MARIOLOGIA

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MARIOLOGIA 1 PARTE 1 A PERPÉTUA VIRGINDADE DE MARIA Objetivos do artigo É razoável crermos que o culto à virgem Maria é de origem apostólica e que, no decorrer da história, foi sendo desenvolvido e expresso em diversas devoções. As doutrinas que tratam da virgem somente são compreendidas de forma correta se atentarmos ao fato de que elas só existem por causa de Jesus Cristo. É de se crer que a Revelação de Deus desde o Jardim do Éden foi mantida intacta pelos seus servos e pelo Povo escolhido, enquanto que entre os demais povos as ideias foram sendo corrompidas e desvirtuadas, ao longo dos séculos. Assim pode-se entender que as ideias do Salvador Jesus Cristo e da importância da Sua mãe tornaram- se, entre os gentios, base para a crença em um deus e uma deusa, sendo tais ensinos essencialmente incompatíveis com aqueles que o povo judeu preservou. Essas semelhanças, porém, ratificam que a Revelação foi feita no início da criação. Esse artigo tem como fim demonstrar que o único meio de entender a virgem Maria e seu lugar no Cristianismo é ter Jesus Cristo como centro de toda a discussão. Se não for assim, abrir-se-á brechas para as falsas teses, tais como as que afirmam suposta “influência” pagã nas doutrinas sobre a virgem mãe de Deus, mesmo que não seja possível provar conexão alguma com essas fontes. Ateus e não- cristãos tem usado semelhantes teorias contra todo o cristianismo. Antecedentes da proclamação de um dogma Os teólogos apontam três estágios da progressiva consciência de uma verdade revelada não explicitamente 1 Resposta ao artigo de título idêntico do Dr. Samule Bacchiocchi.

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Análise do Estudo Mariologia do Dr. Samuele Bacchiocchi.

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MARIOLOGIA1

PARTE 1

A PERPÉTUA VIRGINDADE DE MARIA

Objetivos do artigo

É razoável crermos que o culto à virgem Maria é de origem apostólica e que, no decorrer da história, foi sendo desenvolvido e expresso em diversas devoções. As doutrinas que tratam da virgem somente são compreendidas de forma correta se atentarmos ao fato de que elas só existem por causa de Jesus Cristo. É de se crer que a Revelação de Deus desde o Jardim do Éden foi mantida intacta pelos seus servos e pelo Povo escolhido, enquanto que entre os demais povos as ideias foram sendo corrompidas e desvirtuadas, ao longo dos séculos. Assim pode-se entender que as ideias do Salvador Jesus Cristo e da importância da Sua mãe tornaram-se, entre os gentios, base para a crença em um deus e uma deusa, sendo tais ensinos essencialmente incompatíveis com aqueles que o povo judeu preservou. Essas semelhanças, porém, ratificam que a Revelação foi feita no início da criação. Esse artigo tem como fim demonstrar que o único meio de entender a virgem Maria e seu lugar no Cristianismo é ter Jesus Cristo como centro de toda a discussão. Se não for assim, abrir-se-á brechas para as falsas teses, tais como as que afirmam suposta “influência” pagã nas doutrinas sobre a virgem mãe de Deus, mesmo que não seja possível provar conexão alguma com essas fontes. Ateus e não-cristãos tem usado semelhantes teorias contra todo o cristianismo.

Antecedentes da proclamação de um dogma

Os teólogos apontam três estágios da progressiva consciência de uma verdade revelada não explicitamente contida nas fontes da revelação. Desse modo, pode-se afirmar que a revelação está diretamente contida nas Sagradas Escrituras, mas de forma implícita. Há, praticamente, três fases para o reconhecimento de um dogma: 1) aceitação implícita, período de tranquila posse 2) período de discussão e controvérsia: o significado preciso da doutrina é esclarecido assim como sua relação com a divina Revelação e com outras doutrinas 3) período em que a doutrina é aceita por toda a Igreja. Aos que desejarem conhecer o assunto mais brevemente segue-se o texto breve.

Resumo do assunto

1. O Filho de Deus não iria fazer-Se homem numa criatura maculada. Portanto, a virgem Maria foi imaculada. Deus requer toda a santidade onde Ele habita. Ele habita no cristão, ao perdoar os pecados, o qual é templo do Espírito Santo. No entanto, a

1 Resposta ao artigo de título idêntico do Dr. Samule Bacchiocchi.

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encarnação certamente foi um modo de habitação singular, no qual o Corpo do Senhor toma a natureza de uma criatura e nela é formado.

2. Deus escolheu enviar Seu Filho através de uma virgem para expressar o Seu poder maravilhosamente. A mãe do Senhor manteve a virgindade por toda a vida, por graça e desígnio de Deus, para não permitir que a doutrina da concepção virginal fosse de qualquer forma diminuída diante da humanidade.

3. Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Sua concepção virginal, assim como Seu nascimento virginal em nada afetam a Sua integridade humana, segundo a doutrina bíblica. De igual modo, a razão não oferece dificuldade alguma, e nem diferença essencial, para a fé na concepção e no nascimento virginais.

4. Pela Sagrada Escritura não é possível negar a virgindade perpétua de Maria. Mesmo os Reformadores adeptos do princípio Sola Scriptura creram nessa verdade.

5. A correção de práticas errôneas, como as falsas devoções que surgiram entre muitos no decorrer da história da mariologia, não pode ser efetivada rompendo com a doutrina original. O bom senso nos ensina que é possível raciocinar erradamente a partir de dados corretos, e tal fato ocorre entre muitos, eruditos ou não.

6. Desse modo, a veneração da virgem Maria pode ser feita corretamente, assim como é realizada oficialmente pela Igreja, como também pode possivelmente tornar-se “mariolatria” entre idólatras. Essa última parte é combatida pela Igreja Católica. Nesse sentido, muitas das crenças protestantes sobre a virgem Maria são inovações que pretenderam estar purificando a doutrina, combatendo uma “mariolatria”, mas que levaram a um desprezo prático e mesmo teórico da virgem Maria.

7. Os protestantes que estão aprendendo a venerar corretamente a mãe do nosso Senhor Jesus Cristo não estão inovando, mas voltando às origens do Protestantismo, e coincidindo com a Igreja Católica em todos os tempos, e com o consenso universal sobre essa questão.

8. A Sagrada Escritura ensina que entre as práticas de santificação está a abstinência sexual entre os esposos. Essa ideia, adicionada àquela da maior dignidade do celibato, embora seja santo o matrimônio, serve para explicar o motivo de Deus ter escolhido a concepção virginal de Seu Filho. Dessa forma, não há conexão com ideias pagãs, visto ser fundamentada, mesmo logicamente, na própria Escritura (Apocalipse 14:4).

9. O nascimento virginal de Cristo não afeta mais a Sua humanidade do que Sua concepção virginal. Essa objeção não é bíblica e nem racional. Portanto, é gratuita.

