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MARINA ILKA BAUMER PROPOSTA DE MELHORIAS PARA A ATIVIDADE DE PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS DE DEMANDA DEPENDENTE DA AMANCO BRASIL LTDA JOINVILLE – SC 2006

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MARINA ILKA BAUMER

PROPOSTA DE MELHORIAS PARA A ATIVIDADE DE PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS DE DEMANDA

DEPENDENTE DA AMANCO BRASIL LTDA

JOINVILLE – SC 2006

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

MARINA ILKA BAUMER

PROPOSTA DE MELHORIAS PARA A ATIVIDADE DE PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS DE DEMANDA

DEPENDENTE DA AMANCO BRASIL LTDA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC - como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção e Sistemas. Orientador: Leandro Zvirtes

JOINVILLE – SC 2006

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MARINA ILKA BAUMER

PROPOSTA DE MELHORIAS PARA ATIVIDADE DE PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS DE DEMANDA

DEPENDENTE DA AMANCO BRASIL LTDA

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito para obtenção do título

de Bacharel no curso de graduação em Engenharia de Produção e Sistemas da

Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC.

BANCA EXAMINADORA

Orientador: ______________________________________________ Msc. Leandro Zvirtes Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Membro : ______________________________________________ Esp. Nilson Campos Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

______________________________________________ Msc. Rogério Simões Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

Joinville, 25/07/2006

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“Humildade para ter coragem de se colocar na posição de aprendiz da vida. Humildade para aprender as lições. Humildade para parar de se julgar um deus.” ROBERTO SHINYASHIKI

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RESUMO

Tendo em vista que o mercado está cada vez mais exigente, que novas técnicas e conceitos de gerenciamento de empresas surgem a cada dia e que a cadeia logística deve estar cada vez mais integrada, ter uma programação de materiais eficiente é uma das premissas para o sucesso da empresa. O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de melhorias para a atividade de programação e controle de materiais de demanda dependente da empresa Amanco Brasil Ltda. Este trabalho surgiu das dificuldades enfrentadas para realização da atividade mencionada e da importância dessa atividade para o desenvolvimento da empresa. Para tanto, foi realizado um diagnóstico do procedimento de programação e controle de materiais de demanda dependente, levando em consideração aspectos culturais da empresa. Problemas como falta de padronização e falta de registro eram as principais causas que afetavam a eficiência da atividade. Com o auxílio da revisão bibliográfica sobre o assunto, envolvendo as áreas de logística e planejamento e controle de estoques, foi desenvolvido um conjunto de melhorias específicas para a empresa Amanco Brasil, que vem com intuito de padronizar e melhorar a eficiência da atividade estudada, contribuindo para o crescimento da empresa.

PALAVRAS-CHAVES: Programação e controle de materiais. Gestão de estoques. Demanda dependente.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplo de cadeia de suprimentos. .........................................................16

Figura 2 - Estrutura da cadeia de suprimento. ..........................................................17

Figura 3 - Dinâmica do processo de planejamento. ..................................................23

Figura 4 - Horizonte de planejamento. ......................................................................24

Figura 5 - Período de replanejamento. ......................................................................26

Figura 6 – Sub-horizontes dentro do horizonte de planejamento. .............................26

Figura 7 – Erros de previsão crescem com o horizonte de previsão.........................27

Figura 8 – Exemplo de curva ABC. ...........................................................................31

Figura 9 – Modelo por ponto de pedido.....................................................................36

Figura 10 - Sistema MRP. .........................................................................................38

Figura 11 - Esquema de um MRP. ............................................................................40

Figura 12 - Sistema kanban com um cartão..............................................................42

Figura 13 - Localização do Grupo Amanco na América Latina. ................................55

Figura 14 - Localização da atividade de programação de materiais na estrutura logística da Amanco Brasil. ....................................................................58

Figura 15 - Sistemas informatizados utilizados pela Amanco Brasil. ........................59

Figura 16 - Gráfico de Gantt no Scheduler................................................................60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Procedimentos fundamentais de Administração de Materiais. .................21

Tabela 2 - Plano da pesquisa-ação...........................................................................53

Tabela 3 - Procedimentos de administração de materiais na Amanco......................64

Tabela 4 - Proposta de melhorias. ............................................................................71

Tabela 5 – Calendário de entrega de materiais.........................................................76

Tabela 6 – Relatório de materiais obsoletos. ............................................................79

Tabela 7 – Relatório de materiais críticos – estoque de segurança. .........................80

Tabela 8 – Agenda semanal de programação e controle de materiais. ....................81

Tabela 9 - Agenda de atividades de freqüência menor. ............................................81

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10 1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA..............................................................................10 1.2 OBJETIVO GERAL .............................................................................................11 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...............................................................................11 1.4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................11 1.5 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO .........................................................................12 1.6 METODOLOGIA..................................................................................................13 1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................15 2.1 LOGÍSTICA .........................................................................................................15 2.1.1. A cadeia de suprimento...................................................................................15 2.1.2 Definição de logística .......................................................................................17 2.1.3 Importância da logística....................................................................................18 2.1.4 Divisão da cadeia de suprimentos....................................................................19

2.2 PLANEJAMENTO DE MATERIAIS .....................................................................20 2.2.1 Conceito de planejamento................................................................................20 2.2.2 Importância do planejamento de materiais.......................................................21 2.2.3 Dinâmica do processo de planejamento...........................................................22 2.2.3.1 Horizonte de planejamento............................................................................23 2.2.3.2 O período de replanejamento........................................................................25 2.2.4 O conceito de planejamento hierárquico ..........................................................26

2.3 GESTÃO DE ESTOQUES...................................................................................27 2.3.1 Tipos de estoques ............................................................................................28 2.3.2 Itens de demanda independente e dependente ...............................................29 2.3.3 Função dos estoques .......................................................................................30 2.3.4 Classificação ABC............................................................................................31 2.3.5 Tamanho do lote de reposição .........................................................................33 2.3.5.1 Custos relacionados ao tamanho do lote ......................................................33 2.3.5.2 Lote econômico .............................................................................................34 2.3.6 Modelos de ressuprimento de estoques...........................................................35 2.3.6.1 Ressuprimento de estoques por ponto de pedido .........................................36 2.3.6.2 Ressuprimento de estoque por revisões periódicas......................................37 2.3.6.3 Ressuprimento pelo MRP..............................................................................37

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2.3.6.4 Ressuprimento por Kanban...........................................................................40 2.3.7 Estoque de segurança......................................................................................43

2.4 CONTROLE DE ESTOQUES..............................................................................44 2.4.1 Custo do estoque .............................................................................................45 2.4.2 Rotatividade do estoque...................................................................................46 2.4.3 Materiais sem giro e obsoletos.........................................................................47 2.4.4 Número de horas paradas da produção por falta de material ..........................47 2.4.5 Relação de itens críticos ..................................................................................48

3 METODOLOGIA DE PESQUISA...........................................................................49 3.1 O PROBLEMA.....................................................................................................49

3.2 PESQUISA..........................................................................................................49

3.3 METODOLOGIA UTILIZADA ..............................................................................50

3.4 ETAPAS DA PESQUISA.....................................................................................51 3.4.1 Fase exploratória..............................................................................................51 3.4.2 Formulação do problema..................................................................................51 3.4.3 Discussão com o grupo de trabalho .................................................................52 3.4.4 Coleta de dados ...............................................................................................52 3.4.5 Análise e interpretação dos dados ...................................................................52 3.4.6 Elaboração do plano de ação...........................................................................53

4 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ........................................................................54 4.1 HISTÓRICO ........................................................................................................55

4.2 ESTUTURA LOGÍSTICA.....................................................................................56

4.3 SISTEMAS INFORMATIZADOS .........................................................................58 4.3.1 SAP/R3.............................................................................................................59 4.3.2 BAAN/Scheduler ..............................................................................................59

4.4 GESTÃO DE ESTOQUES...................................................................................61 4.4.1 Ressuprimento baseado no consumo ..............................................................61 4.4.2 Ressuprimento pelo MRP.................................................................................62 4.4.3 Ressuprimento de itens por encomenda..........................................................62 4.4.4 Estoque de segurança......................................................................................63

4.5 PROGRAMAÇÃO DE MATERIAIS .....................................................................63 4.5.1 Rotina de programação de materiais ...............................................................64

4.6 CONTROLE DE ESTOQUE................................................................................65

4.7 DIFICULDADES NA ATIVIDADE DE PROGRAMAÇÃO DE MATERIAIS...........66 4.7.1 Manual desatualizado e incompleto .................................................................67 4.7.2 Falta de padronização das rotinas ...................................................................67 4.7.3 Cadastro de material desatualizado .................................................................68 4.7.4 Horizonte de programação longo .....................................................................68 4.7.5 Modelo inadequado de ressuprimento de materiais.........................................68 4.7.6 Má visibilidade da necessidade de follow up....................................................69 4.7.7 Sem indicadores de desempenho ....................................................................69 4.7.8 Fornecedores não cumprem as datas de entrega............................................70

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5 PROPOSTA DE MELHORIAS PARA ATIVIDADE DE PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS DE DEMANDA DEPENDENTE DA AMANCO BRASIL LTDA.........................................................................................................................71 5.1 REVISÃO DOS MATERIAIS PROGRAMADOS..................................................72

5.2 PRIORIZAÇÃO DE MATERIAIS .........................................................................73

5.3 DIVISÃO DO HORIZONTE DE PROGRAMAÇÃO..............................................74

5.4 PADRONIZAÇÃO DO PERÍODO DE REPROGRAMAÇÃO ...............................74

5.5 REVISÃO DOS MODELOS DE RESSUPRIMENTO DOS MATERIAIS..............75

5.6 CRIAÇÃO DO CALENDÁRIO DE PLANEJAMENTO..........................................76

5.7 PADRONIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE CONTROLE DE ESTOQUES......77

5.8 DEFINIÇÃO DE INDICADORES DE DESEMPENHO.........................................78

5.9 CRIAÇÃO DA AGENDA DA PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS 80

5.10 REVISÃO DO MANUAL ....................................................................................81

5.11 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO ...............................................................82

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................83 6.1 CONCLUSÕES ...................................................................................................83 6.2 SUGESTÕES ......................................................................................................85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................87

APÊNDICES .............................................................................................................89 APÊNDICE A – RELATÓRIO DE INDICADORES DO CONTROLE DE ESTOQUE.90

APÊNDICE B – MANUAL DA ATIVIDADE DE PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS DE DEMANDA DEPENDENTE..................................92

APÊNDICE C – CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO .............................................95

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1 INTRODUÇÃO

A mudança de paradigma por parte das empresas no assunto atendimento ao

cliente, tem feito com que estas busquem melhor se adequarem para suprir a

necessidade dos clientes, novos mercados e a manutenção dos já existentes. As

empresas necessitam cada vez mais de processos de distribuição rápidos e

eficazes. Para isso, os materiais devem estar à disposição da fábrica na quantidade

e no tempo necessário, evitando ao máximo a interrupção da produção.

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O tema desse trabalho é a programação e controle de materiais de demanda

dependente, que se tornam essencial no processo de distribuição comentado

anteriormente. A gestão da aquisição de materiais assume papel verdadeiramente

estratégico nos negócios de hoje em face do volume de recursos envolvidos,

principalmente financeiros.

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1.2 OBJETIVO GERAL

Propor melhorias para o procedimento de programação e controle de

materiais de demanda dependente da empresa Amanco Brasil Ltda.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apresentar de forma clara e objetiva as dificuldades existentes na atividade

estudada e a forma como afetam a sua qualidade;

Propor melhorias de acordo com cada dificuldade diagnosticada;

Criar um procedimento padronizado para a atividade;

Apresentar indicadores de desempenho para acompanhar a eficácia do

procedimento, possibilitando a tomada de decisões mais facilmente;

1.4 JUSTIFICATIVA

É possível perceber várias dificuldades na rotina diária de programação e

controle de materiais, como por exemplo, a falta de padronização e cadastros

desatualizados, que contribuem para o principal problema enfrentado pela empresa

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que é a constante falta de materiais produtivos.

O presente trabalho surgiu dessas dificuldades enfrentadas na programação e

controle de materiais de demanda dependente da empresa, o que implicavam

diretamente na eficácia da atividade. Junta-se a isso, a importância desta atividade

na estrutura logística da empresa e como quesito de diferenciação no mercado

competitivo.

Com este trabalho, foi possível mapear o atual processo de programação e

controle de materiais de demanda dependente, diagnosticando-o e caracterizando-o

em relação a sua operacionalidade. Da mesma forma, busca fornecer o

desenvolvimento de uma programação e controle de materiais com qualidade,

permitindo a obtenção de resultados positivos para a empresa.

1.5 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO

O estudo das melhorias propostas nesse trabalho é direcionado para o

procedimento de programação e controle de materiais de demanda dependente da

empresa Amanco Brasil Ltda. Todas as melhorias apresentadas foram baseadas

nas responsabilidades que a atividade possui, nos recursos disponíveis atualmente

e na bibliografia sobre o assunto.

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1.6 METODOLOGIA

Na atividade de programação e controle de materiais de demanda

dependente da empresa, a questão a ser respondida é como aprimorar a atividade

de tal forma que esta contribua para o seu crescimento. Desta forma, a empresa

pode atuar sobre o principal problema da atividade que é a falta constante de

materiais produtivos.

Por esse trabalho buscar resposta ao problema proposto, ele pode ser

classificado como uma pesquisa. Além disso, com base nos objetivos, trata-se de

uma pesquisa exploratória que visa a familiaridade com o problema, buscando torná-

lo explícito e aprimorar as idéias. Do ponto de vista de procedimentos técnicos, é

uma pesquisa-ação, pois a pesquisadora é a responsável pela programação de

materiais da empresa e busca a solução para o problema (GIL, 2002).

1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente documento está organizado da seguinte forma: no primeiro

capítulo são definidos os objetivos geral e específicos, a justificativa, a delimitação

do trabalho, além dos procedimentos metodológicos aplicados.

