l Central de Informação

Data de Edição l Abril de 2005

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IDENTIFICAÇÃO

Área profissional

Este curso destina-se a gestores e outros quadros superiores que

intervenham ou possam intervir no processo de tomada de deci-

sões nas empresas em que se encontram integrados.

Curso/Saída profissional

O curso de Marketing estratégico para PME’s serve essencialmente

para fornecer competências a indivíduos que exerçam ou pre-

tendam exercer funções que impliquem tomada de decisões nas

áreas de planeamento, bem como possibilitar o desenvolvimento

de estratégias de marketing adequadas às PME’s.

Nível de formação/qualificação

Para a frequência deste curso, os formandos deverão possuir for-

mação de nível IV ou nível V. Os formandos deverão ainda ter co-

nhecimentos de inglês.

Componente de formação

Este curso tem inerente uma componente de formação teórica e

uma outra com um carácter prático, que visam a adequação dos

conceitos às realidades dos formandos.

Unidade(s) de formação

Este curso é composto por três módulos, que a seguir se nomeiam:

• Estratégias de marketing – Enquadramento

• Marketing mix

• Análise de mercado

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Conteúdos temáticos

Este curso encontra-se dividido em três módulos. O primeiro faz

um enquadramento às estratégias de marketing e aborda os

seguintes temas:

• Estratégia empresarial

• Estratégia corporativa (Geral)

• Estratégias competitivas

O segundo módulo aborda o marketing mix, sendo tratadas

separadamente as estratégias do produto, preço, distribuição e

promoção.

No terceiro e último módulo abordam-se temas relacionados com

a análise de mercado, onde são apresentados a Segmentação e o

Posicionamento, e alguns modelos como a análise SWOT, a análise

PEST e o modelo das cinco forças competitivas.

Duração da unidade de formação

A duração total do curso é de 37,30 horas, que se distribuem pelos

módulos da seguinte forma:

• Estratégias de marketing – Enquadramento 7,30 horas;

• Marketing mix 15,00 horas;

• Análise de mercado 7,30 horas.

O tempo restante, 7,30 horas, será utilizado na aplicação e reso-

lução dos exercícios que se destinam à avaliação dos formandos.

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Sumário

Este manual pretende fornecer aos formandos ferramentas e conceitos que

possibilitem um melhor desenvolvimento de estratégias de marketing nas

pequenas e médias empresas onde estão ou venham a estar inseridos.

Salienta-se a importância que a estratégia possui para uma PME, pois desta

depende o seu sucesso e o alcance dos seus objectivos.

Neste sentido, e porque as empresas são um todo, existe a necessidade de

enquadrar e escolher as estratégias de marketing que melhor se adequam à

consecução da estratégia da empresa.

Atendendo a esta necessidade, o marketeer tem que considerar as directrizes

da empresa, pois são estas que a orientam ao longo do tempo. Estas directri-

zes assumem a forma de estratégias.

Após a definição das estratégias da empresa e das estratégias competitivas ou

genéricas – que permitem à empresa obter vantagem relativamente às suas

concorrentes através da liderança nos custos, da diferenciação, ou da especia-

lização –, a empresa poderá então desenhar as suas estratégias de marketing.

Assim sendo, a empresa já possui elementos que lhe permitem analisar a

estratégia do produto, do preço, da promoção e da distribuição (quatro ele-

mentos que constituem o marketing mix).

No entanto, a opção por uma estratégia para os elementos do marketing mix

está dependente do segmento de mercado, mercado-alvo e posicionamento

de mercado escolhidos. E, por isso, não pode esquecer-se a necessidade de se

efectuar uma análise ao mercado.

Neste sentido, encontram-se à disposição da empresa as análise SWOT e PEST,

bem como as cinco forças competitivas que auxiliam na execução desta tare-

fa – análise de mercado. A primeira permite à empresa ter conhecimento das

suas forças e fraquezas internas e das suas oportunidades e ameaças externas.

A análise PEST permite conhecer os factores políticos, económicos, sociais e

tecnológicos que influenciam a sua envolvente. Já as cinco forças competitivas

permitem analisar o mercado em que a empresa está inserida e fazer uma

análise da sua posição relativamente à concorrência.

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ÍNDICE

Módulo I – Estratégias de marketing – Enquadramento 11

1.1. Estratégia – Conceitos gerais 12

1.2. Estratégia corporativa (Geral) 13

1.3. Estratégias competitivas 15

Bibliografia 18

Bibliografia recomendada 19

Exercícios – Estratégias de marketing – Enquadramento 19

Módulo II – Marketing Mix 20

2.1. O produto 22

2.1.1. Ciclo de vida do produto 22

2.1.1.1. Estratégias de marketing na fase de introdução 23

2.1.1.2. Estratégias de marketing na fase de crescimento 24

2.1.1.3. Estratégias de marketing na fase de maturidade 25

2.1.1.4. Estratégias de marketing na fase de declínio 27

2.1.2. Análise dos produtos 28

2.1.2.1. Matriz BCG 28

2.1.2.2. Análise de portefólio 31

2.1.3. Políticas do produto 33

2.1.4. Estratégias de marca 36

2.2. O preço 38

2.2.1. Objectivos do preço 38

2.2.2. Estratégias de preço 39

2.3. A distribuição 41

2.3.1. Objectivos da distribuição 42

2.3.2. Estratégias de distribuição 43

2.4. A promoção 44

2.4.1. Plano de publicidade 45

2.4.1.1. Objectivos da publicidade 45

2.4.1.2. Estratégias de publicidade 46

2.4.2. Plano de promoção de vendas 47

2.4.2.1. Objectivos da promoção 47

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2.4.2.2. Estratégias de promoção 47

Bibliografia 48

Bibliografia recomendada 48

Exercícios – Marketing mix 49

Módulo III – Análise de mercado 50

3.1. Segmentação e posicionamento 51

3.1.1. Segmentação 51

3.1.2. Posicionamento 57

3.1.2.1. Análise SWOT (Strengths, Weaknesses,

Opportunities, Threats) 59

3.2. Análise PEST 61

3.3. Análise da concorrência 62

3.3.1. As cinco forças competitivas 62

Bibliografia 65

Bibliografia recomendada 66

Exercícios – Análise de mercado 66

Resoluções / soluções das actividades /

exercícios e instrumentos de avaliação 67

Módulo I – Estratégias de marketing – Enquadramento 67

Módulo II – Marketing mix 69

Módulo III – Análise de mercado 72

Anexo I – Bibliografia aconselhada 74

Anexo II – Auxiliares didácticos complementares 74

Anexo III – Lista de contactos úteis 74

Anexo IV – Textos para aprofundamento do tema

e conteúdos temáticos 76

Anexo V – Conjunto de exercícios / actividades 102

Módulo I – Estratégias de marketing – Enquadramento 102

Módulo II – Marketing mix 102

Módulo III – Análise de mercado 102

Anexo VI – Conjunto de instrumentos de avaliação 103

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Qualquer PME necessita de estabelecer directrizes que a orientem ao longo

do tempo. Essas directrizes vão sendo especificadas progressivamente, atra-

vés da estratégia.

Como opções estratégicas de crescimento intensivo, as empresas podem optar

por penetrar em novos mercados, desenvolver novos produtos, ou desenvol-

ver novos mercados. Na perspectiva da diferenciação as empresas podem

introduzir novos produtos em novos mercados.

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OBJECTIVOS

No final do módulo, o formando deve ser capaz de:

∑ • Aplicar os conceitos de estratégia empresarial a qualquer caso quese coloque, incluindo à empresa onde se insere e PME’s em geral;

∑ • Saber quais as estratégias propostas por Ansoff e aplicar cada umadelas no contexto das PME’s;

∑ • Caracterizar e aplicar as estratégias genéricas de Porter, explican-do em que situação é que se devem aplicar no contexto das PME’s.

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As PME’s podem ganhar vantagem competitiva através das seguintes estraté-

gias genéricas: liderança nos custos, diferenciação e especialização.

1.1. ESTRATÉGIA – CONCEITOS GERAIS

De seguida vão definir-se os conceitos estratégicos fundamentais: visão, mis-

são, objectivos e estratégia.

A visão ou intenção estratégica é a aspiração de uma empresa, o desejo de

alcançar um estado futuro [1].

A missão consiste na decisão dos aspectos centrais da empresa que levam ao

incremento dos lucros. Deve por isso delinear de uma forma ampla o conjun-

to de actividades em que a empresa vai operar [2]. A missão é o propósito cen-

tral da empresa que tem que ter em consideração os valores e as expectativas

dos stakeholders [1]. Os stakeholders são todas as pessoas com algum interes-

se na empresa: clientes, fornecedores, funcionários, entre outros.

Pode dizer-se então que a missão deve reflectir o propósito da empresa, assim

como os meios para o atingir. A missão deve incluir as aspirações da empresa

que providenciem a direcção para os gestores, as expectativas partilhadas

pelos funcionários e uma projecção acerca do que a empresa representa e dis-

ponibiliza aos consumidores [3].

Os objectivos devem sempre que possível ser quantificados e podem ser um

aprofundamento do fim ou propósito da empresa [1]. Estes também podem

ser considerados um eixo para a formulação da estratégia [2].

A estratégia é a visão e a direcção de uma empresa no longo prazo. Esta tem

como finalidade ajudar a empresa a alcançar vantagens competitivas, através

da configuração dos seus recursos num ambiente que se encontra em constan-

te mudança. Tudo isto para ir de encontro às necessidades dos mercados e das

expectativas dos stakeholders [1].

A estratégia deve dar resposta às questões: “Onde vai a empresa competir?”

e “Como é que o vai fazer?”. A resposta à primeira questão surge ao nível

da estratégia corporativa (Geral) [1]. A este nível pretende adicionar-se valor

às componentes da empresa e ir de encontro às expectativas dos stakehol-ders. No segundo nível da estratégia surge a resposta à segunda questão.

Neste nível, determina-se a forma de competir com sucesso num determina-

do mercado – estratégia da unidade de negócio. O terceiro nível da estraté-

gia encontra-se ao nível operacional. Esta estratégia está relacionada com

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recursos, processos, pessoas e capacidades que são utilizados em benefício

da empresa.

1.2. ESTRATÉGIA CORPORATIVA (GERAL)

Neste nível da estratégia, a empresa pode optar por manter os produtos actu-

ais em mercados actuais ou introduzi-los em novos mercados, ou, ainda, intro-

duzir novos produtos nos mercados actuais ou em novos mercados.

A matriz de Ansoff representa as quatro estratégias possíveis de adopção a

este nível. Estas são estratégias de crescimento intensivo e podem consistir na

penetração do mercado, no desenvolvimento do mercado, no desenvolvimen-

to do produto e na diversificação. (ver Figura 1.1) [4].

A estratégia de penetração do mercado é a primeira opção a considerar pela

empresa. A estratégia de desenvolvimento de mercado surge posteriormente,

na necessidade de encontrar ou desenvolver novos mercados para os produ-

tos actuais. A opção seguinte é a do desenvolvimento de novos produtos para

os mercados actuais – estratégia de desenvolvimento de produto. Como últi-

ma opção, a empresa deverá considerar a estratégia de diversificação – opor-

tunidade de desenvolvimento de novos produtos para novos mercados [4].

FIGURA 1.1. MATRIZ DE ANSOFF

Fonte: Adaptado de [4].

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PRODUTOS

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1. Estratégia depenetração de

mercado

2. Estratégia dedesenvolvimento

de mercado

3. Estratégia dedesenvolvimento

de produto

(Estratégia dediferenciação)

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No que respeita às estratégias de penetração de mercado, a empresa pode

tentar fazer com que os actuais clientes comprem mais, através da demonstra-

ção de benefícios de uso, atrair consumidores da concorrência através da esti-

mulação de mudança de marca e, por último, convencer não utilizadores do

produto a adquiri-lo e a utilizá-lo [4].

Nas estratégias de desenvolvimento de mercado, as empresas devem procu-

rar novos mercados onde as necessidades possam ser satisfeitas com os seus

produtos actuais. Esta estratégia pode ser operacionalizada através da iden-

tificação de potenciais utilizadores do produto e da utilização de novos

canais de distribuição, podendo ainda ser considerada a venda do produto

noutras regiões [4].

A decisão de lançamento de novos produtos será a terceira opção a conside-

rar – estratégia de desenvolvimento de produto. Esta estratégia prevê a cria-

ção de novos níveis de qualidade do produto, novas alternativas tecnológicas

ou inserção de novas características no produto actual [4].

Estas três estratégias de crescimento intensivo permitem diversos tipos de

crescimento. Outra das opções para a empresa são as estratégias de cresci-

mento integrado. Neste caso, as empresas podem optar por estratégias de

crescimento a jusante, a montante, ou de integração vertical [4].

Relativamente à estratégia de integração a jusante, a empresa pode adquirir

distribuidores ou retalhistas, quando estes são altamente rentáveis. Já a estra-

tégia de integração a montante consiste na aquisição de fornecedores (um ou

mais) para que a obtenção de lucro seja maior ou exista um maior controlo

por parte da empresa. No que diz respeito às estratégias de integração hori-

zontal, a empresa pode, desde que não existam restrições do Governo, incor-

porar um ou mais dos seus concorrentes [4].

O volume de vendas pode ser aumentado no longo prazo, através da utiliza-

ção das estratégias anteriormente expostas. Caso a empresa não consiga atin-

gir os seus objectivos com estas estratégias, pode optar pela diversificação.

A estratégia de diversificação faz sentido quando a empresa encontra boas

oportunidades fora dos produtos actuais [4]. Existem três tipos de diversifica-

ção: concêntrica, horizontal ou por conglomerado.

Com a estratégia de diversificação concêntrica, a empresa pretende atingir

uma nova classe de consumidores através da utilização de sinergias tecnológi-

cas e/ou de marketing, semelhantes às dos produtos actuais, em novos produ-

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tos. A introdução de novos produtos de interesse para os consumidores actu-

ais, sem relacionamento tecnológico com as linhas dos produtos existentes,

significa estar a optar por uma estratégia de diversificação horizontal. Já uma

estratégia de diversificação por conglomerado consiste na procura de novos

negócios sem relacionamento com a sua tecnologia, produtos ou mercados

actuais.

A RETER

A empresa pode identificar novas oportunidades de negócio atravésda utilização de sistemas de marketing. Primeiro, tenta intensificar asua posição nos mercados actuais. Depois, considera formas de inte-gração: a jusante, a montante e na vertical. Por último, procura opor-tunidades de negócio que sejam rentáveis fora do âmbito actual donegócio [4].

1.3. ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS

As estratégias demonstram as formas de atingir os objectivos definidos pela

empresa. Dizendo isto, as três estratégias genéricas de Porter funcionam

como o ponto de partida para o pensamento estratégico [4]. Estas têm a fina-

lidade de superar as empresas concorrentes. São elas (ver Figura 1.2) [5]:

• Liderança no custo total;

• Diferenciação;

• Focalização.

A liderança através dos custos consiste na prática de preços mais baixos que

os dos concorrentes, conseguida através da diminuição de gastos em I&D, em

assistência e publicidade, e fazendo um controlo rígido de despesas [4]. A

opção por esta estratégia faz com que a empresa se encontre protegida con-

tra os seus concorrentes, ganhando uma posição favorável perante os seus

fornecedores [6].

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Esta posição de liderança no custo total acaba por ser também um entrave à

entrada de novos concorrentes devido às economias de escala conseguidas

através da redução de custos [5].

Para que se torne possível alcançar esta posição, é necessário que a empresa

tenha uma quota de mercado,face ao seu concorrente mais importante, eleva-

da ou aproximada; e uma facilidade de acesso aos seus fornecedores. A empre-

sa pode necessitar de fazer grandes investimentos nos processos de produção,

podendo, nalguns casos, ter prejuízos no início da sua actividade e sentir neces-

sidade de fixar o preço de uma forma agressiva para conseguir uma parcela de

mercado significativa que lhe trará retornos apreciáveis [5]. Estes lucros devem

ser investidos novamente para que seja mantida a liderança de custos.

Mas nem tudo são vantagens, por isso a liderança no custo total também detém

alguns riscos inerentes. Estes riscos são a mudança tecnológica, que faz com que

os investimentos e know-how sejam anulados parcial ou totalmente; eventual

surgimento de imitações por parte das novas entradas, por vezes acompanhadas

de uma grande capacidade de investimento; possibilidade para inexistência de

acções de promoção por parte da empresa, se tiver toda a atenção centrada no

custo; e, por último, a influência da inflação nos custos que pode conduzir a uma

diminuição da capacidade da empresa em manter a imagem do seu produto [5].

A segunda estratégia genérica referida foi a diferenciação, que consiste em

criar um produto que se diferencie dos produtos existentes, como sendo um

produto único. As formas que podem ser assumidas por esta estratégia são:

“(...) projecto ou imagem de marca, tecnologia, serviços sob encomenda, rede

de fornecedores, ou outras dimensões” [5]. Para que esta estratégia seja mais

FIGURA 1.2. ESTRATÉGIAS GENÉRICAS

VANTAGEM ESTRATÉGICA

Unicidade observada pelo cliente

Posição de baixo custo

No âmbito do mercado

total

Apenas um segmento em particular

ALVO

ESTRATÉGICO

DIFERENCIAÇÃOLIDERANÇA NO CUSTO

TOTAL

FOCALIZAÇÃO

Fonte: Adaptado de [5]

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eficiente, normalmente as empresas utilizam mais do que uma forma como

complemento. Esta estratégia não deixa que a empresa se esqueça dos custos,

embora estes não sejam o alvo primário.

Com a estratégia de diferenciação, a empresa pode obter retornos avultados,

pois aquela fornece defesas para enfrentar as cinco forças [5]. Aqui, a lealda-

de à marca é um factor presente, existindo por isso pouca sensibilidade aos

preços. Logo, a posição de baixos custos não é fundamental, porque as mar-

gens são mais altas.

Esta estratégia não possibilita a obtenção de grandes parcelas de mercado devido

à exclusividade, pois o produto é visto como único [5]. Através dela, a empresa

diferencia de forma a reduzir a sensibilidade monetária ao preço praticado [6].

Os riscos inerentes à diferenciação são os baixos preços praticados pelos con-

correntes, que põem em causa a lealdade à marca, dado que, por vezes, os con-

sumidores estão dispostos a sacrificar-se por causa dos custos; a importância

da diferenciação poder diminuir; e ainda a possibilidade de ocorrência de imi-

tações que diminuam a diferenciação percebida pelos consumidores [5].

Finalmente, pode optar-se por uma estratégia de focalização que significa

especializar-se num certo “(...) grupo comprador, num segmento da linha do

produto, ou num mercado geográfico (...)”. Através da focalização, todas as

políticas terão como objectivo satisfazer um dos alvos citados anteriormente.

Ao mesmo tempo, a empresa pode obter uma posição de diferenciação e/ou

de baixo custo [5].

A premissa inerente a esta estratégia é a de que a empresa é capaz de servir

o seu alvo estratégico de uma forma mais eficiente e mais eficaz que a sua

concorrência [6].

Se a posição de focalização se encontrar desenvolvida, a empresa, para além

de ter a possibilidade de conseguir retornos de capital elevados, consegue

também defender-se das cinco forças competitivas (ponto 3.3.1, pág. 62).

Os riscos inerentes a esta estratégia são “(...) o diferencial de custos entre os

concorrentes que actuam em todo o mercado (...)” e a possibilidade de os con-

correntes optarem por uma focalização particular, diminuindo as vantagens

de custos da empresa [5]; a desfocalização por parte dos concorrentes, que

optam por diversos pequenos segmentos dentro de um mesmo mercado; e a

redução das diferenças entre os produtos e serviços pretendidos e entre o alvo

e o mercado (Figura 1.3).

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BIBLIOGRAFIA

[1] Johnson, G. e Scholes, K. (1999), Exploring Corporate Strategy: Text and Cases (5.ª Ed.),

Londres, Prentice Hall Europe. In: Cardoso, S. (2002), Cadeias Hoteleiras: Vantagens

Competitivas das Unidades Estratégicas de Negócios - Monografia não publicada,

Universidade Fernando Pessoa, Porto

[2] Levy, A. (1992), Competitividade Organizacional, São Paulo, Makron – McGraw-Hill. In:

Cardoso, S. (2002), Cadeias Hoteleiras: Vantagens Competitivas das Unidades

Estratégicas de Negócios - Monografia não publicada, Universidade Fernando Pessoa,

Porto

[3] Green, K. W. e Medlin, B. (2003), The Strategic Planning Process: The Link between

Mission Statement and Organizational Performance, Academy of Strategic

Management Journal, 2, pp. 23-32

FIGURA 1.3. REQUISITOS DAS ESTRATÉGIAS GENÉRICAS

Estratégiagenérica

Liderança

no custo

total

Diferenciação

Focalização

Recursos e habilidades em geral requeridos

Investimento de capital sustentado e

acesso ao capital

Boa capacidade de engenharia de processo

Supervisão intensa de mão-de-obra

Produtos projectados para facilitar a

fabricação

Sistema de distribuição com baixo custo

Grande habilidade de marketing

Engenharia do produto

Inteligência criativa

Grande capacidade de pesquisa básica

Reputação da empresa como líder em

qualidade ou tecnologia

Longa tradição no mercado ou

combinação ímpar de habilidade

trazida de outros negócios

Forte cooperação dos canais

Combinação das políticas acima

dirigidas para a meta estratégica

em particular

Requisitos empresariaiscomuns

Controlo de custo rígido

Relatórios de controlo

frequentes e detalhados

Organização e responsabilidades

estruturadas

Objectivos baseados em metas

estritamente quantitativas

Forte coordenação entre funções

em I&D, desenvolvimento do

produto e marketing

Avaliações e incentivos

subjectivos em vez de medidas

quantitativas

Ambiente ameno para atrair

mão-de-obra altamente

qualificada, cientistas ou

pessoas criativas

Combinação das políticas acima

dirigidas para a meta estratégica

em particular

Fonte: Adaptado de [5]

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[4] Kotler, P. (1996). Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação

e Controle, São Paulo, Editora Atlas

[5] Porter, M. (1986), Estratégia Competitiva – Técnicas para a Análise de Indústrias e da

Concorrência, Rio de Janeiro, Editora Campus. In: Cardoso, S. (2002), Cadeias Hoteleiras:

Vantagens Competitivas das Unidades Estratégicas de Negócios - Monografia não

publicada, Universidade Fernando Pessoa, Porto

[6] Dawes, J. e Sharp, B. (1996), Independent Empirical Support for Porter’s Generic

Marketing Strategies? A Re-analysis using correspondence analysis, Journal of

Empirical Generalisations in Marketing Science, 1, pp. 36-53

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

[1] Johnson, G. e Scholes, K. (1999), Exploring Corporate Strategy: Text and Cases (5.ª Ed.),

Londres, Prentice Hall Europe

[4] Kotler, P. (1996), Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação

e Controle, São Paulo, Editora Atlas

5 Porter, M. (1986), Estratégia Competitiva – Técnicas para a Análise de Indústrias e da

Concorrência, Rio de Janeiro, Editora Campus

EXERCÍCIOS – ESTRATÉGIAS DE MARKETING –ENQUADRAMENTO

1. Em relação à empresa onde está inserido, defina a visão, missão, objectivos

e estratégia, de forma a cumprir os requisitos de cada definição exposta.

2. Atendendo à matriz de Ansoff, identifique quais as estratégias que a sua

empresa tem utilizado. Exemplifique.

3. Indique qual/quais as estratégias genéricas que a empresa onde se insere

tem utilizado para se diferenciar da concorrência. Pensa que existiria outra

mais adequada? Qual e porquê?

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OBJECTIVOS

No final do módulo, o formando deve ser capaz de:

∑ • Definir os estágios do ciclo de vida do produto, identificando asestratégias que podem ser utilizadas em cada um deles;

∑ • Aplicar os modelos de portefólio a qualquer produto ou unidadede negócio, bem como saber quais as diferenças entre os modelos;

∑ • Conhecer as estratégias de produto, preço, distribuição e pro-moção mais adequadas à situação das empresas e aos seus objec-tivos.

O produto, o preço, a distribuição e a promoção são elementos do marketing

mix. Atendendo a isto, há que considerar diferentes estratégias possíveis que

podem ser utilizadas pelas empresas.

O produto é o elemento central e tem, inerente, um ciclo de vida que influ-

encia a escolha da estratégia a utilizar. As empresas escolherão a estratégia

mediante aquilo que pretendem para o produto e definirão a importância do

mesmo para a rentabilidade da empresa.

Existem modelos que facilitam a análise dos produtos e as unidades de negó-

cio da empresa. Estes auxiliam também na escolha da estratégia mais adequa-

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da a cada um deles. Os melhores serão aqueles que conseguem transformar

as forças e fraquezas em oportunidades, atendendo ao meio envolvente.

Com a ajuda da matriz BCG (pág. 30) e do modelo da análise de portefólio da

General Electric (pág. 33), a empresa identifica o posicionamento dos negóci-

os, podendo optar por fortalecer aqueles que são mais lucrativos e eliminar

ou diminuir o investimento naqueles que são mais fracos.

As estratégias do produto a adoptar são influenciadas pelo seu posicionamen-

to. Neste caso tem que se ter em consideração se a empresa é líder, desafia-

dora da líder, seguidora ou ocupante de nicho. Mediante este posicionamen-

to podem ser adoptadas estratégias para tentar desafiar posições ou manter

as posições possuídas.

Para além da posição da empresa, as estratégias também podem ser esco-

lhidas em relação à marca. Neste caso, a empresa poderia optar por esten-

der a linha de produtos, estender a marca, criar novas marcas ou possuir

multimarcas.

Outro elemento do marketing mix é o preço, e as estratégias de preço a adop-

tar estão também dependentes do estágio do ciclo de vida em que o produ-

to se encontra. O preço tem como finalidades a sobrevivência, a maximização

do lucro, a maximização da facturação, a maximização do crescimento das

vendas, a maximização da desnatamento do mercado, a liderança na qualida-

de, ou outro objectivo de preço.

As estratégias de preço estabelecem-se comparando o preço e a qualidade

inerentes ao produto para o qual se pretende desenvolver a estratégia.

Já a distribuição pretende colocar à disposição dos consumidores os produtos

para consumo. Dependendo dos interesses da empresa, esta poderá optar por

uma distribuição intensiva, selectiva ou exclusiva.

A promoção também é essencial pois o produto necessita de ser promovido.

Para isso a empresa pode optar por publicitar nos media ou promover os pro-

dutos nos pontos de venda ou junto dos intermediários.

Em suma, este módulo tratará dos elementos do marketing mix e explanará

os objectivos e as estratégias inerentes a cada um dos elementos.

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2.1. O PRODUTO

O produto pode definir-se como algo que se pode oferecer a um mercado

para que seja apreciado, adquirido, utilizado ou consumido para a satisfação

de uma necessidade ou desejo. Este conceito considera que os produtos de

maior qualidade, com desempenho superior ou com características inovado-

ras, tendem a ser privilegiados pelos consumidores [4 e 7].

Assim, o produto tem associados três elementos distintos: os atributos, os

benefícios e os serviços de apoio. Os atributos do produto estão associados ao

produto central e incluem elementos como a marca, a qualidade, a embala-

gem, o tamanho, entre outros. Já os benefícios do produto são os elementos

que o consumidor percebe como indo de encontro às suas necessidades – per-formance e imagem. Os serviços associados ao produto enquadram-se nas

actividades de marketing e incluem, por exemplo, a entrega, a garantia e o

serviço pós-venda [8].

2.1.1. Ciclo de vida do produto

O ciclo de vida do produto apresenta cinco fases diferentes: desenvolvimento

do produto, introdução, crescimento, maturidade e declínio [4 e 7].

O desenvolvimento do produto tem início quando a empresa encontra e

desenvolve uma ideia de um novo produto. Nesta fase, as vendas não existem

e os custos de investimento da empresa são elevados. Quando se introduz o

produto no mercado as vendas crescem lentamente e os lucros são inexisten-

tes, devido às elevadas despesas associadas ao lançamento. A fase de cresci-

mento coincide com um período de rápida aceitação do produto no mercado,

verificando-se um aumento dos lucros. Na fase de maturidade, verifica-se um

abrandamento no crescimento das vendas porque o produto já atingiu a mai-

oria dos compradores potenciais. Esta fase caracteriza-se por uma estagnação

ou declínio da lucratividade, provocado pelos gastos em marketing na pers-

pectiva de defender o produto da concorrência. O declínio é caracterizado por

uma queda nas vendas e um desaparecimento dos lucros (ver Figura 2.1).

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Diversas estratégias de marketing podem ser utilizadas no decurso do ciclo de

vida do produto. Apresentam-se, de seguida, as estratégias que podem ser

utilizadas em cada fase.

2.1.1.1. Estratégias de marketing na fase de introdução

No lançamento do novo produto, a empresa pode estabelecer um nível alto

ou baixo para as quatro variáveis: preço, promoção, distribuição e qualidade

do produto [4].

Se apenas for considerado o preço e a promoção, podem utilizar-se quatro

estratégias de marketing [4]:

• Estratégia de desnatamento rápido – O produto é lançado com um preço

elevado e muita promoção. Esta estratégia faz sentido quando uma grande

parte do mercado potencial não tem conhecimento do produto; quando,

ao tomar conhecimento do produto, fica ansiosa por adquiri-lo e pode

pagar o preço que está a ser solicitado; quando a empresa pretende desen-

volver preferência pela sua marca porque enfrenta uma concorrência forte.

• Estratégia de desnatamento lento – O produto é lançado com pouca pro-

moção e um preço elevado. Faz sentido a utilização desta estratégia quan-

do se trata de um mercado com tamanho limitado; o produto não é

conhecido pela maioria dos consumidores; existe consciência do produto

por parte dos clientes; não existe concorrência potencial iminente e os

compradores estão dispostos a pagar um preço alto.

• Estratégia de penetração rápida – Esta estratégia caracteriza-se por lançar

um produto com um preço baixo e muitos gastos em promoção. A sua uti-

lização é adequada em mercados amplos sem conhecimento do produto;

quando existe sensibilidade ao preço por parte dos compradores; e quan-

FIGURA 2.1. CICLO DE VIDA DO PRODUTO

Estágio de introdução

Estágio de crescimento

Estágio de maturidade

Estágio de declínio

Tempo

Vendastotais domercado

Fonte: Adaptado de [4].

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do existe uma concorrência potencial forte e o custo unitário de produção

decresce à escala e em função da experiência acumulada.

• Estratégia de penetração lenta – O novo produto é lançado a baixo preço

e com pouca promoção. Trata-se de uma estratégia importante quando o

mercado é amplo e consciente da existência do produto, existe sensibili-

dade ao preço e existe alguma concorrência potencial.

Estas estratégias encontram-se representadas na Figura 2.2.

2.1.1.2. Estratégias de marketing na fase de crescimento

Na fase de crescimento a empresa pode optar por diversas estratégias capazes

de sustentar o rápido crescimento do mercado [4]:

• a qualidade do produto é melhorada, sendo-lhe acrescentadas novas

características e estilos;

• são acrescentados novos modelos e produtos de flanco;

• direcciona-se para novos segmentos de mercado;

• aumenta a cobertura de mercado e utiliza novos canais de distribuição;

• muda a publicidade de consciencialização acerca do produto com vista à

sua preferência;

• baixa os preços para atingir os consumidores sensíveis ao preço.

A adopção destas estratégias fortalece a posição da empresa em termos com-

petitivos. Com o investimento no melhoramento do produto, promoção e dis-

tribuição, a empresa abdica da obtenção de lucro no curto prazo para obtê-

lo em maior escala na fase seguinte.

FIGURA 2.2. ESTRATÉGIAS DE MARKETING NA FASE DE INTRODUÇÃO

∑ Estratégia de desnatamento

rápido

∑ Estratégia de penetração

rápida

∑ Estratégia de penetração

lenta

∑ Estratégia de desnatamento

lento

PROMOÇÃOAlta Baixa

PREÇO

Alto

Baixo

Fonte: Adaptado de [4].

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2.1.1.3. Estratégias de marketing na fase de maturidade

Na fase de maturidade, uma grande parte das empresas opta por abandonar os

produtos menos rentáveis para concentrar os recursos nos produtos mais rentá-

veis e em novos produtos. Nesta fase, as empresas devem considerar novas

estratégias de produto, de mercado e, consequentemente, de marketing [4].

A empresa deve tentar expandir o seu mercado, atendendo aos dois factores

que compõem o volume de vendas: o número de utilizadores por marca e a

taxa de uso por utilizador [4]. Para cada um dos factores podem ser utilizadas

diferentes estratégias.

As empresas podem tentar aumentar o número de utilizadores do produ-

to/serviço de três formas [4]:

• Converter não usuários em usuários – Tentar atrair não utilizadores do

produto/serviço.

• Entrar em novos segmentos de mercado – Existem segmentos de mercado

que não usam a marca mas usam o produto, logo a empresa pode tentar

entrar nesses segmentos.

• Conquistar os consumidores da concorrência – Os consumidores dos con-

correntes podem ser atraídos para experimentarem e adoptarem a marca.

No que respeita ao volume de vendas, as empresas podem convencer os seus

consumidores a aumentar a taxa de uso anual [4]. Para isso, podem ser utili-

zadas as três estratégias apresentadas de seguida:

• Uso mais frequente – Os consumidores são convencidos pela empresa a

usar o produto mais frequentemente.

• Maiores usos por ocasião – Os consumidores podem ser influenciados pela

empresa a consumir mais o produto por ocasião.

• Novas e mais variadas utilizações – A empresa divisa novos usos para o

produto, apelando a uma utilização variada.

As vendas também podem ser estimuladas através da alteração das caracterís-

ticas do produto [4]. Existem três estratégias possíveis:

• Melhoria da qualidade;

• Melhoria das características;

• Melhoria do estilo.

O objectivo da estratégia de melhoria da qualidade tem como finalidade o au-

mento do desempenho funcional do produto (durabilidade, confiabilidade, velo-

cidade, valor). Esta estratégia é eficaz, uma vez que existe uma melhoria na qua-

lidade. Quando é anunciado como “mais forte, maior ou melhor” o consumidor

assume isto como verdadeiro, e um grande número deles está disposto a pagar.

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Uma estratégia de melhoria das características tem como finalidade o acrésci-

mo de novas características que aumentam a conveniência, a versatilidade e a

segurança do produto [4]. A esta estratégia estão associadas algumas vanta-

gens, tais como: identidade inovadora; conquista da lealdade de alguns seg-

mentos de mercado que valorizam as novas características; facilidade de eli-

minação das novas características, que podem adaptar-se aos gostos do com-

prador, gerando entusiasmo na força de vendas e na distribuição. A principal

desvantagem prende-se com a facilidade de imitação. Estas melhorias só tra-

rão vantagem se for notório um ganho permanente de se ser o primeiro.

A estratégia de melhoria de estilo tem como objectivo apelar às questões

estéticas do produto [4]. Esta estratégia vem conferir uma identidade exclu-

siva ao produto, junto do mercado, aumentando a conquista de consumido-

res leais. Contudo, existem também alguns problemas associados à competi-

ção por estilo, uma vez que é difícil prever se as pessoas gostarão do novo

estilo. Quando se altera o estilo, podem perder-se os consumidores que gos-

tavam do anterior.

A estimulação das vendas também pode ter por base alterações do marketing

mix [4]. Estas alterações podem ser efectuadas ao nível do preço, da distribui-

ção, da publicidade, da promoção de vendas e da venda pessoal e/ou de ser-

viços. O problema associado a estas alterações prende-se com a facilidade de

imitação pelas empresas concorrentes, principalmente quando se trata de

alterações no preço ou serviços adicionais.

EXEMPLOS

Poderá a empresa ganhar mais se aumentar o seu orçamento de publi-cidade e promoção de vendas? Considera-se que a promoção de ven-das tem mais impacto neste estágio porque o equilíbrio dos hábitos epreferências de compra do consumidor já foram atingidos, tornando apersuasão psicológica menos eficaz que a persuasão financeira. Tendoisto em atenção é importante saber que 60 por cento do orçamentototal de promoção das empresas de produtos embalados são gastos empromoção de vendas para os produtos que se encontram nesta fase.Mas existem empresas que consideram que se deve usar a publicidadeem simultâneo. A promoção de vendas traz resultados mais rápidos emais visíveis, embora no longo prazo possam existir diminuições dolucro provocadas pelo excesso de actividades de promoção [4].

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2.1.1.4. Estratégias de marketing na fase de declínio

Neste estágio é necessário identificar os produtos em declínio através de um

sistema estabelecido para o efeito. Desta análise surgirá a opção de conti-

nuar com o produto, alterar a estratégia de marketing ou abandonar o pro-

duto [4].

O abandono não será feito por todas as empresas ao mesmo tempo - umas

abandonarão mais cedo que outras [4] - e está dependente das barreiras à

saída. Este abandono por parte de algumas empresas trará vantagens a outras

que decidam continuar a operar no mercado.

De seguida são apresentadas cinco estratégias a utilizar na fase de declínio:

• Aumentar o investimento da empresa de forma a dominar ou a fortalecer

a sua vantagem competitiva;

• Manter o nível de investimento até que sejam resolvidas as incertezas

acerca do sector;

• Retrair selectivamente o nível de investimento da empresa, deixando para

trás os consumidores que não são rentáveis e, ao mesmo tempo, aumen-

tar o investimento nos nichos de mercado que são rentáveis;

• Recuperar o investimento da empresa para que rapidamente possa repor

a situação de caixa;

• Desacelerar o negócio rapidamente por forma a conseguir desfazer-se dos

activos da forma mais vantajosa possível.

EXEMPLO

A Procter & Gamble permaneceu no negócio do sabão líquido que seencontrava em declínio e viu o seu lucro melhorado com a retirada demercado dos seus concorrentes [4].

EXEMPLO

Uma empresa que se encontre num determinado sector que não sejaatraente, embora possua uma força competitiva, deve considerar umaestratégia de retracção selectiva. No entanto, se a empresa se encon-trar num sector atraente e com força competitiva, deve considerar umreforço do investimento [4].

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A força competitiva e a atractividade relativa do sector influenciam a escolha

da estratégia de declínio a utilizar.

2.1.2. Análise dos produtos

Com a análise dos produtos pretende saber-se onde estes se posicionam, de

forma a facilitar a tomada de decisões acerca das estratégias a utilizar.

Esta análise tem por base o estudo da carteira de produtos e negócios que a

empresa possui e que a constituem [7]. O melhor portefólio é constituído

pelos negócios que conseguem transformar as forças e fraquezas em oportu-

nidades no meio envolvente. Para isso, a empresa necessita de analisar o seu

portefólio do momento e decidir em que negócios vai investir mais, menos ou

nada, e desenvolver estratégias de crescimento para lhe adicionar novos pro-

dutos ou negócios.

A empresa pretenderá fortalecer os negócios mais lucrativos e diminuir ou eli-

minar o investimento de recursos nos produtos menos rentáveis. Atendendo

a esta finalidade, a empresa terá que identificar os seus negócios-chave, isto

é, aqueles que fazem com que a empresa se mantenha, e que são designados

de unidades estratégicas de negócio. Estas podem ser uma divisão dentro da

empresa, uma linha de produtos ou um único produto ou marca [7].

A fase seguinte passa por identificar a atractividade de cada unidade e por

decidir a atenção que cada uma merece, atendendo à lucratividade que pode

dar. Existem modelos que podem auxiliar as empresas no posicionamento das

suas unidades estratégicas de negócio e que são apresentados de seguida – a

matriz BCG e a análise de portefólio da GE.

2.1.2.1. Matriz BCG

A matriz BCG, desenvolvida pela Boston Consulting Group, tem em conside-

ração a taxa de crescimento do mercado e a quota de mercado relativa (em

relação ao maior concorrente). Esta está dividida em quatro partes, indicando

cada uma um tipo diferente de negócio [4 e 8].

A BCG avalia as unidades de negócio da empresa em termos da taxa de cres-

cimento de mercado e da quota relativa de mercado que cada unidade pos-

sui, classificando-as, conforme a sua localização na matriz, como estrelas, pon-

tos de interrogação, vacas leiteiras e cães [7]. A matriz está representada na

Figura 2.3.

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As oportunidades (pontos de interrogação) são caracterizadas por negócios

com alta taxa de crescimento e baixas participações relativas de mercado. Um

negócio localizado nesta célula exige um grande investimento por parte da

empresa para ser capaz de acompanhar o rápido crescimento de mercado [4

e 9]. Caso não haja investimento, o produto fica para trás e acaba por desa-

parecer [9]. Se o produto estagnar, mesmo sendo feito investimento passará

para o quadrante dos cães.

As estrelas são oportunidades bem sucedidas. Um negócio aqui localizado sig-

nifica liderança num mercado de grande crescimento [4 e 9]. Normalmente as

estrelas são rentáveis, podendo gerar ou não o investimento necessário para

sustentar o seu crescimento. Futuramente, podem tornar-se geradores de

caixa (vacas leiteiras).