10. A necessidade de que a virgem Maria fosse casada é inegável. Deus conhece Seus planos desde sempre e, assim, não é difícil pensar que José e Maria tenham aceitado a graça de viver castamente e cumprir a missão de cuidar do Deus-Menino. Considerar São José um “coitadinho”, um “marido de aluguel” e etc, não é a forma bíblica. Não olhemos primeiramente para José. Olhemos para Jesus Nosso Senhor e Salvador e compreendamos o motivo de Deus ter escolhido uma virgem e casta mãe, dando-lhe as

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maiores honras de uma mulher, e que somente ela pôde manter ambas: a virgindade e a maternidade. Tudo por causa de Cristo e Sua missão.

11. Ser chamado primogênito não prova inequivocamente que Jesus tenha tido irmãos nascidos de Sua mãe. Nisso estão de acordo os cristãos católicos e, virtualmente, os cristãos protestantes. A hipótese de que o Evangelista poderia ter usado o termo unigênito para evitar confusões, é uma hipótese que não se impõe. Além do mais, o contexto de apresentação do menino Jesus no Templo explica o uso dos termos judaicos segundo terminologia apropriada. A Lei ordenava apresentar o primogênito, não o unigênito, e isso, naturalmente, motivou o Evangelista a manter a linguagem jurídica.

12. O aparentemente mais forte argumento contra a virgindade perpétua de Maria, o dos irmãos de Jesus, em si, não pode provar nada. E é harmoniosamente explicado por uma exegese profunda e que permite a conclusão de que se trata de parentes próximos ou primos de Jesus. Usar de tal argumentação cria problemas que ultrapassam o texto bíblico, sem falar que é uma explicação forçada e evidentemente improvável.

13. A única objeção de peso contra o voto de castidade inferido da pergunta de Maria no evangelho de São Lucas 1, 34, é que ela não poderia ter tal voto visto que iria casar (Mateus 1:18). Porém, essa objeção deixa a pergunta da virgem não explicável satisfatoriamente. O argumento de que o casal não poda viver castamente, também não se impõe, ademais em um caso singular como o da Sagrada Família. É verdade que os casais podem abster-se temporariamente das relações sexuais. Devem voltar a unir-se para que não sejam tentados. No caso de Maria e José é compreensível que a graça de Deus tenha auxiliado ambos nessa questão de um modo perene, e que assim as tentações malignas não ocorriam a ponto de fazê-los pecar contra o plano de Deus para eles. Sendo o celibato um santo dom, não é impossível que o casal o tenha recebido. E a Escritura aponta para o recebimento do mesmo.

14. A entrega da virgem Maria a S. João como mãe é um argumento mais a favor da virgindade perpétua do que contra, embora a argumentação protestante faça sentido, sem, no entanto, ter peso contra a doutrina em questão.

Vejamos exemplos dos equívocos que estão presentes em discussões entre cristãos católicos e cristãos protestantes sobre o tema.

“É importante notar que para os católicos a perpétua virgindade de Maria e sua vida sem pecado, a capacitam a servir como redentora e dispenseira da graça de Cristo.” Isso foi escrito pelo Dr. Bacchiocchi. Essa análise está fixando-se em Maria, ao invés de manter o olhar em Jesus Cristo. A falsa devoção à virgem, ou a crítica gratuita à verdadeira doutrina, tem semelhante base. Pensar que Maria é sem pecado, e que é virgem, como sendo atributos de alguém capaz de dispensar graças e redimir os pecadores, não é a doutrina cristã original. A Igreja Católica não ensina o que foi concluído pelo doutor Samuele Bacchiocchi. Coloquemos o olhar em Cristo e entenderemos. Jesus Cristo é Deus e requer toda a santidade onde Ele habita ou manifesta-Se aos homens. Basta pensar no monte Sinai, que não podia ser tocado enquanto Deus estivesse sobre ele; o Santo dos Santos, onde somente o Sumo Sacerdote

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uma vez ao ano podia entrar, e a Arca da Aliança, que por ter sido tocada causou a morte daqueles que, mesmo involuntariamente, puseram as mãos nela. Assim, quando o Filho de Deus veio habitar entre os homens, assumindo a natureza humana, Ele preparou a mais santa habitação, uma criatura perfeita para que pudesse fazer-se Homem. Deus requer tal santidade e, por esse motivo, a virgem foi purificada para tal missão de mãe do seu próprio Redentor enquanto homem. Ao dizer sim a Deus, a virgem Maria iniciou sua participação livre na redenção sua e de toda a humanidade. Ela não ajudou a Cristo, pois Ele não precisava e ela não podia. Não salvou a si mesma, e nem a humanidade, pois é criatura. Mas participou de modo eminente da redenção, assim como participam em menor grau todos os que são salvos. Assim como ela foi o veículo que trouxe Jesus ao mundo, como Homem, ela pode alcançar outras graças intercedendo por nós. Todos os cristãos estão aptos a interceder e pedir graças uns pelos outros. Esse ofício é dado a criaturas, e não tem nada a ver com a mediação redentora de Jesus. Qualquer objeção contra a doutrina da intercessão dos santos é gratuita.

A virgem Maria é a mãe do meu Senhor (Lucas 1,43), repete cada cristão

É olhando para Jesus Cristo (Hebreus 12,2) que entendemos o motivo da grandeza de Sua Mãe. A primeira distinção de culto cristão que deve ser feita com relação à virgem Maria, mãe de Jesus, é que o culto é somente de veneração. Venerando-a como a primeira das criaturas em dignidade, porque foi a mais próxima, e fiel serva, do Senhor Jesus Cristo. Ao tratar de “adoração” nunca devemos incluir qualquer criatura, nem os santos e nem os anjos, portanto, nem a virgem Maria.

A veneração à virgem Maria não deve ter como fundamento qualquer aparição, sinal ou prodígio ocorrido em qualquer época da história, mas deve estar baseada na Revelação de Deus, que é a Sua Palavra inspirada, a Bíblia Sagrada. A pouca informação bíblica sobre esse tema é suficiente para termos um fundamento de devoção nela inspirado, ao invés de buscar suporte em qualquer manifestação histórica posterior. A virgem Maria não tem poder algum, graça alguma, como sendo dela própria ou proveniente dela, mas como criatura escolhida e salva por Deus, recebeu privilégios em vista da sua missão de mãe do Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Se os povos pagãos tinham seus mitos e divindades femininas, que possuíam alguma sombra da verdade cristã, é por pura coincidência. A virgem Maria não é deusa e nem está influenciada por qualquer inverdade pagã. Não é a contraditória Ishtar da Babilônia, mas é a humilde serva de Deus da Judeia; não é a Afrodite ou Vênus com seus prazeres sensuais, mas a simples e pura virgem do Evangelho; não é qualquer deusa que cultuavam os antigos pagãos, mas é a mãe do Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, predestinada e coroada de graça para exercer a função que o Pai lhe ordenara e preparara.