O segundo capítulo apresenta a revisão bibliográfica do tema, onde se

procura abranger os conceitos necessários para o entendimento dos aspectos que

envolvem a programação e controle de materiais, desde seu papel na logística de

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uma empresa como também das ferramentas que podem ser utilizadas para

potencializar o processo.

O terceiro capítulo trata a respeito da metodologia utilizada nesse trabalho,

detalhando as fases da pesquisa até chegar ao resulta final, que são as propostas

de melhoria.

No quarto capítulo faz-se a caracterização da empresa, no qual é descrito o

histórico da organização e sua estrutura logística. Em seguida, entra no

detalhamento da atividade de programação e controle de materiais de demanda

dependente feita atualmente, explicitando as dificuldades.

No quinto capítulo, são apresentadas as melhorias para tornar eficiente o

procedimento estudado.

Os capítulos seguintes apresentam, nessa ordem, as considerações finais,

abrangendo as conclusões obtidas com a efetivação deste estudo, sugestões para

trabalhos futuros e as referências bibliográficas utilizadas na presente pesquisa.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 LOGÍSTICA

Em seu estágio mais avançado, a logística está sendo utilizada não só nas

áreas funcionais da empresa, ela se estende as demais firmas da cadeia de

suprimento, compartilhando informações e planos necessários para tornar essa

cadeia mais eficiente e competitiva. A isto tem sido dado o nome de Gerenciamento

da Cadeia de Abastecimento ou, em inglês, Supply Chain Management (MARTINS e

LAUGENI, 2005).

2.1.1. A cadeia de suprimento

A cadeia de suprimentos é onde as matérias-primas são convertidas em

produtos acabados. (BALLOU, 2001), ver Figura 01.

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Figura 1 - Exemplo de cadeia de suprimentos. Fonte: Ballou, 2001, p.22.

Harrison e Hoek (2003) enfatizam que uma cadeia de suprimento sugere uma

série de processos vinculados que vai desde produtos primários até a venda do

produto final para o consumidor final.

Os autores supracitados colocam ainda que o objetivo de uma cadeia de

suprimentos é manter o fluxo contínuo e sincronizado de materiais, sem acúmulos

desnecessários de estoque onde as peças e componentes são entregues na hora e

na seqüência adequada. Além do fluxo de materiais, onde é agregado valor ao

produto, há também o fluxo de informações que acontece no sentido contrário ao de

materiais, que são os dados sobre demanda, vindo dos clientes e voltando aos

fornecedores. São esses sinais de demanda do cliente que acionam a cadeia de

suprimento para uma resposta. O objetivo é integrar os dados da demanda e

suprimento, de modo que seja possível obter um quadro cada vez mais preciso

sobre a natureza dos processos, dos mercados e dos consumidores de negócio.

A cadeia de suprimento envolve fornecedores, produtores, distribuidores e

clientes que compartilham informações e planos necessários para tornar o canal

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mais eficiente e competitivo, ver Figura 2. Esse compartilhamento é mais profundo,

acurado e detalhado do que na tradicional relação comprador/vendedor (MARTINS e

LAUGENI, 2005).

Fornece- dores

Procure- ment

Manu- fatura

Distrib. física

Membros do canal

Clientes

Fluxo de valor agregado

Fluxo de informações das necessidades

Integração da logística interna

Alianças com fornecedores

Alianças com clientes/trading partner

Figura 2 - Estrutura da cadeia de suprimento. Fonte: Martins e Laugeni, 2005, p. 170.

2.1.2 Definição de logística

Logística é uma operação integrada que cuida desde o suprimento até a

distribuição de produtos de forma racionalizada, ou seja, planejar, coordenar e

executar o processo, sempre visando a redução de custos e o aumento da

competitividade da empresa (VIANA, 2002).

Ballou apud Viana (1995, p. 24) utiliza o nome logística empresarial e a define

como,

A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.

Para Harrison e Hoek (2003), logística é uma tarefa responsável por fornecer

o fluxo de materiais e informações. Os referidos autores ainda complementam

dizendo que a tarefa logística de gerenciamento dos fluxos de materiais e

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informações é parte importante da tarefa de gestão da cadeia de suprimento. Essa

gestão é a administração de todo o processo de suprimento de matérias-primas,

fabricação, embalagem e distribuição para o consumidor final.

2.1.3 Importância da logística

Ballou (2001, p. 25) enfatiza que,

A logística diz respeito à criação de valor, tanto para clientes e fornecedores como para acionistas. O valor em logística é expresso em termos de tempo e lugar. Produtos e serviços não têm valores a menos que estejam sob posse do cliente quando (tempo) e onde (lugar) eles desejam consumi-los.

A cadeia de suprimento proporciona enxergar todo o processo de geração de

produtos e serviços e a monitorar este processo de forma integrada (MARTINS e

LAUGENI, 2005).

O grau de satisfação do cliente com o produto acabado depende do

gerenciamento dos fluxos de materiais e informações ao longo da cadeia de

suprimento (HARRISON e HOEK, 2003).

Ferraes e Kuehne. (2002, p.42) definem,

O Supply Chain Management consiste no estabelecimento de relações de parcerias, de longo prazo, entre os componentes de uma cadeia produtiva, que passarão a planejar estrategicamente suas atividades e partilhar informações de modo a desenvolverem as suas atividades logísticas de forma integrada, através e entre suas organizações. Com isso, melhoram o desempenho conjunto pela busca de oportunidades, implementada em toda a cadeia, e pela redução de custos para agregar mais valor ao cliente final.

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2.1.4 Divisão da cadeia de suprimentos

A cadeia de suprimento pode ser dividida em três partes:

Logística de abastecimento: conhecida também como administração de

materiais, é o conjunto de operações associadas ao fluxo de materiais e

informações, desde a fonte de matérias-primas até a entrada na fábrica;

responsável também pela administração do transporte de materiais dos

fornecedores para a empresa, descarregamento no recebimento e estocagem

das matérias-primas e componentes (CANAL DO TRANSPORTE, disponível

em www.canaldotransporte.com.br, acesso em: 01 jan. 2006).

Logística de produção: planejamento, programação e controle da produção;

deslocamento dos produtos acabados no final das linhas de montagem para

almoxarifados ou armazéns de produtos acabados (CANAL DO

TRANSPORTE, disponível em www.canaldotransporte.com.br, acesso em: 01

jan. 2006).

Logística de distribuição: administração do centro de distribuição, abastecimento

de áreas de separação de pedidos, controle da expedição, transporte de

cargas entre fábricas e centros de distribuição e coordenação dos roteiros de

transporte (CANAL DO TRANSPORTE, disponível em

www.canaldotransporte.com.br, acesso em: 01 jan. 2006).

Segundo Viana (2002) existem várias razões para a logística de

abastecimento requerer atenção especial das empresas:

Seu desempenho afeta várias áreas da empresa (vendas, produção,

manutenção...);

Necessidade de gerenciar grande quantidades de itens, ao menor risco de falta

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e ao menor custo possível;

Exigência de informações rápidas e precisas, a qualquer instante;

O fato de os estoques representarem parte do ativo fixo merece grandes

cuidados, pois, os estoques excessivos muitas vezes retêm o lucro e nem

sempre garantem o atendimento das necessidades da empresa.

Martins e Laugeni (2005, p. 262) vão mais além e dizem que,

A administração de materiais tem impacto direto na lucratividade da empresa e na qualidade dos produtos, havendo necessidade de uma gestão, o mais possível, just-in-time, com o objetivo de reduzir estoques e manter o cliente satisfeito.

“A popularidade do just-in-time, resposta rápida, e conceitos de compreensão

de tempo destacaram a programação como uma atividade importante nos canais de

suprimentos” (BALLOU, 2001, p. 313).

A programação e controle de materiais, objeto de estudo desse trabalho, é

parte da logística de abastecimento. Suas funcionalidades serão detalhas adiante.

2.2 PLANEJAMENTO DE MATERIAIS

2.2.1 Conceito de planejamento

Côrrea et al. (2001, p. 36) definem,

Diferentes decisões demandam diferentes tempos para tomar efeito, dados por suas diferentes inércias. Portanto, é necessário que se tenha algum tipo de “visão” a respeito do futuro para que hoje se possa tomar a(s) decisão(ões) adequada(s) que produza(m) o(s) efeito(s) desejado(s) no futuro. Em geral, a “visão” do futuro obtém-se com base em algum tipo de “previsão”.

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Os autores supracitados enfatizam ainda alguns aspectos para se ter um bom

planejamento: a necessidade de uma previsão eficaz, o conhecimento fiel da

situação presente, um sistema que traduza adequadamente essas visões de

presente e futuro e ter claro os objetivos que se pretendam seguir.

2.2.2 Importância do planejamento de materiais

Segundo Viana (2002, p.40), “Administrar com eficiência e exatidão o

movimento de entradas e saídas dos materiais necessários à empresa - o quê,

quando e como comprar - não é tarefa simples.” A Tabela 1 aprofunda esse

raciocínio.

PROCEDIMENTO ESCLARECIMENTO

O que deve ser comprado Implica a especificação de compra, que traduz as necessidades da empresa.

Como deve ser comprado Revela o procedimento mais recomendável.

Quando deve ser comprado Identifica a melhor época.

Onde deve ser comprado Implica o conhecimento dos melhores segmentos de mercado.

De quem deve ser comprado Implica o conhecimento dos fornecedores da empresa.

Por que preço deve ser comprado Evidencia o conhecimento da evolução dos preços no mercado.

Em que quantidade deve ser comprado

Estabelece a quantidade ideal, por mio da qual haja economia na compra.

Tabela 1 - Procedimentos fundamentais de Administração de Materiais. Fonte: Viana, 2002, p. 40.

Além disso, o autor mencionado enfatiza que, como há características de

materiais muito variáveis, como consumo, importância, valor e métodos de compra,

nenhum modelo ou sistema pode substituir ou prescindir da análise do

administrador.

Planejar os materiais comprados tem o objetivo de fazer com que os mesmos

não cheguem nem antes e nem depois e nas quantidades desejadas ao atendimento

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da demanda. Isto para utilizar ao máximo os recursos produtivos e, por outro lado,

para evitar custos decorrentes da eventual sobra por compras excessivas, por

exemplo, custos de manutenção de estoques, custo de obsolescência, entre outros

(CÔRREA et al, 2001).

Um dos maiores desafios é descobrir fórmulas para reduzir estoques sem

afetar o processo produtivo e sem o crescimento de custos. Para isso, é necessário

analisar todos os fatores envolvidos e então definir o quanto comprar (DIAS, 2005).

2.2.3 Dinâmica do processo de planejamento

De acordo com Côrrea et al. (2001) o processo de planejamento deve ser

contínuo, sempre tendo a noção do presente, a visão do futuro, os objetivos

pretendidos e o entendimento de como esses elementos afetam as decisões que se

devem tomar no presente. À medida que o tempo passa, deve-se estender a visão

do futuro, de forma que o horizonte de tempo futuro permaneça constante. Em

termos práticos essa dinâmica se dá da seguinte forma:

a) Levantamento da situação presente.

b) Desenvolvimento e reconhecimento da “visão” de futuro.

c) Tratamento conjunto das situações de presente e futuro em um sistema que

disponibilize esses dados numa forma útil para a tomada de decisão.

d) Tomada de decisão com base nas informações disponibilizadas pelo sistema,

planejamento do que, quanto, quando produzir e comprar.

e) Execução do plano. Como algumas coisas não acontecem de acordo com o

planejado, o tempo vai decorrendo até que chega um determinado momento

em que é mais prudente tirar outra “fotografia” da situação presente e

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redisparar o processo, voltando ao passo 1.

A Figura 3 ilustra a dinâmica do processo de planejamento.

Figura 3 - Dinâmica do processo de planejamento. Fonte: Côrrea et al., 2001, p.38.

2.2.3.1 Horizonte de planejamento

Horizonte de planejamento é o tamanho do tempo futuro sobre o qual se

tenha interesse em desenvolver uma visão. Embora não haja uma receita para se

chegar a um horizonte de planejamento ideal para todos os casos práticos, existem

algumas orientações gerais que podem nortear esta decisão (CÔRREA et al., 2001).

Como primeira regra, pode-se considerar aquele ponto no futuro que deixe de

ter influência relevante nas decisões tomadas no presente. Como exemplo considere

uma pequena gráfica comercial: seu horizonte de planejamento deve ser de 10

anos? Provavelmente, não. O ponto futuro daqui a 10 anos provavelmente terá

influência insignificante em qualquer decisão que se tome hoje. Além disso, há o

custo de se obterem informações confiáveis sobre o futuro com 10 anos de

antecedência e se realmente trará benefícios a consideração deste futuro no

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processo presente de tomada de decisão. Reduzindo esse horizonte para 8 anos, 5

anos, 4 anos e assim sucessivamente, chega-se a um ponto em que passa a valer a

pena de forma relevante a consideração daquele ponto futuro. Este pode ser

considerado um bom valor para determinação do horizonte de planejamento

(CÔRREA et al. 2001). A Figura 4 ilustra o conceito de horizonte de planejamento.

Horizonte de planejamento

Prazo de efetivação das decisões

Um período de replanejamento Horizonte de informações úteis

Figura 4 - Horizonte de planejamento. Fonte: Côrrea et al., 2001, p.39.

Independente do horizonte adicional que forneça informações úteis ao processo de planejamento, devemos considerar um horizonte de planejamento mínimo que é formado pelo prazo necessário à efetivação das decisões a serem tomadas no planejamento (inércia) somado ao período adotado para o replanejamento. Isto se deve ao fato da inércia das decisões. (Côrrea et al.,2001, p. 39).

Os referidos autores exemplificam essa situação da seguinte forma, se a

decisão a ser tomada se refere à compra de matéria-prima, deve-se considerar que

estes materiais levarão certo tempo para serem adquiridos e transformados em

produtos finais, os quais serão vendidos ao mercado. Assim, todo esse período deve

ser considerado no horizonte de planejamento que vai orientar o processo de

previsão. Além disso, se o período de replanejamento for mensal, por exemplo, um

mês deve ser somado ao horizonte de planejamento, caso contrário, este horizonte

de um mês estará descoberto neste replanejamento, somente sendo considerado no

próximo, quando talvez não seja mais possível reagir às ocorrências não previstas.