Os geradores de caixa são caracterizados por uma grande taxa de participa-

ção no mercado e uma taxa de crescimento de mercado anual inferior a 10

por cento. Estes negócios produzem muito dinheiro para a empresa que o uti-

liza para pagar as suas contas e para manter os negócios localizados nos ou-

tros quadrantes [4 e 9].

As vacas leiteiras geram rendimentos suficientes para suportar o seu próprio

FIGURA 2.3. MATRIZ BCG

Estrelas

cash flow modesto

Cães

cash flow modesto

Pontos de interrogação

cash flowmuito negativo

vacas leiteiras

cash flowmuito positivo

Cash flowóptimo

Quota de mercado relativa

Taxa

de

cres

cim

ento

de

mer

cad

o

Fonte: Adaptado de [8].

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crescimento, pagar os dividendos, os gastos em investigação e desenvolvi-

mento, entre outros. Isto é, as vacas leiteiras geram dinheiro para financiar

toda a empresa, sendo a base da capacidade de endividamento de toda a

empresa [10].

Os cães são negócios que geram pouco lucro ou que dão prejuízo. Estes negó-

cios precisam de ser desacelerados ou eliminados devido ao tempo que a

administração necessita de gastar com eles [4]. Os cães são produtos desneces-

sários, decorrentes de insucesso de uma tentativa de obter a liderança quan-

do o produto era uma oportunidade [9].

Depois de colocar todos os seus negócios na matriz, a empresa determina a

situação do seu portefólio. Um portefólio desequilibrado caracterizar-se-ia

pela existência de muitos cães e oportunidades, e/ou poucos estrelas ou gera-

dores de caixa.

Já um portefólio equilibrado seria constituído por estrelas para garantirem o

futuro, vacas leiteiras para gerarem fundos para o crescimento futuro e opor-

tunidades para que fossem convertidas em estrelas com a injecção de fundos [9].

Após esta representação, a empresa poderia optar por quatro objectivos para

as unidades estratégicas de negócio [4]:

• Crescimento – Tem a finalidade de aumentar a quota de mercado, mesmo

que signifique a não existência de ganhos a curto prazo. Este objectivo

adequa-se a negócios/oportunidades que necessitam de ampliar a quota

de mercado para se tornarem estrelas.

• Manutenção – O objectivo é manter a participação do negócio no merca-

do e está adequado a geradores de caixa fortes, no caso de a empresa pre-

tender mantê-los com o mesmo nível de rendimento financeiro.

• Desaceleração – Consiste em tentar tirar o máximo partido da unidade

estratégica de negócio no curto prazo. Pode utilizar-se a desaceleração

para geradores de caixa fracos, que necessitariam de investimentos, ou

para negócios classificados de oportunidades e cães.

• Eliminação – O que se pretende aqui é a venda ou liquidação do negócio

para que os recursos sejam melhor aproveitados noutras áreas de activida-

de. A eliminação adequa-se a negócios com a classificação de cães, e opor-

tunidades que estejam a minimizar os lucros da empresa.

Normalmente, as unidades estratégicas de negócio começam como oportuni-

dades, tornam-se estrelas, depois geradores de caixa e, por último, cães, à

medida que vão avançando no seu ciclo de vida.

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2.1.2.2. Análise de portefólio

O modelo da General Electric (GE) ultrapassa algumas das limitações da matriz

BCG uma vez que relaciona a atractividade do mercado com a força competiti-

va da empresa [8]. Isto, porque nem sempre é possível ou apropriado desenvol-

ver objectivos ou tomar decisões para uma unidade estratégica de negócio ape-

nas com base no posicionamento na matriz de quota de crescimento.

Na Figura 2.4 encontra-se representado o modelo de portefólio multifactorial

da General Electric, onde são posicionados círculos que representam o merca-

do. A quota de mercado da unidade de negócio é colocada a sombreado [8].

O modelo da Figura 2.4, são assinalados sete produtos de uma empresa hipo-

tética. O tamanho do círculo representa o tamanho do mercado relevante, em

vez de representar o tamanho do negócio. A parte sombreada do círculo

representa a participação de mercado do negócio. através do exemplo a

seguir apresentado é possivel verificar que, o negócio de embraiagens onde a

empresa actua tem um mercado de tamanho moderado e detém, aproxima-

damente, 30% de participação no mesmo.

FIGURA 2.4. MODELO DE PORTEFÓLIO MULTIFACTORIAL DA GENERAL ELECTRIC

FORÇA DO NEGÓCIO

Investir/Crescer Selectividade/Ganhos Desacelerar/Abandonar

ATR

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TIV

IDA

DE

DE

MER

CA

DO

Bai

xaM

édia

Alt

a

Forte

1,001,00

2,33

2,33

3,67

3,67

5,00

5,00

Fonte: Adaptado de [8].

Média Fraca

Juntas

Bombashidráulicas

Embreagens

Diagramasflexíveis

Encaixesaeroespaciais

Bombas decombustível

Válvulasdeescape

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Neste sentido, o que se pretende é medir as duas dimensões do modelo,

existindo para isso a necessidade de identificar os factores básicos de ambas e

encontrar uma forma que possibilite medi-los e combiná-los num índice.

Alguns dos factores que podem ser medidos no que respeita à atractividade

de mercado são: o tamanho do mercado; a taxa de crescimento anual do mer-

cado; a margem de lucro histórica; a intensidade competitiva; as exigências

tecnológicas; o impacto ambiental, social, político e legal; as exigências de

energia; e a vulnerabilidade inflacionária [4].

No que diz respeito à posição competitiva, podem ser medidos factores como:

a participação de mercado; o crescimento da participação; a qualidade do pro-

duto; a reputação da marca; a rede de distribuição; a eficácia da promoção; a

capacidade produtiva; a eficiência produtiva; os custos unitários; os suprimen-

tos de materiais; o desempenho da investigação e desenvolvimento; e o pes-

soal administrativo.

Este modelo inclui a taxa de crescimento do mercado e a participação de

mercado que estão na base da BCG e, para além destas, considera um

grande número de factores que permitem a avaliação de um negócio real

ou potencial.

A matriz da GE encontra-se dividida em nove células e representa três zonas.

As três células da parte superior esquerda indicam unidades estratégicas de

negócio nas quais a empresa deve investir/crescer, enquanto as do canto infe-

rior direito se apresentam como unidades estratégicas de negócio fracas, no

que se refere à atractividade global e que, por isso, a empresa deve pensar em

desacelerar ou mesmo abandonar. Relativamente às células que fazem a dia-

gonal do canto inferior esquerdo ao canto superior direito, estas sugerem que

a empresa deve procurar seleccionar na perspectiva de ter lucros, uma vez que

a atractividade global é média.

Na Figura 2.5 apresentam-se as estratégias associadas a cada posicionamento,

a cada célula, e que a empresa deve discutir e analisar para atingir os seus

objectivos.

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2.1.3. Políticas do produto

A política do produto é influenciada pelo ciclo de vida do produto, pela análise

do portefólio, pelo mix e linha do produto, e pelo produto como variável estra-

tégica. De seguida será apresentada a contribuição de cada um destes factores.

Os estágios do ciclo de vida do produto são tão importantes para a empresa

como a natureza do mercado e a sua evolução de embrionária até ao declí-

nio. Apesar de o ciclo de vida do produto não possuir uma aplicabilidade uni-

versal, este pode ser utilizado para deduzir formas de comportamento de pro-

dutos, sendo necessária cautela na sua aplicação [8].

A análise de portefólio é útil para o desenvolvimento e avaliação dos planos

de marketing [8]. Esta não só contribui para auxiliar na alocação dos recursos

como também apoia na decisão do mix actual e futuro e na análise do porte-

fólio da empresa. Esta análise contribui para decisões relacionadas com cada

produto ou unidade estratégica de negócio e tem como finalidade ajudar no

processo de comunicação e de tomada de decisão aos níveis de gestão da

marca e gestão estratégica.

FIGURA 2.5. ESTRATÉGIAS DE PORTEFÓLIO

PROTEGER A POSIÇÃO• Investir para crescer o

máximo • Concentrar esforços para

manter a posição

INVESTIR PARA CRESCER• Desafiar a liderança• Crescer selectivamente nos

pontos fortes• Reforçar áreas vulneráveis

CRESCER SELECTIVAMENTE• Epecializar-se em posições

competitivas bem definidas• Desenvolver habilidades

para deter os concorrentes• Enfatizar a rentabilidade

através do aumento daprodutividade

CRESCER SELECTIVAMENTE • Investir selectivamente nos

segmentos mais atraentes• Desenvolver habilidades

para deter os concorrentes• Enfatizar a rentabilidade

através do aumento daprodutividade

SELECTIVIDADE/ÊNFASE NO LUCRO

• Proteger o programa actual• Concentrar os investimen-

tos em segmentos de boarentabilidade e de riscosrelativamente baixos

EXPANSÃO LIMITADA OU DESACELERAÇÃO

• Procurar maneiras deexpandir sem alto risco ouminimizar o investimentoe racionalizar operações

PROTEGER E REORIENTAR• Administrar os lucros actu-

ais• Concentrar em segmentos

atraentes • Defender a posição com-

petitiva

PROTEGER E REORIENTAR • Proteger a posição na mai-

oria dos segmentos rentá-veis

• Ampliar a linha de produ-tos

• Minimizar o investimento

ABANDONAR• Vender no momento certo

para maximizar o capitalinvestido

• Cortar os custos fixos eevitar novos investimentos

POSIÇÃO COMPETITIVA

Forte Média Fraca

Alta

Média

Baixa

ATR

AC

TIV

IDA

DE

DE

MER

CA

DO

Fonte: Adaptado de [8].

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O mix do produto de uma empresa é constituído pelo grupo de produtos ven-

didos. A empresa inicia o desenvolvimento de uma linha de produtos quando

as necessidades de todos os consumidores não são satisfeitas, constatando-se

outras oportunidades. O desenvolvimento das linhas de produto diminui a

dependência de um certo produto, proporcionando um crescimento mais

rápido da empresa.

Para que se desenvolva uma estratégia de produto, é necessário ter em consi-

deração diversos factores [8]. O mais importante diz respeito ao tipo de estra-

tégia do produto a considerar. Assim, podem considerar-se quatro tipos de

estratégias:

• Estratégia de líder de mercado;

• Estratégia de desafiador do líder;

• Estratégia de seguidor;

• Estratégia de ocupantes de nicho.

As empresas líderes de mercado são aquelas que possuem uma maior partici-

pação nesse mercado em termos da procura do seu produto [4]. Estas empre-

sas normalmente lideram as outras no que diz respeito a alterações nos pre-

ços, lançamento de novos produtos, cobertura de distribuição e intensidade

da promoção. As empresas líderes funcionam como ponto de orientação para

as empresas concorrentes que as desafiam, imitam ou evitam.

Para manter esta posição as empresas podem optar pela [4]:

• Expansão do mercado total – Através da procura de novos utilizadores,

novos usos e intensificação do uso dos seus produtos. A procura de novos

utilizadores pode ser levada a cabo através de uma estratégia de penetra-

ção de mercado (incentivar o uso junto de pessoas que não utilizam o pro-

duto), uma estratégia de mercado novo (atingir outro tipo de consumido-

res), ou uma estratégia de expansão de mercado (colocar o produto nou-

tra região ou país). O produto pode também ter novos usos, e então a

empresa demonstra que o produto pode ser utilizado noutras ocasiões. Já

a intensificação do uso consiste em convencer os consumidores a utiliza-

rem mais o produto nas ocasiões de uso.

• Defesa da participação de mercado – Na base da defesa da participação de

mercado pode estar uma defesa da posição, uma defesa de flanco, uma

defesa antecipada, uma defesa contra-ofensiva, uma defesa móvel ou

uma defesa de contracção.

• Expansão da participação de mercado – A expansão da participação de

mercado das empresas líderes deve ter em atenção as leis de monopólio,

o custo económico inerente ao aumento da participação de mercado e a

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estratégia do composto de marketing na procura de uma maior participa-

ção de mercado, pois se esta última for errada, a empresa não terá um

aumento nos lucros.

As empresas desafiadoras de mercado podem optar por “atacar” o líder de

mercado; “atacar” empresas do seu tamanho que estejam a atravessar dificul-

dades ou não estejam a fazer o seu trabalho; ou “atacar” pequenas empresas

locais e regionais que se encontrem em dificuldades financeiras ou que não

desempenhem bem a sua função [4].

Estas estratégias podem ser de [4]:

• Ataque frontal – Consiste em concentrar as forças da empresa no ataque às

forças do defensor ou oponente. Para que esta estratégia seja bem sucedi-

da o atacante necessita de ter uma forte vantagem sobre o concorrente.

• Ataque de flanco – Os ataques de flanco consistem em atacar o lado forte,

lançando o ataque real pelo flanco e apanhando a empresa desprevenida.

Esta destina-se a atender a necessidades não consideradas pelos concorrentes.

• Ataque de cerco – Consiste no lançamento de ofensivas em diversas fren-

tes, de forma a que a concorrente necessite de proteger em simultâneo a

frente, os flancos e a retaguarda. Esta estratégia faz sentido quando o ata-

cante é mais forte e possui mais recursos que o concorrente.

• Evitar o ataque – Isto é, evitar o inimigo e ao mesmo tempo atacar merca-

dos mais fáceis com a finalidade de ampliar a sua base de recursos. Esta

estratégia pode ser levada a cabo através da diversificação com produtos

não relacionados, diversificação em novos mercados geográficos ou diver-

sificação por novas tecnologias para exceder os produtos existentes.

• Ataque de guerrilha – Consiste em utilizar meios convencionais e não con-

vencionais para atacar a empresa oponente. Pode ter por base cortes

selectivos no preço, ofensivas promocionais e acções judiciais.

As empresas seguidoras de mercado podem optar por uma das três estraté-

gias que se seguem [4]:

• Copiadora – Esta copia a líder, usufruindo dos seus investimentos. Num

extremo poderá ser uma falsificadora que produz imitações do produto

da líder.

• Imitadora – Apesar de copiar algumas coisas da líder, uma empresa imita-

dora mantém a diferenciação. Desde que a líder não seja atacada de

forma agressiva pela imitadora, não se vai preocupar com ela, uma vez

que contribuirá para que a líder não seja acusada de monopólio.

• Adaptadora – Normalmente uma empresa adaptadora adapta e melhora

o produto da líder.

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Por último, seguem-se as estratégias das ocupantes de nicho que consistem na

especialização. As ocupantes de nicho podem optar por ser:

• Especialistas junto do utilizador final – consiste em especialização no aten-

dimento de um certo tipo de cliente final.

• Especialistas ao nível vertical – a empresa torna-se especialista num nível

da cadeia de valor entre a produção e a distribuição.

• Especialistas por tamanho de cliente – existe uma concentração em clien-

tes pequenos, médios ou grandes.

• Especialistas num cliente específico – a empresa limita-se a vender a um ou

alguns grandes clientes.

• Especialistas por área geográfica – a empresa vende apenas numa deter-

minada localidade.

• Especialistas por produto ou linha de produtos – a empresa concentra-se

na produção de apenas um produto ou de uma linha de produtos.

• Especialistas por característica do produto – a empresa especializa-se na

produção de uma característica do produto ou num tipo de produto.

• Especialistas por tipo de cliente – a empresa produz os seus produtos à

medida de cada cliente.

• Especialistas em qualidade/preço – a empresa opera na base ou no topo

do mercado.

• Especialistas em serviços – a empresa oferece um ou mais serviços que não

são disponibilizados pela concorrência.

• Especialistas no canal – a empresa especializa-se em atender apenas um

canal de distribuição.

2.1.4. Estratégias de marca

A empresa pode optar por quatro estratégias da marca: estender a sua linha

de produtos, estender a marca, criar multimarcas e criar marcas novas [4]. Na

Figura 2.6 encontram-se representadas as estratégias da marca.

A extensão da linha de produtos ocorre quando a empresa opta por lançar

itens adicionais na mesma categoria de produto com a mesma marca. Estas

extensões podem ser inovadoras, convencionais ou complementares [4].

Existem riscos associados à extensão da linha, pois a marca pode perder o seu

significado.

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37

As extensões da marca ocorrem quando a empresa decide lançar um novo

produto numa nova categoria com a marca existente. Esta estratégia fornece

inúmeras vantagens, especialmente se a marca tiver boa reputação no merca-

do, uma vez que o produto será reconhecido imediatamente e terá uma acei-

tação rápida. A utilização desta estratégia permite às empresas entrar com

maior facilidade com novas categorias de produto [4].

Por outro lado, esta estratégia também possui riscos inerentes, que estão rela-

cionados com a destruição da imagem da empresa se o produto lançado não

corresponder ao que os consumidores esperam.

O lançamento de novas marcas na mesma categoria de produtos caracteriza

a estratégia multimarcas [4]. Esta estratégia tem como finalidade apelar a

diferentes motivos de compra para o mesmo produto. O problema que se

coloca nesta estratégia é que, ao lançar diversas marcas, a empresa pode não

conseguir rentabilidade suficiente de nenhuma delas. Neste caso, as marcas

menos rentáveis devem ser eliminadas e substituídas por novas marcas. Deve

ainda conseguir-se que as marcas não compitam entre si, mas que canibalizem

as marcas concorrentes.

No lançamento de produtos em novas categorias, a empresa pode constatar

que as marcas que possui não se adequam a esses produtos. Ou então, pode

verificar que o poder da sua marca actual está a diminuir, tornando-se neces-

sária a criação de uma nova marca [4].

Uma vez que a introdução de uma nova marca tem custos inerentes elevados,

a empresa terá que ponderar bem esta opção antes de a levar a cabo [4]. Por

isso, deve reflectir sobre algumas questões: O negócio é suficientemente gran-

de? Irá durar tempo suficiente? Seria melhor evitar a utilização da marca actu-

al no caso de se verificar o fracasso do produto? O produto necessita do estí-

mulo da marca actual? As vendas prováveis e o lucro cobrirão o custo ineren-

te ao estabelecimento de uma nova marca?

FIGURA 2.6. ESTRATÉGIAS DE MARCA

Extensão de linha

Multimarcas Novas marcas

Extensão de marca

CATEGORIA DO PRODUTOExistente Nova

NOME DA MARCA

Existente

Nova

Fonte: Adaptado de [4]

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2.2. O PREÇO

A natureza das decisões do preço variam ao longo do ciclo de vida do produ-

to [8]. Assim, e para as cinco fases do ciclo de vida, vão apresentar-se as deci-

sões referentes ao preço.

Na fase do pré-lançamento, a empresa necessita de estabelecer objectivos de

preço e analisar as várias influências sobre o mesmo, tais como: custos, concor-

rentes, características do produto, entre outras [8].

Na fase de introdução, os preços de penetração ou prospecção dependem

quer dos objectivos quer das características de mercado, sendo necessário

também determinar a estrutura de descontos e desenvolver ofertas especiais

para encorajar as transacções [8].

Durante a fase de crescimento, o preço deve ser utilizado por forma a comba-

ter a concorrência, deve fazer-se uso das economias de escala e reforçar-se o

ataque dos vendedores, incrementando a percepção do preço/valor [8].

As decisões de preço na fase da maturidade estão relacionadas com a protec-

ção da posição através do preço; da identificação de oportunidades adicionais

através da diferenciação do produto; do aumento das opções; da introdução

de uma marca com baixo preço; e da identificação de canais de distribuição

alternativos, oferecendo a possibilidade de preços elevados [8].

Na última fase do ciclo de vida do produto, a fase de declínio, o preço deve

ser utilizado para maximizar os lucros, manter a quota de mercado e levar a

cabo reduções nos preços em segmentos com tempo de vida curta [8].

2.2.1. Objectivos do preço

A empresa pode pretender alcançar os seguintes objectivos quando fixa o

preço [4]: (a) sobreviver, (b) maximizar os lucros, (c) maximizar a facturação,

(d) maximizar o crescimento das vendas, (e) maximizar o desnatamento do

mercado e (f) ser líder na qualidade. (a) A sobrevivência faz sentido quando a

empresa tem excesso de capacidade de produção, uma forte concorrência ou

se verificam alterações nos desejos dos consumidores. Neste caso, a empresa

opta por reduzir os seus preços para se manter em funcionamento. Esta é uma

opção a considerar apenas no curto prazo. No longo prazo a empresa terá que

analisar o facto de poder acrescentar valor ou enfrentar a extinção.

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Por outro lado, existem empresas que estabelecem o preço com a finalidade

de (b) maximizar os lucros [4]. Este objectivo tem alguns problemas associados

que são o facto de a empresa presumir que conhece as funções da procura e

dos custos, que na realidade são de difícil estimação. Outro problema é o

facto de a empresa se centrar no desempenho financeiro, descurando o longo

prazo e, por último, ignorar os efeitos de outras variáveis do marketing mix,

as reacções da sua concorrência e as restrições legais relativas ao preço.

Noutros contextos, as empresas estipulam como objectivo a (c) maximização

da facturação, no sentido de, no longo prazo, maximizar o lucro e aumentar

a participação de mercado [4].

Se as empresas optarem por se centrar na (d) maximização do crescimento das

vendas, que normalmente se denomina por preço de penetração no mercado,

o estabelecimento de um preço baixo é importante se o mercado for sensível

a esse factor. Neste caso, um preço baixo estimula um maior crescimento de

mercado. À medida que se acumula experiência de produção, os custos de

produzir e distribuir diminuem e a concorrência (real ou potencial) é desenco-

rajada pelo preço baixo praticado [4].

A (e) maximização do desnatamento de mercado também pode ser uma estra-

tégia a adoptar. Para que faça sentido para a empresa optar pelo desnata-

mento de mercado têm que se verificar quatro condições: existência de um

número suficiente de compradores para alta procura; o custo de produção por

unidade para pequenos volumes não ser alto ao ponto de anular a vantagem

de cobrar um preço suportável pelo mercado; o alto preço praticado inicial-

mente não atrair mais concorrentes; existir a ideia de se tratar de um produ-

to superior devido ao seu alto preço [4].

A empresa pode optar por ser líder de mercado na qualidade e neste caso o

seu objectivo será o de (f) liderança na qualidade.

2.2.2. Estratégias de preço

A empresa tem ao seu dispor nove estratégias de preço em função da quali-

dade representadas na Figura 2.7.

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Num mesmo mercado podem coexistir as estratégias numeradas com 1, 5 e 9,

ou seja, uma empresa pode oferecer um produto de alta qualidade a um

preço alto, outra oferece um produto de média qualidade a um preço médio,

e outra oferece um produto de baixa qualidade a baixo preço. As três empre-

sas podem existir ao mesmo tempo no mercado pois este tem três grupos de

compradores: os que procuram produtos de qualidade, os que procuram uma

boa relação entre preço e qualidade e os que procuram apenas preços baixos.

As estratégias de posicionamento 2, 3 e 6 representam formas de atacar dia-

gonais. Quem opta pela estratégia 2 pretende indicar que apesar de terem a

mesma qualidade de 1, o preço que cobram é inferior. A estratégia 3 tem um

preço ainda menor para a mesma qualidade. Se os consumidores sensíveis à

qualidade acreditarem nas empresas que se posicionam em 2 e 3, irão adqui-

rir os seus produtos e estarão a economizar.

As estratégias de posicionamento 4, 7 e 8 têm, implicita, uma fixação de preço

elevado relativamente à qualidade. Os consumidores tenderão a sentir-se

enganados e poderão reclamar ou falar mal da empresa a outras pessoas.

Devem evitar-se sempre estas estratégias.

A escolha de uma estratégia de marketing está dependente de várias conside-

rações, tornando-se fundamental para as empresas a previsão dos impactos de

cada estratégia de marketing, nas vendas, na participação de mercado, nos

custos, no lucro e no investimento a longo prazo. Na Figura 2.8 são apresen-

tadas sete opções estratégicas com as razões que levam a optar por elas e as

consequências inerentes a cada uma.

FIGURA 2.7. ESTRATÉGIAS DE PREÇO/QUALIDADE

1. Estratégia premium

2. Estratégia de alto valor

3. Estratégia de valor supremo

4. Estratégia de alto preço

5. Estratégia de preço médio

6. Estratégia de valor médio

7. Estratégia de desconto

8. Estratégia de falsa economia

9. Estratégia de economia

PreçoQ

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Alta

Média

Baixa

Alto Médio Baixo

Fonte: Adaptado de [4]

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2.3. A DISTRIBUIÇÃO

A distribuição consiste na disponibilização do produto junto dos consumido-

res-alvo, sendo necessária a escolha de canais para a concretização desta fina-

lidade. Os canais de distribuição são constituídos por um conjunto de empre-

sas interdependentes envolvidas no processo de disponibilização de um pro-

duto ou serviço para uso ou consumo [7].

Para atender a esta definição serão apresentados os objectivos e as estratégias

de distribuição que podem ser utilizadas pelas empresas, por forma a disponi-

bilizarem os seus produtos ao consumidor final.

FIGURA 2.8. ESTRATÉGIAS DE PREÇO

OPÇÕES ESTRATÉGICAS

1. Manter o preço e a qualidadepercebida. Adoptar o proces-so selectivo dos consumidores.

2. Aumentar o preço e a qualidade percebida.

3. Manter o preço e aumentar a qualidade percebida.

4. Reduzir parcialmente o preço e aumentar a qualidade percebida.

5. Reduzir amplamente o preço e diminuir a qualidadepercebida.

6. Reduzir amplamente o preço e diminuir a qualidadepercebida.

7. Manter o preço e reduzira qualidade percebida.

RAZÕES

A empresa desfruta de alta leal-dade dos consumidores. Existedisposição para perder os menosrentáveis para a concorrência.

Aumentar o preço para cobrir oaumento dos custos. Melhorar aqualidade para justificar umpreço mais elevado.

É mais barato manter o preço eaumentar a qualidade percebida.

Conceder alguma redução dopreço aos consumidores, masaumentar o valor da oferta.

Disciplinar e desencorajar a con-corrência de preços.

Disciplinar e desencorajar a con-corrência e manter a margem delucro.

Reduzir as despesas de marke-ting para enfrentar o aumentodos custos.

CONSEQUÊNCIAS

Menor participação de mercado.Menor rentabilidade.

Menor participação de mercado.Rentabilidade mantida.

Menor participação de mercado.Redução da rentabilidade acurto prazo. Aumento darentabilidade a longo prazo.

Manutenção da participação demercado. Declínio da rentabili-dade a curto prazo. Manutençãoda rentabilidade a longo prazo.

Manutenção da participação demercado. Manutenção damargem. Redução da rentabili-dade a curto prazo.

Manutenção da participação demercado. Manutenção damargem. Redução da rentabili-dade a longo prazo .

Menor participação de mercado.Manutenção da margem Reduçãoda rentabilidade a longo prazo.

Fonte: Adaptado de [4]

2.3.1. Objectivos da distribuição

Os objectivos de distribuição dos vendedores, dos produtores e dos inter-

mediários são diferentes [8]. Para que os objectivos dos produtores e dos

intermediários sejam atingidos, estes necessitam de cooperar para que a satis-

fação dos consumidores seja alcançada (ver Figura 2.9).

Podem ocorrer conflitos na distribuição quando o produtor ou o intermediário

procuram o domínio e/ou ficam insatisfeitos com o relacionamento [8]. Este

conflito pode ser resolvido com uma extensão – integração a montante ou a

jusante: o produtor adquire retalhistas ou os retalhistas adquirem o produtor.

Pode ainda ocorrer conflito entre os retalhistas que operam no mesmo canal.

Para que os objectivos do canal e da logística sejam atingidos, podem ser uti-

lizadas algumas tácticas ou estratégias que serão apresentadas de seguida.

FIGURA 2.9. OBJECTIVOS DA DISTRIBUIÇÃO E SATISFAÇÃO DO CONSUMIDOR

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Programas de apoio aorevendedor

Satisfação do

consumidor

Objectivos dos vendedores nos canais de distribuição

• Quota de mercado/segmento• Objectivo de lucratividade por segmento de mercado• Lealdade dos membros do canal• Lealdade do consumidor à marca

Requisitos dos distribuidores - compensação esperada pelosrevendedores pelo suporte providenciado aos vendedores

• Taxa satisfatória de rotação de stocks• Contribuição para a margem bruta e custos operacionais

– Retorno sobre o investimento na área de vendas• Permissão para vendas promocionais• Exclusividade na distribuição• Fornecimento contínuo• Desenvolvimento de mercado• Crédito

Necessidades dos consumidores finais - requisitos de satisfação dos consumidores finais

• Preço/valor• Conveniência • Disponibilidade• Escolha

Requisitos dos canais dos vendedores - auxilio requerido para atingir o canal dedistribuição e os objectivos de marketing

• Factor de alta penetração• Níveis de serviço elevados• Largo alcance Inventário• Promoção• Inteligência de mercado• Desenvolvimento de mercado

Fonte: Adaptado de [8]

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2.3.2. Estratégias de distribuição

A empresa necessita de ponderar duas questões para decidir se a distribuição

deve ser directa ou feita através de canais de distribuição [8]. As questões são:

1. Pode a empresa efectuar a distribuição melhor que os intermediários a

um custo equivalente?

2. Pode a distribuição ser efectuada tão bem como a dos intermediários a

um custo inferior?

Se a resposta a estas duas questões for afirmativa, então o consumidor pode-

rá considerar a distribuição directa. Contudo, pode existir uma barreira a esta

questão que se prende com o facto de os consumidores terem hábitos de con-

sumo de determinados produtos, nomeadamente em relação aos fornecedo-

res. Por vezes verifica-se uma grande resistência à mudança [8].

Os consumidores preferem muitas vezes negociar com um intermediário a

terem que lidar com dois produtores. Estes dois produtores teriam que nego-

ciar com o intermediário e este é que negociaria com os consumidores [8]. O

impacto deste intermediário irá reflectir-se no preço final, o que pode ser

ultrapassado por outros benefícios que este pode associar ao produto.

O produtor terá que escolher uma de três estratégias de distribuição a utilizar:

• distribuição intensiva;

• distribuição selectiva;

• distribuição exclusiva.

A distribuição intensiva é utilizada normalmente em produtos em que o com-

portamento de compra está relacionado com hábitos e conveniência. Neste

caso, os produtores são de alto volume e os produtos são de baixo valor e pro-

curados em massa [8].

Esta estratégia caracteriza-se por disponibilizar os bens e serviços no maior

número de estabelecimentos possível e a sua utilização é comum quando se

trata de produtos de conveniência [8].

A distribuição selectiva é utilizada por produtores de bens duráveis em rela-

ção aos quais o comportamento de compra se traduz na aquisição de um pro-

duto específico numa loja/local específico. Neste caso, o produtor não deve

disponibilizar o produto em todas as lojas pois o consumidor irá fazer compa-

rações de preço. Este tipo de distribuição possibilita relacionamentos estreitos

com os intermediários e possibilita uma boa cobertura de mercado, com um

menor custo e um maior controlo relativamente à distribuição intensiva [8].

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A distribuição selectiva envolve alguns intermediários com características

específicas que estejam dispostos a vender um bem específico. Esta estratégia

pode ser utilizada por empresas com um bom posicionamento no mercado ou

por novas empresas [8].

Quando a empresa produtora pretende controlar a prestação de serviços que

os revendedores oferecem, a distribuição exclusiva é a melhor opção [4]. Esta

estratégia de distribuição normalmente não permite ao revendedor a venda

de marcas concorrentes. Esta estratégia permite um fortalecimento da ima-

gem do produto e a obtenção de margens mais elevadas.

Na distribuição exclusiva os intermediários são limitados a uma área geográ-

fica. O negociador recebe o direito de distribuição exclusiva daquele produto

na sua área geográfica. Aqui o produtor tem um maior controlo sobre o preço

e imagem do seu produto [8].

A escolha da estratégia de distribuição irá estar dependente da natureza do

produto, do segmento-alvo de mercado e do posicionamento do produto.

Existem alguns factores que podem fazer com que a empresa opte por uma

forma de distribuição mais exclusiva:

• onde é que o consumidor precisa e espera infra-estruturas ou um serviço

especializado;

• onde é que o produtor e/ou distribuidor podem beneficiar de uma ima-

gem associada à distribuição selectiva;

• onde é que o volume de vendas potencial pode não garantir uma distri-

buição intensiva;

• onde é que o produtor deseja exercer maior controlo sobre as actividades

de marketing dos membros do canal;

• onde é que uma distribuição mais intensiva pode resultar em conflitos

entre os membros do canal.

2.4. A PROMOÇÃO

A promoção é utilizada pelas empresas para comunicarem os benefícios dos

produtos aos consumidores-alvo de forma a incentivar a sua compra [7].

Assim, diz respeito às formas de comunicação de marketing, nomeadamente

publicidade, venda pessoal e promoção ou comunicação de vendas. Estas tam-

bém são consideradas o mix da promoção [8].

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2.4.1. Plano de publicidade

A publicidade é considerada o meio mais caro de captar potenciais clientes [8].

O papel da publicidade é atrair a opinião do público, com a finalidade de

influenciar potencialmente as atitudes dos consumidores [11].

Quando se pretende planear a promoção, as maiores decisões relacionam-se

com as seguintes questões:

• Qual é o papel da publicidade no mix promocional e no marketing mix?

• Com quem desejamos comunicar?

• O que queremos dizer?

• Onde é que podemos dizê-lo (que media utilizar)?

• Quanto é que vai custar?

• Devemos usar uma agência de publicidade?

• Como é que podemos avaliar a eficiência da publicidade?

O primeiro passo a dar no planeamento da promoção é determinar a situação

actual por forma a definir claramente onde é que se quer chegar [8].

2.4.1.1. Objectivos da publicidade

Com a publicidade, a empresa pretende obter resultados imediatos nas ven-

das, sendo o sucesso da campanha medido pela taxa de resposta. Contudo isto

nem sempre é possível de aferir, pois os resultados das campanhas podem

reflectir-se apenas num momento posterior ao da sua realização [7]. A publi-

cidade gera potenciais interessados no produto e por isso devem estabelecer-

-se cuidadosamente os objectivos da campanha para não se incorrer em situ-

ações de usurpação de expectativas dos consumidores.

Os objectivos da promoção podem ser de informação – quando a empresa

pretende desenvolver a procura primária, alertando os consumidores para o

benefício do produto; de persuasão – quando a empresa pretende desenvol-

ver a procura selectiva para uma determinada marca; e de lembrança – quan-

do os produtos estão na fase de maturidade [4]. Na Figura 2.10 encontram-se

os conteúdos de cada tipo de objectivo.

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Para o estabelecimento de objectivos de publicidade, a empresa precisa de ter

uma ideia clara de qual é a audiência-alvo. Esta audiência pode ser constituí-

da por consumidores existentes ou potenciais, decisores ou influenciadores. A

audiência pode ainda ser constituída por indivíduos ou grupos, um público

particular ou geral [8].

2.4.1.2. Estratégias de publicidade

A audiência irá ter grande influência nas decisões de publicidade, tais como:

o que queremos dizer, qual a melhor forma de o dizer, onde e como é que

deve ser dito [8].

As estratégias de publicidade podem ter por base a criação de uma imagem

de marca distinta ou então o desenvolvimento de uma proposição única de

venda, relacionada com diferenciação [8].

A decisão acerca dos gastos em publicidade baseia-se nos seguintes factores [8]:

• O dinheiro que a empresa pode disponibilizar no momento;

• Quantidade gasta pelos concorrentes ou as normas impostas pelo mercado;

• Uma percentagem das vendas passadas;

• Uma percentagem fixa dos lucros passados;

• Objectivos a atingir.

FIGURA 2.10. OBJECTIVOS DA PUBLICIDADE

Informar• Comunicar ao mercado o seu produto novo• Sugerir novas utilizações para o produto• Informar o mercado de uma alteração no preço• Explicar o funcionamento do produto• Descrever os serviços disponíveis• Corrigir impressões erradas• Diminuir receios do consumidor• Desenvolver uma imagem da empresa

Persuadir• Desenvolver preferência de marca• Encorajar a mudança para a sua marca• Mudar a percepção dos consumidores rela-

tivamente aos atributos do produto• Persuadir o consumidor a comprar nesse

momento• Persuadir o comprador a receber a visita

de um vendedor

Lembrar• Lembrar ao consumidor que pode necessi-

tar brevemente do produto• Conservar a consistência da marca• Lembrar onde pode ser adquirido o produto• Manter o produto na mente do consumi-

dor mesmo fora da época de compra

Fonte: Adaptado de [4]

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2.4.2. Plano de promoção de vendas

A promoção de vendas consiste num conjunto diversificado de ferramentas de

incentivo, na sua maioria a curto prazo, que têm como finalidade estimular a

compra mais rápida e/ou em maiores quantidades de um produto específico

[4]. A promoção oferece um incentivo à compra, enquanto que a publicidade

fornece motivos para a compra.

2.4.2.1. Objectivos da promoção

Os objectivos de promoção derivam de objectivos mais amplos, estando estes

dependentes dos objectivos de marketing mais básicos que foram desenvolvi-

dos para o produto [4]. O estabelecimento destes objectivos estará dependen-

te do mercado-alvo que a empresa pretende atingir. A empresa terá que con-

siderar se pretende atingir o consumidor final, os retalhistas ou os vendedo-

res para, em conformidade com os objectivos estabelecidos, conceber a sua

estratégia para os atingir.

2.4.2.2. Estratégias de promoção

Existem variadas técnicas que podem ser utilizadas no curto prazo, de forma

táctica, para incrementar as vendas, sem exposição a mudanças de longo

prazo [8].

O incremento das vendas junto do consumidor final pode ser incentivado

através da utilização de algumas técnicas como sendo [4 e 8]:

• Amostras grátis – a empresa oferece quantidades do produto gratuita-

mente;

• Cupões – que possibilitam descontos na compra de um produto específico;

• Descontos pós-compra – depois de adquirir o produto o consumidor irá ter

um desconto, que não é feito na loja, no acto de compra;

• Pacotes de preços promocionais – oferta de uma redução no preço de um

conjunto de produtos;

• Prémios – para incentivar a compra de um produto específico a empresa

agrupa outro produto a baixo preço ou como oferta;

• Concursos – ofertas que dão a possibilidade aos consumidores de ganha-

rem viagens ou dinheiro;

• Recompensas por preferência – o caso do programa milhas das companhi-

as aéreas;

• Experimentação gratuita do produto – com a finalidade de levar o consu-

midor potencial a consumir o produto com uma periodicidade regular;

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• Garantias do produto – que possuem um grande relevo principalmente nos

bens em que a sensibilidade ao preço por parte dos consumidores é superior;

• Demonstração do produto nos pontos de venda.

Para promover o produto entre os intermediários a empresa pode optar por

convencer [4]:

• a comercializar a marca;

• a adquirir um maior volume que o normal;

• a expor, divulgar ou reduzir o preço;

• a incentivar os seus funcionários e os retalhistas a conduzir os consumido-

res à compra do produto.

Neste caso, seriam utilizados descontos, condições especiais de pagamento ou

seriam oferecidas mercadorias extra [4 e 8].

Finalmente, e no que diz respeito aos incentivos à força de vendas, a empre-

sa pode utilizar pagamentos extra ou preços que permitam alcançar os objec-

tivos de vendas [8].

BIBLIOGRAFIA

[4] Kotler, P. (1996). Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação

e Controle, São Paulo, Editora Atlas

[7] Kotler, P. e Armstrong, G. (1991), Principals of Marketin. (5th edition), New Jersey,

Prentice-Hall Inc.

[8] Wilson, R. M. S. e Gilligan, C. com Pearson, D. J. (1992), Strategic Marketing

Management: Planning, implementation and control, London, Butterworth Heinemann

[9] Henderson, B. D. (1970), The Product Portfolio. [Em linha]. Disponível em

<http://www.bcg.com>. Consultado em [23/04/2004].

[10] Henderson, B. D. (1976). Anatomy of the Cash Cow. [Em linha]. Disponível em

<http://www.bcg.com>. Consultado em [23/04/2004].

[11] O’Donohoe, S. (2001), Living with ambivalence: Attitudes to advertising in postmod-

ern times, Marketing Theory, 1(1), pp. 91-108

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

[4] Kotler, P. (1996). Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação

e Controle, São Paulo, Editora Atlas

[8] Wilson, R. M. S. e Gilligan, C. com Pearson, D. J. (1992), Strategic Marketing

Management: Planning, implementation and control, London, Butterworth Heinemann

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EXERCÍCIOS – MARKETING MIX

1. Identifique um produto para cada uma das diferentes fases do ciclo de vida

do produto. Indique, justificando, qual a estratégia que mais se adequa a

cada um deles.

2. Posicione na matriz BCG os produtos da sua empresa. Quais seriam as medi-

das necessárias, dado o posicionamento dos produtos?

3. Coloque os mesmos produtos no modelo de portefólio multifactorial da

General Electric. Neste caso, que estratégias adoptaria?

DU

LO I

IIA

LISE

DE

MER

CA

DO

50

Com a análise ao mercado, a empresa identifica o seu posicionamento e os

factores que mais a afectam. Neste sentido existe uma série de processos e

ferramentas que auxiliam a empresa a definir de forma mais precisa o seu

posicionamento e a analisar o meio em que se insere.