A Mãe de Deus (Lucas 1,43)

Para entender essa doutrina bastar fixar os olhos da fé em Jesus Cristo. É Ele o próprio Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Filho, que se fez homem

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(João 1,14). Portanto, não há separação em sua Pessoa e nem a criação de mais pessoas nEle, mas Ele mesmo foi quem assumiu a nossa natureza, sem o pecado, e habitou entre nós. As palavras inspiradas de santa Isabel dizem claramente que Maria é a mãe do Senhor Jesus Cristo, que é Deus. Esse uso do termo Senhor, entre os judeus devotos, era dirigido a Deus. Fundamentada na Sagrada Escritura, a Igreja ensina que a virgem Maria é a mãe de Deus feito Homem. Essa definição não afirma que Maria seja a mãe da divindade, pois é ilógico e impossível a uma criatura, que, portanto, passou a existir, num determinado tempo, ter gerado o Deus eterno. Ao usar o título Mãe de Deus deve-se ter o significado correto de que se afirma a maternidade a partir da encarnação, segundo a humanidade, ou seja, que a virgem é mãe de Deus, não desde toda a eternidade, e não antes da encarnação. Assim, essa doutrina é correta em demonstrar que a virgem Maria sendo a mãe de Jesus, que é Deus Todo-Poderoso, é Sua verdadeira mãe através da natureza humana. Então, é correto e aconselhado usar o título Mãe de Deus em vista de manter intacta a doutrina da divindade de Jesus Cristo.

A Perpétua Virgindade de Maria

A avaliação bíblica objetiva dessa doutrina não produz dificuldade alguma contra a mesma, como creem os protestantes atualmente. Desde há muito tempo, como foi visto no tópico anterior, a virgem era chamada de mãe do Senhor, no sentido de mãe do Deus-Homem Jesus Cristo. Os escritores cristãos do segundo século em diante, seguindo essa verdade apostólica, referiram-se várias vezes à maternidade divina de Maria. Esse fato corrobora a continuidade da doutrina desde o primeiro século: 1) Bíblia 2) Primeiros registros cristãos: continuação da doutrina bíblica. Da mesma forma, a existência da doutrina da virgindade antes do parto, no parto e após o parto, é encontrada nos primeiros séculos, e não é o Concílio de Latrão em 649 o marco inicial dessa verdade. O que ocorreu no concílio mencionado é que doutrina foi ressaltada, explicada. Santo Agostinho, que viveu de 354 a 430, muito antes do Concílio de Latrão, já referia-se a Maria como a virgem perpétua, considerando a tripla característica da sua virgindade. O entendimento de como deram-se esses milagres, da concepção e do nascimento virginais é, naturalmente, difícil de ter, mas não há conflito racional, por se tratar de algo além da razão e não contrário a ela. A fé na virgindade perpétua de Maria e sua conceição imaculada não a torna um ser “divino”, mas ensina que a santidade de vida é o plano normal de Deus para o homem. Maria é uma criatura perfeita. Quando a Igreja usa títulos como “dispenseira” de graças ou “corredentora”, isso não quer dizer que somente ela pode dispensar as graças ou que tenha participado do sacrifício da cruz em termos semelhantes ao de Cristo, mas que, como criatura de Deus, Ele a usou e continua usando para dar-nos Sua graça, assim como usa todos os seus servos, como vasos nas mãos do oleiro. A diferença é que, sendo a mãe do Senhor, está mais apta que as outras criaturas a essa missão cristã, sem, no entanto ser a única a fazê-lo. Quando a Bíblia diz que o único Mediador entre Deus e os homens é Jesus Cristo, entende-se Mediador ou Intercessor de Redenção e Salvação (2 Timóteo 2:5). O reconhecimento de que os reformadores criam nessas verdades sobre a virgindade perpétua, e mesmo a imaculada conceição de Maria, é evidência extra e suficiente de que as mesmas são doutrinas bíblicas, defendidas mesmo por adeptos do princípio da Sola Scriptura. Portanto não contendo nada de anti-bíblico. A crença protestante de que suas opiniões estão mais “puras” que as de seus Reformadores não convence, mas evidencia um subjetivismo intrínseco em termos doutrinários, já contida no princípio ecclesia

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reformata, semper reformanda. No momento em que abre-se brecha para que se introduzam doutrinas contrárias àquelas que até homens conservadores e insuspeitos admitiram, desaparece o critério objetivo com a desculpa de que se tratam de “novas reformas”. O próprio fundador do protestantismo, Martinho Lutero, manteve suas doutrinas marianas básicas, ao que parece, até o fim da vida, e não concordaria com as negações do Protestantismo atual sobre as mesmas. A reforma deveria continuar, segundo o próprio Lutero, para resgatar outras “verdades” ainda não resgatadas, mas não há lugar, no pensamento do Reformador, para que se diga que aquelas doutrinas debatidas por ele teriam sido reconhecidas como errôneas. E esse fato depõe a favor da razoabilidade da doutrina em questão, que tanto tem sido negada pelos protestantes mais modernos. Os novos exames das passagens bíblicas que os protestantes atuais adotaram, em contradição com o movimento protestante tradicional, são táticas perigosas e introdutórias de corrupções até mais graves. Vejamos mais, à luz do texto bíblico, uma reflexão da virgindade perpétua de Maria. Em Isaías 7:14 afirma-se que a virgem conceberá e dará a luz. Então, há base para a fé na concepção e nascimento virginais. Os pagãos e os gnósticos possuem crenças errôneas sobre o sexo. A sua doutrina não se harmoniza com a doutrina cristã católica. O catolicismo ensina que o sexo é bom, e o matrimônio é um dos sacramentos da Igreja Católica. Portanto, não há motivo para afirmar uma suposta origem pagã para a virgindade perpétua de Maria com base em dados históricos do paganismo. Tanto o matrimônio com o celibato são doutrinas bíblicas. O último é biblicamente tido como superior ao primeiro. Ambos são bons, são igualmente sacramentos, mas um é superior. Tanto casados como solteiros podem atingir a santidade, sendo que a virgindade não é pré-requisito. Qualquer objeção contra isso é improcedente, e as tentativas de tornar incoerente a existência dos dois sacramentos é um argumento não refletido pelo Dr. Bacchiocchi.

Cristo foi concebido miraculosamente e, mesmo assim, é verdadeiro Homem possuindo natureza igual à nossa. Seu nascimento virginal não compromete a sua humanidade mais do que sua concepção virginal (Heb 2:14.17) Ambas têm o mesmo peso, não compromete em nada a natureza humana de Cristo. Objeção contra isso é ilógica. Além de carecer de respaldo bíblico. Esse tópico do artigo que trata da humanidade do Salvador não forneceu nada substancial contra a doutrina da Virgindade Perpétua. Baseou-se em pressupostos interessantes, mas falsos.