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2.2.3.2 O período de replanejamento

“O período de replanejamento é aquele intervalo de tempo que decorre entre

dois pontos em que se disparem processos de replanejamento.” (CÔRREA et al.,

2001, p. 40).

Na descrição dos passos da dinâmica do processo de planejamento

apresentada, o quinto passo aborda a situação de que em determinado momento é

mais prudente tirar outra “fotografia” da situação presente e redisparar o processo.

Isto é feito para que a realidade não se diferencie muito em relação ao último

planejamento (CÔRREA et al. 2001).

O dimensionamento do período de replanejamento vai depender de quanto a

realidade em questão tem a capacidade de se diferenciar em relação ao plano,

dentro de um determinado período de tempo, ou seja, depende diretamente do nível

de dinâmica ambiental (interna e externa) da situação em análise. Quanto mais

dinâmico o ambiente em questão, ou seja, incerto, menor tende a ser o período

desejável de replanejamento. Entretanto, é importante estar atento para o fato de

que é inútil disparar o processo de replanejamento utilizando dados de entradas

desatualizados (CÔRREA et al. 2001). A Figura 5 apresenta as considerações que

devem ser levadas em conta na determinação do período de replanejamento.

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PERÍODO DE REPLANEJAMENTO AMBIENTES DINÂMICOS • Lead times curtos • Demanda instável • Processo pouco confiável • Fornecedores pouco

confiáveis

AMBIENTES ESTÁVEIS • Lead times longos • Demanda estável • Processo confiável • Fornecedores confiáveis

LONGOCURTO

Figura 5 - Período de replanejamento. Fonte: Côrrea et al., 2001, p. 40.

2.2.4 O conceito de planejamento hierárquico

A visão do futuro de que se necessita deve incluir diversos “sub-horizontes”

dentro do horizonte considerado. Isso se faz necessário, pois a inércia do ambiente

varia ao longo de um horizonte. É necessário considerar um “sub-horizonte” de curto

prazo para decisões de inércia pequena, um “sub-horizonte” de médio prazo, para a

consideração de decisões de inércia média e um “sub-horizonte” de longo, para

suportar decisões de inércia maior (CÔRREA et al., 2001), ver Figura 6.

A

B

C

Hoje Tempo

Curto Prazo

Médio Prazo

Longo Prazo

Decisões

A - Efeito B - Efeito C - Efeito

HORIZONTE DE PLANEJAMENTO Decisões têm diferentes inércias; portanto, é necessário considerar vários horizontes

Figura 6 – Sub-horizontes dentro do horizonte de planejamento. Fonte: Côrrea et al., 2001, p. 41.

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Geralmente, as decisões de inércia pequena envolvem níveis mais

moderados de recursos, dessa forma, o efeito de uma decisão equivocada não é tão

relevante. Como exemplo, a decisão de horas extras pode ser tomada com pouca

antecedência. Por outro lado, as decisões de inércia maior envolvem níveis mais

elevados de recursos e os efeitos de uma decisão errada terão relevância maior, por

exemplo, a decisão de aumentar a capacidade produtiva (CÔRREA et al., 2001).

Para Côrrea et al. (2001, p. 42), decisões tomadas com maior antecedência

requerem a visão de um futuro mais longo, que em geral são feitas sob condições de

maior incerteza. Afinal, a probabilidade de erro nas previsões cresce com o

horizonte, ver Figura 7.

Previsão

Tempo

As incertezas das previsões aumentam com o horizonte

Figura 7 – Erros de previsão crescem com o horizonte de previsão. Fonte: Côrrea et al., 2001, p. 42.

2.3 GESTÃO DE ESTOQUES

Para administrar estoques, há necessidade de primeiro diferenciá-los quanto

a sua importância e baseado nisso definir tamanhos de lotes de reposição. Em

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28

seguida, estabelecer modelos que permitam operacionalizar seus controles e

dimensionar estoque de segurança (TUBINO, 2000).

O gerenciamento de estoques, função do sistema de administração de

materiais, possui o objetivo de manter em níveis economicamente satisfatórios o

atendimento às necessidades de material (VIANA, 2002).

Martins e Alt (2004) destacam que a gestão de estoques constitui uma série

de ações que permitem verificar se os estoques estão sendo bem utilizados e bem

controlados. Os autores ainda acrescentam que os estoques representam uma

parcela substancial dos ativos das empresas e por isso devem ser encarados como

um fator potencial de geração de negócios e lucros. Assim, cabe ao administrador

analisar se estão tendo a utilidade adequada ou não apresentam o retorno sobre o

capital neles investido.

2.3.1 Tipos de estoques

Os principais tipos de estoques encontrados em uma empresa industrial são:

matérias-primas, produtos em processo, produtos acabados, peças de manutenção

e materiais auxiliares (DIAS, 2005).

Matérias-primas: “São os materiais básicos e necessários para a produção do

produto acabado; seu consumo é proporcional ao volume de produção. Em

outras palavras, também podemos dizer que matérias-primas são todos os

materiais agregados ao produto acabado.” (DIAS, 2005, p.26).

Produtos em processo: “Correspondem a todos os itens que já entraram em

processo produtivo, mas que ainda não são produtos acabados”. (MARTINS e

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29

ALT, 2004, p. 136).

Produtos acabados: “[...] consiste em itens que já foram produzidos, mas ainda

não foram vendidos”. (DIAS, 2005, p. 27).

Materiais auxiliares e de manutenção: São materiais que não agregam valor ao

produto final, isto é, não saem com o produto final, (MARTINS e ALT, 2004,).

2.3.2 Itens de demanda independente e dependente

“Itens de demanda independente são conceituados como itens cuja demanda

não depende da demanda de outros materiais para ser calculada, mas é função da

demanda de quem utiliza esses materiais.” (MARTIN e LAUGENI, 2005, p. 272).

Típico exemplo de um item de demanda independente é um produto final, que tem

normalmente sua demanda dependente de aspectos de mercado e não da demanda

de qualquer outro item (CÔRREA et al., 2001).

Itens de demanda dependente, por outro lado, têm a característica de sua

demanda depender da demanda de algum outro item. A demanda de um

componente de um produto final depende diretamente da demanda desse produto

final (CÔRREA et al., 2001).

A demanda de um item é dita dependente quando depende dos planos de

produção de outro item, que é chamado de “pai”. Tratar demandas de componentes

como dependente faz sentido quando é possível identificar perfeitamente o item

“pai”. A demanda é chamada de independente quando não é possível identificar

claramente o “pai” daquele item ou quando a demanda se faz por previsão de

vendas (DIAS, 2005).

A diferença básica entre os dois itens de demanda dependente e

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independente é que a demanda do primeiro tem de ser prevista, com base nas

características do mercado consumidor. Entretanto, a demanda do segundo não

necessita ser prevista, pois, sendo dependente de outro, pode ser calculada

(CÔRREA et al., 2001).

2.3.3 Função dos estoques

“Estoques são acúmulos de recursos materiais entre fases específicas de

processos de transformação. Esses acúmulos proporcionam independência às fases

dos processos de transformação entre as quais se encontram” (CORRÊA et al.,

2001, p.49).

A função dos estoques é maximizar o efeito lubrificante no feedback de vendas e o ajusto do planejamento de produção. Simultaneamente, deve minimizar o capital investido em estoques, pois ele é caro e aumenta continuamente, uma vez que o custo financeiro aumenta. Sem estoque é impossível uma empresa trabalhar, pois ele funciona como amortecedor entre os vários estágios da produção até a venda final do produto. (DIAS, 2005, p. 19)

Para Tubino (2000), os estoques são criados para absorver problemas do

sistema de produção. E como os estoques não agregam valor aos produtos, um

sistema será mais eficiente se conseguir trabalhar com o menor nível de estoque

possível. O autor ainda coloca os principais objetivos do estoque:

Garantir a independência entre as etapas produtivas: a criação de estoques

amortecedores entre etapas de produção garante que qualquer problema que

uma das etapas tenha não será transferido para as demais.

Permitir uma produção constante: não deixar variações sazonais na demanda ou

em matérias-primas afetar o ritmo da produção.

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Reduzir os lead times produtivos: ao invés de esperar pela produção ou compra

do item, pode-se retirá-lo do estoque imediatamente.

Como fator de segurança: assegurar que problemas não interfiram no

abastecimento da produção, por exemplo, variação na demanda, quebra de

máquinas, absenteísmo, entrega de fornecedores fora do prazo etc.

Para obter vantagens de preço: incrementam o nível de estoque para se prevenir

futuros aumentos de preço do material comprado ou ainda para obter

desconto no preço unitário.

2.3.4 Classificação ABC

A diferenciação dos estoques será obtida empregando-se a classificação ABC

de Pareto. Esse método é aplicável a quaisquer situações em que seja possível

estabelecer prioridades, de modo que a soma das tarefas de importância elevada

representa uma grande parcela das obrigações totais (VIANA, 2002), ver Figura 8.

igura 8 – Exemplo de curva ABC.

“A classificação ABC, ou curva de Pareto, é um método de diferenciação dos

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

X5 X8 X1 X3 X6 X7 X2 X10 X4 X9

Itens

% d

o va

lor

A B

C

F

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32

estoques segundo sua maior ou menor abrangência em relação a determinados

fatos, consistindo em separar itens por classes de acordo com a sua importância

relativa.” (TUBINO, 2000, p. 108).

Dias (2005, p. 83) define curva ABC como “um importante instrumento para o

da a seqüência dos itens e sua

uns de se examinar os estoques.

alorizada para cada item (demanda multiplicada pelo

b) itens em ordem decrescente de demanda valorizada.

lorizada de cada item em

administrador; ela permite identificar aqueles itens que justificam atenção e

tratamento adequados quanto à sua administração.”

O autor acrescenta dizendo que uma vez obti

classificação ABC, faz-se a aplicação preferencial das técnicas de gestão

administrativa, conforme a importância dos itens.

A análise ABC é uma das formas mais com

Essa análise consiste na verificação, em determinado espaço de tempo

(normalmente 6 meses a 1 ano), do consumo em valor monetário e em quantidade

dos itens de estoque. Em seguida, os itens são classificados em ordem decrescente

de importância. Aos itens mais importantes, baseado na ótica do valor ou da

quantidade, dá-se o nome de itens classe A, aos intermediários, itens classe B, e

aos menos importantes, itens classe C (MARTINS e ALT, 2004, p.162).

Para elaborar a classificação ABC por demanda valorizada, Tubino (2000)

destaca os seguintes passos:

a) Calcula-se a demanda v

custo unitário).

Ordenam-se os

c) Calcula-se a demanda valorizada total dos itens.

d) Calculam-se as percentagens da demanda va

relação a demanda valorizada total, podendo-se calcular também as

percentagens acumuladas.

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33

e) ecisões, estabelecem-se as classes A, B e C, ou

.3.5 Tamanho do lote de reposição

A determinação dos lotes de compra ou fabricação envolve a análise dos

.3.5.1 Custos relacionados ao tamanho do lote

Há dois tipos de custos que estão envolvidos na armazenagem dos materiais:

custo total do lote de reposição para um determinado material é

ariável

Em função dos critérios de d

quantas necessárias.

2

custos que estão envolvidos no sistema de reposição e de armazenagem dos itens.

O melhor lote de reposição, chamado de ‘lote econômico’, é aquele que consegue

minimizar os custos totais (TUBINO, 2000).

2

custos fixos e variáveis. Como exemplo de custos fixos, os autores definem a

utilização do imóvel, dos equipamentos de movimentação e armazenagem, seguros,

folha de pagamento e benefícios a funcionários. Exemplos de custos variáveis são

os custos de manutenção de estoque, deterioração e obsolescência, perdas,

operação de equipamentos e custos de materiais operacionais (MARTINS e

LAUGENI, 2005).

Portanto, o

calculado pela soma dos custos fixos e variáveis envolvidos. Para Côrrea et al.

(2001), o custo total pode ser expresso como:

CT = Custo fixo + Custo v

CT = LDCf +

2LCv

Cf = Custo fixo Onde:

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34

= Custo variáveCv l

.3.5.2 Lote econômico

Para o lote econômico, o custo unitário do item é fixo e a entrega do lote de

onômico é desenvolvida de uma equação de custo

= Demanda anual D

= Tamanho do lote L

2

reposição é realizada de uma única vez. Esse esquema é utilizado normalmente

para itens comprados, por isso é conhecido também como lote econômico de

compra (TUBINO, 2000, p. 115).

A fórmula básica do lote ec

total, onde a quantidade de pedido ótimo (Q) existe quando os custos fixos e

variáveis estão em equilíbrio e resulta no custo total mínimo, ou seja, quando os

custos variáveis se igualam aos custos fixos (CÔRREA et al, 2001; MARTINS e

LAUGENI, 2005). Estabelecendo então a equação

CvDCfL 2

=

O tempo ótimo entre os pedidos é portanto:

DQT =

E o número de vezes por ano para colocar pedido é:

QDN =

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35

2.3.6 Modelos de ressuprimento de estoques

A operacionalização da reposição dos itens dependerá de como será

montado o modelo de ressuprimento. Aqui serão apresentados os modelos de

ressuprimento de estoques por ponto de pedido, por revisões periódicas, cálculo das

necessidades de materiais (MRP) e o kanban.

Os modelos de ressuprimento de estoques podem ser divididos em dois

grupos: os de emissão indireta e os de emissão direta. Os modelos que

indiretamente se encarregam de determinar o momento da emissão das ordens de

reposição são os modelos de ressuprimento por ponto de pedido, por revisão

periódica e kanban. Já os modelos baseados na lógica do cálculo das necessidades,

também chamado de MRP (Material Requirement Planning), emprega o conceito de

dividir os itens em itens de demanda dependente e independente. Nos modelos de

emissão indireta não há essa divisão, sendo todos os itens independentes dos

demais (TUBINO, 2000).

