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MARIA AMÁLIA DE LIMA CURY CUNHA AS AÇÕES EDUCATIVAS DO ENFERMEIRO NA CONSULTA DE ENFERMAGEM AO CLIENTE COM INDICAÇÃO PARA USO DE CATETER VENOSO CENTRAL: uma contribuição para a área oncológica Rio de Janeiro Janeiro, 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CURSO DE DOUTORADO EM ENFERMAGEM

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MARIA AMÁLIA DE LIMA CURY CUNHA

AS AÇÕES EDUCATIVAS DO ENFERMEIRO NA CONSULTA DE

ENFERMAGEM AO CLIENTE COM INDICAÇÃO PARA USO DE

CATETER VENOSO CENTRAL: uma contribuição para a área oncológica

Rio de Janeiro

Janeiro, 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

CURSO DE DOUTORADO EM ENFERMAGEM

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Maria Amália de Lima Cury Cunha

AS AÇÕES EDUCATIVAS DO ENFERMEIRO NA CONSULTA DE ENFERMAGEM AO

CLIENTE COM INDICAÇÃO PARA USO DE CATETER VENOSO CENTRAL: uma

contribuição para a área oncológica

Relatório de tese apresentado ao Núcleo de Pesquisa Educação e Saúde em Enfermagem (NUPESENF) do Departamento de Metodologia da Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor

Orientador(a): Profª.Drª. Ann Mary Machado Tinoco Feitosa Rosas

Rio de Janeiro

Janeiro, 2015

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Ficha Catalográfica

Cunha, Maria Amália de Lima Cury As ações educativas do enfermeiro na consulta de enfermagem ao cliente com indicação para uso de cateter venoso central:uma contribuição para a área oncológica. Maria Amália de Lima Cury Cunha-Rio de Janeiro:UFRJ/EEAN,2015. 156 f::il Tese (Doutorado em Enfermagem)- UFRJ/ Escola de Enfermagem Anna Nery, Programa de Pós Graduação em Enfermagem, Rio de Janeiro, 2015. Orientadora: Profa. Dra. Ann Mary Machado Tinoco Feitosa Rosas Referências bibliográficas: f.133-143 1.Cateterismo venoso central.2.Enfermagem oncológica.3.Educação em enfermagem - Teses I. Rosas, Ann Mary Machado Tinoco Feitosa (Orient.).II.Universidade Federal do Rio de Janeiro.Escola de Enfermagem Anna Nery.III.Título. CDD. 610.73

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Maria Amália de Lima Cury Cunha

AS AÇÕES EDUCATIVAS DO ENFERMEIRO NA CONSULTA DE ENFERMAGEM AO CLIENTE COM INDICAÇÃO PARA USO DE CATETER VENOSO CENTRAL: uma contribuição

para a área oncológica

Aprovada em: 09/01/2015

______________________________________________ Prof.ª Dr.ª Ann Mary Machado Tinoco Feitosa Rosas – Orientadora

Doutora em Enfermagem Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ - RJ

_______________________________________

Prof.ª Dr.ª Laísa Figueiredo Ferreira Lós de Alcântara Doutora em Enfermagem

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva/INCA-HC3 - RJ

___________________________________________ Prof.ª Dr.ª Benedita Maria Rêgo Deusdará Rodrigues

Doutora em Enfermagem Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro /UERJ - RJ

_____________________________________________

Prof.ª Dr.ª Liane Gack Ghelman Doutora em Enfermagem

Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ – RJ

_____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria da Soledade Simeão dos Santos

Doutora em Enfermagem Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ – RJ

_____________________________________________

Prof.ª Dr.ª Sheila Nascimento Pereira de Farias Doutora em Enfermagem

Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ – RJ

___________________________________________ Prof.ª Dr.ª Fátima Helena do Espírito Santo

Doutora em Enfermagem Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/UFF- Niterói

Rio de Janeiro

Janeiro, 2015

Relatório de tese de doutorado apresentado à Banca Examinadora da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor.

v

DEDICATÓRIA

Primeiramente, a Deus, em quem aprendi a confiar desde pequena através de meus

pais, atravessando momentos dificílimos em minha caminhada, mas sentindo sua Presença me

protegendo sempre e me mostrando que eu não poderia desistir de cumprir a missão que me

foi confiada por Ele. Desta forma, venho experimentando em minha vida o impossível que só

Ele faz...

À Maria, Mãe de Deus, a quem também sempre pedi que me acompanhasse e me

ensinasse a amar. Hoje, peço a Ela que me ensine a cultivar o silêncio e entrar em comunhão

com Deus...

Aos meus pais, Sylvia (in memorian) e Alfredo por quem optei desde pequena a ser

sua companheira por toda a vida, pois me ensinaram ainda que com tantas dificuldades, a ser

gente, a respeitar e amar o outro ser humano, acima de tudo. Meus pais, amo vocês como se

fossem meus filhinhos! Os princípios que recebi de vocês são a maior herança que alguém

pode receber nesta vida. Foram estes princípios aliados à minha fé em Deus que me fizeram

chegar até aqui!

Aos participantes desta pesquisa, Enfermeiros do setor de Quimioterapia do Hospital

do Câncer I-INCA com quem convivo e do Setor de Quimioterapia do Hospital do Câncer 3-

INCA que mesmo diante de uma rotina tão trabalhosa se dispuseram a conceder um tempo

para colaborar comigo neste estudo. Que carinho vocês tiveram por mim não hesitando em

colaborar com tanta generosidade. A cada um de vocês também dedico este trabalho!

Ao meu amado esposo Marcos Antônio, que mesmo enfrentando sérios problemas de

saúde, decidiu abraçar a “empreitada” que se tornou a nossa vida, principalmente com o

adoecimento progressivo de meu pai, acompanhando-nos e apoiando-me em tudo, inclusive

me incentivando a tentar e cursar o Doutorado, enfrentando todas as dificuldades pelas

quais passamos. Meu bem valeu a pena tudo o que passamos! O que seria de mim sem

você? Que paciência você teve comigo, enxugando minhas lágrimas de cansaço, e

sobretudo repetindo sempre: amor, estou aqui, não desista...eu cuido de seu pai, ele se

tornou meu também...

vi

Um agradecimento especial:

À querida e valiosa Prof.ª Dr.ª Ann Mary Ann Mary Machado Tinoco Feitosa

Rosas, este estudo não teria existido, eu não teria chegado até aqui se não fosse sua imensa

competência, aliada à generosidade, paciência, compreensão que teve para comigo desde o

momento em que me cheguei até você, através de nossa grande amiga Prof.ª Dr.ª Liane Gack

Ghelman, buscando sua parceria como orientadora. Foram incontáveis as vezes em que

busquei sua ajuda não somente para me orientar, mas para me ouvir e me aconselhar...

Professora Ann Mary, muito obrigada!

Prof.ª Dr.ª Ann Mary, você me ajudou a alcançar uma realização profissional que não

tenho como expressar. Peço apenas ao nosso Bom Deus que lhe conserve sempre esta pessoa

maravilhosa que você é: Humana, acessível, simples, incrível! Sinto-me completamente

realizada. Hoje sou uma nova Maria Amália, minha autoestima mudou! Eu precisava de

alguém como você que me ajudasse a mostrar para a humanidade que, embora seja delicada e

sensível, sou muito capaz!

Dessa forma, Prof.ª Dr.ª Ann Mary, hoje sou uma nova pessoa, que Deus lhe proteja sempre!

À Prof.ª Dr.ª Benedita Maria Rêgo Deusdará Rodrigues, Prof.ª Dr.ª Maria da Soledade

Simeão dos Santos, Prof.ª Dr.ª Liane Gack Ghelman, Prof.ª Dr.ª Laísa Figueiredo Ferreira Lós de

Alcântara pela amizade, pelas valiosas contribuições e parceria desde o início deste processo, e

também Prof.ª Dr.ª Sheila Nascimento Pereira de Farias e Prof.ª Dr.ª Fátima Helena do Espírito

Santo, por terem aceito participar das Bancas examinadoras deste estudo

À Prof.ª Dr.ª Lígia de Oliveira Viana, a quem sempre me dirigiu conselhos úteis desde à época

em que cursei o Mestrado e a quem dirijo neste momento, minha gratidão por vir me acompanhando

desde o início, quando ainda vislumbrava ingressar no Curso de Mestrado em Enfermagem. Prof.ª

Dr.ª Lígia, suas orações não foram em vão.

À chefia de enfermagem do Hospital do Câncer I-INCA, Enfermeiro Vlamir de Souza

Pinto e, em especial, a Enfermeira Valdete Santos que me proporcionou, mesmo num

momento difícil pelo qual passamos, um horário especial para que eu pudesse cursar o

Doutorado.

Aos amigos preciosos de nosso grupo de consulta de enfermagem Ana Cristina Silva

Pinto e Harlon França de Menezes, Joliane Miranda, Roberta Geórgia S. dos Santos, Cláudia

Regina Gomes Araújo, Cláudia Maria Messias, Karollyne Gomes de F. Valle, Thais Aline L.

Lamia, como poderei agradecer a vocês tanto desprendimento em me ajudar!

A vocês clientes que cuidamos ontem, hoje e futuramente. Vocês são admiráveis.

vii

A vocês, meus filhos que me foram dados por Deus e que procuro aprender a cada dia

a amá-los e aceitá-los como são: Marcos Antônio Rodrigues da Cunha Júnior, Luana Karla de

Azevedo Rodrigues, Júlio Henrique de Azevedo Rodrigues. Aprendam com o exemplo de seu

pai! Ele é um vencedor! Podem crer!

À Enfermeira Cristiane Lourenço, com quem contei com sua compreensão e que

sempre me proporcionou muito carinho, a ponto de me considerar uma “mãezinha”.

Á Maria Cecília Carvalho Pachá Moraes, web designer do INCA, obrigada grande

amiga!

Á Débora, muito obrigada minha amiga, pelo seu carinho e cuidado comigo e por ter

“segurado toda a barra” em nosso Ambulatório de Cateteres de Adultos, o que me possibilitou

sobremaneira cursar o Doutorado com tranquilidade, embora você tenha ficado

sobrecarregada nesse período.

À grande amiga Fátima Xavier, coordenadora do grupo de oração da Capela do

Menino Deus que se tornou um anjo na minha vida e na de Marcos Antônio, meu esposo

desde 2005 quando eu e Marcos a conhecemos e ela nos acolheu com todas as nossas aflições,

e que permanece até hoje incluindo-nos em suas orações.

À Secretaria da Pós-graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ, em

especial, Jorge Anselmo, Sônia Xavier, Cíntia Nóbrega e Maria Cristina Studart (da Pós-

Graduação), Maria de Fátima Pinto da Silva e Diana Carvalho da Silva (estas duas últimas do

CEP da Escola de Enfermagem Anna Nery), Sr Roberto Luiz Teles e Marcos Aurélio

Modesto (Seguranças da EEAN). Vocês nos tratam com todo o carinho, fazem a diferença em

nosso caminhar. Muito obrigado!

Aos meus amigos do nosso grupo de pesquisa Consulta de Enfermagem: Harlon

França de Menezes, Aline Rosa, Joliane Miranda, Roberta Geórgia S. dos Santos, Cláudia

Regina Gomes Araújo, Cláudia Messias, Marta Pereira Coelho, Renata Jabour Saraiva,

Cláudia Maria Messias, Thaís Aline C. Lamia, e você, querida Ana Cristina Silva Pinto,

minha grande amiga que sempre soube me ouvir, me aconselhar e principalmente, não deixar

que em nenhum momento eu desanimasse.

À Professora Jaqueline da Silva pelo carinho e estímulo que sempre me proporcionou,

incentivando-me a produzir.

viii

A vida não nos exige sacrifícios inatingíveis, ela nos pede que façamos nosso caminho com alegria no coração, que sejamos uma Bênção para os

que nos rodeiam, de forma que se deixarmos o mundo apenas um pouquinho melhor do que era antes da nossa visita, teremos cumprido

nossa missão.

Dr. Edward Bach

“ Sejam fortes e corajosos. Não tenham medo nem fiquem apavorados por causa delas, pois o Senhor, o seu Deus vai com vocês,

nunca os deixará, nunca os abandonará” Deuteronômio 31:6

“Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o

mundo” (João, 16:33).

ix

RESUMO

CUNHA, Maria Amália de Lima Cury. As ações educativas do enfermeiro na consulta de enfermagem ao cliente com indicação para uso de cateter venoso central: uma contribuição para a área oncológica. Rio de Janeiro, 2014. Tese (Doutorado em Enfermagem)- Escola de Enfermagem Anna Néri, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

O objeto deste estudo foi o significado das ações educativas desenvolvidas pelo

enfermeiro através da atividade assistencial Consulta de Enfermagem para clientes

oncológicos na indicação de um cateter venoso central para tratamento oncológico. A ideia

para desenvolver esta tese surgiu a partir da reflexão de como o enfermeiro percebe os

cuidados que realiza para o cliente, o que posso dizer que sempre esteve presente em minha

trajetória profissional. O estudo foi de caráter descritivo, exploratório, de abordagem

qualitativa e fundamentada na Fenomenologia Sociológica de Alfred Schütz, Como questão

norteadora: Qual é a intencionalidade dos enfermeiros ao desenvolverem ações educativas na

atividade assistencial Consulta de Enfermagem em oncologia para clientes com indicação de

um cateter venoso central? Os objetivos foram descrever o significado das ações educativas

atribuído pelo Enfermeiro através da Consulta de Enfermagem para os clientes oncológicos na

indicação de cateter venoso central para tratamento, Discutir o significado das ações

educativas atribuídas pelo Enfermeiro através da Consulta de Enfermagem para os clientes

oncológicos na indicação de cateter venoso central para tratamento, e Compreender o

significado das ações educativas atribuídas pelo Enfermeiro através da Consulta de

Enfermagem para os clientes oncológicos na indicação de cateter venoso central para

tratamento. O cenário foi o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva

(INCA) que é um órgão do Ministério da Saúde, vinculado à Secretaria de Atenção à Saúde,

auxiliar no desenvolvimento e coordenação de ações integradas para a prevenção e controle

do câncer no Brasil. As autorizações foram concedidas pela Plataforma Brasil em 12/12/2013

e o Comitê de Ética em Pesquisa do INCA (CEP-INCA) em 15/01/2014 sob o protocolo

164/13 e CAE número 2286813.3.3001.5274. A realização das entrevistas compreendeu o

período de fevereiro a maio de 2014. As falas foram analisadas sob a luz da Fenomenologia

Sociológica de Alfred Schütz. Os participantes foram 41 Enfermeiros, sendo: vinte e oito

x

enfermeiros do Hospital do Câncer I-INCA e treze enfermeiros do Hospital do Câncer III-

INCA, que deram seus depoimentos por meio de entrevista fenomenológica, que permitiu a

partir dos “motivos-para” apreender o que se mostrou significativo nas categorias concretas

do vivido: Promover conforto e segurança tanto para o cliente quanto para o profissional.

Desmistificar o uso do cateter venoso central para o cliente e obter a colaboração do cliente. A

partir da ação em curso dos participantes, foi possível interpretar os “motivos-porque” na

contextualização, compreendendo a necessidade de transpor as dificuldades que os clientes

enfrentam durante o tratamento das doenças oncológicas e que as ações educativas

desenvolvidas pelos Enfermeiros sobre o uso do cateter, desde que compartilhadas por suas

singularidades e de suas bagagens de conhecimentos pode possibilitar a melhora da qualidade

de vida de cada um destes clientes e assim tornar o tratamento eficaz enquanto seja

necessário. Com isso, o tipo concreto do vivido se fez presente no momento em que os

Enfermeiros compreendem que as ações educativas realizadas na Consulta de Enfermagem

para os clientes sobre o uso do cateter venoso central é uma atividade assistencial que tem a

necessidade de ser compartilhada entre o enfermeiro, o cliente e até mesmo pelo familiar

numa relação face a face na qual os participantes através da intersubjetividade buscam um

tratamento adequado para cada ser humano. Considerações finais: O estudo revelou o

interesse dos enfermeiros de que os clientes iniciem o quanto antes o tratamento proposto o

qual depende da colocação do cateter venoso central a fim de que estes obtenham resultados

satisfatórios com o tratamento proposto, independente do estágio no qual se encontra a doença

e de suas perspectivas de sobrevida. Identificou-se ainda a necessidade de criar um espaço

físico e/ou temporal para que esses enfermeiros que lidam com questões complexas como a

indicação e orientações para a manutenção de um cateter venoso central num cliente

oncológico possam descobrir ou ainda, compreender e desfrutar do valor de suas ações

educativas através da oportunidade de manifestarem sua opinião.

Descritores: Oncologia; Cateterismo venoso central; Enfermagem oncológica; educação em

enfermagem.

xi

ABSTRACT

CUNHA, Maria Amália de Lima Cury. The educational activities of nurses in nursing consultation to client with indication for use of central venous catheter: a contribution to the oncology. Rio de Janeiro, 2014. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Néri, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015. The object of this study was the meaning of educational activities developed by nurses

through the nursing consultation assistance activity for cancer patients on indication of a

central venous catheter. The idea to develop this study arose from the reflection of how nurses

perceive the care they done to the client what I can say that has always been present in my

professional life. This was a descriptive, exploratory study, with qualitative approach and

based on the phenomenology. As guiding question: What is the intentionality of nurses to

develop educational activities in the Nursing Consultation in oncology assistance activity for

customers on indication of a central venous catheter? The objectives were to describe the

meaning of educational activities assigned by the nurse through Nursing Consultation for

cancer clients in central venous catheter indication for treatment, to discuss the meaning of

educational activities assigned by the nurse through Nursing Consultation for cancer clients in

the indication of central venous catheter for treatment; and to understand the meaning of

educational activities assigned by the nurse through Nursing Consultation for cancer clients in

central venous catheter indication for treatment. The setting was the National Cancer Institute

José Alencar Gomes da Silva (INCA) which is an agency of the Ministry of Health, linked to

the Secretary of Health, auxiliary in the development and coordination of integrated actions

for the prevention and cancer control in Brazil. The authorizations were granted by the Brazil

Platform in 12/12/2013 and the Ethics Committee of the INCA Research (CEP-INCA) on

01/15/2014 under protocol number 164/13 and CAE 2286813.3.3001.5274. The reports were

analyzed in the light of Sociological Phenomenology of Alfred Schütz. The participants were

41 nurses, being: twenty-eight nurses of the Cancer Hospital 1-INCA and thirteen nurses of

the Cancer Hospital III-INCA, who gave their testimonies through the phenomenological

interview, which allowed from the “reasons-for” grasp what was significant in the concrete

categories of the experienced: To promote comfort and of safety for both the client and for the

professional; demystify the use of central venous catheter to the client and get client

xii

collaboration. From the ongoing action of the participants it was possible to interpret the

“motives-because” in context, understanding the need to overcome the difficulties that clients

face during cancer treatment and educational activities developed by nurses on the use of

catheter, since shared by their uniqueness and their baggage of knowledge may enable

improving the quality of life of each client, and thus make effective treatment as necessary.

Thus, the concrete type of the lived was present at the time the nurses could understand that

educational activities in nursing consultation to clients on the use of central venous catheter

was an activity that has the need to be shared between the nurse, the client and even the

family in a face to face relationship in which participants through intersubjectivity seek

appropriate treatment for every human being. Final Thoughts: The study revealed the interest

of nurses of that clients begin as soon as the proposed treatment which depends on the

placement of central venous catheter to obtain satisfactory results with the proposed

treatment, regardless of the stage in which it is the disease and its survival prospects. It was

also found the need to create a space for those nurses who deal with complex issues such as

statement and guidelines for the maintenance of a central venous catheter can discover or

understand and enjoy the value of their educational activities through the opportunity to

express their opinion.

Descriptors: Oncology; Central venous catheterization; Oncological nursing; Education,

nursing.

xiii

RESUMEN

CUNHA, Maria Amália de Lima Cury. Acciones educativas del enfermero en la consulta de enfermería al cliente con indicación para el uso de catéter venoso central: una contribución para el área oncológica. Rio de Janeiro, 2014. Tese (Doutorado em Enfermagem)- Escola de Enfermagem Anna Néri, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. El objeto de este estudio fue el significado de las actividades educativas desarrolladas por las

enfermeras a través de la actividad de asistencia consulta de enfermería para clientes de cáncer en

la indicación de un catéter venoso central para tratamiento oncológico. La idea de desarrollar este

estudio surgió de la reflexión de cómo las enfermeras perciben los cuidados que realiza para el

cliente, lo que puedo decir que siempre ha estado presente en mi vida profesional. Este estudio fue

de carácter descriptivo, exploratorio, enfoque cualitativo y basado en la fenomenología. Como

cuestión orientadora:¿Cuál es la intencionalidad de las enfermeras para desarrollar actividades

educativas en las actividades en la actividad asistencial Consulta de Enfermería en oncología a los

clientes con indicación de un catéter venoso central? Los objetivos fueron describir el significado

de las actividades educativas asignadas por el enfermero a través de la consulta de enfermería para

clientes en indicación del catéter venoso central para tratamiento, discutir el significado de las

actividades educativas asignadas por el enfermero a través de la consulta de enfermería para

clientes en indicación de catéter venoso central para tratamiento, comprender el significado de las

actividades educativas asignadas por el enfermero a través de la Consulta de Enfermería para

clientes en indicación del catéter venoso central para tratamiento. El escenario fue el Instituto

Nacional de Cáncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), que es un organismo del Ministerio de

la Salud, vinculado a la Secretaría de Salud, auxiliar en la elaboración y coordinación de acciones

integradas para la prevención y coordinación de acciones integradas para la prevención y control

de cáncer en Brasil. Las autorizaciones fueron hechas por la Plataforma Brasil en 12/12/2013 y el

Comité de Ética en Investigación del INCA (CEP-INCA) en 15/01/2014 con el número de

protocolo 164/13 y CAE 2286813.3.3001.5274. Los informes fueron analizados a la luz de la

Fenomenología Sociológica de Alfred Schütz. Los participantes fueron 41 enfermeros, siendo:

veintiocho enfermeras del Hospital de Cáncer I-INCA y trece enfermeras del Hospital de Cáncer

III- INCA, que dieron su testimonio a través de entrevista fenomenológica, lo que permitió a

partir de las “razones-para” comprender lo que fue significativa en las categorías concretas del

experimentado: Promover comodidad y seguridad, tanto para el cliente como para el profesional;

desmitificar el uso de catéter venoso central para el cliente y obtener la colaboración de los

xiv

clientes. Desde la acción permanente de los participantes, fue posible interpretar los “motivos-

porque” en su contexto, la comprensión de la necesidad de superar las dificultades que enfrentan

los clientes durante el tratamiento del cáncer y las actividades educativas desarrolladas por las

enfermeras en el uso de catéter, ya compartida por su singularidad y su bagaje de conocimiento

puede permitir la calidad de vida de cada cliente y así hacer un tratamiento eficaz como sea

necesario. Así, el tipo concreto del vivido estaba presente en el momento en que las enfermeras

entienden que las actividades educativas en la consulta de enfermería a los clientes sobre el uso

del catéter es una actividad que tiene la necesidad de ser compartida entre la enfermera, el cliente

e incluso la familia en una relación cara a cara en la cual los participantes a través de la

intersubjetividad buscan un tratamiento apropiado para cada ser humano.

Consideraciones finales: El estudio reveló el interés de los enfermeros de que los clientes inicien

tan pronto como el tratamiento sea propuesto, lo cual depende da la colocación de un catéter

venoso central para obtener resultados satisfactorios con el tratamiento propuesto,

independientemente de la etapa en que es la enfermedad y sus perspectivas de sobrevida.

También se constató la necesidad de crear un espacio para los profesionales que se ocupan de

cuestiones complejas como la declaración y las directrices para el mantenimiento de un catéter

venoso central en un cliente oncológico posan descubrir o comprender y desfrutar el valor de sus

actividades educativas a través de la oportunidad de expresar su opinión.

Descriptores: Oncología; Cateterismo venoso central; Enfermería oncológica; educación en

enfermería.

xv

RESUMÉ CUNHA, Maria Amália de Lima Cury. Les activités éducatives des infirmières dans la consultation au client avec indication pour l´utilization de cathéter veineux central: une contribution pour le domaine de l´oncologie. Rio de Janeiro, 2014. Tese (Doutorado em Enfermagem)- Escola de Enfermagem Anna Néri, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

L´objet de cette étude était la signification des activités éducatives développées par

infirmières par l´action d´assistance Consultation d´Infirmière pour les clients de cancer avec

indication de l´utilisation d´un cathéter veineux central pour le traitement. L'idée de développer

cette étude découle de la réflexion de la façon dont l´infirmier perçois les soins qu'il fait pour le

client, je peux dire que cela a toujours été présente dans ma vie professionnelle. Cette étude était

de caractere descriptif, exploratoire, approche qualitative et fondé sur la phénomenologie. Comme

la question directrice: Quelle est l´intentionalité des infirmières de développer des activités

éducatives dans les activités de soins de santé en oncologie consultation d´infirmière aux clientes

en indication de un cathéter veineux central? Les objectifs étaient de décrire le sens des activités

éducatives attribués par l´infirmière par les biais de la consultation d´infirmière pour les clients

en indication de cathéter veineux central pour le traitement, discuter le sens des activités

éducatives attribués par l´infirmière par les biais de la consultation d´infirmière pour les clients de

cáncer en indication de cathéter veineux central pour le traitement. Le cadre était le Institute

National de Cancer José Alencar Gomes da Silva (INCA), qui est un organisme du Ministère de la

Santé, aider à l´élaboration et la coordination des actions intégrees de prévention et de lutte contre

le cáncer au Brésil. Autorisations on été pris par la Plateforme Brésil en 12/12/2013 et le Comité

d´éthique en Recherche de INCA (CEP-INCA) en 15/01/2014 sous le numéro de protocole 164/13

et CAE 2286813.3.3001.5274. Les rapports ont été analysés sous le point de référence de la

Sociologie Phénoménologie de Alfred Schütz. Les participants étaient 41 infirmières, à savoir:

vingt-huit infirmières de l´Hôpital du Cancer I-INCA et treize infirmières de l´Hôpital du Cancer

III-INCA, qui ont donné leur témoignage par le biais d´une interview phénoménologique, qui a

permis à des “raisons-pour” saisir ce qui était significatif dans les catégories concrète de vécu:

favoriser le confort et la sécurité tant pour le client que le professionnel. De l´action continue des

participants, il était posible d´interpréter les “raisons-parce que” dans le contexte, la

compréhension de la nécessité de surmonter les difficultés que les clients sont confrontés pendant

le traitement du cáncer et des activités éducatives développées par des infirmières sur l´utilisation

de cathéter, depuis partagée par leur unicité et de leur bagaje de connaissances peut permettre à la

xvi

qualité de vie de chaque client et donc faire un traitement efficace que nécessaire. Ainsi, le type

en béton vécu était présent au momento où les infirmières à comprendre que les activités

éducatives détenues en la consultation d´infirmier pour les clients sur l´utilisation de cathéter

veineux central est une activité qui a besoin d´être partagée entre l´infirmière, le client et

même la famille dans un face à face dans lequel les participants par le biais de

l´intersubjectivité cherchent un traitement approprié pour chaque être humain. Considérations

Finales: L´édude a révélé l´intérêt des infirmières que les clients commencent dès que le

traitement proposé, qui dépend da la misen place d´un cathéter veineux central à eux pour

obtener des résultats satisfaisants avec le traitement proposé, indépendamment de l´étape dans

laquelle il est la maladie et ses chances de survie. On a également constaté la nécessité de

créer un espace pour les infirmières qui se occupent des questions complexes telles que la

déclaration et lignes directrices pour l´entretien d´un cathéter veineux central dans le client

d´oncologie peut découvrir ou comprendre et apprécier la valeur de leurs activités éducatives

à travers la possibilité d´exprimer leur opinion.

Mots-clés: Oncologie; Cathétérisme veineux central; Infirmier en oncologie; Éducation en soin d´infirmier

xvii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADOLEC Base de dados que contém referências bibliográficas da literatura internacional da área de saúde de adolescentes e jovens. BVS Biblioteca Virtual de Saúde BVS Enfermagem – Biblioteca Virtual de Saúde - Enfermagem CVC ou CVCLP Cateter venoso central de longa permanência CVC-TI Cateter venoso central totalmente implantado CVC-SI Cateter venoso central semi-implantado CCIP Cateter venoso central de inserção periférica (PICC sigla em inglês) CDC Centers for Disease Control (Centros para Controle da Doença) CINAHL Cummulative Index to Nursing and Allied Health Literature EEAN/UFRJ Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro FÍSTULAS AV Fístulas atrioventriculares HC1 Hospital do Câncer I – INCA EP Educação Permanente HC2 Hospital do Câncer II – INCA HC3 Hospital do Câncer III – INCA HC4 Hospital do Câncer IV- INCA INCA Instituto Nacional de José Alencar Gomes da Silva LILACS Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde REME Revista Mineira de Enfermagem SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem SUS Sistema Único de Saúde TFD Teoria Fundamentada em Dados

xviii

LISTA DE QUADROS Quadro 01

Drogas antineoplásicas vesicantes e irritantes que requerem o uso

de um CVC

34

Quadro 02 Colocações cirúrgicas de CVC no ano de 2014 38

Quadro 03 Colocações de CCIP em 2014 no HC1-INCA 39

Quadro 04 Colocações cirúrgicas de CVC-TI no HCIII-INCA 39

Quadro 05

.Patologias que requerem indicação para uso de um cateter venoso central

40

Quadro 06

Estudos identificados com os principais descritores em português 43

Quadro 07 Estudos selecionados com o termo Consulta de enfermagem em

Oncologia (2000-2014)

44

Quadro 08 Estudos selecionados com o termo Ações educativas em adultos

(2000-2014)

46

Quadro 09 Artigos selecionados com o termo Cateter venoso central (2000-

2014)

48

Quadro 10 Estudos selecionados com os descritores oncological nursing and

central venous catheterization

49

Quadro 11 Local de atuação dos enfermeiros no INCA 93

Quadro 12 Situação biográfica dos participantes do estudo 95

xix

LISTA DE FIGURAS Figura 01

Fluxograma da trajetória metodológica citada por Tocantins (1993) e Rodrigues (1996), seguida por Rosas (2003), Araújo (2007; 2012), Santos (2009), Saraiva (2011), Messias (2013).

98

xx

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 22 1.1 APROXIMAÇÃO COM A TEMÁTICA DO ESTUDO 23 1.2 QUESTÃO NORTEADORA DA PESQUISA 33 1.3 O OBJETO DE ESTUDO 33 1.4 OBJETIVOS D0 ESTUDO 36 1.5 JUSTIFICATIVAS 37 1.5.1 O Estado da Arte 43 1.6 RELEVÂNCIA DO ESTUDO 51 1.7 CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO 51 CAPÍTULO 2 AÇÕES EDUCATIVAS DESENVOLVIDAS NA CONSUL TA DE ENFERMAGEM AOS CLIENTES COM INDICAÇÃO PARA USO D E CATETER VENOSO CENTRAL PARA TRATAMENTO 55 2.1 ATIVIDADES DO ENFERMEIRO ONCOLOGISTA E A CONSULTA DE ENFERMAGEM 56 2.2 AÇÕES EDUCATIVAS NA CONSULTA DE ENFERMAGEM 58 2.3 O CATETER VENOSO CENTRAL 63 CAPÍTULO 3 REFERENCIAL TEÓRICO: A FENOMENOLOGIA COMPREENSIVA DE ALFRED SCHÜTZ 75 3.1 A VISÃO FENOMENOLÓGICO-SOCIOLÓGICA DE ALFRED SCHÜTZ COMO REFERENCIAL PARA ESTE ESTUDO 76 CAPÍTULO 4 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA .........85 4.1 ASPECTOS TÉCNICOS DA PESQUISA 85 CAPÍTULO 5 COMPREENDENDO AS VIVÊNCIAS TIPIFICADAS D OS ENFERMEIROS QUE INDICAM UM CATETER VENOSO CENTRAL PARA O CLIENTE ONCOLÓGICO E A ANÁLISE COMPREENSIVA .....................92

xxi

5.1 CATEGORIAS APREENDIDAS ....................................................................................99 CONSIDERAÇÕES FINAIS 129 REFERÊNCIAS 133 APÊNDICES......................................................................................................... 144 APÊNDICE A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 144 APÊNDICE B DADOS BIOGRÁFICOS DOS SUJEITOS 148 APÊNDICE C ROTEIRO DE ENTREVISTA NÃO ESTRUTURADA 149 ANEXOS............................................................................................................... 150 APROVAÇÃO DO PROJETO PELO CEP/EEAN/UFRJ........................................ 150 APROVAÇÃO DO PROJETO PELO CEP/INCA..................................................... 153

PORTARIA- MEMBROS DA COMISSÃO DE CATETERES-INCA......................... 155

DECLARAÇÃO PELA SECRETARIA ACADÊMICA/INCA..........................................156

22

CAPÍTULO I

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este capítulo trata da vivência profissional da autora na construção da questão que norteou o

estudo, do objeto de estudo, da inquietação, motivação, objetivos, justificativas, relevância e

contribuições.

23

1.1 APROXIMAÇÃO COM A TEMÁTICA DO ESTUDO

O início de um tratamento de câncer é marcado por muitas situações novas para o

cliente. Este se depara com a perspectiva de se submeter aos temidos tratamentos dos quais

ouvia falar sempre em relação “ao outro”, e que agora está direcionado para ele. É difícil

acreditar que tudo isto esteja acontecendo consigo. Como explica Expié (2001, p.7), o

diagnóstico de câncer soa como "um parafuso a partir de um céu claro", toda a vida se

transforma - familiar, emocional, sexual, social e profissional... Tudo é posto em causa, e

nasce um importante questionamento: por que, por que eu? Por isso, torna-se fundamental a

escuta dos doentes pelos diferentes atores (profissionais) da saúde com o propósito de levar a

tempo a informação, responder às perguntas, preservar a esperança ...

Grande parte do que tem sido escrito sobre o câncer é de que se trata de uma doença

temida. Isto se deve provavelmente ao fato de que esta parece destruir silenciosamente a partir

de dentro. É um inimigo invisível. É como se embora fosse parte de nosso corpo, ainda não

fizesse parte de nosso corpo. Desta forma, utilizamos poderosa linguagem combatível a esta

para descrevê-la. Falamos acerca de “vítimas do câncer, da luta do câncer e sobre como o

câncer invade o nosso corpo”. Não somos completamente imunes aos seus temores.

(BURTON; WATSON, 2000).

Para SILVA e colaboradores (2010, p.558), ainda em nossos dias, no imaginário

social, o câncer é visto como uma doença incurável que coloca o enfermo no limite de sua

fragilidade, o que faz com que este entre em pânico, avolumando-se neste um medo tal que o

impede inclusive de pronunciar o nome da doença. A palavra câncer é, muitas vezes, um

termo associado à dor, ao sofrimento e à morte e isso pode influir na opinião ou no

comportamento de qualquer pessoa diante da doença.