Argumentos a favor da virgindade perpétua de Maria

É baseado em ensinamentos bíblicos e não em pressupostos dogmáticos. i O centro de tudo na doutrina cristã é Jesus Cristo. Devemos ter os olhos fixos nEle (Hebreus 12:2) ou será impossível entender corretamente as verdades cristãs. O motivo da virgindade da mãe do Senhor está relacionado à Sua missão. Se olharmos apenas para a virgem Maria, para entender essa doutrina sobre ela, será possível fazer paralelos incorretos, afrouxando os limites determinados, como fazem tantos estudiosos, imaginando conexões com costumes e ideias presentes no paganismo. Partem de semelhanças supostas. Muitos facilmente afirmam ser a virgem Maria a manifestação das deusas pagãs. Isso é um erro grave, pois basta olharmos para evidências internas na Bíblia Sagrada, tendo Jesus sempre como centro, e poderemos interpretar a grandeza e dignidade de Sua mãe como tendo razão unicamente por estar relacionada a Ele, que é o Senhor. Assim, a virgindade perpétua de Maria tem, em primeiro lugar, uma razão de

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ser para a Cristologia. A alegação de que em Roma as religiões gentias das virgens vestais, o gnosticismo e as heresias influenciaram a adoção do celibato, é mera especulação, aproveitando semelhanças com o cristianismo, mais ou menos claras, porém, fora dele, e que não estabelecem doutrina cristã. Esse ponto é refutado tranquilamente, pois quando um pesquisador considera objetivamente tais objeções, logo percebe que as mesmas poderiam ser injustamente lançadas contra considerável parcela das doutrinas cristãs. Devemos entender a doutrina da virgindade no interior do cristianismo para compreendermos as implicações que tem no dogma em questão. Já entre o povo de Deus as relações sexuais eram evitadas em circunstâncias especiais, como fazendo parte da santificação. Assim, quando da entrega dos Dez Mandamentos, os israelitas foram ordenados a não se unirem às suas mulheres (Êxodo 19:11.15). A ideia de santificação ligada à privação temporária do sexo indica uma base conceitual que prevalece na doutrina cristã. Dessa forma, Jesus ensinou que muitos possuem o dom do celibato por amor ao Reino dos Céus, e indica tal estado como superior ao do matrimônio (Mateus 19:11.12). E o teólogo sistematizador da fé cristã, São Paulo, seguindo o ensinamento de Nosso Senhor, aconselhava o celibato. E tal conselho não se limitava apenas ao motivo de tornar a vida mais livre para as funções eclesiais, mas reafirma a superioridade do estado celibatário (1 Coríntios 7:38). Está entre os ensinos cristãos a ideia de uma santificação que inclui a abstinência temporária de uniões matrimoniais em adição ao jejum e à oração (1 Coríntios 7: 5). Entende-se, desse modo, que Deus escolheu a mais especial forma de vida à mãe do Seu Filho. E se ela e o seu esposo José não se uniram, isso certamente constava com perfeito consentimento de ambos, e auxiliado pela graça permanente de Deus. É de pensar que tudo na Sagrada Família foi singular. O Filho concebido pelo poder do Espírito Santo em uma virgem. O esposo sendo informado em sonhos por revelação divina, através de um anjo, sobre o plano de Deus. E não somente isso quanto ao celibato. Mesmo no costume da Igreja Primitiva, e dos primeiros séculos, os sacerdotes casados viviam castamente, se isso estivesse de comum acordo entre eles e suas esposas, pois do contrário não podiam ser sacerdotes. É o que informam vários eruditos como o Prof. Stefan Heid, o Prof. Laurent Touze, o Msgr. Angelo Amato e outros.ii Se essa prática era tão comum na antiguidade, supor a castidade como um “grande problema” para o santo casal, Maria e José, é também um anacronismo. A virgindade perpétua serve para salvaguardar a doutrina da concepção virginal. Tudo isso mostra que as objeções apresentadas deixam de olhar para Cristo para se ocuparem de pontos acidentais que nada provam. Dessa forma, aos que veem que a doutrina cristã católica estaria fazendo de José um “coitadinho”, e que estaria sendo “privado” de uma união “normal” em seu casamento, esses estão olhando para José, para o seu suposto “problema”, quando deviam olhar para Jesus e entender os motivos que fundamentam esse modo de agir de Deus. Deus é perfeito e age soberanamente sem violar o livre-arbítrio de seus servos. No entanto, mesmo no Calvinismo o homem age pela graça voluntariamente, pois Deus tudo realiza no homem. Se a virgem Maria tivesse tido outros filhos, isso serviria de empecilho diante dos homens para a crença em Jesus como sendo concebido sobrenaturalmente. Dessa maneira, virgindade perpétua de Maria é uma pregação e testemunho convincentes sobre a divindade e conceição virginal de Jesus Cristo diante do mundo.

Respondendo mais especificamente às objeções protestantes contrárias à virgindade perpétua de Maria

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Entendido que o matrimônio é um sacramento e, portanto, a vida matrimonial é boa e abençoada por Deus, e que também o celibato e a virgindade são apontados como tendo o mais alto grau na doutrina bíblica, entende-se que qualquer semelhança com práticas gentias não prova nelas qualquer origem. Basta pensar que os judeus essênios possuíam ideias celibatárias, como está comprovado historicamente. Mas nem esse partido foi responsável pelo conceito bíblico do celibato. O sexo não é pecado e nem o é a virgindade. O matrimônio e o celibato fazem parte da doutrina cristã e não há espaço para o paganismo como sendo influenciador nos dogmas marianos, como foi provado acima.

A objeção de que a integridade e humanidade da encarnação de Cristo seriam minadas pela ideia da virgindade perpétua, não resiste a um escrutínio. Sabemos que Cristo é igual a nós com exceção do pecado (Hebreus 2:17). Crer que a virgindade perpétua de Maria poderia comprometer a humanidade Cristo é um contra-senso, visto que a Bíblia nos apresenta Sua encarnação como obra miraculosa do Espírito Santo, numa forma diferente e singular de concepção entre todos os homens, e mantém, ao mesmo tempo, que Jesus é semelhante em tudo a Seus irmãos, exceto no pecado. Seu nascimento virginal não compromete a Sua humanidade mais do que sua concepção virginal (Heb 2:14.17). Diante da razão humana, todas tem o mesmo peso, e não compromete em nada a natureza humana de Cristo. Objeção contra isso não possui lógica.

A Igreja ensina que o sexo é bom, pois foi criado por Deus. O matrimônio é sacramento divino. Pensar diferente é criar uma confusão inexistente, pois a Igreja tanto abençoa o matrimônio como o celibato. É falso que Igreja possua a imaginada “crença perversa” contra o sexo, e assim a objeção cai, constituindo mais uma “dificuldade” inexistente. As ideias de que “o dogma da virgindade perpétua nega a visão bíblica positiva do sexo”, e de que rebaixa “as mulheres que preferem o casamento” são acusações gratuitas. Que ideia é essa de que a doutrina da virgindade possa tornar negativo o sexo e rebaixar as mulheres casadas? É bíblico ter em vista, em primeiro lugar, a missão de Cristo e o motivo da melhor adequabilidade do dogma da virgindade perpétua de Sua mãe. Cristo ensinou o celibato bem como o matrimônio estabelecendo ambos como conforme a vontade de Deus. A virgem Maria manteve as duas maiores dignidades da mulher, a saber, a virgindade e a maternidade, tudo por causa de Cristo. São Paulo era celibatário e nem por isso negou a visão positiva do sexo, e nem rebaixou quem preferia o casamento.

