Marcia Tiburi - Branca de Neve

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Branca de Neve Marcia Tiburi Cada um, Homem Mulher ou alem Tem dentro de si uma Branca de Neve E seus sete pecados Pequeno ciclo de vida psíquica Em que cada um nasce cresce e morre Ela não quer ver, nem deixar ver Ela não sabe da ordem do mundo das guerras, Dor e sofrimentos corrupção Toda sorte de maldade E ela reina sobre o seu país de tontos. Eu não sabia Ela foge do príncipe Que depois a capturará para sempre Por pura preguiça moral Escava o próprio tumulo Ela é boa e má Se ama enquanto se odeia No espelho ela procura a beleza encontrando a feiúra

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Page 1: Marcia Tiburi - Branca de Neve

Branca de NeveMarcia Tiburi

Cada um, Homem Mulher ou alem

Tem dentro de si uma Branca de Neve

E seus sete pecados

Pequeno ciclo de vida psíquica

Em que cada um nasce cresce e morre

Ela não quer ver, nem deixar ver

Ela não sabe da ordem do mundo das guerras,

Dor e sofrimentos corrupção

Toda sorte de maldade

E ela reina sobre o seu país de tontos.

Eu não sabia

Ela foge do príncipe

Que depois a capturará para sempre

Por pura preguiça moral

Escava o próprio tumulo

Ela é boa e má

Se ama enquanto se odeia

No espelho ela procura a beleza encontrando a feiúra

Page 2: Marcia Tiburi - Branca de Neve

É a princesa que vê a bruxa?

A bruxa que é a princesa

Quem sou eu se sou o outro?

Uma quando nenhuma

A que se deixa levar pra não ter que tomar providencias

Não é livre nem escolhe fugir ou ficar

Confia em qualquer um

Submersa que esta, no seu paraíso perdido

Reino do narcisismo,

Quando o mundo foi feito para lhe servir

E ela se deixa conduzir

A criança que espera encontrar satisfação

Desejo realizado pelo choro

Magia que alia mulheres a fraqueza e infantilidade

Dou-lhe a mão, acendo a lâmpada no escuro?

A mesma que serve aos desconhecidos

É a que se aproveita dos mais próximos

A mesma que seduz é que a manda

A que serve é a que espera lucrar

A que não faz nada sem esperar retorno

Por não querer ver ela confia em todos

E para nunca desagradar

Page 3: Marcia Tiburi - Branca de Neve

Ela aceita o que lhe dão

O narcisismo barato como uma mercadoria

Para não trair seu espelho

Para que ele não lhe diga a verdade

Ela aceita o fruto, o resultado

Ela a Bela a Pobrezinha a Servil a Passiva a Tonta a Sonsa

A inconseqüente paga o preço de sua burrice

Não sendo capaz de resistir à maçã

Esquecida do seu destino de Adão de saias

Ela é expulsa do paraíso

Perdeu sua inocência

E pagou com a morte

Uma morte simbólica muito especial

E aqui termina a nossa historia

Cada um tem sua maça envenenada

Fruto da arvore do conhecimento

Do Bem e do Mal

É por ela que se morre como o espelho de narciso