Dentre todas as doenças, o câncer é a que acarreta maior impacto psicológico. Para os

clientes acometidos por esta patologia, o câncer representa uma caminhada progressiva

direcionada à morte e mutilação. As atitudes dos clientes em relação a esta patologia variam

muito em diversas partes do mundo e dependem de fatores culturais, étnicos, econômicos,

sociais e educacionais, dentre outros. (UICC, 2004).

Imersa neste contexto, venho trilhando uma trajetória profissional há mais de vinte

anos. Começando com um estudo cujo objeto foi A percepção do cliente oncológico acerca

24

de sua experiência como portador de cateter venoso central em seu corpo, iniciado no curso

de Mestrado na Escola de Enfermagem Anna Nery em 2000 e concluído em 2002.

O referido estudo surpreendeu-me com os resultados, no sentido de ouvir dos clientes

que o cateter foi o que melhor lhes poderia ter acontecido em termos de auxílio no tratamento.

Neste momento, compreendi a contribuição que traz uma pesquisa, e mais ainda, com a

utilização da fenomenologia como método, a qual quando indicada, possibilita a manifestação

genuína de um fenômeno que se mostra por si mesmo (CURY, 2002).

No momento em que compreendi aquele fenômeno, pude perceber com mais clareza e

intensidade o que significava ter experienciado numa determinada ocasião, a situação de ter

uma familiar com câncer, para a qual foi indicado um cateter venoso central (CVC) por uma

enfermeira. Isto iria possibilitar com mais facilidade a realização de um tratamento para o

qual surgiria a necessidade do uso de um CVC numa determinada etapa, como foi

evidenciado posteriormente. O cateter que acabou não sendo colocado devido ao receio que

cresceu dentro de mim teria facilitado o tratamento, pois o acesso à rede venosa periférica da

pessoa de minha familiar para tratamento endovenoso foi se tornando cada vez mais difícil.

Tal situação ficou registrada em minha mente e me permitiu compreender o que é

dito pelos enfermeiros quando da abordagem do porque da utilização de um cateter venoso

central. “Sofrem vocês e sofremos nós da equipe com tantas tentativas para puncionar suas

veias, porque sabemos que causamos dor em vocês, e o cateter vai poupar a você e a nós de

tudo isso!”.

De acordo com os Constructos de Schütz (1962, p.284) “o acúmulo de experiências

dentro de um processo vivenciado por seus antecedentes permitiu sedimentar conhecimentos e

chegar até o momento atual.” O que possibilita ao enfermeiro uma indicação do cateter de

modo coerente à situação de adoecimento de cada pessoa.

Neste sentido, compreendo que os enfermeiros, durante o aconselhamento aos clientes

para o uso de um CVC se baseiam não somente em suas habilidades técnicas e científicas,

mas também nas experiências de outros profissionais que vivenciaram ou vivenciam a mesma

experiência e acumulam este saber que é reproduzido, com base no que emerge do contexto

da prática cotidiana em saúde.

25

A partir do início do ano de 1998 eu já contava com dezenove anos de carreira, dos

quais, quatorze anos dedicados à referida instituição federal de referência em oncologia, na

área de ensino de nível médio, através de convênio estabelecido entre o INCA e a Escola de

Auxiliares de Enfermagem do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

(INAMPS), que posteriormente se tornou a Escola de Formação Técnica em Saúde Isabel dos

Santos e o INCA. Participei à época, de cursos na área de oncologia, dentre eles, o de

manipulação de cateteres venosos centrais, porque me identificava com as ações ali

desenvolvidas, observando que as atividades que os enfermeiros desenvolviam naquele setor

eram de alta complexidade, e mereciam ser investigadas de forma singular. Observava como

os enfermeiros recebiam os clientes com indicação para o uso de um CVC e como abordavam

a necessidade de uso do dispositivo com estes, enfim, do que constituía essa primeira consulta

que antecedia a colocação do dispositivo.

Das atividades desenvolvidas por esses profissionais, observava resultados como a

resistência por parte de alguns clientes para a colocação do dispositivo, ao passo que, de

outros, a disposição de serem submetidos à colocação do dispositivo. Preocupava-me com os

clientes, especialmente àqueles que me pareciam mais fragilizados, nos quais se incluíam

indivíduos muito jovens com recidiva da doença (câncer de mama, para citar um exemplo).

Destaca-se que antes de o cliente ser encaminhado ao ambulatório de cateteres de

adultos do Hospital do Câncer I-INCA de cuja equipe faço parte e para o qual fui

recentemente designada como responsável pelo referido setor, este toma, em geral,

conhecimento de que lhe foi indicado o uso de um cateter venoso central através de seu

médico institucional, ou ainda, de enfermeiros que estejam no setor de agendamento de

quimioterapia. Estes, ao realizarem a consulta de enfermagem com este cliente, identificam a

topografia de sua rede venosa e o tratamento que ora será iniciado, o (s) tipo (s) de droga (s) a

ser (em) utilizada (s), e, uma vez, identificada a necessidade de instalação de um CVC nesse

cliente, abordam o mesmo acerca de sua necessidade de uso do dispositivo, além de

fornecerem noções sobre o cateter e, após essa etapa é encaminhada sua solicitação através do

parecer.

Tais encaminhamentos são realizados tanto pelos médicos institucionais,

especialmente da seção de Oncologia Clínica e Hematologia, como pelos enfermeiros do setor

de quimioterapia, enfermarias de Onco-Hematologia e da pesquisa clínica. Algumas vezes,

26

antes de encaminhar os pareceres, procuram-nos para falar sobre o (a) cliente e sobre a

justificativa do encaminhamento do parecer.

Como é do conhecimento da equipe que os CVC por via cirúrgica são instalados

através de agendamento prévio, caso não haja vaga imediata para a colocação do dispositivo a

fim de possibilitar o início do tratamento, o cliente, uma vez que disponha de uma rede

venosa periférica acessível, poderá ser submetido ao protocolo de tratamento inicial através

dessa via, e o dispositivo, então, poderá ser colocado posteriormente, para atender ao próximo

ciclo.

As ações educativas que o (a) enfermeiro (a) transmite aos clientes são conhecimentos

que lhes foram transmitidos e à equipe através de encontros e reuniões nos quais foram

emitidas sugestões e orientações para a realização de consultas de enfermagem pré-instalação

de CVC. Tais elementos podem-se dizer, de acordo com a vivência que tenho neste setor

desde o período em que lá ingressei, vêm sendo transmitidos de enfermeiro para enfermeiro,

extraídos de roteiros e de resultados de experiências e observações anteriores com outros

clientes, com auxílio de material educativo instrucional, como folders, fotos, ilustrações, data

show, além de amostras dos três tipos de cateteres venosos centrais utilizados no INCA, para

citar alguns, a fim de dar suporte no desenvolvimento dessas consultas. Atualmente, tais

recursos são empregados de acordo com a situação com a qual o profissional se depara.

Nesse sentido, observa-se que os enfermeiros, por ocasião de uma consulta pré-

instalação de CVC realizam ações educativas com vistas a levar o cliente a compreender que

este necessita de um cateter para iniciar (ou dar prosseguimento) ao seu tratamento. Estas

ações são movidas através de motivações que se originam de duas fontes: a primeira, derivada

de um conjunto de dados biográficos desse enfermeiro, e a segunda, derivada das observações

de um conjunto de atitudes e comportamentos de outros enfermeiros para atingir o objetivo de

levar o cliente à colocação de um CVC.

Prosseguindo nesta linha de pensamento, senti a necessidade de apreender as intenções

desses enfermeiros quando estão diante de um cliente para o qual é indicado o uso de um

cateter venoso central. Acredito que esses profissionais merecem um estudo que promova e

valorize suas ações numa instituição que fornece e dispõe de profissionais qualificados e

capacitados para indicar, instalar e manipular esses dispositivos, visando assegurar um

tratamento o mais seguro possível para os clientes.

27

É preciso compreender que num mesmo grupo de enfermeiros que realiza a ação

assistencial consulta de enfermagem pré-instalação de cateter venoso central numa instituição

federal referência em oncologia em clientes com indicação para uso de um CVC para

tratamento, obter-se-ão diferentes respostas dos indivíduos através da ação intencional

consulta de enfermagem, desde a aceitação à rejeição para o uso de um CVC. E, que isso se

deve ao fato de esses profissionais terem motivos subjetivos quando transmitem tais ações, ou

seja, têm uma intencionalidade quando praticam e projetam suas ações.

O que consolidou em mim a necessidade de um estudo relacionado, desta vez, com

enfermeiros, pois é através de suas ações que o cliente poderá consentir que lhe fosse

colocado um dispositivo com o qual deverão conviver durante todo o seu tratamento. É

através de sua disponibilidade com o cliente, seu interesse em levá-lo a compreender a

necessidade de ser submetido à colocação de um CVC para que suas veias sejam preservadas

dos efeitos deletérios da quimioterapia, ainda que apresente algum desconforto, que o cliente

poderá se convencer logo no início do tratamento que a função do cateter é ajudar a obter um

tratamento seguro e confiável.

As ações que temos oportunidade de desenvolver por ocasião do encontro com cada

cliente, ou seja, em cada consulta de enfermagem, ou de primeira vez, ou subsequente, vão

além de uma simples obstrução do dispositivo, como venho crescentemente constatando. O

tempo em que permanecemos com esse cliente, mesmo que para somente a troca do curativo

cirúrgico de colocação de um CVC totalmente implantado (que é normalmente realizado em

poucos segundos), é único, ímpar, precioso e desafiador com certeza, pois não sabemos o que

nos exigirá, ou seja, não é simples, mas singular...

A preocupação de como o enfermeiro está percebendo os cuidados que realiza para o

cliente sempre esteve presente em minha vida profissional, e como na área de oncologia os

estudos vêm crescendo e todos estão voltados para torna-la uma doença crônica, os

tratamentos atuais se dão de forma diferenciada a cada década e não comparáveis à década de

70 totalmente, diferente do que vem ocorrendo na atualidade. Como explicam Okane, Bicudo

e Matsubara (2008), a evolução da oncologia em relação às técnicas terapêuticas e

diagnósticas tem possibilitado a sobrevida e a qualidade de vida de clientes oncológicos.

Tive contatos, à época, com clientes portadores de linfomas, leucemias, e aí se

incluíam crianças e adolescente inclusive uma estudante de enfermagem, a qual com um

28

quadro severo da doença, dizia, resignadamente que “a sensação que tinha era a de que sua

coluna se assemelhava aos grãos de areia, ou seja, estava se dissolvendo, esfarinhando”. Senti

que esta cliente estava tentando me descrever como era difícil a sensação pela qual estava

passando.

Neste sentido, já estava acontecendo, à época, uma aproximação com o cliente

oncológico e toda a rede de fenômenos que envolvem esse cuidar diferente de todos os outros.

O que demonstra a relevância do curso de graduação como período para despertar nos futuros

profissionais de enfermagem a necessidade de um cuidar voltado para as impressões que serão

deixadas nesses clientes. Eu ia observando, ao longe, o lidar desses clientes com sua

realidade, e mal conseguia perceber que também aquela aluna que eu ainda era na ocasião,

estava sendo acompanhada em suas dificuldades que eram muitas pelas preceptoras prontas

para auxiliar a qualquer momento que o aluno a solicitasse ou não.

Esse acompanhamento que recebi à ocasião foi fundamental, pois permitiu que eu

desenvolvesse um olhar especial para esses clientes. Vejo como uma das mais importantes

necessidades atuais da sociedade, a formação de enfermeiros que conheçam as peculiaridades

de clientes portadores de diversas patologias, dentre elas, o câncer, para que possam

desenvolver cuidados a essa clientela, presente não somente nos hospitais, como também em

outras escolas, unidades de saúde, dentre outros locais. Estudos realizados na área de

oncologia identificaram que enfermeiros possuem conhecimentos insuficientes sobre

quimioterapia e alertam sobre a necessidade do ensino de quimioterapia nas escolas de

enfermagem e setores de educação continuada em hospitais. (YU et al., 2013).

A relevância do ensino de graduação em enfermagem de modo a formar futuros

profissionais de acordo com as necessidades atuais da sociedade é claramente tratada no

estudo de Rosas (2003):

Assim, identifico um ensino de graduação que tenta subsidiar as necessidades atuais da sociedade, priorizando o desenvolvimento de profissionais críticos e autônomas; para tal, percebe-se nitidamente a flexibilidade dos conteúdos, a autonomia das escolas e a necessidade de uma integração docente-assistencial na formação do graduando de enfermagem. (ROSAS, 2003, p.38).

COLOMÉ (2007) em seu estudo com graduandos de enfermagem também se

posiciona em relação à responsabilidade na formação de futuros profissionais de enfermagem

29

A responsabilidade das universidades e centros formadores com a preparação de profissionais de saúde comprometidos com as necessidades sociais, com o fortalecimento do SUS, e com projetos educativos que extrapolem a educação para o domínio de saberes técnico-científicos. Para que os processos de formação consigam preparar profissionais inseridos nesta transição de paradigmas, necessitam investir em ações educativas que proporcionem espaço para o desenvolvimento de profissionais críticos, questionadores, capazes de refletir sobre sua responsabilidade social, política, cultural e, portanto, instrumentalizados para viabilizar rupturas em práticas instituídas. (COLOMÉ, 2007, p.112).

Depreende-se de tais reflexões que é no ensino de graduação que futuros profissionais

identificam áreas do saber na sociedade onde poderão atuar com interesse e compromisso, e

participando do processo educativo de outros indivíduos que carecem e dependem de suas

ações.

Trazendo tais reflexões como subsídio para minha trajetória na área de oncologia,

embora tivesse desenvolvido um olhar especial para a clientela portadora de câncer aliado ao

fato de já ter atuado com estes logo no início da profissão e ciente de que clientes acometidos

de câncer estão presentes em qualquer instituição, eu me “assustava” com a ideia de trabalhar

num local destinado somente à assistência a essa clientela. O que me preocupava era lidar

exclusivamente com indivíduos oncológicos. Mal sabia, porém que seria colocada à prova ao

vislumbrar a chance de trabalhar numa instituição pública federal localizada na cidade do Rio

de Janeiro a exemplo de uma enfermeira com quem havia trabalhado numa instituição

particular. E, mesmo sabendo que o trabalho me exigiria dedicação e desgaste emocional,

decidi por ali permanecer, caso fosse selecionada, à ocasião, o que veio a ocorrer, para minha

alegria que se prolonga até os dias de hoje.

Ao chegar ao Ambulatório de Cateteres de Adultos no final do ano de 1998, eu já

trazia comigo a inquietação relacionada ao significado de como os enfermeiros percebem os

cuidados que realizam com os clientes oncológicos. Preocupava-me com os enfermeiros que

desenvolviam cuidados aos clientes que necessitam de CVC, especialmente àqueles que me

pareciam mais fragilizados, àqueles muito jovens, com recidiva da doença oncológica.

À época, as demais unidades da referida instituição, não dispunham de um

ambulatório de cateteres e a demanda era dirigida para a unidade I, situação que apesar do

intenso trabalho que aumentou ainda mais a sobrecarga física e emocional, resultante do

trabalho com a clientela oncológica, contribuiu para acompanhar e conhecer um pouco mais

30

das diversas reações dos clientes com tumor primário de mama, de colo de útero quando lhes

é indicado logo no início o uso de um CVC.

Através desse movimento, foi possível observar que grande parte dos clientes

encaminhados ao ambulatório de cateteres de adultos com o pedido de parecer em mãos

contendo a indicação para uso de um CVC, já cientes de seu diagnóstico, o faz demonstrando

grande apreensão diante do que lhes seria a indicação para uso de um dispositivo. Estes

clientes dirigem aos enfermeiros, muitas vezes, perguntas como: “Será que seria mesmo

necessário eu colocar isto? Já estou passando por tantas coisas...” Ou ainda, por parte do (a)

acompanhante: “Isso não deve ser para ele (a)... não poderá lhe causar infecção? Isto causa

rejeição?...Será que ele (a) deve mesmo colocar esse aparelhinho daí? Eu tenho tanto medo...

Não queria que ele (a) sofresse... eu sei que ele (a) vai sofrer...” Tais colocações dos clientes e

seus acompanhantes são acompanhadas algumas vezes de choro. É frequente, nessas ocasiões

que o enfermeiro, ou o médico (a) como já pude presenciar, solicite ao colega mais próximo

que atenda aquele (a) cliente, dirigindo-lhe expressões como: “Atende ele (a), por favor... ele

(a) está chorando muito. Está difícil para mim hoje...”.

Enquanto pesquisadora, eu considero que a partir da possibilidade de compreender o

significado da ação intencional dos enfermeiros quando desenvolvem as ações educativas

durante a indicação para o uso do cateter venoso central na ação assistencial, Consulta de

Enfermagem ser-lhes-á possível o planejamento e a execução do tratamento prescrito para que

os clientes possam adquirir qualidade de vida pelo maior tempo possível.

Diante do exposto, alguns clientes têm conhecimentos do CVC, pela própria

experiência, ou seja, já fizeram uso do mesmo anteriormente, ou acompanharam algum

familiar ou amigo que portaram o cateter por um período, e outros obtiveram informações do

dispositivo através de comentários de terceiros, relacionados, algumas vezes com experiências

negativas, nas quais o dispositivo tenha apresentado mau funcionamento, trombose, infecção,

dentre outros. As experiências positivas, por sua vez, se dão quando o cliente permanece com

o mesmo dispositivo até o final do tratamento, sem que apresente qualquer problema.

Talvez pelos comentários que ocorram durante o período de espera, ao adentrarem no

setor, alguns guardam o silêncio, já outros, ansiosos, falam ininterruptamente. Acrescentem-se

aqueles que ao lhe ser perguntados se desejam conhecer o dispositivo, respondem que não,

outros ainda, se mostram indiferentes. Enfim, há alguns que desejam de fato ver o dispositivo

31

e obter informações acerca deste, as quais incluem mostrar ao paciente algumas amostras de

CVC, especialmente a que corresponde ao tipo de dispositivo que será colocado no cliente.

As consultas de enfermagem para indicação de uso de cateter venoso central são

realizadas no ambulatório de cateteres de adultos, como na unidade de quimioterapia e na

enfermaria de onco-hematologia. Em nível de ambulatório (ambulatório de cateteres de

adultos e quimioterapia), durante a ação assistencial consulta de enfermagem, mostramos ao

cliente (caso este (o) deseje ver) fotos e ilustrações sobre o CVC.

Quando os clientes se encontram internados, os enfermeiros do ambulatório de

cateteres realizam a consulta de enfermagem pré-instalação de CVC à beira do leito, levando

em geral amostras dos três tipos de dispositivos, embora se detenham mais em falar sobre o

tipo de cateter que foi considerado mais indicado para ele. Nesse momento, lhes é oferecido

um folder explicativo com as principais recomendações e lembretes para o uso do dispositivo.

Como existem alguns clientes em uso de CVC internados na própria enfermaria onde

está o cliente para o qual foi indicado o uso do dispositivo, perguntamos, em geral,

inicialmente ao mesmo se este já viu algum cliente com CVC. Alguns afirmam que sim e se

mostram desejosos e curiosos em conhecer mais sobre o dispositivo através das orientações

do profissional que foi até eles para que lhes pudessem ser esclarecidas algumas dúvidas (“das

muitas, provavelmente”) de suas questões.

Caso algum membro de sua família esteja por perto, convidamo-lo (a) a participar

dessa consulta de enfermagem de primeira vez, como é denominada a primeira consulta para a

qual o cliente após receber o parecer com indicação para uso de cateter venoso central se

dirige. Na consulta o enfermeiro atua de forma a levar o cliente a ficar a par das explicações e

orientações acerca do que é o dispositivo, para o que serve e quais os principais cuidados e

recomendações para o seu uso, explicando-lhes, inclusive que o cateter não o impedirá de ter

uma vida normal, ou ao menos, poder realizar suas atividades rotineiras, apesar de exigir

inicialmente, que o seu corpo se acomode ao dispositivo.

Nesse contexto, identifico que existam questões relacionadas aos enfermeiros∗ que

transcendam o que é normalmente tratado na consulta de enfermagem pré-instalação do

cateter, o que pode ser constatado pelas dificuldades manifestadas por alguns enfermeiros,

∗ Neste estudo, optou-se por utilizar o termo enfermeiro para uniformizar e designar os dois gêneros.

32

praticamente do início ao fim de sua consulta, enquanto outros abordam o assunto com maior

fluência em suas palavras, tratando de transmitir aos clientes as orientações acerca dos

cuidados com o dispositivo. Por vezes, no momento em que a consulta é iniciada, ao observar

que o cliente mostra sinais de abatimento em sua fisionomia, além de confusão, temor, tratam

de verificar sua pressão arterial, afirmando que a mesma poderia ter aumentado devido à

notícia que foi dada a este cliente, ou seja, a de que este teria que usar um CVC para o

tratamento.

Durante a primeira consulta de enfermagem pré-instalação do dispositivo, o

enfermeiro, desde o momento em que o recebe no setor, procura, após obter informações

registradas sobre o referido caso, estabelecer com o cliente uma relação harmoniosa na qual

tenta reunir, dentro do espaço de tempo de que dispõe e da situação em que se encontra o

cliente, abordagens relacionadas às informações sobre a necessidade de uso do dispositivo,

orientações e cuidados para o seu uso (de acordo com o tipo de cateter), lançando mão dos

mesmos materiais já descritos e que são utilizados no ambulatório, exceto o data show .

É o momento em que o enfermeiro une em sua abordagem motivações para mostrar ao

cliente a necessidade do uso do cateter. Porém, o enfermeiro reconhece que é penoso para o

cliente que está iniciando um tratamento e sua família o processo de apreensão de tantas

informações em pequenos espaços de tempo e em diversos setores. Este profissional tenta

encorajá-los, explicando-lhes que, passado o período inicial de tratamento, este poderá se

habituar à nova rotina de tratamento na qual se tornou um novo desafio a ser vencido.

Alguns clientes mostram durante e após a ação assistencial consulta de enfermagem

pré-instalação do referido dispositivo, que compreenderam a necessidade do uso do cateter,

ainda que tenham deparado (e ainda se deparem) com dificuldades. O que mostra que a

maneira com que são acolhidos pelo enfermeiro quando este profissional transmite suas

orientações interagindo com ele interfere no resultado de suas ações. Acredito que este

profissional tenha consciência de que, em algumas situações nas quais se mostrou mais

disponível para o cliente, observando cuidadosamente seus gestos, palavras e, e permitindo,

por sua vez, que o cliente interagisse com ele, tentando apreender suas atitudes, possibilitou

que obtivesse melhores resultados de suas ações.

É nesse sentido que Schütz (1970) descreve a relação face-a-face, na qual um sente a

presença do outro. É necessário que a orientação-para-o-Outro de cada parceiro seja colorida

33

por um conhecimento específico sobre a maneira particular na qual este está sendo

considerado pelo outro parceiro. E, isto só é possível no âmbito da realidade social

experienciada diretamente. Somente dessa forma, os olhares de um e de outro podem se

encontrar, ou seja, somente assim é possível que um note que o outro está olhando para ele.

(WAGNER, 2012, p.207).

Obtêm-se deste profissional com base em seus “motivos para”, aliados aos seus dados

biográficos, sua trajetória de vida, suas experiências adquiridas com clientes oncológicos,

seus “motivos porque” representados pelo desejo de tornar realidade o que vislumbram, ou

seja, o cliente cônscio de que necessita ser submetido à colocação de um cateter venoso

central para tratamento oncológico, mesmo que este cliente traga consigo alguma lembrança

do que lhe foi dito por outro cliente ou familiar acerca de sua experiência com um CVC.

1.2 QUESTÃO NORTEADORA DO ESTUDO

Neste sentido, pode-se considerar como questão norteadora do estudo: “Qual é a

intencionalidade dos enfermeiros ao desenvolverem ações educativas na atividade

assistencial consulta de enfermagem em oncologia para clientes com indicação de um cateter

venoso central”?

1.3 O OBJETO DO ESTUDO

A indicação para uso de um CVC no INCA ocorre nos casos de clientes onco-

hematológicos que apresentam dificuldade de punção e visualização dos vasos, múltiplas

punções, plaquetopenias frequentes, fragilidade capilar, àqueles cujos protocolos de

tratamento incluirão drogas com potencial de ação vesicante1, irritante2 para a rede venosa

periférica. Em relação às drogas vesicantes, a indicação é ainda mais rigorosa quando se trata

de infusão de drogas vesicantes acima de 30 minutos. Convém esclarecer que as drogas

vesicantes e irritantes promovem ação esclerosante nos vasos. A esclerose acarreta redução do

fluxo sanguíneo no interior da veia, contribuindo para a formação de calosidades, as quais 1 Drogas vesicantes são definidas como aquelas que causam necrose severa nos tecidos circunjacentes ao vaso puncionado por ocasião de um eventual extravasamento. 2 Drogas irritantes provocam reação inflamatória local quando infiltradas fora do vaso sanguíneo.

34

podem por sua vez, propiciar dificuldade na progressão do cateter a ser instalado.

(HOSPITAL MÃE DE DEUS, 2010).

O quadro 01 a seguir, mostra algumas drogas antineoplásicas vesicantes e as irritantes.

Quadro 01 Drogas antineoplásicas vesicantes e irritantes que requerem o uso de um CVC

Drogas antineoplásicas Vesicante Irritante

Dacarbazina

Dactinomicina

Daunorrubicina

Doxorrubicina

Epirrubicina

Idarrubicina

Mitomicina

Vimblastina

Vincristina

Vinorelbina

Mecloretamina

Ciclofosfamida

Carmustina

Cisplatina

Etoposide

Ifosfamida

Mitoxantrona (baixas concentrações)

Melfalan

Gencitabina

Fluorouracila

Carboplatina

Docetaxel

Dacarbazina

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sim

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sim

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sim

sim

sim

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sim

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sim

sim

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sim

sim

sim

Sim

sim

sim

sim

sim

sim

Fonte: FERREIRA, 2010; HEMORIO, 2010; BONASSA; GATO, 2012; ONCOLOGY NURSING SOCIETY,1996; EXTRAVASATION GUIDELINES, 2007.

Convém destacar que qualquer agente extravasado em concentração elevada o bastante

poderá ser considerado um irritante. Além disso, caso essas medicações não consideradas

35

vesicantes causem algum desconforto no local de infusão, recomenda-se fortemente que seja

instalada uma linha central. (EXTRAVASATION GUIDELINES, 2007).

Dando continuidade às circunstâncias em que ocorre a indicação para uso de um

cateter venoso central para tratamento, após o cliente tomar conhecimento do fato em questão,

este é encaminhado ao Ambulatório de Cateteres de Adultos para a primeira consulta pré-

instalação de cateter venoso central quando então, será definido na presença do cliente e de

seu acompanhante o dispositivo mais adequado para este (a).

Nesta primeira consulta de enfermagem pré-instalação de um CVC é realizada a

acolhida ao cliente oncológico e fornecidas orientações e explicações para o uso do

dispositivo, quando são observadas desde reações de rejeição à ideia de ter que usar um

cateter para o tratamento a desistências por parte de alguns desses clientes na adesão ao uso

do cateter. Tais desistências são manifestadas pelo próprio cliente ou durante a referida

consulta, ou após a consulta ou ainda no dia marcado para colocar o dispositivo, como o não

comparecimento do cliente sem uma comunicação prévia.

Cabe destacar aqui uma das situações pelas quais acompanhei ao observar o

comportamento de um enfermeiro com um cliente do ambulatório de cateteres de adultos,

para onde foi encaminhado após a consulta médica com um parecer de indicação para

colocação de um CVC. Este profissional, após receber o cliente procedeu à primeira consulta

de enfermagem (pré-instalação do dispositivo) durante a qual transmitiu informações,

conhecimentos e orientações sobre o dispositivo mais indicado para este e seus principais

cuidados, quando o cliente que ouvia em silêncio e com a cabeça baixa as referidas

explicações emitidas pelo enfermeiro sobre o cateter que lhe fora indicado, inesperadamente,

se levantou e saiu, sem que voltasse posteriormente.

Lembro que o enfermeiro que atendia o referido cliente naquele momento mostrou-se

atônito, ao mesmo tempo em que tentava se conformar diante da situação, relatando-me que o

cliente possivelmente poderia ter passado por momentos muito difíceis antes de ser

encaminhado ao ambulatório de cateteres e que, por isso, não pôde mais ouvir qualquer

explicação. Este enfermeiro permaneceu longamente olhando para o pedido de parecer

(preenchido, desta vez pelo médico que atendeu o cliente) o qual solicitava avaliação para

colocação de um CVC.

36

O que posso dizer em relação ao referido fato é que guardo essa lembrança em minha

mente até hoje (a expressão do enfermeiro). E, permaneci por alguns dias, questionando o

porquê de tal fato ter ocorrido. Acredito que esta situação se deveu ao fato de que, focado

prioritariamente em transmitir conhecimentos sobre o CVC para o cliente e por

desconhecimento da existência da intersubjetividade e da necessidade de se estabelecer com o

cliente uma relação face a face autêntica, o enfermeiro não atentou e percebeu o estado

emocional no qual se encontrava o cliente naquele momento da consulta.

Ainda que as recomendações e orientações sobre o uso do CVC devam ser

transmitidas várias vezes ao dia aos clientes com indicação, é preciso atentar para o fato de

que, cada ser humano é único em suas particularidades, e, por isto, deve-se estar atento à

interação que o enfermeiro deve estabelecer com o cliente na consulta de enfermagem,

levando em conta seus conhecimentos, anseios e perspectivas. Tais cuidados podem

contribuir para evitar que situações como a referida culmine em desistência de se submeter à

colocação do CVC, ou ainda, permanecer até o término da consulta.

Conforme já descrito, penso que os enfermeiros tenham em mente uma intenção

quando desenvolvem ações assistenciais na consulta de enfermagem ao indicar para o cliente

o uso de um CVC, sem, porém, que o saibam conscientemente, o que faz com que, conforme

minha observação desconheça a dimensão da existência de uma intersubjetividade entre suas

ações e as de seus colegas quando desenvolvem tais ações, ou seja, o que os motiva, os

impulsiona quando da indicação de uso de um CVC para o cliente oncológico.

Neste contexto, o objeto do estudo ficou delimitado como:

O significado das ações educativas desenvolvidas pelo enfermeiro através da

atividade assistencial Consulta de Enfermagem para clientes oncológicos na indicação de um

cateter venoso central para tratamento oncológico.

1.4 OBJETIVOS DO ESTUDO

Descrever o significado das ações educativas atribuído pelo Enfermeiro

através da Consulta de Enfermagem para os clientes oncológicos na indicação de cateter

venoso central para tratamento.

37

Discutir o significado das ações educativas atribuídas pelo Enfermeiro

através da Consulta de Enfermagem para os clientes oncológicos na indicação de cateter

venoso central para tratamento, face às concepções de Alfred Schütz.

Compreender o significado das ações educativas atribuído pelo

Enfermeiro através da Consulta de Enfermagem para os clientes oncológicos na indicação de

cateter venoso central para tratamento.

1.5 JUSTIFICATIVAS DO ESTUDO

O estudo faz parte das prioridades do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Enquadra-se como pesquisa científica e

tecnológica em saúde, que, de acordo com a crescente percepção existente desde os anos

oitenta, é essencial para a melhoria das condições de vida e de saúde das populações.

(BRASIL, 2008). No Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, o cateter

venoso central é indicado em 100% dos casos de clientes cujos protocolos incluam drogas

vesicantes e/ou irritantes, dentre elas, a droga “vinorelbina” (nome comercial é navelbine®)

ou ainda em clientes com deficiência de acesso venoso periférico, clientes portadores de

leucemias, cujo regime de tratamento exigirá internações prolongadas, hemotransfusões e

colheitas de sangue frequentes, além de quimioterapia endovenosa através de infusão

contínua.

A seguir, a fim de inserir alguns aspectos epidemiológicos da indicação para uso de

um CVC no INCA, mostra-se no quadro 2, dados relacionados ao número de indicações com

posteriores colocações cirúrgicas de CVC no Hospital do Câncer I no ano de 2014 para

tratamento da doença oncológica ou hematológica correspondente. As colocações cirúrgicas

correspondem às implantações de CVC totalmente implantado (CVC-TI) e CVC semi-

implantado (CVC-SI). Neste quadro, a abreviatura “ca” que antecede o local de algumas

doenças se refere ao termo câncer.

38

Quadro 2. Colocações cirúrgicas de CVC no ano de 2014

Doença onco-hematológica Jan Fev Mar Ab Ma Jun Jul Ago Set Out Nov Dez TT

Ca de cólon 4 8 2 5 5 4 2 2 3 3 10 11 59

Doença de Hodgkin 3 7 4 2 4 5 3 3 2 3 36

Linfoma Não Hodgkin 7 3 3 1 1 4 2 1 22

Linfoma de Burkitt 1 1 1 2 5

Ca de reto 4 3 4 1 3 6 4 9 3 3 3 2 45

Ca gástrico 1 2 3 1 2 3 2 3 17

Ca de esôfago 3 2 4 4 1 1 1 1 3 20

Tu de testículo 1 1

Ca de ovário 1 1

Linfoma de células T 1 1 1 3

Linfoma de células B 1 1 2

Leucemia Mielocítica Aguda 1 6 2 5 2 2 1 2 1 3 25

Leucemia Mielocítica Crônica 1 1 2

Leucemia Linfocitica Aguda 1 2 1 6 1 1 1 14

Leucemia Linfocítica Crônica 1 1 1 3

Tricoleucemia 1 1

Ca de adeno-sigmóide 1 1 1 1 4

Sarcoma de Ewing 1 1

Timoma 1 1 2

Ca papilífero 1 1

Ca de pulmão 1 1 1 1 2 1 1 8

Ca de mama 1 1 2

Ca de apêndice 1 2 3

Ca de cárdia 1 1 1 3

Ca de pâncreas 1 1 1 3 6

Ca de ceco 1 1 2

Tumores metastáticos 1 1 1 1 4

Ca de canal anal 1 1 4 5 2 2 1 16

Ca de próstata 1 1 2

Síndrome mielodisplásica 1 1

Ca gástrico e de fígado 1 1

Promielocítica 1 1

Osteossarcoma 1 1

Linfoma cutâneo 1 1

Ca de vesícula biliar 1 1

Ca de fígado

Ca desmóide 1 1

Micose fungóide 1 1

Tu renal 1 1

TOTAL 32 26 25 16 32 26 21 34 22 17 32 30 313

Fonte: Dados extraídos dos Mapas Cirúrgicos diários do HCI

39

O quadro 03 a seguir mostra o número mensal encontrado de colocações de cateter

venoso central de inserção periférica (CCIP/PICC) para cada tipo de doença oncológica no

HC1-INCA.