Exemplos disso também são às muitas santas casadas. Não é difícil que casados alcancem o “mesmo estado de santidade” que os celibatários, pois isso não está necessariamente ligado a esse estado, já que a cooperação com a graça divina é que será decisiva.

Assim, há santas católicas casadas veneradas como aquelas que permaneceram virgens por toda a vida. Santa Terezinha foi casada. Santa Maria da Encarnação (Marie Guyart) casou-se e foi mãe, indo para o convento quando o filho ficou mais velho. Em seu tempo não puderam consagrar sua virgindade, tendo aceitado o casamento, e somente após a viuvez é que tornaram-se religiosas. Foram boas administradoras do lar antes de ir para o convento, e são veneradas no mesmo nível das virgens santas, como Santa Luzia. Santa Maria da Encarnação aprendeu a línguas nativas da América, escreveu um catecismo em três línguas diferentes, compôs dicionários e obras

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devocionais nessas línguas.iii Santa Edwiges é outro exemplo que ratifica o que foi tratado acima: “Aos 12 anos, casou-se com Henrique, príncipe da Silésia (um dos principados da Polônia medieval e atual região administrativa da Polônia), com quem teve seis filhos, sendo que dois deles morreram precocemente. Culta, inteligente e esposa dedicada, ela cuidou da formação religiosa dos filhos e do marido.” iv Dessa forma, fica evidente a fraqueza do argumento do Dr. Bacchiocchi em mais essa questão.

A doutrina católica tanto ensina o que está em 1 Sam 1 e 2, e louva os casais cristãos, quanto o que está em 1 Cor 7, ensinando o celibato. Matrimônio e celibato são corroborados por sacramentos. A afirmação reprovável do Dr. Bacchiocchi poderia ser corrigida e soar da seguinte forma: “Nos ensinamentos católicos uma mulher que se dedica à sua família, educando os filhos no temor de Deus, facilmente pode alcançar o mesmo estado de santidade de uma mulher que opta por permanecer virgem para servir ao Senhor.”  Estando assim corrigido, vemos mais uma acusação que não atinge a Igreja Católica.

Resumindo: a virgindade perpétua de Maria não oferece problema algum para a cristologia, mas, pelo contrário, serve para salvaguardar a verdade sobre a origem humana ou encarnação de Jesus Cristo-Deus.

Conclusão

Será mesmo que a doutrina da virgindade perpétua é tão negada na Bíblia? Podemos ver, pelo estudo acima, que não. Todas as objeções são respondidas, e há razões sérias para manter o dogma em vista da verdadeira Cristologia. Não há um argumento que permaneceu não-respondido, ou que não pôde ser respondido. Uma superstição não resiste a uma análise como resistiu o dogma em questão. Portanto, nem de longe o mesmo assemelha-se a algo supersticioso, mas é bem fundamentado, bíblica e racionalmente, e crido desde o início do Cristianismo.

PARTE 2

A IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA

O que foi dito pelo Dr. Bacchiocchi nesse tópico do artigo é muito oportuno. A devoção popular da virgem Maria parece encontrar mais expressão do que aquela a Jesus, embora não seja isso o objetivo e nem o posicionamento oficial da Igreja. Parece natural que ao longo do tempo os dogmas marianos tenham fomentado uma falsa devoção ao lado da verdadeira. Contudo, não seria correto atacar a verdadeira doutrina para corrigir atitudes incorretas de tantos, mas orientar doutrinariamente a todos para uma sã devoção mariana. É verdade que a Igreja interpreta o papel da virgem Maria no plano de Deus como o de um “canal”, pois foi através dela que o Pai escolheu enviar Seu Filho ao mundo. Sendo o canal humano, é um tanto lógico afirmar tal coisa das outras funções, se bem que cause esses aparentes problemas na mente de quem passe a

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olhar somente para o papel da virgem ao invés de MANTER os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12:2).

Os dogmas marianos são devidos à sua proximidade a Jesus. Maria é criatura e não tem nem o poder, nem a graça, nem a salvação. A própria salvação que ela mesma necessitava foi alcançada por Jesus Cristo na cruz. A graça que a livrou da condenação foi obra de Deus em vista dos méritos de Jesus Cristo. Recorrer à intercessão de Maria não está de nenhuma maneira concorrendo com a única intercessão de Cristo diante do Pai em favor de toda a humanidade. O papel intercessor de cada cristão e, em primeiro lugar, da virgem Maria, por ter sido ela a criatura mais próxima de Jesus, ou seja, esse ministério de intercessão dos fiéis, somente é possível por que Jesus abriu o acesso a Deus por Seu sacrifício. Todos devem apresentar a Deus as orações em nome de Jesus e ser ensinados pelo Espírito Santo. A mãe de Jesus não ora de forma diversa da nossa, mas, como já está na glória do céu, é de se reconhecer que esteja em condições mais propícias de apresentar orações a Deus. Qualquer graça que a virgem “dispense” a um fiel, é graça vinda de Jesus Cristo, não dela, pois ela não a tem para dispensar. Assim, a intercessão de Maria é essencialmente igual à nossa, e diversa da de Cristo, que é única.

Quanto aos mecanismos da imaculada conceição, parece ser ineficaz a crítica de que isso somente poderia existir segundo a concepção dualística da natureza humana. Deus poderia criar imaculadamente qualquer ser humano tanto na visão holística quanto na dualística, assim como criou Adão e Eva. Além do mais, a doutrina católica é holística, já que acentua a unidade corpo-alma do ser humano.v A explicação do Dr. Bacchiocchi, que mostra basicamente a doutrina católica, parece estar correta: A imunidade de pecado original na alma, assim como a exclusão do pecado hereditário do corpo, foram dados a Maria no momento da concepção pelo mesmo Cristo que purifica os crentes do pecado pelo batismo. Por que não adotar essa visão, que reconhece que a purificação da virgem Maria foi operada por Cristo, sendo a verdade de que é Jesus Cristo o salvador de todos? Parece que o Dr. Bacchiocchi não pôde encontrar motivo sério para negar essa doutrina.

Uma Questão Muito Debatida

A verdade bíblica inegável de que Cristo é o salvador de todos, e assim Maria precisou de ser salva, é uma doutrina da Igreja Católica. Além do mais, é relevante saber que sempre foi unanimidade entre os cristãos católicos que Maria é imaculada e que o debate apenas envolvia o “tempo” ou o “momento” em que houve a purificação.

De certa forma, mesmo na concepção ocorreu purificação, pois Deus não permitiu a transmissão do pecado original. Assim, pois, é provado que os cristãos sempre viram a mãe de Jesus como uma criatura sem pecado, constituindo a posição bíblica.

