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Maria José Esteves de Vasconcellos
Maria José Esteves de Vasconcellos
Soraya Corgosinho Soares do Amaral
Propiciando Convivência e Fortalecimento de Vínculos:
abordando a rede com a
Metodologia de Atendimento Sistêmico
II Ciclo Interamericano de Debates sobre Trabalho
Social com Famílias com Crianças e Adolescentes
Belo Horizonte, 30/31-maio-2016
Maria José Esteves de Vasconcellos
Os profissionais e a demanda
Profissionais que atuam nas Políticas Sociais (e, em
geral, os que lidam com relações humanas)
são procurados por
pessoas / famílias / instituições / empresas
que vivenciam situação-problema
Maria José Esteves de Vasconcellos
Os profissionais e a demanda
• O profissional é considerado
“expert” em soluções
“autoridade” no assunto
“especialista” em um tipo de situação-problema
• Admite-se que ele tem
acesso privilegiado a “uma fatia da realidade”
Maria José Esteves de Vasconcellos
Segundo expectativas tradicionais:
O bom profissional
• É capaz de produzir mudança na situação-problema
• Detém poder de “mudança do sistema”
• Exerce seu poder agindo sobre o sistema, para que
aconteçam mudanças desejadas
Maria José Esteves de Vasconcellos
O bom profissional
Correspondendo às expectativas, exerce seu poder:
Informando Prescrevendo
Conscientizando Treinando
Ensinando Dirigindo
Orientando Resolvendo conflitos
Convencendo
Maria José Esteves de Vasconcellos
Profissional tem vivido situação paradoxal
• Se quer a autonomia do usuário
• Se acredita que tem poder/dever de “conseguir” mudança
• Emerge situação paradoxal (sem saída)
- para o usuário
- para o profissional
Maria José Esteves de Vasconcellos
A situação paradoxal
• Para o usuário:
“Como ser autônomo (agir por iniciativa própria) se estou recebendo instruções sobre como agir”?
• Para o profissional:
“Como atuar, sendo competente e responsável pela mudança do usuário, se ele é quem deve assumir responsabilidade por sua própria mudança?”
Maria José Esteves de Vasconcellos
Além disso...
• Trabalhando em contexto de pobreza, violência, histórias de miséria e degradação humana
• Às vezes, identificado pelas famílias como “parte do
sistema”: promotor de infelicidade ou mero doador de benefícios • Convence-se de que sua formação não é aplicável • Vivencia: angústia, sentimento de impotência,
desesperança, passividade
Maria José Esteves de Vasconcellos
Surgem perspectivas para uma atuação diferente
Está acontecendo uma
“mudança de paradigma na ciência”
Maria José Esteves de Vasconcellos
Evidências nos laboratórios científicos (1960/1970):
Têm levado os cientistas a questionar:
• Compartimentação do saber
• Possibilidade de interação instrutiva com
seres humanos (vivos são autônomos)
• Acesso a realidades objetivas
Maria José Esteves de Vasconcellos
Em consequência, os cientistas
• Reveem seus pressupostos tradicionais
• Assumem novos pressupostos
MUDANÇA DE PARADIGMA DA CIÊNCIA
Maria José Esteves de Vasconcellos
Em consequência desses avanços da ciência
Os profissionais também assumem novos pressupostos:
• não existe realidade independente do observador
• “realidades” se constroem em conversações, em espaço de intersubjetividade • o profissional não detém o poder que lhe atribuem
Ficam aliviados com perspectivas de sair do paradoxo
Maria José Esteves de Vasconcellos
Profissional assume visão sistêmica novo-paradigmática
PORÉM ...
COMO desenvolver práticas consistentes esse
pensamento sistêmico novo-paradigmático?
• que focalizem as relações sem fragmentar o sistema?
• que reconheçam a autonomia do sistema?
• que lidem com a inevitável participação do profissional?