Quadro3. Colocações de CCIP em 2014 no HC1-INCA

Fonte: Dados extraídos dos Mapas diários de colocação de CCIP do HCI

O quadro 4 a seguir mostra o número de colocações cirúrgicas de CVC (CVC-TI) em

clientes em tratamento no Hospital do Câncer III-INCA, de acordo com os motivos para sua

solicitação.

Quadro 4: Colocações cirúrgicas de CVC-TI no HCIII-INCA

Solicitação de cvc janeiro/dezembro 2014 Motivo para a solicitação Instalações Percentual correspondente Doença bilateral com comprometimento axilar (cirurgico) 18 12% Linfedema bilateral 4 3% Acesso venoso comprometido 94 63% Tratamento com medicação vesicante/irritante 31 21% Troca de cvc 2 1% total 149 100% Fonte: Dados extraídos do relatório de colocações cirúrgicas de CVC do HC3-INCA.

O quadro 5 a seguir traz as patologias oncológicas e hematológicas que requerem o

uso do dispositivo em 100% dos casos. Assinalou-se, especificamente, o tipo de CVC mais

apropriado para cada caso.

Motivos de retiradas de CVCs JanFevMar AbrMai Jun Jul Ago Set OutNovDez TT Ca de cólon 1 2 4 1 3 1 12

Ca de canal anal 1 3 1 2 7

Doença de Hodgkin 1 3 2 7

Leucemia 1 1

Ca de reto 2 1 2 2 2 9

Ca de pulmão 2 1 1 4

Ca gástrico 1 1

Leucemias 2 2

Ca de esôfago 1 1 1 2 5 Ca de fígado 1 1 Ca de vesícula biliar 1 1 Linfoma de células T 1 1 Ca de pâncreas 1 1 Pediatria 1 1

Total 5 7 17 7 1 4 7 4 53

40

Quadro 5.Patologias que requerem indicação para uso de um cateter venoso central

Legenda: CVC-TI (cateter venoso central totalmente implantado); CVC-SI (cateter venoso central semi-implantado; CCIP (cateter central de inserção periférica) Fonte: Rotina para indicação de CVC no Hospital do Câncer I, Hospital do Câncer II,Hospital do Câncer III, Hospital do Câncer IV e Centro de Transplante de Medula Óssea-INCA-RJ .

Soma-se às justificativas para o estudo, o fato de que, apesar de estarmos num

momento em que a oncologia vem se projetando com o surgimento de técnicas diagnósticas

que possibilitam identificar precocemente sinais e lesões e conduzir ao tratamento adequado,

permitindo maior chance de sobrevida e qualidade de vida aos clientes com câncer,

encontramo-nos diante da ausência de estudos que enfoquem ações educativas desenvolvidas

pelos enfermeiros durante a ação assistencial Consulta de Enfermagem ao cliente oncológico

com indicação de uso de um CVC, pois este se constitui no primeiro passo para que o cliente

possa ser submetido a determinados protocolos de tratamento. Como estes casos requerem

um acesso venoso seguro e confiável, o uso do dispositivo evita que sejam feitas punções

dolorosas, além de expor os clientes aos riscos de extravasamento de drogas vesicantes e

irritantes.

Oncologia Hematologia Tipo de cateter venoso central

Doença de Hodgkin Doença de Hodgkin

CVC-TI ou CCIP

Câncer de pulmão CVC-TI ou CCIP

Câncer de cólon CVC-TI ou CCIP

Leucemias CVC-SI

Linfoma

linfoblástico CVC-SI

Câncer de reto CVC-TI ou CCIP

Câncer de canal anal CVC-TI ou CCIP

Câncer de esôfago CVC-TI ou CCIP

Clientes que deverão ser submetidos ao Transplante de células-tronco hematopoiéticas

Ca de mama bilateral

Tumores metastáticos

Idem

CVC-SI

CVC-TI

CVC-TI

41

A indicação de uso de um CVC para um paciente com câncer é uma conduta realizada

não somente pelos médicos, especialmente de instituições especializadas em oncologia,

públicas e privadas como pelos enfermeiros, pois estes profissionais são treinados/habilitados

e estão em contato diariamente com a rede venosa periférica e a par das condições higiênicas

da clientela que deverá ser submetida à quimioterapia.

Alguns estudos como os de Bonassa e Gato (2012), Leite e Wisintainer (2009),

Vasques, Reis e Carvalho (2009), Silva e Campos (2009), para citar alguns, declararam que a

indicação para uso de um CVC é a primeira etapa do processo de instalação e exige para isso

uma avaliação precisa e criteriosa por parte dos enfermeiros ou médicos que são a fonte de

decisão para tal. Porém, não descrevem as ações educativas que são desenvolvidas por esses

profissionais quando da indicação de um cateter venoso central, especialmente pelos

enfermeiros, os quais foram os participantes desta tese.

Este estudo se faz necessário porque o cliente para o qual é indicado o uso de um CVC

depende da colocação do dispositivo para iniciar ou mesmo, dar continuidade ao tratamento.

E, para tal, a forma como os enfermeiros conduzirem suas ações educativas, influenciará no

processo de decisão do cliente, que está na maior parte das vezes, imunodeprimido,

fragilizado pelas exigências que o tratamento impõe e assustado ante o receio de contrair uma

infecção ou mesmo uma rejeição pelo uso do CVC (CURY, 2002). Dessa forma, tais ações

poderão alcançar diferentes resultados desde a adesão do cliente para a instalação do

dispositivo à disposição de este não o colocar, mesmo que para isso assumam que tal decisão

poderia comprometer seu tratamento.

É preciso que estes enfermeiros como participantes do processo de evolução pelo qual

vêm passando a oncologia como especialidade e suas técnicas diagnósticas e terapêuticas

tomem ciência de que como indivíduos desenvolvem ações na ação intencional consulta de

enfermagem para um cliente com indicação para uso de cateter venoso central para tratamento

de câncer com propósitos direcionados para um determinado fim e com base em suas

vivências, os quais trazem diferentes resultados.

A manipulação de um CVC exige conhecimentos técnicos e científicos adequados e a

capacidade de tomar decisões imediatas, o que está de acordo com os artigos 17º e 18º do

Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, os quais estabelecem que os cuidados de

enfermagem privativos ao enfermeiro são àqueles que exigem conhecimentos científicos

adequados e capacidade de tomar decisões imediatas. (COFEN, 2000). Entretanto, as ações

42

relacionadas à manipulação deste dispositivo não são consideradas como privativas do

enfermeiro, conforme explicam Vasques, Reis e Carvalho (2009).

Achados obtidos com a dissertação de mestrado (CURY, 2002) mostraram que o uso

do cateter é fundamental para o tratamento oncológico que o cliente irá se submeter o que

dependerá dos esforços desses enfermeiros para mostrar os benefícios que o dispositivo lhe

trará após sua colocação.

Dessa forma, pode-se comprovar a necessidade do referido estudo não somente pelo

fato de não ter sido ainda desenvolvido um trabalho desta natureza que se proponha a

compreender a ação subjetiva desses profissionais enfermeiros a partir de sua relação

enfermeiro-cliente oncológico com indicação para uso de um CVC para tratamento, como

também pela possibilidade de mostrar a esses enfermeiros qual o significado que estes

atribuem às suas ações, das quais, de acordo com a forma como interagem com os clientes,

diferentes resultados poderá advir como a ausência de alguns clientes para colocar o cateter

no dia agendado, preferência por parte de alguns para colher o sangue pela veia periférica,

embora já estejam com CVC, crises de choro por outros, durante o procedimento cirúrgico.

Alguns desses resultados foram confirmados através de relatos da cirurgiã que implanta e

retira cateteres cirúrgicos, dentre outras situações.

1.5.1 O estado da arte

A fim de construir um panorama dos trabalhos publicados que se relacionam com a

temática deste estudo, busquei na literatura no período de 2000 a 2014, as produções

científicas que pudessem apoiar o tema voltado para o significado das ações educativas do

enfermeiro na atividade assistencial consulta de enfermagem ao cliente com indicação para

uso de cateter venoso central em hospital de referência em oncologia. Para tanto, foram

utilizados os seguintes descritores a partir dos elementos que compõem o assunto principal do

estudo: enfermagem oncológica, educação, ensino e cateterismo venoso central.

Para construir o estado da arte foram estabelecidos critérios de inclusão e de exclusão

a partir dos dados brutos da busca de dados: Os critérios de inclusão foram:

- identificar estudos que se relacionavam com os descritores enfermagem oncológica,

educação, ensino e cateterismo venoso central;

43

- estudos cujos resumos estivessem disponíveis;

- estudos que pudessem ser obtidos na íntegra;

Os critérios de exclusão foram os estudos:

- Relacionados com crianças.

- Relacionados com diálise peritoneal ou hemodiálise

- Que não estivessem relacionados à oncologia

Quadro 06. Estudos identificados com os principais descritores em português (2000-2014)

Descritores Total Aderência ao

objeto de estudo

Enfermagem oncológica Educação Ensino Cateterismo venoso central

7.740 435.027 31.746 2127

380 123 53 65

Fonte: Biblioteca Virtual de Saúde – Enfermagem (BVS Enfermagem)

Em relação ao termo consulta de enfermagem, foi feita uma pesquisa no portal da

BVS-Enfermagem e foram encontrados inicialmente 2814 estudos, porém, apenas 25 tinham

aderência ao estudo.

Após serem feitas buscas com os referidos descritores, buscou-se utilizar em conjunto

os termos não descritores “consulta de enfermagem”, “ações educativas em adultos” e “cateter

venoso central”, separado pelo termo boleano “and” na BVS-Enfermagem, a fim de verificar

se havia mais trabalhos sobre o tema, e nenhum resultado foi obtido. Realizaram-se, inclusive,

buscas utilizando o termo “educação em adultos”, sem que fosse obtido novamente qualquer

resultado.

Como novas tentativas de identificação e obtenção de estudos com afinidade pelo tema

utilizaram-se isoladamente cada um dos termos supracitados, o que permitiu construir um

panorama dos principais estudos selecionados, os quais estão dispostos nos quadros 4,5 e 6.

44

Quadro 07. Estudos selecionados com o termo Consulta de enfermagem em Oncologia (2000-2014)

Fonte: Base de dados LILACS via Biblioteca Virtual de Saúde

Dentre os cinco estudos destacados no Quadro 7, a pesquisa desenvolvida por Rosa e

colaboradores (2007) tratou de uma prática assistencial que problematizou o desenvolvimento

da consulta de enfermagem com dez enfermeiras do Centro de Quimioterapia de uma

Instituição de Saúde especializada na assistência oncológica no sul do Brasil. A dissertação de

mestrado de Araújo (2007) objetivou compreender o significado da consulta de enfermagem

para o cliente e seu cuidador, com o intuito de otimizar o cuidado de enfermagem, adequando-

o às necessidades dos usuários desse setor. Em outra dissertação de mestrado, Mesquita

(2008), com base na compreensão de que homens e mulheres apresentam comportamentos

sociais diferenciados que apontam para especificidades das suas necessidades, tratou das

Ano Autor Título do estudo e Fonte Tipo de estudo

2007

ROSA, L.M.;

MERCÊS, N.N.A.;

MARCELINO, S.R.;

RADÜNZ, V.

A consulta de enfermagem no cuidado à pessoa com câncer: contextualizando uma realidade (Cogitare Enfermagem)

Pesquisa qualitativa

2007 ARAÚJO, C.R.G.

O significado da consulta de enfermagem no setor de radioterapia no Hospital Clementino Fraga Filho (EEAN/UFRJ)

Dissertação de Mestrado

2008 MESQUITA, M.G.R.

Necessidades de ajuda de homens em tratamento antineoplásico: subsídios ao gerenciamento de enfermagem (EEAN/UFRJ)

Dissertação de Mestrado

2013 HEYN L; FINSET A; RULAND CM.

Talking about feelings and worries in cancer consultations: the effects of an interactive tailored symptom assessment on source, explicitness, and timing of emotional cues and concerns. Abordando sentimentos e preocupações em consultas em oncologia: os efeitos de um sintoma adaptado interativo Avaliação sobre fonte, clareza, e oportunidade de pistas emocionais e preocupações.

Pesquisa quali- quantitativa

2013

CARLSSOM E; PETTERSSON M; HYDÉN LC; ÖHLÉN J; FRIBERG F.

Structure and content in consultations with patients undergoing surgery for colorectal cancer. Estrutura e conteúdo em consultas com pacientes submetidos à cirurgia para câncer colorretal.

Pesquisa quali- quantitativa

2014 NERIS, R.R.; ANJOS,A.C.Y

Experiência dos cônjuges de mulheres com câncer de mama: uma revisão integrativa da literatura

Revisão integrativa da literatura

45

necessidades de ajuda de homens em tratamento antineoplásico e como essas necessidades

podem subsidiar o gerenciamento do cuidado de enfermagem.

Heyn, Finset e Ruland (2013) basearam-se no fato de que os clientes são especialistas

de seus próprios sintomas e preocupações, embora não tendem a expressar suas preocupações

de forma espontânea na consulta, mesmo quando as emoções são criadas, elas são brevemente

discutidas. E, chegaram à conclusão de que expressões de sugestões e preocupações de

pacientes com câncer não ocorrem ao acaso. Um maior número de expressões de sugestões e

preocupações é expresso no início da consulta, em consulta com enfermeiros, e no grupo de

intervenção de Escolha.

Carlssom e colaboradores (2013) buscaram em seu estudo explorar a estrutura e

conteúdo de consultas pré-planejadas como parte do cuidado e tratamento de clientes

submetidos à cirurgia para câncer colorretal. Estes autores chegaram à conclusão de que

existe uma necessidade de estrutura mais clara nas consultas, uma vez que a maior parte das

consultas estudadas carecia de uma introdução mais clara da conversa.

O estudo de Neris e Anjos (2014), relacionado à experiência dos cônjuges de

mulheres com câncer de mama se preocupou em mostrar que, da mesma forma que as

mulheres são incluídas em grupos de apoio, seus parceiros devem ser assistidos, pois é

necessário que estes se sintam cuidados em suas necessidades psicossociais, fortalecidos e

informados acerca da doença e do tratamento. Daí pode-se depreender a relevância da

consulta de enfermagem em oncologia, que deve incluir o familiar da cliente.

46

Quadro 08. Estudos selecionados com o termo: Ações educativas em adultos (2000-2014)

Ano Autor Título do estudo e Fonte Tipo de estudo

2007 COLOMÉ, J.S.

A formação de educadores em saúde na graduação em enfermagem: concepções dos graduandos (UFRGS)

Dissertação de Mestrado

Pesquisa qualitativa

2007 SANCHES, M.O.; PEDRO, E.N.R

Ações e expressões de cuidado na prática educativa de enfermeiros docentes. (Revista gaúcha de enfermagem)

Pesquisa qualitativa descritiva exploratória

2008 LEDESMA-DELGADO, M.E. RINO MENDES, M.M.

O processo de enfermagem como ações do cuidado rotineiro: construindo seu significado na perspectiva das enfermeiras assistenciais. (Revista Latino Americana Enfermagem)

Estudo de natureza qualitativa baseado na TFD.

2009 SANTOS, M.C.L. ET AL. Consulta ambulatorial de enfermagem oncológica brasileira – revisão integrativa

Revisão integrativa

2010 FRIAS, T.F.P.;COSTA, C.M.A; SAMPAIO, C.E.P.

O impacto da visita pré-operatória de enfermagem no nível de ansiedade de pacientes cirúrgicos.(REME)

Pesquisa quantitativa

2012 BARCELLOS, S.F.S.

As atividades educativas desenvolvidas no setor de educação permanente/continuada nos hospitais público e privado: uma análise compreensiva por enfermeiros.

Dissertação de Mestrado

Pesquisa qualitativa

2013 MITCHELL, T.

Patients´experiences of receiving chemotherapy in outpatient clinic and/or onboard a unique nurse-led mobile chemotherapy unit: a qualitative study.

Pesquisa qualitativa

2014 OTRENTI, E. et al. Avaliação de processos educativos formais para profissionais de saúde

Revisão integrativa de literatura

Fonte: Base de Dados LILACS via Biblioteca Virtual de Saúde

A dissertação de Colomé (2007), um estudo exploratório, descritivo e estruturado

dentro de uma abordagem qualitativa, fornece subsídios para a reflexão sobre a formação de

enfermeiros-educadores e evidencia a possibilidade de transformação das práticas desses

enfermeiros no contexto da educação em saúde. Sanches e Pedro (2008), através de um estudo

descritivo-exploratório de abordagem qualitativa, levam à reflexão aspectos relacionados à

concepção e ao ensino do cuidado em enfermagem por professores-enfermeiros. O estudo de

Ledesma-Delgado e Rino Mendes (2008) possibilitou compreender a experiência e

significado atribuído pelas enfermeiras ao processo de enfermagem em sua prática cotidiana

47

assistencial que se desvela como ações de cuidado rotineiro aplicados de forma diferente ao

ensinado e aprendido na escola.

FRIAS, COSTA e SAMPAIO (2010), através de estudo comparativo e prospectivo de

natureza qualitativa que trata da ansiedade de pacientes em pré-operatório imediato,

objetivaram identificar o perfil dos pacientes submetidos à visita pré-operatória de

enfermagem. O estudo de Santos e colaboradores (2009) o qual trata de uma revisão

integrativa da literatura sobre a consulta ambulatorial de enfermagem oncológica no Brasil

considera que a consulta ambulatorial de enfermagem é uma ferramenta indispensável no

cuidado tendo em vista que a partir de sua realização, de modo eficaz, podem surgir diversos

direcionamentos de atendimentos em saúde e em enfermagem. MITCTHELL (2013) através

de pesquisa de natureza qualitativa objetivou explorar as experiências de pessoas com câncer

que receberam tratamento de quimioterapia em ambulatório e/ou a bordo do MCU utilizando

uma abordagem fenomenológica interpretativa.

A dissertação de Barcellos (2012) possibilitou a compreensão da Fenomenologia

Sociológica de Alfred Schütz não só como método de compreensão da ação social, porém

como estratégia dialógica, compreensiva e de ensino.

Otrenti e colaboradores (2014) através de revisão integrativa de literatura que

objetivou analisar a produção científica sobre avaliação dos processos educativos formais para

os profissionais sanitários, destacam que o incremento dos investimentos em atividades

educativas formais para profissionais de saúde tem enfatizado a importância e necessidade de

implementar estratégias avaliativas capazes de mostrar as informações indispensáveis para

retroalimentação dos programas, contribuindo, dessa forma para melhorar a prática

assistencial, principal finalidade precípua das atividades educativas na área da saúde.

O quadro 9, a seguir mostra sete estudos selecionados nas bases de dados LILACS e

ADOLEC a partir do termo “ cateter venoso central” através da Biblioteca Virtual de Saúde.

48

Quadro 09. Artigos selecionados com o termo Cateter venoso central (2000-2014)

Ano Autor Título do estudo e Fonte Tipo de estudo

2008 Martins, F.T.M; Carvalho, E.C.

A percepção do paciente referente a ser portador de um cateter de longa Permanência (Rev. Esc. Enferm. USP)

Pesquisa que utilizou a técnica do incidente crítico

2010 Baiocco, G.G.; Silva, J.L.B.

A utilização do cateter venoso central de inserção periférica (CCIP) no ambiente hospitalar (Rev.Latin.Am. Enferm.)

Estudo do tipo coorte histórica, com coleta de dados retrospectiva

2010 Silveira, R.C.C.P.et al.

A utilização do filme transparente de poliuretano no cateter venoso central de longa permanência (Rev.Latino-Am.Enferm.)

Relato de caso

2010 Andrade, M.R.et al. Risco de infecção no cateter venoso central: revisão de literatura (Online braz.j.nurs.)

Revisão da literatura

2011 Pérez, E.R.

Cambio de catéter central programado al octavo día es superior al cambio guiado por signos de infección en pacientes críticamente enfermos (Rev.colomb.anestesiol.)

Experimental

2013 Yu, H.Y et al. Evaluating nurses´knowledge of chemotherapy

Pesquisa quantitativa

2014 Pedrolo, E. Infecção, reação local e má fixação de curativos para cateter central

Ensaio clínico randomizado

Fonte: Base de Dados LILACS e ADOLEC via Biblioteca Virtual de Saúde

Destes sete estudos selecionados, quatro abordam a infecção relacionada ao cateter

venoso central e sua prevenção (SILVEIRA et al., 2010; ANDRADE et al., 2010; PÉREZ,

2011; PEDROLO, 2014). No estudo de Pedrolo (2014), observou-se, dentre outras,

associação significativa entre o tempo de permanência do cateter superior a cinco dias e

infusão de hemocomponente e a ocorrência de infecção primária da correte sanguínea. O

estudo de BAIOCCO e SILVA (2010 analisa o histórico de uso do cateter venoso central de

inserção periférica em clientes adultos hospitalizados no período de 2000 a 2007. Já o estudo

de Martins e Carvalho (2008) buscou, através de estudo descritivo e que utiliza a Técnica dos

Incidentes Críticos (IC), avaliar a percepção do cliente portador de cateter totalmente

implantado.

49

Para dar uma maior abrangência da ideia de estudos publicados com aderência ao tema

proposto, optou-se por realizar uma busca na base de dados CINAHL ( no período de 2000 a

2014, utilizando-se a combinação de dois descritores separados pelo termo “ and”

(oncological nursing and central venous catheterization), ao invés de utilizá-los

separadamente. Por este meio, evidenciou-se a existência de 30 (trinta) estudos, dos quais,

após analisá-los pelos critérios de inclusão, 25 (vinte e cinco) estudos foram selecionados na

primeira etapa, e, destes, após mais um refinamento, vinte e um foram selecionados para

serem utilizados no estudo.

O quadro abaixo traz 12 estudos selecionados pela base CINAHL com aderência à

proposta do estudo.

Quadro 10. Estudos selecionados com os descritores oncological nursing and central venous

catheterization

Ano Autor Título do estudo e Fonte Tipo de estudo

2005 D´SILVA et al. Pynch-off syndrome: a rare complication of totally implantable venous devices

Carta ao editor

2006 JONES, C.A. Central venous catheter infection in adults in

acute hospital settings Revisão de literatura

2006 LEE et al. Incidence, risk factors, and outcomes of catheter-related thrombosis in adult patients with cancer

Estudo quantitative (perspectivo)

2007

BISHOP et al.

Guidelines on the insertion and management of central venous access devices in adults

Revisão de princípios básicos e relevantes no cuidado de clientes com dispositivos de acesso venoso central

2007 COWLISHAW; BALLARD

Valsalva manoeuvre for central venous cannulation

Estudo de caso

2008

RAJINIKANTH; STEPHEN; AGARWAL

Complication of central venous cannulation

Estudo de caso

2009 SHIVAKUMAR; ANDERSON; COUBAN

Catheter-associated thrombosis in patients with malignancy

Artigo de revisão

2010 HEIBL et al. Complications associated with the use of Port-a-Caths in patients with malignant or haematological disease: a single-centre

Estudo prospectivo quantitative

50

prospective analysis (European Journal of Cancer Care)

2011 DIX et al.

Essential, but, at what risk? A prospective study on central venous access in patients with haematological malignancies

Pesquisa quantitativa (estudo perspectivo)

2012 MC PEAKE et al. Central line insertion bundle:experiences and challenges in an adult ICU

Implementação de um programa de inserção de linha central

2013 MEHTA et al.

Systematic review: is real-time ultrasonic-guided central line placement by ED-physicians more successful than the traditional landmark approach?

Revisão sistemática

2014 WY Ma et al. Measuring competence in central venous catheterization: a systematic review

Revisão sistemática

Fonte: Base de dados CINAHL

Este panorama realizado através das bases de dados dentro do referido período

evidencia a necessidade de um estudo que suscite nos enfermeiros reflexões acerca das ações

educativas que desenvolvem na atividade assistencial Consulta de Enfermagem ao cliente

com indicação para o uso de cateter venoso central. O estudo reside na possibilidade de

apreender o significado das ações desenvolvidas por estes enfermeiros que, embora não o

saibam, agem intersubjetivamente, ou seja, têm um propósito comum quando abordam com o

paciente a sua necessidade de usar um cateter venoso central para seu tratamento.

Devo ainda considerar como parte da justificativa para o desenvolvimento deste

estudo que, nos últimos meses do ano de 2011 quando participei de um grupo de trabalho de

iniciativa do Projeto Humaniza INCA cujo título foi: “Atenção ao Vínculo e Qualificação da

Comunicação em Situações Difíceis no Tratamento Oncológico”, em parceria com o

Hospital Albert Einstein (São Paulo) conveniado com o INCA, durante as oficinas que

acontecem uma vez por semana, tive a oportunidade de constatar a relevância das ações

educativas que temos desenvolvido na atividade assistencial Consulta de Enfermagem com

pacientes oncológicos para os quais é indicado um CVC. Este curso me propiciou expor ao

restante do grupo minhas atividades no ambulatório de cateteres do HC1- INCA e partilhar

minhas experiências com estes profissionais de diversas áreas da saúde e de outras

instituições.

51

Surpreendia-me, nesses momentos, com o interesse dos enfermeiros e profissionais

que participavam das referidas oficinas. Emitiam opiniões e sugestões com a finalidade como

diziam, de me preservar diante da demanda dos clientes.

1.6 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

. Sendo considerado o INCA uma instituição de referência nas áreas de assistência,

ensino, pesquisa e extensão, acredito que o estudo em pauta, cujo tema aborda ações

educativas desenvolvidas na referida instituição durante a ação assistencial consulta de

enfermagem para o cliente oncológico que tem indicação para uso de um CVC para

tratamento trará impacto para as quatro áreas citadas, pelas reflexões que poderão suscitar nos

enfermeiros com os resultados que advieram do estudo.

Na referida instituição, apesar de o enfermeiro dispor de autonomia para emitir um

parecer para indicar o uso de um CVC para um cliente, este profissional, ao desenvolver a

ação assistencial consulta de enfermagem ao cliente oncológico, age dentro de um contexto

social, ou seja, está interligado com seus colegas num propósito comum, o que faz com que

tenham um objetivo comum, o que determinou uma tipicidade de ações.

Os enfermeiros (as) poderão valorizar ainda mais a ação assistencial consulta de

enfermagem, sentindo-se mais encorajados para dar continuidade às suas ações num momento

em que o cliente já fragilizado pela doença, mostra-se ansioso por conhecer as razões pelas

quais lhe foi indicado o uso de um CVC.

1.7 CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO

O presente estudo é atual e poderá contribuir para quatro vertentes de atuação do

enfermeiro:

Área de Assistência: O estudo poderá fornecer subsídios para que os enfermeiros

possam valorizar e aprimorar suas ações educativas nas consultas de enfermagem realizada

desde o momento em que identificam a necessidade de uso de um CVC para um cliente para

que, a partir daí, possam obter a colaboração deste cliente durante todo o período de utilização

52

do cateter. Destaca-se que algumas vezes, poderá ser necessária a remoção deste dispositivo,

seja por problema clínico, como infecção, trombose, mau posicionamento, dentre outros.

Essas situações são identificadas por médicos e enfermeiros, das unidades de

emergência (principalmente nos finais de semana e feriados, e após as 16 horas, quando o

cliente, em decorrência de algum problema, como hipertermia, se dirige a este setor, já que o

ambulatório só funciona para consultas-extra3 (como é denominado no INCA) durante os dias

úteis até às 16 horas. Além disso, esses profissionais poderão encontrar no estudo suporte e

sentido para compreenderem o valor e complexidade dessas ações, pois o lidar com o cliente

oncológico exige desafios e preparo constante no dia a dia. Estes profissionais, a par do

significado e resultados de uma “relação face a face” com o cliente poderão investir na

qualidade de suas consultas de enfermagem, identificando alguns pontos e/ou etapas da

consulta que mereceriam ser aperfeiçoadas a fim de proporcionar acolhimento ao cliente

oncológico com indicação para uso de CVC para tratamento.

Área de Ensino: A referida instituição dispõe de cursos de residência

multiprofissional e especialização na área de oncologia, além de fornecer cursos e

treinamentos aos profissionais através do setor de Educação Permanente da instituição e os

resultados do presente estudo beneficiarão estudantes e profissionais fornecendo e

disponibilizando material no qual conhecerão outra vertente da consulta de enfermagem

direcionada ao cliente oncológico para o qual é indicado o uso de um CVC, possibilitando-

lhes um aprendizado mais abrangente no sentido de observar como essa clientela se

beneficiará das ações educativas desenvolvidas pelo enfermeiro durante o processo de

indicação de uso de um CVC para o cliente.

Independente das instituições de saúde, o estudo poderá contribuir para a formação de

profissionais da área de saúde, educação e comunicação, uma vez que o tema é tratado dentro

do enfoque multidisciplinar. Os resultados do referido estudo poderão fazer parte do maior

acervo de informações sobre oncologia no Brasil, pois a educação está presente no sistema

integrado de bibliotecas que esta instituição disponibiliza sobre oncologia no Brasil e que se

encontram atualmente ao alcance de todos. Trata-se do Sistema Integrado de Bibliotecas da

3 Termo utilizado no INCA para designar consultas ambulatoriais de emergência, quando o paciente apresenta quaisquer problemas durante o tratamento, e fora de sua consulta médica agendada periodicamente

53

referida instituição. Tais publicações são fontes de informação técnico-científica e sobre o

tema nas áreas de prevenção, detecção precoce e diagnóstica. (INCA, 2011).

Área de Pesquisa:

Com esta projeção, entende-se que o estudo contribuirá para o desenvolvimento de

futuras pesquisas na área de oncologia com a atividade assistencial Consulta de Enfermagem,

possibilitando que enfermeiros possam se interessar pela complexidade que envolve essa

atividade, principalmente no desenvolvimento das ações educativas na área de oncologia,

vertente que se mostra promissora e carente de investigação científica. Os resultados do

estudo poderão trazer subsídios para gerar outras pesquisas através do grupo de estudos do

qual faço parte, como o Núcleo de Pesquisa em Educação e Saúde em Enfermagem

(NUPESENF) como também para o grupo de estudo em Consulta de Enfermagem

coordenado pela Profa. Dra. Ann Mary Machado Tinoco Feitosa Rosas.

Área de Extensão

O INCA, cenário deste estudo recebe e mantém contato com muitos profissionais de

diversas instituições em nível nacional e internacional. O ambulatório de cateteres de adultos,

inserido nesse contexto recebe, orienta e realiza treinamentos para enfermeiros, médicos,

farmacêuticos, dentre outros profissionais de outras instituições.

O estudo poderá fornecer subsídios para que os profissionais da referida instituição e

os de fora que a visitam e que recebem treinamento no ambulatório de cateteres de adultos

possam disseminar os resultados desta pesquisa. É preciso difundir este saber para os

profissionais acerca da complexidade que reveste as ações educativas desenvolvidas na

atividade assistencial Consulta de Enfermagem, momento único e genuíno para enfermeiro e

cliente. Um espaço de tempo que propicie trocas entre enfermeiro e cliente, possibilitando que

este último possa externar seus questionamentos, pois somente quando o cliente se sente à

vontade é que ele se permite dialogar ou se beneficiar (mesmo que em silêncio) daquela

oportunidade que lhe é oferecida.

Este saber poderá se estender às várias instituições referência em oncologia e assim,

proporcionar uma cobertura de informações atualizadas para esta clientela.

Diante disso, formulou-se a tese deste estudo nos seguintes termos:

54

Os enfermeiros através de suas ações educativas

na Consulta de Enfermagem intencionam possibilitar o

tratamento aos clientes com indicação de cateter

venoso central independente da cura e sim para a

qualidade de vida.

55

CAPÍTULO 2. AS AÇÕES EDUCATIVAS DESENVOLVIDAS NA CO NSULTA

DE ENFERMAGEM AOS CLIENTES COM INDICAÇÃO PARA USO D E CATETER

VENOSO CENTRAL PARA TRATAMENTO

Este capítulo aborda inicialmente as atividades do enfermeiro oncológico, dentre elas,

a consulta de enfermagem e enfoca as ações educativas desenvolvidas pelos enfermeiros na

consulta de enfermagem aos clientes com indicação para uso de um cateter venoso central

para tratamento. Além disso, o histórico e as indicações para o uso do cateter venoso central,

sua utilização em um hospital federal com referência em oncologia.

56

2.1 AÇÕES DO ENFERMEIRO ONCOLOGISTA E A CONSULTA DE

ENFERMAGEM NA INSTITUIÇÃO DE REFERÊNCIA EM ONCOLOGIA

A consulta de enfermagem como uma das atividades de enfermagem do enfermeiro

com especialização em oncologia pela instituição de referência em oncologia está inserida no

módulo da disciplina Administração dos Serviços de Enfermagem em Oncologia (INCA

2009).

A consulta de enfermagem é uma atividade privativa do enfermeiro, segundo a Lei do

Exercício Profissional de Enfermagem nº. 7.498 de 25/06/86, regulamentada pelo Decreto nº.

94.406 de 8/06/87, e não deve ser delegada. Nela é utilizado o método científico para

identificar situações de doença e prescrever medidas de enfermagem que contribuam para a

promoção da saúde, visando à prevenção de doenças e recuperação da saúde do indivíduo

(BRASIL, 1986 APUD ARAÚJO; ROSAS, 2007, p.233).

As autoras citam em seu estudo Vanzin e Nery para quem o enfermeiro é um elemento

central na equipe de saúde, no qual o cliente busca informação, suporte emocional e satisfação

de suas necessidades básicas. Nesse contexto, a enfermagem toma-se de importância,

promovendo o elo entre a equipe de saúde e o binômio cliente/cuidador, o que leva o

enfermeiro a sentir-se responsável por pessoas fragilizadas pela doença. (ARAÚJO; ROSAS,

2007).

Para Vanzin e Nery (2000) a consulta de enfermagem é a atenção prestada ao

indivíduo, à família e à comunidade de modo sistemático e contínuo, realizada pelo

profissional enfermeiro com a finalidade de promover a saúde mediante o diagnóstico e

tratamento precoce. Esta deve ser centralizada na pessoa doente, em cujo âmbito ROSAS

(2003) se aprofunda, quando afirma que a consulta de enfermagem deve ser personalizada,

partindo das necessidades de cada indivíduo, constatando sua singularidade e o significado

que esta tem para o mesmo.

A consulta de enfermagem é uma modalidade da prática que se desenvolve de forma

significativa em todos os setores relacionados às numerosas atividades das disciplinas

médico-cirúrgicas. Ela consiste naquilo que a enfermeira vê em relação às doenças no cliente

encaminhadas por um médico, em consulta, num propósito definido pelo objeto da consulta

(tratamento de feridas, estomaterapia, vícios, educação para o tratamento, entrevista

57

psiquiátrica). Após a observação, que formaliza as necessidades do cliente em uma

perspectiva de enfermagem, presta cuidados, educa e fornece informação e aconselhamento

no âmbito da sua jurisdição (JOVIC, 2013).