A Imaculada Conceição Deriva da Visão Dualística da Natureza Humana

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Como foi tratado acima, não é improvável que Deus possa criar seres imaculados segundo a visão holística da natureza humana. Parece ser um tanto inexato afirmar da doutrina da dualidade da natureza humana como se esta afirmasse haver entidades funcionando independentemente, pois esse não é o caso. Essa é uma objeção que atinge mais a crença platônica do que a cristã. Tentar corrigir essa inverdade, que é estranha à doutrina da Igreja, é reconhecer que as objeções não a afetam realmente, já que a mesma Igreja não advoga tal ensino.

Sendo assim, mais uma aparente “dificuldade”, que realmente não existe. Será que a visão holística não deixaria espaço para que Deus purificasse uma criatura Sua no momento inicial de sua existência? É um problema que não se impõe, visto que Deus criou o ser humano santo (Adão e Eva). Essa objeção não mostra ser problema algum. De qualquer forma, o próprio Cristo nasceu sem o pecado original, sem essa “condição moral básica da natureza caída”. Assim, adotando a visão dualística ou holística, Deus criou o homem sem pecado, e porque não poderia ter criado a virgem Maria como tal, aplicando o sacrifício de Cristo e resgatando-a? Ser santo não é ser igual a Deus, mas é uma normalidade de Deus para o homem.

Uma resposta bíblica às objeções ao dogma da Imaculada Conceição

Jesus Cristo veio salvar e libertar o homem do domínio pecado. De fato, a normalidade da natureza humana é ser sem pecado. Os primeiros pais, Adão e Eva, foram criados livres e imaculados, vivendo no jardim paradisíaco do Éden (Gênesis 1 e 2).

A queda trouxe uma anormalidade para a nossa natureza, que é o pecado (Gênesis 3). Assim, os seres humanos não têm necessidade de serem pecadores para terem humanidade verdadeira.vi Quanto menos pecado, mais é possível viver humanamente, de forma completa. Existem milhares, milhões, ou de qualquer forma, incontável número de criaturas completamente sem pecado. Esses são os anjos. E os santos do céu, que já não possuem pecado e não podem mais pecar. Portanto, é falso dizer que a santidade desde a conceição poderia ser vivida somente por Cristo, constituindo, por isso, um princípio inexistente na teologia bíblica, pois Ele mesmo criou santos o homem, a mulher e todos os anjos.

O presente artigo tratará de duas das doutrinas marianas. Essas doutrinas sempre estiveram implícitas no depósito da fé desde os primórdios do cristianismo. Foi crido pelos cristãos primitivos através das verdades fundamentais da fé cristã, de modo indireto. Como afirma a Enciclopédia Católica, a doutrina da Mãe de Deus não pode ser separada da Pessoa nem da obra do Redentor, e tem a mais profunda conexão com a Cristologia e a Soteriologia.

Sendo a Virgem Maria a Mãe de Deus, deve-se reconhecer a sua singular dignidade, sendo suficiente, para tal, apenas vislumbrar a eterna e infinita dignidade do Filho. Em outras palavras, isso pode ser dito afirmando que a eterna e infinita grandeza de Nosso Senhor Jesus Cristo traz, naturalmente embutida, a ideia de uma mãe adequadamente preparada pura para recebê-Lo. Eis o modo mais apropriado que a eterna sabedoria de Deus preparou para enviar Seu Filho a este mundo. Assim, a mesma

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doutrina da Imaculada Conceição é mais uma verdade crida para exaltar o Cristo Salvador e Redentor do mundo, num cristocentrismo evidente. No que se segue, tratar-se-á de dois dos privilégios que a virgem recebeu de Deus: a sua imaculada conceição e sua vida livre de pecado.

Provas da Escritura

Nem todo o ensino da Escritura é apresentado de forma explícita. Portanto, vários ensinamentos estão implícitos, ou podem ser deduzidos. Os protestantes afirmam que a doutrina da Imaculada Conceição não tem “nenhum” embasamento bíblico, porém, uma análise profunda revela o contrário, como foi provado anteriormente. Não há diferença entre o que ensina a Bíblia e o que ensina a Igreja. O Magistério apenas explicita as doutrinas, segundos as premissas bíblicas, definindo-as para o povo de Deus. Cada dogma não é senão um entendimento mais exato da verdade do Evangelho. O protestante poderá desafiar-se a provar a ideia de que seria mais adequado, ou que foi um fato, que o Senhor nascesse de uma mãe pecadora.

O proto-evangelho, em Gênesis 3:15, menciona o Salvador e Sua mãe. A Escritura começa a desenvolver, já no seu início, essa relação íntima de Cristo e de Sua mãe na história da salvação.

Gênesis 3:15

Essa passagem contém a promessa do Redentor e, em conjunção com ela, a doutrina da preservação de Sua mãe do pecado original. Para entender essa doutrina é necessário desenvolvê-la logicamente, fundamentado nas premissas bíblicas que a substanciam. O sentido literal da passagem é que entre Satanás e seus seguidores, de um lado, e Eva e sua posteridade, que é toda a humanidade, de outro, haverá constante guerra moral (Satanás e os seus x Eva e os seus). Eva e sua posteridade conseguirão completa vitória sobre o Maligno e seus descendentes. Quem é a descendência de Eva?

As Escrituras revelam que a mencionada posteridade de Eva inclui o Messias. Assim, a passagem é claramente messiânica. A vitória não é originariamente corporativa, de todos os descendentes de Eva sobre os descendentes de Satanás, mas do Messias, o Redentor, em primeiro lugar, sobre o Maligno e sua semente, seguida, consequentemente, da total vitória de toda a descendência redimida. A semente da Mulher é, logicamente, o Messias e, então, a Mulher é a mãe do Messias.

Chega-se, portanto, ao sentido profético e espiritual da passagem. O Messias é o conquistador da vitória completa e dessa forma Sua mãe está associada nessa vitória.vii

Satanás venceu o homem através do pecado. A vitória completa contra o Demônio deve extirpar o pecado. Nem Eva, nem sua semente anterior a Jesus Cristo teve poder para efetivar tal ação. Se a semente é diretamente Jesus, a Mulher é diretamente Maria.

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Em Jesus é impossível haver pecado, e assim, Maria recebeu a preservação do pecado para poder participar da vitória sobre o Demônio. Revela-se dessa maneira que o motivo da santificação de Maria não é o de evitar a transmissão do pecado ao Senhor, mas para participar da santidade e vida do Senhor. Dessa forma, por esse princípio bíblico temos estabelecida a imaculada conceição.

Quando o Dr. Bacchiocchi desconsiderou a conexão necessária ou lógica do fato de Maria ser a mãe do Redentor, e por isso ter sua natureza preservada do pecado, ele não atentou devidamente para a íntima associação do Messias e Sua Mãe no proto-Evangelho de Gênesis 3, o que fundamenta a natureza dessa necessária conexão, baseada na revelação daquela radical inimizade. Não há necessidade da imaculada conceição de Maria para haver a natureza imaculada de Cristo, mas há uma razoabilidade inegável em crer que Deus afastou o pecado de Maria radicalmente na realização do mistério da encarnação de Jesus.