Martins e Alt (2004) colocam que os estudos de estoque para itens de

demanda independente são normalmente abordados no estudo do MRP.

Como os modelos de emissão indireta não levam em conta a dependência

entre itens, eles estão sujeitos a exercer um controle mais fraco sobre os níveis de

estoques, porém, são modelos de ressuprimento de estoque de fácil

operacionalização, sendo recomendados para aqueles itens pouco significativos que

compõem a classe C (TUBINO, 2000).

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2.3.6.1 Ressuprimento de estoques por ponto de pedido

Segundo Dias (2005) esse método é o mais simples para controlar os

estoques e por isso é recomendável para materiais classe C. Além disso, esse

sistema proporciona uma substancial redução do processo burocrático de reposição

de material.

“O modelo de controle de estoques por ponto de pedido consiste em

estabelecer uma quantidade de itens em estoque, chamada de ponto de pedido ou

de reposição, que, quando atingida, dá partida ao processo de reposição do item em

uma quantidade pré-estabelecida”. (TUBINO, 2000, p. 124).

Conforme a Figura 9, o estoque fica separado em duas partes: uma parte é

para ser usada totalmente até a data da encomenda de um lote de reposição, a

outra parte é para atender ao consumo durante o tempo de reposição mais o

estoque de segurança (TUBINO, 2000; DIAS, 2005).

Figura 9 – Modelo por ponto de pedido. Fonte: Tubino, 2000, p. 125.

Segundo Martins e Alt (2004), o ponto de pedido é calculado em função do

consumo médio, do prazo de fornecimento e estoque de segurança:

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PP = consumo médio x tempo de atendimento + estoque de segurança

“O tempo de ressuprimento (t) deve ser considerado como o espaço de tempo

que transcorre desde o momento da constatação da necessidade de reposição até a

efetiva entrada do material em estoque [...]”. (TUBINO, 2000, p. 126).

Com a finalidade de manter certo controle sobre o desempenho do modelo,

podem-se estabelecer duas faixas limites, apresentadas na Figura 9. O limite

superior (Qmax) é a soma do estoque de segurança (Qs) com o lote de reposição (Q).

O limite inferior (Qmin) é o próprio estoque de segurança (TUBINO, 2000).

2.3.6.2 Ressuprimento de estoque por revisões periódicas

No sistema de revisão periódica faz-se a revisão do nível de estoque do item

em intervalos fixos, por exemplo, semanal, quinzenal ou mensalmente, e estima-se a

quantidade necessária para completar um nível de estoque máximo estabelecido

(MARTINS e LAUGENI, 2005).

“Para determinar o quanto deve ser comprado no dia da emissão do pedido

verifica-se a quantidade ainda disponível em estoque, comprando-se o que falta

para atingir um estoque máximo, também previamente determinado”. (MARTINS e

ALT, 2004, p. 100), ou seja,

Quantidade a ser pedida = Estoque máximo – Estoque atual

2.3.6.3 Ressuprimento pelo MRP

O modelo de ressuprimento de estoques baseados na lógica do MRP

considera a dependência da demanda que existe entre itens componentes de

produtos acabados, ou seja, passa-se a calcular as necessidades brutas dos demais

itens dependentes de acordo com a estrutura do produto. Inicia-se pelos

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componentes de nível superior e, em seguida, descendo o nível até chegar às

matérias-primas (TUBINO, 2000).

O MRP lida especialmente com suprimento de materiais cujas demandas

dependem de um produto final. Os conceitos básicos do MRP já existem há muito

tempo, porém, os sistemas informatizados têm permitido às empresas maior

benefício do uso do MRP (DIAS, 2005).

Para Ballou (2001), o MRP é um método usado principalmente para

programação de materiais por encomenda de alto valor cuja demanda é

razoavelmente conhecida. Além disso, tem por finalidade evitar tanto quanto

possível manter itens em estoque.

2.3.6.3.1 Elementos do MRP

Segundo Dias (2005), o processo do MRP inicia-se a partir da informação de

“quanto” e “quando” o cliente deseja consumir. O MRP, então, “explode” essas

informações para cada item componente do produto final, ver Figura 10.

Ordens dos Clientes

Provisões de Demanda

Programa-mestre de Produção

Lista de Materiais

Programa MRP

Registros de Inventários

Saídas e Relatórios

Figura 10 - Sistema MRP. Fonte: Dias, 2005, p. 130.

O referido autor diz que os elementos que interagem com o MRP

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39

propriamente dito são:

Programa-mestre de produção (PMP): o PMP orienta o MRP através da carteira

de pedidos dos clientes e das previsões de demanda para os produtos

acabados.

Lista de materiais: as listas de materiais contêm as quantidades exatas de

matérias-primas, componentes e sub-rotinas que determinarão a confecção

do produto final.

Registro de inventário: contêm informação sobre estoques de seguranças, tempo

de ressuprimento e permitem a identificação, em qualquer momento, das

posições de estoque e pedidos em aberto, de modo que se possam ter as

necessidades líquidas de materiais.

Programa MRP: transforma a demanda do produto final em necessidades brutas

para cada item ou componente. A partir das informações constantes nos

registros de inventários, são calculadas as necessidades líquidas e liberadas

as ordens de compra ou fabricação.

Relatórios e dados de saída: o sistema produz alguns relatórios e informações

úteis na gestão do processo logístico e de manufatura, por exemplo,

planejamento das necessidades de materiais, liberação de ordens e

reprogramação de pedidos em aberto etc.

2.3.6.3.2 Conceito do cálculo do MRP

A partir da lista de materiais, que é obtida da estrutura analítica do produto, e

em função de uma demanda, o programa MRP calcula as necessidades de materiais

que serão utilizados e verifica se há estoques disponíveis para o atendimento. Se

não há material em estoque na quantidade necessária, o programa emite uma

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solicitação de compra ou uma ordem de produção, indicando a quantidade e a data

a ser entregue (MARTINS e ALT, 2004). A Figura 11 mostra o sistema de

funcionamento do MRP.

Projeção da demanada

Plano de Produção

Software MRP

Lista de necessidades de materiais

Lista de Materiais

Consulta de estoques

Libera para consumoHá disponi-bilidade?

Libera fabricação do itemItem fabricado ou comprado?

Libera compra do item

Sim

Não

Figura 11 - Esquema de um MRP. Fonte: Martins e Alt, 2004, p. 97.

2.3.6.4 Ressuprimento por Kanban

“A palavra kanban é de origem japonesa e significa cartão. A orientação da

técnica do kanban é no sentido de reduzir os tempos de partida de máquina e os

tamanhos dos lotes e produzir apenas as quantidades necessárias à alimentação da

demanda”. (DIAS, 2005, p. 146).

O sistema kanban caracteriza-se por “puxar” os lotes dentro do processo

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produtivo, enquanto que os métodos tradicionais de programação da produção

“empurram” um conjunto de ordens para serem feitas no período. Não se produz

nada até que o cliente (interno ou externo) do processo solicite a produção de

determinado item (TUBINO, 2000).

“O sistema kanban funciona baseado no uso de sinalizações para ativar a

produção e/ou a movimentação dos itens pela fábrica. Estas sinalizações são

convencionalmente feitas com base nos cartões kanban e nos painéis porta-

kanbans”. (TUBINO, 2000, p. 196).

Para o ressuprimento de estoques, o kanban pode ser utilizado como

autorização de movimentação de lotes entre o cliente e o fornecedor. Dessa forma,

autoriza o fornecedor externo da empresa a fazer uma entrega de um lote de itens,

especificado no cartão, desde que o usuário interno tenha consumido o lote de itens

correspondente ao cartão. Nesse cartão kanban devem estar especificados o código

e descrição do produto, o tamanho do lote, o nome do fornecedor e demais

informações que forem necessárias.

2.3.6.4.1 Funcionamento do sistema kanban com fornecedores

Tubino (2000) diz que para o sistema kanban com fornecedores ser eficiente,

o fornecedor precisa sincronizar seu processo produtivo a freqüência de entregas

que serão necessárias. Dessa forma, a comunicação de programação diária é feita

por meio de um sistema kanban, especificando o que realmente o cliente está

necessitando naquele momento. Esta comunicação pode ser feita via kanban de

fornecedor ou via envio diário de uma tabela com as necessidades de itens a serem

entregues naquele dia.

Quando da necessidade de materiais pelo cliente, ele recorre ao seu

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supermercado e retira os materiais necessários para seu trabalho. Neste momento,

ele retira o cartão kanban de fornecedor que estava junto aos seus materiais e

coloca-o no painel kanban de fornecedores desse supermercado. Isso indica que um

lote de determinado material foi consumido e o fornecedor precisa repor esse lote

desse material.

Figura 12 - Sistema kanban com um cartão. Fonte: Tubino, 2000, p. 208.

Segundo Tubino (2000), o número de cartões kanban necessários para iniciar

o processo pode ser dado pela equação:

)1( STpQDN +=

Onde: N = número total de cartões kanban no sistema;

D = demanda média diária do item (itens/dia);

Q = tamanho do lote por contenedor ou cartão (itens/carta);

Tp = tempo total para um cartão kanban de movimentação completar um

circuito, em percentual do dia, na estação de trabalho (%);

S = fator de segurança, em percentual do dia (%).

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43

2.3.6.4.2 Requisitos para utilização do sistema kanban

Para um funcionamento adequado do sistema kanban, é necessário que o

cliente retire do fornecedor apenas a quantidade necessária; o fornecedor deve

produzir seus itens apenas nas quantidades requisitadas; produtos com defeito não

podem ser liberados para os clientes; o número de kanbans no sistema deve ser

minimizado buscando a mínima quantidade de estoque; e, por último, o sistema

kanban deve adaptar-se a pequenas flutuações na demanda (TUBINO, 2000).

O sistema kanban é um sistema idealizado para trabalhar em processos

repetitivos em lotes, setup rápido, índices de qualidade altos, estabilidade no

programa-mestre de produção e operários treinados (TUBINO, 2000).

Apesar do sistema kanban proporcionar aumento da flexibilidade da

manufatura, umas das limitações do kanban é que ele produz apenas aquelas partes

cuja demanda é regular e, pelo menos, diária. Outra limitação diz respeito à intensa

preparação requerida para implantação do sistema, é necessário uma forte disciplina

e treinamento (DIAS, 2005).

2.3.7 Estoque de segurança

Finalizando a administração de estoques, será discutida a colocação de

estoques de segurança no sistema de reposição dos itens e apresentada a principal

forma de cálculo para os mesmo.

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Dias (2005, p. 61), enfatiza que,

A determinação do estoque mínimo é também umas das mais importantes informações para a administração de estoques. Essa importância está diretamente ligada ao grau de imobilização financeira da empresa. O estoque mínimo, também chamado de estoque de segurança, se destina a cobrir eventuais atrasos no ressuprimento, objetivando a garantia do funcionamento ininterrupto e eficiente do processo produtivo, sem riscos de faltas.

Os estoques de segurança são projetados para absorver variações na

demanda durante o período de ressuprimento ou variações no próprio tempo de

ressuprimento. Na realidade, os estoques de segurança são como amortecedores

para os erros associados ao lead time interno ou externo dos itens (TUBINO, 2000).

“Sua quantidade é calculada em função do nível de atendimento fixado pela

empresa, em função da importância operacional e do valor do material, além dos

desvios entre os consumos estimados e realizados e o prazo médio de reposição”.

(VIANA, 2002, p. 151).

Para Dias (2005), a fórmula clássica para cálculo do estoque de segurança é:

ES = C x K

onde o C é o consumo médio mensal e o K é o fator de segurança arbitrário com o

qual se deseja garantia contra um risco de ruptura.

2.4 CONTROLE DE ESTOQUES

“Controle é a função administrativa que consiste em medir e corrigir o

desempenho de qualquer atividade, visando aos interesses da empresa. Assim, o

controle prioriza dois objetivos [...] : correção e prevenção de falhas [...]”. (CÔRREA

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et al., 2001, p. 137).

O autor supracitado acrescenta que o controle é um processo cíclico e

repetitivo, composto por quatro etapas:

a) estabelecimento dos padrões;

b) avaliação do desempenho;

c) comparação do desempenho com o padrão estabelecido;

d) ação corretiva.

Para manter-se bem informado da posição do estoque é necessário

estabelecer certos parâmetros de medição que sejam suficientes para uma visão

global, com uma análise dos principais elementos significativos de medição (DIAS,

2005).

Para isso, usa-se indicadores de desempenho, que são índices para medir

certa grandeza de um processo fabril ou administrativo, para determinar se o

processo está dentro dos parâmetros aceitáveis (MARTINS e LAUGENI, 2005).

A seguir serão apresentados alguns índices significativos para o

comportamento do setor de estoques.

2.4.1 Custo do estoque

“Esse valor é importante para medir o quanto, em reais, a empresa tem

investido em estoque, e o quanto isso representa em custo, em comparação com o

montante de vendas, produção efetiva e previsão de vendas”. (DIAS, 2005, p. 304).

Há várias formas de se calcular o custo total de um estoque. A maneira mais

simples e mais usado por muitas empresas é considerar como custo total de

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estoque o investimento realizado, ou seja, os valores de compra do material (DIAS,

2005).

PQCT .=

Onde: CT = custo total;

Q = quantidade de material em estoque;

P = custo unitário do item, em unidade monetária;

Segundo DIAS (2005) o cálculo de custo deverá ser feito para todos os

produtos e classes e o ideal é compará-lo com algum outro custo.

2.4.2 Rotatividade do estoque

“A velocidade na venda dos estoques de produto acabado ou no consumo de

matérias-primas pela produção é fundamental, pois, cada vez que o estoque é

vendido ou que a produção o consome, a empresa obtém uma parcela de lucro”.

(DIAS, 2005, p. 307).

A rotatividade, ou giro de estoque, é quantas vezes o estoque se renovou, ou

seja, é a relação entre o consumo e estoque médio, dentro de um período de tempo.