A consulta de enfermagem vem se projetando e obtendo um espaço crescente nas

instituições de saúde à medida que seus resultados vão surgindo, estendendo-se inclusive para

fora do ambiente hospitalar. Os maiores beneficiados, os clientes vão, ainda que

paulatinamente, conhecendo as ações do enfermeiro e compreendendo o que é a Enfermagem.

ARAÚJO (2007) enfatiza a relevância da consulta de enfermagem quando disse em

seu estudo

Durante algum tempo, foi desconhecida até pelos próprios enfermeiros, mas, felizmente, nos últimos anos, este quadro vem mudando. A consulta de enfermagem já ocupa espaço nos serviços do sistema de saúde, com os usuários reconhecendo a figura do enfermeiro em um papel definido. Sua importância foi crescendo a partir das necessidades dos clientes, que só eram atendidas com intervenções de enfermagem. (ARAÚJO, 2007, p.30).

O enfermeiro pode dispor de um impresso padronizado e utilizado em algumas

instituições para a avaliação inicial de enfermagem, que se inclui na consulta de enfermagem.

Este impresso reúne dados da identificação do cliente, história atual e pregressa, necessidades

psicobiológicas, necessidades psicoespirituais e necessidades psicossociais, que auxiliam a

compor o histórico de cada cliente. A consulta de enfermagem no ambulatório de cateteres é

realizada nas seguintes fases: 1) pré-operatório de implantação de cateteres venosos centrais

de longa permanência; 2) na pré-instalação do cateter venoso central de inserção periférica e

3) follow-up (BRASIL, 2008, p.583).

Na fase pré-operatória de implantação de CVC, a consulta é realizada por um

enfermeiro, em local apropriado (geralmente no próprio setor ou à beira do leito, em caso de

clientes internados), levando em consideração a necessidade do cliente e o tipo de cateter mais

adequado para cada situação, como a idade, condição socioeconômica, clínica, dentre outras.

Esse momento visa à plena orientação do cliente e acompanhante/responsável para o

procedimento que será realizado, assim como informações sobre o autocuidado e limitações

(BRASIL, 2008, p.583).

O cliente recebe também um folder explicativo padronizado pela instituição em tela de

acordo com o tipo de cateter que lhe é indicado, contendo as principais informações e

58

recomendações para o uso daquele determinado dispositivo. O cliente é, além disso, agendado

para a cirurgia de implantação e orientado sobre os cuidados pré-operatórios, com dia e hora

do procedimento, e quando indicado, acrescentam-se o risco cirúrgico e exames laboratoriais,

como em caso de clientes plaquetopênicos, cardiopatas, hipertensos, dentre outros. (BRASIL,

2008).

BISHOP e colaboradores (2007, p.262) lembram que os clientes devem receber

informações verbais e escritas claras e abrangentes explicando os riscos, benefícios e cuidados

com o cateter venoso central. Além destas, deve-se obter do cliente (ou acompanhante

responsável por este) um consentimento assinado antes da inserção do cateter.

No pós-operatório de implantação de CVC, a consulta é realizada no primeiro ou

terceiro dia após a implantação do cateter. Visa à avaliação do local de implantação,

orientação do cliente e acompanhante/responsável sobre o autocuidado, além de limitações,

prevenção de riscos e identificação de complicações, principalmente infecciosas. Inclui-se

nesta consulta o agendamento da retirada de pontos. Devem ser reforçadas orientações acerca

do local adequado para atendimento (já mencionadas anteriormente, como exemplo, buscar o

serviço de emergência nos finais de semana, feriados, domingo e período noturno em caso de

febre, dores, calafrios). (BRASIL, 2008, p.584).

A consulta de follow-up aos clientes internados é feita quando por solicitação, em

casos de intercursos, como exemplo, obstruções não resolvidas pela equipe, presença de sinais

flogísticos, dores no sítio ou no trajeto do dispositivo. Aos clientes ambulatoriais esta objetiva

atender quanto à manutenção, ativação e desativação (para internações, hemotransfusões ou

hemoderivados, atendimentos emergenciais durante a semana e no período diurno), retirada

de pontos, curativos, coleta de sangue, além do esclarecimento de dúvidas, diagnóstico e

tratamento de complicações e reforço das orientações.

2.2 AÇOES EDUCATIVAS NA CONSULTA DE ENFERMAGEM

Encontrei no estudo de Santos (2006) alguns conceitos que auxiliam a melhor

compreender o significado e os propósitos das ações educativas, e como estas se inserem no

campo da Educação em Saúde. O autor afirma que a educação permeia a vida dos indivíduos

59

desde a mais tenra idade, seja através do processo formal ou informalmente, e todos ensinam

e aprendem em sua relação com o outro.

Segundo Lima (apud SANTOS, 2006, p.18) a educação é concebida como.

Um processo dialógico entre os atores, pois favorece o desenvolvimento de suas qualidades humanas, a aquisição de conhecimentos, habilidades, interesses, posturas e potência para a ação proporcionando o seu crescimento pessoal e social e o desenvolvimento da consciência crítica.

O desenvolvimento de ações educativas pelo enfermeiro requer deste profissional

atenção, planejamento e interesse pelo cliente e pela qualidade de seu trabalho, além de busca

permanente de atualização os quais farão uma ponte entre a prática e a pesquisa, o que é

mencionado por MESQUITA (2008) em seu estudo e que pode ser aplicado nas ações

educativas realizadas numa consulta de enfermagem:

O enfermeiro deve preocupar-se todo o tempo com a qualidade do seu trabalho, com isso deve constantemente atualizar-se e assim estar envolvido com a pesquisa que, a partir de questionamentos e hipóteses acerca de problemas identificados na prática, investigue e busque bases que possibilitem a reflexão sobre as ações planejadas e desenvolvidas contribuindo consequentemente para a melhoria da prática profissional.(MESQUITA, 2008, p.31).

O que se torna, sem dúvida, um exercício desafiador para este profissional que, em sua

prática diária, se depara com um trabalho desgastante e desestimulante, o qual não oferece,

muitas vezes, condições para que este possa refletir sobre o retorno que está tendo de suas

ações com o outro, como está se dando esse envolvimento. Para exercer o papel de educador o

enfermeiro precisa se capacitar e se dispor a encontrar um espaço em sua prática que o leve

efetivamente à reflexão sobre suas ações e assim, suscitar o envolvimento do outro individuo

que poderá se beneficiar de tais ações. Conforme explica Fantecelle (2012):

Assim, considero que as condições de trabalho imputadas a esses profissionais, tornam a realidade da pratica diária, desgastante e cansativa, gerando desmotivação e atitudes, por vezes, mecânicas, sem envolvimento com o outro e sem exercitar a sua criatividade. Portanto, o processo que envolve o ensino e aprendizagem nos hospitais demanda uma capacitação mais aprofundada desses enfermeiros que, por suas atribuições, praticam ações educativas. No meu entendimento, percebo o educador como um estimulador e fomentador de ideias, um facilitador dos caminhos que levam ao conhecimento, por que é a partir do significado e valor que esse atribui

60

à educação que emerge a intensidade de seu envolvimento com o conteúdo e isso vai refletir em suas ações no processo de ensinar. (FANTECELLE, 2012, p.32).

Santos (2006, p.18) também se apropriou do conceito adotado por L´Abate para quem

as ações educativas se inserem na área da Educação em Saúde como um campo de práticas

que ocorrem no nível das relações sociais normalmente estabelecidas pelos profissionais de

saúde, entre si, com a instituição e, sobretudo com o cliente, no desenvolvimento cotidiano de

suas atividades.

É através das ações educativas que os profissionais de saúde, e, neste estudo em

especial, os enfermeiros, poderão compartilhar com os demais membros da equipe

multidisciplinar os propósitos e resultados de suas ações, vistas à atenção em todos os níveis

de demanda da clientela.

Em relação à área da saúde e enfermagem, Silva e Peduzzi (2009, p.519) utilizaram a

concepção da Educação Permanente (EP) adotada pelo Ministério da Saúde como política

pública de formação e desenvolvimento de trabalhadores para o Sistema Único de Saúde

(SUS), de acordo com a Portaria GM/MS nº. 1.996 de 20 de agosto de 2007, a qual propõe

uma visão pedagógica do processo educativo que possibilita analisar o cotidiano de trabalho e

da formação em saúde levando em consideração as relações concretas que operam a realidade

e a construção de espaços coletivos no interior das equipes para a reflexão e avaliação do

sentido das práticas no cotidiano do trabalho.

Questões relacionadas às ações educativas a serem aplicadas às consultas de

enfermagem podem vir a produzir resultados favoráveis, principalmente quando são levadas à

discussão com alunos em cursos de graduação de enfermagem. Como explica Rosas (2003,

p.23), ao atender os clientes, enfermeiros e alunos vão aprendendo, e só necessitam estar

motivados para realizar a atividade assistencial Consulta de Enfermagem e abertos à

possibilidade de ouvir o paciente nas suas necessidades.

Trata-se de um momento que não se repete, ou seja, uma possibilidade de acolher o

cliente, levando-o a sentir que damos importância a ele, ao que esteja sentindo, às suas

dúvidas, e que ele possa sair daquele momento melhor do que quando ali chegou. Mesmo que

para isso tenhamos que deixar que decorra um espaço de tempo antes de iniciar um

procedimento com este, quando for possível, ou seja, respeitando momento pelo qual este está

passando.

61

A construção da consulta de enfermagem no Brasil teve início em 1925, por

enfermeiras norte-americanas, com a elaboração de um manual utilizado nas entrevistas pós-

clínicas desenvolvidas com clientes portadores de doenças sexualmente transmissíveis.

Entretanto, somente na década de 60 surgiu a denominação de consulta de enfermagem, sendo

precursoras desta atividade as enfermeiras atuantes na saúde pública. (ZAGONEL, 2001;

CASTRO, 1975 apud ROSA et al., 2007, p.488).

Alguns enfermeiros lembram com detalhes acerca dos momentos em que foi abordada

a consulta de enfermagem, durante o curso de graduação, como destaca CAIXETA (2009,

p.11):

A última parte desse módulo foi referente á consulta de enfermagem e, ao realizar uma das atividades propostas, que era a simulação de um diálogo em uma consulta, fiquei sensibilizada ao imaginar a grande possibilidade de intervenções que poderiam ser feitas ao paciente durante a realização desta atividade. A partir das reflexões realizadas no decorrer do módulo, percebi que durante todos aqueles anos frente à coordenação do programa, eu não havia conseguido estruturar a consulta de enfermagem junto aos seis enfermeiros das equipes. (CAIXETA (2009, p.11)

Como explicam Alves e colaboradores (2009) a educação em saúde se sobrepuja ao

conceito de promoção da saúde, como uma definição mais ampla de um processo que abarca a

participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana e não apenas das pessoas

sob risco de adoecer. Devido às variáveis culturais, o desenvolvimento da consulta de

enfermagem requer do enfermeiro a compreensão de cada ser, assim como do meio onde este

vive. Tanto maior este conhecimento, maiores chances de a consulta transformar os cuidados

diários em cuidados imprescindíveis e condizentes com a realidade e com as necessidades

individuais. (ROSA et al, 2007).

Neste contexto, a autora explica que a qualidade da interação entre o enfermeiro e a

pessoa com câncer, durante a consulta de enfermagem é fator imprescindível para a eficácia

da sistematização do cuidado de enfermagem. O enfermeiro é a ligação entre o cuidado e o

conforto, assim como o enfermeiro oncologista precisa ser dotado de um “feeling” especial

para com outros e para com si mesmo, com competência na área de Enfermagem em

Oncologia, que cuida de si mesmo e profissionalmente dos outros, que procura despertar em

outros e nele próprio, a capacidade que a pessoa tem para desempenhar os seus papéis além de

desenvolver empatia ao interagir de forma terapêutica (ROSA et al, 2007, p.489).

A consulta de enfermagem ao cliente oncológico pode ser ainda enriquecida sob a

visão de Rosas (2003), para quem é preciso considerar que no processo de prestação de

62

assistência de enfermagem através da consulta de enfermagem, o cliente tem sua cultura,

pertence a um núcleo familiar, a uma comunidade, tem sua opinião própria, desejos, alegrias,

insatisfações, é livre em suas escolhas, e é através da interação entre quem ensina a cuidar e

quem aprende a cuidar com quem aprende a se cuidar que se dá a intersubjetividade,

possibilitando o verdadeiro cuidar humano, independente das patologias de que a pessoa seja

portadora.

Para Santos e colaboradores (2009) em seu estudo sobre a consulta ambulatorial de

enfermagem oncológica no Brasil, afirmam que a consulta de enfermagem é ação assistencial

indispensável numa assistência planejada de saúde. Esta deve ser assegurada pelos serviços de

enfermagem os quais devem, por sua vez, estar estruturados para garantir essa qualidade de

cuidado ao paciente e aos seus familiares, fundamentando-se tanto nos aspectos técnicos da

patologia, como nos princípios da promoção da saúde de sua clientela como um todo.

Nesse sentido, os autores acrescentam que

as necessidades de saúde detectadas durante as consultas de enfermagem podem servir de embasamento para propostas de educação em saúde que devem ser planejadas e executadas nas comunidades. Assim sendo, vislumbram-se os desdobramentos das ações de cuidados que vão além dos domínios de um consultório de enfermagem, e se exteriorizam nos diversos cenários da práxis de nossa disciplina. (SANTOS et al., 2009).

Observa-se a partir dessas reflexões a relevância da consulta de enfermagem dentro do

cenário da prática da assistência de enfermagem oncologia, uma ação assistencial que

possibilitará ao cliente portador de câncer, desfrutar de orientações e acompanhamentos que o

levarão a se situar, sentir amparado e compreendido dentro do sistema do qual faz parte.

A interação do enfermeiro com o cliente seja qual for sua patologia, transmite ao

indivíduo portador de câncer confiança e segurança, possibilitando que este se sinta

importante. Naquele momento, quem está ali é um ser humano antes de tudo, com carências,

limitações e expectativas de qualquer indivíduo. Ele anseia por ser ouvido. Tais momentos de

interação favorecem o entendimento entre enfermeira e cliente que passam a se conhecer,

trocar informações valiosas.

Saraiva (2011) lembra que a participação da enfermeira na consulta de enfermagem,

mesmo levando-se em consideração a urgência da época, era a de um profissional de saúde

qualificado para identificar os fenômenos, pois o limite entre a normalidade e a patologia e entre

63

um comportamento aceitável e inaceitável é por vezes, impreciso, sendo, portanto necessário

decodificar as necessidades do paciente, estar atento para as suas atitudes e para os seus sintomas,

bem como escutar as suas palavras, tendo sempre em conta as suas escolhas pessoais. Portanto, as

intervenções pertinentes e detalhadas, baseadas na escuta e no juízo crítico, tornavam-se

essenciais. (SARAIVA, 2011, p.22)

Depreende-se desta forma, que a partir de cada atividade assistencial consulta de

enfermagem, o cliente caminha para um sentir-se melhor consigo, com o outro, com o mundo,

já que é ouvido, considerado e acima de tudo, respeitado, mesmo que deseje permanecer

apenas em silêncio naquele momento.

2.3 O CATETER VENOSO CENTRAL

2.3.1 Breve histórico do cateter venoso central

A criação da terapia intravenosa teve um desenvolvimento lento, e contou com a

contribuição de médicos, químicos e arquitetos. Iniciou-se com a descoberta da circulação

sanguínea feita por Sir William Harvey, o primeiro a constatar que o coração é tanto um

músculo como uma bomba, descobrindo a circulação sanguínea (1616) o que o levou a partir

daí, a lecionar extensivamente, por toda a Europa, a fim de instruir outros médicos

(PHILLIPS, 2000).

Desta forma, a evolução da terapia intravenosa, assim como da cirurgia vascular se

deu concomitantemente com a evolução da tecnologia. Dentre as descobertas que fizeram

parte dos avanços-chave na terapia intravenosa destacam-se: publicação do trabalho de

anatomia e cirurgia baseado na dissecção por Andreas Vesalius em 1543; publicação de

teorias sobre a circulação, consideradas como precursoras da moderna terapia IV por Willian

Harvey em 1628; a criação da primeira agulha hipodérmica pelo arquiteto Christopher Wren

em 1660; injeção de compostos em humanos, através da agulha de Wren, pelo médico alemão

Johann Majors em 1662, e a primeira transfusão sanguínea de animais para humanos,

realizada em Paris por John Denis em 1667 (PHILLIPS, 2000, p.26).

O século XIX foi marcado por grandes avanços na transfusão, com a primeira

transfusão homem-a-homem, realizada pela primeira vez em 1834, pelo Dr James Blundell

64

em Londres, avanços na infusão com a criação do Anatomic Act em 1831 para regulamentar a

dissecção em humanos e a primeira aplicação prática das observações de Dr..Brooke

Shaughnessy feita pelo Dr.Thomas Latta, o qual utilizou infusões de solução salina para tratar

casos de diarreia incurável por cólera em 1832 (id.ibid.).

Em relação às técnicas cirúrgicas, durante a segunda parte do século XIX, ocorreram

grandes avanços na medicina, como o conhecimento crescente sobre bacteriologia, patologia e

farmacologia, os quais contribuíram sobremaneira para abrir novos caminhos para os

problemas na medicina, como a descoberta de Ignaz Semmelweiss, um obstetra vienense, de

que médicos que transitavam de autópsias para a unidade obstétrica transmitindo substâncias

altamente patogênicas entre os dois locais e a de Louis Pasteur, um químico que

posteriormente demonstrou as bases científicas da teoria de Semmelweiss, provando que

bactérias eram microrganismos vivos (p.27).

Grandes avanços no suporte nutricional ocorreram principalmente em 1834 e 1869.

Em 1834, Claude Bernard, fisiologista francês realizou experimentos injetando solução de

açúcar em cães, prosseguindo pelas duas décadas seguintes, com injeções de clara de ovo e

leite em animais, com certo êxito. Em 1869, Menzel e Perco de Viena, escreveram um artigo

sobre o uso de gordura, leite e cânfora injetados por via subcutânea. Na virada do século, os

medicamentos limitavam-se principalmente a produtos de alcatrão carvão, os quais eram

utilizados para tratar doenças febris e gripais. Dentre esses compostos mais comumente

utilizados citam-se: éter; morfina; digitálicos; toxina de difteria; vacina Smallpox; ferro;

quinina; iodo; álcool; mercúrio (id.ibid).

A partir de 1900, aumentaram-se ainda mais os esforços para acessar o sistema venoso

central, o que se deu concomitante ao desenvolvimento no campo da pesquisa em fisiologia

cardíaca e na provisão de nutrição parenteral. Nesse período, foram realizados artigos

descrevendo a utilização de cateteres dentro da circulação central através das veias cubital e

femoral. Lista-se a seguir, os principais eventos da terapia intravenosa neste século (PINTO;

RODRIGUES, 2001 APUD CURY, 2002, 27-30):

� Werner Forssmann, em 1929, após uma cateterização venosa central bem

sucedida em cadáveres inseriu uma agulha de grande calibre dentro de sua própria fossa

cubital esquerda e progrediu com um cateter ureteral de 4 F para dentro de seu coração.

65

Procedeu a várias idas ao departamento de radiologia para verificar o posicionamento do

cateter.

� Em 1945, foi criado um cateter intravenoso plástico flexível inserido por

dissecção; deu-se no mesmo ano, a descoberta do polietileno, a criação da agulha de

Rochester e realizada a primeira dissecção venosa.

� Em 1949, Duffy realizou uma aproximação utilizando a veia jugular externa.

� Em 1950, a agulha Rochester foi introduzida no mercado, surgindo às

primeiras agulhas com asa.

� Em 1952, Aubaniac (cirurgião militar françês) desenvolveu o primeiro acesso

central para a infusão rápida de fluidos por via infraclavicular em militares. Foi o precursor do

“Intracath”

� Em 1956 Forssmann, Courmand e Richards foram agraciados com o Prêmio

Nobel de Medicina pela contribuição de seus trabalhos no avanço de suas técnicas de acesso

venoso;

� Em 1958 foi introduzido no mercado o Intracath pela Deseret

Pharmaceuticals®; nesse mesmo ano, surgiram os cateteres venosos centrais de Inserção

Periférica (PICC, sigla em inglês- “Peripheral Inserted Central Catheter”), os quais

começaram a ser utilizados em unidades de cuidado intensivo e os cateteres venosos

periféricos e centrais por dissecção venosa.

� Em 1962, Wilson popularizou o cateterismo venoso central nos EUA para

medir a pressão venosa central no pós-operatório e em doentes internados em unidades de

terapia intensiva.

� Em 1963 pesquisadores da Universidade da Pennsylvania conduziram o

primeiro experimento para determinar o suporte nutricional total de longo prazo por via

intravenosa realizado por Stanley Dudrick.

� Brescia idealizou em 1966 um sistema de fístulas AV-subcutâneas, até hoje

utilizadas, pois possuem maior durabilidade e menor risco de complicações.

� Em 1968, Dudrick no Vietnan idealizou o intracath para a injeção de soluções

hipertônicas, o qual foi praticamente abolido com o advento posteriormente dos cateteres de

duplo-lúmen.

� Em 1970 foram publicadas as diretrizes dos Centers for Disease Control

(CDC) para a terapia intravenosa; no mesmo ano surgiram os cateteres venosos centrais semi-

implantados.

66

� Em 1972 foi introduzido o conceito de acesso por cateter implantável; em

1973, Broviac e outros descreveram um grupo de clientes que necessitavam de nutrição

parenteral a longo prazo nos quais as fístulas arteriovenosas não poderiam ser criadas e

desenvolveu o primeiro cateter central tunelizado.

� Em 1979, Hickman e outros modificaram o modelo anterior do cateter semi-

implantável através do aumento do diâmetro interno de uma das vias de 0,22 para 0,32mm. O

diâmetro maior permitia que o cateter pudesse ser utilizado para múltiplos tratamentos

intravenosos (transplante, infusão de hemoderivados, plasmaferese, hiperalimentação

parenteral, quimioterapia, nutrição parenteral prolongada e coletas de amostras sanguíneas).

Dessa forma, o cateter de Hickman se tornou o modelo padrão para o acesso vascular.

� Em 1982, Niederhuber e outros propuseram um sistema de acesso vascular

totalmente implantado para ambas as infusões venosas e arteriais numa população oncológica;

este sistema utilizava um reservatório (port) implantado para injeções em tecido subcutâneo

acoplado a um cateter de silicone. O “port” implantado o qual reduz os cuidados e o

comprometimento com a imagem corporal, proporciona uma alternativa para os clientes em

relação aos cateteres tradicionais externos.

Atualmente, o cateter venoso central (CVC), especialmente o tipo totalmente

implantado (CVCTI) como explicam ANDRADE e colaboradores (2010) é considerado um

sistema intravascular utilizado para hidratação venosa, administração de fármacos,

hemotransfusão e derivados, alimentação parenteral, monitorização hemodinâmica, realização

de outros procedimentos e técnicas, na terapia substitutiva renal, pacing (estimulação

artificial), dentre outros; tornou-se indispensável na prática da medicina moderna, como

ocorre em unidades de terapia intensiva.

Porém, como explicam Rajinikanth, Stephen e Agarwal (2008), esta modalidade de

acesso está sujeita a um grande número de complicações, sendo a infecção a manifestação

sistêmica mais frequente (cutânea e sistêmica), razão pela qual, na manipulação destes

cateteres, o enfermeiro deve desenvolver cuidados de qualidade e levados a cabo de forma

criteriosa, o que é reforçado por MARTINS e CARVALHO (2008), BAIOCCO e SILVA

(2007), HEIBL e colaboradores (2010). Nesse sentido, SILVEIRA e colaboradores (2010)

realizaram estudo com curativos transparentes sobre o óstio de CVC e lembram para clientes

submetidos ao transplante de células-tronco hematopoiéticas os quais são em geral portadores

de cateter semi-implantado de duas vias estão mais sujeitos à infecção.

67

A infecção relacionada ao cateter venoso central continua a ser uma importante

complicação do procedimento de inserção. Embora a patogênese da infecção seja

desconhecida, tem sido assumido há anos que esta se deve à colonização a partir do local de

inserção do cateter e através da superfície externa do dispositivo. (PÉREZ, 2010). MC

PEAKE e colaboradores (2012) com interesse em reduzir as taxas de infecção obtiveram

resultados favoráveis com a implementação de um modelo de pacote de linha central na

prática clínica num hospital de ensino de um grande centro urbano através da intervenção de

ciclos “Planejar-Fazer-Estudar-Agir”, checklists para inserção acrescida de um carrinho

padronizado. Jones (2006) em sua revisão de literatura na qual avaliou pesquisas recentes

sobre as medidas usadas para minimizar a infecção relacionada ao CVC comparando-a com a

melhor prática atual, destacou que infecções em corrente sanguínea relacionadas ao CVC

inflacionam significativamente os custos hospitalares, principalmente através da extensão

aumentada da permanência no hospital, particularmente na unidade de terapia intensiva.

Com o intuito de citar outras situações, estudos de caso, como o de Cowlishaw e

Ballard (2007) menciona que durante o procedimento de implantação de cateteres venosos

centrais se deparam algumas vezes com a necessidade de realizar procedimentos (incluindo a

manobra de Valsalva) para que o cateter possa alcançar a veia cava superior. Incluem-se as

situações dos clientes hematológicos que, embora lhes seja essencial à colocação de um CVC,

estão mais sujeitos às complicações, ou seja, são mais vulneráveis devido à sua doença de

base e à natureza do tratamento que lhes será estabelecido. Tais questões são consideradas no

estudo de Dix e colaboradores (2011).

D´SILVA e colaboradores (2005) mencionam em seu estudo, uma rara complicação

que ocorre com cateteres venosos centrais totalmente implantáveis, a síndrome de Pinch-off

que pode culminar (como no caso em que descrevem) em fratura do dispositivo e sua

migração para a artéria pulmonar. Esta síndrome é caracterizada pela dobra do cateter

geralmente entre a clavícula e a primeira costela.

A fim de obter evidências sobre métodos para redução de complicações ocasionadas

pela colocação de CVC, estudos como a revisão sistemática de MEHTA e colaboradores

(2013) têm sido realizados. Estes autores identificaram um único estudo que abordou a

colocação de dispositivos de acesso venoso central através de ultrassom e mostrou taxas mais

elevadas de sucesso com taxas mais baixas de complicações.

68

2.3.2 O cateter venoso central e sua crescente utilização na área de Onco-

hematologia

Como VIEIRA (2014) explica o câncer é considerada a segunda causa de morte no

Brasil. Seu tratamento requer uma equipe composta por diversos profissionais especializados.

O cliente pode necessitar de cirurgia, radioterapia, quimioterapia e outros procedimentos. A

indicação da quimioterapia, porém, vem sendo cada vez mais individualizada, selecionando

criteriosamente os clientes que necessitam ou não desta modalidade de tratamento. E, apesar

do aumento nas últimas décadas de medicamentos orais para o tratamento oncológico, grande

parte dos pacientes necessitará de quimioterapia administrada por via endovenosa.

Considerando que os quimioterápicos provocam lesão no endotélio vascular, torna-se

necessária a administração dessas drogas através de uma veia de grosso calibre, reduzindo,

dessa forma, seus efeitos deletérios no sistema venoso. Soma-se a isto, o fato de que outros

clientes necessitarão da utilização desses antineoplásicos por longos períodos, daí a

importância de se dispor de um acesso venoso que permaneça por maior tempo, com taxas de

complicações aceitáveis. (VIEIRA, 2014, p.6).

Surge desta forma, o CVC o qual é um dispositivo especial que tem sido indicado

especificamente para acesso de longa duração, conforto do cliente e diminuição de

complicações associadas com terapias múltiplas (PHILLIPS, 2000). Este “foi criado para que

o cliente receba a quimioterapia com muito mais segurança e comodidade sem prejudicar suas

veias” (ALMEIDA; LEITE; WISINTAINER, 2009, p.193). Sua utilização é direcionada para

regimes de tratamento mais prolongados, o que contribui para prejudicar gradativamente as

veias periféricas, tornando-as impróprias para novas punções.

Deve ser levado em conta que, praticamente, toda a quimioterapia é feita através de

um acesso venoso e que normalmente esse acesso é obtido pela punção de uma das veias

periféricas nos membros superiores, e que, dependendo das características da rede venosa do

cliente e do tipo de droga administrada, este poderá sentir, durante a infusão, sintomas tais

como: desconforto, dor, queimação e vermelhidão no trajeto venoso. Tal situação poderá se

agravar se houver um escape da droga de dentro da veia para os tecidos adjacentes, que

acarreta, além dos sintomas já mencionados, destruição tecidual (ALMEIDA; LEITE;

WISINTAINER, 2009; UDINA, 1997).

69

Convém complementar as considerações acima, lembrando que os referidos sintomas

também podem durar ou mesmo se manifestarem tardiamente, prolongando o sofrimento dos

clientes em domicílio.

Quanto aos tipos de CVC, os mais utilizados são: cateteres totalmente implantados

(CVC-TI), cateteres tunelizados (CVC-SI), e cateteres de inserção periférica (CCIP). Os

CVC-TI e CVC-SI (geralmente de dois lumes) são instalados através de cirurgia, em

condições de ser realizada radioscopia para verificação do posicionamento correto da ponta

do cateter na junção da veia cava superior com o átrio direito ou próximo a este (BONASSA,

2006; BRASIL, 2008). O CCIP é inserido através de uma veia periférica e progride até a veia

cava superior (PHILLIPS, 2000). Este, como explicam BAIOCCO e SILVA (2010) têm sido

crescentemente utilizados no ambiente hospitalar, em clientes adultos e internados.

Acrescentem-se aos tipos de cateteres venosos centrais àqueles que são inseridos diretamente

através da veia subclávia ou jugular. (BONASSA, 2012). Estes podem substituir, em geral, os

outros tipos de CVC quando o cliente, após ser internado em caráter de emergência deverá

permanecer hospitalizado por um longo período, aguardando ser submetido à colocação de

um CVC, de acordo com a sua disponibilidade na instituição.

Os cateteres venosos centrais totalmente implantados (CVC-LP-TI) são tubos flexíveis

radiopacos feitos de silicone, poliuretano ou de teflon. Possuem uma câmara de titânio em

uma das extremidades. A parte central dessa câmara é uma membrana de silicone chamada

septo, na qual são realizadas as punções para acesso ao dispositivo. São chamados de

“totalmente implantados” por que não apresentam qualquer parte exteriorizada após sua

instalação. Na literatura internacional, tais cateteres são conhecidos pelo termo “port”

(BONASSA, 2006; BRASIL, 2008).

Cateteres venosos centrais semi-implantados (CVC-LP-SI) são tubos flexíveis

radiopacos, feitos de silicone, poliuretano ou de teflon. São apresentadas de única, dupla e

tripla via, independentes entre si, de comprimentos e calibres variados (BRASIl, 2008, p.574).

Cada um desses principais tipos de cateteres venosos centrais de longa permanência apresenta

critérios para sua indicação, contraindicação, procedimento de instalação, sítios de

implantação, liberação do dispositivo para uso e curativos de pós-operatório, vantagens e

desvantagens (CURY, 2002; BONASSA, 2006; BRASIL, 2008).

70

O uso de cateteres venosos centrais requer, porém, observação criteriosa de cuidados

para evitar complicações que poderão culminar na retirada precoce desses dispositivos, uma

vez que o ideal é que esse dispositivo seja mantido no cliente em bom estado e pleno

funcionamento até o término de seu tratamento, uma vez que os procedimentos para a sua

instalação, manuseio e retirada são considerados invasivos (CURY; FREITAS; COELHO,

2001; OTTO, 2002; INCA, 2005; BONASSA, 2006; BRASIL, 2008).

E, como se trata de clientes oncológicos, a antissepsia das mãos deve ser observada

com maior rigor, pois se está lidando com clientes imunodeprimidos, ou seja, com maior

susceptibilidade a infecções.

A utilização de cateteres venosos centrais também pode ocasionar complicações: estas

podem ser de origem infecciosa, não infecciosa e vascular. Dentre as complicações, a

obstrução é uma das mais frequentes (WOLOSKER; KUZNIEC, 2007; BRASIL, 2008). A

lavagem adequada das mãos, o uso rigoroso de técnica asséptica para o manuseio de cada um

dos tipos de cateteres e procedimentos para a sua manutenção contribui para evitar

complicações de qualquer espécie a esses dispositivos.

Em relação às sérias complicações que podem ser causadas pelo CVC, LEE e

colaboradores (2006) destaca em seu estudo prospectivo em clientes adultos com câncer a

trombose, uma vez que esta leva à morbidade e interrupção do uso do CVC para

quimioterapia, medicamentos intravenosos, e hemoderivados. A revisão de literatura

conduzida por Shivakumar, Anderson e Couban (2009) abrangeu a incidência, patogênese,

apresentação clínica, diagnóstico, tratamento e profilaxia de trombose associada ao cateter em

clientes oncológicos. Estes autores identificaram a necessidade de mais estudos e ensaios

clínicos nessa área para definir e estabelecer o controle ótimo para esses clientes, pois o uso

de CVC nessa população continua a crescer e a tromboprofilaxia realizada através de vários

ensaios clínicos não tem mostrado benefícios e, dessa forma, não é recomendada.

Em hospitais, os implantes de cateteres venosos profundos evoluíram de um

procedimento realizado em um cliente com determinada condição para uma entidade isolada

após a criação de um protocolo gerenciado específico, pois ele possui características e

complicações próprias que podem interferir no resultado final do tratamento médico,

independentemente da evolução da doença que o levou a necessitar desse procedimento.

(SANTOS et al, 2010).

71

Quando da indicação de um cateter venoso central para um cliente, apesar dos riscos,

deve-se ter em mente que: “O cateter quando indicado representa conforto e segurança

durante todo o tratamento” (LEITE; WISINTAINER, 2009, p.193).

Na área de terapia intravascular, encontram-se disponíveis no mercado diversas

alternativas relacionadas aos dispositivos intravasculares, uma vez que, dependendo do

material do qual é composto, eles podem permanecer inseridos nos clientes por períodos

diversos. Para a escolha do dispositivo adequado, as recomendações de boas práticas da

Registered Nurses Association of Ontario consideram os seguintes itens: (BAIOCCO;

DALAMARIA, 2013)

Terapia prescrita; Duração da terapia; Exame físico e histórico do paciente; Sistema de apoio e recursos disponíveis; Disponibilidade dos dispositivos; Preferência do paciente (BAIOCCO; DALAMARIA, 2013, p.37)

As autoras acrescentam que, além dos seis aspectos anteriormente descritos,

recomenda-se que sejam considerados: (BAIOCCO; DALAMARIA, 2013):

Número de lumens; Necessidades de coletas e/ou infusões de hemoderivados; Condições clínicas gerais do paciente; Complicações durante e após a inserção do dispositivo; Mobilidade do paciente; Custos dos dispositivos e disponibilidade na instituição. (BAIOCCO; DALAMARIA, 2013, p.38)

Convém lembrar que o cliente é quem utilizará o dispositivo e, ainda que o enfermeiro

julgue que um determinado tipo de cateter seria o mais adequado para o cliente para o qual

está indicando um CVC, este profissional deverá considerar primeiramente a preferência do

cliente.

