Marketing & Empreendedorismo - Vida Económica

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Entrevista a Paulo Morais e Marco lamas sobre a Pós Graduação em Marketing e Empreendedorismo do IPAM

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NEWSLETTER N.º 9 | SETEMBRO/OUTUBRO 2011

DE PEQUENINOÉ QUE SE EMPREENDE

Normalmente quando ouvimos fa-lar de empreendedorismo pensa-mos na criação de novas empresas. Mas, e tal como nos demonstram os nossos entrevistados desta edi-ção, Marco Lamas e Paulo Morais, que coordenam a pós-graduação de Marketing e Empreendedo-rismo, o conceito é muito mais abrangente. Podemos empreender enquanto colaboradores por conta de outrem, como empresários, mas também podemos falar de empre-endedorismo na infância. Aliás esse será o tema do nosso próximo “Em-preender à 5ª”. Desde muito cedo que podemos estimular os mais pequenos a se-rem mais criativos, a pensarem de forma diferente, desafiá-los a en-contrarem soluções. Não há muitos anos, quando a internet ainda não tinha a influ-ência que tem hoje sobre todos (crianças e adultos), será que o nosso potencial criativo era maior? Será que o facto de as crianças descobrirem cada vez mais cedo os jogos eletrónicos e a internet “rouba-lhes” a possibilidade de pensarem e de criarem? Julgo que o desenvolvimento destas capacidades empreendedoras e criativas está intimamente liga-do com a educação e com todo o meio que envolve a criança. Parece-me fundamental estimu-lar desde tenra idade o sonho, a imaginação, a criatividade. Incen-tivá-los a pensar e a agir sem me-dos nem vergonhas. A realidade empresarial está a mudar, é necessário educar mais para o risco e para a polivalência. As crianças de hoje serão os nos-sos empreendedores de amanhã. Encontrarão um mundo muito mais conectado, onde a informa-ção circula (quase) à velocidade da luz, mas muito mais exigente e volátil. Que apresenta desafios todos os dias e onde só os mais criativos e empreendedores po-dem fazer a diferença. Aproveitamos ainda para convi-dá-lo a estar presente em mais um debate que acontece dia 29 de setembro, na FNAC do Nor-teshopping” com o tema “Empre-endedorismo – Ensinar a Empre-ender”. Teremos a presença do Professor João César Rocha Alves, especialista nesta matéria, e co-nheceremos o caso Caminhar. “Cada criança é única. Se uma criança acha que o sol é vermelho, porque não pode ser?”, afirmou, em entrevista à Vida Económica, uma das responsáveis por esta escola.

PATRÍCIA [email protected]

EDITORIAL

O IPAM – The Marketing School acaba de lançar

uma nova pós-graduação em Marketing &

Empreendedorismo. O curso tem como objetivo final a

planificação e implementação de um modelo de negócio,

que poderá ser apresentada a um grupo de business

angels – possíveis investidores –, de forma a potenciar a

sua concretização.

A Vida Económica esteve à conversa com os

coordenadores. Marco Lamas afirmou que “temos um

Portugal com um potencial empreendedor grande. Falta-

nos é promover essa cultura empreendedora”. Já Paulo

Morais adiantou que “o empreendedorismo não é só

para desempregados”.

Empreender – Que expectativas têm em relação a esta nova pós-graduação em Marketing & Empre-endedorismo? Marco Lamas – As expectativas são elevadas, logo por causa da conjugação de duas áreas muito importantes: o marketing e o empreendedorismo. Tentamos unir es-tas duas áreas de uma perspetiva nova.