Em primeiro lugar, a empresa vai segmentar os seus produtos/serviços e, medi-

ante as suas características, vai posicioná-los no mercado para um determina-

do segmento.

OBJECTIVOS

No final do módulo, o formando deve ser capaz de:

∑ • Definir segmentação e saber as bases que podem ser utilizadaspara identificar os segmentos de mercado;

∑ • Dar pelo menos um exemplo para cada tipo de bases de segmentação;∑ • Saber como aplicar os critérios de posicionamento;∑ • Aplicar as análises SWOT, PEST e cinco forças, de forma a saber os

pontos fortes e fracos e as ameaças e oportunidades existentesnum contexto real.

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áli

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LO I

II

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ÁLISE D

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CA

DO

DU

LO III

51

No entanto, não pode esquecer-se de elaborar análises do ambiente interno

e externo da empresa com o auxilio de diversas ferramentas que podem ser

utilizadas, sendo abordadas de seguida as análises SWOT, PEST e as cinco

forças de Porter.

3.1. SEGMENTAÇÃO E POSICIONAMENTO

A segmentação consiste em identificar e agrupar grupos distintos de com-

pradores que podem exigir produtos e/ou compostos de marketing separa-

dos. A selecção dos segmentos de mercado denomina-se de escolha de mer-

cados-alvo. Já o posicionamento está relacionado com o acto de comunicar ao

mercado os principais benefícios dos produtos [4 e 7]. Estas três etapas podem

ser visualizadas na Figura 3.1.

3.1.1. Segmentação

A segmentação permite às empresas uma melhor alocação dos seus recursos

no ambiente em que se inserem, sendo este muito competitivo. Assim, são

identificados grupos homogéneos, constituídos por pessoas com necessida-

des, desejos, atitudes ou comportamentos semelhantes [12].

A segmentação pode ser feita de três formas: (1) dividir o mercado em subgru-

pos, com preferências ou necessidades comuns; (2) desenvolver uma oferta de

produtos diferenciada, capaz de atender a diferentes necessidades e preferên-

cias; (3) ser capaz de vender esses produtos diferenciados com elevada lucrati-

vidade, que não seria possível sem se proceder à segmentação [13].

A segmentação é a primeira fase da formulação de uma estratégia de marke-

ting e implica uma divisão de todo o mercado em subgrupos para que se possa

lidar com cada um de uma forma eficiente e lucrativa [12].

FIGURA 3.1. ETAPAS PARA A SEGMENTAÇÃO, DEFINIÇÃO DO ALVO E POSICIONAMENTO

Segmentação de mercado Mercado alvo Posicionamento de mercado

1. Identificação das variáveisde segmentação e seg-mentação do mercado

2. Desenvolvimento de perfisdos segmentos resultantes

3. Avaliação daatractividade decada segmento

4. Selecção do(s)segmento(s)-alvo

5. Identificação dos possíveisconceitos de posicionamen-to para cada segmento-alvo

6. Selecção, desenvolvimento ecomunicação do conceito deposicionamento escolhido

Fonte: Adaptado de [4]

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A segmentação de mercado pode ser feita com base em qualquer uma das

seguintes variáveis: desejos, poder de compra, localização geográfica, atitudes

e práticas de compra. Estes são os aspectos que ao diferirem agrupam os con-

sumidores nos mercados [4].

Qualquer mercado pode ser dividido em segmentos, em nichos e/ou em indi-

víduos. Os segmentos de mercado são grupos extensos, identificáveis dentro

de um mercado. O exemplo que se segue ajuda a compreender melhor este

conceito.

Um nicho é um grupo menor, que procura uma combinação especial de bene-

fícios. Os nichos resultam de uma subdivisão do mercado, apresentando carac-

terísticas bem definidas [4]. Enquanto que os segmentos de mercado tendem

a atrair diversos concorrentes, os nichos atraem apenas um ou poucos concor-

rentes. As empresas que operam em nichos conhecem as suas necessidades e

sabem que os seus consumidores estão disponíveis para pagar um preço espe-

cial para obterem os seus produtos.

Os nichos atraentes têm um determinado número de características. Estes são

constituídos por [4]:

• consumidores com um conjunto de necessidades distintas e complexas e dis-

postos a pagar um preço especial para verem as suas necessidades satisfeitas;

• um elevado nível de especialização das operações por parte da empresa;

• uma concorrência sem competências de especialização.

A tendência aponta para que as empresas que centrem a sua actividade em

EXEMPLO

São exemplo de segmentos de mercado do mercado automóvel osseguintes consumidores: os que procuram um meio de transporte bási-co (segmento 1), os que procuram um alto desempenho (segmento 2)e os que se preocupam com a segurança (segmento 3) [4].

EXEMPLO

A Porsche pratica um preço elevado nos seus automóveis, porque osseus consumidores leais sentem que nenhuma outra empresa do ramoautomóvel oferece o mesmo conjunto de benefícios [4].

nichos de mercado sejam bem sucedidas, enquanto que as que não se preo-

cupam com os nichos tendam a ser dominadas por outras.

Existem três padrões que permitem às empresas identificar os segmentos de

preferência [4]. As preferências podem ser (1) homogéneas, quando as prefe-

rências dos consumidores num mercado são mais ou menos as mesmas; (2)

difusas, quando os consumidores variam as suas preferências gradualmente;

(3) conglomeradas, quando existem segmentos de mercado naturais, isto é,

um conglomerado de pessoas que revelam preferências distintas. Estas prefe-

rências encontram-se representadas na Figura 3.2.

No caso das preferências conglomeradas, a empresa pode posicionar-se no

centro do conglomerado e esperar atrair os outros grupos – marketing indife-

renciado; pode posicionar-se no maior segmento de mercado – marketing

concentrado; ou pode ainda desenvolver marcas adequadas a cada segmento

– marketing diferenciado.

Como já foi referido, os segmentos de mercado e nichos podem ser identifi-

cados pela aplicação de variáveis para subdividir o mercado [4]. Este procedi-

mento pode ser visto no exemplo que se segue.

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Fonte: Adaptado de [4]

(1) Preferênciashomogéneas

(2) Preferências difusas(1) Preferências conglomeradas

FIGURA 3.2. PADRÕES BÁSICOS DE PREFERÊNCIA DE MERCADO

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Após se apresentarem os padrões de segmentação do mercado, interessa per-

ceber qual o processo de segmentação. Este consiste normalmente em três

etapas [4]:

• Etapa de levantamento – São feitas entrevistas exploratórias a grupos espe-

cíficos de pessoas por forma a obter informações respeitantes a motiva-

ções, atitudes e comportamentos do consumidor. Através destas informa-

ções, é elaborado um questionário que permita recolher dados acerca de:

a) Atributos do produto e os seus graus de importância;

b) Consciência e classificação de marcas;

c) Padrões de uso do produto;

d) Atitudes relativamente à categoria do produto;

e) Aspectos demográficos, psicográficos e hábitos de media das pessoas

que respondem ao questionário.

• Etapa de análise – Nesta fase é feita uma análise de dados factorial que

permita eliminar variáveis correlacionadas. Seguidamente, faz-se a análi-

se de conglomerados para identificar segmentos diferenciados.

• Etapa de desenvolvimento de perfil – Nesta fase é desenvolvido um perfil

para cada conglomerado em termos de atitudes distintas, hábitos demo-

gráficos, psicográficos e media. Pode atribuir-se um nome a cada segmen-

to de acordo com a característica dominante.

Uma vez que os segmentos de mercado se encontram constantemente em alte-

ração é necessário repetir este processo de segmentação periodicamente. Uma

forma de descobrir novos segmentos é através da investigação acerca da hierar-

quia dos atributos considerada pelos consumidores na escolha de uma marca [4].

A segmentação pode ser feita com base nas características do consumidor – geo-

gráficas, demográficas e psicográficas – ou com base na análise das respostas do

consumidor relativamente a benefícios percebidos, ocasiões de uso ou marcas [4].

EXEMPLO

Uma companhia aérea tem interesse em atrair pessoas que não andam deavião (a variável de segmentação é o estatuto de utilizador). Aqui sãoincluídas as pessoas que têm medo de andar de avião, as que são indife-rentes e as que são favoráveis a andar de avião (variável de segmentação:atitude). Entre as pessoas que são favoráveis a voar, existem aquelas quetêm rendimentos elevados e que não vêem obstáculos ao pagamento dasviagens (variável de segmentação: rendimento). Assim, a companhiaaérea pode atingir as pessoas com rendimentos elevados, que manifes-tam uma atitude positiva em relação a voar, mas que ainda não voam [4].

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A segmentação geográfica consiste na divisão do mercado por áreas geográ-

ficas diferentes (países, estados, regiões, distritos ou cidades) [4]. A empresa

pode decidir operar apenas nalgumas áreas geográficas ou em todas, mas

terá que ter em atenção as variações em termos de necessidades e preferên-

cias geográficas.

A segmentação demográfica consiste em dividir o mercado com base em

características como a idade, o sexo, o ciclo de vida da família, o tamanho da

família, os rendimentos, a educação, a religião, a ocupação, a nacionalidade

ou a raça [4]. As taxas de utilização, os desejos e as preferências do consumi-

dor estão muitas vezes associados a estas variáveis. Estas características estão

sempre associadas à definição do mercado-alvo, mesmo que este não esteja

definido em termos demográficos.

EXEMPLO

EXEMPLO

Idade e ciclo de vida da família – A Able Products (fabricante de brin-quedos) percebeu que os desejos e capacidades dos consumidores sãoalterados com a idade e, por isso, desenvolveu brinquedos diferentespara bebés – à medida que eles passam pelos diferentes estágios, entreos 3 meses e um ano. Atendendo à idade do bebé, os pais e os com-pradores de brinquedos vêem a sua escolha facilitada na compra deum brinquedo adequado.Sexo – É pouco provável que hoje em dia os homens fumem Eve e asmulheres fumem Camel. A embalagem, a publicidade e o sabor do Evedestinam-se às mulheres, sendo que os mesmos atributos do Camel sedestinam aos homens [4].

A cidade de Chicago foi dividida pela R. J. Reynolds Company (tabaco)em três mercados distintos. Na zona da costa norte, onde os consumi-dores demonstram preocupação com a saúde e têm mais formação,são promovidas as marcas de baixos teores. O sudoeste é caracteriza-do por consumidores conservadores e na sua maioria operários, porisso a empresa promove a marca Winston. Na zona sul, que é habita-da predominantemente por negros, a empresa promove a sua marcacom alto teor de mentol [4].

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A segmentação psicográfica prevê a divisão do mercado com base na classe

social, estilo de vida e/ou personalidade. No mesmo grupo demográfico, os

perfis psicográficos podem ser muito diferentes [4].

O comportamento, atitudes, uso ou resposta para o produto são utilizados

para a divisão em grupos quando se trata de segmentação comportamental

[4]. Este critério é visto por muitas empresas como a melhor base para seg-

mentar os mercados.

Para que a segmentação seja eficaz, é necessário que os segmentos de merca-

do exibam cinco características [4]:

• Mensurabilidade – O tamanho, poder de compra e perfil dos segmentos a

serem medidos. Algumas variáveis de segmentação são de medição difícil.

• Substancialidade – Saber se os segmentos possuem tamanho e rentabilida-

de suficiente para que a empresa os tente satisfazer. Para que se justifique

a adopção de um programa de marketing à medida, é necessário que exis-

ta homogeneidade no segmento.

• Acessibilidade – Possibilidade de atingir e atender os segmentos de uma

forma eficiente.

• Diferenciabilidade – Podem distinguir-se conceptualmente os segmentos,

e a sua resposta é diferente aos elementos do composto de marketing e

aos seus programas.

• Operacionalidade – Podem atender-se e atrair-se segmentos diferentes

através da utilização de programas eficazes.

EXEMPLO

Classe social – Esta tem muita influência nas preferências das pessoasrelativamente a carros, actividades de lazer, vestuário, entre outros.Estilo de vida – A Volkswagen desenhou automóveis para os diferen-tes estilos de vida. O carro para o “cidadão consciente” enfatiza a eco-nomia, segurança e ecologia, enquanto o carro para “aventureiros”realça as facilidades de manuseio e o desportivismo. Os compradoresde automóveis foram classificados em seis categorias: os “amigos decarros”, os “centristas sensíveis”, os “interessados em conforto”, os“motoristas por necessidade e “os que têm medo de carros”.Personalidade – A Nike utiliza a personalidade de certos atletas - porexemplo, Michael Jordan - como identificadora da marca, o que cons-titui uma forma de atrair os seus fãs para a compra do seu calçado [4].

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3.1.2. Posicionamento

O posicionamento do produto ou da marca é uma actividade central do

marketing estratégico, podendo ser adoptadas pelas empresas inúmeras posi-

ções no mercado [14]. Estas posições podem ser baseadas no preço, na quali-

dade, num serviço superior e na inovação. A utilização dos recursos deve ser

eficaz de forma a que a empresa forneça os seus produtos com base na estra-

tégia de posicionamento desejada.

O posicionamento tem como objectivo colocar as empresas, os produtos e/ou

as marcas num lugar distinto e valorizado na mente dos compradores-alvo,

através do desenvolvimento da oferta e da imagem da empresa [4]. Para que

a empresa consiga posicionar-se face aos seus compradores-alvo necessita de

se diferenciar das demais.

A diferenciação consiste no desenvolvimento de um conjunto de diferenças

significativas que permitam distinguir a oferta da empresa da das suas concor-

rentes [4]. Estas diferenças devem ter em conta um determinado número de

critérios por forma a valer a pena o seu desenvolvimento.

Estes critérios estão relacionados com:

• Importância – Um número suficiente de compradores valoriza substancial-

mente o benefício dado pela diferença.

• Distinção – A empresa pode oferecer a diferença de uma forma distintiva,

quando os seus concorrentes não a oferecem.

• Superioridade – A diferença é superior a outras formas de obtenção do

mesmo benefício.

• Comunicabilidade – Os compradores conseguem ver a diferença e a

empresa consegue comunicar essa mesma diferença.

• Previsibilidade – A concorrência tem dificuldade em copiar a diferença.

• Disponibilidade – Os compradores dispõem de dinheiro que lhes permita

pagar por essa diferença.

• Rentabilidade – A empresa constatará que a introdução da diferença é rentável.

De seguida são dados alguns exemplos de diferenciação introduzida por

empresas que falharam.

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O posicionamento exige à empresa a decisão de quantas e quais diferenças

promover junto dos consumidores-alvo [4]. As empresas correm o risco de ser

desacreditadas e de perderem um posicionamento claro à medida que

aumentam o número de apelos à sua marca.

Devem ser evitados, pelas empresas, quatro erros de posicionamento:

• Subposicionamento – Ocorre quando os consumidores não têm nenhuma

percepção especial em relação à marca. Existe apenas por parte dos con-

sumidores uma vaga ideia em relação à mesma.

• Superposicionamento – A imagem dos consumidores em relação à marca

pode ser muito estreita.

• Posicionamento confuso – A imagem da marca pode ser confusa para os

consumidores devido a muitos apelos de publicidade ou de uma constan-

te mudança de posicionamento.

• Posicionamento duvidoso – Quando os consumidores consideram as carac-

terísticas, o preço ou o fabricante do produto pode ser difícil para os con-

sumidores acreditarem nos apelos da publicidade da marca.

As empresas podem optar por seis estratégias de posicionamento: (1) posicio-

namento por atributo; (2) posicionamento por benefício; (3) posicionamento

por uso/aplicação; (4) posicionamento por utilizador; (5) posicionamento por

concorrente; (6) posicionamento por preço/qualidade. De seguida dão-se

exemplos de slogans, que reflectem cada tipo de posicionamento para que

sejam mais perceptíveis.

EXEMPLOS

Em Singapura, o hotel Westin Stanford anuncia que é o hotel mais altodo mundo. Este factor não é importante para muitos turistas, afastan-do muitos deles em vez de os cativar.O telefone com vídeo, que a AT&T introduziu, fracassou. Este fracassodeveu-se em parte ao facto de o público ter considerado que ver a pes-soa não justificava o elevado preço do aparelho.A Polaroid lançou a Polarvision que revelava instantaneamente ofilme. Embora a máquina fotográfica tivesse características distintivase não previsíveis era inferior às câmaras de filmar [4].

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O desenvolvimento de uma estratégia de posicionamento clara não é sufici-

ente [4]. Torna-se também necessário comunicá-la de uma forma eficaz.

3.1.2.1. Análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats)

A análise SWOT (significa: pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ame-

aças) é o ponto de partida da análise de marketing estratégico, sendo esta ini-

ciada através da determinação das forças e fraquezas da empresa [14].

As empresas encontram-se num ambiente em constante mudança, o que

torna necessário o desenvolvimento de sistemas de informação de marketing

para determinar as tendências e os desenvolvimentos que podem categorizar-

se como oportunidades e ameaças [8].

As oportunidades e ameaças não podem ser vistas como absolutas [8]. Aquilo

que à primeira vista parece uma oportunidade pode não o ser, quando exa-

minados os recursos da empresa, a sua cultura, as expectativas dos stakehol-ders, entre outros factores.

Uma oportunidade define-se como qualquer sector do mercado onde a

empresa pode ganhar vantagem competitiva. Pode aceder-se a essas oportu-

nidades de acordo com a sua atractividade e probabilidade de a empresa ser

bem sucedida. Esta probabilidade de sucesso é influenciada por diversos fac-

tores, destacando-se as competências distintivas que normalmente só são váli-

das no curto prazo. Por isso, a empresa necessita de se concentrar no desen-

volvimento de vantagens competitivas sustentáveis ao longo do tempo [8].

EXEMPLO

Posicionamento por atributo – “o maior parque de diversões domundo”Posicionamento por benefício – “Leite enriquecido com ômega, previnedoenças cardiovasculares”Posicionamento por uso/aplicação – “o melhor para terrenos difíceis”Posicionamento por utilizador – “para quem procura emoções fortes”Posicionamento por concorrente – “o melhor em relação a algum con-corrente”Posicionamento por preço/qualidade – “um pouco mais caro mas muitomelhor”

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A RETER

Uma ameaça ambiental pode ser entendida como um desafio atribuí-do a uma tendência ou desenvolvimento desfavorável que, caso aempresa não optasse por uma acção de marketing defensiva, levaria auma deterioração das vendas ou dos lucros [4].

A RETER

Uma oportunidade é uma área de necessidade onde a empresa podeactuar de forma rentável [4].

Ao mesmo tempo que se geram oportunidades, o ambiente externo também

apresenta uma série de ameaças. As ameaças são desafios colocados às empre-

sas, por tendências ou desenvolvimentos no ambiente, que, quando não é

dada nenhuma resposta por parte da empresa, resultarão numa alteração da

posição de mercado da mesma. As ameaças classificam-se atendendo à sua

seriedade e probabilidade de ocorrência [8].

Tendo por base as oportunidades e ameaças torna-se possível a medição da

atractividade do mercado, podendo daí advir quatro possibilidades [4 e 8]:

• Um negócio ideal – caracterizado por muitas oportunidades e poucas ou

nenhumas ameaças.

• Um negócio especulativo – com muitas oportunidades e ameaças.

• Um negócio maduro – caracterizado pela existência de poucas oportunida-

des e ameaças.

• Um negócio arriscado – que é baixo em oportunidades mas onde existem

muitas ameaças.

Impõe-se a necessidade de analisar também as forças e fraquezas de cada

negócio numa base regular [8]. Estas podem estar relacionadas com factores

de marketing, financeiros, de produção e da empresa. Entende-se por “fra-

quezas”, todas as limitações ou deficiências que atinjam os recursos e as capa-

cidades pertencentes à empresa, e que possam comprometer o seu desempe-

nho, tanto no presente como no futuro.

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A RETER

Fraquezas - todas aquelas limitações ou deficiências que atinjam osrecursos e as capacidades pertencentes à empresa, e que de algumaforma possam comprometer o desempenho da sua actividade, tantono presente como no futuro.

A RETER

Uma força numa determinada área não implica a existência de umavantagem competitiva, pois essa competência pode não ter importân-cia real para os consumidores e a concorrência pode ser igualmenteforte [8].

Relativamente às forças estas são as capacidades internas que empresa pode

recorrer para atingir os seus objectivos. Essas capacidades, vão permitir alcan-

çar uma posição mais vantajosa no mercado onde actua.

Após serem determinadas as fraquezas da empresa, existe a necessidade de as

transformar em forças ou oportunidades [8].

3.2. ANÁLISE PEST

A análise PEST está relacionada com a identificação de influências políticas,

económicas, sociais e tecnológicas numa empresa [1]. É pois um estudo das

“(...) forças que afectam a estrutura de um mercado”. Os factores que influ-

enciam a empresa podem ser visualizados na Figura 3.3.

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FIGURA 3.3. ANÁLISE PEST

Factores político-legais

• Legislação de monopólios

• Leis de protecção ambientais

• Políticas fiscais

• Legislação comercial

• Legislação laboral

• Estabilidade governamental

Factores socioculturais

• População

• Distribuição do rendimento

• Mobilidade social

• Mudanças no estilo de vida

• Atitudes perante o trabalho e o lazer

• Consumismo

• Níveis de educação

Factores económicos

• Ciclos económicos

• Tendências do PNB

• Taxas de juro

• Fontes de financiamento

• Inflação

• Desemprego

• Disponibilidade de capital

• Custo e disponibilidade de energia

Factores tecnológicos

• Gastos em pesquisa por parte do

Governo

• Focalização do Governo no esforço pelo

desenvolvimento tecnológico

• Novas descobertas/desenvolvimento

• Velocidade de transferência tecnológica

• Presença de produtos obsoletos

Fonte: Adaptado de [1].

3.3. ANÁLISE DA CONCORRÊNCIA

A análise da concorrência é de extrema importância para as empresas. Por

isso, neste subcapítulo vai ser abordado um modelo que a empresa deve ter

presente – o modelo das cinco forças de Porter, que permite fazer a análise da

empresa relativamente à sua concorrência.

3.3.1. As cinco forças competitivas

As cinco forças competitivas servem para fazer uma análise do mercado em

que a empresa se insere, analisando-a relativamente à concorrência [5]. Estas

cinco forças são:

• a ameaça de novas entradas;

• a rivalidade existente entre concorrentes;

• a ameaça de produtos substitutos;

• o poder negocial dos fornecedores;

• o poder negocial dos clientes.

De seguida, explicar-se-á cada força determinante do mercado e a relação

existente (ver Figura 3.4).

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As novas entradas podem conduzir a prejuízos para as empresas que já actu-

am no mercado, isto porque se verifica muitas vezes uma entrada para o mer-

cado com uma tecnologia superior à da concorrência (mais recursos). Vêm

com vontade de conquistar uma quota de mercado e possuem uma maior

capacidade.

Existem barreiras que dificultam a entrada de novas empresas em qualquer

sector, que são as seguintes [5]:

• As economias de escala, que estão relacionadas com os custos inerentes à

produção de um bem e/ou serviço “(...) à medida que o volume absoluto

por período aumenta” [5].

• A diferenciação do produto, que tem a ver com o reconhecimento das

marcas já existentes no mercado e às quais, normalmente, os clientes se

mantêm fiéis. Esta é considerada como sendo a barreira à entrada mais

importante.

• As necessidades de capital, que podem estar relacionadas com investimen-

tos em Investigação e Desenvolvimento (I&D), ou investimento no lança-

mento do produto no mercado, onde podem não ser obtidos retornos do

capital investido.

• Os custos de mudança, que podem ter origem na mudança de fornecedor

por parte do cliente da empresa já actuante num dado mercado, para outro.

• O acesso a canais de distribuição - As empresas actuantes estarão mais pro-

tegidas quanto maior for o seu controlo sobre os canais de distribuição.

Assim sendo, a nova empresa terá que criar uma rede de distribuição para

si própria.

FIGURA 3.4. FONTES DE VANTAGEM COMPETITIVA

Ameaça de produtossubstitutos

Rivalidade entre osconcorrentes

Ameaça de novasentradas

Poder negocial dosclientes

Poder negocial dosfornecedores

Fonte: Adaptado de [5]

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• As desvantagens de custos não relacionados com escala - As empresas que

operam num qualquer mercado possuem vantagens relativamente às

empresas que pretendem entrar nesse mesmo mercado – por exemplo o

know-how, localização, acesso a matérias-primas. Estes custos não são

provocados pela economia.

• As políticas governamentais - O Governo, através de legislação, pode

impor regras que dificultem novas entradas num mercado.

A entrada num mercado pode ser influenciada também pelas expectativas da

empresa que pretende entrar aí e, por isso, pode constituir também uma ame-

aça à entrada [5]. A retaliação pode ser provocada por:

• retaliações anteriores a entradas;

• grandes recursos por parte de empresas já estabelecidas;

• existência de empresas fortemente comprometidas com o mercado;

• o crescimento do mercado, quando lento.

A segunda força, que como já foi referido é a rivalidade entre concorrentes

(que actuam num mercado), prende-se com a tentativa por parte das empre-

sas de obterem uma melhor posição relativamente às suas concorrentes. Aqui,

os factores a considerar são: a concorrência e o equilíbrio entre concorrentes;

o crescimento do mercado; os custos de armazenamento ou custos fixos ele-

vados; a falta de diferenciação ou os custos de mudança; as estratégias dife-

rentes entre os concorrentes; os excessivos acréscimos de capacidade; os inte-

resses estratégicos elevados; e a grande quantidade de barreiras à saída [5].

A relação entre as barreiras à entrada e as barreiras à saída e a sua relação

com a rentabilidade encontra-se representada na Figura 3.5.

FIGURA 3.5. RELAÇÃO ENTRE BARREIRAS À ENTRADA E BARREIRAS À SAÍDA

Retornos estáveis baixos

Retornos estáveis altos Retornos arriscados altos

Retornos arriscados baixos

BARREIRAS À SAÍDABaixas Altas

BARREIRASÀ ENTRADA

Baixas

Altas

Fonte: Adaptado de [4].

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Da análise da figura, constata-se que quando as barreiras à entrada são ele-

vadas e as barreiras à saída são baixas, a empresa espera obter retornos está-

veis baixos; no caso de as barreiras à entrada serem altas e as barreiras à saída

serem baixas, os retornos esperados são estáveis e altos.

Os retornos esperados serão arriscados baixos, quando as barreiras à saída

forem altas e as barreiras à entrada forem baixas; e arriscados altos, quando

as barreiras à entrada e as barreiras à saída forem altas.

A ameaça de produtos substitutos encontra-se sempre patente e pode até

mesmo comprometer empresas dentro de um mercado.

No que respeita à quarta força competitiva, os fornecedores possuem uma

grande importância, pois podem fazer com que as empresas suas clientes

vejam os lucros reduzidos. Isto porque a empresa fornecedora pode diminuir

a qualidade dos seus produtos e com isto fazer com que a empresa tenha um

produto final de pior qualidade, ou então pode aumentar de tal forma os pre-

ços praticados que a empresa actuante no mercado veja os seus lucros extre-

mamente reduzidos [5].

Por último, temos o poder negocial dos clientes. Este é grande quando os cli-

entes possuem uma grande importância no volume de vendas do vendedor;

o mercado representa uma grande quantidade dos seus custos ou compras; os

produtos adquiridos no mercado são padronizados, sendo que a diferencia-

ção não é significativa; os custos de mudança não são significativos; os lucros

conseguidos são reduzidos; os clientes têm facilidade de integração a montan-

te; a qualidade dos seus produtos não depende da qualidade dos produ-

tos/serviços do mercado; e, quando o cliente está bem informado [5]. Para que

estes problemas sejam ultrapassados, a empresa deve valer-se de um leque

alargado de clientes.

BIBLIOGRAFIA

[1] Johnson, G. e Scholes, K. (1999), Exploring Corporate Strategy: Text and Cases (5.ª Ed.),

Londres, Prentice Hall Europe. In: Cardoso, S. (2002), Cadeias Hoteleiras: Vantagens

Competitivas das Unidades Estratégicas de Negócios - Monografia não publicada,

Universidade Fernando Pessoa, Porto

[4] Kotler, P. (1996), Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação

e Controle, São Paulo, Editora Atlas

[5] Porter, M. (1986), Estratégia Competitiva – Técnicas para a Análise de Indústrias e da

Concorrência, Rio de Janeiro, Editora Campus. In: Cardoso, S. (2002), Cadeias Hoteleiras:

Vantagens Competitivas das Unidades Estratégicas de Negócios - Monografia não

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publicada, Universidade Fernando Pessoa, Porto

[7] Kotler, P. e Armstrong, G. (1991), Principals of Marketin. (5th edition), New Jersey,

Prentice-Hall Inc.

[8] Wilson, R. M. S. e Gilligan, C. com Pearson, D. J. (1992), Strategic Marketing

Management: Planning, implementation and control, London, Butterworth Heinemann

[12] Sung, H. Y., Morrison, A. M. e O’Leary, J. T. (2000), Segmenting the Adventure Travel

Market by Activities: From the North American Industry Providers’ Perspective,

Journal of Travel & Tourism Marketing, 9(4), pp. 1-20

[13] Rossiter, J. R. (2001), What is marketing knowledge? Stage I: forms of marketing

knowledge, Marketing Theory, 1(1), pp. 9-26

[14] Fahy, J. e Smithee, A. (1999), Strategic Marketing and Resource Based View of the

Firm, Academy of Marketing Science Review, 10. [Em linha]. Disponível em

<http://www.amsreview.org/articles/fahy10-1999.pdf >. Consultado em [20/04/2004].

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

[4] Kotler, P. (1996), Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação

e Controle, São Paulo, Editora Atlas

[5] Porter, M. (1986), Estratégia Competitiva – Técnicas para a Análise de Indústrias e da

Concorrência, Rio de Janeiro, Editora Campus

EXERCÍCIOS – ANÁLISE DE MERCADO

1. Comente a afirmação:

A segmentação é uma tarefa difícil e existem elementos diversos a considerar neste processo.

2. Quais os factores a considerar pela empresa quando esta se pretende posi-

cionar?

MA

RK

ETING

ESTRA

TÉGIC

O PA

RA

PME’S

EX

ER

CÍC

IOS

67

MÓDULO I – ESTRATÉGIAS DE MARKETING – ENQUADRAMENTO

1. Os requisitos que devem ser tidos em consideração na definição dos concei-

tos estão relacionados com:

• A visão ou intenção estratégica é a aspiração de uma empresa, o desejo

de alcançar um estado futuro [1];

• A missão é o propósito central da empresa, que tem que ter em conside-

ração os valores e as expectativas dos stakeholders [1]. A missão deve

incluir as aspirações da empresa que providenciem a direcção para os ges-

tores, as expectativas partilhadas pelos funcionários e uma projecção acer-

ca do que a empresa representa e disponibiliza aos consumidores [3];

• Os objectivos devem sempre que possível ser quantificados e podem ser

um aprofundamento do fim ou propósito da empresa [1];

• A estratégia são os meios para atingir os objectivos.

Contudo, não existem respostas certas ou erradas à questão apresentada neste

exercício, pelo que os critérios de avaliação a considerar deverão ser os seguintes:

Mark

eti

ng

est

raté

gic

op

ara

PM

E’s

Resoluções / soluções das actividades /

exercícios e instrumentos de avaliação EX

ER

CÍC

IOS

Critérios de avaliação Classificação

Qualidade e clareza das ideias apresentadas 1 2 3 4 5

Qualidade da análise (descritiva e comparativa) 1 2 3 4 5

Conhecimento demonstrado na aplicação

dos conceitos apresentados e debatidos nas sessões 1 2 3 4 5

Interpretação dos resultados e exequibilidade

das recomendações 1 2 3 4 5

Relação das conclusões com o problema investigado 1 2 3 4 5

1 Não satisfaz 2 Satisfaz pouco 3 Satisfaz 4 Bom 5 Muito bom

EX

ER

CÍC

IOS

MA

RK

ETIN

G E

STR

ATÉ

GIC

O P

AR

A P

ME’

S

68

Para que os formandos concluam a formação com aproveitamento, a média

não deverá ser inferior a 3 valores.

2. Como não existem respostas certas ou erradas à questão apresentada neste

exercício, os critérios de avaliação a considerar deverão ser os seguintes:

Para que os formandos concluam a formação com aproveitamento, a média

não deverá ser inferior a 3 valores.

Relembra-se contudo que a matriz de Ansoff representa as três estratégias de

crescimento intensivo que podem consistir na penetração do mercado, no

desenvolvimento do mercado ou no desenvolvimento do produto.

3. As estratégias genéricas de Porter são três - a liderança no custo total, a

diferenciação e a focalização. Contudo, pode dizer-se que não existem

respostas certas ou erradas à questão apresentada neste exercício, pelo que

os critérios de avaliação a considerar deverão ser os seguintes:

Para que os formandos concluam a formação com aproveitamento, a média

não deverá ser inferior a 3 valores.

Critérios de avaliação Classificação

Qualidade e clareza das ideias apresentadas 1 2 3 4 5

Qualidade da análise (descritiva e comparativa) 1 2 3 4 5

Conhecimento demonstrado na aplicação

dos conceitos apresentados e debatidos nas sessões 1 2 3 4 5

Interpretação dos resultados e exequibilidade

das recomendações 1 2 3 4 5

Relação das conclusões com o problema investigado 1 2 3 4 5

1 Não satisfaz 2 Satisfaz pouco 3 Satisfaz 4 Bom 5 Muito bom

Critérios de avaliação Classificação

Qualidade e clareza das ideias apresentadas 1 2 3 4 5

Qualidade da análise (descritiva e comparativa) 1 2 3 4 5

Conhecimento demonstrado na aplicação

dos conceitos apresentados e debatidos nas sessões 1 2 3 4 5

Interpretação dos resultados e exequibilidade

das recomendações 1 2 3 4 5

Relação das conclusões com o problema investigado 1 2 3 4 5

1 Não satisfaz 2 Satisfaz pouco 3 Satisfaz 4 Bom 5 Muito bom

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MÓDULO II – MARKETING MIX

1. Para a resposta a esta questão deve ter-se em atenção a teoria que se segue:

O ciclo de vida do produto apresenta cinco fases diferentes: desenvolvimento

do produto, introdução, crescimento, maturidade e declínio [4 e 7].

Na fase da introdução, se apenas for considerado o preço e a promoção,

podem utilizar-se quatro estratégias de marketing [4]:

• Estratégia de desnatamento rápido – O produto é lançado com um preço

elevado e muita promoção. Esta estratégia faz sentido quando: uma gran-

de parte do mercado potencial não tem conhecimento do produto; ao

tomar conhecimento do produto fica ansiosa por adquiri-lo e pode pagar

o preço que está a ser solicitado; a empresa pretende desenvolver prefe-

rência pela sua marca porque enfrenta uma concorrência forte.

• Estratégia de desnatamento lento – O produto é lançado com pouca pro-

moção e um preço elevado. Faz sentido a utilização desta estratégia quan-

do se trata de um mercado com tamanho limitado; o produto não é

conhecido pela maioria dos consumidores; existe consciência do produto

por parte dos clientes; não existe concorrência potencial iminente e os

compradores estão dispostos a pagar um preço alto.

• Estratégia de penetração rápida – Esta estratégia caracteriza-se por lançar

um produto com um preço baixo e muitos gastos em promoção. A sua uti-

lização é adequada em mercados amplos sem conhecimento do produto;

quando existe sensibilidade ao preço por parte dos compradores; e quan-

do existe uma concorrência potencial forte e o custo unitário de produção

decresce à escala e em função da experiência acumulada.

• Estratégia de penetração lenta – O novo produto é lançado a baixo preço

e com pouca promoção. Trata-se duma estratégia importante quando: o

mercado é amplo e consciente da existência do produto; existe sensibili-

dade ao preço; e existe alguma concorrência potencial.

Na fase de crescimento, a empresa pode optar por diversas estratégias capa-

zes de sustentar o rápido crescimento do mercado [4]:

• a qualidade do produto é melhorada, sendo-lhe acrescentadas novas

características e estilos;

• são acrescentados novos modelos e produtos de flanco;

• direcciona-se para novos segmentos de mercado;

• aumenta a cobertura de mercado e utiliza novos canais de distribuição;

• muda a publicidade de consciencialização acerca do produto para prefe-

rência do mesmo;

• baixam os preços para atingir os consumidores sensíveis ao preço.

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Na fase de maturidade, as empresas podem tentar aumentar o número de uti-

lizadores do produto/serviço de três formas [4]:

• Converter não usuários em usuários – tentar atrair não utilizadores do pro-

duto/serviço.

• Entrar em novos segmentos de mercado – existem segmentos de mercado

que não usam a marca mas usam o produto, logo a empresa pode tentar

entrar nesses segmentos.

• Conquistar os consumidores da concorrência – os consumidores dos con-

correntes podem ser atraídos para experimentarem e adoptarem a marca.

No que respeita ao volume de vendas, as empresas podem convencer os seus

consumidores a aumentarem a taxa de uso anual [4]. Para isso, podem ser uti-

lizadas as três estratégias apresentadas de seguida:

• Uso mais frequente – os consumidores são convencidos pela empresa a

usar o produto mais frequentemente.

• Maiores usos por ocasião – os consumidores podem ser influenciados pela

empresa a consumirem mais o produto por ocasião.

• Novas e mais variadas utilizações – a empresa visa novos usos para o pro-

duto, apelando a uma utilização variada.

As vendas também podem ser estimuladas através da alteração das caracterís-

ticas do produto [4]. Existem três estratégias possíveis:

• Melhoria da qualidade;

• Melhoria das características;

• Melhoria do estilo.

De seguida são apresentadas cinco estratégias a utilizar na fase de declínio:

• Aumentar o investimento da empresa de forma a dominar ou a fortalecer

a sua vantagem competitiva;

• Manter o nível de investimento até que sejam resolvidas as incertezas

acerca do sector;

• Retrair selectivamente o nível de investimento da empresa, deixando para

trás os consumidores que não são rentáveis e, ao mesmo tempo, aumen-

tar o investimento nos nichos de mercado que são rentáveis;

• Recuperar o investimento da empresa para que rapidamente possa repor

a situação de caixa;

• Desacelerar o negócio rapidamente por forma a conseguir desfazer-se dos

activos da forma mais vantajosa possível.

2. Após posicionar os produtos numa matriz BCG, pretende-se que opte por

uma das estratégias abaixo registadas para cada produto.

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Após esta representação, a empresa poderia optar por quatro objectivos para

as unidades estratégicas de negócio [4]:

• Crescimento – Com a finalidade de aumentar a quota de mercado, mesmo

que signifique a não existência de ganhos a curto prazo. Este objectivo

adequa-se a negócios/oportunidades que necessitam de ampliar a quota

de mercado para se tornarem estrelas.

• Manutenção – O objectivo é manter a participação do negócio no merca-

do e está adequado a geradores de caixa fortes, no caso de a empresa pre-

tender mantê-los com o mesmo nível de rendimento financeiro.

• Desaceleração – Consiste em tentar tirar o máximo partido da unidade

estratégica de negócio no curto prazo. Pode utilizar-se a desaceleração

para geradores de caixa fracos, que necessitariam de investimentos, ou

para negócios classificados de oportunidades e cães.

• Eliminação – O que se pretende aqui é a venda ou liquidação do negócio

para que os recursos sejam melhor aproveitados noutras áreas de activida-

de. A eliminação adequa-se a negócios com a classificação de cães, e opor-

tunidades que estejam a minimizar os lucros da empresa.

3. Após colocar os produtos anteriormente representados na matriz BCG no

modelo de portefólio multifactorial da General Electric, escolha quais as

estratégias a adoptar para cada um neste caso, considerando a seguinte

tabela.

PROTEGER A POSIÇÃO• Investir para crescer o

máximo • Concentrar esforços para

manter a posição

INVESTIR PARA CRESCER• Desafiar a liderança• Crescer selectivamente nos

pontos fortes• Reforçar áreas vulneráveis

CRESCER SELECTIVAMENTE• Epecializar-se em posições

competitivas bem definidas• Desenvolver habilidades

para deter os concorrentes• Enfatizar a rentabilidade

através do aumento daprodutividade

CRESCER SELECTIVAMENTE • Investir selectivamente nos

segmentos mais atraentes• Desenvolver habilidades

para deter os concorrentes• Enfatizar a rentabilidade

através do aumento daprodutividade

SELECTIVIDADE/ÊNFASE NO LUCRO

• Proteger o programa actual• Concentrar os investimen-

tos em segmentos de boarentabilidade e de riscosrelativamente baixos

EXPANSÃO LIMITADA OU DESACELERAÇÃO

• Procurar maneiras deexpandir sem alto risco ouminimizar o investimentoe racionalizar operações

PROTEGER E REORIENTAR• Administrar os lucros actu-

ais• Concentrar em segmentos

atraentes • Defender a posição com-

petitiva

PROTEGER E REORIENTAR • Proteger a posição na mai-

oria dos segmentos rentá-veis

• Ampliar a linha de produ-tos

• Minimizar o investimento

ABANDONAR• Vender no momento certo

para maximizar o capitalinvestido

• Cortar os custos fixos eevitar novos investimentos

POSIÇÃO COMPETITIVA

Forte Média Fraca

Alta

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Baixa

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MÓDULO III – ANÁLISE DE MERCADO

1. Não é fácil segmentar, uma vez que existem diversas variáveis a ter em con-

sideração.