2.3.3 A utilização do cateter venoso central no INCA

Em razão da demanda crescente de clientes encaminhados para tratamento na

instituição em tela e que necessitavam de um dispositivo de acesso central, foi criada em 12

de junho de 1990 a “Comissão Interdisciplinar dos Pacientes Portadores de Cateteres Venosos

Centrais de Longa Permanência”, composta por médicos e enfermeiros dos setores do

72

Hospital do Câncer I- (HC-I) INCA envolvidos diretamente com os clientes portadores destes

dispositivos. Como proposta desta Comissão, foi criada em 10 de agosto de 1994, sob a

direção de um enfermeiro, o primeiro “Ambulatório de Cateteres” no Hospital do Câncer –

Unidade I, para atendimento específico e direcionado a todos os clientes portadores de

cateteres venosos centrais de longa permanência (CVC-LP), com o objetivo de assegurar a

qualidade no atendimento, reduzindo as complicações e aumentando com isso o tempo de

permanência dos cateteres (INCA, 2005; BRASIL, 2008).

A partir de 1994 foram criadas nas outras unidades hospitalares do INCA as “Salas de

Cateteres” para o atendimento aos clientes portadores de CVC. Tais setores, seguindo as

mesmas diretrizes técnicas e administrativas adotadas pelo Ambulatório de Cateteres da

unidade I da referida instituição, ampliaram suas atividades desenvolvidas, tornando-se locais

de referência para os clientes e transformando-se em ambulatórios de cateteres. Em 24 de

novembro de 1998 esta comissão passou por um processo de reformulação, passando a ser

constituída de representantes de todas as unidades hospitalares da referida instituição, sendo

reconhecida como uma comissão institucional através da Portaria n.241 de 07 de dezembro de

1998, trocando de nome para “Comissão de Estudo e Controle dos Cateteres Venosos

Centrais do INCA” (CECCVC-INCA) (INCA, 2005, p.5).

Objetivou-se com esta comissão

Estabelecer normas mínimas para execução de todos os procedimentos relacionados aos CVC, tais como: avaliação e padronização do material utilizado, indicação, colocação, manipulação, manutenção, avaliação e tratamento de complicações, retirada dos cateteres, levantamento estatístico, desenvolvimento de indicadores de qualidade, além de treinamento e reciclagem em CVC de pessoal médico e de enfermagem. (INCA, 2005, p.5).

Atualmente, no INCA o CVC é em geral indicado e instalado nas suas cinco unidades.

No Hospital do Câncer - I este dispositivo é utilizado em clientes oriundos do Serviço de

Hematologia, Serviço de Oncologia Clínica, Seção de Pediatria Clínica e Centro de

Transplante de Medula Óssea (CEMO) (CURY, 2002).

Tais dispositivos para acesso venoso central têm sido cada vez mais utilizados na

instituição em clientes portadores de neoplasias malignas para administração de citostáticos,

além de reposição hídrica e eletrolítica prolongada, nutrição parenteral, coleta de amostras

sanguíneas para exames periódicos, transfusão de hemoderivados e medula óssea,

antibioticoterapia e também como via de acesso para a realização de alguns exames de

73

imagem, como tomografias e ressonância magnética. Os resultados dessa utilização são

comprovados pela ótima relação custo-benefício, contribuindo para a segurança do cliente,

proporcionando maior tranquilidade para a equipe de enfermagem, já que o cliente é

submetido a um menor número de punções, através de uma infusão medicamentosa segura e

eficaz (CURY, 2002, INCA, 2005).

O manuseio de cateteres venosos centrais no INCA exige, porém, que os profissionais

tenham capacitação profissional em cateteres venosos centrais. Isto significa que é necessário

que o profissional que realiza qualquer atividade relacionada aos CVC participe de um curso

de capacitação, já que estas atividades demandam conhecimento técnico-científico no trato

específico com cateteres venosos centrais de longa permanência.

O curso para capacitação de enfermeiros para manuseio de CVC deverá ter duração

mínima de 08 (oito) horas em relação à teoria e 12 horas de prática (INCA 2005).

Selecionou-se a seguir, algumas normas regulamentadas pela Comissão de Estudo e

Controle dos Cateteres Venosos Centrais do INCA (INCA, 2005, p.6).

São capacitados para indicar um CVC: Todos os enfermeiros e médicos assistenciais, efetivos ou residentes. Obs: Para a indicação de um determinado tipo de CVC, o profissional deve conhecer as características e o método para indicação de cada tipo de CVC, bem como realizar a avaliação global e apurada das condições do paciente, concluindo ser ele apto e livre de riscos para portar o tipo de cateter determinado. São capacitados para inserir/remover cirurgicamente CVC de Longa Permanência: 1. Médicos cirurgiões capacitados e designados pela instituição para realizar tais

atos; 2. Médicos cirurgiões do Serviço de Cirurgia Pediátrica; 3. Médicos residentes de cirurgia, sob a supervisão de cirurgião responsável para

realizar tais atos; 4. Médicos cirurgiões do Serviço de Emergência quando caracterizada situação

emergencial Obs: As inserções e remoções de CVC de longa permanência são consideradas

pequenas cirurgias e de caráter eletivo, sendo, portanto, pré-agendadas. São capacitados para inserir Cateter Central de Inserção Periférica:

1. Enfermeiros que atendam o determinado na Resolução COFEN 258/2000 e ao Protocolo para Inserção e Manuseio de CCIP do HC-1/INCA;

2. Enfermeiros com treinamento teórico-prático em inserção e manuseio de CCIP sob supervisão e responsabilidade de um Enfermeiro Qualificado em CCIP, lembrando que o respectivo certificado e o título de qualificação em inserção e manuseio de CCIP deverão ser obtidos através de curso de qualificação em CCIP fornecido por entidade de classe e que seja, preferencialmente,

74

reconhecido e endossado pela Associação Brasileira de Especialistas em Enfermagem.

3. Enfermeiros e médicos residentes sob a supervisão de um Enfermeiro Qualificado em CCIP.

Obs: A inserção de um CCIP nunca será considerada como procedimento de emergência, situações para as quais existem CVC de média e curta duração. São capacitados para manusear CVC de Longa Permanência: 1. Enfermeiros capacitados em manuseio de CVC pela instituição; 2. Enfermeiros residentes (R2) capacitados em manuseio de CVC por enfermeiros

dos ambulatórios de cateteres; 3. Enfermeiros residentes (R1) sob supervisão de enfermeiro efetivo ou R2 da

unidade em que se encontra lotado. 4. Médicos cirurgiões responsáveis pela colocação dos cateteres quando

solicitados a avaliar problema com o CVC; 5. Médicos residentes em treinamento nos ambulatórios de cateteres, sob

supervisão dos enfermeiros do referido setor;

Com relação à implantação de cateteres venosos centrais de inserção periférica

(CCIP), deve ser enfatizado que toda a técnica de implantação deste cateter é de

responsabilidade do enfermeiro qualificado para tal procedimento (BRASIL, 2008, p.584).

Atualmente, o pedido para os Raios X de controle da extremidade distal do mesmo está sendo

feito pelo médico ou residente institucional através de nossa solicitação para tal.

Além do rigor estabelecido para a instalação e manuseio de cateteres venosos centrais,

o INCA, através de suas unidades realiza para cada paciente portador do dispositivo,

agendamentos prévios para sua manutenção (mesmo que os cateteres não estejam em uso) a

fim de acompanhar, prevenir e identificar quaisquer complicações com os dispositivos que

possam surgir. Normalmente, para cateteres venosos centrais totalmente implantados, a

manutenção é realizada mensalmente, e para os outros dois tipos de dispositivos, o cateter

venoso central tunelizado de uma ou duas vias e o cateter venoso central de inserção

periférica, o acompanhamento é semanal (INCA 2005; BRASIL, 2008).

75

CAPÍTULO 3. REFERENCIAL TEÓRICO - A FENOMENOLOGIA

COMPREENSIVA DE ALFRED SCHÜTZ

Este capítulo traz um panorama da visão fenomenológico-sociológica de Alfred

Schutz, que se mostrou adequada como referencial teórico para este estudo que é pautado na

subjetividade de enfermeiras que realizam ações educativas na ação intencional consulta de

enfermagem a clientes oncológicos para os quais é indicado o uso de um CVC.

76

3.1 A VISÃO FENOMENOLÓGICO-SOCIOLÓGICA DE ALFRED SCHUTZ COMO

REFERENCIAL PARA ESTE ESTUDO

Para Streubert e Carpenter (2002) a fenomenologia é considerada um modo de pensar

ou de perceber propriamente um método, já que sua meta é descrever as experiências vividas.

Nascida de uma reflexão acerca da crise das ciências e surgindo como um novo método de

conhecimento positivo, a fenomenologia conheceu rapidamente um vivo sucesso junto aos

filósofos ou pesquisadores que se haviam agrupado em torno de Husserl. Fartos da estreiteza

das perspectivas do positivismo, desconfiados das sistematizações metafísicas, almejavam

aplicar o novo método a todos os domínios da alçada das “ciências do espírito”.

(DARTIGUES, 2013, p.31).

A fenomenologia, por si só, é um ramo da filosofia, e se deve, pela sua origem, ao

trabalho de Husserl e aos últimos escritores, como exemplo, Heidegger, Sartre, Merleau-

Ponty, que levaram suas ideias para o existencialismo. O objetivo da fenomenologia, como

proposto por Husserl, é estudar os fenômenos humanos sem considerar questões de suas

causas, sua realidade objetiva, ou mesmo suas aparências. O objetivo é estudar como os

fenômenos humanos são experienciados na consciência, nos atos cognitivos e perceptuais,

tanto quanto como eles podem ser valorizados ou apreciados e esteticamente. A

fenomenologia busca compreender como as pessoas constroem o significado e um conceito-

chave é a intersubjetividade. (WILSON, 2002).

Neste estudo, no qual se propõe descrever as experiências vividas dos enfermeiros, o

referencial fenomenológico mostrou-se apropriado para o percurso teórico-metodológico. O

trabalho foi voltado para a intersubjetividade das experiências dos enfermeiros no

desenvolvimento de ações educativas durante a Atividade Assistencial Consulta de

Enfermagem a clientes para os quais foi indicado o uso de um CVC.

A fenomenologia também se mostra adequada a este estudo, uma vez que é

relacionada à realidade cognitiva a qual está incorporada nos processos das experiências

subjetivas humanas. (WAGNER, 1970).

A escolha pelo referencial de Alfred Schutz para este estudo está relacionada à questão

da compreensão dos significados das ações educativas de enfermeiros durante a atividade

assistencial Consulta de Enfermagem ao cliente com indicação para uso de cateter venoso

77

central para tratamento oncológico. Trata-se de profissionais que, apesar de compartilharem

da mesma dimensão espaço-temporal onde interagem mutuamente, realiza individualmente

ações educativas nas quais seu ato intencional se dirige para o âmbito social. Para subsidiar a

compreensão dos pensamentos de Schütz, cabe destacar nesse estudo, um panorama da

trajetória deste pensador. O que vem a seguir:

Alfred Schütz nasceu em Viena em 13 de abril de 1899 e descendia de uma família de

judeus austríacos de classe média alta; recebeu uma educação primorosa e ao concluir o

colégio clássico em 1916, alistou-se no exército austríaco, pelo qual travou lutas na artilharia,

e retornou do front poucos dias antes do término da I Guerra Mundial. Iniciou seus estudos na

Universidade de Viena, onde teve aulas com Hans Kelsen e se formou em Direito Financeiro

em 1921, vindo a frequentar o Seminário de Economia dirigido por Ludwig von Mises. A

partir de 1920 trabalhou exercendo funções de elevada gerência e direção financeira de

bancos vienenses, vindo a se transferir, com a anexação da Áustria pelos nazistas no poder da

Alemanha, para Paris em 1938, e para Nova York em 1939, até alcançar a aposentadoria em

1956. (EUFRÁSIO; OLIVEIRA FILHO, 2007, p.147-8),

Durante duas décadas, como Edmond Husserl dizia a respeito dele, brincando: “um

homem de negócios durante o dia e um filósofo da corrente fenomenológica à noite”, ao que o

próprio Schütz respondia que era “melhor homem de negócios por ser filósofo e melhor

filósofo por ser homem de negócios”. Em 1926 casou-se com Ilse Heim Schütz, com quem

teve dois filhos: Evelyn, em 1933 e George, em 1938. A atenção de Schütz foi direcionada

para os escritos metodológicos de Max Weber, que apesar de ter lecionado apenas entre abril

e julho de 1918 em Viena, deixou uma forte e duradoura influência entre os intelectuais. A

partir de 1920, seu chamado postulado sociológico da interpretação subjetiva do significado, a

compreensão do significado subjetivo que uma ação social tem para o ator, passou a se

constituir numa preocupação constante de Schütz, que acreditava ser possível desenvolver

seus fundamentos filosóficos ou metodológicos. (EUFRÁSIO; OLIVEIRA FILHO, 2007,

p.147-8).

Max Weber (1864-1920) dedicou-se, em grande parte na sociologia, à exposição do

método especial que defendia, chamado o método da compreensão (vertehen) assim como à

discussão das transformações da manutenção da objetividade e da neutralidade dos

julgamentos de valor na ciência social. Entretanto, apresentou uma definição geral da

sociologia a qual se referiu como: “A sociologia é uma ciência que procura a compreensão

78

interpretativa da ação social, a fim de chegar a uma explicação causal de seu curso e suas

consequências.” (INKELS, 1967, p.19).

Schütz não encontrou entre os neokantianos nem na obra de Henri Bergson um

caminho para abordar o problema até deparar com a ideia de uma fenomenologia de atitude

natural na obra de Husserl que o conduziu ao seu primeiro livro, em Viena, intitulado Der

Sinnhafte Aufbau der Sozialen Welt (A Estrutura Significativa do Mundo Social), em 1932.

Nos Estados Unidos, onde deu prosseguimento à sua pesquisa, passou a fazer parte da

comissão de redação de Philosophy and Phenomenological Research e a partir de 1941 a

lecionar na New School for Social Research de Nova York. Enquanto preparava mais três

livros e a organização de dois dos primeiros volumes de seus Artigos Reunidos (Collected

Papers), Alfred Schutz veio a falecer em 1959, vítima de complicações cardíacas.

(EUFRÁSIO; OLIVEIRA FILHO, 2007, p.147-8).

Durante sua vida, Schütz foi influenciado fortemente pelas ideias de Edmund Husserl

e Max Weber. “Husserl acreditava que a filosofia deveria tornar-se uma ciência rigorosa que

resgataria o contacto com as preocupações humanas mais profundas e que a fenomenologia

deveria tornar-se o fundamento da filosofia e da ciência” (STREUBERT; CARPENTER,

2002, p.52). Em relação a Max Weber, Alfred Schütz buscou se apropriar dos fundamentos de

uma sociologia compreensiva. Para este, a sociologia deveria se preocupar com os

significados subjetivos da ação humana, pois a objetividade das ciências sociais é possível

pela construção e verificação dos tipos ideais (WAGNER, 1979). Assim, o tipo ideal não

equivale a uma média aritmética dos fenômenos sociais, mas deve emergir do material

histórico concreto, comportando em si significados intencionais da ação humana (WAGNER,

1979).

A ideia principal de Alfred Schutz foi a de fundamentar filosoficamente as ciências

sociais, procurando saber o que significa a sociologia nela mesma. Seu primeiro trabalho foi,

então, o de confrontar a fenomenologia com a sociologia de Weber, para quem, à luz da teoria

dos tipos ideais fundamentara o seu projeto de uma sociologia compreensiva. (CAPALBO,

1979; WAGNER, 1979). Preocupou-se em encontrar uma razão para a estrutura essencial da

vida diária através de um exame de suas numerosas tipificações (SCHÜTZ, 1972).

Os conceitos de Schütz podem ser mais facilmente compreendidos através da

interpretação fornecida por Wagner (2012) o qual descreve que, para o fenomenólogo, nós

79

vivemos num mundo cotidiano onde nossas expressões mostram um mundo intersubjetivo.

Nesse mundo, vivemos eu e meu semelhante. Trata-se de um mundo que já existia antes de

mim e continuará a existir depois de mim. Desta forma, é um mundo de todos nós, onde nos

relacionamos e nos comunicamos de forma direta com nossos semelhantes e também de

forma indireta, com nossos antecessores, ou sucessores.

As ações educativas transmitidas pelos enfermeiros que atuam nesta instituição federal

referência em oncologia, cenário do estudo, embora sejam realizadas com vistas à colocação

de um CVC para tratamento no cliente oncológico, são únicas, pois são determinadas pela

situação biográfica de cada enfermeiro, e de acordo com as experiências vivenciadas por estes

no decorrer de suas vidas até aquele momento. Como explica Schütz (1972):

Minha situação biográfica define a maneira na qual localizo a arena de ação, interpreto suas possibilidades, e engajo em seus desafios. Mesmo a determinação de que o indivíduo pode modificar ou não modificar é afetada pela sua situação única. A experiência fundada de uma vida, o que um fenomenólogo chamaria a estrutura “ sedimentada” da experiência do indivíduo, é a condição para a interpretação subseqüente de todos os novos eventos e atividades. (SCHÜTZ, 1972, p.28).

As enfermeiras que indicam o uso de um CVC para o cliente oncológico e que

realizam ações que antes de serem ações educativas são ações sociais nas consultas de

enfermagem de primeira vez e subsequentes, estas o fazem de acordo com o significado

subjetivo que as direcionam, seja para o presente, passado ou futuro. Mesmo que sigam um

roteiro proposto e padronizado pela instituição para orientar suas ações projetam em tais

ações, a bagagem de conhecimentos e experiências de acordo com a posição que ocupam no

meio em que vivem, além de contarem com seus próprios interesses que as motivam, as

impulsionam e as direcionam.

Ação social é a conduta entre duas ou mais pessoas. É uma ação projetada pelo ator de maneira consciente, e o conceito “ação” sendo definido como um comportamento no qual é atrelado a um significado subjetivo. Uma ação social é, portanto, uma ação à qual é orientada em direção ao passado, presente, ou futuro de outra pessoa ou pessoas. (SCHÜTZ, 1972, p.21).

Busquei compreender porque essas enfermeiras são impulsionadas pelo que Schutz

denomina motivos para e motivos porque, uma vez que suas particularidades fazem com que

o momento em que estão realizando ações educativas na consulta de enfermagem seja

diferente do de outra enfermeira.

Schütz explica que os motivos para estão voltados para o fim, o qual a ação é empreendida, e do ponto de vista do ator esta classe de motivos se refere ao seu

80

futuro. Contra a classe de motivos a fim de, nós temos que distinguir outro o qual nós sugerimos chamar o motivo porque. Do ponto de vista do ator, o motivo porque se refere às suas experiências passadas. (SCHÜTZ, 1972, p.69)

Ao me apropriar das ideias de Schutz, fui percebendo com mais clareza o que o autor

denomina relação face a face.

Dentre meus contemporâneos encontram-se alguns com quem compartilho, enquanto a relação dura, não somente uma comunidade de tempo, mas também de espaço. Nós devemos, em consideração à conveniência terminológica, chamar tais “ consociados” e a relação prevalecente entre eles uma “ relação face-a-face”, compreendendo este termo para além do sentido utilizado por Cooley e seus sucessores; nós designamos para isto somente um aspecto puramente formal da relação social igualmente aplicável a uma íntima conversa entre amigos e a copresença de estrangeiros num carro de estrada. (SCHUTZ, 1962, p.16).

As concepções acima subsidiam a compreensão de que embora enfermeiros do

ambulatório de cateteres de adultos, do setor de quimioterapia, e de outros setores (como

enfermarias de Oncologia e Hematologia) dividam o mesmo espaço e tempo, estabeleçam um

intercâmbio social e identifiquem à necessidade de instalação de um CVC no cliente

oncológico, as ações educativas de cada um desses profissionais têm peculiaridades

específicas, de cada setor onde atuam.

Mas, mesmo que se expressem de forma diferente em relação a mostrar para o cliente

oncológico a importância do uso de um cateter venoso central naquele momento, essas

enfermeiras ao se encontrarem, podem estabelecer uma compreensão mútua, uma relação

verdadeira em que seus interesses devam convergir para o interesse do cliente, ou seja,

proporcionar a este cliente o melhor. Mas, para isto é preciso que este enfermeiro preste

atenção no seu próximo, a fim de estabelecer com ele um envolvimento. É o que Schütz

(1976, p.24) diz: “A fim de tomar consciência de tal situação, eu devo prestar atenção ao

próximo, para que um ser humano possa me confrontar em pessoa. A orientação do Tu

pressupõe a presença do próximo em urgência temporal e espacial”

Dessa forma, compreendemos o porquê da necessidade dessa interação genuína entre

enfermeiras (os) de outros setores, como ocorre em relação aos enfermeiros do setor de

quimioterapia e os do setor do ambulatório de cateteres de adultos. É preciso entender que o

outro enfermeiro tem experiências diferentes das minhas, mas que podemos nos interagir

mutuamente, estabelecendo com ele uma troca. Pois, “contrário a isso, transformamos o outro

em anônimo” (SCHÜTZ, 1974, p.21)

81

Trazendo os conceitos de Schütz (WAGNER, 1979) para a realidade social de um

enfermeiro, pode-se compreender que esta é apreendida pela tipificação dos fatos do mundo

social no qual este enfermeiro está inserido, independente de sua formação profissional ou

pessoal, sua trajetória será pautada pelos seus motivos e interpretação da realidade social de

acordo com sua situação biográfica.

Embora a realidade do senso-comum forme a matriz para toda ação social, cada indivíduo localiza a si mesmo na vida diária de maneira particular, à luz do que Dr Schütz chamou sua “situação biográfica”. Ser nascido no mundo significa antes de tudo ser nascido de pais que são únicos para nós, ter surgido de adultos que constituem os elementos direcionadores de nosso segmento de experiência. (SCHÜTZ, 1962, p.XXVII).

Compreende-se, desta forma, que a tipologia representa os traços típicos de um

fenômeno social, o que possibilita sua compreensão, pois evidencia a originalidade,

especificidade e tipicidade do fenômeno. Na verdade, as ações desses enfermeiros são

impulsionadas (os) pelos seus motivos, destacando-se, porém, que cada unidade dessa ação é

apenas uma parte que o pesquisador obtém da totalidade do contexto social. Como descrevem

Popim e Boemer (2005),

A tipologia sintetiza os traços típicos de um fenômeno social, tornando possível sua inteligibilidade. O seu procedimento consiste em colocar em evidência o que há de original, específico e típico no fenômeno. A meta do pesquisador social consiste em descobrir os motivos que estão impulsionando a ação humana e, ainda assim, cada unidade de ação humana é só um corte que o observador extrai do contexto social total. (POPIM; BOEMER, 2005, p.680).

Cabe destacar neste momento definições de conceitos empregados por Schütz e que

poderão servir para dar suporte a este estudo. Tais conceitos foram obtidos através da obra de

Capalbo (1979) e Wagner (2012). Posteriormente, buscou-se ler com mais profundidade os

constructos contidos nos três volumes dos “Collected Papers de Alfred Schütz” na etapa que

corresponde à análise dos achados.

Em relação à Subjetividade é preciso entender que a noção de “subjetivo” significa a

ação de relação incluindo a consciência do ator. Não se trata de algo que tenha a ver com a

introspecção psicológica (CAPALBO, 1979, p.20). Para Schütz, o mundo em que vivemos é

intersubjetivo desde o início, uma vez que nossas ações exercidas neste são

fundamentalmente sociais, colocando-nos numa relação um com o outro. (CAPALBO, 1979,

p.45). No sentido imediato, o termo subjetividade se refere exclusivamente aos motivos,

experiências, cogitações, dentre outros, de um indivíduo concreto.

82

De forma estrita, o significado subjetivo inerente à conduta é sempre o significado que

a pessoa que age atribui à sua própria conduta: ele consiste em seus motivos, ou ainda, suas

razões para agir e seus objetivos, seus planos de curto e longo prazo, sua definição da situação

e das outras pessoas, sua concepção sobre seu próprio papel em determinada situação, dentre

outros. (WAGNER, 2012, p.350).

Só podemos conhecer os motivos que levam um indivíduo a uma determinada conduta

se nós perguntarmos diretamente a este quais foram suas razões. Da mesma forma, ocorreu

em relação a este estudo, entre enfermeiros oncologistas que desenvolvem ações educativas

na ação assistencial consulta de enfermagem para clientes oncológicos com indicação para

uso de um CVC. Alguns clientes compreendem e aceitam (algumas vezes, inclusive

prontamente) serem submetidos à colocação de um CVC, enquanto que outros resistem e se

resignam às consequências de um tratamento com infusão de drogas vesicantes e irritantes

sem um CVC. Assim, para que fosse possível conhecer o significado que cada um destes

atribuía à sua conduta diante de um cliente oncológico que necessitava de um CVC para

tratamento, e cujos resultados mostraram uma diversidade de resultados obtidos,

compreendeu-se que o significado que o enfermeiro atribuiria à sua conduta ao desenvolver

ações educativas na consulta de enfermagem só poderia ser obtido se dirigíssemos tal

pergunta a este.

O ponto de vista genuinamente subjetivo deve ser distinguido do ponto de vista

subjetivo dos observadores sociológicos que afirmam que os significados subjetivos são

fatores cruciais em todas as relações de interação que estão sob estudo. Ao lidar com estas,

eles utilizam quadros referenciais específicos, isto é, conjuntos de conceitos objetivos que se

referem à subjetividade da conduta humana. De forma metodológica, tais conceitos não

diferem daqueles de um ponto de vista objetivo. (WAGNER, 2012, p.350).

A diferença está relacionada ao conteúdo e ao procedimento mediante o qual se obtém

a informação sociológica. O próprio indivíduo observado é a única fonte de informação

subjetiva. Ao aplicar um quadro referencial objetivo que considera o ponto de vista subjetivo,

chega-se à análise sociológica da informação subjetiva que foi coletada e que leva à

interpretação subjetiva do fenômeno social. (WAGNER, 2012, p. 351).

Nesta relação, o nível mais fundamental dá-se quando da situação face a face, pois é aí

que reside a intersubjetividade em toda sua densidade e onde o outro aparece em sua unidade

83

e em sua totalidade. (CAPALBO, 1979 apud ROSAS, 2003). Porém, como toda comunicação

pressupõe ações exteriorizadas, pode-se concluir que a intersubjetividade só ocorre na esfera

da vida prática. E é nesta que ocorre a redução, ou ainda, a suspensão da dúvida que poderia

haver em relação ao mundo exterior desta esfera prática. (CAPALBO, 1979, p.45).

O conceito de intersubjetividade é descrito como uma categoria que, geralmente, se

refere ao que é comum (em especial, cognitivamente) a vários indivíduos. Na vida cotidiana,

uma pessoa toma como evidente a existência de desejos e emoções. Ela raciocina e age com

base no pressuposto de que estas outras pessoas são basicamente como ela, investidas de

consciência e vontade, desejos e emoções. O conjunto de experiências acumuladas por

alguém no decorrer de sua vida confirma e reforça a convicção de que, em princípio e sob

condições normais, pessoas em contato “compreenderão” umas às outras ao menos na medida

em que são capazes de lidar umas com as outras de forma bem-sucedida. (WAGNER, 2012,

p.346-7).

O autor lembra ainda que os fenomenólogos foram os que colocaram o problema da

intersubjetividade. Em relação à psicologia fenomenológica, tal problema pode ser

subdividido em duas questões: (1) Como o “outro eu” constituído em minha mente como um

eu com basicamente as mesmas características (eidéticas) que possui o meu próprio eu?) (2)

Como é possível a experiência de uma interação bem-sucedida com o outro eu, ou: como é

constituída a experiência da minha “compreensão” do outro, e sua “compreensão” de mim?

(WAGNER, 2012, p.347).

A ação na visão de Schütz pode ser clara ou estar encoberta, mas nunca está isolada ou

divorciada do mundo. Esta tem por horizonte o mundo. O horizonte, neste caso, é do tipo

“familiar” ao agente (CAPALBO, 1979, p.19). Schütz tornou possível o confronto da

filosofia com a sociologia como um todo, e buscou, a partir da sociologia da ação e

compreensão de Max Weber, um método para compreensão da vida social, o conjunto de

ações sociais no qual são estabelecidas relações mútuas, de forma criteriosa.

(CHRIZOSTIMO et al, 2009, p.25).

Chrizostimo e colaboradores (2009) em seu estudo tornam esclarecedor o conceito de

singularidade na concepção de Schütz ao destacarem que

84

A fenomenologia sociológica, fundamentada no vivenciar a experiência, valoriza a vivência que é única, pois, só o sujeito da ação pode dizer o que pretende sentir na relação com a mesma. (CHRIZOSTIMO et al., 2009, p.25).

A apropriação de alguns dos principais conceitos de Schütz, trazidos neste momento

para o estudo que ora se inicia, poderá ser oportuna, pois estas concepções fazem parte do

universo desses sujeitos, enfermeiros que numa intersubjetividade contínua realizam ações

sociais, porém com singularidade, pois somente elas/eles poderão dizer o que pretendem

quando realizam tais ações para o cliente oncológico que tem indicação para uso de cateter

venoso central ou que já faz uso do dispositivo.

85

CAPÍTULO 4 A TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

Este capítulo enfoca os aspectos técnicos do estudo, de que forma este foi realizado,

quais foram os sujeitos envolvidos, o cenário do estudo, a técnica empregada, como foram

feitas as entrevistas.

4.1 ASPECTOS TÉCNICOS DA PESQUISA

4.1.1 Tipo de Pesquisa

O presente estudo é de caráter descritivo-exploratório, com abordagem qualitativa dos

dados. A pesquisa qualitativa justifica-se na intenção de compreender o significado das ações

educativas atribuído pelo Enfermeiro através da Consulta de Enfermagem para os clientes

oncológicos com indicação para uso de um CVC.

Como explica Oliveira (2007, p.37) são várias as interpretações que têm sido dadas à

expressão pesquisa qualitativa e atualmente se dá preferência à expressão abordagem

qualitativa, para a qual, entre os mais diversos significados, trata-se de um processo de

reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e técnicas para compreensão

detalhada do objeto de estudo em seu contexto histórico e/ou segundo sua estruturação.

A autora lembra que a abordagem qualitativa requer clareza quanto à necessidade de

se adentrar em estudos que permitam diagnosticar em profundidade a realidade a ser

pesquisada. (OLIVEIRA, 2007). Neste estudo, de acordo com o objeto a ser pesquisado,

partiu-se do entendimento de Santos (2009), para quem, a enfermagem por ser uma atividade

caracterizada pela interação entre pessoas se constitui em uma ação social, e que cada ser

humano tem a sua história de vida que representa sua bagagem de conhecimento disponível, o

que faz com que tenhamos nossa própria forma de ver o mundo, mundo este que nos é dado

independente da nossa vontade.

Tal fato gera uma atitude, uma postura nossa enquanto seres humanos diante da vida, a

qual Schutz define como atitude natural. Esta atitude está na dependência de como as coisas

nos afetam, de como percebemos o mundo da vida. (SCHUTZ, 1979). E, em se tratando de

enfermeiros que realizam a consulta de enfermagem abordando os primeiros conceitos sobre a

86

utilização de um cateter venoso central com um cliente oncológico, é possível, através da

biografia de sua história, mostrar claramente suas experiências e o conhecimento adquirido ao

longo da vida, conhecimentos que estes dispõem e que são naturalmente diferentes dos outros

profissionais, pois cada um tem uma história.

Tive a oportunidade de assistir e tomar conhecimento de algumas ações educativas na

consulta de enfermagem realizadas por alguns enfermeiros ao observar que cada um destes

tem particularidades em suas falas e atitudes que os diferem das de outros enfermeiros,

embora estejam voltados para o mesmo tema, e o mesmo interesse, que é o de, em princípio,

mostrar ao cliente oncológico a necessidade de lhe ser instalado um CVC para tratamento.

Desta forma, considerando-se o fato de que a temática a ser investigada é caracterizada

pela subjetividade e objetividade e voltada para as experiências imersas no mundo da vida, ou

ainda, numa realidade social desses enfermeiros, sujeitos da pesquisa, vislumbramos que as

concepções de Alfred Schutz com sua Fenomenologia Sociológica se mostravam adequadas

às nossas inquietações acerca da pesquisa em questão e do “significado das ações educativas

atribuídas pelo enfermeiro através da Consulta de Enfermagem para os clientes oncológicos

com indicação e uso de um CVC.”.

4.1.2 Participantes da pesquisa

Como critérios de inclusão considerou-se que os participantes da pesquisa deveriam

ser enfermeiros do ambulatório de cateteres, do setor de quimioterapia e da enfermaria do

setor de onco-hematologia da unidade I e enfermeiros do setor de quimioterapia da unidade

III do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva que desenvolvem a prática

de sugerir (indicar) o uso de um cateter venoso central para um paciente que se submeterá à

quimioterapia e que voluntariamente, aceitassem o convite para participar desta pesquisa.

Como forma de caracterizar os sujeitos e possibilitar que houvesse compreensão do caráter

biográfico de sua história utilizou-se o roteiro com perguntas não estruturadas (APÊNDICE

D).

Como critério de exclusão, foram considerados enfermeiros que não exercessem a

prática de lidar com um CVC direcionado ao paciente oncológico em seu setor e os que,

87

estivessem ausentes por motivos de licenças, férias, ou por qualquer outro motivo indicado

pelo mesmo.

4.1.3 Cenário da pesquisa

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), cenário do

estudo é um órgão do Ministério da Saúde, vinculado à Secretaria de Atenção à Saúde,

auxiliar no desenvolvimento e coordenação de ações integradas para a prevenção e controle

do câncer no Brasil O estudo foi realizado nos setores do ambulatório de cateteres de adultos

e de quimioterapia (principalmente este último), locais onde os enfermeiros têm o primeiro

contato com clientes que irão se submeter à quimioterapia. Trata-se de setores do Hospital do

Câncer I e Hospital do Câncer III do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da

Silva4, uma Instituição Pública Federal especializada em Oncologia. Esta se destaca pelo seu

papel nacional no desenvolvimento de ações nacionais estratégicas de estruturação e

implementação da política de prevenção e o controle do câncer, e que inclui, especialmente,

seu compromisso na disseminação de informações que contribuam com o estabelecimento de

prioridades para a saúde pública. (INCA, 2014).