EMCR =

Onde: R = rotatividade;

C = consumo expresso em unidades;

EM = estoque médio em unidades.

A análise periódica da rotatividade real em relação a rotatividade planejada é

um instrumento valioso para auxiliar no controle de estoque, pois demonstra se o

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programa está sendo realmente cumprido e se os estoques são adequados às

necessidades reais de venda e produção (DIAS, 2005).

2.4.3 Materiais sem giro e obsoletos

Dias (2005) coloque que, a análise de materiais sem giro e/ou obsoletos trará

benefícios como o aumento de capacidade de armazenagem até o lucro na venda

para terceiros. É necessário considerar que não devem permanecer em estoque,

pois representam capital parado. Dessa forma, tem-se que:

totalestoquedoValorobsoletoestoquedeValorA =

Multiplicando-se esse valor por 100 obtém-se o percentual de estoque

obsoleto em relação ao valor do estoque total.

Para evitar esse tipo de problema, um programa de alienação de estoque é

recomendável. Um item é potencialmente alienável quando analisado seu histórico

de consumo e é constatado que possui um consumo irregular e deve ser mantido

em estoque ou o item não é mais utilizado. Outros fatores identificáveis são vida útil

do material limitada, nacionalização ou padronizações com aplicações similares ou

excesso de estoque (DIAS, 2005).

2.4.4 Número de horas paradas da produção por falta de material

Esse índice é excelente para medir o desempenho da programação e controle

de materiais. Pode ser aliado ainda a uma relação dos itens causadores da parada,

para que se faça uma análise e um maior controle dos mesmos (DIAS, 2005).

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sdisponíveiHorasmaterialdefaltaporparadasHorasB =

Multiplicando-se esse valor por 100, tem-se o percentual de horas paradas

em relação as horas disponíveis.

2.4.5 Relação de itens críticos

Itens críticos são os materiais que estejam abaixo do estoque mínimo. A eles

deverá ser dada atenção especial, pois são itens que podem faltar e entrar no índice

de horas paradas por falta de material. Um bom parâmetro é registrar quantas vezes

determinado item aparece na listagem de itens críticos consecutivamente e durante

um ano (DIAS, 2005).

Como itens críticos também podem ser relacionados os materiais que faltam

na produção, fazendo as observações sobre essa falta. Dessa forma, pode-se tomar

uma ação em cima desses materiais, principalmente se sua falta acontecer com

freqüência.

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3 METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1 O PROBLEMA

Problema é uma questão não resolvida e que por isso gera discussão em

qualquer domínio do conhecimento (GIL, 2002). “Um problema é um resultado

indesejável de um processo”. (CAMPOS, 1999, p. 30).

O problema desse trabalho é a constante falta de materiais produtivos da

empresa, o que prejudica diretamente na questão atendimento ao cliente.

3.2 PESQUISA

Pesquisa é um procedimento racional e sistemático que tem por objetivo obter

respostas aos problemas propostos através da busca de informações. (GIL, 2002).

Segundo Gil (2002) é usual a classificação de pesquisas com base em seus

objetivos gerais, como forma de possibilitar uma aproximação conceitual. Mas

também é necessário traçar um modelo conceitual e operativo da pesquisa, como

forma de confrontar a visão teórica com os dados da realidade.

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Dessa forma, quanto aos objetivos, tem-se a classificação:

Pesquisa exploratória: visa a familiaridade com o problema com vistas a

torná-lo explícito ou à construção de hipóteses;

Pesquisa descritiva: descrição das características de determinada população

ou fenômeno;

Pesquisa explicativa: identificação de fatores que determinem ou contribuam

para a ocorrência dos fenômenos.

Já do ponto de vista dos procedimentos teóricos há várias classificações, no

entanto, por não ser o objetivo desse trabalho, iremos detalhar somente a pesquisa-

ação, método utilizado nesse estudo.

A pesquisa-ação é um método de pesquisa que desenvolve um processo

interativo de pesquisa e ação onde o pesquisador atua no trabalho e interage com

os membros da situação investigada. O pesquisador torna-se participante do

processo e, além de solucionar o problema, contribui para o desenvolvimento da

mudança (THIOLENTE apud GIL, 2002).

A pesquisa-ação não é um processo padronizado, pois a ordem, a

participação das pessoas e os procedimentos variam conforme o projeto.

3.3 METODOLOGIA UTILIZADA

O presente trabalho é classificado como uma pesquisa exploratória, pois visa

se familiarizar com o problema, torná-lo explícito e aprimorar as idéias para

solucioná-lo. É utilizado o método de pesquisa-ação, pois a pesquisadora é a

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responsável pela programação de materiais da empresa e busca a solução para o

problema. Além disso, outros membros da empresa estão envolvidos na pesquisa.

3.4 ETAPAS DA PESQUISA

A seguir, serão apresentadas as etapas desenvolvidas nesse trabalho,

baseando-se no método de pesquisa-ação

3.4.1 Fase exploratória

Nessa fase foi realizado o contato com as pessoas envolvidas diretamente

com a atividade de programação e controle de materiais, bem como a consulta de

documentos e informações dos sistemas informatizados da atividade em questão. A

discussão com o grupo envolvido na pesquisa foi fundamental para conhecer várias

visões a respeito da atividade.

3.4.2 Formulação do problema

Após a fase exploratória, foi possível obter informações importantes para a

definição do problema. Dessa forma, o problema a ser solucionado por esse trabalho

é a constante falta de materiais produtivos.

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3.4.3 Discussão com o grupo de trabalho

Nessa etapa foi realizada uma discussão com as pessoas interessadas na

pesquisa com o objetivo de recolher as propostas e contribuições para a solução do

problema.

3.4.4 Coleta de dados

Diversas técnicas são adotadas para a coleta de dados na pesquisa-ação. No

entanto, as mais utilizadas nesse trabalho foram a entrevista coletiva e individual

com as pessoas envolvidas no problema e a observação participante, onde a

pesquisadora realizou a atividade. Também foi realizada pesquisa de documentos e

diretrizes estabelecidas para a atividade dentro da empresa.

Em paralelo, é feita uma revisão bibliográfica dos assuntos pertinentes a

programação e controle de materiais, com o objetivo de consolidar as principais

definições e técnicas a serem utilizadas nas melhorias propostas. Dentre as fontes

de consulta utilizadas, incluem-se livros e artigos.

3.4.5 Análise e interpretação dos dados

Essa pesquisa privilegiou a discussão em torno dos dados obtidos, de onde

decorreram a interpretação dos resultados e a proposta de melhorias para a

atividade. Dessa discussão participaram pessoas envolvidas atualmente com a

atividade, um consultor do sistema corporativo e um analista de informática da

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empresa. Pessoas da área de tecnologia da informação foram envolvidas, pois há a

necessidade de conhecer melhor algumas funções utilizadas com mais freqüência

na programação e controle de materiais, principalmente alguns parâmetros de

cadastro de material.

3.4.6 Elaboração do plano da pesquisa-ação

A pesquisa-ação concretiza-se com o planejamento de uma ação destinada a

enfrentar o problema que foi objeto de investigação. Para isso foi elaborado um

plano com as diretrizes da pesquisa, conforme Tabela 2.

Objetivos - Propor melhorias para a atividade de programação e controle de materiais de demanda dependente; - Padronizar a atividade; - Utilizar indicadores para medir a eficácia da atividade.

Limitação da pesquisa

Aplicada a atividade de programação e controle de materiais de demanda dependente da Amanco Brasil.

Proposta de melhorias

- Revisão dos materiais programados; - Priorização de materiais; - Divisão do horizonte de programação; - Padronização do período de replanejamento; - Revisão dos métodos de ressuprimento de materiais; - Criação do calendário de planejamento; - Padronização do procedimento de controle de estoques; - Definição de indicadores de desempenho; - Criação da agenda de programação e controle de materiais; - Revisão do manual de programação e controle de materiais

Procedimentos adotados

Envolvimento das pessoas interessadas na pesquisa do início ao fim do trabalho. Apresentação das melhorias propostas à coordenação da área para aprovação. Redigir relatório com as propostas de melhorias.

Tabela 2 - Plano da pesquisa-ação.

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4 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A Amanco Brasil é subsidiária do Grupo Amanco. Suas 18 fábricas estão

presentes em 13 países da região: Argentina, Brasil, Costa Rica, El Salvador,

Honduras, Nicarágua, Panamá, Colômbia, Venezuela, Peru, México, Guatemala e

Equador. Em outros oito mantém acordos de distribuição: Porto Rico, Jamaica,

Cuba, Belize, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile, ver Figura 13.

A Amanco Brasil atua no mercado nacional de tubos, conexões e acessórios

sanitários, com um portifólio de mais de 3.000 itens atende aos setores predial,

agricultura e infra-estrutura. Possui a sede em São Paulo (SP), duas fábricas em

Joinville (SC), e ainda outras duas plantas instaladas nas cidades de Sumaré (SP) e

Suape (PE). Ao todo, são cerca de 1600 colaboradores trabalhando nas cinco

unidades da Amanco Brasil.

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Figura 13 - Localização do Grupo Amanco na América Latina.

4.1 HISTÓRICO

De origem suíça, o Grupo Amanco opera na América Latina há mais de 50

anos, com atuação em 29 países. Formado por 30 empresas, emprega cerca de seis

mil colaboradores.

O Grupo Amanco está presente no Brasil desde 1991, quando adquiriu a

marca Fortilit. Um dos fatores mais importantes para o crescimento foi a aquisição,

em 1999, do controle acionário da Akros S.A., uma das mais tradicionais empresas

do setor, o que criou condições para o nascimento, em 2000, da Amanco Brasil S.A.

Em novembro de 2003, o Grupo Amanco incorporou a Carborundum

Irrigação, empresa que pertencia ao Grupo Saint Gobain, especializada na

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fabricação e fornecimento de produtos para irrigação localizada (gotejamento e

microaspersão). O investimento do Grupo Amanco na aquisição da nova empresa foi

motivado pela importância da agricultura na economia brasileira e no grande

potencial de crescimento do setor de irrigação.

4.2 ESTUTURA LOGÍSTICA

No centro de Suape são produzidos tubos e em Sumaré se encontram a

produção de tubos e de irrigação localizada. Em Joinville há o centro produtivo de

acessórios sanitários e outro centro de tubos e conexões.

Na sede da Amanco Brasil em São Paulo (SP) encontram-se as diretorias de

Marketing, Financeiro, Comercial, Industrial entre outras. As demais áreas

estratégicas da empresa, como por exemplo, área comercial, logística, engenharia,

financeira, contabilidade e suprimentos, se localizam no centro de tubos e conexões

em Joinville, mas realizam atividades para todos os centros produtivos. Dessa forma,

os demais centros possuem apenas áreas de apoio à produção, como almoxarifado,

recebimento e manutenção. Por exemplo, a atividade de programação e controle de

materiais para todos os centros é realizada no centro de tubos e conexões em

Joinville.

A estrutura logística da Amanco Brasil possui seis divisões que se apóiam e

interagem entre si: MAM Joinville, MAM Sumaré/Suape, Projetos, Suprimentos,

Transporte e Planejamento Logístico. As funções de cada divisão são:

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MAM (Movimentação e Armazenagem de Materiais): controla todo o processo

de armazenagem de materiais, ou seja, os almoxarifados, a movimentação

envolvendo a distribuição para fornecedores e a movimentação de

materiais entre os centros produtivos. A parte de movimentação de

produtos é realizada através das CDP’s, Centro de Distribuição dos

Produtos. Existem a MAM – Joinville, que é responsável pela

movimentação e armazenagem dos materiais dos dois centros produtivos

que se localizam em Joinville, e a MAM – Sumaré/Suape, responsável

pelos centros de Sumaré e Suape.

Projetos Logísticos: estudo de capacidade de armazenagem, projetos de infra-

estrutura e investimentos na área de logística.

Suprimentos: atividades de compra de materiais, gerenciamento de contratos,

desenvolvimento e avaliação de fornecedores.

Transportes: gestão e avaliação das transportadoras que prestam serviço de

distribuição à Amanco Brasil.

Planejamento de Demanda: trata das atividades relacionadas com a previsão

de demanda.

Planejamento Logístico: programação e controle de produção, programação e

controle de materiais, planejamento de capacidades produtivas e

planejamento dos estoques.

Além disso, a Gerência de Logística Integral coordena todas as divisões e as

mantém em harmonia para que a cadeia de suprimento da empresa funcione

adequadamente.

Na Figura 14 é possível visualizar onde se encontra a atividade de

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programação e controle de materiais dentro da estrutura logística da empresa.

NÍVEL DESCRIÇÃOGERÊNCIA Logística Integrada

COORDENAÇÃO Planejameto Logístico

ATIVIDADES Programação de ProduçãoProgramação e Controle de MateriaisPlanejamento de EstoquesPlanejamento de Capacidades ProdutivosCadastro de materiaisAbastecimento das expedições

Figura 14 - Localização da atividade de programação de materiais na estrutura logística da Amanco

Brasil.

4.3 SISTEMAS INFORMATIZADOS

Para a estrutura logística se manter equilibrada, sistemas informatizados

devem suportar todo o fluxo de informações e abranger todas as divisões que

compõem a logística da Amanco Brasil.

Diferentes sistemas são utilizados de acordo com a necessidade, ver Figura

15. O sistema corporativo é o R3, da empresa alemã SAP. O R3 é composto de

módulos, como o PP (Programação da Produção), MM (Movimentação de Materiais)

e SD (Vendas e distribuição), que atendem a cada uma das grandes áreas

funcionais da empresa: produção, materiais, vendas e financeiro. Por ser um

sistema corporativo com função principal de integrar o processamento de

informações entre as áreas, ele acaba sendo ineficiente para funcionalidades

específicas. Em função disso, também é utilizado o Scheduler, da empresa BAAN,

para programação da produção, o Hellas, da empresa Alcys, para gestão de

almoxarifados e das CDP’s, e o GKO, para gestão de transporte.