A segmentação de mercado pode ser feita com base em qualquer uma das

seguintes variáveis: desejos, poder de compra, localização geográfica, atitudes

e práticas de compra. Estes são os aspectos que ao diferirem agrupam os con-

sumidores nos mercados [4].

Podem ainda considerar-se as características do consumidor aquando da seg-

mentação – características geográficas, demográficas e psicográficas – ou com

base na análise das respostas do consumidor relativamente a benefícios per-

cebidos, ocasiões de uso ou marcas [4].

O comportamento, atitudes, uso ou resposta para o produto são utilizados

para a divisão em grupos, quando se trata de segmentação comportamental

[4]. Este critério é visto por muitas empresas como a melhor base para seg-

mentar os mercados.

Para que a segmentação seja eficaz, é necessário que os segmentos de merca-

do exibam cinco características [4]:

• Mensurabilidade – O tamanho, poder de compra e perfil dos segmentos a

serem medidos. Algumas variáveis de segmentação são de medição difícil.

• Substancialidade – Saber se os segmentos possuem tamanho e rentabilida-

de suficiente para que a empresa os tente satisfazer. Para que se justifique

a adopção de um programa de marketing à medida, é necessário que exis-

ta homogeneidade no segmento.

• Acessibilidade – Possibilidade de atingir e atender os segmentos de uma

forma eficiente.

• Diferenciabilidade – Podem distinguir-se conceptualmente os segmentos,

e a sua resposta é diferente aos elementos do composto de marketing e

aos seus programas.

• Operacionalidade – Podem atender-se e atrair-se segmentos diferentes

através da utilização de programas eficazes.

2. Existem alguns critérios que não podem ser descurados pela empresa quan-

do está a tentar posicionar-se. Estes critérios estão relacionados com:

• Importância – Um número suficiente de compradores valoriza substancial-

mente o benefício dado pela diferença.

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• Distinção – A empresa pode oferecer a diferença de uma forma distintiva,

quando os seus concorrentes não a oferecem.

• Superioridade – A diferença é superior a outras formas de obtenção do

mesmo benefício.

• Comunicabilidade – Os compradores conseguem ver a diferença e a

empresa consegue comunicar essa mesma diferença.

• Previsibilidade – A concorrência tem dificuldade em copiar a diferença.

• Disponibilidade – Os compradores dispõem de dinheiro que lhes permita

pagar por essa diferença.

• Rentabilidade – A empresa constatará que a introdução da diferença é

rentável.

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ANEXO I - BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

Johnson, G. e Scholes, K. (1999), Exploring Corporate Strategy: Text and Cases (5.ª Ed.),

Londres, Prentice Hall Europe

Kotler, P. (1996), Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação e

Controle, São Paulo, Editora Atlas

Porter, M. (1986), Estratégia Competitiva – Técnicas para a Análise de Indústrias e da

Concorrência, Rio de Janeiro, Editora Campus

Wilson, R. M. S. e Gilligan, C. com Pearson, D. J. (1992), Strategic Marketing Management:

Planning, implementation and control, London, Butterworth Heinemann

ANEXO II - AUXILIARES DIDÁCTICOS COMPLEMENTARES

Kerin, R.A. e Peterson, R.A. (2000), Strategic Marketing Problems: Cases and Comments.

Prentice Hall

Marketing Dictionary – Dicionário de Marketing disponível em http://www.MarketingPower

.com/dictionary.

Strategic Marketing – Revista de Marketing Estratégico disponível em http://www

.etstrategicmarketing.com.

ANEXO III - LISTA DE CONTACTOS ÚTEIS

Os recursos apresentados poderão ser utilizados para a sua investigação, pois

constituem um conjunto de artigos e informação muito úteis em áreas

abrangentes.

Recursos

• www.findarticles.com

Neste site podem pesquisar-se artigos por tema. O acesso é gratuito.

• www.articles911.com

Artigos sobre organização e gestão podem ser encontrados neste endereço.

Trata-se de artigos gratuitos que se encontram disponíveis para download.

• www.meansbusiness.com

Inclui mais de 1000 sumários de livros que podem ser pesquisados por

tema e adquiridos a $2.

• www.managementhelp.org

Biblioteca de gestão com ligações a um conjunto vasto de ferramentas,

recursos e materiais gratuitos.

• www.action-learning.org

Comunidade de pessoas em programas de educação contínua do ActionLearning Institute. O acesso a este site é gratuito e permite-lhe acesso a

materiais, publicações e programas de educação.

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• www.trainingzone.co.uk/resources/library/

A Toolkit Library é um centro de recursos pleno de actividades, briefings,anexos, programas, slides, apresentações, papers e outros (em Word,

Acrobat, PowerPoint e outros formatos comuns). Existem cerca de 3500

documentos de 40 autores com acesso imediato. As cargas têm um custo

de £5 por download com pagamento on-line.

• www.bestofbiz.com

Serviço informativo para executivos, pesquisadores e empresários com

muitos links gratuitos. Este site é dirigido pela London Business School• www.scotent.co.uk

Neste site pode encontrar informação de negócios, eventos e seminários

em networking, organizados por uma agência escocesa de desenvolvimen-

to económico, fundada pelos Executivos da Escócia.

• www.ft.com

Neste site pode encontrar notícias de negócio do Financial Times, existindo

ainda a facilidade para procurar materiais do arquivo.

• www.cantos.com

Excelentes webcasts e sumários em texto da maior organização de líderes

ligados ao negócio, updates e notícias disponíveis gratuitamente. Inclui

entrevistas com gestores seniores nas edições críticas e documentários

entregues em secções concisas. É necessário fazer um breve registo quando

se utiliza pela primeira vez este serviço.

• www.myjob.com

Portal que abrange carreira, estilo de vida e questões relacionadas com

trabalho. Registo livre.

• www.drucker.org

Recursos e informação do especialista em negócios Peter Drucker.

• www.skymark.com

Apresentação de recursos e informações claras em gestão, com ênfase par-

ticular em gestão de projectos, gestão da qualidade e questões de melho-

ria contínua.

• www.fastcompany.com

Excelentes informações da publicação Fast Company apresentada de um

modo vivo e fascinante.

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ANEXO IV – TEXTOS PARA APROFUNDAMENTO DO TEMA E CONTEÚDOS TEMÁTICOS

CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO,

SÃO PAULO, V.1, Nº 10, 3º TRIM./99

MARKETING ESTRATÉGICO E A CRIAÇÃO DE UNIDADE DE NEGÓCIOS

Bento Alves da Costa Filho1

Geraldo Luciano de Toledo2

RESUMO

O propósito principal deste artigo é proporcionar uma revisão da literatura

pertinente à criação de novos negócios do ponto de vista do marketing estra-

tégico. Inicialmente, são abordadas questões como identificação de oportuni-

dades versus competências centrais, visando a descobrir o melhor equilíbrio

entre as duas variáveis, caso exista alguma relação. Outros importantes aspec-

tos no desenvolvimento de novos negócios são discutidos como posiciona-

mento, estratégias de desempenho e crescimento, arquitectura organizacio-

nal e novos modelos de marketing de relacionamento. Enfatiza-se, ainda, o

paradoxo que uma melhor estrutura organizacional melhor poderia resultar

da falta de qualquer estrutura. O texto explora também a nova tendência no

marketing de relacionamento, segundo a qual uma forma de fazer negócio,

menos agressiva e mais elegante, poderia substituir o velho modelo contratu-

al frio e racional, no limiar do próximo século.

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem o objectivo de examinar a literatura voltada para cria-

ção de novos negócios sob o enfoque de marketing estratégico. A metodolo-

gia adoptada procurou, inicialmente, trabalhar questões como identificação

de oportunidades versus reconhecimento de competências centrais. Em segui-

da, foram abordados aspectos referentes a posicionamento, com destaque

para os riscos de um posicionamento à revelia da empresa que pode advir de

um marketing mix equivocado. Foram discutidas, ainda, opções estratégicas

disponíveis de autuação, com base nas propostas de Porter, e estratégias de

crescimento comentadas à luz do timing da empresa. Uma breve revisão de

modelos de arquitecturas organizacionais abordou questões relevantes como

as dificuldades por que passam empresas em rápido crescimento. Por último,

foi apresentado um modelo de marketing de relacionamento como suporte

ao processo estratégico. O modelo considera não somente a satisfação das

necessidades do consumidor, como acção fundamental da organização con-

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temporânea, mas também a rede de relacionamentos “colaborativos” que se

formam com todos os participantes da cadeia de valor como fornecedores,

fabricantes, distribuidores e clientes. Trata-se, portanto, de uma forma eficaz

e menos agressiva de autuação no mercado e de convívio com os competido-

res. O antigo formato, frio e racional, que permeia os relacionamentos de

negócio com base em contratos formais vive um processo de declínio e apro-

xima-se da extinção.

Identificação de Oportunidades

A atenta observação do ambiente económico e sectorial é sem dúvida uma das

melhores fontes de descobertas de novos negócios. Muitos foram os produtos

e serviços criados a partir de sinalizações emanadas do mercado. A rapidez

imposta pela tecnologia da informação, por exemplo, praticamente obrigou as

empresas financeiras a adoptarem os serviços de office banking para se torna-

rem mais ágeis nas decisões financeiras. A Internet está promovendo uma ver-

dadeira revolução na maneira de realizar negócios das empresas em geral. E

nem sempre aquelas organizações tradicionais e bem estabelecidas são as que

saem na frente quando as mudanças ocorridas no ambiente são descontínuas,

num rompimento radical com o passado. Haja vista a grande quantidade de

novas empresas que têm se destacado, no comércio eletrônico, como Amazon,

Yahoo, Dell Computers, e-Bay etc., todas em sua maioria, com poucos anos de

vida. O modelo tradicional de planejamento proposto por Andrews3, em 1965,

que é cíclico, está se tornando insuficiente para lidar com um ambiente extre-

mamente dinâmico e em constante processo de mutação. Os sistemas de moni-

toramento ambiental precisam atuar em tempo real e não somente no perío-

do do ano que antecede o processo de planejamento. Aaker4 propõe que os

métodos de monitoramento do ambiente funcionem continuamente e sejam

capazes de respostas rápidas. Este autor coloca, também, que a administração

estratégica de marketing não deve aceitar o ambiente como um “dado” do

problema. A estratégia deve ser pró-ativa, segundo ele, influenciando e/ou

controlando, de maneira criativa ambientes governamental, sócio-cultural,

tecnológico e econômico. Um aspecto interessante a respeito de oportunida-

des é que nem sempre elas se encontram onde são procuradas. Produtos que

se tornaram ícones do consumo mundial, como o walkman e o jetski, surgiram

muito mais em função de as empresas criadoras terem reconhecido idéias geni-

ais e dado espaço para estas idéias do que por terem seguido um processo tra-

dicional de desenvolvimento de novos produtos. Sofisticados sistemas de infor-

mação, respaldados por tecnologia de informação de última geração, são

muito úteis. Mas, é necessário mais do que isso. As idéias para novos negócios

não podem pertencer a uma área ou departamento. É preciso que toda a

empresa seja capaz de enxergar oportunidades, no ambiente, para atrair e

manter clientes, finalidade maior de uma empresa, segundo Theodore Levitt.5

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Competências e Vocações

Uma das etapas fundamentais da administração estratégica de marketing é o

que Aaker6 chama de auto-análise. Trata-se de um levantamento que visa a

obter um entendimento detalhado sobre aspectos estratégicos como análise

de performance, forças, fraquezas e problemas da organização. É um momen-

to de grande importância para os profissionais de uma empresa já que dá

oportunidade aos mesmos de refletirem, de forma honesta, sobre fraquezas

e capacidades da organização. É preciso ter bem claro o rol de competências

da empresa. É fundamental que a organização tenha consciência de suas

habilidades essenciais dentro do processo de construção de sua estratégia.

Prahalad e Hamel7 batizaram estas habilidades de competências centrais (corecompetences), que eles definem como vocações naturais centradas em pesso-

as-chave que devem servir a toda a organização e não somente a uma divisão.

As competências centrais se formam a partir do aprendizado coletivo da orga-

nização e envolvem a coordenação de habilidades diversas de produção e a

integração de correntes múltiplas de tecnologia. Mas é preciso estar atento,

pois esse processo de aprendizagem nem sempre ocorre de forma fluida e

intensa, principalmente em grandes corporações. A arquitetura organizacio-

nal de grandes empresas nem sempre permite que as habilidades aflorem

naturalmente. Ao contrário, não é incomum que capacidades sejam abafadas

logo no início do processo criativo. Bartlett e Ghoshal8 destacam o aprendiza-

do como atributo inato ao ser humano, que famílias, clãs e comunidades evo-

luíram ao longo do tempo, compartilhando informações e sintetizando

conhecimentos como centro das interacções sociais e propulsores do progres-

so colectivo. Mas estes mesmos autores alertam para o fato de que corpora-

ções modernas são concebidas de forma a restringir, impedir e mesmo matar

este instinto natural humano. Fica claro que a etapa conhecida na administra-

ção estratégica como auto-análise, que parece um processo óbvio de listar

pontos fortes e pontos fracos da organização, acaba não se tornando uma

actividade tão simples.

O desafio de descobrir vocações dentro das organizações encontra naquilo que

Zacarelli9 chama de “moderna estratégia” um grande aliado. Isto porque,

segundo esse autor, o planeamento sai da torre de marfim e desce ao nível

operacional, o que atrai a atenção dos altos escalões da empresa para as habi-

lidades básicas exercidas pelos níveis médio e inferior da administração, no

front do atendimento ao cliente. Zaccarelli acrescenta que a moderna estraté-

gia procura aperfeiçoar continuamente a estratégia de hoje, sem fazer planos

grandiosos que perduram até serem invalidados pelo tempo. Anderson, Day e

Rangan10 confirmam esta abordagem mais realista do planeamento. Estes

autores propõem que novos negócios sejam introduzidos por meio de peque-

nas experiências, dos quais uma pequena porção é analisada cuidadosamente,

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e em caso de sinalizações positivas do mercado, a empresa deve responder

rapidamente, transformando estes experiências em produtos e serviços. A

observação atenta do desempenho das áreas operacionais da empresa e o foco

nas habilidades básicas têm sido uma questão basilar do pensamento estraté-

gico actual. É fazer com que a organização se auto-descubra e libere experti-ses contidas nas morosas interconexões corporativas. Prahalad11 sustenta que

“Competir pelo futuro não é simplesmente fazer previsões. É também ter umforte desejo de ser rentável nos negócios actuais, um desejo que pressioneenormemente a organização para que ela eleve seu nível de desempenho. Écriar um círculo virtuoso, na organização, no qual você esteja inventandonovos negócios continuamente, novas fontes de lucro e aumentando semprea capacidade de alavancagem e rentabilidade dentro dos negócios actuais -...”

O Nascimento da Unidade de Negócios

A abordagem clássica de Andrews12 fala do nascimento da estratégia econó-

mica, que vem a ser a conjugação de uma oportunidade ambiental com uma

competência distinta da organização. A despeito das críticas já resgistadas

anteriormente, principalmente ao carácter cíclico, a abordagem tradicional

tem bastante força do ponto de vista da análise de criação de novos negóci-

os. Portanto, é da combinação de oportunidades de mercado com a expertiseempresarial que surgem os novos empreendimentos. Mas o simples fato de a

organização saber-se capaz não é suficiente. É necessário que aquela habili-

dade, expertise ou competência seja levada ao mercado de forma sustentada.

É preciso estar atento para não tomar estas como capacidades de produzir um

determinado produto ou serviço. Este tipo de falta de visão de negócios foi

apontada por Levitt13 em um de seus textos mais conhecidos, Miopia emMarketing. Um negócio deve ser visto como um processo de satisfação do con-

sumidor e não como um processo de produção de bens, corrobora Kotler14,

pois produtos são transitórios, mas necessidades básicas existirão sempre,

segundo este autor. Outro estrategista de marketing que confirma a orienta-

ção para o cliente é Cravens15, para quem o conceito de marketing16 é um

importante guia para a vantagem competitiva. Segundo esse autor, consumi-

dores satisfeitos são capazes de criar vantagem competitiva sustentável para

uma organização. Portanto, competência somente não basta. É necessário ter

sensibilidade de mercado para o estabelecimento de relacionamentos dura-

douros e proveitosos para ambos, empresa e cliente.

O Posicionamento do Novo Negócio

A forma como a empresa vai explorar a oportunidade de mercado identifica-

da está intimamente ligada ao conceito de posicionamento. Cravens17 apre-

senta a estratégia de posicionamento como uma combinação de estratégias

de produto, canal de distribuição, preço, e promoção que a empresa utiliza

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para se posicionar em relação aos competidores ao atender as necessidades e

desejos de seu mercadoalvo. Este autor conclui que o conceito de posiciona-

mento indica como a organização gostaria que os clientes percebessem o

composto de marketing ou marketing mix.18 Uma característica fundamental

do posicionamento é que, embora ele se inicie por meio de produtos, serviços,

instituições ou pessoas, ele, de fato, ocorre na mente dos consumidores, con-

forme atestam Ries e Trout.19 A disputa que as empresas travam para serem

reconhecidas pelo mercado naquilo que fazem acontece, realmente, na cabe-

ça dos clientes. Portanto, quando um bom trabalho de posicionamento é feito

é muito difícil desbancar a empresa que o fez.

Mas não basta que, ao delinear sua estratégia, a organização elabore progra-

mas de ação para fixar-se na mente de seu público-alvo em atributos como

preço, qualidade, imagem, pós-venda, design, etc. É preciso que o público-

alvo assim reconheça a empresa. Ou seja, faz-se mister que o cliente identifi-

que a organização por este atributo ou grupo de atributos estratégicos. Nem

sempre o consumidor reconhece a organização da maneira como esta almeja

em seus planejamentos. Empresas do ramo químico ou petroquímico, por

exemplo, precisam estar muito atentas às suas imagens institucionais, em

razão de serem vulneráveis a acidentes ecológicos como aqueles ocorridos no

Alaska (Exxon), em 1989, na Suiça (Sandoz), em 1987, Cubatão (Petrobrás), em

1988. Portanto, quando a empresa não se posiciona bem frente a seu públi-

co-alvo este último “assume”, por conta própria, um posicionamento para

esta empresa20. Não é incomum que grandes corporações sejam reconhecidas

por seu público como “arrogantes”, “insensíveis”, “poluidoras” em razão de

terem perdido a capacidade de ouvir os próprios consumidores e outros públi-

cos uma vez que foram acometidas pelos males do gigantismo. E a alta admi-

nistração destas grandes empresas, por estarem longe dos consumidores,

levam muito tempo até acreditarem de que forma estes consumidores verda-

deiramente percebem a organização.

Estratégias de Actuação

Definir a estratégia de actuação é uma das decisões mais importantes, após a

decisão de entrar em um novo negócio ter sido tomada. Vários caminhos

podem se apresentar. Michael Porter21 apresenta três formas de actuação que

chamou de estratégias competitivas genéricas, quais sejam: liderança no custo

total, diferenciação e enfoque.

A liderança no custo total consiste em ter o custo mais baixo da indústria

mediante instalações em escala eficiente, controle rigoroso de despesas gera-

is, minimização de custos em áreas como P&D, assistência técnica, força de

vendas, publicidade. Perseguir a estratégia “liderança no custo total” propor-

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ciona retornos acima da média, mesmo em ambientes de intensa concorrên-

cia. A diferenciação significa criar algo único dentro do âmbito da empresa. A

diferenciação pode ser por imagem da marca (Nike), tecnologia (Intel), rede

de fornecedores (Volkswagem, Resende,RJ), etc. A diferenciação, também,

produz retornos acima da média, pois gera maior lealdade e menor sensibili-

dade a preços por parte dos consumidores, o que produz maiores margens. A

estratégia de enfoque consiste em concentrar-se num determinado segmento

de clientes, numa linha de produtos ou num mercado geográfico. A premissa

que está por trás desta estratégia é que a empresa é capaz de atender seu alvo

estreito melhor que qualquer concorrente. O enfoque permite retornos acima

da média, uma vez que produz custos baixos em comparação com os da indús-

tria. É interessante notar que Porter só acredita no sucesso de suas estratégias

desde que cada uma delas seja adoptada de maneira exclusiva. Ou seja, não

se pode adoptar, concorrentemente, mais de uma das estratégias genéricas

sob o risco de se atingir um estado apático que aquele autor chamou de meio-termo. Trata-se de uma situação estrategicamente pobre, que pode levar a

uma baixa rentabilidade, uma vez que a empresa perde negócios de grandes

volumes, pois, por não ter custos baixos, não pode oferecer preços baixos, e

perde, da mesma forma, negócios com margens altas, tendo em vista que não

se conseguiu diferenciação suficiente.

O trabalho de Porter tem sido alvo de críticas diversas. Carneiro et.al22 fizeram

um levantamento das principais restrições às estratégicas genéricas. Com rela-

ção à liderança no custo total, os destaques são os seguintes:

• menor custo não significa necessariamente menor preço: é possível que

o produtor embolse a vantagem de custo obtida; somente quando

grandes negócios exigem preços menores é que esta pode passar a ser

uma vantagem efetiva;

• não é uma vantagem sustentável a longo prazo se muitos a estiverem

perseguindo;

• é difícil conhecer os custos dos concorrentes;

• desvia a atenção da empresa do mercado e de competidores para solu-

ções internas. As maiores críticas à estratégia de diferenciação apontam

para o fato de que esta abrange um leque muito amplo de estratégias,

merecendo serem desdobradas. Mintzberg 23 relaciona seis tipos de dife-

renciações possíveis, quais sejam: preço, imagem, suporte, qualidade,

design e não-diferenciação. Vale notar que Mintzberg não vê esta últi-

ma como uma estratégia menor, fadada ao fracasso e baixa rentabilida-

de. Segundo este autor, é possível ter sucesso com a não-diferenciação,

que consiste em copiar outras empresas, desde que haja espaço no mer-

cado para tal.

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Estratégias de Crescimento

Crescer por meio de um novo negócio pode exigir muita criatividade dos pro-

fissionais envolvidos no processo. Conforme já comentado anteriormente, as

melhores oportunidades não costumam ser evidentes nem fáceis de identifi-

car. Kotler24 apresenta as oportunidades de crescimento em três classes princi-

pais, quais sejam: crescimento intensivo, crescimento integrado e crescimento

diversificado.

Crescimento Intensivo: estratégia que ocorre no âmbito dos negócios existen-

tes. A primeira opção é aumentar a participação dos produtos atuais nos mer-

cados atuais. É a chamada estratégia de penetração de mercado. Uma segun-

da opção é desenvolver novos mercados para produtos atuais; é a estratégia

de desenvolvimento de mercado. A terceira opção é desenvolver produtos

novos para mercados atuais: estratégia de desenvolvimento de produto. E por

último, a estratégia de diversificação que seria o desenvolvimento de novos

produtos para novos mercados. Este é o clássico modelo representado pela

matriz de Ansoff.25

Crescimento Integrado: Estratégia que ocorre no âmbito da cadeia de valor da

empresa, a qual adquire outra empresa integrante do sistema. Quando a

aquisição ocorre “cadeia abaixo”, fala-se em integração para frente. É o caso

de um fabricante que adquire o controle de um atacadista ou varejista. Esta

integração pode ser interessante, por exemplo, quando um determinado

fabricante está interessado em controlar mais o modo como seu produto está

sendo trabalhado no ponto-de-venda, junto ao consumidor final. Outro tipo

de crescimento integrado, o da “cadeia acima”, é a integração para trás. É o

caso de um fabricante que compra empresas fornecedoras de insumos. Essa

estratégia pode aparecer em casos em que haja risco de suspensão de forne-

cimento de algum tipo de insumo estratégico para o fabricante. O terceiro

tipo de crescimento integrado é a integração horizontal, que é a compra de

empresas do mesmo ramo de negócios. Pode-se dizer que este é o tipo de

integração que mais tem ocorrido nos últimos anos, como resultado do fenó-

meno da globalização. A indústria bancária, no Brasil e no exterior, está viven-

do um momento de intensas aquisições e fusões, com instituições estrangei-

ras adquirindo bancos nacionais de forma sistemática.

Crescimento Diversificado: trata-se, basicamente, de entrar em diferentes

ramos de negócios. Este tipo de estratégia esteve em evidência nos anos

setenta, quando era recomendada como forma de reduzir o risco de um con-

glomerado como um todo. Grandes corporações adotaram este modelo; a

Ford vendia aparelhos de ar condicionado, a Chrysler estava também no ramo

de refrigeradores, etc. Foi um modelo muito criticado porque as empresas

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adquirentes não tinham sinergia de negócio com as empresas adquiridas, o

que causou muitos insucessos. Mas, no caso de negócios em fase de declínio,

como a indústria de cigarros, a diversificação pode ser uma boa saída. É muito

comum grandes fabricantes de cigarros entrarem no negócio de alimentos,

como foi o caso da compra da RJR Nabisco pela Philip Morris.

As alternativas para crescimento de um negócio são muitas. Decidir-se por

uma delas vai exigir da organização uma avaliação precisa do timing empre-

sarial no qual a mesma está vivendo. Isto porque existe um tempo de perse-

guir idéias geniais, que num primeiro momento parecem absurdas até, mas

que florescem graças à persistência de empreendedores obstinados. Esta é a

fase em que o novo negócio costuma crescer bastante, aumentando geome-

tricamente a quantidade de consumidores. É, ainda, a etapa em que o cresci-

mento intensivo de produtos e mercados encontra seu auge. Mas, o que ocor-

re, historicamente, é aquele pequeno negócio - surgido de grandes idéias,

claro - ir crescendo e se tornando tão grande que passa a ter os mesmos pro-

blemas que os de qualquer organização de grande porte. A partir deste

momento, crescer significa, invariavelmente, adquirir novos negócios no mer-

cado. Esta dinâmica de crescimento, intenso desenvolvimento de produtos e

mercados até que se tenha tamanho suficiente, para, em seguida, passar a

adquirir novos negócios, pode ser observada, exemplarmente, entre a forna-

da de novas empresas do ramo da tecnologia de informação que surgiram nos

anos noventa. O exemplo da Amazon é bem pertinente. Inicialmente, o cres-

cimento se deu por desenvolvimento de mercado e produto (nova maneira de

vender livros, via Internet).

Após conquistar dezenas de milhões de clientes e se tornar conhecida mundi-

almente, a empresa está procurando expandir negócios pela prática de aqui-

sição de novas empresas. Sabe-se, neste momento, por exemplo, do interesse

da Amazon em ingressar no ramo de leilão eletrônico, considerando a possi-

bilidade de adquirir empresas como LivBid Inc26.

A Organização do Novo Negócio A organização desenhada para um novo

negócio deve merecer atenção especial dos agentes envolvidos. Quando um

novo negócio surge, juntamente com uma pequena empresa, muitas vezes

em garagens de jovens recém-formados, como foi o caso da Microsoft, Apple

e mais recentemente Yahoo e Amazon Book, a questão organização não cos-

tuma apresentar maiores problemas. Empresas deste tipo nascem pequenas e

ágeis, trazendo em seu bojo toda a capacidade e dinamismo de seus sócios

empreendedores e visionários. Estas não possuem os inúmeros entraves que

engessam grandes estruturas como áreas funcionais que se rivalizam, cadeias

hierárquicas complexas, áreas de produtos tradicionais que resistem a inova-

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ções, etc. Portanto, negócios que afloram a partir de empresas que estão nas-

cendo acabam tendo vantagem do ponto de vista de organização interna em

relação a grandes corporações. Os maiores problemas relativamente à organi-

zação costumam surgir juntamente com o aumento de tamanho das empre-

sas. É interessante notar que as soluções organizacionais que vão surgindo e

evoluindo costumam ser respostas ao problema de administrar estruturas pro-

dutivas gigantes. Mas estas estruturas, amiúde, estão voltadas para o operaci-

onal, para o funcionamento da grande empresa, restando pouco espaço, mui-

tas vezes, para a geração de novos negócios. Tendo em vista a importância do

fator organização no surgimento de um novo negócio, vale a pena revisar as

estruturas organizacionais mais conhecidas. Considere-se, inicialmente, a

estrutura simples, que, no mundo real, é equivalente a inexistência de estru-

tura formal. É o tipo de organização, comumente adotado em pequenos

negócios, onde o próprio dono costuma levar a cabo a maioria das atividades

da empresa.27 Existem poucas divisões das funções gerenciais, não havendo

uma clara definição de quem é responsável por quê. Vale destacar que este é

um dos tipos de organização mais favoráveis à criação de novos negócios. São

empresas pequenas e ágeis cujas atividades giram em torno do brilhantismo

de um ou mais sócios. Mintzberg28 aponta a organização administrada pelo

proprietário como o caso clássico da organização empreendedora, a qual pro-

cura ambientes dinâmicos, simples e não regulados. Mas a estrutura simples

tem seus problemas. Tudo fica muito na dependência do sócio-fundador, que

costuma ser bastante centralizador; na falta dele, a empresa fica órfã. Com o

crescimento, vem a complexidade e, aí, a estrutura simples torna-se insuficien-

te para lidar com as operações. É preciso dividir as responsabilidades e fun-

ções. A partir deste momento, é possível que a estrutura funcional passe a ser

mais produtiva do ponto de vista das operações. A estrutura funcional tem

por base as funções primárias que devem ser desempenhadas pela empresa29

como produção, finanças, marketing, recursos humanos. Este é um tipo de

organização mais adequado a empresas de médio porte, com uma estreita

linha de produtos. Esta estrutura apresenta vantagens como um maior con-

trole sobre as operações por parte da alta administração, em razão da fluidez

natural com que as informações trafegam na empresa. Mas, com o crescimen-

to, esta organização pode se tornar lenta, uma vez que os executivos do alto

escalão passam a acumular demandas em excesso referentes ao dia-a-dia ope-

racional, negligenciando a função estratégica em muitos casos. Quando as

operações aumentam muito, juntamente com a diversidade de produtos ofer-

tados, outro tipo de organização pode passar a ser mais interessante, do

ponto de vista da eficácia, a estrutura multidivisional. Foi o que aconteceu

com a General Motors30, no começo deste século, quando, sob o comando de

Alfred Sloan, criou diversas divisões (Cadillac, Buick, Oakland, Olds e

Chevrolet) que passaram a projetar diferentes carros para diferentes segmen-

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tos de mercado, mediante uma proposta de variedade de produtos. Sloan

reergueu a GM, superando, em muito, a Ford que insistia, no conservadoris-

mo de seu fundador, em oferecer um mesmo produto, o Modelo T, na mesma

cor preta, a uma sociedade consumidora americana que se tornava cada vez

mais desejosa de diversidade. A estrutura multidivisional é composta de uni-

dades responsáveis por um mercado, serviço ou produto definido.31 Dentro de

cada divisão, por exemplo, costumam atuar estruturas funcionais como finan-

ças, marketing, recursos humanos. É como se cada divisão fosse uma empresa

independente, mas sob a orientação de um escritório central, responsável

pela arquitetura estratégica da corporação. Uma das grandes vantagens deste

tipo de estrutura é que cada divisão pode se concentrar nas oportunidades e

problemas de seu ambiente particular de negócio. Há dedicação exclusiva do

executivo chefe da divisão aos negócios da divisão, o que aumenta sobrema-

neira a eficiência da unidade. Como desvantagens, esta estrutura traz a ques-

tão da delimitação da responsabilidade do gerente da divisão, ou seja, quan-

to poder deve ter este gerente vis-à-vis o escritório central; o conflito da dis-

puta que as divisões realizam por recursos da empresa-mãe; e a duplicação de

funções em cada divisão. Prahalad32 condena a forma como as divisões dispu-

tam e retêm pessoas de alta capacidade, impedindo que as core competencessejam exploradas pela corporação como um todo. Como resposta às limita-

ções da organização multidivisional deu-se o surgimento da estrutura matri-cial. Trata-se de uma combinação de estruturas como por exemplo produto

versus geografia, ou funcional versus divisional operando em tandem33. As

vantagens do modelo matricial são muitas, destaque devendo ser dado à inte-

gração que o mesmo promove entre as áreas técnicas, produtoras de conhe-

cimento, como P&D e as áreas funcionais de finanças, marketing, recursos

humanos, já que a burocracia formal é substituída por contatos diretos entre

os indivíduos. Além disso, a estrutura matricial aumenta a qualidade da toma-

da de decisões onde haja maior risco a uma das áreas envolvidas, aumenta a

motivação e desenvolvimento administrativo por ser de natureza participati-

va e pelo alto envolvimento de todos os níveis gerenciais nas atividades. Os

principais problemas da estrutura matricial são diluição de prioridades, deci-

sões lentas e conflitos de papéis e responsabilidades. A diluição de priorida-

des ocorre porque cria-se um espírito onde “tudo” é importante na organiza-

ção e merece ser debatido de forma igualitária, ficando difícil estabelecer um

ranking de projetos e problemas a serem abordados. Um outro problema é

que, em razão de a estrutura encorajar o debate entre grupos cujos interes-

ses são concorrentes, há um prejuízo para a agilidade nas decisões. Também

deve ser ressaltada a questão dos conflitos que surgem por conta da pouca

clareza em relação à definição de papéis e responsabilidades, uma vez que,

nesta estrutura, é comum que um profissional de P&D, por exemplo, se repor-

te ao gerente de P&D e ao gerente de marketing ao mesmo tempo.

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A Organização Segundo a Teoria dos Custos de Transação

Uma corrente de pensamento que tem dado bastante atenção à questão da

organização é a teoria dos custos de transacção ou transaction costanalysis(TCA). Segundo esta abordagem, as organizações existem para que se

reduzam estes custos de transação. Para os economistas clássicos34, as transac-

ções ocorriam no mercado sem custos para as partes. É como se toda a sorte

de estruturas onde ocorrem transacções económicas como empresas agrope-

cuárias, industriais, de serviços, shopping centers, bolsas de valores, bolsa de

mercadorias, bancos, corretoras, etc., pudessem ter existência sem que para

isto fosse preciso que agentes económicos não necessitassem desembol- sar

um centavo. Para Coase35, quando os economistas clássicos observam as regu-

lamentações (que implicam custos de transação) que envolvem as transações

de mercado36, eles, freqüentemente, assumem que estas regulamentações são

tentativas de exercício de monopólio. Eles costumam ignorar uma explicação

alternativa para estas regulamentações; a de que elas existem para reduzir os

custos de transação e aumentar o volume de negócios. Os principais custos de

transação são os custos de coordenar e de motivar37. Os custos de coordena-

ção são os custos necessários para a determinação de preços, para a existên-

cia de um local para a troca, onde compradores e vendedores possam se reu-

nir. Por parte do vendedor, custos de coordenação são os recursos gastos em

pesquisas, propagandas, em estabelecimento de preços, e são, também, os

custos de transmissão da informação, para cima e para baixo na hierarquia

organizacional. Por parte do comprador, custos de coordenação dizem respei-

to ao tempo gasto para escolher os melhores fornecedores e os melhores pre-

ços. Os custos de transação associados à questão da motivação estão relacio-

nados a dois problemas básicos: assimetria de informações e compromissoimperfeito. A assimetria de informações caracterizase pelo fato de uma das

partes, em determinada transação, não possuir todas as informações relevan-

tes para verificar se se trata de um bom negócio. No compromisso imperfeito

uma das partes resolve não cumprir um contrato já pactuado e assinado. Os

custos de coordenação e motivação remetem a importantes questões levanta-

das pela teoria dos custos de transação, quais sejam: racionalidade limitada

(bounded rationality), informação privilegiada (private information), oportu-

nismo, seleção adversa (adverse selection) e prejuízo moral (moral hazard). O

conceito de racionalidade limitada pressupõe que as pessoas não podem estar

em todos os lugares ao mesmo tempo, não podem resolver problemas com-

plexos de forma exata, sem custos, nem instantaneamente e não podem se

comunicar livremente entre si sempre. As pessoas não podem prever tudo que

pode acontecer, e sabem que o entendimento é falho muitas vezes, e que não

podem conseguir, matematicamente, a melhor solução para problemas com-

plexos. A informação privilegiada ocorre quando custos e benefícios de um

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determinado contrato são conhecidos por apenas uma das partes. Um exem-

plo clássico é a venda de um carro usado. Normalmente, o vendedor conhece

bem o veículo e não costuma abrir este conhecimento para o comprador, o

qual tem de confiar no caráter daquele, se quiser fazer o negócio. A informa-

ção privilegiada pode dar espaço para comportamentos oportunistas.

O vendedor pode ir em frente e realizar o negócio, mesmo sabendo que as

condições do carro não são boas. O problema da seleção adversa toma corpo

na situação em que uma das partes possui informação privilegiada e mesmo

assim vai em frente e realiza o contrato. É um comportamento oportunista exante. Um exemplo típico é o do indivíduo que, mesmo sabendo que tem uma

doença grave, declara-se saudável ao contratar um seguro saúde. Já o concei-

to de moral hazard difere da seleção adversa por se tratar de um comporta-

mento oportunista ex post. Um tipo de problema que advém das limitações

da racionalidade limitada e que pode levar ao moral hazard são os investi-

mentos em ativos específicos. Ativos específicos são aqueles que só servem a

um determinado tipo de relacionamento econômico38. Pelo modelo de produ-

ção das grandes montadoras de veículos, vigente no final do anos noventa, os

fornecedores costumam criar uma estrutura de fornecimento dentro da pró-

pria montadora. Em caso de rompimento unilateral de contrato, por parte

desta última, o fornecedor pode amargar os prejuízos de ter realizado inves-

timentos em ativos por demais específicos. As críticas que se fazem à Teoria

dos Custos de Transação é que ela se utiliza de controles unilaterais por uma

das partes dentro dos relacionamentos na cadeia de valor. No próximo tópico

Weitz e Jap39 fazem um contraponto entre os relacionamentos unilaterais da

Teoria dos Custos de Transação e os relacionamentos bilaterais marcados por

consenso, participação e solidariedade. Talvez a maior crítica à TCT seja que as

empresas não existem para economizar custos de transação, mas sim para

atender as necessidades dos clientes.

(Des)organizar para Criar

Os tópicos anteriores revisitaram diferentes formas por que passa a arquitetu-

ra organizacional em função de diferentes fases da evolução de uma empre-

sa. Desde a completa falta de estrutura, nos negócios iniciantes, passando

pela eficiência da estrutura funcional de negócios em crescimento, pela eficá-

cia do modelo multidivisional em gigantes corporações, até a integrativa solu-

ção matricial obtendo ganhos competitivos simplesmente aproximando áreas

de uma mesma empresa que muitas vezes não se conhecem. Foram evidenci-

adas, também, as vantagens de se conhecerem os custos de se coordenar e

motivar, base de uma nova teoria, a Teoria dos Custos de Transação, que con-

sidera elementos importantes do comportamento humano nos negócios, os

quais são essenciais para formar um sistema de incentivos eficiente. Com tudo

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isto, o mais irônico em relação à organização é que um dos modelos mais efi-

cientes, do ponto de vista da geração de um novo negócio, é justamente a

estrutura simples, que é, na verdade, a ausência de estrutura. É o formato que

predomina nos negócios pequenos e emergentes, onde a liberdade para criar

é a palavra de ordem.

O Modelo de Relacionamento

A discussão sobre a evolução e influência da organização nos novos negócios,

discorrida no item anterior, remete a importantes questões acerca da manei-

ra como os relacionamentos inter-empresas devem ocorrer no terceiro milê-

nio. Quais serão os fatores críticos para o bom relacionamento entre empre-

sas? Os modelos atuais de relacionamento devem perdurar? Quais caracterís-

ticas deve ter um futuro modelo de relacionamento transorganizacional?

Dahlstrom40 apresenta três tipos de relacionamentos interorganizacionais:

relacionamento mercado, alianças bilaterais e acordos unilaterais. O relacio-

namento mercado baseia-se em transações do tipo discretas, formais, por

intermédio de acordos de curtíssimo prazo. Os serviços envolvidos são bastan-

te comuns e as partes utilizam contratos, bastante padronizados, criados pela

própria indústria. O relacionamento mercado é mais apropriado quando duas

condições estão presentes: baixa incerteza ambiental e baixo nível de investi-

mentos específicos. Ou seja, este tipo de relacionamento é mais interessantes

desde que não haja expectativas de mudanças radicais no rumo dos negócios

e quando as partes não precisam realizar grandes inversões para manter o

relacionamento. As transações de commodities agrícolas representam um

exemplo clássico de relacionamento mercado. As alianças bilaterais, ao con-

trário do relacionamento mercado, são relacionamentos de longo prazo, com

pouca formalidade, porém balizado por normas relacionais e decisões partici-

pativas. A atuação participativa permite, segundo Dahlstrom41, um melhor

ajuste às incertezas do mercado, um melhor fluxo de informações, crucial para

a performance das empresas envolvidas, facilitando o estabelecimento de

roteiros para resolução de problemas por grupos de consenso e solidariedade.