4.1.4 A realização das entrevistas

A coleta de dados necessária para o desenvolvimento da pesquisa ocorreu entre

fevereiro a maio de 2014, através da aplicação de uma entrevista não estruturada, (Apêndice

D) com perguntas realizadas com os enfermeiros do ambulatório de cateteres e da

quimioterapia e da enfermaria de onco-hematologia da unidade I e de enfermeiros da

quimioterapia da unidade III da Instituição de referência em tela, em horário previamente

combinado com o participante da pesquisa. Convém mencionar que os enfermeiros que atuam

no setor de quimioterapia de adultos do Hospital do Câncer I-INCA também são escalados

quando necessário para o setor de quimioterapia infantil da referida instituição. As entrevistas,

cujos passos são descritos no próximo parágrafo, foram gravadas e transcritas.

4 Disponível em: http://www.inca.gov.br

88

O estudo foi submetido ao comitê de ética da instituição em tela para o

desenvolvimento da pesquisa, e sua devida aprovação. Ainda que, como pesquisadora deste

estudo eu conheça os cenários onde seria desenvolvido o estudo, foi realizada a ambiência nas

duas unidades referidas, nas quais a pesquisadora pôde estabelecer o rapport com os

profissionais que poderiam se tornar sujeitos do estudo.

4.1.4.1 Entrevista

Conforme mencionado acima, a entrevista foi de modalidade fenomenológica, que

conforme explica Carvalho (1991) é baseada na compreensão e não na explicação, ou melhor,

busca-se um conhecimento universal e verdadeiro sobre o entrevistado. Este método foi usado

para o estudo pelas suas características sociológicas. Observou-se que esta possibilitou ao

entrevistado responder livremente, sem interferência do entrevistador durante o processo.

Esta modalidade de entrevista é conforme concebe Rosas (2003), desprovida de modelos,

projetos, alternativas e valores últimos que possibilitam um saber “sobre” o cliente, mas não um

saber “do” cliente. Foi utilizada para a referida pesquisa, as seguintes perguntas não

estruturadas:

- Fale como você desenvolve ações educativas na consulta de enfermagem para o

cliente que tem indicação para uso do cateter venoso central em seu tratamento?

-O que você tem em vista quando realiza ações educativas para o cliente que tem

indicação para uso do cateter venoso central em seu tratamento?

4.1.5 Organização e categorização dos achados

Esta etapa foi realizada com base na trajetória metodológica citada por Tocantins

(1993) e Rodrigues (1996), seguida por Rosas (2003), Araújo (2007; 2012), Santos (2009),

Saraiva (2011) e Messias (2013) e compreendeu:

- Apreensão das falas, para descrever o tipo vivido dos sujeitos;

89

- Transcrição imediata das entrevistas, excluindo os erros de português, visando

preservar a subjetividade da relação face a face- pesquisador-sujeito do estudo;

- Leitura atentiva e minuciosa, para que seja possível transformar o que se mostrou

subjetivo em objetivo, com a finalidade de agrupar em categorias as significações

encontradas;

- Adotar letras para expressar as significações e para manter o anonimato;

- A intencionalidade do tipo concreto do vivido dos sujeitos, através dos motivos-para e

motivos-por que.

4.1.6 Análise dos achados

A análise compreensiva do típico das ações educativas dos participantes do estudo foi

realizada através da convergência das informações da categoria dos motivos para dos

participantes do estudo. A partir da categorização dos motivos para, foi feito a sua

contextualização, possibilitando identificar os motivos porque. Essas descrições foram

submetidas à análise fenomenológica em conformidade com o referencial da fenomenologia

social de Alfred Schütz.

Os passos da análise foram seguidos com o propósito de manter o rigor da reflexão do

pesquisador de “voltar às coisas mesmas”, isto é, à fala originária das experiências vividas dos

participantes em relação ao fenômeno do estudo. (CAMATTA, 2010).

4.1.7 Postulado de Adequação do Referencial da Fenomenologia Social de Alfred

Shütz

Após essa etapa, procedeu-se à validação dos achados, através dos passos que

constituem o Postulado de Adequação do referencial da fenomenologia social de Alfred

Schütz (SCHÜTZ, 1995) o qual propõe que a descrição final do típico da ação deva ser

inteligível tanto para o ator da ação, quanto para seus semelhantes, em relação às

interpretações de sentido comum da vida diária. O atendimento a esse postulado garante a

compatibilidade entre a descrição do típico da ação operada pelo pesquisador social e as

experiências de sentido comum dos sujeitos da realidade social. (SCHÜTZ, 1995).

90

4.1.8 Aspectos éticos da pesquisa

O estudo foi norteado pelas Diretrizes e Normas da Resolução nº. 466/2012 (BRASIL,

2012) do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde (CNS/MS) a fim de cumprir as

determinações contidas nos aspectos éticos para o desenvolvimento de pesquisa com seres

humanos. A pesquisa foi encaminhada à Plataforma Brasil e ao Comitê de Ética em Pesquisa

com Seres Humanos do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), e

da Instituição proponente, a Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ. Através do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, o qual foi confeccionado de acordo com o padrão do

INCA, foi garantida a autorização consciente para uso das informações obtidas e a

participação espontânea, bem como, a garantia da autonomia do sujeito que participou da

pesquisa para que dela pudesse, caso o desejasse, desistir em qualquer momento do processo.

A autora desta pesquisa comprometeu-se eticamente a garantir a confiabilidade das

informações, a privacidade do sujeito, o sigilo das informações e o anonimato.

O estudo foi aprovado no Comitê de Ética da Escola de Enfermagem Anna Nery da

Universidade Federal do Rio de Janeiro em 10/12/2013, número 490.911 e CAAE número

22386813.3.0000.5238 (ANEXO A). Em seguida, deu-se a aprovação deste na Plataforma

Brasil em 12/12/2013 e no Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer

(CEP-INCA) em 15/01/2014 sob o protocolo 164/13 e CAAE número 2286813.3.3001.5274

(ANEXO B). Após o qual, deu-se início à etapa de campo, para a qual foram definidos quais

seriam os participantes deste estudo, observando-se os critérios de inclusão e exclusão.

Aproximei-me dos enfermeiros individual e informalmente, dirigindo-lhes o convite

para participar do estudo, respeitando sua decisão. Uma vez que recebia o aceite, entregava-

lhes o Termo de Consentimento o qual continha todos os elementos esclarecedores do estudo,

nos moldes do CEP-INCA. A população estudada compreendeu enfermeiros que trabalham

no setor de quimioterapia da Unidade 1 do INCA (HC1-INCA) e da Unidade 3 (HC3-INCA).

Antes de realizar a entrevista aberta que constava de duas perguntas “Fale como você

desenvolve ações educativas na consulta de enfermagem para o cliente que tem indicação para

uso do cateter venoso central em seu tratamento” e “O que você tem em vista quando realiza

ações educativas para o cliente que tem indicação para uso do cateter venoso central em seu

91

tratamento”? e preenchimento de um pequeno formulário pelos participantes relacionado à

sua situação biográfica, foi feito um prévio agendamento.

92

CAPÍTULO 5 DESVELANDO O TÍPICO DA AÇÃO DOS ENFERMEI ROS

QUE INDICAM UM CATETER VENOSO CENTRAL PARA O CLIENT E

ONCOLÓGICO

A partir das falas dos quarenta e um enfermeiros as quais transcorreram através de

agendamento prévio devido à intensa movimentação no atendimento aos clientes, procedeu-se

à análise compreensiva do presente estudo. Estes participantes foram vinte e oito do Hospital

do Câncer I-INCA e treze do Hospital do Câncer III-INCA, no momento em que foram

entrevistados. Para identificar a unidade onde estavam lotados, foi construído o quadro a

seguir com as letras PE que significa: Participante Enfermeiro (PE) seguido de um número

escolhido pela pesquisadora para cada um destes.

93

Quadro11. Local de atuação dos enfermeiros no INCA

Participantes do estudo Unidade do INCA Setor

PE-1 HC1 QT-A

PE-2 HC1 QT-A

PE-3 HC1 QT-A

PE-4 HC1 QT-A

PE-5 HC1 QT-A/A.C.A

PE-6 HC1 QT-A

PE-7 HC1 QT-A

PE-8 HC1 QT-A

PE-9 HC1 QT-A

PE-10 HC1 QT-A

PE-11 HC1 QT-A/QT-P

PE-12 HC1 QT-A/QT-P

PE-13 HC1 QT-A/QT-P

PE-14 HC1 QT-A

PE-15 HC1 QT-A

PE-16 HC1 QT-A/QT-P

PE-17 HC1 QT-A

PE-18 HC1 QT-A

PE-19 HC1 QT-A/QT-P

PE-20 HC1 QT-A

PE-21 HC1 EOH

PE-22 HC1 EOH

PE-23 HC1 EOH

PE-24 HC1 EOH

PE-25 HC1 EOH

PE-26 HC1 EOH

PE-27 HC1 QT-A/QT-P

PE-28 HC1 QT-A/QT-P

PE-29 HC3 QT

PE-30 HC3 QT

PE-31 HC3 QT

94

PE-32 HC3 QT

PE-33 HC3 QT

PE-34 HC3 QT

PE-35 HC3 QT

PE-36 HC3 QT

PE-37 HC3 QT

PE-38 HC3 QT

PE-39 HC3 QT

PE-40 HC3 QT

PE-41 HC1 EOH

Os participantes do presente estudo são profissionais eminentemente compromissados

com o trabalho que exercem. Embora o câncer ainda seja considerado uma doença que

desencadeia comportamentos específicos, e algo a ser escondido por vir acompanhado de

muitos estigmas, como a inevitabilidade da morte e as explicações equivocadas acerca de suas

etiologias, como explicam Veit e Carvalho (2008), esses enfermeiros cuidam e se preocupam

com os clientes oncológicos ainda que a cura esteja distante deles.

Observa-se nas atitudes desses profissionais com os clientes, dentre outros aspectos, a

sua preocupação com o mal-estar e dor que os clientes estejam sentindo, ou ainda, que possam

vir a sentir. Uma vez que a dor limita consideravelmente o estilo de vida do cliente que se

depara com muitas perdas como a da normalidade e expectativa do futuro, o que pode

contribuir para a progressão de sua doença, como descrevem Santos, Lattaro e Almeida

(2011), os referidos enfermeiros empreendem esforços com o objetivo de alcançar o controle

da dor do indivíduo, ainda que por uma parcela de tempo. “E, quando se aborda a palavra

“dor” incluem-se outros tipos de dor como” a dor da alma” como se referem alguns

participantes desta tese em relação à descrição que alguns clientes fazem da dor que sentem.

Estes profissionais se empenham em oferecer os melhores recursos que estejam

disponíveis na instituição para possibilitar que esses clientes tenham chances de atingir o

controle da doença. Dos quarenta e um participantes, trinta realizaram o Curso de Graduação

em Enfermagem na cidade do Rio de Janeiro. Trinta e cinco enfermeiros realizaram curso de

pós-graduação relacionado à área de Oncologia. Possuem entre sete e trinta e cinco anos de

graduados. Para situar os dados biográficos desses enfermeiros, construiu-se o seguinte

quadro abaixo:

95

Quadro 12: Situação biográfica dos participantes do estudo

Participantes

Local do Curso de

graduação

Ano de início e término

Cursos após a graduação

em enfermagem

Ano de inicio e término

Tempo que realiza a consulta

de enfermagem

Tempo que lida

com cateter venoso central

PE-1 UNIRIO 1989-1993 Especialização em Oncologia

1997-1998 16 anos 16 anos

PE-2 Universidade Salgado de Oliveira

2003-2007 Enfermagem Oncológica

2007-2008 Desde 2007 Desde 2007

PE-3 EEAN/UFRJ 1985/1993 Enfermagem no Controle do Câncer

2001/2001 07 anos 07 anos

PE-4 Universidade Gama Filho

1991/1995 Residência em Enfermagem Oncológica -INCA

1996/1998 15 anos 15 anos

PE-5 Universidade Gama Filho

1985-1989 Pós-graduação em Oncologia Administração Hospitalar

1991-1992

2005-2006 Desde 1990. Desde 1990.

PE-6 UNIRIO 1992-1995 Residência em Enfermagem-INCA

1995-1997 Desde 1995 Desde 1995

PE-7 Faculdade de Enfermagem - UERJ

1994-1997 (2.semestre)

Residência em Enfermagem Oncológica – INCA Mestrado

1998-2000

2001-2003

Há 16 anos Há 16 anos

PE-8 Universidade de Petrópolis

2004-2008

Residência em Enfermagem (UNIRIO Especialização em estomaterapia

2008-2010

2009-2010

Há 03 anos Há 03 anos

PE-0

UNESPAR (Universidade do Estado do Paraná)

1997-2001

Pós-graduação em Saúde da Família (UFG) Especialização em Enfermagem em Oncologia

2003

2007

Há 08 anos Há 08 anos

PE-10 EEAN/UFRJ 2003/2007 Há 03 anos Há 03 anos

PE-11 EEAN/UFRJ 1992/1996 Residência em Enfermagem Oncológica- INCA

1996-1998 Desde o ano

2000 Desde o ano

2000

PE-12

Faculdade de Enfermagem Luisa de Marillac

1991-1994

Metodologia do Ensino Residência em Enfermagem Oncológica- INCA

1995 Há 16 anos Há 16 anos

PE-13 EEAN/UFRJ 2000-2004 Residência em Enfermagem Oncológica - INCA

2005-2007 Há 09 anos Há 09 anos

PE-14

FMTM (Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro)

2000-2003 Especialização em Enfermagem em Oncologia

2004-2006 Há 3 anos Há 3 anos

PE-15 Faculdade de Enfermagem - UERJ

2001-2005 Residência em Oncologia MBA em CCIH

2006-2008 2009

Desde 2006 Desde 2006

PE-16 Universidade Federal

1993-1997 Residência em Oncologia Acupuntura

1998-2000

Há 03 anos Há 03 anos

96

Fluminense Pós em Neonatologia 2007-200 2010-2011

PE-17 UNIRIO 1999-2003 Residência em Enfermagem Oncológica - INCA

2004-2006 Há 10 anos Há 10 anos

PE-18

Universidade Servino Sombra - Vassouras

2004 a 2008 Especialização em Enfermagem em Oncologia

2008 a 2009 Há 6 anos Há 6 anos

PE-19 UNIRIO 1979-1984 Residência em Enfermagem Oncológica - INCA

1989-2001 Desde 2001 Desde 2001

PE-20 UNESA 2003-2007

Residência em Clínica Médica e Cirúrgica (UNIRIO Enfermagem Neonatal (UERJ)

2008-2010

2011

Há 1 (um) ano e seis

meses

Há 1 (um) ano e seis

meses

PE-21 UNIRIO 2000 (2º sem.-2005)

Residência em Hemoterapia e Hematologia (UNIRIO

2005-2007 De 2007 até a presente data

Há sete anos

PE-22 UFF 1997-2002

Enfermagem em Métodos Dialíticos Enfermagem em Oncologia

2003-2004

2010-2011 Há 08 anos Há 08 anos

PE-23 Faculdade JK (Brasília-DF)

2000-2004 Faculdade JK Brasília - DF

2005-2006 Há 09 anos Há 09 anos

PE-24 EEAN/UFRJ 2002 (2º sem)-2006

Residência de Enfermagem Oncológica (INCA)

2007-2009 Há 07 anos Há 07 anos

PE-25 USP 2004-2007

Pós em auditoria em Saúde e Residência em Enfermagem Oncológica - INCA

2008-2010 Há 06 anos Há 06 anos

PE-26 UNIRIO 1989-1993 Especialização em Enfermagem em Oncologia

2011 Desde 1993 Desde 1993

PE-27 UFF 1987-1991 Residência em Enferm. Oncológica (INCA)

1995-1997 Há 20 anos Há 20 anos

PE-28 UFF 1982-1985

Habilitação Médico-Cirúrgica Pneumologia Sanitária da ENSP Especialização em Enfermagem Oncológica

1986-1987

1994

2005

Desde 2003 Desde 2003

PE-29 UERJ 2º sem.1998 a 2º sem.2002

Residência em Clínica Cirúrgica Terapia Intensiva (UERJ) Saúde do Trabalhador – UGF Especialização em Enfermagem em Oncologia

2003-2005

2006

2008

Há cerca de 03 anos e 8

meses

Há cerca de 03 anos e 8

meses

PE-30 UNIRIO 1996-2000 Residência em Enfermagem Oncológica (INCA)

2000-2002 Há cinco anos Há cinco

anos

PE-31 UFF 1990-1994 Especialização em Oncologia Clínica

2004 Desde o ano

2000. Desde o ano

2000.

PE-32 UERJ 1º sem.1994-2º 1997

Residência em Enfermagem Oncológica – INCA

1998-2000

Há 03 anos. Há 03 anos.

97

Mestrado Em curso

PE-33 UFF 2000-2004

Residência em Enfermagem Oncológica (INCA) Mestrado

2005-2007

2012 em andamento

Há 03 anos. Há 03 anos.

PE-34 UERJ 1993-1997 Residência em Enfermagem Oncológica (INCA)

1999-2001 Há 12 anos Há 12 anos

PE-35 UERJ 1992-1996 Especialização em Oncologia Clínica (UVA)

2011-2013 Há mais de 10

anos Há mais de

10 anos

PE-36 Faculdade Luiza de Marillac

1996-1999 Residência em Enfermagem Oncológica (INCA)

2000-2002 Há 03 anos. Há 03 anos.

PE-37

Faculdade de Enfermagem Sagrado Coração Bauru - SP

1976-1979

Enfermagem do Trabalho Especialização em Enfermagem em Oncologia Administração Hospitalar (PUC)

1979

1982

2005

Desde 1999 14 anos

PE-38 EEAN/UFRJ 1986-1990 Residência em Enferm. Oncológica (INCA)

1991-1993 Há 03 anos Há 03 anos

PE-39 EEAN/UFRJ 1992-1996

Residência em Enferm. Oncológica (INCA) Auditoria de Sistemas de Saúde

1996-1998

2006-2008

Há 03 anos Há 03 anos

PE-40 Universidade Gama Filho

2º sem.1983-1987

Administração Hospitalar (CEPUERJ)

1992 Desde 1987 Desde 1987

PE-41 UNIRIO 2003-2007

Especialização em Clínica Médica na UERJ Especialização em Oncologia (UVA) Residência

2008-2010 2010-2011

Desde 2009

Desde 2009

A referida trajetória metodológica percorrida neste estudo esquematizada na Figura 1,

permitiu que fossem captadas as convergências de características usuais nos relatos de

enfermeiros que desenvolvem ações educativas na consulta de enfermagem voltadas para

clientes com indicação para uso de um cateter venoso central para tratamento.

98

Figura 1. Fluxograma da trajetória metodológica citada por Tocantins (1993) e

Rodrigues (1996), seguida por Rosas (2003), Araújo (2007; 2012), Santos (2009), Saraiva

(2011), Messias (2013).

A partir destas etapas, foi possível apreender as categorias concretas do vivido, o que

me levou ao significado subjetivo da ação desses enfermeiros, ou seja, ao significado que

esses enfermeiros dão às ações educativas que realizam na consulta de enfermagem ao cliente

com indicação para uso de cateter venoso central para tratamento.

Esses enfermeiros participam do processo de indicação do cateter venoso central para

o cliente oncológico porque este dispositivo permite que o cliente inicie ou dê continuidade ao

tratamento quando se torna desaconselhável a punção de veia periférica. Esses profissionais

têm conhecimento de que o câncer demanda tratamento, e, mesmo que se diga que inexiste a

Apreensão das falas, para descrever o tipo concreto do vivido dos participantes

Transcrição imediata das entrevistas, excluindo os erros de português, visando preservar a subjetividade da relação face a face- pesquisador-sujeito do estudo

Leitura atenta e minuciosa, para que seja possível transformar o que se mostrou subjetivo em objetivo,

com a finalidade de agrupar em categorias as significações encontradas

Adotar um código numérico para expressar as significações e para manter o anonimato

A intencionalidade do tipo concreto do vivido dos sujeitos, através dos motivos-para e motivos-por quê

99

cura, quanto mais cedo o cliente é tratado, maiores são as chances de êxito nos resultados do

tratamento.

As seguintes categorias concretas do vivido emergidas foram: Promover segurança

tanto para o cliente quanto para o profissional; desmistificar o uso do cateter venoso central

para o cliente e obter a colaboração do cliente para o uso do cateter venoso central.

5.1 CATEGORIAS APREENDIDAS

♣ Categoria 1: Promover conforto e segurança tanto para o cliente quanto para o

profissional

O enfermeiro ao realizar a ação assistencial consulta de enfermagem ao cliente com

indicação para uso do cateter venoso central para tratamento projeta desenvolver ações

educativas que possam possibilitar a segurança que o paciente poderá adquirir durante o seu

tratamento, evitando que complicações possam vir a ocorrer.

Nos relatos de quatro enfermeiros, a seguir, observa-se sua preocupação em assegurar

um tratamento livre de riscos a esses clientes face à utilização iminente de drogas com

características vesicante e irritante.

Então...o que a gente visa é prevenir complicações para o paciente ou promover a possibilidade de um tratamento mais seguro e eficaz...

PE-1

(...) no paciente, para a colocação do cateter o que a gente foca muito são... as medicações a serem utilizadas...o risco de extravasamento...e...uma forma mais segura de ser administrada...

PE-2

(...) a segurança, principalmente nas medicações e a vantagem da gente poder colher um sangue, fazer um soro... todas essas vantagens que a gente não tem essa margem de segurança quando a pessoa tem um acesso venoso muito debilitado...

PE-3 É... sobre o cateter. E eu acho legal a gente indicar, porque dá conforto ao paciente...é isso...

PE-37

100

Os enfermeiros diante do tratamento a ser iniciado com drogas vesicantes e/ou

irritantes antecipam a necessidade de utilização de um cateter venoso central para o cliente

com vistas a poupá-lo futuramente de complicações com sua rede venosa periférica.

De acordo com Schütz (1962, p. XXXVIII) toda projeção consiste na antecipação de

uma futura conduta através da imaginação. Ao imaginar, eu visualizo antecipadamente a ação

que estou projetando como se esta já tivesse sido realizada, concluída.

Alguns enfermeiros relataram que a segurança que o cateter representa para o cliente

também se estende à segurança que o profissional necessita para administrar drogas

antineoplásicas, especialmente as que são vesicantes e irritantes. Eles sabem que a infusão de

um quimioterápico com essas características através de veia periférica tem riscos potenciais

para extravasamento, o qual, quando instalado, além de causar intensa dor, pode produzir

importante lesão local e mesmo à distância.

Dessa forma, diante do tratamento proposto para o cliente, pensam na segurança e

tranquilidade que ele, por sua vez, também necessita como profissional ao administrar uma

droga vesicante ou irritante.

(...) a segurança da administração das drogas... A última questão é... realmente, uma questão de segurança, não é?

PE-27

(...) eu espero segurança na administração do tratamento. Eu espero buscar, para mim que estou administrando, segurança no atendimento, no cuidado, e tranquilidade para o paciente.

PE-9

(...) é uma segurança para ele e para a gente... não é? Então, eu sempre tenho em mente falar isso... por questão de segurança (...)

PE-16 (...) eu acho que o principal ponto seria a segurança do paciente e a nossa segurança...em relação às administrações de quimioterápicos no nosso caso aqui...ou de repente com o prolongamento desse tratamento, danificar a rede venosa, uma coisa que a gente deve preservar também...para o futuro do paciente também eu acho que é uma segurança (...)

PE-23

(...) o cateter dá... segurança ao profissional, não é? É isso...segurança ao paciente...e...tem muito paciente que na hora fica com medo de fazer e depois...da consulta... Fica feliz, porque...não vai ser puncionado, entendeu?

PE-37

101

(...) o que a gente tem em mente... é o melhor para o paciente... não é? Para que ele tenha um acesso seguro, para que eu possa administrar as medicações, os quimioterápicos... As transfusões... Um acesso seguro, que ele não tenha o risco de perder com tanta facilidade... porque o cateter você não perde assim com tanta facilidade...mas, na verdade, a gente pensa principalmente em segurança...entendeu, principalmente para administrar quimioterapia que num acesso periférico que normalmente é muito ruim, principalmente porque esses pacientes vêm muito debilitados, vêm de outros hospitais, de outras internações...então, a gente precisa na verdade de segurança...para administração de medicamentos, sejam eles quimioterápicos, ou até mesmo antibióticos, reposições, enfim, transfusões... Porque esses pacientes normalmente transfundem muito, e a gente precisa de segurança para administração dessas medicações... PE-22 É... que eu faça um tratamento seguro para esse paciente, isso é que é minha intenção principal...

PE-5

O relato a seguir, mostra a segurança que o profissional sente em relação ao uso do

cateter. Aborda a segurança através das vantagens que o dispositivo pode oferecer ao cliente e

à equipe (inclui-se como parte da mesma que administra os antineoplásicos e que se estende

às futuras etapas pelas quais o cliente passará:.

O meu foco neste caso é somente as vantagens ... as que podem ser alcançadas...o cliente, para a colocação do cateter a gente foca muito é...as medicações para serem utilizadas...o risco de extravasamento...o que a medicação prejudica em si o acesso venoso do cliente...é...dentro disso a gente foca as vantagens, bem como toda a sequência de seu tratamento...e...uma forma mais segura de ser administrada...

PE-2

Pode-se refletir, nessa situação em que o enfermeiro menciona as vantagens, questão

da intersubjetividade concebida por Schütz (1975, p.XXII) a qual denota em primeiro lugar o

caráter do mundo da vida como um mundo público. Implica, ainda, a possibilidade de

sintonização em minha compreensão das coisas e eventos, meu planejamento e ação, com

aqueles de meus semelhantes. Ou seja, as vantagens que o enfermeiro cita não se limitam a

este, e sim aos demais que forem administrar as medicações nesse cliente.

Para estes profissionais o cateter representa um acesso seguro de drogas

antineoplásicas para o cliente, o qual se estenderá por todas as fases pelas quais este

eventualmente passar. Esse enfermeiro sabe que além dele, outros colegas que futuramente

102

lidarem com o cliente necessitarão de segurança para administrar os medicamentos.

Acrescente-se a questão de que dependendo da resposta do cliente ao tratamento, outra (s)

linha (s) de tratamento poderá (ão) ser indicada.

Porém, para que o cliente possa compreender o que o enfermeiro o explica acerca da

segurança que o uso do dispositivo trará para o cliente e os enfermeiros que administrarão as

drogas, é preciso persistir em seus argumentos a fim de mostrar a esse cliente as vantagens do

cateter. É o que explica PE-4 no seguinte relato...

(...) falando o porquê da implantação do cateter, explicando ao paciente porque ele teve essa indicação, que ele possa entender, e até aceitar...tem gente que não aceita, então a gente às vezes precisa quase convencer o paciente, então eu preciso argumentar com ele explicando a respeito da importância da indicação da implantação do cateter e daí...eu tento, por exemplo, se eu tiver um paciente próximo...eu procuro até mostrar ao paciente o cateter que ele (o outro paciente) está usando... para ele ter uma ideia melhor de como fica depois que ficar implantado...o cateter... para ele ter uma ideia visual...do que é... se eu tiver acesso a um dispositivo, a um cateter... eu pego esse dispositivo, eu mostro ao paciente... entrego para ele, para ele ver...visualizar..., pegar nas mãos e entender o que é...e...eu acho que isso principalmente...a gente explica o porquê do cateter e não da veia (...).

Nesse contexto, compreende-se a perspectiva de Schütz (1975, p.XXVI) quando este

explica que “obviamente, meu projeto não pode ter o mesmo significado, em potencial, para o

que meu semelhante tem para mim”.

Alguns enfermeiros, ao identificarem determinadas condições de clientes oncológicos

que sinalizam a necessidade futura de um acesso venoso seguro e confiável projetam no

tempo presente, a ação de indicar precocemente um cateter venoso central para o tratamento

desses clientes.

(...) já sinalizo para a equipe médica... as condições...essa criança...esse adulto pode...não pode ciclar por veia periférica...requer um cateter...ou no futuro...ou...a gente pode começar nesse momento, mas no futuro...não vai dar mais...ele é um paciente...é um candidato a utilizar um cateter...entendeu? Ou... Se ele já tem um prognóstico que não é tão bom, e provavelmente, não vai ficar na primeira linha de tratamento... já é um paciente que você sabe que lá na frente...não é somente a quimioterapia...você sabe que a quimioterapia vai provocar...outras comorbidades que irão desencadear internações frequentes...coletas de sangue frequentes...

PE-11

103

Para este profissional o cateter representa um acesso seguro de drogas antineoplásicas

para o paciente e, que, mesmo que a paciente entre em controle da doença, esta poderá

reincidir, garantindo, assim, uma via de acesso confiável. Desta forma, eventualmente, um

novo tratamento poderia ser iniciado sem demora.

Schütz (1962, p.XXXIX) afirma que à medida que projeto minha ação no tempo

presente, estou consciente de meus motivos-para, na verdade são esses motivos que

estimulam minha ação.

Verifica-se no depoimento abaixo a utilização pelo enfermeiro da expressão “a gente“

referindo-se ao pensamento, à visão do grupo, e, embora para cada enfermeiro deste grupo as

ações educativas possam ter algumas nuances, estes profissionais se aliam em torno das

vantagens do uso do cateter para o tratamento de alguns clientes.

(...) a gente vai orientando o paciente um pouquinho a cada dia para que ele não fique assustado com o dispositivo... porque a primeira coisa que todo mundo tem medo é de ganhar uma infecção e fazer uma cirurgia, então a gente explica que o procedimento é simples... de uma forma geral, ele vai e volta no mesmo dia... se ele estiver indo de alta ele pode ir, colocar o cateter e voltar para casa, não exige internação hospitalar...e a gente vai apresentando o dispositivo dia a dia para eles...

PE-21

Essa enfermeira está ao que nos parece, integrada ao pensamento formado pela equipe

em relação ao processo de indicação para o uso de um cateter venoso central pelo cliente.

Neste sentido, tais atitudes podem ser consideradas dentro do que Schütz (1962, p.11)

denomina de “reciprocidade de perspectivas”, uma vez que, embora saiba que o “mesmo”5

objeto, no caso deste estudo “ as ações educativas” possa significar algo diferente para mim e

para qualquer um de meus colegas, o significado do pensamento do senso-comum supera as

diferenças nas perspectivas individuais.

Os dois enfermeiros, ao relatar que têm em mente a segurança e tranquilidade que a

utilização de um cateter venoso central proporcionaria aos clientes, explicam que visam

poupar esses clientes do desconforto que a infusão de drogas vesicantes e irritantes por veia

periférica lhes poderiam causar, daí a necessidade de manter o dispositivo em adequadas

condições a fim de evitar que uma eventual retirada precoce do mesmo por complicações

viesse a comprometer o curso do tratamento. O que poderia contribuir para o aumento do

sofrimento do cliente. 5 Grifo do autor.

104

A gente leva em consideração a segurança, não é, como no caso das drogas vesicantes, das drogas irritantes... a gente não quer que o paciente já passando por um processo de um tratamento quimioterápico sofra também com o extravasamento de uma droga vesicante...

PE-18 (...) que ele compreenda que o uso do cateter, a meu ver, tem muito mais benefícios do que malefícios, porque vai ser uma ajuda grande no tratamento dele para que ele não interrompa esse tratamento.

PE-13

Verifica-se na fala desses enfermeiros a preocupação com relação ao sofrimento pelo

qual o paciente oncológico pode passar devido aos efeitos que alguns protocolos

quimioterápicos, quando administrados através de veias periféricas podem causar.

Pode-se atribuir essa compreensão diferenciada ao que Alfred Schütz atribui à situação

biográfica do sujeito. (SCHÜTZ, 1962). O referido autor apresenta a situação biográfica tendo

como aspecto principal o fato de que em qualquer momento de sua vida o indivíduo tem um

“estoque de conhecimento à mão”5Tal estoque é constituído de tipificações do mundo do

senso-comum. Cada um de nós aceita este mundo não somente como existente, porém

existente antes de nosso nascimento, não somente como habitado por outros homens, como

interpretado por estes de formas típicas, não somente como tendo um futuro, mas como tendo

um futuro que só está na melhor das hipóteses determinado. (SCHÜTZ, 1962, p.XXVIII).

Destaca-se a seguir, alguns trechos das falas de quatro enfermeiros os quais mostram o

seu interesse pelo bem-estar do cliente que irá se submeter à quimioterapia antineoplásica.

(... ) o que a gente tem em mente... é o melhor para o paciente...não é? Para que ele tenha um acesso seguro, para que eu possa administrar as medicações, os quimioterápicos... as transfusões... um acesso seguro, que ele não tenha o risco de perder com tanta facilidade...porque o cateter você não perde assim com tanta facilidade...mas, na verdade, a gente pensa principalmente em segurança...entendeu, principalmente para administrar quimioterapia que num acesso periférico que normalmente é muito ruim, principalmente porque esses pacientes vêm muito debilitados, vêm de outros hospitais, de outras internações...então, a gente precisa na verdade de segurança...para administração de medicamentos, sejam eles quimioterápicos, ou até mesmo antibióticos, reposições, enfim, transfusões...porque esses pacientes normalmente transfundem muito, e a gente precisa de segurança para administração dessas medicações....

PE-22

5 Grifo do autor

105

(...) o que é mais importante que eu vou transmitir para ele... a segurança... de que ele está se submetendo a um procedimento que vai ser benefício... para o seu próprio tratamento (...)

PE-34 Fazer com que ele passe o tratamento, já que ele tem uma via segura...de infusão, não só de quimioterápicos, mas...outros remédios, hidratações...em algum momento, enfim, que ele tiver que ficar internado...

PE-35

Eu espero que essa consulta vá trazer para ele conforto, vá trazer para ele segurança (...)

PE-40

Percebe-se nestes relatos que esses profissionais visam minimizar o desconforto

causado pelo tratamento. Estes mostram interesse em que o cliente não sofra além do que vai

passar com as demandas exigidas pelo tratamento.

Trata-se de um interesse genuíno pelo outro. É a situação face-a-face e sua “pura”6

relação do nós como explica Schütz (1964):

Eu experimento um companheiro diretamente, se e quando ele compartilha comigo um setor comum de tempo e espaço. A partilha de um setor comum de tempo implica uma verdadeira simultaneidade de nossas duas correntes de consciência; meu companheiro e eu envelhecemos juntos. (SCHÜTZ, 1964, p.23).

Os enfermeiros, apesar de possuírem habilidade e capacidade técnica para puncionar

uma rede venosa precária, visam poupar futuramente esse cliente das dificuldades que este

poderá se deparar no futuro, ou com relação ao tratamento com a perspectiva da continuidade

da administração de drogas vesicantes e irritantes, ou com uma rede venosa periférica que

embora no presente ainda possa oferecer condições para punção, sabem que em longo prazo,

esgotar-se-ão tais possibilidades, o que poderia levar ao aumento do sofrimento do cliente.