E – A quem se destina este curso?Paulo Morais – Temos três públicos que queremos atingir: aquele empresário, que não tem valências de gestão do próprio negocio, as pessoas mais novas que querem desenvolver o seu próprio negócio e o próprio funcionário que quer mostrar projetos dife-rentes ou a própria empresa que sabe que tem com-petências para desenvolver algum projeto mas em vez de estar a recorrer ao outsourcing ou a empresas parceiras, tem aqui uma equipa a trabalhar connos-co. Estamos a vender não só formação como também consultoria e profissionais aptos para acompanhar todo o processo. ML – Muito vezes confundimos empreendedorismo com criação de empresas, para nós é muito mais do que isso. Muito empreendedorismo por conta de ou-trem. Precisamos hoje em Portugal de empresas e organizações empreendedoras. Por isso, este público-alvo de quem já trabalha numa empresa.

E – Uma das características que diferencia esta for-mação é que as pessoas têm a possibilidade de criar uma empresa?ML – É uma pós graduação que tem várias disciplinas ao longo do ano letivo, e todas elas vão dar o seu con-tributo para a criação de um projeto. PM – O próprio corpo docente está preparado e sabe que a qualquer momento pode ter de recorrer com de-talhe ao plano de negócio. Nós detetamos uma lacuna no mercado, que é a formação, que tem várias discipli-nas isoladas, são feitos diversos trabalhos que vão para

Pós-graduação em Marketing & Empreendedorismo inicia já este mês

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ENTREVISTA

o arquivo ou mesmo para o lixo. Quisemos construir um projeto do principio ao fim que na pior das hipóte-ses olhamos para esse projeto e percebemos que não é viável.

E – Consideram que os portugueses são empreen-dedores?ML – Temos um Portugal com um potencial empreen-dedor grande. Falta-nos é promover essa cultura em-preendedora. Levar as pessoas a perceber que podem fazer mais, melhor e criar valor. Voltando aos projetos, há a possibilidade para quem quiser de apresentar esses projetos a eventuais investi-dores e parceiros, como os business angels.

E – Os apoios existentes ao nível do financiamento são suficientes, atualmente?ML – Temos alguns sistemas de incentivos importantes que devem ser aproveitados. Mas creio que continua-mos a ter sistemas muito burocráticos. Temos também um sistema de incentivo muito virado para o reembol-so. PM – Esta pós-graduação tem um objetivo muito prá-tico de as pessoas poderem começar a implementar e a fazer. Há pessoas que têm muitas ideias em bruto na cabeça e tentamos que a pessoa organize as ideias e desenvolva o projeto. Temos uma componente teórica que assiste toda esta componente prática. Mas as pes-soas na vida real podem já estar a desenvolver o proje-to que estamos a fazer aqui dentro. O nosso objetivo é passar à prática e interessa-nos é fomentar a informa-ção para ser implementada.

(Continua na página seguinte)

Marco Lamas Paulo Morais

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NEWSLETTER N.º 9 | SETEMBRO/OUTUBRO 2011

A estrutura organizacional segue a estratégia, sendo a principal fer-ramenta de sua implementação. Os executivos tendem a desenvol-ver projetos estratégicos, planos e propostas que de certa forma são adequados aos seus cargos e res-ponsabilidades atuais, maximizando suas recompensas na atual estrutura operacional. Não se engane a es-tratégia também segue a estrutura, porque as estruturas limitam não apenas quais estratégias serão de-senvolvidas, mas também que tipos de estratégias podem ser facilmen-te implementadas. Entretanto, esse modelo convencional é uma fon-te de rigidez, não de agilidade. Na maior parte do tempo, a estrutura direciona rigidamente a estratégia e sua execução. Dessa forma, ao definir os domínios e alocar as res-ponsabilidades, a estrutura limita a estratégia.Alguns executivos por vezes ainda mantêm a ilusão de que as estru-turas organizacionais podem ser mudadas com um risco de caneta

no organograma. Isso não é verda-de. As bases das redes pessoais são extremamente resistentes, talvez tão resistentes quanto os esquemas cognitivos. As redes sociais tendem a sobreviver e têm sido freqüente-mente sintetizadas como a causa da importância da organização in-formal. Desta forma, transformar a mudança organizacional em uma efetiva alavanca para a renovação requer atenção às características complementares do desenho da organização, incluindo as redes de relacionamentos informais.Na verdade, é o equilíbrio cuida-doso das múltiplas perspectivas e dimensões na organização que promove a agilidade. As empresas precisam liberar a estratégia da es-trutura e depois reorganizar a sua estrutura que deverá ser governada pela estratégia escolhida. Quanto mais ágil a organização, menor o poder e a necessidade do desenho organizacional e principalmente das estruturas formais. Precisamos engajar todos na colaboração e