As alianças bilaterais são indicadas em ambientes de incerteza e quando altos

investimentos específicos são necessários por parte das organizações envolvi-

das. Os acordos unilaterais são realizados entre empresas, sendo que uma

impõe regulamentos e estrutura de decisão à outra. São necessários controles

formais, a exemplo do relacionamento mercado, para o cumprimento dos

contratos. São formalizados, também, os procedimentos relatando responsa-

bilidades, regras explícitas sobre respostas a contingências, regulamentos para

resolução de problemas de entregas, programação de produção e outras fun-

ções logísticas.

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Dahlstrom conclui que o importante para a atividade administrativa é reco-

nhecer o contexto e o tipo de regulamentação nas quais as transações ocor-

rem. Com o aumento dos níveis de investimentos e maior volatilidade do

ambiente, a organização deve buscar decisões compartilhadas com outras

empresas visando a obter eficiência. Se estas não forem as condições, talvez

seja mais interessante que as transações ocorram no âmbito de mercado. As

transações que acontecem sob a égide do relacionamento mercado obtêm um

nível satisfatório de eficiência com baixos custos irrecuperáveis (sunk costs)42 e

mínimas expectativas de qualidade, serviços e entrega. Mudanças importan-

tes no modo como as empresas interagem umas com as outras estão sendo

registradas. As formas como o poder é utilizado dentro destas malhas de rela-

cionamento são diversas. Weitz e Jap43 identificaram que profissionais e aca-

dêmicos têm mudado o foco de interesse, no que diz respeito a relacionamen-

to de canais, da estrutura corporativa e convencional, que utiliza o poder

como base, para relacionamentos entre empresas independentes envolvendo

mecanismos normativos e contratuais de controle. Isto está ocorrendo, segun-

do estes autores, devido a três fatores principais, quais sejam: o desencanta-

mento com a integração vertical; a consolidação e o aumento de poder de

canais intermediários como atacadistas e varejistas; e o reconhecimento de se

obterem vantagens estratégicas mediante o gerenciamento das atividades de

canal. Weitz e Jap44 criticam, também, o enfoque estreito e unilateral da

Teoria dos Custos de Transação (Williamson45) , onde a estrutura principal-

agente implica o uso unilateral de controles por parte do principal, sem a

importante participação da outra parte (agente) proporcionada pelo relacio-

namento bilateral. Weitz e Jap concluem que é necessário um melhor enten-

dimento sobre como estes relacionamentos se desenvolvem, como eles são

mantidos e como membros em relacionamentos convencionais lidam com

incertezas advindas de investimentos específicos. O relacionamento coopera-

tivo encontra respaldo nos trabalhos de Ravi S.Achrol46. Para esse autor, a

organização clássica, multidivisionalizada e verticalmente integrada, que fez

sucesso no século XX, não deve sobreviver num ambiente que promete ser

rico em conhecimentos e ao mesmo tempo bastante turbulento do século XXI.

As organizações multidivisionais que premominaram neste século têm sofrido

profundas reestruturações: downsizing em larga escala, desagregação de

estruturas verticais, terceirização e eliminação de camadas gerenciais. Em sub-

stituição, estão ganhando espaço empresas mais enxutas, mais flexíveis, foca-

das em tecnologias e processos centrais, ligadas a uma rede de alianças estra-

tégicas e parcerias com fornecedores, distribuidores e concorrentes. As formas

básicas de organização, já citadas anteriormente neste estudo, estruturas fun-

cional, multidivisional e matricial foram importantes no contexto temporal

em que foram utilizadas. A estrutura funcional teve seu auge no final do sécu-

lo XIX e início do século XX, quando a maioria das empresas de sucesso eram

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orientadas para produção, altamente padronizadas, buscavam custos baixos e

altos volumes de produção. Este modelo funcionou bem numa época em que

os mercados eram relativamente estáveis e o poder aquisitivo do consumidor

baixo. Com a afluência do mercado, a partir da Segunda Guerra Mundial, os

consumidores tornaram-se mais exigentes e endinheirados, fazendo com que

as empresas se voltassem mais a produtos e mercados. Foi a era das corpora-

ções multidivisionalizadas. Mas estas mostraram-se limitadas em termos de

coordenação interfuncional, dando lugar ao surgimento das estruturas matri-

ciais que enfatizavam os relacionamentos laterais, aproximando as atividades

de P&D às áreas funcionais. Os novos modelos de organização procuram apro-

veitar ao máximo a rapidez, flexibilidade e agilidade proporcionadas pelos

avanços da tecnologia da informação, principalmente a facilidade com que as

empresas podem operar em redes mun diais, podendo a Internet ser conside-

rada um exemplo clássico do final dos anos noventa. Entre os autores que

desenvolvem modelos de relacionamento de rede, destaca-se Achrol47, que

enfatiza que, na network organization, a satisfação das necessidades do clien-

te é um objetivo importante para a atividade de marketing, mas não suficien-

te. A ênfase deve ser em desenvolver um relacionamento duradouro baseado

numa estrutura de benefícios de longo prazo e afinidade mútua entre com-

pradores e vendedores. Novos elementos foram adicionados ao relaciona-

mento, como, por exemplo, confiança, compromisso, normas sociais, etc. O

interrelacionamento entre empresas deve evitar o modelo tradicional, onde

planejamento, adaptações e a resolução de disputas costumam acontecer com

base em barganha e negociação. Relacionamentos duradouros devem, prefe-

rencialmente, estar suportados em normas definidas e gerenciadas de forma

coletiva pelas empresas participantes.

Os Tipos de Organização de Rede

Quatro são os tipos de organizações de rede descritas no trabalho de Achrol48,

quais sejam: rede interna de mercado; rede vertical de mercado; rede inter-

mercado; e rede oportunidade. A idéia central da rede interna de mercado é

eliminar relações hierárquicas dentro dos limites da empresa, dando espaço a

formas democráticas de controle. Neste modelo, não há espaço para os mono-

pólios internos; existe completa liberdade de associação de tarefas; cada equi-

pe ou mesmo um indivíduo é um centro de lucros; a remuneração é estrita-

mente baseada em performance, e todos estão ligados por um sistema eletrô-

nico de processamento de dados com liberdade de acesso à informação. As

novas empresas, ágeis e globais, surgidas dentro do cyberspace, como

Amazon, Yahoo, Dell Computer e Alta Vista, são bons exemplos de rede inter-

na de mercado. A rede vertical de mercado é um tipo de organização que con-

grega um grupo de empresas que opera orbitando em torno de uma empre-

sa integradora, que desempenha muito mais funções de coordenação que de

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manufatura. Trata-se, na verdade, de uma “aliança funcional” já que todo o

processo parece uma grande terceirização coordenada por uma empresa-

mãe. O novo modelo de produção adotado por grandes montadoras de auto-

móveis, onde os fornecedores instalam-se dentro daquelas, e os relaciona-

mentos se dão de forma eletrônica, via EDI, pode ser um bom exemplo de

rede vertical de mercado. A rede intermarket ou intermercado é um fenóme-

no das economias japonesas e coreanas. São as chamados keiretsu e chaebol,definidas como afiliações institucionalizadas entre empresas que operam em

diferentes indústrias e firmas ligadas por relacionamento vertical com estas,

caracterizadas por fortes interconexões em compartilhamento de recursos,

decisões estratégicas, cultura, identidade e padrões de ação coletiva. O ele-

mento que mantém toda a rede intermercado coesa é um elaborado padrão

de interdependência e reciprocidade. A rede oportunidade pode ser definida

como um grupo de empresas especializadas em diversos produtos, tecnologi-

as, ou serviços que se coordenam em torno de projetos ou problemas tempo-

rários. A idéia central da rede oportunidade é uma organização de marketing

especializada em coletar e disseminar informações de mercado, negociando,

coordenando projetos para clientes e fornecedores, e regulamentando

padrões de produto e de comportamento para as empresas participantes da

rede. Seriam espécies de pequenas empresas de consultorias, ágeis e flexíveis,

com capacidade de aprender (learning organization) a cada novo projeto

temporário em que se envolvam.

Poder, Confiança e Normas Sociais nos Sistemas de Rede

A mudança do paradigma atual de marketing, conhecido como diádico ou

transacional, onde o importante é o relacionamento de duas partes, domina-

do por grandes empresas integradas verticalmente, para o novo paradigma

de marketing de rede, que se caracteriza por uma ampla rede de alianças e

parcerias, onde predominam organizações enxutas e mais especializadas, traz

implicações importantes nas relações de poder, confiança e normas sociais. O

tipo de poder que predomina nos chamados relacionamentos diádicos é o

poder de coordenação e controle utilizado, normalmente, por empresas

dominantes sobre empresas dependentes. Este é um tipo de poder basica-

mente manipulativo, que se utiliza de recompensa, coerção e legitimação de

autoridade para fazer com que haja cooperação entre os membros da rede.

Nos relacionamentos de que fazem parte as network organization, o poder é

exercido por intermédio de processos de socialização, revisões conjuntas e

consenso. Experiência e tradição, nestes sistemas, valem muito mais do que

competição. A questão que se coloca é como desenvolver uma cultura de soli-

dariedade tão importante a um sistema de poder descentralizado, onde comi-

tês, formados por membros das empresas, devem agir no interesse de toda a

rede. O relacionamento entre as network organizations deve ser permeado

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por confiança mútua. Cada empresa-membro dentro da rede espera que os

outros membros ajam de forma sincera, leal e não oportunista. Achrol49

comenta que confiança envolve risco, fé e um sistema de auto-verificação.

Risco porque implica alguma incerteza sobre resultados, exigindo que se abra

mão, em parte, de influência e controle. Fé, porque quando condições de fé

mútua podem ser estabelecidas, comportamentos envolvendo a tomada de

risco podem ter lugar. A autoregulamentação porque o sistema deve ter con-

dições de se auto-verificar ao invés de ser gerido por autoridade. As normas

sociais, nas trocas, são padrões de expectativa e aceitação de sentimentos e

comportamentos compartilhados pelos membros de um sistema de trocas que

têm força de obrigações e pressões sociais50. Cinco normas são levantadas pela

literatura: solidariedade, mutualidade, flexibilidade, integridade de papéis e

harmonização de conflitos. A solidariedade é o senso de unidade entre os

membros de uma rede. É uma norma de estabilidade, preservação e às vezes

de sacrifício. Mutualidade diz respeito a agir no interesse coletivo, comparti-

lhando futuros benefícios e prejuízos. Flexibilidade pode ser definida como

expectativas bilaterais de que os termos de troca econômica estão sujeitos a

modificações e adaptações, caso mudanças ambientais assim o exijam.

Integridade de papéis, em relacionamentos de longo prazo como entre as

network organization, assume uma intricada rede de normas internas, costu-

mes sociais e expectativas futuras. A harmonização de conflitos nos relaciona-

mentos network pode ser definida como um espírito de acomodação mútua,

onde os sentimentos devem estar voltados para a resolução de conflitos. Os

benefícios da network organization são conseguidos quando se reconhece os

ganhos gerenciais e econômicos que emergem quando a rede é concebida

como uma mini-sociedade de trocas interdependente, recíproca, caracteriza-

da por restrição de poder, compromisso, confiança, solidariedade, mutualida-

de, flexibilidade, integridade de papéis e harmonização de conflitos.

Conforme o próprio Achrol afirma, tratam-se de variáveis e processos relativa-

mente novos para pesquisadores em marketing, formando um sistema de

gerenciamento bastante novo para os administradores nos Estados Unidos. É

possível afirmar que trata-se de um sistema novo para a cultura ocidental de

uma maneira geral, muito acostumada ao individualismo empresarial e à reso-

lução de conflitos via litígio.

CONCLUSÕES

O presente estudo teve o objetivo de analisar a literatura contemporânea

sobre criação de novos negócios sob o enfoque do marketing estratégico. O

método seguido foi revisar desde a identificação das oportunidades, passan-

do pelo reconhecimento de competências internas, posicionamento de mer-

cado, estratégias de atuação, modelos de organização, até a discussão de

novos modelos de marketing de relacionamento. Algumas constatações

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importantes foram levantadas ao longo das discussões sobre a criação de

novos negócios. Na fase inicial, de identificação de oportunidades, por exem-

plo, verificou-se que o monitoramento ambiental deve ser uma atividade con-

tínua e não pontual, como recomenda o tradicional modelo de planejamen-

to de marketing. Sobre a análise interna, percebeu-se o quão importante é

manter um ambiente dentro da organização que permita que a criatividade

aflore naturalmente, trazendo novas ideias de negócio, processo que costuma

ser abafado, restrito ou mesmo sufocado em pesadas estruturas de grandes

empresas. Mas o fato de a organização saber que tem competências centrais

per si não é suficiente; é essencial que habilidades sejam levadas a mercado

de forma não-míope, ou seja, o objetivo precípuo deve ser a satisfação de

necessidades do consumidor e não a criação de novos produtos. Quanto ao

posicionamento, viu-se que todo o esforço de combinar um mix ideal de

marketing tem por finalidade encontrar um espaço na mente do consumidor.

É preciso estar atento para os posicionamentos que ocorrem à revelia da

empresa, ou seja, o público-alvo não entende a estratégia que a organização

tentou comunicar e assume um entendimento próprio e distorcido. Com rela-

ção às estratégias de atuação e de crescimento verificou-se que, a despeito de

todo o rol de possibilidades existentes, é fundamental que cada organização

tenha a sensibilidade necessária para escolher as soluções que melhor se ajus-

tem à sua realidade de negócios, devendo ser evitados os modismos do

momento. Sobre organização, desperta a atenção o fato de que as arquitetu-

ras organizacionais, que evoluíram ao longo do tempo, geralmente, procuram

resolver o problema de administrar estruturas produtivas cada vez maiores.

Pouco interesse, no entanto, tem sido direcionado a estruturas organizacio-

nais que sejam capazes de criar novas alternativas de negócios de forma sus-

tentada, revelando equipes de grande valor e reconhecendo competências

centrais da empresa. Vale lembrar que uma das estruturas organizacionais

mais criativas é justamente aquela em que não há estrutura alguma, como em

pequenos negócios emergentes. Por fim, foram apresentados novos modelos

de marketing de relacionamento, onde não somente a satisfação do consumi-

dor é levada em conta, mas também o modo como a empresa trabalha o seu

relacionamento com toda a cadeia de valor, como fornecedores, distribuido-

res e outros públicos. Procurou-se destacar os benefícios das novas organiza-

ções de rede, que podem predominar em futuro próximo, onde os ganhos

gerenciais e económicos advêm de trocas que ocorrem em ambiente caracte-

rizado por restrição de poder, compromisso, confiança, solidariedade, mutua-

lidade, flexibilidade, integridade de papéis e harmonização de conflitos.

1 Bacharel, Mestre e Doutorando em Administração de Empresas pela Faculdade de

Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo com especia-

lização em Marketing. Desenvolve pesquisas acadêmicas nas áreas de desenvolvimen-

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to de novos produtos, marketing estratégico, adoção de tecnologia e marketing no

comércio eletrônico. E-mail: [email protected].

2 Professor Titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia,

Administração e Contabilidade da USP. E-mail: [email protected].

3 Andrews, Kenneth R. In Mintzberg, Henry; Quinn, J.B - The strategy process: concepts,

contexts, and cases - Prentice-Hall, Inc., 1996.

4 Aaker, David A. - Developing Business Strategies, John Wiley & Sons, Inc. 1995, p 12.

5 Levitt, Theodore, A Imaginação de Marketing, Atlas, 1985, p. 22.

6 Aaker, David A., op.cit., p. 22.

7 Prahalad, C.K; Hamel, Gary - The Core Competence of the Corporation - Harvard

Business Review, May/June, 1990, pp 79-91.

8 Bartlett, C.A.; Ghoshal, S. - Beyond Strategic Planning to Organization Learning:

Lifeblood of the Individualized Corporation - Strategy & Leadership, Jan/Feb, 1998, pp

34-41.

9 Zaccarelli, Sergio B. - A Moderna Estratégia nas Empresas e o Velho Planejamento

Estratégico - Revista de Administração de Empresas, vol 2, n° 5, pp.21-26.

10 Anderson, E.; Day, George S.; Rangan, V.Kasturi - Strategic Channel Design - Sloan

Management Review, Summer 1997, pp 59-69.

11 In Gibson, Rowan - Repensando o Futuro, Makron, 1998, p. 44.

12 Andrews, Kenneth R. In Mintzberg, Henry; Quinn, J.B, op.cit., p. 48.

13 Levitt, Theodore, Miopia em Marketing, Harvard Business Review, 1960

14 Kotler, Philip - Administração de Marketing – Editora Atlas, 1994, p. 75.

15 Cravens, David W. - Strategic Marketing – Richard D.Irwin Inc., 1994, pp 12-13.

16 As pessoas consomem com base em suas necessidades.

17 Cravens, David W., op.cit. p. 99.

18 Os 4 ps do modelo de Jerome McCarthy.

19 Ries, Al; Trout, Jack - Posicionamento - A batalha pela sua mente - Pioneira, 1996.

20 Rubens Costa Santos, publicação interna. Programa de Doutorado/FEA -

Universidade de São Paulo. 1998.

21 Porter, Michael - Estratégia Competitiva - Campus, 1986, pp. 49-54.

22 Carneiro, J.M.T.; Cavalcanti, M.A.F.D.; Silva, J.F. - Porter Revisitado: Análise Crítica da

Tipologia Estratégica do Mestre - Enanpad, 1997 - Rio das Pedras, RJ.

23 Mintzberg, Henry, Generic Strategies: Toward a Comprehensive Framework,

Advances in Strategic Management, v.5 JAI Press Greenwich - CT pp.1-67, 1988 IN

Carneiro, J.M.T.; Cavalcanti, M.A.F.D.; Silva, J.F., op.cit.

24 Kotler, Philip, op.cit., pp. 81-83.

25 Ansoff, Igor - Strategies for diversification. Harvard Business Review, Sep/Oct, 1957,

p.114 In Kotler, Philip, op.cit.

26 Business Week -, Latin American Edition/May 31, 1999, pp. 48-55 - In the Ring: eBay

vs Amazon.com.

27 Gerry, Johnson - Exploring Corporate Strategy: text and cases - Prentice Hall interna-

tional (UK) Ltd, 1989.

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28 Mintzberg, Henry - Criando Organizações Eficazes - Atlas, 1995.

29 Gerry, Johnson, op.cit.

30 Milgrom, Paul; Roberts, John - Economics, Organization and Management - Prentice

Hall, 1992

31 Gerry, Johnson, op.cit.

32 Prahalad, C.K; Hamel, Gary - The Core Competence of the Corporation - Harvard

Business Review, May/June, 1990, pp 79-91.

33 Gerry, Johnson, op.cit.

34 Smith, Adam - A Riqueza das Nações - Investigação Sobre sua Natureza e suas Causas

- São Paulo, Abril Cultural, 1983.

35 Coase, R.H. - The Firm, The Market and The Law – The University of Chicago Press,

1988.

36 Mercado: uma coleção de compradores e vendedores que interagem, resultando na

possibilidade de troca -Pindyck, R.S.; Rubinfeld, D.L. - Microeconomics -Prentice-Hall,

Inc., 1995.

37 Milgrom, Paul; Roberts, John - Economics, Organization and Management - Prentice

Hall, 1992.

38 Milgrom, Paul; Roberts, John., op.cit.

39 Weitz, B.A.; Jap, S.D. - Relationship Marketing and Distribution Channels - Journal of

the Academy of Marketing Science. vol.23, n° 4, pp 305-320.

40 Dahlstrom, R.; McNeilly, K.M.; Speh, T.W. - Buyer-Seller Relationships in the

Procurement of Logistical Services - Journal of the Academy of Marketing Science.

vol 24, n° 2, pp 110-124, 1996.

41 Dahlstrom, R.; McNeilly, K.M.; Speh, T.W., op.cit.

42 Tradução livre.

43 Weitz, B.A.; Jap, S.D. - Relationship Marketing and Distribution Channels - Journal of

the Academy of Marketing Science. vol.23, n° 4, pp. 305-320.

44 Weitz, B.A.; Jap, S.D., op.cit.

45 Williamson, Oliver - The Economic Institutions of Capitalism, Free Press, 1985.

47 Achrol, Ravi S., op.cit.

48 Achrol, Ravi S., op.cit.

49 Achrol, Ravi S., op.cit.

50 Achrol, Ravi S., op.cit.

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REVISTA FAE BUSINESS NÚMERO 8 MAIO 2004

ESTRATÉGIAS DE NICHO PARA PEQUENAS EMPRESAS

ATENDIMENTO ESPECIALIZADO E INTIMIDADE COM O CLIENTE

PODEM SER O DIFERENCIAL COMPETITIVO DAS PEQUENAS EMPRESAS

Marcos KathalianGraduado em Comunicação Social, mestre em Multimeios

e professor da FAE Business School.

E-mail: [email protected]

De um ponto de vista estrutural, a estratégia de nicho é a mais usual para a

pequena empresa. As médias e grandes empresas interessam-se até o nível do

segmento de mercado, raramente até o nicho, pois entendem que este não é

lucrativo. Os altos custos fixos e a envergadura de uma grande corporação exi-

gem uma massa crítica de clientes que, salvo algumas excepções, não justifi-

cam uma operação para nichos de mercado. Dessa forma, os mercados de

nicho acabam possibilitando a entrada de apenas um ou dois grandes playerse permitindo a adesão de uma vasta rede de pequenas empresas. Vários

exemplos podem ser oferecidos, da indústria de alimentos ao varejo, de

softwares a serviços em geral. Eis alguns deles:

• Mercado de alimentação integral e orgânica - No Brasil, o mercado

interno de alimentos orgânicos e integrais ainda está restrito a uma

pequena parcela da população (problemas de limitação de renda e cul-

tura de consumo). Esse sector tem sido dominado em toda a cadeia por

pequenos produtores ou empresas que, no entanto, conseguem auferir

margens maiores que as do sector de alimentos processados.

• Mercado de software - Enquanto ocorre a contenda Microsoft X

softwares livres, uma ampla gama de pequenas empresas desenvolve

softwares especializados, que atendem desde segmentos de mercado

(mercados imobiliário, de automação comercial, etc.) até necessidades

específicas de mercados específicos (softwares de segurança para tran-

sacções bancárias).

• Varejo - Vocação natural do pequeno empreendedor, o varejo (seja de

bens, serviços ou alimentação) especializasse por produto, mercado,

público-alvo ou região com uma série de lojas que se tornam referência

em sua área, como “Rei das Fechaduras”, “Prata Fina”, “Beto Batata”,

todas localizadas em Curitiba, entre tantos outros exemplos.

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• Serviços – Outra vocação da pequena empresa, os serviços são fáceis de

customizar para o nicho, como serviços de consultorias de mercado para

hotelaria ou de agências de propaganda especializadas em atender à

indústria farmacêutica.

Está claro que os nichos apresentados anteriormente são pouco atraentes

para a grande empresa e por isso mesmo não são atendidos de forma adequa-

da. Para a pequena empresa ser bem-sucedida no nicho escolhido, precisará

conquistar intimidade com o seu cliente e conhecer suas especificidades, para

satisfazê-lo de forma única. A lógica de atendimento ao nicho pressupõe a

capacidade de transformar o conhecimento do nicho em produtos e serviços

de valor superior. O cliente do nicho, quando encontra um fornecedor ade-

quado, está disposto a pagar um sobrepreço por essa especialização, justifi-

cando a margem e a lucratividade para a pequena empresa. Portanto, a ideia

básica que sustenta a estratégia de nicho é a de especialização. Observem-se

algumas possibilidades interessantes sugeridas pela especialização em uma

estratégia de nicho:

• Especialista em usuário final - Uma boa solução pode ser a segmentação

demográfica do mercado pela ocupação profissional e pelas necessida-

des a ela associadas. Por exemplo, há empresas que se especializam em

atender dentistas (Dabi Atalante), vendedores (revista Venda Mais),

montanhistas (Loja Mont Blanc, Acampar), executivos em busca de

novas oportunidades (empresas de outplacement), entre tantos outros.

Essa estratégia consiste em projectar produtos e serviços que atribuam

um valor superior ao da concorrência sectorial.

• Especialista em canal - Algumas empresas se especializam em atender a

um determinado canal de distribuição, por exemplo: bancas de jornal

(Fernando Chinaglia-RJ), lojas de conveniência ou mesmo canais de

marketing directo como a Internet (sites de compra sectoriais). Esse tipo

de especialização funciona quando para o canal é mais conveniente

centralizar suas compras em poucos fornecedores (redução de custo de

pedidos) e quando a gestão do stock é mais apropriada. Cada canal pos-

sui um mix que deve girar num determinado prazo, sob determinadas

condições. Isso é especializa-se no canal.

• Especialista em produto ou linhas de produto - É a mais comum das

especializações. Pode ser em uma linha de granolas (Jasmine-PR), em

lingerie (Só Lingerie-SP), em distribuição de bebidas de todos os tipos

(Adega Brasil-PR), em uniforme escolar (Cleide Uniformes-PR) ou em

uma loja de materiais de pesca. O especialista de produto goza de pres-

tígio pela qualidade e variedade, porém sua posição pode se fragilizar

em função de oscilações no mercado, ou de mudanças nas orientações

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de seus consumidores, ou mesmo de mudanças mais gerais no ambien-

te tecnológico. Clientes não compram produtos, mas necessidades por

eles satisfeitas. Dizendo de outra maneira, clientes não compram exac-

tamente cereais matinais, mas sim alimentação saudável. É o problema

que Levitt denominava de “miopia de produto”1.

• Especialista em mercados - Existem duas redes varejistas (retalhistas)

cariocas que são especialistas em atender clientes de baixa renda: a

Rede Mundial e a Rede Guanabara. Localizadas sempre em regiões peri-

féricas do Rio de Janeiro, trabalham com mix incomum, entre marcas

conhecidas e regionais, abusam de promoções, comunicam-se de

maneira popular e privilegiam o contacto físico com os clientes.

Resultado: num mercado concentrado como o varejo de alimentos, con-

tinuam crescendo e abrindo novas lojas. A própria Casas Bahia começou

assim. Do mesmo modo, mas em outro extremo, a rede Zona Sul, loca-

lizada na zona sul carioca, especializou-se em atender clientes sofistica-

dos, com mix de produtos importados e marcas finas. E para terminar,

ainda na mesma cidade, a Rede Mundo Verde especializou-se em ofe-

recer a maior variedade possível de alimentos energéticos, naturais,

integrais, biodinâmicos, em suma, associados a uma concepção filosófi-

ca de cunho naturalista.

• Especialista em ocasião - Em Curitiba, existe um pequeno trecho da

Avenida Marechal Deodoro inteiramente especializado em atender a

uma ocasião específica: o casamento. São diversas lojas e serviços que

oferecem tudo de que uma noiva precisa, do convite de casamento aos

serviços de buffet, passando, claro, pelo vestido. Essas não são as únicas,

nem as melhores opções de especialização, apenas as mais praticadas.

Na verdade, a especialização decorre da própria crescente complexida-

de do mercado, do vigor da economia de serviços e das necessidades de

diferenciação da oferta. Não é um fato que se restringe às pequenas

empresas, pois o diagnóstico que justifica o seu crescimento está pre-

sente nas análises das grandes empresas. Estas, contudo, ainda se deba-

tem para conceber o momento certo, a hora exacta, o tamanho apro-

priado que viabilize a sua operação, já que possuem outros mercados

maiores que oferecem retorno mais rápido. Uma excepção interessante

de grande empresa que trabalha o nicho está no exemplo da Nike, já

que ela costuma atender aos mais diversificados nichos de calçados des-

portivos. Essa empresa concentra-se em Pesquisa e Desenvolvimento,

além de marketing e vendas, terceirizando a produção, o que facilita a

operação do nicho.

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INTIMIDADE COM O CLIENTE

Diagnostica-se que o clássico marketing de massa morreu, que actualmente

vive-se o micro marketing, o marketing one to one, a segmentação de merca-

do, todos apoiados por ferramentas de análise sofisticadas, como softwares

de banco de dados e CRM2. Se isso é verdade (e as grandes empresas sabem

disso), então por que é tão difícil para elas atender bem o nicho?

Além das razões estruturais da escala, existem dificuldade organizacionais

básicas, como processo decisório hierarquizado, excesso de controlos burocrá-

ticos e sobrecarga de tarefas, além de todos os problemas possíveis gerados

pela customização de uma linha de produção. É exactamente nesse ponto que

a pequena empresa leva vantagem. Ela pode e deve ser flexível, deve reagir

rápido ao mercado e, principalmente, não deve perder o vínculo construído

com o nicho. Especialmente do ponto de vista geográfico, ou mesmo do de

mercado entre empresas, a facilidade para a construção de vínculos de relaci-

onamento baseados no conhecimento das necessidades particulares dos clien-

tes acaba constituindo barreira de entrada importante para outros competi-

dores. Tome-se como exemplo o caso de uma pequena escola de bairro. Além

da conveniência representada pela localização, a única estratégia possível de

sobrevivência para ela é a construção de vínculos de relacionamentos que par-

ticularizem o atendimento, isto é, façam com que o cliente seja atendido de

forma única – já que não existe outra possibilidade de competir.

NO RASTRO DOS TUBARÕES

Uma outra abordagem interessante para o desenvolvimento de uma estraté-

gia de nicho é a observação do ciclo de consumo em um mercado-alvo. Quem

são os consumidores? Onde eles compram? Quando eles compram? Por que

eles compram? Quais são as necessidades atendidas pelo produto ou serviço,

de fato?

O que os clientes priorizam? Deve-se notar que o maior valor entregue ao

consumidor ocorrerá na redução de custos de procura e uso (o que justifica

por exemplo o pequeno varejo periférico) ou no aumento de benefícios per-

cebidos. Do ponto de vista de custos de uso, um importante custo não finan-

ceiro que os clientes desejam ver reduzido é o custo temporal, isto é, clientes

querem despender menos tempo na compra e consumo de bens e serviços.

Assim, um lava-car instalado num supermercado pode reduzir o custo de

tempo do cliente e essa economia gera valor ao cliente. Na estratégia de

nicho, quanto mais específico for o nicho, mais especializado, maior terá que

ser a cobertura de mercado, para que o pequeno volume de clientes justifique

a existência da empresa. O que não quer dizer que não pode ser um bom

negócio. Algumas empresas de arquitectura especializaram-se em “projectar

restaurantes” (Fiúza-SP) ou em “projectar hospitais”, algumas agências de

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design, em projectar embalagens de vidro para a indústria de bebidas (Hy

Design-SP). Muito específico? Tanto melhor, essa é a característica do nicho e

é difícil, por exemplo, imaginar um grande conglomerado de publicidade

querendo competir ou tendo competência para competir aí. O resultado? A

única queixa que elas possuem é de excesso de trabalho.

Uma sugestão final para reduzir a mortalidade das empresas: encontre um

nicho, especialize-se e, claro, não descuide das outras competências da gestão.

Oportunidade não é o que todos vêem, mas pode ser aquilo que os outros

desprezam. Olhe para o lado. O que é que a grande empresa não quer aten-

der? Que tal uma linha de alimentos para dietas especiais? Ou uma loja de

chocolates finos pela Internet? Ou um software de gestão de academias de

ginástica? Ou um serviço de selecção de ponto para clínicas médicas? No ras-

tro dos grandes tubarões podem viver muito comodamente os peixinhos.

NOTAS

1 LEVITT, Theodore. Marketing myopia. Harvard Business Review, 1960.

2 Costumer Relationship Management (CRM): sistema de administração do relaciona-

mento com o cliente que integra informações com o objectivo de conhecer melhor o cli-

ente, atendê-lo melhor, fazê-lo comprar mais e retê-lo.

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ANEXO V – CONJUNTO DE EXERCÍCIOS / ACTIVIDADES

MÓDULO I – ESTRATÉGIAS DE MARKETING – ENQUADRAMENTO

Se considerar a possibilidade da existência de cinco estratégias genéricas,

alguma delas se adequaria melhor à empresa onde está inserido? Porquê?

MÓDULO II – MARKETING MIX

1. Atendendo às estratégias de preço apresentadas, identifique quais são as

que a empresa onde se encontra inserido está a adoptar e comente a sua

adequação.

2. Quais são as estratégias de distribuição que conhece? Dê exemplos para

cada uma delas.

3. Quais as estratégias de promoção e publicidade mais utilizadas para o tipo

de produtos da sua empresa? Quais os objectivos de promoção e publicida-

de?

MÓDULO III – ANÁLISE DE MERCADO

1. Elabore uma análise SWOT para a empresa onde se encontra inserido,

indicando como a mesma pode superar os seus pontos fracos e as suas

ameaças.

2. Identifique os factores que mais influenciam essa empresa – Análise PEST.

3. Aplique de seguida a análise das cinco forças, identificando os factores que

mais influenciam a empresa onde trabalha. Não se esqueça de identificar,

justificando, qual a rentabilidade esperada no mercado onde a empresa

está inserida.

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ANEXO VI – CONJUNTO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

PLANO DE MARKETING

Para uma aplicação dos conhecimentos adquiridos, elabore um plano de

marketing, tendo em consideração a estrutura que se fornece.

1. Produto ou serviço:

• Nome do produto ou serviço.

• Descrição da embalagem, processo de produção, composição, tamanho,

entre outros.

• Apresentação de fotografias ou desenhos do produto e embalagens.

• Identificação de quem o produz.

• Análise do mercado alvo: quem, com que educação, idade, estilo de vida

e sexo.

• Outra informação que considere relevante.

2. Distribuição:

• Onde pode ser adquirido? Franchising? Acordos de distribuição?

Distribuição alargada? Distribuição restrita?

• Vantagens e desvantagens de oferecer o produto nos estabelecimentos

locais.

• Outra informação que considere relevante.

3. Preço:

• Preço do produto.

• Custo inerente a diferentes tamanhos.

• Variedade de preços nos estabelecimentos locais.

• Estimativa dos custos do produto – garrafa; caixa; desenho; outros.

4. Promoção:

• Anúncios nos jornais e/ou revistas.

• Reprodução de anúncios no rádio, televisão, ou outros media.

• Outra informação pertinente que faça parte do seu projecto.

5. Sumarie o plano e escreva as conclusões.

6. Faça as recomendações que considere pertinentes.

fpMinistério da Segurança Social e do Trabalho

Projecto co-financiado pelo

Fundo Social Europeu e pelo Estado Português

Planeamento Estratégico para PME’s

Coaching

Estratégias de Serviço ao Cliente

Gestão da Informação

Gestão da Inovação

Análise e Tratamento de Dados

Modelos Quantitativos de Suporte à Decisão

Gestão Financeira

Contabilidade e Fiscalidade para Empreendedores

Marketing Estratégico para PME’s

Gestão de Pessoas e Equipas

Comércio Electrónico

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Formação Prática

MANUAL DO FORMADOR

DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO

EXERCÍCIOS FORMATIVOS

TEXTOS DE APROFUNDAMENTO

MARKETINGESTRATÉGICO PARA PME’s

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Formação Prática

MANUAL DO FORMADOR

DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO

EXERCÍCIOS FORMATIVOS

TEXTOS DE APROFUNDAMENTO

MARKETINGESTRATÉGICO PARA PME’s

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Ficha Técnica

Título l Marketing Estratégico para PME’s

Autor l Future Trends

Coordenação Técnica l Mónica Montenegro

Coordenação Pedagógica l António Jorge Costa

Mónica Montenegro

Direcção Editorial l Future Trends

Concepção Gráfica e Revisão l Central de Informação

Composição e Acabamentos l Central de Informação

Capa e Contracapa l Central de Informação

Data de Edição l Abril de 2005

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IDENTIFICAÇÃO

Área profissional

Este curso destina-se a gestores e outros quadros superiores que

intervenham ou possam intervir no processo de tomada de decisão

nas empresas em que se encontram integrados.

Curso/Saída profissional

O curso de Marketing estratégico para PME’s serve essencialmente

para fornecer competências a indivíduos que exerçam ou preten-

dam exercer funções que impliquem tomada de decisões nas áreas

de planeamento, bem como possibilitar o desenvolvimento de

estratégias de marketing adequadas às PME’s.

Nível de formação/qualificação

Para a frequência deste curso, os formandos deverão possuir for-

mação de nível IV ou nível V. Os formandos deverão ainda ter co-

nhecimentos de inglês.

Componente de formação

Este curso tem, inerente, uma componente de formação teórica e

uma outra com um carácter prático, que visam a adequação dos

conceitos às realidades dos formandos.

Unidade(s) de formação

Este curso é composto por três módulos, que a seguir se nomeiam:

• Estratégias de marketing – Enquadramento

• Marketing mix

• Análise de mercado

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Conteúdos temáticos

Este curso encontra-se dividido em três módulos. O primeiro faz

um enquadramento às estratégias de marketing e aborda os

seguintes temas:

• Estratégia – Conceitos gerais

• Estratégia corporativa (Geral)

• Estratégias competitivas

O segundo módulo aborda o marketing mix, sendo tratadas sepa-

radamente as estratégias do Produto, Preço, Distribuição e

Promoção.

No terceiro e último módulo abordam-se temas relacionados com

a análise de mercado, onde são apresentados a Segmentação e o

Posicionamento, e alguns modelos como a Análise SWOT, a Análise

PEST e o Modelo das Cinco Forças Competitivas.

Duração da Unidade de Formação

A duração total do curso é de 37,30 horas que se distribuem pelos

módulos da seguinte forma:

• Estratégias de marketing – Enquadramento 7,30 horas

• Marketing mix 15,00 horas

• Análise de mercado 7,30 horas

O tempo restante, 7,30 horas, será utilizado na aplicação e resolu-

ção dos exercícios que se destinam à avaliação dos formandos.

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ÍNDICEIntrodução 9

I. Objectivos globais 9

II. Perfil do formador 10

III. Plano geral de desenvolvimento dos temas 10

IV. Desenvolvimento temático 12

4.1. Desenvolvimento temático do curso 12

4.2. Desenvolvimento temático por sessão 12

4.2.1. Estratégias de marketing – Enquadramento 12

4.2.2. Marketing mix 13

4.2.3. Análise de mercado 14

V. Actividades / exercícios formativos 15

5.1. Módulo I – Estratégias de marketing – Enquadramento 15

5.2. Módulo II – Marketing mix 15

5.3. Módulo III – Análise de mercado 15

VI. Instrumentos de avaliação 16

VII. Resoluções / soluções das actividades / exercícios

e instrumentos de avaliação 17

7.1. Módulo I – Estratégias de marketing – Enquadramento 17

7.2. Módulo II – Marketing mix 17

7.3. Módulo III – Análise de mercado 19

7.4. Instrumentos de avaliação 20

VIII. Bibliografia aconselhada 21

IX. Auxiliares didácticos complementares 21

X. Lista de contactos úteis 21

XI. Textos para aprofundamento do tema e conteúdos temáticos 23

XII. Transparências 50

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INTRODUÇÃOO Manual “Marketing Estratégico para PME’s” pretende fornecer ferramen-

tas e conceitos que possibilitem o desenvolvimento de estratégias de marke-

ting mais eficientes nas empresas onde estão ou virão a estar inseridos.

Pré-requisitos – Destinatários

São destinatários desta acção de formação activos que possuam o nível de for-

mação IV e/ou V.

Este curso exige que os formandos garantam o seguinte requisito:

• Conhecimentos de inglês.

I. OBJECTIVOS GLOBAISOs objectivos globais para o curso de Marketing Estratégico para PME’s são:

• Desenvolver competências que permitam uma melhor formulação das

estratégias de marketing para que estas vão de encontro aos objectivos

da empresa;

• Desenvolver competências que permitam a utilização de estratégias de

marketing adequadas à fase do ciclo de vida em que os produtos se

encontram;

• Desenvolver competências que permitam a aplicação dos modelos de

portefólio;

• Desenvolver competências que permitam a aplicação de estratégias

adequadas aos diferentes elementos do marketing mix;

• Desenvolver conhecimentos que permitam segmentar mercados e posi-

cionar produtos;

• Desenvolver conhecimentos para a aplicação de ferramentas que permi-

tam a análise da empresa e do mercado.

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II. PERFIL DO FORMADOR

O formador necessita de ter conhecimentos de marketing, sendo por isso pre-

ferencial que possua formação superior nas áreas do Marketing ou Gestão,

mostrando-se um bom complemento a frequência de ensino pós-graduado,

nomeadamente um Master in Business Administration.

Dá-se ainda preferência a formadores com experiência considerada relevante

para o tema em questão.

III. PLANO GERAL DE DESENVOLVIMENTO DOS TEMAS

Esta formação terá a duração de 30 horas, encontrando-se dividida em qua-

tro partes, tal como representado na Tabela 3.1. Assim, o curso de Marketing

Estratégico para PME’s é constituído pelos seguintes módulos:

• Estratégias de marketing – Enquadramento

• Marketing mix

• Análise de mercado

• Exercícios de avaliação

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A. COMPONENTE DE FORMAÇÃODESIGNAÇÃO DOS MÓDULOS:

1. ESTRATÉGIAS DE MARKETING -

ENQUADRAMENTO:a. Aplicar conceitos de estratégia empresarial;

b. Identificar e explicar as estratégias de Ansoff;

c. Identificar e caracterizar as estratégias competitivas.