Este, que, muitas vezes, já possui uma patologia em estágio avançado, poderia, em

decorrência do agravo de sua doença, vir a sofrer em demasia com as dificuldades de punção

pela equipe.

Esse profissional também almeja segurança para si próprio ao administrar um

quimioterápico vesicante e/ou irritante ao cliente, pois tem consciência de que é do

profissional que administra a medicação a responsabilidade maior para com o cliente. Torna-

se mais tranquilo para este, saber que durante um ciclo curto ou longo na unidade de

6 Grifo do autor.

106

quimioterapia ou em domicílio, este cliente, salvo em situações extraordinárias, está sendo

submetido de forma segura ao tratamento que lhe foi estabelecido.

A tranquilidade que o enfermeiro sente durante o tratamento ao que o cliente está

sendo submetido com a presença do cateter poderá contribuir para que haja menor desgaste

emocional para este durante sua permanência no trabalho. Ou seja, tal tranquilidade poderá

contribuir para melhorar a qualidade de vida desse profissional, poupando-o de doenças

relacionadas ao estresse do trabalho.

Para conceber o que significa um tratamento endovenoso com drogas vesicantes e/ou

irritantes sem a presença de um CVC, basta imaginar um enfermeiro numa unidade de

quimioterapia ou outra área afim, com sua atenção voltada para o cliente durante todo o

período em que este ali se encontra, com o propósito de evitar uma eventual reação

subcutânea ou, o mais grave, um sinal de extravasamento, o qual poderia comprometer o

restante do tratamento.

♣ Categoria 2: Desmistificar o uso de um cateter venoso central para o cliente

Os enfermeiros revelaram a necessidade de desmistificar a associação que o cliente faz

do uso de um cateter venoso central com alguma infecção e até mesmo a morte para o cliente

a fim de minimizar o seu medo em colocar o dispositivo e utilizá-lo. Esses clientes, segundo

alguns enfermeiros se mostram temerosos ao serem informados de que necessitarão da

colocação de um dispositivo ou para iniciar ou dar prosseguimento ao seu tratamento.

Algumas vezes estes dependem da colocação premente do cateter venoso central para

iniciarem o protocolo estabelecido para o seu caso.

Nos relatos abaixo, verifica-se o que expressa quatro enfermeiros que têm em mente

proporcionar segurança, no sentido de tranquilidade a esses clientes, de que o cateter não é um

“ bicho de sete cabeças”, uma vez que tais concepções errôneas impedem esses clientes de

conhecerem efetivamente os benefícios do uso do cateter venoso central quando indicado.

(...) desmistificar algum pensamento errado que eles tenham em relação ao uso do cateter...

PE-8

Quando eu oriento e converso com o paciente, o meu objetivo principal é este... um pouco de segurança e tranquilidade para o paciente...

PE-4

107

é...passar uma visão com o tratamento com a colocação do cateter...

PE-5

Os acompanhantes falam muita coisa que não é verdade... o cateter... morre-se de infecção, quem tem o cateter vive internado com febre...tem muita lenda na cabeça dos pacientes que a gente tenta desmistificar...

PE-7

Pode-se compreender pelas falas acima, o que Schütz (1964, p.253) explica com

relação ao depoimento de Sonia, que manifestou preocupação semelhante às demais colegas

acerca da necessidade de desmistificar algum pensamento equivocado que o cliente possua

em relação ao cateter venoso central: “O elemento mais importante na definição da situação

privada é, entretanto, o fato de que o indivíduo se encontra sempre como membro de

numerosos grupos sociais”.

Nos relatos que se seguem, observa-se a preocupação que os quatro enfermeiros têm

com relação a explicar aos clientes que o uso do cateter no caso destas lhes trará

compensações, evitando o trauma de inúmeras punções. PE-30 vai mais além quando

manifesta sua opinião de que “o ideal é que todas tivessem o cateter, mas infelizmente isso é

impossível”.

(...) deixar claro que o ideal é que todas tivessem o cateter, mas infelizmente isso não é possível... porque é para conforto, segurança...e que ela também não terá uma previsão, caso não seja de sua vontade, de retirar esse cateter...porque algumas acham que vão colocar, e acabou o tratamento, vão retirar...porque o objetivo não é esse...ela ficar com esse cateter até...porque ela vai fazer posteriormente, de dois em dois meses...uma manutenção, aí eu explico o porque dessa manutenção, até para que a gente possa ver como esse cateter está, acompanhar...para que ela fique segura...

PE-29

(...) e que vai poupar a questão de veia... e que tudo ela poderá fazer por ali...

PE-30

Assim...toda a questão que eu comecei a comentar sobre a diminuição das punções...não é? às vezes, o paciente...o protocolo vai ser longo para a infusão...demorado, então a gente orienta... O que eu tenho em vista é isso... é explicar, orientar, tirar as dúvidas...demonstrar para ela... é explicar, demonstrar... quem é que pode mexer...é tudo isso... orientar tudo em relação ao cateter... para que ela saia da consulta, ciente do que ela vai colocar...de que não vai ficar nada

108

exposto, de que será um grande aliado no tratamento dela...e possa usar ele corretamente, assim...

PE-5

A gente espera...que aquele cateter seja um auxílio a mais para o tratamento...

PE-12

Nota-se que os quatro enfermeiros se exprimem de forma singular em relação ao que

esperam quando indicam o uso do cateter venoso central para o cliente, embora o conteúdo de

seus relatos esteja presente no objetivo maior das outras colegas, que é de poupar as veias

periféricas do cliente.

O que está no pensamento de Schütz (1962, p.111) quando este afirma: “ Em termos

mais gerais, nossa mente constrói um pensamento por únicos passos operacionais, porém em

retrospectiva é capaz de olhar num único lance para o processo inteiro e seu resultado”

A seguir, verifica-se pelas falas de quatro enfermeiros o valor das ações educativas

para esclarecer o cliente acerca do porque lhe foi indicado o cateter venoso central e,

especificamente um determinado tipo, mostrar que o uso deste dispositivo quando indicado

tem mais benefícios do que malefícios, e que a sua colocação (para o cateter venoso central

totalmente implantado e semi-implantado) deva ser realizada no centro cirúrgico.

O que eu tenho em vista... as ações educativas são sempre para elucidar...as dúvidas do paciente em relação ao...cateter para o qual ele foi eleito, não é? a sua implantação, então...sempre para tirar as dúvidas dele... se ele tem algum medo por conta das conversas com outros pacientes e com outros acompanhantes...para que ele consiga se adaptar bem ao dispositivo, não é?

PE-15

O que eu mais espero... é que ele compreenda que o uso do cateter a meu ver tem muito mais benefícios do que malefícios, porque vai ser uma ajuda grande no tratamento dele para que ele não interrompa esse tratamento.

PE-13 (...) eu tenho sempre em mente falar isso, porque às vezes eles se assustam, não é? ...quando você fala que vai ter que colocar cateter... ah, mas eu não queria...ah, vai ter que ir para o centro cirúrgico...é uma cirurgia...então, eu sempre tenho em mente sempre falar isso...é o procedimento, tem que ir para o centro cirúrgico.

PE-16

109

O que vem em mente é informar o cliente o melhor... tratamento.

PE-27

Esses enfermeiros vêm sedimentando ao longo dos anos, todo o conhecimento que

adquiriram em relação aos benefícios do cateter venoso central quando indicado

criteriosamente, e, dessa forma, mostram que conseguiram abstrair tais conceitos...

Conforme explica Schütz (1962),

Todo nosso conhecimento do mundo, no senso-comum bem como no pensamento científico, envolve construtos, isto é, uma série de abstrações, generalizações, formalizações, idealizações específicas de acordo com o respectivo nível de organização do pensamento. (SCHÜTZ, 1962, p.5).

As quatro profissionais a seguir, exprimem o seu anseio para que o (a) cliente saia

mais bem esclarecido (a) da consulta de enfermagem em relação ao porquê da utilização do

dispositivo, e tranquilizando-o (a) de que a indicação para a colocação do dispositivo

independe de uma melhora ou piora no tratamento. O cateter venoso central, como elas

explicam, deve ser encarado como recurso que foi criado para auxiliar o tratamento.

O objetivo é deixar claro para ela a importância do cateter... e dizer também que não é porque ela está colocando o cateter que ela está pior porque algumas acham... do que as outras que não colocaram...

PE-29 O que eu tenho em mente é isso... é explicar, orientar, tirar as dúvidas...demonstrar para ela... é explicar, demonstrar... quem é que pode mexer...é tudo isso... orientar tudo em relação ao cateter... para que ela saia da consulta, ciente do que vai colocar...de que não vai ficar nada exposto, de que será um grande aliado no tratamento dela...e que vai poupar a questão de veia... e que tudo ela poderá fazer por ali...é explicar tudo sobre o cateter... o meu objetivo é que ela saia dali entendendo bem o dispositivo... que ela consiga entender o quanto isso vai ajudar no seu tratamento...e que se ela tinha algum medo, alguma coisa a considerar, que ela saia esclarecida... saia tranquila, esclarecida dessa consulta...

PE-30

(...) e visa isso... que o paciente...entenda o que é o cateter...diminua o medo do cateter...

PE-31 (...) o meu objetivo é proporcionar a ele informações que sejam...que o tornem capaz de...entender...aproveitar aquele dispositivo, e ser capaz de viver com ele. Principalmente, na primeira consulta, o que eu falo é o seguinte: o cateter não pode ser mais um estresse na sua vida...ele é um amigo seu...isso eu gosto de falar...o cateter não veio como um complicador.

110

Ele é para resolver o problema que é a falta da veia ou no caso uma mastectomia bilateral.

PE-32

Observa-se no relato desses quatro enfermeiros que desejam, mais do que a instalação

do cateter, proporcionar tranquilidade aos clientes, numa atitude homogênea de relevâncias,

pois sabem que é preciso primeiramente, compreender a principal finalidade do cateter, para

depois passar às etapas seguintes. Neste contexto, pode-se apreender o que Schütz (1964) diz:

O sistema de tipificações e relevâncias compartilhado com outros membros do grupo define os papéis, posições, e estatutos sociais de cada um. Esta aceitação de um sistema comum de relevâncias leva os membros do grupo a uma auto-tipificação homogênea. (SCHÜTZ, 1964, p.252).

A fim de tranquilizar os clientes apreensivos para os quais foi indicado o dispositivo,

que outros indivíduos próximos a estes já fazem uso há algum tempo do cateter venoso central

e que estão mais seguros naquele momento, os enfermeiros solicitam a estes, para mostrar o

seu cateter para estes colegas, como relata PE-34 que se mostra compreensiva para com as

atitudes de receio dos clientes:

(...) essas ações também são efetivas para que o paciente tranquilize outro que precise do dispositivo, porque muitas vezes ele tem medo, tem receio do centro cirúrgico, de dar infecção...então, a gente tenta desmistificar esse entendimento que não é o correto, e pedimos ao paciente que já tem o cateter quando nós estamos desenvolvendo essas ações, para vir até a nossa sala de cateter para mostrar, para tirar esse medo que... se a gente for parar para pensar...não julgando, é comum, porque é o desconhecido...então nossas ações são para que ele aceite esse cateter que está vindo para ajudá-lo...

PE-33

Este profissional acima sabe que alguns clientes já adquiriram familiaridade e

intimidade com o seu cateter venoso central, o que faz com que se sintam mais seguros e com

possibilidade de auxiliá-la e às suas colegas a transmitir tranquilidade aos clientes para os

quais foi indicado o uso do cateter venoso central para iniciar ou dar continuidade ao seu

tratamento.

Sentir-se em casa” é uma expressão do mais alto nível de familiaridade e intimidade. Viver em casa segue um padrão organizado de rotinas; este tem suas metas bem determinadas e meios bem provados para trazê-los sobre, consistindo de uma série de tradições, hábitos, instituições, cronogramas e horários para atividades de todas as espécies, etc. (SCHÜTZ, 1964, p.108).

111

Os enfermeiros PE-34, PE-36, PE-37 e PE-15 reconhecem os efeitos produzidos pelo

medo em alguns clientes ao serem informados da necessidade de colocar o cateter venoso

central. Medos infundados os quais surgiram provavelmente da escuta em salas de espera,

corredores dos ambulatórios no hospital e que, em alguns casos tornam-se importantes fatores

impeditivos para a disposição do cliente em conhecer de fato o que é o dispositivo e que,

embora ofereça riscos, possui importantes vantagens quando criteriosamente indicado, como

anteriormente citado.

(...) então, você tirar...desmistificar algumas vezes...acaba sendo uma tarefa difícil...que eu acredito que quando você transmite a confiança de que aquilo ali é necessário, que tem suas complicações, porém existem benefícios...todos os procedimentos têm os riscos, mas eles também têm os benefícios, então você tem que transmitir o máximo possível e ele estar confiante, não é? Confiar no que você está dizendo e querer e passar a acreditar que aquilo ali será mais um benefício para ele dar...continuidade ao tratamento...

PE-34

(...) é essa questão mesmo de desmistificar o medo dele, tentar colocar para ele, realmente o que vai acontecer... quais são os benefícios... o que ele pode esperar do cateter...que ele não precisa ter medo, eu acho que envolve isso, a intenção é ele sair confortável...ele sair seguro de que o procedimento irá ser feito para o benefício (...)

PE-36 e...tem muito paciente que na hora fica com medo de fazer e depois...da consulta...acham... entendeu? Fica feliz, porque...não vai ser puncionado, entendeu?

PE-37

(...) porque da mesma forma que em qualquer outro hospital...eles conversam com outros pacientes, com outros acompanhantes, eles chegam para a gente com certo medo, não é? Do dispositivo, então...é... o que eu tenho em vista é que ele seja totalmente elucidado ao dispositivo para que da maneira mais tranquila ele consiga ficar menos estressado, menos ansioso e consiga lidar bem com este novo objeto que ele vai ter no corpo dele, não é? (...) se ele tem algum medo por conta das conversas com outros pacientes e com outros acompanhantes...para que ele consiga se adaptar bem ao dispositivo?

PE-15

De acordo com Schütz (1964, p.134), “uma coisa não pode ser pensada quando

contrariada por outro, a menos que seja iniciada a disputa, dizendo-se algo inadmissível sobre

112

aquele outro. Se este for o caso, então a mente deve ter sua escolha de qual verdade deve

manter-se próxima”.

Podem-se compreender através desta concepção de Schütz aliada à fala de Vanessa, os

resultados produzidos pela Consulta de Enfermagem, quando realizada com interesse pelo

outro, numa “relação face-a-face”.

A compreensão pelo outro (o cliente) de que o uso do cateter venoso central lhe trará

benefícios nem sempre é alcançada com facilidade conforme foi tratado acima. Na verdade, o

enfermeiro que lida com protocolos específicos, situações diversas de fragilidade capilar, pele

desidratada e desvitalizada observada no momento da punção, além de lesões de diversas

causas preferem lidar com um cliente oncológico que seja portador de um dispositivo bem

posicionado e com adequado funcionamento.

É em decorrência de tais questões que o enfermeiro se orienta em estimular o cliente

para que seja submetido à colocação do dispositivo. Quando alguns clientes ou mesmo um de

seus familiares ou outras pessoas próximas a estes têm histórico de experiências negativas

oriundas de internações como explica PE-39, num dos relatos abaixo, as dificuldades para o

processo de compreensão pelo cliente para o uso do cateter venoso central podem tornar-se

ainda maiores.

(...) na verdade o que eu vejo da...enfermagem é para informar esses pacientes sobre o procedimento de uma maneira geral e...já que muitas não sabem o que é o cateter, ou confundem com outro tipo de cateter, porque algumas já tiveram experiência de internação, não é, onde o cateter era de curta permanência, com riscos também de complicações, e o objetivo na verdade é esse, tirar as dúvidas, tirar aquele medo que muitas pessoas têm, algumas vezes não é só o paciente, o familiar também, não é?

PE-38

Através desse relato, pode-se depreender que as concepções negativas acerca do

cateter venoso central podem ter se desenvolvido ao longo dos processos pelos quais esses

clientes passaram até chegarem ao momento em que foram informados de que lhes seria

necessário à colocação de um cateter venoso central para tratamento.

Schütz facilita-nos essa compreensão ao afirmar que:

Nisto somos levados perante a natureza social e origem do mundo em que nos encontramos que, e qual tanto quanto à sua natureza e os aspectos culturais é um mundo interpretado por toda parte. (SCHÜTZ, 1975, p.XVI).

Os enfermeiros PE-39 e PE-35, PE-17 e PE-32 sabem que o funcionamento

satisfatório do cateter o qual depende de cuidados, contribuirá para o êxito do tratamento e,

113

para isto, revelam que procuram adequar sua linguagem e comunicação à realidade dos

clientes, conscientes de que tais esforços se reverterão em benefício para os clientes que

necessitam do dispositivo.

(...) quando eu realizo essa consulta eu costumo aproximar toda essa informação que será dada ao paciente num linguajar bem claro da realidade do paciente...porque eu espero que lá na frente ele saiba exatamente porque ele está com aquele dispositivo...” Ah, é um negócio que o médico pediu para colocar para facilitar o tratamento...não...” que ele saiba o que é, para o que serve (...)

PE-39 É fazer com que o paciente entenda que é um benefício para ele, não é? E que isso vai trazer um conforto para ele...um conforto para o tratamento dele, não é?

PE-35

É assim... o objetivo é que o paciente consiga fazer o tratamento de uma forma segura, com qualidade... que ele consiga fazer até o fim o tratamento dele...é... para que ele sofra o mínimo possível... entendeu? E que ele faça o tratamento até o fim sem...correndo o mínimo de risco possível, entendeu?

PE-17

(...) e possa usar ele corretamente, assim... fazer os curativos corretamente...é...se der alguma complicação, saber o que fazer, comoagir...procurar a sala de cateter...para poder tomar as decisões necessárias...oriento também para a necessidade de realizar manutenção do cateter após o tratamento, para ele não esquecer que existe essa necessidade de manter essa manutenção para o cateter ficar ativo...então o que eu viso, é, justamente, com essas ações educativas, é...deixar o paciente, é...entender profundamente o que é o cateter...e o que ele vai trazer de bom...para o tratamento, e as possíveis...é...como é que se fala...as possíveis complicações que possam acontecer... e o que a gente tem a oferecer de atendimento, não é? É...ele procurar o mais rápido possível o setor...se tiver febre...alguma história de trombose...ele procurar o nosso atendimento...viso desmistificar todos os medos que eles vêm para a gente (...)

PE-31

Porém, para que seja bem-sucedido em suas propostas, este profissional deve estar

atento às atitudes, gestos e comportamento dos clientes, o que poderá ocorrer reciprocamente

destes para com os enfermeiros.

114

Estes enfermeiros, mesmo sem o saberem, estão diante dos conceitos da realidade

social dentro do alcance da experiência direta através das relações face a face (SCHÜTZ,

1964, p.23).

Nesse sentido, Schütz (1964, p.24) explica que nós devemos primeiramente conhecer a

forma como se constitui uma situação face a face. A fim de tomar conhecimento de uma

situação deste tipo, devo conscientemente prestar atenção a um colega, a um ser humano

confrontando-me em pessoa. Vamos denominar esta consciência, Orientação-Tu. A

Orientação – Tu é a forma geral na qual um colega particular é experienciado em pessoa. O

grande fato de que reconheço algo ao alcance de minha experiência direta como a vida, ser

humano consciente constitui o Tu-Orientação.

Penso que os enfermeiros intencionam desmistificar o uso do cateter venoso central

para o cliente, porque estes clientes, quando hospitalizados ou em tratamento ambulatorial

escutam relatos de outros pacientes, acompanhantes, de seus próprios familiares o que acaba

lhes causando medos infundados e bloqueios para compreenderem qual é a função verdadeira

do dispositivo. Alguns clientes chegam a rejeitar logo no início, o uso de um CVC,

associando-o à ideia de que poderiam adquirir uma infecção e que esta poderia vir a

comprometer o seu tratamento. Esses enfermeiros, não raro, explicam ao cliente e seu

acompanhante que cada caso é considerado único e, embora tenha havido casos de

complicações como rejeição do corpo do indivíduo ao dispositivo, febre, infecção,

inflamação, dor, trombose, dentre outras situações, estas não são consideradas frequentes e os

benefícios que o CVC poderá proporcionar ao cliente são inúmeros para o cliente.

Com o propósito de desmistificar o uso do CVC para o cliente, o enfermeiro lança

mão de todos os recursos de que dispõe. Solicita aos clientes que se encontrarem próximos ao

cliente candidato ao uso de um CVC que exponham sua opinião acerca de sua experiência

com o uso do dispositivo, além de explicar ao cliente (e familiares/acompanhantes) que o

cateter pode permanecer no corpo do indivíduo durante anos, sem quaisquer problemas. Em

outras ocasiões, explica ao cliente que um indivíduo poderia contrair uma infecção sem ser

portador de um CVC, e que se algum cliente eventualmente tenha ido à óbito com um CVC,

outras complicações poderiam estar ali associadas, e não somente a presença do CVC.

Esses profissionais, porém, sabem que tal processo é complexo, e que alguns clientes

se mantêm irredutíveis ante a ideia de portarem um dispositivo de acesso central e preferem

115

enfrentar os riscos que correriam sem o dispositivo a terem que se submeter à sua instalação.

E, nessa questão, a implantação cirúrgica, para alguns é considerada ainda mais arriscada.

♣ Categoria 3: Obter a colaboração do cliente

Alguns enfermeiros relatam que visam obter a colaboração dos clientes, pois são estes

últimos que utilizarão o cateter venoso central para o tratamento ao qual irão se submeter.

Caso os clientes não concordem em colocar o dispositivo, o tratamento estabelecido poderia

ser prejudicado. Não há tempo a perder, e os profissionais sabem muito bem disso. Para que

os clientes conheçam a razão pela qual lhes foram indicados à colocação de um cateter venoso

central, é necessário fornecer-lhes primeiramente os principais conhecimentos sobre tais

dispositivos, principalmente acerca do tipo mais indicado para o cliente. Os enfermeiros

sabem que precisam obter a colaboração do cliente para o uso do cateter, para que

compreendam e aceitem que o dispositivo lhes seja colocado para iniciar ou continuar o

tratamento, o que poderá concorrer para o sucesso do tratamento, além de evitar complicações

dentro e fora do ambiente hospitalar.

Uma das primeiras ações educativas que o enfermeiro se preocupa em realizar junto ao

cliente é a orientação para que este compareça a instituição a fim de que seja feita a

manutenção do cateter venoso central após sua colocação no indivíduo. E, cada um dos três

tipos de cateter possui uma rotina estabelecida para a sua manutenção, por isso, em seus

relatos, esses profissionais revelaram que abordam junto ao cliente a necessidade de ser feita a

manutenção do cateter venoso central. Caso contrário, o cateter pode ficar obstruído, este,

poder-se-ia dizer, é um dos problemas iniciais e principais, o que poderia levar à perda do

cateter. A colocação do cateter venoso central, dizem, é um procedimento dispendioso para a

instituição, como afirmam PE-5 e PE-10. “Perder o cateter” significa em alguns casos, ter

que interromper o tratamento ou adiá-lo, ou ainda, internar um cliente para que seja

administrada uma droga através de infusão contínua durante um período de três a quatro dias.

Acrescente-se, ainda, a questão de se contar com vagas que estejam disponíveis na instituição

no momento do tratamento.

(...) e que ele possa usar o cateter corretamente, assim... fazer os curativos corretamente...e...se der alguma complicação, saber o que fazer, como agir...procurar a sala de cateter...para poder tomar as decisões necessárias...oriento também para a necessidade de realizar manutenção do

116

cateter após o tratamento, para ele não esquecer que existe essa necessidade de manter essa manutenção para o cateter ficar ativo...

PE-5

...na verdade eu tento preservar a manutenção desse cateter o máximo possível...principalmente, para evitar que eles não percam o cateter, não é? Então, a gente tem que focar mesmo a questão da infecção, eu tenho esse cuidado para evitar que tenha...para evitar que perca... já é um procedimento que já é difícil na instituição... teoricamente, caro, não é?

PE-10

Observa-se na fala dessas duas enfermeiras a relevância relacionada à necessidade de

os clientes estarem atentos em realizar a manutenção de seu cateter venoso central.

Poderíamos questionar: Como essas enfermeiras alcançaram a questão de considerar relevante

a necessidade de manutenção do cateter venoso central? Antes que possamos chegar a uma

resposta nesse momento, cabe relembrar que o procedimento de manutenção do dispositivo

consiste em trocar a solução heparinizada de seu interior verificando, simultaneamente, se

este cateter está pérvio. Com este procedimento, especialmente quando se trata do cateter

venoso central semi-implantado e o cateter central de inserção periférica, está-se evitando a

obstrução do dispositivo, situação que exige tempo, atenção e cuidados redobrados para

realizar manobras mecânicas e químicas para que o cateter não seja danificado, o que exigiria

sua substituição.

Neste caso, a substituição deste dispositivo como explica a enfermeira PE-10 é um

procedimento considerado dispendioso para a instituição, devido os gastos dela decorrentes (o

custo de um desses cateteres, de acordo com o preço atualizado de mercado está em torno de

R$ 7.000,00 – sete mil reais). Além do que, tal substituição implica em avaliar a

disponibilidade de uma sala cirúrgica, e, primeiramente, se o cliente se encontra em condições

clínicas de colocar novo dispositivo. O que faz com que o cliente seja submetido primeiro à

retirada do dispositivo e num segundo momento, à colocação de outro cateter.

Para explicar como se constrói o processo de relevância e tipificação na seleção de um

determinado objeto nas relações sociais, Schütz (1962, p.283) lança primeiramente uma

pergunta:

Mas quais são os princípios que regem tal seleção? O que faz com que, entre todos os objetos dentro de meu campo perceptivo este determinado objeto, a qualquer momento particularmente, e dentre as características múltiplas deste objeto, esta característica especial me atrai como sendo típico? (SCHÜTZ, 1962, p.283)

117

Em seguida parte das concepções de Husserl:

Husserl responde que o que faz com que eu volte minha atenção para um objeto é de nosso passivo interesse, o objeto de interesse que desperta expectativas de forma particular. (SCHÜTZ, 1962, p.283)

E, complementa:

Isto é certamente correto, porém o termo “ interesse” é simplesmente dirigir-se a uma complexidade de problemas, o qual, em consideração a conveniência será chamado o problema da relevância. Nós voltamos nosso interesse para aquelas experiências as quais por uma razão ou outra nos parece relevante para a soma total de nossa situação como experimentada por nós no presente. (SCHÜTZ,1962, p.283)

As enfermeiras PE-5 e PE-10 sabem que, mesmo que não esteja em uso, o cateter

venoso central pode ser utilizado a qualquer momento, como, por exemplo, numa internação

imprevista, para colheita de sangue de emergência, para eventuais hemotransfusões, ou ainda,

para uma cirurgia inesperada, e, para isso, este dispositivo precisa estar em condições

satisfatórias de funcionamento.

A seguir, verifica-se pelas falas de PE-21, PE-34, PE-12 e PE-24 que os enfermeiros

precisam contar com a colaboração do cliente, pois, conforme foi falado, é o cliente que fará

uso do dispositivo, e, dessa forma, este precisa ficar ciente dos benefícios do cateter.

(...) que eu preciso abordar o paciente de uma forma que ele não se volte contra o dispositivo...é preciso... eu preciso da colaboração do paciente, afinal de contas o procedimento precisa... do consentimento dele...a primeira coisa que a gente pensa é...justamente... contar com a colaboração do paciente...eu preciso que o paciente colabore comigo...como ele vai colaborar se ele não conhece o dispositivo, se ele não entende o quão é importante...

PE-21

(...) então...quando você desconhece o procedimento em si...desconhece...é...não tem noção do que seja...é importante que o enfermeiro faça esse papel de minimizar o máximo possível todos os fatores que possam estar interferindo...para que ele aceite, concorde e chegue a conclusão de que aquilo ali vai ser um benefício para ele...

PE-34

(...) que... com essas orientações que a gente faz tenha esse resultado, o paciente caminhar ali junto a...ter essa compreensão, esse entendimento...não só...saber o que é...mas entender...para que tenha uma modificação de atitude ali...

PE-12

118

(...) objetivo que o paciente assimile e desenvolva ações de cuidados necessários ao cateter, dentro das possibilidades do mesmo, mas mantendo os princípios científicos.

PE-24

Os enfermeiros sabem da existência de fatores na visão de mundo do cliente que

podem dificultar a sua compreensão do que seja e para o que serve realmente o cateter venoso

central. Repito, trata-se de comentários, verbalização de impressões e vivências alheias que

ele pode ter tomado conhecimento, e que, infelizmente, podem ter sido desagradáveis para o

outro, e este cliente, atento ao que está, ao seu redor, obviamente, não deseja vivenciar tais

situações.

A pessoa normal é totalmente desperta e isso significa totalmente atento à vida. Seu sistema de relevância é determinado pela tarefa prática antes dele. Ele puxa, por assim dizer, em seu presente ilusório as possibilidades de suas expectativas típicas de eventos típicos e nas ocorrências, que embora escondido no horizonte aberto, vai, por isso, ele acredita se materializarem em conformidade com a sua antecipação. (SCHÜTZ, 1962, p.284)

As informações a serem transmitidas são de grande valia, porém é necessário que o

enfermeiro saiba que este cliente, antes de estar ali naquele momento da consulta de

enfermagem, traz experiências acerca do cateter venoso central, pois está inserido no mundo

em que vive, ouvindo outras pessoas que já lhes falaram sobre o cateter, ou na sala de espera

da quimioterapia, ou nos ambulatórios antes de serem atendidos nas consultas médica, de

enfermagem, da nutrição, dentre outras, e desta forma, participaram e partilharam de suas

experiências ou vivências com o cateter venoso central, positivas ou negativas. Neste aspecto,

porém, infelizmente, observa-se que a disseminação de informações negativas entre os

clientes é mais frequente do que as positivas.

Nós não estamos isolados como numa ilha. Nascemos, crescemos e vivemos num

mundo comum a todos nós, um mundo intersubjetivo. É o que explica Schütz (1975, p.XIII):

Cada um de nós não experimenta o mundo da vida como um mundo privado; ao contrário, nós o tomamos como um mundo público, comum a todos nós, isto é, um mundo intersubjetivo. (SCHÜTZ,1975, p.XIII):

Os enfermeiros consideraram em seus relatos que o cliente deve ser incluído, ou

melhor, considerado no processo de decisão para a colocação do cateter venoso central, pois é

119

este quem utilizará o dispositivo. Desta forma, acreditam que poderão obter a colaboração do

cliente em relação aos cuidados com o dispositivo desde o momento da indicação. Envolver a

participação do cliente desde o processo de decisão para a implantação do cateter venoso

central é fundamental tanto para os profissionais quanto para os clientes.

Observa-se a seguir, o relato de PE-14, PE-28 e PE-34, os quais reconhecem que o

processo de decisão na instalação do dispositivo deve ser conduzido com flexibilidade,

tranquilidade, caso contrário, o cliente poderia manifestar uma atitude resistente em relação

ao uso do cateter.

(...) porque você não pode ser taxativo, assim...vai ter que colocar um cateter...porque a nossa finalidade é instrumentalizar o paciente para que ele possa tomar a decisão acertada...a decisão por ele mesmo, não é? Acho que essa seria a finalidade principal...instrumentalizar...subsidiar...para que o paciente esteja consciente para colocar o cateter venoso central (...)

PE-14

Então a gente tem que avaliar... porque muitas vezes não adianta a pessoa indicar o cateter quando aquele paciente não vai ajudar...porque é preciso que o paciente entenda o tratamento e ajude, não é? como ele vai manter esse cateter bom para o tratamento, não é? Manter o cateter bom, como é que se diz...que a gente faça um bom uso desse cateter...sabendo quais os cuidados que ele vai ter que ter...então a gente enfatiza nos cuidados...com relação ao cateter...do comparecimento dele para a manutenção do cateter... porque muitas vezes não adianta a pessoa indicar o cateter quando aquele paciente não vai ajudar...porque é preciso que o paciente entenda o tratamento e ajude, não é? como ele vai manter esse cateter bom para o tratamento, não é? Manter o cateter bom, como é que se diz... que a gente faça um bom uso desse cateter...sabendo quais os cuidados que ele vai ter que ter...então a gente enfatiza nos cuidados...com relação ao cateter...do comparecimento dele para a manutenção do cateter...das implicações de todos os riscos que ele pode ter, da...do...corpo estranho que ele tem..

PE-28

(...) porque é a escolha dele, não é? A gente não tem como... Ele não é obrigado a colocar... algumas indicações como mastectomia bilateral... Pacientes que realmente necessitam de colocação. Mas, a maioria no caso... Às vezes é... acesso venoso difícil de punção periférica... Então... a gente acaba esgotando...digamos... Essa quantidade de veias difíceis para puncionar... A veia periférica... Então acaba sendo necessário o implante do cateter (...).

PE-34

120

Estes enfermeiros sabem que a colocação do dispositivo precisa realmente do

consentimento do cliente. E, para que este tenha adesão ao tratamento, o enfermeiro, através

de suas ações educativas explica a este que aquele cateter que ele precisa colocar lhe será

muito útil para a realização de seu tratamento. Esse profissional procura fornecer todas as

informações de que dispõe para que o cliente fique seguro de que a colocação do dispositivo

que lhe foi indicado para o tratamento ao qual irá se submeter será o melhor para ele. Todos

os esforços empreendidos por este profissional naquele momento da consulta de enfermagem

para auxiliar o cliente poderão ser valiosos para a adesão ao tratamento.

Nos depoimentos a seguir, PE-37, PE-38, PE-39, PE-15, PE-40 e PE-41 mostram que

não medem esforços para obter a adesão do cliente ao tratamento que dependerá da colocação

do cateter venoso central. Para estas, a adesão ao tratamento, também se estende para as fases

em que o cliente não estiver realizando a quimioterapia, pois será necessário, conforme foi

mencionada, a realização da manutenção para preservar este dispositivo.

E... a adesão ao tratamento...é importante... por quê é importante você fazer a entrevista...essa... consulta. Porque você tem...primeiro...colocar vantagens de desvantagens do cateter... e, também ensinar a ele como ...lidar com o cateter, porque tem muita gente que tem medo...outras, não tem cuidado com o cateter...acaba dando infecção...entendeu?

PE-37

(...) eu tento explicar que é uma vantagem, uma segurança para a quimioterapia, com menor risco de complicações, de perder o acesso, tem uma durabilidade maior, eu falo do tempo útil do cateter, também acabo falando que aquela manutenção tem determinado tempo, normalmente a gente dá uns cinco anos, não é retirado precocemente, e... o meu objetivo praticamente é esse...informações...é...de educação...de...aspecto emocional também...é isso...