Maria José Esteves de Vasconcellos
Metodologia de Atendimento Sistêmico
• Uma Metodologia para solução de situação-problema,
em contexto colaborativo, de autonomia,
pelos próprios envolvidos na situação
• Processo básico: COCONSTRUÇÃO
presente em todos os passos da Metodologia
TUDO SE DÁ EM CONVERSAÇÕES
Maria José Esteves de Vasconcellos
Nova identidade do profissional sistêmico
De: especialista em soluções
em programas a serem implantados
Para: “expert na criação de contextos”
de conversação,
de autonomia, colaborativos
de coconstrução de soluções
“coordenador de conversações transformadoras”
Atendimento Sistêmico
de
Famílias e Redes Sociais
Vol. I 2005 3ª ed 2012
Vol. II 2007
Vol. III 2010
Juliana Gontijo Aun Maria José Esteves de Vasconcellos
Sônia Vieira Coelho
Maria José Esteves de Vasconcellos
Maria José Esteves de Vasconcellos
A experiência de Aun (1996)
Supervisora em
Clínica de Tratamento de crianças com deficiência
• Objetivo: desenvolver autonomia
• Mas crianças têm alta por atingir idade
• Profissionais vivendo a situação paradoxal:
“Como conseguir que o outro seja autônomo
e responsável por sua mudança?”
Maria José Esteves de Vasconcellos
A experiência de Aun (1996): uma experiência seminal Uma prática em política social na Prefeitura Belo Horizonte
• Situação-problema:
- promovendo inclusão da pessoa com deficiência
• Metodologia:
- convite à conversação em contexto de autonomia
• Resultados:
- coconstrução de formas de inclusão
- dissolução do sistema linguístico
Maria José Esteves de Vasconcellos
Estrutura hierarquizada das Políticas
POSIÇÃO DE:
decidir e planejar
executar
receber
Maria José Esteves de Vasconcellos
Quebrando a hierarquia
Posição de:
Decidir e planejar
Executar
Receber Comunidade
Maria José Esteves de Vasconcellos
Estrutura em rede
órgão governamental
ONG
entidade particular
famílias de usuários
associação de usuários
grupo da comunidade
Posições de decidir,
planejar, executar, receber
PBH SMDS
ENTIDADES
USUÁRIOS
SOCIEDADE
C
Reelaboraçãodo
Convênio
PESQUISADORA
Programa de apoio às pessoasportadoras de deficiência.
IVIL
ESPECIALISTAS
ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS
PBH SMDS
ENTIDADES
USUÁRIOS
SOCIEDADE
C
Reelaboraçãodo
Convênio
PESQUISADORA
Programa de apoio às pessoasportadoras de deficiência.
IVIL
ESPECIALISTAS
ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS
Maria José Esteves de Vasconcellos
EquiSIS – Equipe Sistêmica – Belo Horizonte
EquipSIS – Equipe Sistêmica: Atendimento, Formação e Pesquisa
em Recursos Sistêmicos e Terapia Familiar
Cria cursos de pós-graduação lato-sensu
Desenvolve a METODOLOGIA DE ATENDIMENTO SISTÊMICO
Autoras: Juliana Gontijo Aun
Maria José Esteves de Vasconcellos
Sônia Vieira Coelho
Maria José Esteves de Vasconcellos
A Metodologia foi aplicada em diversos contextos
Aplicada por Equipes Sistêmicas, na abordagem de
variadas situações-problema, em contextos de
• programas / políticas – públicas ou privadas
assistência social, saúde , educação , meio ambiente...
• empresas
Ver: “Uso da Metodologia de Atendimento Sistêmico
em diferentes contextos de prática profissional” - Vol III
Maria José Esteves de Vasconcellos
Pesquisa sobre a Aplicabilidade da Metodologia
Mendonça, R. T. (2014) A Metodologia de Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais no Centro de Referência de Assistência Social: uma proposta teórica e prática. Nova Perspectiva Sistêmica, Rio de Janeiro, Instituto NOOS, n. 50, dez 2014, p.74-88.