2. MARKETING MIX:a. Definir os estágios do ciclo de vida do produto, identi-

ficando as estratégias para cada um deles;

b. Aplicar os modelos de portefólio a qualquer produtoou unidade de negócio;

c. Distinguir os modelos de portefólio;

d. Escolher a estratégia do produto, do preço, da dis-tribuição e de publicidade mais adequada à situação daempresa e aos seus objectivos.

3. ANÁLISE DE MERCADO:a. Definir segmentação e conhecer os elementos a seg-

mentar;

b. Exemplificar os elementos que se encontram na baseda segmentação;

c. Aplicar os critérios de posicionamento;

d. Aplicar as análises SWOT, PEST e Cinco Forças.

4. EXERCÍCIOS DE AVALIAÇÃO

TOTAL

HORAS

T P TOTAL

6 1,3 7,3

13 2 15

6 1,3 7,3

0 7,3 7,3

29 8,3 37,3

11

IV. DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO

4.1. DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO DO CURSO

O desenvolvimento temático do curso definido no Tabela 4.1 engloba a estru-

tura pedagógica a implementar:

4.2. DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO POR SESSÃO

4.2.1. Estratégias de marketing – EnquadramentoO desenvolvimento temático do módulo “Estratégias de marketing –

Enquadramento” consta da Tabela 4.2.

12

TABELA 4.1

Curso: Marketing Estratégico para PME's Horas: 37,30

Tempo

7,30 h

15,00 h

7,30 h

7,30 h

Sessões

1.ª

2.ª e 3.ª

4.ª

5.ª

Avaliação

*Formativa• Questões• Exercícios

*Formativa• Questões• Exercícios

*Formativa• Questões• Exercícios

*Sumativa• Elabora-

ção de umPlano demarketing

Módulos

1. Estratégias demarketing –Enquadramento

2. Marketing mix

3. Análise de mercado

Exercícios de avaliação

Metodologia

Na compo-nente teórica eprática haveráuma utilizaçãoconjugada de

métodosactivos e

demonstra-tivos, recorren-do a apresen-tações multi-

média e apon-tamentos

fornecidos.

Meios pedagógicos

Bibliografia de apoio;

Projecção de diapositivos.

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Curso: Marketing estratégico para PME'sMódulo: Marketing Mix Data de início / conclusão: 2ª Sessão à 3ª SessãoLocal: Nome do formador: Assinatura:

TABELA 4.3

Recursos

• Slide Show;• Computa-

dor;• Quadro;• Fotocópias.

Tempo

15,00 h

Avaliação

*FormativaNo final

do módulodeverão serrealizados

os exercíciosconstantesno manualdo forman-

do e nomanual doformadorpara estemódulo.

Objectivosespecíficos

Os formandosdeverão

ser capazes de aplicar asdiferentesestratégias

aos elementosdo marketingmix conforme a fase do ciclo

de vida em quese encontram.

Conteúdosprogramáticos

1. Definição dos estágios

do ciclo de vidado produto,

identificando as estratégiaspara cada um

deles;

2. Aplicação dos modelos

de portefólio a qualquer produto

ou unidade de negócio;

Estratégias ou métodos

• Expositivo;•Interrogativo;

• Activo.

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4.2.2. Marketing MixO desenvolvimento temático do segundo módulo,” Marketing Mix”, consta

da Tabela 4.3.

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Curso: Marketing estratégico para PME'sMódulo: Estratégias de marketing - Enquadramento Data de início / conclusão: 1ª Sessão à 1ª SessãoLocal: Nome do formador: Assinatura:

TABELA 4.2

Recursos

• Slide Show;• Computa-

dor;• Quadro;• Fotocópias.

Tempo

7,30 h

Avaliação

*FormativaNo final

do módulodeverão serrealizados

os exercíciosconstantesno manualdo forman-

do e nomanual doformadorpara estemódulo.

Objectivosespecíficos

Os formandosdeverão

ser capazes de identificar a estratégia

de uma empresae agir

em consonânciacom a mesma.

Conteúdosprogramáticos

1. Aplicação de conceitos de estratégiaempresarial;

2. Identificação e explicação

das estratégias de Ansoff;

3. Identificação e caracterizaçãodas estratégiascompetitivas.

Estratégias ou métodos

• Expositivo;•Interrogativo;

• Activo.

4.2.3. Análise de mercadoNa Tabela 4.4. apresenta-se o desenvolvimento temático para o módulo

“Análise de mercado”.

14

Curso: Marketing estratégico para PME'sMódulo: Análise de mercado Data de início / conclusão: 4ª Sessão à 4ª SessãoLocal: Nome do formador: Assinatura:

TABELA 4.4

Recursos

• Slide Show;• Computa-

dor;• Quadro;• Fotocópias.

Tempo

7,30 h

Avaliação

*FormativaNo final

do módulodeverão serrealizados

os exercíciosconstantesno manualdo forman-

do e nomanual doformadorpara estemódulo.

Objectivosespecíficos

Os formandosdeverão ser

capazes de levara cabo uma

análise de mer-cado.

Conteúdosprogramáticos

1. Definição de segmentação e conhecimentodos elementos a segmentar;

2. Exemplificaçãodos elementos

que se encontramna base

da segmentação;

3. Aplicação dos critérios de

posicionamento;

4. Aplicação das análises SWOT,PEST e Cinco Forças.

Estratégias ou métodos

• Expositivo;•Interrogativo;

• Activo.

Recursos

• Slide Show;• Computa-

dor;• Quadro;• Fotocópias.

Tempo

15,00 h

Avaliação

*FormativaNo final

do módulodeverão serrealizados

os exercíciosconstantesno manualdo forman-

do e nomanual doformadorpara estemódulo.

Objectivosespecíficos

Os formandosdeverão

ser capazes de aplicar asdiferentesestratégias

aos elementosdo marketingmix conforme a fase do ciclo

de vida em quese encontram.

Conteúdosprogramáticos

3. Distinção dos modelos

de portefólio;

4. Escolha da estratégia do produto,

do preço, da distribuição

e de publicidademais adequada à situação daempresa e aosseus objectivos.

Estratégias ou métodos

• Expositivo;•Interrogativo;

• Activo.

(continuação)

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V. ACTIVIDADES / EXERCÍCIOS FORMATIVOS

5.1. MÓDULO I – ESTRATÉGIAS DE MARKETING – ENQUADRAMENTO

Se considerar a possibilidade da existência de cinco estratégias genéric-

as, alguma delas se adequaria melhor à empresa onde está inserido?

Porquê?

5.2. MÓDULO II – MARKETING MIX

1. Atendendo às estratégias de preço apresentadas, identifique quais são

as que a empresa onde se encontra inserido está a adoptar e comente

a sua adequação.

2. Quais são as estratégias de distribuição que conhece? Dê exemplos

para cada uma delas.

3. Quais as estratégias de promoção e publicidade mais utilizadas para o

tipo de produtos da sua empresa? Quais os objectivos de promoção e

publicidade?

5.3. MÓDULO III – ANÁLISE DE MERCADO

1. Elabore uma análise SWOT para a empresa onde se encontra inserido.

Indique como é que a empresa pode superar os seus pontos fracos e as

suas ameaças.

2. Identifique os factores que mais influenciam a empresa – Análise PEST.

3. Aplique de seguida a análise das Cinco Forças, identificando os factores

que mais influenciam a empresa onde trabalha. Não se esqueça de

indicar, justificando, a rentabilidade esperada no mercado onde a

empresa está inserida.

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VI. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

PLANO DE MARKETING

Para uma aplicação dos conhecimentos adquiridos, elabore um plano de

marketing, tendo em consideração a estrutura que se fornece.

1. Produto ou serviço:

• Nome do produto ou serviço.

• Descrição da embalagem, processo de produção, composição, tamanho,

entre outros.

• Apresentação de fotografias ou desenhos do produto e embalagens.

• Identificação de quem o produz.

• Análise do mercado alvo: quem, com que educação, idade, estilo de vida

e sexo.

• Outra informação que considere relevante.

2. Distribuição:

• Onde pode ser adquirido? Franchising? Acordos de distribuição?

Distribuição alargada? Distribuição restrita?

• Vantagens e desvantagens de oferecer o produto nos estabelecimentos

locais.

• Outra informação que considere relevante.

3. Preço:

• Preço do produto.

• Custo inerente a diferentes tamanhos.

• Variedade de preços nos estabelecimentos locais.

• Tente estimar os custos do produto – garrafa; caixa; desenho; outros.

4. Promoção:

• Anúncios nos jornais e/ou revistas.

• Reprodução de anúncios no rádio, televisão, ou outros media.

• Outra informação pertinente que faça parte do seu projecto.

5. Sumarie o plano e escreva as conclusões.

6. Faça as recomendações que considere pertinentes.

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VII. RESOLUÇÕES / SOLUÇÕES DAS ACTIVIDADES /EXERCÍCIOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

7.1.

7.1. MÓDULO I – ESTRATÉGIAS DE MARKETING – ENQUADRAMENTO

As cinco estratégias genéricas de marketing identificadas são: (1) crescimento

agressivo; (2) preço e qualidade elevados; (3) o mesmo preço e qualidade ou

mais baixo – imitação; (4) crescimento sólido e selecção de segmentos; (5)

posição defensiva ou focalização interna. Porém, uma vez que não existem

respostas certas ou erradas à questão apresentada neste exercício, os critérios

de avaliação a considerar deverão ser os seguintes:

Para que os formandos concluam a formação com aproveitamento, a média

não deverá ser inferior a 3 valores.

7.2. MÓDULO II –MARKETING MIX

1. Após identificar, no quadro abaixo, as estratégias de preço utilizadas

pela empresa onde se encontra inserido, deve dizer porque é que elas

são ou não as mais adequadas.

1. Estratégia premium

2. Estratégia de alto valor

3. Estratégia de valor supremo

4. Estratégia de alto preço

5. Estratégia de preço médio

6. Estratégia de valor médio

7. Estratégia de desconto

8. Estratégia de falsa economia

9. Estratégia de economia

Preço

Qu

alid

ade

do

pro

du

to

Alta

Média

Baixa

Alto Médio Baixo

Critérios de avaliação Classificação

Qualidade e clareza das ideias apresentadas 1 2 3 4 5

Qualidade da análise (descritiva e comparativa) 1 2 3 4 5

Conhecimento demonstrado na aplicação

dos conceitos apresentados e debatidos nas sessões 1 2 3 4 5

Interpretação dos resultados e exequibilidade

das recomendações 1 2 3 4 5

Relação das conclusões com o problema investigado 1 2 3 4 5

1 Não satisfaz 2 Satisfaz pouco 3 Satisfaz 4 Bom 5 Muito bom

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2. As estratégias de distribuição são três:

• distribuição intensiva;

• distribuição selectiva;

• distribuição exclusiva.

Para cada uma delas dê exemplos de produtos.

3. Para responder à primeira parte da questão deve atender aos três

parágrafos que se seguem.

A audiência irá ter grande influência nas decisões de publicidade, tais

como: o que queremos dizer, qual a melhor forma de o dizer, onde e

como é que deve ser dito.

As estratégias de publicidade podem ter por base a criação de uma

imagem de marca distinta ou então o desenvolvimento de uma

proposição única de venda, relacionada com diferenciação.

Para promover o produto entre os intermediários a empresa pode optar

por convencer:

• a comercializar a marca;

• a adquirir um maior volume que o normal;

• a expor, divulgar ou reduzir o preço;

• a incentivar os seus funcionários e os retalhistas a conduzir os con-

sumidores à compra do produto.

Para a definição dos objectivos de promoção e publicidade considere:

• Os objectivos da promoção podem ser: de informação – quando a

empresa pretende desenvolver a procura primária, alertando os

consumidores para o benefício do produto; de persuasão – quando

a empresa pretende desenvolver a procura selectiva para uma

determinada marca; e de lembrança – quando os produtos estão na

fase de maturidade.

• Os objectivos de promoção derivam de objectivos mais amplos,

estando estes dependentes dos objectivos de marketing mais bási-

cos que foram desenvolvidos para o produto. O estabelecimento

destes objectivos estará dependente do mercado-alvo que a empre-

sa pretende atingir. A empresa terá que considerar se pretende

atingir o consumidor final, os retalhistas ou os vendedores para, em

conformidade com os objectivos estabelecidos, conceber a sua

estratégia para os atingir.

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7.3. MÓDULO III – ANÁLISE DE MERCADO

1. Não existem respostas certas ou erradas à questão apresentada neste

exercício. Contudo, deverá ser considerada a teoria constante do ponto

3.1.2.1. do manual do formando. Assim, os critérios de avaliação deve-

rão ser os seguintes:

Para que os formandos concluam a formação com aproveitamento, a média

não deverá ser inferior a 3 valores.

2. Não existem respostas certas ou erradas à questão apresentada neste

exercício. Contudo, deverá ser considerada a teoria constante do ponto

3.2. do manual do formando. Assim, os critérios de avaliação deverão

ser os seguintes:

Para que os formandos concluam a formação com aproveitamento, a média

não deverá ser inferior a 3 valores.

3. Não existem respostas certas ou erradas à questão apresentada neste

exercício. Contudo, deverá ser considerada a teoria constante do ponto

Critérios de avaliação Classificação

Qualidade e clareza das ideias apresentadas 1 2 3 4 5

Qualidade da análise (descritiva e comparativa) 1 2 3 4 5

Conhecimento demonstrado na aplicação

dos conceitos apresentados e debatidos nas sessões 1 2 3 4 5

Interpretação dos resultados e exequibilidade

das recomendações 1 2 3 4 5

Relação das conclusões com o problema investigado 1 2 3 4 5

1 Não satisfaz 2 Satisfaz pouco 3 Satisfaz 4 Bom 5 Muito bom

Critérios de avaliação Classificação

Qualidade e clareza das ideias apresentadas 1 2 3 4 5

Qualidade da análise (descritiva e comparativa) 1 2 3 4 5

Conhecimento demonstrado na aplicação

dos conceitos apresentados e debatidos nas sessões 1 2 3 4 5

Interpretação dos resultados e exequibilidade

das recomendações 1 2 3 4 5

Relação das conclusões com o problema investigado 1 2 3 4 5

1 Não satisfaz 2 Satisfaz pouco 3 Satisfaz 4 Bom 5 Muito bom

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3.3.1. do manual do formando. Assim, os critérios de avaliação deverão

ser os seguintes:

Para que os formandos concluam a formação com aproveitamento, a média

não deverá ser inferior a 3 valores.

7.4. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Não existem respostas certas ou erradas às questões apresentadas para elabo-

ração do Plano de Marketing. Contudo, a apresentação deste deve ser coeren-

te, podendo utilizar-se os seguintes critérios de avaliação:

Para que os formandos concluam a formação com aproveitamento, a média

não deverá ser inferior a 3 valores.

Critérios de avaliação Classificação

Qualidade e clareza das ideias apresentadas 1 2 3 4 5

Qualidade da análise (descritiva e comparativa) 1 2 3 4 5

Conhecimento demonstrado na aplicação

dos conceitos apresentados e debatidos nas sessões 1 2 3 4 5

Interpretação dos resultados e exequibilidade

das recomendações 1 2 3 4 5

Relação das conclusões com o problema investigado 1 2 3 4 5

1 Não satisfaz 2 Satisfaz pouco 3 Satisfaz 4 Bom 5 Muito bom

Critérios de avaliação Classificação

Qualidade e clareza das ideias apresentadas 1 2 3 4 5

Qualidade da análise (descritiva e comparativa) 1 2 3 4 5

Conhecimento demonstrado na aplicação

dos conceitos apresentados e debatidos nas sessões 1 2 3 4 5

Interpretação dos resultados e exequibilidade

das recomendações 1 2 3 4 5

Relação das conclusões com o problema investigado 1 2 3 4 5

1 Não satisfaz 2 Satisfaz pouco 3 Satisfaz 4 Bom 5 Muito bom

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VIII. BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

Johnson, G. e Scholes, K. (1999), Exploring Corporate Strategy: Text and Cases (5.ª Ed.),

Londres, Prentice Hall Europe

Kotler, P. (1996), Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação e

Controle, São Paulo, Editora Atlas

Porter, M. (1986), Estratégia Competitiva – Técnicas para a Análise de Indústrias e da

Concorrência, Rio de Janeiro, Editora Campus

Wilson, R. M. S. e Gilligan, C. com Pearson, D. J. (1992), Strategic Marketing Management:

Planning, implementation and control, London, Butterworth Heinemann

IX. AUXILIARES DIDÁCTICOS COMPLEMENTARES

Kerin, R. e Peterson, R. (2000), Strategic Marketing Problems: Cases and Comments,

Prentice Hall

Marketing Dictionary – Dicionário de Marketing disponível em

http://www.MarketingPower.com/dictionary.

Strategic Marketing – Revista de Marketing Estratégico disponível em

http://www.etstrategicmarketing.com.

X. LISTA DE CONTACTOS ÚTEIS

Os recursos apresentados poderão ser utilizados para a sua investigação, pois

constituem um conjunto de artigos e informação muito úteis e em áreas

abrangentes.

Recursos

• www.findarticles.com

Óptima fonte de artigos que pode pesquisar por tema. Acesso gratuito.

• www.articles911.com

Artigos sobre empresa e gestão. Gratuitos e disponíveis para download.

• www.meansbusiness.com

Inclui mais de 1000 sumários de livros que podem ser procurados por tema

e comprados a $2.

• www.managementhelp.org

Biblioteca de gestão gratuita com ligações a um conjunto vasto de ferra-

mentas, recursos e materiais

• www.action-learning.org

Comunidade de pessoas em programas de educação contínua do Action

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Learning Institute – a subscrição é gratuita e permite-lhe acesso a materi-

ais, publicações e programas de educação.

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XI. TEXTOS PARA APROFUNDAMENTO DO TEMA E CONTEÚDOS TEMÁTICOS

CADERNO DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO,

SÃO PAULO, V.1, Nº 10, 3º TRIM./99

MARKETING ESTRATÉGICO E A CRIAÇÃO DE UNIDADE DE NEGÓCIOS

Bento Alves da Costa Filho1

Geraldo Luciano de Toledo2

RESUMO

O propósito principal deste artigo é proporcionar uma revisão da literatura

pertinente à criação de novos negócios do ponto de vista do marketing estra-

tégico. Inicialmente, são abordadas questões como identificação de oportuni-

dades versus competências centrais, visando a descobrir o melhor equilíbrio

entre as duas variáveis, caso exista alguma relação. Outros importantes aspec-

tos no desenvolvimento de novos negócios são discutidos como posiciona-

mento, estratégias de desempenho e crescimento, arquitectura organizacio-

nal e novos modelos de marketing de relacionamento. Enfatiza-se, ainda, o

paradoxo que uma melhor estrutura organizacional melhor poderia resultar

da falta de qualquer estrutura. O texto explora também a nova tendência no

marketing de relacionamento, segundo a qual uma forma de fazer negócio,

menos agressiva e mais elegante, poderia substituir o velho modelo contratu-

al frio e racional, no limiar do próximo século.

INTRODUÇÃO

O presente estudo tem o objectivo de examinar a literatura voltada para cria-

ção de novos negócios sob o enfoque de marketing estratégico. A metodolo-

gia adoptada procurou, inicialmente, trabalhar questões como identificação

de oportunidades versus reconhecimento de competências centrais. Em segui-

da, foram abordados aspectos referentes a posicionamento, com destaque

para os riscos de um posicionamento à revelia da empresa que pode advir de

um marketing mix equivocado. Foram discutidas, ainda, opções estratégicas

disponíveis de autuação, com base nas propostas de Porter, e estratégias de

crescimento comentadas à luz do timing da empresa. Uma breve revisão de

modelos de arquitecturas organizacionais abordou questões relevantes como

as dificuldades por que passam empresas em rápido crescimento. Por último,

foi apresentado um modelo de marketing de relacionamento como suporte

ao processo estratégico. O modelo considera não somente a satisfação das

necessidades do consumidor, como acção fundamental da organização con-

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temporânea, mas também a rede de relacionamentos “colaborativos” que se

formam com todos os participantes da cadeia de valor como fornecedores,

fabricantes, distribuidores e clientes. Trata-se, portanto, de uma forma eficaz

e menos agressiva de autuação no mercado e de convívio com os competido-

res. O antigo formato, frio e racional, que permeia os relacionamentos de

negócio com base em contratos formais vive um processo de declínio e apro-

xima-se da extinção.

Identificação de Oportunidades

A atenta observação do ambiente económico e sectorial é sem dúvida uma das

melhores fontes de descobertas de novos negócios. Muitos foram os produtos

e serviços criados a partir de sinalizações emanadas do mercado. A rapidez

imposta pela tecnologia da informação, por exemplo, praticamente obrigou as

empresas financeiras a adoptarem os serviços de office banking para se torna-

rem mais ágeis nas decisões financeiras. A Internet está promovendo uma ver-

dadeira revolução na maneira de realizar negócios das empresas em geral. E

nem sempre aquelas organizações tradicionais e bem estabelecidas são as que

saem na frente quando as mudanças ocorridas no ambiente são descontínuas,

num rompimento radical com o passado. Haja vista a grande quantidade de

novas empresas que têm se destacado, no comércio eletrônico, como Amazon,

Yahoo, Dell Computers, e-Bay etc., todas em sua maioria, com poucos anos de

vida. O modelo tradicional de planejamento proposto por Andrews3, em 1965,

que é cíclico, está se tornando insuficiente para lidar com um ambiente extre-

mamente dinâmico e em constante processo de mutação. Os sistemas de moni-

toramento ambiental precisam atuar em tempo real e não somente no perío-

do do ano que antecede o processo de planejamento. Aaker4 propõe que os

métodos de monitoramento do ambiente funcionem continuamente e sejam

capazes de respostas rápidas. Este autor coloca, também, que a administração

estratégica de marketing não deve aceitar o ambiente como um “dado” do

problema. A estratégia deve ser pró-ativa, segundo ele, influenciando e/ou

controlando, de maneira criativa ambientes governamental, sócio-cultural,

tecnológico e econômico. Um aspecto interessante a respeito de oportunida-

des é que nem sempre elas se encontram onde são procuradas. Produtos que

se tornaram ícones do consumo mundial, como o walkman e o jetski, surgiram

muito mais em função de as empresas criadoras terem reconhecido idéias geni-

ais e dado espaço para estas idéias do que por terem seguido um processo tra-

dicional de desenvolvimento de novos produtos. Sofisticados sistemas de infor-

mação, respaldados por tecnologia de informação de última geração, são

muito úteis. Mas, é necessário mais do que isso. As idéias para novos negócios

não podem pertencer a uma área ou departamento. É preciso que toda a

empresa seja capaz de enxergar oportunidades, no ambiente, para atrair e

manter clientes, finalidade maior de uma empresa, segundo Theodore Levitt.5

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Competências e Vocações

Uma das etapas fundamentais da administração estratégica de marketing é o

que Aaker6 chama de auto-análise. Trata-se de um levantamento que visa a

obter um entendimento detalhado sobre aspectos estratégicos como análise

de performance, forças, fraquezas e problemas da organização. É um momen-

to de grande importância para os profissionais de uma empresa já que dá

oportunidade aos mesmos de refletirem, de forma honesta, sobre fraquezas

e capacidades da organização. É preciso ter bem claro o rol de competências

da empresa. É fundamental que a organização tenha consciência de suas

habilidades essenciais dentro do processo de construção de sua estratégia.

Prahalad e Hamel7 batizaram estas habilidades de competências centrais (corecompetences), que eles definem como vocações naturais centradas em pesso-

as-chave que devem servir a toda a organização e não somente a uma divisão.

As competências centrais se formam a partir do aprendizado coletivo da orga-

nização e envolvem a coordenação de habilidades diversas de produção e a

integração de correntes múltiplas de tecnologia. Mas é preciso estar atento,

pois esse processo de aprendizagem nem sempre ocorre de forma fluida e

intensa, principalmente em grandes corporações. A arquitetura organizacio-

nal de grandes empresas nem sempre permite que as habilidades aflorem

naturalmente. Ao contrário, não é incomum que capacidades sejam abafadas

logo no início do processo criativo. Bartlett e Ghoshal8 destacam o aprendiza-

do como atributo inato ao ser humano, que famílias, clãs e comunidades evo-

luíram ao longo do tempo, compartilhando informações e sintetizando

conhecimentos como centro das interacções sociais e propulsores do progres-

so colectivo. Mas estes mesmos autores alertam para o fato de que corpora-

ções modernas são concebidas de forma a restringir, impedir e mesmo matar

este instinto natural humano. Fica claro que a etapa conhecida na administra-

ção estratégica como auto-análise, que parece um processo óbvio de listar

pontos fortes e pontos fracos da organização, acaba não se tornando uma

actividade tão simples.

O desafio de descobrir vocações dentro das organizações encontra naquilo que

Zacarelli9 chama de “moderna estratégia” um grande aliado. Isto porque,

segundo esse autor, o planeamento sai da torre de marfim e desce ao nível

operacional, o que atrai a atenção dos altos escalões da empresa para as habi-

lidades básicas exercidas pelos níveis médio e inferior da administração, no

front do atendimento ao cliente. Zaccarelli acrescenta que a moderna estraté-

gia procura aperfeiçoar continuamente a estratégia de hoje, sem fazer planos

grandiosos que perduram até serem invalidados pelo tempo. Anderson, Day e

Rangan10 confirmam esta abordagem mais realista do planeamento. Estes

autores propõem que novos negócios sejam introduzidos por meio de peque-

nas experiências, dos quais uma pequena porção é analisada cuidadosamente,

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e em caso de sinalizações positivas do mercado, a empresa deve responder

rapidamente, transformando estes experiências em produtos e serviços. A

observação atenta do desempenho das áreas operacionais da empresa e o foco

nas habilidades básicas têm sido uma questão basilar do pensamento estraté-

gico actual. É fazer com que a organização se auto-descubra e libere experti-ses contidas nas morosas interconexões corporativas. Prahalad11 sustenta que

“Competir pelo futuro não é simplesmente fazer previsões. É também ter umforte desejo de ser rentável nos negócios actuais, um desejo que pressioneenormemente a organização para que ela eleve seu nível de desempenho. Écriar um círculo virtuoso, na organização, no qual você esteja inventandonovos negócios continuamente, novas fontes de lucro e aumentando semprea capacidade de alavancagem e rentabilidade dentro dos negócios actuais -...”

O Nascimento da Unidade de Negócios

A abordagem clássica de Andrews12 fala do nascimento da estratégia econó-

mica, que vem a ser a conjugação de uma oportunidade ambiental com uma

competência distinta da organização. A despeito das críticas já resgistadas

anteriormente, principalmente ao carácter cíclico, a abordagem tradicional

tem bastante força do ponto de vista da análise de criação de novos negóci-

os. Portanto, é da combinação de oportunidades de mercado com a expertiseempresarial que surgem os novos empreendimentos. Mas o simples fato de a

organização saber-se capaz não é suficiente. É necessário que aquela habili-

dade, expertise ou competência seja levada ao mercado de forma sustentada.

É preciso estar atento para não tomar estas como capacidades de produzir um

determinado produto ou serviço. Este tipo de falta de visão de negócios foi

apontada por Levitt13 em um de seus textos mais conhecidos, Miopia emMarketing. Um negócio deve ser visto como um processo de satisfação do con-

sumidor e não como um processo de produção de bens, corrobora Kotler14,

pois produtos são transitórios, mas necessidades básicas existirão sempre,

segundo este autor. Outro estrategista de marketing que confirma a orienta-

ção para o cliente é Cravens15, para quem o conceito de marketing16 é um

importante guia para a vantagem competitiva. Segundo esse autor, consumi-

dores satisfeitos são capazes de criar vantagem competitiva sustentável para

uma organização. Portanto, competência somente não basta. É necessário ter

sensibilidade de mercado para o estabelecimento de relacionamentos dura-

douros e proveitosos para ambos, empresa e cliente.

O Posicionamento do Novo Negócio

A forma como a empresa vai explorar a oportunidade de mercado identifica-

da está intimamente ligada ao conceito de posicionamento. Cravens17 apre-

senta a estratégia de posicionamento como uma combinação de estratégias

de produto, canal de distribuição, preço, e promoção que a empresa utiliza

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para se posicionar em relação aos competidores ao atender as necessidades e

desejos de seu mercadoalvo. Este autor conclui que o conceito de posiciona-

mento indica como a organização gostaria que os clientes percebessem o

composto de marketing ou marketing mix.18 Uma característica fundamental

do posicionamento é que, embora ele se inicie por meio de produtos, serviços,

instituições ou pessoas, ele, de fato, ocorre na mente dos consumidores, con-

forme atestam Ries e Trout.19 A disputa que as empresas travam para serem

reconhecidas pelo mercado naquilo que fazem acontece, realmente, na cabe-

ça dos clientes. Portanto, quando um bom trabalho de posicionamento é feito

é muito difícil desbancar a empresa que o fez.

Mas não basta que, ao delinear sua estratégia, a organização elabore progra-

mas de ação para fixar-se na mente de seu público-alvo em atributos como

preço, qualidade, imagem, pós-venda, design, etc. É preciso que o público-

alvo assim reconheça a empresa. Ou seja, faz-se mister que o cliente identifi-

que a organização por este atributo ou grupo de atributos estratégicos. Nem

sempre o consumidor reconhece a organização da maneira como esta almeja

em seus planejamentos. Empresas do ramo químico ou petroquímico, por

exemplo, precisam estar muito atentas às suas imagens institucionais, em

razão de serem vulneráveis a acidentes ecológicos como aqueles ocorridos no

Alaska (Exxon), em 1989, na Suiça (Sandoz), em 1987, Cubatão (Petrobrás), em

1988. Portanto, quando a empresa não se posiciona bem frente a seu públi-

co-alvo este último “assume”, por conta própria, um posicionamento para

esta empresa20. Não é incomum que grandes corporações sejam reconhecidas

por seu público como “arrogantes”, “insensíveis”, “poluidoras” em razão de

terem perdido a capacidade de ouvir os próprios consumidores e outros públi-

cos uma vez que foram acometidas pelos males do gigantismo. E a alta admi-

nistração destas grandes empresas, por estarem longe dos consumidores,

levam muito tempo até acreditarem de que forma estes consumidores verda-

deiramente percebem a organização.

Estratégias de Actuação

Definir a estratégia de actuação é uma das decisões mais importantes, após a

decisão de entrar em um novo negócio ter sido tomada. Vários caminhos

podem se apresentar. Michael Porter21 apresenta três formas de actuação que

chamou de estratégias competitivas genéricas, quais sejam: liderança no custo

total, diferenciação e enfoque.

A liderança no custo total consiste em ter o custo mais baixo da indústria

mediante instalações em escala eficiente, controle rigoroso de despesas gera-

is, minimização de custos em áreas como P&D, assistência técnica, força de

vendas, publicidade. Perseguir a estratégia “liderança no custo total” propor-

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ciona retornos acima da média, mesmo em ambientes de intensa concorrên-

cia. A diferenciação significa criar algo único dentro do âmbito da empresa. A

diferenciação pode ser por imagem da marca (Nike), tecnologia (Intel), rede

de fornecedores (Volkswagem, Resende,RJ), etc. A diferenciação, também,

produz retornos acima da média, pois gera maior lealdade e menor sensibili-

dade a preços por parte dos consumidores, o que produz maiores margens. A

estratégia de enfoque consiste em concentrar-se num determinado segmento

de clientes, numa linha de produtos ou num mercado geográfico. A premissa

que está por trás desta estratégia é que a empresa é capaz de atender seu alvo

estreito melhor que qualquer concorrente. O enfoque permite retornos acima

da média, uma vez que produz custos baixos em comparação com os da indús-

tria. É interessante notar que Porter só acredita no sucesso de suas estratégias

desde que cada uma delas seja adoptada de maneira exclusiva. Ou seja, não

se pode adoptar, concorrentemente, mais de uma das estratégias genéricas

sob o risco de se atingir um estado apático que aquele autor chamou de meio-termo. Trata-se de uma situação estrategicamente pobre, que pode levar a

uma baixa rentabilidade, uma vez que a empresa perde negócios de grandes

volumes, pois, por não ter custos baixos, não pode oferecer preços baixos, e

perde, da mesma forma, negócios com margens altas, tendo em vista que não

se conseguiu diferenciação suficiente.

O trabalho de Porter tem sido alvo de críticas diversas. Carneiro et.al22 fizeram

um levantamento das principais restrições às estratégicas genéricas. Com rela-

ção à liderança no custo total, os destaques são os seguintes:

• menor custo não significa necessariamente menor preço: é possível que

o produtor embolse a vantagem de custo obtida; somente quando

grandes negócios exigem preços menores é que esta pode passar a ser

uma vantagem efetiva;

• não é uma vantagem sustentável a longo prazo se muitos a estiverem

perseguindo;

• é difícil conhecer os custos dos concorrentes;

• desvia a atenção da empresa do mercado e de competidores para solu-

ções internas. As maiores críticas à estratégia de diferenciação apontam

para o fato de que esta abrange um leque muito amplo de estratégias,

merecendo serem desdobradas. Mintzberg 23 relaciona seis tipos de dife-

renciações possíveis, quais sejam: preço, imagem, suporte, qualidade,

design e não-diferenciação. Vale notar que Mintzberg não vê esta últi-

ma como uma estratégia menor, fadada ao fracasso e baixa rentabilida-

de. Segundo este autor, é possível ter sucesso com a não-diferenciação,

que consiste em copiar outras empresas, desde que haja espaço no mer-

cado para tal.

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Estratégias de Crescimento

Crescer por meio de um novo negócio pode exigir muita criatividade dos pro-

fissionais envolvidos no processo. Conforme já comentado anteriormente, as

melhores oportunidades não costumam ser evidentes nem fáceis de identifi-

car. Kotler24 apresenta as oportunidades de crescimento em três classes princi-

pais, quais sejam: crescimento intensivo, crescimento integrado e crescimento

diversificado.

Crescimento Intensivo: estratégia que ocorre no âmbito dos negócios existen-

tes. A primeira opção é aumentar a participação dos produtos atuais nos mer-

cados atuais. É a chamada estratégia de penetração de mercado. Uma segun-

da opção é desenvolver novos mercados para produtos atuais; é a estratégia

de desenvolvimento de mercado. A terceira opção é desenvolver produtos

novos para mercados atuais: estratégia de desenvolvimento de produto. E por

último, a estratégia de diversificação que seria o desenvolvimento de novos

produtos para novos mercados. Este é o clássico modelo representado pela

matriz de Ansoff.25

Crescimento Integrado: Estratégia que ocorre no âmbito da cadeia de valor da

empresa, a qual adquire outra empresa integrante do sistema. Quando a

aquisição ocorre “cadeia abaixo”, fala-se em integração para frente. É o caso

de um fabricante que adquire o controle de um atacadista ou varejista. Esta

integração pode ser interessante, por exemplo, quando um determinado

fabricante está interessado em controlar mais o modo como seu produto está

sendo trabalhado no ponto-de-venda, junto ao consumidor final. Outro tipo

de crescimento integrado, o da “cadeia acima”, é a integração para trás. É o

caso de um fabricante que compra empresas fornecedoras de insumos. Essa

estratégia pode aparecer em casos em que haja risco de suspensão de forne-

cimento de algum tipo de insumo estratégico para o fabricante. O terceiro

tipo de crescimento integrado é a integração horizontal, que é a compra de

empresas do mesmo ramo de negócios. Pode-se dizer que este é o tipo de

integração que mais tem ocorrido nos últimos anos, como resultado do fenó-

meno da globalização. A indústria bancária, no Brasil e no exterior, está viven-

do um momento de intensas aquisições e fusões, com instituições estrangei-

ras adquirindo bancos nacionais de forma sistemática.

Crescimento Diversificado: trata-se, basicamente, de entrar em diferentes

ramos de negócios. Este tipo de estratégia esteve em evidência nos anos

setenta, quando era recomendada como forma de reduzir o risco de um con-

glomerado como um todo. Grandes corporações adotaram este modelo; a

Ford vendia aparelhos de ar condicionado, a Chrysler estava também no ramo

de refrigeradores, etc. Foi um modelo muito criticado porque as empresas

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adquirentes não tinham sinergia de negócio com as empresas adquiridas, o

que causou muitos insucessos. Mas, no caso de negócios em fase de declínio,

como a indústria de cigarros, a diversificação pode ser uma boa saída. É muito

comum grandes fabricantes de cigarros entrarem no negócio de alimentos,

como foi o caso da compra da RJR Nabisco pela Philip Morris.

As alternativas para crescimento de um negócio são muitas. Decidir-se por

uma delas vai exigir da organização uma avaliação precisa do timing empre-

sarial no qual a mesma está vivendo. Isto porque existe um tempo de perse-

guir idéias geniais, que num primeiro momento parecem absurdas até, mas

que florescem graças à persistência de empreendedores obstinados. Esta é a

fase em que o novo negócio costuma crescer bastante, aumentando geome-

tricamente a quantidade de consumidores. É, ainda, a etapa em que o cresci-

mento intensivo de produtos e mercados encontra seu auge. Mas, o que ocor-

re, historicamente, é aquele pequeno negócio - surgido de grandes idéias,

claro - ir crescendo e se tornando tão grande que passa a ter os mesmos pro-

blemas que os de qualquer organização de grande porte. A partir deste

momento, crescer significa, invariavelmente, adquirir novos negócios no mer-

cado. Esta dinâmica de crescimento, intenso desenvolvimento de produtos e

mercados até que se tenha tamanho suficiente, para, em seguida, passar a

adquirir novos negócios, pode ser observada, exemplarmente, entre a forna-

da de novas empresas do ramo da tecnologia de informação que surgiram nos

anos noventa. O exemplo da Amazon é bem pertinente. Inicialmente, o cres-

cimento se deu por desenvolvimento de mercado e produto (nova maneira de

vender livros, via Internet).

Após conquistar dezenas de milhões de clientes e se tornar conhecida mundi-

almente, a empresa está procurando expandir negócios pela prática de aqui-

sição de novas empresas. Sabe-se, neste momento, por exemplo, do interesse

da Amazon em ingressar no ramo de leilão eletrônico, considerando a possi-

bilidade de adquirir empresas como LivBid Inc26.