Graça e pecado

A graça frequentemente é referida como um poder ou habilidade a qual Deus concede em vista a vencermos o pecado, como explica Dave Armstrong. De fato, a Enciclopédia Católica afirma que a graça é diametralmente oposta ao pecado.

O pecado é algo espiritual, é a transgressão da Lei de Deus, que mancha a alma humana. A graça está totalmente oposta a ele. Essa é a ideia que os textos bíblicos permitem que tenhamos. Romanos 5:20-21: onde o pecado abundou, a graça superabundou... o pecado reinou através da morte, a graça deve reinar através da justiça.

Romanos 6:14: Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Quem está na graça não está em pecado. Quem tem a plenitude da graça, então, não tem pecado algum. Dessa forma, pensar na grandiosa graça recebida pela virgem, em vista dos méritos de Cristo, implica em que ela não tinha nenhum pecado, pois a graça foi superabundante. Portanto, quanto à tradução “cheia de graça”, essa está mais de acordo com a ideia bíblica em questão, do que a também correta versão “agraciada”.

Lucas 1:28

A Enciclopédia Católica afirma que esse verso serve como ilustração da verdade da imaculada conceição. Realmente, o anjo Gabriel saúda a virgem como a “cheia de graça” ou, como preferem os protestantes, como “agraciada”. De qualquer forma, essa saudação mostra a virgem como tendo um nome próprio, conectado à graça de Deus.

Entre as mulheres benditas, existentes desde o início da criação, é racional conceber que a graça recebida pela virgem Maria ultrapassa todas as graças jamais dadas por Deus a qualquer serva, sendo correto que entre as mulheres, a virgem Maria foi realmente a mais bendita.

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O Espírito Santo inspira santa Isabel a exclamar que a virgem é bendita entre as mulheres e que Jesus Cristo é bendito fruto do seu ventre (Lucas 1:42). Não é necessária muita retórica para dizer que Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, é o mais bendito entre os homens, e desse fato concluir sobre a grandeza conferida a Sua mãe.

Romanos 3:23

O Espírito Santo ensina, através do apóstolo São Paulo: Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Esse é o pecado original, pois todos estão, do pecado de Adão em diante, fora da graça divina e, desse modo, em estado pecaminoso, não um pecado pessoal, mas aquele herdado por todo membro da raça humana.

Quando o texto diz: TODOS, não está excluindo nenhuma criatura humana. Para ser restabelecida a graça de Deus, o Sacrifício de Cristo foi necessário. Mesmo a virgem Maria pecou em Adão, mas foi preservada de contrair a mácula do pecado, ou seja, ela não tinha o direito de nascer fora do estado pecaminoso, pois carecia da graça, e estava destituída da glória de Deus, mas recebeu tal privilégio por ter sido escolhida para ser a mãe do Salvador e Redentor do mundo. Assim, a virgem foi salva no momento em que entraria no reino do Maligno, no mesmo instante da sua concepção. A razão mesma advoga ser mais adequado ao Filho de Deus nascer de uma criatura totalmente sem pecado. Daí os cristãos católicos têm a virgem como uma mulher salva por Deus, necessariamente dependente do sacrifício da Cruz, como ela mesma diz no Magnificat - Lucas 1:48: E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador. Quando a virgem, a Mulher, que entre todas as mulheres foi escolhida para se tornar a mãe de Deus feito homem, a bendita entre as mulheres, quando estava para ser tragada pelo Demônio e contrair o pecado, o Senhor a salvou. Portanto, por chamar Deus de meu Salvador, não é prova de que estava em pecado, mas de que foi salva por Deus, por ser da raça de Adão, e não merecer a glória por si mesma, tudo pela graça que Cristo alcançou por todos.

Efeitos da Graça de acordo com alguns textos bíblicos

A graça é necessária e “é divinamente ordenada para efetuar a redenção do pecado através de Cristo e levar os homens a seu destino eterno no céu”, afirma a Enciclopédia Católica. Então onde há a graça o pecado é tirado.

A graça é proveniente da parte de Deus e de Cristo (Efésios 1,2). Deus nos fez agradáveis a Si mesmo através da graça (Efésios 1,6). Temos a redenção, pelo sangue de Cristo, a redenção das ofensas feitas a Deus, tudo isso pela graça (Efésios 1,7). Somos salvos pela graça (Efésios 2,5). Pela operação do poder de Deus nós recebemos a sua graça (Efésios 3,7). Recebemos a graça na medida do dom de Cristo (Efésios 4,7).

A graça vem de Deus, nos faz agradáveis a Ele, nos redime das ofensas ou pecados, e é dada na medida do dom de Cristo.

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Deus nos chama pela Sua graça (Gálatas 1,15). Somos justificados pela graça (Romanos 3,24). Graça é diversa da dívida (Romanos 4,4). Pelo ato único de justiça veio a graça (Romanos 5,18). A graça é antítese do pecado (Romanos 5,20). Estando debaixo da graça o pecado não pode dominar (Romanos 6,14). Cada fiel tem um nível de graça, pois nela podemos crescer (2 Pedro 3,18). É o que diz Efésios 4,7: “na medida do dom de Cristo”. A graça veio por Cristo (João 1,17). A graça de Deus é o poder de Cristo (1 Coríntios 12,9).

A graça que Deus utiliza para nos fazer agradáveis a Si, para nos redimir, é proveniente dEle mesmo, e a recebemos pela operação de Seu poder, na medida do dom de Cristo.

E a graça que a virgem Maria recebeu foi superabundante.

Concluindo

Os anjos, seres criados por Deus, vivem no céu sem pecado algum, nunca pecaram uma vez sequer. Os anjos caídos, aqueles que se rebelaram contra Deus, vivem hoje no inferno. No Juízo Final terão sua sentença levada ao máximo no Lago de Fogo e enxofre (Apocalipse 20:10).

Os santos que estão na glória também não pecam e não podem mais pecar. O ser humano não foi criado para pecar. Deus pode purificar uma criatura Sua de forma total, fazendo-a viver sem pecado.

A tradução de Lucas 1:28, “cheia de graça”, foi considerada correta até por eruditos que negavam a autoridade da Igreja Católica, nos tempos anteriores ao Protestantismo e mesmo depois.

O texto de João 1:16 E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça, é usado por protestantes com o intuito de “provar” que todos os crentes são “cheios” de graça, porém essa ideia não está no texto bíblico. O texto afirma que recebemos da plenitude de Cristo, não recebemos a plenitude.

O texto de Atos 6:8: “E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo”, afirma que Estevão era cheio de fé e poder, não contradiz a imaculada conceição. Pelo contrário, o texto de Lucas 1:28 é consistente com a doutrina da imaculada conceição.

2. Ser cheio de graça é ser salvo: essa questão não requer que a criatura tenha de ter pecado. Adão e Eva nasceram na graça de Deus, nasceram salvos. Eram cheios de graça. O homem foi criado na graça de Deus, perdeu-a pelo pecado, e assim que é colocado na graça, o pecado é expiado, pelo sacrifício de Cristo. Portanto, supor que a graça só possa ser herdada por quem já tenha pecado é um princípio estranho à Sagrada Escritura. E sendo esse o único “argumento” proposto como dificuldade para a aceitação da Imaculada Conceição de Maria, vê-se que não há dificuldade alguma.