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EventoDemand Planning

Planejamento de Materiais

ComprasRecebimento e

Armazenagem de Materiais

Programação de Produção

Recebimento e Armazenagem de

P.A

Liberação e Expedição de

pedidosTransportes

Software de apoio

R/3 - PP R/3 - PP R/3 - MM R/3 - MM Scheduler HelasR/3 - SD/

HelasGKO

R/3Software corporativo

Figura 15 - Sistemas informatizados utilizados pela Amanco Brasil.

4.3.1 SAP/R3

Como o R3 é o sistema corporativo da empresa, as atividades de

ressuprimento e controle de estoques, política de estoques e relatórios diversos são

realizadas dentro do R3.

Por esse sistema considerar a capacidade de produção infinita das máquinas,

não é possível realizar a programação da produção. Em função disso, usa-se o

sistema Scheduler.

4.3.2 BAAN/Scheduler

O Scheduler é uma ferramenta que trabalha sob o conceito de capacidade

finita, essencial para uma programação de produção. Por isso, toda a parte de

programação da produção é feita nesse sistema.

Primeiro todos os dados estáticos, como cadastro de material, são

transportados do R3 para o Scheduler. Em seguida, se faz a interface dos dados

dinâmicos, como ordens de vendas, pedidos de compras e previsão de vendas. É

baseado nesses dados, dinâmicos e estáticos, juntamente com o cadastro de

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máquinas, que se encontra no Scheduler, que o mesmo gera o gráfico de Gantt.

O gráfico de Gantt é uma ferramenta de análise de todos os materiais que

serão produzidos. É possível visualizar, dentro de um determinado período, a

máquina em que o item será produzido, início e término da produção, quantidade a

ser produzida e se há alguma restrição, como falta de material, mão-de-obra ou

ferramenta, ver Figura 16. O eixo vertical indica as linhas de produção e o eixo

horizontal a escala de tempo. Em cada linha de produção, cada item a ser fabricado

é identificado por uma cor diferente.

Figura 16 - Gráfico de Gantt no Scheduler.

A programação de materiais se utiliza dessa ferramenta para que se visualize

as necessidades de material já distribuídas no tempo, conforme a capacidade

produtiva. Além disso, visualizando um horizonte de produção maior que a

programação de produção feita diariamente, faz-se os ajustes necessários no

planejamento, antecipando ou adiando ordens de produção e/ou alterando o centro

produtivo quando necessário de forma a otimizar a utilização dos recursos

produtivos. Maiores detalhes sobre a rotina de programação de materiais serão

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dados adiante.

4.4 GESTÃO DE ESTOQUES

Dentre os materiais de demanda dependente, existem particularidades que

são consideradas no momento do ressuprimento de estoque. Assim como para a

definição do estoque de segurança.

4.4.1 Ressuprimento baseado no consumo

Nem todos os materiais de demanda dependente estão em lista técnica de

produtos acabados. Isso se deve ao fato de que seu consumo não é diretamente

proporcional ao consumo do produto acabado ou então o custo do material é tão

baixo que não compensa a utilização de um modelo de ressuprimento mais arrojado.

Como exemplo, o calço de madeira utilizado para apoiar os tubos. Dependendo da

situação, podem-se usar 5 calços para apoiar 10 tubos, como podem-se usar 7

calços.

O estoque de segurança desses materiais é calculado através da regra Days

of Supply, onde se defini quantos dias de suprimento se deseja para o estoque de

segurança.

Para esses casos, o ressuprimento do estoque é baseado no histórico de

consumo. Faz-se a análise do histórico de consumo de pelo menos seis meses,

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calcula-se uma média de consumo mensal e cria-se requisição de compra com base

na estratégia de compras (mensal, quinzenal, semanal, etc.). Nessa parte, a

experiência e o conhecimento do programador é bastante importante. É necessário

levar em conta as especificidades de cada material, por exemplo, capacidade de

armazenamento por parte do almoxarifado, freqüência de entregas e lead time do

fornecedor.

4.4.2 Ressuprimento pelo MRP

No geral, para os materiais que estão em lista técnica de produtos acabados,

utiliza-se o ressuprimento pelo MRP, que através da explosão da lista técnica dos

produtos, gera as ordens planejadas de compra indicando data de entrega e

quantidade para cada material. O MRP se baseia nos parâmetros do cadastro de

material, como por exemplo, freqüência de entregas, lead time do fornecedor,

tamanho mínimo do lote e valor de arredondamento do lote.

4.4.3 Ressuprimento de itens por encomenda

Alguns itens acabados são MTO (make to order), ou seja, são

comercializados sob encomenda e não é mantido nenhum estoque. Através da

entrada de uma ordem de venda no sistema, o Planejamento Logístico faz a

programação de produção ou compra para cada material. Para os materiais que

compõem o produto acabado cria-se uma requisição de compra na quantidade

necessária ao atendimento da ordem de venda. O prazo de atendimento da ordem

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de venda é baseado no tempo de entrega de todos os materiais e no tempo de

produção do produto acabado.

4.4.4 Estoque de segurança

Todos os materiais, com exceção dos MTOs, possuem um estoque de

segurança, que é revisado periodicamente. Seu cálculo leva em consideração,

principalmente, o consumo do material e o lead time. O cálculo do estoque de

segurança utilizado pela empresa não será detalhado, pois é considerada uma

informação estratégica.

4.5 PROGRAMAÇÃO DE MATERIAIS

Como comentado anteriormente, a atividade de programação e controle de

materiais é de responsabilidade da área de Planejamento Logístico (PL). Essa

atividade é responsável pelo suprimento de todas as fábricas da Amanco Brasil,

envolvendo a programação de compra de material como também o

acompanhamento e controle dos níveis de estoque e entrega de materiais. Esse

follow up de responsabilidade do PL foi definido baseado na constatação de que o

programador de materiais possui maiores informações a respeito das prioridades do

suprimento das fábricas.

Dessa forma, os procedimentos fundamentais de administração de materiais

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explicitadas na Tabela 1, ficam de acordo com a Tabela 3.

PROCEDIMENTO ÁREA RESPONSÁVEL O que deve ser comprado PLANEJAMENTO LOGÍSTICO Como deve ser comprado PLANEJAMENTO LOGÍSTICO Quando deve ser comprado PLANEJAMENTO LOGÍSTICO Em que quantidade deve ser comprado PLANEJAMENTO LOGÍSTICO Onde deve ser comprado SUPRIMENTOS De quem deve ser comprado SUPRIMENTOS Por que preço deve ser comprado SUPRIMENTOS

Tabela 3 - Procedimentos de administração de materiais na Amanco.

Os materiais a serem programados e controlados são os materiais de

demanda dependente, que são as matérias-primas, insumos e embalagens.

Entende-se por matéria-prima o material necessário para a fabricação do produto

através dos processos de injeção, extrusão ou sopro. Por exemplo, resina de injeção

e extrusão. Os insumos são os componentes necessários para se chegar ao produto

final, como anel de borracha. E as embalagens são os sacos plásticos, caixas de

papelão, cartelas de instrução, entre outros. Os materiais de demanda dependente

somam um total de 600 materiais a serem programados.

4.5.1 Rotina de programação de materiais

A programação de materiais é feita no final de cada mês com horizonte de 45

dias baseada na demanda de produtos enviada pela área de Planejamento de

Demanda ao Planejamento Logístico. Por essa demanda ser uma consolidação

mensal das vendas de cada produto no período de 60 dias, o Planejamento

Logístico desagrega-a em uma demanda diária e linear, isto é, a demanda é igual

durante todos os dias do período informado pelo Planejamento de Demanda.

Com a previsão de vendas diária no sistema R3, o Planejamento Logístico

transfere os dados estáticos e dinâmicos, conforme comentado anteriormente, do R3

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para o Scheduler. Dentro do Scheduler, fazem-se os ajustes na programação,

sempre com a visão de 45 dias. Essas informações geradas no Scheduler são

transferidas para o R3 e em seguida é iniciado o cálculo das necessidades de

ressuprimento, que varia de acordo com os parâmetros de cada material.

Através do cálculo de ressuprimento, o sistema gera todas as ordens

planejadas de compra de materiais, necessárias para atender a demanda. Em

seguida são analisadas, material por material, todas as ordens planejadas geradas,

verificando data e quantidade e as convertendo em requisição de compra para que o

setor de Suprimentos faça os pedidos de compras e encaminhe ao fornecedor via e-

mail ou fax.

Como no decorrer do mês as vendas oscilam bastante e a empresa não

possui um processo de planejamento de demanda que garanta uma assertividade

confiável na previsão de vendas, semanalmente é feito a reprogramação de

materiais, onde é verificado se há necessidade de antecipar ou adiar pedidos de

compras. Feita a programação de materiais, inicia-se o processo de controle de

estoques.

4.6 CONTROLE DE ESTOQUE

O controle de estoque é o acompanhamento das entregas dos pedidos de

compras e dos níveis de estoque dos materiais. Esse acompanhamento é realizado

diariamente para todos os materiais controlados.

Relatórios do R3 são utilizados para realizar esse acompanhamento, pois

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fornecem dias de estoque do material e os pedidos de compra pendentes. Em

seguida, filtram-se os materiais com até 15 dias de estoque para verificar a

programação. Verifica-se se existe programação para o período futuro e confirma-se

com o fornecedor as entregas programadas. Às vezes, há necessidade de antecipar

ou adiar a entrega de um pedido de compra, assim o fornecedor é contatado e

negocia-se uma antecipação ou adiamento da entrega.

Os almoxarifados também enviam, quando necessário, um relatório dos

materiais em falta ou com estoque baixo, para auxiliar nesse follow-up. Às vezes, o

estoque do sistema não confere com o estoque real, o que fica complicado constatar

somente com relatórios do sistema.

O indicador utilizado pela empresa para gestão dos estoques é valor total do

estoque em casa, abertos para produtos acabados e materiais de consumo, e o

estoque em dias de consumo.

4.7 DIFICULDADES NA ATIVIDADE DE PROGRAMAÇÃO DE MATERIAIS

A seguir é apresentada a relação das dificuldades encontradas na atividade

de programação e controle de materiais de demanda dependente que contribuem

para o problema da pesquisa.

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4.7.1 Manual desatualizado e incompleto

A primeira dificuldade constatada foi encontrar o manual que descreve os

procedimentos da atividade de programação e controle de materiais desatualizado e

incompleto. O manual descre apenas os passos dentro dos sistemas informatizados

para realizar a programação de materiais e os mesmos estavam desatualizados.

Faltavam ainda outras informações, como freqüência das atividades e descrição do

procedimento de controle de estoque.

Além disso, a maioria dos procedimentos a serem feitos, tanto para

programação como para controle de materiais, está sob a forma de conhecimento

tácito, ou seja, “na mente” dos funcionários. Isso dificulta principalmente a questão

do treinamento de novos funcionários. Há o risco de o funcionário esquecer de

comentar uma parte do procedimento, muitas vezes porque para ele o procedimento

está muito claro e óbvio. O novo funcionário é obrigado a fazer suas anotações e em

caso de dúvidas sempre recorrer a ajuda de um colega de trabalho. Não que isso

não será necessário com a criação de um manual, mas com certeza, reduziria

bastante.

4.7.2 Falta de padronização das rotinas

Uma conseqüência de não existir um manual é a falta da padronização. As

rotinas de programação e controle de materiais não têm uma ordem e freqüência

definidas, o que pode gerar acúmulo de serviço em um determinado dia,

sobrecarregando o programador de materiais.

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4.7.3 Cadastro de material desatualizado

Muitos dados no cadastro de material estão desatualizados ou então não

cadastrados, principalmente as informações necessárias ao cálculo de

ressuprimento. Essa constatação se deu no dia-a-dia da programação e no contato

com fornecedores. Muitas vezes acontece de o pedido de compra ser ajustado

porque a quantidade e/ou a data de entrega solicitada não conferem com a realidade

do fornecedor.

Outro fato é a de materiais que são mais consumidos estarem como ativos no

sistema, atrapalhando no momento da programação como também do controle de

materiais. Por exemplo, no relatório de dias de estoque aparecem materiais que não

são mais ativos, o que polui o relatório.

4.7.4 Horizonte de programação longo

Como a programação de materiais é feita com horizonte de 45 dias e no

decorrer do mês as vendas oscilam, é bastante comum adiar ou antecipar as

entregas de pedidos. Constatou-se que o horizonte de programação é muito longo

para um cenário que muda constantemente.

4.7.5 Modelo inadequado de ressuprimento de materiais

Para alguns materiais com características específicas, o ressuprimento de

materiais não é adequado ou pode ser melhorado. Isso acaba, muitas vezes,

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refletindo no nível de estoque e na sua falta na produção. Por exemplo, materiais

típicos para a utilização do método do kanban ou do estoque mínimo e máximo, são

supridos pelo MRP.

4.7.6 Má visibilidade da necessidade de follow up

Analisar somente o estoque em dias de estoque não é o suficiente para

controle e o follow up dos materiais. Esse tipo de relatório não considera a previsão

de consumo para os dias futuros. Por exemplo, um material possui média de

consumo de 10 unidades/dia, no entanto somente na próxima semana consumirá

em torno de 100 unidades. O relatório de dias de estoque pode indicar um estoque

que, baseado no histórico de consumo (média de consumo) está normal, mas na

verdade será consumido em poucos dias. Dessa forma, se basear em um relatório

de dias de estoque para realizar o follow up pode se tornar perigoso.

4.7.7 Carência de indicadores de desempenho

A empresa não utiliza indicadores de desempenho para a atividade estudada.

Apenas calcular o valor total do estoque não é suficiente para medir a eficácia da

atividade. Indicadores são importantes para acompanhar o desempenho da

atividade, auxiliando na identificação tanto de melhorias como de falhas.

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4.7.8 Fornecedores não cumprem as datas de entrega

A maioria dos fornecedores não cumprem as datas de entregas dos pedidos

de compra e também não são cobrados por isso, o que atrapalha bastante na

programação de materiais e no recebimento. A programação é afetada, pois a data

de entrega do pedido de compra que consta no sistema não é confiável.