A Organização do Novo Negócio A organização desenhada para um novo

negócio deve merecer atenção especial dos agentes envolvidos. Quando um

novo negócio surge, juntamente com uma pequena empresa, muitas vezes

em garagens de jovens recém-formados, como foi o caso da Microsoft, Apple

e mais recentemente Yahoo e Amazon Book, a questão organização não cos-

tuma apresentar maiores problemas. Empresas deste tipo nascem pequenas e

ágeis, trazendo em seu bojo toda a capacidade e dinamismo de seus sócios

empreendedores e visionários. Estas não possuem os inúmeros entraves que

engessam grandes estruturas como áreas funcionais que se rivalizam, cadeias

hierárquicas complexas, áreas de produtos tradicionais que resistem a inova-

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ções, etc. Portanto, negócios que afloram a partir de empresas que estão nas-

cendo acabam tendo vantagem do ponto de vista de organização interna em

relação a grandes corporações. Os maiores problemas relativamente à organi-

zação costumam surgir juntamente com o aumento de tamanho das empre-

sas. É interessante notar que as soluções organizacionais que vão surgindo e

evoluindo costumam ser respostas ao problema de administrar estruturas pro-

dutivas gigantes. Mas estas estruturas, amiúde, estão voltadas para o operaci-

onal, para o funcionamento da grande empresa, restando pouco espaço, mui-

tas vezes, para a geração de novos negócios. Tendo em vista a importância do

fator organização no surgimento de um novo negócio, vale a pena revisar as

estruturas organizacionais mais conhecidas. Considere-se, inicialmente, a

estrutura simples, que, no mundo real, é equivalente a inexistência de estru-

tura formal. É o tipo de organização, comumente adotado em pequenos

negócios, onde o próprio dono costuma levar a cabo a maioria das atividades

da empresa.27 Existem poucas divisões das funções gerenciais, não havendo

uma clara definição de quem é responsável por quê. Vale destacar que este é

um dos tipos de organização mais favoráveis à criação de novos negócios. São

empresas pequenas e ágeis cujas atividades giram em torno do brilhantismo

de um ou mais sócios. Mintzberg28 aponta a organização administrada pelo

proprietário como o caso clássico da organização empreendedora, a qual pro-

cura ambientes dinâmicos, simples e não regulados. Mas a estrutura simples

tem seus problemas. Tudo fica muito na dependência do sócio-fundador, que

costuma ser bastante centralizador; na falta dele, a empresa fica órfã. Com o

crescimento, vem a complexidade e, aí, a estrutura simples torna-se insuficien-

te para lidar com as operações. É preciso dividir as responsabilidades e fun-

ções. A partir deste momento, é possível que a estrutura funcional passe a ser

mais produtiva do ponto de vista das operações. A estrutura funcional tem

por base as funções primárias que devem ser desempenhadas pela empresa29

como produção, finanças, marketing, recursos humanos. Este é um tipo de

organização mais adequado a empresas de médio porte, com uma estreita

linha de produtos. Esta estrutura apresenta vantagens como um maior con-

trole sobre as operações por parte da alta administração, em razão da fluidez

natural com que as informações trafegam na empresa. Mas, com o crescimen-

to, esta organização pode se tornar lenta, uma vez que os executivos do alto

escalão passam a acumular demandas em excesso referentes ao dia-a-dia ope-

racional, negligenciando a função estratégica em muitos casos. Quando as

operações aumentam muito, juntamente com a diversidade de produtos ofer-

tados, outro tipo de organização pode passar a ser mais interessante, do

ponto de vista da eficácia, a estrutura multidivisional. Foi o que aconteceu

com a General Motors30, no começo deste século, quando, sob o comando de

Alfred Sloan, criou diversas divisões (Cadillac, Buick, Oakland, Olds e

Chevrolet) que passaram a projetar diferentes carros para diferentes segmen-

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tos de mercado, mediante uma proposta de variedade de produtos. Sloan

reergueu a GM, superando, em muito, a Ford que insistia, no conservadoris-

mo de seu fundador, em oferecer um mesmo produto, o Modelo T, na mesma

cor preta, a uma sociedade consumidora americana que se tornava cada vez

mais desejosa de diversidade. A estrutura multidivisional é composta de uni-

dades responsáveis por um mercado, serviço ou produto definido.31 Dentro de

cada divisão, por exemplo, costumam atuar estruturas funcionais como finan-

ças, marketing, recursos humanos. É como se cada divisão fosse uma empresa

independente, mas sob a orientação de um escritório central, responsável

pela arquitetura estratégica da corporação. Uma das grandes vantagens deste

tipo de estrutura é que cada divisão pode se concentrar nas oportunidades e

problemas de seu ambiente particular de negócio. Há dedicação exclusiva do

executivo chefe da divisão aos negócios da divisão, o que aumenta sobrema-

neira a eficiência da unidade. Como desvantagens, esta estrutura traz a ques-

tão da delimitação da responsabilidade do gerente da divisão, ou seja, quan-

to poder deve ter este gerente vis-à-vis o escritório central; o conflito da dis-

puta que as divisões realizam por recursos da empresa-mãe; e a duplicação de

funções em cada divisão. Prahalad32 condena a forma como as divisões dispu-

tam e retêm pessoas de alta capacidade, impedindo que as core competencessejam exploradas pela corporação como um todo. Como resposta às limita-

ções da organização multidivisional deu-se o surgimento da estrutura matri-cial. Trata-se de uma combinação de estruturas como por exemplo produto

versus geografia, ou funcional versus divisional operando em tandem33. As

vantagens do modelo matricial são muitas, destaque devendo ser dado à inte-

gração que o mesmo promove entre as áreas técnicas, produtoras de conhe-

cimento, como P&D e as áreas funcionais de finanças, marketing, recursos

humanos, já que a burocracia formal é substituída por contatos diretos entre

os indivíduos. Além disso, a estrutura matricial aumenta a qualidade da toma-

da de decisões onde haja maior risco a uma das áreas envolvidas, aumenta a

motivação e desenvolvimento administrativo por ser de natureza participati-

va e pelo alto envolvimento de todos os níveis gerenciais nas atividades. Os

principais problemas da estrutura matricial são diluição de prioridades, deci-

sões lentas e conflitos de papéis e responsabilidades. A diluição de priorida-

des ocorre porque cria-se um espírito onde “tudo” é importante na organiza-

ção e merece ser debatido de forma igualitária, ficando difícil estabelecer um

ranking de projetos e problemas a serem abordados. Um outro problema é

que, em razão de a estrutura encorajar o debate entre grupos cujos interes-

ses são concorrentes, há um prejuízo para a agilidade nas decisões. Também

deve ser ressaltada a questão dos conflitos que surgem por conta da pouca

clareza em relação à definição de papéis e responsabilidades, uma vez que,

nesta estrutura, é comum que um profissional de P&D, por exemplo, se repor-

te ao gerente de P&D e ao gerente de marketing ao mesmo tempo.

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A Organização Segundo a Teoria dos Custos de Transação

Uma corrente de pensamento que tem dado bastante atenção à questão da

organização é a teoria dos custos de transacção ou transaction costanalysis(TCA). Segundo esta abordagem, as organizações existem para que se

reduzam estes custos de transação. Para os economistas clássicos34, as transac-

ções ocorriam no mercado sem custos para as partes. É como se toda a sorte

de estruturas onde ocorrem transacções económicas como empresas agrope-

cuárias, industriais, de serviços, shopping centers, bolsas de valores, bolsa de

mercadorias, bancos, corretoras, etc., pudessem ter existência sem que para

isto fosse preciso que agentes económicos não necessitassem desembol- sar

um centavo. Para Coase35, quando os economistas clássicos observam as regu-

lamentações (que implicam custos de transação) que envolvem as transações

de mercado36, eles, freqüentemente, assumem que estas regulamentações são

tentativas de exercício de monopólio. Eles costumam ignorar uma explicação

alternativa para estas regulamentações; a de que elas existem para reduzir os

custos de transação e aumentar o volume de negócios. Os principais custos de

transação são os custos de coordenar e de motivar37. Os custos de coordena-

ção são os custos necessários para a determinação de preços, para a existên-

cia de um local para a troca, onde compradores e vendedores possam se reu-

nir. Por parte do vendedor, custos de coordenação são os recursos gastos em

pesquisas, propagandas, em estabelecimento de preços, e são, também, os

custos de transmissão da informação, para cima e para baixo na hierarquia

organizacional. Por parte do comprador, custos de coordenação dizem respei-

to ao tempo gasto para escolher os melhores fornecedores e os melhores pre-

ços. Os custos de transação associados à questão da motivação estão relacio-

nados a dois problemas básicos: assimetria de informações e compromissoimperfeito. A assimetria de informações caracterizase pelo fato de uma das

partes, em determinada transação, não possuir todas as informações relevan-

tes para verificar se se trata de um bom negócio. No compromisso imperfeito

uma das partes resolve não cumprir um contrato já pactuado e assinado. Os

custos de coordenação e motivação remetem a importantes questões levanta-

das pela teoria dos custos de transação, quais sejam: racionalidade limitada

(bounded rationality), informação privilegiada (private information), oportu-

nismo, seleção adversa (adverse selection) e prejuízo moral (moral hazard). O

conceito de racionalidade limitada pressupõe que as pessoas não podem estar

em todos os lugares ao mesmo tempo, não podem resolver problemas com-

plexos de forma exata, sem custos, nem instantaneamente e não podem se

comunicar livremente entre si sempre. As pessoas não podem prever tudo que

pode acontecer, e sabem que o entendimento é falho muitas vezes, e que não

podem conseguir, matematicamente, a melhor solução para problemas com-

plexos. A informação privilegiada ocorre quando custos e benefícios de um

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determinado contrato são conhecidos por apenas uma das partes. Um exem-

plo clássico é a venda de um carro usado. Normalmente, o vendedor conhece

bem o veículo e não costuma abrir este conhecimento para o comprador, o

qual tem de confiar no caráter daquele, se quiser fazer o negócio. A informa-

ção privilegiada pode dar espaço para comportamentos oportunistas.

O vendedor pode ir em frente e realizar o negócio, mesmo sabendo que as

condições do carro não são boas. O problema da seleção adversa toma corpo

na situação em que uma das partes possui informação privilegiada e mesmo

assim vai em frente e realiza o contrato. É um comportamento oportunista exante. Um exemplo típico é o do indivíduo que, mesmo sabendo que tem uma

doença grave, declara-se saudável ao contratar um seguro saúde. Já o concei-

to de moral hazard difere da seleção adversa por se tratar de um comporta-

mento oportunista ex post. Um tipo de problema que advém das limitações

da racionalidade limitada e que pode levar ao moral hazard são os investi-

mentos em ativos específicos. Ativos específicos são aqueles que só servem a

um determinado tipo de relacionamento econômico38. Pelo modelo de produ-

ção das grandes montadoras de veículos, vigente no final do anos noventa, os

fornecedores costumam criar uma estrutura de fornecimento dentro da pró-

pria montadora. Em caso de rompimento unilateral de contrato, por parte

desta última, o fornecedor pode amargar os prejuízos de ter realizado inves-

timentos em ativos por demais específicos. As críticas que se fazem à Teoria

dos Custos de Transação é que ela se utiliza de controles unilaterais por uma

das partes dentro dos relacionamentos na cadeia de valor. No próximo tópico

Weitz e Jap39 fazem um contraponto entre os relacionamentos unilaterais da

Teoria dos Custos de Transação e os relacionamentos bilaterais marcados por

consenso, participação e solidariedade. Talvez a maior crítica à TCT seja que as

empresas não existem para economizar custos de transação, mas sim para

atender as necessidades dos clientes.

(Des)organizar para Criar

Os tópicos anteriores revisitaram diferentes formas por que passa a arquitetu-

ra organizacional em função de diferentes fases da evolução de uma empre-

sa. Desde a completa falta de estrutura, nos negócios iniciantes, passando

pela eficiência da estrutura funcional de negócios em crescimento, pela eficá-

cia do modelo multidivisional em gigantes corporações, até a integrativa solu-

ção matricial obtendo ganhos competitivos simplesmente aproximando áreas

de uma mesma empresa que muitas vezes não se conhecem. Foram evidenci-

adas, também, as vantagens de se conhecerem os custos de se coordenar e

motivar, base de uma nova teoria, a Teoria dos Custos de Transação, que con-

sidera elementos importantes do comportamento humano nos negócios, os

quais são essenciais para formar um sistema de incentivos eficiente. Com tudo

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isto, o mais irônico em relação à organização é que um dos modelos mais efi-

cientes, do ponto de vista da geração de um novo negócio, é justamente a

estrutura simples, que é, na verdade, a ausência de estrutura. É o formato que

predomina nos negócios pequenos e emergentes, onde a liberdade para criar

é a palavra de ordem.

O Modelo de Relacionamento

A discussão sobre a evolução e influência da organização nos novos negócios,

discorrida no item anterior, remete a importantes questões acerca da manei-

ra como os relacionamentos inter-empresas devem ocorrer no terceiro milê-

nio. Quais serão os fatores críticos para o bom relacionamento entre empre-

sas? Os modelos atuais de relacionamento devem perdurar? Quais caracterís-

ticas deve ter um futuro modelo de relacionamento transorganizacional?

Dahlstrom40 apresenta três tipos de relacionamentos interorganizacionais:

relacionamento mercado, alianças bilaterais e acordos unilaterais. O relacio-

namento mercado baseia-se em transações do tipo discretas, formais, por

intermédio de acordos de curtíssimo prazo. Os serviços envolvidos são bastan-

te comuns e as partes utilizam contratos, bastante padronizados, criados pela

própria indústria. O relacionamento mercado é mais apropriado quando duas

condições estão presentes: baixa incerteza ambiental e baixo nível de investi-

mentos específicos. Ou seja, este tipo de relacionamento é mais interessantes

desde que não haja expectativas de mudanças radicais no rumo dos negócios

e quando as partes não precisam realizar grandes inversões para manter o

relacionamento. As transações de commodities agrícolas representam um

exemplo clássico de relacionamento mercado. As alianças bilaterais, ao con-

trário do relacionamento mercado, são relacionamentos de longo prazo, com

pouca formalidade, porém balizado por normas relacionais e decisões partici-

pativas. A atuação participativa permite, segundo Dahlstrom41, um melhor

ajuste às incertezas do mercado, um melhor fluxo de informações, crucial para

a performance das empresas envolvidas, facilitando o estabelecimento de

roteiros para resolução de problemas por grupos de consenso e solidariedade.

As alianças bilaterais são indicadas em ambientes de incerteza e quando altos

investimentos específicos são necessários por parte das organizações envolvi-

das. Os acordos unilaterais são realizados entre empresas, sendo que uma

impõe regulamentos e estrutura de decisão à outra. São necessários controles

formais, a exemplo do relacionamento mercado, para o cumprimento dos

contratos. São formalizados, também, os procedimentos relatando responsa-

bilidades, regras explícitas sobre respostas a contingências, regulamentos para

resolução de problemas de entregas, programação de produção e outras fun-

ções logísticas.

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Dahlstrom conclui que o importante para a atividade administrativa é reco-

nhecer o contexto e o tipo de regulamentação nas quais as transações ocor-

rem. Com o aumento dos níveis de investimentos e maior volatilidade do

ambiente, a organização deve buscar decisões compartilhadas com outras

empresas visando a obter eficiência. Se estas não forem as condições, talvez

seja mais interessante que as transações ocorram no âmbito de mercado. As

transações que acontecem sob a égide do relacionamento mercado obtêm um

nível satisfatório de eficiência com baixos custos irrecuperáveis (sunk costs)42 e

mínimas expectativas de qualidade, serviços e entrega. Mudanças importan-

tes no modo como as empresas interagem umas com as outras estão sendo

registradas. As formas como o poder é utilizado dentro destas malhas de rela-

cionamento são diversas. Weitz e Jap43 identificaram que profissionais e aca-

dêmicos têm mudado o foco de interesse, no que diz respeito a relacionamen-

to de canais, da estrutura corporativa e convencional, que utiliza o poder

como base, para relacionamentos entre empresas independentes envolvendo

mecanismos normativos e contratuais de controle. Isto está ocorrendo, segun-

do estes autores, devido a três fatores principais, quais sejam: o desencanta-

mento com a integração vertical; a consolidação e o aumento de poder de

canais intermediários como atacadistas e varejistas; e o reconhecimento de se

obterem vantagens estratégicas mediante o gerenciamento das atividades de

canal. Weitz e Jap44 criticam, também, o enfoque estreito e unilateral da

Teoria dos Custos de Transação (Williamson45) , onde a estrutura principal-

agente implica o uso unilateral de controles por parte do principal, sem a

importante participação da outra parte (agente) proporcionada pelo relacio-

namento bilateral. Weitz e Jap concluem que é necessário um melhor enten-

dimento sobre como estes relacionamentos se desenvolvem, como eles são

mantidos e como membros em relacionamentos convencionais lidam com

incertezas advindas de investimentos específicos. O relacionamento coopera-

tivo encontra respaldo nos trabalhos de Ravi S.Achrol46. Para esse autor, a

organização clássica, multidivisionalizada e verticalmente integrada, que fez

sucesso no século XX, não deve sobreviver num ambiente que promete ser

rico em conhecimentos e ao mesmo tempo bastante turbulento do século XXI.

As organizações multidivisionais que premominaram neste século têm sofrido

profundas reestruturações: downsizing em larga escala, desagregação de

estruturas verticais, terceirização e eliminação de camadas gerenciais. Em sub-

stituição, estão ganhando espaço empresas mais enxutas, mais flexíveis, foca-

das em tecnologias e processos centrais, ligadas a uma rede de alianças estra-

tégicas e parcerias com fornecedores, distribuidores e concorrentes. As formas

básicas de organização, já citadas anteriormente neste estudo, estruturas fun-

cional, multidivisional e matricial foram importantes no contexto temporal

em que foram utilizadas. A estrutura funcional teve seu auge no final do sécu-

lo XIX e início do século XX, quando a maioria das empresas de sucesso eram

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orientadas para produção, altamente padronizadas, buscavam custos baixos e

altos volumes de produção. Este modelo funcionou bem numa época em que

os mercados eram relativamente estáveis e o poder aquisitivo do consumidor

baixo. Com a afluência do mercado, a partir da Segunda Guerra Mundial, os

consumidores tornaram-se mais exigentes e endinheirados, fazendo com que

as empresas se voltassem mais a produtos e mercados. Foi a era das corpora-

ções multidivisionalizadas. Mas estas mostraram-se limitadas em termos de

coordenação interfuncional, dando lugar ao surgimento das estruturas matri-

ciais que enfatizavam os relacionamentos laterais, aproximando as atividades

de P&D às áreas funcionais. Os novos modelos de organização procuram apro-

veitar ao máximo a rapidez, flexibilidade e agilidade proporcionadas pelos

avanços da tecnologia da informação, principalmente a facilidade com que as

empresas podem operar em redes mun diais, podendo a Internet ser conside-

rada um exemplo clássico do final dos anos noventa. Entre os autores que

desenvolvem modelos de relacionamento de rede, destaca-se Achrol47, que

enfatiza que, na network organization, a satisfação das necessidades do clien-

te é um objetivo importante para a atividade de marketing, mas não suficien-

te. A ênfase deve ser em desenvolver um relacionamento duradouro baseado

numa estrutura de benefícios de longo prazo e afinidade mútua entre com-

pradores e vendedores. Novos elementos foram adicionados ao relaciona-

mento, como, por exemplo, confiança, compromisso, normas sociais, etc. O

interrelacionamento entre empresas deve evitar o modelo tradicional, onde

planejamento, adaptações e a resolução de disputas costumam acontecer com

base em barganha e negociação. Relacionamentos duradouros devem, prefe-

rencialmente, estar suportados em normas definidas e gerenciadas de forma

coletiva pelas empresas participantes.

Os Tipos de Organização de Rede

Quatro são os tipos de organizações de rede descritas no trabalho de Achrol48,

quais sejam: rede interna de mercado; rede vertical de mercado; rede inter-

mercado; e rede oportunidade. A idéia central da rede interna de mercado é

eliminar relações hierárquicas dentro dos limites da empresa, dando espaço a

formas democráticas de controle. Neste modelo, não há espaço para os mono-

pólios internos; existe completa liberdade de associação de tarefas; cada equi-

pe ou mesmo um indivíduo é um centro de lucros; a remuneração é estrita-

mente baseada em performance, e todos estão ligados por um sistema eletrô-

nico de processamento de dados com liberdade de acesso à informação. As

novas empresas, ágeis e globais, surgidas dentro do cyberspace, como

Amazon, Yahoo, Dell Computer e Alta Vista, são bons exemplos de rede inter-

na de mercado. A rede vertical de mercado é um tipo de organização que con-

grega um grupo de empresas que opera orbitando em torno de uma empre-

sa integradora, que desempenha muito mais funções de coordenação que de

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manufatura. Trata-se, na verdade, de uma “aliança funcional” já que todo o

processo parece uma grande terceirização coordenada por uma empresa-

mãe. O novo modelo de produção adotado por grandes montadoras de auto-

móveis, onde os fornecedores instalam-se dentro daquelas, e os relaciona-

mentos se dão de forma eletrônica, via EDI, pode ser um bom exemplo de

rede vertical de mercado. A rede intermarket ou intermercado é um fenóme-

no das economias japonesas e coreanas. São as chamados keiretsu e chaebol,definidas como afiliações institucionalizadas entre empresas que operam em

diferentes indústrias e firmas ligadas por relacionamento vertical com estas,

caracterizadas por fortes interconexões em compartilhamento de recursos,

decisões estratégicas, cultura, identidade e padrões de ação coletiva. O ele-

mento que mantém toda a rede intermercado coesa é um elaborado padrão

de interdependência e reciprocidade. A rede oportunidade pode ser definida

como um grupo de empresas especializadas em diversos produtos, tecnologi-

as, ou serviços que se coordenam em torno de projetos ou problemas tempo-

rários. A idéia central da rede oportunidade é uma organização de marketing

especializada em coletar e disseminar informações de mercado, negociando,

coordenando projetos para clientes e fornecedores, e regulamentando

padrões de produto e de comportamento para as empresas participantes da

rede. Seriam espécies de pequenas empresas de consultorias, ágeis e flexíveis,

com capacidade de aprender (learning organization) a cada novo projeto

temporário em que se envolvam.

Poder, Confiança e Normas Sociais nos Sistemas de Rede

A mudança do paradigma atual de marketing, conhecido como diádico ou

transacional, onde o importante é o relacionamento de duas partes, domina-

do por grandes empresas integradas verticalmente, para o novo paradigma

de marketing de rede, que se caracteriza por uma ampla rede de alianças e

parcerias, onde predominam organizações enxutas e mais especializadas, traz

implicações importantes nas relações de poder, confiança e normas sociais. O

tipo de poder que predomina nos chamados relacionamentos diádicos é o

poder de coordenação e controle utilizado, normalmente, por empresas

dominantes sobre empresas dependentes. Este é um tipo de poder basica-

mente manipulativo, que se utiliza de recompensa, coerção e legitimação de

autoridade para fazer com que haja cooperação entre os membros da rede.

Nos relacionamentos de que fazem parte as network organization, o poder é

exercido por intermédio de processos de socialização, revisões conjuntas e

consenso. Experiência e tradição, nestes sistemas, valem muito mais do que

competição. A questão que se coloca é como desenvolver uma cultura de soli-

dariedade tão importante a um sistema de poder descentralizado, onde comi-

tês, formados por membros das empresas, devem agir no interesse de toda a

rede. O relacionamento entre as network organizations deve ser permeado

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por confiança mútua. Cada empresa-membro dentro da rede espera que os

outros membros ajam de forma sincera, leal e não oportunista. Achrol49

comenta que confiança envolve risco, fé e um sistema de auto-verificação.

Risco porque implica alguma incerteza sobre resultados, exigindo que se abra

mão, em parte, de influência e controle. Fé, porque quando condições de fé

mútua podem ser estabelecidas, comportamentos envolvendo a tomada de

risco podem ter lugar. A autoregulamentação porque o sistema deve ter con-

dições de se auto-verificar ao invés de ser gerido por autoridade. As normas

sociais, nas trocas, são padrões de expectativa e aceitação de sentimentos e

comportamentos compartilhados pelos membros de um sistema de trocas que

têm força de obrigações e pressões sociais50. Cinco normas são levantadas pela

literatura: solidariedade, mutualidade, flexibilidade, integridade de papéis e

harmonização de conflitos. A solidariedade é o senso de unidade entre os

membros de uma rede. É uma norma de estabilidade, preservação e às vezes

de sacrifício. Mutualidade diz respeito a agir no interesse coletivo, comparti-

lhando futuros benefícios e prejuízos. Flexibilidade pode ser definida como

expectativas bilaterais de que os termos de troca econômica estão sujeitos a

modificações e adaptações, caso mudanças ambientais assim o exijam.

Integridade de papéis, em relacionamentos de longo prazo como entre as

network organization, assume uma intricada rede de normas internas, costu-

mes sociais e expectativas futuras. A harmonização de conflitos nos relaciona-

mentos network pode ser definida como um espírito de acomodação mútua,

onde os sentimentos devem estar voltados para a resolução de conflitos. Os

benefícios da network organization são conseguidos quando se reconhece os

ganhos gerenciais e econômicos que emergem quando a rede é concebida

como uma mini-sociedade de trocas interdependente, recíproca, caracteriza-

da por restrição de poder, compromisso, confiança, solidariedade, mutualida-

de, flexibilidade, integridade de papéis e harmonização de conflitos.

Conforme o próprio Achrol afirma, tratam-se de variáveis e processos relativa-

mente novos para pesquisadores em marketing, formando um sistema de

gerenciamento bastante novo para os administradores nos Estados Unidos. É

possível afirmar que trata-se de um sistema novo para a cultura ocidental de

uma maneira geral, muito acostumada ao individualismo empresarial e à reso-

lução de conflitos via litígio.

CONCLUSÕES

O presente estudo teve o objetivo de analisar a literatura contemporânea

sobre criação de novos negócios sob o enfoque do marketing estratégico. O

método seguido foi revisar desde a identificação das oportunidades, passan-

do pelo reconhecimento de competências internas, posicionamento de mer-

cado, estratégias de atuação, modelos de organização, até a discussão de

novos modelos de marketing de relacionamento. Algumas constatações

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importantes foram levantadas ao longo das discussões sobre a criação de

novos negócios. Na fase inicial, de identificação de oportunidades, por exem-

plo, verificou-se que o monitoramento ambiental deve ser uma atividade con-

tínua e não pontual, como recomenda o tradicional modelo de planejamen-

to de marketing. Sobre a análise interna, percebeu-se o quão importante é

manter um ambiente dentro da organização que permita que a criatividade

aflore naturalmente, trazendo novas ideias de negócio, processo que costuma

ser abafado, restrito ou mesmo sufocado em pesadas estruturas de grandes

empresas. Mas o fato de a organização saber que tem competências centrais

per si não é suficiente; é essencial que habilidades sejam levadas a mercado

de forma não-míope, ou seja, o objetivo precípuo deve ser a satisfação de

necessidades do consumidor e não a criação de novos produtos. Quanto ao

posicionamento, viu-se que todo o esforço de combinar um mix ideal de

marketing tem por finalidade encontrar um espaço na mente do consumidor.

É preciso estar atento para os posicionamentos que ocorrem à revelia da

empresa, ou seja, o público-alvo não entende a estratégia que a organização

tentou comunicar e assume um entendimento próprio e distorcido. Com rela-

ção às estratégias de atuação e de crescimento verificou-se que, a despeito de

todo o rol de possibilidades existentes, é fundamental que cada organização

tenha a sensibilidade necessária para escolher as soluções que melhor se ajus-

tem à sua realidade de negócios, devendo ser evitados os modismos do

momento. Sobre organização, desperta a atenção o fato de que as arquitetu-

ras organizacionais, que evoluíram ao longo do tempo, geralmente, procuram

resolver o problema de administrar estruturas produtivas cada vez maiores.

Pouco interesse, no entanto, tem sido direcionado a estruturas organizacio-

nais que sejam capazes de criar novas alternativas de negócios de forma sus-

tentada, revelando equipes de grande valor e reconhecendo competências

centrais da empresa. Vale lembrar que uma das estruturas organizacionais

mais criativas é justamente aquela em que não há estrutura alguma, como em

pequenos negócios emergentes. Por fim, foram apresentados novos modelos

de marketing de relacionamento, onde não somente a satisfação do consumi-

dor é levada em conta, mas também o modo como a empresa trabalha o seu

relacionamento com toda a cadeia de valor, como fornecedores, distribuido-

res e outros públicos. Procurou-se destacar os benefícios das novas organiza-

ções de rede, que podem predominar em futuro próximo, onde os ganhos

gerenciais e económicos advêm de trocas que ocorrem em ambiente caracte-

rizado por restrição de poder, compromisso, confiança, solidariedade, mutua-

lidade, flexibilidade, integridade de papéis e harmonização de conflitos.

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1 Bacharel, Mestre e Doutorando em Administração de Empresas pela Faculdade de

Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo com especia-

lização em Marketing. Desenvolve pesquisas acadêmicas nas áreas de desenvolvimen-

to de novos produtos, marketing estratégico, adoção de tecnologia e marketing no

comércio eletrônico. E-mail: [email protected].

2 Professor Titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia,

Administração e Contabilidade da USP. E-mail: [email protected].

3 Andrews, Kenneth R. In Mintzberg, Henry; Quinn, J.B - The strategy process: concepts,

contexts, and cases - Prentice-Hall, Inc., 1996.

4 Aaker, David A. - Developing Business Strategies, John Wiley & Sons, Inc. 1995, p 12.

5 Levitt, Theodore, A Imaginação de Marketing, Atlas, 1985, p. 22.

6 Aaker, David A., op.cit., p. 22.

7 Prahalad, C.K; Hamel, Gary - The Core Competence of the Corporation - Harvard

Business Review, May/June, 1990, pp 79-91.

8 Bartlett, C.A.; Ghoshal, S. - Beyond Strategic Planning to Organization Learning:

Lifeblood of the Individualized Corporation - Strategy & Leadership, Jan/Feb, 1998, pp

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10 Anderson, E.; Day, George S.; Rangan, V.Kasturi - Strategic Channel Design - Sloan

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11 In Gibson, Rowan - Repensando o Futuro, Makron, 1998, p. 44.

12 Andrews, Kenneth R. In Mintzberg, Henry; Quinn, J.B, op.cit., p. 48.

13 Levitt, Theodore, Miopia em Marketing, Harvard Business Review, 1960

14 Kotler, Philip - Administração de Marketing – Editora Atlas, 1994, p. 75.

15 Cravens, David W. - Strategic Marketing – Richard D.Irwin Inc., 1994, pp 12-13.

16 As pessoas consomem com base em suas necessidades.

17 Cravens, David W., op.cit. p. 99.

18 Os 4 ps do modelo de Jerome McCarthy.

19 Ries, Al; Trout, Jack - Posicionamento - A batalha pela sua mente - Pioneira, 1996.

20 Rubens Costa Santos, publicação interna. Programa de Doutorado/FEA -

Universidade de São Paulo. 1998.

21 Porter, Michael - Estratégia Competitiva - Campus, 1986, pp. 49-54.

22 Carneiro, J.M.T.; Cavalcanti, M.A.F.D.; Silva, J.F. - Porter Revisitado: Análise Crítica da

Tipologia Estratégica do Mestre - Enanpad, 1997 - Rio das Pedras, RJ.

23 Mintzberg, Henry, Generic Strategies: Toward a Comprehensive Framework,

Advances in Strategic Management, v.5 JAI Press Greenwich - CT pp.1-67, 1988 IN

Carneiro, J.M.T.; Cavalcanti, M.A.F.D.; Silva, J.F., op.cit.

24 Kotler, Philip, op.cit., pp. 81-83.

25 Ansoff, Igor - Strategies for diversification. Harvard Business Review, Sep/Oct, 1957,

p.114 In Kotler, Philip, op.cit.

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26 Business Week -, Latin American Edition/May 31, 1999, pp. 48-55 - In the Ring: eBay

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27 Gerry, Johnson - Exploring Corporate Strategy: text and cases - Prentice Hall interna-

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28 Mintzberg, Henry - Criando Organizações Eficazes - Atlas, 1995.

29 Gerry, Johnson, op.cit.

30 Milgrom, Paul; Roberts, John - Economics, Organization and Management - Prentice

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31 Gerry, Johnson, op.cit.

32 Prahalad, C.K; Hamel, Gary - The Core Competence of the Corporation - Harvard

Business Review, May/June, 1990, pp 79-91.

33 Gerry, Johnson, op.cit.

34 Smith, Adam - A Riqueza das Nações - Investigação Sobre sua Natureza e suas Causas

- São Paulo, Abril Cultural, 1983.

35 Coase, R.H. - The Firm, The Market and The Law – The University of Chicago Press,

1988.

36 Mercado: uma coleção de compradores e vendedores que interagem, resultando na

possibilidade de troca -Pindyck, R.S.; Rubinfeld, D.L. - Microeconomics -Prentice-Hall,

Inc., 1995.

37 Milgrom, Paul; Roberts, John - Economics, Organization and Management - Prentice

Hall, 1992.

38 Milgrom, Paul; Roberts, John., op.cit.

39 Weitz, B.A.; Jap, S.D. - Relationship Marketing and Distribution Channels - Journal of

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40 Dahlstrom, R.; McNeilly, K.M.; Speh, T.W. - Buyer-Seller Relationships in the

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41 Dahlstrom, R.; McNeilly, K.M.; Speh, T.W., op.cit.

42 Tradução livre.

43 Weitz, B.A.; Jap, S.D. - Relationship Marketing and Distribution Channels - Journal of

the Academy of Marketing Science. vol.23, n° 4, pp. 305-320.

44 Weitz, B.A.; Jap, S.D., op.cit.

45 Williamson, Oliver - The Economic Institutions of Capitalism, Free Press, 1985.

47 Achrol, Ravi S., op.cit.

48 Achrol, Ravi S., op.cit.

49 Achrol, Ravi S., op.cit.

50 Achrol, Ravi S., op.cit.

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REVISTA FAE BUSINESS NÚMERO 8 MAIO 2004

ESTRATÉGIAS DE NICHO PARA PEQUENAS EMPRESAS

ATENDIMENTO ESPECIALIZADO E INTIMIDADE COM O CLIENTE

PODEM SER O DIFERENCIAL COMPETITIVO DAS PEQUENAS EMPRESAS

Marcos KathalianGraduado em Comunicação Social, mestre em Multimeios

e professor da FAE Business School.

E-mail: [email protected]

De um ponto de vista estrutural, a estratégia de nicho é a mais usual para a

pequena empresa. As médias e grandes empresas interessam-se até o nível do

segmento de mercado, raramente até o nicho, pois entendem que este não é

lucrativo. Os altos custos fixos e a envergadura de uma grande corporação exi-

gem uma massa crítica de clientes que, salvo algumas excepções, não justifi-

cam uma operação para nichos de mercado. Dessa forma, os mercados de

nicho acabam possibilitando a entrada de apenas um ou dois grandes playerse permitindo a adesão de uma vasta rede de pequenas empresas. Vários

exemplos podem ser oferecidos, da indústria de alimentos ao varejo, de

softwares a serviços em geral. Eis alguns deles:

• Mercado de alimentação integral e orgânica - No Brasil, o mercado

interno de alimentos orgânicos e integrais ainda está restrito a uma

pequena parcela da população (problemas de limitação de renda e cul-

tura de consumo). Esse sector tem sido dominado em toda a cadeia por

pequenos produtores ou empresas que, no entanto, conseguem auferir

margens maiores que as do sector de alimentos processados.

• Mercado de software - Enquanto ocorre a contenda Microsoft X

softwares livres, uma ampla gama de pequenas empresas desenvolve

softwares especializados, que atendem desde segmentos de mercado

(mercados imobiliário, de automação comercial, etc.) até necessidades

específicas de mercados específicos (softwares de segurança para tran-

sacções bancárias).

• Varejo - Vocação natural do pequeno empreendedor, o varejo (seja de

bens, serviços ou alimentação) especializasse por produto, mercado,

público-alvo ou região com uma série de lojas que se tornam referência

em sua área, como “Rei das Fechaduras”, “Prata Fina”, “Beto Batata”,

todas localizadas em Curitiba, entre tantos outros exemplos.

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• Serviços – Outra vocação da pequena empresa, os serviços são fáceis de

customizar para o nicho, como serviços de consultorias de mercado para

hotelaria ou de agências de propaganda especializadas em atender à

indústria farmacêutica.

Está claro que os nichos apresentados anteriormente são pouco atraentes

para a grande empresa e por isso mesmo não são atendidos de forma adequa-

da. Para a pequena empresa ser bem-sucedida no nicho escolhido, precisará

conquistar intimidade com o seu cliente e conhecer suas especificidades, para

satisfazê-lo de forma única. A lógica de atendimento ao nicho pressupõe a

capacidade de transformar o conhecimento do nicho em produtos e serviços

de valor superior. O cliente do nicho, quando encontra um fornecedor ade-

quado, está disposto a pagar um sobrepreço por essa especialização, justifi-

cando a margem e a lucratividade para a pequena empresa. Portanto, a ideia

básica que sustenta a estratégia de nicho é a de especialização. Observem-se

algumas possibilidades interessantes sugeridas pela especialização em uma

estratégia de nicho:

• Especialista em usuário final - Uma boa solução pode ser a segmentação

demográfica do mercado pela ocupação profissional e pelas necessida-

des a ela associadas. Por exemplo, há empresas que se especializam em

atender dentistas (Dabi Atalante), vendedores (revista Venda Mais),

montanhistas (Loja Mont Blanc, Acampar), executivos em busca de

novas oportunidades (empresas de outplacement), entre tantos outros.

Essa estratégia consiste em projectar produtos e serviços que atribuam

um valor superior ao da concorrência sectorial.

• Especialista em canal - Algumas empresas se especializam em atender a

um determinado canal de distribuição, por exemplo: bancas de jornal

(Fernando Chinaglia-RJ), lojas de conveniência ou mesmo canais de

marketing directo como a Internet (sites de compra sectoriais). Esse tipo

de especialização funciona quando para o canal é mais conveniente

centralizar suas compras em poucos fornecedores (redução de custo de

pedidos) e quando a gestão do stock é mais apropriada. Cada canal pos-

sui um mix que deve girar num determinado prazo, sob determinadas

condições. Isso é especializa-se no canal.

• Especialista em produto ou linhas de produto - É a mais comum das

especializações. Pode ser em uma linha de granolas (Jasmine-PR), em

lingerie (Só Lingerie-SP), em distribuição de bebidas de todos os tipos

(Adega Brasil-PR), em uniforme escolar (Cleide Uniformes-PR) ou em

uma loja de materiais de pesca. O especialista de produto goza de pres-

tígio pela qualidade e variedade, porém sua posição pode se fragilizar

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em função de oscilações no mercado, ou de mudanças nas orientações

de seus consumidores, ou mesmo de mudanças mais gerais no ambien-

te tecnológico. Clientes não compram produtos, mas necessidades por

eles satisfeitas. Dizendo de outra maneira, clientes não compram exac-

tamente cereais matinais, mas sim alimentação saudável. É o problema

que Levitt denominava de “miopia de produto”1.

• Especialista em mercados - Existem duas redes varejistas (retalhistas)

cariocas que são especialistas em atender clientes de baixa renda: a

Rede Mundial e a Rede Guanabara. Localizadas sempre em regiões peri-

féricas do Rio de Janeiro, trabalham com mix incomum, entre marcas

conhecidas e regionais, abusam de promoções, comunicam-se de

maneira popular e privilegiam o contacto físico com os clientes.

Resultado: num mercado concentrado como o varejo de alimentos, con-

tinuam crescendo e abrindo novas lojas. A própria Casas Bahia começou

assim. Do mesmo modo, mas em outro extremo, a rede Zona Sul, loca-

lizada na zona sul carioca, especializou-se em atender clientes sofistica-

dos, com mix de produtos importados e marcas finas. E para terminar,

ainda na mesma cidade, a Rede Mundo Verde especializou-se em ofe-

recer a maior variedade possível de alimentos energéticos, naturais,

integrais, biodinâmicos, em suma, associados a uma concepção filosófi-

ca de cunho naturalista.

• Especialista em ocasião - Em Curitiba, existe um pequeno trecho da

Avenida Marechal Deodoro inteiramente especializado em atender a

uma ocasião específica: o casamento. São diversas lojas e serviços que

oferecem tudo de que uma noiva precisa, do convite de casamento aos

serviços de buffet, passando, claro, pelo vestido. Essas não são as únicas,

nem as melhores opções de especialização, apenas as mais praticadas.

Na verdade, a especialização decorre da própria crescente complexida-

de do mercado, do vigor da economia de serviços e das necessidades de

diferenciação da oferta. Não é um fato que se restringe às pequenas

empresas, pois o diagnóstico que justifica o seu crescimento está pre-

sente nas análises das grandes empresas. Estas, contudo, ainda se deba-

tem para conceber o momento certo, a hora exacta, o tamanho apro-

priado que viabilize a sua operação, já que possuem outros mercados

maiores que oferecem retorno mais rápido. Uma excepção interessante

de grande empresa que trabalha o nicho está no exemplo da Nike, já

que ela costuma atender aos mais diversificados nichos de calçados des-

portivos. Essa empresa concentra-se em Pesquisa e Desenvolvimento,

além de marketing e vendas, terceirizando a produção, o que facilita a

operação do nicho.

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INTIMIDADE COM O CLIENTE

Diagnostica-se que o clássico marketing de massa morreu, que actualmente

vive-se o micro marketing, o marketing one to one, a segmentação de merca-

do, todos apoiados por ferramentas de análise sofisticadas, como softwares

de banco de dados e CRM2. Se isso é verdade (e as grandes empresas sabem

disso), então por que é tão difícil para elas atender bem o nicho?

Além das razões estruturais da escala, existem dificuldade organizacionais

básicas, como processo decisório hierarquizado, excesso de controlos burocrá-

ticos e sobrecarga de tarefas, além de todos os problemas possíveis gerados

pela customização de uma linha de produção. É exactamente nesse ponto que

a pequena empresa leva vantagem. Ela pode e deve ser flexível, deve reagir

rápido ao mercado e, principalmente, não deve perder o vínculo construído

com o nicho. Especialmente do ponto de vista geográfico, ou mesmo do de

mercado entre empresas, a facilidade para a construção de vínculos de relaci-

onamento baseados no conhecimento das necessidades particulares dos clien-

tes acaba constituindo barreira de entrada importante para outros competi-

dores. Tome-se como exemplo o caso de uma pequena escola de bairro. Além

da conveniência representada pela localização, a única estratégia possível de

sobrevivência para ela é a construção de vínculos de relacionamentos que par-

ticularizem o atendimento, isto é, façam com que o cliente seja atendido de

forma única – já que não existe outra possibilidade de competir.

NO RASTRO DOS TUBARÕES

Uma outra abordagem interessante para o desenvolvimento de uma estraté-

gia de nicho é a observação do ciclo de consumo em um mercado-alvo. Quem

são os consumidores? Onde eles compram? Quando eles compram? Por que

eles compram? Quais são as necessidades atendidas pelo produto ou serviço,

de fato?

O que os clientes priorizam? Deve-se notar que o maior valor entregue ao

consumidor ocorrerá na redução de custos de procura e uso (o que justifica

por exemplo o pequeno varejo periférico) ou no aumento de benefícios per-

cebidos. Do ponto de vista de custos de uso, um importante custo não finan-

ceiro que os clientes desejam ver reduzido é o custo temporal, isto é, clientes

querem despender menos tempo na compra e consumo de bens e serviços.