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Quem quiser testar essa verdade, tente estabelecer, pela Bíblia somente, esse princípio falso de que a graça “requer” uma “pecaminosidade” anterior.

3. Ser cheia de graça, a qual nos dá a força de ser santos, justos e sem pecado, é estar totalmente sem pecado, por essa mesma graça. Esse princípio é negado por protestantes, embora não haja demonstração alguma de que o princípio esteja errado. A exegese prova que é um princípio bíblico.

De fato Maria confessou que Deus era seu Salvador. É uma verdade bíblica, uma doutrina puramente cristã católica. Para o protestante parece ser quase impossível aceitar que uma criatura possa viver sem pecar, como se o pecado fosse “necessário” à humanidade, conclusão que certamente os protestantes não tem em mente, mas, que inconscientemente teimam em defender princípio esse alheio ao teor global do ensino bíblico. O Espírito Santo santificou S. João Batista ainda no ventre de sua mãe, portanto, sem a participação do mesmo. Evidencia-se assim um conceito bíblico estabelecido. Igualmente a virgem foi imaculada na sua concepção, uma ideia bíblica que não apresenta problema.

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ANEXO

Importante:

Para aqueles cuja opinião própria é fundamental, que a interpretação individual que já fizeram da Bíblia basta, não importam quais sejam os argumentos, não adianta ler argumentos contrários.

Os argumentos da razão. Se racionalmente o “Pôde e quis, logo, o fez”, afirmando o poder de Deus para realizar o impossível, ou seja, se essa argumentação não “prova” a imaculada conceição, pelo menos merece reflexão.viii

De fato, a doutrina da imaculada conceição não está baseada nesse argumento, mas, nele encontra um aliado, pois o mesmo reflete o fato. A Bíblia apresenta princípios que levam à fé de que Deus realmente purificou Maria no momento da sua criação. A conveniência, naturalmente, não resolve a questão, mas quando os dados doutrinais são expressos na Escritura ressalta-se que o mais adequado racionalmente foi o que Deus escolheu. A razão está a favor da imaculada conceição, nunca contra.

1) Deus foi o autor da Salvação. Então, não há necessidade de uma imaculada conceição em cadeia, mas somente naquele que tencionou Deus aplicar a salvação. É um problema que a razão não apresenta.

2) A santidade de Cristo não depende em nada da imaculada conceição de Sua mãe. É argumento correto. O mesmo não depõe pró ou contra a doutrina, é neutro.

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3) Desumanização. Esse argumento leva à heresia, por estabelecer que o pecado é a causa da humanidade ou natureza do homem.

Com o objetivo de não apegar-se a pequenas coisas aqui e ali, como se estivesse esquecendo o quadro geral do ensino bíblico, foram analisados todos os argumentos do Dr. Bacchiocchi quanto às doutrinas marianas. Se um por um não puderam refutar as doutrinas, isso é em razão de que os ensinos sobre Maria são fundamentados nas Escrituras Sagradas.

Corrigindo Argumentos

“Foi o Sínodo Laterano de 649 AD que ressaltou pela primeira vez, o caráter tríplice da virgindade de Maria, a saber, que “Maria era uma Virgem antes, durante e após o nascimento de Jesus Cristo (Dr. Bacchiocchi).”

A doutrina é conhecida desde a antiguidade bíblica, referida nos escritos antigos. A afirmação acima tende a causar falsa conclusão, como se a doutrina tivesse tido origem em 649, o que não se sustenta. Ressaltar pela primeira vez, como sendo típico de concílio regional, talvez seja o entendimento correto.

A virgindade de Maria é vista como uma condição prévia essencial para que ela “servisse no mistério da redenção com ele e dependentes dele, por graça de Deus.”[16](Dr. Bacchiocchi).

A citação na qual se baseia para concluir o que está expresso acima é do número 494 do Catecismo, mas a premissa do Dr. Bacchiocchi não encontra-se no Catecismo.

Não é dito que a condição prévia essencial seja a virgindade. O Catecismo explica sobre a “obediência” da virgem Maria, e cita Santo Irineu em seguida.

A parte que contém a citação referida pelo Dr. Bacchiocchi: “...servisse no mistério da redenção com ele e dependentes dele, por graça de Deus”, e que foi interpretada por ele como “a virgindade de Maria é vista como uma condição previa essencial”, está posta assim: “Ao anúncio de que dará à luz «o Filho do Altíssimo», sem conhecer homem, pela virtude do Espírito Santo (144), Maria respondeu pela «obediência da fé» (145), certa de que «a Deus nada é impossível»: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38). Assim, dando o seu consentimento à palavra de Deus, Maria tornou-se Mãe de Jesus. E aceitando de todo o coração, sem que nenhum pecado a retivesse, a vontade divina da salvação, entregou-se totalmente à pessoa e à obra do seu Filho para servir, na dependência d'Ele e com Ele, pela graça de Deus, o mistério da redenção”.

O ensino do Catecismo aponta para a “obediência da fé”, o “consentimento” de Maria, o aceitar a vontade de Deus e sua entrega total. Isso a fez servir o mistério da redenção.

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O Dr. Bacchiocchi injetou aquilo que pensava ser o sentido da virgindade de Maria para a Igreja Católica, interpretando erroneamente onde é tratado da obediência. O próprio sub-titulo no Catecismo é: “Faça-se em mim segundo a tua palavra...”

O autor continua citando o Catecismo, concluindo aquilo que já havia iniciado sobre a virgindade de Maria: “É importante observar que para os católicos a perpétua virgindade de Maria e perfeição vitalícia, a capacita a servir como uma Redentora e dispenseira da graça de Cristo.”

Essa opinião foi mostrada falsa, pois o Catecismo não está ensinando o que o Dr. entendeu, mas mostra a entrega total da virgem Maria a Jesus para servir pela graça o mistério da redenção. Argumentou-se contra uma ideia falsa.

Autor: Gledson Meireles.

NOTAS:

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i A Teologia cristã católica emerge da Bíblia Sagrada.ii disponível em:http://www.romereports.com/palio/modules.php?t=Married-priests-from-the-first-centuries-practiced-celibacy&name=News&file=article&newlang=english&sid=1740. Acesso em 10/03/2010.iii Mais informações sobre ela em: http://www.patheos.com/Resources/Additional-Resources/Twice-Our-Mother-Blessed-Marie-of-the-Incarnation-Pat-McNamara-01-11-2011.html .iv Wikipedia.v A doutrina católica contida na verdade corpore et anima unus difere em muito da concepção platônica da natureza do homem.vi Nisso está a fraqueza das objeções baseadas no falso princípio que parece tornar o pecado necessário para a natureza humana.vii ref. Juniper Calor e Ullathorne.viii Argumentos apresentados em: http://www.cacp.org.br/catolicismo/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=367&cont=1&menu=2&submenu=3.