Para o recebimento temos dois casos: primeiro há dias em que a quantidade

de materiais sendo entregues é demasiadamente grande, sobrecarregando o

pessoal do recebimento; o segundo caso é quando um único fornecedor entrega

quantidades e variedades de materiais muito grandes em um horário de pico no

recebimento.

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5 PROPOSTA DE MELHORIAS PARA ATIVIDADE DE PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS DE DEMANDA DEPENDENTE DA AMANCO BRASIL LTDA

Baseada nas dificuldades encontradas na programação e controle de

materiais de demanda dependente da empresa Amanco Brasil e no embasamento

teórico sobre o assunto, a Tabela 4 exemplifica as melhorias propostas para cada

dificuldade listada no capítulo anterior.

DIFICULDADESManual desatualizado e incompleto 5.10 Revisão do manualFalta de padronização das rotinas 5.4 Padronização do período de reprogramação

5.7 Padronização do procedimento de controle de estoques5.9 Criação da agenda de programação e controle de materiais

Cadastro de material desatualizado 5.1 Revisão dos materiais programadosHorizonte de programação longo 5.3 Divisão do horizonte de programaçãoModelo inadequado de ressuprimento de materiais 5.2 Priorização de materiais

5.5 Revisão dos modelos de ressuprimento dos materiaisMá visibilidade da necessidade de follow up 5.2 Priorização de materiais

5.7 Padronização do procedimento de controle de estoquesCarência de indicadores de desempenho 5.8 Definição de indicadores de desempenhoFornecedores não cumprem as datas de entrega 5.6 Criação do calendário de planejamento

MELHORIAS PROPOSTAS

Tabela 4 - Proposta de melhorias.

Em seguida, serão detalhadas as melhorias propostas.

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5.1 REVISÃO DOS MATERIAIS PROGRAMADOS

O cadastro do material é a base para todos os processos de ressuprimento de

estoque, por isso é essencial que seus parâmetros estejam alinhados com a

realidade. É necessário fazer a revisão do cadastro do material, pelo menos dos

campos que influenciam diretamente no cálculo de ressuprimento dos estoques.

Para esses campos, a ajuda da área de Suprimentos será fundamental, pois se deve

considerar que alguns parâmetros são acordados com os fornecedores.

Outro ponto importante é atualizar a relação de materiais que devem ser

programados, ou seja, identificar materiais que não são mais consumidos e que

ainda constam na relação de materiais para programar. Materiais sem consumo há 6

meses devem ser considerados obsoletos e identificados no sistema como inativos,

desconsiderando-os na programação. Para essa tarefa, as áreas de Produção e

Almoxarifado são essenciais. Além disso, pode-se trabalhar em conjunto com área

de Suprimentos e Produção para encontrar uma solução de como o estoque desses

materiais pode ser consumido. Por exemplo, pode-se usar em outra atividade ou

então negociar com fornecedores a troca por outro material.

A revisão das informações que influenciam o programa e controle de

materiais deve ser feita no mínimo uma vez por ano ou toda vez que for necessária.

Dessa forma, o sistema estará alinhando com a realidade.

A proposta é fazer essa revisão por grupo de material (matéria-prima, insumo

e embalagem). Por exemplo, ao mesmo tempo em que listar todas as matérias-

primas cadastradas, atualizar sua situação de ativa ou inativa e revisar o cadastro de

material dos materiais ativos.

Como a variedade de materiais é bastante grande e deve-se considerar os

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quatro centros produtivos, essa atividade de revisão de materiais levará bastante

tempo e merece atenção especial. Por isso, ela pode ser feita em paralelo com

outras melhorias, caso contrário, as demais propostas levarão muito tempo para

serem aplicadas, o que pode impactar de maneira negativa na eficácia da atividade.

5.2 PRIORIZAÇÃO DE MATERIAIS

A segunda proposta de melhoria é a utilização da ferramenta de classificação

ABC para direcionar o controle de materiais, ou seja, identificar os materiais que

justifiquem atenção e tratamento adequados quanto à sua administração. A

classificação ABC deve se basear no consumo e no custo de aquisição do material.

Feita essa diferenciação, as demais melhorias sugeridas daqui para frente, devem

ser iniciadas nos materiais A, que possuem maior relevância para a empresa, e em

seguida nos materiais B e C.

Essa classificação deve ser realizada também por grupo de material, com

intuito de facilitar o cálculo e até mesmo de visualizar os materiais mais significativos

dentro do seu próprio grupo de material.

A classificação ABC para todos os materiais deve ser revisada a cada seis

meses, devido a alteração de preços, modificações nos materiais, utilização de

materiais novos etc.

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5.3 DIVISÃO DO HORIZONTE DE PROGRAMAÇÃO

O horizonte de programação deve ser dividido em três níveis: curto, médio e

longo prazo. O horizonte de curto prazo já deve considerar as particularidades de

cada material, como o lead time, e no geral, deve ficar entre 15 a 20 dias. Esse

horizonte é onde será feita a programação de entregas do material. Já os horizontes

de médio e longo prazo, são apenas horizontes de planejamento, onde a

programação não é definida. Esses horizontes podem ser padrões para todos os

materiais e devem ser definidos baseados na estratégia da empresa.

O horizonte de curto prazo deverá ser definido dentro do sistema R3, que

oferece a ferramenta horizonte fixo, onde é possível visualizar o término do horizonte

de programação.

5.4 PADRONIZAÇÃO DO PERÍODO DE REPROGRAMAÇÃO

A reprogramação deve ser feita diariamente, isto é, o ressuprimento de

materiais deve ser calculado todos os dias em função da variação da demanda. E

todos os dias devem ser analisados a programação dos materiais classificados

como A e dos demais materiais que apresentarem estoque baixo. Os materiais

classificados como B e C devem ser revisados em sua totalidade uma vez por

semana.

Para manter os dados do R3 atualizados, duas vezes por semana a interface

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com o Scheduler deve ser realizada. Afinal, para rodar o MRP todos os dias os

dados precisam estar de acordo com a realidade da programação.

Uma vez por semana os fornecedores devem estar sendo atualizados com a

programação, em função do horizonte de programação de curto prazo. O ideal é

fixar sempre um dia da semana para realizar essa atualização como forma de

organizar e padronizar a rotina tanto internamente como para os próprios

fornecedores. Portanto, toda sexta-feira deve ser enviado a atualização da

programação de materiais acrescentando sempre mais uma semana de

programação para manter os 15 dias de horizonte de curto prazo. Lembrando que

até sexta-feira, todos os materiais deverão ter tido sua programação revisada.

5.5 REVISÃO DOS MODELOS DE RESSUPRIMENTO DOS MATERIAIS

Para os materiais A deve-se continuar o ressuprimento pelo MRP, mesmo

porque, com o cadastro de material atualizado, a programação será mais eficaz.

Para materiais C deve-se usar o método de ressuprimento pelo estoque

mínimo e máximo, onde o estoque máximo pode ser o valor do consumo médio

mensal, se houver capacidade de armazenagem.

Para materiais B deve-se fazer uma análise mais criteriosa, levando em

consideração o lead time do material e o consumo diário ao longo de um mês para

então definir qual modelo de ressuprimento utilizar.

O kanban deve ser utilizado para materiais que possuem um consumo

constante ao longo do mês. Primeiro deve-se identificar esses materiais e, em

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seguida, a área de Suprimentos e Qualidade devem homologar o fornecedor para

esse tipo de fornecimento, pois o fornecedor tem que garantir tanto a qualidade do

produto quanto o cumprimento das entrega. Esse controle de estoque por kanban

pode ser feito dentro do sistema R3, que possui essa ferramenta.

5.6 CRIAÇÃO DO CALENDÁRIO DE PLANEJAMENTO

Com o objetivo de padronizar as entregas de materiais, não sobrecarregar a

área de recebimento e educar os fornecedores, o ideal é acordar com o fornecedor

os dias de entregas na semana e, se possível, o horário de entrega.

A Tabela 5 é a proposta de divisão dos dias da semana para entrega de

material, levando em consideração o volume entregue, a variedade de fornecedores

e o consumo do material. Por exemplo, pelos insumos possuírem grande variedade

de materiais, diversos fornecedores e consumo alto, foram reservados três dias da

semana como opção para entrega desse tipo de material.

Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

Matéria-prima Matéria-primaTipo de material a ser

entregue Insumo Embalagens

Insumo Embalagens Insumo

Tabela 5 – Calendário de entrega de materiais.

O R3 também oferece esse recurso de calendário de planejamento. Pode-se

cadastra-los quantos tipos de calendários de entregas desejar e em seguida

cadastra-lo no material desejado, dentro do cadastro de material. Dessa forma, os

pedidos de compra serão gerados sempre nos dias da semana que estão

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cadastrados no calendário de planejamento.

5.7 PADRONIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE CONTROLE DE ESTOQUES

O acompanhamento dos pedidos de compra e do nível de estoque deve fazer

parte da rotina diária, principalmente devido a variação da demanda. Materiais A e

demais materiais que apresentarem estoque baixo devem ser acompanhados todos

os dias. Materiais B e C devem ser revisados em sua totalidade uma vez por

semana.

Para controle de estoques deve-se utilizar um relatório de acompanhamento

que utilize o conceito de estoques planejados, ou seja, que identifique os materiais

com estoque baixo, alto e normal. Essa classificação é calculada levando em

consideração o estoque atual, o de segurança e a previsão de consumo. O estoque

considerado normal é aquele que permanecer entre os limites de estoque mínimo e

máximo. Por exemplo, se a previsão de um material nos próximos 10 dias for

consumir todo o estoque, inclusive o de segurança, ele é considerado baixo e há a

necessidade de ressuprimento do estoque.

No sistema R3 há um relatório que utiliza os parâmetros de estoque

comentados, no entanto, esse relatório é aplicável somente para produtos acabados.

Por isso, deve-se fazer, junto a área de Informática, uma adaptação desse relatório

para materiais produtivos.

Com esse relatório em mãos, os materiais com estoque baixo e normal

devem ter analisados sua programação de entregas e em seguida o

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acompanhamento com o fornecedor. Para materiais com estoque alto, deve-se

verificar a programação para que não ocorram entregas de materiais

desnecessárias.

Materiais com nível de estoque baixo ou alto devem ser analisados para que

isso não volte a ocorrer. Trabalhar com estoques planejados é mantê-los sempre

dentro dos limites de estoque mínimo e máximo.

5.8 DEFINIÇÃO DE INDICADORES DE DESEMPENHO

Indicadores específicos para a programação e controle de materiais ajudam a

identificar se os estoques estão de acordo com o que foi planejado. A seguir, os

indicadores selecionados para os materiais comprados são apresentados.

• Valor total do estoque: esse valor é obtido direto do sistema R3;

• Rotatividade do estoque: esse índice deve ser calculado todo mês utilizando-

se o período acumulado desde o início do ano; valor obtido direto do R3;

• Materiais sem giro e obsoletos;

• Número de horas paradas da produção por falta de material;

• Relação de itens críticos – estoque de segurança;

• Relação de itens críticos – falta de material.

Para o registro e acompanhamento dos materiais obsoletos (sem consumo há

6 meses), deve-se criar no sistema R3 um relatório que liste todos os materiais sem

consumo há 6 meses, com os seus respectivos valores de compra e custo total,

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conforme Tabela 6.

Período De: Até:

Centro Código Descrição Quantidade Unidade

Valor unitário do

ultimo pedido de

compra

Custo total do estoque

CUSTO TOTAL R$ 00,00 Tabela 6 – Relatório de materiais obsoletos.

A relação de itens críticos que atingem o estoque de segurança e que faltam

na produção também devem ser registrados em um formulário. Para os materiais

que faltam na produção, deve-se utilizar a planilha de registros que a própria área de

produção gera e encaminha por e-mail para a área de Planejamento Logístico.

Nessa planilha constam as informações necessárias ao cálculo do índice de horas

paradas na produção por falta de material como também para o relatório de

materiais críticos, como por exemplo, código do material, horário de término do

material, horário de chegada do material e monitor responsável pela linha de

produção. Também é importante fazer o acompanhamento dos materiais registrados

como faltosos junto à produção para que não sejam contabilizados dados que não

são reais.

Para o registro de materiais críticos que atingem o estoque de segurança,

deve-se desenvolver junto a área de Informática um relatório no R3 que liste todos

os materiais que utilizaram estoque de segurança, data dessa ocorrência e em que

centro produtivo, conforme Tabela 7. Com esse relatório é possível visualizar todas

as ocorrências e, inclusive, se um material consumiu mais de uma vez o estoque de

segurança.

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Período De: Até

Número da

ocorrência Data Centro Código Descrição

Total de ocorrências

Tabela 7 – Relatório de materiais críticos – estoque de segurança.

Todos os indicadores devem ser gerados mensalmente, no início do mês, e

analisados no período de um ano, acompanhando seu comportamento e tomando

ações para melhorar o desempenho. Como a empresa não possui um padrão de

relatórios de indicadores, no APÊNDICE A se encontra a proposta de relatório

mensal de todos os indicadores que devem ser apresentados na reunião mensal do

Planejamento Logístico.

5.9 CRIAÇÃO DA AGENDA DA PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS

Como apresentado anteriormente, a atividade de programação e controle de

materiais envolve as seguintes etapas:

a) Interface R3/Scheduler: transferência dos dados estáticos e dinâmicos do R3

para o Scheduler;

b) Análise do gráfico de Gantt: geração e análise do gráfico de Gantt;

transferência dos dados do Scheduler para o R3.

c) Cálculo das necessidades de ressuprimento: MRP, estoque mínimo e máximo

e kanban.

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d) Programação e controle de estoque: análise e efetivação da programação de

materiais; acompanhamento dos níveis de estoque e pedidos de compra.

Além disso, deve-se considerar tempo para imprevistos, reuniões, novos

projetos e as atividades mensais, como relatório de indicadores.