Assim, um lava-car instalado num supermercado pode reduzir o custo de

tempo do cliente e essa economia gera valor ao cliente. Na estratégia de

nicho, quanto mais específico for o nicho, mais especializado, maior terá que

ser a cobertura de mercado, para que o pequeno volume de clientes justifique

a existência da empresa. O que não quer dizer que não pode ser um bom

negócio. Algumas empresas de arquitectura especializaram-se em “projectar

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restaurantes” (Fiúza-SP) ou em “projectar hospitais”, algumas agências de

design, em projectar embalagens de vidro para a indústria de bebidas (Hy

Design-SP). Muito específico? Tanto melhor, essa é a característica do nicho e

é difícil, por exemplo, imaginar um grande conglomerado de publicidade

querendo competir ou tendo competência para competir aí. O resultado? A

única queixa que elas possuem é de excesso de trabalho.

Uma sugestão final para reduzir a mortalidade das empresas: encontre um

nicho, especialize-se e, claro, não descuide das outras competências da gestão.

Oportunidade não é o que todos vêem, mas pode ser aquilo que os outros

desprezam. Olhe para o lado. O que é que a grande empresa não quer aten-

der? Que tal uma linha de alimentos para dietas especiais? Ou uma loja de

chocolates finos pela Internet? Ou um software de gestão de academias de

ginástica? Ou um serviço de selecção de ponto para clínicas médicas? No ras-

tro dos grandes tubarões podem viver muito comodamente os peixinhos.

NOTAS

1 LEVITT, Theodore. Marketing myopia. Harvard Business Review, 1960.

2 Costumer Relationship Management (CRM): sistema de administração do relaciona-

mento com o cliente que integra informações com o objectivo de conhecer melhor o cli-

ente, atendê-lo melhor, fazê-lo comprar mais e retê-lo.

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Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

Módulo II – Marketing Mix

Módulo III – Análise de Mercado

Marketing estratégico

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Marketing estratégico para PME’s

XII. TRANSPARÊNCIAS

51

Objectivos:

• Aplicar os conceitos de estratégia empresarial noâmbito das pequenas e médias empresas (PME’s)

• Perceber e aplicar as estratégias de Ansoff no con-texto das PME’s

• Caracterizar e aplicar as estratégias genéricas dePorter no contexto das PME’s

Módulo I

Estratégias de Marketing

– Enquadramento

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Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

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Estratégia Corporativa (Geral):

• É no nível da Estratégia Geral, que são tomadas asprincipais decisões, como é o caso da manutenção ouintrodução de produtos no mercado.

• Ansoff propõe uma matriz, onde apresenta 4 estraté-gias possíveis de implementar neste nível.

Estratégia – Conceitos Gerais:

• Visão ou Intenção Estratégica – Aspirações futuras porparte da empresa – O que pretende ser ou alcançar

• Missão – propósito central da empresa, respeitandoos valores e expectativas de todos aqueles que têminteresses na empresa (Stakeholders)

• Objectivos – Aprofundamento dos propósitos daempresa (quantificação sempre que possível)

• Estratégia – As medidas a tomar para a empresa atin-gir os seus objectivos

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Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

53

Estratégia Corporativa (Geral):

• Estratégias de Penetração de Mercado• Persuadir os actuais clientes através da demonstra-

ção dos benefícios• Atrair os clientes da concorrência estimulando a

mudança da marca• Seduzir os não usuários a utilizar e adquirir o pro-

duto

• Estratégia de Desenvolvimento de Mercado• Identificação de potenciais clientes • Utilização de novos canais de distribuição• Venda de produtos noutras regiões

Estratégia Corporativa (Geral)

Figura 1.1 - Matriz Ansoff

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Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

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PRODUTOS

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TUA

IS

ACTUAIS NOVOS

NO

VO

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1. Estratégia depenetração de mercado

2. Estratégia dedesenvolvimento

de mercado

3. Estratégia dedesenvolvimento

de produto

(Estratégia dediferenciação)

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Estratégia Corporativa (Geral):

• Estratégia de Diversificação• Concêntrica – atingir uma nova classe de consumi-

dores através da utilização de sinergias tecnológi-cas e/ou de marketing, semelhantes às dos produ-tos actuais, em novos produtos.

• Horizontal – introdução de novos produtos deinteresse para os consumidores actuais, sem relaci-onamento tecnológico com as linhas dos produtosexistentes.

• Conglomerado – procura de novos negócios semrelacionamento com a sua tecnologia, produtos oumercados actuais.

Estratégia Corporativa (Geral):

• Estratégias de Desenvolvimento de Produto• Criação de novos níveis de qualidade do produto• Novas alternativas tecnológicas• Inserção de novas características no produto actual

• Estratégia de Diversificação• Concêntrica • Horizontal • Conglomerado

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Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

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Estratégias Competitivas - Estratégias Genéricas

• Liderança no Custo Total– Prática de preços mais baixos que os concorrentes

– Protecção contra os concorrentes da empresa

– Proteger a posição da empresa

• Diferenciação– Lançamento de um produto distinto relativamente concorrência

– Diferenciação por forma a reduzir a sensibilidade ao preço

• Focalização– Especialização num grupo, segmento ou mercado geográfico

Estratégias Competitivas - Estratégias Genéricas

• As estratégias demonstram as formas de atingir osobjectivos definidos

• As três estratégias genéricas, a seguir representadas,têm como principal finalidade superar as empresasconcorrentes:

• Liderança no custo total • Diferenciação• Focalização

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Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

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Estratégias Competitivas - Estratégias Genéricas

• Liderança no Custo Total

Estratégias Competitivas - Estratégias Genéricas

Figura 1.2 - Matriz Genéricas

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Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

Recursos e habilidadesem geral requeridos

- Investimento de capital sustentadoe acesso ao capital

- Boa capacidade de engenharia deprocesso

- Supervisão intensa de mão-de-obra

- Produtos projectados para facilitara fabricação

- Sistema de distribuição com baixocusto

Requisitos empresariaiscomuns

- Controlo de custo rígido

- Relatórios de controlo frequentes edetalhados

- Organização e responsabilidadesestruturadas

- Objectivos baseados em metasestritamente quantitativas

VANTAGEM ESTRATÉGICA

Unicidade observada pelo cliente

Posição de baixo custo

No âmbito do mercado

total

Apenas um segmento em particular

ALVO

ESTRATÉGICO

DIFERENCIAÇÃOLIDERANÇA NO CUSTO

TOTAL

FOCALIZAÇÃO

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Estratégias Competitivas - Estratégias Genéricas

• Focalização

• Na Focalização a empresa pode obter uma posiçãode diferenciação e/ou de baixo custo, pelo que aspoliticas anteriormente referidas nos dois quadrosanteriores são aqui aplicáveis

• Na focalização as politicas estão centradas/focali-zadas para uma meta em particular

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Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

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Estratégias Competitivas - Estratégias Genéricas

• DiferenciaçãoΩ

Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

Recursos e habilidadesem geral requeridos

- Grande habilidade de marketing- Engenharia do produto- Inteligência criativa- Grande capacidade de pesquisa básica- Reputação da empresa como líder

em qualidade ou tecnologia- Longa tradição no mercado ou

combinação ímpar de habilidadetrazida de outros negócios

- Forte cooperação dos canais

Requisitos empresariaiscomuns

- Forte coordenação entre funçõesem I&D, desenvolvimento do pro-duto e marketing

- Avaliações e incentivos subjectivosem vez de medidas quantitativas

- Ambiente ameno para atrair mão-de-obra altamente qualificada,cientistas ou pessoas criativas

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Módulo II

Marketing Mix

Exercícios:

1 - Em relação à empresa onde está inserido, defina avisão, missão, objectivos e estratégia, de forma acumprir os requisitos de cada definição exposta.

2 - Atendendo à matriz de Ansoff, identifique quais asestratégias que a sua empresa tem utilizado.Exemplifique.

3 - Indique qual/quais as estratégias genéricas que aempresa onde se insere tem utilizado para se dife-renciar da concorrência. Pensa que existiria outramais adequada? Qual e porquê?

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Módulo I – Estratégias de Marketing – Enquadramento

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O Produto

• O produto, o preço, a distribuição e a promoção sãoelementos do marketing mix

• O Produto é algo que se oferece num mercado paraque seja adquirido, para satisfazer uma necessidadeou desejo

• O produto tem associados três elementos distintos: • Os atributos - marca, qualidade, embalagem, tamanho...

• Os benefícios - elementos que o consumidor percebe como indo

de encontro às suas necessidades

• Os serviços - entrega, a garantia e o serviço pós-venda

Objectivos

• Definir e identificar as estratégias que podemser utilizadas nos estágios do ciclo de vida doproduto

• Distinguir e aplicar os modelos de portfolio aqualquer produto ou unidade de negócio

• Conhecer as estratégias de produto, preço, dis-tribuição e publicidade mais adequadas à situ-ação das empresas e aos seus objectivos

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Módulo II – Marketing Mix

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O Produto

• O ciclo de vida do produto apresenta cincofases (continuação):

• Crescimento - período de rápida aceitaçãodo produto no mercado

• Maturidade - o produto já atingiu a maioriados compradores potenciais

• Declínio - queda nas vendas e um desa-parecimento dos lucros

O Produto

• O produto é o elemento central do marketingmix e tem, inerente, um ciclo de vida queinfluência a escolha da estratégia

• O ciclo de vida do produto apresenta cincofases:

• Desenvolvimento do produto - quando aempresa encontra e desenvolve uma ideiade um novo produto

• Introdução - quando se introduz o produtono mercado

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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O Produto

• Diversas estratégias de marketing podem ser utiliza-das no decurso do ciclo de vida do produto.

• Apresentam-se, de seguida, as estratégias que podemser utilizadas em cada uma das fases do ciclo de vidado produto

• A fase de desenvolvimento do produto é a mais difícilpara a empresa pois nesta etapa, as vendas não exis-tem e os custos de investimento da empresa são ele-vados. Pelo que é necessário um bom suporte finan-ceiro.

O Produto

Figura 2.1 Ciclo de Vida do Produto

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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Estágio de introdução

Estágio de crescimento

Estágio de maturidade

Estágio de declínio

Tempo

Vendastotais domercado

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O Produto

• Estratégias de Marketing na Fase de Introdução

Figura 2.2 Ciclo de Vida do Produto

O Produto

• Estratégias de Marketing na Fase de Introdução

• No lançamento do novo produto a empresa pode esta-belecer um nível alto ou baixo para as quatro variáveis:

• Preço• Promoção• Distribuição• Qualidade do produto

• Se apenas for considerado o preço e a promoção,podem utilizar-se quatro estratégias de marketing(fig. 2.1)

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

∑ Estratégia de desnatamento

rápido

∑ Estratégia de penetração

rápida

∑ Estratégia de penetração

lenta

∑ Estratégia de desnatamento

lento

PROMOÇÃOAlta Baixa

PREÇO

Alto

Baixo

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O Produto

• Estratégias de Marketing na Fase de Introdução

• Estratégia de penetração rápida adequada quando:– Se trata de mercados amplos sem conhecimento do produto

– Existe sensibilidade ao preço por parte dos compradores

– Existe uma concorrência potencial forte

• Estratégia de penetração lenta adequada quando:– O mercado é amplo e consciente da existência do produto

– Existe sensibilidade ao preço

– Existe alguma concorrência potencial

O Produto

• Estratégias de Marketing na Fase de Introdução

• Estratégia de desnatamento rápido é adequada quando:– Parte do mercado não tem conhecimento do produto

– A empresa pretende desenvolver preferência pela sua marca porque

enfrenta uma concorrência forte

• Estratégia de desnatamento lento adequada quando:– Se trata de um mercado com tamanho limitado

– O produto não é conhecido pela maioria dos consumidores

– Existe consciência do produto por parte dos clientes

– Não existe concorrência potencial iminente

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Módulo II – Marketing Mix

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O Produto

• Estratégias de Marketing na Fase de Maturidade

• Nesta fase por norma as empresas optam por abandonaros produtos menos rentáveis, concentrando os seus recur-sos nos produtos mais rentáveis e/ou novos produtos.

• As empresas podem aumentar do número de utilizadoresatravés:

– Converter não usuários em usuários

– Entrar em novos segmentos de mercado

– Conquistar os consumidores da concorrência

O Produto

• Estratégias de Marketing na Fase de Crescimento

• Nesta fase a empresa pode optar por diversas estratégiascapazes de sustentar o rápido crescimento do mercado:

– Melhoramento da qualidade do produto

– Novos modelos

– Direccionamento para novos segmentos de mercado

– Aumento da cobertura de mercado e canais de distribuição

– Alteração da publicidade

– Diminuição dos preços

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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O Produto

• Estratégias de Marketing na Fase de Maturidade

• As empresas para aumentar as suas vendas podemtambém alterar as características dos seus actuaisprodutos, recorrendo a três estratégias:

– Melhoria da qualidade (durabilidade, confiabilidade, veloci-

dade, valor).

– Melhoria das características (aumento da conveniência, ver-

satilidade e segurança do produto).

– Melhoria do estilo (apelar às questões estéticas do produto)

O Produto

• Estratégias de Marketing na Fase de Maturidade

• As empresas para aumentar o volume de vendaspodem convencer os utilizadores a aumentar ataxa de uso anual através:

– Uso mais frequente

– Maiores usos por ocasião

– Novas e mais variadas utilizações

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Módulo II – Marketing Mix

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O Produto

• Análise de Produtos

• Com a análise dos produtos pretende-se saberonde estes se posicionam, de forma a facilitar atomada de decisões

• Esta análise tem por base o estudo do portfolio oucarteira de produtos e negócios da empresa

• A analise do portfolio permite decidir se o investi-mento deve ser maior, menor ou nenhum, e sedeve desenvolver estratégias de crescimento adi-cionando novos produtos ou negócios

O Produto

• Estratégias de Marketing na Fase de Declínio

• Nesta fase existe a opção de continuar com o pro-duto, alterar a estratégia de marketing ou aban-donar o produto

• Existem cinco estratégias possíveis nesta fase: • Aumento do investimento para manter ou fortalecer a sua

vantagem competitiva

• Manter o nível de investimento enquanto houverem incertezas

• Retrair selectivamente o nível de investimento da empresa

• Recuperar o investimento da empresa

• Desacelerar rapidamente o negócio

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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O Produto

• Análise de Produtos

• A Matriz BCG classifica cada unidade estratégicade negócio, conforme a sua localização na matriz,podendo esta assumir as seguintes designações:

– Estrelas (negócios com liderança num mercado de grande

crescimento)

– Pontos de interrogação (negócios com alta taxa de cresci-

mento e baixas participações relativas de mercado)

– Vacas leiteiras (negócios que geram rendimentos suficientes que

suportam o seu crescimento, paga os dividendo e os gastos)

– Cães (negócios que geram pouco lucro ou que dão prejuízo)

O Produto

• Análise de Produtos• Existem modelos que auxiliam as empresas no posi-

cionamento das suas unidades estratégicas de negó-cio, que pode assumir a forma de uma divisão,marca, linha de produtos ou um produto, que são a:

– Matriz BCG (desenvolvida pela Boston Consulting Group,

considera a taxa de crescimento do mercado e a quota de

mercado relativa)

– Análise de portfolio da GE (relaciona a atractividade do

mercado com a força competitiva da empresa)

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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O Produto

• Análise de Produtos

• O modelo da General Electric (GE) ultrapassa algu-mas das limitações da matriz BCG uma vez querelaciona a atractividade do mercado com a forçacompetitiva da empresa

• O modelo de portfolio multifactorial da GeneralElectric, são posicionados círculos que representamo mercado. A quota de mercado da unidade denegócio é colocada a sombreado

O Produto

• Análise de Produtos

Figura 2.3 Matriz BCG

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38

Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

Estrelas

cash flowmodesto

Cães

cash flowmodesto

Pontos de interrogação

cash flowmuito negativo

vacas leiteiras

cash flowmuito positivo

Cash flow

óptimo

Taxa

de

cres

cim

ento

de

mer

cad

o

Quota de mercado relativa

69

O Produto

• Análise de Produtos

• A matriz da General Electric (GE) encontra-se dividida emnove células que representa três zonas:

• As três células da parte superior esquerda indicam unidades estratégi-

cas de negócio que a empresa deve investir/crescer

• As três células do canto inferior direito apresentam-se como unidades

estratégicas de negócio fracas e, por isso, a empresa deve pensar em

desacelerar ou mesmo abandonar

• As três células que fazem a diagonal, sugerem que a empresa deve pro-

curar seleccionar na perspectiva de ter lucros, uma vez que a atractivi-

dade global é média

O Produto

• Análise de Produtos

Figura 2.4 Modelo de Portfolio Multifactorial da General Electric

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40

Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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FORÇA DO NEGÓCIO

Investir/Crescer Selectividade/Ganhos Desacelerar/Abandonar

ATR

AC

TIV

IDA

DE

DE

MER

CA

DO

Bai

xaM

édia

Alt

a

Forte

1,001,00

2,33

2,33

3,67

3,67

5,00

5,00

Média Fraca

Juntas

Bombashidráulicas

Embreagens

Diagramasflexíveis

Encaixesaeroespaciais

Bombas decombustível

Válvulasdeescape

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O Produto

• Análise de ProdutosFigura 2.5 Estratégias de portfolio

O Produto

• Análise de Produtos

• Para cada posicionamento da célula da matriz da GeneralElectric (GE) existem estratégias associadas (fig. 2.5)

41

42

Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

PROTEGER A POSIÇÃO• Investir para crescer o máximo • Concentrar esforços para

manter a posição

INVESTIR PARA CRESCER• Desafiar a liderança• Crescer selectivamente nos

pontos fortes• Reforçar áreas vulneráveis

CRESCER SELECTIVAMENTE• Especializar-se em posições

competitivas bem definidas• Desenvolver habilidades para

deter os concorrentes• Enfatizar a rentabilidade através

do aumento da produtividade

CRESCER SELECTIVAMENTE • Investir selectivamente nos

segmentos mais atraentes• Desenvolver habilidades para

deter os concorrentes• Enfatizar a rentabilidade através

do aumento da produtividade

SELECTIVIDADE/ÊNFASE NO LUCRO

• Proteger o programa actual• Concentrar os investimentos

em segmentos de boa renta-bilidade e de riscos relativa-mente baixos

EXPANSÃO LIMITADA OU DESACELERAÇÃO

• Procurar maneiras de expan-dir sem alto risco ou minimi-zar o investimento e raciona-lizar operações

PROTEGER E REORIENTAR• Administrar os lucros actuais• Concentrar em segmentos

atraentes • Defender a posição competi-

tiva

PROTEGER E REORIENTAR • Proteger a posição na maio-

ria dos segmentos rentáveis• Ampliar a linha de produtos• Minimizar o investimento

ABANDONAR• Vender no momento certo

para maximizar o capitalinvestido

• Cortar os custos fixos e evitarnovos investimentos

POSIÇÃO COMPETITIVAForte Média Fraca

Alta

Média

Baixa

AT

RA

CT

IVID

AD

E D

E M

ER

CA

DO

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O Produto

• Politicas do Produto

• No Produto como variável estratégica, podem serconsiderados 4 tipos de estratégias:

– Estratégia de líder de mercado (empresas que possuem uma

maior participação no mercado em termos da procura do

produto, funcionando como ponto de orientação para a

concorrência)

– Estratégia de desafiador do líder (neste caso as empresas

podem optar por “atacar” o líder de mercado; as empresas

do seu tamanho a atravessar dificuldades; pequenas empre-

sas locais que se encontram em dificuldades

O Produto

• Politicas do Produto

• As políticas do produto são influenciadas por:

• Ciclo de vida do produto – Útil para deduzir as formas de

comportamento de produtos desde a fase embrionária até

ao declínio

• Análise de portfolio -– contribui para decisões relacionadas

com cada produto ou unidade de negócio

• Linha do produto – é desenvolvida quando as necessidades

de todos os consumidores não são satisfeitas

• Produto como variável estratégica – tipo de estratégia do

produto a considerar

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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O Produto

• Estratégias de Marca

• As empresas podem optar por quatro estratégiasda marca (fig. 2.6):

– Estender a sua linha de produtos - quando a empresa opta

por lançar artigos adicionais na mesma categoria de produ-

to com a mesma marca. Ex: Novos sabores na categoria de

produtos já existentes.

– Estender a marca - quando a empresa decide lançar um

novo produto numa nova categoria com a marca existente.

Ex: Marcas de vestuário que estenderam a sua marca para

bijuterias, cosméticos, perfumes...

O Produto

• Politicas do Produto

• (Continuação):

– Estratégia de seguidor (as empresas podem optar por copi-

ar o líder; imitar o líder; ou melhorar o produto do líder)

– Estratégia de ocupantes de nicho (quando as empresas

optam pela especialização, podendo esta assumir diferentes

formas, tais como: geográfica, segmento, canal de distribui-

ção, entre outros)

45

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

73

O Produto

• Estratégias de Marca

Figura 2.6 Estratégias de Marca

O Produto

• Estratégias de Marca

• (Continuação):

– Criar multimarcas - lançamento de novas marcas na mesma

categoria de produtos. Ex: a Procter & Gamble produz 9

diferentes tipos de detergente em pó.

– Criar marcas novas – quando a empresa consta que as mar-

cas que possui não se adequam ao lançamento de produtos

em novas categorias. Ex: A Nestlé‚ com as marcas, camy para

gelados, Maggi para sopas e caldos.

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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Extensão de linha

Multimarcas Novas marcas

Extensão de marca

CATEGORIA DO PRODUTO

NOME DA MARCA

Existente

Existente

Nova

Nova

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O Preço

• Objectivos do preço

• A empresa tem ao seu dispor nove estratégias depreço em função da qualidade

Figura 2.7 Estratégias de preço/qualidade

O Preço

• Objectivos do preço

• A empresa quando fixa o preço pode pretenderalcançar os seguintes objectivos:

• Sobrevivência

• Maximização do lucro

• Maximização da facturação

• Maximização do crescimento das vendas

• Maximização da desnatação de mercado

• Liderança na qualidade

• Outros objectivos de preço

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

1. Estratégia premium

2. Estratégia de alto valor

3. Estratégia de valor supremo

4. Estratégia de alto preço

5. Estratégia de preço médio

6. Estratégia de valor médio

7. Estratégia de desconto

8. Estratégia de falsa economia

9. Estratégia de economia

Preço

Qu

alid

ade

do

pro

du

to

Alta

Média

Baixa

Alto Médio Baixo

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O Preço

• Estratégias de preço

• A escolha de uma estratégia de marketing estádependente de várias considerações, tornando-sefundamental a previsão dos seus impactos

• Na figura 2.8 – Estratégia de preço, estão repre-sentadas sete opções estratégicas com as razõesque levam a optar por cada uma as consequênciasinerentes

O Preço

• Estratégias de preço

• Relativamente às estratégias de preço/qualidade épossível verificar que:

• Num mesmo mercado podem coexistir as estratégias nume-

radas com 1, 5 e 9

• As estratégias de posicionamento 2, 3 e 6 representam for-

mas de atacar diagonais

• As estratégias de posicionamento 4, 7 e 8 têm, implícita,

uma fixação de preço elevado relativamente à qualidade

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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A Distribuição

• A distribuição consiste na disponibilização doproduto junto dos consumidores-alvo, sendonecessária a escolha de canais para a concreti-zação desta finalidade

• Os canais de distribuição são constituídos porum conjunto de empresas interdependentesenvolvidas no processo de disponibilização deum produto ou serviço para uso ou consumo

O Preço

• Estratégias de preço

Figura 2.8 Estratégias de preço

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

OPÇÕES ESTRATÉGICAS

1. Manter o preço e a qualidadepercebida. Adoptar o proces-so selectivo dos consumidores.

2. Aumentar o preço e a quali-dade percebida.

3. Manter o preço e aumentara qualidade percebida.

4. Reduzir parcialmente opreço e aumentar a qualida-de percebida.

5. Reduzir amplamente o preçoe diminuir a qualidade per-cebida.

6. Reduzir amplamente o preçoe diminuir a qualidade per-cebida.

7. Manter o preço e reduzir aqualidade percebida.

RAZÕES

A empresa desfruta de alta lealdade dosconsumidores. Existe disposição para perderos menos rentáveis para a concorrência.

Aumentar o preço para cobrir o aumentodos custos. Melhorar a qualidade para jus-tificar um preço mais elevado.

É mais barato manter o preço e aumentara qualidade percebida.

Conceder alguma redução do preço aosconsumidores, mas aumentar o valor daoferta.

Disciplinar e desencorajar a concorrênciade preços.

Disciplinar e desencorajar a concorrênciae manter a margem de lucro.

Reduzir as despesas de marketing paraenfrentar o aumento dos custos.

CONSEQUÊNCIAS

Menor participação de mercado. Menor ren-tabilidade.

Menor participação de mercado. Rentabili-dade mantida.

Menor participação de mercado. Reduçãoda rentabilidade a curto prazo. Aumento darentabilidade a longo prazo.

Manutenção da participação de mercado.Declínio da rentabilidade a curto prazo.Manutenção da rentabilidade a longo prazo.

Manutenção da participação de mercado.Manutenção da margem. Redução da renta-bilidade a curto prazo.

Manutenção da participação de mercado.Manutenção da margem. Redução da renta-bilidade a longo prazo.

Menor participação de mercado. Manutenção damargem. Redução da rentabilidade a longo prazo.

77

A Distribuição

• Objectivos de distribuição

Figura 2.9 Objectivos da distribuição e satisfação do consumidor

A Distribuição

• Objectivos de distribuição• Os objectivos de distribuição dos vendedores, dos

produtores e dos intermediários são diferentes

• Para que os objectivos dos produtores e dos inter-mediários sejam atingidos, estes necessitam decooperar para que a satisfação dos consumidoresseja alcançada

• Na fig. 2.9 é possível observar as relações entre osobjectivos da distribuição e satisfação do consumidor

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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Programas de apoio ao revendedor

Satisfação do consumidor

Objectivos dos vendedores nos canais de distribuição

• Quota de mercado/segmento• Objectivo de lucratividade por segmento de mercado• Lealdade dos membros do canal• Lealdade do consumidor à marca

Requisitos dos distribuidores - compensação esperada pelos revendedorespelo suporte providenciado aos vendedores

• Taxa satisfatória de rotação de stocks• Contribuição para a margem bruta e custos operacionais

– Retorno sobre o investimento na área de vendas• Permissão para vendas promocionais• Exclusividade na distribuição• Fornecimento contínuo• Desenvolvimento de mercado• Crédito

Necessidades dos consumidores finais – requisitos de satisfação dos consumidores finais

• Preço/valor• Conveniência • Disponibilidade• Escolha

Requisitos dos canais dos vendedores - auxilio requerido paraatingir o canal de distribuição e os objectivos de marketing

• Factor de alta penetração• Níveis de serviço elevados• Largo alcance Inventário• Promoção• Inteligência de mercado• Desenvolvimento de mercado

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A Promoção

• Plano de Publicidade

• A publicidade é considerada o meio mais carode captar potenciais clientes

• O papel da publicidade é atrair a opinião dopúblico, com a finalidade de influenciar poten-cialmente as atitudes dos consumidores

• O primeiro passo a dar no planeamento da pro-moção é determinar a situação actual por formaa definir claramente onde é que se quer chegar

A Distribuição

• Estratégias de Distribuição

• O produtor quando não faz a distribuição directa esco-lher uma de três estratégias de distribuição a utilizar:

• Distribuição intensiva - para produtos em que o comportamento

de compra está relacionado com hábitos e conveniência

• Distribuição selectiva - utilizada por produtores de bens duráveis

em relação aos quais o comportamento de compra se traduz na

aquisição de um produto ou loja/local específico

• Distribuição exclusiva - utilizada por empresas com um bom posi-

cionamento no mercado ou por novas empresas

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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A Promoção

• Plano de Publicidade

• Objectivos da publicidade

• Os objectivos da promoção podem ser de:• Informação - quando a empresa pretende desenvolver a

procura primária, alertando os consumidores para o

benefício do produto

• Persuasão – Quando a empresa pretende desenvolver a

procura selectiva para uma determinada marca

• Lembrança – Quando os produtos estão na fase de

maturidade

A Promoção

• Plano de Publicidade

• Objectivos da publicidade

• Com a publicidade, pretende-se obter resultados imediatos

nas vendas, sendo o sucesso da campanha medido pela taxa

de resposta.

• Por vezes os resultados das campanhas podem reflectir-se

apenas num momento posterior ao da sua realização

• A publicidade gera potenciais interessados pelo que se deve

estabelecer cuidadosamente os objectivos da campanha

para não defraudar as expectativas dos consumidores

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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A Promoção

• Plano de Promoção de Vendas

• Objectivos de Promoção

• A promoção de vendas consiste num conjunto diversifi-

cado de ferramentas de incentivo, a curto prazo, com a

finalidade de estimular a compra mais rápida e/ou em

maiores quantidades

• Os objectivos de promoção derivam de objectivos mais

amplos, estando estes dependentes dos objectivos de

marketing mais básicos que foram desenvolvidos para o

produto

A Promoção

• Plano de PublicidadeDe seguida são apresentados os conteúdos de cada tipo de objectivo

Figura 2.10. Objectivos da Publicidade

61

62

Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

Informar• Comunicar ao mercado o seu produto novo• Sugerir novas utilizações para o produto• Informar o mercado de uma alteração no preço• Explicar o funcionamento do produto• Descrever os serviços disponíveis• Corrigir impressões erradas• Diminuir receios do consumidor• Desenvolver uma imagem da empresa

Persuadir• Desenvolver preferência de marca• Encorajar a mudança para a sua marca• Mudar a percepção dos consumidores relati-

vamente aos atributos do produto• Persuadir o consumidor a comprar nesse

momento• Persuadir o comprador a receber a visita de

um vendedor

Lembrar• Lembrar ao consumidor que pode necessitar

brevemente do produto• Conservar a consistência da marca• Lembrar onde pode ser adquirido o produto• Manter o produto na mente do consumidor

mesmo fora da época de compra

81

Exercícios:

1- Identifique um produto para cada uma das diferentesfases do ciclo de vida do produto. Indique, justificando,qual a estratégia que mais se adequa a cada um deles

2- Posicione na matriz BCG os produtos da sua empre-sa. Quais seriam as medidas necessárias, dado o posi-cionamento dos produtos?

3- Coloque os mesmos produtos no modelo de portfo-lio multifactorial da General Electric. Neste caso, queestratégias adoptaria?

A Promoção

• Plano de Promoção de Vendas

• Estratégias de Promoção• O incremento das vendas junto do consumidor final pode ser

incentivado através da utilização de algumas técnicas:

• Amostras grátis

• Cupões

• Descontos pós-compra

• Prémios

• Concursos

• Garantias do produto

• Recompensas por preferência

• Experimentação gratuita do

produto

• Pacotes de preços promocionais

• Garantias do produto

• Demonstração do produto nos

pontos de venda

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Módulo II – Marketing Mix

Módulo II – Marketing Mix

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Objectivos:

• Definir segmentação

• Identificar os segmentos de mercado na prática

• Saber aplicar os critérios de posicionamento

• Aplicar as análises SWOT, PEST e cinco forças, numcontexto real

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Módulo III – Análise de Mercado

Módulo III

Analise de Mercado

83

Segmentação e Posicionamento

• Na figura 3.1 é possível verificar as três etapas

Figura 3.1 – Etapas para a segmentação, definição do mercado alvo e posicionamento

Segmentação e Posicionamento

• A segmentação consiste em identificar e agru-par grupos distintos de compradores

• A selecção dos segmentos de mercado denomi-na-se de escolha de mercados-alvo

• O posicionamento está relacionado com o actode comunicar ao mercado os principais benefí-cios dos produtos

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Módulo III – Análise de Mercado

Módulo III – Análise de Mercado

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Segmentação de mercado

Mercado alvoPosicionamento

de mercado

1. Identificação das vari-áveis de segmentaçãoe segmentação domercado

2. Desenvolvimento deperfis dos segmentosresultantes

3. Avaliação daatractividade decada segmento

4. Selecção do(s)segmento(s)-alvo

5. Identificação dos possí-veis conceitos de posicio-namento para cada seg-mento-alvo

6. Selecção, desenvolvi-mento e comunicaçãodo conceito de posicio-namento escolhido

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Segmentação e Posicionamento

• Segmentação

• Existem três padrões que permitem às empresas iden-tificar os segmentos de preferência (fig. 3.2):

• Homogéneas, quando as preferências dos consumidores num

mercado são semelhantes

• Difusas, quando os consumidores variam as suas preferências

gradualmente

• Conglomeradas, quando existem segmentos de mercado natu-

rais, isto é, um conglomerado de pessoas que revelam preferên-

cias distintas

Segmentação e Posicionamento

• Segmentação

• A segmentação permite à empresa a melhor alocaçãodos seus recursos

• Na segmentação são identificados grupos homogéne-os, constituídos por pessoas com necessidades, atitu-des ou comportamentos semelhantes

• A segmentação pode ser feita de três formas:

• Dividir o mercado em subgrupos com preferências ou necessida-

des comuns

• Desenvolver uma oferta de produtos diferenciada capaz de

atender a diferentes necessidades e preferências

• Vender esses produtos diferenciados com elevada lucratividade

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70

Módulo III – Análise de Mercado

Módulo III – Análise de Mercado

85

Segmentação e Posicionamento

• Segmentação

• O processo de segmentação tem três etapas:

• Levantamento - São feitas entrevistas exploratórias a grupos

específicos por forma a encontrar as motivações, atitudes e

comportamentos do consumidor.

• Análise – Realização de uma análise de dados factorial que

permita eliminar variáveis correlacionadas.

• Desenvolvimento de perfil - Desenvolvimento de um perfil

para cada conglomerado em termos de atitudes distintas,

hábitos demográficos, psicográficos e media.

Segmentação e Posicionamento

• Segmentação

Figura 3.2 – Padrões Básicos de Preferência de Mercado

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Módulo III – Análise de Mercado

Módulo III – Análise de Mercado

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(1) Preferênciashomogéneas

(2) Preferências difusas(1) Preferências conglomeradas

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Segmentação e Posicionamento

• Posicionamento

• O posicionamento do produto ou da marca é umaactividade central do marketing estratégico.

• O posicionamento tem como objectivo colocar asempresas, os produtos e/ou as marcas num lugardistinto e valorizado na mente dos compradores

• A diferenciação consiste no desenvolvimento deum conjunto de diferenças significativas

Segmentação e Posicionamento

• Segmentação

• Para uma segmentação eficaz é importante verifi-carem-se 5 características:

• Mensurabilidade – Quantificação dos segmentos

• Substancialidade - Saber se os segmentos possuem tama-

nho e rentabilidade suficiente

• Acessibilidade - atingir e atender segmentos de forma eficiente

• Diferenciabilidade - distinguir conceptualmente os segmentos

• Operacionalidade - atender e atrair segmentos diferentes

utilizando programas eficazes.

73

74

Módulo III – Análise de Mercado

Módulo III – Análise de Mercado

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Segmentação e Posicionamento

• Posicionamento

• (continuação):

• Comunicabilidade - Os compradores vêem a diferença e a

empresa consegue comunicá-la

• Previsibilidade - Dificuldade da concorrência em copiar

• Disponibilidade - Os compradores têm poder de compra

que permite pagar essa diferença.

• Rentabilidade - A introdução da diferença é rentável

Segmentação e Posicionamento

• Posicionamento

• As diferenças devem ter em conta um determinadonúmero de critérios, que estão relacionados com:

• Importância - compradores que valorizam substancialmente

o benefício dado pela diferença

• Distintividade - oferta da diferença de forma distintiva,

quando os seus concorrentes não a oferecem.

• Superioridade - A diferença é superior a outras formas de

obtenção do mesmo benefício.

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Módulo III – Análise de Mercado

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Segmentação e Posicionamento

• Posicionamento

• As empresas podem optar por 6 estratégias deposicionamento:

• Por atributo - Posicionamento a partir de um certo atributo

• Por benefício - O produto promete um benefício

• Por uso/aplicação - O produto é posicionado como o melhor

para determinado fim

• Por utilizador – O produto é posicionado para um grupo-alvo

• Por concorrente - Sugere ser diferente ou melhor que a concorrência

• Por preço/qualidade - O produto é posicionado como vale mais

do que é cobrado

Segmentação e Posicionamento

• Posicionamento

• As empresas devem evitar 4 erros de posicionamento:

• Subposicionamento - Os consumidores não têm nenhuma

percepção especial em relação à marca.

• Superposicionamento - A imagem dos consumidores em

relação à marca é muito estreita.

• Posicionamento confuso – Motivado pelos excessivos apelos

da publicidade ou constante mudança de posicionamento

• Posicionamento duvidoso - Os consumidores não acreditam na

publicidade devido às características, o preço ou o fabricante

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Módulo III – Análise de Mercado

Módulo III – Análise de Mercado

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Segmentação e Posicionamento

• Posicionamento

• A análise PEST, representa quatro factores, nomea-damente:

• Político (political)• Económico (economic)• Social (social)• Tecnológico (technological)

• O seu principal objectivo é o de examinar o impac-to gerado pelos factores no ambiente negocialexterno, e a forma como interagem

Segmentação e Posicionamento

• Posicionamento

• SWOT, é a sigla utilizada para identificar:

• As forças (strengths) -

• As fraquezas (weaknesses) -

• As oportunidades (opportunities) -

• As ameaças (threats) -

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Módulo III – Análise de Mercado

Módulo III – Análise de Mercado

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Segmentação e Posicionamento

• Posicionamento

• A análise PEST

Factores Político/Legais

– Legislação de monopólios

– Leis de protecção ambientais

– Políticas fiscais

– Legislação comercial

– Legislação laboral

– Estabilidade governamental

Factores Económicos

– Ciclos económicos

– Tendências do PNB

– Taxas de juro

– Fornecimento de dinheiro

– Inflação

– Desemprego

– Disponibilidades de dinheiro

– Custo e disponibilidade de energia

81

82

Módulo III – Análise de Mercado

Segmentação e Posicionamento

• Posicionamento

• A análise PEST

Factores Socioculturais

– População demográfica

– Distribuição do rendimento

– Mobilidade social

– Mudanças no estilo de vida

– Atitudes perante o trabalho

e lazer

– Consumismo

– Níveis de educação

Factores Tecnológicos

– Gastos em pesquisa pelo Governo

– Foco do Governo no desenvolvi-

mento tecnológico

– Novas descobertas/desenvolvi-

mento

– Velocidade de transferência tec-

nológica

– Taxas de falta de utilidade

Módulo III – Análise de Mercado

91

Segmentação e Posicionamento

• Análise da Concorrência

Figura 3.4 - Fontes de Vantagem Competitiva

Segmentação e Posicionamento

• Análise da Concorrência

• As cinco forças competitivas

• As cinco forças competitivas (fig 3.4) servempara efectuar a análise do mercado em que aempresa se insere, analisando-a relativamente àconcorrência

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Módulo III – Análise de Mercado

Módulo III – Análise de Mercado

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Ameaça de produ-tos substitutos

Rivalidade entreos concorrentes

Ameaça de novasentradas

Poder negocialdos clientes

Poder negocialdos fornecedores

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Segmentação e Posicionamento

• Análise da Concorrência

• (continuação):

– Ameaça de produtos substitutos (encontra-se sem-pre patente e podendo mesmo comprometerempresas dentro do mesmo mercado)

– Poder negocial dos fornecedores (os fornecedorespossuem uma grande importância, pois podemfazer com que as empresas suas clientes vejam oslucros reduzidos)

– Poder negocial dos clientes (Para ser ultrapassado, a em-presa deve valer-se de um leque alargado de clientes)

Segmentação e Posicionamento

• Análise da Concorrência

• As cinco forças competitivas

– Ameaça de novas entradas (As novas entradaspodem conduzir a prejuízos para as empresas quejá actuam no mercado)

– Rivalidade existente entre concorrentes (tentativapor parte das empresas de obterem uma melhorposição relativamente às suas concorrentes)

85

86

Módulo III – Análise de Mercado

Módulo III – Análise de Mercado

93

Exercícios:

1 - Comente a afirmação:

“A segmentação é uma tarefa difícil e existem ele-mentos diversos a considerar neste processo.”

2 - Quais os factores a considerar pela empresa quandoesta se pretende posicionar?

87

Módulo III – Análise de Mercado

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fpPlaneamento Estratégico para PME’s

Coaching

Estratégias de Serviço ao Cliente

Gestão da Informação

Gestão da Inovação

Análise e Tratamento de Dados

Modelos Quantitativos de Suporte à Decisão

Gestão Financeira

Contabilidade e Fiscalidade para Empreendedores

Marketing Estratégico para PME’s

Gestão de Pessoas e Equipas

Comércio Electrónico

Ministério da Segurança Social e do TrabalhoProjecto co-financiado peloFundo Social Europeu e pelo Estado Português

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