Conclusão da pesquisa:
A Metodologia de Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes
Sociais é adequada para alcançar os objetivos do CRAS.
Maria José Esteves de Vasconcellos
Experiências e publicações recentes
A Equipe MAS - Equipe da Metodologia de
Atendimento Sistêmico
• tem feito aplicações da Metodologia
• tem ministrado workshops e cursos
• tem apresentado em Congressos os
resultados obtidos
Maria José Esteves de Vasconcellos
Metodologia de Atendimento Sistêmico
Atendimento sistêmico de uma rede constituída em torno da situação-problema de
Famílias com Crianças Abrigadas
Soraya Corgosinho Soares do Amaral
Maria José Esteves de Vasconcellos
A situação no Abrigo X
A legislação (ECA) estabelece: acolhimento institucional é medida provisória e não deve durar mais de 6 meses; a criança é abrigada enquanto se tenta a promoção da família.
No Abrigo X, estavam, por períodos de 7 a 19 meses, 13 crianças, de 02 a 09 anos (de 6 famílias, uma em processo de
destituição de guarda), que tiveram seus direitos violados, institucionalizadas por determinação judicial.
Não se sabia se essas famílias estavam sendo acompanhadas e participando de programas de promoção social.
Maria José Esteves de Vasconcellos
Como emergiu demanda por Atendimento Sistêmico
A Escola X recebeu 08 crianças do Abrigo X
Supervisora Pedagógica distinguiu dificuldades dessas crianças :
de aprendizagem de relacionamento e entrosamento (agressividade, apatia)
A Supervisora (Especialista em Atendimento Sistêmico) decidiu constituir Equipe para um Atendimento Sistêmico
Maria José Esteves de Vasconcellos
A Equipe Sistêmica realiza passos preliminares do Atendimento Sistêmico
Conversa conjuntamente com Escola e Abrigo para: • distinção da “situação-problema nossa” • redefinição da situação-problema
Coordenadora do Abrigo (Mãe Social) pontuou:
• “por mais que queiramos dar o melhor às crianças, não é o melhor que elas precisam; insistentemente pedem para voltar para casa e morar com a mãe”
• existem dificuldades no relacionamento entre as crianças e na realização das tarefas escolares
• Objetivo do Atendimento: promover as famílias, para reinserção familiar das crianças abrigadas
Maria José Esteves de Vasconcellos
Planejando os Encontros Conversacionais do Sistema em torno da situação-problema
A Equipe decidiu convidar, para o 1º Encontro, as famílias e o Abrigo, proporcionando espaço de conversação, reflexão e troca de experiências entre as famílias, favorecendo mudanças de atitude e viabilizando melhoria da convivência
A Equipe visitou as famílias convidando para o 1º Encontro Conversacional
04 de maio de 2005
1º Encontro Conversacional do SDP: famílias e Abrigo
Maria José Esteves de Vasconcellos
1º Encontro Conversacional do SDP
• Presentes todas as famílias:
Qual a 1ª coisa que você gostaria de mudar para melhorar sua convivência no dia-a-dia?
• Expressaram desejo de maior convivência:
“Voltar para casa”, “Morar com minha mãe”, “Ter filhos de volta”, “Minha irmã voltar pra casa”, “Juiz autorizar volta para casa ...”
• Expressaram necessidade de ações para retorno das crianças:
“Estou procurando emprego para ter filhos de volta”, “Aguardo aposentadoria por invalidez”, “Não tenho encontrado médico no posto de saúde para me tratar”, “Não tenho informações sobre o processo judicial”
Maria José Esteves de Vasconcellos
1º Encontro Conversacional do SDP
Como transformar essas ideias em ações?