Para ajudar na organização e no cumprimento das atividades, a Tabela 8

mostra a agenda semanal de programação e controle de materiais.

SEG TER QUA QUI SEX - Cálculo das necessidades de ressuprimento; - Programação e controle de estoque dos materiais A e demais materiais com estoque baixo/alto. - Interface R3/Scheduler

- Cálculo das necessidades de ressuprimento; - Programação e controle de estoque dos materiais A e demais materiais com estoque baixo/alto; - Análise do Gráfico de Gantt.

- Cálculo das necessidades de ressuprimento; - Programação e controle de estoque dos materiais A e demais materiais com estoque baixo/alto.

- Cálculo das necessidades de ressuprimento; - Programação e controle de estoque dos materiais A, B e C; - Interface R3/Scheduler

- Análise do Gráfico de Gantt; - Envio dos pedidos de compra para os fornecedores.

Tabela 8 – Agenda semanal de programação e controle de materiais.

As atividades com freqüência maior, por exemplo, quinzenal, mensal ou

semestral, devem ser visualizadas a parte em um outro calendário, ver Tabela 9.

ATIVIDADE FREQÜÊNCIA Relatório de indicadores Mensal Dia 02 de cada mês Classificação ABC Semestral FEVEREIRO

AGOSTO Revisão Cadastros Materiais Anual JANEIRO

Tabela 9 - Agenda de atividades de freqüência menor.

5.10 REVISÃO DO MANUAL

Definidas todas as rotinas da programação e controle de materiais de

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demanda dependente, o último passo é padronizar e registrar todos os

procedimentos através de um manual. Deve-se utilizar o manual já existente na

empresa para fazer as atualizações.

A idéia do manual é concentrar todas as informações necessárias para a

programação e controle de materiais. Por isso, nesse manual deve conter o passo a

passo de cada rotina, inclusive o detalhamento em nível de software (R3 e

Scheduler). Também deve estar claro a freqüência de cada atividade, a data da

última revisão do manual e o responsável por essa revisão. No APÊNDICE B

encontra-se o manual proposto.

5.11 CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO

A maior parte das melhorias propostas demanda tempo em decorrência de

necessitar colaboração de outras áreas e ajustes no sistema. O cronograma de

implantação proposto, APÊNDICE C, levou em consideração esses pontos.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1 CONCLUSÕES

Na revisão bibliográfica é possível constatar que a programação de materiais

é uma etapa importante dentro da cadeia de suprimento e tem impacto direto na

questão de atendimento ao cliente. Isso justifica o interesse da Amanco Brasil em

querer criar um procedimento de programação e controle de materiais eficiente e

que contribua para o seu crescimento.

As melhorias propostas surgiram das dificuldades da atividade apresentadas

no tópico 4.7, que contribuem para a constante falta de materiais produtivos,

principal problema enfrentado pela empresa. As melhorias foram desenvolvidas

baseadas na estrutura e na cultura da empresa, na revisão bibliográfica do assunto

e nas contribuições de pessoas envolvidas com a atividade.

As principais dificuldades encontradas para o desenvolvimento desse

trabalho, além das já especificadas no capítulo 4.7, foram a escassa bibliografia

sobre horizonte de programação e acompanhamento dos níveis de controle de

estoque. Muitos autores comentavam apenas fórmulas e modelos de ressuprimento,

mas não abordavam a questão prática do acompanhamento dos níveis de estoque.

Devido a escassez da bibliografia e registro sobre como realizar o controle de

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estoque, teve-se que aprofundar o conhecimento na prática e em conversas com

colegas de trabalho.

A seguir, serão explicitados como os objetivos desse trabalho, apresentados

no capítulo 1, foram alcançados.

Apresentar de forma clara e objetiva as dificuldades existentes no procedimento

estudado e a forma como afetam a sua qualidade.

O capítulo 4 iniciou apresentando a estrutura da empresa para em seguida

detalhar a atividade de programação e controle de materiais de demanda

dependente feita atualmente. Isso possibilitou compreender as dificuldades

apresentadas no tópico 4.7, bem como sua interferência na eficácia da atividade.

Propor melhorias de acordo com cada dificuldade descrita.

Apresentadas todas as dificuldades e como afetam o resultado da atividade, a

Tabela 4 apresenta de forma clara as melhorias propostas para cada dificuldade

encontrada na atividade. Essa tabela possibilita visualizar com maior rapidez e de

forma resumida o resultado alcançado com esse trabalho.

Criar um procedimento padronizado para a atividade.

A padronização é alcançada através da definição de como uma atividade será

feita e do registro desse procedimento. Inicialmente o procedimento deve ser sólido,

ou seja, com uma base de dados atualizada, confiável e que reflita a realidade. As

melhorias de definição dos materiais a serem programados, dos cadastros

atualizados e dos cálculos de ressuprimento bem definidos oferecem isso. Em

seguida, definem-se como serão realizadas as rotinas tanto de programação e

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controle de materiais, como de revisão e atualização dos parâmetros necessários

para o seu bom funcionamento. Essa etapa é alcançada com a estruturação do

manual da atividade, onde descrevem-se os procedimentos que envolvem a

atividade como também a freqüência e os recursos necessários.

Apresentar indicadores de desempenho para acompanhar a eficácia do

procedimento, possibilitando a tomada de decisões mais facilmente.

Dentre os inúmeros indicadores encontrados em bibliografias, foram

escolhidos aqueles que são realmente úteis à empresa e que melhor se adequam a

sua realidade. Além disso, a proposta de criar um relatório de desempenho da

atividade contribui na padronização do processo e na tomada de decisão.

As melhorias propostas nesse trabalho buscam tornar a atividade de

programação e controle de materiais de demanda dependente da Amanco Brasil

padronizada e consistente, contribuindo para sua eficácia e, consequentemente,

diminuindo consideravelmente os riscos de falta de material.

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Realizar treinamento no módulo de produção do sistema utilizado para

programação e controle de materiais trará benefícios em termos de conhecimento do

sistema e utilização das ferramentas oferecidas, principalmente no ressuprimento e

controle de estoques.

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Para agilizar o processo de envio da programação de materiais aos

fornecedores, é interessante realizar esse procedimento via extranet. Dessa forma,

os fornecedores podem ser atualizados todos os dias e ainda visualizar uma

previsão de compra no horizonte de médio prazo.

A definição de procedimentos para destino de materiais sem consumo

possibilita a liberação de espaço nos almoxarifados e reduz custos de estocagem.

Por isso é importante a área de programação e controle de materiais fazer parte

desse procedimento e auxiliar na identificação de materiais que não são mais

necessários à empresa.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

CANAL DO TRANSPORTE. Dicionário: termos utilizados nas atividades de logística e transporte. Disponível em: < http://www.canaldotransporte.com.br/dicionario.asp>. Acesso em: 01 jan. 2006.

CAMPOS, Vicente F. TQC – Controle de qualidade total. Belo Horizonte: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1999.

CORRÊA, H. L. et al. Planejamento, programação e controle da produção: MRP II/ERP: conceitos, uso e implantação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

DIAS, M. A. P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2005.

FERRAES NETO, F., KUEHNE JUNIOR, M. Gestão empresarial: logística empresarial. V. 2. Paraná: Gazeta do Povo, 2002 (Coleção Gestão). Disponível em <http://www.fae.edu/publicacoes/colecao_gestao.asp#2>. Acesso em: 01 mai. 2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

GURGEL, F. A. Logística industrial. São Paulo: Atlas, 2000.

HARRISON, Alan; HOEK, R. Estratégia e gerenciamento de logística. São Paulo: Futura, 2003.

MARTINS, P. G., ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos

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patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2004.

MARTINS, P. G., LAUGENI, F. P. Administração da produção. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

TUBINO, D. F. Manual de planejamento e controle da produção. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000.

VIANA, J.V. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2002.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – RELATÓRIO DE INDICADORES DE CONTROLE DE ESTOQUE

APÊNDICE B – MANUAL DA ATIVIDADE DE PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS

APÊNDICE C – CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO

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APÊNDICE A – RELATÓRIO DE INDICADORES DE CONTROLE DE ESTOQUE

RELATÓRIO DE INDICADORES Programação e controle de materiais

Data

Mês/Ano:___________

1. Valor do estoque total

Observações: __________________________________________________________________ _________________________________________________________________

R$

Média do ano

Meta

J F M A M J J A S O N D Mês

2. Rotatividade do estoque Observações: __________________________________________________________________ _________________________________________________________________

Giro

MetaAno

J F M A M J J A S O N D Mês

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3. Materiais sem giro EO = R$ 00,00 Observações: __________________________________________________________________ _________________________________________________________________

EO%Média do ano

Meta

J F M A M J J A S O N D Mês 4. Horas paradas de produção por falta de material

Observações: __________________________________________________________________ _________________________________________________________________

Horas ParadasMédia do ano

Meta

J F M A M J J A S O N D Mês

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APÊNDICE B – MANUAL DA ATIVIDADE DE PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS DE DEMANDA DEPENDENTE

MANUAL DE PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DE MATERIAIS Planejamento Logístico

1. Agenda de atividades

SEG TER QUA QUI SEX - Cálculo das necessidades de ressuprimento; - Programação e controle de estoque dos materiais A e demais materiais com estoque baixo/alto. - Interface R3/Scheduler

- Cálculo das necessidades de ressuprimento; - Programação e controle de estoque dos materiais A e demais materiais com estoque baixo/alto; - Análise do Gráfico de Gantt.

- Cálculo das necessidades de ressuprimento; - Programação e controle de estoque dos materiais A e demais materiais com estoque baixo/alto.

- Cálculo das necessidades de ressuprimento; - Programação e controle de estoque dos materiais A, B e C; - Interface R3/Scheduler

- Análise do Gráfico de Gantt; - Envio dos pedidos de compra para os fornecedores.

ATIVIDADE FREQÜÊNCIA

Relatório de indicadores Mensal Dia 02 de cada mês Classificação ABC Semestral FEVEREIRO

AGOSTO Revisão dos modelos de ressuprimento dos materiais

Semestral FEVEREIRO AGOSTO

Revisão Cadastros Materiais Anual JANEIRO

2. Procedimento de revisão de cadastro de materiais

Os campos a serem revisados são os descritos abaixo. É necessário envolver a área de

Suprimentos para atualização dos dados.

• Tipo MRP

• Horizonte fixo

• Lead time do fornecedor

• Lote de reposição

• Lote mínimo

• Arredondamento do lote

• Estoque máximo

• Calendário de planejamento

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3. Procedimento de revisão da classificação ABC

Deve-se utilizar a transação XXXX do R3 para atualização da classificação ABC.

4. Relatório de indicadores

Utilizar o padrão de relatório conforme ANEXO A desse manual. Apresentar na reunião

mensal do Planejamento Logístico.

• Custo total do estoque: obtido do R3 na transação XXXX;

• Rotatividade do estoque: obtido do R3 na transação XXXX;

• Materiais obsoletos: materiais sem consumo há seis meses; relatório de materiais sem giro

de estoque obtido do R3 na transação XXXX;

• Números de horas paradas da produção por falta de material: horas paradas em relação ao

total de horas produtivas; utilizar planilha atualizada pelo Apontamento da produção;

• Relatório de itens críticos – estoque de segurança: materiais que consumiram o estoque de

segurança; obtido relatório do R3 na transação XXX;

• Relatório de itens críticos – falta de material: matérias que paravam a produção por falta em

estoque; utilizar planilha atualizada pelo Apontamento da produção.

5. Modelos de ressuprimento de estoque utilizados

A revisão dos modelos de ressuprimento para os materiais deve ser realizada em paralelo

com a revisão da classificação ABC.

• Materiais A: utilizar MRP para ressuprimento

• Materiais B: utilizar kanban para materiais com consumo diário constante, utilizar transação

XXXX do R3 para controlar os kanbans; para os demais materiais utilizar MRP;

• Materiais C: utilizar modelo de estoque mínimo e máximo.

6. Procedimento de programação de materiais

1) Envio dos dados estáticos do R3 para o Scheduler

2) Deleção dos dados dinâmicos do planejamento anterior

3) Eliminar a demanda antiga

4) Criar novas Demandas no R/3 (Informar Aldemir ou Sampaio para criar novas demandas)

5) Split (quebra da demanda mensal para a demanda diária)

6) Recebimento da demanda carrega demanda de um mês no sistema.

7) Apagar Necessidades Antigas (apagar demandas até a dia anterior)

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8) Envio dos dados dinâmicos do R/3 para o Scheduler (pode ser executado um dia antes)

9) No Scheduler: recomendar , sincronizar e analisar o Gráfico de Gantt

10) Retornar dados do Scheduler para o R3

11) No R3, rodar o MRP

12) Analisar a programação dos materiais

13) Enviar os pedidos de compra por email

(inserir as telas dos sistemas informatizados e os campos a serem preenchidos)

7. Procedimento de controle de estoque

Utilizar relatório de nível de estoque do R3, transação XXXX. Verificar se há itens com

estoque baixo e alto e rastrear o porque isso ocorreu. O estoque deve permanecer no nível NORMAL,

ou seja, entre o estoque mínimo (estoque de segurança) e estoque máximo. Para esses materiais

fazer o follow up junto ao fornecedor, confirmando as próximas programações com o objetivo do

material não ficar com estoque BAIXO ou ALTO.

8. Revisão do manual

O manual de programação e controle de materiais deve ser revisado quando algum

procedimento descrito no manual for alterado. Assim, deve-se inserir no rodapé o nome da pessoa

responsável pela atualização e a data da atualização.

Responsável: Marina Baumer Última atualização

00/00/00

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APÊNDICE C – CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Matéria-prima

Insumo

Embalagens

Matéria-prima

Insumo

Embalagens

Divisão do horizonte de programação Todos os materiais

MRP

Máximo e Mínimo

Kaban

Criação do relatório para controle de estoques

Indicadores

Atualização do manual

Revisão dos modelos de ressuprimento de materiais

SEMANA

ATIVIDADE

Priorização de materiais

Revisão dos materiais programados