PE-38

(...) como ele vai cuidar..., que ele vai ter responsabilidade lá na frente de vir para as manutenções... de...se ativar o cateter e depois de ele tirar a agulha, ter a consciência de voltar à sala de cateter e...”não...eu ativei mas eu não vou poder fazer o tratamento, então eu tenho que retirar...e conhecer o que está sendo feito com ele. E, lá na frente ele ter esse conhecimento. Porque às vezes a gente orienta, a gente explica, a gente fala...e diz assim. “ Ninguém nunca me falou nada! Eu terminei meu tratamento, e ninguém disse que eu precisava voltar... a gente sabe que naquela consulta de primeira vez lá a gente orientou a ele...” no final de seu tratamento, você vai precisar fazer a manutenção. Quando eu faço a minha consulta eu tento frisar alguns pontos importantes para que lá na frente, ele se lembre daquilo. Que não se perca (...)

PE-39

121

(...) para que ele consiga se adaptar bem ao dispositivo, não é? E a gente consiga mantê-lo até o tempo em que for necessário para realizar o seu tratamento (...)

PE-15 (...) espero que com essa consulta ele consiga realmente aderir ao tratamento de maneira segura e adequada e colaborar tanto com o médico, quanto com a enfermagem, quanto com seus familiares para que o tratamento possa ser muito bem-sucedido seja concluído (...)

PE-40

Mas...o cateter ajuda muito na sequência do tratamento desse paciente...da melhor forma...então, é o que eu viso primeiramente...tentar a adesão do paciente ao tratamento...

PE-41

Esses profissionais, como PE-39, se esforçam para que as orientações e informações

fornecidas aos clientes desde a consulta de primeira vez para retornarem periodicamente ao

setor para se submeterem ao procedimento de manutenção de seu cateter, estando ou não em

tratamento, “não se percam”. Muitos clientes, ainda que tenham recebido tais orientações, se

mostram surpresos ao serem questionados se estão fazendo a manutenção de seu cateter

quando já concluíram o tratamento (quimioterapia), afirmando desconhecerem tais

recomendações.

Pode-se alcançar a compreensão de tais situações através dos conceitos de Schütz

(1962, p.321) para quem:

O sinal usado na comunicação é sempre um sinal dirigido a um ou indivíduo anônimo. Origina-se na esfera manipulatória real do comunicador, e o intérprete a apreende como um objeto, fato ou evento no mundo ao seu alcance.

Schütz (1962, p.321) acrescenta:

Não é necessário que o mundo do intérprete ao seu alcance se sobreponha espacialmente à esfera manipulatória do comunicador (telefone, televisão), nem que a produção do sinal ocorra simultaneamente com a sua interpretação, nem que o mesmo objeto físico ou um evento usado pelo comunicador como portador da comunicação seja apreendido pelo intérprete.

Ao serem indagados sobre o que têm em mente quando desenvolvem suas ações

educativas aos clientes oncológicos com indicação para uso de cateter venoso central para

tratamento, PE-31, PE-5, PE-29 e PE- 33 revelaram que visam que o cliente desenvolva ações

122

de autocuidado com o seu cateter venoso central, o que demanda que tenham responsabilidade

principalmente com a manutenção de seu dispositivo.

(...) e possa usar ele corretamente, assim... fazer os curativos corretamente...é...se der alguma complicação, saber o que fazer, como agir...procurar a sala de cateter...para poder tomar as decisões necessárias...oriento também para a necessidade de realizar manutenção do cateter após o tratamento, para ele não esquecer que existe essa necessidade de manter essa manutenção para o cateter ficar ativo...então o que eu viso, é, justamente, com essas ações educativas, é...deixar o paciente, é...entender profundamente o que é o cateter...e o que ele vai trazer de bom...para o tratamento, e as possíveis...é...como é que se fala...as possíveis complicações que possam acontecer...

PE-31 (...) que ele também tenha um autocuidado, que tenha a responsabilidade de aderir ao tratamento... Minha função não é... É que ele tenha a responsabilidade de fazer a manutenção, que esteja atento ao curativo, é... autocuidado mesmo...é que se não estiver bem, retornar...

PE-5

(...) porque o objetivo não é esse...ela ficar com esse cateter até...porque ela vai fazer posteriormente, de dois em dois meses...uma manutenção, aí eu explico o porque dessa manutenção, até para que a gente poder ver como esse cateter está, acompanhar...para que ela fique segura (...)

PE-29

(...) a minha visão é no sentido de que compreenda o porque da necessidade daquele dispositivo, a aderência quanto aos curativos, aos cuidados até o término do tratamento, que ele faça a manutenção regular para que esse dispositivo não venha a obstruir no caso de precisar para uma colheita de sangue, para uma hemotransfusão, administração de medicamentos, que ele seja sempre pérvio, isso é bastante enfatizado nas ações educativas, então, nossa visão vai para a manutenção desse dispositivo porque alguns pacientes conseguem manter por um longo período de tempo, temos pacientes com dez anos de cateter e o cateter continua pérvio e (..).

PE-33

As referidas enfermeiras esperam e se esforçam para que seu processo de comunicação

com os clientes seja bem-sucedido, ou seja, que suas informações e orientações sejam

compreendidas por estes. Estas almejam que ao assimilar tais informações estes clientes

tenham responsabilidade e iniciativa de procurar a instituição - unidade do INCA onde

realizam o tratamento, caso venham a sentir num determinado momento, febre, mal-estar,

calafrios, dentre outros sintomas.

123

Para ser compreendido pelo outro, porém, é preciso compreendê-lo, o que constitui

uma tarefa muito complexa, como refere Camatta e outros (2008), pois implica questões

biológicas, psicológicas e também sociais.

Os enfermeiros PE-20, PE-24, PE-25, PE-26, PE-38 e PE-29 mostram em seus relatos

que se esforçam em seu processo de comunicação com os clientes para que estes assimilem as

informações que lhes são fornecidas:

(...) é dar a orientações, assim... Para o paciente evitar as complicações... assim, do cateter... Para o paciente o que é... o cateter...assim, a importância para evitar principalmente as complicações, não é? for o picc... Que tem que ter um cuidado maior... é... Principalmente para isso, para evitar as complicações, as infecções... acredito que é principalmente por isso, para ele compreender também... O tratamento, não é?

PE-20 Como meta, objetivo que o paciente assimile e desenvolva ações de cuidados necessários ao cateter, dentro das possibilidades do mesmo, mas mantendo os princípios científicos.

PE-24

Penso que o paciente necessita ter o maior número de informações possíveis sobre seu tratamento para que ele possa colaborar e melhor aderir ao tratamento e aos cuidados necessários.

PE-25

Tenho em vista que ele tenha uma boa aceitação para esta instalação, que fique ciente dos cuidados necessários com o mesmo, da periodicidade da manutenção.

PE-26

(...) eu faço um trabalho para que a pessoa aceite aquilo de uma maneira positiva, e eu tento explicar que é uma vantagem, uma segurança para a quimioterapia, com menor risco de complicações, de perder o acesso, tem uma durabilidade maior, eu falo do tempo útil do cateter, também acabo falando que aquela manutenção tem determinado tempo, normalmente a gente dá uns cinco anos, não é retirado precocemente, e... O meu objetivo praticamente é esse... Informações... é...de educação...de...aspecto emocional também...é isso...

PE-38

(...) o primordial para mim é saber que o paciente conseguiu entender... o que eu expliquei para ele...então, eu peço para que ele repita...para que ele

124

possa ter clareza...claro que às vezes esquece sim...mas, se precisar...isso também determina o tempo da minha consulta.

PE-29

Esses enfermeiros sabem que “a boa aceitação”, conforme explica Marta, demanda a

condução de um processo comunicativo tranquilo do enfermeiro para com o cliente,

considerando “suas possibilidades” como diz Francisca. Esses clientes têm o seu tempo para

realizar suas abstrações. O enfermeiro deve estar atento a esta questão, como explica Schütz

(1962): “Para ser bem-sucedido, um processo comunicativo deve envolver um conjunto de

abstrações e padronizações comuns”. Nesse caso, “a tipificação é de fato essa forma de

abstração que leva à conceituação mais ou menos padronizada, embora mais ou menos vaga,

do pensamento do senso comum” (SCHÜTZ,1962, p.323):

Para obter a colaboração do enfermeiro, alguns enfermeiros também consideraram

relevante valorizar a presença do acompanhante incluindo-o no momento em que estão

desenvolvendo suas ações educativas ao cliente, a fim de capacitá-los a participar e auxiliar o

cliente antes, durante e depois da colocação do dispositivo.

Observa-se pelas falas a seguir desses nove profissionais que, no momento em que

estão realizando a consulta de enfermagem, estas dirigem suas orientações e explicações aos

acompanhantes.

(...) como é importante também ter mais um acompanhante, por que...na consulta eles ficam muito ansiosos, e as dúvidas são muitas...e aí...é um momento difícil...a cada momento é importante ter um acompanhante junto, e a gente...através de folder, através de demonstração, mostrando, como é o cateter em si...

PE-5

A gente sempre sabe que o paciente está num momento de tensão...de ansiedade... e pode não absorver toda a informação...eu, particularmente gosto de fazer junto ao familiar ou acompanhante que vem com ele ao hospital, não é?

PE-15

Com o adulto eles estão quase sempre com o acompanhante, não é? e aí a gente também vai esclarecendo o acompanhante...

PE-16

(...) aviso para ela, se ela for hipertensa ela tem que tomar o medicamento da pressão, se for diabética, não, porque ela vem em jejum, mesmo por

125

poucas horas, para que ela venha com acompanhante... porque é mais seguro, por conta do nervosismo, porque ela pode ficar tensa na hora de ir embora... não porque ela vai sair daqui de uma forma que não tenha condições...de estar indo para casa(...)

PE-29

Quando o acompanhante quer participar a gente deixa participar e tudo... assim...

PE-30

(...) que ele deve vir com acompanhante ....que ele precisa fazer uma comprovação da colocação do implante correto...que deve fazer um raio x da comprovação desse implante no dia...

PE-32

As ações educativas que eu desenvolvo na consulta de enfermagem para pacientes que necessitam desse dispositivo, o cateter são sempre realizadas com um acompanhante pela necessidade da absorção das informações. Muitas vezes o paciente está tenso, ele está preocupado com o procedimento, ele não conhece o dispositivo, então a gente sempre solicita ao acompanhante explicando os benefícios do uso do cateter, os seus cuidados em domicílio, principalmente por implantação, o paciente, muitas vezes, necessita realizar um curativo, as orientações são feitas em uma linguagem que o paciente, o acompanhante possa entender... evitando usar termos técnicos, usando uma linguagem bem aproximada da que eles costumam utilizar.

PE-33

As ações que eu realizo, que a gente desenvolve com o paciente eu desenvolvo junto com a família, com o acompanhante para passar as informações, não é?

PE-34

(...) é explicado também para esse paciente e familiar para o procedimento não precisa ser em jejum, que ele tem que vir com acompanhante, as orientações que são feitas para ele, para o familiar... (...) porque ela não tem necessidade de internação, que ela vai embora, não é para casa com acompanhante (...)

PE-38

Os acompanhantes fazem parte do grupo no qual estão inseridos os clientes que se

encontram naquele momento da consulta de enfermagem, dessa forma os enfermeiros sabem

que são esses indivíduos que auxiliarão os clientes nos cuidados com o dispositivo dentro e

fora do ambiente hospitalar.

Um casamento ou uma empresa, é claro, tem lugar no âmbito da definição cultural do grupo maior e de acordo com o modo de vida (incluindo seus costumes, moral, leis, e assim por diante) que prevalece nessa cultura, que é pré-dado para os atores individuais como um sistema de orientação e interpretação de suas ações. (Schütz, 1964, p.252).

126

Há que acrescentar neste estudo algumas particularidades reveladas pelos

participantes. Uma delas (PE-8) afirmou que realizava ações educativas sem, porém,

considerar que estivesse realizando uma consulta de enfermagem. Duas outras enfermeiras

PE-7 e PE-21) lamentam o fato de não disporem de um espaço mais adequado e reservado

para realizar a consulta de enfermagem.

Eu não entendi... a consulta acontece aqui...lá dentro as ações são muito rápidas, não é? Não caracteriza uma consulta para mim. É um esclarecimento onde é justificado o uso do cateter, às vezes ele têm receio, é menos do que eles pensam, do que ouviu os outros pacientes falarem, não é?

PE-8 (...) eu não consigo fazer consulta tradicional por causa da correria que a gente tem no salão de QT, a gente não consegue isso hoje...a consulta acaba sendo feita aqui no ambulatório...na pré-inserção de cateter vocês sentam e orientam...fazem a consulta formalizada...mas, eu oriento...

PE-7

(...) a gente, infelizmente não tem um espaço para estar fazendo isso... Então, a gente faz na beira do leito, conversa com o paciente, a gente avisa para: “olha, já tem um agendamento... a gente conseguiu uma marcação para o seu cateter”, e a partir daí a gente já começa a explicar como é o dispositivo, como funciona,

PE-21

Observam-se nesses relatos, as peculiaridades de cada indivíduo, que, mesmo fazendo

parte de um grupo social, possui seu modo de pensar de acordo com sua situação biográfica...

o homem encontra-se a qualquer momento de sua vida diária em uma situação biograficamente determinada, isto é, em um ambiente físico e sócio-cultural, tal como é definido por ele, dentro da qual ele tem a sua posição, não apenas sua posição em termos de espaço físico e tempo exterior ou do seu estatuto e do papel dentro do sistema social, mas também a sua posição moral e ideológica.. (Schutz, 1962, p.8)

Observou-se, pelos relatos dos profissionais a sua preocupação em obter a colaboração

do cliente, o qual é considerado elemento decisivo no processo de indicação e decisão para

colocação de um CVC a fim de dar início ou seguimento ao tratamento. Evidenciou-se que

alguns enfermeiros reconhecem que se o cliente não ficar convencido de que deve usar o

dispositivo o qual lhe foi indicado, o tratamento poderá ficar prejudicado em algum momento,

ou ainda, correr o risco de nem ser iniciado. Cada cliente é um indivíduo singular com sua

situação biográfica, experiências positivas ou não em relação ao dispositivo. “Será que esse

127

cliente conhece o que é verdadeiramente um cateter venoso central e para o quê serve?” Ele

precisa conhecer o CVC para saber o que irá utilizar, afirmaram esses profissionais.

O enfermeiro se disponibiliza em convencer esse indivíduo de que entre benefícios e

malefícios no uso de um CVC, os “benefícios” são maiores, considerando ainda em relação a

esta clientela, o custo de um CVC fora da instituição, o que poderia tornar mais difícil a

perspectiva de tratamento daquele cliente. Este profissional tem em mente que precisa

convencer o cliente da necessidade do CVC para o seu tratamento, mas para isso, precisa de

sua autorização para que o dispositivo possa ser instalado. Como a clientela é composta de

adolescentes, adultos jovens e idosos, esses profissionais utilizam abordagens diferentes,

dependendo da situação com que se deparam. Sempre lembrando ao cliente que vale a pena

colocar o dispositivo, caso peça e insista para que receba anestesia geral, o procedimento

poderá ser agendado para sê-lo. Isto porque alguns clientes explicam (algumas vezes e

reforçado por seus acompanhantes) que têm dificuldade em dominar sua ansiedade, mesmo

com uso de tranquilizantes. Porém, o enfermeiro tenta convencer-lhe de que através de

anestesia local, o processo seria mais rápido, e dispensaria o jejum absoluto de 12 horas que

antecederia a cirurgia, além da recuperação pós-anestésica.

A fim de que o cliente desenvolva futuros cuidados com o CVC que irá usar, esses

profissionais lhes mostram através de recursos didáticos disponíveis no setor os três tipos de

CVC na instituição, as vantagens e desvantagens de cada um e sugerem ao cliente o tipo de

dispositivo mais adequado para este, levando em consideração seu perfil, tipo de

medicamento a ser utilizado, tempo de tratamento, condições de habitação, higiene, se reside

próximo ou distante da instituição, dentre outros.

De acordo com a análise compreensiva, a partir das falas tipificadas dos participantes

do estudo e de suas intersubjetividades, foi possível construir o “motivo-para” identificado

pelas três categorias e pela ação em curso desses enfermeiros, Compreender o “motivo-

porque” da ação intencional, através da contextualização do vivido, construído pela bagagem

de conhecimentos desses Enfermeiros que desenvolvem as Ações Educativas na Consulta de

Enfermagem ao Cliente com indicação para o uso do cateter venoso central.

Neste contexto, o Tipo Concreto do Vivido dos quarenta e um Enfermeiros se mostrou

no presente estudo como:

Participantes que desejam: “Promover conforto e segurança tanto para o cliente

quanto para o profissional e para isso, se faz necessário: desmistificar o uso de um cateter

venoso central para o cliente e assim, obter a colaboração do cliente para o possível

tratamento”.

128

Desta maneira, compreendi que o significado das Ações Educativa na Consulta de

Enfermagem ao Cliente com indicação para o uso de cateter venoso central: “ São atividades

assistenciais e intencionais do Enfermeiro que visam sensibilizar o cliente para uma possível

mudança de comportamento e que devem ser compartilhadas entre os profissionais da equipe

multiprofissional de um saber interdisciplinar, o cliente, o familiar na busca da qualidade do

tratamento adequado e singular. Logo, uma ação social!

129

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar das recentes medidas adotadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para

diminuir o tempo de espera entre a confirmação do diagnóstico e o início do tratamento, esta

segunda etapa ainda é marcada pela apreensão do indivíduo em relação às expectativas de

como será o tratamento ao qual deverá se submeter. O que foi evidenciado através dos relatos

dos enfermeiros participantes desta tese que, orientados com base em suas motivações para

poupar os clientes dos efeitos deletérios da administração de quimioterapia endovenosa com

drogas vesicantes e irritantes incluídas em sua programação de tratamento oncológico,

desenvolvem ações educativas para essa clientela por ocasião da consulta de enfermagem.

Este estudo mostrou que os enfermeiros realizam ações educativas, interessados em

proporcionar uma melhor qualidade de vida para esse cliente, independente do tempo em que

este ficaria (ou mesmo que não fosse possível) atingir o controle da doença. Ou melhor, não

medem esforços para que o cliente concorde com a necessidade de ser submetido à colocação

de um cateter venoso central para iniciar ou continuar o quanto antes o tratamento que lhe foi

proposto e que depende da colocação do cateter venoso central.

Desde o momento em que amadureci e pude refletir sobre a necessidade de

desenvolver um estudo com enfermeiros, permaneci por longo tempo pensando em seus

objetivos e o desafio com o qual eu poderia me deparar para desenvolvê-la, porém não

consegui pensar em outra coisa senão presentear os enfermeiros do INCA, especialmente os

que desenvolvem ações educativas para um cliente que necessita de um cateter venoso

central. A dimensão que envolve as ações desses profissionais que se dispõem a levar um

cliente à compreensão de que o uso de um CVC será imprescindível para que ele possa

receber o tratamento que ele aguardava com tanta ansiedade até àquele momento é valiosa.

Esse estudo mostrou que os enfermeiros que realizam essas ações educativas precisam

conhecer a relevância de suas ações. Estes profissionais relataram uma série de atitudes que

têm para com cada cliente, com o propósito de que ele não apenas saia daquele momento com

um agendamento nas mãos, mas se sentindo amparado, mais seguro do que quando chegou

ali. Esse enfermeiro que recebe em cada consulta de enfermagem que realiza independente do

tempo que esta dure, um cliente com a mesma patologia daquele que acabou de sair, mas que

é cuidado e assistido como se fosse único, merece conhecer o significado de suas ações. Num

sistema de atendimento ao cliente em que esse profissional precisa conhecer e se aprofundar,

de acordo com a demanda farmacêutica, na complexidade da ação e interação e resultados que

se dão no organismo humano com cada novo medicamento que surge no mercado, além

130

daqueles que ele já administra, é preciso mostrar a esses profissionais que desenvolvem ações

cuja complexidade desconhecia, que eles a realizam com base em suas motivações, e que tais

ações apresentam resultados diferentes de um profissional para outro.

Ainda que se disponibilizem impressos padronizados pela instituição, amostras de

cateteres, folhetos ilustrativos e roteiros estabelecidos e que estes possam ser distribuídos aos

clientes pelos enfermeiros, este estudo mostrou que cada enfermeiro em sua abordagem com o

cliente que necessita do uso do dispositivo chegará a um resultado singular em suas ações.

Tais resultados podem ser mostrados pelo cliente desde sua aceitação através da tranquilidade

que este demonstra até o momento da colocação do cateter, compreensão da necessidade de

uso do dispositivo, cumprimento das orientações que recebeu com relação a agendar

previamente e comparecer à instituição para à manutenção do cateter ao seu não acolhimento

das informações e orientações recebidas e que são manifestadas através de apreensão, recusa

para ouvir informações e orientações adicionais sobre o uso do cateter, desinteresse, choro,

agressividade, dentre outros comportamentos que podem se mostrar inclusive radicais como

alguns clientes que embora tenham comparecido no dia agendado para a colocação do

dispositivo, levantam-se da mesa cirúrgica e saíram da sala.

Esta tese mostrou que o desenvolvimento das ações educativas realizadas pelos

enfermeiros está relacionado à intersubjetividade existente entre esses profissionais pelo

sentido de equipe que revelaram quando mencionaram que outros profissionais adiante

precisarão utilizar o CVC do cliente para uma internação programada, ou mesmo não

programada, idas do cliente ao setor de emergência, e ainda, para eventual hemotransfusão,

exames, dentre outras demandas, referindo-se às situações inesperadas e inusitadas e que são

comuns quando se trata de clientes oncológicos. Acrescente-se a necessidade de ser

estabelecido rapidamente um novo protocolo por outro profissional da instituição do qual

dependerá de um acesso venoso central.

Este estudo mostrou também que as motivações que originam a conduta desses

profissionais em suas ações educativas com os clientes estão diretamente relacionadas à sua

situação biográfica, suas experiências anteriores até aquele momento, e dos conceitos que

ouviu, percebeu e acolheu e que fazem parte do estoque de conhecimentos de que dispõe para

agir de acordo com seu sistema de relevâncias.

Posso dizer ao final desta tese que seus objetivos foram alcançados o que permitiu

conhecer através dos relatos dos depoentes as três categorias concretas do vivido desses

131

profissionais. Porém, penso que seja a partir de agora que este estudo poderá fazer a diferença

não somente para a minha pessoa e a desses profissionais, mas para todos os profissionais que

atuam nas quatro áreas que me propus a contribuir desde o início deste estudo: assistência,

ensino, pesquisa e extensão. A partir dos resultados obtidos, sinto-me encorajada a fornecer

estudos com o propósito de ressaltar a consulta de enfermagem na área de oncologia,

especialmente nesta área específica para a qual foi desenvolvido este estudo. Assumo também

o compromisso de colaborar ao máximo para o Núcleo de Pesquisa e Educação em

Enfermagem, e do subgrupo Consulta de Enfermagem, ao qual estou vinculada.

Minha preocupação central, porém, é com os profissionais na área de assistência, da

qual também faço parte. Estes profissionais, repito, precisam conhecer o imenso valor de suas

ações, e o que elas podem alcançar em sua vida e na vida do outro para quem se dedicam

diariamente. Acredito que, embora alguns profissionais depoentes deste estudo tenham dito

que não considerem que realizam uma consulta de enfermagem quando abordam com o

cliente a necessidade que este terá de usar um CVC para iniciar ou dar continuidade ao seu

tratamento, seu próprio depoimento irá levá-lo à reflexão de que suas atitudes produzem uma

resposta para o indivíduo que estão assistindo, e que suas ações são determinadas por

motivações, por aquilo que é real para esses enfermeiros. Como declarou Whitehead

(SCHÜTZ, 1953, p.1) e que vem a ser o fundamento de sua análise da organização do

pensamento “nem o senso-comum nem a ciência poderá prosseguir sem partir da estrita

consideração do que é real na experiência”

Penso que esses profissionais apesar de terem relatado em seus depoimentos que “

infelizmente gostariam de fazer mais, mas que sua rotina não permite”, a partir do momento

em que encontraram um momento para falar de suas ações e como as desenvolvem, adquirirão

um novo olhar para si e para os clientes para os quais dirigem suas ações. E poderão se

enxergar como profissionais que investem no cliente, independente de sua perspectiva de

sobrevida. É essa a mobilização que, acredito cada profissional (foram quarenta e um em sua

totalidade) fará a seu tempo.

Vislumbro com tudo isso a necessidade de criar um espaço para que esses enfermeiros

que lidam com questões complexas como a indicação e orientações para a manutenção de um

cateter venoso central num cliente oncológico possam descobrir ou ainda, compreender e

desfrutar do valor de suas ações educativas através da oportunidade de manifestarem sua

opinião. Para atender às necessidades do cliente oncológico com indicação para uso do

132

referido dispositivo, os enfermeiros realizam ações educativas avaliando as particularidades

de cada cliente, como dirimir suas dúvidas e receios, lidar com o conhecimento acerca da

possibilidade de ocorrência de riscos, mostrando, porém, que os benefícios que poderão advir

com o uso do cateter se sobrepõem aos riscos. E, para tal, o enfermeiro utiliza abordagens

específicas, buscando compreender este cliente em seus anseios.

Sinto que deva ser este o momento, pois os enfermeiros poderão se sentir mais

motivados a prosseguir na realização dessa atividade, fazendo de cada consulta um momento

único para o paciente e para si.

A Fenomenologia Sociológica de Alfred Schutz mostrou-se como ferramenta precisa,

para que fosse possível, apreender o fenômeno que se mostrou como o típico da ação

intencional dos Enfermeiros que desenvolvem as Ações Educativas na Consulta de

Enfermagem para os Clientes com indicação para o uso de Cateter Venoso Central, como a

necessidade de se tornar uma ação social compartilhada entre os Enfermeiros, a equipe

multiprofissional, o cliente, o familiar para obter a qualidade do tratamento até enquanto for

possível através da intersubjetividade resultante da singularidade de cada ser humano e assim

atingir a sensibilidade para promover a mudança de comportamento e assim superar as

dificuldades experienciadas e vividas em suas atuais bagagens de conhecimentos adquiridos.

133

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144

6 APÊNDICES

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do Participante

Você está sendo convidado (a) a participar de um estudo que envolve informações dos

dados biográficos dos participantes do estudo, e uma entrevista. As ações educativas

desenvolvidas pelos enfermeiros durante a ação assistencial Consulta de Enfermagem ao

cliente oncológico com indicação de uso de um cateter venoso central se constituem no

primeiro passo para que o cliente possa ser submetido a determinados protocolos de

tratamento. Como estes casos requerem um acesso venoso seguro e confiável, o uso do

dispositivo evita que sejam feitas punções dolorosas, além de expor os clientes aos riscos de

extravasamento de drogas vesicantes e irritantes. Para que você possa decidir se quer

participar ou não deste estudo, precisa conhecer seus benefícios, riscos e implicações.

OBJETIVO DO ESTUDO

Descrever as ações educativas que são desenvolvidas na atividade assistencial

Consulta de Enfermagem para os clientes oncológicos na indicação de cateter venoso central

para tratamento; Discutir o significado das ações educativas atribuídas pelo enfermeiro

através da Consulta de Enfermagem para os clientes oncológicos na indicação de cateter

venoso central para tratamento; Compreender o significado das ações educativas atribuído

pelo Enfermeiro através da Consulta de Enfermagem para os clientes oncológicos na

indicação de cateter venoso central para tratamento.

PROCEDIMENTOS DO ESTUDO

Caso você concorde em participar deste estudo, você deverá preencher um formulário

contendo alguns de seus dados biográficos. Além deste preenchimento, haverá uma entrevista

aberta que consta de duas perguntas: - Fale como você desenvolve ações educativas na

consulta de enfermagem para o cliente que tem indicação para uso de um cateter venoso

central em seu tratamento? E, - O que você tem em vista quando realiza ações educativas

Rubrica do participante Rubrica do pesquisador

145

para o cliente que tem indicação para uso de um cateter venoso central em seu

tratamento?

O preenchimento do formulário e a entrevista para o estudo serão realizados dentro do

seu período e horário de trabalho, de forma a não ser previsto qualquer encontro adicional.

Essas entrevistas serão gravadas em mp3 ou fita cassete para posterior transcrição.

RISCOS

Toda pesquisa realizada com seres humanos confere riscos aos mesmos em graus

variados, como risco de constrangimento durante uma entrevista ou uma observação, risco de

dano emocional, risco social, risco físico decorrente de procedimentos para realização de

exames laboratoriais... Cabe ao (a) pesquisador (a) identificar os riscos, esclarecer e justificá-

los aos sujeitos da pesquisa, bem como, as medidas para minimizá-los (Resolução 466/12).

Esta pesquisa pode oferecer eventuais riscos, como sensação de desconforto ou

constrangimento por responder alguma pergunta em especial; como responsável pelo trabalho,

ao percebê-lo (s) avaliarei a necessidade de adequar sua participação, evitando que sofra

quaisquer constrangimentos. Comprometo-me, ainda, a fornecer-lhe todo o suporte

necessário para restabelecer seu bem-estar.

BENEFÍCIOS

Este estudo abordará estratégias de produção científica que se somarão às demais

pesquisas sobre esta temática e que contribuirão para o aprendizado constante e ampliação do

conhecimento científico (seja na graduação, pós-graduação ou pesquisadores em geral),

envidando esforços para altos padrões das condições de saúde e de vida da população, e da

prática assistencial.

ACOMPANHAMENTO, ASSISTÊNCIA E RESPONSÁVEIS

Como responsável pelo trabalho, estou disposta a adequar o que for necessário em sua

participação, evitando que você sofra quaisquer constrangimentos, e principalmente, visando

oferecer a todos os benefícios do melhor regime. Caso houver quaisquer problemas durante

sua participação neste estudo, comprometo-me a fornecer-lhe todo o suporte necessário para

restabelecer seu bem-estar.

Rubrica do participante Rubrica do pesquisador

146

CARÁTER CONFIDENCIAL DOS REGISTROS

Asseguro-lhe que suas respostas só poderão ser consultadas pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (CEP-INCA) e equipe de pesquisadores envolvidos.

Neste estudo, os pesquisadores envolvidos incluem, além de minha pessoa, minha

orientadora, Profa. Dra. Ann Mary Machado Tinoco Feitosa Rosas. Desta forma, suas respostas

terão caráter anônimo e confidencial em qualquer fase do estudo. No momento em que couber

mencionar determinada situação, sua privacidade será mais uma vez garantida já que seu

nome será substituído por um codinome. Os dados coletados serão utilizados apenas NESTA

pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas.

Seu nome não será revelado ainda que informações de seus registros sejam utilizadas para

propósitos educativos ou de publicação, que ocorrerão independentemente dos resultados

obtidos.

TRATAMENTO MÉDICO EM CASO DE DANOS

Todo e qualquer dano decorrente do desenvolvimento deste projeto de pesquisa, e que

necessite de atendimento médico, ficará a cargo da instituição. Seu tratamento e

acompanhamento médico independem de sua participação neste estudo.

CUSTOS (Ressarcimento e indenização)

Não haverá qualquer custo ou forma de pagamento para o participante pela sua

participação no estudo. Como pesquisadora responsável pelo estudo, procurarei adequar sua

participação de forma a evitar que você tenha quaisquer despesas, além de respeitar o horário

de suas refeições, pois procurarei adequar à coleta de dados, conforme descrito anteriormente,

dentro do curso de seu horário de trabalho.

BASES DA PARTICIPAÇÃO

É importante que você saiba que a sua participação neste estudo é completamente

voluntária e que você pode recusar-se a participar ou interromper sua participação a qualquer

momento, sem quaisquer penalidades ou perda de benefícios aos quais você tem direito. Em

caso de você decidir interromper sua participação no estudo, deverei ser comunicada e suas

respostas para o estudo serão imediatamente canceladas.

Rubrica do participante Rubrica do pesquisador

147

GARANTIA DE ESCLARECIMENTOS

Nós estimulamos a você ou seus familiares a fazerem perguntas do estudo a qualquer

momento. Neste caso, por favor, ligue para minha pessoa no telefone (21) 2522-5107 ou (21)

988530424, ou pelo email [email protected] ou [email protected] Se você tiver

perguntas com relação a seus direitos como participante do estudo, também pode contar com

um contato imparcial, o CEP-INCA, situado à Rua do Resende, 128 - sala 203, Centro.

Telefones (21) 3207-4550 ou 3207-4556, ou também pelo e-mail: [email protected].

Além dos contatos acima referidos, incluem-se ainda os contatos do CEP da Escola de

Enfermagem Anna Nery/UFRJ, situado à Rua Afonso Cavalcanti, 275, 3º andar, Centro.

Telefone (21) 2293-8148, ramal 228, ou também pelo email: [email protected]

Li as informações acima e entendi o propósito deste estudo assim como os benefícios e

riscos potenciais da participação no mesmo. Tive a oportunidade de fazer perguntas e todas

foram respondidas. Eu, por intermédio deste, dou livremente meu consentimento para

participar neste estudo.

Entendo que poderei ser submetido a algumas perguntas através de uma entrevista

aberta durante o período do estudo e não receberei compensação monetária por minha

participação neste estudo.

Eu recebi uma cópia assinada deste formulário de consentimento.

__________________________________ ____ / _____ / _____

(Assinatura do Participante) dia mês ano

_______________________________________________________

(Nome do Participante – letra de forma )

Eu, abaixo assinado, expliquei completamente os detalhes relevantes deste estudo ao

paciente indicado acima e/ou pessoa autorizada para consentir pelo paciente.

__________________________________________ ____ / ____ / ____

(Assinatura da pessoa que obteve o consentimento) dia mês ano

Rubrica do participante Rubrica do pesquisador

148

APÊNDICE B. DADOS BIOGRÁFICOS DOS PARTICIPANTES

Dados biográficos dos sujeitos que desenvolvem ações educativas na consulta de enfermagem

para clientes que tem indicação para uso de cateter venoso central e para clientes que já fazem

uso de cateter venoso central para permitir sua identificação.

1) Participante:

2) Local do curso de graduação

3) Ano de início e término

4) Cursos após a graduação em enfermagem

5) Ano de início e término

6) Tempo que ministra a consulta de enfermagem

7) Tempo de conhecimento de um cateter venoso central?

149

APÊNDICE C. ROTEIRO DA ENTREVISTA NÃO ESTRUTURADA

- Fale como você desenvolve ações educativas na consulta de enfermagem para o

cliente que tem indicação para uso do cateter venoso central em seu tratamento?

- O que você tem em vista quando realiza ações educativas para o cliente que tem

indicação para uso do cateter venoso central em seu tratamento?

150

Anexo A

151

152

153

Anexo B

154

155

Anexo C

156