• Proposta de ampliar sistema em torno da situação-problema
• Distinção do SDP a ser convidado para o 2o Encontro Conversacional e a coconstrução do Mapa do SDP
Após 1º Encontro já aconteceram mudanças na relação das famílias com as crianças: visitas se tornaram mais frequentes, aumentando a convivência
Promoção das
famílias para a
reinserção familiar
das crianças
abrigadas Professores da
Escola X
Coordenadora do
Abrigo X
Pedagoga da
Escola X
Igreja X, mantenedora do
Abrigo e da Escola e de
Cursos de Iniciação
Profissional
Secretaria de Assistência
Social / PBH
6 Famílias
Juizado da Infância e da
Juventude
Sistema que se constituiu em torno da situação problema
Estagiária
de Direito
CREAS
Maria José Esteves de Vasconcellos
2º Encontro Conversacional do SDP
• Compareceram todos os convidados, menos as crianças (horário escolar)
• O sistema conversou sobre a situação-problema
• Houve oportunidade para técnicos fornecerem esclarecimentos e orientações sobre possíveis ações de promoção das famílias e as exigências a que elas deveriam atender para terem os filhos de volta
2º2º2º. 2º Encontro Conversacional do SDP
Maria José Esteves de Vasconcellos
Após o 2º Encontro, emergiram várias ações
• Coordenadora do Abrigo encaminhou uma família para Programa de Assistência Social
• Uma família procurou advogado para diligências para recuperação da guarda
• Coordenadora do Abrigo solicitou ao Juiz o encaminhamento de uma família - que não estava sendo assistida por nenhum programa – e esta foi inserida em Programa de Promoção Social
• Uma família entrou com pedido judicial e teve seu processo redirecionado, da possibilidade de adoção da criança, para a promoção social da família
Maria José Esteves de Vasconcellos
Follow up, 18 meses depois
• Foram realizados mais 02 Encontros Conversacionais do SDP
• Famílias se encontravam em Programas de Promoção Social
• Em um ano, 70% das crianças puderam voltar para suas famílias biológicas ou extensas; as outras foram inseridas em famílias substitutas
• Havia um zelo por preservar os vínculos familiares
• Porém, contratação de um técnico fez regredir o processo: ele focalizava carências e incompetência das famílias e recomendava adoção e institucionalização
• Discordando do retrocesso, a Mãe Social se desligou do Abrigo
Maria José Esteves de Vasconcellos
Como compreender o que Metodologia propicia?
Como efeito das suas duas ações fundamentais:
1º A forma de Constituição do SDP
• exclusivamente em conversações, sem critérios de inclusão externos às conversações;
• sendo as pessoas convidadas a participar, jamais convocadas ou intimadas
2º A forma de Coordenação das conversações do SDP • Equipe atuando para criar CONTEXTO DE AUTONOMIA
Maria José Esteves de Vasconcellos
A forma de Coordenação das conversações
Equipe Sistêmica
- cria contexto seguro
- garante a todos igual direito a voz
- valida todas as participações
- flexibiliza posições antagônicas (usa perguntas reflexivas)
- viabiliza relações colaborativas acompanhando as
fases do “processo da rede”
Maria José Esteves de Vasconcellos
O compromisso da Equipe Sistêmica
•Não se compromete com:
encaminhamento de tal ou qual solução para a
“situação-problema nossa”
• Compromete-se com:
as relações, a qualidade das conversas, na emoção do
respeito mútuo e legitimação do outro na convivência,
viabilizando formas relação que permitam ao
próprio sistema resolver a “situação-problema nossa”
Maria José Esteves de Vasconcellos
A Metodologia propicia aos participantes das conversações
Que levem consigo regras de relação que privilegiem
• participação, colaboração
• responsabilidade na construção do bem comum
Que vivam novo contexto social que viabilize
DESENVOLVIMENTO DA CIDADANIA
Maria José Esteves de Vasconcellos
Vídeo Parceria Cidadã
• A Metodologia de Atendimento Sistêmico
no contexto do
Ministério Público do Estado de Goiás
Maria José Esteves de Vasconcellos
Para reflexão...
Poderei me utilizar da
Metodologia de Atendimento Sistêmico
para atingir os objetivos que tenho no meu
“Trabalho Social com Famílias
com Crianças e Adolescentes”?
Maria José Esteves de Vasconcellos
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