negociação com seus colegas que representam as dimensões da or-ganização. Em vez de estar alinhada estavelmente a uma única hierar-quia organizacional piramidal, uma organização deve ser multidimen-sional. Tal organização requer cons-tantes negociações e equilíbrio en-tre os executivos que representam cada uma de suas dimensões. A organização flexível requer que os executivos tomem decisões descentralizadas. Integrar as ações coletivas em torno de valores e normas comuns são fundamentais

para se tornar uma organização de livre desempenho. Uma organiza-ção nova e mais flexível deve nas-cer. Os problemas das nossas orga-nizações não podem ser revolvidos com o mesmo tipo de pensamento que produzimos no passado. Tentar fazer isso significa repetir as mes-mas coisas “erradas” de maneira melhor. Um caminho mais produ-tivo, no entanto, seria começar de-finindo o que são as coisas “certas”. Durante as últimas décadas, a ad-ministração de nossas empresas, teve como característica marcante a definição de regras, papéis e pro-cedimentos regidamente definidos, bem como por um estilo de gestão sustentado pela hierarquia. Tais cul-turas funcionam melhor em merca-dos e segmentos estáveis e previsí-veis. Nossa economia e sociedade mudaram substancialmente ao logo das últimas décadas. É preciso voltar nossas empresas a uma cul-tura mais colaborativa e orientada por objetivos comuns, apostar nas equipes e flexibilizar a organização.

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OPINIÃO

LUÍS AUGUSTOLOBÃO MENDES

Professor da Fundação Dom Cabral

(Continuação da página anterior)

E – Esta sinergia ente o marketing e o empre-endedorismo é também uma mais-valia?ML – Um projeto empreendedor em todas as suas fases tem de ter marketing. PM – Na perspetiva do marketing, hoje em dia ser empreendedor é decisivo. Temos de deixar de estar na zona de conforto, temos que tentar criar novas oportunidades de negócio. Um dos principais handicaps é a componente analítica e financeira. São poucos os marketeers que conse-guem ser objetivos neste ponto, por isso este na-moro não é por acaso. Quando vamos apresen-tar um projeto a alguém temos de saber explicar o retorno sobre o investimento. E é muito raro, isso existir nos planos de marketing.

E – Consideram que os atuais empresários já dão a importância suficiente à formação?ML – Ainda há um longo caminho a percorrer e mais uma vez tem haver com cultura. PM – Os novos profissionais que estão a entrar no mercado e os profissionais que têm desafios nas mãos estão completamente desorganizados em relação à informação. É inevitável este cami-nho.

E – Como veem a criação de uma pasta dedi-cada ao empreendedorismo pelo governo?ML – Vejo como uma excelente medida, agora va-mos ver como ela se materializa. Quem temos à frente dessa pasta é um empreendedor. Devemos ter medidas que apoiem muito mais as microem-presas para ajudá-las no desenvolvimento.

E – Quais consideram ser áreas-chave para investir?PM – A saúde é um setor que tem muitas difi-culdades de entrada mas que tem muito para explorar e precisa muito de empreendedorismo. É um setor que no âmbito geral é conservador e está estagnado. ML – As energias renováveis e a tecnologia. PM – Mas também o bem-estar até porque cada vez as pessoas têm mais cuidado com o corpo. Sobretudo hoje em dia não podemos fa-zer o mesmo que os outros fazem. Temos seto-res tradicionais onde é possível melhorar, criar valor.

PATRICIA [email protected]

Pós-graduação em Marketing & Empreendedorismo inicia já este mês

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ENTREVISTA